estudode mercado e oportunidades ocio - Sal de Aveiro · 2018. 12. 11. · introduo 3 ÇÃ o...

121
ESTUDO DE MERCADO E OPORTUNIDADES ´ DE NEG O CIO

Transcript of estudode mercado e oportunidades ocio - Sal de Aveiro · 2018. 12. 11. · introduo 3 ÇÃ o...

  • estudode mercado

    e oportunidades´de negocio

  • II

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    III

    Ficha técnica

    título: Sal de Aveiro - Estudo de Mercado e Oportunidades de Negócio

    edição: Associação Comercial de Aveiro

    produção: Plot e Print – Publicidade e Design Lda.

    coordenação geral: Carlos Lacerda e Lurdes Morais

    produção de conteúdos: Catarina Dinis e Joana dos Santos

    design e paginação: Sílvia Pinto

    ano: 2018

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    1

    introduÇÃo 3

    o saLgado de aVeiro 6

    oportunidades e modeLos de negócio no saLgado de aVeiro 11

    1. salicultura 12Produção de sal marinho em Portugal 12Produção de sal marinho em Aveiro 14Produção mundial de sal 15Principais países exportadores de sal 16Consumo global e principais aplicações de sal na indústria 17Sal industrial e sal artesanal 19Flor de sal 21Entrevista ao crítico gastronómico e vínico, José Silva 22Tendências no setor alimentar 25Empreendedorismo “temperado” com sal marinho artesanal e flor de sal 28Cases studies 30

    2. aquicultura 33Importância estratégica e consumo 33Produção aquícola mundial 37Produção aquícola em Portugal 38Um mar (e uma Ria) de oportunidades 41Cases studies 43

    3. turismo 44Os números do Turismo na Região de Aveiro 44O potencial das salinas de Aveiro para o nascimento de novos projetos empresariais no setor do turismo – a opinião do Presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro de Portugal 45Tendências mundiais do Turismo 47Turismo empreendedor nas salinas de Aveiro 52Cases Studies 57

    4. outros 61Empreendedorismo é inovação 63O papel da Universidade de Aveiro e da investigação no desenvolvimento de novos produtos a partir das salinas tradicionais de Aveiro – a opinião da professora Filomena Martins 64Cases Studies 66

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    2

    poLÍticas de apoio ao empreendedorismo 71

    compete 2020 72

    si2e - sistema de incentivos ao empreendedorismo e ao emprego 75

    estratégias de desenvolvimento Local de Base comunitária (edL) – grupo de ação costeira de aveiro 76

    mar 2020 77

    Apoios do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP I.P) 78

    Startup Portugal 80

    Linhas de Crédito 81

    Business Angels 82

    Capital de Risco 83

    Apoios à contratação 83

    Programa de apoio ao empreendedorismo “Sal de Aveiro” 85

    IDEIAS INSPIRADORAS – O IMENSO MUNDO DO SAL 86

    entidades Ligadas À ria de aVeiro 105

    Fontes 110

    Bibliográficas 111

    Netgráficas 114

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    3

    introducao, ~

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    4

    Uma dessas áreas produtoras, conhecida por Sal-gado de Aveiro, apesar de acolher algumas inicia-tivas recentes de dinamização, tem enfrentado dificuldades na preservação do património natu-ral e cultural que lhe está associado, assim como na rentabilização do potencial económico.

    No entanto, o panorama atual do mercado, com uma procura crescente por produtos artesanais de reconhecida qualidade, bem como por pro-dutos e serviços “amigos do ambiente” com uma “história”, representativos de valores de auten-ticidade, determinam abordagens inovadoras sustentadas na capacidade multifuncional do espaço de produção, no desenvolvimento de no-vos produtos, bem como de novas abordagens a “velhos” produtos. Em Aveiro e noutras regiões de produção de sal tem-se assistido a um crescente interesse pelas salinas e pelos seus produtos, fru-to da emergência de novos nichos de mercado que se sustentam na oferta/procura de produtos diferenciados, associados a valores e tradições de origem territorial e que apostam na qualidade e na inovação.

    Foi neste pressuposto que a Associação Comer-cial de Aveiro, acreditando nas inúmeras oportu-nidades e possibilidades do salgado de Aveiro do ponto de vista empresarial e nos impactos signi-ficativos que a sua revitalização pode significar ao

    portugal tem um conjunto de salinas tradicionais que têm vindo a ser abandonadas como resultado da falta de competitividade da salicultura praticada com métodos exclusivamente artesanais.

    nível económico, social, e ambiental apresentou uma candidatura ao Sistema de Apoio às Ações Coletivas, na tipologia “Promoção do espírito em-presarial”, que foi aprovada pelo Programa Opera-cional do Centro (Centro 2020). Este projeto, que acolheu a designação de SAL DE AVEIRO, tem por objetivo promover o empreendedorismo, com vista à capacitação de iniciativas empresariais e concretização de novas empresas relacionadas com a produção e comercialização de sal ou de produtos/serviços associados ao sal e às marinhas de Aveiro. Para o efeito, o projeto prevê um con-junto de atividades que contemplam a inventa-riação e sistematização dos dados geográficos e de posse da propriedade das Salinas de Aveiro, nos grupos do Mar e de S. Roque; uma análise das oportunidades de mercado capazes de ala-vancar novas iniciativas empresariais; a constitui-ção de uma bolsa de arrendamento com as mari-nhas disponíveis para exploração; culminando no apoio a novos projetos startups, através do acon-selhamento empresarial em todo o processo de criação e instalação de novos negócios.

    O estudo de mercado aqui apresentado con-templa a análise das tendências de consumo e mercados, pretendendo constituir-se como um importante meio de deteção de oportunidades, que representarão um melhor aproveitamento dos recursos da região e que possam incentivar

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    5

    las etc., com possibilidade de escoamento para os setores alimentar, cosmética e saúde.

    Este estudo é realizado através de uma análise da situação atual, consumos, tendências globais ou mudanças previsíveis no comportamento do con-sumidor, enriquecida com entrevistas e artigos de opinião de especialistas e ilustrada com exem-plos de casos já firmados de empreendedorismo e inovação nacionais ou internacionais relaciona-dos com o sal e com áreas de salgado. O objetivo é detetar novas oportunidades, inspirar o apareci-mento de novas formas de uso das marinhas que complementem a produção do sal e possibilitem uma exploração múltipla destes espaços no sen-tido de despoletar a capacidade empreendedora e de inovação da região.

    e inspirar a instalação e criação de novas empre-sas e novos projetos, assentes em pressupostos de viabilidade e sustentabilidade.

    O sal continua a ser um dos ex libres de Aveiro e motivo de visita à cidade pela singularidade da paisagem lagunar que a ria oferece. Verifica-se um conjunto de potencialidades/ valores associa-do à multifuncionalidade das salinas, com capa-cidade de gerar multirecursos (e.g. sal, flor de sal, algas, plantas halófitas, argilas) e compatibilizar diversas atividades (e.g. turismo de natureza, bir-dwatching, turismo cultural, saúde e bem-estar). A procura de novos mercados/novos produtos é uma oportunidade para revitalizar o sector e o empreendedorismo nas salinas afigura-se como uma via para a concretização de novos negócios, inovadores e com elevado potencial de sucesso.

    No pressuposto que a orientação para a revitali-zação de uma atividade, mesmo sendo ela com raízes milenares, terá que se concretizar através da valorização do produto “sal”, bem como do desenvolvimento de novos produtos e atividades diferenciadas e inovadoras, este estudo divide-se em três áreas de análise:

    1. Sal, em que se evidenciam as potencialidades do sal marinho artesanal e flor de sal, enqua-dradas numa estratégia de valorização da qua-lidade e das características distintivas do sal produzido na região.

    2. Aquacultura, em regimes de produção susten-táveis.

    3. Turismo e lazer, de modo a maximizar a multi-funcionalidade das salinas e que potenciem a valorização de recursos.

    4. Outros, evidenciando novos produtos e ativida-des complementares, como o aproveitamento económico da salicórnia, plantas halófitas, argi-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    6

    o saLgadode aVeiro

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    7

    _ Tem o rio Vouga como principal afluente, mas engloba vários outros afluentes que desaguam no estuário em pontos distantes da foz do rio Vouga e que conferem à Ria características la-gunares, cuja massa de água é também influen-ciada pela contribuição desses rios afluentes.

    Figura 1: Ria de Aveiro - Enquadramento geográfico / Fonte: Universidadede Aveiro

    Por sua vez, o denominado, “Salgado de Aveiro” abrange os concelhos de Aveiro (freguesias da Glória, Aradas, Vera-Cruz e Esgueira) e de Ílhavo (freguesia de S. Salvador). A região apresenta um forte potencial de crescimento, atendendo a que a área total de marinhas corresponde aproxima-damente a 1.243 hectares.

    É a zona húmida de maior importância a Norte de Portugal integrando sapais, caniçais, juncais, superfícies vasosas (praias de lodo), ilhas, canais de águas livres, salinas e áreas de aquicultura. Atinge o comprimento de 45 quilómetros, desde o Carregal (entre a Praia do Furadouro e Ovar) ao Poço da Cruz (Mira), sendo a sua largura máxima de 11 quilómetros na direção Este - Oeste, entre os cais de Canelas (Fermelã) e o Bico do Muranzel, localizado na margem interior do cordão litoral de S. Jacinto (Torreira).

    Os seus aspetos mais característicos são:

    _ Possui um sistema de ilhas rodeadas de canais;

    _ Os canais de Ílhavo/Mira e S. Jacinto/Ovar que divergem desde a Barra para Sul e para Norte prospectivamente, e que seguem paralelos à linha da costa;

    _ A comunicação com o mar, efetuada apenas por uma única ligação mantida artificialmente, a Barra;

    _ Pode ser considerada como um estuário fecha-do por barras de areia (vales de rios submersos em que a sedimentação recente foi suficiente-mente importante para competir com a subida do nível do mar);

    a ria de aveiro é uma massa de água costeira delimitada por terra e com ligação ao mar.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    8

    O Salgado de Aveiro está organizado por grupos: _ Grupo do Norte: 61 salinas; _ Grupo do Mar: 52 salinas; _ Grupo de Monte Farinha: 8 salinas; _ Grupo de S. Roque: 63 salinas; _ Grupo do Sul: 68 salinas.

    Figura 2: Grupos do Salgado de Aveiro / Fonte: Universidade de Aveiro

    Do conjunto de marinhas da região, verifica-se que as designadas por “Grupo de São Roque” e “Grupo do Mar” são as que apresentam as melho-res condições de reativação, representando um universo de mais de 50 marinhas com elevado potencial de desenvolvimento económico. Por sua vez, os Grupos do Sul e de S. Roque ou Es-gueira são os únicos com acessibilidade terrestre, os restantes só são acessíveis por barco.

    Grupo de São Roqueou Esgueira

    Grupo do Norte

    Grupo de Monte Farinha

    Grupo do Mar

    1 : 90 000

    Grupo do Sul

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    9

    Figura 3: Uso do salgado em Aveiro / Fonte: Universidade de Aveiro

    Aquacultura extensiva

    Espaço intervencionado

    Natural

    Salicultura semi-activa

    Sem ocupação

    Aquacultura semi-extensiva

    Lago da Prumaceira aterrado

    Salicultura activa

    Salicultura inactiva

    Quadro 1 salgado de aveiro: Valores de referênciaSalgado de Aveiro

    Área das salinas 1.243 haÁrea de produção de sal 47 haSalinas ativas (com produção de sal) 9Capacidade de produção anual 1.000 tCapacidade de produção anual por salina 2 tDimensão média dos cristalizadores 64 m2

    Produção média anual de sal por cristalizador 2 t

    Produção média de flor de sal por cristalizador14 a 21 kg22 a 0,33 kg por m2

    Período de produção (época de safra) 2 meses (normalmente entre Março e Abril)

    Fonte: Universidade de Aveiro

    O Salgado de Aveiro foi sofrendo alterações ao longo dos anos com um progressivo abandono da salicultura e intensificação das atividades de aquacultura, situação que pode ser justificada pelo aumento da concorrência do sal nos merca-dos internacionais e pela incapacidade de realizar os necessários investimentos na manutenção das infraestruturas.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    10

    aquáticas, sobretudo aves, que aqui encontram excelentes condições de alimentação e abrigo já que estes espaços não sofrem a influência do ciclo diário das marés. Estima-se que as sali-nas de Aveiro alberguem regularmente mais de 20.000 aves aquáticas, especialmente limícolas, que utilizam o seu bico comprido na prospeção do lodo. A flora que predomina nas salinas é a característica do sapal, com destaque para a gra-mata, a salicórnia, a gramata branca e a morraça. Em menor quantidade mas igualmente caracte-rística deste habitat são o malmequer-do-sapal, a espergulária, a erva do brejo, a campana-da--praia, o valverde-dos-sapais e o limónio. Nas or-las mais afastadas do sapal surgem extensões de junco-das-esteiras.

    Esta diversidade de fauna e flora é de particular relevância numa perspetiva ambiental e também socioeconómica, na medida em que promove o desenvolvimento de um conjunto de atividades tradicionais como a pesca, a apanha de bivalves e a salicultura, assim como o desenvolvimento de atividades relacionadas com o turismo.

    Quadro 2 Áreas ocupadas por tipo de regime de salgadoRegime do salgado Área ocupada (m2)Salicultura ativa 429.830Salicultura semi-ativa 111.413Salicultura inativa 861.057Aquacultura extensiva 759.014Aquacultura semi-intensiva 1.927.499

    Fonte: Universidade de Aveiro

    A Ria de Aveiro é considerada uma das principais zonas húmidas portuguesas. A sua importância para a conservação da natureza é internacio-nalmente reconhecida, tendo sido integrada na Rede Natura 2000. Foram atribuídos à Ria de Aveiro diversos estatutos de proteção: Biótipo Co-rine; Zona de Proteção Especial (ZPE) e Reserva Ecológica Nacional.

    Efetivamente, as salinas são espaços de relevan-te interesse paisagístico e verdadeiros reservató-rios de biodiversidade devido às diferenças de salinidade e formações vegetais, sendo espaços de grande importância para diversas espécies

    http://ecosal-atlantis.ua.pt/index.php?q=pt-pt/content/imagens-do-salgado-de-aveiro

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    11

    oportunidades +e modeLos de negociono saLgado de aVeiro

    ´

  • 1.. saLicuLtura

    estudo de mercado e oportunidades de negócio

    12

    produção de sal em toneladas em portugal continental (2011-2015)

    140.000

    120.000

    100.000

    80.000

    60.000

    40.000

    20.000

    02011

    48,048

    2012 2013 2014 2015

    88,69396,321

    91,282

    117,282

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

    A região do Algarve continua a assumir uma po-sição de liderança bastante destacada em rela-ção às restantes zonas de produção, tendo este Salgado representado, em 2015, cerca de 94% da produção nacional.

    É, no entanto, de salientar o registo de um maior número de salinas em 2015 (73 unidades, face às 39 de 2014), resultante do trabalho de atualiza-ção do cadastro levado a cabo pela Direção Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Ma-rítimos (DGRM). Assim, foi apurada a informação relativa a mais 16 unidades na região Centro, mais 15 no Algarve e o registo de atividade na região de Lisboa, com 2 salinas em funcionamento. O

    Produção de sal marinho em Portugal

    A costa atlântica portuguesa, compreendida en-tre a Ria de Aveiro e a Foz do Guadiana, apre-senta condições potencialmente favoráveis para a produção de sal marinho por evaporação solar, como é próprio de um país que se estende em latitude.

    Em Portugal Continental as salinas de produção artesanal encontram-se localizadas em cinco áre-as geográficas: Aveiro, Figueira da Foz, Alcochete (Tejo), Setúbal e Alcácer do Sal (Sado), e Algarve. Cada Salgado possui características diferenciado-ras relativamente à estrutura, forma de explora-ção, usos e costumes, nomenclatura e qualidade do sal produzido. Para além destes locais é ainda produzido sal marinho com meios mecânicos, no Algarve (Castro Marim e Tavira).

    De acordo com as Estatísticas das Pescas, a pro-dução de sal marinho no continente em 2015 situou-se nas 117.282 toneladas, vindo a registar aumentos significativos desde 2011.

    O aumento de produção do sal foi consequência do aumento da área de exploração e do núme-ro de salinas ativas, embora seja uma atividade muito dependente das condições climatéricas de cada ano.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    13

    Para além de sal marinho, é produzido em Portu-gal sal-gema, sendo os únicos locais de extração existentes no país as minas de Loulé e Rio Maior. Em 2014 a produção de sal-gema em Portugal foi de perto de 70.000 toneladas.

    número de unidades apuradas em 2015 resultou numa área de produção no Continente de 1.330 hectares (área média das salinas foi de 18 hec-tares, face aos 28 hectares de 2014). A produção média anual por salina foi 1.607 toneladas, inferior em cerca de 35% ao valor atingido em 2014, en-quanto o rendimento unitário se manteve nas 88 toneladas por hectare.

    produção em portugal continental por zona de salgado em 2015 (toneladas)

    120.000

    100.000

    80.000

    60.000

    40.000

    20.000

    0

    Aveiro Figueira da Foz Tejo Sado Algarve

    2,033 1,585 1,602 2,133

    109.931

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

    salinas ativas em portugal continental por zona de salgado em 2015

    50454035302520151050

    Aveiro Figueira da Foz Tejo Sado Algarve

    9

    16

    2 2

    44

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    14

    produção de sal em toneladas em aveiro (2011-2015)

    2.500

    2.000

    1.500

    1.000

    500

    02011 2012 2013 2014 2015

    1.112

    738

    29980

    2.033

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

    Área de produção de sal em hectares em aveiro (2011-2015)

    50454035302520151050

    2011 2012 2013 2014 2015

    2531

    19

    4

    47

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

    número de salinas ativas em aveiro (2011-2015)

    12

    10

    8

    6

    4

    2

    02011

    8

    2012 2013 2014 2015

    11

    1

    5

    9

    Fonte: Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, Estatísticas das Pescas

    Produção de sal marinho em aveiro

    Aveiro sempre teve a sua imagem associada à produção de sal e às salinas. A qualidade do sal de Aveiro, produzido com métodos exclusivamen-te artesanais, atualmente ainda é reconhecida em muitos países. Apesar deste reconhecimen-to, hoje em dia, só estão 9 salinas em produção. Contudo, a região apresenta um forte potencial de crescimento, atendendo a que a área total de marinhas corresponde, conforme se referiu, a aproximadamente a 1.243 hectares pelo que, se devidamente estimulada, organizada e comercia-lizada, o sal desta região pode assumir um impor-tante papel no contexto nacional e internacional.

    A informalidade que caracteriza o setor na região sugere algum cuidado na análise das estatísticas, mas de acordo com a DGRM, a produção de sal marinho em Aveiro em 2015 rondou as 2.033 to-neladas, valores bastante acima dos realizados nos anos anteriores. A área de produção, após uma for-te quebra entre 2012 e 2014, situa-se nos 47 hec-tares. O número de salinas ativas tem vindo a au-mentar nos últimos 3 anos, mas encontra-se ainda aquém das 11 salinas que estavam em produção em 2011 (registos históricos indicam que em 1877 estariam ativas cerca de 500 marinhas; em 1956, 270; passando para 46, em 1995 e 12, em 2009).

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    15

    Desde a “Marcha do Sal” de Gandhy, protesto con-tra a proibição imposta pelos britânicos da extra-ção de sal na Índia colonial, este país tem vindo a desenvolver a sua produção, sendo atualmente o terceiro maior produtor mundial, com um va-lor estimado de 26 milhões de toneladas, o que se traduz em 9% da produção mundial de sal. A Índia extrai sal principalmente de salmoura do mar, salmoura do lago, depósitos de sal-gema e salmoura do subsolo. Há um total de 11.799 fabri-cantes de sal na Índia, sendo perto de 90% pro-dutores de pequena escala.

    China 23%

    Canáda 5%

    México 4%

    França 2% Holanda 2% Outros 23%

    USA 16%

    Austrália 5%

    Chile 4%

    Índia 9%

    Alemanha 4%

    Brasil 3%

    principais países produtores de sal (2014)

    Fonte: British Geological Survey, 2016

    Produção mundial de sal

    No período 2010-2014 a produção mundial de sal tem rondado dos 300 milhões de toneladas.

    produção mundial de sal 2010-2014 (toneladas)

    295.000

    290.000

    285.000

    280.000

    275.000

    270.0002010 2011 2012 2013 2014

    282.307.674

    292.528.385

    283.513.544

    288.346.076

    279.293.078

    Fonte: British Geological Survey, 2016

    Os três maiores produtores mundiais de sal são a China (64 milhões de toneladas), Estados Uni-dos da América (44 milhões de toneladas) e India (perto de 27 milhões de toneladas).

    Na China, a indústria do sal tem sido desde sem-pre controlada pelo governo mas, em 2016 a Co-missão Nacional de Reforma e Desenvolvimento (NDRC), organismo máximo chinês encarregado da planificação económica anunciou o fim deste monopólio estatal, ao eliminar o controlo públi-co sobre os preços de produção e distribuição do sal, uma medida que terá certamente impacto no comércio internacional.

    Os EUA são o segundo maior produtor de sal e este país possui enormes reservas e depósitos subaquáticos. Existem cerca de 28 empresas a operar em cerca de 68 fábricas. Os recursos de sal-gema e sal de salmoura estão localizados principalmente nos estados de Kansas, Louisiana, Michigan, New York, Ohio e Texas. Lagos salinos e instalações de sal de evaporação solar localizam--se nos estados do Arizona, Califórnia, Nevada, Novo México, Oklahoma e Utah.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    16

    O maior exportador de sal do mundo é a Holan-da. Este país exporta um valor estimado de 236 milhões de dólares em sal anualmente, o que re-presenta 12% da oferta global de sal. As minas de Hengelo e Delfzijl são algumas das mais antigas desta região. 

    O mercado de sal na Alemanha tem assistido a um crescimento considerável nos últimos cinco anos, particularmente no sal de mesa humano e sal industrial, sendo o segundo maior exportador mundial.

    Na América destacam-se os Estados Unidos, Chi-le, México e Canadá. As regiões produtoras de sal nos EUA incluem Louisiana, Michigan, Nova Iorque e Virgínia. Em 2016, o Chile foi o quarto maior exportador de sal do mundo e o valor das exportações ascendeu a perto de 130 milhões de dólares, destacando-se a mineração de sal-gema do deserto do Atacama. O México abriga a maior fábrica de sal marinho do mundo na península da Baixa Califórnia, sendo propriedade do governo e da empresa japonesa Mitsubishi.  A maioria das exportações mexicanas vai para o Japão, EUA, Ca-nadá, Taiwan, América Central e Coreia. Destaque ainda para a Índia e o Canadá. Este último país abriga a maior mina de sal do mundo, a Sifto Ca-nada, que cobre uma área de mais 4 km2 sendo detida pela empresa química Compass Minerals.

    Os demais países do top 20 exportam menos de 100 milhões de sal anualmente, destacando-se a Bélgica, França e Espanha, na Europa e a China no continente asiático.

    PrinciPais Países exPortadores de sal

    O sal está disponível na maioria dos países do mundo e, devido ao seu baixo preço, os produ-tores estão, na maioria dos casos, restritos aos mercados regionais. No entanto, mais de 10% de todo o sal produzido e consumido no mundo é comercializado a grandes distâncias. De acordo com o Observatory of Economic Complexity, os principais exportadores são países com condições climáticas e geográficas que permitem a produ-ção confiável de baixo custo, de sal solar ou com produção de sal a céu aberto, com tecnologia de produção sofisticada e preços competitivos nos mercados externos.

    os 20 principais países exportadores de sal em 2016

    Senegal

    África do Sul

    Namíbia

    Egipto

    Rep. Botswana

    Paquistão

    Itália

    Reino Unido

    Belarus

    China

    Espanha

    França

    Bélgica

    Canadá

    México

    Índia

    Chile

    Estados Unidos

    Alemanha

    Países Baixos

    0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14%

    11%

    12%

    7.7%

    6.5%

    6.1%

    5.9%

    5.8%

    3.6%

    3.6%

    3.2%

    3.2%

    3.1%

    2.6%

    1.7%

    1.6%

    1.3%

    1.3%

    1.2%

    1.1%

    0.9%

    Fonte: Observatory of Economic Complexity

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    17

    _ indústria alimentar e compostos para ani-mais: designadamente, na panificação, indús-tria de transformação de carnes, indústria do açúcar, laticínios, congelação de peixe, trata-mento de azeitonas, seca do bacalhau e na fa-bricação da generalidade dos produtos alimen-tares processados.

    _ celulose: o sal emprega-se para branquear ou descorar a polpa de madeira da qual se extrai a celulose que, posteriormente, serve para diver-sas aplicações industriais como a fabricação do papel, o rayon ou as fibras sintéticas.

    _ indústria têxtil: utiliza-se em forma de solu-ções saturadas (salmoiras) para separar os po-luentes orgânicos nas fibras. Além disso, o sal mistura-se com os corantes para padronizar os concentrados e favorecer a absorção dos coran-tes para unificar os tecidos.

    _ curtumes: nas indústrias dedicadas ao fabri-co de produtos em couro (roupas, bolsas, etc.), o sal é tradicionalmente utilizado para inibir a ação microbiana no interior das peles, bem como para lhes retirar a humidade.

    _ Limpeza de estradas: devido às suas caracte-rísticas, o sal diminui o ponto de congelação, o que facilita o degelo da neve.

    _ Farmacêutica: é utlizado em diversos injetáveis e na preparação de soluções de diálise perito-neal, hemodiálise e hemofiltração.

    De acordo com o estudo realizado pela IHS Mar-kit (Chemical Economics Handbook: Sodium Chloride), a fabricação de produtos químicos re-presenta mais da metade de todo o uso de sal no mundo. O segundo maior segmento consumi-

    consumo global e PrinciPais aPlicações de sal na indústria

    O sal apresenta as mais diversas aplicações, entre as quais: a produção de cloro, de soda cáustica, de hidróxido de sódio, de vidro, de plásticos, de borrachas e de outras dezenas de produtos das indústrias químicas, metalúrgicas e alimentares, sendo também de destacar a sua importância na indústria de papel e na produção de sabão e de detergentes. Nos países mais frios, durante o Inverno, são usadas grandes quantidades de sal para limpar o gelo das estradas. Entre outras, destacam-se as seguintes utilizações do cloreto de sódio:

    _ indústria química: o sal usa-se de forma gene-ralizada na indústria química e tem uma espe-cial importância para o sector de produção de compostos e derivados cloro-alcalinos. Parte-se de preparados de salmoiras de cloreto de sódio para obter o cloro e a soda cáustica, dois ele-mentos básicos para o sector.

    _ tratamento de águas: no tratamento de águas o sal desenvolve um papel fundamental, tan-to na modificação da dureza da água potável, graças à adição de iões de sódio, como no seu papel de desinfetante através do cloro.

    _ exploração de petróleo e gás: o sal usa-se na exploração e deteção destas fontes de energia, para alargar a densidade dos fluidos de perfu-ração, para evitar a dissolução de horizontes sa-linos e para aumentar a velocidade de cimenta-ção do utilizado na perfuração.

    _ processamento de metais: nas fundições, refi-narias e fábricas de metais ferrosos e não fer-rosos o sal usa-se nos processos de manufatu-ra de matérias-primas tão necessárias como o alumínio, o berílio, o cobre, o aço e o vanádio, entre outros.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    18

    dólares), a China  (170 milhões de dólares), a Ale-manha  (167 milhões de dólares) e a Coreia do Sul  (141 milhões de dólares).

    O gráfico abaixo revela os 10 países que importa-ram mais sal em 2016, com base na percentagem de compras globais. Neste ano as importações mundiais de sal totalizaram 3,2 mil milhões de dólares.

    os 10 países que mais importaram sal em 2016

    Reino Unido

    França

    Rússia

    Indonésia

    Bélgica

    Coreia do Sul

    Alemanha

    China

    Japão

    Estados Unidos

    0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 16% 18%

    17%

    15%

    6%

    5.9%

    5%

    3.4%

    3%

    3%

    2.7%

    2.6%

    Fonte: Observatory of Economic Complexity

    dor (15%, em 2016) é o sal rodoviário para degelo. A utilização alimentar, incluindo o sal de mesa e para a preparação e conservação de alimentos re-presenta cerca de 11% de todo o consumo de sal, sendo o restante destinado a outras utilizações na indústria, tratamento de água, rações animais.

    O consumo global de sal pode variar significati-vamente de um ano para outro, uma vez que a procura para uma das suas maiores utilizações - o degelo, depende das condições do inverno, principalmente nos países industrializados do he-misfério Norte. Segundo o referido estudo da IHS Markit, o consumo global de sal deverá crescer a uma taxa média anual de 1,7% entre 2016-2021, impulsionado pela procura em expansão do setor químico e agroindustrial.

    consumo mundial de sal em 2016

    China

    Índia

    América Central e Sul

    Japão Oceânia

    América do Norte

    Restante Ásia

    Médio Oriente e África

    Europa Ocidental

    CIS

    Europa Central e de Leste

    Fonte: IHS Markit, Chemical Economics Handbook: Sodium Chloride

    Os principais importadores são os Estados Unidos  (477 milhões de dólares), o Japão  (418 milhões de

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    19

    ral, sem qualquer processamento ou uso de aditi-vos químicos, intervindo neste processo apenas a água do mar, o sol e o trabalho do homem.

    Concretamente, nas salinas de Aveiro as práticas de produção de sal são ancestrais (o documen-to mais antigo conhecido sobre o sal em Aveiro remonta a 959), e tal como acontece noutras re-giões de produção portuguesas, tem mantido o carácter artesanal.

    A chamada “safra do sal” inicia-se geralmente nos finais de março ou princípio de abril, com os tra-balhos preparatórios de limpeza, preparação das águas e reconstrução das marinhas. Entre maio e junho ocorre a “cura dos solos” que consiste em endurecer os solos dos cristalizadores, através do processo de molhaduras e secaduras. A produção propriamente dita decorre desde finais de junho até setembro/outubro e consiste num conjunto de trabalhos de cristalização, por evaporações sucessivas. O processo começa com a entrada da água do mar num reservatório durante as marés altas, onde são armazenadas as “melhores águas” e que são usadas nos períodos em que não há marés-altas, ou seja, de duas em duas semanas, havendo lugar a um conjunto de operações para acelerar a evaporação e a cristalização do sal, que originam teias geométricas de salinas de salinas mais pequenas, que caracterizam a paisagem da Ria nesta altura do ano. A primeira colheita de sal é conhecida como flor de sal, composta por cristais no início do processo de formação, facto que explica o seu aspeto de pequenos flocos e a sua finura. O sal é recolhido em forma de pirâmi-de nas bermas dos tanques onde fica a repousar, estando pronto para ser embalado e comerciali-zado. Concluídos os trabalhos de colheita e con-servação do sal, alaga-se a marinha com água da Ria, pondo termo à safra.

    sal industrial e sal artesanal

    O sal de cozinha ou sal comum traduz-se pela fórmula química NaCl, sendo composto por dois elementos químicos: o sódio (Na) que representa cerca de 40% da composição total e o cloro (Cl) que constitui os restantes 60%.

    No que respeita à sua forma, o sal apresenta-se em cristais de forma cúbica que assumem várias dimensões, as quais originam uma classificação comercial de três tipos: fino, traçado, e grosso. O salgado de Aveiro produz quase exclusivamente sal fino.

    O sal encontra-se na natureza em estado líquido, dissolvido na água dos mares, em algumas nas-centes e em lagoas subterrâneas e superficiais, obtendo-se por meio da evaporação. Quando é extraído pela evaporação da água do mar, deno-mina-se sal marinho. Também existe na natureza sal em estado sólido, denominado sal-gema, lo-calizado em minas e obtido através de extração mineira.

    Assim, existem três grandes técnicas de produção de sal: evaporação solar, mineração de rochas e evaporação a vácuo. Por sua vez, o processo de evaporação pode ser realizado de forma tradicio-nal ou industrial, consubstanciando as enormes diferenças entre o sal marinho e o sal marinho tradicional.

    O processo tradicional realiza-se nas salinas, se-gue práticas seculares que se baseiam no traba-lho mecânico humano e em procedimentos que foram passando de geração em geração. O sal é extraído manualmente e seco ao sol, pelo que a sua cor é naturalmente branca possibilitando a retenção de microelementos da vida marinha, como o magnésio, minerais diversos e iodo natu-ral. Resulta de um processo integralmente natu-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    20

    do a malefícios ao organismo, como a hiperten-são, problemas cardiovasculares, entre outros.

    _ ambiente: o sal tradicional é recolhido manu-almente, sem a ajuda de quaisquer máquinas ou combustíveis fósseis. Adicionalmente, as sa-linas para além de produzirem sal, constituem uma plataforma para a vida selvagem, designa-damente para as populações de aves migrató-rias. Pelo contrário, a produção de sal marinho industrial interfere no espaço natural e utiliza grandes áreas de produção, conduzindo à des-truição de grande parte da flora existente.

    _ economia local: assegura-se a continuidade de uma atividade secular, contribui-se para a sus-tentabilidade de pequenos produtores e em-preendedores com impacto ao nível do turismo e de toda a economia regional.

    O sal industrial resulta de um processo de cristali-zação dos sais dissolvidos na água do mar através de evaporadores industriais e engloba processos químicos para a garantir o seu branqueamento. Para compensar as perdas no processo, por vezes é aditivado com iodo de potássio.

    Conforme se referiu, o sal marinho produzido em Aveiro é artesanal/ tradicional, o que lhe confere diferenças qualitativas significativas, relativamen-te ao restante sal marinho. As “vantagens” do sal produzido pelo método tradicional relativamente ao sal produzido pelo método industrial podem ser elencadas nos seguintes pontos:

    _ conteúdo mineral: o sal tradicional contém mais de 80 elementos que se encontram tam-bém na água do mar, tais como o magnésio, o cálcio e o potássio que estão presentes em quantidades significativas, comparativamente ao sal produzido de modo industrial. O proces-so natural de cristalização permite que a maio-ria dos minerais presentes na água do mar se mantenha no sal, fazendo com que seja mais completo do ponto de vista nutricional e, por outro lado, ao ser seco ao sol durante um pe-ríodo mínimo de dias, é possível maximizar a percentagem de iodo e magnésio.

    _ sabor: ao sal tradicional é atribuído um sabor forte, sem ser áspero, acrescentando um leque variado de aromas à comida ou fazendo des-pertar as caracteristicas dos alimentos em que é usado.

    _ saúde: os minerais que são retirados durante o processo industrial são essenciais para o orga-nismo e, por outro lado, já há algum tempo que se vem a dicutir a necessidade de desmistificar o facto do sal ser indiferenciadamente associa-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    21

    ou a matéria-prima de indústrias higienizadoras ou transformadoras de sal para fins alimentares. Neste decreto-lei o sal é classificados em diferen-tes tipos comerciais – i) “sal tal e qual”, que não sofre qualquer tratamento industrial (sal marinho, sal de fontes salinas e sal-gema) e; ii) “sal tratado”, quando tenha sido submetido, após a sua ex-tração a tratamento industrial (sal purificado ou higienizado, sal refinado, sal de mesa, sal iodado e cloreto de sódio, definido na Farmacopeia Por-tuguesa). O sal destinado a consumo na alimen-tação humana a que sejam adicionados outros produtos, como especiarias, plantas aromáticas e medicinais, etc. é designado “sal aromatizado”. Este decreto-lei define ainda que a entidade que fiscaliza esta atividade económica é a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

    Por sua vez, a portaria  n.º 72/2008, de 23 de ja-neiro, define as normas técnicas, as característi-cas e as condições a observar na produção, valo-rização e comercialização do sal alimentar sob a forma “tal qual” sendo, portanto, aplicável ao sal marinho tradicional e flor de sal de Aveiro. Atra-vés desta portaria são definidas as características físico-químicas, organoléticas e microbiológicas que o sal alimentar “tal e qual” deve obedecer, bem como as condições a observar na produção de sal alimentar “tal e qual” destinado ao consu-mo direto na alimentação humana. Esta portaria pretende criar os mecanismos que permitam o aproveitamento das oportunidades comerciais existentes para este sal, em particular para merca-dos onde se privilegia e valoriza cada vez mais os produtos alimentares naturais, satisfazendo rigo-rosas condições de qualidade e origem, pelo que prevê a possibilidade do uso de menções relati-vas à origem geográfica ou ao modo particular de produção deste sal, sem prejuízo das disposições específicas para o uso do qualificativo “artesanal”.

    Flor de sal

    Em Aveiro, tal como noutras zonas de salgado do país, para além de sal marinho tradicional tam-bém se produz flor de sal.

    A flor de sal, também chamada “nata” ou “coalho”, apenas pode ser obtido nas marinhas tradicionais e são pequenos cristais, que se formam na super-fície das águas de cristalização das salinas - a con-jugação de sol, humidade e vento levam à forma-ção de uma fina camada de flor de sal que flutua na água devido à menor concentração de sódio, enquanto os cristais de sal, mais pesados, se acu-mulam no fundo das salinas, formando uma pe-lícula branca e brilhante. Antes que se deposite e permita depois a produção de sal marinho, estes cristais leves e delicados são colhidos cuidadosa-mente. A proporção entre sal e flor de sal é de 80 quilos de sal para 1 quilo de flor de sal, o que tor-na este produto tão especial. Tem a capacidade de despertar os sabores do prato, permitindo um gosto mais agradável e intenso. Por esta razão é um produto cada vez mais cortejado pelos chefes de cozinha e pelo retalho gourmet, sendo consi-derado um tesouro das salinas.

    sal “tal e qual”O decreto-lei n.º 350/2007, de 19 de outubro, constitui o quadro legal relativo à produção e comercialização de sal destinado a consumo na alimentação humana, às indústrias alimentares

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    22

    cozinhas do mundo é tentar levá-lo até lá, utili-zando canais menos convencionais (por exem-plo os produtores de vinho que fazem muitos desses mercados e que têm acesso a grandes restaurantes do mundo, ou o azeite português que está cada vez mais bem posicionado). Um bom exemplo é o que se passa com o peixe fres-co dos Açores, que chega diariamente a Newark, para onde a Sata voa todos os dias e que entrou pela sua qualidade em alguns dos grandes res-taurantes de Nova Iorque.

    Outra forma, talvez até mais eficaz, é trazer a Portugal alguns desses chefes de referência para que vejam in loco a produção de sal e a sua grande tradição, e pô-los a cozinhar com chefes portugueses e alguns dos nossos produtos onde o sal marinho e a flor de sal entram sempre. Pen-so ser a melhor forma de comunicação que de-pois deve ser continuada em visitas comerciais em que se oferecem amostras dos vários tipos de sal, adequados aos vários tipos de produtos utilizados por esses chefes. Isso tem que ser feito por gente que sabe o que está a fazer, que fale bem algumas línguas para que haja uma boa comunicação e não ser transformada numa fei-ra de vaidades, onde estão sempre os mesmos protagonistas. Isso custa dinheiro, mas é aí que devem intervir as instituições lideradas ou apoia-das pelos ministérios da Agricultura e da Econo-mia. Como fazem os nossos vizinhos espanhóis.

    E a presença em feiras de nível mundial, onde se devem levar alguns cozinheiros portugueses que façam demonstrações bem conseguidas da uti-lização do nosso sal marinho. A presença de nu-tricionistas e médicos para explicar como deve ser utilizado corretamente e em que proporções o sal, é uma prática que deveria ser usada cada vez mais.

    entrevista ao crítico gastronómico e vínico, José silva

    colocar o sal “no camPeonato da Frente, sem receios”

    José Silva, uma das mais proeminentes referên-cias do jornalismo vínico e gastronómico nacional e um defensor acérrimo da gastronomia portu-guesa e dos produtos genuínos, respondeu a al-gumas questões relacionadas com os caminhos para afirmação do sal tradicional. Qualidade, co-municação e promoção são alguns dos tópicos apontados.

    O sal artesanal e a flor do sal são cada vez mais ingredientes que fazem parte da alta gastro-nomia. Na sua opinião o tipo de sal utilizado é realmente importante para a qualidade final de um prato?

    É cada vez mais importante por duas razões fundamentais: um sal de fraca qualidade não só não vai beneficiar o prato como ainda faz mal à saúde, sobretudo o chamado sal refina-do, que é um veneno. A segunda razão é que se for utilizado sal marinho ou ainda melhor, flor de sal, a comida fica mais apaladada com a utili-zação de um produto de excelência, sempre em quantidades reduzidas.

    Alguns tipos de sal (sal de Guérande, sal rosa do Himalaia, sal Maldon) adquiriram reputa-ção mundial e conquistaram os chefes de todo o mundo. O que acha que será necessário para o sal português e, concretamente para o sal de Aveiro, entrar nesse circuito?

    O sal português está a par desses produtos in-ternacionais ao nível da qualidade e do paladar. A única maneira de fazê-lo chegar às grandes

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    23

    sa, e fazer ver aos turistas que essa qualidade se deve em grande parte à utilização de produtos de excelência de há vários séculos até agora, um dos quais é o sal. E pegar nesse exemplo e avan-çar para as provas de muitos dos nossos pratos tradicionais, onde o sal entra obrigatoriamente, seja para os conservar - sobretudo nas salgas e salmouras - seja para os temperar, com equilí-brio, onde o sal vai realçar os diversos palada-res e não sobrepor-se aos produtos. A qualidade da nossa culinária e os nossos temperos fazem o resto, em que normalmente os turistas ficam rendidos. Os nossos muitos tipos de pão tradi-cional são um excelente exemplo. É também fundamental informar que a bacia do sul da Eu-ropa, de que fazemos parte, é onde se verifica a menor incidência de doenças cardiovasculares...

    No seu vasto percurso tem visto muitas empre-sas nascer e a florescer … Na sua opinião, qual é a receita para um empreendedor singrar?

    Uma empresa que queira trabalhar com produ-tos portugueses - seja um restaurante seja um produtor de sal - tem que em primeiro lugar sa-ber bem o que quer fazer e que tipo de produto quer produzir - seja uma refeição seja o tipo de sal. Deve, na minha opinião, optar por produzir um produto de excelência, capaz de satisfazer os critérios mais exigentes, nem que para isso seja um pouco mais caro. Portugal está na moda, mas é reconhecido cada vez mais pelos seus pro-dutos de qualidade - seja no têxtil e no calçado, seja nos automóveis, seja na informática e teleco-municações, seja na hotelaria e na culinária, seja na produção de legumes, fruta, peixe e carne.

    A produção de sal é uma dessas produções em franca ascensão, mas só se poderá impor

    A gastronomia portuguesa tem conhecido uma evolução incrível, com cada vez mais res-taurantes a abrir, que apostam no brilhantis-mo dos chefes e na excelência de ingredientes de origem local. Acha que este deverá ser um canal a explorar pelos novos produtores de sal?

    Não tenho dúvida que sim, pois cada vez mais os chefes e cozinheiros são conhecidos do gran-de público e podem e devem ser um veículo de transmissão de grande eficácia. Uma das formas é nomear embaixadores do sal de Aveiro, levá-los até á produção e dar-lhes formação, utilizando a sabedoria e o conhecimento das pessoas que tra-balham na extração do sal diariamente. E porque não transmitir-lhes receitas regionais aveirenses em que o sal é utilizado corretamente?!

    Outra forma é transmitir aos cozinheiros e chefes a importância do sal na conservação de vários produtos culinários. Por exemplo re-cuperar a tradição da sardinha de barrica, conservada em sal e que já era utilizada pe-los nossos marinheiros nos descobrimentos. E os peixes que são preparados ao sal e, claro, a história do bacalhau salgado, bem português.

    Por outro lado, é reconhecido o quanto os por-tugueses são apreciadores de “boa mesa” e vive-se um momento de grande afluxo de turis-tas, que simplesmente adoram a comida e os produtos nacionais. Esta seria provavelmente a melhor altura para ligar o sal português, à comida portuguesa. Como é que os novos pro-dutores de sal se podem associar nesta estra-tégia de elevação da gastronomia nacional?

    A tónica deverá ser a de realçar a qualidade e popularidade da culinária tradicional portugue-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    24

    tante a roupagem utilizada e a comunicação. Vídeos com muito boas imagens são importan-tíssimos para transmitir aquilo que queremos vender, a preços adequados. Ou seja, sem ser barato, o produto tem que ser justamente valo-rizado e quem produz tem que ganhar dinheiro. José Mourinho e Cristiano Ronaldo são as figu-ras portuguesas mais conhecidas no mundo, ninguém tem dúvida disso. Façam-se anúncios com eles a apreciar boa comida portuguesa a utilizar sal de Aveiro. Com o apoio financeiro das instituições. Os resultados podem ser incríveis! 

    se oferecer produtos de grande qualidade, que possam ser utilizados pelos melhores. É muito ambicioso? Não, é realista.

    Temos das melhores condições para produzir sal marinho, temos um mar ainda bastante limpo, com águas frias, ricas em iodo e muitos outros componentes e temos sol e vento com fartura. Por isso devemos tentar sempre fazer o melhor e colocá-lo no campeonato da frente, sem receios.E assumir que temos um produto dos melhores do mundo. E poder prová-lo. É também impor-

    José silvaCrítico de vinhos e gastronomia

    José Silva é um reconhecido crítico de vinhos e gastronomia. Apresentou

    o programa A Hora de Baco, transmitido pela RTP N, RTP África e RTP

    Internacional.

    Escreveu o Roteiro Gastronómico, Guia dos Restaurantes de Portugal e

    também o Roteiro Gastronómico de Matosinhos. Redator de artigos de

    Imprensa vínica e gastronómica, colaborou durante vários anos com o JN,

    onde assinava uma crónica semanal sobre restaurantes e vinhos e escreve

    para a revista Wine Passion, na qual faz parte do painel de provadores.

    É regularmente júri de concursos de gastronomia por todo o país. Organiza

    provas de vinhos, de azeites, de queijos e enchidos, em colaboração com

    produtores e distribuidores, em lojas da especialidade e restaurantes.

    É comissário do Congresso Nacional de Gastronomia, com a Câmara de

    Matosinhos, em parceria com Fernando Melo e Hélio Loureiro.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    25

    de em geral. Consequentemente, o consumo das famílias tem evoluído a um ritmo reduzido e o peso relativo do consumo em alimentação e bebidas não alcoólicas tem-se mantido estável tanto a nível nacional como a nível europeu.

    _ A massificação do acesso e a democratização do uso de dispositivos digitais ligados à inter-net geram novos hábitos de consumo e altera-ram significativamente os fatores de influência no processo de compra. O online tem ganho uma importância crescente nos hábitos de consumo, resultado da maior convergência en-tre lojas físicas e online, mas também da ascen-são aos mercados de consumo das gerações de nativos digitais. Os motores de busca e as redes sociais, em particular, são hoje os meios mais usados para a busca de inspiração, pesquisa de produtos e comparação de preços.

    tendências no consumoOs vários estudos prospetivos e análises de tendên-cias de consumo apontam para que os consumido-res europeus procurem cada vez mais produtos de elevado valor acrescentado, tais como especialida-des regionais, produtos orgânicos, produtos étnicos, etc. A crescente preocupação com a saúde põe a tónica na procura de alimentos funcionais e orien-tados para o bem-estar, mas simultaneamente com a dose certa de facilidade e conveniência, que se apresentem como soluções para pessoas ocupa-das, que desejam ser e sentir-se saudáveis. Por outro lado, fruto de alguns escândalos e crises alimenta-res ocorridas, os consumidores reforçam a sua pre-ocupação com a segurança alimentar. No estudo “Análise das Tendências de Consumo Alimentar”, elaborado pela Deloitte em parceria com o C-Lab são indicadas cinco grandes tendências, que estão a redefinir os hábitos alimentares do consumidor:

    tendências no setor alimentar

    As tendências globais são apresentadas nesta seção como os principais movimentos de mu-dança de comportamento dos consumidores nos próximo anos, apresentando-se as principais orientações que indicam o sentido da evolução da compra de bens de consumo alimentares. As evoluções mais recentes no contexto social, económico e tecnológico têm tido um elevado impacto nos hábitos de consumo dos cidadãos, sendo enquadradas, no que diz respeito à União Europeia, pelos seguintes fatores:

    _ Demografia: A diminuição do número de nasci-mentos, em todos os países europeus, em par-ticular desde 2010, pressionada pela incerteza económica e pela falta de confiança das famílias e o aumento da esperança média de vida nos úl-timos anos resulta inevitavelmente no envelheci-mento generalizado da população. Comparando com o resto do Mundo, a população da Europa registou uma queda no rácio de comparação de jovens e idosos, lançando novos desafios, desig-nadamente no que se refere aos sistemas de saú-de pública, conduzindo assim a uma crescente consciência da necessidade de viver uma vida saudável. Como resultado, a procura por produ-tos alimentares saudáveis e funcionais aumentou, refletindo a visão de que os produtos funcionais contribuem para o bem-estar dos consumidores, permitindo uma vida mais longa e ativa.

    _ crescimento económico lento: a Europa em geral, e Portugal em particular, deparam-se com um crescimento económico moderado e as populações lidam com uma falta de dispo-nibilidade da economia real que afeta todos os aspetos do seu dia-a-dia. O desemprego, com especial incidência nos mais jovens, subsiste a níveis elevados causando uma pressão conside-rável sobre os governos, as famílias e a socieda-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    26

    2. saúde e bem-estar: com consumidores cada vez mais conscientes da importância de hábi-tos de vida saudáveis e da adoção de medidas que lhes possibilitem uma melhor qualidade de vida, alguns dos quais estão dispostos a pa-gar mais por produtos que consideram mais benéficos. Desta tendência destacam-se três principais linhas com perspetivas de cresci-mento para o futuro:

    _ Segmentação crescente de necessidades, por condição médica ou por preferência, em evi-tar tipologias de alimentos com conotação menos benéfica resultando num número crescente de dietas com restrições.

    _ Procura por alimentos biológicos, geralmente identificados como uma solução interessan-te e geralmente aceite como fonte de bene-fícios para a saúde e bem-estar. Na Europa o consumo de produtos biológicos cresceu 110% entre 2005 e 2014 e nos Estados Unidos, em 2015, as vendas de produtos alimentares biológicos já representava cerca de 5% do to-tal de produtos alimentares vendidos.

    _ Procura por alimentos com características específicas, os alimentos funcionais, que re-forçam propriedades benéficas para a saúde (e.g. ómega 3, probióticos).

    Procura de: _ Alimentos que evidenciem redução de gorduras, açúcar e sal

    _ Alimentos “sem” (sem lactose, sem gluten, …) _ Alimentos Zero, Light e alternativas saciantes (grãos, sementes, sumos, outros)

    _ Nutrição personalizada

    1. smart shopping: que se traduz num compor-tamento de compra inteligente e ponderado, menos impulsivo, mais sensível ao preço, com práticas de consumo mais contidas, conscien-tes, responsáveis e sustentáveis. O processo de compra é cada vez mais influenciado por fato-res digitais particularmente na altura de pes-quisar e de comparar alternativas. As marcas brancas terão espaço para crescer e existirão promoções mais inovadoras. Ganhar tempo e procurar a melhor experiência, estará no topo das prioridades. A APP-dependência irá au-mentar, com as marcas mais fortes dispostas a investir em novas experiências e a explorar todos os canais disponíveis, em particular o vir-tual, através do e-commerce e de programas de fidelização que envolvam as pessoas. Mas haverá também cada vez mais exigência por parte dos consumidores, que só partilharão informação quando os serviços propostos lhes são úteis – maior intolerância à comunicação de baixo interesse.

    O consumidor inteligente será também promotor ou “co-criador” de marcas nas redes sociais, pois as suas experiências partilhadas na hora e as suas opiniões, serão consultadas e influenciarão cres-centemente a decisão de compra de outros con-sumidores.

    Procura de: _ Marcas brancas (mais barato), em particular na compra de FMCG (Fast Moving Consuming Goods) não diferenciados

    _ Promoção de marca que compense _ Apps c/ serviços extra da marca, mas só são valorizadas se facilitarem a vida (senão abandonam APP e fidelização)

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    27

    4. conveniência: patente na forma como o con-sumidor compra, pretendendo dispender cada vez menos tempo na concretização da compra, para poder desfrutar do seu tempo livre, mas também nos alimentos que escolhe. A deses-truturação do trabalho e da vida familiar, a fal-ta de tempo e a impreparação para cozinhar, conduzirão ao surgimento de novas formas de conveniência, em particular ligadas ao consumo e à tecnologia. As pessoas apreciarão mais pro-ximidade e formatos mais convenientes; encon-trarão novos momentos e ocasiões para o con-sumo, a par de novos processos de compra; e estarão abertas a novas soluções que as ajudem a poupar tempo ou a reduzir etapas no seu dia--a-dia. Haverá lugar para mais soluções práticas e inovadoras de “acesso, entrega e pagamento”. Procura formatos pequenos, flexíveis e transpor-táveis e produtos de preparação rápida. O ritmo de vida acelerado dos consumidores impulsiona a procura por produtos e serviços mais práticos e flexíveis, como o e-commerce e o take-away. Neste âmbito, é também importar referir o cres-cimento do e-commerce para bens alimentares, em grande parte dinamizado em pela matura-ção das gerações nativas digitais (millennials e geração z), o crescimento das lojas tradicionais com formatos de pequena dimensão e a impor-tância do mercado de food delivery.

    Procura de: _ Proximidade de supermercados e outras Lojas _ Horários mais convenientes _ Facilidade de acesso on-line 24/7 _ E-commerce; Pagamento Mobile _ Produtos blended que misturam diversidade _ Refeições pré-preparadas quentes _ Take-away / Delivery / On-the-Go / Vending / Unidoses; outros formatos

    3. Confiança: o consumidor é cada vez mais cons-ciente do impacto social e ambiental que gera com as suas escolhas, valorizando as empresas que conseguem aportar esta preocupação, procurando produtos e cadeias de distribuição que garantam mínimos impactos ambientais, como a redução da pegada ecológica e a sus-tentabilidade dos negócios. Valoriza a transpa-rência e exige informação relativa ao tratamen-to dado aos produtos ao longo da cadeia de valor, aos valores e padrões éticos das empre-sas e ao impacto que estas têm nas comuni-dades e no planeta. Os consumidores querem conhecer a verdadeira história por detrás dos produtos que ingerem e de como estes che-garam, desde o produtor, até à sua mesa. In-formações sobre os valores nutricionais são as mais elementares, mas os consumidores que-rem mais e outro tipo de detalhe, certificado de Comércio Justo, produção responsável ou certificado de Bem-Estar Animal. Em termos globais, em 2015, 66% dos consumidores esta-va disposto a pagar mais por produtos e servi-ços de empresas comprometidas em impactar positivamente a sociedade e o ambiente.

    Procura de: _ 100% Alimento _ Sem químicos nem aditivos (Clean) _ Do campo para casa (sem pegada de CO2) _ Biológicos ou ecológicos em todo o processo de produção e distribuição

    _ Alimentos tradicionais _ Certificação da origem _ Certificação de comércio justo _ Certificação de bem-estar animal _ Amigos do Ambiente / Sustentáveis (Fair Trade)

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    28

    emPreendedorismo “temPerado” com sal marinho artesanal e Flor de sal

    O sal artesanal é um produto e uma marca indis-sociável de Aveiro, mas a sua valorização econó-mica ainda está muito longe do seu verdadeiro potencial. Sendo a extração de sal marinho uma atividade sazonal, considerada pouco competiti-va quando comparada com a que é desenvolvida pelos métodos de produção industrial, não é pos-sível uma concorrência pelo preço em termos de mercado com o sal proveniente de algumas re-giões do mundo. Contudo, as suas características singulares, a qualidade e a história que lhe está associada indiciam que há outros caminhos para a valorização económica deste produto.

    As exigências dos consumidores, em particular na União Europeia orientar-se-ão, cada vez mais, para uma maior seletividade na aquisição de pro-dutos alimentares de produção industrial, o au-mento dos consumidores adeptos do consumo de produtos biológicos, uma maior procura dos produtos tradicionais/artesanais, devido a uma maior sensibilização do consumidor para o fator qualidade, quer em relação à matéria-prima quer em relação ao processo de produção. O elemento comum e que hoje o consumidor valoriza, é que existe uma preocupação em desenvolver uma atividade artesanal com um passado forte, com preocupações conservacionistas e de sustentabi-lidade. Também em linha com o perfil do novo consumidor, o sal e a flor de sal representam a própria região, com toda a sua riqueza de patri-mónio, arquitetura, paisagem, ambiente, etc., per-mitindo criar narrativas e experiências de compra capazes de suscitar a preferência na escolha des-te produto. Ficam assim abertos caminhos para que diversos produtos de valor acrescentado ve-jam o seu consumo aumentado.

    Assim, o novo contexto de consumo pode ser en-carado pelos empreendedores como uma opor-

    5. experiência: considerado um fator de dife-renciação, por vezes determinante, na escolha realizada, o consumidor aprecia experiências de compra e de consumo relevantes, custo-mizadas e entusiasmantes e espera uma co-municação continuada e genuína alimentada com conteúdos que mereçam a sua atenção e preferência. Valoriza criatividade e inovação nas interações. Os retalhistas continuarão a explorar formas inovadoras para melhorar a experiência de compra dos seus clientes, seja através de campanhas de  social media, festi-vais, eventos de moda ou  displays  interativos. Os elementos de experiência mais valorizados incluem o layout do ponto de venda, o servi-ço de atendimento, a utilização inovadora de canais de comunicação, a criação de novos momentos de interação com as marcas e a personalização do contacto ao longo de toda a jornada de compra. O prazer retirado desses momentos acumula ao prazer proporcionado pelo produto em si e aumenta o valor global percebido pelo consumidor.

    Procura de: _ Produtos com forte narrativa envolvendo emocionalmente o consumidor

    _ Novas experiências nas lojas físicas, _ Gamification / envolvimento _ Marcas que acompanham a sua comunidade e o seu público-alvo através de uma gestão competente de redes sociais

    _ Marcas exclusivas e reconhecidas ou marcas inovadoras / novidades tecnológicas

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    29

    tunidade para construir um negócio em torno da produção de sal, com um produto diferenciado, tirando partido de novos segmentos de mercado que permitam criar e expandir a base de clientes e acelerar a notoriedade das suas marcas. Através de diferentes abordagens ao produto, ao nível da gastronomia, saúde, nutrição, sustentabilidade, o sal marinho artesanal e a flor de sal assumem-se como elementos centrais da proposta de valor, que poderá ser associado a outros produtos tradi-cionais de qualidade, à cozinha regional, a produ-tos de higiene e estética e a outras atividades nas marinhas, como a aquicultura e o turismo.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    30

    apresentaçãoRui Simeão – Tavira Sal é uma marca registada, à qual o seu produtor, Rui Francisco Neves Dias, tem vindo a dedicar-se ao longo dos anos. Sendo proveniente de uma família de salineiros, em ati-vidade artesanal permanente ao longo de 5 gera-ções, tem vindo a assimilar todo o conhecimento passado de pais para filhos nas suas propriedades. As salinas situam-se no parque Nacional da Ria Formosa, a 500 metros da barra de Tavira, longe de fontes de poluição. Este prestigiado posiciona-mento relativamente à entrada de água do ocea-no permite ter uma qualidade ímpar das argilas que ali estão implantadas, assim como do próprio sal que é dali recolhido. Esta unidade de produção de Flor de Sal e Sal Artesanal, constituída por uma salina com cerca de 13 hectares, foi a primeira a receber a certificação DOP (Denominação de Ori-gem Protegida) do mundo.

    Desde 2000, a Flor de Sal e o Sal Artesanal produ-zidos por esta marca são produtos certificados pela Nature & Progrés (França) e SATIVA (Portugal), através de auditorias à produção e análises ao produto final. Tanto o sal como a flor de sal são embalados sem sofrerem qualquer tipo de transformação, para que o cliente final obtenha um produto 100% natural.

    cases studies

    rui Francisco neves dias, uniPessoal, Lda (Rui Simeão – TaviRa SaL)

    Sal e flor de sal, com certificação DOP

    Forma JurídicaSociedade Unipessoal por Quotas

    atividade(s) económica(s)CAE principal: 47293 – Outro comércio a retalho de produtos alimentares, em estabelecimentos especializados, n.e.

    data de constituição9 de Novembro, 2016

    Tavira, Algarve www.ruisimeao.pt /RuiSimeaoTaviraSal 281 322 520 [email protected]

    Dados económico-financeiros (2016)N/D

    categoria(s)Salicultura

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    31

    apresentaçãoA Salmarim tem por missão fazer a melhor Flor de Sal de sempre em Portugal e uma das melho-res do mundo. Baseia a sua atuação no estudo e conhecimento profundo do produto e das condi-ções que o tornam único, sem esquecer o respei-to pela origem (inserido numa Reserva Natural) e pelos rituais artesanais de extração do próprio produto.

    A flor de sal SALMARIM é colhida artesanalmente nas salinas da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim (Rede Natura 2000). Os cristais, que se des-fazem entre os dedos, são formados sob a ação conjunta da água, sol e vento durante o verão.

    A Salmarim vende flor de sal em saleiros de cor-tiça, flor de sal com aromas em caixas de cartão, salmarim de viagem e saleiros cerâmicos assina-dos. O objetivo é aliar a singularidade da cortiça à singularidade da flor de sal produzida em salinas artesanais.

    inSonSo - SaL maRim, Lda

    Packaging para um posicionamento gourmet

    Forma JurídicaSociedade por Quotas

    atividade(s) económica(s)CAE principal: 08931 – Extração de sal marinhoCAE secundária: 10840 – Fabricação de condi-mentos e temperos | 46370 – Comércio por gros-so de café, chá, cacau e especiarias | 47293 – Outro comércio a retalho de produtos alimentares, em estabelecimentos especializados, n.e.

    data de constituição12 de Janeiro, 2012

    Castro Marim, Algarve www.salmarim.com /salmarim [email protected]

    Dados económico-financeiros (2016)Volume de Negócios: 123.468€Exportações: 6.445€Emprego (Nº de empregados): 2

    categoria(s)Salicultura

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    32

    apresentaçãoA Loja do Sal é uma história 100% portuguesa, escrita ao longo de quatro gerações, tendo os cristais de sal puro e o homem como protago-nistas. Este espaço já recebeu diversos prémios e distinções, sendo possível destacar o de melhor empresa do setor do salgado ao nível do empre-endedorismo e o melhor sal e flor de sal no Con-curso Nacional de Sal e Condimentos Tradicionais Portugueses. Entre os principais produtos comer-cializados salientam-se os Bolinhos de Sal (receita conventual com base no doce de ovos, amêndoa e feijão, revestida por uma massa ligeiramente to-cada ao sal, o que lhe confere um contraste de doce e salgado, mas repleto de sabor; o seu for-mato é interpretativo das pirâmides de Sal de Rio Maior); chocolates com flor de sal (combinação que permite apreciar um bombom único e de raro paladar, que se distingue pela originalidade dos seus ingredientes); Sal gourmet; Sal tradição gourmet; Flor de Sal gourmet; Flor de Sal lâmi-na gourmet; Flor de Sal tradição gourmet; Queijo de Sal gourmet; Queijo de Flor de Sal e Pimenta; Temperos; Sal para Banhos, e outras recordações.

    A empresa tem apostado forte na promoção dos seus produtos, com a participação em diferentes feiras e eventos, realização de provas e degusta-ções e o endorsement de figuras públicas e repu-tados chefes de cozinha, o que lhes tem permiti-do catapultar a marca, muito para além do país.

    loJa do sal, lda

    Valores e respeito pelas tradições, sem perder o foco na inovação

    Forma JurídicaSociedade Por Quotas

    atividade(s) económica(s)CAE principal: 08932 – Extração de sal-gemaCAE secundária: 10840 – Fabricação de condi-mentos e temperos; 01491 – Apicultura; 47293 – Outro comércio a retalho de produtos alimenta-res, em estabelecimentos especializados, n.e.

    data de constituição20 de Fevereiro, 2017

    Marinhas do Sal, Rio Maior www.lojadosal.blogspot.pt /Loja-do-Sal-de-Rio-Maior-273453679341755/ ?ref=br_rs 243 991 596 [email protected]

    Dados económico-financeiros (2016)N/D

    categoria(s)Salicultura Chefes Rita Oliveira

    e Flávio Silva com a Loja do Sal nas Canárias

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    33

    2.. aQuicuLtura

    da aquicultura para o abastecimento de peixe para consumo humano superou pela primeira vez o dos peixes selvagens, sendo considerado um marco para o cumprimento dos objetivos da ONU. Apesar destas orientações estratégicas, coadjuvantes da importância da aquicultura, verifica-se em Portugal um claro desequilíbrio entre a oferta e as necessi-dades do mercado, num país que tem dos maiores índices de consumo de peixe per capita do mundo, sendo obrigado a importar pescado, na sua grande maioria de aquacultura, devido às referidas limita-ções à captura de espécies selvagens.

    Portugal é o terceiro maior consumidor mundial de peixe (55 kg por pessoa/ano), só atrás da Is-lândia (91 kg) e Japão (66 kg) – a média mundial é de 20,1 kg/ano. É, aliás, assinalável, a evolução mundial do consumo médio de pescado, que na década de 60 se situava nos 9,9 kg/ pessoa/ano; na década de 90, 14,4 kg/pessoa ano, estando atu-almente próximo dos referidos 20 kg, segundo dados da FAO. A FAO aponta como fatores expli-cativos deste crescimento, além do aumento da produção, maior eficiência na sua utilização com redução de desperdício, modernização dos ca-nais de distribuição e aumento da procura, na se-quência do crescimento populacional, aumento dos rendimentos disponíveis e nível de urbaniza-ção, para o que o comércio internacional desem-penhou um papel fundamental no fornecimento e escolha disponível para os consumidores.

    imPortância estratégica e consumo

    Segundo a definição da Food and Agriculture Or-ganization of the United Nations (FAO) “a aqui-cultura é a criação de organismos aquáticos, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e plantas aquáticas. Esta implica alguma forma de inter-venção no processo de criação para aumentar a produção, como a criação de stocks de forma regular, a alimentação, a proteção contra pre-dadores, etc. O cultivo também implica a pro-priedade individual ou corporativa do material a ser cultivado” FAO (1988).

    A aquicultura é uma atividade cada vez mais rele-vante e estratégica para o país tendo sido definido o Plano Estratégico para  Aquicultura  Portuguesa 2014-2020, cujo grande objetivo é “aumentar e di-versificar a oferta de produtos da aquicultura nacio-nal, tendo por base princípios de sustentabilidade, qualidade e segurança alimentar, para satisfazer as necessidades de consumo e contribuir para o de-senvolvimento local e para o fomento do emprego”.

    Em termos mundiais, a Agenda 2030 para o De-senvolvimento Sustentável lança novos desafios à contribuição e conduta da pesca e aquicultura, no que diz respeito à segurança alimentar e uso de recursos naturais para assegurar o desenvolvimento sustentável em termos sociais e ambientais, sendo apontado como fundamental fazer a progressiva transição da captura de peixes selvagens para es-pécies cultivadas. Em 2014, a contribuição do setor

    http://www.fao.org/https://eaquicultura.pt/glossary/aquicultura/

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    34

    É ainda importante assinalar que, de acordo com os dados da FAO, em 2014, 67 milhões de tone-ladas (46%) do peixe para consumo humano é de peixes vivos, frescos ou refrigerados, sendo em muitos mercados a forma preferida e que apre-senta melhores cotações. A restante produção é processada:

    _ 17 Milhões de toneladas (12%) são secos, salga-dos, fumados ou sujeitos a outras formas de cura;

    _ 19 Milhões de toneladas (3%) são usados em preparados e conservados;

    _ 44 Milhões de toneladas (30%) são congelados, sendo este o principal método de processamento.

    Por sua vez, as algas marinhas, para além de usa-das na alimentação direta ou agroindústrias, são usadas como fertilizantes e produtos farmacêuti-cos, cosméticos, sendo também utilizadas indus-trialmente para extrair agentes espessantes como alginato, agar e carragenina.

    A FAO, no seu estudo ”The State of World Fisheries and Aquaculture 2016” apresenta como perspeti-va para o setor em termos consumo potencial, 178 milhões de toneladas em 2025 e para o consumo per capita 21,8 kg/ ano, ou seja, 8% acima do valor de 2014/2015 (21,1 kg/ pessoa/ano).

    Espera-se igualmente o incremento do contribu-to da parcela de peixe de origem na aquicultura no total de peixe consumido, sobretudo nos pa-íses mais desenvolvidos, onde questões relacio-nadas com a sustentabilidade, bem-estar animal e segurança alimentar assumem cada vez maior importância nos padrões de consumo. Uma par-te considerável e crescente do peixe consumido nestes países será atendida por importações.

    evolução do consumo médio mundial de peixe per capita, kg (2009-2014)

    21

    20

    19

    18

    17

    16

    152009 2010 2011 2012 2013 2014

    18,118,5 18,6

    19,319,7

    20,1

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

    Consequentemente, a quota da produção mundial de peixe utilizada para consumo humano direto aumentou significativamente nas últimas décadas, sendo, de acordo com as estatísticas da FAO, de 87% em 2014. O remanescente destinou-se a pro-dutos não alimentares, na sua maior parte farinha de peixe e óleo de peixe, mas também para cultu-ra, isca, usos farmacêuticos, alimentação direta em aquacultura e pecuária ou utilização da pele. Com foco na investigação e inovação, a FAO salienta ainda a crescente utilização económica de subprodutos, utilizados na produção de alimentos para animais, produção de biodiesel/ biogás, produtos dietéticos (quitosana), produtos farmacêuticos (incluindo óle-os), pigmentos naturais, cosméticos (colagénio), etc.

    utilizações dos produtos da pesca e aquicultura, excepto plantas aquáticas (2014)

    Consumo humano87%

    Usos nãoalimentares

    13%

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    35

    consumo global de peixe

    2013-2015 2025

    50% 57%50% 43%

    Captura de peixe para consumo humano

    Aquicultura para consumo humano

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

    comércio internacionalO peixe e produtos da pesca representam um dos segmentos mais negociados do setor de alimen-tos do mundo, com cerca de 78% dos produtos a serem expostos a competição comercial inter-nacional, representando globalmente mais de 9% total das exportações agrícolas (excluindo produ-tos florestais) e 1% do comércio de mercadorias em termos de valor. 

    O quadro seguinte mostra os principais exporta-dores e importadores.

    A China é o principal produtor de peixe e tam-bém o maior exportador de peixe e produtos da pesca desde 2002. As suas importações também têm vindo a aumentar, sendo em 2014 o tercei-ro maior país importador do mundo, em parte resultado da terceirização de processamento de outros países, mas também como reflexo do consumo interno crescente de espécies não pro-duzido localmente. A Noruega também registou recordes de exportação, com destaque para o sal-mão e bacalhau.

    Os Estados Unidos da América e o Japão são altamente dependentes das importações para satisfazer o consumo interno, mas vários países europeus figuram na lista de maiores importa-dores mundiais destes produtos. Aliás, a Europa, considerada globalmente, é o maior mercado de importação de peixe, apresentando sistematica-mente deficits na balança comercial.

    10 maiores países exportadores e importadores de peixe e produtos de peixe, milhões de dólares (2014)

    expo

    rta

    do

    res

    China 20.980Noruega 10.804Vietnam 8.029Tailândia 6.565Estados Unidos da América 6.144Chile 5.854Índia 5.604Dinamarca 4.765Países Baixos 4.555Canada 4.503Subtotal 77.801Resto do mundo 70.346Total 148.147

    impo

    rta

    do

    res

    Estados Unidos da América 148.147Japão 20.317China 14.844Espanha 8.501França 7.051Alemanha 6.670Itália 6.205Suécia 6.166Reino Unido 4.783República da Coreia 4.638Subtotal 4.271Resto do mundo 83.447Total 140.616

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    36

    O comércio internacional de plantas aquáticas tem vindo a conhecer um crescimento exponen-cial – na década de 80 este mercado valia cerca 100 mil milhões de dólares e em 2014, mais de 1000 milhões de dólares - com a Indonésia, o

    Chile e a República da Coreia, como principais exportadores e a China, Japão e Estados Unidos da América, os principais importadores. O quadro seguinte apresenta as principais espécies comer-cializadas internacionalmente:

    principais espécies transacionadas em termos mundiais (2013) Valor QuantidadePeixe 67,7% 80,6%Salmão, truta, dourada 16,6% 7,2%Atum 10,2% 8,3%Bacalhaus, pescados, arinca 9,6% 14,4%Outro peixe pelágico 7,5% 12,7%Peixe de água doce 4,0% 4,8%Solha, linguado, peixe-sola 1,6% 2,1%Outros peixes 18,1% 31,2%Crustáceos 21,7% 8,2%Camarões, gambas 15,3% 6,0%Outros crustáceos 6,4% 2,1%Moluscos 9,8% 10,3%Lulas, chocos, polvos 5,6% 4,0%Bivalves 3,0% 5,6%Outros moluscos 1,1% 0,7%Outros invertebrados aquáticos 0,8% 0,9%

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    37

    zido pelo resto do mundo. Até 2014, eram pro-duzidos em regime de aquacultura em todo o mundo, um total de 580 espécies, incluindo 362 tipo de peixes, 104 espécies de moluscos, 62 espé-cies de crustáceos, 6 espécies de sapos e répteis, 9 invertebrados aquáticos e 37 tipos de plantas aquáticas.

    O contributo da aquicultura para a produção to-tal de peixe tem vindo continuamente a crescer, atingindo 45% em 2015. A aquacultura em águas interiores representa sector mais importante da produção aquícola destinada à alimentação e atingiu em 2015, 43,6 milhões de toneladas, ape-sar de neste ano se verificar um crescimento do contributo da aquicultura em águas salobras para o total da produção de peixe.

    Outro aspeto relevante nesta análise diz respeito à produção de plantas aquáticas, principalmente algas marinhas, que atingiu 30,5 milhões de to-neladas em 2015, sendo 96% resultante de aqui-cultura. A Indonésia é o principal país contribuin-te para o crescimento da produção de plantas aquáticas no mundo. Relativamente à produção de microalgas, os principais países produtores são a Austrália, Índia, Israel, Japão, Malásia e Birmânia.

    produção de plantas aquáticas no mundo, mil toneladas (2014)

    Other aquatic plants

    Spirulina spp.

    Sargassum fusiforme

    Porphyra spp.

    Undaria pinnatifida

    Gracilaria spp

    Laminaria japonica

    Kappaphycus alvarezzian Eucheuma spp

    10.992

    7.655

    3.752

    2.359

    1.806

    175

    86

    482

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

    Produção aquícola mundial

    De acordo com as estatísticas da Food and Agri-culture Organization, em 2015 a produção de aquacultura foi de 76,6 milhões de toneladas, 4% a mais que no ano anterior, correspondendo a um valor estimado de vendas na ordem dos 160 mil milhões de dólares. Em 2015, os dez maiores produtores (excluindo plantas e produtos aquáti-cos não destinados ao consumo humano) foram a China (47,6 milhões de toneladas), a Índia (5,2 mi-lhões de toneladas), a Indonésia (4,3 milhões de toneladas), Vietnam (3,4 milhões de toneladas), Bangladesh (2,1 milhões de toneladas), seguido de Noruega, Egito, Chile, Birmânia e Tailândia. Es-tes países no seu conjunto representaram cerca de 89% do total mundial de produção aquícola. A produção mundial de aquicultura em 2015 cor-respondeu maioritariamente a peixe, conforme se pode verificar no gráfico abaixo.

    produção mundial aquícola por espécie (2015)

    Outras espécies animais aquáticas 1%

    Crustáceos10%

    Moluscos21%

    Peixe68%

    Fonte: Estatísticas da pesca e aquicultura 2015. FAO. 2017

    No que diz respeito à produção de bivalves, em 2014, a Europa foi responsável pela produção de 632.000 toneladas e os principais países prodito-res foram: a Espanha (223.000 toneladas), França (155.000 toneladas) e Itália (111.000 toneladas). A cultura bivalve na China em 2014 foi de cerca de 12 milhões de toneladas, 5 vezes aquele produ-

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    38

    Produção aquícola em Portugal

    De acordo com as estatísticas das pescas (INE/ DGRM) em Portugal, a produção na aquicultura em 2015 foi 9.561 toneladas e gerou uma receita de 54,1 milhões de euros. Esta produção corres-pondeu 1.521 estabelecimentos licenciados, mais 17 que no ano anterior e a uma área de produção de 4.790 hectares. Das unidades de produção, 1.319 são viveiros, 144 tanques, 34 estruturas flutu-antes e 7 unidades de reprodução. Na sua maio-ria são unidades produtivas de base familiar, com uma dimensão média de 3,1 hectares por estabe-lecimento aquícola.

    Ao contrário do que acontece em termos mun-diais, no nosso país a produção aquícola em águas salobras e marinhas é a área mais importante, cor-respondendo a cerca de 91% da produção total. A produção aquícola em águas marinhas e salobra é feita predominantemente em regime extensivo (47,8% do volume total), tendo sido utilizado so-bretudo para a cultura de bivalves.

    A produção de peixe em águas salobras e mari-nhas representou 45% da produção, sobretudo dourada e pregado. Os moluscos bivalves repre-sentam 55% da produção total, sendo a amêijoa a espécie mais relevante, seguida do mexilhão. Na produção de ostras a maior dinâmica de cres-cimento aconteceu em 2014, correspondendo a uma fase de um novo paradigma de investimen-tos de norte a sul do país, em viveiros e em es-paços que anteriormente estavam a ser utilizados para a produção de peixe. Em 2015 foram produ-zidas 1.035 toneladas e este mercado representou 2.636 mil euros.

    A FAO, no seu estudo ”The State of World Fisheries and Aquaculture 2016” apresenta, como perspe-tiva para o setor em termos de produção poten-cial proveniente da aquicultura, a expansão para 102 milhões de toneladas até 2025, chegando a quota da aquicultura na produção total de pes-ca a 52%. Espera-se igualmente que a pesca de captura permaneça sob quotas de produção res-tritivas, sendo este um dos fatores pelos quais o preço médio do peixe selvagem deverá crescer mais do que o cultivado, 7% e 2% até 2025, res-petivamente.

    produção global de peixe

    2013-2015 2025

    Captura de peixe para consumo humano

    Aquicultura para consumo humano

    44% 56% 48% 52%

    Fonte: FAO, The State of World Fisheries and Aquaculture 2016

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    39

    produção de aquicultura em água salobras e marinhas por nut ii (2015)

    Área Metropolitanade Lisboa: 384t8.05%

    Centro: 395t8.29%

    Alentejo: 80t1,68%

    Norte: 2t0,04%

    Algarve: 3.903t81,93%

    Fonte: DGRM, Estatísticas da aquicultura, 2016

    Em 2015, da produção aquícola nacional em águas salobres e marinhas cerca de 41% (4.191 toneladas) destinou-se ao mercado internacional, mais 13% do que no ano anterior, correspondendo a um valor de 19.376 mil euros. Do total de exportações portuguesas, mais de 91% foi proveniente da ven-da de peixe (3.559 toneladas) e perto de 8% (316 toneladas) da venda de moluscos e crustáceos.

    Vendas da aquicultura de águas salobras e marinhas para o mercado nacional e internacional (2015)

    100%

    90%

    80%

    70%

    60%

    50%

    40%

    30%

    20%

    10%

    0%Moluscos e CrustáceosPeixes

    69,34% 7,48%

    30,66%

    92,52%

    Nacional Internacional

    Fonte: DGRM, Estatísticas da aquicultura, 2016

    espécies de peixe produzidos em águas salobras e marinhas (2015)

    Outros

    Robalos

    Pregado

    Linguado legítimo

    Enguia europeia

    Dourada

    Corvina 1.57%

    28.23%

    0.02%

    3.35%

    59.14%

    7.64%

    0.05%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

    Fonte: DGRM, Estatísticas da aquicultura, 2016

    moluscos e crustáceos produzidos em águas salobras e marinhas (2015)

    Ostra portuguesa

    Ostra japonesa

    Mexilhões nep

    Longueirão

    Camarinha

    Berbigão vulgar

    Amêijoas 48.13%

    2.22%

    0.27%

    0.20%

    27.52%

    15.86%

    5.79%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

    Fonte: DGRM, Estatísticas da aquicultura, 2016

    A região do Algarve é a zona do país com maior produção aquícola em águas marinhas e salobres com 3.903 toneladas, a maioria das quais prove-niente da Ria Formosa.

  • estudo de mercado e oportunidades de negócio

    40

    dado que as marinhas de Aveiro estão numa área classificada. Este processo pode ser iniciado de forma desmaterializada no Balcão do Empreen-dedor (https://bde.portaldocidadao.pt/evo/aqui-cultura.aspx), inclusivamente nos casos em que a instalação careça da realização de procedimen-tos de avaliação de impacte ambiental (AIA) ou de controlo prévio urbanístico. Através do Balcão do Empreendedor, o investidor poderá obter, no-meadamente:

    _ O Título de Atividade Aquícola (TAA), que habi-lita o seu titular à utilização privativa dos recur-sos hídricos e do espaço marítimo com vista à instalação e exploração de estabelecimentos de culturas;

    _ A autorização para  instalação de unidades de maneio de bivalves;

    _ A autorização para alteração do estabelecimen-to ou das condições de exploração, em termos de infraestruturas, de espécies, etc., e desde que se mantenham os requisitos do estabelecimen-to ou das condições de exploração.

    O pregado foi em 2015 a espécie mais exportada (3.390 toneladas), seguida, a longa distância do linguado (128 toneladas). O valor das exportações de mexilhões (250 toneladas exportadas), do ro-balo, (24 toneladas exportadas) e das ostras portu-guesas (46 toneladas exportadas) rondou valores à volta dos 100 mil euros.

    exportações da aquicultura de águas salobras e marinhas por espécie em valor (mil euros) (2015)

    Berbigão vulgar

    Amêijoas

    Ostra japonesa

    Camarinha

    Dourada

    Corvinas

    Ostra portuguesa

    Robalos

    Mexilhões

    Linguado legítimo

    Pregado

    129

    136

    165

    1,393

    17,703

    63

    56

    37

    30

    20

    3

    Fonte: DGRM, Estatísticas da aquicultura, 2016

    acesso à atividade aquícolaO decreto-lei n.º 40/2007 define o regime jurí-dico relativo à instalação e exploração dos esta-belecimento