Eta

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Sistemas e processos de tratamento de águas de abastecimento. Guia do profissional em treinamento Nível 2 Abastecimento de Água Guia do profissional em treinamento

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  • Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento.

    Guia do profissional em treinamento Nvel 2

    Abastecimento de gua

    Guia do profissional em treinamento

  • Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA

    Realizao Ncleo Regional Sudeste NUCASE compartilhado com Ncleo Regional Nordeste - NURENE

    Instituies integrantes do NURENE Universidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal do Cear | Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco

    Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade do Ministrio da Sade I Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades

    Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS

    Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA

    - Ministrio das Cidades;

    - Ministrio da Cincia e Tecnologia;

    - Ministrio do Meio Ambiente;

    - Ministrio da Educao;

    - Ministrio da Integrao Nacional;

    - Ministrio da Sade;

    - Banco Nacional de Desenvolvimento

    Econmico Social (BNDES);

    - Caixa Econmica Federal (CAIXA).

    Parceiros do NURENE

    - ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear - Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear - Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba - CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE - CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE - Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia - Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento - Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA - Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento - Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa - Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza - Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife - Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador - SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA - SANEAR Autarquia de Saneamento do Recife - SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco - SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia - SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza - SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano - SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente - SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco - SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear - SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco - SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa - SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba - UECE Universidade Estadual do Cear - UFMA Universidade Federal do Maranho - UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco - UPE Universidade de Pernambuco

    - Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC

    - Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES

    - Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH

    - Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP

    - Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE

    - Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE

    - Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET

    - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA

    - Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE

    - Federao Nacional dos Urbanitrios FNU

    - Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS

    - Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras

    FORPROEX

    - Frum Nacional Lixo e Cidadania L&P

    - Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA

    - Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM

    - Organizao Pan-Americana de Sade OPAS

    - Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL

    - Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil

  • Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento.

    Guia do profissional em treinamento Nvel 2

    Abastecimento de gua

    Guia do profissional em treinamento

  • (Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB - 14/071)

    Todos os Direitos Reservados - Proibida a produo total ou parcial, de qualquer

    forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos de autor (Lei n. 9.610/98) crime

    estabelecido pelo art. 184 do Cdigo Penal.

    Impresso no Brasil

    S623 Miranda, Luis Alcides Schiavo

    Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento / Luis Alcides Schiavo Miranda e Luis Olinto Monteggia. - Porto Alegre: (S. n.), 2007.

    148p. 1. gua - Tratamento. 2. gua - Qualidade. 3. gua - Purificao 4.

    Abastecimento de gua - Aspectos ambientais. I.Monteggia, Luiz Olinto.

    CDU 628.16

  • Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA

    A criao do Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades no

    Governo do Presidente Luiz Incio Lula

    da Silva, em 2003, permitiu que os

    imensos desafios urbanos passassem a

    ser encarados como poltica de Estado.

    Nesse contexto, a Secretaria Nacional Secretaria Nacional Secretaria Nacional Secretaria Nacional

    de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental (SNSA)

    inaugurou um paradigma que inscreve

    o saneamento como poltica pblica,

    com dimenso urbana e ambiental,

    promotora de desenvolvimento e

    reduo das desigualdades sociais.

    Uma concepo de saneamento em que

    a tcnica e a tecnologia so colocadas a

    favor da prestao de um servio

    pblico e essencial.

    A misso da SNSA ganhou maior

    relevncia e efetividade com a agenda

    do saneamento para o quadrinio

    2007-2010, haja vista a deciso do

    Governo Federal de destinar, dos

    recursos reservados ao Programa de

    Acelerao do Crescimento (PAC), 40

    bilhes de reais para investimentos em

    saneamento.

    Nesse novo cenrio, a SNSA conduz

    aes de capacitao como um dos

    instrumentos estratgicos para a

    modificao de paradigmas, o alcance

    de melhorias de desempenho e da

    qualidade na prestao dos servios e a

    integrao de polticas setoriais. O

    projeto de estruturao da Rede de Rede de Rede de Rede de

    Capacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso Tecnolgica em em em em

    Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental ReCESA ReCESA ReCESA ReCESA

    constitui importante iniciativa nessa

    direo.

    A ReCESA tem o propsito de reunir um

    conjunto de instituies e entidades

    com o objetivo de coordenar o

    desenvolvimento de propostas

    pedaggicas e de material didtico,

    bem como promover aes de

    intercmbio e de extenso tecnolgica

    que levem em considerao as

    peculiaridades regionais e as diferentes

    polticas, tcnicas e tecnologias

    visando capacitar profissionais para a

    operao, manuteno e gesto dos

    sistemas e servios de saneamento.

    Para a estruturao da ReCESA foram

    formados Ncleos Regionais e um

    Comit Gestor, em nvel nacional.

    Por fim, cabe destacar que este projeto

    tem sido bastante desafiador para

    todos ns: um grupo

    predominantemente formado por

    profissionais da rea de engenharia

    que compreendeu a necessidade de

    agregar outros olhares e saberes, ainda

    que para isso tenha sido necessrio

    "contornar todos os meandros do rio,

    antes de chegar ao seu curso

    principal".

    Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA

  • NURENENURENENURENENURENE

    O Ncleo Regional Nordeste (NURENE)

    tem por objetivo o desenvolvimento de

    atividades de capacitao de

    profissionais da rea de saneamento,

    em quatro estados da regio Nordeste

    do Brasil: Bahia, Cear, Paraba e

    Pernambuco.

    O NURENE coordenado pela

    Universidade Federal da Bahia (UFBA),

    tendo como instituies co-executoras

    a Universidade Federal do Cear (UFC),

    a Universidade Federal da Paraba

    (UFPB) e a Universidade Federal de

    Pernambuco (UFPE).

    O NURENE espera que suas atividades

    possam contribuir para a alterao do

    quadro sanitrio do Nordeste e,

    consequentemente, para a melhoria da

    qualidade de vida da populao dessa

    regio marcada pela desigualdade

    social.

    Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do

    NURENENURENENURENENURENE

    NUCASULNUCASULNUCASULNUCASUL

    O Ncleo Regional SUL (NUCASUL) tem

    por objetivo o desenvolvimento de

    atividades de capacitao de

    profissionais da rea de saneamento,

    em dois estados da regio Sul do Brasil:

    Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

    O NUCASUL coordenado pela

    Universidade Federal de Santa Catarina

    (UFSC), tendo como instituies co-

    executoras a Universidade do Vale do

    Rio dos Sinos, Universidade de Caxias

    do Sul e a Universidade Federal do Rio

    Grande do Sul.

    O NUCASUL espera contribuir para a

    qualificao profissional, de todos os

    envolvidos no setor de saneamento, de

    modo a refletir na melhoria da

    qualidade dos servios ofertados.

  • Os Guias Os Guias Os Guias Os Guias

    A coletnea de materiais didticos

    produzidos pelo NURENE composta

    de 19 guias que sero utilizados nas

    Oficinas de Capacitao para

    profissionais que atuam na rea de

    saneamento. Quatro guias tratam de

    temas transversais, quatro abordam o

    manejo das guas pluviais, trs esto

    relacionados aos sistemas de

    abastecimento de gua, trs so sobre

    esgotamento sanitrio e cinco versam

    sobre o manejo dos resduos slidos e

    limpeza pblica.

    O pblico alvo do NURENE envolve

    profissionais que atuam na rea dos

    servios de saneamento e que possuem

    um grau de escolaridade que varia do

    semi-alfabetizado ao terceiro grau.

    Os guias representam um esforo do

    NURENE no sentido de abordar as

    temticas de saneamento segundo uma

    proposta pedaggica pautada no

    reconhecimento das prticas atuais e

    em uma reflexo crtica sobre essas

    aes para a produo de uma nova

    prtica capaz de contribuir para a

    promoo de um saneamento de

    qualidade para todos.

    Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de

    Material Didtico Material Didtico Material Didtico Material Didtico CPMD CPMD CPMD CPMD

    Apresentao daApresentao daApresentao daApresentao da

    rearearearea temticatemticatemticatemtica

    Abastecimento Abastecimento Abastecimento Abastecimento

    de guade guade guade gua

    Um dos desafios que se apresenta hoje

    para o saneamento a adoo de

    tecnologias e prticas para o uso

    racional dos recursos hdricos e

    controle de perdas em sistemas de

    abastecimento. Em termos qualitativos,

    exige-se a preservao dos mananciais

    e o controle da qualidade da gua para

    consumo humano. O atendimento a

    esses requisitos proporcionar uma

    maior eficincia e eficcia dos sistemas

    de abastecimento de gua, garantindo,

    conseqentemente, o direito social

    gua.

    Conselho Editorial de Abastecimento de

    gua

  • NUCASULNUCASULNUCASULNUCASUL

    Ncleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso Tecnolgica

    em Sanem Sanem Sanem Saneamento Ambientaleamento Ambientaleamento Ambientaleamento Ambiental

    COORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSC

    Armando Borges de Castilhos Jnior

    COORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGS

    Luiz Olinto Monteggia

    COORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOS

    Luciana Paulo Gomes

    COORDENADORA UCSCOORDENADORA UCSCOORDENADORA UCSCOORDENADORA UCS

    Cludia Echevengu Teixeira

    COORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSO

    SISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTO

    Maurcio Luiz Sens (UFSC)

    ORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDO

    Luis Alcides Schiavo Miranda (UNISINOS)

    Luiz Olinto Monteggia (UFRGS)

    COLABORADORCOLABORADORCOLABORADORCOLABORADOR

    Ramon Lucas Dalsasso

    Informaes:Informaes:Informaes:Informaes:

    www.ens.ufsc.br

    www.nucasul.ufsc.br

    [email protected]

    Fone: 48 37219597

    Fone: 48 37217754

    Projeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capa

    Studio S Diagramao & Arte Visual

    (48) 30253070 [email protected]

  • Sumrio

    1. Situao atual e importncia das guas .............................................................................12

    1.1. Importncia da gua. .................................................................................................12

    1.2. Necessidade de gua x Disponibilidade na Natureza. ..................................................12

    1.3. Populao e Demanda ................................................................................................12

    2. Principais fontes e usos da gua........................................................................................16

    2.1. guas Superficiais......................................................................................................16

    2.2. gua Subterrnea ......................................................................................................17

    2.3. gua de uso Municipal ...............................................................................................23

    3. Biologia da gua ...............................................................................................................30

    3.1. Bactrias e fungos......................................................................................................32

    3.2. Algas.........................................................................................................................36

    3.3. Protozorios e animais multicelulares .........................................................................36

    4. Caractersticas de qualidade da gua para abastecimento pblico ......................................38

    4.1. Principais caractersticas fsicas da gua para uso urbano............................................38

    4.2 Principais caractersticas qumicas da gua para uso urbano.........................................44

    4.3 Principais caractersticas biolgicas da gua para uso urbano.......................................49

    5. Processos de Tratamento de gua.....................................................................................50

    5.1. Tratamento Fsico ......................................................................................................50

    5.2. Mistura ......................................................................................................................51

    5.3. Coagulao/Floculao ..............................................................................................60

    5.4. Sedimentao ............................................................................................................74

    5.5. Sedimentao acelerada .............................................................................................76

    6. Preparao e padronizao de uma soluo 0,1 M de cido Clordrico................................91

    6.1. Objetivos ...................................................................................................................91

    6.2. Trabalho Proposto......................................................................................................91

    6.3. Materiais e Reagentes ................................................................................................91

    6.4. Procedimento Experimental ........................................................................................91

    7. Aula prtica: coagulao/ floculao .................................................................................95

    7.1. Consideraes ...........................................................................................................95

    7.2. Prova de clarificao dosagem tima........................................................................96

    7.3. Procedimento Experimental ........................................................................................96

    8. Discusso das Prticas de Laboratrio ...............................................................................99

    9. Filtrao .........................................................................................................................101

    9.1. Teoria da Filtrao ...................................................................................................101

    9.2. Materiais Filtrantes...................................................................................................112

    10. Aula prtica filtro rpido de fluxo ascendente .............................................................116

    10.1. Consideraes .......................................................................................................116

    10.2. Prova de filtrao filtro rpido de fluxo ascencional ..............................................116

    10.3. Procedimento Experimental Montagem do filtro e carreira de filtrao...................116

    11. Tipos de Lodo e Fonte de Slidos ..................................................................................119

    11.1. Quantidade de Lodo...............................................................................................123

    11.2. Mtodos de Processamento ....................................................................................123

  • 12. Filtrao Por Membranas...............................................................................................125

    12.1. Fundamentos .........................................................................................................125

    12.2. Osmose Reversa.....................................................................................................128

    13. Desinfeco..................................................................................................................132

    13.1. Finalidades e mtodos............................................................................................132

    13.2. Equipamentos dosadores .......................................................................................133

    13.3. Clorao ................................................................................................................134

    13.4. Fatores que afetam a desinfeco com cloro ...........................................................135

    13.5. Residual de cloro ...................................................................................................136

    13.6. Curva de Breakpoint ...............................................................................................136

    14. Disposio dos rejeitos de estaes de tratamento de gua ...........................................137

    14.1. Condicionamento qumico do lodo de ETA ..............................................................141

    14.2. Mtodos de Tratamento e Disposio Final dos Lodos de ETAs ................................141

    14.3. Lanamento dos lodos de ETAs em ETEs .................................................................142

    14.4. Adio do lodo seco ao concreto ............................................................................143

    14.5. Fabricao de componentes cermicos ...................................................................143

    14.6. Matria-prima na indstria do cimento ...................................................................144

    14.7. Alguns estudos em desenvolvimento atualmente no Brasil.......................................144

    Referncias Bibliograficas ...................................................................................................144

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 12

    1. Situao atual e importncia das guas

    1.1. Importncia da gua.

    O abastecimento com gua de boa qualidade um dos fatores mais importantes para o

    desenvolvimento das sociedades modernas, estando diretamente relacionado ao controle e

    eliminao de doenas, bem como ao aumento da qualidade de vida das populaes. O baixo

    custo da gua permite que indivduos e comunidade se beneficiem e usem a gua para diversos

    fins, inclusive como um veculo carreador dos despejos domsticos. O uso indiscriminado da

    gua tem levado ao surgimento de efeitos indesejveis, principalmente no que diz respeito ao

    volume de esgotos produzidos pelas comunidades. Dados revelam que muitas residncias

    poderiam reduzir o consumo de gua entre 10 e 25%, sem mudanas significativas da

    qualidade de vida. Entretanto, redues dessa magnitude no so possveis em todos os

    lugares, pois a aridez e as secas em muitas partes do mundo obrigam as comunidades a

    sobreviverem em condies, onde a reduo do consumo impossvel, por exemplo na regio

    Sub-Saariana, onde o uso de esgotos tratados poderia representar uma grande alternativa,

    capaz de viabilizar atividades como agricultura,comrcio e atividades industriais.

    A crescente expanso demogrfica e industrial observada nas ltimas dcadas trouxe como

    conseqncia o comprometimento das guas dos rios, lagos e reservatrios. A falta de recursos

    financeiros nos pases em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela impossibilidade

    da aplicao de medidas corretivas para reverter a situao.

    1.2. Necessidade de gua x Disponibilidade na Natureza.

    A necessidade de gua varia com a cultura, geografia, tipo de comunidade e a estao do ano.

    As disponibilidades de gua doce na natureza so limitadas pelo alto custo da sua obteno

    nas formas menos convencionais, como o caso da gua do mar e das guas subterrneas.

    Deve ser, portanto, da maior prioridade, a preservao, o controle e a utilizao racional das

    guas doces superficiais.

    A boa gesto da gua deve ser objeto de um plano que contemple os mltiplos usos desse

    recurso, desenvolvendo e aperfeioando as tcnicas de utilizao, tratamento e recuperao de

    nossos mananciais. A poluio das guas gerada principalmente por efluentes domsticos

    (poluentes orgnicos biodegradveis, nutrientes e bactrias), efluentes industriais (poluentes

    orgnicos e inorgnicos, dependendo da atividade industrial) e carga difusa urbana e agrcola

    (poluentes advindos da drenagem destas reas: fertilizantes, defensivos agrcolas, fezes de

    animais e material em suspenso).

    1.3. Populao e Demanda

    Vivemos num mundo em que a gua se torna um desafio cada vez maior. A cada ano, mais 80

    milhes de pessoas clamam por seu direito aos recursos hdricos da Terra. Infelizmente, quase

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 13

    VVVVOC SABIA?OC SABIA?OC SABIA?OC SABIA?

    A gua necessria para produzir os gros e outros alimentos importados pela frica do norte e

    Oriente Mdio, no ano passado, foi aproximadamente igual vazo anual do Nilo. Em outras

    palavras, o dficit hdrico acelerado dessa regio igual a outro Nilo fluindo na regio, sob a forma

    de gros importados.

    todos os 3 bilhes de habitantes que devem ser adicionados populao mundial no prximo

    meio sculo nascero em pases que j sofrem de escassez de gua. J nos dias de hoje, muitas

    pessoas nesses pases carecem do lquido para beber, satisfazer suas necessidades higinicas e

    produzir alimentos.

    Em 2050, a populao da ndia dever crescer em mais 519 milhes de pessoas. A da China,

    em mais 211 milhes. O Paquisto dever ter quase 200 milhes adicionais, crescendo dos 151

    milhes atuais para 348 milhes. Egito (Figura 1), Ir e Mxico esto destinados a aumentar sua

    populao em mais da metade at 2050. Nesses e em outros pases carentes de gua o

    crescimento populacional est condenando milhes de pessoas indigncia hidrolgica, uma

    forma de pobreza da qual muito difcil escapar.

    J com a populao atual, de 6 bilhes, o mundo tem um imenso dficit hdrico. Por meio de

    dados sobre a extrao excessiva na China, ndia, Arbia Saudita, frica do Norte e Estados

    Unidos, Sandra Postel, autora de Pillar of Sand: Can the Irrigation Miracle Last, calcula a

    exausto anual dos aqferos em 160 bilhes de metros cbicos ou 160 bilhes de toneladas.

    Tomando-se uma base emprica de mil toneladas de gua para produzir 1 tonelada de gros,

    esses 60 bilhes de toneladas de dficit hdrico equivalem a 160 milhes de toneladas de

    gros, ou metade da colheita dos Estados Unidos.

    Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1. Vista do Rio Nilo, Egito.

    Na mdia per capita mundial do consumo de gros, de pouco mais de 300 quilos por pessoa

    por ano, isso alimentaria 480 milhes de pessoas. Em outras palavras, 480 milhes das 6

    bilhes de pessoas do mundo esto sendo alimentadas com gros produzidos atravs do uso

    insustentvel da gua.

    Fonte: www.fotosm

    undo.com

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 14

    A extrao excessiva um fenmeno novo, em geral restrito ultima metade do sculo. S

    aps o desenvolvimento de bombas poderosas a diesel ou eltricas, tivemos a capacidade de

    extrair gua dos aqferos com uma rapidez maior do que sua recarga pela chuva.

    Aproximadamente 69% da gua consumida mundialmente, incluindo a desviada dos rios e a

    bombeada do subsolo, so utilizados para irrigao. Cerca de 23% para as indstrias e 8%, para

    as residncias (Figura 2). Na competio cada vez mais intensa pela gua entre esses setores, a

    agricultura quase sempre sai perdendo.

    Figura 2. Figura 2. Figura 2. Figura 2. Principais usos da gua.

    Alm do crescimento populacional, a urbanizao e a industrializao tambm ampliam a

    demanda pelo produto. Conforme a populao rural, tradicionalmente dependente do poo da

    aldeia, muda-se para prdios residenciais urbanos com gua encanada, o consumo de gua

    residencial pode facilmente triplicar. A industrializao consome ainda mais gua que a

    urbanizao.

    medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentcia e passam a consumir mais carne

    bovina, suna, aves, ovos e laticnios, consomem mais gros. Uma dieta americana rica em

    produtos pecurios requer 800 quilos de gros por pessoa por ano, enquanto as dietas na

    ndia, dominadas por uma alimentao bsica de amidos como arroz, caracteristicamente

    necessitam apenas de 200 quilos. O consumo quatro vezes maior de gros por pessoa significa

    igual crescimento no consumo de gua.

    Figura 3. Figura 3. Figura 3. Figura 3. Represa Billings, SP.

    Fonte: Corsan

    , RS.

    Fonte: www.agua.bio.br

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 15

    medida que aumenta a demanda de gua pelas cidades e indstrias da regio, ela atendida

    pelo desvio da gua de irrigao. A perda da capacidade de produo de alimentos ento

    compensada pela importao de gros do exterior. a forma mais eficiente de comprar gua,

    uma vez que 1 tonelada de gros representa mil toneladas do lquido.

    No ano passado, o Ir importou 7 milhes de toneladas de trigo, ultrapassando o Japo e

    tornando-se o maior importador mundial de trigo. Neste ano, projeta-se que o Egito tambm

    ultrapasse o Japo. Ir e Egito tm uma populao de quase 70 milhes cada. Em ambos os

    pases essa populao est aumentando em mais de 1 milho de pessoas por ano, e os

    mananciais esto sendo pressionados ao limite.

    Para pensar...

    So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !

    A crise de gua que a Grande So Paulo vive hoje no a

    primeira nem ser a ltima. Por causa de limites naturais

    na disponibilidade hdrica, da poluio de rios e represas,

    da ocupao desordenada de mananciais, do descaso no

    uso e da falta de polticas eficientes para reeducar o

    consumo e reduzir perdas, a regio s tem gua

    garantida at 2010. A cada ano, so necessrios mais

    2.000 l/s para abastecer a Grande So Paulo, sobretudo

    por causa da entrada de novos consumidores, com o

    crescimento populacional na periferia.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 16

    Fonte: www.ana.gov.br

    2. Principais fontes e usos da gua

    A purificao da gua um processo que consiste no tratamento da gua, a fim de remover os

    contaminantes que eventualmente contenha, tornando-a potvel, isto , prpria para o

    consumo humano.

    Segundo Richter & Azevedo Neto (1991), a deciso mais importante em um projeto de

    abastecimento de gua a que se refere ao manancial a ser adotado. Sempre que houver duas

    ou mais fontes possveis, a sua seleo deve se apoiar em estudos amplos, que no se

    restrinjam exclusivamente aos aspectos econmico-financeiros. A qualidade da gua, as

    tendncias futuras relativas sua preservao e as condies de segurana devem tambm ser

    pesadas.

    A avaliao da qualidade da gua no pode ser feita com base em uma nica anlise, no s

    porque as caractersticas da gua so variveis durante o tempo, como tambm porque as

    analises esto sujeitas a flutuaes e erros.

    A noo de que possvel tratar qualquer gua, e de que o tratamento pode resolver qualquer

    problema, precisa ser reconsiderada, tendo em vista a praticabilidade, os custos e a segurana

    permanente.

    Dependendo da fonte da gua, uma grande variedade de tcnicas poder ser empregada para

    esse fim. A gua para consumo pblico ou privado pode ser obtida de diversas fontes:

    2.1. guas Superficiais

    gua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevados ados ados ados localizados na superfcie

    terrestre, em reas elevadas, onde so restritas as possibilidades

    de contaminao.

    guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie na superfcie

    terrestre (Figura 4), em reas mais baixas, onde so maiores as

    possibilidades de contaminao (carga bacteriana mais elevada,

    algas, slidos em suspenso e substncias diversas dissolvidas).

    Figura 4. Figura 4. Figura 4. Figura 4. Vista do Pantanal Matogrossense.

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    2.2. gua Subterrnea

    Os reservatrios de guas subterrneas so chamados de lenis. Essas guas podem estar

    acumuladas em dois tipos de lenis: o fretico ou o cativo.

    O lenol fretico caracteriza-se por est assentado sobre uma camada impermevel de sub-

    solo, rocha por exemplo, e submetido a presso atmosfrica local. O lenol cativo caracteriza-

    se por est confinado entre duas camadas impermeveis de crosta terrestre e submetido a uma

    presso superior a presso atmosfrica local.

    A captao do lenol fretico pode ser executada por galerias filtrantes (Figura 5), drenos,

    fontes ou poos frticos. O emprego de galerias filtrantes caracterstico de terrenos

    permeveis (Figura 5), mas de pequena espessura (aproximadamente de um a dois metros)

    onde h necessidade de se aumentar a rea vertical de captao para coleta de maior vazo

    (Figura 6). Estas galerias em geral so tubos furados, que convergem para um poo de reunio,

    de onde a gua retirada em geral por bombeamento, no sendo incomuns outros mtodos

    mais rudimentares.

    Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Posio da galeria filtrante

    SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:

    OrigeOrigeOrigeOrigem do nome Artesianom do nome Artesianom do nome Artesianom do nome Artesiano

    A designao artesiano datada do sculo XII, derivada do nome da cidade de Artois, Frana, onde

    historicamente em 1126, foi perfurado com sucesso pela primeira vez, um poo desta natureza. Um dos

    poos artesianos mais famosos da histria, principalmente pelo seus registros de sondagens, etapas de

    perfurao e mtodos de recuperao de ferramentas, o de Grenelle, prximo a Paris, perfurado de

    1833 a 1841, com 549 metros de profundidade, permaneceu por mais de 15 anos como o mais profundo

    do mundo; outro famoso poo prximo a Paris o de Passy, concludo em 1857, com 0,70m de dimetro

    e produo de 21.150 m3/dia a uma altura de 16,50 metros acima do solo.

    Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/saneamen

    to

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    Figura 6. Figura 6. Figura 6. Figura 6. Detalhe para construo da galeria filtrante.

    A captao de lenis cativos normalmente feita atravs de poos artesianos e, mais

    raramente, por fontes de encosta.

    As guas subterrneas representam a maior reserva de gua doce do globo. Os aqferos, onde

    ficam os reservatrios, podem ser confinados (com presso superior atmosfrica) ou no (a

    gua no est sob presso).

    Devido degradao de sua qualidade, que se acentuou a partir da II Guerra Mundial, a gua

    doce lquida que circula em muitas regies do mundo j perdeu sua caracterstica especial de

    recurso renovvel, em particular nos pases ditos do Terceiro Mundo, na medida em que os

    efluentes e/ou os resduos domsticos e industriais so dispostos no ambiente sem tratamento

    ou de forma inadequada.

    Alm dos desequilbrios da oferta de gua s populaes, a questo da disponibilidade e dos

    conflitos pelo seu uso tambm apresentam seus aspectos preocupantes. Assim que alguns

    pases apresentam escassez hdrica absoluta, tais como Kuwait, Egito, Arbia Saudita,

    Barbados, Singapura e Cabo Verde; outros como Burundi, Arglia e Blgica padecem de seca

    crnica.

    Em regies como o semi-rido nordestino h o alerta de escassez e em vrios locais afloram

    conflitos decorrentes de desequilbrios entre demanda e disponibilidade, tais como Madrid e

    Lisboa pelo Rio Tejo, Sria e Israel pelo Rio Gol, Sria e Turquia, pelo Rio Eufrates, Iraque e

    Turquia pelo Rio Eufrates, Tailndia e Laos pelo Rio Menkong, Barcelona e Alicante pelo Rio

    Ebro, entre outros.

    Diante desse cenrio turbulento, a gua subterrnea vem assumindo uma importncia cada vez

    mais relevante como fonte de abastecimento devido a uma srie de fatores que restringem a

    utilizao das guas superficiais, bem como ao crescente aumento dos custos da sua captao,

    aduo e tratamento, a gua subterrnea est sendo reconhecida como alternativa vivel aos

    Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/saneamen

    to/Imag

    e186.gif

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    usurios e tem apresentado uso crescente nos ltimos anos, obtidas atravs de poos bem

    locados e construdos.

    Alm dos problemas e facilidade de contaminao inerente s guas superficiais, o maior

    interesse pelo uso da gua subterrnea vem sendo despertado, pela maior oferta deste recurso

    e em decorrncia do desenvolvimento tecnolgico, o que promoveu uma melhoria na

    produtividade dos poos e um aumento de sua vida til.

    2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas Subterrneasubterrneasubterrneasubterrneas

    Volumes estocados muito grandes e suas velocidades de fluxo muito baixas (cm/dia) resultam

    em que o manancial pouco afetado pelas variaes sazonais de pluviometria, podendo

    propiciar um abastecimento regular durante os perodos de seca ou estiagem prolongadas.

    Pelo fato de ocorrerem no subsolo sob uma zona de material rochoso no-saturado ou

    camadas rochosas pouco permeveis, as guas subterrneas encontram-se relativamente

    melhor protegidas contra agentes potenciais ou efetivos de poluio.

    Quando captadas de forma adequada, na sua utilizao, geralmente, no se tem custos de

    clarificao, tratamento ou purificao, os processos de filtrao e biogeoqumicos de

    depurao do subsolo proporcionam um alto nvel de purificao e potabilidade das guas

    subterrneas.

    A forma de ocorrncia extensiva possibilita sua captao nos locais onde so geradas as

    demandas.

    Os prazos de execuo das obras de captao so relativamente curtos, da ordem de dias at

    alguns meses.

    Os investimentos em geral so relativamente pequenos, variando entre dezenas a centenas de

    milhares de reais.

    Os aqferos no sofrem processos de assoreamento, nem perdem grandes volumes de gua

    por evaporao.

    No obstante o volume de gua doce estocado no subsolo representar mais de 95% desses

    recursos disponveis para os homens atravs dos meios tecnolgicos atuais, os nveis de

    utilizao de guas subterrneas no mundo em geral e, no Brasil em particular, so ainda

    relativamente modestos e desigualmente distribudos, apesar do forte crescimento do consumo

    nas ltimas dcadas nos pases desenvolvidos. A Primeira Conferncia Mundial da gua,

    realizada em Mar del Plata em 1977, considerou que cerca de 70% das cidades carentes de gua

    potvel no Terceiro Mundo poderiam ser abastecidas ou reforadas de forma mais barata e

    rpida, utilizando-se guas subterrneas, como tambm a maioria das comunidades rurais.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 20

    2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas

    a) O grande nmero de poos mal locados, construdos e operados sem manuteno, tornam a

    produo de gua pelo poo incerta e com uma vida til curta, tornando seu uso uma

    alternativa freqentemente de grande risco poltico, administrativo e financeiro para os

    tomadores de deciso.

    b) Falta de controle governamental faz com que qualquer indivduo, condomnio, indstria,

    agricultor, empresa privada ou estatal possa construir um poo, freqentemente, pelo menor

    preo e sem a tecnologia adequada.

    c) Falta de estudos hidrogeolgicos bsicos, rede de monitoramento e de bancos de dados

    consistentes e acessveis ao pblico.

    2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico

    A gua subterrnea nada mais do que gua filtrada no subsolo, presente nos espaos

    intergranulares dos solos ou nas fraturas das rochas. Para um melhor entendimento

    fundamental a noo de Ciclo Hidrolgico.

    Por efeito da radiao solar, as guas dos mares, rios e lagos evaporam-se e formam nuvens.

    Estas, ao encontrarem correntes frias de ar ou baixas presses atmosfricas, condensam-se e

    precipitam-se sob a forma de chuvas, granizo ou neve. Da gua precipitada, uma parte

    evapora-se antes mesmo de atingir o prprio solo ou serem interceptadas pelas folhas dos

    vegetais; e finalmente, outra parte infiltra-se no subsolo formando os reservatrios naturais de

    gua subterrnea ou aqferos. A gua dos lagos, rios e mares ou emergente superfcie,

    formando fontes. A gua dos lagos, rios e mares evapora-se outra vez e assim o ciclo

    reiniciado.

    2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas

    Embora, teoricamente, a gua subterrnea esteja presente em qualquer lugar, isso no significa

    que um poo possa ser localizado em qualquer lugar. A captao de gua subterrnea tem um

    custo por vezes elevado e, portanto, no deve ser feita sem critrios. Existem fatores naturais

    que condicionam a distribuio e concentrao da gua subterrnea em certos locais, de

    maneira a melhorar o rendimento e a vazo do poo, tornando o empreendimento mais

    proveitoso e evitando ou diminuindo a taxa de insucessos.

    As guas subterrneas (Figura 7) so um recurso natural imprescindvel para a vida e para a

    integridade dos ecossistemas, representando mais de 95% das reservas de gua doce

    explorveis do globo. A gua subterrnea resulta da infiltrao da gua que provm da

    precipitao e da alimentao direta dos rios e lagos. Mais de metade da populao mundial

    depende das guas subterrneas.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 21

    A gua armazena-se nos interstcios das formaes geolgicas (poros, cavidades, fissuras,

    etc.).

    Aqufero poroso aqufero que contm poros resultantes dos arranjos dos gros (Ex. areias).

    Aqufero crsico aqufero que contm cavidades originadas por dissoluo da rocha que

    permitem uma circulao rpida da gua (e.g. calcrios).

    b) Aqufero fraturado ou fissurado aqfero cuja porosidade e permeabilidade esto

    fundamentalmente relacionadas com fraturas que afetam o material de suporte

    (Ex. granitos).

    Figura 7. Figura 7. Figura 7. Figura 7. gua subterrnea e geologia.

    2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas

    A poluio das guas subterrneas pode ser, entre outras fontes, causada por:

    Uso intensivo de adubos e pesticidas em atividades agrcolas;

    Deposio de resduos industriais slidos e lquidos ou de produtos que podem ser

    dissolvidos e arrastados por guas de infiltrao em terrenos muito vulnerveis;

    Deposio de lixos urbanos em aterros;

    Deposio de dejetos animais resultantes de atividades agropecurias;

    Construo incorreta de fossas spticas;

    A contaminao salina pelo avano da gua salgada motivada pela explorao intensiva

    dos aquferos costeiros.

    Na captao de gua subterrnea atravs de poos, no importante apenas o aspecto da

    quantidade, isto , a vazo a ser obtida. A qualidade da gua subterrnea outro fator a ser

    considerado, tendo em vista o uso proposto para a gua a ser captada.

    A qualidade das guas subterrneas dada, a princpio, pela dissoluo dos minerais presentes

    nas rochas que constituem os aqferos por ela percolados, podendo sofrer a influncia de

    outros fatores como composio da gua de recarga, tempo de contato, gua/meio fsico, clima

    e, at mesmo a poluio causada pelas atividades humanas.

    Fonte: http://w

    ww.aprh.pt/pdf/triptico

    CEA

    S.pdf

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    SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:

    Legislao: Resoluo N. 357 de 17.03.2005 (CONAMA), ou veja no site:

    http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3

    Devido ao maior contato com os materiais geolgicos, baixa velocidade de fluxo e maiores

    presses e temperaturas, as guas subterrneas so geralmente mais mineralizadas do que as

    guas superficiais. Pelas mesmas razes, possuem menores teores de matrias em suspenso e

    matria orgnica, esta ltima devido ao dos microorganismos presentes no solo. Tambm,

    devido as suas condies de circulao, as guas subterrneas tendem a possuir menor teor de

    oxignio dissolvido do que as superficiais.

    A qualidade definida pelas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas da gua. Dentro dos

    valores encontrados para cada um destes parmetros, possvel estabelecer os diferentes usos:

    consumo humano, irrigao, industrial e outros.

    2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais

    Mananciais so fontes disponveis de gua determinados pelas condies locais, com os quais a

    populao pode ser abastecida. Deve possuir quantidade e qualidade de gua adequada ao uso.

    A tendncia do desenvolvimento urbano contaminar a rede de escoamento superficial com

    despejo de esgotos cloacais e pluviais, inviabilizando o manancial e exigindo novos projetos de

    captao de reas mais distantes, no contaminadas.

    Principais fatores responsveis pela poluio dos mananciais das guas subterrneas:

    O uso da fossa sptica contamina o lenol fretico.

    O lixo contamina o aqfero pela lixiviao dos perodos chuvosos.

    O vazamento da rede de esgotos cloacais e pluviais contamina o aqfero

    com o despejo dos poluentes.

    O uso de pesticidas e fertilizantes na agricultura.

    Despejo de resduos de cargas industriais sobre reas de recarga, para depurao de

    efluentes desse tipo, tende a contaminar guas subterrneas.

    2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas subterrneas bterrneas bterrneas bterrneas Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos:

    a) O uso da fossa sptica contamina o lenol fretico.

    b) O lixo contamina o aqfero pela lixiviao dos perodos chuvosos.

    c) O vazamento da rede de esgotos cloacais e pluviais contamina o aqfero com o despejo

    dos poluentes.

    d) O uso de pesticidas e fertilizantes na agricultura.

    e) Despejo de resduos de cargas industriais sobre reas de recarga, para depurao de

    efluentes desse tipo, tende a contaminar guas subterrneas.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 23

    2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos:

    a) Despejos de poluentes dos esgotos cloacais domsticos ou industriais.

    b) Despejos de esgotos pluviais agregados com lixo urbano.

    c) Escoamento superficial que drena reas agrcolas tratadas com pesticidas ou outros

    compostos.

    d) Frenagem da gua subterrnea contaminada que chega ao rio.

    2.3. gua de uso Municipal

    O sistema urbano tpico de uso da gua apresenta hoje um ciclo imperfeito, onde o processo de

    produo de gua para o abastecimento urbano vai da captao at a distribuio (Figura 8). A

    gua bombeada de uma fonte local, tratada, utilizada e, aps, retorna para o rio ou lago,

    para ser bombeada novamente. Mas a gua que devolvida raramente tem as mesmas

    qualidades que a gua receptora (ou a gua original, como foi extrada da natureza). Sais,

    matria orgnica, calor e outros resduos que caracterizam a poluio da gua so agora

    encontrados.

    Figura Figura Figura Figura 8888. . . . Esquema simplificado do processo de tratamento de

    gua para consumo urbano.

    O desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal, provocando vrios efeitos que modificam

    os componentes do ciclo hidrolgico natural. Com a urbanizao, a cobertura da bacia

    alterada para pavimentos impermeveis e so introduzidos condutos para escoamento pluvial,

    gerando as seguintes alteraes no referido ciclo:

    Reduo da infiltrao do solo.

    Aumento do escoamento superficial.

    Reduo do escoamento subterrneo.

    Reduo da evapotranspirao.

    O impacto da urbanizao mais significativo, para precipitaes de maior freqncia, onde o

    efeito da infiltrao mais importante. Para precipitaes de baixa freqncia, a relao entre

    as condies naturais e a urbanizao relativamente menor.

    Fonte: www.brasilescola.com/.../agua-

    potavel.JPG

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 24

    Existem vrios elementos antrpicos que so introduzidos na bacia hidrogrfica:

    Aumento da teAumento da teAumento da teAumento da temperaturamperaturamperaturamperatura: as superfcies impermeveis absorvem parte da energia solar,

    aumentando a temperatura ambiente e produzindo ilhas de calor na parte central das

    cidades, onde predomina o concreto e o asfalto, que, devido sua cor, absorve mais

    energia solar do que as superfcies naturais e o concreto. medida que sua superfcie

    envelhece, tende a escurecer e a aumentar a absoro de radiao solar.

    Aumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slido: extremamente significativo devido aos

    fatores: limpeza de terrenos para novos loteamentos, construo de ruas, avenidas e

    rodovias, entre outras causas.

    2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico

    O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regies metropolitanas, na capital dos

    estados e nas cidades plos regionais. Os efeitos desta realidade fazem-se sentir sobre todo

    aparelhamento urbano relativo a recursos hdricos, ao abastecimento de gua, ao transporte e

    ao tratamento de esgotos cloacal e pluvial.

    Tabela 1. Tabela 1. Tabela 1. Tabela 1. Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.

    medida que a cidade se urbaniza, geralmente ocorrem os seguintes impactos:

    a) Aumento das vazes mximas.

    b) Aumento da produo de sedimentos devido desproteo das superfcies e produo

    de resduos slidos (lixo).

    c) Deteriorao da qualidade da gua, devido lavagem das ruas, ao transporte de material

    slido e a ligaes clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.

    2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial

    Para se avaliar a qualidade de uma gua no preciso se conhecer todos os constituintes nela

    presentes. As anlises de uma gua natural que se destina ao uso na indstria, bem como para

    fins potveis, geralmente apresentam as seguintes determinaes:

    a) Dureza total: a) Dureza total: a) Dureza total: a) Dureza total: caracterstica conferida a gua pela presena de alguns ons metlicos,

    principalmente Ca++, Mg++ e, em menor grau Fe++ e S++. expressa em termos de mg/L de

    CaCO3. guas duras tm a propriedade de impedir a formao de espuma pelos sabes. A

    dureza pode ser classifica de duas maneiras: dureza dos ons metlicos (Clcio de Magnsio) e

    dureza dos nions associados aos ons metlicos (carbonatos e no carbonatos). Do ponto de

    vista de sade pblica no h objees ao consumo de guas duras.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 25

    Quanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificam----se em:se em:se em:se em:

    a) Moles: dureza inferior a 50 mg/L em CaCO3.

    b) Dureza moderada: dureza entre 50 e 150 mg/L em CaCO3.

    c) Duras: dureza entre 150 e 300 mg/L em CaCO3.

    d) Dureza alta: dureza superior a 300 mg/L em CaCO3.

    b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: a capacidade que certa gua tem de neutralizar cidos. Alcalinidade de guas

    naturais est relacionada a presena de sais de cidos fracos, especialmente bicarbonatos de

    Ca, Mg e Na, cujas concentraes em guas brutas variam de 10 a 30 ppm, resultantes da ao

    da gua sobre os carbonatos presentes no solo, especialmente bicarbonato de clcio. Em

    laboratrio determina-se alcalinidade total, alcalinidade de bicarbonatos e alcalinidade de

    carbonatos. Para fins potveis a alcalinidade de uma gua no deve exceder a 250 ppm.

    c)c)c)c) Sulfatos: Sulfatos: Sulfatos: Sulfatos: geralmente esto presentes como sulfato de Ca, Na e Mg. Suas concentraes

    variam grandemente podendo apresentar valores de 5 a 200 ppm, dependendo da regio de

    onde so originrias e geram os mesmos inconvenientes que a dureza da gua.

    d) Slica solvel: d) Slica solvel: d) Slica solvel: d) Slica solvel: tambm chamada de slica reativa, geralmente est presente em guas brutas

    na forma de cido silcico e silicatos solveis cuja concentrao pode variar de 2 a mais de 100

    ppm. A slica em combinao com a dureza produz incrustaes durssimas e de difcil remoo

    em superfcies de troca de calor, como as de uma caldeira ou trocador de calor. A slica em

    guas potveis no apresenta inconvenientes nas concentraes em que normalmente

    encontrada.

    e) Cloretos: e) Cloretos: e) Cloretos: e) Cloretos: geralmente esto presentes nas guas brutas na forma de cloreto de sdio, clcio e

    magnsio. Sua concentrao em gua doce pode variar desde 3 a algumas centenas de

    ppm.Embora seja difcil imaginar existem guas onde sua concentrao atinge 1000 ppm. Na

    gua do mar sua concentrao atinge valores de at 26000 ppm. Os cloretos provocam

    corroso em certas circunstncias quando presentes em guas de caldeiras. Sua remoo pode

    ser feita por desmineralizao ou evaporao. Para fins potveis sua concentrao mxima

    permissvel em guas de 250 ppm.

    f) Ferro: f) Ferro: f) Ferro: f) Ferro: encontrado nas guas naturais em concentraes que variam de 0,5 a 50 mg/L. um

    elemento nutricional essencial ao ser humano. Quando presente na forma solvel incolor, se

    oxidado pela ao de aerao ou adio de Cloro forma precipitado de cor avermelhada. OMS

    no estabelece padres, embora cite que concentraes da ordem de 2 mg/L podem ser

    consumidos sem risco para sade, mas adverte que concentraes inferiores podem levar a

    rejeio da gua pelos consumidores devido a alteraes no sabor da gua.

    g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: apresenta-se dissolvido nas guas brutas. Sua concentrao pode varias de 2

    a 15 ppm. Este gs dissolvido em gua altamente corrosivo ao ferro e a ligas de cobre que

    constituem as tubulaes, aquecedores, condensadores, rotores de bombas, etc., de sistemas

    de guas de alimentao quer sejam para fins industriais ou potveis. Pode ser removido das

    guas brutas ou de alimentao por degaseificadores e desmineralizadores. Para fins potveis

    este gs no apresenta inconvenientes nas concentraes em que normalmente encontrado.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 26

    h) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvido: ido: ido: ido: est presente na forma de O2. Sua concentrao pode atingir cerca de

    10 ppm e em presena da gua altamente corrosivo ao ferro e ligas de cobre. Em guas

    potveis no apresente problemas para o consumo.

    i) Amonaco: i) Amonaco: i) Amonaco: i) Amonaco: apresenta-se muitas vezes dissolvido nas guas brutas em concentraes que

    podem variar desde traos at cerca de 20 ppm. s vezes apresenta-se combinado na forma de

    compostos orgnicos. O amonaco , na presen de oxignio dissolvido na gua corrosivo ao

    cobre e suas ligas. Em concentraes muito altas corrosivo mesmo na ausncia de oxignio

    dissolvido. Pode ser removido por clorao, desmineralisao e parcialmente por

    degaseificadores. A presena de amonaco mesmo que em fraes de ppm em guas potveis

    indesejvel, pois um indcio de poluio.

    j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: sua presena no muito freqente. Quando presente encontra-se na forma

    livre de H2S em pequenas concentraes. Em presena de gua corrosivo ao ferro e ligas de

    cobre. Pode ser removido por desmineralizao e parcialmente por desgaseificao. A presena

    de H2S em guas potveis inadmissvel.

    2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola

    A agricultura irrigada depende tanto da qualidade como da quantidade da gua, no entanto, o

    aspecto da qualidade tem sido desprezado devido ao fato de que, no passado, em geral as

    fontes de gua, eram abundantes, de boa qualidade e de fcil utilizao: esta situao, todavia,

    est alterando-se em muitos lugares. Para evitar problemas conseqentes, deve existir um

    planejamento efetivo que assegure o melhor uso possvel das guas, de acordo com sua

    qualidade.

    Pode-se definir a qualidade da gua por suas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas,

    sendo que na sua avaliao para irrigao os parmetros a serem analisados devem ser os

    fsico-qumicos. A composio e qualidade das guas destinadas irrigao dependem da zona

    climtica, da fonte da gua, do trajeto percorrido, da poca do ano e da geologia da regio.

    A qualidade da gua de irrigao pode variar segundo o tipo e a quantidade de sais dissolvidos,

    que so encontrados em quantidades pequenas, porm muitas vezes significativas, tendo sua

    origem na intemperizao das rochas e dos solos, pela dissoluo lenta do calcrio e de outros

    minerais, que so levados pelas guas de irrigao e se depositam no solo, acumulando

    medida que a gua evapora ou consumida pela cultura.

    Embora a fonte principal e mais direta de todos sais encontrados no solo seja a intemperizao

    das rochas, raros so os exemplos em que a mesma tenha provocado, de forma direta,

    problemas de salinidade no solo. Normalmente tais problemas so associados gua de

    irrigao e presena de lenol fretico elevado. Os sais da gua de irrigao podem ser

    provenientes, alm das fontes primrias como a rocha e o solo, mas tambm de gua de

    drenagem e intruso salina. As guas que se destinam irrigao devem ser avaliadas

    principalmente sob trs aspectos, considerados importantes na determinao da qualidade

    agronmica das mesmas, sendo eles:

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 27

    Salinidade;

    Sodicidade;

    Toxidade de ons.

    Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Indicador de salinidade e grau de restrio ao das guas para uso agrcola.

    O efeito da salinidade de natureza osmtica podendo afetar diretamente o rendimento das

    culturas.

    A sodicidade, determinada pela razo de adsoro de sdio (RAS) da gua de irrigao, se

    refere ao efeito do sdio contido na gua de irrigao, que tende a elevar a porcentagem de

    sdio trocvel no solo (PST), afetando a sua capacidade de infiltrao.

    A toxicidade refere-se ao efeito de alguns ons sobre as plantas, sendo eles o cloreto, o sdio e

    o boro, que quando encontrados em concentraes elevadas podem causar danos s culturas,

    reduzindo sua produo. Tambm parmetros bsicos de avaliao, como a concentrao de

    bicarbonatos e o aspecto sanitrio da gua devem ser considerados.

    A concentrao total de sais na gua para irrigao normalmente expressa em relao sua

    condutividade eltrica (CE), podendo ser determinada com rapidez e muita preciso.

    SAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAIS::::

    O O O O que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?

    uma propriedade inica que indica a capacidade de conduo de corrente eltrica na gua, tm

    proporcionalidade direta com a concentrao de sais dissolvidos, crescendo com a temperatura e variando

    com o tipo de sal dissolvido para uma mesma concentrao. Como h uma relao de proporcionalidade

    entre o teor de sais dissolvidos e a condutividade eltrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de

    condutividade de uma gua. A figura abaixo demonstra como atravs de um experimento simples

    podemos entender melhor o que condutividade eltrica. A medida feita atravs de condutivmetro e a

    unidade usada o MHO (inverso de OHM, unidade de resistncia). Como a condutividade aumenta com a

    temperatura, usa-se 25C como temperatura padro, sendo necessrio fazer a correo da medida em

    funo da temperatura se o condutivmetro no o fizer automaticamente. Para as guas subterrneas as medidas de condutividade so dadas em microMHO/cm.

    OBS: No Sistema Internacional de Unidades, adotado pelo Brasil, a unidade de condutncia siemens,

    abreviando-se S (maisculo). Para as guas subterrneas o correto seria nos referirmos a microsiemens

    por centmetro (S/cm).

    Poucas guas de uso em irrigao excedem cerca de 2 dS m-1 de condutividade eltrica, sendo

    que uma gua de irrigao de boa qualidade deve apresentar uma CE de, aproximadamente,

    0,75 dS m-1 .

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 28

    Os problemas de toxicidade e de salinidade se processam de forma distinta. A toxicidade

    ocorre internamente na planta e no provocada pela falta de gua, normalmente, ela se

    origina quando certos ctions, absorvidos pela planta com a gua do solo, so acumulados nas

    folhas durante a transpirao, em quantidades suficientes para provocar danos. Os danos

    podem reduzir significativamente os rendimentos e sua magnitude pende do tempo, da

    concentrao dos ons, da sensibilidade das plantas e do uso de guas pelas culturas. Os ons

    txicos contidos comumente nas guas de irrigao so o cloreto, o sdio e o boro e os danos

    podem ser provocados individualmente ou em combinao.

    Alm disso, a qualidade da gua envolve no somente problemas relacionados s culturas a

    serem irrigadas mas tambm aos equipamentos utilizados para irrigao que podem sofrer

    srios problemas de entupimentos. A gua leva partculas inorgnicas (ons, areia, limo e argila)

    e orgnicas (como algas, sementes de ervas, pedaos de insetos, bactrias, fungos,

    protozorios, etc.).

    Problemas de precipitao na rede ocorrem quando a gua contm clcio, bicarbonatos, ferro,

    mangans e sulfetos. O ferro e o mangans solveis precipitam devido a mudanas de

    temperatura, presso, teor de oxignio, aumento no pH ou pela ao de bactrias, formando

    um p e tornando a gua barrenta.

    2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)

    Balneabilidade a qualidade das guas destinadas recreao de contato primrio, sendo este

    entendido como um contato direto e prolongado com a gua (natao, mergulho, esqui-

    aqutico, etc), onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciveis de gua elevada.

    Para sua avaliao necessrio o estabelecimento de critrios objetivos. Estes critrios devem

    se basear em indicadores a serem monitorados e seus valores confrontados com padres pr-

    estabelecidos, para que se possa identificar se as condies de balneabilidade em um

    determinado local so favorveis ou no; pode-se definir, inclusive, classes de balneabilidade

    para melhor orientao dos usurios.

    2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade

    O parmetro indicador bsico para a classificao das praias quanto a sua balneabilidade em

    termos sanitrios a densidade de coliformes fecais. Diversos so os fatores que condicionam

    a presena de esgotos nas praias:

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 29

    SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:

    A balneabilidade avaliada conforme a Resoluo CONAMA 274 de 29 de novembro de 2000, aps 5

    semanas de coletas e anlises microbiolgicas para Coliformes Fecais, Escherichia coli e/ou Enterococos,

    nos dias e locais de maior afluncia do pblico.

    http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano. cfm?codlegitipo=3

    2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica

    Corpos dgua contaminados por esgoto domstico ao atingirem as guas das praias podem

    expor os banhistas a bactrias, vrus e protozorios. Crianas e idosos, ou pessoas com baixa

    resistncia, so as mais suscetveis a desenvolver doenas ou infeces aps terem nadado em

    guas contaminadas.

    As doenas relacionadas ao banho, em geral, no so graves. A doena mais comum associada

    gua poluda por esgoto a gastroenterite. Ela ocorre numa grande variedade de formas e

    pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjo, vmitos, dores de estmago,

    diarria, dor de cabea e febre. Outras doenas menos graves incluem infeces de olhos,

    ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a

    doenas mais graves, como disenteria, hepatite A, clera e febre tifide.

    Considerando-se as diversas variveis intervenientes na balneabilidade das praias e sua relao

    com a possibilidade de riscos sade dos freqentadores, recomendvel:

    A partir dos resultados das anlises de coliformes fecais das 5 semanas consecutivas, so

    emitidos resultados na forma de boletins semanais. O boletim informa a qualidade das guas

    quanto balneabilidade, que pode ser enquadrada nas categorias PRPRIA ou IMPRPRIA

    para recreao de contato primrio. A categoria PRPRIA pode ser subdividida em classes:

    EXCELENTE, MUITO BOA e SATISFATRIA.

    Corpos dgua contaminados por esgoto domstico podem expor os banhistas a bactrias,

    vrus e protozorios. Crianas e idosos, ou pessoas com baixa resistncia, so as mais

    suscetveis a desenvolver doenas ou infeces aps terem nadado em guas contaminadas. A

    doena mais comum associada gua poluda por esgoto a gastroenterite. Outras doenas

    menos graves incluem infeces de olhos, ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito

    contaminados os banhistas podem estar expostos a doenas mais graves, como disenteria,

    hepatite A, clera e febre tifide.

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 30

    3. Biologia da gua

    A vida se originou na gua e grande parte dos fenmenos vitais ainda ocorrem no ambiente

    aqutico original, tais como a fotossntese e a mineralizao de compostos orgnicos. Os

    fatores mais importantes que influenciam a populao de organismos que vivem no meio

    aqutico so:

    Presena ou ausncia de oxignio

    Presena ou ausncia de luz

    Temperatura

    As guas superficiais, como as de rios e lagos, abrigam uma comunidade biolgica bastante

    diversificada. Grande parte dessa biota constituda por organismos animais e vegetais

    invisveis a olho nu. O conjunto desses organismos aquticos foi denominado de plncton, por

    apresentar locomoo limitada, sendo arrastado pelos movimentos da gua.

    Um lago tpico possui zonas distintas de comunidades biticas comunidades biticas comunidades biticas comunidades biticas relacionadas sua estrutura

    fsica. A zona litornea fica prxima s margens e onde a luz solar penetra at o fundo,

    permitindo assim a existncia de plantas aquticas ou macrfitas (emersas, flutuantes e

    submersas) e delimitando a zona euftica.

    A zona bntica formada pelos sedimentos e detritos que se acumulam no fundo do lago ou

    reservatrio.

    Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9.... Zonas biticas componentes de um lago de gua doce.

    O fitoplncton compreende bactrias de vida livre, fungos e algas. O zooplncton compreende

    protozorios de vida livre, rotferos, cladceros, coppodos, larvas de alguns insetos e de

    peixes nas primeiras etapas de desenvolvimento. Alm destes, os organismos que vivem

    aderidos a superfcies so denominados perifiton.

    Fonte:www.ufrrj.br/institutos/it/d

    e/aciden

    tes/zo

    nas.gif

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 31

    O zooplncton (Figura 11) composto por um grupo de diferentes animais que vivem flutuando

    em guas abertas ou associados s plantas aquticas nas margens de lagos e rios. So

    organismos bastante pequenos, somente alguns atingem o tamanho mximo de 2 mm.

    Possuem um desenvolvimento rpido, preferem a reproduo assexuada e o tempo necessrio

    para o ovo se tornar um adulto leva de horas a alguns dias. Os jovens so miniaturas perfeitas

    dos indivduos adultos. Alm de serem flutuantes, muitos desses animais conseguem viver em

    outros tipos de ambientes, incluindo poas dgua, pedras, troncos e partes de plantas

    submersas, alm dos espaos existentes entre os gros do sedimento do fundo de lagos e rios.

    Muitos deles tambm so tolerantes poluio e considerados indicadores de qualidade da

    gua. Esses animais comem de tudo, desde algas, outros rotferos menores, incluindo os seus

    filhotes, at detritos e bactrias.

    SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA ....

    Fitoplncton Fitoplncton Fitoplncton Fitoplncton representado por uma comunidade de diferentes organismos aquticos, entre estes as

    algas [principalmente dos grupos Pyrrophyta Pyrrophyta Pyrrophyta Pyrrophyta (dinoflagelados) e Chrysophyta Chrysophyta Chrysophyta Chrysophyta (diatomceas)] cuja

    presena e concentrao nos lagos e reservatrios, est fortemente associada ao estado trfico do

    manancial. As algas (plantas inferiores que no apresentam organizao complexa do corpo e que

    produzem a fotossntese) so importantes para o ecossistema lacustre porque:

    Convertem material inorgnico em orgnico (atravs da fotossntese);

    Oxigenam a gua (ainda atravs da fotossntese);

    Servem como base essencial para a cadeia alimentar;

    Afetam a quantidade de luz solar que penetra na coluna dgua.

    Figura 10. Figura 10. Figura 10. Figura 10. Exemplos de comunidades fitoplantnicas.

    Como muitas plantas superiores, as algas precisam de luz, de suprimento de nutrientes inorgnicos e

    de faixas especficas de temperatura para crescerem e se reproduzirem. Dentre esses fatores, o suprimento de nutrientes, especialmente o Fsforo, ditar a evoluo do seu crescimento.

    Fonte: www.ufrrj.br/institutos/

    it/d

    e/aciden

    tes/zo

    nas.gif

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 32

    Figura 11Figura 11Figura 11Figura 11. . . . Zooplancton.

    Os cladceros alm de serem flutuantes, tambm vivem em regies mais rasas perto das

    margens dos lagos e rios com plantas aquticas. Tambm so bastante pequenos (mximo de 3

    mm), com rpido desenvolvimento. A reproduo bsica assexuada e sem larvas, e assim so

    muito semelhantes aos rotferos. Grande parte dos cladceros so filtradores e se alimentam de

    algas e detritos.

    Os coppodos so flutuantes, alm de viverem associados s plantas aquticas, e mesmo em

    terras midas. Algumas espcies so parasitas de peixes. Atingem tamanhos um pouco

    maiores que os outros dois grupos, at poucos milmetros. A reproduo em geral sexuada,

    com presena de machos e jovens diferentes (larvas). O tempo de desenvolvimento do ovo ao

    adulto pode levar de uma semana a um ms. A alimentao composta por algas e detritos.

    Alguns tipos de organismos so carnvoros e at canibais.

    Os organismos do plncton so importantes no abastecimento de guas, pois:

    interferem nos sistemas de tratamento;

    produzem substncias txicas para os seres humanos;

    abrigam germes que so patognicos;

    contribuem para formao de matria orgnica que pode ser transformada em

    compostos halogenados durante a clorao

    O estudo e o reconhecimento desses pequenos animais flutuantes so relevantes. Esses

    organismos se reproduzem de forma contnua e, geralmente, sem interrupo, e a maioria

    apresenta um ciclo de vida curto, de horas/dias a algumas semanas. Devido a esse

    comportamento, torna-se possvel uma resposta rpida dos organismos frente s alteraes do

    ambiente aqutico, inclusive s de qualidade de gua.

    3.1. Bactrias e fungos

    As bactrias so seres unicelulares (uma nica clula), procariticos (no possuem membrana

    nuclear) e microscpicos, que podem viver em qualquer ambiente. A maioria das bactrias

    Fonte: www.ufrrj.br/institutos/it/d

    e/aciden

    tes/

    zonas.gif

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 33

    aquticas no ultrapassa 1 micrmetro (m), embora algumas delas possam medir vrios

    micrmetros.

    As bactrias recebem nomes especiais, de acordo com suas diferentes morfologias (formas),

    conforme observado nas figuras 13 e 14. Se o formato esfrico, so chamadas cocos. Estes

    podem estar isolados ou viver em grupos. Se tiverem forma de bastonete, so chamadas de

    bacilos. Se a forma for de espiral, chama-se espirilo. Caso a bactria se assemelhe a uma

    vrgula, denomina-se vibrio.

    Quanto respirao, as bactrias podem ser aerbias ou anaerbias. Chamam-se aerbias as

    que fazem uso do oxignio. As anaerbias vivem na ausncia desse gs, e so encontradas

    principalmente no sedimento (fundo) de ambientes aquticos.

    Quanto nutrio, as bactrias obtm seu alimento de matria orgnica morta, animal ou

    vegetal, e so chamadas de saprfitas. H espcies de bactrias que produzem o seu prprio

    alimento, o que pode ser feito por fotossntese ou quimiossntese.

    SAIBA MSAIBA MSAIBA MSAIBA MAIS: AIS: AIS: AIS:

    Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (o) ? ) ? ) ? ) ?

    Para voc imaginar qual o tamanho de um micrmetro, pegue uma rgua e olhe quanto mede um

    milmetro; agora, imagine este um milmetro dividido por mil. Pois cada uma das divises resultantes

    mede um micrmetro.

    Figura 12. Figura 12. Figura 12. Figura 12. Visualizao da medida de 1 mm ( 1000 ).

    Fonte: http://p

    hy.ntnu.edu.tw/n

    tnujava/index

    .php?topic

    =52

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 34

    MORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANAS

    Cocos Estafilococos

    Bacilo Vibrio

    Espirilo

    Figura Figura Figura Figura 13131313. . . . Principais morfologias bacterianas predominantes em guas de superfcie.

    Figura 14Figura 14Figura 14Figura 14. . . . Microorganismos com diferentes morfologias. A) Bactrias (gnero bacteriano Beggiatoa), tpica

    de sedimentos marinos. B) Clulas de bactria Thalassospira lucentensis. C) Clulas do microorganismo

    fitoplanctnico Prochlorococcus marinus em processo de diviso. Na borda destas clulas pode-se

    visualizar as membranas fotossintticas. D) Clulas da espcie Rhodospirillum rubrum.

    Fonte: www.revistaecosistem

    as.net/admin/A

    rchivos/Im

    a...

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 35

    Os fungos so organismos eucariotosorganismos eucariotosorganismos eucariotosorganismos eucariotos, podendo ser unicelulares ou pluricelulares. Os fungos

    unicelulares so chamados de leveduras, apresentam forma oval e so maiores que as

    bactrias. So heterotrficos e apresentam reproduo assexuada ou sexuada. A maioria dos

    fungos obtm seu alimento decompondo a matria orgnica do corpo de organismos vegetais e

    animais mortos, sendo chamados de saprfitos.

    Podem ser parasitas, ou seja, vivem custa de outro ser vivo, prejudicando-o ou podendo at

    mat-lo; podem estar associados a outros seres e ambos se beneficiam, sendo a relao

    chamada de mutualismo. Nos ambientes aquticos so encontrados os Hyphomycetes,

    importantes na decomposio do material vegetal morto, e geralmente presentes em folhas e

    ramos de rvores que caem na gua.

    ORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOS::::

    So todos os seres vivos com clulas eucariticaseucariticaseucariticaseucariticas (Figura 15), , , , ou seja, com um ncleo celular

    rodeado por uma membrana (DNA compartimentado conseqentemente separado do

    citoplasma) e com vrios organelas.

    Figura Figura Figura Figura 15151515. . . . Clula eucaritica.

    Os verdadeiros fungos aquticos (Figura 16) no se adaptam bem s guas poludas, por isso

    os fungos que se encontram na gua so de origem do solo, dentre eles, as leveduras. guas

    poludas, ricas em matria orgnica e outros nutrientes, favorecem a multiplicao e o

    crescimento destes organismos.

    Figura 16Figura 16Figura 16Figura 16. . . . Hifas de fungos aquticos

    Fonte: http://p

    t.wikiped

    ia.org/w

    iki/Eu

    karyo

    ta

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 36

    3.2. Algas

    As algas (Figura 17) so organismos unicelulares, eucariontes fotossintetizantes. Podem fazer

    parte do plncton ou do perifiton. Apresentam grande variedade de formas e se reproduzem

    assexuada ou sexuadamente. So abundantes tanto em guas doces quanto em guas

    salgadas. Como organismos fotoautotrficos so encontrados na zona euftica (com incidncia

    de luz) dos corpos de gua. As algas so classificadas de acordo com seus pigmentos e sua

    forma.

    Estes organismos no somente sintetizam seu prprio alimento como liberam no meio

    metablitos que, quando as algas esto presente em grandes quantidades, causam problemas

    no abastecimento de gua para consumo.

    (A) (B)

    Figura Figura Figura Figura 17171717. . . . Algas (A) e Cianobactrias (B).

    As algas azuis, algas cianofceas ou cianobactrias, no podem ser consideradas nem como

    algas e nem como bactrias comuns. So microorganismos com caractersticas celulares

    procariontes (bactrias sem membrana nuclear), porm com um sistema fotossintetizante

    semelhante ao das algas (vegetais eucariontes), ou seja, so bactrias fotossintetizantes.

    3.3. Protozorios e animais multicelulares

    Os protozorios (Figura 18) so animais unicelulares, eucariticos, mveis e sem parede

    celular. Ocorrem como clulas isoladas ou em colnias de clulas e apresentam dimenses

    predominantemente microscpicas (4m a 350m).

    So divididos em quatro grupos, incluindo esporozorios, amebas, flagelados e ciliados. A

    forma como se apresentam na natureza, como cistos e oocistos, explica sua prevalncia em

    distintos tipos de ambiente e, principalmente, a significativa maior resistncia ao do cloro.

    A maioria deles desprovida de clorofila, embora alguns apresentem algas simbiontes, como

    o caso de Paramecium bursaria. Assim como as bactrias, os protozorios podem ser aerbios

    ou anaerbios, exibir vida livre ou associar-se a outros organismos. A locomoo um critrio

    muito importante na diferenciao dos grupos de protozorios. Estes podem se locomover por

    meio de pseudpodos, flagelos e clios. Os protozorios se reproduzem assexuada e

    sexuadamente.

    Fonte:http://fotos.sapo.pt/carlosb

    erardo/p

    ic/0

    000brhx/s500x500

    www.enq.ufsc.br/.../CIANOBACTE

    RIAS.jpg

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 37

    Figura 18Figura 18Figura 18Figura 18. . . . Ilustrao de protozorios (A) e euglena (B)

    Fonte: www.enq.ufsc.br/.../microorgan

    ismos/PR

    OTOZ1.jpg

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    4. Caractersticas de qualidade da gua para abastecimento

    pblico

    4.1. Principais caractersticas fsicas da gua para uso urbano

    A percepo do homem nas alteraes da qualidade da gua atravs de seus sentidos d-se

    pelas caractersticas fsicas da gua, pois se espera que essa seja transparente, sem cor e sem

    cheiro. Na verdade, na natureza a gua usualmente possui cor, cheiro e at mesmo gosto.

    Temperatura: Temperatura: Temperatura: Temperatura: medida da intensidade de calor; um parmetro importante, pois, influi em

    algumas propriedades da gua (densidade, viscosidade, oxignio dissolvido), com reflexos

    sobre a vida aqutica. Vai interferir nos processos biolgicos, reaes qumicas e bioqumicas.

    A temperatura pode variar em funo de fontes naturais (energia solar) e fontes antropognicas

    (despejos industriais e guas de resfriamento de mquinas).

    Sabor e odor: Sabor e odor: Sabor e odor: Sabor e odor: a gua pura no produz sensao de odor ou sabor nos sentidos humanos.

    Os produtos que conferem odor ou sabor resultam de causas naturais (algas, vegetao em

    decomposio, bactrias, fungos, compostos orgnicos, tais como sulfatos, e artificiais

    (esgotos domsticos e industriais).

    A deteco de sabor e odor e sua quantificao difcil pois depende exclusivamente da

    sensibilidade dos sentidos humanos. Outra dificuldade que esta sensibilidade varia de

    indivduo para indivduo e tende a diminuir com a constante exposio.

    Turbidez: Turbidez: Turbidez: Turbidez: a alterao da penetrao da luz pela presena de matria em suspenso na gua,

    como argila, silte, plancton, substncias orgnicas finamente divididas, organismos

    microscpicos e outras partculas. O aumento da turbidez reduz a zona euftica, que onde

    penetra a luz e ocorre a fotossntese.

    Com o aumento da temperatura, a solubilidade dos gases diminui e a dos sais minerais

    aumenta. A temperatura influencia ainda o crescimento microbiolgico, pois cada

    microrganismo possui uma faixa ideal de temperatura de crescimento.

    Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.

    A turbidez tambm um parmetro que indica a qualidade esttica das guas para abastecimento

    pblico. O padro de potabilidade de 1,0 NTU. Para a sada dos filtros a turbidez deve ser no mximo

    2,0 NTU (filtrao lenta) e 1,0 NTU (filtrao rpida).

  • Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 39

    CONSEQUNCIAS DA TURBIDEZ

    A turbidez, alm de reduzir a penetrao da luz solar na coluna dgua, prejudicando a

    fotossntese das algas e plantas aquticas submersas, pode recobrir os ovos dos peixes e os

    invertebrados bnticos (que vivem no fundo). Os sedimentos em suspenso podem carrear

    nutrientes e pesticidas, obstruindo as guelras dos peixes, e at interferir na habilidade do peixe

    em se alimentar e se defender dos seus predadores. As partculas em suspenso localizadas

    prximo superfcie podem absorver calor adicional da luz solar, aumentando a temperatura

    da camada superficial da gua. A turbidez (Figura 19) tambm prejudica a ao dos agentes

    desinfetantes, como o cloro, por exemplo, pois acaba protegendo certos microorganismos da

    ao destes agentes. Alm disso, causa mau aspecto gua, tornando-a turva.

    Figura Figura Figura Figura 19191919. . . . Turbidmetro e amostras de gua com diferentes graus de turbidez

    Cor: Cor: Cor: Cor: o resultado principalmente dos processos de decomposio que ocor