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Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento.
Guia do profissional em treinamento Nvel 2
Abastecimento de gua
Guia do profissional em treinamento
-
Promoo Rede Nacional de Capacitao e Extenso Tecnolgica em Saneamento Ambiental ReCESA
Realizao Ncleo Regional Sudeste NUCASE compartilhado com Ncleo Regional Nordeste - NURENE
Instituies integrantes do NURENE Universidade Federal da Bahia (lder) | Universidade Federal do Cear | Universidade Federal da Paraba | Universidade Federal de Pernambuco
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministrio da Cincia e Tecnologia I Fundao Nacional de Sade do Ministrio da Sade I Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministrio das Cidades
Apoio organizacional Programa de Modernizao do Setor de Saneamento PMSS
Comit gestor da ReCESA Comit consultivo da ReCESA
- Ministrio das Cidades;
- Ministrio da Cincia e Tecnologia;
- Ministrio do Meio Ambiente;
- Ministrio da Educao;
- Ministrio da Integrao Nacional;
- Ministrio da Sade;
- Banco Nacional de Desenvolvimento
Econmico Social (BNDES);
- Caixa Econmica Federal (CAIXA).
Parceiros do NURENE
- ARCE Agncia Reguladora de Servios Pblicos Delegados do Estado do Cear - Cagece Companhia de gua e Esgoto do Cear - Cagepa Companhia de gua e Esgotos da Paraba - CEFET Cariri Centro Federal de Educao Tecnolgica do Cariri/CE - CENTEC Cariri Faculdade de Tecnologia CENTEC do Cariri/CE - Cerb Companhia de Engenharia Rural da Bahia - Compesa Companhia Pernambucana de Saneamento - Conder Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia - EMASA Empresa Municipal de guas e Saneamento de Itabuna/BA - Embasa Empresa Baiana de guas e Saneamento - Emlur Empresa Municipal de Limpeza Urbana de Joo Pessoa - Emlurb / Fortaleza Empresa Municipal de Limpeza e Urbanizao de Fortaleza - Emlurb / Recife Empresa de Manuteno e Limpeza Urbana do Recife - Limpurb Empresa de Limpeza Urbana de Salvador - SAAE Servio Autnomo de gua e Esgoto do Municpio de Alagoinhas/BA - SANEAR Autarquia de Saneamento do Recife - SECTMA Secretaria de Cincia, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco - SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia - SEINF Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura de Fortaleza - SEMAM / Fortaleza Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano - SEMAM / Joo Pessoa Secretaria Executiva de Meio Ambiente - SENAC / PE Servio Nacional de Aprendizagem Comercial de Pernambuco - SENAI / CE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial do Cear - SENAI / PE Servio Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco - SEPLAN Secretaria de Planejamento de Joo Pessoa - SUDEMA Superintendncia de Administrao do Meio Ambiente do Estado da Paraba - UECE Universidade Estadual do Cear - UFMA Universidade Federal do Maranho - UNICAP Universidade Catlica de Pernambuco - UPE Universidade de Pernambuco
- Associao Brasileira de Captao e Manejo de gua de Chuva ABCMAC
- Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental ABES
- Associao Brasileira de Recursos Hdricos ABRH
- Associao Brasileira de Resduos Slidos e Limpeza Pblica ABLP
- Associao das Empresas de Saneamento Bsico Estaduais AESBE
- Associao Nacional dos Servios Municipais de Saneamento ASSEMAE
- Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educao Tecnolgica CONCEFET
- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA
- Federao de rgo para a Assistncia Social e Educacional FASE
- Federao Nacional dos Urbanitrios FNU
- Frum Nacional de Comits de Bacias Hidrogrficas FNCBHS
- Frum Nacional de Pr-Reitores de Extenso das Universidades Pblicas Brasileiras
FORPROEX
- Frum Nacional Lixo e Cidadania L&P
- Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental FNSA
- Instituto Brasileiro de Administrao Municipal IBAM
- Organizao Pan-Americana de Sade OPAS
- Programa Nacional de Conservao de Energia PROCEL
- Rede Brasileira de Capacitao em Recursos Hdricos Cap-Net Brasil
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Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento.
Guia do profissional em treinamento Nvel 2
Abastecimento de gua
Guia do profissional em treinamento
-
(Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB - 14/071)
Todos os Direitos Reservados - Proibida a produo total ou parcial, de qualquer
forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos de autor (Lei n. 9.610/98) crime
estabelecido pelo art. 184 do Cdigo Penal.
Impresso no Brasil
S623 Miranda, Luis Alcides Schiavo
Sistemas e processos de tratamento de guas de abastecimento / Luis Alcides Schiavo Miranda e Luis Olinto Monteggia. - Porto Alegre: (S. n.), 2007.
148p. 1. gua - Tratamento. 2. gua - Qualidade. 3. gua - Purificao 4.
Abastecimento de gua - Aspectos ambientais. I.Monteggia, Luiz Olinto.
CDU 628.16
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Apresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESAApresentao da ReCESA
A criao do Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades Ministrio das Cidades no
Governo do Presidente Luiz Incio Lula
da Silva, em 2003, permitiu que os
imensos desafios urbanos passassem a
ser encarados como poltica de Estado.
Nesse contexto, a Secretaria Nacional Secretaria Nacional Secretaria Nacional Secretaria Nacional
de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental de Saneamento Ambiental (SNSA)
inaugurou um paradigma que inscreve
o saneamento como poltica pblica,
com dimenso urbana e ambiental,
promotora de desenvolvimento e
reduo das desigualdades sociais.
Uma concepo de saneamento em que
a tcnica e a tecnologia so colocadas a
favor da prestao de um servio
pblico e essencial.
A misso da SNSA ganhou maior
relevncia e efetividade com a agenda
do saneamento para o quadrinio
2007-2010, haja vista a deciso do
Governo Federal de destinar, dos
recursos reservados ao Programa de
Acelerao do Crescimento (PAC), 40
bilhes de reais para investimentos em
saneamento.
Nesse novo cenrio, a SNSA conduz
aes de capacitao como um dos
instrumentos estratgicos para a
modificao de paradigmas, o alcance
de melhorias de desempenho e da
qualidade na prestao dos servios e a
integrao de polticas setoriais. O
projeto de estruturao da Rede de Rede de Rede de Rede de
Capacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso TecnolgicaCapacitao e Extenso Tecnolgica em em em em
Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental Saneamento Ambiental ReCESA ReCESA ReCESA ReCESA
constitui importante iniciativa nessa
direo.
A ReCESA tem o propsito de reunir um
conjunto de instituies e entidades
com o objetivo de coordenar o
desenvolvimento de propostas
pedaggicas e de material didtico,
bem como promover aes de
intercmbio e de extenso tecnolgica
que levem em considerao as
peculiaridades regionais e as diferentes
polticas, tcnicas e tecnologias
visando capacitar profissionais para a
operao, manuteno e gesto dos
sistemas e servios de saneamento.
Para a estruturao da ReCESA foram
formados Ncleos Regionais e um
Comit Gestor, em nvel nacional.
Por fim, cabe destacar que este projeto
tem sido bastante desafiador para
todos ns: um grupo
predominantemente formado por
profissionais da rea de engenharia
que compreendeu a necessidade de
agregar outros olhares e saberes, ainda
que para isso tenha sido necessrio
"contornar todos os meandros do rio,
antes de chegar ao seu curso
principal".
Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA Comit Gestor da ReCESA
-
NURENENURENENURENENURENE
O Ncleo Regional Nordeste (NURENE)
tem por objetivo o desenvolvimento de
atividades de capacitao de
profissionais da rea de saneamento,
em quatro estados da regio Nordeste
do Brasil: Bahia, Cear, Paraba e
Pernambuco.
O NURENE coordenado pela
Universidade Federal da Bahia (UFBA),
tendo como instituies co-executoras
a Universidade Federal do Cear (UFC),
a Universidade Federal da Paraba
(UFPB) e a Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
O NURENE espera que suas atividades
possam contribuir para a alterao do
quadro sanitrio do Nordeste e,
consequentemente, para a melhoria da
qualidade de vida da populao dessa
regio marcada pela desigualdade
social.
Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do Coordenadores Institucionais do
NURENENURENENURENENURENE
NUCASULNUCASULNUCASULNUCASUL
O Ncleo Regional SUL (NUCASUL) tem
por objetivo o desenvolvimento de
atividades de capacitao de
profissionais da rea de saneamento,
em dois estados da regio Sul do Brasil:
Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O NUCASUL coordenado pela
Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), tendo como instituies co-
executoras a Universidade do Vale do
Rio dos Sinos, Universidade de Caxias
do Sul e a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
O NUCASUL espera contribuir para a
qualificao profissional, de todos os
envolvidos no setor de saneamento, de
modo a refletir na melhoria da
qualidade dos servios ofertados.
-
Os Guias Os Guias Os Guias Os Guias
A coletnea de materiais didticos
produzidos pelo NURENE composta
de 19 guias que sero utilizados nas
Oficinas de Capacitao para
profissionais que atuam na rea de
saneamento. Quatro guias tratam de
temas transversais, quatro abordam o
manejo das guas pluviais, trs esto
relacionados aos sistemas de
abastecimento de gua, trs so sobre
esgotamento sanitrio e cinco versam
sobre o manejo dos resduos slidos e
limpeza pblica.
O pblico alvo do NURENE envolve
profissionais que atuam na rea dos
servios de saneamento e que possuem
um grau de escolaridade que varia do
semi-alfabetizado ao terceiro grau.
Os guias representam um esforo do
NURENE no sentido de abordar as
temticas de saneamento segundo uma
proposta pedaggica pautada no
reconhecimento das prticas atuais e
em uma reflexo crtica sobre essas
aes para a produo de uma nova
prtica capaz de contribuir para a
promoo de um saneamento de
qualidade para todos.
Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de Equipe da Central de Produo de
Material Didtico Material Didtico Material Didtico Material Didtico CPMD CPMD CPMD CPMD
Apresentao daApresentao daApresentao daApresentao da
rearearearea temticatemticatemticatemtica
Abastecimento Abastecimento Abastecimento Abastecimento
de guade guade guade gua
Um dos desafios que se apresenta hoje
para o saneamento a adoo de
tecnologias e prticas para o uso
racional dos recursos hdricos e
controle de perdas em sistemas de
abastecimento. Em termos qualitativos,
exige-se a preservao dos mananciais
e o controle da qualidade da gua para
consumo humano. O atendimento a
esses requisitos proporcionar uma
maior eficincia e eficcia dos sistemas
de abastecimento de gua, garantindo,
conseqentemente, o direito social
gua.
Conselho Editorial de Abastecimento de
gua
-
NUCASULNUCASULNUCASULNUCASUL
Ncleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso TecnolgicaNcleo Sul de Capacitao e Extenso Tecnolgica
em Sanem Sanem Sanem Saneamento Ambientaleamento Ambientaleamento Ambientaleamento Ambiental
COORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSCCOORDENADOR UFSC
Armando Borges de Castilhos Jnior
COORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGSCOORDENADOR UFRGS
Luiz Olinto Monteggia
COORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOSCOORDENADORA UNISINOS
Luciana Paulo Gomes
COORDENADORA UCSCOORDENADORA UCSCOORDENADORA UCSCOORDENADORA UCS
Cludia Echevengu Teixeira
COORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSOCOORDENADOR DO CURSO
SISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENSISTEMAS E PROCESSOS DE TRATAMENTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTOTO DE GUAS DE ABASTECIMENTO
Maurcio Luiz Sens (UFSC)
ORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDOORGANIZAO DO CONTEDO
Luis Alcides Schiavo Miranda (UNISINOS)
Luiz Olinto Monteggia (UFRGS)
COLABORADORCOLABORADORCOLABORADORCOLABORADOR
Ramon Lucas Dalsasso
Informaes:Informaes:Informaes:Informaes:
www.ens.ufsc.br
www.nucasul.ufsc.br
Fone: 48 37219597
Fone: 48 37217754
Projeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capaProjeto grfico, diagramao e capa
Studio S Diagramao & Arte Visual
(48) 30253070 [email protected]
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Sumrio
1. Situao atual e importncia das guas .............................................................................12
1.1. Importncia da gua. .................................................................................................12
1.2. Necessidade de gua x Disponibilidade na Natureza. ..................................................12
1.3. Populao e Demanda ................................................................................................12
2. Principais fontes e usos da gua........................................................................................16
2.1. guas Superficiais......................................................................................................16
2.2. gua Subterrnea ......................................................................................................17
2.3. gua de uso Municipal ...............................................................................................23
3. Biologia da gua ...............................................................................................................30
3.1. Bactrias e fungos......................................................................................................32
3.2. Algas.........................................................................................................................36
3.3. Protozorios e animais multicelulares .........................................................................36
4. Caractersticas de qualidade da gua para abastecimento pblico ......................................38
4.1. Principais caractersticas fsicas da gua para uso urbano............................................38
4.2 Principais caractersticas qumicas da gua para uso urbano.........................................44
4.3 Principais caractersticas biolgicas da gua para uso urbano.......................................49
5. Processos de Tratamento de gua.....................................................................................50
5.1. Tratamento Fsico ......................................................................................................50
5.2. Mistura ......................................................................................................................51
5.3. Coagulao/Floculao ..............................................................................................60
5.4. Sedimentao ............................................................................................................74
5.5. Sedimentao acelerada .............................................................................................76
6. Preparao e padronizao de uma soluo 0,1 M de cido Clordrico................................91
6.1. Objetivos ...................................................................................................................91
6.2. Trabalho Proposto......................................................................................................91
6.3. Materiais e Reagentes ................................................................................................91
6.4. Procedimento Experimental ........................................................................................91
7. Aula prtica: coagulao/ floculao .................................................................................95
7.1. Consideraes ...........................................................................................................95
7.2. Prova de clarificao dosagem tima........................................................................96
7.3. Procedimento Experimental ........................................................................................96
8. Discusso das Prticas de Laboratrio ...............................................................................99
9. Filtrao .........................................................................................................................101
9.1. Teoria da Filtrao ...................................................................................................101
9.2. Materiais Filtrantes...................................................................................................112
10. Aula prtica filtro rpido de fluxo ascendente .............................................................116
10.1. Consideraes .......................................................................................................116
10.2. Prova de filtrao filtro rpido de fluxo ascencional ..............................................116
10.3. Procedimento Experimental Montagem do filtro e carreira de filtrao...................116
11. Tipos de Lodo e Fonte de Slidos ..................................................................................119
11.1. Quantidade de Lodo...............................................................................................123
11.2. Mtodos de Processamento ....................................................................................123
-
12. Filtrao Por Membranas...............................................................................................125
12.1. Fundamentos .........................................................................................................125
12.2. Osmose Reversa.....................................................................................................128
13. Desinfeco..................................................................................................................132
13.1. Finalidades e mtodos............................................................................................132
13.2. Equipamentos dosadores .......................................................................................133
13.3. Clorao ................................................................................................................134
13.4. Fatores que afetam a desinfeco com cloro ...........................................................135
13.5. Residual de cloro ...................................................................................................136
13.6. Curva de Breakpoint ...............................................................................................136
14. Disposio dos rejeitos de estaes de tratamento de gua ...........................................137
14.1. Condicionamento qumico do lodo de ETA ..............................................................141
14.2. Mtodos de Tratamento e Disposio Final dos Lodos de ETAs ................................141
14.3. Lanamento dos lodos de ETAs em ETEs .................................................................142
14.4. Adio do lodo seco ao concreto ............................................................................143
14.5. Fabricao de componentes cermicos ...................................................................143
14.6. Matria-prima na indstria do cimento ...................................................................144
14.7. Alguns estudos em desenvolvimento atualmente no Brasil.......................................144
Referncias Bibliograficas ...................................................................................................144
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 12
1. Situao atual e importncia das guas
1.1. Importncia da gua.
O abastecimento com gua de boa qualidade um dos fatores mais importantes para o
desenvolvimento das sociedades modernas, estando diretamente relacionado ao controle e
eliminao de doenas, bem como ao aumento da qualidade de vida das populaes. O baixo
custo da gua permite que indivduos e comunidade se beneficiem e usem a gua para diversos
fins, inclusive como um veculo carreador dos despejos domsticos. O uso indiscriminado da
gua tem levado ao surgimento de efeitos indesejveis, principalmente no que diz respeito ao
volume de esgotos produzidos pelas comunidades. Dados revelam que muitas residncias
poderiam reduzir o consumo de gua entre 10 e 25%, sem mudanas significativas da
qualidade de vida. Entretanto, redues dessa magnitude no so possveis em todos os
lugares, pois a aridez e as secas em muitas partes do mundo obrigam as comunidades a
sobreviverem em condies, onde a reduo do consumo impossvel, por exemplo na regio
Sub-Saariana, onde o uso de esgotos tratados poderia representar uma grande alternativa,
capaz de viabilizar atividades como agricultura,comrcio e atividades industriais.
A crescente expanso demogrfica e industrial observada nas ltimas dcadas trouxe como
conseqncia o comprometimento das guas dos rios, lagos e reservatrios. A falta de recursos
financeiros nos pases em desenvolvimento tem agravado esse problema, pela impossibilidade
da aplicao de medidas corretivas para reverter a situao.
1.2. Necessidade de gua x Disponibilidade na Natureza.
A necessidade de gua varia com a cultura, geografia, tipo de comunidade e a estao do ano.
As disponibilidades de gua doce na natureza so limitadas pelo alto custo da sua obteno
nas formas menos convencionais, como o caso da gua do mar e das guas subterrneas.
Deve ser, portanto, da maior prioridade, a preservao, o controle e a utilizao racional das
guas doces superficiais.
A boa gesto da gua deve ser objeto de um plano que contemple os mltiplos usos desse
recurso, desenvolvendo e aperfeioando as tcnicas de utilizao, tratamento e recuperao de
nossos mananciais. A poluio das guas gerada principalmente por efluentes domsticos
(poluentes orgnicos biodegradveis, nutrientes e bactrias), efluentes industriais (poluentes
orgnicos e inorgnicos, dependendo da atividade industrial) e carga difusa urbana e agrcola
(poluentes advindos da drenagem destas reas: fertilizantes, defensivos agrcolas, fezes de
animais e material em suspenso).
1.3. Populao e Demanda
Vivemos num mundo em que a gua se torna um desafio cada vez maior. A cada ano, mais 80
milhes de pessoas clamam por seu direito aos recursos hdricos da Terra. Infelizmente, quase
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 13
VVVVOC SABIA?OC SABIA?OC SABIA?OC SABIA?
A gua necessria para produzir os gros e outros alimentos importados pela frica do norte e
Oriente Mdio, no ano passado, foi aproximadamente igual vazo anual do Nilo. Em outras
palavras, o dficit hdrico acelerado dessa regio igual a outro Nilo fluindo na regio, sob a forma
de gros importados.
todos os 3 bilhes de habitantes que devem ser adicionados populao mundial no prximo
meio sculo nascero em pases que j sofrem de escassez de gua. J nos dias de hoje, muitas
pessoas nesses pases carecem do lquido para beber, satisfazer suas necessidades higinicas e
produzir alimentos.
Em 2050, a populao da ndia dever crescer em mais 519 milhes de pessoas. A da China,
em mais 211 milhes. O Paquisto dever ter quase 200 milhes adicionais, crescendo dos 151
milhes atuais para 348 milhes. Egito (Figura 1), Ir e Mxico esto destinados a aumentar sua
populao em mais da metade at 2050. Nesses e em outros pases carentes de gua o
crescimento populacional est condenando milhes de pessoas indigncia hidrolgica, uma
forma de pobreza da qual muito difcil escapar.
J com a populao atual, de 6 bilhes, o mundo tem um imenso dficit hdrico. Por meio de
dados sobre a extrao excessiva na China, ndia, Arbia Saudita, frica do Norte e Estados
Unidos, Sandra Postel, autora de Pillar of Sand: Can the Irrigation Miracle Last, calcula a
exausto anual dos aqferos em 160 bilhes de metros cbicos ou 160 bilhes de toneladas.
Tomando-se uma base emprica de mil toneladas de gua para produzir 1 tonelada de gros,
esses 60 bilhes de toneladas de dficit hdrico equivalem a 160 milhes de toneladas de
gros, ou metade da colheita dos Estados Unidos.
Figura 1Figura 1Figura 1Figura 1. Vista do Rio Nilo, Egito.
Na mdia per capita mundial do consumo de gros, de pouco mais de 300 quilos por pessoa
por ano, isso alimentaria 480 milhes de pessoas. Em outras palavras, 480 milhes das 6
bilhes de pessoas do mundo esto sendo alimentadas com gros produzidos atravs do uso
insustentvel da gua.
Fonte: www.fotosm
undo.com
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 14
A extrao excessiva um fenmeno novo, em geral restrito ultima metade do sculo. S
aps o desenvolvimento de bombas poderosas a diesel ou eltricas, tivemos a capacidade de
extrair gua dos aqferos com uma rapidez maior do que sua recarga pela chuva.
Aproximadamente 69% da gua consumida mundialmente, incluindo a desviada dos rios e a
bombeada do subsolo, so utilizados para irrigao. Cerca de 23% para as indstrias e 8%, para
as residncias (Figura 2). Na competio cada vez mais intensa pela gua entre esses setores, a
agricultura quase sempre sai perdendo.
Figura 2. Figura 2. Figura 2. Figura 2. Principais usos da gua.
Alm do crescimento populacional, a urbanizao e a industrializao tambm ampliam a
demanda pelo produto. Conforme a populao rural, tradicionalmente dependente do poo da
aldeia, muda-se para prdios residenciais urbanos com gua encanada, o consumo de gua
residencial pode facilmente triplicar. A industrializao consome ainda mais gua que a
urbanizao.
medida que as pessoas ascendem na cadeia alimentcia e passam a consumir mais carne
bovina, suna, aves, ovos e laticnios, consomem mais gros. Uma dieta americana rica em
produtos pecurios requer 800 quilos de gros por pessoa por ano, enquanto as dietas na
ndia, dominadas por uma alimentao bsica de amidos como arroz, caracteristicamente
necessitam apenas de 200 quilos. O consumo quatro vezes maior de gros por pessoa significa
igual crescimento no consumo de gua.
Figura 3. Figura 3. Figura 3. Figura 3. Represa Billings, SP.
Fonte: Corsan
, RS.
Fonte: www.agua.bio.br
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 15
medida que aumenta a demanda de gua pelas cidades e indstrias da regio, ela atendida
pelo desvio da gua de irrigao. A perda da capacidade de produo de alimentos ento
compensada pela importao de gros do exterior. a forma mais eficiente de comprar gua,
uma vez que 1 tonelada de gros representa mil toneladas do lquido.
No ano passado, o Ir importou 7 milhes de toneladas de trigo, ultrapassando o Japo e
tornando-se o maior importador mundial de trigo. Neste ano, projeta-se que o Egito tambm
ultrapasse o Japo. Ir e Egito tm uma populao de quase 70 milhes cada. Em ambos os
pases essa populao est aumentando em mais de 1 milho de pessoas por ano, e os
mananciais esto sendo pressionados ao limite.
Para pensar...
So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !So Paulo s tem gua at 2010 !
A crise de gua que a Grande So Paulo vive hoje no a
primeira nem ser a ltima. Por causa de limites naturais
na disponibilidade hdrica, da poluio de rios e represas,
da ocupao desordenada de mananciais, do descaso no
uso e da falta de polticas eficientes para reeducar o
consumo e reduzir perdas, a regio s tem gua
garantida at 2010. A cada ano, so necessrios mais
2.000 l/s para abastecer a Grande So Paulo, sobretudo
por causa da entrada de novos consumidores, com o
crescimento populacional na periferia.
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 16
Fonte: www.ana.gov.br
2. Principais fontes e usos da gua
A purificao da gua um processo que consiste no tratamento da gua, a fim de remover os
contaminantes que eventualmente contenha, tornando-a potvel, isto , prpria para o
consumo humano.
Segundo Richter & Azevedo Neto (1991), a deciso mais importante em um projeto de
abastecimento de gua a que se refere ao manancial a ser adotado. Sempre que houver duas
ou mais fontes possveis, a sua seleo deve se apoiar em estudos amplos, que no se
restrinjam exclusivamente aos aspectos econmico-financeiros. A qualidade da gua, as
tendncias futuras relativas sua preservao e as condies de segurana devem tambm ser
pesadas.
A avaliao da qualidade da gua no pode ser feita com base em uma nica anlise, no s
porque as caractersticas da gua so variveis durante o tempo, como tambm porque as
analises esto sujeitas a flutuaes e erros.
A noo de que possvel tratar qualquer gua, e de que o tratamento pode resolver qualquer
problema, precisa ser reconsiderada, tendo em vista a praticabilidade, os custos e a segurana
permanente.
Dependendo da fonte da gua, uma grande variedade de tcnicas poder ser empregada para
esse fim. A gua para consumo pblico ou privado pode ser obtida de diversas fontes:
2.1. guas Superficiais
gua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevgua de lagos e reservatrios elevados ados ados ados localizados na superfcie
terrestre, em reas elevadas, onde so restritas as possibilidades
de contaminao.
guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie guas de rios, canais e reservatrios de plancie na superfcie
terrestre (Figura 4), em reas mais baixas, onde so maiores as
possibilidades de contaminao (carga bacteriana mais elevada,
algas, slidos em suspenso e substncias diversas dissolvidas).
Figura 4. Figura 4. Figura 4. Figura 4. Vista do Pantanal Matogrossense.
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 17
2.2. gua Subterrnea
Os reservatrios de guas subterrneas so chamados de lenis. Essas guas podem estar
acumuladas em dois tipos de lenis: o fretico ou o cativo.
O lenol fretico caracteriza-se por est assentado sobre uma camada impermevel de sub-
solo, rocha por exemplo, e submetido a presso atmosfrica local. O lenol cativo caracteriza-
se por est confinado entre duas camadas impermeveis de crosta terrestre e submetido a uma
presso superior a presso atmosfrica local.
A captao do lenol fretico pode ser executada por galerias filtrantes (Figura 5), drenos,
fontes ou poos frticos. O emprego de galerias filtrantes caracterstico de terrenos
permeveis (Figura 5), mas de pequena espessura (aproximadamente de um a dois metros)
onde h necessidade de se aumentar a rea vertical de captao para coleta de maior vazo
(Figura 6). Estas galerias em geral so tubos furados, que convergem para um poo de reunio,
de onde a gua retirada em geral por bombeamento, no sendo incomuns outros mtodos
mais rudimentares.
Figura 5. Figura 5. Figura 5. Figura 5. Posio da galeria filtrante
SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:
OrigeOrigeOrigeOrigem do nome Artesianom do nome Artesianom do nome Artesianom do nome Artesiano
A designao artesiano datada do sculo XII, derivada do nome da cidade de Artois, Frana, onde
historicamente em 1126, foi perfurado com sucesso pela primeira vez, um poo desta natureza. Um dos
poos artesianos mais famosos da histria, principalmente pelo seus registros de sondagens, etapas de
perfurao e mtodos de recuperao de ferramentas, o de Grenelle, prximo a Paris, perfurado de
1833 a 1841, com 549 metros de profundidade, permaneceu por mais de 15 anos como o mais profundo
do mundo; outro famoso poo prximo a Paris o de Passy, concludo em 1857, com 0,70m de dimetro
e produo de 21.150 m3/dia a uma altura de 16,50 metros acima do solo.
Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/saneamen
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Figura 6. Figura 6. Figura 6. Figura 6. Detalhe para construo da galeria filtrante.
A captao de lenis cativos normalmente feita atravs de poos artesianos e, mais
raramente, por fontes de encosta.
As guas subterrneas representam a maior reserva de gua doce do globo. Os aqferos, onde
ficam os reservatrios, podem ser confinados (com presso superior atmosfrica) ou no (a
gua no est sob presso).
Devido degradao de sua qualidade, que se acentuou a partir da II Guerra Mundial, a gua
doce lquida que circula em muitas regies do mundo j perdeu sua caracterstica especial de
recurso renovvel, em particular nos pases ditos do Terceiro Mundo, na medida em que os
efluentes e/ou os resduos domsticos e industriais so dispostos no ambiente sem tratamento
ou de forma inadequada.
Alm dos desequilbrios da oferta de gua s populaes, a questo da disponibilidade e dos
conflitos pelo seu uso tambm apresentam seus aspectos preocupantes. Assim que alguns
pases apresentam escassez hdrica absoluta, tais como Kuwait, Egito, Arbia Saudita,
Barbados, Singapura e Cabo Verde; outros como Burundi, Arglia e Blgica padecem de seca
crnica.
Em regies como o semi-rido nordestino h o alerta de escassez e em vrios locais afloram
conflitos decorrentes de desequilbrios entre demanda e disponibilidade, tais como Madrid e
Lisboa pelo Rio Tejo, Sria e Israel pelo Rio Gol, Sria e Turquia, pelo Rio Eufrates, Iraque e
Turquia pelo Rio Eufrates, Tailndia e Laos pelo Rio Menkong, Barcelona e Alicante pelo Rio
Ebro, entre outros.
Diante desse cenrio turbulento, a gua subterrnea vem assumindo uma importncia cada vez
mais relevante como fonte de abastecimento devido a uma srie de fatores que restringem a
utilizao das guas superficiais, bem como ao crescente aumento dos custos da sua captao,
aduo e tratamento, a gua subterrnea est sendo reconhecida como alternativa vivel aos
Fonte: www.dec.ufcg.edu.br/saneamen
to/Imag
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usurios e tem apresentado uso crescente nos ltimos anos, obtidas atravs de poos bem
locados e construdos.
Alm dos problemas e facilidade de contaminao inerente s guas superficiais, o maior
interesse pelo uso da gua subterrnea vem sendo despertado, pela maior oferta deste recurso
e em decorrncia do desenvolvimento tecnolgico, o que promoveu uma melhoria na
produtividade dos poos e um aumento de sua vida til.
2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas S2.2.1 Fatores de Competitividade das guas Subterrneasubterrneasubterrneasubterrneas
Volumes estocados muito grandes e suas velocidades de fluxo muito baixas (cm/dia) resultam
em que o manancial pouco afetado pelas variaes sazonais de pluviometria, podendo
propiciar um abastecimento regular durante os perodos de seca ou estiagem prolongadas.
Pelo fato de ocorrerem no subsolo sob uma zona de material rochoso no-saturado ou
camadas rochosas pouco permeveis, as guas subterrneas encontram-se relativamente
melhor protegidas contra agentes potenciais ou efetivos de poluio.
Quando captadas de forma adequada, na sua utilizao, geralmente, no se tem custos de
clarificao, tratamento ou purificao, os processos de filtrao e biogeoqumicos de
depurao do subsolo proporcionam um alto nvel de purificao e potabilidade das guas
subterrneas.
A forma de ocorrncia extensiva possibilita sua captao nos locais onde so geradas as
demandas.
Os prazos de execuo das obras de captao so relativamente curtos, da ordem de dias at
alguns meses.
Os investimentos em geral so relativamente pequenos, variando entre dezenas a centenas de
milhares de reais.
Os aqferos no sofrem processos de assoreamento, nem perdem grandes volumes de gua
por evaporao.
No obstante o volume de gua doce estocado no subsolo representar mais de 95% desses
recursos disponveis para os homens atravs dos meios tecnolgicos atuais, os nveis de
utilizao de guas subterrneas no mundo em geral e, no Brasil em particular, so ainda
relativamente modestos e desigualmente distribudos, apesar do forte crescimento do consumo
nas ltimas dcadas nos pases desenvolvidos. A Primeira Conferncia Mundial da gua,
realizada em Mar del Plata em 1977, considerou que cerca de 70% das cidades carentes de gua
potvel no Terceiro Mundo poderiam ser abastecidas ou reforadas de forma mais barata e
rpida, utilizando-se guas subterrneas, como tambm a maioria das comunidades rurais.
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2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas2.2.2. Fatores de Risco para Utilizao das guas Subterrneas
a) O grande nmero de poos mal locados, construdos e operados sem manuteno, tornam a
produo de gua pelo poo incerta e com uma vida til curta, tornando seu uso uma
alternativa freqentemente de grande risco poltico, administrativo e financeiro para os
tomadores de deciso.
b) Falta de controle governamental faz com que qualquer indivduo, condomnio, indstria,
agricultor, empresa privada ou estatal possa construir um poo, freqentemente, pelo menor
preo e sem a tecnologia adequada.
c) Falta de estudos hidrogeolgicos bsicos, rede de monitoramento e de bancos de dados
consistentes e acessveis ao pblico.
2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico2.2.3. gua Subterrnea e Ciclo Hidrolgico
A gua subterrnea nada mais do que gua filtrada no subsolo, presente nos espaos
intergranulares dos solos ou nas fraturas das rochas. Para um melhor entendimento
fundamental a noo de Ciclo Hidrolgico.
Por efeito da radiao solar, as guas dos mares, rios e lagos evaporam-se e formam nuvens.
Estas, ao encontrarem correntes frias de ar ou baixas presses atmosfricas, condensam-se e
precipitam-se sob a forma de chuvas, granizo ou neve. Da gua precipitada, uma parte
evapora-se antes mesmo de atingir o prprio solo ou serem interceptadas pelas folhas dos
vegetais; e finalmente, outra parte infiltra-se no subsolo formando os reservatrios naturais de
gua subterrnea ou aqferos. A gua dos lagos, rios e mares ou emergente superfcie,
formando fontes. A gua dos lagos, rios e mares evapora-se outra vez e assim o ciclo
reiniciado.
2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas2.2.4. Captao de guas Subterrneas
Embora, teoricamente, a gua subterrnea esteja presente em qualquer lugar, isso no significa
que um poo possa ser localizado em qualquer lugar. A captao de gua subterrnea tem um
custo por vezes elevado e, portanto, no deve ser feita sem critrios. Existem fatores naturais
que condicionam a distribuio e concentrao da gua subterrnea em certos locais, de
maneira a melhorar o rendimento e a vazo do poo, tornando o empreendimento mais
proveitoso e evitando ou diminuindo a taxa de insucessos.
As guas subterrneas (Figura 7) so um recurso natural imprescindvel para a vida e para a
integridade dos ecossistemas, representando mais de 95% das reservas de gua doce
explorveis do globo. A gua subterrnea resulta da infiltrao da gua que provm da
precipitao e da alimentao direta dos rios e lagos. Mais de metade da populao mundial
depende das guas subterrneas.
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A gua armazena-se nos interstcios das formaes geolgicas (poros, cavidades, fissuras,
etc.).
Aqufero poroso aqufero que contm poros resultantes dos arranjos dos gros (Ex. areias).
Aqufero crsico aqufero que contm cavidades originadas por dissoluo da rocha que
permitem uma circulao rpida da gua (e.g. calcrios).
b) Aqufero fraturado ou fissurado aqfero cuja porosidade e permeabilidade esto
fundamentalmente relacionadas com fraturas que afetam o material de suporte
(Ex. granitos).
Figura 7. Figura 7. Figura 7. Figura 7. gua subterrnea e geologia.
2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas2.2.5. Qualidade das guas Subterrneas
A poluio das guas subterrneas pode ser, entre outras fontes, causada por:
Uso intensivo de adubos e pesticidas em atividades agrcolas;
Deposio de resduos industriais slidos e lquidos ou de produtos que podem ser
dissolvidos e arrastados por guas de infiltrao em terrenos muito vulnerveis;
Deposio de lixos urbanos em aterros;
Deposio de dejetos animais resultantes de atividades agropecurias;
Construo incorreta de fossas spticas;
A contaminao salina pelo avano da gua salgada motivada pela explorao intensiva
dos aquferos costeiros.
Na captao de gua subterrnea atravs de poos, no importante apenas o aspecto da
quantidade, isto , a vazo a ser obtida. A qualidade da gua subterrnea outro fator a ser
considerado, tendo em vista o uso proposto para a gua a ser captada.
A qualidade das guas subterrneas dada, a princpio, pela dissoluo dos minerais presentes
nas rochas que constituem os aqferos por ela percolados, podendo sofrer a influncia de
outros fatores como composio da gua de recarga, tempo de contato, gua/meio fsico, clima
e, at mesmo a poluio causada pelas atividades humanas.
Fonte: http://w
ww.aprh.pt/pdf/triptico
CEA
S.pdf
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SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:
Legislao: Resoluo N. 357 de 17.03.2005 (CONAMA), ou veja no site:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3
Devido ao maior contato com os materiais geolgicos, baixa velocidade de fluxo e maiores
presses e temperaturas, as guas subterrneas so geralmente mais mineralizadas do que as
guas superficiais. Pelas mesmas razes, possuem menores teores de matrias em suspenso e
matria orgnica, esta ltima devido ao dos microorganismos presentes no solo. Tambm,
devido as suas condies de circulao, as guas subterrneas tendem a possuir menor teor de
oxignio dissolvido do que as superficiais.
A qualidade definida pelas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas da gua. Dentro dos
valores encontrados para cada um destes parmetros, possvel estabelecer os diferentes usos:
consumo humano, irrigao, industrial e outros.
2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais2.2.6. Poluio dos Mananciais
Mananciais so fontes disponveis de gua determinados pelas condies locais, com os quais a
populao pode ser abastecida. Deve possuir quantidade e qualidade de gua adequada ao uso.
A tendncia do desenvolvimento urbano contaminar a rede de escoamento superficial com
despejo de esgotos cloacais e pluviais, inviabilizando o manancial e exigindo novos projetos de
captao de reas mais distantes, no contaminadas.
Principais fatores responsveis pela poluio dos mananciais das guas subterrneas:
O uso da fossa sptica contamina o lenol fretico.
O lixo contamina o aqfero pela lixiviao dos perodos chuvosos.
O vazamento da rede de esgotos cloacais e pluviais contamina o aqfero
com o despejo dos poluentes.
O uso de pesticidas e fertilizantes na agricultura.
Despejo de resduos de cargas industriais sobre reas de recarga, para depurao de
efluentes desse tipo, tende a contaminar guas subterrneas.
2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas su2.2.6.1. Contaminao em guas subterrneas bterrneas bterrneas bterrneas Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos:
a) O uso da fossa sptica contamina o lenol fretico.
b) O lixo contamina o aqfero pela lixiviao dos perodos chuvosos.
c) O vazamento da rede de esgotos cloacais e pluviais contamina o aqfero com o despejo
dos poluentes.
d) O uso de pesticidas e fertilizantes na agricultura.
e) Despejo de resduos de cargas industriais sobre reas de recarga, para depurao de
efluentes desse tipo, tende a contaminar guas subterrneas.
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2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais2.2.6.2. Contaminao em guas superficiais Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos: Principais aspectos:
a) Despejos de poluentes dos esgotos cloacais domsticos ou industriais.
b) Despejos de esgotos pluviais agregados com lixo urbano.
c) Escoamento superficial que drena reas agrcolas tratadas com pesticidas ou outros
compostos.
d) Frenagem da gua subterrnea contaminada que chega ao rio.
2.3. gua de uso Municipal
O sistema urbano tpico de uso da gua apresenta hoje um ciclo imperfeito, onde o processo de
produo de gua para o abastecimento urbano vai da captao at a distribuio (Figura 8). A
gua bombeada de uma fonte local, tratada, utilizada e, aps, retorna para o rio ou lago,
para ser bombeada novamente. Mas a gua que devolvida raramente tem as mesmas
qualidades que a gua receptora (ou a gua original, como foi extrada da natureza). Sais,
matria orgnica, calor e outros resduos que caracterizam a poluio da gua so agora
encontrados.
Figura Figura Figura Figura 8888. . . . Esquema simplificado do processo de tratamento de
gua para consumo urbano.
O desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal, provocando vrios efeitos que modificam
os componentes do ciclo hidrolgico natural. Com a urbanizao, a cobertura da bacia
alterada para pavimentos impermeveis e so introduzidos condutos para escoamento pluvial,
gerando as seguintes alteraes no referido ciclo:
Reduo da infiltrao do solo.
Aumento do escoamento superficial.
Reduo do escoamento subterrneo.
Reduo da evapotranspirao.
O impacto da urbanizao mais significativo, para precipitaes de maior freqncia, onde o
efeito da infiltrao mais importante. Para precipitaes de baixa freqncia, a relao entre
as condies naturais e a urbanizao relativamente menor.
Fonte: www.brasilescola.com/.../agua-
potavel.JPG
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Existem vrios elementos antrpicos que so introduzidos na bacia hidrogrfica:
Aumento da teAumento da teAumento da teAumento da temperaturamperaturamperaturamperatura: as superfcies impermeveis absorvem parte da energia solar,
aumentando a temperatura ambiente e produzindo ilhas de calor na parte central das
cidades, onde predomina o concreto e o asfalto, que, devido sua cor, absorve mais
energia solar do que as superfcies naturais e o concreto. medida que sua superfcie
envelhece, tende a escurecer e a aumentar a absoro de radiao solar.
Aumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slidoAumento de sedimentos e material slido: extremamente significativo devido aos
fatores: limpeza de terrenos para novos loteamentos, construo de ruas, avenidas e
rodovias, entre outras causas.
2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico2.3.1. gua de Uso Domstico
O desenvolvimento urbano brasileiro concentra-se em regies metropolitanas, na capital dos
estados e nas cidades plos regionais. Os efeitos desta realidade fazem-se sentir sobre todo
aparelhamento urbano relativo a recursos hdricos, ao abastecimento de gua, ao transporte e
ao tratamento de esgotos cloacal e pluvial.
Tabela 1. Tabela 1. Tabela 1. Tabela 1. Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.Disponibilidade e demanda de gua nas regies brasileiras.
medida que a cidade se urbaniza, geralmente ocorrem os seguintes impactos:
a) Aumento das vazes mximas.
b) Aumento da produo de sedimentos devido desproteo das superfcies e produo
de resduos slidos (lixo).
c) Deteriorao da qualidade da gua, devido lavagem das ruas, ao transporte de material
slido e a ligaes clandestinas de esgoto cloacal e pluvial.
2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial2.3.2. gua de Uso Industrial
Para se avaliar a qualidade de uma gua no preciso se conhecer todos os constituintes nela
presentes. As anlises de uma gua natural que se destina ao uso na indstria, bem como para
fins potveis, geralmente apresentam as seguintes determinaes:
a) Dureza total: a) Dureza total: a) Dureza total: a) Dureza total: caracterstica conferida a gua pela presena de alguns ons metlicos,
principalmente Ca++, Mg++ e, em menor grau Fe++ e S++. expressa em termos de mg/L de
CaCO3. guas duras tm a propriedade de impedir a formao de espuma pelos sabes. A
dureza pode ser classifica de duas maneiras: dureza dos ons metlicos (Clcio de Magnsio) e
dureza dos nions associados aos ons metlicos (carbonatos e no carbonatos). Do ponto de
vista de sade pblica no h objees ao consumo de guas duras.
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Quanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificamQuanto ao grau de dureza as guas classificam----se em:se em:se em:se em:
a) Moles: dureza inferior a 50 mg/L em CaCO3.
b) Dureza moderada: dureza entre 50 e 150 mg/L em CaCO3.
c) Duras: dureza entre 150 e 300 mg/L em CaCO3.
d) Dureza alta: dureza superior a 300 mg/L em CaCO3.
b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: b) Alcalinidade: a capacidade que certa gua tem de neutralizar cidos. Alcalinidade de guas
naturais est relacionada a presena de sais de cidos fracos, especialmente bicarbonatos de
Ca, Mg e Na, cujas concentraes em guas brutas variam de 10 a 30 ppm, resultantes da ao
da gua sobre os carbonatos presentes no solo, especialmente bicarbonato de clcio. Em
laboratrio determina-se alcalinidade total, alcalinidade de bicarbonatos e alcalinidade de
carbonatos. Para fins potveis a alcalinidade de uma gua no deve exceder a 250 ppm.
c)c)c)c) Sulfatos: Sulfatos: Sulfatos: Sulfatos: geralmente esto presentes como sulfato de Ca, Na e Mg. Suas concentraes
variam grandemente podendo apresentar valores de 5 a 200 ppm, dependendo da regio de
onde so originrias e geram os mesmos inconvenientes que a dureza da gua.
d) Slica solvel: d) Slica solvel: d) Slica solvel: d) Slica solvel: tambm chamada de slica reativa, geralmente est presente em guas brutas
na forma de cido silcico e silicatos solveis cuja concentrao pode variar de 2 a mais de 100
ppm. A slica em combinao com a dureza produz incrustaes durssimas e de difcil remoo
em superfcies de troca de calor, como as de uma caldeira ou trocador de calor. A slica em
guas potveis no apresenta inconvenientes nas concentraes em que normalmente
encontrada.
e) Cloretos: e) Cloretos: e) Cloretos: e) Cloretos: geralmente esto presentes nas guas brutas na forma de cloreto de sdio, clcio e
magnsio. Sua concentrao em gua doce pode variar desde 3 a algumas centenas de
ppm.Embora seja difcil imaginar existem guas onde sua concentrao atinge 1000 ppm. Na
gua do mar sua concentrao atinge valores de at 26000 ppm. Os cloretos provocam
corroso em certas circunstncias quando presentes em guas de caldeiras. Sua remoo pode
ser feita por desmineralizao ou evaporao. Para fins potveis sua concentrao mxima
permissvel em guas de 250 ppm.
f) Ferro: f) Ferro: f) Ferro: f) Ferro: encontrado nas guas naturais em concentraes que variam de 0,5 a 50 mg/L. um
elemento nutricional essencial ao ser humano. Quando presente na forma solvel incolor, se
oxidado pela ao de aerao ou adio de Cloro forma precipitado de cor avermelhada. OMS
no estabelece padres, embora cite que concentraes da ordem de 2 mg/L podem ser
consumidos sem risco para sade, mas adverte que concentraes inferiores podem levar a
rejeio da gua pelos consumidores devido a alteraes no sabor da gua.
g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: g) Gs Carbnico: apresenta-se dissolvido nas guas brutas. Sua concentrao pode varias de 2
a 15 ppm. Este gs dissolvido em gua altamente corrosivo ao ferro e a ligas de cobre que
constituem as tubulaes, aquecedores, condensadores, rotores de bombas, etc., de sistemas
de guas de alimentao quer sejam para fins industriais ou potveis. Pode ser removido das
guas brutas ou de alimentao por degaseificadores e desmineralizadores. Para fins potveis
este gs no apresenta inconvenientes nas concentraes em que normalmente encontrado.
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h) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvh) Oxignio dissolvido: ido: ido: ido: est presente na forma de O2. Sua concentrao pode atingir cerca de
10 ppm e em presena da gua altamente corrosivo ao ferro e ligas de cobre. Em guas
potveis no apresente problemas para o consumo.
i) Amonaco: i) Amonaco: i) Amonaco: i) Amonaco: apresenta-se muitas vezes dissolvido nas guas brutas em concentraes que
podem variar desde traos at cerca de 20 ppm. s vezes apresenta-se combinado na forma de
compostos orgnicos. O amonaco , na presen de oxignio dissolvido na gua corrosivo ao
cobre e suas ligas. Em concentraes muito altas corrosivo mesmo na ausncia de oxignio
dissolvido. Pode ser removido por clorao, desmineralisao e parcialmente por
degaseificadores. A presena de amonaco mesmo que em fraes de ppm em guas potveis
indesejvel, pois um indcio de poluio.
j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: j) Gs Sulfdrico: sua presena no muito freqente. Quando presente encontra-se na forma
livre de H2S em pequenas concentraes. Em presena de gua corrosivo ao ferro e ligas de
cobre. Pode ser removido por desmineralizao e parcialmente por desgaseificao. A presena
de H2S em guas potveis inadmissvel.
2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola2.3.3. gua de Uso Agrcola
A agricultura irrigada depende tanto da qualidade como da quantidade da gua, no entanto, o
aspecto da qualidade tem sido desprezado devido ao fato de que, no passado, em geral as
fontes de gua, eram abundantes, de boa qualidade e de fcil utilizao: esta situao, todavia,
est alterando-se em muitos lugares. Para evitar problemas conseqentes, deve existir um
planejamento efetivo que assegure o melhor uso possvel das guas, de acordo com sua
qualidade.
Pode-se definir a qualidade da gua por suas caractersticas fsicas, qumicas ou biolgicas,
sendo que na sua avaliao para irrigao os parmetros a serem analisados devem ser os
fsico-qumicos. A composio e qualidade das guas destinadas irrigao dependem da zona
climtica, da fonte da gua, do trajeto percorrido, da poca do ano e da geologia da regio.
A qualidade da gua de irrigao pode variar segundo o tipo e a quantidade de sais dissolvidos,
que so encontrados em quantidades pequenas, porm muitas vezes significativas, tendo sua
origem na intemperizao das rochas e dos solos, pela dissoluo lenta do calcrio e de outros
minerais, que so levados pelas guas de irrigao e se depositam no solo, acumulando
medida que a gua evapora ou consumida pela cultura.
Embora a fonte principal e mais direta de todos sais encontrados no solo seja a intemperizao
das rochas, raros so os exemplos em que a mesma tenha provocado, de forma direta,
problemas de salinidade no solo. Normalmente tais problemas so associados gua de
irrigao e presena de lenol fretico elevado. Os sais da gua de irrigao podem ser
provenientes, alm das fontes primrias como a rocha e o solo, mas tambm de gua de
drenagem e intruso salina. As guas que se destinam irrigao devem ser avaliadas
principalmente sob trs aspectos, considerados importantes na determinao da qualidade
agronmica das mesmas, sendo eles:
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Salinidade;
Sodicidade;
Toxidade de ons.
Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Tabela 2. Indicador de salinidade e grau de restrio ao das guas para uso agrcola.
O efeito da salinidade de natureza osmtica podendo afetar diretamente o rendimento das
culturas.
A sodicidade, determinada pela razo de adsoro de sdio (RAS) da gua de irrigao, se
refere ao efeito do sdio contido na gua de irrigao, que tende a elevar a porcentagem de
sdio trocvel no solo (PST), afetando a sua capacidade de infiltrao.
A toxicidade refere-se ao efeito de alguns ons sobre as plantas, sendo eles o cloreto, o sdio e
o boro, que quando encontrados em concentraes elevadas podem causar danos s culturas,
reduzindo sua produo. Tambm parmetros bsicos de avaliao, como a concentrao de
bicarbonatos e o aspecto sanitrio da gua devem ser considerados.
A concentrao total de sais na gua para irrigao normalmente expressa em relao sua
condutividade eltrica (CE), podendo ser determinada com rapidez e muita preciso.
SAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAISSAIBA MAIS::::
O O O O que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?que condutividade eltrica ?
uma propriedade inica que indica a capacidade de conduo de corrente eltrica na gua, tm
proporcionalidade direta com a concentrao de sais dissolvidos, crescendo com a temperatura e variando
com o tipo de sal dissolvido para uma mesma concentrao. Como h uma relao de proporcionalidade
entre o teor de sais dissolvidos e a condutividade eltrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de
condutividade de uma gua. A figura abaixo demonstra como atravs de um experimento simples
podemos entender melhor o que condutividade eltrica. A medida feita atravs de condutivmetro e a
unidade usada o MHO (inverso de OHM, unidade de resistncia). Como a condutividade aumenta com a
temperatura, usa-se 25C como temperatura padro, sendo necessrio fazer a correo da medida em
funo da temperatura se o condutivmetro no o fizer automaticamente. Para as guas subterrneas as medidas de condutividade so dadas em microMHO/cm.
OBS: No Sistema Internacional de Unidades, adotado pelo Brasil, a unidade de condutncia siemens,
abreviando-se S (maisculo). Para as guas subterrneas o correto seria nos referirmos a microsiemens
por centmetro (S/cm).
Poucas guas de uso em irrigao excedem cerca de 2 dS m-1 de condutividade eltrica, sendo
que uma gua de irrigao de boa qualidade deve apresentar uma CE de, aproximadamente,
0,75 dS m-1 .
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Os problemas de toxicidade e de salinidade se processam de forma distinta. A toxicidade
ocorre internamente na planta e no provocada pela falta de gua, normalmente, ela se
origina quando certos ctions, absorvidos pela planta com a gua do solo, so acumulados nas
folhas durante a transpirao, em quantidades suficientes para provocar danos. Os danos
podem reduzir significativamente os rendimentos e sua magnitude pende do tempo, da
concentrao dos ons, da sensibilidade das plantas e do uso de guas pelas culturas. Os ons
txicos contidos comumente nas guas de irrigao so o cloreto, o sdio e o boro e os danos
podem ser provocados individualmente ou em combinao.
Alm disso, a qualidade da gua envolve no somente problemas relacionados s culturas a
serem irrigadas mas tambm aos equipamentos utilizados para irrigao que podem sofrer
srios problemas de entupimentos. A gua leva partculas inorgnicas (ons, areia, limo e argila)
e orgnicas (como algas, sementes de ervas, pedaos de insetos, bactrias, fungos,
protozorios, etc.).
Problemas de precipitao na rede ocorrem quando a gua contm clcio, bicarbonatos, ferro,
mangans e sulfetos. O ferro e o mangans solveis precipitam devido a mudanas de
temperatura, presso, teor de oxignio, aumento no pH ou pela ao de bactrias, formando
um p e tornando a gua barrenta.
2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)2.3.4. gua para Balneabilidade (Lazer)
Balneabilidade a qualidade das guas destinadas recreao de contato primrio, sendo este
entendido como um contato direto e prolongado com a gua (natao, mergulho, esqui-
aqutico, etc), onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciveis de gua elevada.
Para sua avaliao necessrio o estabelecimento de critrios objetivos. Estes critrios devem
se basear em indicadores a serem monitorados e seus valores confrontados com padres pr-
estabelecidos, para que se possa identificar se as condies de balneabilidade em um
determinado local so favorveis ou no; pode-se definir, inclusive, classes de balneabilidade
para melhor orientao dos usurios.
2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade2.3.4.1. Fatores que influem na balneabilidade
O parmetro indicador bsico para a classificao das praias quanto a sua balneabilidade em
termos sanitrios a densidade de coliformes fecais. Diversos so os fatores que condicionam
a presena de esgotos nas praias:
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 29
SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:SAIBA MAIS:
A balneabilidade avaliada conforme a Resoluo CONAMA 274 de 29 de novembro de 2000, aps 5
semanas de coletas e anlises microbiolgicas para Coliformes Fecais, Escherichia coli e/ou Enterococos,
nos dias e locais de maior afluncia do pblico.
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano. cfm?codlegitipo=3
2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica2.3.4.2. Aspectos de sade pblica
Corpos dgua contaminados por esgoto domstico ao atingirem as guas das praias podem
expor os banhistas a bactrias, vrus e protozorios. Crianas e idosos, ou pessoas com baixa
resistncia, so as mais suscetveis a desenvolver doenas ou infeces aps terem nadado em
guas contaminadas.
As doenas relacionadas ao banho, em geral, no so graves. A doena mais comum associada
gua poluda por esgoto a gastroenterite. Ela ocorre numa grande variedade de formas e
pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjo, vmitos, dores de estmago,
diarria, dor de cabea e febre. Outras doenas menos graves incluem infeces de olhos,
ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a
doenas mais graves, como disenteria, hepatite A, clera e febre tifide.
Considerando-se as diversas variveis intervenientes na balneabilidade das praias e sua relao
com a possibilidade de riscos sade dos freqentadores, recomendvel:
A partir dos resultados das anlises de coliformes fecais das 5 semanas consecutivas, so
emitidos resultados na forma de boletins semanais. O boletim informa a qualidade das guas
quanto balneabilidade, que pode ser enquadrada nas categorias PRPRIA ou IMPRPRIA
para recreao de contato primrio. A categoria PRPRIA pode ser subdividida em classes:
EXCELENTE, MUITO BOA e SATISFATRIA.
Corpos dgua contaminados por esgoto domstico podem expor os banhistas a bactrias,
vrus e protozorios. Crianas e idosos, ou pessoas com baixa resistncia, so as mais
suscetveis a desenvolver doenas ou infeces aps terem nadado em guas contaminadas. A
doena mais comum associada gua poluda por esgoto a gastroenterite. Outras doenas
menos graves incluem infeces de olhos, ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito
contaminados os banhistas podem estar expostos a doenas mais graves, como disenteria,
hepatite A, clera e febre tifide.
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3. Biologia da gua
A vida se originou na gua e grande parte dos fenmenos vitais ainda ocorrem no ambiente
aqutico original, tais como a fotossntese e a mineralizao de compostos orgnicos. Os
fatores mais importantes que influenciam a populao de organismos que vivem no meio
aqutico so:
Presena ou ausncia de oxignio
Presena ou ausncia de luz
Temperatura
As guas superficiais, como as de rios e lagos, abrigam uma comunidade biolgica bastante
diversificada. Grande parte dessa biota constituda por organismos animais e vegetais
invisveis a olho nu. O conjunto desses organismos aquticos foi denominado de plncton, por
apresentar locomoo limitada, sendo arrastado pelos movimentos da gua.
Um lago tpico possui zonas distintas de comunidades biticas comunidades biticas comunidades biticas comunidades biticas relacionadas sua estrutura
fsica. A zona litornea fica prxima s margens e onde a luz solar penetra at o fundo,
permitindo assim a existncia de plantas aquticas ou macrfitas (emersas, flutuantes e
submersas) e delimitando a zona euftica.
A zona bntica formada pelos sedimentos e detritos que se acumulam no fundo do lago ou
reservatrio.
Figura 9Figura 9Figura 9Figura 9.... Zonas biticas componentes de um lago de gua doce.
O fitoplncton compreende bactrias de vida livre, fungos e algas. O zooplncton compreende
protozorios de vida livre, rotferos, cladceros, coppodos, larvas de alguns insetos e de
peixes nas primeiras etapas de desenvolvimento. Alm destes, os organismos que vivem
aderidos a superfcies so denominados perifiton.
Fonte:www.ufrrj.br/institutos/it/d
e/aciden
tes/zo
nas.gif
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O zooplncton (Figura 11) composto por um grupo de diferentes animais que vivem flutuando
em guas abertas ou associados s plantas aquticas nas margens de lagos e rios. So
organismos bastante pequenos, somente alguns atingem o tamanho mximo de 2 mm.
Possuem um desenvolvimento rpido, preferem a reproduo assexuada e o tempo necessrio
para o ovo se tornar um adulto leva de horas a alguns dias. Os jovens so miniaturas perfeitas
dos indivduos adultos. Alm de serem flutuantes, muitos desses animais conseguem viver em
outros tipos de ambientes, incluindo poas dgua, pedras, troncos e partes de plantas
submersas, alm dos espaos existentes entre os gros do sedimento do fundo de lagos e rios.
Muitos deles tambm so tolerantes poluio e considerados indicadores de qualidade da
gua. Esses animais comem de tudo, desde algas, outros rotferos menores, incluindo os seus
filhotes, at detritos e bactrias.
SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA SAIBA MAIS SOBRE A COMUNIDADE FITOPLANTNICA ....
Fitoplncton Fitoplncton Fitoplncton Fitoplncton representado por uma comunidade de diferentes organismos aquticos, entre estes as
algas [principalmente dos grupos Pyrrophyta Pyrrophyta Pyrrophyta Pyrrophyta (dinoflagelados) e Chrysophyta Chrysophyta Chrysophyta Chrysophyta (diatomceas)] cuja
presena e concentrao nos lagos e reservatrios, est fortemente associada ao estado trfico do
manancial. As algas (plantas inferiores que no apresentam organizao complexa do corpo e que
produzem a fotossntese) so importantes para o ecossistema lacustre porque:
Convertem material inorgnico em orgnico (atravs da fotossntese);
Oxigenam a gua (ainda atravs da fotossntese);
Servem como base essencial para a cadeia alimentar;
Afetam a quantidade de luz solar que penetra na coluna dgua.
Figura 10. Figura 10. Figura 10. Figura 10. Exemplos de comunidades fitoplantnicas.
Como muitas plantas superiores, as algas precisam de luz, de suprimento de nutrientes inorgnicos e
de faixas especficas de temperatura para crescerem e se reproduzirem. Dentre esses fatores, o suprimento de nutrientes, especialmente o Fsforo, ditar a evoluo do seu crescimento.
Fonte: www.ufrrj.br/institutos/
it/d
e/aciden
tes/zo
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Figura 11Figura 11Figura 11Figura 11. . . . Zooplancton.
Os cladceros alm de serem flutuantes, tambm vivem em regies mais rasas perto das
margens dos lagos e rios com plantas aquticas. Tambm so bastante pequenos (mximo de 3
mm), com rpido desenvolvimento. A reproduo bsica assexuada e sem larvas, e assim so
muito semelhantes aos rotferos. Grande parte dos cladceros so filtradores e se alimentam de
algas e detritos.
Os coppodos so flutuantes, alm de viverem associados s plantas aquticas, e mesmo em
terras midas. Algumas espcies so parasitas de peixes. Atingem tamanhos um pouco
maiores que os outros dois grupos, at poucos milmetros. A reproduo em geral sexuada,
com presena de machos e jovens diferentes (larvas). O tempo de desenvolvimento do ovo ao
adulto pode levar de uma semana a um ms. A alimentao composta por algas e detritos.
Alguns tipos de organismos so carnvoros e at canibais.
Os organismos do plncton so importantes no abastecimento de guas, pois:
interferem nos sistemas de tratamento;
produzem substncias txicas para os seres humanos;
abrigam germes que so patognicos;
contribuem para formao de matria orgnica que pode ser transformada em
compostos halogenados durante a clorao
O estudo e o reconhecimento desses pequenos animais flutuantes so relevantes. Esses
organismos se reproduzem de forma contnua e, geralmente, sem interrupo, e a maioria
apresenta um ciclo de vida curto, de horas/dias a algumas semanas. Devido a esse
comportamento, torna-se possvel uma resposta rpida dos organismos frente s alteraes do
ambiente aqutico, inclusive s de qualidade de gua.
3.1. Bactrias e fungos
As bactrias so seres unicelulares (uma nica clula), procariticos (no possuem membrana
nuclear) e microscpicos, que podem viver em qualquer ambiente. A maioria das bactrias
Fonte: www.ufrrj.br/institutos/it/d
e/aciden
tes/
zonas.gif
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aquticas no ultrapassa 1 micrmetro (m), embora algumas delas possam medir vrios
micrmetros.
As bactrias recebem nomes especiais, de acordo com suas diferentes morfologias (formas),
conforme observado nas figuras 13 e 14. Se o formato esfrico, so chamadas cocos. Estes
podem estar isolados ou viver em grupos. Se tiverem forma de bastonete, so chamadas de
bacilos. Se a forma for de espiral, chama-se espirilo. Caso a bactria se assemelhe a uma
vrgula, denomina-se vibrio.
Quanto respirao, as bactrias podem ser aerbias ou anaerbias. Chamam-se aerbias as
que fazem uso do oxignio. As anaerbias vivem na ausncia desse gs, e so encontradas
principalmente no sedimento (fundo) de ambientes aquticos.
Quanto nutrio, as bactrias obtm seu alimento de matria orgnica morta, animal ou
vegetal, e so chamadas de saprfitas. H espcies de bactrias que produzem o seu prprio
alimento, o que pode ser feito por fotossntese ou quimiossntese.
SAIBA MSAIBA MSAIBA MSAIBA MAIS: AIS: AIS: AIS:
Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (Qual o tamanho de um micrmetro (o) ? ) ? ) ? ) ?
Para voc imaginar qual o tamanho de um micrmetro, pegue uma rgua e olhe quanto mede um
milmetro; agora, imagine este um milmetro dividido por mil. Pois cada uma das divises resultantes
mede um micrmetro.
Figura 12. Figura 12. Figura 12. Figura 12. Visualizao da medida de 1 mm ( 1000 ).
Fonte: http://p
hy.ntnu.edu.tw/n
tnujava/index
.php?topic
=52
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MORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANASMORFOLOGIAS BACTERIANAS
Cocos Estafilococos
Bacilo Vibrio
Espirilo
Figura Figura Figura Figura 13131313. . . . Principais morfologias bacterianas predominantes em guas de superfcie.
Figura 14Figura 14Figura 14Figura 14. . . . Microorganismos com diferentes morfologias. A) Bactrias (gnero bacteriano Beggiatoa), tpica
de sedimentos marinos. B) Clulas de bactria Thalassospira lucentensis. C) Clulas do microorganismo
fitoplanctnico Prochlorococcus marinus em processo de diviso. Na borda destas clulas pode-se
visualizar as membranas fotossintticas. D) Clulas da espcie Rhodospirillum rubrum.
Fonte: www.revistaecosistem
as.net/admin/A
rchivos/Im
a...
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Os fungos so organismos eucariotosorganismos eucariotosorganismos eucariotosorganismos eucariotos, podendo ser unicelulares ou pluricelulares. Os fungos
unicelulares so chamados de leveduras, apresentam forma oval e so maiores que as
bactrias. So heterotrficos e apresentam reproduo assexuada ou sexuada. A maioria dos
fungos obtm seu alimento decompondo a matria orgnica do corpo de organismos vegetais e
animais mortos, sendo chamados de saprfitos.
Podem ser parasitas, ou seja, vivem custa de outro ser vivo, prejudicando-o ou podendo at
mat-lo; podem estar associados a outros seres e ambos se beneficiam, sendo a relao
chamada de mutualismo. Nos ambientes aquticos so encontrados os Hyphomycetes,
importantes na decomposio do material vegetal morto, e geralmente presentes em folhas e
ramos de rvores que caem na gua.
ORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOSORGANISMOS EUCARIOTOS::::
So todos os seres vivos com clulas eucariticaseucariticaseucariticaseucariticas (Figura 15), , , , ou seja, com um ncleo celular
rodeado por uma membrana (DNA compartimentado conseqentemente separado do
citoplasma) e com vrios organelas.
Figura Figura Figura Figura 15151515. . . . Clula eucaritica.
Os verdadeiros fungos aquticos (Figura 16) no se adaptam bem s guas poludas, por isso
os fungos que se encontram na gua so de origem do solo, dentre eles, as leveduras. guas
poludas, ricas em matria orgnica e outros nutrientes, favorecem a multiplicao e o
crescimento destes organismos.
Figura 16Figura 16Figura 16Figura 16. . . . Hifas de fungos aquticos
Fonte: http://p
t.wikiped
ia.org/w
iki/Eu
karyo
ta
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3.2. Algas
As algas (Figura 17) so organismos unicelulares, eucariontes fotossintetizantes. Podem fazer
parte do plncton ou do perifiton. Apresentam grande variedade de formas e se reproduzem
assexuada ou sexuadamente. So abundantes tanto em guas doces quanto em guas
salgadas. Como organismos fotoautotrficos so encontrados na zona euftica (com incidncia
de luz) dos corpos de gua. As algas so classificadas de acordo com seus pigmentos e sua
forma.
Estes organismos no somente sintetizam seu prprio alimento como liberam no meio
metablitos que, quando as algas esto presente em grandes quantidades, causam problemas
no abastecimento de gua para consumo.
(A) (B)
Figura Figura Figura Figura 17171717. . . . Algas (A) e Cianobactrias (B).
As algas azuis, algas cianofceas ou cianobactrias, no podem ser consideradas nem como
algas e nem como bactrias comuns. So microorganismos com caractersticas celulares
procariontes (bactrias sem membrana nuclear), porm com um sistema fotossintetizante
semelhante ao das algas (vegetais eucariontes), ou seja, so bactrias fotossintetizantes.
3.3. Protozorios e animais multicelulares
Os protozorios (Figura 18) so animais unicelulares, eucariticos, mveis e sem parede
celular. Ocorrem como clulas isoladas ou em colnias de clulas e apresentam dimenses
predominantemente microscpicas (4m a 350m).
So divididos em quatro grupos, incluindo esporozorios, amebas, flagelados e ciliados. A
forma como se apresentam na natureza, como cistos e oocistos, explica sua prevalncia em
distintos tipos de ambiente e, principalmente, a significativa maior resistncia ao do cloro.
A maioria deles desprovida de clorofila, embora alguns apresentem algas simbiontes, como
o caso de Paramecium bursaria. Assim como as bactrias, os protozorios podem ser aerbios
ou anaerbios, exibir vida livre ou associar-se a outros organismos. A locomoo um critrio
muito importante na diferenciao dos grupos de protozorios. Estes podem se locomover por
meio de pseudpodos, flagelos e clios. Os protozorios se reproduzem assexuada e
sexuadamente.
Fonte:http://fotos.sapo.pt/carlosb
erardo/p
ic/0
000brhx/s500x500
www.enq.ufsc.br/.../CIANOBACTE
RIAS.jpg
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Figura 18Figura 18Figura 18Figura 18. . . . Ilustrao de protozorios (A) e euglena (B)
Fonte: www.enq.ufsc.br/.../microorgan
ismos/PR
OTOZ1.jpg
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4. Caractersticas de qualidade da gua para abastecimento
pblico
4.1. Principais caractersticas fsicas da gua para uso urbano
A percepo do homem nas alteraes da qualidade da gua atravs de seus sentidos d-se
pelas caractersticas fsicas da gua, pois se espera que essa seja transparente, sem cor e sem
cheiro. Na verdade, na natureza a gua usualmente possui cor, cheiro e at mesmo gosto.
Temperatura: Temperatura: Temperatura: Temperatura: medida da intensidade de calor; um parmetro importante, pois, influi em
algumas propriedades da gua (densidade, viscosidade, oxignio dissolvido), com reflexos
sobre a vida aqutica. Vai interferir nos processos biolgicos, reaes qumicas e bioqumicas.
A temperatura pode variar em funo de fontes naturais (energia solar) e fontes antropognicas
(despejos industriais e guas de resfriamento de mquinas).
Sabor e odor: Sabor e odor: Sabor e odor: Sabor e odor: a gua pura no produz sensao de odor ou sabor nos sentidos humanos.
Os produtos que conferem odor ou sabor resultam de causas naturais (algas, vegetao em
decomposio, bactrias, fungos, compostos orgnicos, tais como sulfatos, e artificiais
(esgotos domsticos e industriais).
A deteco de sabor e odor e sua quantificao difcil pois depende exclusivamente da
sensibilidade dos sentidos humanos. Outra dificuldade que esta sensibilidade varia de
indivduo para indivduo e tende a diminuir com a constante exposio.
Turbidez: Turbidez: Turbidez: Turbidez: a alterao da penetrao da luz pela presena de matria em suspenso na gua,
como argila, silte, plancton, substncias orgnicas finamente divididas, organismos
microscpicos e outras partculas. O aumento da turbidez reduz a zona euftica, que onde
penetra a luz e ocorre a fotossntese.
Com o aumento da temperatura, a solubilidade dos gases diminui e a dos sais minerais
aumenta. A temperatura influencia ainda o crescimento microbiolgico, pois cada
microrganismo possui uma faixa ideal de temperatura de crescimento.
Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.Turbidez e a Portaria n 518 25 de maro de 2004.
A turbidez tambm um parmetro que indica a qualidade esttica das guas para abastecimento
pblico. O padro de potabilidade de 1,0 NTU. Para a sada dos filtros a turbidez deve ser no mximo
2,0 NTU (filtrao lenta) e 1,0 NTU (filtrao rpida).
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Guia do profissional em treinamento - ReCESAReCESAReCESAReCESA 39
CONSEQUNCIAS DA TURBIDEZ
A turbidez, alm de reduzir a penetrao da luz solar na coluna dgua, prejudicando a
fotossntese das algas e plantas aquticas submersas, pode recobrir os ovos dos peixes e os
invertebrados bnticos (que vivem no fundo). Os sedimentos em suspenso podem carrear
nutrientes e pesticidas, obstruindo as guelras dos peixes, e at interferir na habilidade do peixe
em se alimentar e se defender dos seus predadores. As partculas em suspenso localizadas
prximo superfcie podem absorver calor adicional da luz solar, aumentando a temperatura
da camada superficial da gua. A turbidez (Figura 19) tambm prejudica a ao dos agentes
desinfetantes, como o cloro, por exemplo, pois acaba protegendo certos microorganismos da
ao destes agentes. Alm disso, causa mau aspecto gua, tornando-a turva.
Figura Figura Figura Figura 19191919. . . . Turbidmetro e amostras de gua com diferentes graus de turbidez
Cor: Cor: Cor: Cor: o resultado principalmente dos processos de decomposio que ocor