Exercicio para nota - Jose Edson-Port - Cópia

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3. POEMA E CANÇÃO O gênero textual varia conforme as diversas finalidades do texto. Dentro desse princípio, o poema e a canção têm como objetivo comunicativo predominante o prazer estético da língua. Os versos de um poema e da letra de uma canção buscam despertar o sentimento do belo pela exploração de recursos linguísticos (o ritmo e as associações sintáticas das palavras, o jogo de sons obtido com as consoantes e as vogais, o significado das palavras, seu emprego em sentido figurado, as concordâncias especiais, enfim, todos os recursos linguísticos que, de uma forma ou de outra, contribuam para um conjunto harmonioso de sons e de significados). No caso da canção, a combinação harmoniosa dos sons dos instrumentos é acrescida da musicalidade das palavras. O objetivo é fazer da língua o instrumento artístico capaz de aguçar a sensibilidade do destinatário, na sua interação com o texto. Características Gênero Poema Objetivo Desenvolver o prazer estético. Modo de organização discursiva Composição em versos, com ou sem rimas. Conteúdo “... apresenta uma visão emocional e/ou conceitual na abordagem de idéias, estados de alma, sentimentos, impressões subjetivas etc., quase sempre expressos por associações imagéticas (“poesia.2”.Houaiss, 2001) Recursos lingüísticos O autor do poema e da letra da canção explora o significante e o significado das palavras: ● No significante, as aliterações, a forma, o som, o ritmo, as combinações sintáticas entre as palavras. ● No significado, o sentido figurado, as concordâncias especiais, a ambigüidade, inversões da ordem sintática; inferências. A NAMORADA (Manoel de Barros) Havia um muro alto entre as nossas casas. Difícil de mandar recado para ela. Não havia e-mail. O pai era uma onça. A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por um cordão E pinchava a pedra no quintal da casa dela. Se a namorada respondesse pela mesma pedra Era uma glória! Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeira E então era agonia.

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3. POEMA E CANÇÃOO gênero textual varia conforme as diversas finalidades do texto. Dentro desse princípio, o poema e acanção têm como objetivo comunicativo predominante o prazer estético da língua. Os versos de umpoema e da letra de uma canção buscam despertar o sentimento do belo pela exploração de recursoslinguísticos (o ritmo e as associações sintáticas das palavras, o jogo de sons obtido com as consoantese as vogais, o significado das palavras, seu emprego em sentido figurado, as concordâncias especiais,enfim, todos os recursos linguísticos que, de uma forma ou de outra, contribuam para um conjuntoharmonioso de sons e de significados). No caso da canção, a combinação harmoniosa dos sons dosinstrumentos é acrescida da musicalidade das palavras. O objetivo é fazer da língua o instrumentoartístico capaz de aguçar a sensibilidade do destinatário, na sua interação com o texto.

CaracterísticasGênero PoemaObjetivo Desenvolver o prazer estético.Modo de organizaçãodiscursiva Composição em versos, com ou sem rimas.Conteúdo“... apresenta uma visão emocional e/ou conceitual na abordagem deidéias, estados de alma, sentimentos, impressões subjetivas etc.,quase sempre expressos por associações imagéticas(“poesia.2”.Houaiss, 2001)Recursos lingüísticosO autor do poema e da letra da canção explora o significante e osignificado das palavras:● No significante, as aliterações, a forma, o som, o ritmo, ascombinações sintáticas entre as palavras.● No significado, o sentido figurado, as concordâncias especiais, aambigüidade, inversões da ordem sintática; inferências.

A NAMORADA(Manoel de Barros)Havia um muro alto entre as nossas casas.Difícil de mandar recado para ela.Não havia e-mail.O pai era uma onça.A gente amarrava o bilhete numa pedra presa porum cordãoE pinchava a pedra no quintal da casa dela.Se a namorada respondesse pela mesma pedraEra uma glória!Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da goiabeiraE então era agonia.No tempo do onça era assim.(BARROS, Manoel de. A namorada. In: Tratado geral das grandezas do infinito. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 17)O poeta matogrossense é conhecido no Brasil como dos mais originais e dos mais importantes poetas,por sua simplicidade.Gênero PoemaObjetivo comunicativopredominante Sensibilizar o leitor para costumes de uma época já passada.Contexto de produçãoComo o poeta se reporta aos tempos antigos, o “e-mail” estápropositalmente destoando no texto, pelo confronto entre essa formade comunicação e os bilhetes antigos.Pode-se ainda citar, em termos de conhecimento de mundo, umprovérbio ao qual, intertextualmente, se associa o poema: Todadonzela tem um pai que é uma fera.Modo de organizaçãodiscursiva predominanteDescrição, com explicitação das características desse modo (verbo noimperfeito, predominância da estaticidade temporal etc.).

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Recursos lingüísticos1) A ordem direta do segundo verso (“Difícil de mandar recado paraela.”) do poema seria “mandar recado para ela (era) difícil”. Observarque não caberia então a preposição “de”.2) O poema fala de dois momentos possíveis, um de glória, outro deagonia, do pretendente. É a conjunção MAS a responsável porcontrapor esses dois momentos.3) A expressão “tempo do onça” tem origem no apelido dado aocapitão Luís Vahia Monteiro, apelidado de “o Onça”. Ele foi governadordo Rio de Janeiro, de 1725 a 1732. Ficou famoso pelo que escreveu aD. João VI: “Nesta terra todos roubam; só eu não roubo”.

O CadernoSou eu que vou seguir vocêDo primeiro rabisco até o be-a-bá.Em todos os desenhos coloridos vou estar:A casa, a montanha, duas nuvens no céuE um sol a sorrir no papel.(...)O que está escrito em mimComigo ficará guardado, se lhe dá prazer.A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer.Só peço a você um favor, se puder:Não me esqueça num canto qualquer.(Mutinho eToquinho, letra retirada do site http://www.toquinho.com.br)

Estudo do textoGênero CançãoTexto Letra de uma canção popularTemáticaAs duas estrofes do poema musicado “O Caderno” reflete o universoinfantil na escola, personificado no caderno. É ele quem fala e constróia relação afetiva do objeto com o seu usuário nas diferentes fases davida deste. É claramente expressa em todo o poema o efêmero dascoisas.Objetivo comunicativopredominanteDespertar no leitor a sensibilidade para perceber a musicalidade e alinguagem figurada que caracterizam as canções, bem comopossibilitar uma série de questionamentos, que fazem parte do dia-adiado jovem, como as relações afetivas e a finitude das pessoas ecoisas.Contexto de produçãoTempo: segunda metade do século XX; autor/obra/difusão: letrista epoeta popular, canção de tema infanto-juvenil; público receptor: jovensque aprendem a valorizar a afetividade por meio do estudo. Osprofessores ao levarem a canção popular para a sala de aula acabampor despertar o gosto estético dos alunos.Modo de organizaçãodiscursiva Composição em verso.Recursos lingüísticos:• presença da musicalidade oferecida pela rima e pelo ritmo.• efeito de sentido decorrente da escolha de determinadas palavras e expressões; linguagemfigurada;• escolher, entre os vários sentidos sugeridos, aquele que está de acordo com as informaçõescontidas no texto;• poema em primeira pessoa, quem fala é o “caderno”, que expressa seus sentimentos como sefosse um ser humano (personificação do caderno);• a canção sugere mais do que explica.

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AtividadesO CADERNOSou eu que vou seguir vocêDo primeiro rabisco até o be-a-bá.Em todos os desenhos coloridos vou estar:A casa, a montanha, duas nuvens no céuE um sol a sorrir no papel.(...)O que está escrito em mimComigo ficará guardado, se lhe dá prazer.A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer.Só peço a você um favor, se puder:Não me esqueça num canto qualquer.(Mutinho eToquinho, letra retirada do site http://www.toquinho.com.br)1. A expressão “A vida segue sempre em frente” indica que, na vida, tudo(A) acaba.(B) passa.(C) recomeça.(D) reinicia.2. No poema, o verso “Do primeiro rabisco até o be-a-bá” sugere a aprendizagem(A) do desenho.(B) da fala.(C) da escrita.(D) da pintura.3. A partir da leitura do poema, pode-se concluir que o caderno(A) gosta muito de todas as crianças.(B) fala como se fosse uma pessoa.(C) sonha com desenhos coloridos.(D) gosta muito de rabiscar.

AQUARELANuma folha qualquer eu desenho um sol amareloE com cinco ou seis retas é fácil fazer um casteloCorro o lápis em torno da mão e me dou uma luvaE se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuvaSe um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papelNum instante imagino uma linda gaivota a voar no céuVai voando, contornandoA imensa curva norte-sulVou com ela viajandoHavaí, Pequim ou IstambulPinto um barco a vela branco navegandoÉ tanto céu e mar num beijo azulEntre as nuvens vem surgindoUm lindo avião rosa e grenáTudo em volta colorindoCom suas luzes a piscarBasta imaginar e ele está partindoSereno indoE se a gente quiserEle vai pousar (...)(MORAES, Vinicius de et al. Aquarela. Canções. Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br.> Acesso em: 03 nov.2004.)

Estudo do textoGênero Canção PopularTexto Letra de músicaTemática A capacidade criativa das pessoas independentemente da sua faixa

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etária que podemos chamar de “os vôos da imaginação”.Objetivo comunicativopredominanteDespertar no aluno a sensibilidade para perceber a musicalidade e alinguagem figurada que caracterizam as canções, bem comoaperfeiçoar o seu gosto estético. É difícil notar, numa primeira leitura,os inúmeros recursos que estão em jogo no interior da composiçãopoética, por isso é necessário lê-la várias vezes, de diversas maneiraspara descobrir a riqueza de suas significações.A “Aquarela”, poema de Vinícius de Moraes, foi musicado a exemplode inúmeros outros da sua produção, dirigida ao público infantil, como‘A casa’ e o ‘O Pato’. A musicalidade, o tom de brincadeira e o mundodo faz-de-conta estão aí presentes. Usando o real como ponto departida, o poema viaja pela imaginação, trabalhando formas e cores douniverso infantil. Trata-se de um exercício simbólico de extremadelicadeza. Está presente nos versos a criatividade do desenho e dapalavra, plenos de fantasia, construída pela nossa capacidadeinventiva.

Contexto de produçãoModo de organizaçãodiscursiva Composição em versoRecursos lingüísticos:• efeitos sonoros decorrentes da pausa que se faz no final de cada verso e na repetição de algunssons, como ocorre em Aquarela: “amarelo e castelo”; “luva e chuva”; “papel e céu”; “contornando,viajando e navegando”; “sul, Istambul e azul”; “surgindo, colorindo, partindo e indo”;• linguagem figurada: efeitos de sentido decorrentes da escolha de determinadas palavras eexpressões, para escolher, entre os vários sentidos que uma expressão pode apresentar, aqueleque está de acordo com as informações oferecidas pelo texto;• o poema sugere mais do que explica daí ser necessário o leitor fazer inferências a partir do seuconhecimento de mundo;• relacionar a expressão metafórica “me dou uma luva” ao desenho da mão, apoiando-se na boacompreensão do poema e em seu saber acumulado, uma vez que trata-se de uma brincadeiracomum entre as crianças;• perceber que a expressão “beijo azul” sugere o encontro do céu com o mar;• impressões sensoriais oferecidas pelo jogo de cores e formas que remetem ao vôo e à viagem.

AtividadesAQUARELANuma folha qualquer eu desenho um sol amareloE com cinco ou seis retas é fácil fazer um casteloCorro o lápis em torno da mão e me dou uma luvaE se faço chover com dois riscos tenho um guarda-chuvaSe um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papelNum instante imagino uma linda gaivota a voar no céuVai voando, contornandoA imensa curva norte-sulVou com ela viajandoHavaí, Pequim ou IstambulPinto um barco a vela branco navegandoÉ tanto céu e mar num beijo azulEntre as nuvens vem surgindoUm lindo avião rosa e grenáTudo em volta colorindoCom suas luzes a piscarBasta imaginar e ele está partindoSereno indoE se a gente quiserEle vai pousar (...)

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(MORAES, Vinicius de et al. Aquarela. Canções. Disponível em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br.> Acesso em: 03 nov.2004.)

1. No verso, “Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva”, a expressão sublinhada sugere(A) o desenho da mão.(B) a confecção da luva.(C) o colorido da mão.(D) a pintura dos dedos.2. A aquarela de que fala o poema está(A) no desenho e na vida real.(B) no desenho e na imaginação.(C) na pintura, apenas.(D) na vida real e na imaginação.3. No poema a expressão “beijo azul” sugere o encontro(A) da vela do barco com o céu.(B) do avião com o céu.(C) do barco com o mar.(D) do céu com o mar.O CÂNTICO DA TERRAEu sou a terra, eu sou a vida.Do meu barro primeiro veio o homem.De mim veio a mulher e veio o amor.Veio a árvore, veio a fonte.Vem o fruto e vem a flor.Eu sou a fonte original de toda vida.Sou o chão que se prende à tua casa.Sou a telha da coberta de teu lar.A mina constante de teu poço.Sou a espiga generosa de teu gadoe certeza tranqüila ao teu esforço.Sou a razão de tua vida.De mim vieste pela mão do Criador,e a mim tu voltarás no fim da lida.Só em mim acharás descanso e Paz.Eu sou a grande Mãe Universal.Tua filha, tua noiva e desposada.A mulher e o ventre que fecundas.Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.Teu arado, tua foice, teu machado.O berço pequenino de teu filho.O algodão de tua vestee o pão de tua casa.E um dia bem distantea mim tu voltarás.E no canteiro materno de meu seiotranqüilo dormirás.Plantemos a roça.Lavremos a gleba.Cuidemos do ninho,do gado e da tulha.Fartura teremose donos de sítiofelizes seremos.(Cora Coralina)

Vocabuláriogleba: terreno próprio para cultivo; terra em que se nasce; área de terra não urbanizadatulha: cova onde se aumenta e se comprime a azeitona, antes de ir para o lagar; celeiro, por extensão:grande quantidade de cereais; terreno, normalmente cercado, onde se põem a secar os frutos colhidos.

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4. O verso “sou a gleba, a gestação, eu sou o amor” corresponde a uma associação entre a terra e amulher. Explique por quê.5. Todo o poema canta a origem da vida, mas há um verso em que essa idéia está claramenteexpressa. Qual é ele?6. O texto “O cântico da terra” pode ser considerado um poema porque(A) organiza-se em estrofes com o mesmo número de versos.(B) explora a sonoridade e o duplo sentido das palavras.(C) apresenta rima no final de todos os versos.(D) utiliza expressões da linguagem formal.7. A religiosidade do poeta é revelada no verso(A) “A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.”(B) “De mim vieste pela mão do Criador.”(C) “Eu sou a grande Mãe Universal.”(D) “Sou a telha da coberta de teu lar.”8. Na Bíblia temos: “E então Deus modelou o homem com a argila do solo e insuflou em suas narinasum hálito de vida e o homem se tornou ser vivente”. (Gênesis, Cap. 2, versículo 7).Qual é o verso do poema que está dialogando com as partes sublinhadas no versículo bíblico?9. Segundo o dicionário Novo Aurélio, século XXI, a palavra “cântico” significa :“1. canto em honra da divindade; hino; 2. poema, ode.”No título do texto, a autora só está levando em conta o sentido 2. (poema) ou há também umaassociação com os significados contidos em 1.? Justifique a sua resposta.10. A quem se refere o verbo dos seguintes versos da quinta estrofe: “E no canteiro materno de meuseio/ tranqüilo dormirás”?11. “E um dia bem distantea mim tu voltarás.”Na quinta estrofe, a expressão sublinhada refere-se ao dia(A) da colheita dos frutos.(B) da morte do lavrador.(C) do nascimento do filho.(D) da volta do viajante.12. No verso “Sou a espiga generosa de teu gado” a palavra sublinhada tem um sentido figurado, isto é,está fora do seu significado normal. Em que sentido ela está empregada no texto?13. Em que sentido a autora afirma que a terra é aquela que oferece ao lavrador “O algodão de tuaveste/ e o pão de tua casa” (quarta estrofe)?14. Na última estrofe, está dito que “teremos fartura” e “seremos felizes”. O que é, segundo o texto,necessário para isso?15. No poema, a quem correspondem, respectivamente, os pronomes eu e tu?16. a) Em que tempos está o verbo vir em:“Veio a árvore, veio a fonte/Vem o fruto e vem a flor” (primeira estrofe) e “De mim vieste pela mão do Criador” (quinta estrofe)?Por que ao se referir ao fruto e à flor, o poeta empregou um tempo verbal diferente?17. Em quase todo o poema os verbos estão na primeira e na segunda pessoa do singular. Há alguns,porém, que estão na terceira pessoa do singular e quatro na primeira pessoa do plural. Quandoemprega a primeira pessoa do plural (na última estrofe), a autora se dirige apenas ao eu-lírico(correspondente, no texto, à terra) e ao lavrador? Justifique a resposta.18. Se o poeta tratasse o lavrador de “você” e não de “tu”, como ficariam os verbos e os pronomes nosversos citados em a) e em b)? Reescreva-os, usando o pronome “você”:a) “De mim vieste pela mão do Criadore a mim tu voltarás no fim da lida.Só em mim acharás descanso e Paz.” (segunda estrofe)b) “A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.Teu arado, tua foice, teu machado.O berço pequenino de teu filho.O algodão de tua vestee o pão de tua casa.” (quarta estrofe)