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nidos em torno do Bom Pastor, que com seu amor nos chama para vi- vermos a vida que ele nos oferece, vida plena e abundante, norteada pelo amor, a esperança e a fé, saudamos você desejando-lhe paz e bem. Nós do IPDM, agradecemos a todos vocês que semanalmente acolhem nosso pequeno informativo. Através dele, estamos em contato com milhares de irmãos e irmãs aos quais hoje, dirigimos um pedido especial: gostaríamos que cada um de vocês nos apresentasse mais um amigo para receber nosso informativo. Graças a Deus, já somos milhares de leitores espalhados pelo mundo. Mas queremos chegar cada vez mais longe com nosso jeito simples de servir ofere- cendo a tantos quantos seja possível o nosso serviço. Neste número, você encontrarão reflexões evangélicas, notícias, artigos e opiniões, dentre outras coisas. Que eles possam contribuir um pouco que seja em sua caminhada. O Evangelho deste domingo nos apresenta o Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Jesus, o Bom Pastor revela ter vindo a nós para que tenha- mos “vida em abundância”. Sobre esta passagem evangélica, Padre José Antonio Pagola alerta- nos sobre a necessidade de ouvirmos a voz do Pastor e da importância de “não a confundir com o respeito às tradições nem com a novidade das mo- das”, de “não nos deixarmos distrair nem aturdir por outras vozes estranhas que, mesmo que se escutem no interior da Igreja, não comunicam a sua Boa Nova. É importante que nos sintamos chamados por Jesus ‘pelo nosso no- me’”. Padre Gilberto Kasper, com sua ternura constante, nos mostra com toda propriedade que “Cristo ressuscitado é o Bom Pastor que nos conhece pelo nome e nos guia no caminho para Deus. Ele nos abriu a porta da vida através de sua entrega total por amor, que culminou na cruz. É necessário passar por Cristo, pelo seu projeto de libertação, para encontrar a vida em plenitude que procuramos”. Estas duas reflexões completas, você encontra na página 2. Unidos mais uma vez, Frei Carlos Mesters, Irmã Mercedes Lopes e Francisco Orofino nos apresentam uma reflexão contemporizada com nossos dias: “Jesus é o Bom Pastor que veio para que todos tenham vida em abundância. Jesus diz que muitos se apresentavam como pastor, mas na realidade eram ladrões e assaltantes. Hoje acontece a mesma coisa. Muitas pessoas se apresentam como líderes, mas na realidade são ladrões e assal- tantes, pois, em vez de servir, buscam os seus próprios interesses. E, às ve- zes, têm uma fala tão mansa e fazem uma propaganda tão inteligente, que conseguem enganar o povo”. Padre Alberto Maggi-OSM fala-nos de Jesus como o “Pastor legítimo que se identifica como quem “entra pela porta” e “as ovelhas escutam a sua voz”. Por que ovelhas? O rebanho é imagem do povo. Por que escutam a sua voz? Porque o povo reconhece, nas palavras de Jesus, a resposta de Deus à necessidade de plenitude de vida que cada pessoa carrega dentro de si. Ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora”. Leia estas reflexões na página 3. Para que você vá se preparando desde já para refletir a beleza do Evan- gelho do próximo domingo, trazemos para você as palavras do Padre Alber- to Maggi-OSM. A reflexão está na página 4. Vale a pena uma leitura atenciosa. Na mesma página 4, nosso querido Papa Francisco no convida a nos perguntarmos: por quê seguimos Jesus? Por amor ou para ter alguma van- tagem? “Porque nós somos todos pecadores e sempre existe algo de interesse que tem que ser purificado no seguimento de Jesus. Temos que trabalhar interi- ormente para segui-lo por causa dele mesmo, por amor. Jesus alude a três ati- tudes que não são boas para segui-lo ou para buscar a Deus”. Leia a mensa- gem do Bispo de Roma. Ela tem muito a dizer. "Dom Tomás Balduíno era uma memória viva da pastoral indigenista da Igreja Católica. Ele enriqueceu essa pastoral com a herança dominicana, viva em pessoas como Las Casas, António de Montesinos e Chenu. A pas- toral indigenista pós-conciliar foi forjada na resistência à ditadura militar, à falácia do progresso e às promessas da integração sistêmica, escre- ve Paulo Suess, teólogo, assessor teológico do Conselho Indigenista Missio- nário - CIMI. Segundo ele, "D. Tomás defendeu os povos indígenas no tem- plo e no pretório. Na trajetória de sua longa e abençoada vida de mais de 90 anos, muitas sementes, que o confessor Balduíno lançou, se multiplica- ram nos corações e territórios dos povos indígenas”. Nós do IPDM, unimos nosso pensamento ao de Suess e com ele, presta- mos nossa homenagem a este grande Cristão: Dom Tomás Balduíno. Leia tudo na página 5. Fazendo uma análise criteriosa sobre canonizações, a Teóloga Ivone Ge- bara nos brinda com um artigo brilhante no qual reflete sobre a “imitação” e a “inspiração”; “Por que não falar que as pessoas e nelas se incluem certa- mente os que já saíram fisicamente dessa história nos inspiram, nos ajudam a carregar nossos fardos, nos ensinam conforme nossas necessidades. A inspiração parece um fenômeno que indica maior liberdade do que a imita- ção. Mas, as canonizações não vão por esse caminho. Têm a ver com Canon, com leis que se estabelecem para os fiéis mesmo que se diga que cada um é livre de acolher ou não a vida deste ou daquele santo como seu modelo.” Leia mais na página 7. O Teólogo Faustino Teixeira fala-nos sobre a espiritualidade e nos mostra que: “A espiritualidade requer o cultivo de uma dimensão fundamen- tal que trata da interioridade do ser humano, ou seja, de “expansão de vita- lidade” e qualidade de vida. A espiritualidade suscita o despertar de energi- as originárias que estão no rincão mais íntimo do ser humano, e que dizem respeito a ele “de forma última”. Também na página 7. Com sua visão aguçada Frei Betto escreve sobre os erros cometidos pe- las UPPs do Rio de Janeiro, a partir dos casos Amarildo e Douglas. “O go- verno do PMDB no Rio, com apoio do PT, acreditou ter inventado a roda ao instalar UPPs em áreas de conflitos. Cometeu duplo erro: por não fazer os serviços públicos acompanhar a entrada de policiais nas comunidades e por não capacitar os integrantes das UPPs”. O Artigo está na página 8. Sob o título “Os dois Franciscos”, trazemos para você a última entrevis- ta concedida pelo historiador Jacques Le Goff que faleceu no dia 01 de abril/14. Nela, o historiador fala sobre São Francisco de Assis e os Papa Francisco, apontando aquilo que enxerga como “semelhanças” entre os dois. A entrevista, concedida ao Jornalista Fábio Gambaro, foi publicada no Jornal La República no dia 01 de maio/14. Veja a entrevista na página 8. "Digo, aos senhores Bispos, que não é fácil ser leigo. Na nossa frente as portas ficam mais fechadas do que abertas e nem sempre nos estendem a mão, nem sempre nos escutam, nem sempre nos olham no rosto e nem sem- pre podemos falar. Não queremos alimentar ressentimentos, queremos ser- vir. No movimento de Francisco, nós também queremos sair! Queremos pri- meirear! Sair enquanto Igreja! Uma Igreja em saída!", testemunha Cesar Kuzma, doutor em Teologia, em depoimento prestado na 52ª Assembleia da CNBB, em Aparecida. Vale a pena a leitura deste testemunho que está na página 9. Na página 10, você encontrara o convite para nosso “Encontro Geral IPDM” que será realizado no próximo dia 24 de Maio, quando teremos en- tre nós o querido amigo e irmão Dominicano Frei Carlos Josaphat. Neste dia, estaremos meditando sobre os “Princípios da Identidade do IPDM”. Você está convidado e será uma grande alegria recebe-lo em nossa casa. Veja todas as informações na página 10. Ainda nesta página, está nossa Agenda de Reuniões para 2014. A Coor- denação Ampliada do IPDM se reúne nos meses ímpares e os Padres, Reli- giosos, Religiosas e Agentes de Pastoral nos meses pares. Vá at´´e a página 10 e veja os detalhes. Buscando apoiar os Movimentos Sociais, Trabalhos de Pastorais e de- mais eventos que contribuam com a Construção do Reino, o IPDM abre es- paço para divulgação de eventos em todas as regiões onde chega. Se você deseja divulgar algum evento na sua região, envie-nos os dados e o divul- garemos em nosso informativo. Esta divulgação, chamamos de “Agenda Cidadã” acrescentando o nome da região. Neste número, divulgamos a Veja na página 11 eventos que acontecerão na Zona Leste da Cidade de São Paulo nos meses de Maio, Junho, Julho e Agosto. Com fraternal abraço, desejamos a todos ótima leitura. Evangelho - Liturgia Equipe de Produção Palavras de Francisco Nossa Homenagem Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância Artigos - Opiniões Entrevista Agenda Cidadã da Zona Leste de São Paulo IPDM - Eventos Testemunho Eventos apoiados pelo IPDM

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Page 1: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundâ · PDF fileGraças a Deus, já somos milhares de leitores espalhados pelo mundo. ... Na trajetória de sua longa e abençoada vida

nidos em torno do Bom Pastor, que com seu amor nos chama para vi-vermos a vida que ele nos oferece, vida plena e abundante, norteada pelo amor, a esperança e a fé, saudamos você desejando-lhe paz e bem.

Nós do IPDM, agradecemos a todos vocês que semanalmente acolhem nosso pequeno informativo. Através dele, estamos em contato com milhares de irmãos e irmãs aos quais hoje, dirigimos um pedido especial: gostaríamos que cada um de vocês nos apresentasse mais um amigo para receber nosso informativo.

Graças a Deus, já somos milhares de leitores espalhados pelo mundo. Mas queremos chegar cada vez mais longe com nosso jeito simples de servir ofere-cendo a tantos quantos seja possível o nosso serviço.

Neste número, você encontrarão reflexões evangélicas, notícias, artigos e opiniões, dentre outras coisas. Que eles possam contribuir um pouco que seja em sua caminhada.

O Evangelho deste domingo nos apresenta o Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Jesus, o Bom Pastor revela ter vindo a nós para que tenha-mos “vida em abundância”.

Sobre esta passagem evangélica, Padre José Antonio Pagola alerta-nos sobre a necessidade de ouvirmos a voz do Pastor e da importância de

“não a confundir com o respeito às tradições nem com a novidade das mo-das”, de “não nos deixarmos distrair nem aturdir por outras vozes estranhas que, mesmo que se escutem no interior da Igreja, não comunicam a sua Boa Nova. É importante que nos sintamos chamados por Jesus ‘pelo nosso no-

me’”.

Padre Gilberto Kasper, com sua ternura constante, nos mostra com

toda propriedade que “Cristo ressuscitado é o Bom Pastor que nos conhece pelo nome e nos guia no caminho para Deus. Ele nos abriu a porta da vida através de sua entrega total por amor, que culminou na cruz. É necessário passar por Cristo, pelo seu projeto de libertação, para encontrar a vida em

plenitude que procuramos”. Estas duas reflexões completas, você encontra na página 2.

Unidos mais uma vez, Frei Carlos Mesters, Irmã Mercedes Lopes e Francisco Orofino nos apresentam uma reflexão contemporizada com nossos dias: “Jesus é o Bom Pastor que veio para que todos tenham vida em

abundância. Jesus diz que muitos se apresentavam como pastor, mas na realidade eram ladrões e assaltantes. Hoje acontece a mesma coisa. Muitas pessoas se apresentam como líderes, mas na realidade são ladrões e assal-tantes, pois, em vez de servir, buscam os seus próprios interesses. E, às ve-zes, têm uma fala tão mansa e fazem uma propaganda tão inteligente, que

conseguem enganar o povo”.

Padre Alberto Maggi-OSM fala-nos de Jesus como o “Pastor legítimo que se identifica como quem “entra pela porta” e “as ovelhas escutam a sua voz”. Por que ovelhas? O rebanho é imagem do povo. Por que escutam a sua voz? Porque o povo reconhece, nas palavras de Jesus, a resposta de Deus à necessidade de plenitude de vida que cada pessoa carrega dentro de si. Ele

chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora”. Leia estas reflexões na página 3.

Para que você vá se preparando desde já para refletir a beleza do Evan-gelho do próximo domingo, trazemos para você as palavras do Padre Alber-to Maggi-OSM. A reflexão está na página 4. Vale a pena uma leitura atenciosa.

Na mesma página 4, nosso querido Papa Francisco no convida a nos

perguntarmos: por quê seguimos Jesus? Por amor ou para ter alguma van-

tagem? “Porque nós somos todos pecadores e sempre existe algo de interesse

que tem que ser purificado no seguimento de Jesus. Temos que trabalhar interi-

ormente para segui-lo por causa dele mesmo, por amor. Jesus alude a três ati-

tudes que não são boas para segui-lo ou para buscar a Deus”. Leia a mensa-

gem do Bispo de Roma. Ela tem muito a dizer.

"Dom Tomás Balduíno era uma memória viva da pastoral indigenista da Igreja Católica. Ele enriqueceu essa pastoral com a herança dominicana, viva em pessoas como Las Casas, António de Montesinos e Chenu. A pas-toral indigenista pós-conciliar foi forjada na resistência à ditadura militar, à falácia do progresso e às promessas da integração sistêmica, escre-

ve Paulo Suess, teólogo, assessor teológico do Conselho Indigenista Missio-nário - CIMI. Segundo ele, "D. Tomás defendeu os povos indígenas no tem-plo e no pretório. Na trajetória de sua longa e abençoada vida de mais de 90 anos, muitas sementes, que o confessor Balduíno lançou, se multiplica-

ram nos corações e territórios dos povos indígenas”.

Nós do IPDM, unimos nosso pensamento ao de Suess e com ele, presta-mos nossa homenagem a este grande Cristão: Dom Tomás Balduíno. Leia tudo na página 5.

Fazendo uma análise criteriosa sobre canonizações, a Teóloga Ivone Ge-

bara nos brinda com um artigo brilhante no qual reflete sobre a “imitação”

e a “inspiração”; “Por que não falar que as pessoas e nelas se incluem certa-

mente os que já saíram fisicamente dessa história nos inspiram, nos ajudam a carregar nossos fardos, nos ensinam conforme nossas necessidades. A inspiração parece um fenômeno que indica maior liberdade do que a imita-ção. Mas, as canonizações não vão por esse caminho. Têm a ver com Canon, com leis que se estabelecem para os fiéis mesmo que se diga que cada um é livre de acolher ou não a vida deste ou daquele santo como seu modelo.” Leia mais na página 7.

O Teólogo Faustino Teixeira fala-nos sobre a espiritualidade e nos mostra que: “A espiritualidade requer o cultivo de uma dimensão fundamen-tal que trata da interioridade do ser humano, ou seja, de “expansão de vita-lidade” e qualidade de vida. A espiritualidade suscita o despertar de energi-

as originárias que estão no rincão mais íntimo do ser humano, e que dizem

respeito a ele “de forma última”. Também na página 7.

Com sua visão aguçada Frei Betto escreve sobre os erros cometidos pe-las UPPs do Rio de Janeiro, a partir dos casos Amarildo e Douglas. “O go-verno do PMDB no Rio, com apoio do PT, acreditou ter inventado a roda ao

instalar UPPs em áreas de conflitos. Cometeu duplo erro: por não fazer os serviços públicos acompanhar a entrada de policiais nas comunidades e por

não capacitar os integrantes das UPPs”. O Artigo está na página 8.

Sob o título “Os dois Franciscos”, trazemos para você a última entrevis-ta concedida pelo historiador Jacques Le Goff que faleceu no dia 01 de abril/14. Nela, o historiador fala sobre São Francisco de Assis e os Papa

Francisco, apontando aquilo que enxerga como “semelhanças” entre os dois. A entrevista, concedida ao Jornalista Fábio Gambaro, foi publicada no Jornal La República no dia 01 de maio/14. Veja a entrevista na página 8.

"Digo, aos senhores Bispos, que não é fácil ser leigo. Na nossa frente as

portas ficam mais fechadas do que abertas e nem sempre nos estendem a mão, nem sempre nos escutam, nem sempre nos olham no rosto e nem sem-pre podemos falar. Não queremos alimentar ressentimentos, queremos ser-vir. No movimento de Francisco, nós também queremos sair! Queremos pri-meirear! Sair enquanto Igreja! Uma Igreja em saída!", testemunha Cesar

Kuzma, doutor em Teologia, em depoimento prestado na 52ª Assembleia

da CNBB, em Aparecida. Vale a pena a leitura deste testemunho que está

na página 9.

Na página 10, você encontrara o convite para nosso “Encontro Geral

IPDM” que será realizado no próximo dia 24 de Maio, quando teremos en-tre nós o querido amigo e irmão Dominicano Frei Carlos Josaphat. Neste dia, estaremos meditando sobre os “Princípios da Identidade do IPDM”.

Você está convidado e será uma grande alegria recebe-lo em nossa casa. Veja todas as informações na página 10.

Ainda nesta página, está nossa Agenda de Reuniões para 2014. A Coor-

denação Ampliada do IPDM se reúne nos meses ímpares e os Padres, Reli-giosos, Religiosas e Agentes de Pastoral nos meses pares. Vá at´´e a página 10 e veja os detalhes.

Buscando apoiar os Movimentos Sociais, Trabalhos de Pastorais e de-

mais eventos que contribuam com a Construção do Reino, o IPDM abre es-paço para divulgação de eventos em todas as regiões onde chega. Se você

deseja divulgar algum evento na sua região, envie-nos os dados e o divul-garemos em nosso informativo. Esta divulgação, chamamos de “Agenda

Cidadã” acrescentando o nome da região. Neste número, divulgamos a

Veja na página 11 eventos que acontecerão na Zona Leste da Cidade de São Paulo nos meses de Maio, Junho, Julho e Agosto.

Com fraternal abraço, desejamos a todos ótima leitura.

Evangelho - Liturgia

Equipe de Produção

Palavras de Francisco

Nossa Homenagem

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância ”

Artigos - Opiniões

Entrevista

Agenda Cidadã da Zona Leste de São Paulo

IPDM - Eventos

Testemunho

Eventos apoiados pelo IPDM

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"Eu sou o bom pastor, diz o Senhor. Eu conheço as minhas ovelhas

e elas me conhecem a mim" (Jo 10,14).

O Quarto Domingo do Tempo Pascal é também o

Domingo do Bom Pastor, Jornada Mundial de Oração

pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas! É também o

Dia das Mães!

Somos convidados, neste domingo, a reunir-nos em

torno de Jesus, nosso pastor por excelência. Ele doou

sua vida por nós e nos conhece a cada um. Sua presen-

ça manifesta-se também nos pastores que conduzem a

Igreja na paz e na unidade.

O discurso de Pedro provoca conversão nos ouvintes

(pastores e ovelhas) que dão sua adesão a Jesus. Pas-

tor é quem passa pela porta que é o próprio Jesus e faz

também o povo passar por ela, conduzindo-o ao Pai.

Jesus Cristo é o modelo de verdadeiro pastor, pois

foi capaz de dar a vida pelos seus. O discurso de Pedro

provoca conversão e entrada na comunidade mediante o

batismo. Trilhando os passos de Jesus Cristo pastor, su-

peramos a vingança e a violência. O Domingo do Bom

Pastor é um grande convite a darmos graças pela

abundância de vida que vem a nós por meio do sacrifício

de Jesus, nosso pastor. Em sua mesa saciamos nossa

fome e sede de felicidade plena.

Jesus é o pastor verdadeiro. Ele estabelece um rela-

cionamento pessoal e de verdadeira comunhão com su-

as ovelhas.

Neste itinerário pascal, fizemos com as discípulas e

os discípulos do Senhor a experiência de ver o Ressusci-

tado e de professor a fé nele.

A partir deste domingo os seguidores e seguidoras

de Jesus vão assumindo a proposta de Jesus, dando

continuidade a sua missão. A comunidade é chamada a

enfrentar a perseguição e o sofrimento, a dar a sua vida,

como fez Jesus.

Hoje, na certeza de que o Senhor é o Pastor das

nossas vidas e que cuida de nós, somos convidados a

renovar a nossa vocação batismal, que nos faz partici-

pantes da vida e da missão de Jesus.

Cristo ressuscitado é o Bom Pas-

tor que nos conhece pelo nome e nos

guia no caminho para Deus. Ele nos

abriu a porta da vida através de sua

entrega total por amor, que culminou

na cruz. É necessário passar por Cris-

to, pelo seu projeto de libertação, para

encontrar a vida em plenitude que pro-

curamos. Nossas opções em favor da

vida nos conduzem a Deus por meio de

Cristo.

Quem passa através de Jesus e faz

o rebanho passar por ele exerce uma

autêntica missão pastoral. Somos cha-

mados a testemunhar Jesus Cristo, in-

do ao encontro das pessoas, conduzin-

do-as através dele às fontes da vida.

Irmãos, o que devemos fazer? é a per-

gunta que todos nós ouvintes do Evan-

gelho devemos nos fazer. O exemplo de Jesus, o Bom

Pastor, nos impele a doar a nossa vida para cuidar e de-

fender o rebanho.

Com o salmista, proclamaremos que o Senhor é o

nosso pastor, que nada nos falta a seu lado, pois ele nos

propicia a plenitude dos bens da salvação. A comunhão

com Cristo Pastor, a escuta de sua voz, de sua palavra,

deve levar-nos ao amor e à compaixão pelo povo. 'Ao

sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-

se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas

sem pastor' (Mc 6,34).

O Senhor que nos conhece profundamente, nos cha-

ma pelo nome para fazermos parte do seu rebanho. O

Pastor nos reúne em seu amor, em

comunidade. Entramos pela Porta que

é o próprio Senhor.

Escutamos a sua voz que nos fala

ao coração. Diferentemente de la-

drões e assaltantes, Ele nos indica o caminho da vida,

nos encaminha para águas repousantes e restaura as

nossas forças.

Participamos da mesa que Ele nos prepara, mesa

farta, dando-se em alimento: “Isto é o meu corpo dado

por vós...”. Partilhando dessa mesa, tomamos parte de

seu grande mistério de morte, ressurreição, na certeza

de sua vinda final.

Restaurados nas mesas, onde o Senhor se oferece

como alimento, fortalecidos por Jesus Cristo, renovamos

nossa vocação batismal de sermos testemunhas elo-

quentes do seu Reino no mundo. Capazes de conhecer

as pessoas pelo nome, carregá-las no ombro, curar suas

feridas, ajudá-las a trilharem caminhos seguros...".

Muitos foram os pronunciamentos dos nossos Bispos

durante a sua 52ª Assembleia Geral. Todos foram unâni-

mes na esperança por uma Igreja Evangelizadora e Mis-

sionária, configurada com Jesus Cristo, o Bom Pas-

tor! Preocupados com a santidade dos pastores a

serviço de uma Igreja simples, humilde, servidora e co-

nhecedora de seu Rebanho! Há muitos modos de ser

pastor e de evangelizar. Cada um colocando seus dons a

serviço do Reino de Deus, conforme lhes foram concedi-

dos gratuitamente. Mas há algo em comum que nunca

poderá faltar em nosso pastoreio: Sermos todos configu-

rados com Cristo, o Bom Pastor, que conhece suas ove-

lhas pelo nome, as ama, as acolhe, as compreende, as

aceita como são, as perdoa e as traz de suas periferias

existenciais às comunidades eclesiais!

Participemos todos da SEMANA DE ORAÇÃO PE-

LAS VOCAÇÕES! Além de unirmo-nos a esta belíssi-

ma iniciativa da Pastoral de Animação Vocacional, reze-

mos por Vocações santas, simples, puras, configuradas

a Cristo, o Bom Pastor! Não esqueçamos o pronuncia-

mento dos Bispos reunidos em Puebla na III Conferência

Episcopal da América Latina e do Caribe: "As Vocações

(santas e não mercenárias) são a resposta de um Deus

providente à uma Comunidade orante...". Também reza-

remos por todas as Mães, especialmente as que sofrem!

Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e

gratidão, nosso abraço amigo.

Nas comunidades cristãs, necessitamos viver uma experiência nova

de Jesus reavivando a nossa relação com ele. Coloca-lo decididamente

no centro da nossa vida. Passar de um Jesus confessado de forma roti-

neira a um Jesus acolhido vitalmente. O evangelho de João faz algu-

mas sugestões importantes ao falar da relação das ovelhas com o seu

Pastor.

O primeiro é “escutar a sua voz” em toda a sua frescura e originalidade. Não a con-

fundir com o respeito às tradições nem com a novidade das modas. Não nos deixarmos

distrair nem aturdir por outras vozes estranhas que, mesmo que se escutem no interior

da Igreja, não comunicam a sua Boa Nova.

É importante que nos sintamos chamados por Jesus “pelo nosso nome”. Deixar-nos

atrair por Ele pessoalmente. Descobrir pouco a pouco, e cada vez com mais alegria, que

ninguém responde como Ele às nossas perguntas mais decisivas, aos nossos desejos

mais profundos e às nossas necessidades últimas.

É decisivo “seguir“ Jesus. A fé cristã não consiste em acreditar em coisas sobre Jesus,

mas em acreditar nele: viver confiando na sua pessoa. Inspirar-nos no seu estilo

de vida para orientar a nossa própria existência com lucidez e responsabilidade.

É vital caminhar tendo Jesus “diante de nós”. Não fazer o percurso da nossa vida soli-

tariamente. Experimentar em algum momento, nem que seja de forma desajeitada, que

é possível viver a vida a partir da sua raiz: desde esse Deus que se nos oferece em Je-

sus, mais humano, mais amigo, mais próximo e salva-

dor que todas as nossas teorias.

Esta relação viva com Jesus não nasce em nós de

forma automática. Vai-se despertando no nosso interi-

or de forma frágil e humilde. Ao início, é quase só um

desejo. Em geral, cresce rodeada de dúvidas, interro-

gações e resistências. Mas, não sei como, chega um

momento em que o contato com Jesus começa a mar-

car decisivamente a nossa vida.

Estou convencido de que o futuro da fé entre nós se

está a decidir, em boa parte, na consciência de quem

nestes momentos se sente cristão. Agora mesmo, a fé

se está reavivando ou se vai extinguindo nas nossas

paróquias e comunidades, no coração dos sacerdotes

e fieis que as formamos.

A descrença começa a penetrar em nós desde logo

no momento em que a nossa relação com Jesus perde força, ou fica adormecida pela ro-

tina, a indiferença e a despreocupação. Por isso, o Papa Francisco reconheceu que

“necessitamos criar espaços motivadores e curadores… lugares onde regenerar a fé em

Jesus”. Temos de escutar a Sua chamada. Em: eclesalia.wordpress.com

Padre José Antonio Pagola

4º Domingo da Páscoa - 11 de Maio de 2014 LITURGIA

LITURGIA

At 2, 14. 36–41 22 (23) 1Pd 2, 20-25 Jo 10, 1-10

Padre Gilberto Kasper

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Em: www.studibiblici.it

Em: www.cebi.org.br

Nessa reflexão, vamos meditar sobre a imagem do Bom

Pastor.

Jesus é o Bom Pastor que veio para que todos tenham

vida em abundância. O pastor era a imagem e o símbolo do

líder. Jesus diz que muitos se apresentavam como pastor,

mas na realidade eram ladrões e assaltantes. Hoje acontece

a mesma coisa. Muitas pessoas se apresentam como líde-

res, mas na realidade são ladrões e assaltantes, pois, em

vez de servir, buscam os seus próprios interesses. E, às ve-

zes, têm uma fala tão mansa e fazem uma propaganda tão

inteligente, que conseguem enganar o povo.

Situando

1. O discurso sobre o Bom Pastor traz três

comparações ligadas entre si:

a) pastor e assaltante (Jo 10,1-5);

b) comparação: Jesus é a porteira das ovelhas (Jo 10,6-10);

c) comparação: Jesus não é simplesmente um pastor, e sim

o Bom Pastor (Jo 10,11-18).

2. Temos aqui outro exemplo de como foi

escrito o Evangelho de João.

O discurso de Jesus sobre o Bom Pastor (Jo 10,1-18) é

como um tijolo inserido numa parede já pronta. Com ele a

parede ficou mais forte e mais bonita. Imediatamente antes,

em Jo 9,40-41, João falava da cegueira dos fariseus. A con-

clusão natural desta discussão sobre a cegueira está logo

depois, em Jo 10,19-21. Ora, o discurso sobre o Bom Pastor

foi inserido aqui, porque, como veremos, ensina como tirar

esse tipo de cegueira dos fariseus.

Comentando

1. João 10,1-5: 1ª Imagem: entrar pela porteira e não

por outro lugar

Jesus inicia o discurso com a comparação da porteira:

“Quem não entra pela porteira, mas sobe por outro lugar, é

ladrão e assaltante! Quem entra pela porteira é o pastor das

ovelhas!” Para entender esta comparação, temos que lem-

brar o seguinte. Naquele tempo, os pastores cuidavam do

rebanho durante o dia. Quando chegava a noite, levavam as

ovelhas para um grande redil ou curral comunitário, bem

protegido contra ladrões e lobos. Todos os pastores de uma

mesma região levavam para lá o seu rebanho. Um porteiro

tomava conta durante a noite. No dia seguinte, de manhã

cedo, o pastor chegava, batia palmas na porteira e o portei-

ro abria. O pastor entrava e chamava as ovelhas pelo nome.

As ovelhas reconheciam a voz do seu pastor, levantavam e

saíam atrás dele para a pastagem. As ovelhas dos outros

pastores ouviam a voz, mas não se mexiam, pois era uma

voz estranha para elas. De vez em quando, aparecia o peri-

go de assalto. Ladrões entravam por um atalho ou derruba-

vam a cerca do redil, feita de pedras amontoadas, para rou-

bar as ovelhas. Eles não entravam pela porteira, pois lá ha-

via o guarda que tomava conta.

2. João 10,6-10: 2ª Imagem: Jesus é a porteira

Os ouvintes, os fariseus (Jo 9,40-41), não entenderam o

que significava “entrar pela porteira”. Jesus então explicou:

“Eu sou a porteira das ovelhas. Todos os que vieram antes

de mim eram ladrões e assaltantes.” De quem Jesus está

falando nesta frase tão dura? Provavelmente, se referia a

líderes religiosos que arrastavam o povo atrás de si, mas

que não respondiam às esperanças do povo. Não estavam

interessados no bem do povo, e sim no próprio bolso e nos

próprios interesses. Enganavam o povo e o deixavam na pi-

or. Entrar pela porteira é o mesmo que agir como Jesus

agia. O critério básico para discernir quem é pastor e quem

é assaltante, é a defesa da vida das ovelhas. Jesus pede pa-

ra o povo tomar a iniciativa de não seguir o fulano que se

apresenta como pastor, mas não busca a vida do povo. É

aqui que ele disse aquela frase que até hoje cantamos: “Eu

vim para que todos tenham vida, que todos tenham vida

plenamente!” Este é o critério.

3. João 10,11-15: 3ª Imagem: doar a vida

pelas Ovelhas

Jesus muda a comparação. Antes, ele era a porteira das

ovelhas. Agora, diz que é o pastor. Todo mundo sabia o que

era um pastor e como ele vivia e trabalhava. Mas Jesus não

é um pastor qualquer, e sim o Bom Pastor! A imagem do

bom pastor vem do AT. Dizendo que é o Bom Pas-

tor, Jesus se apresenta como aquele que vem reali-

zar as promessas dos profetas e as esperanças do po-

vo. Há dois pontos em que ele insiste. Na defesa da vida

das ovelhas: o bom pastor dá a sua vida. No mútuo enten-

dimento entre o pastor e as ovelhas: o pastor conhece as

suas ovelhas e elas conhecem o pastor. Assim, para quem

quer vencer sua cegueira é importante conferir a própria

opinião com a do povo. Era isso que os fariseus não faziam.

Eles desprezavam as ovelhas e chamavam-nas de povo mal-

dito e ignorante (Jo 7,49; 9,34). Jesus, ao contrário, dizia

que no povo há uma percepção infalível para saber quem

era o bom pastor. Os fariseus pensavam ter o olhar certo

para discernir as coisas de Deus. Na realidade eram cegos.

O discurso sobre o Bom Pastor ensina duas regras de como

tirar este tipo de cegueira. 1) Prestar muita atenção na rea-

ção das ovelhas, pois elas reconhecem a voz do pastor. 2)

Prestar muita atenção na atitude daquele que se diz pastor

para ver se o interesse dele é a vida das ovelhas, sim ou

não, e se ele é capaz de dar a vida pelas ovelhas.

4. João 10,16-18: A meta aonde Jesus quer

chegar: um só rebanho e um só pastor

Jesus abre o horizonte e diz que tem outras ovelhas que

não são deste redil. Elas ainda não ouviram a voz de Jesus,

mas quando a ouvirem, vão perceber que ele é o pastor e

vão segui-lo. Aqui transparece a atitude ecumênica das co-

munidades do Discípulo Amado, de que falamos na Introdu-

ção.

Alargando

A imagem do pastor na Bíblia

Na Palestina, a sobrevivência do povo dependia em gran-

de parte da criação de cabras e ovelhas. A imagem do pas-

tor guiando suas ovelhas para as pastagens era conhecida

por todos, como hoje todos conhecem a imagem do moto-

rista de ônibus. Era normal usar a imagem do pastor para

indicar a função de quem governava e conduzia o povo. Os

profetas criticavam os reis por serem maus pastores que

não cuidavam do seu rebanho e não o conduziam para as

pastagens (Jr 2,8; 10,21; 23,1-2). Esta crítica dos maus

pastores cresceu na mesma medida em que, por culpa dos

reis, o povo foi levado para o cativeiro (Ez 34,1-10; Zc 11,4

-17).

Diante da frustração sofrida com os desmandos dos maus

pastores, aparece a comparação com o verdadeiro pastor do

povo, que é o próprio Deus: “O Senhor é meu pastor nada

me falta!” (Sl 23,1-6; Gn 48,15). Os profetas esperam que,

no futuro, Deus venha, ele mesmo, como pastor guiar o seu

rebanho (Is 40,11; Ez 34,11-16). E esperam que, desta vez,

o povo saiba reconhecer a voz do seu pastor: “Oxalá ouvís-

seis hoje a sua voz!” (Sl 95,7). Esperam que Deus venha

como Juiz que fará o julgamento entre as ovelhas do reba-

nho (Ez 34,17). Surgem o desejo e a esperança de que, um

dia, Deus suscite bons pastores e que o messias seja um

bom pastor para o povo de Deus (Jr 3,15; 23,4).

Jesus realiza esta esperança e se apresenta como o Bom

Pastor, diferente dos assaltantes que roubavam o povo. Ele

se apresenta também como o Juiz do povo que, no final,

fará o julgamento como um pastor que sabe separar as ove-

lhas dos cabritos (Mt 25,31-46). Em Jesus se realiza a pro-

fecia de Zacarias que diz que o bom pastor será perseguido

pelos maus pastores, incomodados pela denúncia que ele

faz: “Vão bater no pastor e as ovelhas se dispersarão!” (Zc

13,7). No fim, Jesus é tudo: é a porteira, é o pastor, é o

cordeiro!

Por ter aberto os olhos ao cego de

nascença (Jo, 1-41), Jesus foi conside-

rado, pelos chefes religiosos, como um

inimigo de Deus, um pecador. Agora é

o próprio Jesus que se dirige direta-

mente a eles. Jesus fala aos fariseus no

capítulo 10 do Evangelho de João, des-

crevendo os pretendidos pastores de

Israel com as mesmas características dos lobos. Na ver-

dade, tal como os lobos, estes pastores são ladrões e as-

saltantes. Ladrões: porque tomaram posse do que não é

deles, e assaltantes: porque eles usam a violência para

subjugar o povo.

Vamos ver, com calma, este importante trecho do

evangelista João que contém uma advertência muito se-

vera para aqueles que pretendem ser os pastores do po-

vo.

Jesus afirma claramente que todos aqueles que tinham

pretendido ser os chefes do povo são bandidos - usaram

violência - e são ladrões, porque tomaram posse do reba-

nho que era de Deus, certamente não deles.

Agora aparece Jesus, o pastor legítimo!

Esse pastor legítimo se identifica como quem “entra

pela porta” e “as ovelhas escutam a sua voz”. Por que

ovelhas? O rebanho é imagem do povo. Por que escutam

a sua voz? Porque o povo reconhece, nas palavras de Je-

sus, a resposta de Deus à necessidade de plenitude de

vida que cada pessoa carrega dentro de si. Esta é a força

da mensagem de Jesus! Quando escutamos essa voz,

percebemos na mensagem de Jesus a resposta à nossa

necessidade de plenitude de vida. Jesus inaugura uma

nova relação pessoal com cada um. De fato, “Ele chama

as ovelhas pelo nome e as conduz para fora”.

O termo “conduzir” é o mesmo usado no Antigo Testa-

mento para descrever o Êxodo. O que Jesus faz é uma

libertação: tira as ovelhas da cerca, quer dizer, do átrio

da instituição religiosa judaica, não para prendê-las em

outra cerca, mas para dar-lhes plena liberdade. Na verda-

de, o evangelista João escreve que Jesus “depois de fazer

sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as

ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz”.

O que mantém a fidelidade dos seguidores de Jesus é a

voz de Jesus que é a resposta às necessidades humanas.

Portanto, Jesus não fecha as ovelhas em outra cerca, mas

doa-lhes a liberdade.

Depois, mais do que uma constatação, parece ser um

conselho o que Jesus diz: “elas não seguem um estranho,

antes fogem dele”.

“Fugir”: é este o conselho que Jesus dá. Fugir dos que

aparentam serem pastores, mas que, na realidade, são

lobos. E, como tais, só trazem destruição! “Fogem deles”.

Por quê? “Porque não conhecem a voz dos estranhos”. As

ovelhas - o rebanho, o povo - conhecem muito bem a voz

de quem as ama, mas não reconhecem a voz daqueles

que as querem explorar. São estranhos, por quê? Porque

não ouvem a voz do povo, não ficam perto das ovelhas.

Portanto, o povo não escuta a voz desses estranhos, por-

que eles não têm nada a lhes dizer.

Pois bem, o evangelista logo faz este comentário:

“Jesus contou-lhes esta parábola” - muito, muito clara e

muito severa - “mas eles” - os fariseus - “não entende-

ram o que ele queria dizer”. Por que não entenderam?

Porque não são ovelhas de Jesus. Eles não têm nenhum

desejo de plenitude de vida. Obviamente, eles não são

surdos, mas são teimosos. Eles entendem que, se acolhe-

rem a mensagem de Jesus, devem perder todo o seu po-

der, seu prestígio! E, ao invés de dominar, eles devem

colocar-se, como Jesus está fazendo, a serviço dos ou-

tros. E isso, as autoridades, os chefes, os fariseus não

querem de jeito nenhum.

Eles querem exercer o domínio sobre o povo e não ser-

vi-lo. E Jesus, vendo que eles não entenderam, reivindica,

de forma ainda mais gritante e mais clara: “eu sou a por-

ta das ovelhas”, e afirma: “todos aqueles que vieram an-

tes de mim são ladrões e assaltantes, mas...” - eis aqui a

constatação - “... as ovelhas não os escutaram”.

O povo pode ser submetido pelo medo, mas não por

escolha. O povo pode ser dominado, pode ser subjugado,

mas, quando finalmente ouve a mensagem de liberdade,

escuta uma mensagem de amor, eis que o povo renasce!

Portanto, Jesus garante, aqui, que o povo nunca os escu-

tou.

Eles impuseram a sua mensagem, obrigaram o povo a

obedecer, mas não o convenceram. Ao contrário, Jesus

não impõe sua mensagem, exatamente porque a Sua pa-

lavra convence. Esta é a característica que distingue a

mensagem que vem de Deus, daquela que não vem de

Deus: a primeira é oferecida, porque é uma mensagem

de amor, e amor só pode ser oferecido, nunca imposto. A

mensagem da autoridade religiosa, ao invés, é imposta,

ela é uma doutrina que é imposta. Por quê? Porque os

chefes são os primeiros a não acreditar nos benefícios de-

la!

O que é bom, não tem necessidade de ser imposto!

E Jesus continua, afirmando, mais uma vez, ser a por-

ta, uma porta, porém, que não se fecha. Diz Jesus:

“Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá...”. Je-

sus não veio para fechar ninguém numa outra cerca, mas

para dar plena liberdade, pois, só onde há plena liberdade

há também a dignidade e a plenitude do ser humano.

E aqui, o evangelista acrescenta: “... e encontrará pas-

tagem”. Ele usa o termo “pastagem”, que, em grego, é

“nomé” que é muito semelhante a “nómos”, que significa

"lei". Em Jesus, não encontramos uma doutrina que deve

ser observada, mas uma “pastagem”, quer dizer, o amor

que alimenta a nossa vida.

E, finalmente, se aproximando à conclusão, Jesus re-

pete de novo: “O ladrão só vem para roubar, matar e

destruir”. Portanto Jesus associa os pastores aos ladrões,

isto é, aos lobos.

Aqueles que aparentam serem pastores e que deveri-

am defender o rebanho dos lobos, na realidade são piores

do que os lobos, porque o povo tem medo dos lobos, mas

dos pastores tem confiança!

E Jesus conclui: “Eu vim para que tenham vida e a te-

nham em abundância”. Os chefes do povo tomaram posse

das pessoas, levando-as à ruína. De fato, são eles que,

em nome de Deus, têm explorado o povo, sacrificando-o

às suas próprias ambições, à sua sede de poder, insensí-

veis aos sacrifícios que impõem e ao sofrimento que cau-

sam.

Mas agora veio Jesus. A Sua mensagem é a resposta

de Deus à necessidade de plenitude de vida que cada

pessoa carrega dentro de si. E, quando nós escutamos

esta voz, todas as outras vozes perdem importância!

Padre Alberto Maggi-OSM

Frei Carlos Mesters Irmã Mercedes Lopes Francisco Orofino

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Em: www. news.va

No evangelho do dia, Jesus repreende a multidão que o procura porque tinha se saciado depois da multiplicação dos pães e dos peixes. O Santo Padre

nos convidou a perguntar se seguimos o Senhor por amor ou para ter alguma vantagem. “Porque nós somos todos pecadores e sempre existe algo de interes-

se que tem que ser purificado no seguimento de Jesus. Temos que trabalhar interiormente para segui-lo por causa dele mesmo, por amor. Jesus alude a três

atitudes que não são boas para segui-lo ou para buscar a Deus. A primeira é a vaidade. Em particular, explicou o pontífice, “ela aparece nos dirigentes reli-

giosos que dão esmola ou jejuam para aparecer.”

“Eles gostavam de se exibir e se comportavam como verdadeiros pavões! Eram assim. E Jesus diz: ‘Não, não pode ser assim. Não pode. A vaidade não faz

bem’. E, algumas vezes, nós fazemos as coisas tentando nos mostrar um pouco, procurando a vaidade. A vaidade é perigosa, porque nos faz cair imediata-

mente no orgulho, na soberba, e, depois, tudo termina nisso. Eu me pergunto: Como é que eu sigo Jesus? As coisas boas que eu faço, faço escondidas ou gosto

que todo o mundo me veja?”.

“E também penso em nós, os pastores, porque um pastor que é vaidoso não faz bem ao povo de Deus. Pode ser um sacerdote, um bispo, mas,

se ele gosta da vaidade, então não segue Jesus”.

“A outra coisa que Jesus repreende em quem o segue é o poder. Alguns seguem Jesus, mas ‘só um pouco’, não com plena consciência, um pouco in-

conscientemente. Porque eles procuram o poder. O caso mais claro é o de João e Tiago, os filhos de Zebedeu, que pediam a Jesus a graça de ser o primeiro-

ministro e o vice-primeiro-ministro quando chegasse o Reino. E na Igreja há muitos ‘arrivistas’! Há muitos que usam a Igreja para subir… Se é isso que

você quer, faça alpinismo: é mais saudável! Mas não venha à Igreja tentar subir! E Jesus repreende esses arrivistas que procuram o poder”.

“Só quando vem o Espírito Santo é que os discípulos mudam. Mas o pecado em nossa vida cristã permanece e seria bom nos perguntarmos: Como é que eu

sigo Jesus? Só por Ele, até a cruz, ou procuro o poder e uso um pouco a Igreja, a comunidade cristã, a paróquia, a diocese para ter um pouco de poder?”.

“A terceira coisa que nos afasta da retidão de intenções é o dinheiro”.

“Quem segue Jesus por dinheiro tenta se aproveitar economicamente da paróquia, da diocese, da comunidade cristã, do hospital, do colé-

gio… Pensemos na primeira comunidade cristã, que teve essa tentação: Simão, Ananias e Safira… Essa tentação existiu desde o começo e nós conhecemos

tantos bons católicos, bons cristãos, amigos, benfeitores da Igreja, inclusive com condecorações várias… Muitos! Mas, depois, descobrimos que eles fizeram ne-

gócios um pouco obscuros: eram verdadeiros especuladores e ganharam muito dinheiro! Eles se apresentavam como benfeitores da Igreja, mas recebiam muito

dinheiro e nem sempre era dinheiro limpo”.

“Peçamos ao Senhor a graça do Espírito Santo de ir atrás dele com retidão de intenção: só por Ele. Sem vaidade, sem desejos de poder e sem desejos de

dinheiro”.

Mensagem do papa Francisco extraída das leituras do dia e explicada na homilia da missa celebrada na capela da

Casa Santa Marta em 05 de maio de 2014

Em: www.studibiblici.it

Padre Alberto Maggi-OSM

São os últimos momentos que Jesus vive com seus discípulos. Jesus quer dar-lhes certezas e

tranquilidade. Quer que eles consigam compreender um paradoxo: isto é, que sua morte não

será uma perda para eles, mas um ganho; que sua morte não será uma ausência e sim uma pre-

sença ainda mais intensa. Portanto Jesus, que mal tinha terminado de anunciar aos discípulos

perturbados a traição de Pedro e que sobre eles estaria para cair uma tremenda

tempestade, o próprio Jesus garante que Deus está com Ele.

Eis porque Jesus diz: “Tendes fé em Deus: tende fé em mim também”. E, depois, os tranqui-

liza sobre os efeitos da sua partida e continua dizendo que: “Na casa de meu Pai há muitas mo-

radas”. Para entender estas palavras, é preciso deixar-se iluminar pelo versículo 23, quando Je-

sus dirá: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e

faremos nele a nossa morada”.

Não se trata aqui de uma morada perto do Pai, mas da morada do Pai entre nós. Eis aqui a

novidade, a grande novidade revelada por Jesus: não há mais necessidade de um santuário on-

de Deus se manifesta e sim, em cada pessoa que O acolhe, Deus se manifesta!

Portanto, o Deus de Jesus è um Deus que pede para ser acolhido a fim de se identificar com

o ser humano e dilatar nele a capacidade de amar. Está aqui a morada de Deus! Mas, por que

Jesus fala em “muitas moradas”? Porque Deus é Amor: o amor não pode se expressar e se ma-

nifestar em uma só forma, mas em muitas formas como múltiplas são as naturezas dos seres

humanos e suas situações.

Depois Jesus renova o convite à serenidade dizendo que, onde Ele estiver eles também esta-

rão, isto é, na esfera da dimensão divina, na esfera do amor.

De repente, Jesus é interrompido por um dos discípulos, Tomé, que, pergunta: “Senhor, nós

não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?”. “Para onde vais”: é um

verbo que indica um caminho sem volta. Tomé não entende como a morte possa ter efeitos

positivos.

E Jesus responde com uma afirmação solene, importante: “Eu sou...”, - portanto, reivindica

a sua igualdade com Deus - “o Caminho”, isto é, caminho para algo mais, em outras palavras,

“caminho” para “a Verdade”. Jesus não afirma de ter a verdade, não diz: “eu possuo a verdade”

e sim “Eu Sou a Verdade”.

E não pede aos discípulos de possuir a verdade, mas de ser a verdade. A diferença é grande!

Quem afirma possuir a verdade, pelo fato de achar de possuí-la, acredita de ser o juiz de to-

dos e condena todos aqueles quem não pensam como ele.

Estar na verdade significa estar inseridos no mesmo dinamismo do amor de Deus que identi-

fica o bem do ser humano, como valor absoluto. Estar na verdade significa não separar-se de

ninguém, mas ficar ao lado de todos, numa atitude de amor que se transforma em serviço.

A verdade è um dinamismo divino que não pode expressar-se com formulas de doutrina,

mas somente com uma oferta de amor e comunicação de obras de serviço.

E, para terminar, temos: “Eu sou a Vida”. Quem segue a Jesus neste caminho e é verdade

como Ele é, chega à Vida indestrutível, à plenitude da vida.

E depois Jesus diz aos discípulos: “Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu

Pai”.

Surpreende o fato que Jesus não diz “vão conhecê-lo no futuro”, mas

Jesus afirma: ”desde agora o conheceis e o vistes”.

E depois Jesus diz aos discípulos: “Se vós me conhecêsseis, conheceríeis

também o meu Pai”. Surpreende o fato que Jesus não diz “vão conhecê-lo

no futuro”, mas Jesus afirma: ”desde agora o conheceis e o vistes”. Quando

é que os discípulos viram e conheceram Jesus? No lava- pés. Jesus, que è a manifestação visível

de Deus, mostrou quem é Deus: Amor que se faz serviço!

Então, quanto mais autêntica for a adesão a Jesus, fazendo da própria vida amor e serviço

pelos outros, tanto maior será o conhecimento do Pai.

A esta altura, intervém outro discípulo, Filipe. Filipe não cosegue entender como em Jesus

possa manifestar-se Deus e, portanto, insiste: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!”. E

eis aqui a importante revelação de Jesus: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces,

Filipe? Quem me viu, viu o Pai”.

Terminando o prólogo a este evangelho, João tinha feito uma importante declaração: “A

Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo

deu a conhecer”. O que significa tudo isso? Significa que, não Jesus é igual a Deus e sim que

Deus é igual a Jesus. Em outras palavras, o evangelista nos convida a deixar de lado o que pen-

samos e sabemos de Deus, para concentrar a nossa atenção sobre Jesus. Tudo o que Jesus faz

e diz, tudo isso é Deus!

Portanto, todas as ideias, as imagens, os pensamentos, os conhecimentos que temos sobre

Deus e que não encontramos em Jesus, devemos eliminá-los, porque são incompletos ou fal-

sos. Jesus fala muito claro: “Quem me viu, viu o Pai”. Quem é esse Pai que se manifesta em

Jesus? Amor que se faz serviço, como aconteceu no lava-pés.

E Jesus, frente à incredulidade dos discípulos, acrescenta que, se não querem acreditar nas

suas palavras, acreditem pelo menos “nas obras”! As obras – e as obras de Jesus são todas

ações com as quais Ele comunica e enriquece a vida dos outros – são, portanto, o único critério

de credibilidade.

E, no final, temos uma fórmula solene - como Amém, Amém - isto é: “Em verdade, em ver-

dade vos digo, quem acredita em mim fará as obras que eu faço”. As obras de Jesus são todas

elas comunicações de vida para os outros. Depois Jesus diz - e isso parece incrível - “e fará ain-

da maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai”. Como è possível fazer ações maiores daque-

las que fez Jesus? Jesus não conseguiu dar uma resposta a todas as necessidades da humanida-

de! Então, é a comunidade dos discípulos que, em nome Dele, tem como único valor absoluto

da sua própria existência - único e sagrado - o bem do ser humano: uma comunidade que se

coloca neste dinamismo do “ser Verdade”. Portanto, não se trata de ‘ter a verdade’ para julgar

os outros, mas de “ser verdade” para se aproximar de todos. Se assim fizer, sem dúvida, será

uma comunidade na qual a ação divina vai crescendo numa medida dinâmica, até trasbordar

em favor dos outros. Tudo isso vai acontecer porque, diz Jesus: “eu vou para o Pai”. Quer dizer,

Ele, junto do Pai, irá colaborar com os discípulos. Portanto Jesus dá esta certeza que a sua mor-

te não será uma ausência, mas uma presença ainda mais intensa e vivificante.

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Morreu no dia

2 de maio em

Goiânia, o bispo

emérito da cidade

d e G o i á s ,

Dom Tomás Bal-

duíno, aos 91

anos de idade. Dom Tomás era uma memória viva da pastoral indigenista da

Igreja Católica. Ele enriqueceu essa pastoral com a herança dominicana, viva

em pessoas como Las Casas, António de Montesinos e Chenu. A pastoral indige-

nista pós-conciliar foi forjada na resistência à ditadura militar, à falácia do pro-

gresso e às promessas da integração sistêmica. Essa resistência perpassa uma

mancha de sangue de testemunhas qualificados na grande tribulação – precur-

sores da páscoa definitiva.

Herança

Tomás Balduíno era dominicano como Bartolomé de las Casas, Francisco de

Vitória e António de Montesinos. Com faro político-pastoral se tornaram defenso-

res intransigentes dos povos indígenas. Mas nem todos os dominicanos são co-

mo Las Casas, Vitória e Montesinos. Também inquisidores receberam a sua for-

mação na Ordem dos Pregadores (OP). A pregação do Evangelho pode cegar e

iluminar. A ordem religiosa é uma família que, apesar das intervenções virtuais

periódicas do fundador e das fontes estudadas no noviciado e relidas, mais tar-

de, nos retiros espirituais, não garante nada, mas facilita muito.

Como na hora da Conquista, também na segunda metade do século XX, a fa-

mília dominicana foi uma voz profética e inovadora da ação pastoral da Igreja

Católica. Nessa fonte, Tomás Balduíno bebeu durante seus estudos na França,

onde respirava uma nova teologia, a chamada Nouvelle théologie, decisiva para

seu itinerário eclesial posterior. Essa nova teologia tinha fundamentos sólidos

no passado, em Tomás de Aquino, xará de nome e confrade dominicano de To-

más Balduíno. A proximidade na defesa dos povos indígenas entre Las Ca-

sas e Tomás Balduíno tem uma raiz comum na teologia da Ordem dos Domini-

canos.

O primeiro período da teologia medieval foi a Patrística, que em Santo Agosti-

nho (354-430), com base na filosofia de Platão, teve seu maior expoente. O re-

presentante gigante do segundo período, da Escolástica, foi Tomás de Aquino

(1225-1274). Como professor em Paris e através dos Árabes, começa a conhecer

e introduzir em sua reflexão Aristóteles, até então proibido na cristandade. Com

grande simplificação pode-se dizer que Platão é o filósofo das ideias eternas de

quem Agostinho se serviu para a construção de sua teologia, predominante-

mente, dedutiva. Aristóteles é o filósofo do chão concreto da realidade, da ciên-

cia e da ética prática. Tomás de Aquino se serviu de Aristóteles para uma teolo-

gia de cunho indutivo, articulada com a realidade concreta e palpável. Essa é a

teologia que o Vaticano II assumiu, com seus pilares na história, sociedade e

realidade político-econômica.

Na conquista das Américas, essas duas correntes marcaram referenciais teo-

lógicos opostos que influenciaram diretamente no tratamento dos povos indíge-

nas. Uns se apoiavam, em sua reflexão, no substrato agostiniano da “teologia

das sentenças” do século XII, com sua visão teocrática do poder papal e seu

olhar pessimista sobre a natureza humana; outros se serviram da posição jus-

naturalista elaborada por Tomás de Aquino no século XIII.

Na “teologia das sentenças” de Pedro Lombardo, por exemplo, havia certa

confusão entre a ordem natural e a sobrenatural. Seguindo a tradição de Santo

Agostinho (354-430) nas lutas contra o pelagianismo, que negava o pecado ori-

ginal e a necessidade do batismo das crianças, os sentencialistas atribuem ao

pecado original uma influência que quase destrói a natureza humana. Daí pro-

vêm as exigências de um contrapeso na graça e no sobrenatural. A minimização

do natural inspirou as interpretações teocráticas do poder pontifício, desde os

tempos de Gregório VII (1073-1085).

Já no século XIII, nas universidades de Paris, Bolonha, Oxford e Salamanca,

nasce algo novo. Agora, por influência dos Árabes, Aristóteles é traduzido, e sua

leitura ajuda a teologia a reconhecer os limites dos seus próprios campos. To-

más de Aquino faz, livremente inspirado por Aristóteles, avançar a reflexão teo-

lógica, quando começa a distinguir entre o natural e o sobrenatural, entre razão

e fé. Como o natural não dispensa a graça (o sobrenatural), também a graça

não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa. O direito divino, que tem a sua ori-

gem na graça, não suspende o direito humano, que é de ordem natural. Na teo-

logia agostiniana, que era a teologia hegemônica da Idade Média e na Conquis-

ta, a natureza pagã era uma natureza destruída pelo pecado original, e, portan-

to, sem possibilidade de salvação, a não ser, pelo batismo. Na teologia dos do-

minicanos, explicitado por Las Casas em seu Tratado de “Único modo”, a natu-

reza dos povos indígenas não foi destruída pelo pecado original. Há uma conti-

nuidade entre a ordem de criação e de salvação.

Tomás Balduíno nunca explicitou esse fundo teológico de sua herança que

mais tarde daria a base de sustentação antropológica e teológica do Conselho

Indigenista Missionário (Cimi). Talvez por causa dos seus interlocutores, que

eram índios, lavradores e movimentos sociais, ele se destacou mais por suas

análises políticas que por reflexões teológicas. Mesmo nas Assembleias da

CNBB, na época ainda realizadas em Itaicí, quando pediu a palavra, se ouviu

um staccato político-pastoral certeiro e não o legato de uma fuga bachiana. Noi-

te adentro, quando seus colegas jogavam pôquer ou tomavam uma cerveji-

nha, Tomás, em off, era um articulador incansável e estrategista hábil. Para ele,

a teologia tinha que ser prática, política, serva da práxis pastoral. O Vaticano

II (1962-1965), que se definiu como concílio pastoral, veio ao seu encontro.

Vaticano II

Foram três grandes teólogos da família dominicana que se destacaram

no Vaticano II e no tempo pós-conciliar: Marie-Dominique Chenu (1895-1990) e

seus dois alunos, Yves Congar (1904-1995) e Edward Schillebeeckx (1914-

2009). Chenu e Congar chegaram à porta do Concílio, como a maioria dos teó-

logos relevantes da época, arrastados na corrente da suspeita e da proibição,

condenados ao silêncio e exílio por um “regime de denunciação e de centralismo

totalitário”, como escreve Congar em seu diário, um regime “sem justiça e sem

misericórdia”.

A coragem dos movimentos bíblicos, litúrgicos e pastorais foi – por longos

anos pré-conciliares – acompanhada e estimulada pela coragem inovadora e a

retidão intelectual de teólogos, como Chenu, que resistiram à perda da percep-

ção da realidade no interior da Igreja. Com seu serviço teológico ao povo de

Deus ultrapassaram as fronteiras da academia e do legalismo, e colocaram a

sua vida profissional em risco. A reflexão teológica de Chenu, que era medieva-

lista, contribuiu para a teologia indutiva do Concílio que reconheceu a

“história”, a “realidade terrestre”, a “autonomia da cultura e ciência” e os

“sinais dos tempos” como pilares que deveriam sustentar o conjunto teológico-

pastoral do evento conciliar.

Além da reflexão teológica indutiva focada na história e na sociedade, mais

tarde assumida pela “Teologia Política”, de João Batista Metz, e a “Teologia de

Libertação”, de Gustavo Gutierrez, Chenu estava, concomitantemente com a

produção teológica, envolvido em trabalhos pastorais. Por longos anos foi assis-

tente da Ação Católica e da pastoral operária. Esta presença pastoral, com seu

método da “revisão de vida” (ver, julgar, agir), influenciou fortemente seus trata-

dos teológicos. Nos anos pós-conciliares, a Pastoral da América Latina e seus

documentos eclesiais se beneficiaram desse método indutivo, desde o pa-

pa João XXIII (1958-1963) assumido pelo magistério como um instrumento vá-

lido para a análise da realidade (cf. Mater et magistra, 235).

A sobriedade missionária do movimento dos padres operários e da Mission de

France, o despojamento de um Abbé Pierre (1912-2007), fundador do movimen-

to dos maltrapilhos-construtores de Emaús, já apontaram para a opção pelos

pobres e pelos que mais sofrem. Desde o início do século XX se tinha notícia do

martírio e da opção corajosa pelos Outros de um Charles de Foucauld (1858-

1916) e dos seus seguidores nos mais diversos movimentos espirituais e funda-

ções religiosas. Em 1958, nove anos antes da chegada de Tomás Balduíno como

bispo, as Irmãzinhas de Jesus iniciaram sua presença no meio do povo Tapirapé

NOSSA HOMENAGEM

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deram à igreja local de Goiás/

GO lições de inculturação. Muitos

anos antes do Vaticano II, quan-

do Tomás Balduíno ainda concluía

seus estudos teológicos em Saint

Maximin (1948-1950), a França era

um laboratório pastoral criativo e

sua Igreja, que era pobre, antecipa-

va questões pastorais posterior-

mente articuladas pelos paradig-

mas da inserção, da inculturação e

da opção pelos pobres e Outros.

Com a teologia, que assumiu a rea-

lidade terrestre inserida na história

da salvação e os sinais dos tempos,

como sinais de Deus no tempo,

no Vaticano II venceram Tomás de

Aquino e sua corrente do Direito

Natural. O Concílio declarou liber-

dade e pluralidade religiosas como

direitos humanos que foram, antes

do Vaticano II, consideradas inacei-

táveis ou aceitáveis apenas como

realidades de fato, mas não de jure,

porque ao “erro” não se deve atribuir legalidade.

A proximidade do mundo e dos reais problemas da humanidade, e o reconhe-

cimento da autonomia da realidade terrestre e da pessoa são aprendizados his-

tóricos. Permanecem buscas permanentes para escapar da conformação alie-

nante à prosperidade material e da adaptação superficial a modas e ondas, ou

ao distanciamento deste mundo em nichos de bem-estar espiritual. Muitas

questões que no Concílio pareciam ter encontrado um consenso, voltaram à to-

na no tempo pós-conciliar, marcado pela euforia pentecostal de pequenos gru-

pos e pelo pessimismo autoritário de certo neoagostinianismo. Novamente, a li-

berdade religiosa em sua forma de pluralismo religioso é questionada como

de João XXIII a uma modernização conservadora norteada pela pergunta: uma

“teoria de índole relativista” que se pretende justificar “não apenas de fato, mas

também de jure (ou de princípio)”. Num

mundo de grandes mudanças, um setor

significativo da Igreja Católica corre o risco

de reduzir o aggiornamento

“Como podemo-nos adaptar ao mundo

sem transformar nossas estruturas pasto-

rais caducadas”? Ao protelar a “conversão

pastoral”, proposta por Aparecida (DAp

365ss), a chamada Nova Evangelização

corre o perigo da encenação de uma peça

antiga, que precisa e pode ser reescrita.

Contexto

No oitavo ano da ditadura militar no

Brasil, cinco anos depois da extinção do

“Serviço de Proteção aos Índios/SPI” por

corrupção, sadismo e massacres de tribos

inteiras, quatro anos depois de Medellín e

do Ato Institucional n. 5, no terceiro ano

do terceiro general-presidente, Emílio Gar-

rastazu Médici, no período mais repressivo da história do Brasil, e um ano de-

pois das denúncias do “espírito faraônico das missões”, pelos antropólogos

de Barbados I,

naquele ano de 1972

quando os Estados Unidos retiram as suas tropas do Vietnam,

quando em Estocolmo se realiza a Primeira Conferência do Meio Ambiente,

quando o conflito do Oriente Médio alcança os Jogos Olímpicos, em Munique,

onde oito palestinos fazem 11 reféns entre os integrantes da comitiva de Isra-

el, exigindo a libertação de 200 Feddayns, presos em Telaviv (11 reféns e cin-

co palestinos mortos);

naquele ano de 1972

quando a Doutrina da Segurança Nacional dos Estados Unidos criou uma in-

segurança total na América Latina,

quando a Transamazônica (BR 230) que vai destruir 29 territórios indígenas,

é inaugurada e celebrada como símbolo do desenvolvimento e do “milagre

brasileiro”;

naquele ano de 1972

um pequeno grupo de 25 missionários e missionárias, convocados pelo Se-

cretário geral da CNBB, Dom Ivo Lorscheiter, se reúne em Brasília para dis-

cutir o projeto de Lei n. 2328 que tramitava na Câmara e dispunha sobre o

Estatuto do Índio.

Ao convocar esse grupo missionário, pensou-se, na CNBB, criar uma asses-

soria ligada às bases missionárias que deveria observar a política indigenista do

governo e promover o aggiornamento missionário da Igreja Católica. Havia preo-

cupações concretas: as denúncias feitas na Declaração de Barbados I (1971) , a

insatisfação dos missionários com a pastoral neocolonial e não específica junto

aos povos indígenas, as denúncias sobre matanças de índios.

Em 1969, apareceram no exterior notícias sobre o genocídio dos índios no

Brasil, inclusive com fotos de índios torturados. A “pacificação” dos Cinta-

Larga ocupou, desde 1969, as manchetes dos jornais. A construção das rodovi-

as BR 230 (Transamazônica), 174 (Manaus-Boa Vista), 163 (Cuiabá-

Santarém), 364 (Cuiabá-Porto Velho) e210 (Perimetral Norte) projetou suas

sombras sobre dezenas de povos indígenas na Amazônia. O órgão da política in-

digenista do Estado, a Fundação Nacional do Índio (Funai), teve a incumbência

de garantir que os índios não representassem obstáculo à política desenvolvi-

mentista.

O grupo convocado por Ivo Lorscheiter se constituiu em “Conselho”, oficiosa-

mente ligado à CNBB. A ata da primeira reunião desse Conselho, escrita a 23

de abril de 1972, por Dom Geraldo de Proença Sigaud, um dos ferrenhos con-

testadores do Vaticano II e então bispo de Diamantina (MG), foi assinada por

outros 25 participantes, entre eles os bispos Ivo Lorscheiter (secretário-geral da

CNBB), Henrique Froehlich (Diamantino, MT), Luís Gomes de Arruda (Guajará-

Mirim, RO), Eurico Kräutler (Altamira, PA), Pedro Casaldáliga (São Félix,

MT), Tomás Balduíno (Goiás, GO), Estêvão Cardoso de Avelar (Marabá, PA) e os

missionários Thomaz de Aquino Lisboa e Sílvia Wewering. Foi o nascimento

do Cimi, dez anos depois do início do Concílio Vaticano II.

Os participantes do primeiro encontro ainda elegeram sete membros como

primeiros conselheiros estatutários do Cimi: os padres Adalberto Holanda Perei-

ra, jesuíta; Casimiro Beksta, salesiano; Thomaz de Aquino Lisboa, jesuíta; ir-

mã Sílvia Wewering, das Servas do Espírito Santo e D. Tomás Balduíno Ortiz.

Os padres Ângelo Jaime Venturelli, salesiano, e José Vicente César, do Verbo

Divino, foram respectivamente eleitos presidente e secretário do Cimi. A presen-

ça de D. Tomás Balduíno para a transformação desse grupo heterogêneo numa

pastoral profética pró-índio, era essencial. O que facilitou a sua tarefa foi o fato

de que na hora da fundação do Conselho Indigenista Missionário(1972), a Igreja

latino-americana já tinha feito a sua leitura do Vaticano II com os olhos

de Medellín (1968): assumir a realidade dos pobres, presença nessa realidade

(inserção), articulação dos sujeitos que vivem nessa realidade, alianças com

Igrejas e movimentos fora do País que estava atravessando anos de ditadura mi-

litar colada em certa euforia desenvolvimentista na contramão dos povos indíge-

nas no Brasil e na maioria dos países do continente.

Tomás Balduíno continuou até hoje como patriarca iluminado, conselheiro e

amigo do Cimi. A ruptura com o sistema de acumulação e de injustiça não de-

pende do pastor, mas se torna mais viável com ele. Sua missão é “despertar es-

perança em meio às situações mais difíceis, porque, se não há esperança para

os pobres, não haverá para ninguém” (DAp 395).

Virada pastoral

Na época da fundação do Cimi, em 1972, a

sociedade brasileira e as Igrejas locais não

acreditavam na possibilidade de os povos

indígenas virem a ter futuro próprio, como

povos e nações. Parecia lógico que o cami-

nho indicado para o futuro dos 90 mil

(segundo dados do governo militar da épo-

ca) ou 180 mil índios, segundo o recensea-

mento do Cimi de então, seria a sua inte-

gração aos padrões culturais e jurídicos da

sociedade nacional e a sua assimilação ét-

nica e religiosa. A perspectiva de integra-

ção dos índios na sociedade classista dis-

pensaria a demarcação de suas terras e a

sua proteção específica; a perspectiva de

sua conversão dispensaria o diálogo inter-

religioso e a inculturação.

Os princípios, que desde o início funda-

mentaram a ação do Cimi e condensaram a

“virada pastoral, foram:

a) o respeito à alteridade indígena em sua pluralidade étnico-cultural e histórica

e a valorização dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas;

b) o protagonismo dos povos indígenas sendo o Cimi um aliado nas lutas pela

garantia dos seus direitos históricos;

c) a opção e o compromisso com a causa indígena dentro de uma perspectiva

mais ampla de uma sociedade democrática, justa, solidária, pluriétnica e

pluricultural.

D. Tomás defendeu esses princípios no templo e no pretório. Acompanhou a

história do Cimi marcada por testemunhas qualificadas. Na trajetória de sua

longa e abençoada vida de mais de 90 anos, muitas sementes, que o confes-

sor Balduíno lançou, se multiplicaram nos corações e territórios dos povos indí-

genas. Nenhum inverno político ou eclesiástico conseguiu sufocá-los por baixo

de um cobertor de gelo neoliberal ou neoagostiniano. Hoje, somos testemunhas

de uma pastoral indigenista que aprendeu que a catequese a serviço da Vida

passa pela questão da terra, da cultura e da participação política. Somos teste-

munhas de uma pastoral que devolveu o protagonismo da causa indígena aos

próprios indígenas, sem jamais abandonar a sua causa.

Tomás Balduíno,

você foi enviado por

Deus para incomodar.

Obrigado.

Deus seja louvado!

Page 7: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundâ · PDF fileGraças a Deus, já somos milhares de leitores espalhados pelo mundo. ... Na trajetória de sua longa e abençoada vida

ARTIGOS—OPINIÕES

A multidão de fiéis na Praça de São Pedro foi impressionante no último vinte de Abril.

A força do catolicismo reapareceu de novo publicamente em todo seu vigor, particular-

mente no seu poder de propor aos fiéis vivos sua adesão a alguns mortos como símbolos

de um cristianismo/catolicismo bem vivido. João XXIII e João Paulo II foram elevados ao

altar e agora são "sujeitos” de veneração do povo católico de todo mundo. Muitas dúvi-

das e críticas assim como adesões e elogios circularam pelos meios de comunicação soci-

al em relação aos nomes indicados. Não há como chegar a um consenso de opiniões da-

da a pluralidade do "Povo de Deus”. A hierarquia clerical responsável pelas decisões é

que julgou as indicações e tomou a decisão final executada pelo papa em missa solene.

Não sei se os hierarcas se lembraram das devoções dos mais pobres pouco afeitos a ve-

nerar papas, muitas vezes identificados a reis e senhores poderosos. As devoções dos

pobres são mais ligadas a Virgem Maria, a Jesus e aos santos mais tradicionais como São

Francisco, São José, Santo Expedito que acreditam ser mais capazes de entender seu co-

tidiano sofrido.

As questões que levanto fogem até certo ponto dessa polêmica entre nomes indicados

e querem abrir-se a outra problemática. Podemos imitar os santos, os mártires, os he-

róis, os grandes líderes? Como se faria isso? Seriam eles, depois de mortos, proprietários

de qualidades superiores e isentos dos limites de sua própria história? Não estaríamos

nós alienando nossa responsabilidade histórica e pessoal de reconhecer que cada um de

nós tem que viver sua história e suas opções? Não estaríamos deixando de lado as ações

de mulheres e homens na construção de nossa história atual para seguir modelos que

embora tenham tido o seu valor não poderão ser imitados? O que imitar neles? E como

fazê-lo de fato? As perguntas são existenciais e não abstratas, visto que vão exigir com-

portamentos pessoais em nossa história atual.

Na proposta de imitação como propõem alguns grupos da Igreja Católica certamente

não entram considerações mais críticas em relação aos escolhidos para a santidade. Por

que não chamar a atenção também dos erros cometidos no passado que não deveriam

ser repetidos? Perceberíamos talvez com mais clareza a mistura e a contradição presen-

tes no ser humano e em suas ações. Mas, provavelmente esse procedimento crítico e re-

alista macularia a figura do santo ou do herói e fugiria do esquema de perfeição dualista

presente na Igreja. Fugiria igualmente da oposição firmemente mantida pela maioria en-

tre céu e terra, entre Deus e os homens, entre o bem e o mal, entre anjos e demônios.

De fato se admite nos ambientes de Igreja que o santo ou o herói não tenham sido per-

feitos, mas não se fala em direto do que poderia ter sido evitado ou do que pode parecer

criticável em vista do bem comum situado e datado. Os escolhidos para a santidade insti-

tucional aparecem como protótipos do bem, da coragem, da justiça de forma que suas

fraquezas e covardias não aparecem. Mais uma vez o "homem ideal” ou idealizado assim

como "a mulher idealizada” segundo alguns parâmetros estabelecidos se torna modelo

para os fiéis. Esse modelo foge do ordinário da vida e é capaz de acentuar sacrifícios inú-

teis e neuroses de muitos tipos nos fiéis. Conhecemos, além disso, a vida de santos/as

que se infligiram torturas e sacrifícios corporais que já não há como imitar.

Intuo que muitas vezes estamos pouco conscientes do significado alienante das imita-

ções. Ao imitar alguém deixo de mostrar meus dons pessoais, deixo de lado minha ma-

neira própria de ser, deixo de reconhecer minha capacidade pessoal e, de certa forma me

diminuo buscando na pessoa alheia minha realização pessoal. A imitação proposta no ca-

tolicismo não é a arte do teatro em que o ator ou a atriz interpretam um romântico apai-

xonado ou um carrasco ditador e depois voltam a ser atores à espera de novos papéis. A

imitação que a Igreja propõe é uma espécie de conformidade a um ideal de vida conside-

rado mais perfeito que outro e por isso digno de ser imitado. Sem dúvida muitos fiéis sa-

bem que certas vivências pessoais e escolhas não podem ser imitadas. Nesse caso, exal-

tam-se as virtudes que presumidamente o santo/a teria vivido e essas virtudes passam a

ser proclamadas porque fortalecem as convicções da instituição religiosa. É interessante

notar que a virtude da obediência a um modelo de ser humano que a Igreja considera

mais próximo da vontade divina parece ser uma constante nos modelos de santidade. Os

santos são, salvo exceções, submissos à Igreja hierárquica e se não foram em vida pas-

sam a ser depois de mortos. A vida do santo/a é reinterpretada de forma a servir aos in-

teresses e aos valores defendidos pela instituição.

Outra questão é a de saber que critérios seguir para elevar aos altares e decretar que

a vida dessa pessoa é digna de imitação. O que motiva algumas

pessoas a quererem tornar santo ou santa a uma outra pessoa?

Pensariam elas que isso promoveria e acrescentaria valor e glória

aos fiéis defuntos? Que razões tem o papado para acolher e de-

cretar sua santidade? Como podem os juízes de uma causa de beatificação ou de santifi-

cação julgar que aquele indivíduo foi agradável a Deus? De que Deus se está falando?

Que modelo de Deus está em jogo? Que implicações políticas e econômicas têm essas

ações que de repente introduzem uma aureola na cabeça de um "morto” e mandam im-

primir santinhos para serem vendidos ou distribuídos aos fiéis? Tudo isso sem falar dos

extraordinários milagres muitas vezes exigidos como forma de provar a santidade de al-

guém.

Por que não falar que as pessoas e nelas se incluem certamente os que já saíram fisi-

camente dessa história nos inspiram, nos ajudam a carregar nossos fardos, nos

ensinam conforme nossas necessidades. A inspiração parece um fenômeno que indi-

ca maior liberdade do que a imitação. Mas, as canonizações não vão por esse caminho.

Têm a ver com Canon, com leis que se estabelecem para os fiéis mesmo que se diga que

cada um é livre de acolher ou não a vida deste ou daquele santo como seu modelo.

Tenho consciência de ter mais perguntas do que respostas e nas perguntas manifesto

minha inquietação em relação aos rumos que está tomando o papa Francisco em relação

ao lugar das devoções na vida dos católicos. Embora reconheça a qualidade de sua pes-

soa, de seus discursos e ações em relação aos pobres desse mundo inquieta-me a con-

tradição de sua teologia. E essa contradição, a meu ver, diminui a força de sua palavra,

sobretudo quando falamos de justiça nas relações humanas.

Às vezes se tem a impressão de que o papa é cativo de um esquema religioso estabe-

lecido e consagrado pelo Vaticano. Por mais que ele tente quebrar as hierarquias e os

formalismos com gestos mais simples, em situações como as canonizações, ele se rende

a esses procedimentos e se torna publicamente conivente com eles.

Será que ainda precisamos de canonizações? Não seriam elas algo em contra a afir-

mação da liberdade como prerrogativa dos seres humanos? Não reforçariam as hierar-

quias tão presentes em nosso mundo, hierarquias que excluem que privilegiam e que

marcam diferenças sociais e às vezes até ontológicas entre as pessoas?

Será que necessitamos cerimônias tão pomposas, com a presença de chefes de esta-

do, embaixadores, reis e príncipes para, na aparência, corroborar tais ações do papa?

Sem dúvida muitas pessoas julgam tudo isso um reconhecimento do poder da Igreja e,

sobretudo o reconhecimento das virtudes e qualidades dos candidatos a santos e santas.

Vive-se ainda na necessidade da adoração de pessoas tanto a nível político, artístico e

religioso. Não se trata aqui de negar aos diferentes grupos o direito de constituir um fã

clube religioso, mas sim de ajudá-las a desenvolver uma reflexão que as torne mais li-

bertas e responsáveis pelos destinos do mundo e por sua vida pessoal.

Mais uma vez somos convidados/as a pensar, a tentar compreender melhor o que nos

acontece e o que nos é proposto. A fé não pode ser o esquecimento de nossos valores

historicamente situados, ela não pode se reduzir a uma adesão ao projeto do outro por

melhor que ela/ele seja. A fé não é algo banal, mas vital. A fé não é escuridão e obediên-

cia cega, mas acolhida da vida na sua diversidade de aspectos, acolhida da originalidade

de minha pessoa, de meu caminho, de suas luzes e sombras. Mas tudo isso, não nos es-

queçamos, habita na diversidade da vida, irredutível a um modelo único, a uma forma

única, a uma linguagem única.

Creio que é preciso pensar mesmo sabendo que os pensamentos de muitos não influ-

enciam a massa e nem as hierarquias. Não podemos abrir mão da dignidade e da grande

aventura de poder pensar e repensar a vida, de senti-la desde lugares e formas diferen-

tes e de assumir a parte que nos cabe em nosso pedaço de chão. Tal postura tem conse-

quências em nossas vidas, em nossas crenças e na relação que mantemos com pessoas

e instituições. A vida não nos pede que conformemos nossa própria vida a de outros,

mas que deixemos florescer a originalidade que nos constitui regada pela contribuição e

inspiração de muitos/as.

Ivone Gebara

Em: www.adital.com.br

A questão da espiritualidade vem ganhando a cada dia uma compreensão mais rica e ampla. Distingue-se claramente da religião. Esta é um “sistema

solidário de crenças e de práticas relativas a coisas sagradas” (Durkheim). Um empreendimento coletivo, envolvendo a presença de uma comunidade

moral. A espiritualidade, por sua vez, está relacionado a “qualidades do espírito humano”, como tão bem mostrou Dalai Lama em obra sobre a ética pa-

ra o novo milênio (1999).

Todo ser humano é capaz de desenvolver tais qualidades como o amor, a compaixão, a hospitalidade, a atenção, o cuidado e a delicadeza, sem recorrer necessariamente a

um sistema religioso. Não há por que concentrar na religião esse monopólio da espiritualidade. Trata-se de um dado essencial para quem quer se adentrar nesse desafiante

campo.

A espiritualidade requer, assim, o cultivo de uma dimensão fundamental que trata da interioridade do ser humano, ou seja, de “expansão de vitalidade” e qualidade de vida.

A espiritualidade suscita o despertar de energias originárias que estão no rincão mais íntimo do ser humano, e que dizem respeito a ele “de forma última”.

O cultivo da espiritualidade, entendida como movimento e caminho para a experiência do Real, exige do sujeito uma dinâmica particular de despojamento e interiorização.

Há que romper com um modo habitual e rotineiro de ser e deixar-se tocar pelos apelos da profundidade. Não se trata de uma viagem tranquila, mas de uma “saída” para den-

tro de si mesmo, e um retornar ao tempo transformado.

Para viver a intensidade desta experiência firmam-se algumas disposições precisas, como o exercício do despojamento, humildade e purificação do coração. Há que deslo-

car o ego de sua centralidade, reconhecendo a dinâmica humana essencial em sua contingência e vulnerabilidade. Animado por tais energias espirituais, o ser humano vem

disponibilizado a assumir no tempo um modo de ser distinto, pontuado por um “desaforado amor pelo todo”.

Como diz um mestre zen, “se os nossos olhos são novos, todas as coisas revelam-se igualmente novas em cada momento”. A peculiaridade está no exercício do respiro da

vida e a atenção desperta para os pequenos sinais do cotidiano. Deixar-se habitar pela atmosfera da espiritualidade é criar um espaço garantido e especial para as fragrâncias

da profundidade. Os frutos vão surgindo naturalmente, irrompendo de dentro e atuando nas diversas direções, como bem mostrou Leonardo Boff.

É uma paz espiritual que irradia, qualificando as relações e despertando energias secretas: algo que “alimenta o amor, o cuidado, a vontade de acolher e de ser acolhido, de

compreender e de ser compreendido, de perdoar e de ser perdoado”. A prática da justiça e do amor ao próximo desabrocham como as flores irrigadas pela chuva, natural-

mente, quando suscitadas na experiência fontal da sintonia com o grande Mistério.

FAUSTINO TEIXEIRA

“O toque da espiritualidade incide na acolhida do cotidiano em sua elementar maravilha”

Em: www.fteixeira-dialogos.blogspot.com.br

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< E N T R E V I S T A >

Como foi que o senhor se ocupou de

São Francisco?

É um interesse que eu cultivo há anos,

desde a primeira vez que eu vi Assis no

pós-guerra. Eu era um jovem historiador

atraído pela Itália, um país onde eu es-

tivera várias vezes, até porque a família da

minha mãe veio da região de Imperia.

O que o impressionou em Assis?

Acima de tudo, a topografia dos lugares.

Para mim, a ligação entre a história e a ge-

ografia sempre foi essencial, e em Assis a

história social e espiritual de Francisco se

expressavam geograficamente. Por um lado, a colina com a cidade que representava

a vida comercial e política da época. Depois, a solidão e o afastamento da ermida de

Cárceres, símbolo da nova forma de solidão monástica proposta pelo fran-

ciscanismo. Finalmente, a natureza que circunda a igreja de São Damião, o lugar

da nova ecologia espiritual de São Francisco. Em suma, diante desses lugares,

pareceu-me ver uma encarnação particularmente evidente em um movimento histó-

rico.

Qual era a sua relação com a religião?

Eu comecei a me interessar pelo franciscanismo no momento em que eu me

afastava definitivamente da religião católica. Quando jovem, eu recebera uma edu-

cação religiosa. Minha mãe, segundo a tradição italiana, era muito católica e devota.

Meu pai, ao invés, era um filho do "affaire Dreyfus", portanto secular e anticlerical.

Apesar de tal diferença, os meus pais eram muito unidos, e a religião nunca foi um

assunto de disputa.

A sua formação é o resultado dessas duas tradições?

Sim, embora durante a juventude tenha prevalecido a influência da minha mãe.

Depois, porém, eu me afastei progressivamente da fé. Quando cheguei em Assis,

olhei para São Francisco com os olhos do historiador e não do crente. Interessa-

vam me acima de tudo as suas ações e as suas escolhas, mais do que ele podia re-

presentar no plano religioso.

Para o senhor, qual é o aspecto central da figura de São Francisco?

A modernidade. Diante da nova sociedade em mutação, ele identifica claramente

o problema da riqueza e das desigualdades. Tal consciência o levou a cuidar da po-

breza. Por outro lado, se o atual papa escolheu o seu nome pela primeira vez na his-

tória da Igreja, é precisamente por causa de tal modernidade, em cujo rastro ele se

inscreve. E se há um elemento comum a São Francisco e ao Papa Bergoglio, é

justamente a luta contra o dinheiro e a defesa dos pobres.

Duas épocas diferentes, mas uma mesma preocupação?

No século XIII, para satisfazer as necessidades da economia e, em particular, do

comércio, o uso do dinheiro tornou-se cada vez mais importante. Essa evolução, po-

rém, produziu alguns excessos contra os quais São Francisco luta. Ainda hoje as-

sistimos a uma revisão das atitudes em relação ao dinheiro, só que não se trata

mais de uma reação a uma novidade, como no século XIII, mas sim de uma reação

a uma crise, a que abalou a economia do início do século XXI. O Papa Francisco é

o papa de crise. Provavelmente uma parte dos cardeais que o elegeram viram nele o

homem capaz de ajudar a Igreja e a sociedade a superar essa fase do mundo capitalista.

A crítica da riqueza é acompanhada pela necessidade de novas formas de

espiritualidade, a serem contrapostas ao materialismo, filho do dinheiro?

Certamente. No século XIII, isso é particularmente evidente. São Francisco

prega a necessidade do retorno ao Evangelho, em cujo interior encontram-se as ba-

ses para combater os excessos da riqueza. Basta pensar na célebre frase: "É mais

fácil um camelo passar pelo olho de uma agulha do que um rico entrar no reino dos

céus". A espiritualidade contemporânea é menos fácil de decifrar. Hoje, ao lado do

fascínio do dinheiro sempre muito forte, manifesta-se uma suspeita crescente em

relação à riqueza e às suas manifestações. Daí uma demanda de espiritualidade,

que, porém, talvez, não tem muito a ver com a espiritualidade cristã. Em todo o ca-

so, a modernidade do Papa Francisco, assim como a do santo de Assis, nasce

da vontade de lutar contra a materialização da sociedade, do espírito e das religiões,

retomando, ao mesmo tempo, a tradição dos Evangelhos, para colocá-la novamente

no centro da reflexão e da prática do mundo católico.

O Evangelho das origens em oposição aos Padres da Igreja?

Em parte, é isso. Mas também é preciso ressaltar que, ao contrário de todas as

heresias que surgiram entre os séculos XII e XIII, Francisco permaneceu dentro da

Igreja, porque sentia a necessidade dos sacramentos. Precisamente porque se trata

de uma modernização que é também um retorno às origens, nele havia uma vonta-

de de renovação, mas sem romper com as instituições. Assim como me parece que o

pontífice está fazendo.

Que outro aspecto da modernidade de São Francisco parece-lhe particular-

mente importante?

Parece-me que a temática da ecologia pode falar de forma significativa para o

nosso tempo. A ecologia implica a necessidade de espiritualidade não necessaria-

mente ligada a uma religião. Po-

de, portanto, ser compartilhada

por todos.

Quais são as características

da preocupação ecológica de

São Francisco?

Se olharmos para a forma

como o santo de Assis se ex-

pressa e como ele constrói o

franciscanismo, notamos que ele

se distancia do maior movimento

social do seu tempo, isto é, o de-

senvolvimento das cidades. São

Francisco contrapõe a ele a

natureza e a estrada, já que pro-

move a pregação "a caminho".

Além disso, se há uma obra lite-

rária que podemos considerar

como ecologista é justamente

o Cântico das Criaturas. A

preocupação pela natureza é um

traço importante da sua prega-

ção, embora, por enquanto, pa-

rece-me que o Papa Francis-

co não o ressaltou particular-

mente. Talvez porque seja uma temática menos sentida naquele mundo da América

Latina de onde ele provém.

Última entrevista de Jacques Le Goff

Em: www.ihu.unisinos.br

Em: www.adital.com.br

Primeiro, mataram Amarildo de Souza. Ajudante de pedreiro, pai de

família, reputação ilibada, caiu em mãos de policiais da UPP (Unidade de

Polícia Pacificadora) da favela da Rocinha, no Rio, e desapareceu.

Sabe-se, hoje, que sofreu espancamentos até a morte atrás da cabina

da Policia Militar, na Rocinha. Seu corpo continua desaparecido. Paira a

suspeita de que teria sido triturado em uma caçamba de caminhão de lixo.

Agora assassinaram o bailarino Douglas Rafael Pereira, encontrado morto, com um tiro nas

costas, na creche da favela Pavão-Pavãozinho, na divisa de Copacabana com Ipanema. Testemu-

nhas viram-no em mãos de policiais militares da UPP local.

Favela não é reduto de bandidos nem a Polícia Militar uma corporação de assassinos. Moram

em favelas famílias trabalhadoras sem recursos para adquirir um imóvel melhor ou pagar aluguel

em áreas urbanizadas, dotadas de saneamento e vias asfaltadas.

Há, sim, entre os moradores da comunidade, bandidos e traficantes de drogas, assim como

eles também são encontrados em bairros como o Morumbi de São Paulo e a Barra da Tijuca, no

Rio, onde residem famílias de alto poder aquisitivo.

Nas décadas de 1970-80, a expansão de movimentos populares no Brasil se estendeu para o

interior das favelas. Por razões pastorais, morei na de Santa Maria, em Vitória, entre 1974 e

1979. Naqueles cinco anos participei de uma comunidade relativamente bem organizada em tor-

no do Centro Comunitário. No Rio e em São Paulo multiplicavam-se Associações de Moradores.

Em fins dos anos 1980 e início da década seguinte, lideranças comunitárias da periferia co-

meçaram a ser cooptadas por prefeitos e governadores. Como ocorre hoje com a UNE e as cen-

trais sindicais, as entidades comunitárias perderam credibilidade na medida em que se transfor-

maram em agentes do poder público junto à população, quando deveriam atuar na direção inver-

sa.

A acefalia abriu espaço ao narcotráfico, que passou a monitorar favelas e bairros da perife-

ria. Na ausência de serviços públicos básicos, o narcotráfico desempenha o papel de assistente

social, assegurando tratamento de saúde, bolsas de estudos, transporte e crédito aos desfavorecidos.

Por sua vez a PM, um resquício da ditadura, tornou-se, no Rio e em São Paulo, o avatar na

guerra contra o narcotráfico. A ação preventiva deu lugar à mera ação repressiva. Sem preparo

pedagógico e psicológico, policiais militares encaram moradores de favelas como o governo dos

EUA jovens muçulmanos: todos são suspeitos até prova em contrário.

Como declarou um amigo e vizinho de Douglas, os PM tratam os moradores da favela com

arrogância. Muitos não admitem que a pessoa abordada mire em seus olhos. Sentem prazer sádi-

co em ver o cidadão humilhado, de cabeça baixa, suplicando por clemência. Achacam o comerci-

ante local, bebem e comem de graça em bares e lanchonetes da comunidade, recebem propinas

do narcotráfico para fazer vista grossa frente ao crime organizado.

O governo do PMDB no Rio, com apoio do PT, acreditou ter inventado a roda ao instalar

UPPs em áreas de conflitos. Cometeu duplo erro: por não fazer os serviços públicos acompanhar

a entrada de policiais nas comunidades e por não capacitar os integrantes das UPPs.

A ação repressiva não veio casada com a ação educativa. Crianças e jovens continuaram sem

escolas de qualidade, oficinas de arte, áreas de lazer e esportes. E por vestirem uma farda e por-

tarem armas, PMs se arvoram em senhores acima do bem e do mal. Revistam um trabalhador

como um senhor de engenho tratava um escravo em tempos coloniais.

O estranho é que muitos policiais, moradores em favelas, não se reconhecem em seus ami-

gos de infância e vizinhos, e agem como se não fossem um deles.

Amarildo e Douglas, como tantos outros anônimos, foram sacrificados pela prepotência.

Quem será a próxima vítima?

Amarildo e Douglas são mortos insepultos. Seus sacrifícios clamam por um Estado que efeti-

vamente reduza a desigualdade social, construa mais escolas que prisões, incuta nos policiais o

sagrado respeito aos direitos humanos, e puna com rigor bandidos de colarinho branco e assassi-

nos fardados.

Se até hoje o Estado brasileiro não obrigou as Forças Armadas a abrir os arquivos da ditadu-

ra nem puniu os torturadores, não é de se estranhar que policiais se sintam no direito de ignorar

a lei e a cidadania, para agir como se fossem apenas UPPs – Unidades de Policiais Pervertidos.

Frei Betto

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1. A importância da CNBB falar

sobre este tema

A CNBB sempre foi referência

por estar na vanguarda e por apli-

car nas suas ações e diretrizes as grandes novidades con-

ciliares, fortalecendo o serviço da Igreja ao mundo, sendo

sinal, um sinal realizador. Portanto, falar sobre os Leigos,

dedicar uma Assembleia e um ano a esta vocação (até

mesmo mais um documento) é, na verdade, reconhecer

aqueles e aquelas que estão em maior número no corpo

eclesial (a maioria) e que não querem (e não devem)

mais ser tratados de maneira passiva, como aqueles que

sempre ouvem e recebem, ou como o povo conquistado...

Os Leigos de hoje, apontamos aqui todos os que assu-

mem verdadeiramente a sua vocação e missão, querem

ser verdadeiros discípulos missionários, querem (e de-

vem) ser tratados naquilo que o batismo lhes garante por

direito, eles querem ser sujeitos eclesiais. Podemos dizer

que eles têm o “direito” de ter “dever”, e este dever é um

serviço colocado para a edificação da Igreja e para o ser-

viço do Reino, um serviço no mundo. Os Leigos querem

exercer a sua autonomia, garantida pelo Vaticano II e

que reflete uma maturidade eclesial, exigida a toda a

Igreja. Sabemos que muitos são os desafios e grandes

são os contextos, tanto sociais quanto eclesiais. Mas nos

alegra e nos encoraja saber que os Bispos do Brasil, em

comunhão com toda a Igreja, estão decididos em seguir

este caminho. Parabéns! E Coragem! Nas palavras

de Francisco: “Ousem e primeireem!”. Precisamos disso!

2. Quem sou eu e qual é o meu objetivo aqui

Meu nome é Cesar Kuzma, sou leigo, melhor dizen-

do, um cristão-leigo. Tenho 37 anos de idade, sou casado

há 11 anos e minha esposa chama-se Larissa, ela é As-

sistente Social. Nós temos dois filhos: a Julia, que tem 2

anos e 6 meses, e o Daniel, de apenas 11 meses. Digo

a vocês que a família é o que temos de mais precioso e,

também, é o que temos de mais sensível, pois tudo a

atinge e nela devemos ser sempre zeladores, cuidadores

da vida que nos foi confiada e que é a nossa missão, mas

ao mesmo tempo devemos ser promotores da justiça e da

dignidade para todos.

A vida familiar hoje nos coloca novos desafios e nos faz

pensar, de maneira aberta e conscienciosa o novo papel

da mulher, o novo papel do homem, a nova condição dos

filhos, e a situação de todos os que da família fazem parte

e que dela se aproximam. Se a sociedade hoje é plural,

esta noção obriga a família, enquanto Igreja doméstica,

ao exercício da acolhida, do respeito e da promoção hu-

mana; sem reducionismos, sem fundamentalismos ou ex-

tremismos. O exercício do Amor, que sacramenta esta

união e condição eclesial, nos abre a esta perspectiva.

Minha trajetória eclesial começa por influência de mi-

nha mãe, uma mulher guerreira, leiga engajada e com-

prometida, líder de pastorais e de comunidades eclesiais

de base. Uma mulher que sempre se colocou em serviço e

sempre nos ensinou a servir, a colocar-se a caminho, em

marcha, sem aparecer, mas na simplicidade e no teste-

munho.

Fui membro da Pastoral de Juventude, onde iniciei

a minha caminhada, expressão da Igreja a qual sou bas-

tante simpático e é um berço de bons cristãos e de boas

vocações, autênticas e proféticas com a causa do Reino.

Os ensinamentos de minha mãe e a experiência de Pasto-

ral me levaram a outros grupos, onde pude aprender e

dar um pouco mais de mim mesmo. Isso me levou às co-

munidades, às ações pastorais e sociais, às palestras e

assessorias a grupos de jovens, de casais e de pastoral

social e cultural.

Tenho orgulho do caminho que fiz como leigo e digo

que não saberia ser Igreja de outra maneira. Acho subli-

me, e me encanta saber que a condição batismal, muito

bem descrita na Lumen Gentium nos garante esta pleni-

tude. Vejo no ser leigo algo peculiar, que o mantém aber-

to ao horizonte do Reino proclamado por Jesus, que tam-

bém era leigo, e por ser leigo estava inserido no contexto

de seu tempo e foi em seu tempo, e para os seus, um au-

têntico testemunho; trouxe a todos o novo rosto de Deus,

um Deus próximo e solidário, um Deus que se despoja

para nos atingir, que vem até nós e que nos ama, um

Deus que é Amor. Assim é o Leigo, é alguém que está no

mundo, que se despoja para estar nele, que é rosto da

Igreja no mundo e o rosto do mundo na Igreja, como

atestou a Conferência de Puebla, e Aparecida repetiu e

reafirmou.

De minha mãe, já falecida (jovem aos 58 anos e prati-

camente nos meus braços), aprendi a seguinte lição:

1) Caminhar com Cristo;

2) surpreender-se por Cristo;

3) e, o continuar a obra de Cristo, o Reino de Deus.

Para ela, isso se fazia servindo.

Esta experiência comunitária e de pastoral me levou à

Teologia. E fiz este caminho por influência de Clodovis

Boff, a quem tenho muito estima e respeito. A gra-

duação me levou à pós, ao mestrado e ao doutorado. Atu-

ei como professor da PUC do Paraná por 7 anos, sendo

5 anos como diretor. E hoje desembarco no Rio de Janei-

ro, também na PUC, para exercer ali um ministério e

uma pastoral. É a Teologia a serviço da Igreja, um serviço

no discernimento crítico de nossa vocação e missão.

3. Algumas questões que nos tocam enquanto lei-

gos e que pude vivenciar, mesmo com pouca idade

A questão do clericalismo. O Papa Francisco tem fala-

do insistentemente sobre isso, falou aqui no Rio, tem fa-

lado em suas homilias e deixou registrado na Exorta-

ção Evangelii Gaudium. Isso não nos é novidade,

pois há tempos já se fala sobre este assunto, mas algo

precisa ser feito. O problema do clericalismo é que ele

nos leva a ver a Igreja apenas por um lado, não se vê o

todo e facilmente se cai na esfera do poder, não do servi-

ço. Isso aparece em atitudes do clero, mas também nos

leigos, quando falta maturidade e a experiência pastoral

parece turva. Tal questão dificulta o exercício da vocação

laical, pois impede o seu desenvolvimento, retira a sua

autonomia e não implica no respeito e na comunhão, não

gera fraternidade.

A relação entre leigos e hierarquia. É necessário dizer

que há bons frutos desta relação e há bons caminhos per-

corridos, mas isso não é uma regra. Em algumas situa-

ções, notamos que o contato é áspero. Vejo isso muito

mais como um efeito cultural do que intencional. Chego a

dizer que o clero, em parte, acostumou-se a viver inde-

pendente do leigo, ou a tê-lo em seu domínio; já o leigo,

por sua vez e em parte, acostumou-se por ficar depen-

dente do clero, por ser mais cômodo, talvez, o que não

gera inquietação e compromisso. A falha está nos dois

lados e apenas uma maturidade de ambas as vocações

pode mudar esse quadro.

O trabalho do leigo na Igreja. O que é? O que se

quer dele? Sempre fui levado a trabalhar na Igreja pela

experiência e vivência de minha mãe. Vi a Igreja como

uma extensão de minha casa, e a minha casa sempre foi

uma extensão da Igreja, sempre presenciei isso, princi-

palmente pelas inúmeras atividades que minha mãe exer-

cia em sua comunidade. Mas acompanhando de perto,

vem a nós a pergunta: “a quem servimos com o nosso

trabalho?”. “Como somos vistos e de que maneira o nosso

trabalho, como um serviço eclesial/missionário/pastoral é

importante?”.

Falta aqui uma intencionalidade mais clara por parte da

instituição e também por parte dos leigos, que atuam de

coração aberto, livres e de boa vontade, sempre queren-

do agradar. Falte, talvez, um reconhecimento, em vários

níveis. É importante deixar claro que o seu trabalho não é

um plus a mais, não é uma extensão ou um apoio, não é

apenas suprimir uma falta... O seu trabalho é um aposto-

lado, pois é o próprio Cristo que o chama e o garante em

sua missão e o leva ao bom exercício da mesma, através

do seu Espírito. O Concílio Vaticano II afirma que os

Leigos não estão sós e que sua missão não é em vão,

maneira como termina o Decreto.

A questão ministerial. É o que nos leva a uma

questão urgente e importante que, penso eu, deve ser

tocada por esta Assembleia, não apenas nesta ocasião,

mas em outras, e cada vez de modo mais profundo. O

que entendemos e o que queremos entender por ministé-

rio? Aproveito aqui a presença do teólogo Bruno Forte que

muito tem se dedicado a isso. Faz-se necessário ampliar a

compreensão que temos de ministério, pois o mesmo está

muito focado na sacramentalidade e no ministro ordena-

do, e não se completa na condição do trabalho e do servi-

ço de toda a Igreja. Ou seja, a quem se destina e a quê?

Se focarmos o ministério apenas, ou com um reforço

maior, na sacramentalidade, tornamos a comunidade re-

fém de parte do clero, ou mesmo infantilizada na fé; e

esta não é a intenção que se quer para os ministros orde-

nados. Com isso, a Igreja não atinge a sua identidade

missionária, para a qual convoca todos os batizados, cada

membro do seu corpo, cada qual com seu dom e carisma,

e é o mesmo Espírito que sustenta a todos e todos corro-

boram para a edificação da Igreja e para o crescimento

de todos. Faço lembrar que o documento 62, que já

trabalhou a questão do laicato, e diga-se bem, de manei-

ra profunda, já aborda a questão da ministerialidade, che-

gando até a ousar. Penso que as necessidades de nossas

comunidades e de nossas periferias, que no Brasil são

longínquas, exigem de nós algo mais ousado. O contexto

eclesial que irrompeu com o Papa Francisco nos provoca

a esta questão.

A questão da formação, sobretudo, a teológica.

Para este momento gostaria de trazer um pouco da minha

experiência de universidade e de gestão de curso de teo-

logia. É um fato que os cursos de Teologia não são desti-

nados para uma vocação específica. A formação e o en-

tendimento teológico são necessidades de toda a Igreja

que busca entender o que crê; e, entendendo, tem a ca-

pacidade de discernir e, por isso, pode servir mais e me-

lhor. No entanto, é uma realidade que por muito tempo se

deu uma importância maior para a formação teológica dos

seminaristas e religiosos e se deixou de lado a formação

teológica dos leigos; ou quando era oferecida, não tinha o

mesmo frescor e não abordava os mesmos conteúdos,

pelo menos não em totalidade ou em profundidade.

Isso mudou com os anos, e hoje, principalmente pelo

bom desenvolvimento da formação catequética e pelo au-

mento (e de qualidade!) dos cursos de Teologia no Brasil,

sobretudo os que são reconhecidos pelo MEC, temos um

número grande (talvez até maior) de leigos que buscam a

formação teológica. Vejo isso como louvável, pois o inte-

resse pelo qual buscam não é o de uma obrigatoriedade,

como um passo necessário para ordenação ou votos reli-

giosos, mas o entendimento, o amor a Cristo e à Igreja, o

serviço.

Tenho acompanhado muitos leigos entrarem em cursos

de graduação trazendo para estes a riqueza de suas vi-

das, de suas experiências e de sua outra formação. Fa-

zem da Teologia um espaço público e de diálogo, não de

respostas prontas; e neste espaço eles a colocam na prá-

tica e no serviço.

Contudo, nem tudo são flores neste jardim... As dificul-

dades que os leigos enfrentam são maiores e mais gra-

ves, pois não recebem apoio institucional, não recebem

incentivos e ajudas financeiras de suas comunidades e

dioceses (salvo algumas exceções), precisam acomodar

os estudos com os afazeres do trabalho (em horários difí-

ceis) e com a guarda familiar, algumas vezes precisam

pedir tutela (declarações) do bispo ou do pároco para po-

der fazer este curso, o que tira a sua autonomia; e muitas

vezes, não são privilegiados com bolsas em instituições

católicas, como acontece com os seminaristas, o que não

é apenas uma falta apenas para com estes cristãos com-

prometidos, mas com toda a Igreja que necessita

“urgentemente” de formação, ressalto aqui uma formação

que seja aberta e capaz de dialogar, nunca, jamais de en-

frentamento e de fechamento.

Continuando... Eu enfrentei este problema quando diri-

gi o curso da PUC de Curitiba. Tínhamos um excelente

curso, mas pouquíssimos alunos. Na ocasião, em 2012,

conversei com Dom Moacyr José Vitti, conversei com a

Pastoral da Arquidiocese e conversei com a Reitoria e com

o Provincial dos Irmãos Maristas (que administram a

PUC). Consegui convencê-los da importância eclesial des-

te curso e de como estava ligado à missão institucional.

Resultado: fechamos numa bolsa de quase 90% para to-

dos os alunos, deixando a mensalidade em R$ 150,00,

em Curitiba e em Londrina. Isso para todos: leigos, religi-

osos, seminaristas, ricos ou pobres, e também a nossos

irmãos protestantes, a todos. Resultado: abriram-se tur-

mas cheias em Curitiba e em Londrina, e isso se repetiu

no ano seguinte. E mais, quase 80% são leigos e lei-

gas. Este exemplo poderia ser repetido em outros luga-

res, ou se poderia ver mais exemplos parecidos e criar

novas perspectivas. É certo que o lado financeiro não ga-

rante o todo, mas alguém tem que puxar este braço e

oferecer, e quem pode mais, ajudar quem não pode tanto.

Ainda sobre a formação: falo por experiência na

gestão do curso de Teologia. Eu entendo as razões que no

passado se levou a separar a formação seminarística da

formação laical, em alguns casos, até da feminina. Toda-

via, em vista da questão do mundo de hoje e da necessi-

dade de se fortalecer a dimensão de Povo de Deus na

Igreja, isso não se justificaria mais. Seria um avanço mui-

to grande se pudéssemos ter em uma mesma sala leigos,

religiosos e seminaristas. Isso engrandeceria muito. Preci-

saria, evidentemente, respeitar o espaço de cada vocação

e favorecer também (e isso nos falta!) aspectos e discipli-

nas teológicas que favoreçam aquilo que é específico da

vocação laical, a sua atuação no mundo secular.

Ressalto aqui, que a formação universitária não é a

única forma de se buscar conhecimento e aprofundamen-

to da fé. Faz sentido e é também urgente fomentar a for-

mação em vários níveis, também pastoral e popular, na

experiência e na mística, em cada pastoral e em suas es-

pecificidades, de modo que o entendimento do “ser” e do

“fazer” cristão se tornem uma realidade. A Igreja ganha-

ria muito se acolhesse também a sabedoria de muitos lei-

gos e leigas, testemunhas vivas do Evangelho e que mar-

cam a vida de pessoas e mais pessoas. Tive isso com a

minha mãe.

4. Para finalizar:

Digo a vocês que os leigos querem servir, e precisamos

ajudá-los a isso, para que sejam verdadeiros sujeitos

eclesiais, que atuem como luz do mundo e sal da terra.

Os leigos não querem ocupar um espaço que não lhes

pertence; eles querem ocupar um espaço que correspon-

de a sua vocação e missão, a fim de que possam exercê-

la e santificar-se, sendo testemunhas do Reino no mundo,

com autenticidade e coerência, no serviço.

Digo, aos senhores Bispos, que não é fácil ser leigo. Na

nossa frente as portas ficam mais fechadas do que aber-

tas e nem sempre nos estendem a mão, nem sempre nos

escutam, nem sempre nos olham no rosto e nem sempre

podemos falar. Por isso, agradecemos esta oportunidade e

de antemão agradecemos os frutos desta Assembleia.

Não queremos alimentar ressentimentos, queremos ser-

vir. No movimento de Francisco, nós também quere-

mos sair! Queremos primeirear! Sair enquanto Igreja!

Uma Igreja em saída!

Que o Espírito da comunhão favoreça o nosso entendi-

mento e nos leve a servir, como Igreja, como Povo, como

Povo de Deus.

< E S P E C I A L >

Depoimento prestado por Cezar Kuzma na 52ª Assembleia da CNBB, em Aparecida, no dia 01-05-2014

Em: www.ihu.unisinos.br

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Maiores informações podem ser obtidas com: Irmã Aline: [email protected] - Eduardo: [email protected]

Rafaela: [email protected] - Professor Waldir: [email protected]

Com o Dominicano, Doutor em Teologia, Escritor e Professor Emérito da

Universidade de Friburgo

(Lc 24, 29)

Av. Maria Luiza Americano, 1500—Cidade Líder—São Paulo—SP

COORDENAÇÃO AMPLIADA

A Coordenação Ampliada do IPDM reunir -se-á com todos os seus membros às 20h00 de todas as

Terceiras Terças-Feiras dos meses ímpares ou em caráter extraordinário quando for necessário.

A agenda para o ano de 2014 obedecerá as seguintes datas:

20 de Maio - 22 de Julho - 16 de Setembro - 18 de Novembro

As reuniões da Coordenação Ampliada serão realizadas na

Paróquia São Francisco de Assis da Vila Guilhermina

Praça Porto Ferreira, 48 - Próximo ao Metro Guilhermina - Esperança

Nossas reuniões são abertas e todos os que desejarem dela participar serão muito bem vindos.

PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS - AGENTES DE PASTORAL

As reuniões com Padres, Religiosos, Religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas sempre às 9h30 das últimas

Sextas-Feiras dos meses pares ou em caráter extraordinário quando se fizer necessário.

Durante o ano de 2014, as reuniões se darão nas seguintes datas:

27 de Junho - 29 de Agosto - 31 de Outubro

As reuniões dom Padres, Religiosos, Religiosas e Agentes de Pastoral serão realizadas na

Paróquia Nossa Senhora do Carmo de Itaquera

Nas dependências do Centro Itaquerense de Famílias Amigas—CIFA

Rua Flores do Piauí, 182 - Centro de Itaquera

COORDENÇÃO AMPLIADA

PADRES - RELIGIOSOS - RELIGIOSAS - AGENTES DE PASTORAL

Reunião Unificada e Confraternização no dia

02 de Dezembro

Maiores informações em breve.

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Quem é Jesus de Nazaré: «Um profeta poderoso em ação e palavras, diante de Deus e de todo o povo". (Lc 24,19)

Dia: 14 de Maio de 2014 - Quarta-Feira às 18h30

Reunião sobre a Antiga Fábrica da Matarazzo

COM GRUPO DE MEMÓRIA NA ZONA LESTE Local: Salão da Igreja São Francisco de Assis Rua Miguel Rachid, 997—Ermelino Matarazzo

Objetivo: Recuperar esse espaço de mais de 220.000 m2, para gerar empregos, moradia e espaço cultural...

O Arquiteto Ruy Ohtake apresentará proposta para utilização do espaço.

Maiores Informações com Luis: 97194-4426

Dia: 20 de Maio de 2014 - Terça-Feira às 19h30

Reunião sobre Políticas Culturais para a Zona Leste

Local: Salão da Igreja São Francisco de Assis - Rua Miguel Rachid, 997—Ermelino Matarazzo

Maiores informações com Luis: 97194-4426 ou Tião Soares: 97995-5230

Quantos pontos de Cultura queremos na Zona Leste? Vamos conquistar juntos!

Dia: 28 de Maio de 2014 - Quarta-Feira às 14h00

Reunião dos Grupos de Terceira Idade da Zona Leste

Local: CRI de São Miguel Paulista - Em Frente a Praça do Forró - São Miguel Paulista

Maiores informações com Maria do Carmo: 2943-2277

Dia: 05 de Junho de 2014 - Quinta-Feira às 9h00

Reunião pelas Urgentes Melhorias na Segurança Pública

Local: Casa da Terceira Idade Tereza Bugolin - Rua Primavera da Vida, 1-B - Ermelino Matarazzo

Ao lado da Igreja São Francisco de Assis

As mudanças sempre vêm do Povo consciente, organizado e participativo.

Dia: 10 de Junho de 2014 - Terça-Feira às 9h00

Reunião pelas Melhorias na Saúde da Zona Leste

e entrega das Cadeiras de Rodas Motorizadas

Local: Salão da Igreja São Francisco de Assis - Rua Miguel Rachid, 997—Ermelino Matarazzo

Só há vitória com luta e perseverança. Vamos lutar juntos!

Dia: 13 de Junho de 2014 - Sexta-Feira às 19h00

Grande Ato pela Implantação da Universidade Federal da Zona Leste

Local: Salão da Igreja São Francisco de Assis - Rua Miguel Rachid, 997—Ermelino Matarazzo

Depois de 7 anos de lutas não podemos ficar de braços cruzados. Tudo parou! Por que parou?

Só temos um caminho: PRESSIONAR 24 HORAS POR DIA. Só peixe morto desce a correnteza.

Governo é como feijão só funciona na pressão.

Divulgue esta luta pela UNIVERSIDADE FEDERAL DA ZL e venha participar. Ela é também é sua.

Maiores informações com Luis: 97194-4426

Dia: 09 de Agosto de 2014 - Sábado às 9h30

2º Seminário do Patrimônio Histórico e Cultural da Zoda Leste

Local: Centro Cultural Penha—Teatro Martins Penna

Urgente Recuperação do Patrimônio Histórico da Zona Leste -Projetos, Custos—Prazos e Soluções

Sítio Mirim - Fazenda Biacica - Capela da Penha - Fábrica Matarazzo -

Vamos lutar juntos pela preservação do nosso Patrimônio Histórico.

Não somos um povo sem História.

Maiores informações com Danilo: 96924-5693 / Tião Soares: 97995-5230 / Patrícia e Júlio