Eterna Vítima do Lar Yvonne Amaral Pereira · este que lhe deu o sustento até sua...

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 45 - Setembro/2004 Distribuição Gratuita Yvonne Amaral Pereira Cantinho do Verso em Prosa - Página 13 Eterna Vítima Nesta seção bus- camos o entendimen- to em prosa de versos dos autores à Luz da Doutrina Espírita Família A Edificação do Lar Página 15 Kardec Em Estudo Os Espíritos e a Lei do Amor. Página 12 Página 03

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Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 5 - nº 45 - Setembro/2004 Distribuição Gratuita

Yvonne Amaral Pereira

Cantinho do Verso em Prosa - Página 13

Eterna Vítima

Nesta seção bus-camos o entendimen-to em prosa de versos dos autores à Luz da

Doutrina Espírita

FamíliaA Edificaçãodo Lar

Página 15

KardecEm Estudo

Os Espíritos e a Lei do Amor.

Página 12

Página 03

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editorialEditorial

Publicação mensaldoutrinária-espírita

Ano V – nº 45 – Setembro/2004Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737

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Arte e ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia Ltda

Rua Souza Caldas, 343 – BrásSão Paulo – SP

CNPJ: 61.089.868/0001-02Tel.: (11) 6097-5700

Tiragem8.000 exemplares

Distribuição Gratuita

Busquemos o entendimento quanto ao trabalho na posição de passista, que cada um de nós poderemos ter nas casas espíritas cristãs.

Numa casa espírita cristã, onde todos que lá se encontram, desde o tal do Presidente até àquele que acabou de adentrá-la pela primeira vez, são criaturas ainda com muitas imperfeições morais, e que estão junto ao Evangelho do Cristo exatamente pela misericórdia do Pai Celestial para que se renovem interiormente, com o aprendizado que é feito de estudos e pelo trabalho constante no campo do bem, a favor do nosso próximo.

Mas muitas vezes encontramos algumas casas espíritas que impõem, a quem chega, a neces-sidade de se diplomarem em cursos infindáveis, para começarem a trabalhar a favor de quem sofre.

Por exemplo, o trabalho de passe, que sabemos que quando estamos na posição de passista, somos intermediários do Mais Alto nesta tarefa, já que muito pouco podemos doar do nosso coração, até porque todo o trabalho é da Espiritualidade Superior, dos técnicos em fluidos, que direcionam e manipulam os fluidos vindos do coração do próprio Cristo, em favor de todos nós, para que, naquela oportunidade do passista, ele possa acrescentar mesmo que muito pouco, seja um exercício de doação em favor do nosso semelhante. A oportunidade de podermos ser pas-sistas é para o nosso aprendizado, de doarmos a todos que ali chegarem para tomarem o passe, o que tivermos de melhor em nossos corações, já que a Espiritualidade poderia dar o passe na criatura, sem a nossa ajuda.

Por quê então muitas casas espíritas impedem que criaturas que querem também aprender este exercício de doação, se incorporem às fileiras dos trabalhadores da casa, pelo menos sem antes de fazerem cursos de longuíssima duração, para aprender o que, na verdade, só o estudo e a prática juntos, poderemos aprender? Curso para ser passista? Como poderemos estudar tanto tempo num curso específico para ser passista, perdendo tanto tempo em deixar de servir ao nosso próximo neste trabalho de doação, onde basta que o nosso coração esteja a serviço do Cristo?

Sabemos que existe no plano desencarnado toda uma preparação, todo um trabalho na ma-nipulação de fluidos, e toda uma técnica utilizada pelos espíritos Superiores neste trabalho, mas o que o Cristo nos pede é que doemos o nosso coração para que exercitemos a nossa condição de servir o semelhante, já que o nosso entendimento sobre o que ocorre na espiritualidade, muito tempo demorará para entendermos.

Lembramos que dirigentes de casas espíritas, e que tiveram por expiação a oportunidade de adentrar à Doutrina, pela Misericórdia Divina, para o resgate de seus débitos do passado, são normalmente mais compromissados que muitos que adentram à casa e, se o Mestre Jesus for esperar termos condições morais elevadas para estendermos as mãos sobre uma criatura, num trabalho de passe onde somos meros intermediários, já que todo o trabalho vem do Mais Alto, ninguém poderia ter a pretensão para este trabalho. O que devemos ter sempre em mente é a nossa pequenez diante da grandeza da obra divina, e não deixar que o nosso orgulho e o nosso egoísmo se sobreponham à tarefa que fomos convidados, não por termos condições superiores aos outros, mas exatamente por sermos mais devedores, e a tarefa no campo cristão é a benção do Mais Alto a nosso favor, nos dando as ferramentas mais adequadas para corrigir as nossas próprias imperfeições.

Portanto, acreditamos que o esclarecimento do trabalho do passe seja justo e necessário, mas temos que reconhecer que o estudo constante das obras de Kardec e das obras psicografadas pelo nosso querido Chico Xavier, juntamente com o trabalho não só do passe, mas também das outras tarefas disponibilizadas pelo agrupamento, são as condições essenciais para que todos nós aprendamos com o Cristo a essência de sua máxima: “Amai-vos uns aos outros”, e não deixarmos que diplomas de cursos inconsistentes para a obra do Cristo, nos encegueça pelos títulos que eles materialmente representam, sem que possam representar quaisquer mérito e tenham qualquer valor, para Deus, no trabalho a realizar.

Lembremo-nos de que no Capítulo XIX do O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item Poder da Fé, o Cristo responde aos seus discípulos, após a pergunta destes, do porque não con-seguiram expulsar o demônio de um homem por diversas vezes e o Cristo o expulsa, e lhes diz:

“Por causa da pouca fé. Porque em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e há de passar e nada vos será impossível. (Mateus, capítulo 17, versículos 14 à 20).”

E neste mesmo capítulo do Evangelho em seu item 4 temos:“ Não podemos confundir a fé com a vaidade do homem. A verdadeira fé está aliada à

humildade. Aquele que a possui deposita mais confiança em Deus do que em si próprio.É que sabe que, sendo um simples instrumento dos desígnios divinos, ele nada pode sem o amparo da misericórdia. Eis porque os bons Espíritos lhe vêm ajudar. A vaidade, a presunção, é menos fé e mais orgulho. E o orgulho é sempre visitado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos fracassos que lhe são impostos.”

Portanto, devemos ficar atentos aos ensinamentos do nosso Mestre, sem que comecemos a inventar processos que estão distantes dos ensinamentos do Cristo, e que atrasarão a tarefa, com a intenção, muitas das vezes, de enaltecermos as nossas idéias dentro dos agrupamentos, e acreditarmos que somente alguns escolhidos a dedo, poderão adentrar em tarefas que acreditamos, equivocadamente, que são de posse de apenas alguns. Os ensinamentos das obras de Kardec são muito claros da simplicidade que devemos ter nas tarefas com o Cristo. O problema é que existem muitas casas espíritas distantes Dele.

“O que é verdade durante as sombras, é igualmente verdade à luz do dia”, diz-nos o Evan-gelho.

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3Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

grandes pioneirosGrandes Pioneiros

Yvonne Amaral Pereira O mês de dezembro, para a Terra, já representa o

mês de fluidos renovados, pois sabemos que próximo da grande data, Natal, o Cristo visita a Terra nos tra-zendo um clima diferente, onde nos parece que cada ser humano passa a sentir uma alegria e um ânimo diferente dos meses anteriores. Tudo é paz, todos se abraçam esquecendo as amarguras e consolados em novas esperanças no futuro.

Esta é a presença do nosso Governador Divino: Jesus Cristo.

E foi nesta data festiva, justamente na véspera do Natal do ano de 1906, no dia 24 de dezembro, que abria os olhos para a vida material Yvonne Amaral Pereira, espírito que se revelaria no futuro, “a que viera...”.

Nascia ela num sítio, arredores da Vila de Santa Teresa, município de Valença, estado do Rio de Ja-neiro, cuja cidade hoje tem o nome de Rio das Flores. Seus pais eram o negociante Manoel José Pereira e sua dedicada esposa dona Elisabeth do Amaral Pereira.

Seu Manoel era descendente de portugueses. Homem honesto e generoso de coração. Talvez, por esse motivo, viu-se em fases difíceis no mundo dos negócios. Não tinha coragem de cobrar as dívidas dos seus fregueses, e com isto, ficava seriamente com-prometido com os fornecedores, que dessa maneira não pensavam. Portanto, a falência era eminente. Em virtude desses fracassos procurou ele outra forma de sustentar sua numerosa família, composta de mais ou menos dez pessoas, contando-se com ele e sua esposa.

Com a ajuda de amigos e de sua lealdade, con-seguiu o emprego de funcionário público. Emprego este que lhe deu o sustento até sua desencarnação, em janeiro de 1935.

Como a própria Yvonne relata em seus livros, ela já nasceu médium. Sabia compreender as dificuldades da família. Nunca exigira de seus pais, em sua ado-lescência, como é normal nas jovens, querer roupas, sapatos ou ir às festas. Procurava sempre ajudar sua avó, por quem foi criada até os dez anos, justamente para poder ser assistida com mais cuidados, porque ela tinha a saúde um tanto frágil, e sua mãe, com irmãos menores para cuidar, não conseguia acom-panhar suas necessidades médicas, sendo por isto, sua avó paterna lhe ter atendido e acompanhado seu desenvolvimento, até aquela idade, quando ela pode

retornar a conviver com os pais.

A 23 de janeiro de 1907, quando estava Yvonne com quase um mês de vida, vem a ter um repentino acesso de tosse, levando-a a sufocação. Ficou aparentando mor-ta. Durante seis horas manteve-se sem pulso e em estado cadavérico. O médico dera o laudo como morte súbita por sufoca-ção.

A família passou a tratar do sepultamento. Como a vinda de Yvonne ao mundo dos encarnados era de pouco tempo, a família não se abateu tanto, achando o caso normal. Mas, dona Elisabeth, sua mãe, não se conformava. Ela não chorava, porque acreditava que sua filhinha não estava morta. Algo lhe dizia que orasse, pois breve a pequenina voltaria à vida.

Como católica fervorosa, dona Elisabeth re-colheu-se num aposento tranqüilo da casa, enquanto suas irmãs e mãe tratavam de arrumar a pequena no caixão.

Diante da imagem de Maria, mãe de Jesus, e com uma vela acesa, colocou-se de joelhos e contrita fez sua prece emocionada:

— Maria Santíssima, Santa Mãe de Jesus e nossa Mãe, fostes mãe e passastes muitas aflições por ver seu filho Jesus padecer numa cruz. Ouvi-me, pois minha angústia e a minha dor, atendei meu apelo, e em nome de seu filho, imploro: se minha filha estiver realmente morta levai-a até Deus nosso Pai, porque procurarei entender a lei da morte. Mas, se como sin-to, ela estiver viva, sofrendo algum distúrbio ignora-do, rogo Senhora, que intervenha junto a Deus, para que ela não seja sepultada viva. Se assim acontecer, como prova de meu reconhecimento, eu a entrega-rei a ti, renunciando aos meus direitos de educá-la religiosamente, porque ela será vossa. Dessa forma estarei serena e confiante, pois o destino dela, se re-tornar à vida, estará sob a sua proteção, escolhendo

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ela própria o seu modo de ser fiel a Deus.E Yvonne ouvia sempre sua mãe contar esse episó-

dio de sua vida, acrescentando que ela, desde aí, já não era mais sua filha, e sim de Maria, Mãe de Jesus. Yvonne ficava eufórica, alegre em seu entendimento infantil, de ser irmã de Jesus, filha da mesma mãe deste.

Mas, retornando ao acontecido, após a prece, feita de seu amoroso coração maternal, dona Elisa-beth tocou carinhosamente a cabecinha da filha, no caixãozinho branco, e passando a mão começou a transmitir energias, através do passe que a re-vitalizaram, e a menina abrindo os olhinhos deu um grito assustado, e logo após, começou a chorar con-vulsivamente. Imediatamente, sua mãe a ergueu no colo e agradeceu muito a Maria de Nazaré, pois en-tendeu que ela tinha escutado suas preces e aceitado a sua oferta. Portanto, daquela hora em diante, Yvonne era filha de Maria de Jesus e passaria a obedecê-la, assim que entendesse, quando crescesse. Por isso a preocupação de dona Elisabeth em contar constante-mente o ocorrido à pequena Yvonne.

Sobre essa catalepsia sofrida por Yvonne, com poucos dias de vida, diz ela que em existência pas-sada teria se suicidado por afogamento, e que isso eram reminiscências mentais e vibratórias, que per-maneceram por longos períodos durante a reencar-nação.

Esses transes passaram a ser constantes em sua vida.

Yvonne foi criada num ambiente simples, pobre mesmo, pois a família não tinha recurso algum. Mas, mesmo pobres, os pais de Yvonne sempre abrigavam criaturas carentes em sua casa. Davam pousada para famílias que precisavam esperar condução de um lugar a outro, e também para os que batiam a porta e

pediam comida. Estes eram atendidos dentro de casa e colocados à mesa para comer, fosse quem fosse.

Yvonne cresceu vendo e ouvindo seus familiares fazerem o “bem”, embora tivesse voltado a conviver com eles após os dez anos, pois como já descrevemos anteriormente, morava com sua avó paterna. Para ela, todos os familiares lhe pareciam estranhos. Como diziam todos, ela é que era estranha, parecia sempre triste, agitada e infeliz.

Aos quatro anos, Yvonne já se comunicava com os espíritos. Para ela era normal vê-los. O espírito que ela dera o nome de Charles, era o mais apegado aos seus olhos. Ela o considerava como pai. Veio depois a saber, que realmente Charles fora seu pai carnal em uma reencarnação passada. Era agora seu orientador, e o foi durante toda a sua existência mediúnica. Via também, freqüentemente, o espírito de Roberto de Canalejas, que fora um médico espanhol no século XIX. Com o passar dos anos e sua dedicação no campo mediúnico, passou a manter contato através das obras mediúnicas com os espíritos de Dr. Be-zerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Victor Hugo, Frederico Francisco Chopin etc.

A insatisfação da menina continuava afirmati-vamente em seu comportamento. Não concebia em aceitar morar onde morava. Para ela seus pais e ir-mãos eram profundamente estranhos. Foi numa des-sas crises de apatia com a vida presente, que repe-tiu-se a catalepsia. Ela estava com oito anos. Viu-se desprendida do corpo. Seu espírito liberto dirigiu-se à igreja que freqüentava. Procurou a imagem do Senhor dos Passos, ajoelhou-se e em prantos pediu socorro para seu abatimento interior e para sua infe-licidade, pois embora com pouca idade, não gostaria de continuar vivendo. Procurava o Cristo para saber o “por quê”. Repentinamente, escutou e viu uma en-tidade lhe oferecendo a mão e dizendo:

— Vem comigo, minha filha, encontrarás as res-postas agora.

Yvonne viu-se transportada para a Espanha. Lógi-co que na presente reencarnação ela não reconhece-ria o país, mas reconheceu a casa e o motivo interior de tanta saudade que sentia sem explicação, pois seu espírito transbordou de alegria ao rever a cidade e os lugares que freqüentara.

No interior da casa, reconhece o médico Rober-to de Canalejas como seu pai e o querido espírito de Charles, protetor espiritual nesta reencarnação. Adentrando, abraçou a todos e ouviu de Charles, seu orientador:

— Agora, minha filha, precisará você de tomar muita coragem e muito bom ânimo, para cumprir sua tarefa mediúnica, nesta reencarnação presente. Sua tristeza provém de muito sofrimento e amargura que você projetou a muitas criaturas. Agora você terá de se submeter a duras penas, para retificar o mal do passado, aproveitando todos os instantes para seu aperfeiçoamento espiritual.

Local onde nasceu Yvonne:Desaparecido Sítio do Rapa-queijo, que ficava na antiga Villa de Santa Thereza de Valença, atualmente Rio das Flores - RJ (foto de 1912).A seta indica a casa onde a médium nasceu.

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5Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

O senhor Manoel José, pai de Yvonne nesta re-encarnação, era espírita e de a muito observando o comportamento da filha, deu-lhe de presente O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Livro dos Es-píritos. Ensinou-a a entender as obras de Kardec, embora ainda a sua pouca idade, mas reconhecendo seu potencial como médium. Por várias vezes acom-panhou ele os desdobramentos de Yvonne. Como ela se mostrasse um tanto rebelde aos estudos, ele, o pai carnal, pediu a assistência espiritual, para que o espírito protetor de Charles, lhe fosse sempre pre-sente.

Yvonne enterneceu-se com os exemplares e leu-os avidamente, aprendendo muito. Dizia ela que O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns eram seus únicos e inseparáveis amigos.

Dos treze anos em diante, Yvonne já com um pou-co mais de conhecimento dos estudos doutrinários, passou a freqüentar as reuniões mediúnicas. Sua primeira comunicação psicográfica, veio por inter-médio do espírito de Roberto de Canalejas. Trazia ele elucidações sobre o suicídio, evidenciando o es-tado crítico dos espíritos que praticam esse inconse-qüente ato.

Dessa forma, foi ela desenvolvendo suas me-diunidades: psicografia, psicofonia, receitista (ho-meopatia), passista, desdobramento, cura, vidência e efeitos físicos. Fora isto, procurava orientar a todos que tinham necessidades de assistência espiritual. Era sincera e não iludia ninguém com fantasias e mi-tos espirituais. Dizia sempre que a mediunidade era como um sacerdócio, mas de teor de muita respon-sabilidade perante os compromissos assumidos, para regeneração de si e de outras criaturas, talvez dos desafetos passados.

Foram muitos os livros mediúnicos, como ro-mances, contos ou crônicas, mas nenhum de men-sagens. Escreveu muitos artigos para o Reformador (F.E.B.) e para vários jornais espíritas. Sua admira-ção e carinho pelo espírito de Chopin era tanto, que ao escrever a esses periódicos, ela usava o pseudôni-mo de “Frederico Francisco”.

A mediunidade mais usada por Yvonne era a de cura. Entregava-se por inteiro ao receituário ho-meopático. Era assistida pelo espírito do Dr. Bezerra de Menezes. Sempre foi muito independente como médium. Não aceitava submeter-se em núcleos que colocavam sua mediunidade como chamariz para verem “casa cheia”. Dizia ela, que trabalhava para o Cristo e sua disciplina era orientada pelo Alto, não pelos homens da Terra.

Por isso, ela não permanecia em Grupo nenhum. Ela organizava em sua própria casa o agrupamento de estudos e ali atendia a quem a procurava. Vivia, Yvonne, dessa forma para o mundo espiritual. Sua casa estava sempre rodeada de amigos e de pessoas doentes.

Em 1981, a médium passa a morar junto com sua

irmã Amália Pereira Lourenço, no bairro da Piedade, na cidade do Rio de Janeiro.

A mudança de endereço não alterou em nada o trabalho mediúnico, embora que com o passar do tempo, dona Amália, ficasse incomodada pela falta de tranqüilidade que isso provocava. Mas Yvonne não dava importância, dizia que essa sua prática mediúnica, não era missão e sim uma reparação do passado.

Os doentes de todas as formas, físicas e espiri-tuais, a procuravam em grande número. Yvonne, como já dissemos, fazia o receituário homeopático e muitos recebiam os remédios fornecidos por ela própria.

Porém, a situação financeira era precária. Ela então, resolve pedir os remédios, escrevendo uma carta para o senhor Frederico Figner, que nessa época era um dos diretores da Federação Espírita Brasileira, e lhe conta que sem recursos, o único re-médio que era ministrado aos doentes no geral era a água fluidificada, que sem sombra de dúvida era imensamente benéfica, mas os doentes mais graves precisavam de medicações, pomadas etc., por isso o pedido.

Frederico Figner atendeu de imediato, envian-do-lhe sessenta vidros de remédios homeopáticos. Yvonne agradeceu comovidamente dizendo-lhe:

— Só Deus sabe as curas que esses remédios farão.

Seis meses após, ela consegue recursos para esse campo, com o auxílio do Plano Espiritual, e suspende o pedido através de carta, profundamente devedora e reconhecida ao auxílio prestado pela “Casa-Máter” e ao senhor Frederico Figner.

Os espíritos de Roberto de Canalejas e Charles, juntamente com o espírito de Camilo Castelo Bran-co, conversavam muito com Yvonne, a respeito do envolvimento havido com eles no passado, que os levara ao suicídio.

Yvonne também, por mais de uma reencarnação, participara com eles nesse impensado ato, razão pelo qual todos traziam ainda as marcas profundas dessa loucura.

Camilo Castelo Branco, estudioso e muito atento às zonas umbralinas, onde milhões de espíritos so-frem e purgam aí seus erros, propôs-lhe escrever um

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livro relacionado ao tema, descrevendo a realidade de cada espírito sofredor dessas regiões.

Juntamente com seus amigos espirituais, Yvonne aceita e o livro, no original, surge em 1926, mas só veio a público e editado pela F.E.B. em 1956, isto é, trinta anos após ser recebido mediunicamente. O livro tem como título “Memórias de um Suicida”.

Foi pela edição deste livro e de um outro romance, “Amor e Ódio”, que levou Yvonne, a ir pela primeira vez conhecer a Federação Espírita Brasileira, a fa-mosa “Casa Máter” do Espiritismo no Brasil.

Chegou Yvonne, muito acanhada, trazendo os originais embaixo do braço. Foi recebida pelo senhor Manuel Quintão, que era um dos diretores da “Casa Máter”, e examinador das obras literárias e mediúni-cas da Doutrina (bons tempos esses, onde os livros espíritas eram coerentes à doutrina de Kardec).

Relatando o porque de sua visita, o senhor Quintão, sem mesmo querer olhar os originais, despediu-se de Yvonne, dizendo que seu tempo era escasso, e que a Federação só editava as obras mediúnicas do já fa-moso médium Chico Xavier.

Yvonne, um tanto constrangida pelo fato do senhor Quintão não querer nem olhar os originais, ela se retira. De retorno à sua casa, a médium re-conheceu que talvez fosse melhor assim. Ela iria passar os originais ao médium Chico Xavier, mesmo porque sua capacidade era mínima e ela não havia conseguido entender os escritos passados por Cami-lo, no livro Memórias de um Suicida.

Ainda meditando sobre o assunto, ela pensou que melhor seria queimar os originais, que poderiam ser uma mistificação e só poderiam trazer-lhe muita dor de cabeça, pois sabia ela que poderia haver muita controvérsia, principalmente por tratar-se de um as-sunto tão complexo como o suicídio.

Enviou então os originais do livro “Amor e Ódio” para Chico Xavier, mas ela ia realmente queimar os originais de “Memórias de um Suicida”, quando com o fósforo já aceso, sentiu que um vulto lhe puxou a mão e fazendo-a apagar disse:

— Espera! Guarde esses originais por ora. Breve você saberá que destino dar a esse livro.

Yvonne obedeceu, e pode reconhecer que o amigo espiritual que a impedira a esse gesto, era o espírito do Dr. Bezerra de Menezes.

Passou-se o tempo, e ela aguardava com ansiedade a carta do médium mineiro. Continuava suas tarefas mediúnicas, tanto psicográficas, quanto de psicofo-nia, que realizava em sua casa ou nos agrupamentos que passou a freqüentar, alguns assiduamente e outros poucas vezes no mês, por falta de entrosa-mento pessoal, mas sempre com muito carinho no atendimento aos doentes que a procuravam.

E, foi assim, que numa manhã, após suas preces habituais para iniciar o atendimento homeopático, ali notou a presença de um espírito muito bem posto, mostrando sua firmeza espiritual e apresentando-se

como Léon Denis. Profundamente emocionada pela visita espiritual tão importante, Yvonne perguntou a que vinha. Este lhe disse da incumbência de junto dela refazer o livro Memórias de um Suicida, a pedido do Plano Superior. E diz-lhe também, que o próprio Camilo estava junto, para que o livro fosse melhor explicado, pois o assunto era muito complexo.

Yvonne agradeceu, e diz que então recomeçariam na próxima semana, a que Léon lhe responde:

— Não senhora, começaremos já. O tempo urge e não pode ser desperdiçado. Começaram a trabalhar arduamente.

Refeito os originais, Yvonne compreendeu que o senhor Quintão fora inspirado pelo Alto. Realmente o livro passou por muitas alterações, ficando melhor para a leitura e entendimento, aos que fossem estudá-lo. As experiências e estudos profundos de Léon De-nis sobre o assunto, deram outra característica ao livro, tornando-o mais completo. Entendeu também a presença do Dr. Bezerra de Menezes, quando a im-pediu de queimar os originais, avisando-a que mais tarde eles seriam aproveitados.

Yvonne chorou de alegria, diante da benção rece-bida!

Voltou a médium à Federação, agora mais tranqüi-la. Estava segura com os originais que levava. Não obtivera ainda uma resposta de Chico com relação ao livro “Amor e Ódio”, mas esperava ser atendida pelo senhor Quintão. Porém, sua surpresa estava por vir, pois o Alto lhe reservaria muita alegria. Quem a recebeu, com um fervoroso abraço, após conhecê-la pessoalmente, foi o próprio presidente da Federação, na época, o Dr. Wantuil de Freitas.

Este lhe conta que havia recebido uma longa carta do médium Chico Xavier, e este lhe diz do contenta-mento em ter lido os originais de “Amor e Ódio”, e que ficara impressionado com o drama ali relata-do, por ter reconhecido a vida passada da médium naquele romance, real e de profundo exemplo para

quem fosse lê-lo.Desde então, a Federação não só editou essas duas

Vista atual da cidade de Rio das Flores - RJ.

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7Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

obras da médium, mas também outras como: “Re-cordações da Mediunidade” (relatos de sua infância mediúnica); “Nas Voragens do Pecado”; “O Cava-leiro de Numiers” e “O Drama da Bretanha” (sendo estes três últimos pelo espírito de Charles).

Em todas estas obras, aí encontramos as perso-nagens das vidas passadas da nossa Yvonne, como: Ruth Carolina de La Chapelle, Berthe de Sourmer-ville, Andrea de Guzmand’Albret e outros.

Em todos, a presença marcante do espírito Charles. Muitas foram as reencarnações que juntos enfrenta-ram problemas, como pai e filha, irmãos e amantes, onde os compromissos cada vez maiores, fizeram com que a compreensão de Charles, Yvonne mudas-se os rumos de suas vidas, cada um procurando ser mais responsável pela oportunidade de reconciliação permitida por Deus.

Dessa forma, Charles convence Yvonne de trabalhar por seus desafetos, assim como ele, mas sendo úteis às causas divinas, procurando cada um reavivar os talentos dados por Deus, nas futuras reencarnações.

Yvonne compreendeu, afinal, porque viera com tantos compromissos na área mediúnica. Teria que se disciplinar, tolerar os sofrimentos advindos desde a infância, para poder servir ao semelhante.

Yvonne recebia e enviava muitas correspondên-cias. Todas pedindo ou abençoando seu caminho mediúnico. Seus livros são muito aceitos pelo pú-blico espírita ou não. Eles chamam muita atenção pelo fato de serem reais.

Chico Xavier parabenizou-a pela edição do livro “Nas Telas do Infinito”, pelo espírito do Dr. Bezerra de Menezes, em sua primeira parte, que é o estilo comovente deste espírito, em prestar socorro aos en-fermos do físico e do espírito.

E a segunda história de Camilo Castelo Branco, foi com o título de “O Tesouro do Castelo”. Fato real, passado em Portugal, em 1640. Diz Chico que esta história da vida comum, no processo reencarnatório, transmite “as verdades espíritas, consolando os que sofrem nas provas dolorosas de cada ser”.

Entre outras cartas, aquelas em que a médium corresponde-se com sacerdotes católicos. Estes a admiravam e a respeitavam pelo trabalho desen-volvido por ela. Recorriam aos seus préstimos para saberem como solucionar problemas, por vezes mui-to complicados, em suas paróquias, principalmente casos obsessivos. Ela os atendia. E quando havia condições ia pessoalmente, pois eram na verdade, pelos seus parcos conhecimentos, dizia, são eles também trabalhadores, que hoje por algum motivo usam uma batina, mas agem como verdadeiros es-píritas, quando sentem a dor do semelhante.

Um dos casos mais conhecidos era o do Padre Sebastião Bernardes Carmelita, residente em Uberaba, Minas Gerais, que aprendeu a amar a Doutrina, seguindo de perto o trabalho desenvolvido

pelo médium Chico Xavier.Quem era ele? Ninguém mais do que aquele que

no passado, foi o grande responsável por mandar queimar todas as obras escritas por Kardec. Foi ele, no passado, o Bispo incinerador, no famoso Auto de Fé da Inquisição, realizada em Barcelona, na Espanha, no dia 9 de outubro de 1861. Seu nome era Bispo Antônio Palau Y Termens. Sofria ele de uma terrível micose nas unhas das mãos, que foram necessárias serem arrancadas, queimando as pontas dos dedos sem anestésicos.

Há necessidade de um esclarecimento. Talvez al-

guém esteja perguntando, como a médium Yvonne Pereira, soube tanto de suas vidas passadas? Kardec não deixa claro que isso não é permitido pelo Alto?

Todos nós, os espíritas, sabemos que o processo de regressão de vidas passadas, não é saudável. Se assim fosse, Deus nos permitiria saber o que fomos. Mas, que benefício isso traria? Nenhum. Todos os casos que soubemos até agora, só trouxeram dese-quilíbrios e confusões mentais.

O Evangelho é claro, colocando os problemas reencarnatórios nos núcleos familiares. Como per-doar nossos desafetos passados? Se relembrássemos como inimigos feitos nosso pai, mãe e irmãos, como conviver? Onde começaria o perdão? Pois, sem mes-mo termos essa recordação, há desavenças famili-ares, até mesmo ódio entre irmãos etc., como seriam nossas vidas? E a reencarnação, cujo processo são exatamente os resgates de erros passados, aí está um benefício maior unindo corações feridos, justamente pela lei do esquecimento, instituída por Deus.

Porém, há casos, como da médium Yvonne, Chico Xavier, Eurípedes Barsanulfo etc., espíritos reen-carnados, com missão a ser cumprida pelo Bem da coletividade. Vieram eles preparados para, quando necessário, voltarem às vidas pregressas, para não violentarem a si próprios e aqueles a quem deviam o entendimento da Vida Maior, isto é, encontrar o caminho delineado por Deus, para trazerem outras criaturas a se voltarem às Leis de Deus, pelos exem-plos que deveriam dar como fruto dessa missão, de retorno às vidas terrenas.

Não é, portanto, por mero acaso que Deus nos per-

AntigaEstaçãoFerroviáriade Rio das Flores - RJ(foto atual).

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mite conviver mesmo através dos livros mediúnicos, as lições reais trazidas por eles, que já viveram na Terra.

Regressão de vidas passadas, portanto, deve ser visto como um problema muito sério, a ser esclare-cido por todos aqueles que orientam agrupamentos espíritas. Busquemos Kardec, para que a fantasia não se instale nos núcleos que levam a sério o movi-mento Espírita Cristão. Lembremos das respon-sabilidades que pesam sobre os ombros daqueles que esclarecem a Verdade.

Voltando aos relatos mediúnicos de Yvonne Ama-ral Pereira, é interessante fixar-nos, nos acon-tecimentos dos desdobramentos feitos, pela sua ca-pacidade de reencontrar figuras notáveis, vividas em épocas passadas.

Descreve ela que, na noite de 30 de junho de 1931, preparando-se para o descanso noturno, sente a aproximação de um espírito. Como sempre acon-tecia, ao sentir-se desdobrar, havia uma leve tonteira e se vê no leito, sentada ao lado de seu corpo car-nal, e junto dela o espírito elegantemente vestido, reconhecendo-o como Frederico Francisco Chopin, seu amigo de encarnações passadas.

Trazia ele o semblante tristonho. Diz a ela que embora o socorro espiritual, seu espírito está muito ligado à sua reencarnação acontecida na Polônia.

Ao relembrar esses fatos, Yvonne vê, que ele vai se transformando num aspecto doentio. Começou a arquejar, tossir e levando o lenço à boca, é tomado pela hemoptise. Novamente volve ele ao estado da doença que o levou a óbito, a tuberculose. Seu es-tado era lastimável.

Yvonne fica terrificada. Mas em preces vê Charles, que a acalma, e diz que esse acontecimento ainda era considerado normal, para a Espiritualidade Supe-rior, pois ele, Chopin, não conseguia desfazer-se dos acontecimentos dessa reencarnação. Yvonne, procu-rando auxiliar Chopin com passes magnéticos, junto a Charles, pergunta a este o que ela poderia fazer para ajudá-lo a sair dessa ligação mental. Charles lhe diz que apenas o deixasse falar, e procurasse acom-panhar seus pensamentos.

Sentindo a companhia de Charles e Yvonne, Chopin acalmou-se. Seus pensamentos passam a ser praticamente materializados, pois à medida que falava, Yvonne via refletido como numa tela cine-matográfica, o que ele relata.

Relembrou suas várias reencarnações, antes de Chopin. Foi ele sempre ligado às Artes. Dedicou-se à pintura, arquitetura, poesia e música. Foram reen-carnações curtas. Logo após seu desencarne como músico, que seu estado espiritual foi melhorando. Era preciso que assim fosse, para que seu desequilí-brio espiritual, não o prendesse em regiões umbrali-nas por longo tempo. Estes acontecimentos são nor-mais, diz Charles.

O próprio Léon Denis, diz que a criatura só vai

realmente se fir-mando na evolução espiritual após muitas reencarna-ções, quando ela vai melhorando e vivendo seus dons elevados. Quando passa a reconhecer que esses é que são verdadeiros, pois vão substituindo as paixões terrenas, a ambição, os desvios da carne etc.

Antes da reen-carnação como compositor, Cho-pin, foi o brilhante

poeta latino, amigo de Virgílio e Horácio (43 a.C.). Seu nome: Públio Ovidio Naso.

Em 1483 reencarna como Rafael Sanzio, pintor, escultor e arquiteto italiano. Deixou grandes obras primas que foram reconhecidas pelos mais ardorosos críticos das artes. Desencarnou em 1520, na Itália.

Num outro momento Yvonne o vê tocando. Seus longos dedos percorrendo magistralmente sobre o teclado, ecoando pelo ambiente uma de suas belís-simas valsas.

Acompanhando o desenrolar dos pensamentos de Chopin, pois enquanto tocava, suas idéias tomavam formas. A médium pode sentir a mudança de ambien-te. Via uma triste paisagem à sua frente. Uma estrada tortuosa, repleta de curvas. Ao redor, árvores com galhos ressequidos. Plantações com ares de aban-dono, numa terra árida, como cereais de tons ama-relados, com folhas quase sem vida. Mais adiante, casarios modestos e sem beleza alguma, lembrando cidades européias, após a destruição de uma guerra. Tudo muito melancólico e sem vida ativa. Yvonne via-se caminhando por essas vielas ao lado de Cho-pin. Este permanecia ao piano.

Charles, para poder conter o espanto de Yvonne, falou:

— Minha cara Yvonne, esta é a paisagem da an-tiga Polônia, berço natal e muito amado por Chopin. Esta é a atmosfera pobremente fluidificada, pelas mortes violentas aí passadas pela guerra. Foi o que ficou retido na mente de Chopin. Sua tristeza por ter que deixar sua querida pátria, fugindo para não ser morto, por seus pensamentos poéticos em querer ver sua Polônia sem as autoridades maléficas dos Césares da época.

Quando convidado a fazer um concerto em ho-menagem a César, ao iniciá-lo, viu e sentiu o pouco caso e as ordens dadas por César para que os solda-dos prendessem os revoltados às suas ordens. Chopin ouvindo isso, levantou-se do piano e disse em alto e bom som:

Frederico Francisco Chopin

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9Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

— Não tocarei mais para o carniceiro César.Imediatamente foi lhe dado ordem de prisão, mas

com a cobertura dos amigos das “artes” que o acom-panhavam, conseguiu fugir.

Este é o seu presente no mundo espiritual, sua realidade. De todas as reencarnações esta é a mais marcante em seu espírito, por não ter podido fazer nada com a sua música para salvar sua Polônia. Seu desejo era retornar com um grito de independência para seu povo, e a mensagem de esperança em ver um dia as crianças sem fome sorrirem num mundo melhor.

A pedido de Charles, Yvonne volta a colocar suas mãos sobre a cabeça de Chopin. Este vagarosamente vai se recompondo e olhando para a médium, ainda abatido e mostrando ares febris, diz-lhe:

— Obrigado, por rever comigo a velha e querida Polônia. Dizem os mensageiros de Jesus que nos so-correm, nos momentos de fraqueza espiritual, que es-sas lembranças devem se dissipar das nossas mentes. Mas se você, querida amiga, continuar ajudando-me nesse processo fluídico, com a finalidade de me fazer distante dos processos reencarnatórios, que teimam em me acompanhar, gostaria de saber se deseja estar comigo nestas dolorosas recordações?

Sempre pedindo o consentimento de Charles, e com a confirmação deste, Yvonne disse que teria o maior prazer em poder ajudá-lo.

Ainda em desdobramento, a médium acom-panhou os pensamentos de Chopin. Enquanto isto se passava, Charles e outros espíritos trabalhavam fluidicamente o ambiente.

Yvonne viu-se nos aristocráticos salões de festa, no tempo da nobreza de Luís Felipe, rei da França.

Paris se engalanava na época desses festejos, pois ali sempre se apresentavam os melhores convidados, com os mais ricos trajes e riquezas. E todas as moças suspiravam ardentemente esperando a chegada do garboso Gaston de Saint-Pierre d’Arbeville, Mar-

quês de Saint-Pierre, como conhecido, ou o gentil homem, a quem as donzelas da corte chamavam de “O Di-vino Apolo”. Ele era sedutor, belo e ele-gante. Sua cultura era imensa, compositor, poeta e fazia questão dele mesmo colocar sua belíssima voz, cantando as canções românticas vazadas de seu coração. Causava delírios, todos aplau-diam. Também era

dedicado aos esportes, onde desenvolvia suas artes de esgrima e equitação

com maestria.Apesar de seu generoso coração voltado ao

“Bem”, deixava-se empolgar pelos excessos, pela boemia, destruindo lares, pois as paixões violentas da carne o assediavam dia e noite. Com isto, facil-mente enredava-se às faixas obsessivas.

A médium, vendo que esses momentos da aproxi-mação com os desafetos, iriam prejudicá-lo intensa-mente, ela vê Charles aproximar-se e orientá-la:

— Façamos juntos uma prece, e envolvamos nosso amigo fluidicamente para retirá-lo dessas imagens.

Charles pediu a Chopin que voltasse à realidade espiritual do tratamento de que estava sendo feito:

— O melhor, amigo é voltarmos agora para o hospital de onde você veio, por permissão do Alto. Cremos que com este seu desabafo, sua condição es-piritual ficará melhor.

Assim, Chopin retorna com Charles, e Yvonne volta ao corpo. Estava feliz. Conseguira ser útil aju-dando esse grande amigo, que tempos depois retor-naria, como espírito.

Ficara no ar o perfume indescritível de violeta, mas que pareciam ter sido essas violetas colhidas num dia de chuva, pois a umidade perfumada paira-va no ar. Ouve, então, a voz de Chopin ao seu ouvido dizendo:

— Não são violetas colhidas em dia de chuva e sim suas folhas orvalhadas pelas lágrimas contidas em meus olhos, que teimam em cair sobre as violetas que estão em seu vaso de flores.

Quando Yvonne sentia o perfume de violetas, ela já sabia que era a visita de Chopin, em busca de pre-ces para seu espírito.

Esse pequeno trecho descrito por Yvonne, está na íntegra no 1º capítulo do livro “Amor e Ódio”, psico-grafado por ela, pelo espírito de Charles.

Após longo tempo, no dia 10 de Março de 1958, Yvonne novamente entra em contato com o espírito de Chopin. Desta vez foi pela clarividência e audiên-cia, mediunidade também exercida por ela.

Conta a médium que, ao fazer suas orações no período da tarde para o receituário no atendimento público, vê Chopin aproximar-se com um peque-no buquê de violetas às mãos, que coloca sobre a mesa, dizendo que era para ajudá-la na fluidificação. Yvonne agradece e pergunta por seu estado. Ele diz estar se sentindo muito bem com a ajuda dos médi-cos espirituais e amigos. Estava ali, por que talvez fosse a última vez em visitá-la como espírito, pois pretendia atender agora o benefício da reencarnação para futuras tarefas junto ao povo. O plano espiri-tual superior insistia nesse ponto, porque só assim ele poderia agilizar seus estudos e experiências no campo do Amor ao próximo segundo o Evangelho, e não materialmente, o amor carnal, que sempre o perdeu, apesar de seus bons princípios.

Sua vontade era de reencarnar no Brasil, pois dizia ele, os espíritos aqui dizem, que esse é o País

Léon Tolstoi

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que no futuro auxiliará as criaturas a crescerem moralmente, com o retorno dos espíritos de alto pa-drão vibratório, para o progresso individual.

— Gostaria de já estar aí, para poder usufruir dos conhecimentos mais elevados. Procurarei dedi-car-me às tarefas redentoras da mediunidade, assim como você minha amiga, embora não comparando a sua evolução, já mais adiantada nesse quesito.

Yvonne, agradecida pela confiança desse relato tão íntimo, demonstrando uma dúvida, questiona:

— Então, não virá mais como pianista e composi-tor? Deixará de lutar pelo refazimento das Artes?

— Não, minha amiga. Continuarei, pois a músi-ca está no meu interior. Jamais a deixarei, porém, poderei ser médium receitista para viver de perto a dor alheia, coisa que nunca me preocupou. Não vi-verei nem da música, como outrora, e muito menos dos conhecimentos psiquiátricos que quero entender para ajudar as criaturas nos caminhos da reencarna-ção. Aprendi, a duras penas, que Deus nos dá o ne-cessário e que o supérfluo só nos distancia da reta caminhada com Jesus.

Diante da sinceridade estampada no semblante de Chopin, Yvonne viu orvalhos azulíneos cobrir sua cabeça. Chopin toma-lhe as mãos, beijando-as respeitosamente, agradecido, pois aprendera com ela a sentir que os dons que sempre o acompanharam pelo amor às Artes, não lhe pertenciam e sim eram atributos de Deus, emprestados às criaturas, para transformá-las em mensagens de paz e equilíbrio para a humanidade, pois aprendera que isso também é mediunidade, e portanto, devem ser entregues gra-tuitamente. A pintura, a música, a poesia, a literatura, enfim, tudo pertence a Deus, completava Chopin.

Yvonne vê o afastamento do espírito de Chopin, sob forte vibração orvalhada de luz. Emocionada, pensa ter cumprido seu dever, pois conseguira pas-sar em seu livro as revelações contadas por esse espírito. E por sua permissão, servindo de exemplo, pois embora tenha ele sempre se destaca-do, quando em romagens mais longas reencarnatorias, deixa claro que sendo sempre considerado um grande vulto

na Terra, não teve privilégios no mundo espiritual, sendo mais um espírito lutando para combater seus erros e conquistar novos valores.

Não nos esqueçamos da mensagem contida no O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Só herdarão o reino do céu os pobres de espírito, pois estes são hu-

mildes e compreendem a Deus nosso Pai”.Há o livro “Devassando o Invisível”, livro este

que procura mostrar o panorama mediúnico do mun-do espiritual. Tem a orientação do Dr. Bezerra de Menezes, Charles e Frédéric François Chopin.

Tece ela pequeno comentário a respeito de seu protetor Charles. Diz que ele foi martirizado no sé-culo XVI na França, na fatídica matança de São Bar-tolomeu. Ele também viveu no século seguinte na Índia, onde foi soberano.

Cita fatos relacionados ao espírito de Victor Hugo, que só o via em tênues nuvens fluídicas, e assim mesmo só lhe divisava o busto, sem maiores detalhes.

Chopin contara-lhe que a vinda dos espíritos su-periores à Terra, terá como vanguardeiro o ilumina-do espírito de Victor Hugo. Isto se daria após o ano 2.000. Segundo Chico Xavier, bem após o ano 2.000, quando a Terra realmente será de regeneração.

Yvonne trabalhou muito como médium de cura. Foram muitas as provas obtidas pelas pessoas que se curaram por ela, com a comprovação médica ter-rena. Cirurgias marcadas e depois suspensas, por não haver mais o problema. Miomas desaparecendo com tratamentos espirituais pela médium, partos compli-cados que, com a chegada de Yvonne (chamada com urgência), faziam-se normais etc. A todos ela atendia sempre com alegria.

Mas o seu maior empenho e trabalho árduo, foi com os obsessores. Ela achava essa tarefa muito im-portante, pois em todas as reencarnações (exceto esta última), sua vida sempre foi pautada por desvios obsessivos, levando-a ao suicídio por duas vezes. Por isso, seu grande interesse em atender os casos por vezes complicadíssimos. Porém, com a ajuda dos amigos espirituais e do próprio Dr. Bezerra de Menezes, que a acompanhou em muitas reencarna-ções, sempre obteve alívio e orientação segura, tanto para encarnados como para desencarnados.

Está aí a maior prova de regeneração de encar-nações turbulentas e depressivas. Colocando-se as mãos no trabalho profícuo e crendo em Jesus, sen-do perseverante, o “bem” vence o “mal”. Acima de tudo, a coragem e a boa vontade, como enfatiza em suas obras André Luiz.

O dia 9 de março de 1984 trouxe muita tristeza aos espíritas que conheceram e conviveram com Yvonne. Desencarnava na cidade do Rio de Janeiro a seareira do Cristo, a médium batalhadora Yvonne do Amaral Pereira. Contava 83 anos. Diz na certidão de Yvonne que ela nasceu em 24.12.1900 e não em 1906, como consta em alguns livros, com a ortogra-fia antiga onde se lê o nome: Yphone do Amarall Pereira, isto apenas como curiosidade.

Relembrando a mediunidade de Yvonne, tão produtiva e de uma vida de dedicação à Doutrina, muitos foram os espíritos de escol que transmitiram mensagens valiosas pela médium, aumentando o

Memórias de um Suicida, um dos livros mais conhecidos de Yvonne A. Pereira

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11Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

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Eurípedes de Barsanulfo, outro pioneiro que re-encarnou, abrindo caminho, preparando as criaturas para o “Mundo Maior”, possibilitando com seu tra-balho a continuidade mediúnica vindo pelo excelente Chico Xavier, também transmitiu sua influência benéfica sobre Yvonne, guiando-a por muitas vezes nos trabalhos, as quais ela se dava por inteiro, à cura, principalmente aos deficientes físicos. Eurípedes, sabedor dessa sua inclinação, a orientava constante-mente com relação ao passe magnético.

O primeiro contato desse espírito com Yvonne foi

na cidade mineira de Lavras, onde a médium trabalhou no centro espírita local e em outros agru-pamentos, onde a médium comparecia para desen-volver sua tarefa medianímica. Houveram até tra-balhos de materializações, onde Eurípedes atuou muito ao lado de Yvonne.

Prosseguem ambos na espiritualidade, juntos aos corações necessitados, agora com mais liberdade de ação da nossa Yvonne.

Outro espírito profundamente experiente, e que traz preciosidades do plano espiritual para o plano físico é o abnegado Léon Tolstoi.

Por volta de 1962, ele também passou a nos brin-dar com belíssimas páginas através da mediunidade de Yvonne.

Não poderia ele servir-se de um médium russo, pois que sua nação de origem física não permitia, e não permite até hoje a fatos espirituais, muito menos mediúnicos. Veio, então, ao Brasil e como já havia vivido uma encarnação em Moscou e conviveu com Yvonne por longo período, pois também ali ela reen-caranara (declaração da própria Yvonne para o jornal “Obreiros do Bem”, periódico espírita do Rio de Ja-neiro, hoje não mais existindo), buscara-a para que pudesse auxiliá-lo trazendo a luz seu romance “Res-surreição e Vida”. Nesse romance mediúnico, mais

precisamente no conto “O Reino de Deus”, Yvonne relata sua emoção quando Zaqueu foi encontrado por Tolstoi, pregando veementemente o Evangelho de Jesus, contando sua vida com discípulo do Mestre e de Paulo de Tarso.

Aqui sim é o que podemos dizer com toda con-vicção, “vale a pena ler de novo”, pois instrui e constroe. Duas grandes almas à serviço de Jesus.

Após o retorno de Yvonne ao plano espiritual, muitos foram os núcleos que surgiram ho-menageando-a e procurando continuar com os estu-dos e as tarefas que aprenderam com ela, em nome do Cristo. São eles, os mais atuais: Núcleo Assisten-cial Antônio de Aquino do Centro Espírita Léon De-nis, montando um gabinete dentário para os carentes com o nome de “Posto Dentário Yvonne Pereira”, em Magalhães Bastos. Em São Luís, Maranhão, surge o Grupo Espírita Yvonne Pereira. Porto Alegre, em 1996, no local chamado Ilha da Pintada, inauguram a Biblioteca Espírita Yvonne Pereira.

E em 14 de janeiro de 1989, fundou-se em Rio das Flores, sua cidade natal, o Centro Espírita Yvonne do Amaral Pereira.

Portanto, a vida e a obra desta tarefeira incan-sável, ficarão gravadas não só nos corações que com ela conviveram, como para todos que a admiram pe-los livros editados e que conseguem elevar o ânimo dos que encontram na Doutrina a Esperança de um mundo melhor, pelos testemunhos desta valorosa médium Yvonne Pereira.

Que Deus a abençoe e continue a cuidar por esta amada Escola, que se chama Terra.

Eloisa

Bibliografia:

* Yvonne do Amaral Pereira, O Vôo de uma Alma, Augusto Marques de Freitas, Edições CELD, 2ª Edição, 2000.* À Luz do Consolador, Yvonne Amaral Pereira, FEB, 3ª edição, 1997.* Devassando o Invisível, Yvonne Amaral Pereira, FEB, 7ª edição, 1987.* Amor e Ódio, Yvonne Amaral Pereira, pelo espírito Charles, FEB, 3ª edição, 1976.* Recordações da Mediunidade, Yvonne Amaral Pereira, FEB, 1ª edição, 1968.* Reformador, FEB, 1979.* Ressurreição e Vida, Yvonne Amaral Pereira, pelo Espírito Léon Tolstoi, FEB, 8ª edição, 1991.

Centro Espírita Yvonne Pereira, fundado em 14/01/1989 em Rio das Flores - RJ.

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Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, que Ele próprio resumiu na Lei do Amor.

“A Lei do Amor nos indicará sempre o que devemos ou não devemos fazer, já que temos dentro de nós mes-mos, muito da essência divina no interior de nossas almas.” (trecho do livro “Das Leis Morais” de Roque Jacintho”)

O Espiritismo não veio criar uma nova lei ou modifi-car a Lei do Amor ensinada e vivida pelo nosso amado Mestre Jesus.

Somente quem não conhece a Doutrina Espírita poderá acusá-la de tal ato.

Pela condição rude do povo, Jesus utilizava-se de parábolas e comparações, para que pudessem entender o mínimo necessário ao início do desenvolvimento do sentimento.

Muito do que Jesus disse, não foi entendido pelo povo de sua época e, com o passar do tempo, foi de-turpado em seu sentido real ou até esquecido pelos po-vos.

Surgiram religiões diversas. Cada uma delas deu a sua interpretação aos ensinamentos de Jesus e muito foi acrescentado a esses ensinamentos.

Criaram-se muitos rituais e agregaram muitos “acessórios”. Tudo isto acabou afastando o povo de Deus, fazendo-os esquecer os ensinamentos cristãos ou até dificultando o acesso a eles.

Diz Emmanuel que “o caminho ficou atulhado de obstáculos e sombras e o interessado, que é o espírito humano, encontra óbices infinitos para a passagem”. E ainda sobre os propósitos do Espiritismo cristão: “Ele é aquele Espírito de Verdade que vem lutar contra os gênios sombrios que vieram das cavernas da ignorân-cia e invadiram o campo do Cristo.”

A Humanidade viveu por um longo período na ig-norância de tudo o que Jesus tanto se esforçou para en-sinar.

Após este período de trevas, Deus, na sua infinita

kardec em estudoKardec em Estudo

Os Espíritos e a Lei do Amormisericórdia, deu-nos mais uma ferramenta para tra-balharmos o nosso espírito.

Através das explicações dos Espíritos, podemos en-tender as preciosidades que se encerram nas palavras simples de Jesus.

Exatamente este é o ponto principal de toda a doutri-na de Jesus. Ele primou pela simplicidade em seus en-sinamentos, mas o homem complicou-os.

A Doutrina Espírita prega a existência de um Deus único, Pai amoroso e misericordioso, que ampara a todos os seus filhos. Reconhece Jesus como o Mestre que veio ensinar a prática da Lei do Amor. Acredita na reencarnação como ferramenta utilizada por Deus para nos fazer evoluir espiritualmente. Prega que devemos praticar todas as virtudes cristãs, principalmente a cari-dade.

Por tudo isso, despojemo-nos das idéias pré-conce-bidas e examinemos as explicações dos Espíritos. As parábolas, explicadas, transformam-se de histórias pueris em conceitos profundos. O Espiritismo vem ex-plicar o sentido completo do que Jesus disse, vem trazer luz aos ensinamentos que não conseguíamos entender.

É necessário que levemos ao conhecimento das pes-soas todo o teor do Evangelho, explicado e compreen-sível.

Devemos utilizar o crivo da razão, recusando tudo aquilo que foi acrescentado pelos homens através de seus interesses egoístas e descobrir o sentido real das coisas.

Jesus nos ensinou: “Toda a planta que não for plan-tada por meu Pai, será arrancada e queimada”, ou seja, tudo o que vier no campo da fé religiosa e que for in-ventado pelos homens, não vigorará. Já o que é de Deus é eterno, e não precisa de muita força para se espalhar e perdurar.

Wilson

“O Livro dos Espíritos” Pergunta 627

Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa? “Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que

a verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa

pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade.”

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13Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

cantinho do verso em prosaCantinho do Verso em Prosa

Na silenciosa paz do cimo do CalvárioAinda se vê na cruz o Cristo solitário.

Vinte séculos de dor, de pranto e de agonia,Represam-se no olhar do Filho de Maria.

Abandonado e só na aridez da colina,Sofre infindo martírio a vítima divina;

Açoitado, traído e calmo, silencioso, Da Terra ao Céu espraia o seu olhar piedoso.

Dois mil anos de dor, e os seus cruéis algozesPassaram sem cessar como chacais ferozes.

Caravanas de reis nos tronos passageiros,Exaltados na voz das trompas dos guerreiros;

Os lendários heróis no dorso dos corcéis,Inscrevendo com fogo as máximas das leis.

Cavalheiros gentis, valentes brasonados,Nobres de sangue azul nos seus mantos dourados.

Viram-no seminu, na cruz, ensangüentado, E puseram-se a rir do louco supliciado!

O Cristo continuou, humilde e silencioso,Espraiando na Terra o seu olhar piedoso.

Sábios do tempo antigo abrindo os livros santosOlharam-no também, partindo como tantos.

Artistas e histriões, poetas e trovadores,Castelãs juvenis, turbas de gozadores

Inda vieram; depois, aqueles que em seu nomeEspalharam a treva, o pranto, a guerra e a fome.

Desolação e horror, mataram-se os irmãos,Lobos, tigres, chacais, na capa dos cristãos.

Contemplaram Jesus no cume da colina,Multiplicando a guerra, as lutas e a chacina.

O Mestre prosseguiu, sublime e silencioso,Espraiando na Terra o seu olhar piedoso.

E na época atual a caravana estranhaEstaca no sopé da árida montanha;

Mas os soberbos reis e césares antigos,Hoje mais nada são que míseros mendigos;

Os nobres doutro tempo, agora transformadosNos párias do amargor, nos grandes desgraçados,

Agora vêem, sim, no topo do Calvário,O sacrifício e a dor do eterno visionário,

Bradando com furor: — “Socorre-nos Jesus!Que possamos vencer a dor em nossa cruz.

Sorvendo o amaro fel nas dores da aflição, Temos fome de paz e sede de perdão!”

E o Mestre da bondade, o anjo da virtude,Estende o seu perdão cheio de mansuetude.

E do cimo da cruz, calmo e silencioso,Consola a multidão com o seu olhar piedoso.

Parnaso de Além TúmuloGuerra JunqueiroFrancisco Cândido XavierFEB14ª Edição - 1994

Eterna Vítima

Maria contempla Jesus, seu filho muito amado.Jesus crucificado! Seus olhos cheios de pranto,

trazendo enorme dor em seu coração. Chora ao lado de Madalena e as outras filhas que aprenderam a amar o “Homem do Calvário”.

Após o turbilhão de vozes e clamores, em que a própria Natureza rasga o Céu, como um grito de pesar sob raios e chuvas, Jesus contempla a multi-

dão, solitário na cruz.Ele está só, traído, açoitado, mas seu olhar con-

tinua calmo e a piedade é infinda em seu coração.Vê, através de sua mente, aqueles infelizes em

suas ilusões terrenas. Pensam ter nas veias o sangue azul e os títulos transitórios.

Todos enlouquecidos pelos prazeres da hora al-cançada. Trazem o engano e sentem-se vitoriosos

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Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª às 20:00 h 3ª e 6ª às 15:00 h

Tratamento Espiritual: 2ª às 19:45 h 6ª às 14:45 h

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AMOR eESPERANÇA

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Esta é uma das cinco obras básicas da Codificação do Espiritismo. Editada pela primeira vez em 1868 em Paris, em francês. Seu título inteiro é A Gênese, os Milagres e as Predições Se-gundo o Espiritismo, apesar de a conhecermos mais comumente apenas por A Gênese. Kardec a divide em três partes: na primeira parte, analisa a origem do planeta Terra, de forma coerente, fugindo às interpretações misteriosas e mágicas sobre a criação do mundo; em sua segunda par-te, aborda a questão dos milagres, explicando a natureza dos fluidos e os fatos extraordinários contidos no Evangelho e na terceira parte enfoca as predições do Evangelho, os sinais do tempo e a geração nova.

Os argumentos que compõem os dezoito capítulos desta obra têm como base a imutabilidade das grandiosas leis divinas. O Espiritismo através desta obra, juntamente com as outras quatro obras básicas, nos demonstra a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material, fornecendo a chave para a explicação de uma imensidade de fenômenos incompreen-didos e considerados, em virtude mesmo dessa circunstância, inadmissíveis, por parte de uma certa classe de pensadores.

Um livro que precisa ser conhecido e estudado. Roberto Patrício

A Gênese A GÊNESEAllan KardecFEB423 páginas

por crucificarem Aquele que dizia ser o filho de Deus, e tornar-se rei sobre a Terra.

Zombam do Cristo, os chamados sábios dos anti-gos templos que se arvoraram em sabedoria tão inú-teis quanto suas existências.

As guerras sem fim, trazendo mais ódio, destruição e fome. Onde a paz? Onde as lições de testemunho de Amor pregado pelo Cristo?

Ouve-se falar da Lei do Amor Cristão aos quatro cantos do mundo terreno. Porém continuam as destruições. Talvez ainda sejam os césares e os reis antigos! Mas tudo tem volta.

Hoje, quantos césares e reis estão reencarnados pelo mundo, arrastando uma veste carnal compromis-sada.

Ontem reis, hoje mendigos. Nobres em engalana-

dos salões palacianos, têm hoje como moradia, talvez uma choupana, carregando suas mentes conturbadas, enceguecidos por tristes amargores.

E aqueles que retornam de um passado equivo-cado, brandam agora vencidos pela dor: Socorre-nos Senhor!

E Jesus, contemplando mais uma vez, com toda ternura de seu enorme coração, estende seus braços e colhe em seu regaço as ovelhas perdidas do Eterno Amor da Misericórdia do Pai.

Nota-se então, luzes que se projetam do cimo da cruz e com fluidos edificantes diz Jesus:

— Pai, perdoa, são ovelhas transviadas sedentas de seu Amor!

Jesus Eterno Salvador!Eloisa

Page 15: Eterna Vítima do Lar Yvonne Amaral Pereira · este que lhe deu o sustento até sua desencarnação, em janeiro de 1935. Como a própria Yvonne relata em seus livros, ela já nasceu

15Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança

familiaFamília

A Edificação do Lar Atualmente é muito divulgada a idéia de que as pes-

soas que vêm de um lar estruturado, tem comportamento social equilibrado. Isto é uma realidade conhecida, princi-palmente por professores que encontram em suas salas de aula, alunos com as mais diversas reações aos estímulos de aprendizagem.

Aqueles que demonstram problemas na aprendizagem ou no relacionamento com os professores e/ou com os co-legas, são fi lhos de lares com problemas sérios.

E o que é necessário para se ter um lar equilibrado?Vamos relacionar o que a maioria das pessoas respon-

deria:• Um local para se morar: realmente não há família sem

um local em que ela se reúna. Este local pode ser de diver-sas formas, pois temos famílias desequilibradas em palá-cios e famílias felizes em barracos paupérrimos.

• Um pai, uma mãe e os fi lhos reunidos: novamente este conceito é relativo, pois há órfãos criados por avós, ou so-mente pela mãe, mas que, nem por isso, deixam de ser uma família unida. No entanto, milhares de famílias que seguem este padrão tradicional (pai, mãe e fi lhos), não conseguem manter uma conversação sadia sem resvalar na discussão ou no descaso pelo assunto.

• O interesse que os membros da família demonstram entre si: já este quesito não pode ser considerado relativo, mas sim, absoluto. Vemos casos absurdos em que pais não sabem nem onde os seus fi lhos estudam, quanto mais, quem são os seus amigos. Filhos que não têm o mínimo interesse sobre as atividades profi ssionais dos pais. Outro dia vimos uma situação absurda em que um irmão não sabia o nome complete do outro irmão! Já lemos que as famílias estão se tornando um punhado de pessoas que possuem a mesma chave da porta. E só.

• Uma religião comum aos familiares: poucos de nós incluiria este item como fator importante para a formação de um lar equilibrado porque, até hoje, as religiões se dis-tanciaram das pessoas. Era somente um culto em que o sacerdote instituído se encarregava de todos os “trâmites” e as pessoas somente observavam.

Apontados os quesitos acima, vemos que precisamos nos esforçar muito para modifi carmos esta situação caótica em que a família se transformou.

Comecemos “atacar” pelos pontos cruciais. Deixemos de enfeitar e enriquecer materialmente os nossos lares,

deixemos as reclamações mútuas e partamos para o cerne da questão.

Desenvolvendo o interesse gradual por aqueles a quem Deus reuniu como nossa família, modifi caremos em par-te o campo mental dos nossos familiares, demonstrando, principalmente, respeito ao modo de ser de cada um, mas sempre acrescentando algo de bom quando nos dirigirmos aos outros.

Já a parte religiosa é de extrema importância.Famílias que participam de atividades religiosas e tra-

balham na assistência aos menos favorecidos são, indiscu-tivelmente, mais equilibradas.

Não que seja uma vacina infalível, porque entra neste campo uma infi nidade de fatores que infl uenciam o com-portamento humano, inclusive, a formação moral que a pessoa vem carregando em sucessivas reencarnações, mas, é mais fácil enfrentar possíveis desvios de conduta quando se é informado sobre quais são as atitudes esperadas de um cristão. Isto, somente a religião aplicada ao dia a dia pode oferecer.

Nós, os espíritas, pregamos que a realização do Culto do Evangelho no Lar pela família, tem um grande efeito sobre todos os participantes do lar, principalmente nas crianças, que são reforçadas no conceito de que religião não é somente para dentro de uma igreja ou dentro do cen-tro espírita. Religião deve ser colocada em prática no lar, na escola, na rua ou onde estivermos.

Devemos ter paciência, porque não é um trabalho mila-groso.

A natureza não dá saltos. É necessário que o rio se forme através de pequenos fi letes de água que vão sendo acres-centados durante todo o seu percurso para que, só mais adiante, ele vá crescendo até se tornar um grande rio, espalhando benefícios a todos que estão às suas margens e, no fi nal, desemboque no grande mar.

A natureza humana não poderia ser diferente. Se perse-verarmos no bem, aprendendo todos os conceitos cristãos e nos esforçarmos para colocá-los em prática, um dia cres-ceremos tanto espiritualmente que conseguiremos auxiliar a todos que se aproximarem de nós, conhecendo, fi nal-mente, o grande sentido da vida: a caridade.

Comecemos com a nossa família, que é a missão que Deus nos confi ou.

Wilson

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