Etiologia e Resistência Bacteriana em Unidades de … · a significant statistical association...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MAYARA MARIA BASTOS FRANCO Etiologia e Resistência Bacteriana em Unidades de Terapia Intensiva Através de Culturas de Vigilância. NATAL 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE BIOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

MAYARA MARIA BASTOS FRANCO

Etiologia e Resistência Bacteriana em Unidades de Terapia

Intensiva Através de Culturas de Vigilância.

NATAL

2017

MAYARA MARIA BASTOS FRANCO

Etiologia e Resistência Bacteriana em Unidades de Terapia

Intensiva Através de Culturas de Vigilância.

NATAL

2017

Dissertação de mestrado do curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas na área de Biodiversidade.

Orientador: Professor Doutor Renato Motta Neto

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências-CB

Franco, Mayara Maria Bastos.

Etiologia e resistência bacteriana em unidades de terapia

intensiva através de culturas de vigilância / Mayara Maria Bastos Franco. - Natal, 2017.

98 f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ciências

Biológicas. Orientador: Prof. Dr. Renato Motta Neto.

1. Resistência antimicrobiana - Dissertação. 2. Cultura de

vigilância - Dissertação. 3. Unidades de terapia intensiva -

Dissertação. 4. Microbiota - Dissertação. 5. Carbapenêmicos -

Dissertação. I. Motta Neto, Renato. II. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 615.33

MAYARA MARIA BASTOS FRANCO

Etiologia e Resistência Bacteriana em Unidades de Terapia

Intensiva Através de Culturas de Vigilância.

Aprovada em 29/03/2017

Banca examinadora:

_____________________________

Professora Doutora Ana Isabela Lopes Sales

Departamento Escola da Saúde/Biomedicina- UnP

_____________________________

Professora Doutora Renata Antonaci Gama

Departamento de Microbiologia e Parasitologia- UFRN

_____________________________

Professor Doutor Renato Motta Neto

Departamento de Microbiologia e Parasitologia - UFRN

NATAL

2017

Dissertação de mestrado do curso de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas na área de Biodiversidade.

Orientador: Professor Doutor Renato Motta Neto

AGRADECIMENTOS

A Deus, meu amigo e sustento, que me guiou com seu cuidado e sabedoria por este caminho. A meus pais, em especial minha mãe Fátima Bastos que com seus infinitos cuidados e esforços me proporcionou o apoio para que eu pudesse vencer cada etapa e ser quem sou hoje. A minha tia Sávia Maria que com sua amizade sincera e bom humor deixa os meus dias mais leves. A Fábio Eduardo, agradeço por seu carinho e amparo. Aos colegas e amigos do LABMIC, pelo companheirismo e ajuda mútua nos dias de trabalho. Ao meu orientador, professor Renato Motta que muito me ensinou nesta área da bacteriologia e incentivou meus potenciais. A toda a equipe de enfermagem e responsáveis pelas UTIs do Hospital Universitário Onofre Lopes e Hospital Giselda Trigueiro por abrir as portas com muita dedicação e solicitude para que pudéssemos desenvolver este trabalho.

RESUMO

A existência de patógenos com alto perfil de resistência, colonizando a pele e

mucosas de pacientes internados, elevam o risco da ocorrência de infecções graves.

Deste modo as culturas de vigilância são importantes a fim de se identificar estes

microrganismos e minimizar a sua propagação para outros indivíduos. Este estudo

utilizou culturas de vigilância para determinar o perfil de resistência presente em

bactérias isoladas de 114 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva

(UTIs). Utilizou-se métodos de identificação fenotípica, de sensibilidade aos

antibióticos e testes fenotípicos de indicação de produção de β-lactamases. Das

amostras de Staphylococcus spp. isoladas, 89% (98/110) apresentaram resistência à

Oxacilina, 39% (52/133) das enterobactérias eram produtoras de β-lactamase de

Espectro Estendido, 57,5% (23/40) das Pseudomanoas aeruginosa eram produtoras

de β-lactamase AmpC e 80% (30/37) dos Acinetobacter spp. eram resistentes aos

carbapenêmicos. Dentre as variáveis clínicas estudadas, encontrou-se uma

associação estatisticamente significativa entre o uso de carbapenêmicos e a

colonização por bactérias resistentes aos antibacterianos mais frequentes utilizados

na rotina. Estes índices elevados refletem a tendência epidemiológica atual do

crescimento das bactérias com alto padrão de resistência, tornando-se essencial a

implementação de medidas de vigilância, isolamento e racionalização do uso de

antibióticos a fim de se minimizar a disseminação destes patógenos.

Palavras-chave: Resistência antimicrobiana; Cultura de Vigilância; Unidades de

Terapia Intensiva; Microbiota; Carbapenêmicos.

ABSTRACT

The existence of pathogens with high antimicrobial resistance, colonizing the skin and

mucous membranes of hospitalized patients, increases the risk of serious infections.

Thus surveillance cultures are important to identify these microorganisms and

minimize their propagation to other individuals. This research used surveillance

cultures to determine the resistance profile existent in bacteria colonizing 114 patients

admitted in Intensive Care Units (ICUs) for 7 or more days. For this purpose, manual

methods of phenotypic identification, antimicrobial susceptibility and phenotypic tests

for the indication of β-lactamase’ production were used. From the Staphylococcus spp.

isolated, 89% (98/110) were resistant to oxacillin, 39% (52/133) of Enterobacteriaceae

were producers of Extended Spectrum β-Lactamases, 57.5% (23/40) of Pseudomonas

aeruginosa were producers of AmpC β-Lactamase and 81% (30/37) of Acinetobacter

spp. were resistant to carbapenems. Among the studied clinical variables, it was found

a significant statistical association between the use of carbapenems and colonization

by bacteria resistant to these antibiotics. These high indexes reflect the current

epidemiological tendency of high resistant bacteria growth, making essential the

implementation of surveillance measures, isolation and rationalization of antibiotic use

to minimize the dissemination of these pathogens.

Keywords: Antibiotic resistance; Active Surveillance; Intensive Care Units; Microbiota;

Carbapenems;

LISTA DE SIGLAS AMC- Amoxicilina com Ácido Clavulânico ATB- Antibiótico ATCC- Coleção Americana de Culturas de Amostras Padrão, do inglês - American Type Culture Collection. ATM- Aztreonam AmpC- β-lactamase AmpC

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária ATCC- Coleção Americana de Culturas de Amostras Padrão, do inglês - American Type Culture Collection. BHI- Brain Heart Infusion Broth

BGN- Bacilos Gram-Negativos

BGN-NF- Bacilo Gram-Negativo Não Fermentador

CA-ORSA- Staphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina associado à

Comunidade CAZ- Ceftazidima CCIH- Comissões de Controle de Infecções Hospitalares CEP-UFRN- Comitê de Ética em Pesquisa de Humanos da Universidade Federal Do Rio Grande do Norte CESP- Citrobacter spp., Enterobacter spp., Serratia spp., Providencia spp., Morganella morganii. CFO- Cefoxitina CIM- Concentração Inibitória Mínima. CLI Clindamicina CLSI - Clinical and Laboratory Standards Institute CPM- Cefepime CRO Ceftriaxona CTX- Cefotaxima

CTX-M- Gene produtor de β-lactamase de Espectro Estendido DMP Departamento de Microbiologia e Parasitologia EDTA- Ethylenediamine Tetraacetic Acid (Ácido Etilenodiamino Tetra-acético) ESBL- β-lactamase de Espectro Estendido HA-ORSA- Staphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina Hospitalar. ICU- Infecções na Corrente Sanguínea IMP- Imipenemase IPM Imipenem IRAS- Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde KPC- Klebsiella pneumoniae Carbapenemase LABMIC Laboratório de Micobactérias LEV Levofloxacina MBL- Metalo-β-lactamase mec-A- Gene codificador da proteína PBP2a ou PBP2’ MRSA- Staphylococcus aureus Resistentes à Meticilina

NaCl- Cloreto de Sódio

NDM- New Delhi Metalo β-lactamase

ORS- Sthaphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina.

ORSA- Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina

ORSCN- Sthaphylococcus Coagulase Negativa resistentes à Oxacilina. PBP- Proteína Ligadora de Penicilina, do inglês - Protein Binding Penicillin PCR- Reação em cadeia da Polimerase, do inglês – Polimerase Chain Reaction. PIT Piperacilina com Tazobactam Rcarb- Resistente aos Carbapenêmicos SCC-mec- Cassete Cromossômico Estafilocócico mec, do inglês - Staphylococcal Cassette Chromosome

SCN- Staphylococcus coagulase-negativa

SHV- Gene produtor de β-lactamase de Espectro Estendido

SUT- Sulfametoxazol com Trimetropim THM- Teste de Hodge Modificado TEM- Gene produtor de β-lactamase de Espectro Estendido UFC- Unidade Formadora de Colônia UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte UTI- Unidade de Terapia Intensiva VIM Verona Imipenemase.

LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principais Classes de Antibióticos Utilizados na Prática Clínica..................18

Tabela 2: Resultado obtido de cada gênero e espécie referente aos grupos

bacterianos isolados nas amostras..............................................................46

Tabela 3: Quantidade de Bacilos Gram-Negativos Resistentes aos

Carbapenêmicos positivos ao Teste de Hodge Modificado e

ao Teste de Metalobetalacmase...................................................................54

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Anel β-lactâmico......................................………………………………..........19

Figura 2: Mecanismos de Resistência bacteriana adquirida........................................22

Figura 3: Testes fenotípicos empregados....................................................................36

Figura 4: Teste do OXA-25 de 2 cepas.........................................................................38

Figura 5: Determinação da CIM pelo uso de uma fita de E-teste.................................39

Figura 6: Bactéria com Teste de Indução positivo para a produção de AmpC.............41

Figura 7: Teste de Disco Aproximação para a identificação de

uma cepa produtora de ESBL.......................................................................42

Figura 8: Teste de Hodge Modificado (THM)................................................................43

Figura 9: Teste de Metalobetalactamase Positivo........................................................44

Figura 10: Perfil de Sensibilidade das Cepas de Staphylococcus

Coagulase-Negativa Resistentes à Oxacilina frente aos

antimicrobianos testados.............................................................................48

Figura 11: Perfil de Sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus

Resistentes à Oxacilina frente aos antimicrobianos testados.....................48

Figura 12: E-Teste de Mupirocina.................................................................................49

Figura 13: Perfil de Resistência das enterobactérias quanto à produção

de AmpC, ESBL e quanto à resistência aos Carbapenêmicos....................51

Figura 14: Teste de Indução para a detecção de bactérias

produtoras de AmpC...................................................................................51

Figura 15: Teste fenotípico de disco aproximação para a detecção

de β-lactamase de Espectro Extendido (ESBL)..........................................52

Figura 16: Quantidade de Pseudomonas aeruginosa produtora

de AmpC e Resistentes aos Carbapenêmicos em valores

absolutos e relativos...................................................................................53

Figura 17: Quantidade de Acinetobacter spp. resistentes aos

Carbapenêmicos e sensíveis em números

absolutos e relativos...................................................................................54

Figura 18: Tempo de internação dos pacientes............................................................55

Figura 19: Idade dos Pacientes....................................................................................56

Sumário

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 14

1.1 Gênero Staphylococcus .................................................................................. 14

1.2 Bacilos Gram-Negativos ................................................................................. 15

1.2.1 Família Enterobacteriaceae ......................................................................... 16

1.2.2. Bacilos Gram-Negativos Não-Fermentadores ............................................ 16

1.3 Antibacterianos Úteis na Prática Médica ....................................................... 17

1.4 Resistência Bacteriana aos Antibióticos ....................................................... 21

1.5 Bactérias Resistentes de Maior Relevância Clínica. .................................... 23

1.5.1 Staphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina (ORS). ................................. 23

1.5.2 Bacilos Gram-negativos Produtores de β-lactamase AmpC ........................ 25

1.5.3 Enterobactérias produtoras de β-lactamases de Espectro Estendido ......... 26

1.5.4 Bacilos Gram-negativos Resistentes aos Carbapenêmicos ........................ 26

1.6 Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde ............................................ 28

1.7 Culturas de Vigilância...................................................................................... 29

1.7.1 Aspectos Gerais .......................................................................................... 29

1.7.2 Medidas de isolamento, precauções por contato e de descolonização ...... 31

1.7.3 Epidemiologia das culturas de vigilância no Brasil e no Rio Grande do Norte. .......................................................................... 32

2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 34

2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 34

2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 34

3. METODOLOGIA ..................................................................................................... 35

3.1 Aprovação pelo Comitê de Ética ................................................................... 35

3.2 Coleta ................................................................................................................ 35

3.3 Isolamento Primário Bacteriano ..................................................................... 36

3.4. Identificação do Gênero Staphylococcus ..................................................... 37

3.4.1 Pesquisa de Staphylococcus spp. Resistentes a Oxacilina pelo Método do Disco Difusão. ................................................................... 37

3.4.2 Teste do Oxa-25 .......................................................................................... 38

3.4.3 Teste de sensibilidade dos ORS frente a outros antimicrobianos. ............... 38

3.5 Identificação de Bacilos Gram-Negativos...................................................... 40

3.5.1 Identificação de bactérias produtoras de β-lactamase AmpC pelo Teste de Indução. ................................................................................ 40

3.5.2 Identificação de Enterobactérias produtoras de ESBL pelo Teste de Disco Aproximação ............................................................... 41

3.5.3 Pesquisa de Bacilos Gram-negativos Resistentes aos Carbapenêmicos ... 42

3.6 Análises Estatísticas ....................................................................................... 44

4. RESULTADOS ........................................................................................................ 46

4.1 Etiologia dos Espécimes totais isolados ....................................................... 46

4.2. Identificação do gênero Staphylococcus ..................................................... 47

4.2.1 Pesquisa de Staphylococcus spp. Resistentes a Oxacilina pelo Método do Disco Difusão. ................................................................... 47

4.2.2 Teste do OXA-25. ....................................................................................... 47

4.2.3. Teste de sensibilidade dos ORS frente a outros antimicrobianos. .............. 47

4.3 Identificação de Bacilos Gram-Negativos...................................................... 50

4.3.1 Pesquisa de Enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, produtoras de ESBL e de β-lactamase AmpC. ........................................... 50

.4.3.2 Pesquisa de Bacilos Gram-negativos Não-Fermentadores AmpC e Resistentes aos Carbapenêmicos ........................................................... 53

4.4 Análises Estatísticas ....................................................................................... 54

5. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 57

6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 65

7. PERSPECTIVAS FUTURAS ................................................................................... 66

8. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 67

10. ANEXOS ............................................................................................................... 78

14

1. INTRODUÇÃO

1.1 Gênero Staphylococcus

O gênero Staphylococcus inclui bactérias que possuem forma esférica e podem

apresentar-se aos pares, tétrades ou agrupadas em formato de cachos de uva. Assim

como os gêneros Enterococcus e Streptococcus, os Staphylococcus spp. são

pertencentes ao grupo dos cocos Gram-positivos, os quais adquirem tonalidade

púrpura ao serem submetidos ao teste da coloração Gram (ferramenta utilizada na

diferenciação laboratorial das 2 classes bacterianas: Gram-negativas e Gram-

positivas) (CHRISTOF, 2010).

Espécies do gênero Staphylococcus fazem parte da microbiota humana e

também estão envolvidos em uma grande variedade de infecções de caráter

oportunista. De acordo com Sasaki et al (2011), o termo “oportunista” refere-se às

bactérias que normalmente não trazem risco à saúde humana, mas podem causar

infecção em pacientes com estado imunológico comprometido (SASAKI et al, 2011).

Segundo o conceito clínico contemporâneo, o qual utiliza uma classificação

simples e útil baseada em aspectos médicos, este gênero é dividido em:

Staphylococcus Coagulase positiva, quase que exclusivamente representado pela

espécie Staphylococcus aureus, e em Staphylococcus Coagulase Negativa (SCN)

(FERNANDES; CARVALHO; JUNIOR, 2014).

A espécie S. aureus está presente em cerca de 15% a 30% dos indivíduos,

colonizando-os em regiões úmidas e tendo como seu principal habitat as narinas

anteriores (BARROSO; MELIÇO-SILVESTRE; TAVEIRA, 2014). Entretanto, ela tem

sido causa de séria preocupação para os clínicos há mais de um século, devido a sua

proeminência como um importante patógeno oportunista relacionado à saúde

(CHATTERJEE; OTTO, 2013).

Dentre estes principais agravos causados por cepas desta espécie estão as

infecções superficiais e profundas de pele e tecidos moles, bacteremia, endocardite,

osteomielite, pneumonia, intoxicação alimentar, síndrome de choque tóxico e

síndrome de pele escaldada estafilocócica (OSTOJIC; HUKIC, 2015).

Já o grupo dos SCN representa uma parte significativa da microbiota humana,

colonizando normalmente a pele e membranas mucosas, sendo particularmente

prevalentes nas axilas, regiões iguinal e perineal, narinas anteriores e glândulas

sebáceas (BECKER; HEILMANN; PETERS, 2014).

15

No que se refere às espécies associadas a humanos pertencentes a este

grupo, Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus haemolyticus são as mais

prevalentes, seguidas por Staphylococcus capitis, Staphylococcus hominis,

Staphylococcus simulans, Staphylococcus warneri, Staphylococcus lugdunensis e

Staphylococcus saprophyticus as quais são menos frequentemente encontradas.

(BECKER; HEILMANN; PETERS, 2014).

Em relação aos agravos clínicos ocasionados por representantes deste grupo,

as infecções na corrente sanguínea associadas aos cuidados hospitalares são as

mais importantes. Isto ocorre, porque o crescente uso, dos dispositivos médicos

invasivos ao longo das décadas e o maior número de pacientes imunodeprimidos

hospitalizados, levou os SCN a serem um dos principais agentes etiológicos

responsáveis por estas infecções (RIGATTI et al, 2010).

Os riscos de bacteremia por estas bactérias são significativos, pois, como elas

já fazem parte regularmente da microbiota da pele dos indivíduos, o uso constante

dos dispositivos médicos invasivos, como cateteres intravenosos, criam uma porta de

entrada, facilitando a passagem destes microrganismos da pele para a corrente

sanguínea dos pacientes (SIEVERT et al, 2013).

Desta forma, bactérias do gênero Staphylococcus são de grande importância

médica devido ao extenso número de acometimentos que elas podem causar, e

também devido a sua alta prevalência em infecções adquiridas no hospital (KAISER et

al, 2010).

1.2 Bacilos Gram-Negativos

Outro grupo que, além dos Staphylococcus spp., estão também envolvidos nos

agravos à saúde humana são os bacilos Gram-negativos (BGN), os quais

apresentam-se em formato bacilar e adquirem uma tonalidade avermelhada ao serem

submetidos à Coloração Gram. Os principais BGN de importância clínica englobam as

enterobactérias, que pertencem à Família Enterobacteriaceae, e os bacilos gram-

negativos não fermentadores (CARNEIRO, 2015).

16

1.2.1 Família Enterobacteriaceae

A família Enterobacteriaceae é composta por BGN anaeróbios facultativos,

fermentadores de glicose, não formadores de esporos, oxidase negativa e capazes de

reduzir nitrato a nitrito. A maioria das espécies possuem flagelos, favorecendo sua

movimentação, são microrganismos ubíquos e constituintes da microbiota intestinal

normal da maioria dos animais, incluindo seres humanos, sendo também conhecidos

por enterobactérias (DONNENBERG, 2010)

Esta família é representada por vários gêneros e espécies como Escherichia

coli, Klebsiella spp., Enterobacter spp., Proteus spp., Citrobacter spp., Salmonella

spp., Shigella spp., entre outros, os quais são responsáveis por causar uma série de

infecções quando as defesas do indivíduo estão comprometidas. Dentre estes

principais acometimentos causados nos seres humanos estão as gastroenterites, e

infecções extraintestinais como: infecções no trato urinário e septicemia (KONEMAN,

2008).

1.2.2. Bacilos Gram-Negativos Não-Fermentadores

Os bacilos Gram-negativos não fermentadores (BGN-NFs) são microrganismos

aeróbios, não esporulados e possuem a característica de serem incapazes de utilizar

carboidratos através da fermentação. Este grupo inclui organismos como

Pseudomonas spp., Acinetobacter.spp., Alkaligenes.spp., Stenotrophomonas

maltophilia e Burkholderia cepacia. Dentre estes, as espécies Pseudomonas

aeruginosa e Acinetobacter spp são os patógenos mais comumente isolados de

humanos (BHATNAGAR et al, 2014)

Estes organismos possuem ampla distribuição ambiental e uma boa

capacidade de se manterem viáveis em diversos ambientes, sobrevivendo por longos

períodos em superfícies e possuindo necessidades nutricionais mínimas com grande

tolerância às variações ambientais.(CARDOSO; REIS, 2016).

Atualmente eles são classificados como importantes patógenos associados aos

cuidados com a saúde, podendo ser isolados de vários tipos de instrumentos do

ambiente hospitalar tais como ventiladores mecânicos, umidificadores, colchões e

outros equipamentos (SAMANTA et al, 2011)

Os BGN-NFs são causadores de algumas infecções tais como septicemia,

infecções de sítio cirúrgico, infecções do trato respiratório e do trato urinário.

17

Entretanto, eles são mais frequentemente envolvidos nas infecções do trato

respiratório em casos adquiridos nas Unidades de Tratamento Intensivos (UTIs),

principalmente, devido à sua capacidade de se manter viável em variados tipos de

ambientes, particularmente na água e em seus sistemas de distribuição (SILVA et al,

2016).

1.3 Antibacterianos Úteis na Prática Médica

Devido aos diversos tipos de infecções bacterianas que os indivíduos são

expostos, como as que foram abordadas anteriormente, surgiu a necessidade do uso

de medicamentos que detivessem suas ações deletérias contra o organismo humano

(GUIMARÃES et al, 2010).

Estes medicamentos, os antibióticos, são definidos como compostos naturais

ou sintéticos capazes de inibir o crescimento ou causar a morte de bactérias, que

foram utilizados desde o século passado como uma forma significativa de combate às

infecções bacterianas. Podem ser classificados como bactericidas, quando causam a

morte da bactéria, ou bacteriostáticos, quando promovem a inibição do crescimento

microbiano (GUIMARÃES et al, 2010).

O grande marco no tratamento das infecções bacterianas ocorreu com a

descoberta da penicilina, em 1928, pelo cientista Alexander Flemming, ao descobrir

que fungos do gênero Penicillium produziam uma substância que causavam a lise de

bactérias circunvizinhas (WORTHINGTON; MELANDER, 2013).

Entretanto, apenas na década de 40, a penicilina G (forma que o antibiótico foi

descrito) foi introduzida definitivamente como agente terapêutico. Deste então, após o

processo de industrialização da penicilina, especialmente em consequência da

Segunda Guerra Mundial, foi observado um rápido crescimento na descoberta e

desenvolvimento de novos fármacos (WORTHINGTON; MELANDER, 2013).

As principais classes de agentes antibacterianos utilizados na prática clínica

são os β-lactâmicos, aminoglicosídeos. tetraciclinas, fenicóis, quinolonas,

fluoroquinolonas, macrolídeos, lincosamidas, glicopeptídeos, oxazolidinonas e as

polimixinas (GUIMARÃES et al, 2010), os quais estão abordados na Tabela 1.

A tabela abaixo retrata de forma resumida as principais características por meio

da exposição de seus respectivos mecanismos de ação, bem como de alguns

representantes de cada grupo.

18

Tabela 1: Principais Classes de Antibióticos Utilizados na Prática Clínica.

Classe de Antibióticos Mecanismo de Ação Alguns Representantes

β-lactâmicos (WORTHINGTON; MELANDER, 2013)

Inibição da síntese da parede celular (ligação às PBPs)

Penicilinas (Amoxicilina; Penicilina) Cefalosporinas (Cefalotina;

Ceftazidima) Monobactâmicos (Aztreonam) Carbapenêmicos (Imipenem;

Meropenem)

Aminoglicosídeos (GOODMAN, 2010)

Interrupção da síntese proteica (ligação à subunidade 30S ribossomal)

Amicacina Estreptomicina

Gentamicina

Tetraciclinas (GOODMAN, 2010)

Interrupção da síntese proteica (ligação à subunidade 30S ribossomal)

Tetraciclina

Fenicóis (MATINEZ, 2014)

Interrupção da síntese proteica (ligação à subunidade 50S ribossomal)

Cloranfenicol

Quinolonas e Fluoroquinolonas

(MONTEIRO, 2011)

Inibição da replicação do DNA (ligação às topoisomerases II e IV)

Ácido nalidíxico Ciprofloxacina Levofloxacina

Macrolídeos (CUNHA, 2012)

Inibição da síntese proteica(ligação à subunidade 50S)

Eritromicina Azitromicina

Lincosamidas (PEREIRA, 2014)

Inibição da síntese proteica (ligação à subunidade 50S)

Clindamicina

Glicopetídeos

(MANFREDINI; PICOLI; BECHER, 2011)

Inibição da síntese da parede celular (ligação ao resíduo dipeptídico terminal D-Ala-D-Ala do peptideoglicano)

Vancomicina Teicoplamina

Oxazolidinonas (VASCONCELLOS, 2015)

Inibição da síntese proteica(ligação à subunidade 50S

Linezolida

Polimixinas (PINTO, 2011)

Desestabilização da membrana celular

Polimixina B Colistina (polimixina E)

19

Dentre estes fármacos abordados na Tabela 1, os β-lactâmicos representam a

classe mais variada e amplamente utilizada na prática médica, a qual será abordada

mais detalhadamente nos parágrafos subsequentes.

Os β-lactâmicos atuam inibindo a síntese da parede celular bacteriana em sua

etapa de finalização. Estes compostos ligam-se às proteínas ligadoras de penicilina

(PBPs), impedindo que elas atuem na síntese da camada de peptideoglicano,

composto que proporciona a estrutura rígida da parede celular destes

microrganismos. Deste modo, estes fármacos possuem excelente perfil de segurança

para o organismo humano, uma vez que atuam especificamente nas PBPs, presentes

apenas em bactérias (WORTHINGTON; MELANDER, 2013).

Todos os fármacos desta classe possuem em comum em sua estrutura um anel

β-lactâmico (Figura 1) e o que diferencia os grupos entre si são as estruturas ligadas

diretamente a este núcleo comum (FERNANDES, 2014).

Figura 1: Anel β-lactâmico. Fonte: Fernandes, 2014

Esta classe inclui os grupos das penicilinas, cefalosporinas, monobactâmicos,

carbapenêmicos e inibidores de betalactamases (CUNHA, 2012), os quais possuem

usualmente amplo espectro de atividade antibacteriana, gerando uma eficácia clínica

frente a uma vasta gama de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas (MATOS,

2015).

As penicilinas constituem o primeiro grupo de antibióticos a serem

desenvolvidos e continuam a ser atualmente um dos grupos mais importantes na

terapêutica, sendo a peniclina G e a penicilina V, os fármacos precursores deste

grupo. No entanto, outras penicilinas com melhores características farmacológicas

foram criadas posteriormente, como a meticilina, a nafcilina, as aminopenicilinas, as

ureidopenicilinas e as carboxipenicilinas, sendo chamadas de penicilinas

20

semissintéticas. Em relação ao seu espectro de ação, esta classe é bastante ativa

contra vários cocos Gram-positivos e bacilos Gram-negativos (AZEVEDO, 2014).

As cefalosporinas são agentes antimicrobianos semissintéticos derivados do

fungo Cephalosporium acremonium. Dependendo de suas características estruturais e

do espectro de ação que possuem, comumente estes compostos são agrupados em 5

gerações. As cefalosporinas de 1ª geração, como a cefalexina, cefazolina e cefalotina,

são efetivas contra algumas espécies dos gêneros Staphylococcus e Streptococcus e

sua atividade contra os bacilos Gram-negativos é limitada às linhagens de E. coli,

Klebsiella spp. e Proteus mirabilis. As cefalosporinas de 2ª geração apresentam

atividade contra os bacilos Gram-negativos ligeiramente aumentada comparada às de

1ª geração. Alguns representantes delas são a cefuroxima e o cefotentan (DIAS,

2015).

A 3ª geração inclui cefalosporinas de amplo espectro, pois apesar de serem

menos ativas do que as de primeira geração contra os cocos Gram-positivos, exibem

atividade muito maior contra as enterobactérias. Os fármacos representantes incluem

a ceftriaxona, a ceftazidima e a cefotaxima (AZEVEDO, 2014). A 4ª geração, tendo

como único representante o cefepime, tem um espectro de ação sobre as bactérias

Gram-negativas mais alargado que os restantes dos compostos anteriores, atuando

ainda sobre P. aeruginosa e algumas Enterobactereaceae que são geralmente

resistentes às cefalosporinas de 3ª geração (CASTANHEIRA, 2013). E, por último, as

cefalosporinas de 5ª geração tem um espetro de atividade semelhante ao cefepime

contra P. aeruginosa, sendo efetiva também contra o S. aureus resistente à oxacilina e

à maioria das enterobactérias, sendo a ceftarolina um de seus representantes

(LOPES, 2012).

Os monobactâmicos são representados pelo aztreonam, único fármaco

comercializado. Este antibiótico é usado como uma alternativa aos aminoglicosídeos

para o tratamento de infecções por E. coli, Klebsiella spp. e P. aeruginosa (DIAS,

2015).

Por último, os carbapenêmicos são os que têm maior espectro de ação contra

as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, representando os medicamentos de

última escolha da classe dos β-lactâmicos para o combate às infecções causadas por

bactérias resistentes. Os seus representantes são os fármacos ertapenem, imipenem,

meropenem e doripenem (AZEVEDO, 2014).

21

1.4 Resistência Bacteriana aos Antibióticos

A descoberta dos antibióticos abordados anteriormente constituiu um progresso

inquestionável da medicina do século XX. No entanto, a eficácia dos mesmos foi, em

alguns casos, rapidamente superada pelo surgimento da resistência bacteriana aos

diversos antibióticos, tão logo eles sejam introduzidos e usados constantemente na

prática clínica (MAÇÃO et al, 2013).

Em 1944, pouco tempo após o começo da aplicação da penicilina em uso

clínico, já foi registrado o primeiro relato de resistência a este fármaco em cepas de

S.aureus, devido à produção de uma enzima degradadora desta substância chamada

penicilinase (WORTHINGTON; MELANDER, 2013). Desde então, a resistência

bacteriana foi aumentando, ao longo das décadas, conforme a introdução e uso

clínico dos novos antibióticos, até ser atualmente considerada como um dos

problemas de saúde pública mais relevantes em torno do mundo (LOUREIRO et al,

2016).

Esta resistência é caracterizada por mecanismos mediante os quais as

bactérias diminuem a ação dos agentes antimicrobianos, podendo ser de forma

natural ou adquirida. A resistência natural (também conhecida por intrínseca) é uma

característica própria dos microrganismos, pertencendo naturalmente ao seu material

genético. Ela acontece quando todas as bactérias da mesma espécie já nascem

resistentes a antibióticos de mesma família (KOHL; PONTAROLO; PEDRASSANI,

2016).

Por outro lado, a resistência adquirida se dá através de mutações ou da

aquisição de material genético extracromossômico procedente de outra bactéria. Os

mecanismos da resistência bacteriana adquirida se dão de 4 formas: alteração da

permeabilidade, bombas de efluxo, alteração no sítio de ação e mecanismo

enzimático, conforme abordados na Figura 2 (BAPTISTA, 2013).

A alteração de permeabilidade da membrana plasmática diz respeito à

diminuição do número, tamanho ou seletividade das porinas, que são canais

hidrofílicos responsáveis pela passagem de substâncias para o interior da célula

bacteriana. Deste modo, assim como alguns fármacos utilizam este meio para a

penetração na bactéria, a diminuição ou perda da função destas porinas ocasionam a

resistência ao antibiótico, pois eles não conseguem penetrar satisfatoriamente no

interior da célula bacteriana. Um exemplo deste mecanismo é a resistência às

tetraciclinas pelas bactérias Gram-negativas (BAPTISTA, 2013).

22

As bombas de efluxo são proteínas que atuam no transporte ativo de

substâncias do meio intracelular para o extracelular. Em relação aos antibióticos, este

mecanismo pode levar à diminuição de suas concentrações no interior da célula

bacteriana, gerando a resistência. Estas proteínas podem atuar efluxo de todas as

classes de antimicrobianos, como, por exemplo, no efluxo das tetraciclinas,

fluoroquinolonas e macrolídeos (KUMAR; VARELA, 2012).

Por outro lado, a alteração do sítio alvo diz respeito à alteração no local de

ligação do antibiótico à bactéria, impedindo que ele se ligue e então exerça seu efeito.

A origem desta resistência se dá pela aquisição de genes ou por mutação genética. A

obtenção do gene mecA pelas cepas de Staphylococcus spp., gerando uma PBP

modificada, é um exemplo deste mecanismo, o qual leva a resistência aos β-

lactâmicos (CASTANHEIRA, 2013).

E, por último, o mecanismo enzimático é caracterizado pela produção de

enzimas que degradam os antibióticos, levando a resistência bacteriana a

determinados fármacos. A produção de β-lactamases e de enzimas específicas

responsáveis pela degradação de aminoglicosídeos, cloranfenicol e fosfomicina são

exemplos dessa resistência ocasionada pelo mecanismo enzimático (CASTANHEIRA,

2013).

Figura 2: Mecanismos de Resistência bacteriana adquirida. Fonte:

http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_a

nimacao.htm. Acessado em 14/03/2017.

23

1.5 Bactérias Resistentes de Maior Relevância Clínica.

Nos últimos anos tem-se assistido a um aumento preocupante de infeções por

bactérias com alto perfil de resistência, o que representa um problema muito

importante em escala mundial, pelo consequente aumento das taxas de morbidade e

mortalidade e pelos custos que as infeções por estes patógenos acarretam (MIYAKIS;

PEFANIS; TSAKRIS, 2011). Do ponto de vista clínico, as bactérias resistentes mais

relevantes na prática médica são os Sthaphylococcus spp. resistentes à oxacilina

(ORS), enterobactérias produtoras de β-lactamase de espectro extendido (ESBL),

bacilos Gram-negativos produtores de β-lactamase AmpC e os bacilos Gram-

negativos resistentes aos carbapenêmicos (Rcarb), os quais serão abordados nos

tópicos subsequentes (MAÇÃO et al, 2013).

De acordo com a terminologia internacional padronizada que descreve o perfil

de resistência das bactérias, são identificadas como bactérias “multirresistentes”

aquelas que são resistentes a fármacos de 3 ou mais classes de antibióticos. Deste

modo, alguns pesquisadores classificam estas bactérias anteriormente citadas como

“multirresistentes”, porém não se pôde usar esta classificação neste trabalho, pois não

testamos uma quantidade suficiente de antibióticos para cada cepa a fim de as

classificarmos com este termo (por exemplo, para as cepas de Acinetobacter spp., só

testamos a classe dos carbapenêmicos). Desta forma, utilizar-se-á as expressões

“bactérias resistentes de maior importância médica” ou “de maior relevância clínica” a

fim de se referir a estes patógenos abordados a seguir (Magiorakos et al, 2012).

1.5.1 Staphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina (ORS).

Após o rápido desenvolvimento da resistência à penicilina por S.aureus, foi

introduzida a Meticilina, derivado semissintético da Penicilina, na prática clínica em

1959. Entretanto, logo após 2 anos a primeira cepa S. aureus resistentes a este

fármaco foi isolada de um hospital do Reino Unido em 1961, também conhecida por

Staphylococcus aureus resistente à Oxacilina (ORSA). Após isso, o ORSA tornou-se

endêmico em torno do mundo e já em 1980 emergiu como o principal patógeno

nosocomial (FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Embora tradicionalmente este patógeno tenha surgido no ambiente hospitalar,

a partir da década de 90 ocorreu uma mudança na população alvo dos ORSAs, pois

indivíduos saudáveis na comunidade começaram a desenvolver infecções por estes

24

patógenos. O aparecimento destes casos, culminou no estabelecimento de uma

classificação, como ORSA associado aos cuidados à sáude ou de origem hospitalar

(HA-ORSA) e ORSA associado à comunidade (CA-ORSA) (MEJÍA; ZURITA;

GUZMÁN-BLANCO, 2010).

A resistência à Oxacilina pelas cepas de Staphylococcus spp. ocorre pela

alteração das PBP’s da parede celular, impedindo a ligação com os β-lactâmicos,

conferindo resistência a todos os antibióticos desta classe. O principal gene que

confere a resistência à oxacilina no gênero Staphylococcus é o mecA, inserido no

cromossomo, em um elemento genético móvel, chamado Cassete Estafilocóccico

Cromossômico (SCCmec) (PATERSON; HARRISON; HOLMES, 2014).

A frequência destas bactérias resistentes atingem valores elevados ao redor do

mundo. Nos anos de 2006-2007, cepas de ORSA chegaram a ser responsáveis por

59,5% das infecções em Unidades de Terapia Intensiva de vários hospitais dos EUA e

em vários hospitais brasileiros, o isolamento de ORSA varia de 30 a 80 %

(CARVALHO, 2016).

Outro dado preocupante diz respeito aos Staphylococcus coagulase-negativa

resistentes à Oxacilina (ORSCN) que vêm crescendo vigorosamente ao longo dos

anos em todo o mundo no ambiente hospitalar desde a década de 80. Um exemplo

disto, foi encontrado em um estudo na Suíça, no qual ao longo de 20 anos , houve um

aumento das porcentagens de 11% a 55% dos isolados de SCN resistentes à

oxacilina (GUGGENHEIM et al, 2009). Já no Brasil, uma pesquisa de Rigatti et al,

(2010) detectou um índice de 95% de ORSCN isolados de amostras hospitalares.

A resistência à Oxacilina pelas cepas de SCN é um grave problema hospitalar,

gerando elevados riscos para os pacientes. Isto acontece porque, além destas

bactérias serem um dos principais patógenos causadores de infecções sanguíneas,

por comporem normalmente a microbiota da pele, ao adquirir essa resistência à

oxacilina, tornam-se bactérias altamente resistentes a um elevado número de

antibióticos e passíveis de causar bacteremia grave (BECKER; HEILMANN; PETERS,

2014).

Como fármacos de escolha para o tratamento de infecções por ORSA ou

ORSCN, podem ser usadas a vancomicina, a daptomicina e a linezolida, sendo esta

última mais vantajosa quando usada, apresentando melhor resposta clínica, menos

tempo de internação hospitalar e menor custo total quando comparada com a

vancomicina (VASCONCELLOS et al., 2015). A linezolida, pertencente à classe das

25

oxazolidinonas, é utilizada principalmente no tratamento de infecções de pele e partes

moles pelos estafilococos resistentes à oxacilina (LOPES, 2014).

1.5.2 Bacilos Gram-negativos Produtores de β-lactamase AmpC

As β-lactamases são enzimas que degradam alguns ou todos os β-lactâmicos,

as quais tem como alvo a estrutura que todos os fármacos desta classe compartilham,

o anel β-lactâmico. As β-lactamases do tipo AmpC hidrolisam especificamente

penicilinas, cefamicinas (como cefoxitina), monobactâmicos e cefalosporinas até

terceira geração (JACOBY, 2009).

O gene que codifica estas β-lactamases podem ser tanto de origem

cromossômica como plasmidial. Cromossomicamente, é encontrada em Enterobacter

spp., Providencia spp., Citrobacter freundii, Morganella morganii, e Serratia

marcescens. Por outro lado, o gene de AmpC plasmídial pode ser encontrado em K.

pneumoniae, E. coli, Salmonella spp. and Shigella spp. (KAUR et al., 2016).

As bactérias que possuem o gene de origem cromossômica, produzem a

enzima a níveis basais, conferindo resistência primordialmente às cefoxitina e

cefalosporinas de 1ª e 2ª geração. Entretanto, em alguns destes organismos, pode

ocorrer hiperprodução da enzima quando são expostos a algum agente indutor como

cefoxitina, imipenem e ácido clavulânico. Deste modo, o indutor promove

modificações na regulação da enzima, conferindo resistência também às

cefalosporinas de 3ªgeração (ANDRADE, 2008).

Entretanto, estas enzimas não produzem uma significativa atividade hidrolítica

contra cefalosporinas de 4ª geração, como cefepime, e contra os carbapenêmicos,

além de não serem inibidas por inibidores de β-lactamases (JACOBY, 2009).

A exata prevalência deste mecanismo, principalmente a mediada por

plasmídeo, ainda não é estritamente estabelecida, devido à ausência de um método

universal, simples e que possua sensibilidade e especificidade ideal (KHARI et al.,

2016). Porém, apesar de ainda não haver padronização e recomendação pelo Clinical

and Laboratory Standards Institute (CLSI) para a detecção de β-lactamases do tipo

AmpC por métodos fenotípicos, a triagem pode ser realizada pelo teste de indução

que se dá através da detecção do achatamento no halo da cefalosporina provocado

pela ação de algum agente indutor (ANDRADE, 2008).

26

1.5.3 Enterobactérias produtoras de β-lactamases de Espectro Estendido

As Enterobactérias produtoras de β-lactamases de Espectro Estendido

(ESBL) oferecem resistência às penicilinas, cefalosporinas de 3ª e 4ª geração, e

monobactâmicos (incluindo, o aztreonam), mas não fornecem resistência à

cefamicinas (cefoxitina e cefotetan) e aos carbapenêmicos (imipenem, meropenem e

ertapenem). No entanto, eles são inibidos pelos inibidores de β-lactamases, tais como

o ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam (SILVA; SILVA; OLIVEIRA, 2014).

A presença de ESBL é descrita em diversos patógenos de origem hospitalar e

comunitária, como Klebsiella pneumoniae, Escherichia coli, Citrobacter spp.,

Enterobacter spp., Proteus mirabilis e Serratia marcescensi, sendo mais comum nas

duas primeiras espécies (FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Há várias famílias de ESBL, tendo surgido primordialmente com as variedades

clássicas TEM e SHV. Contudo, uma nova família, a CTX-M, surgiu nos últimos anos,

principalmente em E.coli e se tornou o tipo mais largamente distribuído, excedendo a

incidência de SHV e TEM (NOGUEIRA, 2011).

A significativa proporção de isolados de Klebsiella spp produtoras de ESBL,

resultam em falha terapêutica e em surtos destas cepas resistentes no ambiente

hospitalar. Desse modo, diferentes clones de Klebsiella spp. ESBL têm sido relatados

na literatura, especialmente em unidades de tratamento intensivo (UTIs), assim como

cepas de Escherichia coli extraintestinal. Logo, altas taxas de mortalidade são

associadas a infecções por K. pneumoniae produtora de ESBL, tendo como evento

favorável a colonização para o estabelecimento da infecção (DA SILVA; LINCOPAN

2012).

Os carbapenêmicos são considerados os fármacos de escolha para o

tratamento de pacientes com infecção por microrganismos que produzem este tipo de

β-lactamase. Eles são uma boa alternativa, pois não são hidrolisáveis pelas ESBLs,

são bastante ativos in vitro e possuem altos níveis de sucesso nos tratamentos

reportados na literatura (NOGUEIRA, 2011; CARRILHO, 2014).

1.5.4 Bacilos Gram-negativos Resistentes aos Carbapenêmicos

Os carbapenêmicos eram os medicamentos mais eficazes no combate à

bactérias Gram-negativas resistentes, porém seu uso no controle destas infecções

tem sido ameaçado pelo surgimento de cepas resistentes a estes fármacos. Isto se

27

deu tanto pela necessidade de sua constante utilização como fármaco de escolha

para o tratamento de infecções com bactérias ESBL, como também pelo seu uso

inadequado nas prescrições médicas (KATEETE et al., 2016).

Os mecanismos de resistência aos carbapenêmicos pelas cepas de bacilos

Gram-negativos podem se dar pelas quatro formas de resistência adquirida

abordadas no item 1.4: perda de porinas, hiperexpressão de bombas de efluxo,

alteração da molécula alvo (as PBPs) e pela produção de enzimas que degradam esta

classe de antibiótico, as carbapenemases. Entretanto este último mecanismo citado é

o mais frequente apresentado pelas bactérias Rcarb (DIAS, 2015; DANTAS, 2015).

Estas carbapenemases são enzimas β-lactâmicas que possuem a capacidade

de hidrolisar penicilinas, cefalosporinas e carbapenêmicos, tendo sido descritas pela

primeira vez na década de 90. Deste modo, estas enzimas são um importante

problema emergente, pois as bactérias produtoras de carbapenemases são

resistentes à maioria dos agentes antimicrobianos confiáveis, restando limitadas

opções terapêuticas (FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Estas enzimas estão divididas em 3 classes. A classe A e D, referem-se às

serino carbapenemases, porque elas têm o aminoácido serina em seu sítio ativo,

enquanto que a classe B, das metalo-β-lactamases (MBLs), utilizam algum metal,

principalmente o Zinco, como cofator em sua atividade catalítica (KATEETE et al.,

2016).

A classe A possui várias famílias, porém a mais prevalente é a das KPCs

(Klebsiella pneumoniae Carbapenemases). As KPCs são de origem plasmidial e

hidrolisam todos os β-lactâmicos usados, mas são fracamente inibidas por inibidor de

β-lactamases, como o tazobactam. Elas foram encontradas primeiramente em K.

pneumoniae, na Carolina do Norte, Estados Unidos, em 1996. Entretanto, as KPCs já

foram descobertas em outros representantes da família Enterobacteriaceae como

Escherichia coli, Klebsiella oxytoca, Enterobacter spp., Salmonella spp., Proteus

mirabilis, Citrobacter freundii, Serratia spp. Além de que sua presença também já foi

relatada em espécies de não fermentadores, mostrando sua disseminação nas

espécies e gêneros bacterianos (RIOS; ALMEIDA, 2015).

A classe B das metalo-β-lactamases possuem genes com origem

cromossômica ou plasmidial e as famílias mais comuns, tendo maior destaque

mundial, são IMP (Imipenemase), VIM (Verona imipenemase) e NDM (New Delhi

Metalo-β-lactamase). A primeira MBL identificada foi encontrada em P. aeruginosa e,

desde então, elas tornaram a ser detectadas também em espécies de Acinetobacter

28

spp. e em Enterobactérias, através da disseminação genética. As enterobactérias

produtoras de NDM são atualmente uma importante preocupação devido à sua rápida

disseminação em todo o mundo (MANENZHE et al, 2015).

As MBLs utilizam o Zinco como cofator enzimático e têm a capacidade de

hidrolisar todos os β-lactâmicos com exceção dos monobactâmicos. Uma

característica importante é que elas podem ser inibidas por ácido etileno-diamino-

tetrácetico (EDTA), o qual é bastante utilizado em testes fenotípicos de triagem para a

detecção deste mecanismo. Entretanto não são inibidas pelo ácido clavulânico ou

tazobactam (RIOS; ALMEIDA, 2015).

Por último, a classe D refere-se às OXA carbapenemases, as quais possuem

origem plasmidial e têm sido descritas principalmente em Acinetobacter spp., mas

também podem ser encontradas em enterobactérias. Estas enzimas não são inibidas

por ácido clavulânico ou EDTA (QUEENAN; BUSH, 2007).

Deste modo, a presença destes patógenos resistentes abordados

anteriormente torna-se um grave problema de saúde, pois eles estão bastante

presentes circulando no ambiente hospitalar, podendo assim ocasionar infecções

nosocomiais severas como as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde

(O’BRIEN; STELLING, 2011).

1.6 Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são caracterizadas

por toda infecção que seja adquirida no ambiente hospitalar e que se manifeste no

paciente após sua admissão ou mesmo após sua alta hospitalar, sendo

correlacionada diretamente com a internação e com os procedimentos hospitalares

(CLIMO et al, 2013). Em relação às origens etiológicas das IRAS, sabe-se que 70%

dos patógenos envolvidos nelas são de origem endógena, ou seja, são

microrganismos provenientes da própria microbiota do indivíduo, como os SCN ou as

enterobactérias (MENDES at al, 2016). No Brasil, estima-se que aproximadamente 5

a 15% dos pacientes hospitalizados e 25 a 35% dos pacientes admitidos em UTI

adquiriram algum tipo de infecção relacionada à assistência a saúde, sendo ela, a

quarta causa de mortalidade (OLIVEIRA et al, 2012)

As Infecções na Corrente Sanguínea (ICU), ou bacteremias, estão dentre as

complicações mais graves associadas aos cuidados médicos hospitalares

29

(BRUSSELAERS et al, 2013). Nas últimas décadas, tem sido observado um aumento

na incidência destas infecções devido à frequente utilização de procedimentos

médicos invasivos, como dispositivos intravasculares e à presença de ventilação

mecânica. Estas práticas são consideradas como fatores de risco para o

desenvolvimento das ICUs, pois estes procedimentos invasivos atuam como porta de

entrada dos patógenos do meio externo para a corrente sanguínea (DANTAS, 2015).

Do ponto de vista epidemiológico, os cocos Gram-positivos, especialmente os

SCN, são os mais frequentemente isolados nas bacteremias. Entretanto, em alguns

casos, essa regra não pode ser expandida para países em desenvolvimento, como o

Brasil, pois as condições econômicas e ambientais favorecem a emergência dos

bacilos Gram-negativos (DANTAS, 2015). Enterococcus spp., Staphylococcus

aureus., Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp. são as bactérias que têm um

grande envolvimento neste tipo de infecção (RAMPELOTTO et al, 2015).

As ICUs são geralmente correlacionadas a altos índices de morbidade e

mortalidade, devido às baixas opções terapêuticas em função da emergência e

disseminação das bactérias com alto nível de resistência aos agentes

antimicrobianos, as quais atuam como agentes etiológicos destas infecções com

bastante frequência (BRUSSELAERS et al, 2013).

Deste modo, os orgãos governamentais nacionais e internacionais juntamente

com as Comissões de Controle de Infecções Hospitalares (CCIHs) têm utilizado as

culturas de vigilância, como técnicas de rastreamento epidemiológico das principais

bactérias resistentes a fim de se diminuir os índices de morbidade e mortalidade

relacionados com as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde.

1.7 Culturas de Vigilância

1.7.1 Aspectos Gerais

As culturas de vigilância são definidas como técnicas laboratoriais que

permitem o isolamento e identificação de bactérias resistentes de maior relevância

clínica obtidas a partir de pacientes colonizados. Esta identificação é importante,

porque os indivíduos que estejam colonizados por estas bactérias estão sofrendo

graves riscos de desenvolverem infecções de difícil tratamento, caso sejam infectados

30

por elas, ou de servirem como transmissores silenciosos destes patógenos para

outros pacientes (CATANEO et al, 2011).

A metodologia na aplicação destas culturas de vigilância é feita a partir da

coleta de swabs nasais, retais e axilares da mucosa e pele dos pacientes, seguida de

identificação do gênero ou espécie bacteriana e posteriores testes de susceptibilidade

aos antibióticos a fim de se detectar as bactérias resistentes de maior importância

médica abordadas no item 1.5. que possam estar colonizando o paciente (O’BRIEN;

STELLING, 2011).

Dentre os ambientes hospitalares que abrigam situações de maior risco ou

impacto das infecções e cujos métodos de vigilância são empregados

frequentemente destacam-se os berçários, ambientes de cuidados a pacientes

imunodeprimidos, unidades de diálise e as Unidades de Terapia Intensiva. Estes

locais são considerados de maior risco, pois os pacientes internados nesses

ambientes são geralmente mais debilitados, com diminuição da imunidade e com uso

frequente de dispositivos médicos invasivos, atuando como portas de entrada aos

microorganismos e deixando-os mais vulneráveis à infecção (O’BRIEN; STELLING,

2011 ).

Além disso, destes ambientes citados, a UTI é considerada o epicentro da

resistência bacteriana, sendo a principal fonte de surtos de bactérias com alto perfil de

resistência principalmente devido ao uso ostensivo de antimicrobianos. Isto acontece

porque o uso constante destes fármacos leva à seleção de cepas naturalmente

resistentes, aumentando o percentual de colonização dos pacientes por estes

patógenos (FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Por sua vez, a presença destes patógenos resistentes colonizando

naturalmente a mucosa e pele dos pacientes, associada às práticas comuns do

ambiente de UTI, como o uso rotineiro de técnicas invasivas e de catéteres

intravaculares, aumentam o risco de bacteremias por estes microrganismos altamente

resistentes, gerando infecções graves neste ambiente (GOMES et al, 2014).

A alta densidade de pacientes e a susceptibilidade da população internada em

Unidades de Terapia Intensiva, geralmente portadora de doenças graves, assim

como também uma longa permanência em serviços de saúde, maior longevidade da

população, associada a um quadro clínico mais grave aumentam ainda mais o risco

da ocorrência destas infecções mais severas (CORREIA,2013).

Deste modo, as culturas de vigilância possibilitam a obtenção das taxas de

colonização dos patógenos resistentes nos pacientes internados netas unidades

31

hospitalares, atuando de forma significativa no controle das IRAS, pois permite: a

detecção das tendências epidemiológicas locais das bactérias resistentes de maior

relevância; a identificação de surtos antes de sua propagação; a determinação das

áreas e situações de maior risco e a verificação da eficácia de possíveis intervenções

empregadas (CATANEO et al, 2011).

1.7.2 Medidas de isolamento, precauções por contato e de descolonização

Após a detecção dos pacientes colonizados com bactérias resistentes

(especialmente ORSA e bactérias resistentes aos carbapenêmicos), medidas de

isolamento, precauções por contato e de descolonização são tomadas pela equipe de

enfermagem a fim de se conter a propagação e diminuir (ou eliminar) a colonização

nos indivíduos que tiveram cultura de vigilância positiva para estes patógenos

(ALVAREZ; LABARCA; SALLES, 2010).

As medidas de isolamento mais comuns adotadas consistem em manter o

paciente em quarto privativo ou em quarto com outro paciente que apresente

colonização pelo mesmo microrganismo. Já as precauções por contato consistem no

uso de luvas estéreis, avental e higienização das mãos com álcool a 70% antes e

após o contato com o indivíduo hospitalizado, além de reservar equipamentos

médicos de uso individual para uso exclusivo do paciente (como estetoscópio,

esfignomanômetro, termômetro, entre outros). Deste modo, estas medidas atuam na

prevenção da disseminação dos patógenos resistentes para outros pacientes não

colonizados (LACEN-SC,2016).

E, concomitantemente a estas medidas, é feito também o processo de

descolonização do paciente pelo uso tópico de mupirocina nasal à 2% e pelo uso da

solução degermante gluconato de clorexidina (2-4%) em banho por todo o corpo do

indivíduo. O primeiro fármaco citado é útil na eliminação de ORSA que esteja

colonizando as narinas anteriores e a clorexidina é usada para a descolonização tanto

de bactérias resistentes Gram-positivas, como Gram-negativas que estejam

presentes na superfície corporal. Este processo é aplicado no paciente diariamente

durante 5 dias e apresenta bons resultados no processo de descolonização (LEE et

al, 2016).

Por fim, as culturas de vigilância seguidas por corretas medidas de isolamento

e descolonização do paciente colonizado por patógenos resistentes atua de forma

significativa no controle da colonização e da disseminação destes microrganismos,

32

diminuindo os índices de agravamento no quadro clínico nas Infecções Relacionadas

à Assistência à Saúde (CATANEO et al, 2011).

1.7.3 Epidemiologia das culturas de vigilância no Brasil e no Rio Grande do Norte.

No contexto epidemiológico brasileiro atual, os sítios nasal e retal são

considerados os de maior importância para a pesquisa de patógenos resistentes

(como ORSA, enterobactérias produtoras de ESBL e BGN resistentes aos

carbapenêmicos) mais praticados nas culturas de vigilância por todo o país

(SARMENTO, 2015).

De acordo com alguns estudos recentes brasileiros, índices de 24 a 37% das

culturas de vigilância coletadas na admissão de pacientes que são internados em

UTIs são positivas para a presença destas bactérias resistentes anteriormente

citadas. Destas bactérias, as mais isoladas são Acinetobacter spp. e P. aeruginosa

resistentes aos carbapenêmicos, seguidos por Klebsiella pneumoniae ESBL e por

Staphylococcus aureus resistentes a oxacilina (CAMPOS; PEREIRA; LIMA,2012;

DAMACENO , 2014; SARMENTO, 2015).

As enterobactérias produtoras de ESBL e os BGN resistentes aos

carbapenêmicos constituem o principal problema da resistência bacteriana no Brasil,

porém não há dados sistemáticos sobre sua total prevalência e colonização no país

como um todo, assim como também não há para os Staphylococcus spp. resistentes

à oxacilina (DAMACENO, 2014). Isto prova a urgente necessidade de se fazer

estudos epidemiológicos a nível nacional que possam gerar dados que reflitam a atual

realidade de todo o país. O que se tem sobre a epidemiologia das culturas de

vigilância no Brasil são apenas estudos esporádicos sobre a prevalência de bactérias

resistentes em determinadas localidades, o que será exposto nos parágrafos

subsequentes .

Em relação à prevalência de bactérias produtoras de ESBL, um estudo de

culturas de vigilância feito recentemente em pacientes de UTI do Rio de Janeiro,

detectou uma prevalência de quase 70% dos isolados de K. pneumoniae produtoras

de β-lactamases de espectro estendido obtidos do swab retal (FLORES et al, 2016).

Estima-se ainda que a prevalência no Brasil de ESBL em cepas desta espécie,

bactéria mais envolvida com a produção desta resistência, é de aproximadamente

50% ( PERNA et al, 2015).

33

No que concerne à pesquisa de bacilos Gram-negativos resistentes aos

carbapenêmicos obtidos por cultura de vigilância, um estudo feito em São Paulo

identificou índices de colonização de 40 e 45% de pacientes colonizados por K.

pneumoniae e Acinetobacter spp. resistentes a estes fármacos, respectivamente

(FREIRE et al, 2017)

Por fim, dados epidemiológicos brasileiros de prevalência de Staphylococcus

spp. resistentes à oxacilina obtidos de swab nasal a partir de pacientes hospitalizados,

demonstraram índices de 86% de ORSA, em relação às amostras de S. aureus

isoladas e uma porcentagem de 89% de SCN resistentes à oxacilina, de todos os

SCN isolados. Contabilizando um total de 56% de pacientes colonizados por ORSA,

e de 29% de pacientes colonizados por SCN resistentes à oxacilina (SANTOS et al,

2015).

No que faz referência ao contexto epidemiológico das culturas de vigilância a

nível estadual, também ainda não há uma análise sistemática dos índices de

colonização e prevalência de bactérias resistentes isoladas de pacientes hospitalares.

Entretanto, torna-se necessário traçar a frequência destes patógenos nos ambientes

de UTI de hospitais estaduais, a fim de estabelecer posteriormente melhores ações de

controle das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde no Estado (SERAFIM,

2013).

Deste modo, este trabalho visa suprir a carência de dados nesta área, sendo o

primeiro estudo sobre cultura de vigilância a ser realizado no Estado do Rio Grande

do Norte.

34

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

- Avaliar a frequência das bactérias resistentes de maior importância no contexto

hospitalar isoladas de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva,

realizando sua identificação etiológica, bem como a avaliação de seu perfil de

resistência.

2.2 Objetivos Específicos - Determinar a frequência de Staphylococcus spp. Resistentes à Oxacilina (ORS) por

métodos fenotípicos.

- Determinar o perfil de susceptibilidade dos Staphylococcus spp. resistentes à

oxacilina frente a vários antimicrobianos

- Determinar a frequência de enterobactérias produtoras de β-lactamases de espectro

extendido (ESBL), bacilos Gram-negativos produtores de β-lactamase Amp C e

bacilos Gram-negativos resistentes aos carbapenêmicos (Rcarb).

- Avaliar a positividade das bactérias resistentes aos carbapenêmicos frente ao Teste

de Hodge Modificado e ao Teste de Metalobetalactamase.

- Correlacionar a colonização por bactérias resistentes aos carbapenêmicos e

Staphylococcus spp. resistentes à oxacilina com as características clínicas dos

pacientes.

35

3. METODOLOGIA

3.1 Aprovação pelo Comitê de Ética

O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de

Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), através da

emissão do parecer consubstanciado de número 1.136.107, emitido em 02/07/2015.

3.2 Coleta

As coletas foram realizadas em 114 pacientes internados nas UTIs do Hospital

Universitário Onofre Lopes e do Hospital Giselda Trigueiro, as quais foram realizadas

em pacientes de todas as idades e apresentando qualquer tipo de diagnóstico, tendo

como único critério de inclusão do paciente no estudo o tempo de internação a partir

de 7 dias. De cada paciente foram coletados swab nasal, axilar e retal. A coleta de

swab nasal foi feita, introduzindo-se o swab, embebido em solução fisiológica estéril,

pelo menos 1 cm nas narinas, fazendo-se movimentos rotacionais na região da

mucosa. A coleta de swab axilar foi feita, passando-se o swab umedecido com

solução fisiológica estéril na região axilar através de movimentos rotatórios. E a coleta

de swab retal foi feita introduzindo-se o swab embebido em solução fisiológica estéril,

por volta de 1cm no reto, fazendo-se movimentos rotatórios na região da mucosa

(RIMLAND; ROBERSON, 1986).

As coletas foram realizadas em um período de Julho de 2015 a Julho de 2016.

De cada paciente, foram colhidas as respectivas informações clínicas do prontuário:

Idade, tempo de internação, diagnóstico e qual o tipo de antibiótico o paciente fazia

uso no momento.

Antes da coleta das amostras, um familiar ou responsável pelo paciente

assinava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, autorizando o procedimento.

A figura 3, na página seguinte, mostra um esquema de todos os testes

fenotípicos, abordados nos itens subsequentes, empregados para as bactérias

isoladas a partir da coleta das amostras de swabs nasal, retal e axilar.

36

Figura 3: Testes fenotípicos empregados. *Rcarb: Resistentes aos Carbapenêmicos.

3.3 Isolamento Primário Bacteriano

Após a coleta, os swabs foram encaminhados em meios de transporte Stuart

(HIMEDIA) ao Laboratório de Micobatérias do Departamento de Microbiologia e

Parasitologia da UFRN (LABMIC/ DMP-UFRN) onde foram processados. Os swabs

coletados foram semeados no meio BHI caldo (Brain Heart Infusion Broth-HIMEDIA)

e incubados em estufa bacteriológica a 35-37ºC, por cerca de 1-2h a fim de se obter

um crescimento bacteriano significativo para o sucesso do isolamento. Após este

Swabs nasal, retal e axilar

Staphylococcus spp.

Pesquisa de ORS pelo

método de Disco Difusão

Teste do Oxa- 25

Perfil de sensibilidade dos

ORS frente a outros antimicrobianos

(Penicilina, Coranfenicol,

Gentamicina,etc...)

E-teste de Mupirocina

Bacilos Gram-Negativos

(BGN)

Teste de Indução para a pesquisa

de AmpC

Teste de Disco Aproximação

para a Pesquisa de ESBL

Pesquisa de BGN Resistentes aos

Carbapenêmicos

Teste de Hodge

Teste de MBL

Isolamento Bacteriano e Identificação Etiológica lógicalógicaeeEtiológica

P. aeruginosa e Enterobactérias Enterobactérias Todos os BGN

Cepas de ORSCN resistentes ao disco de Mupirocina

Enterobactérias

Rcarb*

Todos os BGN

Rcarb

37

tempo, as amostras foram semeadas em Ágar Sangue (BHI ágar suplementado com

5% de sangue desfibrinado de carneiro-HIMEDIA), em Ágar Mac Conkey (HIMEDIA),

para o isolamento de bacilos Gram-negativos, e em Ágar Manitol (HIMEDIA), para o

isolamente de Staphylococcus spp.

3.4. Identificação do Gênero Staphylococcus

As colônias bacterianas que cresceram no Ágar Manitol e que apresentaram

características morfotintoriais de cocos Gram-positivos, prova da catalase positiva e

resistência ao disco de Bacitracina 0,04μg foram confirmadas como sendo do gênero

Staphylococcus. E a fim de diferenciar estes microrganismos entre S. aureus e SCN,

foi realizada a prova da coagulase em tubo: as bactérias que foram positivas a esta

prova foram classificadas como S. aureus, enquanto as que foram negativas a esta

prova foram classificadas como SCN (JACOBS, C.; ALVES, 2014).

3.4.1 Pesquisa de Staphylococcus spp. Resistentes a Oxacilina pelo Método do

Disco Difusão.

Para cada Staphyloccus spp. isolado e identificado, foi feito o teste de

sensibilidade ao disco de cefoxitina 30μg (fámarco usado como marcador da

resistência à oxacilina). Primeiramente, foi feito o semeio por distensão das amostras

bacterianas em Ágar Muller Hinton de acordo com o seguinte procedimento: Colônias

de aspectos similares de cada amostra bacteriana foram diluídas em solução salina,

ajustadas para o padrão 0,5 da escala de Mac Farland que corresponde à

aproximadamente 1,5 x 108 Unidades Formadora de Colônia por mililitros (UFC/mL) e

então semeadas por distensão por meio de um swab estéril sobre uma placa de Ágar

Muller-Hinton. Após isso, o disco de cefoxitna foi colocado sobre a superfície da placa

e, então, incubada a 24h na estufa a 35-37ºC, a fim de se identificar a resistência à

oxacilina. Após este período, foi realizada a medição do diâmetro da zona de inibição

do crescimento ao redor do disco do disco de antibiótico, com o auxílio de uma régua.

As amostras foram classificadas como sensíveis, intermediárias ou resistentes ao

antibiótico testado, de acordo com os pontos de corte estabelecidos pelo Clinical and

Laboratory Standards Instituts 2016 (CLSI, 2016).

38

3.4.2 Teste do Oxa-25

Todas as amostras classificadas como resistentes à oxacilina pelo método do

disco difusão foram submetidas a este teste. Foram inoculadas 2 ou 3 colônias de

cada cepa de Staphylococcus spp. resistente à oxacilina em caldo BHI, sendo

incubadas a 35-37ºC, por 24h. Uma porção de 100μl deste caldo foi plaqueado em

Ágar Muller Hinton com uma concentração de 25 mg/L de Oxacilina e Cloreto de

Sódio (NaCl) a 4%. A positividade a este teste foi confirmada pelo crescimento da

cepa na superfíficie do ágar após a incubação por 24-48h à 35-37ºC, em estufa

bacteriológica, conforme descrito na Figura 4 (Adaptado de RESENDE;

FIGUEIREDO, 1997).

Figura 4: Teste do OXA-25 de 2 cepas. Cepa 02 é negativa ao teste, não apresentando crescimento

sobre a placa. Cepa 03 é positiva, apresentando crescimento sobre a placa. Fonte: Arquivo pessoal,

LABMIC.

3.4.3 Teste de sensibilidade dos ORS frente a outros antimicrobianos.

3.4.3.1 Teste de Disco Difusão Para cada Staphylococcus spp. resistentes à oxacilna, foi feito o teste de

sensibilidade para 10 discos de antibióticos adicionais: Penicilina 10μg, cloranfenicol

30μg, gentamicina 10μg, ciprofloxacina 05μg, sulfametoxazol-trimetropim 25μg (SUT),

linezolida 30μg, teicoplamina30μg, mupirocina 05μg, eritromicina 15μg e clindamicina

2μg. Cada amostra bacteriana foi semeada por distensão com o auxílio de um swab

em placas de Ágar Muller Hinton, conforme a metodologia exposta no item 3.4.1. Após

feito isso, os discos de cada antibiótico citado foram colocados sobre a superfície da

placa Ágar Muller Hinton . Estas placas foram incubadas em estufa bacteriológica a

35-37ºC por 16-18h, para S.aureus e por 24h, para SCN, conforme recomendado no

Clinical and Laboratory Standards Instituts 2016 (CLSI 2016). Após este período, foi

39

realizada a medição do diâmetro da zona de inibição do crescimento ao redor de cada

disco de antibióticos, com o auxílio de uma régua. As amostras foram classificadas

como sensíveis, intermediárias ou resistentes aos antimicrobianos testados, de

acordo com os pontos de corte estabelecidos pelo CLSI, 2016.

3.4.3.2 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) por E-teste.

As cepas resistentes ao disco de mupirocina foram submetidas à determinação

da Concentração Inibitória Mínima (CIM) deste fármaco pelo método do E-teste

(Biomerieux, Lyon, França). O procedimento do teste foi feito através do semeio das

amostras bacterianas por distensão em placas de Ágar Muller Hinton, com o auxílio

de um swab, conforme a metodologia exposta no item 3.4.1. Após feito isso, foi

depositada no centro da placa, com o auxílio de uma pinça estéril, uma fita de E-teste

para mupirocina. As placas foram incubadas por 18 h, a 35-37°C em estufa

bacteriológica. Após este tempo foi feita a leitura do teste a qual é feita da seguinte

maneira: a determinação do CIM é visualizada exatamente no ponto de intersecção

entre a fita de E-teste e a área de crescimento bacteriano, como demonstrado na

Figura 5.

As cepas que apresentassem CIM ≥ 512 μg/ml foram classificadas como

resistentes a altos níveis de mupirocina. Aquelas que obtivessem um CIM entre 8 e

256 μg/ml foram classificadas como resistentes a níveis intermediários de mupirocina

e as cepas que obtivessem um CIM <4 μg/ml foram interpretadas como sensíveis

(RAJKUMAEI et al, 2014).

Figura 5: Determinação da CIM pelo uso de uma fita de E-teste. A seta vermelha está indicando o

ponto de intersecção entre a fita de E-teste e a área de crescimento bacteriano, correspondente a uma

Concentração Inibitória Mínima (CIM) de 0,25 μg/ml. *MIC (do inglês “Minimal Inhibitory

Concentration”). Fonte: Biomérieux, Brasil: http://www.biomerieux.com.br/node/1037. Acessado em

15/03/17

40

3.5 Identificação de Bacilos Gram-Negativos.

As colônias bacterianas que cresceram no Ágar Mac Conckey e que

apresentaram características morfotintoriais de bacilos Gram-negativos, foram

submetidas às seguintes provas bioquímicas a fim de se determinar as espécies de

enterobactérias e bactérias não-fermentadoras, conforme recomendado por

KONEMAN et al (2008): produção de pigmento (fermentação da lactose em Ágar Mac

Conckey), atividade de citocromo-oxidase (identificação de bactérias não-

fermentadoras), fermentação da lactose e glicose, produção de sulfeto, vermelho de

metila, prova do indol, utilização do citrato, prova da descarboxilação dos aminoácidos

arginina, ornitina e lisina, produção de urease, produção de fenilalanina desaminase e

prova da motilidade (KONEMAN et al., 2008).

3.5.1 Identificação de bactérias produtoras de β-lactamase AmpC pelo Teste de

Indução.

O procedimento deste teste foi feito através do semeio das amostras

bacterianas por distensão em placas de Ágar Muller Hinton, com o auxílio de um

swab, conforme a metodologia exposta no item 3.4.1. Após feito isso, discos de

cefoxitina e de imipenem foram colocados sobre a superfície do Àgar Muller Hinton

lado a lado a uma distância de 20mm do disco de cefalosporina de 3ª geração

(ceftazidima). Logo após, as placas foram incubadas por 18h à 35-37ºC em estufa

bacteriológica. Considerou-se positiva ao teste a cepa que apresentasse um

achatamento do halo da ceftazidima para a cefoxitina e/ou um achatamento do halo

da ceftazidima para o imipenem, conforme exemplificado na Figura 6. Ambos

(cefoxitina e imipenem) agem como indutores à bactéria produzir a enzima AmpC,

provocando o achatamento do halo da Cefalosporina de 3ª geração (Gupta; TAK;

MATHUR, 2014).

Este teste fenotípico não foi feito para as cepas de Acinetobacter spp., porque

ele é apenas indicado para as cepas de enterobactérias e de Pseudomonas

aeruginosa.

41

Figura 6: Bactéria com Teste de Indução positivo para a produção de AmpC. IPM: Imipenem. CAZ:

Ceftazidima. CX: Cefoxitina. Setas: Achatamento do halo da ceftazidima para a direção do imipenem,

indicando um teste positivo. Fonte: GUPTA; TAK; MATHUR, 2014.

3.5.2 Identificação de Enterobactérias produtoras de ESBL pelo Teste de Disco

Aproximação

O procedimento deste teste foi feito através do semeio das amostras

bacterianas por distensão em placas de Ágar Muller Hinton, com o auxílio de um

swab, conforme a metodologia exposta no item 3.4.1. Após feto isso, foram

adicionados na superfície das placas de Àgar Muller Hinton discos de amoxicilina com

ácido clavulânico (AMC) no centro à distância de 20mm dos discos de aztreonam

(ATM), ceftazidima (CAZ), cefotaxima (CTX) e cefepime (CPM). Após a incubação da

placa por 18-24h a 35-37ºC, foi feito a interpretação do teste. As amostras foram

consideradas positivas quando visualizava-se o aumento da zona de inibição, pela

presença do “halo ghost” entre pelo menos um dos discos periféricos para o disco do

centro de AMC, conforme visualizado na Figura 7 (RIVA; BRUST; PICOLI, 2008).

20 mm

20 mm

42

Figura 7: Teste de Disco Aproximação para a identificação de uma cepa produtora de ESBL. Setas:

Zona de alargamento do halo de inibição (zona “ghost”), formada entre os discos da extremidade da

cruz e o disco de centro, indicando positividade ao teste. ATM: Aztreonam, AMC: Amoxicilina com Ácido

Clavulânico, CPM: Cefepime, CAZ: Ceftazidima, CTX: Cefotaxima. Fonte: Arquivo Pessoal, LABMIC.

3.5.3 Pesquisa de Bacilos Gram-negativos Resistentes aos Carbapenêmicos

Para a triagem dos bacilos gram-negativos não fermentadores (Pseudomonas

aeruginosa e Acinetobacter spp) resistentes aos carbapenêmicos e das

enterobactérias do grupo CESP resistentes aos carbapenêmicos (Citrobacter spp,

Enterobacter spp., Serratia spp., Providencia spp., e Morganella morgani), foram

utilizados os discos de Imipenem e Meropenem. Para a triagem de outras

enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, foram utilizados os discos de

Ertapenem e Imipenem (ANVISA,2013). O procedimento deste teste foi feito através

do semeio das amostras bacterianas por distensão em placas de Ágar Muller Hinton,

com o auxílio de um swab, conforme a metodologia exposta no item 3.4.1. Após feito

isso, os discos foram colocados sobre a superfície das placas de Àgar Muller Hinton

e, então, as placas foram incubadas por 18h à 35-37ºC em estufa bacteriológica.

Após este período, foi realizada a medição do diâmetro da zona de inibição do

crescimento ao redor de cada disco de antibióticos, com o auxílio de uma régua. As

amostras foram classificadas como sensíveis, intermediárias ou resistentes aos

antimicrobianos testados, de acordo com os pontos de corte estabelecidos pelo CLSI,

2016.

ATM

CTX

CAZ

CPM AMC

43

3.5.3.1 Teste de Hodge modificado (THM)

As enterobactérias que foram classificados como resistentes aos

carbapenêmicos, de acordo com o item anterior, foram submetidas ao THM. A

metodologia foi feita através do semeio de uma amostra de Escherichia coli ATCC

25922 por distensão em placas de Ágar Muller Hinton, com o auxílio de um swab,

conforme o procedimento exposto no item 3.4.1. Após feito isso, colocou-se um disco

meropenem sobre a superfície do Ágar no centro da placa, e, em seguida, fez-se

estrias ( com o auxílio de uma alça bacteriológica) partindo do disco no centro, até a

borda da placa com uma cepa controle positivo (Klebsiella pneumoniae ATCC BAA-

1705) e com as amostras teste. Incubou-se por 16-20h em estufa bacteriológica a 35-

37ºC. O Teste de Hodge foi considerado positivo quando houve um alargamento da

área de crescimento bacteriano no ponto de inserção da estria com o limite externo do

halo de inibição do disco do centro, gerando uma reentrância neste local, conforme

abordado na Figura 8 (CLSI 2015).

Este teste fenotípico não foi feito para as bactérias não fermentadoras, pois ele

é apenas recomendado para as cepas de enterobactérias.

Figura 8: Teste de Hodge Modificado (THM). Estrias 76 e “KPC”: Cepa positiva ao teste e cepa controle

positivo, respectivamente (Setas vermelhas: Indicam que há um alargamento da área de crescimento

bacteriano no ponto da inserção destas estrias com o limite externo do halo de inibição, formando uma

reentrância e caracterizando o teste como positivo para estas amostras). Estria 92: Cepa negativa ao

teste (Setas brancas: note-se que nesta cepa não há a formação da reentrância no local da inserção

esta estria com o limite externo do halo de inibição). Fonte: Arquivo Pessoal, LABMIC.

3.5.3.2 Teste de Metalobetalactamase (MBL)

Todos os bacilos Gram-negativos que foram classificados como resistentes aos

carbapenêmicos, foram também submetidos ao Teste de Metalobetalactamase. A

metodologia foi feita através do semeio das amostras bacterianas por distensão em

44

placas de Ágar Muller Hinton, com o auxílio de um swab, conforme o procedimento

exposto no item 3.4.1. A seguir foram adicionados sobre a superfície do ágar discos

de imipenem com e sem a adição de 10ul de EDTA e as placas foram incubadas por

16-20h em estufa bacteriológica a 35-37ºC. Foram consideradas cepas positivas ao

teste e, portanto, possíveis produtoras de MBL, as amostras que apresentaram

aumento maior ou igual a 5 mm do diâmetro do halo do imipenem com a adição do

EDTA, em comparação com o disco do antibiótico que não teve a adição deste ácido

(KATEETE et al., 2016). Esta forma de interpretação está abordada na Figura 9.

Figura 9: Teste de Metalobetalactamase Positivo. Note-se o aumento do diâmetro do halo de inibição

ao redor do disco de imipenem com a adição do ácido etileno-diamino-tetrácetico (EDTA), em

comparação com o halo do disco sem a adição deste ácido, caracterizando um teste positivo. Fonte:

Arquivo pessoal, LABMIC.

3.6 Análises Estatísticas

Foi utilizado o modelo de Regressão Logística a fim de se verificar quais das

variáveis clínicas independentes (antibioticoterapia, tempo de internação, idade e

diagnóstico) influenciavam na colonização por ORS e/ou por bactérias RCarb nos

pacientes deste estudo.

Para analisar a influência da antibioticoterapia na colonização por bactérias

resistentes, os pacientes foram divididos em 2 grupos nas análises estatísticas:

pacientes que faziam uso de carbapenêmicos em sua antibioticoterapia e pacientes

+ IPM

IPM

45

que não faziam uso de carbapenêmicos. Deste modo, pôde-se verificar se o uso desta

classe de antibióticos pelos pacientes em sua antibioticoterapia influenciava ou não na

colonização por ORS e/ou bactérias Rcarb.

Resultados com P < 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.

Todas as análises foram feitas no programa estatístico Software R.

46

4. RESULTADOS

4.1 Etiologia dos Espécimes totais isolados

De 114 pacientes, foram isolados um total de 320 bactérias, das quais, 110

eram do gênero Staphylococcus spp. e 210 eram Bacilos Gram-negativos.

Na tabela 2, pode-se visualizar todos os gêneros e espécies isoladas referentes

a cada grupo bacteriano abordado neste estudo.

Tabela 2: Resultado obtido de cada gênero e espécie referente aos grupos bacterianos isolados nas

amostras.

Grupo Bacteriano Número de Bactérias Isoladas Porcentagem

Staphylococcus spp. Staphylococcus aureus 9 2,80%

Staphylococcus Coagulase-Negativa 101 31,50%

SUBTOTAL 110 34,30%

Bacilos Gram-Negativos Não Fermentadores Pseudomonas aeruginosa 40 12,50%

Acinetobacter spp. 37 11,50%

SUBTOTAL 77 24,00%

Enterobacteriaceae

Escherichia coli 44 13,75% Escherichia fergusonii 1 0,31% Klebisiella pneumoniae 41 12,80% Klebisiella oxytoca 2 0,62%

Klebsiella ozanae 1 0,31% Enterobacter aerogenes 9 2,80% Enterobacter clocae 6 1,87% Enterobacter gergivae 2 0,62% Enterobacter sakazakii 9 2,80%

Enterobater agglomerans 2 0,62% Proteus vulgaris 2 0,62% Proteus mirabilis 3 0,93% Citrobacter freundii 8 2,70% Citrobacter koseri 1 0,31% Morganella morganii 2 0,62%

SUBTOTAL 133 42%

TOTAL 320 100%

47

4.2. Identificação do gênero Staphylococcus

Houve um total de 110 cepas bacterianas do gênero Staphylococcus isoladas

das amostras dos pacientes, sendo que, destas, 101 eram Staphylococcus

Coagulase-Negativa (SCN) e 9 eram da espécie S.aureus.

4.2.1 Pesquisa de Staphylococcus spp. Resistentes a Oxacilina pelo Método do

Disco Difusão.

Pelo método de Disco Difusão, das 101 cepas de SCN isolados, 91% (92/101)

foram resistentes à oxacilina (ORSCN), enquanto que das 9 cepas de S.aureus

isolados, 66,6% (6/9) foram resistentes à oxacilina (ORSA), contabilizando um total de

98 cepas de Staphyloccus spp. resistentes à oxacilina (ORS) (92 ORSCN + 6 ORSA).

4.2.2 Teste do OXA-25.

Das 92 cepas de ORSCN, 91 foram positivas a este teste apresentando

crescimento sobre a placa do teste de OXA-25. Por outro lado, todas as cepas de

ORSA (6/6) submetidas a este teste foram positivas, também apresentando

crescimento sobre a placa.

4.2.3. Teste de sensibilidade dos ORS frente a outros antimicrobianos.

4.2.3.1 Método de Disco Difusão Em relação ao teste de sensibilidade aos antibióticos pelo método do disco

difusão, a maioria das cepas de ORSCN foram sensíveis à teicoplamina (93,5%-

86/92), ao cloranfenicol (91,3%- 84/92) e à mupirocina (87%-80/92), entretanto ainda

encontrou-se um número significativo de 12 cepas de ORSCN resistentes a este

último antibiótico. Por outro lado, a maioria delas foram resistentes à clindamicina

(95,6%- 88/92), à eritromicina (93,5%- 86/92), ao SUT (89%-82/92), à ciprofloxacina

(88%-81/92), e à gentamicina (79%- 73/92). Além disso, todas as cepas de ORSCN

foram sensíveis à linezolida e todas foram resistentes à penicilina (Figura 10).

48

Figura 10: Perfil de Sensibilidade das Cepas de Staphylococcus Coagulase-Negativa Resistentes à

Oxacilina frente aos antimicrobianos testados. SUT: Sulfametoxazol com Trimetropim.

Em relação ao teste de sensibilidade aos antibióticos para as cepas de ORSA,

a maioria delas foram sensíveis à Gentamicina (83,3%- 5/6) e todas foram sensíveis à

linezolida, teicoplamina, cloranfenicol, mupirocina e SUT. Em contrapartida, a maioria

delas foi resistente à eritromicina (83,3%- 5/6) e todas foras resistentes à penicilina,

clindamicina e ciprofloxacina (Figura 11).

Figura 11: Perfil de Sensibilidade das cepas de Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina frente

aos antimicrobianos testados. SUT: Sulfametoxazol- Trimetropim

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Po

rce

nta

gem

de

ce

pas

Antibióticos

Perfil de Sensibilidade dos Staphylococcus Coagulase-Negativa Resistentes à Oxacilina

Sensível

Resistente

Intermediário

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Po

rce

nta

gem

de

ce

pas

Antibióticos

Perfil de Sensibilidade dos Staphylococcus aureus Resistentes à Oxacilina

Sensível

Resistente

49

4.2.3.2 Determinação da Concentração Mínima Inibitória (CIM) por E-teste

As 12 cepas de ORSCN resistentes ao disco de 5 μg de mupirocina foram

submetidas à detecção da Concentração Inibitória Mínima por tiras de E-teste. Deste

modo, destas 12 cepas, 5 foram resistentes a níveis intermediários (CIMs de 8 - 256

μg/ml) e 7 cepas foram resistentes a altos níveis (CIMs acima de 256 μg/ml),

contabilizando um total de 13% (12/92) cepas ORSCN resistentes a mupirocina.

A figura 12 mostra a leitura do E-teste de 3 cepas diferentes: uma sensível,

outra resistente a níveis intermediários e a terceira resistente a altos níveis.

A)

B) C)

Figura 12: E-Teste de Mupirocina. A) Cepa ATCC, sensível à Mupirocina (Seta: Ponto de intersecção

entre a fita e a zona de crescimento bacteriano, indicando um CIM entre 0,19- 0,25 μg/ml) B) Cepa 77,

com Resistência a Níveis Intermediários de Mupirocina (Seta: Ponto de intersecção entre a fita e a

zona de crescimento bacteriano, indicando um CIM entre 8-12 μg/ml). C) Cepa 79, Resistente a Altos

Níveis de Mupirocina (Note-se que o crescimento bacteriano se estabeleceu por toda a extensão da

fita, indicando um CIM > 1024 μg/ml). Fonte: Arquivo pessoal, LABMIC.

50

4.3 Identificação de Bacilos Gram-Negativos. De um total de 210 bacilos Gram-negativos isolados, 133 eram enterobactérias

e 77 eram bacilos Gram-negativos não fermentadores. Destes bacilos não

fermentadores, 40 eram da espécie Pseudomonas aeruginosa e 37 eram do gênero

Acinetobacter. As enterobactérias que tiveram maior frequência de isolamento foram

as da espécie Escherichia coli, seguida por Klebsiella pneumoniae. Outras bactérias

dos gêneros Enterobacter, Citrobacter, Proteus e Morganella também foram isolados,

conforme detalhado na Tabela 2.

A seguir, nos itens 4.3.1 e 4.3.2, serão abordados os resultados quanto ao perfil

de resistência para os 2 grupos bacterianos de bacilos Gram-negativos:

Enterobactérias e bacilos Gram-negativos não fermentadores

4.3.1 Pesquisa de Enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, produtoras

de ESBL e de β-lactamase AmpC.

Das 133 cepas de enterobactérias isoladas, a maior parte delas eram

produtoras de ESBL, representando um total de 39,09% (52/133) dos isolados,

seguido por 18% (24/133) de bactérias resistentes aos Carbapenêmicos e de 7,45%

de bactérias produtoras de AmpC (10/133). Além de que, destas bactérias citadas,

uma cepa foi positiva ao teste de AmpC e também foi resistente aos carbapenêmicos,

apresentando estes dois tipos de perfis de resistência concomitantemente, conforme

está abordado na Figura 13.

Estas 52 enterobactérias produtoras de ESBL, estavam presentes colonizando

um número total de 42 pacientes, gerando uma proporção de 36,8% (42/144) de

pacientes deste estudo colonizados com bactérias ESBL. Isto aconteceu, porque, de

alguns destes indivíduos, foram isoladas mais de uma enterobactéria ESBL.

51

Figura 13: Perfil de Resistência das enterobactérias quanto à produção de AmpC, ESBL e quanto à

resistência aos carbapenêmicos.* Sensíveis: Bactérias que não apresentaram nenhum dos tipos de

resistência citados. N=133 cepas

As figuras 14 e 15, a seguir, trazem fotos de um teste fenotípico de detecção de

AmpC e de um teste fenotípico de detecção de ESBL em 2 amostras deste estudo,

respectivamente.

A) B)

Figura 14: Teste de Indução para a detecção de bactérias produtoras de AmpC. IPM: Imipenem. CAZ:

Ceftazidima. CFO: Cefoxitina. A: Teste positivo (Setas: O achatamento do halo da Ceftazidima, para a

direção do imipenem indica a positividade do teste) B: Controle negativo (Note-se que não há

formação de achatamento do halo da ceftazidima nem para a direção do imipenem, nem para a direção

da cefoxitina. Fonte: Arquivo pessoal, LABMIC.

IPM CAZ CFO

52

A)

B)

Figura 15: Teste fenotípico de disco aproximação para a detecção de β-lactamase de Espectro

Extendido (ESBL). A: Teste positivo (Círculo: Teste fenotípico de disco aproximação para a detecção

de β-lactamase de espectro extendido- ESBL. Setas: Zonas de alargamento do halo de inibição- zonas

“ghost”, formada entre os discos da extremidade da cruz com o disco de centro, indicando positividade

ao teste). B: Controle negativo: (Círculo: Teste fenotípico de disco aproximação para a detecção de β-

lactamase de espectro extendido- ESBL. Entretanto, note-se que não há formação de zonas “ghost”

entre o disco central e os discos das extremidades). Fonte: Arquivo pessoal, LABMIC.

Das 24 cepas de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, 10 foram

positivas apenas no teste de Hodge, 3 foram positivas apenas no teste de MBL e 6

foram positivas em ambos os testes concomitantemente (Tabela 3). Em um número

percentual, isto contabiliza um total de 66,6% (16/24) enterobactérias positivas ao

THM e de 37,5% (9/24) bactérias positivas ao teste de MBL.

53

4.3.2 Pesquisa de Bacilos Gram-negativos Não-Fermentadores AmpC e

Resistentes aos Carbapenêmicos

Das 40 P. aeruginosa isoladas, o perfil de resistência mais frequente foi a

produção de β-lactamase AmpC, representando um total de 57,5% (23/40) e a

resistência aos carbapenêmicos foi encontrada em 40%(16/40) delas. Além disso

,destas bactérias citadas, 5 cepas apresentaram os 2 tipos de resistência: foram

produtoras de AmpC e resistentes aos carbapenêmicos concomitantemente, conforme

abordado na Figura 16.

Figura 16: Quantidade de Pseudomonas aeruginosa produtora de AmpC e Resistentes aos

Carbapenêmicos em valores absolutos e relativos. * Sensíveis: Bactérias que não apresentaram

nenhum dos tipos de resistência citados. N=40

Além disso, todas as cepas de P. aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos

foram positivas ao teste de MBL (16/16) ( Tabela 3).

Por outro lado, dos 37 Acinetobacter spp. isolados, 81% (30/37) foram

resistentes aos carbapenêmicos (Figura 17), sendo que, destas 30 cepas de

Acinetobacter spp. resistentes aos carbapenêmicos, 26 foram positivas ao teste de

MBL (Tabela 3).

54

FIGURA 17: Quantidade de Acinetobacter spp. resistentes aos carbapenêmicos e sensíveis em

números absolutos e relativos. N=37.

Tabela 3: Quantidade de Bacilos Gram-Negativos Resistentes aos Carbapenêmicos

positivos ao Teste de Hodge Modificado e ao Teste de Metalobetalacmase (MBL).

Teste de Hodge MBL HODGE + MBL

Enterobactérias Rcarb* (N=24) 10 3 6

Pseudomonas aeruginosa Rcarb (N=16)

------------- 16 ------------

Acinetobacter spp. Rcarb (N=30) ------------ 26 ------------

*Rcarb: Resistente aos carbapenêmicos.

4.4 Análises Estatísticas

De 114 pacientes utilizados no estudo, 98 deles estavam colonizados com

bactérias do gênero Staphylococcus resistentes à oxacilina (ORS), representando um

percentual de 86%. Destes 98, a maior parte deles faziam uso de carbapenêmicos em

sua antibioticoterapia (44,8%- 44/98), 29,5% (29/98) usavam Vancomicina, 13,2%

(13/98) usavam Amicacina e 12,4% (12/98) faziam uso de outros antibióticos.

Não foi observada influência significativa no uso de carbapenêmicos na

antibioticoterapia em relação à colonização por ORS.

55

Por outro lado, desses 114 pacientes estudados, 55 deles estavam colonizados

com bactérias RCarb, representando uma porcentagem de 48,2%. Em relação a

antibioticoterapia, o fármaco mais usado pelos pacientes colonizados por esta

bactéria resistente era também algum tipo de carbapenêmico, representando um total

de 56,3% (31/55). Vinte e nove por cento (16/55) deles faziam uso de outros tipos de

antimicrobianos e apenas 14,5% (8/55) não estavam fazendo antibioticoterapia no

momento.

Foi observada uma influência estatisticamente significativa do uso de

carbapenêmicos na antibiocoterapia do paciente em relação à colonização por

bactérias Rcarb, considerando um nível de significância de 5% (p=0,04). Foi também

visto que indivíduos destas UTIs que faziam antibioticoterapia com carbapenêmicos

tinhas 2 vezes e meia mais chances de virem a ser colonizados com bactérias Rcarb,

do que os que não usavam este tipo de antibiótico (odds ratio 2,5).

Os pacientes estudados se encontravam em um tempo de internação de 7 até

62 dias, sendo que a maior parte deles estavam internados num período de 11 a 20

dias, com média de 16 dias (Figura 18). Não houve influência estatisticamente

significante da variável tempo de internação com a presença de bactérias ORS e

RCarb colonizando pacientes numa faixa a partir de 7 dias de internação.

.

Figura 18: Tempo de internação dos pacientes

As idades dos 114 pacientes estudados variavam entre 15 e 98 anos. A média

foi de 55 anos completos com frequências maiores entre 41 a 50, e entre 61 a 70

56

anos (Figura 19). Também não houve influência estatisticamente significante da

variável idade com colonização dos pacientes pelas bactérias ORS e RCarb.

Figura 19: Idade dos pacientes

Por último, os diagnósticos mais presentes entre os pacientes colonizados com

bactérias ORS e RCarb foram os de doenças infeciosas, seguido por quadros de

sepse e, em terceiro lugar, por doenças respiratórias. Assim como as variáveis tempo

de internação e idade, o tipo de diagnóstico também não apresentou influência

estatisticamente significativa na colonização dos pacientes deste estudo pelas

bactérias ORS e RCarb.

57

5. DISCUSSÃO

A resistência bacteriana vem aumentando significativamente nas últimas

décadas, ocasionada principalmente pelo uso rotineiro e indiscriminado de

antimicrobianos. Deste modo, são encontrados elevados índices de bactérias

resistentes em torno do mundo, assim como demonstrado também no presente

trabalho.

A alta porcentagem de Staphylococcus coagulase negativa (SCN) resistentes à

oxacilina (91%) é um reflexo de um vigoroso aumento desta resistência em algumas

espécies de SCN, como vêm sendo mostrado desde a década de 80, por Becker;

Heilmann; Peters, 2014, e mostra que o índice dessa resistência bacteriana

encontrados neste Estado do país, não difere dos índices alarmantes que estes

patógenos estão tomando em torno o mundo.

Em um recente estudo que envolveu várias regiões do mundo, como Europa,

América do Norte, América Latina e Ásia, também foram detectados níveis bastante

elevados de SCN resistentes à oxacilina, chegando a níveis de 80-90% dependendo

da espécie. As espécies de S. epidermidis, S. haemolyticus e S.cohnii foram

resistentes à Oxacilina em 79,5%, 89,6% e 96% respectivamente (SADER; JONES,

2012).

Os SCN, assim como uma grande quantidade de outros organismos, fazem

parte da microbiota da pele e mucosas de seres humanos, podendo estar presentes

em regiões do corpo tais como axilas, regiões iguinais e região anterior das narinas

(BECKER; HEILMANN; PETERS, 2014). Deste modo, ao colonizar normalmente a

pele, estes microrganismos podem ganhar acesso à corrente sanguínea por meio de

uma porta de entrada, como cateteres intravenosos ou próteses valvulares, causando

septicemia principalmente em pessoas mais vulneráveis à infecção, como pacientes

de UTIs (CUNHA; MORAES; MONTEIRO, 2016).

Assim, este número elevado de resistência à oxacilina que os SCN estão

tomando é um dado preocupante para a população, pois qualquer infecção

sanguínea, ocasionada por estes microrganismos resistentes, torna-se mais difícil de

ser tratada, já que a resistência a este fármaco leva à resistência a todos os outros β-

lactâmicos, restringindo significativamente as opções de tratamento (OSTOJIC;

HUKIC, 2015).

Devido ao maior número de pacientes imunodeprimidos hospitalizados e o uso

destes dispositivos médicos invasivos, os Staphylococcus coagulase-negativa (SCN),

58

têm emergido como um dos principais agentes etiológicos das infecções sanguíneas

(RIGATTI et al., 2010). O Staphylococcus epidermidis, espécie mais prevalente entre

os SCN, tornou-se a maior causa de infecções relacionadas com o uso destes

dispositivos médicos (cateteres venosos centrais, próteses osteoarticulares, válvulas

cardíacas) variando entre incidências de 50-70% (NETO, 2012).

Foram isolados 9 S. aureus de 114 pacientes do estudo, representando um

total de 7,8% de pacientes colonizados, nível abaixo de colonização por S.aureus

descrita na literatura. Sabe-se que aproximadamente cerca de 30% dos adultos

saudáveis são colonizados por essa espécie na região anterior das narinas

(FOWLER; CHEN; TONG, 2012). Provavelmente um fator que pode ter afetado o

índice de prevalência de S.aureus nos pacientes deste estudo é a prática de

descolonização nasal (por mupirocina) rotineiramente feita pela equipe de

enfermagem dos 2 hospitais ao se detectar a presença de ORSA colonizando o

paciente. Logo após sua chegada nas UTIs, é coletado um swab nasal de vigilância

para a pesquisa deste patógeno.

Como as coletas deste estudo foram realizadas em pacientes a partir de 7 dias

de internação, uma parte deles provavelmente já tinha sido descolonizada para ORSA

com mupirocina nasal antes das coletas, afetando a prevalência desta espécie nos

resultados. O agente tópico empregado é efetivo na eliminação do estado de portador

nasal por S. aureus por até 12 semanas (LEE et al., 2016).

O teste do OXA-25 foi feito como um teste suplementar para a detecção da

resistência à oxacilina e demonstrou estar em concordância com o teste de disco

difusão na detecção das cepas com esta resistência, pois 99% (97/98) das cepas

ORS identificadas por disco difusão foram positivas também no teste do OXA-25.

As cepas de Staphylococcus spp. resistentes à oxacilina de origem hospitalar

se caracterizam também por uma resistência acentuada a diversos grupos de

antimicrobianos (FRANCHI, 2011), pois o cassete cromossômico SCCmec, que elas

carregam em seu material genético, além de conter o gene mecA, também podem

carrear genes responsáveis pela resistência a uma ampla gama de antimicrobianos

além dos β-lactâmicos (OTTO, 2013). Isto explica, então, a importância da aplicação

de testes de sensibilidade para outros antimicrobianos como foi feito neste trabalho, já

que o carreamento de outros genes de resistência é uma realidade presente entre

essas cepas.

A linezolida, antibiótico testado que apresentou 100% (98/98) de sensibilidade

entre os Staphylococcus spp. resistentes à oxacilina, é um medicamento pertencente

59

à classe das oxazolidinonas, utilizado como última escolha para o tratamento de

infecções com estes microrganismos, incluindo infecções de pele e partes moles

(LOPES, 2014).

Assim como este estudo, pesquisas ocorridas no Brasil e nos Estados Unidos,

detectaram 100% de sensibilidade em espécies do gênero Staphylococcus

(RAMPELOTTO et al, 2014; NELSON et al., 2015), indicando que este medicamento

pode ser ainda considerado como uma boa escolha para o tratamento de infecções

graves com estes patógenos resistentes. Dados recentes de vigilância global sugerem

que a sensibilidade à esta droga está em torno de 99%(mesmo entre os estafilococos

resistentes à oxacilina) (MENDES et al., 2015).

A mupirocina, importante fármaco utilizado na descolonização nasal de

pacientes de UTI que sejam portadores de ORSA, é rotineiramente usado a fim de se

prevenir possíveis infecções graves futuras com esse tipo de microrganismo.

Entretanto o uso indiscriminado ou prolongado deste medicamento tem contribuído

para o surgimento de estirpes resistentes à mupirocina, inclusive entre as espécies de

SCN (FERREIRA, 2010).

A emergência desta resistência varia em torno do mundo por meio de

diferentes porcentagens. Em relação ao S.aureus, verificou-se uma resistência de 6%

na Índia (GADEPALLI et al., 2007) e de 13,2% nos EUA (JONES et al., 2007). Já entre

os SCN, obteve-se um valor de 7,8% de um estudo feito em um hospital terciário no

país da França (TROUILLET-ASSANT et al., 2015) e de 28% em uma pesquisa na

Índia (OOMMEN; APPALARAJU; JINSHA, 2010). No Brasil, uma pesquisa de

caracterização desta resistência em uma espécie de SCN (S.haemolyticus) de origem

nosocomial verificou uma resistência de 12% destas cepas ao fármaco (FERREIRA,

2010). Já neste trabalho, todas as cepas de S.aureus foram sensíveis à Mupirocina,

no entanto, entre os SCN resistentes à oxacilina, verificou-se um nível de 13% (12/92)

de resistência, equivalendo a um valor comparável ao estudo de Ferreira et al.,2010 e

um valor mediano entre as frequências obtidas nas pesquisas feitas em várias partes

do mundo.

O surgimento de cepas SCN resistentes à mupirocina é um dado preocupante,

pois elas podem servir de reservatório de genes desta resistência e agir na sua

disseminação para S.aureus e para outras espécies de Staphylococcus

spp.(FERREIRA, 2010). Isso então levaria à uma maior dificuldade na prática de

descolonização nasal das cepas de ORSA por meio da mupirocina, que passariam a

não serem mais afetadas pelo uso deste fármaco.

60

Em relação às enterobactérias isoladas, detectou-se uma taxa de 39,09% (52

de 133) de ESBL, diferente das taxas obtidas em estudos realizados em outros

países. Isto ocorre, porque também há uma diferença geográfica na ocorrência de

ESBL em cada nação. Em um estudo realizado na França, encontrou-se uma

prevalência de 22,3% (DORTET; POIREL; NORDMANN, 2015) enquanto que na

Uganda, este índice de enterobactérias produtoras de ESBL chegou à 62%

(KATEREGGA et al, 2015). Esta diferença geográfica dos índices tanto de ESBL,

como de outros patógenos abordados neste estudo, ocorre porque o nível de

bactérias resistentes que surgem é diretamente proporcional à frequência de

exposição aos antibióticos em cada localidade. Isto significa que quanto maior é a

exposição aos antimicrobianos em uma determinada população, maior será a

probabilidade de ocorrência de elevados níveis de resistência a estes medicamentos

(FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Dos 144 pacientes utilizados nesta pesquisa, uma proporção de 36,8% deles

estavam colonizados com algum tipo de bactéria ESBL. Outros estudos que coletaram

amostras de swab retal à procura de bactérias resistentes colonizando pacientes de

UTI também mostraram níveis significativos da prevalência deste mecanismo de

resistência. Entre pacientes admitidos em UTIs da Coréia, foi obtido uma

porcentagem de 28,2% de colonização por ESBL (KIM et al., 2014). Já outro estudo

feito entre pacientes de UTI neonatal na Suécia, demonstrou uma porcentagem de

mais da metade deles (56%) colonizados com ESBL, que estavam internados entre 1

até mais de 30 dias de internação (NORDBERG et al., 2013). Nossos dados, portanto,

situam-se entre uma porcentagem mediana de indivíduos colonizados encontrados

em estudos realizados em torno do mundo.

Em relação ao grupo das não fermentadoras, os representantes isolados foram

Pseudomonas aeruginosa e espécies do gênero Acinetobacter.

P. aeruginosa é um dos bacilos Gram-negativos mais comumente associados

à infecções de pacientes de UTI, como bacteremias e infecções urinárias,

predominando como agente de infecções do trato respiratório inferior. Além disso, ele

apresenta um elevado nível de resistência intrínseca a diversos antibióticos e uma

capacidade de se tornar ainda mais resistente aos fármacos, através de mutações em

seu material genético que levam à hiperexpressão de AmpC e resistência aos

carbapenêmicos (GALETTI, 2010).

61

Mais da metade das cepas isoladas de P. aeruginosa (57,5%- 23/40),

apresentavam produção de AmpC detectada pelo método fenotípico, número

comparável a uma pesquisa feita para este mecanismo de resistência no Sul do país

(WAGNER et al, 2012). Entretanto, a prevalência encontrada neste estudo foi maior

em comparação com uma pesquisa feita na Índia, encontrando-se uma incidência de

42,8% da β-lactamase AmpC em Pseudomonas spp. isoladas de pacientes de UTI

(GUPTA et al, 2016). A produção da enzima AmpC nesta bactéria, é um fator

preocupante, pois resulta na resistência a quase todos os antibióticos β-lactâmicos,

com exceção dos carbapenêmicos. Isto acontece, porque a quantidade de antibióticos

que podem ser utilizados naturalmente para este microrganismo é mais reduzido, pois

ele possui intrinsecamente mais genes de resistência aos β-lactâmicos do que as

enterobactérias (TSUTSUMI; TOMITA; TANIMOTO, 2013).

A correta detecção laboratorial da produção de β-lactamase AmpC, não só em

P. aeruginosa, mas também em outros organismos é bastante necessária, pois o

desenvolvimento da resistência ao longo do tratamento é uma realidade alarmante.

Isto acontece porque algumas cepas produtoras de β-lactamase AmpC podem

apresentar sensibilidade às cefalosporinas in vitro, em testes laboratorias, mas ao

serem expostas a algum agente indutor na terapia, estas estirpes podem ser

induzidas a hiperproduzir a enzima, gerando resistência ao antibiótico e consequente

falha do tratamento (JACOBY, 2009).

Por outro lado, representantes do gênero Acinetobacter são bacilos não

fermentadores com alta capacidade de colonizar o corpo humano e reservatórios

ambientais. Eles vêm se tornando, nas últimas 3 décadas, importantes agentes de

infecções associados a uma alta morbidade e elevada mortalidade em pacientes de

UTI com bacteremia (OBEIDAT et al., 2014). No Brasil, foi encontrado um elevado

índice de 65,5% de óbitos dos pacientes quando apresentam infecções na corrente

sanguínea por este patógeno (MARRA et al, 2011).

Um dos fatores que levam a este elevado índice de mortalidade é a

característica do microrganismo de ser também intrinsecamente resistente a vários

antimicrobianos, o que restringe consideravelmente as opções terapêuticas. Esta

bactéria é um patógeno oportunista e que também é capaz de adquirir rapidamente

genes de resistência aos fármacos, como elementos genéticos móveis. Assim, até

recentemente, espécies deste gênero permaneciam susceptíveis aos

carbapenêmicos, porém a resistência a esta classe foi sendo cada vez mais

62

observada em torno do mundo, sendo considerado um problema de saúde

significativo (KEMPF; ROLAIN, 2012).

O índice bastante elevado de 81% de resistência aos carbapenêmicos pelas

cepas de Acinetobacter spp. isoladas neste estudo é um fato que comprova a

emergente preocupação mundial em relação a este problema no país e no mundo.

Assim como este trabalho, outra pesquisa feita recentemente no Brasil detectou um

alto índice de resistência aos carbapenêmicos, em cepas deste gênero (92%) (LEÃO

et al., 2016). Deste modo, as opções de tratamento para estas bactérias com alto

padrão de resistência tornam-se limitadas, sendo o uso das polimixinas (colistina e

polimixina B) a antibioticoterapia de último recurso nestes casos, porém isolados de

bactérias resistentes à colistina já foram relatados (KEMPF; ROLAIN, 2012).

O grupo bacteriano com maior proporção de resistência aos carbapenêmicos

neste estudo foi o das não fermentadoras (Acinetobacter spp - 81% e Pseudomonas

aeruginosa- 40%) em detrimento das Enterobacteriaceae (18%). Estes resultados

demonstram já o esperado, pois sabe-se que a resistência aos carbapenêmicos é

mais frequentemente observada no grupo das bactérias não fermentadoras, apesar

de ser uma problemática existente entre todas as bactérias Gram-negativas (WAN

NOR AMILAH et al., 2012). Levando assim, a uma maior dificuldade no tratamento de

infecções com estes microrganismos resistentes, pela ineficácia no uso de muitos

outros β-lactâmicos.

A significativa proporção da resistência aos carbapenêmicos das bactérias não-

fermentadoras é devido a produção de metalo-β-lactamase (MBL),um dos tipos de

enzimas carbapenemases existentes (WAN NOR AMILAH et al., 2012). Conforme os

resultados deste estudo, a maior parte das bactérias resistentes aos carbapenêmicos,

foram positivas no teste de MBL: Dos Acinetobacter spp. Rcarb, 86,6% (30/37) foram

positivos ao teste e todas as P.aeruginosa Rcarb 100% (16/16) também foram

positivas. Isto indica que estas cepas são possíveis produtoras de carbapenemase

metalo-β-lactamase, necessitando que estudos genéticos sejam feitos para confirmar

esta produção.

Quanto às enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, 37,7% (9/24)

foram positivas no teste fenotípico para a enzima MBL. Há alguns anos, o gene MBL

foi disseminado de P.aeruginosa para estas bactérias da Família Enterobacteriaceae,

o qual tem aumentado a sua prevalência em bacilos Gram-negativos na Ásia, Europa,

América Latina e nos EUA (WAN NOR AMILAH et al., 2012).

63

Por outro lado, 66,6% (16/24) das enterobactérias resistentes aos

carbapenêmicos foram positivas no THM. A realização deste teste foi recomendada

desde 2009 pelo CLSI, para a detecção de carbapenemases. Ele tem demonstrado

alta sensibilidade (superior a 90%) na detecção de KPC, porém não é específico

apenas para KPC, sendo também altamente sensível para a detecção de

carbapenemase do tipo OXA-48 (93%). Deste modo, os resultados positivos no MHT

também indicam a necessidade de realização de técnicas moleculares para

confirmação do gene KPC ou OXA-48 (MELO, 2014).

Múltiplos fatores têm sido associados à emergência de bactérias com alto

padrão de resistência, como utilização de antibióticos, tempo de permanência

hospitalar, idade avançada e quadro clínico do pacientes (DE MORAES et al., 2013).

Deste modo, foi avaliada neste trabalho, a correlação destas variáveis clínicas com a

colonização dos pacientes por ORS e bactérias Rcarb.

O uso, muitas vezes, irracional e inadequado de antimicrobianos em

prescrições médicas tem sido bastante discutido e pesquisado sua correlação com o

surgimento de cepas com alto perfil de resistência (CATANEO et al., 2011).

A significativa influência estatística do uso de carbapenêmicos na colonização

de pacientes por bactérias Rcarb encontrados nesta pesquisa ressalta a influência do

uso de antimicrobianos como um fator de risco para a aquisição de bactérias

resistentes, pois o uso constante e indiscriminado destes fármacos provoca uma

pressão seletiva, eliminando as bactérias mais sensíveis e provocando um aumento

percentual na população das mais resistentes (CATANEO et al., 2011). No caso deste

estudo, pacientes que faziam o uso de carbapenêmicos tiveram mais chances de

serem colonizados por bactérias Rcarb, pois o uso contínuo destes antibióticos, não

só atuou de forma positiva, eliminando os patógenos sensíveis a eles, mas também

pôde atuar selecionando as bactérias Rcarb, até provocar um aumento percentual na

população destes microrganismos, conforme explicado anteriormente, elevando assim

os seus índices de colonização nos pacientes (FRAIMOW; TSIGRELIS, 2011).

Deste modo, as medidas que podem minimizar essa realidade dizem respeito

ao controle do uso de antimicrobianos, racionalizando a prescrição destes

medicamentos e a duração do tratamento (OLIVEIRA; SILVA, 2008).

Outra variável clínica importante analisada neste estudo foi o tempo de

internação. Isto porque quanto mais longa é a permanência do paciente no hospital,

mais tempo ele pode estar fazendo uso de antibioticoterapia, levando a uma maior

pressão seletiva para o surgimento de bactérias com alto perfil de resistência. Deste

64

modo, quanto maior o tempo de internação, maior será a probabilidade do paciente

adquirir estes microrganismos (FERRAREZI et al, 2006).

A idade avançada e a gravidade da doença de base também são alguns dos

múltiplos fatores que também têm sido associados à emergência de microrganismos

resistentes. Isto acontece, porque pacientes mais idosos ou pacientes com quadros

clínicos mais difíceis (independentemente do tipo de diagnóstico) tendem a se tornar

mais debilitados, aumentando seu tempo de permanência na UTI e, com isso, a

probabilidade da infecção por bactérias mais resistentes (SAFDAR; MAKI, 2002). Em

relação ao quadro clínico dos pacientes abordados neste estudo, o diagnóstico mais

presente em pacientes colonizados com bactérias Rcarb e ORS eram o de doenças

infecciosas, seguido por sepse e, em terceiro lugar, por doenças respiratórias

Entretanto, não houve resultados estatisticamente significativos para as

variáveis idade, tempo de internação e tipo de diagnóstico neste trabalho,

provavelmente devido à impossibilidade de se ter feito a coleta das amostras de forma

“aleatorizada” (através do método de sorteio), conforme é recomendado para as

pesquisas estatísticas. Isto aconteceu, porque nem todos os pacientes que estavam

dentro do critério de inclusão, estavam disponíveis para que as coletas dos swabs

fossem feitas, pois alguns deles estavam em procedimento médico no momento.

Deste modo, as coletas foram feitas “por conveniência”, ou seja, de acordo com a

disponibilidade do paciente no momento da coleta.

Outros elementos importantes que podem ter interferido no resultado

estatístico destas variáveis são os fatores extrínsecos como a transferência de

bactérias resistentes entre pacientes, de leito-a-leito, pelos profissionais de saúde,

problema ainda vigente no ambiente nosocomial e bastante debatido pelas

Comissões de Controle de Infecção Hospitalar.

Deste modo, o fator clínico que estava diretamente correlacionado com o

aumento da colonização de pacientes por bactérias resistentes neste trabalho foi o

uso de carbapenêmicos na antibioticoterapia. Isto sugere, então, a necessidade de

prevenção e controle do surgimento e disseminação destes microrganismos, através

de medidas que diminuam a ação desse fator de risco no surgimento de bactérias

resistentes.

65

6. CONCLUSÕES

Foi demonstrado que os elevados índices de Staphylococcus spp. coagulase-

negativa resistentes à oxacilina (ORSCN) e de Acinetobacter spp. resistentes aos

carbapenêmicos encontradas nesse estudo refletem e acompanham as tendências

nacionais e internacionais do aumento da resistência destes patógenos.

Foi detectado que a maior parte das enterobactérias apresentaram produção

de β-lactamase de espectro extendido (ESBL) e a maioria das cepas de P. aeruginosa

apresentaram a produção de β-lactamase AmpC.

O significativo índice de Staphylococcus spp. coagulase-negativa resistentes à

mupirocina indicou a necessidade de um maior cuidado pelos hospitais deste estudo a

fim de que essa resistência não tome proporções maiores e dificulte a prática de

descolonização nasal por este fármaco.

A maioria das bactérias não fermentadoras resistentes aos carbapenêmicos foi

positiva ao Teste de MBL, indicando possível produção de metalo-β-lactamase e a

maior parte das enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos, foram positivas ao

Teste de Hodge Modificado, indicando a produção de enzima KPC ou OXA-48.

Entretanto, são necessários posteriores testes genéticos a fim de se confirmar o tipo

de enzima carbapenemase presente.

Dentre as variáveis clínicas estudadas, a antibioticoterapia teve relevância

estatística, influenciando na colonização dos pacientes deste estudo por bactérias

resistentes aos carbapenêmicos.

Os elevados índices de bactérias resistentes obtidos nesta pesquisa,

demonstram que é essencial que os 2 hospitais em estudo melhorem suas condutas

de vigilância e racionalização do uso de fármacos na UTI a fim de se diminuir o

surgimento e a disseminação destes microrganismos.

66

7. PERSPECTIVAS FUTURAS

A partir dos resultados dos testes fenotípicos aplicados neste trabalho, é

necessário que posteriormente estudos genéticos moleculares sejam feitos para a

determinação dos principais genes de resistência presentes nestas bactérias

resistentes isoladas de pacientes de UTI.

Além disso, planeja-se converter o texto desta dissertação em um livro didático

sobre as culturas de vigilância no Estado e as bactérias resistentes de maior

importância clínica que possam colonizar ou infectar pacientes internados em

unidades hospitalares, a fim de se aplicar um retorno imediato dos conhecimentos

adquiridos nesta pesquisa para a população.

67

8. REFERÊNCIAS

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78

10. ANEXOS

- Documento de aprovação da pesquisa pelo Comitê de ética em Humanos da

UFRN

79

80

81

82

- Comprovante de Submissão do Artigo à Revista Epidemiology and

Infection

83

- Artigo

Aetiology and resistance of Staphylococcus spp. and Gram-

negative bacilli isolated from ICUs’ surveillance culture.

M. M. B. FRANCO1*

, C. A. MACEDO1, M. V. S. ALMEIDA

1, A. P. DANTAS

1, S.

A. LOSS1, R. M. NETO

1.

1 Laboratory of Mycobacteria , Department of Microbiology and Parasitology, Federal

University of Rio Grande do Norte, Natal, Brazil.

*Author Responsible for Correspondence about the

Manuscript (and author to whom correspondence and requests for reprints should be addressed

or statement that reprints will not be available from the author)

Mayara Maria Bastos Franco (M. M. B. FRANCO)

Email address: [email protected]

Address: Laboratory of Mycobacteria, Department of Microbiology and

Parasitology, Federal University of Rio Grande do Norte (UFRN)

3000 Senador Salgado Filho Ave.

Natal, RN 59 072-970

Brazil

Running Head: Surveillance culture of ICU patients.

84

SUMMARY

The existence of pathogens with high antimicrobial resistance, capable of being part of

enteric and cutaneous microbiota, increases the risk of serious infections. Thus

surveillance cultures are important to identify these microorganisms and minimize their

propagation. This research used surveillance cultures to determine the presence of

several resistance mechanisms existent in bacteria colonizing 114 patients admitted in

Intensive Care Units (ICUs) for 7 or more days. For this purpose, manual methods of

phenotypic identification, antimicrobial susceptibility and phenotypic tests for the

indication of beta-lactamases’ production were used. From 110 isolated

Sthaphylococcus spp., 89% (98 of 110) were resistant to Oxacillin. On the other hand,

43% (58 of 133) of Enterobacteriaceae were Extended Spectrum Beta-Lactamases

(ESBL), 57.5% (23 of 40) of Pseudomanoas aeruginosa were AmpC and 81% (30 of

37) of Acinetobacter spp. were resistant to Carbapenems. Among the studied clinical

variables, it was found a significant statistical association between the use of

Carbapenems and colonization by bacteria resistant to these antibiotics. These really

high indexes reflect the current epidemiological tendency of high resistant bacteria

growth, making essential the implementation of surveillance measures, isolation and

rationalization of antibiotic use to minimize the dissemination of these pathogens.

Kew words: Antibiotic resistance; Surveillance; Intensive Care Units; Microbiota;

Carbapenems;

85

INTRODUCTION

Hospital- acquired infection (HAI) is every infection that manifests itself in a

patient after being admitted to the hospital, being correlated with the hospitalization and

hospital procedures, creating a considerable morbidity and mortality index [1]. This

happens because the pathogens that cause the infections are, in many occasions, high

resistant nosocomial strains, such as Staphylococcus spp. resistant to Oxacillin (ORS)

and Carbapenem-resistant (CarbR) bacteria, which circulate in hospital environment and

when infects the patient can cause severe clinical conditions [2].

In this context, the conclusion that non-infected patients can be colonized by

resistant bacteria, acting also as silent transmitters, led several hospitals to practice

surveillance cultures, which are a set of techniques for the isolation and identification of

resistant microorganisms in colonized individuals. Thus, this action acts significantly on

the control of HAIs in the prediction of pathogens that can cause severe nosocomial

infections, in addition to minimize the transmission of such microorganisms to other

individuals, through isolation measures [3].

It’s interesting to conduct these actions in all patients admitted in the hospital but

the time spent and high costs of the procedure have been the cause of the difficult

implementation of such actions in most hospitals [4].

One hospital space that is considered the epicenter of antimicrobial resistance is

the Intensive Care Unit (ICU), being the main source of high antimicrobial resistance

bacteria outbreaks. Constant use of antimicrobial drugs, in such environments, leads to

the selection of naturally resistant strains. Besides that, the frequent use of invasive

techniques, the high density of patients and the susceptibility of this population, usually

carriers of severe diseases, increases even more the risk of infection caused by these

microorganisms [5].

86

Among resistant pathogens representing the genus Staphylococcus, ORS are the

most studied and well known worldwide. These strains, besides oxacillin, are also

resistant to all others beta-lactam antibiotics [6]. On the other hand, among gram-

negative bacilli, the most important resistance patterns are the ones related to the

production of beta-lactamases enzymes. These enzymes can be classified in AmpC

(leading to the degradation of penicillins, cephamycins, monobactams and

cephalosporins up to the third-generation), ESBL -Extended spectrum beta-lactamase

(inducing the hydrolysis of penicillins, third-generation and fourth-generation

cephalosporins and monobactams) and carbapenemases (promoting resistance to

carbapenems) [6].

It becomes necessary to determine the frequency of these types of high

antimicrobial resistance bacterium in ICU’s environments, to improve surveillance

procedures, stopping the transmission of these pathogens. Thereby, this work aims to

determine aetiological frequency and the frequency of resistance mechanisms in

bacteria isolated from ICUs’ patients hospitalized in two university hospitals related to

Federal University of Rio Grande do Norte.

METHODS

Ethical Standards

The research project was submitted and approved by the Human Research Ethics

Committee from the Federal University of Rio Grande do Norte (CEP-UFRN), through

the issue of an official report (number 1136107) on 02 July 2015.

Collection

Collections were made from 114 patients hospitalized for 7 or more days in

ICUs from two hospitals bound to the Federal University of Rio Grande do Norte,

(Natal-RN, Brazil). It was conducted from July 2015 to July 2016. Nasal, axillary and

87

rectal swabs were collected from each patient [7] and their respective clinical

information was also acquired: Age, hospitalization period, diagnosis and the type of

antibiotics the patient was using.

Isolation and Identification of Bacterial Isolates

After the collection, swabs were transported into Stuart (HIMEDIA) transport

media to Laboratory of Mycobacteria of the Department of Microbiology and

Parasitology (LABMIC/ DMP-UFRN) where they were processed. The collected swabs

were sown in the BHI broth medium (Brain Heart Infusion Broth-HIMEDIA) and

incubated in a bacteriological stove for about 1-2h at 36 °C. After this period of time,

the samples were sown in Blood Agar (BHI agar supplemented with 5% defibrinated

sheep blood - HIMEDIA), MacConkey Agar (HIMEDIA) and in Mannitol Agar

(HIMEDIA), so Gram-negative bacillli and also Staphylococcus spp. from each patient

may be isolated. Each bacterial specie was identified according to KONEMAN, 2006

[8].

Study of Oxacillin Resistant Staphylococcus spp.(ORS)

Each Sthaphyloccus spp., isolated and identified, was tested for susceptibility to

the Cefoxitin disk 30ug, to identify the resistance to Oxacillin as recommended by the

Clinical and Laboratory Standards Institute 2016 (CLSI 2016) [10]. Sthaphylococcus

spp. resistant to Oxacillin disk were submitted to OXA-25 test, adapted from Lencastre,

1991 [9], as a supplementary test to the identification of such resistance. It was also

verified the susceptibility to Penicillin (10 µg), Chloramphenicol (30 µg), Gentamicin

(10 µg), Ciprofloxacin (5 µg), Trimethoprim-Sulfamethoxazole-TSU (25 µg), Linezolid

(30 µg), Teicoplanin (30 µg), Mupirocin (5 µg), Erythromycin (15 µg) and Clindamycin

(2 µg) disks, by the disc diffusion method [10]. The strains resistant to Mupirocin disk

were submitted to E-test (Biomerieux, Lyon, France) from the same antibiotic for the

88

determination of Minimum Inhibitory Concentration (MIC). A MIC ≥ 512 ug/ml was

classified as high-level resistance. A MIC ranging from 8 to 256 ug/ml was classified as

intermediate resistance and MIC <4 μg/ml were interpreted as sensitive [11].

Phenotypic Tests of the Mechanisms of antimicrobial resistance ESBL, AmpC and

Resistance to Carbapenems (MHT and Imipenem-EDTA Test) in Gram-negative

bacilli

AmpC Test was made for Enterobacteriaceae and Pseudomonas aeruginosa, by

the disk approximation method [12], ESBL Test was made only for Enterobacteriaceae

(DDST20)[13], and the test for the identification of resistance to carbapenems was

made for all Gram-negative bacteria through the use of Ertapenem, Imipenem and

Meropenem disks [10]. A Modified Hodge Test(MHT) was conducted for Carbapenem-

resistant Enterobacteriaceae and to detect metallo-beta-lactamase, the imipenem-EDTA

double-disk synergy test was also conducted in all carbapenem-resistant gram-negative

bacteria [14].

Statistical Analysis

It was used the logistic regression model, through R software, to verify which

clinical independent variables(age, hospitalization period, diagnosis and the type of

antibiotics the patient was using) influences on the colonization of patients by ORS and

CarbR bacteria. Results with P < 0.05 were considered statistically significant.

RESULTS

A total of 320 bacteria were isolated from 114 patients. One hundred and ten

from which were of the genus Staphylococcus and 210 belonged to the Gram-negative

bacilli group(Table 1).

89

In the disk diffusion assay, from 101 CoNS isolated, 92 were resistant to

Oxacillin (ORCoNS) and from nine isolated Staphylococcus aureus, six were resistant

to Oxacillin (ORSA), representing a total of 91% of ORCoNS and 66.6% of ORSA

isolated. From 98 ORS, 97 were positive in the OXA-25 test and only one was negative.

In what concerns the antibiotic susceptibility test, most strains of Staphylococcus

spp. Resistant to Oxacillin (ORS) were susceptible to Teicoplamin (93.8%, 92 of 98), to

Chloramphenicol (91.8% - 90 of 98) and to Mupirocin (87.7%, 86 of 98). On the other

hand, most of them were resistant to antibiotics: Clindamycin (95,9%, 94 of 98),

Erythromycin (92,8%, 91 of 98), Ciprofloxacin (88.7%, 87 of 98),

Trimethoprim/Sulfamethoxazole (83,6%, 82 of 98) and Gentamicin (75.5%, 74 of 98).

In addition, all of ORS strains (100%, 98 of 98) were sensitive to Linezolid and all were

resistant to Penicillin.

All 12 strains of Staphylococcus spp. resistant to Mupirocin discs were CoNS.

Thus, by the determination of the Minimum Inhibitory Concentration (MIC) through

Mupirocin E-Test (of 12 Mupirocin disc resistant strains) it was verified that five strains

were resistant to intermediary levels (MICs of 8- 256 ug/ml) and seven strains to high

levels (MIC above 256 ug/ml), representing a total of 13%(12 of 92) CoNS strains

resistant to Mupirocin.

Phenotypic tests for the detection of resistance mechanisms made for

Gram-negative bacilli, found the results described in table 2.

From 24 Carbapenem-resistant Enterobacteriaceae, ten were positive only to the

Modified Hodge Test (MHT), three were positive only to the Imipenem-EDTA

double-disk synergy test and six were positive in both tests: MHT and Imipenem

EDTA-Test. On the other hand, five bacteria were not positive in any of the mentioned

90

tests. From 16 CarbR P.aeruginosa all 16 were MBL. And from 30 CarbR

Acinetobacter spp., 26 were MBL and 4 haven’t presented this type of carbapenemase.

From a total of 114 patients participating in the study, 95.9% (98 of 114) were

colonized by ORS and 48.2% (55 of 114) were colonized by CarbR bacteria. Most of

the patients colonized by CarbR bacteria were using some Carbapenem in their

antibiotic therapy (Meropenem or Imipenem).

Thereby, among the clinical variables studied, the use of carbapenems had a

statistical significant influence in the colonization of patients by CarbR bacteria (p value

= 0.04, with significance level of 5%). It was also verified that individuals from these

ICUs that made antibiotic therapy with carbapenems had two and a half times more

chances of becoming colonized by CarbR bacteria, than those who didn’t use this type

of antibiotic (Odds Ratio 2.5).

DISCUSSION

A high percentage of 91% CoNS resistant to Oxacillin (92 of 101) is a reflex of a

vigorous increase of such resistance in some CoNS species, as it’s been shown since the

80’s according to the study of Becker; Heilmann; Peters, 2014 [15]. Other recent study

that involved several world regions, such as Europe, North America, Latin America and

Asia, it was also detected high levels of CoNS resistant to Oxacillin, reaching levels of

80-90% depending on the specie [16].

These microorganisms, while naturally colonizing the skin, may gain access to

the blood stream through an entrance pathway, such as IV catheters or valvular

prostheses, causing septicemia specially in patients most vulnerable to infection, such as

ICU patients [14]. Thus, the high level of resistance to Oxacillin among CoNSs is an

alarming data for the population, because any blood infection, caused by these resistant

91

microorganisms, becomes harder to be treated, once this resistance in Sthaphylococcus

spp. strains also gives resistance to all other beta-lactam antibiotics [17,18].

The low proportion of individuals colonized by S.aureus (7.8%- 9 of 114

patients) probably happened due to the use of Mupirocin as a decolonizing agent in

patients that presented colonization by oxacillin-resistant Staphylococcus aureus

(ORSA). The test for ORSA in these patients is made right after the admission in

hospitals’ ICU. As the Collections were conducted in patients with seven or more days

of hospitalization, a part of them had probably already been decolonized of S.aureus

with nasal Mupirocin before the collection, affecting the prevalence of this specie in the

results. A study conducted by Lee et al., 2016 showed that patients taking this drug can

stay for up to 120 days without S. aureus colonization [19].

However, the indiscriminate or extended use of Mupirocin has helped the

emergence of strains resistant to this drug, varying through different percentages around

the world, including among CoNS species. In a study made in a tertiary hospital in

France, it was found a 7.8% percentage of CoNS resistant to to this antibiotic [20],

while in India the proportion reached 28% [21]. The significant value of 13% CoNS

resistant to Mupirocin found in this study alerts about this issue.

Thus, the emergence of CoNS strains resistant to Mupirocin is a concerning

matter, because they can serve as host for resistance genes and act in their dissemination

to S.aureus or other Staphylococcus spp. species [22]. This would lead to a bigger

difficulty in the practice of decolonization of ORSA strains by Mupirocin, which would

become unaffected by the use of this drug.

In what concerns isolated enterobacteria, a rate of 43% (58 of 133) of ESBL was

detected, different from the rates obtained in studies conducted in other countries. This

occurs because there is also a geographical difference in the occurrence of ESBL in each

92

nation. In a study conducted in France, was found a prevalence of 22.3% [23], while in

Uganda, this ESBL-producing enterobacteria index reached 62% [24]. This geographic

difference in ESBL indices occurs because the level of resistant bacteria that arise is

directly proportional to the frequency of exposure to antibiotics in each locality. This

means that the higher the exposure to antimicrobial agents in a given population, the

greater the likelihood of high levels of resistance to these drugs [6].

More than half of P. aeruginosa isolated strains (57.5%- 23 of 40), presented the

mechanism of AmpC resistance detected through phenotypic method. This result was

greater when compared to a research conducted in India, in the same year, in which was

found 42.8% incidence of this mechanism in Pseudomonas spp. isolated from ICU’s

patients [25]. AmpC enzyme is a class C cephalosporinase that can be present in most of

bacteria from the Enterobacteriaceae family, P.aeruginosa and other Gram-negative

organisms. The overproduction of this mechanism of resistance in P. aeruginosa results

in the resistance to almost all beta-lactam antibiotics, with the exception of carbapenems

[26].

Correct laboratory detection of the AmpC mechanism in organisms is very

important, because the development of resistance throughout the treatment is a worrying

reality. This happens because of inducible AmpC-producing strains may exhibit

sensitivity to cephalosporins in vitro, but upon being exposed to an inducing agent in

therapy, these strains may be induced to hyperproduce the enzyme, generating

resistance to the antibiotic and consequent treatment failure [27].

On the other hand, Acinetobacter genus bacteria are nonfermentative bacilli,

being opportunist pathogens that can also quickly obtain resistance genes to

antimicrobial drugs, such as mobile genetic elements. Thus, not long ago, species from

93

this genus still remained susceptible to Carbapenems, but the resistance to this class

became more observed worldwide, being considered a significant health issue [28].

The rate of 81% resistance to Carbapenems in Acinetobacter spp. strains that

were isolated in the study is a fact that proves the emergent global concern relating to

this issue in Brazil and the world. As in these results, other researches conducted

recently detected high levels of resistance to Carbapenems, reaching rates as high as

92% [29]. Thus, the options for the treatment of infections caused by this high

resistance pattern bacteria become limited, being the use of Polymyxins (Colistin and

Polymyxin E) the antibiotic of last resort in these cases, but isolates from bacteria

resistant to Colistin were already reported [28,30].

The significant statistical influence of the use of Carbapenems in colonization of

patients by CarbR bacteria found on this research highlights the influence of

antimicrobial use as a risk factor for the acquisition of high antimicrobial resistant

bacteria. This happens because its constant and indiscriminate use promotes a selective

pressure, killing the most sensitive ones, until it promotes a percentage increase in the

population of the most resistant ones [6].

In the case of this study, patients who used Carbapenems had more chances of

becoming colonized by CarbR bacteria, because its ostensive use not only acted

positively, eliminating the pathogens sensitive to it, but also acted by selecting the

CarbR bacteria, until it promotes a percentage increase in the population of the most

resistant ones, increasing their possibilities of colonization.

The growing number of resistant bacteria shortens more and more the antibiotic

therapy alternatives and promoting a tendency of antibiotic of last resort use. Thus, it is

essential to intensify the implementation of screening procedures even more, such as

surveillance cultures, to minimize the risk of potential hospital- acquired infection

94

outbreaks. Besides, it is urgent that measures are taken on the rationalization of

antibiotics use and on the establishment of contact isolation precautions and sanitation

of ICU environments to prevent the rise and dissemination of these microorganisms.

ACKNOWLEDGEMENTS

We acknowledge the help and commitment to work cooperatively of all staff of

the Hospital Infection Control Commissions, nurses, nursing technicians and direct staff

responsible for the ICUs of the Hospitals in which this research was conducted.

DECLARATION OF INTEREST

None

FINANCIAL SUPPORT

This research received no specific grant from any funding agency, commercial or

not-for-profit sectors.

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