Euclides da cunha

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Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 1866, em Cantagalo, no Rio de Janeiro. Em 1897 trabalhou para o jornal O Estado de São Paulo e foi enviado à Bahia para cobrir a Revolta de Canudos. Dessa experiência resultou o livro “Os Sertões”, publicado em 1902, que explodiu no meio literário. Em 1909 o escritor foi assassinado no Rj em questões envolvendo sua esposa Anna de Assis e seu amante.

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Análise da obra de Euclides da Cunha: Os Sertões

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Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em 1866, em Cantagalo, no Rio de Janeiro.

Em 1897 trabalhou para o jornal O Estado de São Paulo e foi enviado à Bahia para cobrir a Revolta de Canudos. Dessa experiência resultou o livro “Os Sertões”, publicado em 1902, que explodiu no meio literário. Em 1909 o escritor foi assassinado no Rj em questões envolvendo sua esposa Anna de Assis e seu amante.

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Embora apresente uma visão de mundo profundamente determinista, cientificista e naturalista, Euclides da Cunha é um pré- modernista pela denúncia que fez da realidade brasileira. Ele trouxe à luz, através de “Os Sertões” pela primeira vez, de forma literária, as verdadeiras condições de vida do Nordeste brasileiro. Ele apresentou um país diferente: o sertanejo, a sub-raça do sertão, que se opõe aos heróis românticos (Peri e Iracema, por exemplo).

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Euclides considerava que a ciência deveria ser empregada a serviço da literatura. Por isso sua obra apresenta a singularidade especial de estar situada entre o ensaio, a narração e a poesia. Apresenta ensaio científico, ensaio sociológico, relato histórico, reportagem de guerra, texto de denúncia social, narrativa cheia de passagens líricas. É impossível de ser enquadrada em um único gênero literário.

O estilo é barroco no sentido de uma linguagem ornamental: excesso vocabular, léxico elevado, antíteses, paradoxos, inversão direta das frases, metáforas, e jogo binário entre períodos extensos e curtos para dar a impressão da dualidade do nordeste (dias quente e noites frias).

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Em sua abordagem, a Campanha de canudos tornou-se símbolo dos erros cometidos pela república, ao avaliar, de forma equivocada, os problemas nacionais –a revolta no sertão baiano foi considerada um foco monarquista que colocava em risco a república. Os sertanejos eram retrógados, mas não degenerados. Seu monarquismo não passava de uma ilusão soldadesca, alimentada por jornalistas e políticos, e pelo próprio autor republicano então. Na verdade, os guerrilheiros de canudos eram uns pobres diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores e não de tiros de canhão.

Obedecendo a um esquema determinista, em seu livro, Euclides divide o sertão em três partes: a terra, o homem e a luta.

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Abre com uma descrição panorâmica do planalto brasileiro. Ali, Antônio Conselheiro se instalaria com seus seguidores na aldeia abandonada de Canudos. Ele descreve a terra calcinada, os tipos de rocha que a compõe, a vegetação espinhenta, a caatinga, o solo pedregoso, as luzes do dia que ofuscam e cegam e a impressão de imobilidade que o viajante tem por causa da repetição monótona da paisagem.

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A presença da antítese manifesta-se no contraste entre a secura geral da paisagem e dos invernos de chuvas torrenciais, entre os dias estoricantes e as noites frias, entre a face ora selvagem , ora poética daquela terra deserta. A descrição do ambiente obedece a necessidade de construir um cenário inóspito e dilacerado, que justificasse a emergência da civilização arcaica e rústica que se produziria naquelas condições naturais.

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Euclides fala da formação racial do sertanejo e dos males da mestiçagem.“de sorte que o mestiço – traço da união entre as raças, breve existência individual em que se comprimem esforços seculares é quase sempre um desequilibrado.”

Apesar disso, ele julga que ao contrário dos mestiços urbanos, o sertanejo do interior era mais forte por não ter as aberrações e os vícios da civilização moderna.“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. “

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Através da antítese, Euclides estabelece uma comparação entre o sertanejo e o gaúcho. Este é mostrado em correrias a cavalo pela planície, com suas roupas coloridas, seu gosto explícito pela vida, tendo o trabalho como diversão. Aventureiro, valente, desconhece a miséria e a luta contra a terra árida. O sertanejo, no entanto, apesar de todas as adversidades (e por isso mesmo) é mais tenaz e resistente que o gaúcho, “mais perigoso, mais forte, mais duro.” Está acostumado a confrontos obscuros e longos, sem a teatralidade heróica dos gaúchos. “Calcula friamente o pugilato.” É capaz de recuar e esperar o seu inimigo “Oculto no sombreado das tocaias, dominado por um ódio inextinguível...” ao contrário do gaúcho.

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Euclides também descreve, neste capítulo, a aproximação e a chegada da seca. As tentativas místicas dos habitantes do sertão em prevê–la. Com a chegada da seca o sertanejo apela para a religiosidade, depois busca pedaços de mandacarus e talas de bromélias. Por fim, quando não há mais possibilidade de resistência, o sertanejo torna-se um retirante. Basta o flagelo terminar e ele volta revigorado, esquecido dos infortúnios.

As dificuldades do meio intensificam o misticismo e o sobrenatural, que regem a vida cotidiana no sertão. Um mundo de profetas e iluminados, que no litoral seriam considerados loucos, mas ali, naquela civilização imobilizada na história, eram os líderes naturais, expressando os valores da comunidade. O chefe dos fanáticos é um personagem-síntese da religiosidade que gera o banditismo social.

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Antônio conselheiro já era idolatrado pelo Antônio conselheiro já era idolatrado pelo povo há mais de 20 anos. Em suas povo há mais de 20 anos. Em suas peregrinações deixou para trás um conjunto de peregrinações deixou para trás um conjunto de obras feitas em mutirão: capelas, cemitérios a obras feitas em mutirão: capelas, cemitérios a até mesmo arraiais haviam surgido fruto de sua até mesmo arraiais haviam surgido fruto de sua ação incansável. Sua fama de santo se ação incansável. Sua fama de santo se espalhou, mas era visto com desconfiança e espalhou, mas era visto com desconfiança e medo nas capitais.medo nas capitais.

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Inicia se a luta por um incidente trivial. Antônio Conselheiro encomenda madeira para uma construção com um juiz de Juazeiro que lhe devia um favor. Quando o juiz descumpre a encomenda, o Conselheiro ameaça arrancar a madeira das casas de Juazeiro.Então, o juiz aproveita a oportunidade para convencer um general a enviar 100 soldados para irem ao encontro dos bandidos e supostamente evitar que eles invadissem a cidade.

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Os 100 soldados marcharam a partir do dia 12, 200 quilômetros sem recursos em um meio hostil de sol abrasador rumo a Canudos. No dia 19, a tropa exausta parou em Uauá, onde, durante a madrugada do dia 21 se travou a primeira batalha. Enquanto os soldados dormiam os fanáticos atacaram rezando e cantando, trazendo uma cruz e imagens de santos. O combate durou 4 horas sem qualquer ordenação tática. As baixas do governo foram 10 mortos, as dos jagunços, 150. Os sertanejos bateram em retirada e não foram perseguidos devido ao cansaço dos soldados.

O meio é o principal aliado do sertanejo: as caatingas não o escondem apenas, amparam – no”. O jagunço se emocionava com as rezas e cânticos e os métodos clássicos de combate do exército não funcionavam.Resistiam a sede e a fome e atacavam os soldados em ondas quase suicidas impedindo por vários dias, a invasão de Canudos.

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Os sertanejos eram submetidos a um interrogatório e depois degolados. “Os soldados impunham à vítima um viva à República, que poucas vezes era satisfeito, como prólogo invariável de uma cena cruel. Agarravam – na pelos cabelos, esgargalhando-lhe o pescoço; e francamente exposta a garganta, degolavam-na.”

Quando a resistência do arraial se concentrava apenas em algumas poucas centenas de casebres, dos 5.200 que havia, o Alto Comando passou a explodi-los com seus moradores.

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Os jagunços se entregam após a guerra de três meses, mas eram apenas um bando de trinta mulheres, velhos e crianças, diante de 5.000 soldados. Os combatentes contemplavam entristecidos. “Contemplando-lhes os rostos baços, os arcabouços esmirrados e sujos, cujos molambos em tiras não encobriam lanhos, escaras e escalavros – a vitória tão longamente apetecida decaía de súbito. Repugnava aquele triunfo. Envergonhava.”

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O corpo de Antônio conselheiro- que morrera de morte natural quinze dias antes – foi exumado e fotografado. Sua cabeça decepada foi levada como prova da vitória final da civilização litorânea.

Euclides da Cunha aponta para a possibilidade de que, naquele crânio – conforme os preceitos da ciência da época – estivessem as “linhas essenciais do crime e da loucura”. Contudo, a sua imprecação final é contra um crime muito maior que fora a campanha de extermínio de canudos, um crime da nacionalidade.

O livro de Euclides é um livro vingador, acusa o exército e toda a civilização litorânea das atrocidades cometidas.

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Simone BeckerDisciplina de Literatura Brasileira

10/06/11

Bibliografia: Os Sertões – Euclides da Cunha –

Editora Ediouro Gramática e Literatura – Ernani Terra e

José de Nicola- Editora Scipione Leituras Obrigatórias FFCMPA

2007/2008 – João Armando Nicotti, Flávio Azevedo, Sérgio Fischer, Eduardo Wolf, Pedro Gonzaga, Altair Martins. Voltaire Schilling, Sergius Gonzaga -Editora Leitura XXI.