EXERCÍCIOS CONJUNTOS AÇORES · 2018-06-14 · durante exercício da série GAIVOTA. ESO. 4. AR...

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COMPREHENSIVE APPROACH pág. 17 CIBERESPAÇO O 5 º AMBIENTE pág. 14 SABRES DE ABORDAGEM ESPADAS DE COMBATE pág. 21 PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 495 / ANO XLV ABRIL 2015 / MENSAL / €1,50 EXERCÍCIOS CONJUNTOS AÇORES

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COMPREHENSIVEAPPROACHpág. 17

CIBERESPAÇOO 5º AMBIENTEpág. 14

SABRES DE ABORDAGEMESPADAS DE COMBATEpág. 21

PUBLICAÇÃO OFICIAL DA MARINHA / Nº 495 / ANO XLVABRIL 2015 / MENSAL / €1,50

EXERCÍCIOS CONJUNTOSAÇORES

FOTOGRAFIASANTIGAS, INÉDITAS OU CURIOSAS

De 5 de abril a 12 de maio de 1976, o NRP S. Gabriel e o NRP Schultz Xavier efetuaram uma missão humanitária, para apoio a 35 embarcações de pesca com cerca de 200 pessoas embarcadas (homens, mulheres e crianças), provenientes dos antigos territórios de Angola e Moçambique (Estória publicada na RA 374/ABR2004).

Publica-se agora um conjunto de fotos tiradas pelo CMG Couto Soares, então oficial RN embarcado no Schultz, recordando essa missão, que assegurou o regresso a Portugal em segurança daquele grupo de portugueses.

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Fotografias Antigas, Inéditas ou Curiosas

Strategia 11

Superintendência das Finanças. Diretiva Setorial 2015

Exercícios Conjuntos. Açores

Evacuação a 950 milhas

Bold Alligator

Tomada de Posse

Aniversários

Academia de Marinha

Saibam Todos

Estórias (11) / Notícia

Vigia da História (73)

Novas Histórias da Botica (42)

Saúde para Todos (24)

Notícias

Quarto de Folga

Notícias Pessoais / Convívios

Símbolos Heráldicos

Publicação Oficial da MarinhaPeriodicidade mensalNº 495/ Ano XLVabril 2015

Revista anotada na ERCDepósito Legal nº 55737/92ISSN 0870-9343

SUMÁRIO

DiretorCALM Carlos Manuel Mina Henriques

Chefe de RedaçãoCMG Joaquim Manuel de S. Vaz Ferreira

Redatora1TEN TSN - COM Ana Alexandra G. de Brito

Secretário de RedaçãoSCH L Mário Jorge Almeida de Carvalho

Desenho GráficoASS TEC DES Aida Cristina M.P. Faria

Administração, Redação e PublicidadeRevista da Armada - Edifício das InstalaçõesCentrais da Marinha - Rua do Arsenal1149-001 Lisboa - PortugalTelef: 21 321 76 50Fax: 21 347 36 24

E-mail da Revista da [email protected]@marinha.pt

Paginação eletrónica e produçãoInstituto Hidrográfico

Tiragem média mensal4500 exemplares

Preço de venda avulso: € 1,50

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CapaNRP Figueira da Foz e helicóptero EH−101 Merlin durante exercício da série GAIVOTA.

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PADRE FERNANDO OLIVEIRAUM PIONEIRO DA ESTRATÉGIA NAVAL

Stratεgia 11

INTRODUÇÃOOs Descobrimentos espoletaram o aparecimento de um pensa-

mento marítimo estruturado durante o século XVI, particularmen-te em Espanha, França, Itália e Portugal. De entre os trabalhos pro-duzidos nessa altura, sobressai a Arte da Guerra do Mar do padre português Fernando Oliveira, que foi escrita em 1552-54 e editada em 1555. Existe apenas uma cópia do tratado original, na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, mas o livro já foi republicado por quatro vezes: em 1937, 1969, 1983 e 2008, sendo que as duas edi-ções mais recentes têm a particularidade de incluir o fac-simile da edição original. Antes de abordar o conteúdo desse livro, justifica-se um olhar telegráfico sobre a vida e a obra do autor.

SÍNTESE BIOGRÁFICAFernando Oliveira nasceu por volta de 1507 e com dez anos entrou

para um Convento Dominicano, onde adquiriu os valores humanistas evidenciados nos seus escritos. Em 1536, publicou a primeira gramáti-ca da língua portuguesa, após o que se deixou enveredar por uma vida aventurosa, com o mar como pano de fundo. Embarcou em vários na-vios, numas ocasiões como capelão e noutras como piloto, fruto dos conhecimentos de navegação que foi adquirindo. Os seus navios en-volveram-se, várias vezes, em combates navais e ele chegou mesmo a ser feito prisioneiro. Beneficiando da sua experiência de mar, Olivei-ra produziu um conjunto de obras notáveis sobre assuntos náuticos. Além da já mencionada Arte da Guerra do Mar, escreveu, por volta de 1570, um tratado enciclopédico em latim intitulado Ars Nautica (Arte da Navegação). Posteriormente, cerca de 1580, escreveu – desta vez em português – um livro sobre construção naval: Livro da Fábrica das Naus. Finalmente, por volta de 1581, escreveu uma História de Portu-gal, que ficou incompleta. Não obstante a importância e o pioneiris-mo dessas obras, o foco deste artigo será a Arte da Guerra do Mar, o livro em que mais se evidencia o seu pensamento estratégico naval.

INFLUÊNCIAS EM ARTE DA GUERRA DO MAR A Arte da Guerra do Mar é constituída por um prólogo e duas

partes, cada uma das quais com quinze capítulos. Aborda um vas-to conjunto de assuntos, tais como construção naval, aprovisio-namento de navios, navegação, marinharia, meteorologia, ocea-nografia, logística, recrutamento, treino, educação, liderança, cerimonial marítimo e informações. Por todo o livro, ressalta o humanismo de Oliveira, evidente na veneração pela cultura Gre-

NOTA PRÉVIA: Em final de 2014, o Centre for International Ma-ritime Security, dos EUA, organizou um ciclo intitulado "Forgotten Naval Strategists", tendo-me sido pedido que contribuísse com um artigo sobre o Padre Fernando Oliveira. Esse artigo intitulou-se "Fa-ther Fernando Oliveira: a Pioneer of Naval Strategy" e pode ser acedido em: http://cimsec.org/father-fernando-oliveira-pioneer--naval-strategy/13188.

Este texto da série Stratεgia corresponde a uma tradução adaptada desse artigo.

ga e Romana. Muitos humanistas Renascentistas eram homens da Igreja e combinaram a redescoberta dos autores clássicos com a promoção da doutrina Cristã. Esse foi também o caso de Olivei-ra, cujas referências maiores para a Arte da Guerra do Mar foram o escritor Romano Vegécio e o teólogo Sto. Agostinho.

Com efeito, Oliveira assume explicitamente no prólogo do livro que a principal influência para a Arte da Guerra do Mar foi Vegécio e o seu Epitoma Rei Militaris (Compêndio de Assuntos Militares), um tratado que explica métodos e práticas militares empregues durante o Impé-rio Romano. Em Arte da Guerra do Mar (incluindo no prólogo), Oli-veira cita Vegécio trinta vezes, a propósito de assuntos tão variados como recrutamento, treino, organização, disciplina, logística, pronti-dão, meteorologia e dissimulação. No entanto, sobre guerra no mar em concreto, Oliveira recorreu pouco a Vegécio, pois o tratadista Ro-mano escreveu muito parcamente sobre essa matéria (apenas cerca de 17 páginas) e numa altura em que a navegação e a guerra naval eram completamente distintas. Isso acentua o caráter pioneiro da obra de Fernando Oliveira, no que toca à estratégia naval.

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Sardinha MonteiroCFR

A outra grande influência para a elaboração da Arte da Guerra do Mar foi Sto. Agostinho. Entre outros contributos maiores para o Cristianismo e a filosofia ocidentais, Sto. Agostinho ajudou a desenvolver a teoria da guerra justa. Segundo ele, os Cristãos de-veriam ser, pela própria natureza da sua fé, contra a guerra. Con-tudo, ele considerava que a procura da paz deveria incluir sempre a possibilidade de partir para a guerra (uma guerra justa), se essa fosse a única opção para evitar um grande mal. Oliveira acredita-va na guerra justa e definiu-a como “a que defende o seu bando dos que injustamente o querem ofender (…) [ou] a que castiga as ofensas a Deus” (Cap. 4, Parte I). Além disso, acrescentou que “a guerra dos Cristãos que temem a Deus não é má, antes é virtuo-sa, pois faz-se com desejo de paz sem cobiça nem crueldade, por castigo dos maus & desopressão dos bons” (Prólogo).

PENSAMENTO ESTRATÉGICOUm dos aspetos diferenciadores da Arte da Guerra do Mar con-

siste no facto de a abordagem à guerra naval extravasar as pers-petivas tática e operacional – comuns nos autores contemporâ-neos – entrando no domínio da estratégia. Isso manifesta-se na reflexão sobre a importância do poder naval para a manutenção dum vasto império, como o que Portugal possuía na altura, bem como na abordagem a alguns princípios perenes da estratégia.

Com efeito, no século XVI, o conceito de “poder naval” ainda não tinha sido introduzido. Porém, uma leitura atenta da Arte da Guerra do Mar mostra que Oliveira usa a expressão “guerra do mar” com um significado muito semelhante ao daquilo que viria mais tarde a ser definido como “poder naval”, englobando todos os aspetos da organização militar para a guerra naval, incluindo construção, apro-visionamento, treino e operação de navios de guerra. No prólogo, Oliveira enfatiza a importância da “guerra do mar” (i.e. do “poder naval”): “em especial para os homens desta terra que agora mais tra-tam pelo mar que outros, donde adquirem muito proveito & honra. (…) Dando-se a esta guerra [i.e. a este poder], têm ganho os nossos Portugueses muitas riquezas & prosperidade (…) & têm ganho honra em pouco tempo quanta não ganhou outra nação em muito” (Pró-logo). Mais à frente, Oliveira sublinha que a segurança marítima não pode ser dada como adquirida, reiterando a importância das mari-nhas para a prossecução dos interesses nacionais: “Porque o mar é muito devasso, e os homens não podem escusar de nele negociar suas fazendas, uns mercadejando, outros pescando, e outros como lhes vem bem, (…) cumpre que nele se ponha muito recato (…) com medo ou com severo castigo. (...) Por todas estas razões é necessário haver armadas no mar que guardem as nossas costas e paragens, e nos assegurem dos sobressaltos que podem vir pelo mar, que são muito mais súbitos que os da terra” (Cap. 3, Parte I).

Outro aspeto relevante da Arte da Guerra do Mar é a forma como aborda alguns dos princípios intemporais da estratégia, com reflexões que permanecem válidas na atualidade. Incluem-se abaixo alguns dos princípios tratados por Oliveira, ilustrando cada um deles com uma citação da Arte da Guerra do Mar: • Importância da defesa nacional: “A boa guerra faz boa paz. E assim, a paz que agora logramos, guerra passada no-la ganhou” (Cap. 1, Parte I);• Importância da prontidão: “A presteza dá vitória aos diligentes, e a negligência desbarata os descuidados” (Cap. 1, Parte I);• Importância do fator surpresa: “Os sobressaltos súbitos aterram os inimigos, e os encontros providos não abalam” (Cap. 14, Parte II); • Tempo como elemento fundamental da estratégia: “É tempo para dar batalha, quando temos oportunidade para isso, ou vanta-gem nossa” (Cap. 10, Parte II); • Espaço como elemento fundamental da estratégia: “O lugar muitas vezes vale mais que a força” (Cap. 14, Parte II);• Importância da dissuasão: “E para isso favoreçam as armas, as quais não são tão contrárias da paz como parecem, antes elas defendem a paz como os cães defendem as ovelhas, posto que pareçam contrários delas” (Cap. 1, Parte I);• Importância da dissimulação: “Tanto dissimulemos, que nos tenham por mentirosos” (Cap. 14, Parte II);

• Importância das informações: “Quando encobrimos nossas coisas, tanto façamos por saber as dos contrários” (Cap. 14, Parte II); • Importância da unidade de comando: “É necessário que te-nham cabeça, a gente da guerra, (…) e uma que mande sobre to-dos” (Cap. 13, Parte I);• Importância da unidade de ação: “Muitas vezes fazem mais os poucos concordantes que os muitos diferentes” (Cap. 13, Parte I);• Necessidade de adequar as capacidades ao tipo de conflito: “Devem ser também os navios conformes à guerra que hão de fazer” (Cap. 1, Parte II); • Importância do equilíbrio nas capacidades: “Assim, nas frotas armadas, é necessário que haja navios diferentes, uns para sus-tentar o peso da guerra e outros para servir e ajudar aqueles” (Cap. 1, Parte II).

CONSIDERAÇÕES FINAISApesar de escrita há mais de 450 anos, a Arte da Guerra do

Mar é uma obra bastante abrangente, tocando nos vários aspe-tos relacionados com a edificação, organização e emprego do poder naval. Oliveira inspirou-se em autores clássicos (sobretu-do em Vegécio) e em pensadores Cristãos (nomeadamente Sto. Agostinho), inovando na conceptualização do uso do poder naval como instrumento para a consecução dos objetivos políticos e dos interesses económicos de Portugal.

Infelizmente, a Arte da Guerra do Mar não teve a projeção inter-nacional que merecia e Oliveira continua um desconhecido fora de Portugal e da comunidade lusófona. Isso deve-se ao facto do seu tra-tado ter sido escrito em português antigo e nunca ter sido traduzido. Felizmente, essa lacuna está prestes a ser ultrapassada, uma vez que a Arte da Guerra do Mar está a ser traduzida para inglês, pelo inves-tigador português Tiago Maurício (que, em boa hora, estagiou no Es-tado-Maior da Armada). Isso permitirá que o livro receba a atenção internacional que justifica, devido ao seu valor histórico, ao leque alargado de matérias tratadas e às suas ideias estratégicas – muitas das quais permanecem atuais e relevantes no século XXI.

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SUPERINTENDÊNCIA DAS FINANÇAS

Conforme à Diretiva de Planeamento da Marinha 2014 (DPM 2014), a Diretiva Setorial da Superintendência das Finanças

(SF), órgão central de administração e direção que tem por mis-são assegurar as atividades da Marinha no domínio dos recur-sos financeiros, apresenta a visão do Superintendente das Finan-ças deduzindo os objetivos setoriais, seus indicadores e metas, e estabelecendo as linhas de ação e respetivo acompanhamento para o período abrangido.

Novos e maiores desafios estruturais surgem associados à evolução do ambiente de atuação da Marinha no quadro da administração financeira do Estado e ao contexto económico e financeiro. Por um lado, a mudança acelerada que se vive hoje em dia, fruto essencialmente da globalização e das con-tínuas inovações tecnológicas, obriga a Marinha a adaptar-se constantemente à dinâmica do meio envolvente e à comple-xidade dos métodos, técnicas e procedimentos de gestão. Por outro, o facto de se enfrentar uma conjuntura muito exigente caracterizada pela necessidade de contenção na despesa, con-fere criticidade à utilização dos recursos disponíveis, elevando o repto dessa adaptação.

Na envolvente externa, vários são os desafios que exigem da Marinha, e do Setor Financeiro em particular, especial atenção. Desde logo, o cenário de uma eventual transferência e concen-tração no MDN dos processos de gestão das despesas com o pessoal e com o investimento, que podem induzir perdas de au-tonomia e de relevância própria da Marinha. Mas, também, as continuadas restrições orçamentais, que, afetando a componen-te de Operação e Manutenção, condicionam fortemente a ativi-dade da Marinha e comprometem a meta do equilíbrio dos agre-gados de despesa fixados pela Reforma “Defesa 2020”. Numa perspetiva mais interna, é da maior relevância a redução de efe-tivos com impacto direto nas atividades e processos internos, constituindo um fator limitativo da capacidade de resposta da SF às inúmeras solicitações internas e externas.

Mas identificam-se também oportunidades, que podem e de-vem ser exploradas, vencendo o desafio de ousar transformar a matriz de procedimentos através das adequadas reengenha-rias, introduzindo as mudanças necessárias em áreas e proces-sos identificados como determinantes da excelência da decisão de gestão. A nível interno, a melhoria e o reforço da cooperação com os demais Setores como elemento decisivo no reforço da eficácia na ação e fator potenciador da fundamentação das po-sições da Marinha conformes aos interesses em presença. A ní-vel externo, a cooperação com as várias entidades, designada-mente, as estruturas financeiras do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) e dos outros Ramos das Forças Arma-das, a Secretaria-Geral e os Órgãos e Serviços Centrais do Minis-tério da Defesa Nacional (MDN), a Direção-Geral do Orçamen-to, o Tribunal de Contas, a Inspeção-Geral da Defesa Nacional e a Inspeção-Geral de Finanças no âmbito do controlo interno, a Caixa Geral de Aposentações e a Segurança Social, são também fator de incremento dos níveis de eficiência funcional e da ca-pacidade de gestão.

DIRETIVA SETORIAL 2015

A implementação do módulo de Recursos Humanos e Venci-mentos (RHV) do SIGDN constitui uma oportunidade para me-lhorar o processo de planeamento, execução e controlo das despesas com o pessoal. Por outro lado, a adoção continuada de instrumentos de apoio à gestão e ao controlo financeiro ba-seados nas potencialidades do Business Intelligence (BI) e do Controlling do SIGDN, melhorarão a tomada de decisão ao nível central e setorial. Finalmente, o incremento das iniciativas de controlo por parte das entidades internas e externas que inte-gram o Sistema de Controlo Interno, constitui igualmente um fator potenciador da melhoria dos processos e da qualidade da informação.

A visão estratégica do Superintendente das Finanças corpori-za-se na afirmação da SF como organismo eficiente, respeitado e prestigiado, um exemplo de excelência no domínio da gestão financeira pública. Valorizada internamente, pela exigência, ri-gor técnico e escrupuloso cumprimento da Lei e, externamente, como referência de qualidade, a ação da SF deve ser fator de cre-dibilidade, acrescentando valor e contribuindo para a evolução da Marinha com sentido de modernidade.

Os objetivos setoriais da SF concretizam essa visão e interpretam o nível de ambição e as prioridades estratégicas determinadas.

O Setor formulou como objetivo de missão potenciar a criação de valor estratégico para a Marinha, ao melhorar a administra-ção financeira e patrimonial pela qualidade da informação para a gestão e pelo incremento da eficiência organizativa e de proces-sos e rigor na gestão dos recursos financeiros.

Ao nível de resultados, pretende-se a participação em processos e centros de decisão com relevância financeira, num momento em que se verifica uma crescente tendência de centralização de compe-

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UnidadesEstabelecimentos

e Órgãos

tências ao nível do EMGFA e dos Órgãos e Serviços Centrais do MDN. Nesta mesma perspetiva, importará prosseguir a consolidação de um modelo de gestão dinâmico, eficiente e rigoroso dos recursos fi-nanceiros e, ainda, aperfeiçoar os processos de planeamento e exe-cução das despesas com o pessoal, contribuindo para melhorar o desempenho global. Incrementar o controlo interno através da ve-rificação, avaliação e informação sobre a regularidade, legalidade e mérito dos atos de gestão financeira e patrimonial é, também, um propósito operacional.

Ao nível da organização e dos processos, a SF procurará oti-mizar e simplificar as estruturas administrativas e financeiras da Marinha, através da criação de centros de competências e de atuação de nível Setorial que concentrem valências no âmbito da gestão financeira e contabilística, da contratação pública e do aprovisionamento, controlo de imobilizado e controlo de custos. Importa, também, consolidar as competências e os processos no contexto da integração no Regime de Administração Financeira do Estado (RAFE), designadamente nas áreas da tesouraria única e na execução centralizada de operações de natureza financeira e fiscal, incluindo o correspondente diálogo com terceiros e com a administração fiscal. Prosseguir-se-á, ainda, com o aperfeiçoa-mento dos métodos e sistemas de gestão nas vertentes do pla-neamento financeiro, da contabilidade de custos e da monitori-zação de indicadores financeiros.

Finalmente, na perspetiva dos recursos internos, há que elevar as competências dos recursos humanos afetos à função financeira, nos diferentes níveis de atuação, para que sejam capazes de garantir a execução de processos inovadores e o sucesso na desejável repre-sentação nos vários centros de decisão. Tal valorização constituirá um estímulo motivacional para garantir um adequado desempenho.

Assumem importância especial como definidores da essência, assinatura e marca SF, os valores específicos técnico-funcionais de legalidade, transparência, rigor e cooperação institucional. Efeti-vamente, além da forte característica cultural que identifica a SF, esta matriz de valores sustenta, também, a transformação, proces-so contínuo e indispensável para que a Marinha se mantenha re-levante: o reforço e a prática dos valores têm, assim, de ser com-preendidos como ações de caráter permanente e estruturante.

Tanto quanto é possível antecipar, com prudência, o futuro da administração dos recursos financeiros da Marinha passa pelo re-forço do modelo setorial assente numa maior concentração de competências financeiras e de estruturas executivas, mantendo o Superintendente das Finanças, enquanto autoridade funcional e técnica, a condução da gestão superior dos recursos financeiros da Marinha através dos órgãos da SF, conforme as orientações do ALM CEMA/AMN. Releva, também, quanto à evolução futura, de forma ainda não totalmente conhecida, o que decorrer da edifica-ção do módulo de RHV do SIGDN, cujos trabalhos estão em curso.

Assim, com sentido prospetivo, pode afirmar-se que, com a se-gurança alicerçada no labor, dedicação e competência dos ho-mens e mulheres que nela prestam serviço, designadamente na Superintendência das Finanças, a Marinha tem acompanha-do a evolução que se vem registando na administração pública em resposta aos novos desafios, assentando a administração dos seus recursos financeiros num modelo de gestão dinâmica que potencia o cumprimento da missão: “Servir Portugal no mar”.

Silva RamalheiraCALM AN

CEMA/AMN

CALM SF

Direção

Decisão

Execução

Modelo sustentado no Sistema Integrado de Gestão da Defesa Nacional (SIGDN)

Órgãos da SF

ResponsáveisSetoriais

Planeamento,Coordenação e Controlo

Condução Superior(Autoridade Técnica e Funcional)

DecisãoPolítico-Financeira

Estrutura Financeira da Marinha

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EXERCÍCIOS CONJUNTOSAÇORES

Os meios da Marinha, do Exército e da Força Aérea atribuídos à Região Autónoma dos Açores (RAA) cumprem anualmente

o Plano de Treino Operacional Conjunto, sob a égide do Coman-do Operacional dos Açores (COA).

O COA é um órgão de comando e controlo de natureza conjunta que tem por missão o emprego operacional das forças e meios que lhe são atribuídos, sendo igualmente sua responsabili-dade promover a operacionalidade e interoperabilidade entre os três Ramos das Forças Armadas, dando cumprimento às medidas superiormente aprovadas, relativas à defesa militar do arquipé-lago dos Açores, assim como à colaboração das Forças Armadas no âmbito da proteção civil.

Para o efeito, o COA promulga anualmente a diretiva de trei-no, indicando o número e a natureza dos exercícios a executar, atribuindo à Marinha a realização de 4 exercícios conjuntos com o Exército, denominados FOCA, e 2 exercícios com a Força Aérea, denominados GAIVOTA.

Não obstante a componente essencialmente militar inerente à defesa da RAA, a finalidade destes exercícios prende-se princi-palmente com a necessidade de testar e exercitar procedimen-tos, que contribuam para o garante da participação das Forças Armadas em ações de proteção civil. Considerando a natureza

vulcânica do arquipélago, a realização destes exercícios enquan-to responsabilidade do COA ganha um maior relevo, destinando-se a exercitar a projeção de forças em apoio à população civil, num cenário atingido por uma calamidade ou catástrofe natural.

A impraticabilidade ou inexistência de facilidades portuárias, onde o desembarque dos meios humanos e materiais é viável apenas através das embarcações orgânicas da Unidade Naval (UN), são o mote para os exercícios da série FOCA, com o obje-tivo de treinar o embarque de forças do Exército e a sua insta-lação a bordo de uma UN, o movimento e desembarque dessa mesma força.

Estes exercícios realizam-se alternadamente na ilha de São Miguel, onde está localizado o Regimento de Guarnição nº 2, e na ilha Terceira, onde está localizado o Regimento de Guar-nição nº 1, permitindo em cada edição do exercício o treino de embarque e desembarque por rede de abordagem, esca-da quebra-costas ou portaló de um contingente composto por 50 militares daquelas unidades do Exército. Adicionalmente é treinado o embarque e desembarque de viaturas militares, permitindo identificar capacidades de carga, condições de es-tiva, meios de elevação e facilidades portuárias adequadas a este desiderato.

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Os exercícios FOCA contam ainda com a preciosa colaboração dos órgãos locais da Autoridade Maritima Nacional (AMN), quer na identificação de instalações portuárias alternativas, permitin-do o treino em diferentes ambientes operacionais, quer na cola-boração nas ações de embarque e desembarque, complemen-tando os meios orgânicos da UN com as embarcações da AMN (Polícia Marítima e ISN).

Estas ações de treino registam uma grande aceitação por par-te das Unidades intervenientes, constituindo uma oportunida-de para operacionalizar procedimentos e recolher ensinamen-tos relacionados com os diferentes desafios que são colocados em cada exercício, existindo um claro sentimento de que a Ma-rinha e o Exército se estão a preparar para fazer face a uma pou-co provável ameaça bélica, mas igualmente se estão a prepa-rar para fazer face à ocorrência de uma bastante provável ação de apoio à população civil, na sequência de uma catástrofe de grandes proporções.

Os exercícios conjuntos da série GAIVOTA, realizados entre a Marinha e a Força Aérea, destinam-se a treinar e qualificar as guarnições da UN e as tripulações do helicóptero EH-101, sedia-das na RAA, em ações de Vertical Replenishment (VERTREP) em ambiente diurno e noturno.

O racional que preside à realização destas ações de treino re-laciona-se com as responsabilidades ao nível da Busca e Salva-mento atribuídas à Marinha, através do MRCC Delgada e à Força Aérea, através do RCC Lages.

De forma a ilustrar a necessidade de prosseguir com estas ações de treino, destaca-se o facto de no ano de 2014 o MRCC Delgada ter coordenado 26 ações de Busca e Salvamento, que re-sultaram em evacuações médicas urgentes pelo EH-101.

No sentido de otimizar o emprego dos meios, a calendariza-ção dos dois exercícios anuais da série GAIVOTA coincide com a realização dos Encontros de Busca e Salvamento dos Açores, coordenados alternadamente pelo MRCC Delgada e pelo RCC Lajes, que procuram recriar cenários realistas para o treino destas valências.

Estes encontros permitem ainda, através da colaboração com parceiros civis, treinar evacuações médicas a partir de outras pla-taformas, que não UN.

Em suma, a atividade de treino operacional, na qual o Coman-do da Zona Marítima dos Açores empenha os seus meios e a UN sob o seu controlo operacional, destina-se a exercitar procedi-mentos que se relacionam com a natureza das suas atribuições e responsabilidades no Arquipélago dos Açores. Esta cooperação com o Exército e a Força Aérea é altamente benéfica em termos de conjunto e demonstra à sociedade civil que os meios existen-tes estão à altura do desafio que as questões relacionadas com a insularidade colocam aos três Ramos das Forças Armadas.

Colaboração do COMANDO DA ZONA MARÍTIMA//DEPARTAMENTO MARÍTIMO DOS AÇORES

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EVACUAÇÃO A 950 MILHASNão é para isto que nós vivemos, mas é para isto que nós trabalhamos.

O ALERTANo dia 24 de novembro de 2014, pelas

01h15 UTC (Coordinated Universal Time), o veleiro Bravura, embarcação de pavi-lhão norte-americano com 16 metros de comprimento e 4 de boca, navegava no limite sul da Search and Rescue Region (SRR) de Santa Maria, a 950 milhas náuti-cas da ilha que deu nome a esta Região de Busca e Salvamento.

A bordo seguem 3 tripulantes que, na-quela área remota, requerem ajuda ur-gente: O skipper, um francês de 56 anos de idade, havia sofrido uma queda e en-contrava-se em aparente estado grave e a requerer assistência médica imediata.

O alerta foi recebido no Centro de Coor-denação de Busca e Salvamento Marítimo de Ponta Delgada (MRCC Delgada) atra-vés do seu homólogo em Falmouth, Rei-no Unido, dando conta de que o skipper da embarcação apresentava um quadro clínico de possível traumatismo crânioen-cefálico (TCE), com possível comprometi-mento da coluna cervical, fratura do om-

bro direito e que, apesar de se encontrar consciente, havia sofrido uma perda de consciência que durou aproximadamente 15 minutos.

O MRCC Delgada assumiu a coordena-ção do caso SAR, tendo entrado em con-tacto com o veleiro via telefone satélite no sentido de iniciar com a máxima brevi-dade o processo vulgarmente conhecido no âmbito da busca e salvamento como Avaliação Telemédica no Mar (Telemedi-cal Assistance at Sea – TMAS).

Para o efeito, a chamada foi de imediato transferida para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes no Mar (CODU-MAR) do Instituto Nacional de Emergência Mé-dica (INEM), entidade nacional com com-petência para proceder à triagem, acon-selhamento médico e acompanhamento das emergências médicas no mar. Após finalizar o contacto, o CODU-MAR confir-mou o quadro de emergência e indicou que se procedesse à evacuação médica (MEDEVAC) do paciente.

Encontrando-se o veleiro Bravura a mais de 900 milhas náuticas de qualquer ponto

de apoio em terra e a mais do dobro do al-cance de qualquer aeronave com capacida-de para efetuar a evacuação, o MRCC Del-gada iniciou os procedimentos básicos de assistência, encetando diligências por for-ma a recolher informação acerca dos mo-vimentos da navegação mercante naque-la área do Atlântico, de modo a averiguar se existiriam condições para prestar auxí-lio, com o intuito de a divergir e direcionar para a posição do SV Bravura, no sentido de colaborar na evacuação do skipper aci-dentado. Estes esforços revelaram-se in-frutíferos, considerando que o Bravura se encontrava num local remoto, longe dos corredores de navegação praticados pelos navios mercantes.

O SALVAMENTOFace à ausência de navegação na área

que pudesse prestar o apoio médico ne-cessário, a solução passou pelo empenha-mento do NRP Baptista de Andrade, uni-dade naval do dispositivo naval padrão atribuída à Zona Marítima dos Açores,

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que se encontrava atracada no porto de Ponta Delgada.

No MRCC Delgada foi efetuado um briefing ao comandante do navio, pre-vendo-se uma navegação fortemente condicionada pelas condições de mar e vento verificadas, que apontavam para um trânsito de cerca de 65 horas até à posição do Bravura.

Com o skipper imobilizado no exte-rior do veleiro, o Bravura navegava a um rumo condicionado pelo estado do pa-ciente e pelas condições meteorológicas adversas que, apesar de não compro-meterem a segurança da embarcação, o impediam de rumar ao encontro de qualquer unidade de busca e salvamen-to (SRU – Search and Rescue Unit), tanto naval como aérea.

Iniciou-se assim a ação busca e salva-mento, com o NRP Baptista de Andrade a largar às 05h21 (horas locais) e a rumar a SW à máxima velocidade disponível, no encalço do Bravura.

No apoio, o CODU-MAR assegurou o acompanhamento médico através de con-tactos telefónicos periódicos, aconselhan-do a terapêutica medicamentosa e os cui-dados a observar à medida que o estado do paciente evoluía.

Também o Centro Coordenador de Busca e Salvamento Aéreo das Lajes (RCC Lajes) foi alertado para este caso. Apesar de o acidente ter ocorrido fora do raio de alcance do helicóptero da Força Aérea EH-101 Merlin estacionado na Base Aé-rea nº 4 das Lajes, o plano de ação previu a possibilidade de concluir a evacuação por via aérea, caso assim fosse aconse-lhado pelo CODU-MAR e assim que a Baptista de Andrade estivesse dentro do raio de ação do helicóptero.

Com todas as linhas de ação previstas, as horas que se seguiram até ao encon-tro da Baptista de Andrade com o Bra-vura foram dedicadas, na sua maioria, a acompanhar a evolução do estado do paciente. Perante o quadro de TCE, a preocupação centrou-se no seu estado de consciência e, seguindo as indicações do CODU-MAR, foi imposto um regime de descanso não superior a 20 minutos, sempre sob vigilância de um dos restan-tes membros da tripulação.

No dia 26, cerca das 14h00, a Baptista de Andrade avista o veleiro Bravura e por vol-ta das 15h00, está concluída a transferên-cia do paciente. Esta ação, executada em condições meteorológicas limite com os meios orgânicos do navio, representou um significativo desafio ao treino e destreza da guarnição da corveta, desafio este que foi amplamente superado, tendo-se consegui-do evacuar o skipper nas condições de se-gurança que o seu estado clínico exigia.

Em complemento a esta ação e honran-do as mais nobres tradições que regem todos aqueles que andam no mar, a Bap-tista de Andrade forneceu aos tripulantes do SV Bravura géneros alimentícios e com-bustível, facto que foi muito apreciado pe-los dois marinheiros que permaneceram a bordo do veleiro, e que se revelou determi-nante para o elevar do seu estado psicoló-gico, tendo sido referido que, mais do que os mantimentos atrás referidos, aquilo que mais apreciaram foi o afeto e a dedicação que sentiram por parte daqueles que os auxiliaram naquele momento de provação.

A bordo da Baptista de Andrade, o pa-ciente foi assistido pela equipa médica do navio, cuja avaliação, em colaboração com o CODU-MAR, determinou a necessi-dade de concluir a evacuação, com a má-xima urgência, para o Hospital Divino Es-pírito Santo (HDES), unidade hospitalar da Região Autónoma dos Açores (RAA) com especialidade de neurocirurgia.

O MRCC Delgada articulou então, com o RCC Lajes, o empenhamento de um he-licóptero EH-101 proveniente da Base Aé-rea nº 4 das Lajes e de uma aeronave de asa fixa C-130 da Base Aérea do Montijo, de modo a proceder à evacuação do feri-do a partir do NRP Baptista de Andrade, assim que o navio se encontrasse dentro do raio de ação do helicóptero.

Durante o trânsito de regresso, as con-dições meteorológicas foram-se agravan-do progressivamente. A evacuação do paciente foi concluída pelo EH-101 com sucesso pelas 09h20 do dia 28, sob con-dições meteorológicas muito adversas, re-gistando-se ondas de 7 metros e vento F5 do quadrante norte. O helicóptero dirigiu-se para o heliporto do HDES, onde aterrou cerca das 14h00, tendo o paciente sido transportado em estado estável, por uma

ambulância do Serviço Regional de Prote-ção Civil e Bombeiros dos Açores.

Para a Baptista de Andrade a missão só se concluiu no dia 29, após o navio atracar, em segurança, no porto de Ponta Delgada para reabastecimento e descanso da guarnição.

Durante toda a ação SAR, foi ainda prestada a assistência e informação ao proprietário do veleiro, mas principal-mente à mulher do skipper, que voou dos Estados Unidos da América, para o encontrar a salvo, já sob os cuidados dos serviços do HDES.

O RECONHECIMENTOA missão SAR em apoio ao tripulante do

SV Bravura decorreu ao longo de 5 dias, levou a Baptista de Andrade ao extremo sul da SRR de Santa Maria, naquela que terá sido a ação SAR realizada a maior dis-tância alguma vez levada a cabo em Por-tugal, colocando em evidência a vastidão da área marítima de busca e salvamento sob a responsabilidade do MRCC Delgada, a segunda maior do Atlântico Norte.

De modo a concluir com sucesso esta complexa ação de salvamento, foi necessá-rio contar com a colaboração de diversos meios humanos e materiais das estruturas principal e auxiliar do Serviço Nacional de Busca e Salvamento Marítimo, que deram o melhor de si para assegurar o salvamento de mais uma vida humana.

Este esforço não passou despercebido a todos aqueles que direta e indiretamente dele beneficiaram. E estes (skipper e seus familiares, restantes tripulantes e proprie-tários do SV Bravura), num sentimento de gratidão, quiseram expressar o seu agra-decimento em privado, através do envio de correio eletrónico e de contactos te-lefónicos, e publicamente, enviando um documento oficial ao Gabinete do ALM CEMA, através da Embaixada de Portugal no Reino Unido.

Todas estas ações foram registadas e transmitidas àqueles que colaboraram nesta grande empresa e o sentimento par-tilhado por todos era o de ter contribuído para uma missão bem cumprida.

Colaboração do RCC LAGES e do NRP BAPTISTA DE ANDRADE

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BOLD ALLIGATOR

Decorreu entre os dias 29 de outubro e 10 de novembro de 2014, na Costa Leste dos Estados Unidos, o Exercício Bold

Alligator. Responderam ao convite endereçado pelo Comandan-te da US Fleet Forces 18 países. Portugal esteve presente atra-vés dos 3 militares da StrikeForNATO no staff do Coalition For-ces Maritime Component Command, e do seu representante no Combined Joint Operations from the Sea Centre of Excellence, que foi o coordenador das equipas de observação para as for-ças de coligação.

Os exercícios da série “Bold Alligator” têm como principal obje-tivo a revitalização do conhecimento sobre as operações anfíbias através da validação da sua doutrina, demonstrando a capacida-de e flexibilidade das forças navais, preparando os participantes através do contacto com os requisitos dos Comandantes Opera-cionais no espectro das operações militares.

O exercício decorreu nos planos real e virtual. O cenário pre-parado tinha uma natureza de resposta ao nível de coligação in-ternacional, desenhada para a melhoria das competências navais e anfíbias. A Força Anfíbia Combinada projectou um “Fly-in Inte-grated Command Element” (FICE) para rapidamente estabelecer comando e controlo, a partir de uma posição avançada da força

tarefa e iniciar a colocação de unidades capazes do cumprimento das missões atribuídas pelo Comandante Operacional, à medida que estas se juntam na Área do Objetivo. A composição do FICE era multifuncional com elementos das várias áreas de apoios de combate, e multinacional para a integração do conhecimento so-bre a Força a concentrar.

O BA 14 foi planeado para atestar uma operação de respos-ta a crise e a coordenação entre o Expeditionary Strike Group 2 (ESG-2) e a Second Marine Expeditionary Brigade (2nd MEB), bem como a integração dos staffs e de outras forças de coliga-ção, a fim de conduzir múltiplas operações num ambiente de ameaça incerta.

DE REGRESSO AOS NAVIOS

Os anos que se seguiram ao 11 de Setembro foram caracte-rizados por grandes contingentes de forças americanas no Afe-ganistão e no Iraque, onde naturalmente se incluíram Marines. Este esforço para a consolidação destas campanhas levou ao adormecimento do treino anfíbio dos Marines, afinal de contas a razão da sua existência. A presença da Second Marine Expe-ditionary Brigade a bordo é um regresso ao passado, mas com a projeção no futuro.

Os anos que os Marines estiveram envolvidos nestas opera-ções somente “land oriented”, necessárias para manter e desen-volver as suas capacidades de combate, impediram que os co-nhecimentos adquiridos e praticados ao longo de muitos anos de integração com a Marinha se consolidassem e desta forma vol-taram a um ponto anterior de adaptação naval, com uma visível clivagem em relação aos seus parceiros NATO. A importância que este regresso aos navios tem, pode ser avaliada pela visita feita pelo General Comandante do US Marine Corps, Gen Joseph Dun-ford, ao Navio Chefe, dirigindo-se à força de Marines embarcada e sublinhando este facto.

INTEGRAÇÃO E INTEROPERABILIDADE

A presença de 19 nações fez deste o mais internacional dos Bold Alligator. As forças navais, que incluíram 3 navios não norte-ameri-canos, e as forças terrestres, com presença de seis nações, criaram um desafio para os planeadores. A necessidade para treinar em coligação é o requisito base para a legitimidade operacional inter-nacional. À medida que esta necessidade para operar como coliga-ção aumenta, a necessidade de interoperabilidade entre as forças torna-se cada vez mais importante e alguns elementos passam a ser facilitadores críticos no apoio às Operações Marítimas Combi-nadas como a doutrina comum ou singularidade de CIS. Algumas

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observados em fase de planeamento e originar documentação que reflita constrangimentos nacionais reais.

SegurançaUma boa “Common Operational Picture” (COP) partilhada por

todas as forças participantes é o primeiro pilar para a segurança de todos, quer em exercícios quer em operações. A desconflitua-ção dos espaços aéreos e marítimos melhorou, mas mais melho-rias são necessárias para atingir uma COP funcional.

O FUTURO

Para melhorar a interoperabilidade das forças e cumprir os ob-jetivos de treino dos participantes, será feita a proposta para que o exercício Bold Alligator seja planeado e conduzido em ciclos de 6 anos, com 2 exercícios Livex e dois Computer Assisted Exercise (CAX) em cada ciclo. Os CAX serão as oportunidades para testar os conceitos identificados para os Livex.

Este planeamento a longo prazo permitiria aos participantes testarem novos conceitos de uma forma incrementada, num me-nor intervalo de tempo e com custos mais reduzidos (entre Livex e CAX). Os objetivos de treino da US Navy e dos seus parceiros aliados, tais como as certificações da NATO Response Force (NRF), deverão ser comparados e sincronizados para assegurar que to-dos os participantes beneficiem com o exercício, tendo sempre como principal objetivo a melhoria da interoperabilidade.

Portugal, como membro fundador da NATO e assíduo participan-te nas Operações que a Aliança tem executado, será seguramente convidado a participar nos próximos Bold Alligator, condição es-sencial para permanecer ligado ao incremento e consolidação dos níveis de interoperabilidade entre as Marinhas e estar na linha da frente das possíveis decisões geo-estratégicas que a NATO tomar.

Barroca ConstanteCFR FZ

Expeditionary OperationsCombined Joint Operations from the Sea Center of Excellence

das observações feitas no espectro das funções de combate e de segurança, abaixo listadas, mostram o caminho a percorrer:

Comando e Controlo (C2)A estrutura de C2 utilizada aplicou a Doutrina experimental da US Navy contida na sua publicação JP 3-02 que estabelece um único comando designado “Commander Amphibious For-ce” (CAF). Este difere do modelo CATF/CLF contido no ATP-8 da NATO.

IntelA comunicação dos produtos de Intel foi o melhor exemplo de

como a divisão dos sistemas de CIS SIPR/CENTRIX dividiu e afetou a execução operacional dentro da coligação. Devem ser conside-rados modelos alternativos de estruturas de Staff bem como um único Sistema de CIS.

ManobraA incompatibilidade das Lanchas de desembarque entre os

LPD’s dos Estados Unidos e da Holanda afetou a capacidade de movimentar forças entre as plataformas, rapidamente e com efi-ciência. À medida que a NATO avança para a “Smart Defense” e procura ser mais interoperável, quer entre os seus membros, quer com parceiros extra aliança, o desenho e construção de meios compatíveis apresenta uma crescente importância. Algu-mas das Táticas, Técnicas e Procedimentos característicos de al-gumas forças demonstraram não ser compatíveis, podendo, no limite, conduzir a situações de fratricídio.

FogosA participação da Allied Naval Gun Liaison Company (ANGLICO)

permitiu que as séries de fogos decorressem sem incidentes, evi-tando qualquer questão de menor interoperabilidade.

SustentaçãoReparações em meios aéreos de parceiros não Americanos,

necessitaram de um longo período em virtude dos constrangi-mentos logísticos que vão desde a alfândega dos Estados Unidos até ao local mais apropriado para executar a reparação. Carece de planeamento cuidado.

Force ProtectionA aplicabilidade de algumas ROE e dos requisitos específicos

orientados para as missões não eram claros entre os parceiros no exercício. Os requisitos e limitações NATO e não-NATO devem ser

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CIBERESPAÇOO 5º AMBIENTE

Desde o início da sua existência que o Homem combate. Co-meçou por fazê-lo em terra, tendo sido esse durante mi-

lhares de anos o único “ambiente” que conhecia e dominava. Depois o Homem começou a explorar o Mar e rapidamente per-cebeu o quão importante seria o seu controlo e o seu domínio, passando assim a serem dois os “ambientes” que explorava e onde combatia. Muitos séculos depois o Homem descobriu o “ambiente aéreo”, e as grandes premissas válidas para o Mar foram quase de forma direta aplicadas ao Ar. Quando muitos pensariam que tínhamos atingido o número máximo de “am-bientes”, e menos de um século depois, surge o Espaço. Agora sim atingimos o limite, pensaria a esmagadora maioria, uma vez que não se vislumbrava a possibilidade de superar o patamar dos quatro “ambientes”. Mas mais uma vez a barreira viria a ser superada, com a descoberta do Ciberespaço.

Olhemos então para este quinto “ambiente” (domain) que, tal como os outros, também adotou um prefixo a aplicar a tudo

que nele acontece, neste caso cyber. Sendo um “ambiente” completamente diferente, partilha importantes semelhanças com os outros. É uma importante via de comunicação, é fun-damental para a manutenção da economia como a conhece-mos hoje em dia, a impossibilidade ou a negação do seu uso tem implicações diretas trazendo enormes prejuízos não só económicos mas também sociais, culturais, políticos, e milita-res. Conseguiu também de imediato o que por exemplo o Es-paço não conseguiu, ser usado por quase todos com imensos proveitos e baixos custos associados. Dito de outra forma, tem hoje em dia um custo/benefício imbatível e, ao contrário do Espaço que para muitos Estados será uma miragem, o Ciberes-paço, tendo sido descoberto depois, é hoje uma realidade para a esmagadora maioria dos países.

Mas o cyber tem uma característica muito importante e que é transversal a todos os outros domínios: pode ser usado tam-bém como ambiente de guerra e de combate. Isto faz de ime-

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quer um dos tradicionais quatro. E se em tempo de paz este ambiente tem a vulnerabilidade e a apetência para ser alvo de ataques que se conhece, imagine-se agora o que se passará numa situação de guerra ou conflito declarado.

Assim é cada vez maior a preocupação de os Estados, per si ou através das organizações em que se encontram inte-grados (e.g. UE, NATO), em criar construir e implementar a

necessária capacidade de defesa, que lhes permita a salva-guarda das suas infraestruturas de informação críticas. A in-teroperabilidade entre países aliados será uma vantagem, mas nenhum Estado deverá ficar dependente de terceiros para a sua ciberdefesa.

Mas para a construção de uma capacidade efetiva de ciberde-fesa, ainda há um longo caminho a percorrer em que variadíssi-mos aspetos têm que ser considerados, como sendo:

1. Criação de centros de formação e desenvolvimento;2. Edificação de infraestruturas e aquisição de equipamento;3. Criação de sistemas de vigilância, aviso e avaliação de danos;4. Constituição de equipas;5. Elaboração de um programa de treino com integração de li-

ções aprendidas;6. Participação em exercícios internacionais;7. Estabelecimento de procedimentos e criação de doutrina e

de uma nova cultura;

diato com que qualquer Estado deva estar pronto para se defen-der e para atacar no sentido de defender os seus interesses. Para além disso, e tal como acontece na guerra convencional, também todos os Estados devem contribuir para que exista uma lei inter-nacional que regule este domínio, e que uma ação hostil neste ambiente seja equiparada a uma ação hostil perpetrada num dos tradicionais ambientes.

Foquemo-nos agora na chamada cyberwarfare. Uma guerra neste ambiente tem características especiais que poderão repre-sentar para quem ataca grandes vantagens em relação aos domí-nios tradicionais. Senão veja-se:

1. O custo. Representa um muito menor investimento. O dinheiro gasto na aquisição e desenvolvimento de material in-formático capaz de provocar danos a um Estado inimigo será incomparavelmente menor que os custos de por exemplo aquisição de meios navais aéreos ou terrestres com capacida-de de combate.

2. A autossuficiência. Não é necessário praticamente qual-quer apoio externo. Não carece de apoio nem de autorização de terceiros para conseguir os meus objetivos.

3. O anonimato. As armas tradicionais transportam consigo o nome do remetente ao passo que um ciberataque protege o nome do seu autor. Para além disso será sempre muito difícil per-ceber se estamos na presença de um ataque deliberado efetuado por outro Estado, ou se se trata de um ataque efetuado por um simples hacker isolado.

4. O acesso e a vulnerabilidade do alvo. A internet foi con-cebida de forma a ser colaborativa e a permitir uma rápida e abrangente propagação da informação, sendo a segurança e a revelação da identidade relegadas para último plano. É assim permitido à ameaça progredir rapidamente e sem barreiras. Ao criar barreiras de defesa eu estou também a prejudicar aquele que eu quero beneficiar, pelo que na maioria dos casos não é feito. Fazendo a analogia com uma força terrestre seria como comparar a progressão de um pelotão numa floresta densa e minada ou num terreno limpo e aberto, sendo que a internet é este último.

5. A abrangência de alvos. Ao contrário dos ataques nos ou-tros domínios que são na sua esmagadora maioria dirigidos a al-vos militares, na cyberwarfare eu executo todo o tipo de ataques podendo por exemplo atingir um Estado no seu sistema financei-ro, na distribuição de energia, no controlo de trafego aéreo, na gestão do sistema global de saúde etc.

6. A capacidade de espionagem. Consigo também através da cyberwarfare executar diversos tipos de espionagem, da área mi-litar à industrial, sem que na maioria dos casos o alvo perceba que está a ser atacado.

7. A distância. Para ataques cibernéticos não existe distân-cia, a facilidade com que ataco a rua do lado é a mesma com que ataco um país nos antípodas. Não preciso de me deslocar nem de ter uma cadeia logística de apoio.

8. Muito menor risco físico para quem ataca. Apesar do domínio cyber ter sido criado pelo Homem e de

forma caótica, não programada ou planeada, tem vindo a re-velar-se tão crítico para a segurança dos Estados como qual-

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8. Identificação de vulnerabilidades;9. Criação de uma arquitetura global de defesa;10. Edificação da capacidade ofensiva;11. Identificação de objetivos e capacidades a atingir (em ter-

mos de defesa e ataque);12. Criação/constituição de um comando para as operações cyber;13. Elaboração e desenvolvimento de planos de operações

(defesa e ataque).Por tudo aquilo que é necessário criar, construir e de-

senvolver, as Forças Armadas serão sem dúvida a institui-ção que melhor preparada e organizada estará para assumir esta tarefa.

Outra questão também a incluir nesta nova realidade é o Di-reito. Também à semelhança do que se passa na guerra dita convencional terão que existir leis, regras de conduta e regras de empenhamento perfeitamente definidas e com a corres-pondente cobertura legal. Haverá regras para aplicar em tem-po de paz e regras a seguir em tempo de guerra. Em 1982, em Montego Bay, na Jamaica, definiram-se as leis para o Mar, tendo sido assinada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar. Não tardará a chegar o dia em que haverá ne-cessidade de definir e positivar o Direito do Ciberespaço. Uma questão importante de abordar, analisar e discutir desde já nesta área, é a legalidade e a legitimidade para atacar. Fala-se sempre em ciberdefesa mas nunca em ciberataque. Poderá ha-ver legitimidade legal para executar um ataque deste tipo. Da mesma forma que pode ser legítimo e legal o emprego de ar-mas convencionais contra alvos predefinidos, também poderá acontecer um ataque informático perfeitamente definido, pla-neado e com total revelação da fonte de origem, legítimo e com a necessária cobertura legal. Este facto só vem acrescen-tar a importância da Cyberwarfare e sublinhar a necessidade dos Estados se preparem para o futuro.

Concluindo, o ciberespaço é já hoje (e com capacidade ex-ponencial para aumentar a sua importância) o sistema ner-voso central dos Estados ocidentais, pelo que a cibersegu-rança é um requisito indispensável e fundamental para a defesa do país. Da mesma forma que até agora temos vindo a defender todo o nosso território nacional, não permitindo ataques ou violações por terra, mar ou ar, teremos que a par-tir de agora, da mesma forma, defender o nosso “território virtual” ou a nossa independência e sobrevivência como Es-tado estará em risco.

De acordo com a esmagadora maioria das leis fundamen-tais dos países ocidentais (no caso de Portugal, a Consti-tuição da República) incumbe às Forças Armadas a defesa militar dos Estados, pelo que estas têm que estar prepara-das para operar nos diferentes ambientes que possam ser usados para a condução de um ataque. Dito de outra for-ma, as FFAA têm que estar preparadas para operar, para defender e para atacar em qualquer dos 5 ambientes de combate possíveis. A tendência natural será, pois, as FFAA começarem por ter capacidade de ciberdefesa das redes e infraestruturas informáticas militares, depois que esten-dam essa capacidade ao espaço virtual nacional e, por úl-timo, que construam a capacidade de ciberataque, passan-do a dispor desta valência para a condução de operações ofensivas. Quanto mais cedo iniciarmos o nosso processo de adaptação a esta nova realidade e avançarmos decidida-mente para a criação e implementação das disciplinas de ci-berdefesa e ciberataque, mais depressa atingiremos o end state pretendido.

Nicholson LavradorCFR

DR

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COMPREHENSIVE APPROACHDOS DESCOBRIMENTOS ÀS COLÓNIAS

PARTE 1

Numa manhã ensolarada, na Messe de Oficiais do Comando NATO em

Oeiras, tive uma conversa muito inte-ressante com um oficial fuzileiro de ori-gem britânica. Ele não se cansou de elo-giar certas passagens da nossa história, dando ênfase aos esforços que Portugal teve durante tantos anos na Guerra Co-lonial em África. Não demorei para co-meçar a defender a ideia de que essa ca-pacidade, sustentada por tanto tempo, hoje podia ser entendida como tendo sido a abordagem holística portuguesa na gestão de conflitos ou crises. A ex-pressão “abordagem holística às opera-ções”, que considero ser uma tradução aceitável, é a melhor aproximação que encontro e que também tenho regista-do em diversos ambientes militares na-cionais para o que a NATO vulgarmen-te designa de Comprehensive Approach (CA) to Operations.

Antes de aflorar o tema principal des-te artigo, recomendo, desde já, a leitu-ra de um extraordinário livro escrito por um autor americano, John P. Cann, inti-tulado Counterinsurgency in Africa: The Portuguese Way of War, 1961-1974 que, de forma ímpar, descreve a inimaginá-vel façanha que Portugal levou a cabo, travando uma guerra em 3 frentes di-ferentes, durante 13 anos, com apenas 100.000 homens e ao longo de extensis-símas linhas de comunicação. John Cann acrescenta que todo este esforço só foi possível devido a uma maneira de ser e estar portuguesas, muito peculiar, e

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que permitiu estabelecer níveis de com-preensão e lealdade duradouros com os povos africanos, como nenhum outro país colonizador foi capaz de alcançar com tanto sucesso.

Existindo muitas definições do que é o CA, dispersas em muita bibliografia e para o qual nem a NATO chegou ainda a um consenso final, na sua expressão mais simples, é por mim entendida como sen-do a sincronização, integração e empre-go operacional dos instrumentos de po-der disponíveis ao estado, em articulação com as estruturas militares e não-milita-res presentes, no sentido de se alcançar de forma holística e eficiente o desejado Estado Final estabelecido pelo poder po-lítico no decurso da resolução de uma si-tuação de crise ou de conflito. A defini-ção aqui exposta, sujeita a outras visões, serve apenas para os efeitos pretendidos neste artigo.

Os paradigmas PMESII1 e DIME2 pre-veem os domínios Político, Militar, Eco-nómico, Social, Informações, Infraestru-turas e Diplomático que, em conjunto, garantem a complementaridade entre os pilares do CA no sentido de estabe-lecer as formas e meios para atingir um determinado fim. De outro modo, mais simples, pode ser entendido como se de uma caixa de ferramentas se tratas-se, com muitos utensílios diferentes, empregues de formas diferentes, por

agentes diferentes contra ou a favor de públicos-alvo diferentes que foram pre-viamente selecionados.

Este artigo pretende, assim, tentar demonstrar os diversos instrumentos militares e não-militares que Portugal utilizou, ao longo dos séculos, e como foram empregues em diferentes am-bientes, tendo em conta tradições, cul-turas, religiões, grupos étnicos e níveis de civilização das audiências a quem fo-ram dirigidos.

O Comprehensive Approach Português dos Descobrimentos às Colónias é uma viagem de 600 anos e muitos ficarão sur-preendidos com a razão pela qual se recua para tão longe na história para predomi-nantemente explicar algo que ocorreu na segunda metade do século passado. Ao longo desta caminhada, espera-se que isso fique mais claro mas, para já, deve-se dizer que só se pode entender por que razão se chega a um determinado ponto na história, se entendermos o nosso passado, de onde viemos e quais foram os principais aconte-cimentos que tiveram lugar nesse percur-so, moldando a nossa mentalidade, fazen-do-nos agir da forma como agimos. Nesta viagem, recordaremos algumas passagens do nosso passado, conectando a história a eventos, eventos a comportamentos e es-tes a ações que, coletivamente, represen-taram um significado relevante no âmbito mais amplo do CA.

Será o CA um novo conceito? Na ver-dade, penso que definitivamente não o é, pelo exemplo que aqui me proponho descrever. Sabe-se que tem sido usado de diversas formas, muitas vezes sem os próprios Comandantes efetivamen-te saberem exatamente o que esperar ou sequer conseguirem antecipar com rigor os resultados finais. Em muitas ocasiões, os acontecimentos desenro-laram-se favoravelmente sem uma cla-ra ou inequívoca explicação, ou tiveram resultados desastrosos, por razões ain-da mal compreendidas.

Mas não é uma novidade. Será que Ale-xandre, o Grande, 330 anos a.C. conside-rou os elementos do CA quando pensou que fosse útil promover casamentos dos seus súbditos leais com mulheres dos di-versos territórios que ia conquistando, para assim ir deixando uma “pegada ge-nética” como resultado das crianças nas-cidas no seio desses laços familiares?

Iniciemos, então, a jornada.A extensão da costa de Portugal, com os

seus muitos portos e rios que correm para oeste em direção ao Oceano Atlântico foi sempre um ambiente ideal para criar gerações de marinheiros aventureiros. Como uma nação marítima, na região su-doeste da Europa, os portugueses torna-ram-se líderes naturais de exploração du-rante a Idade Média. Como sabemos, no início do século XV, Portugal era um país

Embarque de D. João, Príncipe Regente, para o Brasil, em 27 de novembro de 1807

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muito pobre, “entalado” entre o Atlânti-co e os reinos de Castela e Aragão. Ficou claro que seria mais fácil atravessar o mar do que a terra, para chegar a outros mer-cados de prosperidade.

Nesta encruzilhada, tornou-se óbvio que o mar era o destino português. Serviu como caminho para chegar a outras pes-soas, culturas, religiões e crenças. Apren-demos desde cedo a saber estar em casa de outrem, tendo cuidado em não impor a nossa vontade sobre a dos outros e, desde cedo, a aceitar as diferenças que existem e facilmente ultrapassá-las. Esta atitude e comportamento foram sendo inegavelmente decalcados no código ge-nético português ao longo dos séculos e hoje é bem reconhecido que todo o por-tuguês se relaciona bem com qualquer um que não represente uma ameaça. As Forças Nacionais Destacadas (FND) no Afeganistão, Kosovo ou Timor, são disso exemplos reiteradamente comprovados. Considero, pois, que esta maneira de ser, este comportamento humano natural, foi extremamente importante para a aplica-ção dos princípios do CA.

As primeiras descobertas no Atlântico da Madeira e dos Açores lideraram os pri-meiros movimentos de colonização. De Ceuta até ao reconhecimento formal de Timor-Leste como um Estado soberano em 2002, o império português foi o mais longo dos modernos impérios coloniais

europeus, estendendo-se por quase 600 anos. De facto, pesquisas recentes têm levado a sugerir que a Austrália também está na lista dos descobrimentos portu-gueses, 250 anos antes de James Cook ter anunciado a sua chegada aos antípodas.

Esta enorme “área portuguesa” serviu como um íman que uniu povos, culturas e nações. A plena compreensão do fator hu-mano presente num determinado ambien-te é basilar para o sucesso da aplicação do CA. O que pode ser óbvio para nós hoje, certamente não foi o caso há séculos atrás. O curioso é que alguns autores defendem que os portugueses, de alguma forma, de-tinham uma extraordinária capacidade, não só para se adaptarem aos outros, mas, mais interessantemente, fazer com que os outros se adaptassem aos portugueses, oferecendo-lhes total lealdade de forma absoluta e estranhamente voluntária.

D. Manuel I foi reconhecido como um dos mais proeminentes Reis da nossa his-tória. Tendo recebido um enorme legado do Príncipe Perfeito, o seu empenho e li-derança contribuíram para a constituição do império português, fazendo de Por-tugal um dos países mais ricos e pode-rosos da Europa na época. Como então referido, ele foi, Pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e Conquistador da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia.

Com um título desta envergadura, o que os portugueses mantinham sempre presentes é que o seu Rei, na verdade, era o líder de todo o então mundo conhecido. Esta consciencialização fortaleceu sobre-maneira a vontade nacional, de todos os portugueses, quer vivessem na metrópo-le, quer estivessem a fazer as suas vidas nalguma colónia.

Esta visão, quase paternal, que se ti-nha do Rei, era a mesma que ele tinha sobre o império português, o que acabou por se destilar no ser e agir dos coloni-zadores sobre os colonizados. Embora os portugueses estivessem a colonizar aquelas terras longínquas para cuidar dos seus interesses, e não sejamos in-génuos pensando o contrário, tínhamos uma responsabilidade nacional para cui-dar dos colonizados e de tratá-los como se dos nossos filhos se tratasse.

Toda a ideia não era dominar vastas áreas do interior, mas manter pontos de comércio fortes com os locais já que o co-mércio era obrigatório − representava a principal fonte de receita do país.

Os portugueses, de facto, tinham um carinho especial e que hoje ainda existe, mesmo que haja muitas histórias e, obvia-mente, muitas situações, que demonstra-ram o contrário. Esta ligação especial foi fundamental para tornar viável a condu-ção da guerra contra os insurgentes com tanto sucesso por tanto tempo.

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como os restantes 9 países de língua ofi-cial espanhola. Isto deveu-se ao facto de o exílio da corte ter levado para o Brasil cerca de 15.000 elementos. Desses, des-taca-se o mais importante, quiçá a primei-ra força expedicionária do mundo, cons-tituída pela Brigada Real da Marinha. A sua função maior era proteger a família real mas também permitiu que a ordem se mantivesse por ser dotada de suficien-te poder e capacidades para combater e contrariar os muitos movimentos popula-res com aspirações independentistas que foram surgindo.

A corte portuguesa no exílio era com-posta por políticos, economistas, pro-fessores, financiadores, médicos, legis-ladores, etc. Isto permitiu que a lei, a ordem, os princípios económicos, as fi-nanças, a justiça, a educação, etc, fos-sem estabelecidos bem cedo no terri-tório. Em muitos aspectos, a edificação do Estado, com leis e regulamentos que ainda hoje vigoram, ocorreu por força da casual circunstância do exílio. Na res-tante América do Sul, movimentos po-pulares semelhantes tiveram lugar le-vando ao estabelecimento de poderes locais que mais tarde permitiram as in-dependências da coroa espanhola.

A profunda compreensão do Estado Final Desejado da coroa foi também ali-cerçada por uma governação e liderança coesas. Não só este facto determinou o ser português em África, como está ple-namente alinhado com os princípios do Comprehensive Approach.

Amaral MotaCFR

Naval Striking and Support Forces NATO, Oeiras

gresso de D. João VI, que já tinha colocado o seu filho e herdeiro, o príncipe D. Pedro IV (de Portugal), como regente do Reino do Brasil. D. João VI partiu para a Europa e o príncipe herdeiro continuou no Brasil governando-o como D. Pedro I (do Brasil) com os Ministros do Interior, das Relações Exteriores, da Guerra, da Marinha, da Fa-zenda e um vasto séquito de conselheiros.

Casado com Maria Leopoldina da Áus-tria, D. Pedro I foi por ela rapidamente convencido de que permanecer no Rei-no como Imperador do Brasil, em vez de voltar para Portugal como um mero príncipe na corte, era claramente van-tajoso. Imperador em vez de Príncipe? Imperador de um território 92 vezes maior do que a metrópole do seu pai? A escolha não ofereceu grandes dúvidas. Com extenso apoio no Brasil, a 07 de se-tembro de 1822, D. Pedro I terá bradado junto ao rio Ipiranga, a sul de São Paulo, “Independência ou Morte”, dando as-sim início ao processo de independên-cia do Brasil.

A mesma pergunta surge novamen-te. O que teve isso que ver com o CA em África? Apesar de este momento da his-tória de Portugal ter sido o início da que-da do império português, curiosamente, apenas no final dos anos 50 do século XX é que esta circunstância foi consciente-mente assumida por Salazar fazendo de África a sua maior prioridade nacional. Para o Presidente do Conselho, a África portuguesa era a última réstia do impé-rio que devia ser preservada a todo o custo, e para tal, todos os instrumentos de poder do estado deviam convergir para que isso fosse assegurado.

Voltando por breves momentos à Amé-rica do Sul, há que observar a circunstân-cia de o Brasil ser o único país de língua oficial portuguesa naquele sub-continen-te, com metade do total da população sul-americana e não se ter desmembrado

Notas

1 PMESII – Political, Military, Economic, Social, Intelligence and Infrastructural.2 DIME – Diplomatic, Informational, Military and Economic.

Recuemos agora um pouco ao início do século XIX. Com o exílio da corte portu-guesa, por força das invasões francesas no final de 1807 e início de 1808, Portugal ficou com uma parte substancial da go-vernação do seu império instalada no Bra-sil. Surge a pergunta – o que terá o exílio da corte portuguesa que ver com a forma como se conduziu a guerra em África 140 anos depois?

Pois bem, entendo que o CA não é algo que se possa ligar e tocar, plug and play como diriam os saxónicos. É antes uma semente que se planta e, na maioria dos casos, leva muitos anos para produzir os desejados efeitos. Não podemos falar do CA se não o enquadrarmos no ambien-te em questão e sem conectá-lo à histó-ria que o moldou num determinado mo-mento. A passagem pelo Brasil esculpiu ainda mais a mentalidade portuguesa que permitiu criar um ambiente favorá-vel para a condução das ações militares em África.

A terra que hoje conhecemos do Car-naval, futebol e samba foi, como é sabi-do, reivindicada por Portugal em Abril de 1500, com a chegada da frota portugue-sa comandada por Pedro Álvares Cabral. Portugal ali encontrou nações indígenas, divididas em vários tribos, a maioria das quais compartilhavam a mesma família linguística tupi-guarani, e que disputavam o território. Não demorou muito para que os diferentes grupos étnicos se viessem a misturar. O ditado popular que diz, “Deus inventou os brancos e os negros, mas foi o português que inventou a mulata” en-carna bem este processo de miscigena-ção. Até nos faz lembrar os casamentos que Alexandre havia promovido. Sem sur-presa, a história repetiu-se muitos séculos mais tarde.

Não obstante a família real se ter exi-lado e ter permanecido no Brasil por 13 anos, as cortes na metrópole exigiam o re-

O mapa do mundo na figura ao lado, apenas serve para fazer um enquadramento, descrevendo as áreas de domínio ou presença por-tuguesa desde 1415, quando Por-tugal adquiriu a primeira das suas possessões ultramarinas com a conquista de Ceuta, Marrocos. As marcas vermelhas representam as posses territoriais e a área azul representa o que ficou conhecido como sendo "O Mar Português", e que foi mantido por 400 anos até à independência do Brasil em 1822.

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OS SABRES DE ABORDAGEME AS ESPADAS DE COMBATEDA MARINHA PORTUGUESA

Na Armada, a espada, arma branca de-vidamente regulamentada, era − e

ainda continua sendo − o apanágio dos Oficiais. Por seu lado, o sabre de aborda-gem terá sido usado na Armada, prova-velmente, até finais do século XIX, prin-cípios do século XX. Pese embora o sabre de abordagem não tenha sido especifica-mente atribuído aos Oficiais, o seu uso para o combate, entre estes, era comum a bordo dos navios da Armada Real Por-tuguesa. Ao contrário das espadas dos Oficiais, que eram adquiridas pelos pró-prios, os sabres eram fornecidos pela Marinha e transportados nos navios.

Do século XVIII chegou-nos um sabre ru-dimentar, com folha curva, guarda em for-ma de concha e punho em osso de vaca, provavelmente trabalho dum armeiro ou ferreiro português. Esta arma, duma certa rusticidade, de que se conhecem apenas dois exemplares idênticos, um numa co-lecção privada (R. Daeanhart), outro numa colecção pública (Museu Municipal da Fi-gueira da Foz), dá-nos uma ideia do arma-mento usado pelos marinheiros a bordo das nossas naus, por volta de 1700-1750 (Fig. 1). Conforme já foi referido, a Brigada Real de Marinha, por Alvará de 1797, usa-va sabres (Oficiais, Marinheiros Artilheiros e Atirador Especial das Vergas).

O sabre era uma arma de combate de lâmina mais grossa e larga do que a da espada de Marinha, geralmente mais eficiente para conduzir ou impedir uma abordagem do que a espada ou o espa-dim. O copo de ferro do sabre oferecia, em combate, uma boa protecção para a mão do marinheiro e a sua lâmina, mais grossa, larga e ligeiramente curva, era ainda muito útil para pranchar, talhar ca-bos, malaguetas e libertar espaços nos conveses e cobertas de navios à vela. Convém notar que, em 1804, um ano an-tes da batalha naval de Trafalgar, a “Royal Navy” já se tinha dotado de um mode-lo regulamentar de sabre, o modelo “Sea Service”, mais conhecido por “Figure of Eight”. Esta arma, de lâmina direita de

Fig. 1 − Sabre de Abordagem do Século XVIII (Fabrico Português (?).

Fig. 2 − “Figure of Eight”. Modelo de Sabre Regulamentar “Sea Service” da Royal Navy, 1804 (Fabrico Inglês).

Fig. 3 − Sabre inspirado no “Figure of Eight”, Inícios Século XIX (Fabrico Português).

850 mm, com o seu copo inconfundível formado por dois discos em forma de 8, foi muito difundida a bordo dos navios e nos “territórios de Sua Majestade” e também abraçada por Marinhas alia-das, tendo sido largamente copiada. No caso português, um documento citado por José António Faria e Silva no seu livro “Armamento Ligeiro da Guerra Peninsu-lar” refere que, em Junho de 1808, em plena sublevação popular contra os ocu-pantes franceses, chegaram a Portugal, entre outras armas vindas de Gibraltar, cerca de 500 sabres do tipo “Sea Service” (Fig. 2). Quanto a variantes de época des-sa arma de combate, o Museu Municipal da Figueira da Foz conserva um belíssi-mo exemplar de fabrico português, com um copo em forma de “Figure of Eight”, mas, contudo, com um punho de marfim e com uma lâmina curva mais curta do que a do modelo oficial inglês (720 mm), dotada de goteira. Para que não restem dúvidas quanto à origem do seu fabrico, lê-se, na lâmina, a inscrição “Viva o Nos-so Dom João” (Dom João VI) (Fig. 3).

O uso de armas de combate a bordo de navios da Armada é, por exemplo, docu-mentado em 1815 na "Relação de Sobres-salentes e Munições de Boca de Guerra" da fragata portuguesa Graça Fénix que, para uma viagem de 3 meses, levava 40 espadas1. O mesmo sucede em 1857 com a fragata Dom Fernando II e Glória em cujo registo constavam 42 Sabres e suas bai-nhas. Essas armas eram geralmente trans-portadas colocadas em armeiros, ou en-caixotadas nos tombadilhos ou castelos

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Notas

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Fig. 4 − Sabre de Abordagem do Século XIX (Fabrico Inglês).

Fig. 5 − Reconstituição de Armeiro para Sabres, na Segunda Coberta da Fragata D. Fernando II e Glória.

dos navios, debaixo de guarda de sentine-la. Sabemos, por portaria de 1863 da nos-sa Armada, relativa a “espadas de aborda-gem”, que estas são “adoptadas em todos os navios de Estado”. Nessa altura, na Ma-rinha Portuguesa, essa arma era muito influenciada pelo modelo Regulamentar de 1845 da “Royal Navy”, evolução do sa-bre de 1804. Arma bastante rústica, com o copo geralmente envernizado de preto para evitar a oxidação, deveria, segundo

uma Portaria da Armada Portuguesa de 1863, ter as seguintes dimensões: “Cum-primento da Folha: 740 mm, largura jun-to aos copos: 50 mm, punho: 130 mm, co-pos envernizados de preto” e “bainha com guarnições de metal amarelo”2 (Fig. 4, mo-delo Inglês de sabre de abordagem).

A “Ordenança Geral da Armada” de 1866 estabelecia, na sua “Tabela do servi-ço no porto, durante o verão”, que às Quin-tas-feiras decorreriam duas horas e meia

de “Exercícios de fuzilaria e de sabre”. O sa-bre foi de facto a última arma branca para uso em combate na Marinha. Em finais do século XIX, o Regulamento da Armada de 18863 determinava que “Os Oficiais do Cor-po de Marinheiros, quando incorporados em forças de desembarque, usarão arma-mento como os inferiores do Corpo”, entre os quais “sabre e correame”. Para os Ofi-ciais, a Ordem da Armada de 1889, relati-va ao “Equipamento das Forças de Desem-barque”, estabelecia o uso de “Espada” e de Revólver “Abadie”. Finalmente, outro Decreto da Marinha, datado de 1890, es-tipulava que “O armamento dos Oficiais Inferiores e das Praças de Marinhagem, é a carabina, sabre e correame, como este-ja em uso a bordo dos navios de Estado”4.

Em Portugal, os exemplares de sa-bres de Marinha que chegaram aos nos-sos dias são geralmente alemães, pro-venientes de Solingen, nomeadamente da Casa WKC (Weyersberg Kirschbaum & Co.), ou de fabrico inglês, onde aliás foram fabricados os sabres de abor-dagem para a "Royal Navy" até 1905, por vezes montados em lâminas Solin-

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Notas

1 Arquivo Geral de Marinha, Documentação Avulsa, Caixa nº 439, Material de Guerra. Segundo Augusto Salgado − "O Armanento Naval" em: "Navios, Marinheiros e Arte de Navegar, 1669-1823", Academia de Marinha, Lisboa, 2012 −, eram cerca de 40 Espadas em navios de 54 peças, esse número aumentando para cerca de 160 espadas em navios de 74 peças.2 Portaria de 19 de Dezembro de 1863.3 Diniz L.S, Carlos: "Repertório da Legislação Permanente da Armada, referido 30 de Junho de 1891", Vol. I e Vol. II, Lisboa.4 Decreto de 27 de Março de 1890, relativo ao Corpo de Marinheiros.5 Que vem substituir o "Batalhão Naval".6 Por razões de “pureza”, hoje poderá ser utilizado óleo de linhaça purificado.

Fig. 7 − Modelo actual de Sabre da Fanfarra da Armada (Fabrico Português (?).

Fig. 6 − Plano de Uniformes da Armada, de 16 de Setembro de 1959 (Banda da Armada e Fanfarra da Armada).

Fig. 9 − Banda da Armada a desfilar. Os Músicos, envergam Espadim, e os Oficiais envergam Espada.

Fig. 8 − Músico da Fanfarra da Armada, envergando Sabre.

gen. Dos meados do século XIX conhe-cemos, igualmente, vários modelos de sabres--baionetas, adoptados pela Ma-rinha Portuguesa, nomeadamente após a criação do “Corpo de Marinheiros”5, em 1851. Geralmente de fabrico inglês, essas armas adaptavam-se à espingar-da Enfield (transformada em Snider), modelo de 1869 (sabre-baioneta de lâ-mina ligeiramente curva) ou à espingar-da Martin--Henry, modelo de 1876 (sa-bre-baioneta de lâmina direita, muito semelhante à do sabre de abordagem). Conhecemos igualmente outro sabre-baioneta, muito invulgar, fabricado em Inglaterra para o mercado português, modelo curto e terminado em ponta, arma quase exclusivamente usada na nossa Armada e que consistia igualmen-te na adaptação dum sabre de comba-te ao cano duma espingarda de Marinha da marca inglesa Mont-Storm. A Ordem da Armada nº 11, de 1888, descrevia os métodos e tipos de limpeza dos sabres-baioneta. Era utilizado azeite purificado através de chumbo fundido6.

Consta no Regulamento de Uniformes da Armada de 1959, como reminiscência do uso de sabres na Marinha Portugue-sa, o uso na Fanfarra da Armada de sabre com lâmina de 2 gumes de 680 mm, pu-nho de madeira, terminada por uma cabe-ça de leão de metal branco (ver Imagem nº 6). O modelo e o porte desta arma, nos dias de hoje, são confirmados pelo RUMM (Regulamento de Uniformes dos Militares da Marinha) de 1995, sendo, nas suas ca-racterísticas, acrescentadas duas borlas ao punho (Fig.7 e Fig. 8). Outro modelo, ligeiramente diferente, mais próximo do espadim, também com punho de madei-ra, é usado pelos Militares da Banda da Armada (Fig. 6 e Fig. 9).

Dr. Paulo Santos

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico

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ra sua complexidade material, resultante de uma estrutura que é multifuncional e que abrange desde o salvamento marítimo, so-corro a náufragos e assistência a banhistas, assinalamento marítimo, segurança da na-vegação e atos destinados ao seu controlo, proteção meio marinho e combate à polui-ção do mar, serviços de registo patrimonial e inscrição marítima e, no quadro próprio, atos, medidas e procedimentos de polícia e de polícia criminal, acentuando que “A qualificação dos recursos humanos é, sem dúvida, um requisito fundamental para que a AM responda aos permanentes desa-fios do cumprimento das suas amplas mis-sões, sendo que, numa área tecnicamente tão abrangente, complexa e exigente como é a Autoridade Marítima, carece, ainda, de institucionalização estruturada do ensino de nível superior, pelo que se afigura indis-pensável e urgente uma parceria com a Es-cola Naval, com vista a organizar formação avançada e acreditada no sistema de ensi-no superior nacional”.

A Secretária de Estado usou da palavra, salientando a importância institucional, para Portugal, de uma estrutura como a Autoridade Marítima Nacional, seus ór-gãos e serviços, sublinhou a amplitude e vastidão do seu quadro de atribuições, e agradeceu aos militares, militarizados e ci-vis que servem naqueles órgãos pelo em-penho com que exercem as suas funções.

O VALM António Manuel Fernandes da Silva Ribeiro nasceu em Pombal, ingressou na Esco-la Naval em 1974 e foi promovido ao posto de Guarda-Marinha a 1 de Outubro de 1978. Es-pecializou-se em Hidrografia e possui o Douto-ramento em Ciência Política, o Mestrado em Estratégia, o Curso Geral Naval de Guerra, o Curso Complementar Naval de Guerra e o Cur-so de Promoção a Oficial General.

Na carreira militar, como oficial general de-sempenhou os cargos de Subchefe do EMA, Diretor-Geral do Instituto Hidrográfico e Su-perintendente do Material. Desempenhou diversos cargos no EMA e no IH, foi Coman-dante do Agrupamento de Navios Hidrográ-ficos, do NRP Almeida Carvalho e do NRP An-drómeda. Prestou serviço no SIEDM, no IDN e na DGPDN−MDN. Como oficial subalterno desempenhou diversos cargos no IH e a bor-do de unidades navais.

Na carreira académica é professor catedráti-co convidado do ISCSP, professor militar da EN e professor coordenador do ISCIA. Tem vasta obra publicada em Portugal e no estrangeiro.

É membro do Grupo de Estudos e Reflexão Es-tratégica da Marinha, da Academia de Marinha e de diversas organizações relacionadas com os estudos do mar, da defesa e da segurança.

TOMADA DE POSSE DIRETOR-GERAL DA AUTORIDADE MARÍTIMAE COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MARÍTIMA

Decorreu no dia 4 de março, no Salão Nobre da Direção-Geral da Autori-

dade Marítima (DGAM), a cerimónia de tomada de posse do VALM António Silva Ribeiro como diretor-geral da Autoridade Marítima e, por inerência estatutária, de comandante-geral da Polícia Marítima, a qual foi assumida perante a Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, Dra. Berta Cabral, e a Autoridade Maríti-ma Nacional, ALM Macieira Fragoso.

Estiveram presentes, além de familiares do VALM Silva Ribeiro, a Secretária-Geral do Sistema de Segurança Interna, Dra. Helena Loureiro Correia Fazenda, e o Secretário--Geral do Sistema de Informações da Repú-blica Portuguesa, Dr. Júlio Alberto Pereira, Deputados da Assembleia da República, os diretores-gerais do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e da Direção-Geral de Política do Mar, outros representantes das direções nacionais e comandos-gerais das forças e serviços de segurança, e de várias Direções--Gerais e Institutos Públicos, dois ex-Chefes do Estado-Maior da Armada e Autoridades Marítimas Nacionais, um ex-diretor-geral da Autoridade Marítima, oficiais generais dos três Ramos, e representantes dos militares, militarizados e civis que prestam serviço nos órgãos e serviços da Autoridade Marítima Nacional e em unidades e serviços da Mari-nha, numa cerimónia que contou com mais de 2 centenas de presenças.

No discurso que proferiu, o VALM Silva Ri-beiro privilegiou, fundamentalmente, duas áreas, uma relativa ao relacionamento ins-titucional entre a AMN e a Marinha, e outra respeitante às grandes linhas de atividade da DGAM e da PM, e prioridades a assumir. Quanto à primeira, e aludindo ao que é es-

truturante naquela relação, o VALM Silva Ri-beiro referiu que “O presente modelo de re-lacionamento institucional entre a AMN e a Marinha é resultante de um longo processo de evolução, maturado, consistentemente, ao longo dos dois últimos séculos, sempre na busca da sua adequabilidade às necessi-dades marítimas do país, às circunstâncias da conjuntura nacional e internacional, às imposições da protecção e preservação do meio marinho, às crescentes exigências im-postas pelos regimes enquadrantes do co-mércio e transportes marítimos, e pelo con-trolo dos índices de segurança marítima”.

Sublinhando alguns passos que foram consistentemente dados no sentido da clarificação institucional que resultou da reforma de 2002, e do diploma publica-do a outubro de 2012, aduziu, ainda, que “Esta reforma legislativa trouxe uma nova realidade ao relacionamento institucional entre a AMN e a Marinha, resultante do facto da AMN ter deixado de estar, legal e estruturalmente, inserida na Marinha, ganhando uma identidade própria. Vive-mos, pois, um tempo institucional no qual existem duas entidades que, embora pos-suam funções complementares e solidá-rias destinadas, no essencial, a permitir a Portugal usar os seus espaços marítimos, dispõem de âmbitos de competência dife-rentes e distintos, em virtude, entre outros aspectos, da natureza dos desafios que esse uso do mar implica”.

No quadro da atividade dos vários seto-res técnicos da DGAM − quer no âmbito dos serviços centrais e direções técnicas, quer no âmbito da estrutura desconcen-trada −, o ALM Silva Ribeiro salientou quer a vastidão das matérias envolvidas, quer a

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do a navegar no Estreito de Gibraltar, estando o navio empe-nhado operacionalmente na campanha de pesquisa científica MEDITGIB III, com o objetivo de recolha de uma amarração correntométrica, bem como a recolha de dados de oportu-nidade com perfis Acoustic Doppler Current Profiler (ADCP).

O Dia da Unidade foi comemorado no final do dia, com a or-ganização de um jantar volante, após o qual o Comandante do navio, CTEN Marques Peiriço, dirigiu algumas palavras de apreço e reconhecimento a todos os militares da guarnição, seguindo-se o bolo de aniversário e um brinde ao navio. Parabéns ao NRP Al-mirante Gago Coutinho e à sua guarnição, bem como a todos os que contribuíram para o cumprimento da missão ao longo destes 15 anos de história.

Colaboração do COMANDODO NRP ALMIRANTE GAGO COUTINHO

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ANIVERSÁRIOS

Durante o mês de fevereiro diversas Unidades celebra-ram o seu dia. A Revista da Armada associa-se a esta

efeméride, endereçando os parabéns aos Comandantes/ /Diretores e respetivas Guarnições.

NRP Sagres 08 fevereiroCentro Integrado de Treino e Avaliação Naval (CITAN) 19 fevereiroDireção de Infraestruturas (DI) 26 fevereiroNRP D. Carlos I 28 fevereiroNRP Águia 28 fevereiro

NRP ALMIRANTE GAGO COUTINHO15º ANIVERSÁRIO

No passado dia 26 de janeiro, celebrou-se o 15º aniversário do NRP Almirante Gago Coutinho que este ano foi passa-

O almoço terminou com um brinde à Marinha, à Barca e a todos os que nela serviram.

Colaboração do COMANDO DO NRP SAGRES

NRP SAGRES53º ANIVERSÁRIO

O NRP Sagres cumpriu em 8 de fevereiro o seu 53º aniversá-rio ao serviço de Portugal.

Tendo sido aumentado ao efetivo da Marinha em 30 de ja-neiro de 1962, o dia da unidade é contudo tradicionalmente celebrado no dia 8 de fevereiro, data em que no ano de 1962, foi içada a bordo pela primeira vez a Bandeira Nacional.

No âmbito da comemoração do dia da unidade de 2015 fo-ram organizadas atividades desportivas que decorreram duran-te a manhã e em seguida realizou-se um almoço de convívio com a guarnição. Neste ano, em virtude de o navio se encontrar em fabricos, em doca seca no AA, SA, o almoço foi realizado com o apoio da Base Naval de Lisboa (BNL) permitindo que fos-se transposto o ambiente de bordo para a sala nº 2 da Messe de Sargentos da BNL.

Antes da abertura do bolo comemorativo o Comandante do navio, CFR Alcobia Portugal, dirigiu algumas palavras à guarni-ção, enaltecendo e reforçando o espírito de missão deste navio-escola para que se continuem a cumprir com distinção as suas missões de instrução e de embaixador itinerante, fazendo chegar um pouco de Portugal às comunidades portuguesas pelo mundo.

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Foi com um elevado sentimento de orgulho que a guarnição do NRP Águia comemorou o 40º aniversário da sua Lancha de Fis-

calização, concluído em 28 de fevereiro do presente ano.A comemoração decorreu no curso de uma missão atribuída à

Zona Marítima do Centro, o que enalteceu e honrou o significado desta efeméride.

Têm sido quatro décadas a cruzar todo o território marítimo continental, nas quais o NRP Águia tem desempenhado missões atribuídas às Zonas Marítimas do Norte, do Centro e do Sul, usu-fruindo de todos os seus portos de atracação.

No âmbito desta celebração, realizou-se um almoço a bordo deste resistente navio com a sua guarnição atual, atracado no Porto de Abrigo de Sesimbra. O evento, que contribuiu para o convívio entre todos, num ambiente familiar, terminou com o corte do bolo comemorativo.

Foi um dia cujo destaque se atribuiu a todos os marinheiros e a quem com eles trabalharam, que contribuíram – e continuam a fazê-lo – para que esta Lancha de Fiscalização ainda finalize as suas missões com sentimento de dever cumprido, ao serviço da Marinha Portuguesa. Acreditamos que continuará a finalizar.

40 anos na crista e na cava do mar de Portugal: “A Pátria hon-rae que a Pátria vos contempla”.

Colaboração do COMANDO DO NRP ÁGUIA

bilidade das águas costeiras e interiores, da participação e apoio a operações em terra, e, por fim, do exercício da autori-dade marítima nos principais portos in-seridos naqueles territórios.

Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA

NRP ÁGUIA40º ANIVERSÁRIO

ACADEMIA DE MARINHA

Na sessão cultural de 10 de feverei-ro foi feita a apresentação do últi-

mo livro editado pela Academia de Ma-rinha – “Actas do Seminário A Marinha em África (1955-1975). Especificidades”.

Conforme salientou o Presidente Nuno Vieira Matias, “é importante que fiquem para a história os factos, e não as versões romanceadas por aqueles que nunca os viveram e que, por vezes, não têm pela verdade o respeito que nos deve mere-cer”, acrescentando que o seminário, para além da oportunidade de informar e de-bater a acção da Marinha na Guerra do Ul-tramar com os alunos do Instituto de Estu-dos Superiores Militares – onde decorreu – também “abria a possibilidade de vir a publicar os textos das intervenções, trans-formando-as em documento perene”.

Organizado conjuntamente pelo IESM e Academia de Marinha, o evento teve lu-gar em 25 de outubro de 2012, dividido em dois painéis, moderados pelos almirantes Francisco Vidal Abreu e José Castanho Paes.

Ao fazer a sua apresentação do livro, o aca-démico Vidal Abreu salientou que o tema do painel por si moderado – “O Poder Marítimo Nacional e a Independência Estratégica” –– “embora enquadrado na acção da Mari-nha em África e balizado no tempo (1955-

-1975), se mantém profundamente actual”, acrescentando que “um país sem poder ma-rítimo está limitado nas suas estratégias, fi-cando totalmente dependente do apoio de amigos e aliados e das estratégias de tercei-ros”. O orador lembrou que “ao tempo em que decorreu este painel corria o último processo de revisão do Conceito Estratégico de Segurança e Defesa Nacional, o que redo-brava a importância desta iniciativa. Assim tivessem sido lidos, ouvidos e entendidos por quem de direito os “ensinamentos ou conclusões úteis para a formulação de uma estratégia marítima nacional no momento presente”, como constava dos objectivos deste seminário. Tal não sucedeu”.

Na segunda apresentação do livro, pelo moderador do painel subordinado ao tema “A Marinha nos Três Teatros de Operações – Guiné, Angola e Moçambi-que”, o académico Castanho Paes referiu os aspectos mais salientes das missões desempenhadas pela Marinha no âmbi-to da protecção das fronteiras marítimas, fluviais e lacustres contra a penetração e infiltração de forças inimigas e dos seus reabastecimentos, do controlo das vias de comunicação marítimas e fluviais e protecção da respectiva navegação, da manutenção das condições de navega-

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• NOVOS PROTOCOLOS MDN

Teen Academy – academia de apoio escolar que diz se “preocu-par em desenvolver estratégias coerentes de estudo e apoio escolar”, abrangendo várias modalidades de estudo, desde o 1º ciclo ao ensi-no superior. Possui ainda outras valências, tais como: psicologia clí-nica, psicologia educacional e programas de apoio psicopedagógico.

NOS – mensalidades reduzidas com comunicações incluídas, acesso a tarifas exclusivas, descontos exclusivos em telemóveis e condições exclusivas para kanguru são algumas das condições preferenciais elencadas neste protocolo.

Ortorestelo – trata-se de um espaço ortopédico que diz procurar “dar uma resposta abrangente a todo o tipo de necessidades: pedia-tria, sénior, beleza e bem-estar, podologia e gravidez e pós-parto”.

Estação de Serviço do Restelo – localizada na Rua dos Jeróni-mos (em frente à Casa Pia), a Estação de Serviço do Restelo possibilita aos beneficiários descontos na aquisição de pneus, peças e outros serviços.

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SAIBAM TODOS

• NOVOS PROTOCOLOS MARINHA

Grupo Alif Sénior – protocolo de cooperação entre a Marinha e o grupo Alif Sénior, no âmbito do apoio à tercei-ra idade. A parceria prevê que os bene-ficiários possam recorrer aos serviços

dos seguintes lares: “Jardim dos Avós” (Sobreda da Caparica), “Residência Yasmin” (Caldas da Rainha), “Villa Máryah” (Palme-la) e “Residência Fátima Park” (Palmela).

Casa de Repouso Solar de Santa Margarida – localizada na So-breda, trata-se de uma unidade de apoio ao idoso (serviços ge-riátricos) que dispõe de serviços médicos, enfermagem, análises clínicas, fisioterapia e animação.

Colégio S. Filipe – parceria de cooperação com o Colégio S. Fili-pe, no âmbito do apoio ao ensino. Sediado em Setúbal, o Colégio S. Filipe encontra-se aberto os doze meses do ano. Possui creche, jardim-de-infância, 1º, 2º e 3º ciclos e, pretende brevemente im-plementar berçário e ensino secundário.

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CLUBES E ORGANIZAÇÕESDE RADIOAMADORES DE MARINHAS EUROPEIAS

NRA Núcleo de Radioamadores da Armada – Portugal PNBMARS Belgian Maritime Amateur Radio Society BMMFCA Marine Funker Club Austria CAFNARS Finnish Naval Amateur Radio Society FNINORC Italian Naval Old Rhythmers Club INMARAC Marine Amateur Radio Club Netherlands MAMF Marinefunker-Runde e.V. – Alemanha MFARMI Associazione Radioamatori Marinai Italiani MIRNARS Royal Naval Amateur Radio Society – Reino Unido RNYO-MARC Romanian Marine Radio Amateur Club YO

dez clubes europeus congéneres. O NRA tem tido, na ocasião, oportunidade para dar a conhecer internacionalmente o pa-trimónio cultural da Marinha Portugue-sa, como seja o caso da fragata D. Fer-nando II e Glória.

José Rafael Costa MAR C 1370/72

CT4GN

Em 1970, despediu-se de Moçambique a fragata D. Francisco de Almeida, após uma comissão de serviço de dois anos.A fragata, entre alguns elementos da sua guarnição, era conhe-

cida pela alcunha carinhosa de D. Chica. Aconteceu que visitando Porto Amélia, uma popular locutora

da Emissora Regional de Cabo Delgado reportou, numa sua emis-são, que tinha aterrado na baía de Porto Amélia a fragata D. Fran-cisco de Almeida.

Na Marinha de Guerra Portuguesa sempre houve “pau para toda a obra“, e havia um sargento (A. Tomares) com dotes poéti-cos que, notando essa ligeira fragilidade de expressão da popular locutora, não deixou de lhe dedicar uns versos quando da saída da fragata com rumo à Metrópole.

Homenagem singela da “malta” da “Dona Chica” à mais po-pular locutora de Cabo Delgado, Porto Amélia, em 23 de maio de 1970.

Batista Velez1TEN OTT REF

ESTÓRIAS 11

"D. CHICA"

NÚCLEO DE RADIOAMADORES DA ARMADA

NOTÍCIA

Para si Maria Luísa Uma despedida concisa Da “malta da D. Chica” Que agradecida fica P'las horas de locução Que ouvia com devoção

Vamos partir, é a vida Sua voz nunca esquecida Havemos de recordar Quando o navio “aterrar” E para nosso deleite Na baía do Alfeite Quando a saudade não foge “No próximo domingo ou seja hoje” Ela de dor já der mostras “Amor salta-me nas costas” Olha que não é nada mau “Vão ouvir a Sandy “Cháu”

Mas estas patacoadas Que saem sem ser esperadas Na sua grande Emissora Creia minha senhora Não ficam nada mal É que aqui, também é Portugal

O NRA, no fim de semana de 9 e 10 de agosto passado, procedeu à ativa-

ção do Aquário Vasco da Gama. Ao longo destes dois períodos foram contactadas 176 estações, sendo usados três modos de emissão: CW, SSB e PSK 31. Apesar da propagação não nos ter beneficiado como gostaríamos, conseguimos divul-gar, pelos cincos continentes, o nome

do Aquário Vasco da Gama, a sua loca-lização, o interesse científico e histórico, sendo lançado um generalizado convite para uma eventual visita.

No fim de semana imediato, 16 e 17 de agosto, integrado no ILLW – International Lighthouse Lightship Weekend, um dos eventos radioamadorísticos mais partici-pado a nível mundial, o NRA esteve ativo a partir do farol de Sines com duas esta-ções, emitindo em CW e SSB, que estabe-leceram 415 contactos.

No INC – International Naval Contest, realizado em 13 e 14 de dezembro úl-timo, edição organizada este ano pela FNARS – Finnish Naval Amateur Radio Society, esteve presente o NRA com uma estação CS5NRA na nossa sede e a CS5D-FG a bordo da Fragata D. Fernando II e Glória. Foram efetuadas pelas duas esta-ções 138 contactos, 90 dos quais a partir da CS5DFG. Este concurso é sempre uma atividade anual muito concorrida cuja organização varia, por rotação, entre os

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A primeira notícia que recolhi acer-ca desta doença foi no chamado Roteiro da Viagem de Vasco da Gama, cujo autor anónimo, após relatar o longo período gasto na travessia do golfão, no regresso da Índia, deixou escrito o seguinte:

“... que três meses menos três dias gas-támos nela; isto com muitas calmarias e ventos contrários, que em ela achámos, de maneira que nos adoeceu toda a gen-te, das gengivas, que lhes cresciam sobre os dentes em tal maneira que não po-diam comer; e, isso mesmo, lhes incha-vam as pernas, e grandes outros incha-ços pelo corpo, de guisa que lavravam um homem até que morria sem ter outra nenhuma doença“ acrescentando ainda que era sua convicção de que se a via-gem durasse mais quinze dias não have-ria quem governasse os navios.

A partir deste relato poucos são aque-les que, reportando-se às viagens efec-tuadas pelos portugueses, não contêm referências à doença e às muitas baixas por ela provocadas. Também é constante, nesses mesmos relatos, a indicação das várias tentativas terapêuticas para debe-lar tal flagelo, com práticas tão absurdas como era o corte do inchaço das gengi-vas, seguido do bochechar com vinagre e até, pasme-se, com a própria urina, isto para além das habituais purgas e sangrias, práticas essas claramente demonstrativas do desconhecimento quanto às causas da doença e do desespero e impotência quanto ao seu tratamento.

A doença, passado algum tempo, co-meçou a ser chamada, e assim era conhe-cida, como o Mal de Luanda, cidade esta onde, em 1770, vivia o médico Francisco Damião de Goes que, nesse ano, publicou um Tratado sobre o Escorbuto.

O Tratado começava exactamente por contestar a designação de Mal de Luanda pois, como referia, a doença não era en-démica e só surgia nas pessoas que chega-vam de longas viagens pelo mar, nas que viviam nas prisões ou também nas que le-vavam uma vida ociosa e pouco higiénica.

Segundo o seu parecer os mareantes gordos ou aqueles com ventres volumosos eram os mais propensos à doença, consti-

tuindo aquilo a que, nos nossos dias, de-signaríamos por “Grupos de Risco“.

Após uma descrição da sintomatologia da doença era recomendado que os doen-tes, logo que desembarcassem, fizessem exercício físico diário, vivessem em casas limpas e perfumadas, ou seja, sem cheiros fétidos, bebessem água pura e bom vinho e se alimentassem moderadamente.

Já que no que se refere à alimentação aconselhava a ingestão de caldos de ani-mais tenros, nomeadamente vitela, fran-go ou cabrito, cozidos com alfaces, alhos, cebolas, hortaliça fresca e sumo de laran-ja e, na falta de hortaliças e frutas, dever-se-iam consumir caldos de arroz.

Para o tratamento das gengivas e dos dentes, que frequentemente apodreciam, o Tratado recomendava o uso de água com mel rosado.

Caso a dieta e o tratamento indicados não lograssem qualquer efeito haveria, então, necessidade do doente se sujeitar a purgas.

Nota: É curioso que, apesar de já te-rem sido feitas anteriormente experiên-cias que demonstravam que a ingestão de sumo de limão era suficiente para o combate da doença, originada pela ca-rência da vitamina C, ainda esse facto não fosse reconhecido.

Com. E. Gomes

ESCORBUTO

VIGIA DA HISTÓRIA 73

Fonte

Studia nº 20/22.

N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfico

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DR

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nhos feitos poder dar conta, é um dos mistérios da (minha) vida… Digamos que, sem eu saber, tudo me preparou para aquele pre-ciso momento, em que se define o sentir de uma pessoa, de um Médico (Naval)… o sentir de uma vida…

Vamos, por certo, falar da escola contruída, dos botes, do calor, da humidade e, particularmente, vamos sentir a alegria de voltarmos a estar juntos… vamos falar, se quiser o leitor paciente, do muito que o “mar nos deu”. Irá estar lá, talvez, um antigo Imediato que partilha os meus nomes cristãos, um outro Oficial que me ofereceu um livro sobre aves (… um dos meus interesses escondidos), talvez até esteja o sargento co-municativo que me acordou, porque um tio meu insistiu em lembrar-se que eu fazia anos… Do mais pequeno ao maior, es-tarão lá os meus irmãos, num sentir que só a idade pode fazer compreender totalmente…

Aquele mar, contar-vos-ei por fim, deu-me alma… permitiu--me aceitar segredos insondáveis, perseguir verdades longín-quas, espantar quem não conhece os segredos do nevoeiro. Este mar sou eu, somos todos os que já fizeram parte de uma qualquer guarnição, os que enjoaram, perderam a esperan-ça no azul do céu longínquo no meio da tempestade, viram nascer na distância os filhos, sofreram… O mar temeram, mas também amaram…

O mar seguramente é poderoso e dá-nos muito…. Não se pode governar mundo sem ele…

Doc

NOVAS HISTÓRIAS DA BOTICA 42

O QUE O MAR ME DEU...

“… O mar dá muito, e crede que nãose pode o mundo sem ele governar, e pode muito e tem tal coraçãoque nada pode dominá-lo; por isso também é temido, que não sei quem o não tema, e contar-vos-eiainda mais e julgai-me então…"

Pai Gomez Charinho, Poeta, Pontevedra, 1225-1295

Recebi a mensagem. Fiquei quieto na alma… Ali, em silêncio!Recordei o poema acima, que fala do mar, tudo o que ele é

e tudo o que nos pode dar. Lembrei-me, então, de tudo o que o mar já me deu, tudo a propósito daquela mensagem. Deci-di “contar-vos ainda mais”, para que possam ajuizar de mim e do mar…

A mensagem era um “toque a reunir”. Um convite para uma reunião/almoço… a propósito da missão da Vasco da Gama, em Timor. Não houve, na minha alma (e na de muitos), missão como esta. O mar de Timor trouxe-me tanto, que talvez nunca seja possível cantá-lo de forma a fazer justiça, de forma a esta-belecer retribuição…

Em primeiro lugar, permitiu-me um conhecimento profundo de um povo amigo e o reconhecimento de formas de sofrimento, que ainda hoje lembro no mais íntimo do ser e explico aos alunos que agora tenho. Foi lá que descobri que, com “ganas de curar”, se podem fazer milagres. Foi lá que bem percebi a magia de estar vivo… a diferença entre o ser e o sentir…

Fiquei com a alma cheia e, ocasionalmente, ainda verte. É assim quando falo de determinada missa, em Manatuto, onde os devotos acorriam descalços sobre terreno áspero à comu-nhão… Terá sido da luz da manhã, ou do sentir da gente, mas muitos marinheiros se emocionaram então… e eu ainda me emociono, na recordação…

Mas o mar deu-me bastante mais, deu-me um Van Gogh da panificação, um Cardeal Poupas na cozinha, e mais de uma cen-tena de homens bons, que se excederam a si próprios, armados de um porfiar por fazer bem, que eu desconhecia. A um coman-dante gentil, que já fez a viagem para a outra costa, já prestei bastas vezes homenagem… Será certamente lembrado na nossa reunião e, desde a sua partida, até este momento, estou certo que tem tido ventos de feição… pois as pessoas, todas elas, só são esquecidas quando partem sem amigos que delas deem boa conta, deste lado do mar oceano.

Penso (e já tenho afirmado aos amigos chegados) como tama-nha é a ironia da vida. Que uma pessoa, assim estranha como eu, tivesse feito aquela viagem, para agora, anos passados, de tama-

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mas também reduzir o risco de trans-missão da doença aos não vacinados, por redução da circulação do agente e da transmissão da infeção. Há, portan-to, uma proteção indireta dos não va-cinados, à qual se chama imunidade de grupo ou efeito rebanho. Assim, existe um benefício indireto para toda a co-munidade, incluindo aqueles que não ti-veram acesso à vacinação, por exemplo por terem contraindicação para a fazer (grávidas e imunodeprimidos).

No caso do sarampo, a cobertura vaci-nal necessária para imunidade de grupo tem de se situar entre 95 e 98%. Infe-lizmente, nos últimos anos tem aumen-tado o número de pessoas que, ou por não recorrerem aos serviços de saúde ou por adotarem uma postura antiva-cinação, colocam em risco não apenas a sua saúde mas também a imunidade de grupo, afetando assim indiretamente toda a comunidade.

Ana Cristina Pratas1TEN MN

SARAMPO

SAÚDE PARA TODOS 24

A Direção-Geral da Saúde (DGS) emitiu, no dia 27 de fevereiro, um comunicado a propósito do risco de sarampo em viagens internacionais. Em alguns países europeus (especialmente na Alemanha e na Itália), bem como no continente americano, ocor-rem, neste momento, surtos de sarampo. Em vários países asiáticos e africanos esta doença é endémica, nomeadamente em países que mantêm relaçoes estreitas com Portugal, como Angola. Assim, durante viagens internacionais, de qualquer duração, existe o risco de pessoas não imunizadas contraírem sarampo através do contacto com pessoas infetadas em fase de contágio. A DGS destaca que só estão protegidas contra o sarampo as pessoas que já tiveram esta doença ou as que receberam a va-cina. Assim, em caso de viagem para o estrangeiro, a DGS recomenda que, prefe-rencialmente quatro a seis semanas antes da partida, a pessoa se certifique de que está corretamente vacinada, seja através do 'Boletim de Vacinas', seja consultando o centro de saúde da sua área de residência, para verificação do seu estado vacinal.

O sarampo é uma doença viral alta-mente contagiosa que se caracteri-

za por manchas dispersas pela pele após um período prévio de febre alta, mau-es-tar geral, tosse, conjuntivite e corrimen-to do nariz. É transmitida diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasais expelidas ao tossir, espirrar ou falar. Apesar de ser mais frequente em crianças, também pode ocorrer na ida-de adulta. É uma doença habitualmente benigna, contudo, podem existir compli-cações graves, eventualmente fatais, tais como pneumonia e encefalite. A morta-lidade é rara em crianças de boa saúde e nutrição, mas pode atingir os 25% em crianças subnutridas.

A primeira descrição do sarampo é atribuída ao médico árabe Ibn Razi (860-932), conhecido como Rhazes na Euro-pa. Sabe-se que esta doença foi uma das principais responsáveis pela destruição das populações nativas da América, dado que os nativos não possuíam defesas imunológicas contra uma nova doença trazida da Europa, através das embarca-ções de Colombo.

O vírus foi isolado em 1954 e a vacina foi desenvolvida em 1963. Em Portugal, a vacinação contra o sarampo iniciou-se em 1973 com a VAS (vacina anti-saram-po), incluída um ano depois no Progra-ma Nacional de Vacinação. A partir de 1987, esta vacina passou a ser adminis-trada juntamente com a da rubéola e da papeira, constituindo o seu conjunto a vacina tríplice VASPR.

Dado o sarampo ser uma doença exclu-sivamente humana e existir uma vacina eficaz e segura, é uma doença com pos-sibilidade de eliminação. Em 1998, a OMS definiu o ano de 2007 como meta para a eliminação do sarampo na Europa. Este prazo já foi adiado por duas vezes (2010 e 2015) e, numa tentativa de controlar esta doença, foi criado o Programa Europeu de Eliminação do Sarampo. Recentemente a situação epidemiológica agravou-se, com surtos ocorridos na maioria dos 29 países europeus sob vigilância, que somaram, em 2011, mais de 32.000 casos.

Em Portugal, a taxa de vacinação é su-perior a 95% e, segundo dados apresen-tados pela DGS, o sarampo está erradica-do do nosso país pelo menos desde 2004, sendo que a última epidemia desta doen-ça ocorreu entre 1993 e 1994. Na última década têm existido pontualmente casos confirmados de sarampo em Portugal, to-dos importados ou derivados de transmis-sões secundárias a partir de infetados no estrangeiro, onde o sarampo ainda é um problema ativo.

A atual situação epidemiológica do sa-rampo na Europa aumenta a probabilidade de importação de casos de doença, a partir dos quais poderão surgir surtos em Portu-gal. É assim crucial que toda a população compreenda a importância da imunização de grupo, a única forma de prevenir a dis-seminação desta doença.

Vacinando uma percentagem elevada da população consegue-se não só ob-ter imunidade nos indivíduos vacinados,

De forma a possibilitar os leitores a participar na escolha dos temas mensais da rubrica Saúde para Todos, foi criada este mês uma página no facebook e um email, onde todos podem deixar suges-tões de temas para artigos futuros.

www.facebook.com/[email protected]

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NOTÍCIAS

O Núcleo de Voluntariado do Hospital das Forças Armadas − Polo de Lisboa

(NVHFAR−PL) pretende ver alargado o seu número de voluntários e assim poder fa-zer face ao aumento muito significativo de utentes, como consequência da fusão dos Hospitais Militares.

Caso pretenda dar a sua colaboração e obter informação adicional, contacte o Núcleo nas suas instalações, no Hos-pital, das 10h00 às 13h00, ou através do telemóvel 963 548 480 (Coordenadora do Núcleo).

HFAR

PEDIDODE VOLUNTÁRIOS

3ª GUARNIÇÃO DO NRP ÁLVARES CABRAL

PRÉMIO "ALMIRANTE SARMENTO RODRIGUES"

Está aberto o concurso na Academia de Marinha, até ao dia 30 de setembro de 2015, para atribuição do Prémio “Almirante Sarmento Rodrigues”.

Este Prémio destina-se a impulsionar e dinamizar a pesquisa, a investigação científica e o estudo da história das atividades marítimas dos Portugueses.

O referido prémio é constituído por um diploma e por uma quantia pecuniária no valor de 5000€ (cinco mil euros).

Podem concorrer a este Prémio os cidadãos nacionais e estrangeiros que apresentem trabalhos originais nos domínios referidos. Consideram-se originais os trabalhos inéditos ou cuja publicação tenha sido concluída no ano a que se refere o concurso ou, ainda, no ano anterior.

Os trabalhos apresentados a concurso devem dar entrada na Academia de Marinha até às 16h30 do dia 30 de setembro de 2015 (4ª feira).

O Regulamento do Prémio está à disposição dos concorrentes na Academia de Marinha e em www.marinha.pt, na ligação para a Academia de Marinha.

Para mais informação pode ser contactada diretamente a Academia de Marinha pelas vias abaixo indicadas:

ACADEMIA DE MARINHAEdifício da MarinhaRua do Arsenal1149 – 001 LISBOATelef: 351 210 984 713 / 07 / 15Fax: 351 211 938 458E-mail: [email protected]

Realizou-se no dia passado dia 31 de janeiro, a bordo do NRP Álvares Cabral, na Base Naval de Lisboa, o 2º almoço-convívio da 3ª guarnição do NRP Álva-

res Cabral (1996/1999) com a presença de cerca de 100 pessoas entre membros da guarnição e seus familiares. O mesmo foi precedido de uma visita guiada pelo navio. O convívio decorreu com boa disposição e amena cavaqueira o que pro-porcionou mais uma vez o reviver de histórias e bons momentos. Contamos ain-da com a presença do Comandante e Imediato à altura, o atual VALM Carvalho Abreu e o CALM Silvestre Correia. Foi descerrada uma placa alusiva ao evento pelo antigo e actual Comandante, CFR Gamurça Serrano.

A Revista da Armada felicita o autor, bem como as Edições da Revista de

Marinha, a quem agradece o exemplar oferecido, que contribui para o enriqueci-mento da nossa biblioteca.

LIVRO

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Problema nº 464PALAVRAS CRUZADAS

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 464

HORIZONTAIS: 1 – SARDANAPALO. 2 – OMIO; ARIVER. 3 – RO; LA; MARAT. 4 – OLIO; CANELO. 5 – TAL; GODOS. 6 – ER; AL; AS; RR. 7 – AROAS; PAO. 8 – AVERMO; HAMM. 9 – PEROM; ET; AI. 10 – IAMBES; OPIC. 11 – ALCANTILOSO.VERTICAIS: 1 – SOROTERAPIA. 2 – AMOLAR; VEAL. 3 – RI; IL; AERMC. 4 – DOLO; ARROBA. 5 – GLOMMEN. 6 – NA; CO; AO; ST. 7 – ARMADAS. 8 – PIANOS; HTOL. 9 – AVRES; PA; PO. 10 – LEAL; RAMAIS. 11 – ORTODROMICO.

Carmo Pinto1TEN

21 3 4 5 6 7 8 9 10 11

123456789

1011

5 2

5 3 7

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2 6 3

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7 5 8 3 1

3 1 8 5

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9 5 6

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4 7 8

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4 5 9 7

1 3 4 8 9

QUARTO DE FOLGA

JOGUEMOS O BRIDGE Problema nº 182

SOLUÇÕES: PROBLEMA Nº 14

SUDOKU Problema nº 14

FÁCIL

FÁCIL DIFÍCIL

DIFÍCIL

HORIZONTAIS: 1 – Personagem lendária, que a tradição clássica faz rei da Assíria de 836 a 817 a. C. e último descendente da fabulosa Semíramis. 2 – O mesmo que Ohm (unidade de resistência elétrica); bai-lado de negros e de gente ordinária (Bras. e inv.). 3 – Letra grega; nota musical; físico e político francês. (1743-1793) que foi redator de O Amigo do Povo (Ap.). 4 – Aranha grande africana; ferradura curta, pró-pria para bois. 5 – Igual; relativo aos Godos ou à Gótia. 6 – Símb. quím. do érbio; outra coisa; campeão; consoante dobrada. 7 – Arosa na confusão; alimento. 8 – Movera na barafunda; cidade da Alemanha nas margens do rio Lipa. 9 – Porem na confusão; extra terrestre; nesse lugar. 10 – Antigo povo da Malásia; rio do est. de Minas Gerais, (Bras. e Inv.) . 11 – Que tem alcantis.

VERTICAIS: 1 – Método de tratamento preventivo ou curativo, por meio de soros. 2 – Afiar; leva na ba-rafunda. 3 – Graceja; moeda chinesa (Inv.); crema na confusão. 4 – Fraude; antigo peso igual a trinta e dois arratéis e hoje arredondado a 15 quilos. 5 – O maior rio da Noruega. 6 – Símb. quím. do sódio; símb. quím. do cobalto; palavra composta da preposição a e do artº. o; no meio de este. 7 – Esquadras de uma Nação. 8 – Instrumento de música, com teclado e cordas (Pl); sobrinho de Abraão, pai dos Amonitas e dos Moabita (Inv.). 9 – Criada (Inv.); utensílio de cozinha; rio italiano. 10 – Sincero; molhos de fios para fazer cordas. 11 – Relativo à ortodromia.

NORTE (N)

OESTE (W) ESTE (E)

♠♥ ♦♣ 8 7 D D 6 7 5 5 6 4 4 3 3

♠♥ ♦♣ D D A 10 6 2 R 9 2 V 6 9 5

♠♥ ♦♣ A A 10 A V R 3 8 10 7 9 7 4

♠♥ ♦♣ R V 8 R 5 10 4 V 3 9 2 2 8

SUL (S)

W-E vuln. Como deve S jogar para cumprir o contrato de 6♠ com saída natural a V♥, adiantando que os trunfos se encontram 3-1?

SOLUÇÃO: PROBLEMA Nº 182

Para cumprir o seu contrato S precisa dos ♦ 3-3 para arranjar 2 baldas para os ♣ perdentes, e manejar os trunfos de modo a ter o máximo de chances consoante o R se encontre em W ou E. Vejamos pois como deve jogar: faz a vaza de saída e joga AR de ♦ seguido de outro ♦ para cortar de modo a guardar o 4 que lhe vai ser precioso mais tarde como veremos; joga A de trunfo e a seguir V para a D do morto se W jogar pequeno; tendo a mão no morto pode jogar os ♦ apurados para baldar ♣, e mesmo que W corte à 1ª ainda tem o 4♠ para voltar ao morto e baldar o outro ♣. Repare que se os trunfos na defesa estivessem trocados de mão a entrada no morto também ficaria assegurada pelo mesmo 4♠, pelo que o cuidado com o corte do 3º ♦ é fundamental.

Nunes MarquesCALM AN

TAPE OS JOGOS DE W−E PARA TENTAR RESOLVER A 2 MÃOS

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NOTÍCIAS PESSOAIS

CONVÍVIOS

INCORPORAÇÃO DE 1965Realiza-se no dia 9 de maio, na Base Naval de Lisboa, o 50º

aniversário da incorporação de 65.Concentração no Portão Verde às 9h30.Para mais informações, os interessados deverão contactar:● Pimenta TLM 933 140 203● Sousa TLM 919 653 457

1ª GUARNIÇÃO NRP ANTÓNIO ENESRealiza-se no próximo dia 16 de maio, o XXIV encontro da 1ª

guarnição do NRP António Enes. Convidam-se toda a guarnição, familiares e amigos, a participarem no almoço-convívio a realizar em Peniche, no restaurante “Miramar”.

Para mais informações, contactar: ● Manuel Nogueira, TLM +351 964 125 262● João Alves Teixeira, TLM +351 967 237 947

RECRUTAMENTO DE ABRIL DE 1963Os “Filhos da Escola” de abril de 63 vão reunir-se no dia 30 de

maio no Restaurante "O Teimoso", na Quinta da Luz, em Casal do Forno, Lourinhã (Tel. 261 413 571), num almoço de confraterniza-ção, em comemoração do 52º aniversário.

As inscrições devem ser dirigidas a:● CFR SEB REF António do Rosário Rodrigues – Rua Cesário

Verde, nº 1, Vale de Milhaços, 2855 – 423 CorroiosPara outros contactos:● CMG SEA REF P. Carvalho – Tel. 212 255 345 ou TLM 919 893 244● CFR SEB REF Rodrigues – Tel. 212 541 205 ou TLM 965 758 536● 1TEN OT REF Pegacho – Tel. 212 961 153 ou TLM 934 254 392● SMOR SE REF António – Tel. 210 889 617 ou TLM 967 541 011Para efeito de transportes:● SMOR L REF Mareco de Almeida Tel. 216 045 885 ou TLM

966 506 426

RESERVA

● SMOR C Manuel Joaquim Marques Escada ● SMOR ETA Fernando Jorge Cerqueira Gonçalves ● SCH L João Augusto dos Santos Silva ● SAJ H José Filipe da Silva Pinto ● 1SAR TF Joaquim José Oliveira Queirós.

NOMEAÇÕES

● CMG Paulo Tomás de Sousa Costa, Diretor do Instituto de Socor-ros a Náufragos ● CFR Pedro Eduardo Fernandes Fonseca, Coman-dante do Batalhão de Fuzileiros nº 1 e, em acumulação, Comandan-te da Unidade de Polícia Naval ● CFR João Manuel Mendes Cabeças, Capitão do Porto de Angra do Heroísmo e Capitão do Porto de Praia da Vitória ● CTEN Pedro Luís Fernandes da Palma, Capitão do Porto de Vila Real de Santo António e Capitão do Porto de Tavira ● CTEN Marco Alexandre de Serrano Augusto, Capitão do Porto de Peniche.

COMANDOS E CARGOS

● 1TEN TS José Guilherme Pontes Leitão ● SCH CM Manuel dos San-tos Anacleto ● SAJ T Luís Alberto do Nascimento Ferreira ● SAJ FZ

REFORMA

● 80650 CMG AN REF Adolfo da Silva Figueiredo ● 103348 CFR SG REF João Cabaço Bargado ● 1001462 CFR SEE REF António Heitor de Sousa Santos ● 98139 1TEN SG REF Francisco José de Cam-pos ● 114741 1TEN SG REF Manuel António Muxagata ● 331953 SMOR R REF José Luís Ferreira dos Santos ● 246574 SMOR ETC RES António Mateus de Oliveira Henriques ● 169146 SAJ A REF Arlindo da Cruz Parra ● 148870 SAJ TF REF António Teles Martins ● 269551 SAJ C REF Alberto José Matias Serrano ● 201348 SAJ T REF Venceslau Anselmo Carneiro Rodrigues ● 237148 SAJ A REF Manuel Joaquim Lavadinho Santos ● 199248 SAJ E REF Francis-co da Encarnação Costa ● 299347 1SAR M REF Manuel Joaquim Correia da Cruz ● 429056 1SAR TF REF António Godinho Gazua ● 232749 2SAR CM REF Ricardo Lourenço Guerreiro ● 232149 CAB CM REF João António Martins Mimoso ● 254773 CAB FZ REF Francisco José Lopes Varela ● 33006564 AG 1CL QPPM APOS An-tónio Marques de Carvalho.

FALECIDOS

David Manuel Silva Carvalho ● SAJ MQ João José Meireles Alves ● CAB L Damião Cosme Pereira dos Santos ● CAB CM Luís Ma-nuel Pinheiro Viana.

DIA DO SUBMARINISTA E DO MERGULHADORComemora-se no próximo dia 11 de abril o dia

do submarinista e do mergulhador, o qual terá lugar na Esquadrilha de Submarinos, seguido de um almoço-convívio a realizar na Messe da BNL.

Convidam-se todos os mergulhadores, subma-rinistas, militares e civis que prestam e prestaram serviço nesta Unidade a participarem neste evento.

Para mais informações, os interessados deverão contactar:● Email: [email protected]● Tel. 210 984 610 ● RTM: 302 310

Realiza-se no dia 3 de maio, pelas 13h00, no Res-taurante “A Lúria”, em Portela de S. Pedro, Tomar, o 19º almoço-convívio de Fuzileiros dos Templários.

Para mais informações, os interessados deve-rão contactar:

● Narciso TLM 915 871 424● Arnaldo TLM 933 696 133

NÚCLEO DE FUZILEIROS DOS TEMPLÁRIOS

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo faixado de seis peças ondadas de verde e prata com campanha ondada de negro; brocante em ponto de honra um escudete de prata carregado com uma âncora de azul. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «DIREÇÃO DO COMBATE À POLUIÇÃO DO MAR».

SIMBOLOGIAO ondado de verde e prata simboliza o mar, enquanto a campanha de negro alude à poluição que se pretende prevenir e combater. A âncora, além de símbolo da maritimidade, sublinha a ligação ao mar e à Autoridade Marítima, sendo também sinónimo de constância, segurança e firmeza.

BRASÃO DO DEPARTAMENTO MARÍTIMO DOS AÇORES

SÍMBOLOS HERÁLDICOS

DESCRIÇÃO HERÁLDICAEscudo de prata com um tridente de vermelho movente da ponta. Bordadura de vermelho, carregada com nove estrelas de ouro realçadas de negro. Coronel naval de ouro forrado de vermelho. Sotoposto listel ondulado de prata, com a legenda em letras negras maiúsculas, tipo elzevir, «DEPARTAMENTO MARÍTIMO DOS AÇORES».

SIMBOLOGIAO tridente simboliza o poder sobre o mar. A bordadura de vermelho e as estrelas de ouro estão presentes no brasão da Região Autónoma dos Açores, onde cada estrela representa uma ilha. Muito embora o Departamento Marítimo dos Açores só compreenda seis capitanias, a ação da Autoridade Marítima estende-se a todo o arquipélago, razão de ser das nove estrelas.