Esvaziado, Fórum Social Mundial Começa Neste Sábado Em Porto Alegre

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Notícia publicada em 26/01/13 - 8h00 Atualizada em 25/01/13 - 20h21 Impressa em 11/10/13 - 21h38 Esvaziado, Fórum Social Mundial começa neste sábado em Porto Alegre Encontro, que tem dissidências e disputa por poder, pode ter o menor público em 12 anos Flavio Ilha PORTO ALEGRE - Sem entidades tradicionais na organização, como CUT, Marcha Mundial das Mulheres e Abong (Associação Brasileira de ONGs), a etapa brasileira do Fórum Social Mundial (FSM) que inicia neste sábado em Porto Alegre ameaça ser a mais esvaziada dos 12 anos de evento, desde que o encontro das esquerdas, criado para ser um contraponto ao Fórum de Davos, na Suíça, começou a ser realizado, em 2001. Os organizadores estimam um público de 40 mil pessoas nas oficinas e debates, que se estendem até quinta-feira, mas as inscrições oficiais não haviam chegado a mil ontem. A tradicional Marca dos Excluídos, que reuniu 150 mil pessoas na primeira edição do FSM, não deve ter mais do que 5 mil integrantes, segundo a própria organização do evento. Além disso, foi transferida de uma sexta-feira, como sempre ocorreu nos 12 anos de Fórum, para um sábado. A justificativa: evitar transtornos à população. Uma disputa pelo controle político do Fórum está por trás do esvaziamento desta edição, que tem como tema central “Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável”. As entidades dissidentes acusam os organizadores de pretenderem dar uma guinada à direita no encontro, que desde agosto de 2012 é controlado pelo Instituto Amigos do Fórum Social Mundial. O Instituto foi criado por 18 entidades de diferentes perfis ideológicos, entre elas União Geral dos Trabalhadores, Nova Central, Força Sindical, UEE (União Estadual de Estudantes) e Grande Oriente do Rio Grande do Sul – que abriga a maçonaria. Entre os organizadores da edição 2013 do FSM há espaço também para um grupo naturista, que propõe a criação de uma área de nudismo em Porto Alegre. - Algumas entidades da organização não são representativas e desrespeitam os princípios democráticos do Fórum. Além disso, o tema central já foi debatido pelo menos duas vezes nos encontros do passado. Temos mais o que fazer do que requentar discussões – criticou o presidente da CUT do Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo. A CUT anunciou seu desligamento duas semanas antes do encontro e foi seguida por outras organizações que sempre apoiaram o FSM. No final do ano passado, a Câmara de Vereadores aprovou um projeto de lei da prefeitura que criou oficialmente a semana do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, incluída no calendário oficial de eventos e com possibilidade de dotação orçamentária. A criação do Instituto se deu para viabilizar a transferência de recursos. Para Nespolo, que tachou a programação desde ano de “precária e dispersa”, foi a gota d’água. - A Carta de Princípios do FSM, que se opõe ao neoliberalismo, precisa ser respeitada pelas entidades participantes. O Fórum não pode funcionar nos moldes de uma empresa, com finanças e um comando centralizado – resumiu o presidente da CUT. Segundo os organizadores, mais de 200 entidades estão envolvidas na elaboração do programa e no apoio logístico da edição deste ano. Haverá participantes de 25 países e uma programação que se estende por quase uma semana, com destaque para um painel sobre a Primavera Árabe marcado para quarta-feira. Oficialmente o Fórum não tem orçamento e depende do aporte material de entidades públicas, que emprestam auditórios e equipamentos para garantir as atividades. A prefeitura de Porto Alegre anunciou um investimento de R$ 2,6 milhões para bancar o evento – R$ 800 mil apenas para cobrir as despesas de convidados nacionais e internacionais. - A prefeitura tem compromisso com o Fórum desde 2001. Além disso, agora o evento faz parte do calendário local. É bom para a economia da cidade, embora nossa preocupação seja com a garantia de debates democráticos – justificou o secretário de Governança de Porto Alegre, Cézar Busatto. O presidente do Instituto Amigos do Fórum Social Mundial, Lélio Luzardi Falcão, acusa os dissidentes de “sectarismo”. Ele diz que a ausência de entidades tradicionais não vai afetar a credibilidade do FSM. - Lamentos a decisão porque consideramos o Fórum um espaço democrático, que pode abrigar qualquer corrente de pensamento. Mas temos um comitê local que trabalhou o ano todo e mais de 200 entidades empenhadas no sucesso desta edição. Então, o problema é de quem não está conosco – disse. A edição internacional do FSM ocorre em Túnis (Tunísia) entre os dias 26 e 30 de março. URL: http://glo.bo/WnhLbr Esvaziado, Fórum Social Mundial começa neste sábado em Porto Alegre http://oglobo.globo.com/pais/esvaziado-forum-social-mundial-comeca-... 1 de 1 11/10/2013 21:39

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Notícia publicada em 26/01/13 - 8h00 Atualizada em 25/01/13 - 20h21 Impressa em 11/10/13 - 21h38

Esvaziado, Fórum Social Mundial

começa neste sábado em Porto

AlegreEncontro, que tem dissidências e disputa por poder, pode ter o menor público em 12 anos

Flavio Ilha

PORTO ALEGRE - Sem entidades tradicionais na organização, como CUT, Marcha Mundial das Mulheres e Abong(Associação Brasileira de ONGs), a etapa brasileira do Fórum Social Mundial (FSM) que inicia neste sábado emPorto Alegre ameaça ser a mais esvaziada dos 12 anos de evento, desde que o encontro das esquerdas, criadopara ser um contraponto ao Fórum de Davos, na Suíça, começou a ser realizado, em 2001.

Os organizadores estimam um público de 40 mil pessoas nas oficinas e debates, que se estendem até quinta-feira,mas as inscrições oficiais não haviam chegado a mil ontem. A tradicional Marca dos Excluídos, que reuniu 150 milpessoas na primeira edição do FSM, não deve ter mais do que 5 mil integrantes, segundo a própria organização doevento. Além disso, foi transferida de uma sexta-feira, como sempre ocorreu nos 12 anos de Fórum, para umsábado. A justificativa: evitar transtornos à população.

Uma disputa pelo controle político do Fórum está por trás do esvaziamento desta edição, que tem como tema central“Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável”. As entidades dissidentes acusam os organizadores depretenderem dar uma guinada à direita no encontro, que desde agosto de 2012 é controlado pelo Instituto Amigos doFórum Social Mundial.

O Instituto foi criado por 18 entidades de diferentes perfis ideológicos, entre elas União Geral dos Trabalhadores,Nova Central, Força Sindical, UEE (União Estadual de Estudantes) e Grande Oriente do Rio Grande do Sul – queabriga a maçonaria. Entre os organizadores da edição 2013 do FSM há espaço também para um grupo naturista,que propõe a criação de uma área de nudismo em Porto Alegre.

- Algumas entidades da organização não são representativas e desrespeitam os princípios democráticos do Fórum.Além disso, o tema central já foi debatido pelo menos duas vezes nos encontros do passado. Temos mais o quefazer do que requentar discussões – criticou o presidente da CUT do Rio Grande do Sul, Claudir Nespolo.

A CUT anunciou seu desligamento duas semanas antes do encontro e foi seguida por outras organizações quesempre apoiaram o FSM. No final do ano passado, a Câmara de Vereadores aprovou um projeto de lei da prefeituraque criou oficialmente a semana do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, incluída no calendário oficial de eventose com possibilidade de dotação orçamentária. A criação do Instituto se deu para viabilizar a transferência derecursos. Para Nespolo, que tachou a programação desde ano de “precária e dispersa”, foi a gota d’água.

- A Carta de Princípios do FSM, que se opõe ao neoliberalismo, precisa ser respeitada pelas entidadesparticipantes. O Fórum não pode funcionar nos moldes de uma empresa, com finanças e um comando centralizado –resumiu o presidente da CUT.

Segundo os organizadores, mais de 200 entidades estão envolvidas na elaboração do programa e no apoio logísticoda edição deste ano. Haverá participantes de 25 países e uma programação que se estende por quase umasemana, com destaque para um painel sobre a Primavera Árabe marcado para quarta-feira. Oficialmente o Fórumnão tem orçamento e depende do aporte material de entidades públicas, que emprestam auditórios e equipamentospara garantir as atividades. A prefeitura de Porto Alegre anunciou um investimento de R$ 2,6 milhões para bancar oevento – R$ 800 mil apenas para cobrir as despesas de convidados nacionais e internacionais.

- A prefeitura tem compromisso com o Fórum desde 2001. Além disso, agora o evento faz parte do calendário local.É bom para a economia da cidade, embora nossa preocupação seja com a garantia de debates democráticos –justificou o secretário de Governança de Porto Alegre, Cézar Busatto.

O presidente do Instituto Amigos do Fórum Social Mundial, Lélio Luzardi Falcão, acusa os dissidentes de“sectarismo”. Ele diz que a ausência de entidades tradicionais não vai afetar a credibilidade do FSM.

- Lamentos a decisão porque consideramos o Fórum um espaço democrático, que pode abrigar qualquer corrente depensamento. Mas temos um comitê local que trabalhou o ano todo e mais de 200 entidades empenhadas nosucesso desta edição. Então, o problema é de quem não está conosco – disse.

A edição internacional do FSM ocorre em Túnis (Tunísia) entre os dias 26 e 30 de março.

URL: http://glo.bo/WnhLbr

Esvaziado, Fórum Social Mundial começa neste sábado em Porto Alegre http://oglobo.globo.com/pais/esvaziado-forum-social-mundial-comeca-...

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