Estudos de Sociologia

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|ESTUDOS DE SOCIOLOGIA Daniel Sotelo GOIANIA 1

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|ESTUDOS DE SOCIOLOGIA

Daniel Sotelo

GOIANIA

JULHO 2011

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INDICE

I VIDA SOCIAL

1. Estudos Sociais

2. Divisão da Sociologia

3. A Sociologia como ciência social

4. Os fatos sociais

a- O fato social

b- Tipos de fatos sociais

c- Interação social

c.1. Cooperação social

c.2. Competição

c.3. Conflitos sociais

c.4. Acomodação social

5. Herança social

a- Condições da vida social

b- Herança social

c- O meio físico

d- Meio social

I. GRUPOS E INSTITUIÇÕES SOCIAIS

II. O HOMEM NOS MODOS DE PRODUÇÃO

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EPÍGRAFES

“Quem educará nossos Educadores? É preciso que eles se eduquem a si

mesmos...” (Edgard Morin, 1999, p 35).

“Quando perdemos o direito de ser diferentes, perdemos o privilegio de ser

livres” (C. E. Hughes).

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INTRODUÇÃO

A sociologia é uma ciência muito recente, mas o estudo do homem em

sociedade é antigo. A sociologia somente como ciência começa no século XVII

com Augusto Comte. Mas as ciências são bem antigas começando na antiguidade

e temos notícias de que ela inicia ante de Cristo no século XII a.C. As ciências

eram: a astronomia, a astrologia, a medicina, a álgebra, a alquimia. O homem só

começa a ser estudado com o advento da Filosofia Grega, com Aristóteles o pai

da Antropologia e com o iluminismo Grego no século VI a.C. As ciências tiveram

origem nestes locais e assim dividimos esta parte da seguinte forma:

- As ciências na Mesopotâmia.

- As ciências na Grécia Antiga.

- As Ciências e a Sociologia.

1 O COMEÇO DE TUDO

As ciências começaram na Antiguidade com as descobertas do pensamento do

homem. Os primeiros cientistas perguntavam por vários motivos de como surgiram

as coisas. A grande questão por sinal era: o que é o Homem. Muitas coisas foram

descobertas. Mas a pergunta pelo próprio homem nunca foi bem entendida. O

berço destas questões é: A Mesopotâmia, Egito, Oriente Médio, Grécia. Nestes

locais surgiram as ciências que conhecemos hoje na atualidade. Mas para chegar

até aí demorou séculos e milênios de: observação, pesquisa, questões, perguntas,

dúvidas, etc. As ciências começaram desta forma.

No século VI a.C. iniciou-se uma nova era na pesquisa moderna. Surge então

a ciência grega. Os gregos são os inventores de todas as ciências que

conhecemos atualmente. Platão, Sócrates e Aristóteles são os pais deste novo

movimento. Antes deles teve um movimento filosófico denominado de atomistas:

eles perguntaram sobre a essência do homem e descobriram o átomo, e depois as

ciências foram surgindo conforme as descobertas novas das novas questões.

As ciências criadas inicialmente foram:

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- Astronomia;

- Astrologia;

- Aritmética;

- Medicina;

- Alquimia;

- Filosofia.

A Filosofia começa a se distinguir com os gregos. E foi denominada de

iluminismo Grego a grande descoberta das ciências modernas por este povo que

pensava, duvidava, questionava, e descobria tudo o que os preocupava.

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CAPÍTULO I A VIDA SOCIAL

1 ESTUDOS SOCIAIS

A importância dos estudos sociais é de vital importância para o homem

compreender a si mesmo e compreender a sua vida em sociedade. A sociologia é

importante para entender não só o homem, mas também para compreender todo

tipo de conhecimento. A sociedade, os grupos sociais são importantes como o

conhecimento da física, etc. para a sobrevivência do homem.

O nosso mundo atravessa por varias crises, como o homem é feito de

crises:

Crise... Krinein é uma palavra que vem do grego e significa juízo.

...Tem o sentido de crisol, processo para depurar o ouro.

...Todo homem passa por crise para crescer.

A vida é feita de crises e transformações, os problemas sociais e espirituais

sempre estão de conformidade com os modos e organizações sociais e com

relação à vida individual ou de grupos. O homem é feliz ou infeliz e isto ocorre e

serve para mudar a vida coletiva ou individual.

A família influi e em muito nas relações; a educação contribui para as crianças,

adolescentes e os adultos terem uma vida melhor. A economia influi para que o

trabalho, a sociedade e os grupos sociais tenham bens, trabalhos, remuneração

para atender as suas necessidades garantidas para cada um. A política e se

funcionamento é vital para a compreensão do homem na sociedade.

Resumo:

- crise,

- transformações,

- felicidade,

- bens,

- família,

- educação,

- economia,

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- política.

Tudo isto conhecemos através do senso comum, pela tradição, pelos

sentidos, e assim por diante. Muitas questões sociais são solucionadas pelo senso

comum, e pela tradição. Mas isto pode ser falho, pois o homem é falho. E existem

formas sociais complexas. Às vezes queremos resolver problemas sociais pela

simplicidade e conseguimos piorar as coisas. Porem, quando chegamos a fatos

complexos, aí usar a ciência para termos soluções concretas e objetivas.

- senso comum,

- tradição,

- sentidos,

- ciência.

Os fenômenos sociais são interpretados pelas formas particulares. A

ciência social não pode ter esta formula ou atividade de interpretação. Não pode

estabelecer relações simples de causa e de efeito, porque tem interdependência e

complexidade dos fenômenos sociais. O homem simples vê nos momentos de

preço a tomada das medidas do governo como medidas econômicas ou medidas

políticas. O economista vê nisto apenas um acontecimento de ajuste ou reajuste

da economia.

- particular,

- causa,

- efeito,

- interdependência,

- complexidade,

- economia,

- política,

- governo.

A tradição vê as transformações sociais como fatos, causas sociais lentas e

não perceptíveis. As praticas da vida de cada individuo é suficiente para que os

grupos sociais orientem as velhas gerações e se dirijam às novas gerações. A

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sociedade é dinâmica e as gerações mudam como os fatos sociais mudam e a

tradição não pode mais ser usada para medir a sociedade.

- tradição,

- transformações sociais,

- dinâmica social,

- fatos sociais.

Definição:

A sociologia é o estudo da sociedade e dos grupos sociais. A importância da

sociologia não é apenas estudar a sociedade. Ela ajuda a conhecer melhor, a

impulsionar as ações. Ela nos livra de preconceitos e nos dá um espírito critico da

sociedade. A sociologia ajuda a entender e rejeitar a demagogia dos políticos e

economistas de má fé. Ela critica os salvadores da pátria, os novos messias que

acham que vão salvar a humanidade.

2 COMO SURGIU A SOCIOLOGIA

A sociologia adveio de uma filosofia social. Na antiguidade existiu uma forma

de fazer ciência. Eles estavam preocupados em descobrir outras coisas, não

tinham pensado ainda as questões da vida social, do homem em sociedade, em

sua vida em comum. Somente Platão e Aristóteles se preocuparam com o homem,

como ele vivia, como deveria viver na polis (cidade), e na democracia grega

(demos - povo, e cracia - governo).

- Filosofia social,

- outras ciências,

- vida social,

- vida em comum,

- polis,

- democracia.

No século XVIII e XIX d.C. surge então a ciência social: a sociologia. Esta

sociologia vem de uma filosofia positivista e que queria estudar a sociedade de

uma forma mais científica (positivismo).

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3 A DIVISÃO DA SOCIOLOGIA

A ciência Sociologia em seu começo chamou-se de Física Social. E em

1839, Augusto Comte deu o nome de Sociologia. Palavra que vem do Latim socius

– sociedade e do Grego logia – estudo. Assim as criticas começaram sobre os

conceitos sociais. A sociologia como ciência da sociedade, ou a ciência que

estuda os fatos sociais. Ela no inicio foi duramente criticada. Os fatos sociais são

diversos, complexos e imensuráveis, estes precisam de varias ciências auxiliares

para completar o estudo social.

Esta sociologia ou filosofia social se preocupa com:

- a origem da sociedade,

- a natureza social,

- o homem,

- a vida social,

- a vida em comum,

- grupos sociais,

- a realidade social,

- o fato social em si,

- fenômenos sociais,

- o que é social.

Os filósofos e cientistas ajudam a sociologia. A ciência social aplicada e

normativa tem a preocupação com as normas sociais, as conquistas do homem, o

bem estar social. As disciplinas ou ciências que ajudam ou auxiliam a sociologia

são:

A. As disciplinas sociais filosóficas são:

- filosofia social,

- historia.

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B. As disciplinas sociais e cientificas são:

- geografia,

- antropologia,

- economia,

- política,

- etnologia,

- demografia,

- psicologia.

C. As disciplinas sociais normativas e aplicadas são:

- serviço social,

- direito.

5 A SOCIOLOGIA COMO CIÊNCIA SOCIAL

Ciência é o conhecimento elaborado e que tem etapas para se chegar a um

fim; conhece as causas e os efeitos imediatos dos fenômenos e que depois

elabora as leis. A Sociologia é a que elabora leis sociais, que tem princípios e

teorias. As leis sociais são validas para pouco espaço de tempos, pois se muda a

sociedade e assim as leis também mudam. Numa determinada época acontece

alguma coisa que em outra é diferente, um determinado grupo social estará mais

evidente.

- conhecer,

- etapas de pesquisa,

- leis,

- leis sociais,

- mudança social,

- grupo social evidente.

6 OS FATOS SOCIAIS

Introdução

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No século XIX e inicio do século XX a Sociologia estava começando como

ciência social. Ela se preocupava como demonstrar que o fato social era bem

especifico, não confundir com fenômenos de outras ciências. Os cientistas sociais

estavam delimitando as formas da sociologia: qual eram o campo e o objeto desta

nova ciência. Emile Durkheim e Gabriel Tarde iniciaram uma luta na nova

sociologia que foi denominada de realismo e nominalismo. Durkheim defendia a

idéia de consciência coletiva, que é diferente da soma das consciências

individuais.

Que existe uma realidade social, que não depende dos indivíduos que

fazem parte da sociedade. Isto diferencia o fato social dos fenômenos

psicológicos. Gabriel Tarde, por outro lado, afirmava que a sociedade é composta

de mentes individuais e que fazer qualquer reflexão sobre isto é inútil.

A teoria de Gabriel Tarde identifica o fato social com a soma dos

fenômenos individuais e que sua sociologia foi denominada de teoria aditiva da

sociedade. Ele fez uma construção teórica que transforma os fenômenos sociais a

fenômenos psicológicos.

- fato social.

- especifico.

- realismo.

- nominalismo.

- Durkheim.

- Tarde.

- Consciência coletiva.

- Consciência individual.

- Realidade social.

- Mentes individuais.

- Teoria aditiva da sociedade.

- transforma os fenômenos sociais.

- fenômenos psicológicos.

A O fato social

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O fato social pode ser objetivo e especifico e também coletivo e geral,

fenômeno de grupo social. O fato social é comum aos indivíduos de um grupo, ou

que pode ser também coletivo e universal, com características iguais. O fato social

é de forma transcendente, exterior e superior aos indivíduos de um grupo social. O

fato social ocorre mesmo que homens: nascem, crescem, morrem. Ao nascer já

tem grupos sociais e ao morrer os grupos sociais continuam.

Então o fato social é: objetivo, especifico, coletivo, superior e exterior ao

individuo (isto é, transcendência). Mas existem outros fatos sociais que são:

coação, e repetição. A sociedade exerce pressão sobre os indivíduos (Durkheim).

Deixamos de seguir padrões para os outros.

Aqui ocorre a sanção social.

- objetivo.

- especifico.

- coletivo.

- Superior.

- coação.

- repetição.

- padrões.

- sanção.

- imitação.

Para Gabriel Tarde não é a coação social que interfere nos grupos sociais e

sim a repetição ou a imitação.

B Tipos de fatos sociais

Augusto Comte classificou os fatos sociais baseando-se na Física:

- Grupos sociais estáticos: grupos e instituições sociais.

- Grupos dinâmicos: movimentos sociais e tendências sociais.

Emile Durkheim classifica de outra maneira:

- formas ou estruturas: grupos e instituições.

- funções ou atividades dos grupos.

Outros sociólogos classificam desta forma:

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- econômicos.

- familiares.

- jurídicos.

- políticos.

- morais.

- religiosos.

- artísticos.

A sociologia pode ser identificada pelo estudo da:

- cultura.

- personalidade.

- s sociais.

- interação social.

- mudança social.

- opinião publica.

- propaganda.

A sociologia trabalha com fatos sociológicos, analisa o processo, formas e

estruturas sociais (grupos e instituições). As alterações em sociologia são

denominadas de: mobilidade e mudança sociais. Estes são os fatos sociológicos

que diferem dos fatos sociais e estes são: grupos sociais, instituições sociais,

interação social, mobilidade social e mudanças sociais. Os fatos sociais são

numerosos e é um conjunto, objeto de pesquisa e de estudo de um grupo de

formas sociais.

C Interação Social

Introdução

O que é interação social. A vida social é composta de: pensar, emoções,

crenças, palavras, gostos, costumes. Tudo isto pode ser formas que provocam no

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outro ou no grupo, como: idéias, sentimentos e ações. As reações retornam para

quem provocou e assim por diante.

A estes modos e formas denominamos de: interação social; que é a ação

recíproca de provocações de idéias, sentimentos ou ações em pessoas ou grupos.

A interação ocorre entre pessoas e grupos. Pensar, agir, e sentir são artificiais

sozinhos; mas, juntos em pessoas ou em grupos são mais fortes. Agimos ao

ajudar um doente; sentimos ao vê-lo doente; pensamos a sua melhora ou piora.

Interação é aquela que muda o comportamento de pessoas ou de grupos das

quais fazem parte. A vida social é parte da interação Ela é parte da sociabilização

do homem e forma a personalidade.

Na interação social sempre existe o contato social entre grupos ou pessoas.

Não o contato físico, mas o contato cultural. As idéias de um escrito de um livro

podem nos impressionar. O contato é direto quando: no lar, na escola, no trabalho.

O contato indireto é da seguinte forma: cartas, livros, rádio, televisão, cinema,

futebol.

A interação social é um processo psicológico. A interação ocorre por vários

motivos: sugestão, imitação, simpatia E que ocorre por motivos sociais como:

cooperação, competição, conflito, acomodação, assimilação.

C.1 Cooperação Social

Nas várias formas de interação social a mais importante é a cooperação. Esta

forma mostra que a integração social se faz entre indivíduos que se reúnem para a

sobrevivência e para ao progresso dos vários grupos sociais.

A cooperação é um modo de integração e que várias pessoas diferentes ou

grupos sociais diferentes trabalham para que haja um fim comum. Este modo é

comum em todas as sociedades como luta pela vida como é na competição que

veremos mais adiante.

As cooperações vêm de dentro e de fora dos grupos. Mas a desagregação ou

desuniões quando os grupos lutam entre si; também ocorre acordos e

cooperações de forma sutil. Mas isto pode ter na cooperação: entendimentos,

acordos, conflitos ou competições.

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O modo mais comum de cooperação é o auxilio mutuo. Isto ocorre por que

indivíduos ou grupos sociais ajudam outros grupos de formas simples e

espontâneas. A ação conjunta é um modo de cooperação intensa. A ação pode

ser planejada e voluntária e com trabalho comum, que todos fazem o mesmo

trabalho: mutirão.

A divisão do trabalho social é o mais completo e importante de cooperação.

Isto mostra que cada indivíduo ou grupo faz um tipo de trabalho com um mesmo

fim. Estes grupos têm uma função social para obter a independência. A ajuda em

casas: o pai trabalha fora; a mãe trabalha em casa; a filha ou o filho trabalha para

ajudar a casa. Esta é uma forma de divisão de trabalho para a ajuda mútua.

C.2 Competição Social

Na sociedade atual o que mais existe é a competição social, no trabalho e

em todos os lugares da vida. Este modo é a luta pela vida social, há uma seleção

natural, é um processo mais comum na vida social. Sobrevive o mais forte ou o

mais esperto, ou o mais capaz. As pessoas mais capacitadas são os que têm mais

chance de vida.

A competição é inconsciente entre as pessoas e grupos sociais, isto é muito

freqüente em nossa sociedade. Serve para buscar a conquista de bens materiais:

alimentos, ouro, comida, conforto; e não materiais: empregos, afeto, carinho,

prestigio. A luta pela vida é inconscientes onde grupos e pessoas brigam e a

competição se torna rivalidade. O conflito está por acontecer.

A competição é importante porque faz o homem progredir e se desenvolver.

A competição tem valor e limita ou regula as forças sociais: o costume, tradição,

lei, e religião.

C.3 Conflitos Sociais

Quando se compete a luta por bens é grande. Mas no conflito para obter

uma posição social ou status social que determina uma posição social de uma

pessoa no grupo ou de um grupo maior. Neste modo elimina-se ou destrói o rival.

O conflito não é só a luta física (revolução, guerra, guerrilha urbana, lutas

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armadas) e a luta psicológica. O MST e outros grupos são grupos sociais de

conflito.

O conflito pode ser: intimo que é a luta interna de grupos sociais. Este modo

é o conflito psicológico e que o sociólogo tem o maior interesse para a análise e

seu interesse de pesquisa. Mesmo que este conflito passa ser mais individual do

que grupal. Os grupos sociais étnicos, religiosos, políticos e econômicos são os

que mais provocam estes tipos de conflito. Este em jogo o interesse, a competição

entre estes grupos.

C. 4 Acomodação Social

Este é o processo onde há o conflito freqüente e que tende a se acomodar.

As lutas, os rivais acabam um dia então há um ajuste social, acomoda-se e

retornam a conviver socialmente. O ajuste social ocorre naturalmente como

também o renascimento do conflito. A acomodação pode ocorrer por vários

motivos:

- coerção – um subjuga o outro pela força e impõe costumes, praticas, modos de

agir;

- acordo – este modo de acomodação ocorre de forma mais comum, um terceiro

grupo é o arbitro e a mediação ocorre naturalmente;

- conciliação – no conflito devem-se descobrir os interesses e coisas em comum

e conciliar para viver em paz.

C. 5 Assimilação social

A acomodação social provoca a assimilação. Esta assimilação ocorre de

um processo longo e duradouro. A assimilação é um modo de interação social dos

grupos que mudam as atitudes e concepções de vida. Ela muda a personalidade,

acomoda os conflitos. A assimilação também ocorre naturalmente e nem é notado:

exemplo do Brasil que tem muitos imigrantes dos cinco continentes. O cadinho

social e cultural ocorre com o tempo e as misturas de povos, culturas são

assimiladas naturalmente. A americanização do mundo é um modo de

assimilação.

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A assimilação pode ser das seguintes maneiras: completa quando ocorre por

longo período. A assimilação difícil quando acontecem nas diferenças físicas e

culturais, rotinas e preconceitos. Assimilação de elementos como aculturação,

conversão de fé em religiões. Tanto a acomodação social quanto a assimilação

são processos de ajuste social, e a adaptação.

5 Herança e meio Social

Estas são as formas que determinam a acomodação e a assimilação social.

Estes modos são condicionados pela Biologia: herança dos pais, das famílias,

tradições e os meios sociais.

A As Condições da vida social

Os fatores que condicionam a vida social são: herança biológica como fatores

internos e externos. Como: o meio ambiente físico ou geográfico; social ou cultural

e grupal. A herança social, a geografia, a cultura e o grupo social são importantes.

As junções da herança biológica com o grupo social, com a cultura e do meio

físico com a cultura com o grupo. Assim sendo a vida social é muito complicada de

ser analisada. A situação é como escolher a herança ou o meio social para

pesquisar em Sociologia. A forma que escolhermos vai determinar os resultados

da pesquisa.

B Herança social

A genética explica que a herança física algumas vezes determina a herança

social. A herança humana nem sempre determina o meio social e assim vice-

versa. Nem sempre a causa do banditismo é uma herança familiar, mas o meio

social ou que as crianças adotadas têm maiores probabilidades de serem

desajustadas. A hereditariedade, a genética nem sempre determinam os meios

sociais, a herança social ou problemas sociais.

C Meio físico

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O meio físico é importante, pois o homem tem que se adaptar ao meio em que

vive ou viverá. A geografia é importante: o continente Europeu frio e o Africano

quente. A mudança de ambiente físico provoca a adaptação. A forma em que o

homem vive e atuam no meio geográfico, as relações entre os homens e o meio

ambiente: o clima, o solo, os recursos naturais, a topografia influenciam os traços

culturais.

As culturas diversas, os traços culturais possibilitam o estudo cultural e social,

mas não determina a forma social. O meio social e físico não é determinado pelo

solo, clima, recursos naturais ou a topografia.

D Meio Social

A vida em comum dos homens nos variados grupos sociais, a cultura são

determinantes do meio social. A cultura é: artes, técnicas, ciência, filosofia da vida

social. O meio social é exatamente aquilo que o homem apreende das relações

sociais. O meio social é tudo aquilo que o homem adquire nas relações

intergrupais, intersociais. Tudo o que é transmitido por grupos, pela sociedade,

influencias culturais, familiares e tradições podem ser consideradas pelo meio

sociais.

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CAPÍTULO II GRUPOS E INSTITUIÇÕES SOCIAIS

1 VIDA EM ASSOCIAÇÃO

Os grandes filósofos da antiguidade, principalmente Aristóteles coloca que o

homem é somente homem quando vive em sociedade ou em comunidade. “O

homem é um animal da polis”. Ele é um animal político ou social. Ele vive na

cidade e que na política aprende a arte de governar.

A vida em comum começa na infância, e que com suas necessidades o

homem precisa de outro ser para viver e conviver. Isto é o que diferencia o homem

de outros animais. O ser humano é um ser gregário (vive junto), que vive em

grupos. O homem tem o modo grupal de viver, tem necessidade do outro e de

interesses sociais. As diferenças sociais ocorrem por motivos psicológicos. A

sociabilidade não está ligada à inteligência, mas pela necessidade de se agrupar.

As pessoas podem se reunir pela: inteligência, idéias, sentimentos, fins comuns e

aí formam os grupos sociais. As pessoas precisam de interação social e buscam

os mesmos objetivos.

A As Instituições Sociais

Os grupos sociais são imutáveis e estáveis. Os estáveis são chamados de

organizações. Os instáveis acabam muitas vezes como começam. Elas nascem

naturalmente e com o tempo, as normas não são codificadas por leis e regras. A

hierarquia de pessoas não estabelecidas modos rígidos. Outras instituições são

planejadas com consciência, hierarquia definida e normas estabelecidas. Estas

instituições são criadas por varias necessidades humanas.

Para que as necessidades fossem preservadas as instituições: família. A

família não é um grupo social. A família é regida pela consangüinidade e o grupo

por idéias. A instituição educação é a instituição que rege o conhecimento, os

padrões, as técnicas e cultura. A instituição econômica: a empresa, a propriedade.

A instituição religiosa: igrejas, cultas e rituais. Instituições governamentais: defesa

dos grupos e sociedade, estado, saúde, transporte, comunicação, recreação.

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Nas instituições há: pessoas, equipes, organizações, ritos, bens materiais, atitudes

e padrões de conduta, símbolos, códigos de regras.

A instituição social é uma organização que tem uma ou varias funções e

determinada estrutura.

B As Associações

A família, escola Igreja, empresa, estado são subdivididas em instituições

menores que são chamadas de associações. A associação pode ter vários

aspectos: escola, igreja, partido político.

C Sociedade e Comunidade

A sociedade é ampla, é um conjunto de pessoas, com certo grau de ordem,

que se reúne de varias formas e que constituem conjuntos de pessoas, com

ordem e organização. Ela se reúne de varias maneiras e com grupos diferentes.

Sociedade é o mesmo que o grupo maior e o grupo social são o menor. Os vários

grupos sociais formam a sociedade. Na geografia não confundir sociedade e

comunidade.

2 ESTRATIFICAÇÃO E MOBILIDADE SOCIAL

A O estrato social

A sociedade desenvolvida leva a uma forma de estratos sociais, ou seja, as

pessoas diferentes: um tem mais privilégios que os outros; mas tem mais

oportunidades que os outros e outros mais recursos que os demais; outros tem

mais chances em esportes, lazer e os outros tem mais limites de recursos

humanos ou financeiros. Uns usufruem mais que os outros as vantagens que

foram adquiridas.

As diferenças sociais dão idéia de que a sociedade pode ser compostas: de

camadas sociais, estratos e classes sociais. Podemos classificar a sociedade em:

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Page 21: Estudos de Sociologia

Classe Alta

Classe Média

Classe baixa

A classe baixa operaria e trabalhadoras são as mais desfavoráveis, mais

numerosas e cada vez mais em formação e desintegração. Mas dentro de cada

classe temos varias subclasses ou subcamadas ou diferentes níveis sociais.

Como exemplo, a classe Media temos: Media alta, Média - média e media baixa.

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Page 22: Estudos de Sociologia

Classe - Alta

Media

Media - alta

Média - média

Média - baixa

Baixa

A última classe, ou seja, a Média

Baixa bem perto da classe operária.

Outra forma de entender as classes sociais.

Classe Alta.

Alta Média

Média Baixa

Operários especializados

Operários não especializados

Indigentes

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Page 23: Estudos de Sociologia

A estratificação social é a divisão vertical da sociedade em vários níveis ou

camadas denominadas de classes ou castas sociais. A estratificação é a

acomodação social das classes sociais.

A As classes e Castas sociais

Classe social é um grupo sem ordem e organização, com uma estrutura

definida. A classe social é composta de pessoas que possuem a mesma posição

(status) social, que tem interesses comuns e atitudes iguais e com modos de vidas

idênticas.

A definição de status social é muito importante para que entendamos o

problema de classes e de castas sociais. Os indivíduos têm uma posição social

num determinado grupo a qual pertence, como o grupo está na sociedade em

relação aos demais grupos sociais. As posições sociais de um individuam é aquilo

que ele exerce como direitos e deveres dentro do grupo e da sociedade. A forma

de status social depende da conduta de cada um. Assim, o status ou função e o

papel na sociedade.

O status social é aquilo que ele possui dentro de uma classe social e o papel

que lhe corresponde nesta posição ou status social. Pertencer à classe por

nascimento ou por desenvolver suas habilidades e entrar em outras classes sócias

e então mudando sua posição social. Existem então classes abertas e fechadas.

As classes abertas são aquelas que se pode sair e entrar pelos movimentos

econômicos e posições sociais. As classes fechadas são denominadas de castas.

Uma antiga organização social na Índia que é o exemplo de classe fechada e

estruturada: Brâmanes – sacerdotes; cátrias – guerreiros; Vásias – agricultores e

comerciantes; Sudras – servos.

B Classes sociais e seus tipos

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Page 24: Estudos de Sociologia

Elas podem ter varias formas e por isso cada indivíduo pertence a um tipo de

classe social:

- atividade econômica e que muda de banqueiro ao mais humilde individuo;

- renda, aquilo que se produz e recebe por ano em salários;

- escolaridade mostra o aprendizado dos indivíduos que vai do nível universitário

ao semi-alfabetizado;

- residência – mansões, casebres e sem teto;

- recreação e cultura – participar de festas, espetáculos, teatro, cinema e lazer.

A família determina às vezes a classe social que o individuo participará. Tipo de

educação também determina a classe a ser atingida.

C Movimento social

Mobilidade social é a mudança, movimentos sociais de um individuam ou de um

grupo social de uma camada para outra. A mudança ocorre quando ele se move

de um para outro grupo, como grupo está condicionado pela geografia, como as

migrações por motivos políticos, ou por mudança de um país para outro, ou de um

bairro ou cidade para outra. A mobilidade social pode ser da seguinte maneira:

- horizontal – mudança dentro de classes ou de camadas sociais;

- vertical – sobe e desce de classes sociais ou camadas sociais. Da classe alta

para a classe baixa e vice-versa.

D Luta de classes

Os indivíduos e grupos sociais sempre estão em luta, desenvolve

consciência de classes, brigam para ultrapassar as vantagens e abolir os

privilégios, as camadas elevadas pisam nas camadas mais baixas. Assim, surgem

as lutas, os sindicatos são simples de consciência e luta de classes.

1 Os grupos Sociais

Conceitos de grupo social

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Page 25: Estudos de Sociologia

A definição de grupo social pode ser feita da seguinte forma: reunião de duas

ou mais pessoas que se integram e que agem em conjunto com o fim ultimo de

conseguir um objetivo comum ou um consenso:

- Reunião de pessoas;

- Interação das pessoas;

- Ação em conjunto;

- Objetivo comum.

Os que são partes de uma comunidade: os indivíduos e os membros de uma

sociedade, as pessoas. Os membros dos grupos são os sócios.

Somos ao mesmo tempo: indivíduos, pessoas e sócios. Os grupos

apresentam as características iguais aos fatos sociais:

- Os grupos são transcendentes em relação aos sócios que

os compõem; preexistem e sobrevivem. O sócio entra ou sai

e não afeta a forma do grupo.

- O grupo pressiona os sócios e gera um modo uniforme de

comportar de seus membros.

- O sócio se identifica com o grupo, surge então o espírito de

corporação ou de grupo, que busca a lealdade conforme as

normas e ideais do mesmo grupo. Isto provoca a

solidariedade e a cooperação entre os sócios.

Este último modo vem do etnocentrismo: atitude que favorece os padrões de

comportamento do grupo, o que os leva a agir e pensar dos grupos como certo e

errado; estranho ou conhecido. O nosso grupo é o centro de tudo: tudo gira em

torno do que ele estabelece. O modo de encarar os fatos, as concepções são

mudadas como erro, o absurdo, etc.

Classificações dos grupos

As classificações podem e devem ser variadas dos grupos:

25

Page 26: Estudos de Sociologia

- Cooley fala de grupos primários e secundários. O contato é

direto, existe uma intimidade entre os sócios, família,

vizinhança e lazer. Os grupos secundários são os que

tiveram contatos indiretos, os grupos políticos e do governo,

e do estado. Grupos mistos são os tem contato direto ou

indireto com: escola e igreja.

- Summer classifica como grupo de inclusão e de exclusão:

pessoas estranhas, conhecidas de um grupo. A diferença

está ligada a um conflito, aos desajustes sociais e ao

dinamismo social: o marginal é o individuo que saiu do

grupo.

- Pierson resume o grupo da seguinte maneira:- A - Grupos importantes:

- Família e grupo de parentesco.

- Língua e etnia.

- Território e local: vizinho e rural, popular e urbano.

- B – Grupos históricos:

- Nacionalidades.

- Partidos políticos.

- Seitas.

- Trabalhistas.

- Gangs.

- C – Acomodação social.

- Classes.

- Castas.

- Profissões.

- Igrejas.

Este tipo de classificação predomina a cooperação, distingue os grupos de

conflito e de acomodação social.

- D – Os grupos são discutíveis.

26

Page 27: Estudos de Sociologia

- Grupos formais: associação.

- Grupos instáveis e estáveis.

- Grupos de sanção (tolerados) e não tolerados.

- Públicos e privados.

- Verticais e horizontais.

- Biológicos e sociais.

Este tipo de classificação leva em conta as formas sociais hoje existentes. Os

outros modos dependem do tipo de Sociologia que aplica forma de classificação.

4 INSTITUIÇÕES SOCIAIS

Introdução

A palavra “instituição” tem tantos significados populares que é difícil

defini-la concisamente. No uso popular “instituições” podem se referir a

organizações formais, como uma igreja, uma câmara legislativa ou uma

universidade, a um complexo cultural, como o casamento ou o futebol, a objetos

culturais, como o cachorro quente ou o aparelho de televisão, ou a um papel social

carregado de sentimentalidade, como o ferreiro de aldeia ou o professor do

interior. Mesmo dentro da literatura sociológica o termo aparece tanto como um

importante aglomerado de normas e valores, quanto como organizações ou

associações de longa escala, a cruz vermelha e o exército. A maioria dos

sociólogos atuais, todavia está definindo uma instituição em termos de um sistema

organizado de normas e relacionamentos sociais que personificam certos valores

e procedimentos comuns, os quais vão de encontro de necessidades básicas da

sociedade. Associações em sua distinção são grupos de pessoas organizadas

para um propósito particular.

A instituição consiste nas normas, valores, status, papéis e

relacionamentos que circundam uma atividade importante. A instituição da religião

inclui conjuntos de valores e normas comuns (doutrina, fé, devoção), grupos de

procedimentos comuns (adorações, rituais, cerimônias), papéis e status definidos

27

Page 28: Estudos de Sociologia

(leigo, clérigo, diácono, prosélito). A primeira igreja não é uma instituição, Ela é

uma associação de pessoas que partilham de uma determinada fé. O corpo de

crenças, valores, rituais e relacionamentos formam a instituição; os membros de

uma congregação ou denominação formam uma associação. Semelhante, a

instituição da família não é uma única família, porém, consiste nos valores,

normas e padrões familiares seguidos numa sociedade.

As instituições têm origem nos padrões que emergem quando as

pessoas vivem juntas. Ao se debaterem elas com problemas comuns, surgem

modos padronizados de comportamento, gradualmente, e normas e valores se

desenvolvem ao redor delas. Institucionalização é o processo pelo quais padrões

regulamentados são desenvolvidos e integrados na estrutura normativa de

sociedade. Por exemplo, as pessoas, na troca de mercadorias, desenvolvem

certos padrões e regras para tal intercâmbio. A troca direta é um tipo de padrão

institucionalizado por certo número de sociedades, com diferentes tribos ou grupos

reunindo-se a intervalos específicos e efetuando transações segundo regras e

tradições estabelecidas.

4.1 Papéis Institucionalizados

Dentro de cada instituição há status e papéis específicos. Na família

existem status de pais, filhos e vários parentes, com papéis apropriados para cada

status. Os papéis institucionalizados proporcionam padrões previsíveis de

comportamento, através dos quais as atividades podem ser executadas,

eficientemente e sem confusão, com fortes sanções para os desempenhos

adequados. Uma norma institucionalizada se origina como um meio prático de se

fazer algo; mas tais condições de sua origem são logo esquecidas, e a norma

institucionalizada adquire uma aura de sentido e eternidade que a protege de

crítica e da avaliação racional. Ninguém contesta a propriedade privada, a

maternidade, a bandeira, o futebol ou a feijoada, a não ser que estas instituições

estejam perdendo sua legitimidade. C Como disse Wilson, as instituições

fornecem “respostas congeladas para as questões fundamentais”.

28

Page 29: Estudos de Sociologia

4.2 Funções manifestas e latentes das instituições

As funções de uma instituição incluem tanto as funções manifestas,

aquelas que são intencionais e recolhidas, como as funções latentes, as que não

são intencionais e talvez nem reconhecidas. As funções manifestas de nossas

instituições militares são a defesa nacional e a implementação de nossa política

externa; suas funções latentes incluem educar a juventude, proporcionar

empregos e lucros, estimular alguns tipos de pesquisa científica, difundir

informações sobre certas doenças e exercer um grau discutido de influência em

nossa política interna e externa. Nossas instituições de saúde têm a função

manifesta de reduzir a doença e a morte, sua função latente foi a de criar a

explosão populacional.

As funções latentes dos cerimoniais religiosos por vezes parecem

obscurecer suas funções manifestas. A função manifesta da dança da chuva entre

os índios era de trazer a chuva; as funções latentes incluíam oportunidades para a

sociabilidade, ostentação da fortuna da família, namoro, casamento e outros. A

função manifesta da corporação foi a de organizar os recursos eficientemente para

a empresa comercial de larga escala; As funções latentes incluíram a promoção

dos crescimentos dos sindicatos – um desenvolvimento involuntário e certamente

não desejado pelos corporadores.

4.3 Mudança institucional

Todas as sociedades mudam contínua e freqüentemente, algumas mais

rapidamente que as outras. O efeito da mudança é tornar ineficazes algumas das

velhas normas institucionais, o criar novo necessidades para que a instituição

satisfaça. Isso resulta numa mudança institucional, uma modificação da estrutura

normativa e de valores da instituição. A família é bem menos uma equipe de

trabalho ou unidade de produção do que anteriormente, e bem mais entidade de

consumo e associação. As instituições educacionais e políticas assumiram muitas

tarefas que costumavam ser executadas pela família e pela igreja.

29

Page 30: Estudos de Sociologia

As Igrejas estão tentando revisar sua mensagem e programa, para fazer

frente ‘as necessidades de uma sociedade industrializada e urbanizada. Todas as

instituições devem ser ajustadas à mudança social e cultural, porém, elas são à

parte da cultura mais imbuída de várias tradições e altamente é resistente a

mudança.

Por exemplo, os “direitos de propriedade” são freqüentemente sentidos não co

mo um conjunto de compromissos práticos entre pessoas, mas como algo natural,

fixo e eterno, com o que é errado intrometer-se. Assim, as instituições de uma

sociedade rapidamente mutável são geralmente um tanto quanto antiquadas. No

momento em que uns grupos de esquisitos anacronismos forem superados, outros

terão surgido. Um recente artigo da imprensa, sobre uma lei de reforma do

casamento proposto na Tanzânia, expõe a confusão que resulta das mudanças

políticas, religiosas e sociais. O problema era saber quantas esposas um marido

tanzaniano poderia ter. Os cristãos exigiam uma esposa por marido, os

muçulmanos brigavam por quatro e os tribalistas queriam vinte, enquanto alguns

membros da organização nacional das mulheres exigiam os direitos das mulheres

a mais de um marido.

Como todas as instituições, a família é um sistema de valores e normas

inter-relacionadas que serve a uma série de propósitos. As famílias se

desenvolvem da necessidade de relacionamentos estáveis e definidos para se

criar os filhos e desempenhar o trabalho necessário à sobrevivência dos mesmos.

Tal como as demais instituições, a família evoluiu gradualmente do processo de

vida social. Em tempo algum se reuniram os homens e proclamaram gravemente:

“vamos inventar um com junto de instituições familiares para fazer frente a nossa

necessidade de relações sexuais regularizadas, de nascimento e cuidado dos

filhos” ao contrário, as pessoas simplesmente agiram por modos que lhe pareciam

naturais e necessários, no curso das quais certas práticas funcionais se tornaram

costumeiras, e por fim foram institucionalizadas. (Horton, Paul, op. cit).

4.4 Legitimação e mudança das instituições

30

Page 31: Estudos de Sociologia

Uma das características básicas da instituição social é a legitimidade,

ou seja, para que ocorra a socialização e a funcionalidade do mundo social criado

ou instituído é necessário que exista uma explicação racional de sua existência.

É necessário justificar, explicar para as gerações novas o significado

das normas, valores, crenças, hábitos, estabelecidas no processo da ação

recíproca que os homens entre si produzem: a vida social. A ordem institucional

cria, pois, um manto de legitimação – justificativa, para a sua sustentação –

aceitação. Mas, como situamos anteriormente, as instituições não são eternas, a

transformação ocorre na medida em que o homem toma consciência das suas

necessidades e procura satisfazê-las de acordo com a situação histórica. Então,

tem um momento que as instituições são cristalizadas, sustentadas numa série de

mecanismos de sanções estabelecidas começam a ser questionadas, perdem a

sua legitimidade.

E a partir desse momento as instituições começam a ser contestadas e as

ideologias (legitimação - justificativa) por elas difundidas é também posta em

questão. “Surgem os questionamentos a respeito do porque de sua existência.

Vêem-se, então, movimentos contra a instituição se opondo a cultura oficial

transmitida pela família, escola, igrejas, associações culturais, artísticas, pelos

meios de comunicação de massa, etc”.

4.5 Alguns elementos para a análise das sociedades

A historicidade das Necessidades Humanas e a Produção Social

- Os Homens e Animais – tem necessidades elementares.

- O Homem – reproduz, ao longo da historia, diferentemente,

suas necessidades, enquanto a dos animais é sempre igual.

- O Homem tem necessidades historicamente condicionadas:

certas condições sociais com isso, o que pode ser essencial

para alguns homens, pode ser dispensáveis ou inacessíveis

para os outros.

- Homens--------produzem sua sobrevivência.

31

Page 32: Estudos de Sociologia

Produção social: implica em: trabalho e cooperação.

B O trabalho e a transformação da Natureza e do homem.

Homem ----------Natureza: começa a controlar as condições humanas.

Trabalho-----cria instrumentos ---------modifica e aperfeiçoa.

Forças produtivas: Força humana + instrumento de trabalho = modo de

produção (objeto).

Relações sociais de produção: relações que os homens estabelecem

entre si no processo de produção.

Relações de posse (apropriação econômica).

Relações de propriedade (apropriação e jurídica).

Historicidade das relações sociais: em cada modo de produção temos

uma relação social, por isso que há uma historicidade das relações sociais.

C Divisão social do trabalho

A divisão social do trabalho ocorre com base na analise das comunidades ou

da sociedade ou de grupos sociais primitivos e que podemos perceber o limitado

domínio que estas exerciam sobre as condições naturais, isto pode explicar pelo

baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas sociais. A divisão social do

trabalho também pode ser feita pelo sexo e pela idade, todos os consumidores

capazes são também produtos. A complexidade dos produtos, o grande

desenvolvimento da produção, a criação de novas necessidades das tarefas

possibilita maior produtividade, cria essa dicotomia especialização,

desqualificação, que é oposta, mas também complementar e que chamamos de

divisão social do trabalho.

Esta divisão se apresenta com relação ao trabalho manual/intelectual

através da divisão do trabalho entre os trabalhadores manuais e os trabalhos

32

Page 33: Estudos de Sociologia

intelectuais. Separação do homem do processo produtivo. É um trabalho de

cooperação numa relação de desigualdade. Somente na divisão social do trabalho

é que ocorre o processo de alienação. A divisão social do trabalho é feita a partir

da revolução industrial. Ela provocou mudanças de ordem tecnológica, social. É

um trabalho de cooperação numa relação de desigualdade.

Com a divisão social do trabalho cada um age de forma fragmentada e

restrita, não interfere no ritmo e quantidade da produção, não interfere na forma de

lazer, e no tempo onde o homem cria e recria formando assim uma produção

social e histórica por que é o resultado dos acontecimentos das sociedades. Toda

sociedade é resultado deste processo de produção, por isso o homem está em

constante criação que implica em transformações e que o homem a todo instante

cria coisas novas e vai assim surgindo novas formas de organizar a sociedade, e

essa nova forma implica em uma nova sociedade que vai desaparecer e ao

desaparecer vai surgir uma nova sociedade.

A divisão natural do trabalho ---------baseada no sexo e na idade.

Divisão social do trabalho: dicotomia entre: trabalho normal X intelectual.

Especializado X desqualificado, etc.

Separação do Homem do processo produtivo.

D A alienação do trabalho

O trabalhador é alienado porque ele não decide sobre o que produz, o

ritmo, a jornada, os processos que utilizará: está submetido ao processo social de

produção, portanto está sujeito às relações de dominação.

E O conceito de modo de produção (MP)

As sociedades não são eternas, mas históricas. Seus elementos se

desenvolvem e se transformam. Para estudar a sociedade é fundamental ver a

organização de sua existência material, social e ideológica.

Relações entre: infraestrutura e superestrutura.

33

Page 34: Estudos de Sociologia

Infraestrutura-------Homem - natureza.

--------Homem – homem.

Superestrutura-------Idéias, valores, crenças, leis, religião,

conhecimento, etc.

Modos de produção -------modo como a sociedade se organiza

historicamente.

4.6 A família

A família é um tipo de grupo social, ou um tipo de grupo social e a

instituição social que corresponde ao mesmo termo. A distinção entre dois modos

sociais pode ser com o fim de entendermos os fenômenos. Para entender o termo

família como grupo social e casamento para os modos de instituição. Para alguns

autores o casamento é apenas uma cerimônia onde se forma a família, e é apenas

um ritual, um modo de instituição que é a família.

A Família como grupo social

A família é um grupo social; é em essência a reunião de duas ou mais

pessoas com o parentesco e com ligações diretas e intimas. O parentesco não é

apenas de sangue, como pai-filho, mãe-filha, mas abrange o parentesco religioso,

no batismo, crisma e casamento: padrinho; ou de caráter jurídico: contrato civil,

adoção. A ligação de consangüinidade: filho, neto, irmãos, tios, primos; e ético-

religioso: cônjuges, afilhados e civil-jurídico: filho adotivo, esposo, sogra, genro,

etc.

B Funções da Família

34

Page 35: Estudos de Sociologia

A família tem uma função especial nos dias atuais. Variou a sua função

nos séculos passados e nas sociedades que se transformaram. As funções foram

e agora são:

- Biológica – com a reprodução;

- Socializadora – a herança social e cultural, na educação.

- Social – como transmissão do status social.

- Assistência – ajuda física e moral, cuidado na infância, no mal, na

doença, na desgraça, na velhice.

- Econômica – consumo e produção de bens materiais.

- Recreação, religião e política – que algumas vezes desaparecem

com as varias tendências atuais.

Assim, a família estável e instável em nossa sociedade vai se modificando com

a própria sociedade. Há uma diminuição do espírito religioso, a admissão do

divorcio. O individualismo é outra causa das instituições sociais. As alterações

econômicas, a emancipação da mulher e o trabalho fora de casa a esposa mudou

a estrutura da família, grande distancias nas classes sociais, sem padrões morais,

grandes avanços da ciência, controle da natalidade. Todas estas mudanças

sociais, aglomerações, decréscimo de natalidade, êxodo rural, inchaço urbano.

C Tipos de famílias

A família é composta de sua variedade, o centro da família é o casal e os

filhos, os irmãos. A família pode ser patriarcal: onde o pai com as mulheres, filhos,

genros e noras, netos e bisnetos, os agregados como: escravos, servos,

dependentes, etc. A família pode ser ainda: conjugal, consangüínea e a

psicológica. Ou pode ser também desta forma: monogâmica e poligâmica. A

primeira refere-se a um só homem com varias mulheres e a segunda com uma só

mulher e vários homens. A poliândria: uma mulher com vários homens, a

poligênia: um homem e varias mulheres.

Tem também a família matriarcal ou matrilinear com a descendência da mão

e o nome da mãe se chamaria de matronímia. Se o nome é do pai chama-se de

patronímica e o sistema onde o pai manda é patrilinear. Matriarcado quando a

35

Page 36: Estudos de Sociologia

mãe manda. A família quando é numerosa chama-se de clã; a exôgamia com o

casamento fora da tribo e a endogamia com matrimônios entre parentes.

D Origem da família

A família deve ter surgido através dos tempos por: associações livres,

relações sexuais livres, e uniões pouco duráveis. Esta época os homens viviam

em hordas, iguais aos animais. Esta é a teoria da evolução e é uma época

promiscua. Os grupos e casamentos são a segunda fase da família e os

casamentos ocorrem dentro dos grupos. O matriarcado é a próxima fase, a mãe é

a chefe da tribo, depois o patriarcado assume a liderança até chegar na família

comandada pelo pai como chefe da tribo, esta forma de família foi denominada de

monogâmica. O casamento passou a evoluir mais ou menos igual a família

moderna.

E A Educação

A educação se dá de varias formas. Ela é um fato social importante, passa

de geração em geração. Ela é quem garante a sobrevivência e a continuidade do

grupo. Desenvolve a personalidade e o caráter do individuo e ajuda a adaptação

ao meio físico e ao meio social. A educação é importante para:

- A saúde física e mental.

- Domínio e cultura.

- Cidadania.

- Vocação e profissão.

- Vida em família.

- Lazer.

- Filosofia de vida.

F Economia

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Page 37: Estudos de Sociologia

O ser humano precisa de alimento, veste, casa e modifica o seu meio

ambiente. A economia entra neste aspecto social para que o ser humano torne-se

adequado ao meio social através dos meios econômicos.

A economia passou por grandes evoluções. De uma economia de

subsistência dos tempos primitivos, onde o homem recolhia da natureza o seu

sustento ao individualismo do capitalismo atual. O chefe tribal comandava a

distribuição dos bens e da produção da família. Passaram para um tipo econômico

de escravagismo, do período de tributarismo, o mercantilismo e o capital

dominante em nosso mundo atual. O excedente passou para o lucro exorbitante.

Tudo isto são os aspectos da analise sociológica da economia.

G Religião

A religião é definida como um conjunto de crenças e de atitudes, aceitas

por um grupo de fieis, relacionadas com a existência de forças ou de seres

sobrenaturais, capazes de afetar a vida humana.

A religião tem vários aspectos:

- A magia – rituais para controlar as coisas.

- Tabu – objetos sagrados que são como deuses.

- Propiciação – agradecer os deuses e conseguir as graças por meios

de preces, sacrifícios, dádivas, oferendas e súplicas.

O templo ou a igreja, ou local de culto é uma instituição social que regula os

seus adeptos como:

- Cerimônias e ritos – são simbolismos, rituais, liturgias.

- Símbolos – materiais, estatuas, paramentos, cruzes, vestes, preces,

orações.

- Lugares sagrados.

- Ministros ou sacerdotes.

- Credos, fé e razão.

- Filosofias para justificar as crenças.

- Ética e códigos morais

37

Page 38: Estudos de Sociologia

Ou há vários tipos de chefes religiosos;

- Padres ou pastores, leigos.

- Filósofos e mestres com suas doutrinas.

- Missionários.

- Místicos e crentes.

- Messias.

A origem da religião está na antiguidade com os povos primitivos, com o

homem com medo de trovões e relâmpagos e que tenta explicar a alma e sua

existência. A idéia de alma, de morte, da sombra e dos sonhos. O animismo é a

primeira religião que temos notícias, depois o politeísmo até surgir o monoteísmo.

A crença em vários deuses à crença num só deus.

H Estado.

O estado tem uma função toda especial como fonte social em nossa vida.

Desde o registro de nascimento, carteira de identidade e profissional, o

casamento, as propriedades, tudo vale para regular a vida do individuo na

sociedade. O estado é formado pelo povo que é um grupo social, a nação é uma

comunidade e o estado é a instituição social deste povo. A nação é formada por

vários povos – etnias e o território.

A função do estado é:

- Garantir a soberania.

- Manter a ordem.

- Promover o bem estar social.

E ele exerce trás funções especiais sobre o homem na sociedade:

- Executivo – o chefe de estado.

- Legislativo – senado e câmara de deputados.

- Judiciário – Tribunais de justiça.

- Administração do país.

- Finanças do país.

- Militar.

- Diplomacia.

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Page 39: Estudos de Sociologia

III O HOMEM ATRAVÉS DOS MODOS DE PRODUÇÃO

1 OS MODOS DE PRODUÇÃO

Os Modos de Produção foram criados por Marx e Engels como categorias para

o estudo das sociedades antigas. As análises anteriores sobre o Modo de

Produção, segundo os dois, não eram suficientes para se chegar a um estudo

profundo destas sociedades. O M. P. estuda o processo de evolução, ou seja, as

histórias das sociedades sempre foram contadas pelos vencedores e opressores.

A verdadeira história é aquela que contada pelos vencidos e pelos trabalhadores.

A história do trabalho, da produção e a que conta a realidade dos fatos ocorridos

desde a Antigüidade. A história de uma sociedade antiga deve ser contada a partir

da história do trabalho e de sua produção, o que eles fizeram o que construíram. A

história das sociedades antigas para Marx serve para demonstrar a última fase da

história, que é o estudo do Modo de Produção Capitalista.

O M. P. A. ou tributário, que surge com as sociedades antigas serve de modelo

para explicar o último modelo, ou as passagens de modelos anteriores como o

escravagismo para o feudalismo, do feudalismo para o mercantilismo, e do

mercantilismo para o capitalismo.

A teoria marxista dos M. P. serve como “um estudo marxista baseado no

estudo da economia, da política, principalmente com o surgimento do capitalismo

e os seus antecedentes, o feudalismo e o mercantilismo”.

A produção visava apenas a subsistência. A reprodução e a forma familiar e,

pois acentuada, quando mais houvesse trabalhadores na família, maior seria a

produção e alimentos. Na Antigüidade, a produção de subsistência dava-se

através da caça, da pesca e da coleta de frutos. Com a evolução, o homem irá

domesticar os animais, trabalhará na agricultura, produzirá o excedente e com

este excedente da agricultura e dos animais começará a troca de mercadorias.

O patriarca tinha por obrigação o sustento da família, entretanto houve em

período acentuado do matriarcado:

1. Família

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Page 40: Estudos de Sociologia

Matriarcado

Patriarcado

Exôgamia

Endogamia

Poligamia

Poliândria

2. Tribos

3. Campo

Campo X Cidade

4. Cidade

Cidade versus Estado

5. Estado

6. Monarquia

A Família constitui o primeiro núcleo social. No início houve a matriarcado,

porque a mulher vinha da casa paterna com a herança e assim economicamente e

politicamente comandava as ações. Numa fase posterior, o homem começou a

comprar a mulher, pagava os dotes ao pai da moça, surgindo nesta fase, o

patriarcado e assim, a política e as economias passaram para as mãos do

homem.

A Endogamia foi muito difundida na Antigüidade, era o casamento entre

parentes ou dentro do próprio parentesco, para que não ocorresse a divisão de

bens com outras famílias, entretanto, este tipo de casamento acarretava sérios

problemas genéticos.

A Exôgamia também era comum na Antigüidade, ela resolvia certos

problemas, entretanto causava a divisão dos bens, pois a Exôgamia e o

casamento com pessoas de outras famílias.

A Poligamia ocorria com muita freqüência nesta era, o casamento do homem

com várias mulheres. Ela dividia em duas formas:

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Page 41: Estudos de Sociologia

Poligênia – o nome usado para o casamento do homem

com várias mulheres, mas o nome que ficou

marcado este princípio foi, a poligamia.

Poliândria – o casamento de uma mulher com vários

homens, isto ocorre em muitas tribos

indígenas.

A Monogamia consiste no casamento, tanto de um homem com uma

mulher e o oposto, foi uma criação cultural bem posterior e ocidental sob a égide

do cristianismo e de Roma.

1.1As Tribos

As tribos na Antigüidade eram formadas pela reunião de várias famílias, a

través do parentesco e dos mesmos costumes. Havia tribos de parentesco que se

ligavam através da agricultura e outras através do pastoreio, entretanto, essas

tribos eram isoladas uma das outras, mais adiante com a evolução houve a fusão

desses parentescos.

A tribo sempre esteve ligada ao patriarca e o ascendente mais velho. As

disputas das famílias pelo poder começaram a ocorrer e para solucioná-las, criou-

se um colegiado de anciões, denominados de sábios. Surgiram então as

assembléias com a participação dos mais novos. No século XVI ao XII começa-se

a sedentarização de certas tribos na Palestina (a fixação do homem em casas de

tijolos e não como na fase anterior ao nomadismo que vivia em tendas), que é a

passagem do nomadismo para o sedentarismo, da transumância para fixação num

determinado local. Começam a construir casas, depois cidades. As construções

de casas se dão por causa da descoberta do fogo, na passagem do Bronze para a

idade do ferro. Utiliza-se o capim, o barro, a argamassa, o forno e o fogo e assim

tem o tijolo resistente, surgem as primeiras indústrias, as olarias, etc.

Com a ida das pessoas para a cidade começa-se uma nova vida, começam

a surgir determinados conflitos entre os citadinos e os camponeses. Os que estão

na cidade se especializam, tem seus ofícios, manipula o ferro, a indústria, a

41

Page 42: Estudos de Sociologia

fabricação de arados mais resistentes, a melhoria na agricultura, a maior produção

agrária e pecuária leva ao excedente e do excedente a venda na cidade. A cidade

começa a tributar e criar impostos. Surge daí o primeiro conflito entre o campo e a

cidade.

1.2Campo Versus Cidade

Na questão agrária e pecuária, o campo sempre esteve ligado a economia

de subsistência, ou seja, o indivíduo tinha apenas o alimento para si e para sua

parte própria família (a plantação de produtos alimentícios e a domesticação de

animais).

No A. O. P. (Antigo Oriente Próximo) era característico o nomadismo, o

homem habitava o campo, mas não era uma residência fixa, havia o deslocamento

necessário de um lugar para o outro (transumância). Surgirá em outro momento a

formação de famílias e depois das tribos e a economia será a de troca-escambo.

Quando apareceu a economia tributária, que era uma economia citadina,

haverá a passagem de um período de troca ou escambo de mercadoria para a

venda de produtos na cidade e assim o aparecimento do tributo. Em princípio esses

tributos serão cobrados ao homem do campo que vai vender seus produtos na

cidade, eles pagavam desta forma um pedágio passando de uma cidade para outra

cidade onde o seu produto era tributado.

Na passagem da Idade de Bronze para a Idade de Ferro vão influenciar na

criação dos tributos, pois os objetos fabricados com o ferro: ancinho, enxada, faca,

foice e outros. Eram difícil para a manipulação e para a fabricação e sobre eles

incidiam pesados tributos, e os preços dos mesmos, pois muitos destes utensílios

passavam, a substituir homens e animais em certos trabalhos.

A função do estado a partir deste momento era de controlar a cobrança,

administrar o tributo, arrecadar fundos, e disso precisa de um líder. Surge daí um

rei. A cobrança do tributo era para manutenção do rei e da casa real, para a

manutenção do templo, que na Antigüidade funcionou como o primeiro banco e o

local da arrecadação do tributo.

42

Page 43: Estudos de Sociologia

Os tributos eram da seguinte maneira: para o rei e a manutenção da casa

real, para o templo seu funcionamento, o culto, o sacerdote e sua família, o

sacrifício. Não dava para fugir ou sonegar os tributos.

Num determinado momento, surge o exército que passa por três etapas: no

início era formado pelos prisioneiros de guerra e eram obrigados a defender a

cidade (um exército efetivo); na outra, o exército formado por mercenários (de

outras cidades e outros estados contratados e pagos para lutar), tinha um caráter

provisório; e finalmente, o exército efetivo composto por cidadãos do próprio estado,

e tinha um soldo. O exército que não era utilizado em guerra era utilizado para

arrecadar os impostos.

O Exército ia ao campo cobrar o imposto dos camponeses, os camponeses

pagavam uma taxa para vender seus produtos na cidade, para o imposto ao rei e

ao templo que era o dízimo, e por fim, outro imposto para a própria manutenção do

próprio exército.

Concluindo e resumindo: o conflito entre campo e a cidade tem aspectos

fundamentais como:

A- Aspecto social que será pela diferenciação, mesmo

que distante das classes. Os citadinos pensam que

são mais importantes que os camponeses e começa

a ter uma diferença social.

B- Aspecto econômico – o grupo social citadino

começa a se enriquecer com o surgimento das

indústrias, a taxação, os impostos, enquanto que os

camponeses passam pelo fenômeno de

empobrecimento. A tecnologia e o tributarismo vão

acelerar o enriquecimento do grupo social da

cidade. Haverá uma passagem natural do

tributarismo ao bitributarismo e assim por diante.

43

Page 44: Estudos de Sociologia

C- Aspecto político – o conflito será entre liderança

carismática e monarquia, hierarquia e a herança.

D- Aspecto ideológico – neste nível vai funcionar a

utilização do rei no templo e na religião, o templo

passa a ser o centro da manipulação ideológica,

política e religiosa, e o poder hegem6onico como

meio de persuadir a população.

Além dos conflitos existentes supracitados, havia um conflito especial

denominado de resistência que consistia numa tendência para voltar a uma forma

tribal ou familial, volta ao escambo, a troca de mercadorias e isto muitas vezes

funcionam como resistência aos poderes instituídos e estes fugiam do

tributarismo, dos citadinos como controladores da ordem. Entretanto, esta

resistência era desorganizada, e surgia aqui e acolá, em tempos diferentes,

enquanto que os citadinos tinham uma maior organização e utilizava a força, o

exército para impor-se como grupo social que dominava o grupo social campesino.

Este grupo desorganizado vai utilizar outras táticas para fugir da taxação,

era a fuga para as montanhas, aos lugares desertos e a vida nômade, de

transumância e isto dificultavam a cobrança dos impostos. Ao contrário, as

cidades eram fortificadas e construídas sobe as montanhas ou colinas com

muralhas altas, com difícil acesso para dificultar a invasão dos inimigos, os

camponeses viviam ao redor destas torres edificadas com suas próprias mãos

pelo trabalho forçado e que eram utilizados como o primeiro combate na hora da

invasão. Também viviam os campesinos ao redor das colinas, fugiam das cidades

para as montanhas e deixavam desguarnecidos os citadinos na hora da luta, não

ficavam entre os invasores e os citadinos.

O conflito entre o campo e a cidade, se dá exatamente na Idade de Ferro e

sua passagem para o período posterior, onde surgirá o grande império, haverá a

formação das Cidades-Estado, estes passam a ter um controle sobre um território

e se chamará de país.

44

Page 45: Estudos de Sociologia

Com o surgimento dos impérios, a cidade dominará totalmente o campo, e

haverá a troca de sistemas econ6omico, e o surgimento do MPE (Modo de

Produção Escravagista).

A Cidade

A cidade tem origem com a passagem do nomadismo para o sedentarismo.

A manipulação na técnica da fabricação de tijolos e para construção das casas

teriam influências imediatas e fortes no surgimento das cidades (e também, na

transição da Idade do Bronze para a Idade do Ferro). A construção da cidade era

em cima das colinas, bem fortificadas, muradas, no início dos séculos XII a.C., ou

antes, do XIII a.C. para dificultar o acesso e as invasões dos inimigos. Ela sempre

foi construída em trono do templo e da casa real, e os campos estavam em volta

dos muros, além dos muros.

B Estado

O estado terá sua origem com os patriarcas (antigos anciões) que

governavam as famílias e depois as tribos. Com o conflito de poder familiar e tribal

surge a figura dos juizes que demandavam em favor das famílias, uma família luta

contra outra no comando do poder familiar, surge então a passagem do governo

hereditariamente e a figura central será o rei, o príncipe.

C Monarquia

A monarquia baseava-se na hereditariedade, ou seja, os que pertencessem

às famílias e fossem homens que governassem na monarquia. Surgem os

usurpadores dos tronos reais, os golpes de estado, executado por outro da casa

real ou pelo chefe da milícia.

2 O MODO DE PRODUÇÃO ESCRAVAGISTA

O M. P. E. teve origem com os gregos e se instala em várias etapas:

1ª etapa: O M. P. E. é uma criação dos gregos por volta do século VI a.C.,

que começa com as guerras, as conquistas e a captura dos povos vencidos. Estes

45

Page 46: Estudos de Sociologia

eram levados para a cidade dos vencedores como escravos e lá trabalhavam para

o rei, o templo, o trabalho forçado e compulsório. O vencedor se apoderava das

riquezas dos vencidos através dos saques aos tesouros e os tesouros sempre

estavam nos templos, nas cidades vencidas ficavam os camponeses, os pobres

eram para trabalhar e pagar tributos aos dominadores.

2ª etapa: Começam a surgir levantes e revoltas por esta situação, começam

a surgir novas táticas de dominação, era necessário mudar a forma de oprimir.

Surge daí a 2ª etapa de escravização.

Com o passar dos anos, a cidade dominada se organiza e se

rebela, deixa de pagar os tributos, se arma contra a cidade dominadora. Então os

dominadores vêm e arrasam os dominados e levam os restantes para o cativeiro.

3ª etapa: A CIDADE-ESTADO dominadora possuía várias outras cidades e

para evitar as rebeliões, eles usam a tática de transmigrar povos, ou seja, levar

pessoas de um lugar para outro, onde enfrentariam os problemas da língua, dos

costumes, da cultura, e assim descaracterizavam os rebeldes e tornava mais fácil

a dominação,

4ª etapa: Consistia em impor a língua para o comércio. A cultura aos povos

estranhos, a religião dos vencedores, e a utilização dos vencidos como mão de

obra nos trabalhos. Quem criou estes meios de produção foram os gregos.

Começam a separar os vencidos-escravos em categorias e a fazer a diferenciação

dos mesmos e assim, tornava-se mais eficiente a escravidão.

O grego mostrou-se complacentes com escravos inteligentes dando-lhes

oportunidades, eles iriam ensinar seus filhos, os filhos dos gregos ricos. Desta

forma criaram-se escalões ou classes sociais entre os próprios escravos. Era uma

forma de dominar, dividir para dominar. Os primeiros são os metecos: os

professores ou instrutores que faziam da língua, das ciências os seus

ensinamentos. Aristóteles foi um meteco de Alexandre Magno. O segundo eram

os pedagogos (paidia – agogós: os que ensinavam as crianças a andarem, a

caminharem, eram as babás). Nesta situação, os escravos eram mais ou menos

livres. Os que não tinham nenhuma qualificação eram levados para os trabalhos

forçados.

46

Page 47: Estudos de Sociologia

O Modo de Produção Escravagista surge depois da passagem do

tributarismo para o bitributarismo, com as guerras, as conquistas, o homem passa

ser comercializado, torna-se uma propriedade (neste período, a elite, era quem

possuía escravos), este fenômeno ocorre a partir do século VI a.C. ao século II d.

C.

O Modo de Produção Escravagista Grego é muito diferente do Romano,

neste último império a escravidão vai se acentuar ao extremo, levando o escravo a

uma condição subumana. Continuaremos isto depois.

O trabalho compulsório na Antigüidade dentro do M. P. E. funciona da

seguinte maneira: A Cidade-Estado precisava construir palácios de verão e

inverno, muros das cidades, tempos, etc; convocava-se o cidadão para o trabalho

compulsório que era obrigatório a todos os que trabalhavam em determinados

períodos; eles deveriam servir na guerra, na defesa, na reconstrução dos palácios

reais, na reconstrução da Cidade, etc.

2.1As Formas de Escravos

1 Doulos – escravo em grego, não servo (que foi amenizado no N. T.).

a – corvéia

b – camponês

c – guerra

d – alforria

e – pirataria

f – comércio

2 Situação legal e ilegal dos escravos

a – a filosofia e os escravos

b – vida sexual dos escravos

c – o serviço militar

d – escravo fugitivo

3 Classificação dos escravos

47

Page 48: Estudos de Sociologia

a – mariandinoi

b – laoi

c – basilikoi

d – hieroudouloi

e – meteco

f – paidagogos

B. Escravos como Mercadorias

No surgimento do M. P. E. não acontecerão conflitos campo x cidade,

principalmente como na forma anterior. Mas acontecerá com mais freqüência nas

guerras, nas conquistas das Cidades-Estados contra outra, e posteriormente o

acúmulo de Cidades-Estados a formação dos Impérios com a expansão territorial

mais evidente.

Nesse período o comércio era realizado através de caravanas e rotas

comerciais, as caravanas se destinavam à Ásia Menor, pois lá se encontravam as

pedras preciosas, o ouro, os tecidos, as especiarias, etc.

A Grécia e o Egito começam a cobrar impostos, taxas e tributos para a

passagem de caravanas em seus territórios existem a pilhagem, o roubo e a

piratagem e foi necessária a cobrança de impostos para tornar oficial e cuidar das

caravanas para que não sofressem estas pilhagens.

A diferença entre os impérios antigos e o Grego, é que os antigos viviam

apenas dos tributos, ao passo que o Grego vai enriquecer-se com a cobrança dos

tributos aos vencidos e da rotas comercial, associada ao escravagismo. Os gregos

invadem o Egito que é uma passagem e saída de uma rota comercial, a Palestina

que é o entreposto de todas as rotas comerciais para a Ásia Menor e a Ásia

passa a ser controlada também.

A escravidão desta época tem seus significados políticos, sócio-

econômico e ideológico. O doulos é o escravo que seus significados anteriores

passando para os modos posteriores: no feudalismo e o mercantilismo. O servo é

forma amenizada de escravo, ele era também uma forma da escravidão:

48

Page 49: Estudos de Sociologia

A - A escravidão começa com corvéia que era o trabalho forçado, onde

o Estado convoca o indivíduo para trabalhar para o Estado, quando surge uma

situação de emergência, como: guerras, proteção, defesa, construções,

reconstruções após a derrota. Era um serviço legalizado pelo Estado, do qual o

indivíduo não podia se furtar.

B – Neste M. P. a situação do camponês era pior, pois ele deveria

trabalhar para o Estado durante alguns meses, que era um percentual do seu

trabalho no campo, na agricultura ou na pecuária.

C – A guerra tornava a vida do escravo muito pior, quando os gregos

dominavam outros povos, escolha os que deveriam servi-los. Eles nomeavam

seus representantes nos locais dominados, e se houvesse qualquer anomalia

faziam novas incursões e invasões. Para ser mais fácil a dominação os gregos

impunham à língua, a cultura, a religião como obrigatórias, era uma forma de

descaracterizar os dominados.

D – A alforria – só acontecia em casos esporádicos e somente em

determinados tipos de escravos: os metecos, pedagogos. Estes escravos tinham

remuneração e muitas vezes podiam comprar sua liberdade.

E – Na pirataria, durante o início das grandes navegações, o escravo é

utilizado para construir os navios e para remar e movimentar os mesmos, era a

força propulsora e como próprio pirata e serviço dos gregos.

F – No comércio, o império dominante tem o monopólio. Nos impérios

antigos utilizavam o comércio de mercadorias ou alimentos, no modo grego usa-se

comércio e o mercado dos escravos.

2 – Existia uma interferência muito grande na vida do escravo, e

principalmente na sua vida sexual, pois ele servia como produção e reprodução.

49

Page 50: Estudos de Sociologia

Na reprodução, pois, ele quanto mais gerasse filhos, melhor seria para a venda e

o comércio de escravos, era a geração de bens de produção. Os senhores

também tomavam as escravas bonitas para sua satisfação sexual.

A – Para controlar a grande reprodução, o amo servia salitre na comida

para que diminuísse a reprodução.

B – O escravo só servia militarmente na frente da batalha, ou carregando as

munições, o canhão, etc.

C – O escravo fugitivo poderia alcançar a alforria se o que o capturasse o

deixasse ou então se tornaria escravo deste outro senhor. No direito, havia uma

cláusula em que o escravo que fosse encontrado por outro senhor deveria ser

entregue aos seus verdadeiros donos sob a pena de pagar grande multa.

(Filemon) (Paulo também teve seus escravos para construir tendas e

amanuenses).

2.2 Tipos de Escravos

a – Mariandinoi é aquela que é nascido na escravidão, toda a segunda

geração de escravos e seus descendentes.

b – Laoi (povo) – é o escravo originário das conquistas, ou de outras

nacionalidades, um tipo de escravo que surge pelas circunstâncias, evoluções

sociais e os problemas econômicos. O indivíduo pobre que teve de vender tudo

para saldar suas dívidas, vendeu terra, a família, e a si próprio, e se tornou um

escravo.

c – Basilikoi – é um escravo especial, de propriedade do rei como o nome

indica, vivia na corte, era o eunuco.

50

Page 51: Estudos de Sociologia

d – Hieruduloi - a escrava que se prostituía ao redor do templo

(sacerdotisa), no culto a fertilidade que ocorria na época do outono ou da colheita.

Esse culto era para que a produção agrícola aumentasse.

e – Doulos – é o servo, aquele que serve, podia estar também ou no templo

ou no palácio, era o copeiro, o cozinheiro, etc.

f – Meteco – era o professor, aquele que sabia e ensinava os filhos dos

senhores dos escravos, tinha uma qualificação melhor que os outros.

g – Paidagogos – era o que ensinava a caminhar as crianças, como o

próprio termo sugere, era a babá.

2.3 Escravo como Mercadoria

Notamos desta forma que, o escravo era o povo, do culto e da guerra. Que,

o escravo foi tido como mercadoria a partir do século IV a.C. e que ele era trocado

como mercadoria e depois por moedas. Faziam-se escravos nas invasões das

Cidades-Estados, dos impérios e assim cada vez mais, os escravos se tornavam

mão de obra, o trabalho forçado, compravam-se e vendiam-se escravos.

O escravo como mercadoria impelia a aquisição e a troca dos escravos. Os

mercadores vão passar a vender e comprar escravos para Estados abastados, ou

era apenas trocado por alimentos, mas também é trocado por animais. Na fase

final do Império Grego os escravos serão comprados por moedas (século III a.C.

ao II a.C.). Na invasão do Império Romano isto vai mudar. O escravo passa a ser

mercadoria, troca e venda de escravos passaram a ser feitas.

2.4 Os Escravos e os Filósofos

Aristóteles foi o filósofo que mais escreveu sobre os escravos, e ele deixou

bem claro que, o escravo nasceu para ser escravo. Alguns filósofos antes dele

51

Page 52: Estudos de Sociologia

mostravam que a verdadeira democracia deveria ser comandada por um filósofo-

rei. Na escola sofista (Sócrates e Platão), já mostravam que o governador da polis

deveria ser o “filósofo-rei”.

A legalidade do filósofo vai surgir pós-Aristóteles, que fará uma

diferenciação social entre o amo e o escravo, dizendo que uns nasceram para

dominar e outros para serem dominados.

Os discípulos de Aristóteles farão uma reformulação alegando que a

escravidão é uma injustiça, e isso ocorre no século II a.C. Começa a formular leis

e códigos bem antigos como o de Hammurabi, o da Ásia Menor e as leis do antigo

Israel, para formulação das leis sobre os escravos.

Montesquieu e Rousseau filósofos dos séculos XVI e XVII de nossa era,

próximos da revolução francesa surgem como grandes pesquisadores das

civilizações antigas, das leis e das sociedades, eles mostram como funcionavam

estas leis na Grécia, em Roma, fala dos direitos dos povos e das nações.

Montesquieu escreveu sobre o “Espírito das Leis” e Rousseau sobre “A

Desigualdade entre os homens”, onde também, ainda estudam as sociedades da

Ásia Menor, mostrando que no local se tem a origem e o berço do despotismo,

com as castas hierárquicas intermináveis ou as classes hereditárias.

Mas Mesopotâmia, no Egito e na Assíria, também muito tempo depois

utilizavam os sistemas despóticos da China. Os trabalhos anteriores têm como

objetivo também mostrar o sistema de escravidão que surgirá na Ásia e se

estenderá por toda face da Terra. Explica ainda as injustiças sociais do

escravagismo, do feudalismo e do mercantilismo. Esta tese central ficou

conhecida como Despotismo Oriental.

Antes de K. Marx e F. Engels, na Alemanha um grande estudioso K.

Wittfogel, que dá a origem das críticas marxianas e de Engels no trabalho sobre a

“Sagrada Família” e “A Origem da Família, da Propriedade e do Estado”, fez um

trabalho monumental sobre as origens das sociedades antigas. Marx e Engels

criticam Wittfogel em sua mentalidade e em sua compreensão da época sobre

estas sociedades. Rousseau e Montesquieu também deram a sua contribuição

52

Page 53: Estudos de Sociologia

aos estudos marxistas sobre à luz das críticas e das compreensões das sociedade

antigas.

3 O HOMEM NOS MODOS DE PRODUÇÃO FEUDALISMO E MERCANTILISTA

Introdução

Conforme alguns autores, estes dois M P são apenas fases que

antecipam o M P C, ou seja, todas as suas características evidenciam que não

foram modos de produção e sim fases para a passagem posterior do Modo de

Produção Capitalista. No Feudalismo, o proprietário é o senhor feudal, o

camponês e o arrendatário são outros componentes. No Mercantilismo o senhor

continua como dono das posses e da terra, somente que o comércio entra numa

fase posterior, demarcando assim, esta transição de modo de produção. As

guerras, as descobertas e as navegações, os comércios exteriores mostram como

foi esta mudança de modo de produção.

Definições

Autores marxistas falam que estes dois são apenas transições e não um

modo de produção característico, e que nesta fase já estava implícito o Modo de

Produção Capitalista. Autores tradicionais mostram que estes períodos são

realmente modos de produção, o modo de produção é uma característica da

análise marxista.

Recordando

No Modo de Produção Asiático existem características essenciais:

- Relações e Sociedades tribais;

53

Page 54: Estudos de Sociologia

- Comércio intertribal;

- Sociedade sem classe;

- Chefes tribais manipulam o comércio;

- O comércio gira em torno de metais preciosos, especiarias,

produtos agropastoris;

- Modo de produção escravagista ocorre em guerras, surgem as

propriedades privadas;

- No M P A, a propriedade privada está nas mãos do estado;

- No M P Escravagista está nas mãos dos indivíduos;

- No M P Feudal está nas mãos do Senhor Feudal, o camponês e o

arrendatário, fazem parte desses inferiores;

- As diferentes classes sociais nos M P;

- No M P Mercantilista o senhor é o dono da terra;

- Neste modo o importante é o comércio;

- A navegação;

- O comércio exterior;

- As grandes descobertas.

Alguns autores colocam que, os Modo de Produção Feudalista e o

Mercantilista estão inseridos no período Medieval ou Idade Média, enquanto que

alguns outros escritores colocam que ainda permaneceram neste estágio por

vários séculos, enquanto que, a Europa já se preparava para a evolução para o

capitalismo.

1.1Modo de Produção Feudalista

1 Introdução – características do Feudalismo:

Concentração de terras nas mãos do Senhor Feudal, do estado e

da Igreja é a primeira característica. Desde Constantino a Igreja se torna poderosa

como detentora de posses. A riqueza era medida pelas terras que o indivíduo

54

Page 55: Estudos de Sociologia

possuía. As divisões de classes começam a se acentuar neste período. Os

senhores feudais inventam os títulos honoríficos, de nobreza, que ainda refletem a

influência das castas.

O feudalismo se mistura e se funda com o mercantilismo. Na

decomposição do império grego e romano as supressões em termos de

escravagismo na Europa fazem surgir novas formas de produção. O M P F é uma

conseqüência disto.

Este novo modo se baseia nas categorias novas como: o Senhor

Feudal, a propriedade privada nas mãos do estado, e do indivíduo e da Igreja.

Surge uma nova figura que é o arrendatário, que aluga as terras do senhor feudal

para plantar e pagar taxas variantes de 20% a 60%. A não produção significaria o

endividamento e um novo tipo de escravidão: a servilidade. Por outro lado, a boa

produção significaria para quem arrendasse e o pagamento da taxa e muitas

vezes das dívidas e da sobra a compra de pequenas propriedades de terra e a

ascensão a uma nova classe social.

Destes fatos decorrentes surgem os grandes, médios e pequenos

proprietários formando assim uma hierarquia de senhores, desenvolvendo assim

uma nova divisão de classes sociais: a nobreza, a classe de proprietários, e a

plebe. O problema de escravidão está quase solucionado em certas regiões da

Europa, esta tem nova cara e faceta. As guerras continuam, as conquistasse

espalham, os tributos são variados, bens neste período são confiscados,

principalmente se a igreja entende que alguém é um herege.

A servidão no M P F é diferente que no M P E, difere basicamente

no nome, surge o colonato, que é organizado por lei e por estatuto. Aqui, como no

M P E, o escravo era mentido sob coerção, no M P F existe a lei e a política mais

organizadas e usadas como formas de coerção e legalização destes atos.

O feudalismo no século X d.C. está ainda em formação com os

proprietários fundiários e os funcionários carolíngios (duques e condes), à partir

dos séculos XI e XII se torna o feudalismo ascendente onde o poder real e o

duque tem poderes ilimitados.

55

Page 56: Estudos de Sociologia

Nos séculos XII e XII, começa o apogeu diferenciado entre:

senhor feudal e os vassalos e se alastra da França varrendo toda a Europa. Os

séculos XIV e o XV e o decair e desagregar todas as formas do feudalismo e o

surgimento de novas formas de produção. Esta implosão se dá pelo fato de

começar o renascimento, as grandes navegações o comércio exterior, as grandes

descobertas, as revoltas camponesas na Europa por terra e assim, surge o

mercantilismo.

3.2 Modo de Produção Mercantilista

Introdução

O mercantilismo é um modo de produção? As maiorias dos autores

dividem-se sobre esta questão. Para alguns não é, para outros é uma passagem.

Talvez não seja um modo e sim um sistema. Este nome foi dado pelos adversários

do marxismo e é uma forma pejorativa de tratar o mercantilismo.

O M P Mercantilista era um sistema egoísta de mercadores,

manufatureiros, agricultores e do Estado que estavam preocupados consigo

mesmo. Era organizado com seu fundamento na moeda e na riqueza de alguns.

Características

A origem do M P Mercantilista é a comuna medieval que levou ao

Estado moderno uma sólida tradição de intervenção na vida econômica e social. A

classe dominante começa a ser a burguesia. Nos séculos XV e XVI, o

mercantilismo na França e na Inglaterra estende-se das pequenas monarquias

para todas as cidades da Europa. O funcionamento está na produção agrícola e

alimentícia para o abastecimento das cidades e das materiais primas, combate a

concorrência de outras localidades. Evita a entrada de mercadorias de outras

localidades e a saída ou evasão de divisas e rendas, do ouro, da prata, e a

exportação.

56

Page 57: Estudos de Sociologia

Os mercadores estrangeiros são obrigados na venda de sua mercadoria

ou reinvestir ou comprar com aquilo que venderam nas indústrias do local. Surge o

intervencionalismo econômico, que é a obrigação na venda a aplicação da parte

ou da totalidade da soma da venda. Surgindo desta forma a balança comercial, a

reserva de bens (ouro a prata). Reserva de mercado, proibir entrada ou saída de

mercadorias, interditar importação ou exportação, letras de câmbios e as

aplicações com investimentos no Estado, vigiar o mercado, criação de indústrias.

M P Mercanltilista na França

Os países nesta situação de mercantilismo com maior destaque eram:

França e Inglaterra, Espanha e Portugal. Na França começa a surgir o

nacionalismo econômico. A união da França com a Inglaterra para combater o

mercado Espanhol que tinha uma grande quantidade de ouro e de prata, com

muitas reservas, faz criar o porto aduaneiro. A aduana era o imposto criado para

entrada ou saída de mercadorias do porto de qualquer ou para qualquer país. A

reserva era a medida de riqueza de qualquer país, ou seja, media-se a riqueza de

uma nação pela quantidade de ouro e prata que ele possuía.

Na França começa a aparecer uma classe distinta que vai se

despontando no cenário político e econômico que é a burguesia ou classe média,

que depois defragla a Revolução Francesa.

M P Mercantilista na Inglaterra

Indústrias vão marcar a diferença do mercantilismo francês para o

inglês, este na Inglaterra demarcará o surgimento do novo modo de produção. O

M P C. O mercantilismo inglês cria a política monetária, livre circulação de

mercado e das mercadorias, às reformas políticas e monetárias, fazendo assim, o

mercantilismo inglês seja elaborado por seis etapas:

a- Proteção ou protecionismo;

b- A moeda;

57

Page 58: Estudos de Sociologia

c- Encorajamento e favores à marinha mercante e o comércio nacional;

d- A importância do Estado na economia não é mais regular e sim

manter reservas e o saldo positivo;

e- Surge o intervencionismo autoritário;

f- A burocracia.

1 Teorias Mercantilistas

A organização do Estado para o controle burocrático: os magistrados, os

oficiais da moeda. Os políticos, os negociantes (atravessadores), os

manufatureiros. Assim, se tornam evidentes as teorias econômicas no

mercantilismo.

COLBERTISMO: Colbert era o ministro das finanças da França que

neste período criou a administração financeira, as

proteções de mercado, o crédito estatal, do

comércio e individual. Ainda criou o papel moeda e

dará um desastre econômico no futuro próximo

para a França.

LIBERALISMO: Esta é a teoria desenvolvida na Grã-Bretanha, era a

teoria quantitativa dos preços, as trocas

internacionais, o saldo positivo, os produtos

nacionais prioridade no comércio, e a livre

concorrência, daí o nome de Liberalismo.

4 MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA

Introdução

58

Page 59: Estudos de Sociologia

O termo capitalismo vem de Capital. Até hoje as discussões continuam

acerca do significado do termo. A definição mais provável é ainda aquela usada

por Karl Marx de que “o capitalismo é de empresários que possuem o capital”.

Muitas afirmações foram feitas sobre o M P Capitalista e que transferem sua

origem a Idade Média ou ainda a épocas mais tardias, umas com e outras sem

fundamento.

1 Características do M P Capitalista

As características essenciais do M P Capitalista são:

- Moeda ou dinheiro papel;

- Letra de câmbio;

- Usura;

- Excedente de matéria prima;

- O lucro;

- O preço;

- O salário;

- O dinheiro.

Estes surgem num período com características próprias, como:

surgimento das indústrias, a concentração de população em grandes cidades, o

comércio e o mercado exterior, negociantes e atravessadores. O capital de bens

passa a ser o capital monetário. No capitalismo permanece ainda resquício dos

modos de produção anterior, que são adaptados ao capital: a terra, a propriedade

privada, a posse da terra, o comércio e o trabalho que terão outras funções no M

P Capitalista.

O ápice do M P Capitalista ocorre com o surgimento da

tecnologia, da ideologia, da burocracia e dos meios de comunicação que são

utilizados como formas de manipulação e de dominação. A diferença específica

entre o M P Mercantilista para o M P Capistalista é que um durou muito tempo e

59

Page 60: Estudos de Sociologia

que este último não se sabe se vai jamais acabar. As guerras mundiais foram

marcadas pelas conquistas e a dominação do capital, e se utiliza a guerra hoje

como indústria do capital.

O M P Capitalista tem várias etapas: a passagem do M P C de

bens para o M P Capitalista monetário, depois para o industrial, o agropecuário, o

monopolista e o imperialista.

5 O HOMEM ATRAVÉS DOS MODOS DE PRODUÇÃO

O homem nos Modos de Produção pode ser visto como um homem

subjugado, oprimido e espoliado. Esta visão pode até ser de forma pessimista. No

M P A ou no M P T, o homem era um camponês que procurava o seu alimento

para sobrevivência de si e da própria família. Começa a domesticar animais, vive

perambulando na procura de melhores locais de vida, é um nômade e não tem

uma residência fixa. Começa a evoluir de um sistema matriarcal aonde a mulher

vinha com seus dotes e tinha o comando político-econômico; depois, o homem

passa a pagar o dote e depois praticamente, compra a esposa e assim, surge o

patriarcado. O filho mais velho, o primogênito passa a adquirir a força na casa. O

patriarca passa a comandar a política, de um chefe tribal evolui para o juiz e do

juiz para o monarca. Dessas características vem a passagem do nomadismo para

o sedentarismo, o poder do patriarca e agora a do monarca, do campo o poder vai

para a cidade da cidade para o Estado. A cidade mais aparelhada passa a ser

sinônimo de local de exploração, de subjugação. Começa a cobrança de impostos

e tributos. O homem começa a explorar o próprio homem. “Homo homini lupus”.

Com a passagem da Idade do Bronze, a descoberta do fogo inicia-se nova

fase, a Idade do Ferro. A manipulação de metais, a indústria, a tecnologia, as

construções das casas, as fortalezas, os templos, as cisternas, possibilitou a

mudança de M P que evoluiu. Do trabalho compulsório para o forçado e para

construírem os palácios, os templos, as defesas, as fortalezas. O tributarismo para

o bitributarismo que auxilia as grandes construções sobrecarrega o povo, explora,

oprime e escraviza.

60

Page 61: Estudos de Sociologia

Depois do M P T vem o M P E que é a exacerbação do anterior, a

transformação da carga tributária, do endividamento. O homem enfrenta a dura

realidade de ser transformado em mercadoria. A invenção da escravidão pelos

gregos e o seu ápice com os romanos leva ao início de uma nova forma de M P.

Enquanto que, os gregos tinham várias categorias de escravos, fazendo

uma hierarquia escravagista. Os romanos transformam os escravos em animais e

mercadoria, desumanizando-os cada vez mais. Colocam os escravos nos jogos e

circos, nos espetáculos nas arenas para serem devorados pelos animais ferozes

perante uma platéia vibrante. Estes constroem leis, regras e normas para

escravizar e dificultar a vida do escravo. Transformam o mercado e o comércio de

alimentos em mercado de escravos.

Os escravos perante os romanos, além de serem transformados em

mercadoria, são usados para a força, tração animal para carregarem armas e

munições, ao trabalho agrícola, na carga.

O homem no M P Feudal teve sua situação amenizada, pois com a

constantinização de Roma fica o escravo a ser tratado mais “cristãmente” por seus

donos. Com a invasão da Europa pelos mouros e que depois de tanto serem

escravizados transformam em situação inversa, querem agora escravizar. A

tomada de Constantinopla, a expulsão dos mouros, a Europa se torna mais

“civilizada” e aos poucos vai acabando a situação da escravidão. O homem

começa a lutar pelos seus direitos. As guerras campesinas na Alemanha, a

abolição do mercado de escravos, a vida humana sente uma melhora substancial,

apesar das condições econômicas da época.

Aqui, o homem se torna mais livre, o senhor feudal, os pequenos

proprietários, os arrendatários e a plebe vão compor uma nova fase da divisão das

classes sociais na época. Aos poucos, surge a escravidão de novas formas e

outros tipos de exploração do homem pelo homem, até o nome servo ser uma

amenização do termo escravo.

Neste período, a dominação e formada pela igreja com suas ideologias, o

teocentrismo e a propriedade divina mostram como se mantém vivo e eficaz a

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Page 62: Estudos de Sociologia

dominação eclesiástica, que a sua duração é de muitos séculos para ser

superada.

O homem no M P Mercantilista volta a sofrer as conseqüências das

ideologias anteriores, a diferenciação social, surgimento de novas classes sociais,

uma nova ideologia dominante enfatizada pela burguesia ascendente, que após a

Revolução Francesa toma rédeas do poder. A ascensão da burguesia ao poder,

junto com a revolução industrial dá bases para um novo modelo de M P, a

exploração se torna mais eficaz e o homem cada vez mais domina o seu

semelhante.

No M P Capitalista o homem tem as características diferentes dos outros

modos de produção: o capital que é o acúmulo de bens em dinheiro e

propriedades, o salário que é a equivalência daquilo que o homem fabrica, mais o

seu valor são de seu corpo, o preço que é simbolismo de um produto que os

capitalistas dão daquilo que o próprio trabalhador faz e não pode adquirir aquilo

que ele mesmo fabricou. A ideologia dominante auxilia na opressão e exploração

do trabalhador; o lucro e a ganância e a usura do produto vendido, que os donos

não se contentam com pouco e sim com a exorbitância. Assim cada vez mais,

aumenta este círculo vicioso de dominação, de exploração e de subjugação.

62

Page 63: Estudos de Sociologia

RESENHA: HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE – “RAÍZES DO BRASIL”, JOSÉ OLYMPIO EDITORA, RJ, 1991, 22ª Ed.

INTRODUÇÃO

Esta obra, que data da década de 30, exatamente publicada em 1936, tem

uma característica essencial que é a introdução das idéias de Marx Weber no

Brasil. Retomando idéias deste grande especialista alemão, o autor introduz

conceitos sociológicos e etnográficos para determinadas características do

homem Brasileiro. Principalmente, os conceitos de Beruf e amt (vocação e

profissão) para expressar às condições sócio-psicológicas e antropológicas do

Brasileiro = a tipologia weberiana.

O livro é composto de sete capítulos: “Fronteiras da Europa”, “Trabalho e

Aventura”, “Herança Cordial”; “Novos Tempos”, e – o último – sobre “Nossa

Revolução”.

O capítulo mais polêmico e mais problemático é o quinto, sobre a teoria do

“Homem Cordial”.

Algumas coisas devem ser colocadas sobre o autor e a obra: o período em

que foi escrito é o pós-modernismo, o movimento de vanguarda ocorrido na

década de 20 em São Paulo. Relacionar com Mário e Oswald de Andrade. Na

Europa, relacionar com o movimento da República de Weimar, precursora dos

movimentos alemães posteriores; o surrealismo nas artes e nas letras, seus

estudos e demais escritos, o curso de Direito no Rio, posteriormente todos os

cursos dados no Rio, São Paulo e no exterior influenciariam o seu pensamento e a

sua obra.

A obra “Raízes do Brasil”, se junta aos livros de Gilberto Freyre “Casa

Grande e Senzala” e de Caio Prado Jr. Sobre “A Formação do Brasil

Contemporâneo”, eles formam uma tríade acerca do Brasil antigo, moderno e

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Page 64: Estudos de Sociologia

contemporâneo, mostrando a realidade brasileira desde as formas: sociais

políticas e econômicas, a vida intelectual, as ideologias e o reflexo da formação do

próprio Brasileiro. Mostram os aspectos culturais, raciais, o patriarcalismo, o

escravismo, a vida familiar, etc. Na política, mostra as formas do integralismo, do

liberalismo, e das esquerdas, etc. Passemos a analisar os capítulos.

1 FRONTEIRAS DO BRASIL

Este capítulo mostra a influência dos países colonizadores europeus sobre

a América, principalmente Portugal no Brasil e Espanha na América Central e do

Sul. Mostra a diluição das raças nesta grande miscigenação no território; a

questão do personalismo, as instituições e a falta de coesão social. O problema da

dissolução, decisão política, a divisão de classes, a falta de unidade são causas

de uma raiz profunda do não tradicionalismo, a falta de hierarquia, o privilégio nas

mãos de um grupo pequeno, o êxito ligado ao mérito e à corrupção, a repulsa para

o trabalho, a preguiça, a obediência cega, a influência carismática do chefe

político, a anarquia e a desordem são partes essenciais e integrantes da

personalidade do Ibérico.

Muitas nações influenciaram a formação do Brasil; seja econômica, cultural,

social e política, mesmo que, de forma negativa, e outros contribuindo

positivamente. Não só a Europa, mas outros continentes fizeram e o fazem ainda.

As fronteiras do Brasil não foram ainda determinadas, nem completadas, mas num

processo crescendo em formação, as fronteiras limitadas e ilimitadas das raças,

culturas sociais dos brasileiros.

2 TRABALHO E AVENTURA

Começa aqui a aplicação da sociologia weberiana da tipologia, mostrando a

diferença existente entre o homem trabalhador e o homem aventureiro. No Brasil,

a influência recebida dos conquistadores está mais para os aventureiros que

vinham para novas descobertas apenas para satisfazer o espírito de aventura.

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Page 65: Estudos de Sociologia

Desta forma, o autor mostra, neste capítulo, a existência de duas éticas que são

opostas. O aventureiro preocupado e buscando experiências novas, sem se fixar

num determinado local, oposto àquele que se consolida e fixa raízes. Um é o

provisório, o outro seguro. Um procura a segurança, o outro está ligado à

bagunça. O país continua nas mãos dos aventureiros, dos loteadores e das

lotecas, da vida fácil, da tapeação e dos “espertos”.

O trabalho é difícil, pressupõe algo em longo prazo, a segurança; a

aventura de ficar rico rápido e facilmente vence as preocupações das dificuldades.

A indolência faz parte do caráter do colonizador, deixando traços e sulcos

profundos nas populações beira-mar, como Rio e Salvador. A aventura ainda

fascina o povo, o ócio vence o trabalhador.

3 HERANÇA RURAL

Para entendermos o país de hoje, necessário é vermos a herança rural, o

Brasil em seu início e sua formação rural. Quando começa o declínio da

escravidão, começa a crise rural, pois uma se funda na outra; e, assim, começa a

influência da cidade sobre o campo. Porém a herança rural influenciará por muitos

anos ou séculos a própria cidade; mesmo que esta sobrepuje, subjugue, e domine

a outra, a influência perdurará até a revolução industrial que por aqui chegará

muito mais tarde do que em outros rincões. A luta entre o rural e o urbano

demarcará o progresso pretendido pela nação; os políticos queriam o sucesso do

urbano, mas o rural não saía do lugar, até que o desenvolvimento social arrasará

as bases do rural.

Somente com o rompimento do escravagismo e a entrada do feudalismo e

mercantilismo, foi possível vencer a herança rural que foi para pior. Desta forma,

as instituições rurais, como o patriarcalismo, a família, a economia rural, e todos

os aspectos dominantes, vão dar lugar à cidade e outra fase do Brasil citadino. A

herança rural, aos poucos, se esvai, constituindo a metrópole, as grandes cidades

e o êxodo que não para jamais.

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Page 66: Estudos de Sociologia

4 O SEMEADOR E O LADRILHADOR

Nesta parte, o autor faz referências entre o trabalhador do campo, que é o

Semeador, e o Ladrilhador, que é o construtor das cidades: um é o português e o

outro é o espanhol; um traça as cidades desordenadas, sem projeção, em cada

lugar constrói mesmo que seja apenas uma casa. O outro traça o espaço,

organiza as regiões e as pequenas cidades e logo se transformam em metrópole.

Os portugueses ligados ao porto e litorais, os outros se embrenham na selva

fazendo a povoação ordenada em todos os cantos; os portugueses faziam

aglomerados de casas desordenadas e que abandonavam a qualquer sinal de

descoberta de ouro nos rios ou regiões próximas, construindo novas vilas ou

ajuntamentos; os espanhóis se fixavam mesmo não havendo metais preciosos e

trabalhavam o solo.

O semeador, o português, símbolo do desleixo e da desordem e da

contradição, se apegava a fazer fortunas rápidas e fáceis, não tendo lugar para se

fixar, abandonando tudo ao menor movimento ao saber que em outro lugar fora

encontrado metal precioso. Isto nos deu, de quebra, a preocupação com a

ascensão social, a facilidade às coisas e a forma da burguesia lusitana e as

aspirações à nobreza.

5 O HOMEM CORDIAL

Este capítulo é o mais polêmico; o autor refez as idéias desta tipologia

weberiana aplicada ao homem cordial. O autor trata do mesmo modo sobre as

características psicológicas, as aparências afetivas, a não sinceridade e outros

fatores deste tipo de homem.

O homem romântico, de fácil acesso, desleixado, brincalhão e zombador

fazem deste tipo social a cordialidade, a “educação”, a personalidade, a

“hospitalidade” e “generosidade” do homem cordial.

Na realidade, isto tudo é falso, uma fuga de um complexo maior. O medo e

a aversão às coisas, ao trabalho, às novidades fazem deste homem cordial,

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Page 67: Estudos de Sociologia

através de um mecanismo de defesa, aquilo que não é. O horror, a devoção, o

culto e a falsa religiosidade, mostram todo temor do homem cordial. A exaltação

dos próprios valores e a negação de todos os outros aspectos da vida é o

caracteriza as formas desta falsa cordialidade. Este tipo encaixa bem no “carioca”

atual.

6 NOVOS TEMPOS

Também poderia ser denominado de novos rumos. Trata de, partindo da

constituição familiar, social do povo, mostrar a influência no período monárquico, a

mudança trazida pela instalação da Casa Real no Brasil, com D. João VI. O

choque dado pela Família Real nos velhos padrões e comportamentos dos

colonos. O que foi dito anteriormente sobre a aparente cordialidade, a falta de

aplicação à vida, ao trabalho e às coisas exteriores vão mudar os novos rumos e

as novas influências como o exibicionismo, a improvisação (o jeitinho brasileiro), a

falta de garra (aplicação), a influência do positivismo (ordem e progresso, os

slogans característicos) e da confiança demasiada nas coisas e nas pessoas, no

político se acomodam aos tipos de privilégios e tráfico de influências.

O problema é que, apesar desse chamar “novos tempos”, constitui todas as

formas de malefício para a formação da consciência e da brasilidade; longe de

formar um tipo de um povo de grande influência e personalidade, criou uma nação

de aparências e de ilusões, de sonhos menos de trabalho, de polidez, de

intelectualidade, cultura, política, sociedade, etc.

7 NOSSA REVOLUÇÃO

As nossas revoluções sempre foram de cima para baixo e de militares.

Sempre teve a característica da dissolução da ordem tradicional, nunca a estrutura

social; vem das instituições políticas e não das idéias. A primeira revolução é a

passagem do rural para o urbano, a cultura das cidades sobrepuja o

tradicionalismo do campo, das fazendas. A passagem da tradição Ibérica para a

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Page 68: Estudos de Sociologia

mistura de tradições, das instituições agrárias para as citadinas. A outra revolução

é passagem da cana de açúcar para a cultura do café, que é um produto criado

para a cidade.

Passagem do Império para a República é outra “revolução”, de colônia para

outra forma de colonialismo, de Portugal para a Inglaterra. A nossa revolução não

é uma mudança radical, mas apenas uma substituição de outras formas; sempre

foi assim, na política, na economia, no social. O tipo brasileiro, avesso às

novidades, prefere substituir a transformas radicalmente; desta forma é um tipo

reacionário ao invés de revolucionário. Ele tem repulsa a tudo e todas as coisas.

Esta é a nossa revolução.

CONCLUSÃO

Mesmos que escrito nos anos 30 tem a sua vigência e atualidade. Esta

obra é o marco teórico weberiano aplicado às nossas origens. Tanto podemos

falar do tipo ou do jeitinho brasileiro.

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Page 69: Estudos de Sociologia

INCLUSÃO E EDUCAÇÃO

“O caminho se faz com o caminhar” (Edgard Morin)

Falar de inclusão num mundo cheio de exclusões é muito difícil. Falar de

inclusão e educação é mais complicado ainda. O mundo globalizado é um mundo

de exclusões: exclusão social, econômica, política, religiosa e assim por diante. Ao

pensar em exclusão notamos que se escreveu muito, pensou muito sobre o

assunto e ainda precisa ver, pensar sobre inclusão escolar. Pensamos escolar

confronta os formalismos, os modo de ensino, escolas de pensamento, serviços,

grades curriculares, burocracia. Precisamos mudar as praticas para não cairmos

nas coisas mesmas das praticas educativas. Procuramos ressignificar e

transformar os processos educacionais.

1 Pensar uma educação mais inclusiva

A nova era é uma época de movimento global e interdisciplinar. Falam-se ainda

da nova consciência, globalização, qualidade de vida, cibernética, ecologia,

economia global, o mundo das águas, etc. Mas fala-se também de tradições,

costumes, culturas, novas ciências e novas crenças e mudanças no campo

religioso, da moral da educação, da vida sexual, de outras sexualidades.

Ao se pensar a inclusão da pessoa como pessoa com deficiência no

funcionamento diário de uma instituição escolar, fatalmente haverá o confronto

com ramificações relativamente inesperadas e incoerentes, em relação ao que

significa conceber a educação a partir de um ponto de vista inclusivo.

A escola é na teoria tradicional, uma instituição ou um aparelho do estado, tanto

na visão positivista de Emile Durkheim. Como nas versões críticas de Louis

Althusser e Pierre Bordieu. A escola tem uma historia documentada, geralmente

escrita a partir do poder estatal, que destaca sua existência homogênea.

Conceber uma nova educação para uma sociedade inclusiva, procurando levar

em conta o que já foi realizado até hoje, para, gradualmente, serem propostas

mudanças na busca da superação de preconceitos, barreiras e limites,

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Page 70: Estudos de Sociologia

desenvolvendo-se, assim, na escola e na sociedade, uma atuação mais coerente

e comprometida com os novos paradigmas.

O problema no segundo paradoxo colocado por Marx a respeito da educação é:

quem educará os educadores? É preciso que eles se eduquem a si mesmos.

O QUE FAZER?

Ler os livros.

1a Leitura a ser feita: MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia, Coleção Primeiros Passos, Editora Brasiliense, São Paulo, 200.

2a Leitura: O capítulo: O que é Sociologia.

3a leitura: COVRE, Maria de Lourdes Manzini – O que é Cidadania. Editora Brasiliense, São Paulo, 200.

4a Leitura: A apostila toda.

5a Leitura: Livros sobre inclusão social.

70

Page 71: Estudos de Sociologia

BIBLIOGRAFIA COMENTADA

TEDESCO, J C. Temas de Sociologia da Educação. São Paulo, Cortez, 1989 , 3 edição.

Analfabetismo;

Mudança social e educação;

Capital cultural; custos e financiamentos;

Docentes;

Educação informal;

Emprego e educação;

Ensino médio;

Ensino técnico;

Estratificação social e educação;

Modelos;

Planejamento educacional;

Pré-escola;

Reforma educacional;

Socialização;

Universidade.

RODRIGUES, A T. Sociologia da Educação. R J, D P & A, 2000.

I Breve sociologia do professor virtual

II Sociedade, educação e vida moral

O homem faz a sociedade ou a sociedade faz o homem?

Durkheim e o pensamento sociológico

A sociedade na cabeça

A diferenciação da sociedade

Educação para a vida

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Page 72: Estudos de Sociologia

III Sociedade, educação e emancipação

Marx e o pensamento sociológico

As leis da história

As formas da consciência

Educar no mundo industrial

IV Sociedade, educação e desencantamento

Weber e o pensamento sociológico

O indivíduo e as instituições

Desencantar o mundo

Treinar em vez de cultivar o intelecto

V Três visões sobre o processo educacional no século XX

Bordieu e os esquemas reprodutores

Gramsci e a reforma intelectual e moral

Manheim e a luz no fim do túnel

VI A sociologia da educação atual

Estruturas, sujeitos e processos

Capitalismo, estado e sociologia

Sociedade, economia, política e educação

VII A educação e os novos blocos hegemônicos

Neoliberais

Neo - conservadorismo

Populistas autoritários

A nova classe média profissional

OLIVEIRA, P S de. Introdução à sociologia da educação. São Paulo, Ática, 1993.

I Educação como objeto de estudo sociológico

A sociologia da Educação

A importância da Sociologia da educação

Conceito sociológico da educação

Análise da Educação

Formas de educação

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Page 73: Estudos de Sociologia

Funções sociais da Educação

II A educação como processo social

Educação como processo socializador

Educação como processo de controle social

Educação como técnica social

III Estrutura social e educação

Estrutura social

Estrutura social e educação

Estrutura social e escola

Educação, estratificação e mobilidade social

IV Instituições sociais e educação

A vida em sociedade

A igreja e a educação

O estado e a educação

Os meios de comunicação e a educação

V Mudança social e educação

Mudança social e educação

Desenvolvimento econômico e a educação

VI Sociologia da escola

A escola como grupo social

A estrutura da escola

A classe

A subcultura escola

VII A escola e a Sociologia

A escola e a comunidade

A relação classe social e educação na escola

O papel social do professor

A interação na sala de aula

VIII A educação no Brasil

Educação no Brasil

A situação atual da Educação

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Page 74: Estudos de Sociologia

O analfabetismo no Brasil

PILLETTI, Nelson. Sociologia da Educação. São Paulo, Ática, 1998.

I Sala de aula

1 Organização da classe

Espaço físico

Tempo

Intelecto e aprendizagem

2 A turma

Isolamento

Interação

Cooperação

3 O mundo visto pelos alunos

A cultura na sala

Sala de aula e o trabalho

Desigualdades sociais participação política

4 Alunos e professores

Alunos

Professores

Mestre é quem aprende

II Escola e Comunidade

5 Sala de aula e escola

Grupos formam a escola

Mecanismos e escola

6 Escolas rurais

Vida e trabalho no campo

Escolas rurais

7 Escolas Urbanas

Vida nas cidades

Escolas urbanas

8 Escola Comunidade

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Page 75: Estudos de Sociologia

Conhecer a comunidade

Escola na comunidade

A comunidade na escola

III Educação e Sociedade

9 Educação fora e dentro da escola

Educação como processo social

Educação fora da escola

Educação escolar

10 Educação e Sociedade no Brasil

Democracia escolar

Democracia e fracasso na escola

11 Educação e controle social

Reprodução

Repetição

Segregação

Condicionamento

Repressão

Exclusão

12 Educação e transformação social

Descoberta vivencia

Visão de conjunto

Espontaneidade

Liberdade

Participação

13 Educação popular

Educação publica e gratuita

Educação de adultos

IV Sociologia, sociedade e educação

14 Interação social

Isolamento

Interação social

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Page 76: Estudos de Sociologia

Motivos da interação

15 Grupos, instituições e classes sociais

Grupos que formam a sociedade

Grupos e instituições

Estratificação social

Marx e as classes sociais

16 Cultura e organização social

Que é cultura

Etnocentrismo X relativismo cultural

Formas de organização social

Sociedade capitalista

Sociedade socialista

17 Controle e mudança social

Controle social

Marginalização social

Mudança social

Reforma e revolução

18 Sociologia e Educação

O que é sociologia?

Sociologia e métodos

Sociologia e Pedagogia

KRIPPA, Sonia. Sociologia da Educação. São Paulo: Cortez, 1993.

I Educação como tema da sociologia

A educação

A educação e a escola

A educação escolar e fora da escola

II O contexto Brasileiro – capitalismo e as explicações da Sociologia

Brasil capitalista

As idéias liberais e a escola

A visão de educação em Durkheim

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Page 77: Estudos de Sociologia

Marx

III A escola no Brasil

A escola brasileira

A organização da escola

IV Educação e cidadania

Estado e educação

A escola e a cidadania negada

A escola publica de qualidade

77

Page 78: Estudos de Sociologia

BIBLIOGRAFIA

BERGER, Peter L. Perspectivas Sociológicas. R J, Vozes, 1972.

BERGER, P/Th. LUCKMANN. A Construção Social da Realidade, Petrópolis, Vozes, 2001

BEGER, Peter L. A Construção social da realidade. R J, Vozes, 1973.

CHINOY, Ely. Introdução a Sociologia, SP, Cultrix, 1971.

HOLANDA, Sergio Buarque. Raízes do Brasil, José Olimpio, RJ, 2002.

HORTON, P. Introdução a Sociologia, SP, Brasiliense, 1975.

KOENIG, Samuel. Elementos de Sociologia, RJ, Zahar, 1973.

ROCHER, Guy. Sociologia, Lisboa, Presença, 1971.

RUMEY, Manual de Sociologia, RJ, Zahar, 1966.

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