ExerciciosAlunos_CMM
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1
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA
CONSTRUÇÕES METÁLICAS E MISTAS
FOLHAS DA UNIDADE CURRICULAR
EXERCÍCIOS
2
Exemplo 2.4 – Verificação ao estado limite último (E.L.U.)
Considere-se uma madre constituída por um perfil IPE em aço S235 que faz parte da
cobertura de um pavilhão (fig. 2.9). O espaçamento entre madres é de 3.0 m, funcionando
estas vigas como simplesmente apoiadas e com vãos de 6.0 m.
Verificar a segurança ao E.L.U. desta madre para a acção da neve considerando em
simultâneo as seguintes acções (valores característicos):
- peso próprio da cobertura, constituída por lajetas em betão armado com espessura de
100 mm: 2.5 kN/m2,
- neve: 3.2 kN/m2 (correspondente a uma altitude de aproximadamente 800 m).
Pré-dimensionamento e definição das acções
O pré-dimensionamento desta viga conduz-nos a um perfil IPE 300, com peso igual a
0.422 kN/m. A secção deste perfil em aço S235 é da classe de resistência 1 em flexão, e a
sua resistência última é dada por: EC3 tab. 5.3.1
As acções actuantes na madre são as seguintes (fig. 2.17):
- peso próprio: gpp = 0.422 kN/m
- peso próprio das lajetas (cobertura): gpl = 3 2.5 =7.5 kN/m
- neve : qs = 3 3.2 = 9.6 kN/m
Fig. 2.17 – Acções a considerar na verificação da segurança em relação ao E.L.U.
kNmNmmfW
MM
yypl
Rdpl 134101341.1
23510628 63
0
.
.
3
Determinação do momento actuante de cálculo
A verificação da segurança em relação ao E.L.U. é feita considerando que o momento
flector a meio vão corresponde à secção mais desfavorável. A combinação das acções
fundamentais para este caso simples é dada por: EC3 2.3.2.2
qsd = G ( gpp+gpl ) + Q qs
no nosso caso:
qsd = 1.35(0.422+7.5) + 1.5(9.6) = 25.1 kN/m
De notar gpp + gpl são acções permanentes.
O momento de cálculo no E.L.U. a meio vão é igual a:
Verificação da segurança em relação ao E.L.U.
A expressão a verificar é a seguinte:
MSd.ELU Mpl.Rd
O perfil IPE 300 é suficiente uma vez que:
MSd.ELU = 113 kNm Mpl.Rd = 134 kNm
O cálculo considerando o perfil IPE 270 mais ligeiro, leva-nos a concluir que esta secção
não é suficiente.
4 – RESISTÊNCIA DAS SECÇÕES
Exemplo 4.1 - Resistência a um esforço normal
Dimensionar uma barra em aço S235 submetida a um esforço normal de tracção NSd = 200 kN
A secção transversal necessária é calculada a partir de: EC3 5.4.3 (1)
NSd N t.Rd
sendo N t.Rd a resistência de cálculo à tracção da secção determinada a partir de:
kNmlq
M Sd
ELUSd 1138
61.25
8
22
.
0
..
M
y
RdplRdt
fANN
4
tem-se pois:
ou seja:
Consultando as tabelas referentes às características das barras fornecidas nos catálogos
pelos fabricantes siderúrgicos, opta-se por uma barra FLA 80 x 12 cuja área é de 960 mm2.
Exemplo 4.2 – Resistência à flexão simples
Calcular o módulo de flexão elástico Wel.y, o módulo de flexão plástico Wpl.y, assim
como o factor de forma k das seguintes secções:
- vergalhão de 120 mm
- barra FLB 300 x 45
- perfil HEA 340
- perfil IPE 550
Nas secções quadradas ou rectangulares estes valores são calculados a partir das
seguintes expressões:
No que respeita aos perfis laminados estes podem ser obtidos directamente a partir da das
tabelas dos fabricantes dos produtos siderúrgicos.
Verifica-se neste exemplo, (tab. 4.7), que o módulo de flexão elástico da secção do IPE é
cerca de oito vezes superior ao do vergalhão, sendo o módulo de flexão plástico de
apenas seis vezes superior. Os valores do factor de forma k mostram também que o
material é melhor aproveitado nos perfis com secção em I (k = 1.10 e 1.14 neste
exemplo), que o das secções quadradas ou rectangulares (k = 1.50).
Tipo de secção 120 x 120 FLB 300 x 45 HEA 340 IPE 550
A [mm2] 14400 13500 13300 13400
Wel.y [mm3] 288 10
3 675 10
3 1680 10
3 2440 10
3
Wpl.y [mm3] 432 10
3 1012 10
3 1850 10
3 2780 10
3
k = Wpl.y/Wel.y 1,50 1,50 1,10 1,14
0M
y
Sd
fAN
y
SdM
f
NA
0
23
936235
102001.1mmA
46
2
.
2
.
bhWe
bhW yplyel
5
Tabela 4.7 – Resistência à flexão simples.
Exemplo 4.3 – Flexão de uma secção monossimétrica
Calcular os momentos elástico e plástico Mel, Mpl e o factor de forma k da secção
monossimétrica representada na figura 4.9. Não considere os coeficientes parciais de
segurança.
Fig. 4.9 – Flexão de uma secção monossimétrica.
Momento resistente elástico
A tabela em baixo reúne os principais valores que permitem a determinação do momento
resistente elástico (Ip: inércia). Na elaboração da tabela o eixo de referência foi
considerado coincidente com as fibras da face exterior do banzo inferior.
Tabela 4.7 – Resistência à flexão simples.
Referência Dimensões
(mm)
A
(mm2)
z
(mm)
Az
(mm3)
Az2
(mm4)
Ip
(mm4)
1
2
3
400 25
800 10
300 20
10000
8000
6000
12.5
425
835
125 103
3400 103
5010 103
1563 103
1445 106
4183 106
521 103
427 106
200 103
Total 24000 8535 103 5630 10
6 428 10
6
A área total da secção At é igual a 24000 mm2. A distância da linha neutra de flexão
elástica ao eixo de referência é dada por:
6
Com a inércia da secção pode-se calcular o módulo de flexão elástico e o momento
resistente elástico da secção:
Iyy = 5630 106 + 428 10
6 – 24000 355.6
2
Iyy = 3022 106 mm
4
Mel = fy Wsup = 235 6180 103 = 1452 10
3 Nmm = 1452 kNm
Momento resistente plástico
A partir da distribuição dos esforços representados na fig. 4.9 pode-se considerar a
seguinte condição de equilíbrio:
F = - F1 - F2 + F3 + F4 = 0, uma vez que F1 + F2 = F3 + F4
Dado que a tensão limite de elasticidade é a mesma em toda a secção, a linha neutra
divide-a em duas partes com áreas iguais a A/2.
Considerando por hipótese que a linha neutra se situa na alma da secção, obtém-se a
seguinte expressão:
logo: zpl = 225 mm
A hipótese considerada admitindo que a linha neutra se situava na alma está pois
correcta, dado que zpl 825 mm. O momento resistente plástico é pois igual a:
Mpl = 235 N/mm2 (300 20 610 + 600 10 300 + 200 10 100 + 400 25 213)
Mpl = 1831 kNm
O factor de forma k = Mpl/Mel é igual a 1.26, o que é bastante elevado comparativamente
com o perfil laminado I (do exemplo 4.2). A explicação deve-se ao facto da tensão na
fibra inferior ser cerca de 73% da tensão da fibra superior, quando se verifica a
plastificação desta secção.
mmA
zAz
i
ii
el 6.3551024
1085353
3
336
supmin 106180356845
103022mm
zh
IWW
el
21200010)25(254002
mmzA
pl
22
eltotpiiiyy zAIzAI
7
Exemplo 4.4 – Flexão de uma secção híbrida
Calcular o momento resistente plástico Mpl da secção híbrida representada na figura 4.10,
considerando que os banzos são constituídos por barras FLB 300 x 20 em aço S355, e a
alma é formada por uma barra FLB 800 x 10 em aço S235.
Fig. 4.10 – Flexão de uma secção híbrida.
Trata-se de um esforço de flexão simples.
Neste caso a alma da viga pertence a uma secção da classe 2 e os banzos do perfil
composto (soldados) à classe 1.
Os cálculos serão realizados sem ter em consideração o coeficiente parcial de segurança.
O momento resistente plástico da secção pode ser calculado a partir de: EC3 tab. 5.3.1
TGC 10 (4.12)
Ou seja:
Mpl = 2 355 (300 20 410) + 235 (400 10 200) = 2120 106 Nmm
Mpl = 2120 kNm
Este exemplo pode também ser resolvido considerando uma secção totalmente
homogénea em aço S355, com uma espessura de alma equivalente deq calculada a partir
de:
TGC 10 (4.13)
Deste modo pode-se calcular o momento resistente a partir da seguinte expressão:
mmdeq 62.610355
235
n
i
iiyipl zAfM1
8
Mpl = 2 355 (300 20 410) + (400 6.62 200) = 2120 106 Nmm TGC 10 (4.12)
Mpl = 2120 kNm
Exemplo 4.5 – Flexão desviada
Considere uma viga simplesmente apoiada com um vão de 3.5 m constituída por um
perfil IPE 200 em aço S235 solicitada por uma carga de cálculo uniformemente
distribuída qsd = 15 kN/m, com uma inclinação em relação ao eixo z de = 18º (ver
fig. 4.14).
Verificar a secção ao E.L.U. para resistir aos esforços.
Fig. 4.14 – Viga simplesmente apoiada sujeita a flexão desviada.
Determinação dos esforços
O cálculo dos esforços segundo os dois eixos principais de inércia é igual a:
fazendo a decomposição segundo os eixos y e z tem-se:
My.Sd = MSd cos = 21.9 kNm
Mz.Sd = MSd sen = 7.11 kNm
Determinação das resistências plásticas da secção EC3 5.4.5.1 (1)
2 215 3.523.0
8 8
SdSd
q lM kNm
9
Verificação da secção EC3 5.4.8.1 (11)
De notar que a noção de momento de resistência plástica em flexão desviada não é
considerada pelo EC3.
A verificação da segurança é calculada a partir da seguinte expressão:
No nosso caso tem-se:
A escolha do perfil IPE 200 é suficiente para resistir aos esforços em causa.
Exemplo 4.6 – Resistência ao esforço transverso
Considere uma consola que suporta uma viga de caminho de rolamento de uma ponte
rolante solicitada por uma carga móvel que produz um esforço transverso máximo VSd
= 350 kN. Dimensione o perfil da série HEA em aço S235 para resistir a este esforço.
Não considere os fenómenos de instabilidade.
O valor de cálculo do esforço transverso VSd na secção deve respeitar a seguinte
condição: EC3 5.4.6 (1)
VSd Vpl.Rd
em que:
1.
.
.
.
RdNz
Sdz
RdNy
Sdy
M
M
M
M
kNmNmmfW
MM
yypl
Rdypl 0.47100.471.1
23510220 63
0
.
..
3. 6
. .
0
47.0 10 2359.55 10 9.55
1.1
pl z y
pl z Rd
M
W fM Nmm kNm
196.074.022.055.9
11.7
0.47
9.212
10
A área de corte para resistir ao esforço transverso é igual a:
em que:
Av = A – 2 b tf + (tw + 2r) tf EC3 5.4.6 (2)
Escolhendo um HEA 280 tem-se:
Av = 9730 – 2 280 13 + (8+24 2) =3178 mm2
A secção do perfil é pois suficiente.
0
.
3/
M
yv
Rdpl
fAV
20 2838235
33501.13mm
f
VA
y
SdM
v
11
Exemplo 4.7 – Cálculo da constante de torção uniforme
Calcular as constantes de torção uniforme para as sete secções indicadas na fig. 4.23
cujas áreas são aproximadamente iguais.
Fig. 4.23 – Cálculo da constante de torção uniforme em diferentes tipos de secções.
Secção rectangular EC3 Anexo G
Para este tipo de secção têm-se:
EC3 G.3.2.1 (1)
atendendo a que:
A = 67 200 = 13400 mm2
Secção em T
Para as secções de parede aberta (caso presente) a constante de torção uniforme é
calculada a partir das seguintes expressões:
zzyy
tII
AI
4
40
1
463
107.4412
20067mmI yy
463
1001.512
67200mmI zz
4647
66
4
102.161062.11001.5107.44
13400
40
1mmmmI t
12
EC3 G.3.2.1 (1)
EC3 G.3.2.1 (3)
Para a alma, considerando a altura b até à face inferior do banzo e t < b/5 tem-se:
Para o banzo temos:
A constante de torção uniforme da secção em T é igual a:
It = It.banzo + It.alma = 5.75 106 mm
4
Secção HEA 340 EC3 G.3.2.1 (4)
O valor da constante de torção dos perfis laminados é dado por:
It = 2I1 + I2 + 2 D4
em que:
n
i zziyyi
i
tII
AI
1
4
40
1
3
1
1( / 5)
3
n
t i i i i
i
I b t se t b
463
. 1086.2352003
1mmI almat
46
33
4
. 1089.212/1604012/40160
)40160(
40
1mmI banzot
4
43
112
163.013 b
t
b
ttbI
fff
3
2 )2(3
1wf tthI
2
20725.00865.01355.02204.0042.0
f
w
f
w
ff
w
t
t
t
rt
t
r
t
t
13
Substituindo tem-se:
= 0.201
ou seja:
It = 2 4.34 105 + 8.49 10
4 + 2 0.201 30.8
4 = 1.31 10
6 mm
4
Secção em caixão aberto EC3 G.6.3.2.1 (3)
Dado que todos os elementos da secção apresentam ti < bi/5 a inércia de torção é igual a:
Tabela de cálculo
Elementos bi ti
2 292 8 1.495 105 2.990 10
5
2 542 8 2.741 105 5.482 10
5
Total 8.472 105
A constante de torção uniforme na secção do caixão aberto, é pois igual a:
f
wwf
tr
trtrtD
2
)4/()( 2
45
4
43
1 1034.430012
5.161
300
5.1663.01
3
5.16300mmI
443
2 1049.85.9)5.162330(3
1mmI
2
2 5.16
5.90725.0
5.16
275.90865.0
5.16
271355.0
5.16
5.92204.0042.0
42
8.305.16272
)4/5.927(5.9)275.16(mmD
3
1
1
3
n
t i i
i
I b t
3 4
i ibt mm 3 42 i ibt mm
14
Caixão fechado: EC3 G.3.3.1 (1)
Para este tipo de secção, a constante de torção uniforme é igual a:
Substituindo:
Secção circular aberta EC3 G.3.2.1 (3)
Neste caso tem-se:
logo:
ou seja:
Secção circular fechada (tubo) EC3 G.3.3.3.1
Nesta secção a inércia de torção é igual a:
46455 10282.010824.210472.83
1mmmmI t
i i
im
tt
b
t
dscom
t
ds
AI
24
2158264)8550()8300( mmAm
5.208
8
542
8
2922
t
ds
46482
1048110805.45.208
1582644mmmmI t
3
2
3
132
0
3 trdstI
r
t
mmr 6.1712
5.126.355
46453
10702.01002.73
5.126.1712mmmmI t
15
logo:
It = 2 3.14 171.63 12.5 = 3.97 10
8 mm
4 = 397 10
6 mm
4
Conclusões
Verifica-se que o valor da constante de torção uniforme depende sobretudo da geometria
da secção, e do facto da mesma ser aberta ou fechada, sendo muito maior nas secções
fechadas
Exemplo 4.12 – Resistência de uma secção mista submetida a um esforço normal
Considere o pilar misto com secção quadrada definido na figura 4.51(a). Esta secção é
constituída por um perfil HEA 180 em aço S235 (fy = 235 N/mm2) e por oito varões de
20 mm (As = 2512 mm2) em aço B500 H (fsk = 500 N/mm
2), estando o conjunto
envolvido por betão C30/37 (fck = 30 N/mm2).
Calcular a resistência da secção mista para uma acção de longa duração, bem como a
parcela relativa do esforço normal absorvido por cada material. Comparar os resultados
obtidos se substituir o perfil HEA 180 por um HEB 180 ou por um HEM 160.
Fig. 4.51 – Secção de um pilar misto.
O Eurocódigo 4 não considera a resistência elástica. Far-se-á pois directamente o cálculo
da resistência plástica, utilizando um processo simplificado baseado no dimensionamento
de secções transversais com uma secção constante duplamente simétrica em toda a sua
tr
t
r
r
t
ds
AI m
t
3222
22
)(44
16
altura.
Verificação da espessura de recobrimento do betão (fig. 4.51(b))
Segundo a direcção y : 40 mm cy 0.4 b EC4 4.8.2.5 (2) e 4.8.3.1 (3d)
0.4 b = 0.4 180 = 72 mm
Para y é verificada.
Segundo a direcção z: 40 mm cz 0.3 h
0.3 h = 0.3 171 = 51.3 mm
Como a condição segundo z não é verificada, a altura de betão a tomar no cálculo deverá
ser igual a:
Deste modo a área de betão a considerar é:
Verificação à encurvadura local da secção EC4 4.8.2.4 (2)
A verificação à encurvadura do perfil metálico, não é necessária uma vez que o
recobrimento do betão é suficiente.
Verificação da armadura longitudinal: EC4 4.8.2.5 (3)
e 4.8.3.1 (3e)
Tem-se de respeitar a seguinte condição:
mmbb
c c
y 702
180320
2
mmhh
c c
z 5.742
171320
2
mmhhhc 2741711713.023.02
tot tot cc a s cA A A A em que A b h
28064025124530274320 mmAc
17
0.3% 4%
com:
A verificação é pois satisfeita.
Cálculo da resistência plástica da secção EC4 4.8.3.3 (1)
com Ma = a =1.1
Npl.m.Rd = 968 + 1371 + 1092 = 3431 kN
Verificação da relação respeitante à contribuição do aço EC4 4.8.3.4
Uma vez que 0.2 0.9. A verificação é satisfeita e o processo simplificado pode ser
aplicado. EC4 4.8.3.1 (3b)
A parcela relativa do esforço normal absorvida por cada material é:
%1.380640
2512
c
s
A
A
s
sk
s
c
ckc
Ma
y
aRdmpl
fA
fA
fAN
85.0..
kNNf
ANMa
y
aRdapl 968109681.1
2354530 3
..
kNNf
ANc
ckcRdcpl 1371101371
5.1
3085.08064085.0 3
..
kNNf
ANs
sk
sRdspl 109210109215.1
5002512 3
..
28.03431
968
..
Rdmpl
a
y
a
N
fA
18
Comparação da resistência das diferentes secções mistas
Os resultados obtidos para o perfil HEA 180 estão indicados no quadro 4.52 que reúne
também os valores correspondentes aos perfis HEB 180 e HEM 160.
Perfis HEA 180 HEB 180 HEM 160
Aa (mm2)
As (mm2)
Ac (mm2)
4530
2512
95 360
80640
6530
2512
93 360
83120
9710
2512
90 180
73830
Npl.m.Rd (kN)
Parcela absorvida pelo:
aço
armadura
betão
3431
28%
32%
40%
3900
36%
28%
36%
4422
47%
25%
28%
Tabela 4.52 – Comparação da resistência das diferentes secções mista
Exemplo 4.13 – Características e cálculo elástico de uma secção mista flectida
Considere a secção da viga definida na fig. 4.55 composta por um perfil IPE 300 em aço
S235 (fy = 235 N/mm2) e por uma laje em betão C30/37 (fck = 30 N/mm
2), cuja largura
efectiva beff é igual a 2000 mm. Esta viga funciona como contínua nos apoios. A
armadura longitudinal sobre o apoio é constituída por dez varões 10 mm (As = 785 mm2
no total) em aço B 500 H (fsk = 500 N/mm2), que se encontram localizados a uma
distância zs = 420 mm em relação à fibra inferior do perfil metálico.
)( 2mmAc
. . 00
. .
96828 ( )
3431
pl a Rd
pl m Rd
Naço do perfil
N
)(323431
10920
0
..
..armaduras
N
N
Rdmpl
Rdspl
)(403431
13710
0
..
..betão
N
N
Rdmpl
Rdcpl
19
Calcular as características elásticas destas secções a meio vão e sobre o apoio, bem como
a posição da linha neutra e a inércia da secção. Verifique em seguida esta secção, quando
solicitada por um momento flector de cálculo igual a 220 kNm a meio vão e de 150 kNm
sobre o apoio
Fig. 4.55 – Secção mista no vão e no apoio (cálculo elástico).
Coeficiente de homogeneização
O coeficiente de homogeneização aço-betão é igual a:
EC4 3.1.4.2
Para um efeito de curta duração, temos:
com Ecm = 32 kN/mm2 para um betão C 30/37, tem-se: EC4 Tab. 3.2
Secção a meio vão (momento positivo)
Cálculo da posição da linha neutra elástica:
A posição da linha neutra elástica é calculada a partir do equilíbrio dos momentos
estáticos em relação ao eixo situado na fibra inferior do banzo do perfil. O betão
traccionado é considerado fissurado assim como a armadura em compressão não são
considerados.
Por hipótese admite-se que a linha neutra está situada na espessura da laje de betão.
c
a
E
En
cmc EE
6.632
210n
20
Os momentos estáticos são iguais a:
Sa = Aa za
A igualdade dos momentos estáticos conduz a:
ou seja:
A partir da expressão anterior obtém-se:
A raiz desta equação é igual a:
Substituindo tem-se:
Ou seja neste caso a posição da linha neutra elástica em relação à fibra inferior é:
Zm = h - = 450 – 87.0 = 363 mm
Verifica-se que zm = 363 mm ha + e = 300 + 40 = 340 mm, concluindo-se efectivamente
que se situa na espessura da laje de betão, o que está em conformidade com a hipótese
inicialmente considerada. O perfil laminado está totalmente em tracção, não havendo
2 ( ) 02
eff
a a a
bx A x A z h
n
2
1 1effa
a
eff a
bn Ax z h
b n A
mmx 0.8745015053806.6
2000211
2000
53806.6
2
xhzbzAS effccc
n
SSS c
am
2)(
xh
n
xbzAxh
n
xbA
eff
aa
eff
a
xhn
xbAzAS
eff
ammm
21
portanto que atender a qualquer fenómeno de instabilidade.
Cálculo das características da secção mista:
A inércia da secção mista em relação à linha neutra elástica é igual a:
ou seja:
No nosso caso tem-se:
Verificação das tensões:
Cálculo da tensão no perfil (fibra inferior):
A verificação é satisfeita uma vez que:
Cálculo da tensão no betão (fibra superior):
2
2
2)(
x
n
A
n
IzzAII cc
amaam
23
2
212)(
x
n
xb
n
xbzzAII
effeff
amaam
n
xbzzAII
eff
amaam3
)(
3
2
463
26 103946.63
872000)150363(5380106.83 mmIm
2
6
6
/20336310394
10220mmNz
I
Mm
m
Sd
a
22 /2141.1
235/203 mmN
fmmN
a
y
a
2
6
6
/4.78710394
10220
6.6
11mmNz
I
M
n m
Sd
c
22
A verificação é também satisfeita dado que:
A secção mista a meio vão satisfaz pois as condições de verificação.
Secção sobre o apoio (momento negativo)
Cálculo da posição da linha neutra elástica:
O betão traccionado considerado fissurado é desprezado. Admite-se por hipótese que a
linha neutra se situa no perfil.
Sa = Aa za
Ss = As zs
Sm = Am zm = (Aa + As) zm
A igualdade dos momentos estáticos conduz a:
Sm = Sa + Ss
em que:
Verifica-se que zm = 184 mm ha = 300 mm, o que nos permite concluir que a linha
neutra se encontra efectivamente no perfil, o que está de acordo com a hipótese admitida.
Cálculo das características da secção mista:
O quadro em baixo contém todos os elementos necessários, à determinação da inércia da
secção sobre o apoio.
A inércia da secção mista é igual a:
Im = Ia + Aa(za – zm)2 + Is + As(zs-zm)
2
Im = 83.6 106 +6.2 10
6 + 43.7 10
6 = 134 10
6 mm
4
Quadro de cálculo
22 /175.1
3085.085.0/4.7 mmN
fmmN
c
ck
c
mmAA
zAzAz
sa
ssaa
m 1847855380
4207851505380
23
Elemento Ai
(mm2)
zi
(mm) zi - zm
(mm)
Ai(zi - zm)2
(mm4)
Ii
(mm4)
Perfil
Armaduras
5380
785
150
420
34
236 6.2 10
6
43.7 106
82.6 106
desprezável
Verificação das tensões:
Calculo da tensão nas armaduras (tracção):
A verificação da tensão é satisfeita uma vez que:
Cálculo da tensão no aço (fibra inferior)
A verificação é igualmente satisfeita uma vez que:
A secção mista sobre o apoio satisfaz pois todas as condições.
Exemplo 4.14 – Características e cálculo plástico de uma secção mista flectida:
Considere a secção da viga representada na fig. 4.62 composta por um perfil IPE 300 em
aço S235 (fy = 235 N/mm2) e por uma laje em betão C30/37 (fck = 30 N/mm
2) cuja largura
efectiva beff é igual a 2000 mm. Esta viga funciona como contínua nos apoios. A
armadura longitudinal sobre o apoio é constituída por 10 varões 10 mm (As = 785 mm2)
em aço B 500 H (fsk = 500 N/mm2) que se encontram localizados a uma distância zs = 420
mm da fibra inferior do perfil metálico.
Calcule as características plásticas da secção mista nas secções a meio vão e no apoio
bem como a posição da linha neutra e o módulo plástico da secção. Verifique em seguida
a resistência da secção, considerando que está solicitada por um momento flector de
cálculo igual a 310 kNm a meio vão e de 190 kNm sobre o apoio
2
6
6
/264)184420(10134
10150)( mmNzz
I
Mms
m
Sd
s
22 /43515.1
500/264 mmN
fmmN
s
sk
s
2
6
6
/20618410134
10150mmNz
I
Mm
m
Sd
a
22 /2141.1
235/206 mmN
fmmN
a
y
a
24
Fig. 4.62a – Secção mista no vão e sobre o apoio (cálculo plástico).
Condições gerais consideradas para o cálculo da secção mista
Supõe-se que:
- Existe uma ligação completa entre a laje de betão e o perfil metálico,
- Não existe interacção entre a flexão e o esforço transverso,
- Despreza-se o betão traccionado que se considera fissurado,
- Na determinação da resistência, não se incluí também a contribuição da armadura
longitudinal comprimida na laje de betão.
Verifique que a secção do perfil laminado é uma secção da classe 1 em relação à flexão.
Secção a meio vão (momento positivo)
Determinação da posição da linha neutra:
Por hipótese supõe-se que a linha plástica neutra se situa na espessura da laje de betão. A
posição da linha plástica zm em relação às fibras inferiores do perfil laminado é calculada
a partir da equação de equilíbrio de forças:
Fa = Fc
Da condição de equilíbrio das forças obtém-se:
a
y
aRdapla
fANF
..
. . 0.85 ckc pl c Rd c c eff
c
fF N A em que A b x
25
logo:
zm = h – x = 450 – 33.8 = 416 mm
Verifica-se que zm = 416 mm ha + e = 300 + 40 = 340 mm, concluindo-se efectivamente
que a linha neutra plástica se situa na espessura da laje de betão, o que está de acordo
com a hipótese inicialmente considerada. O perfil laminado está totalmente traccionado.
Cálculo do momento resistente
em que:
logo:
dado que:
tem-se:
no nosso caso:
c
ck
eff
a
y
a
fxb
fA
85.0
mmf
b
fA
x
c
ck
eff
a
y
a
8.33
5.1
3085.02000
1.1
2355380
85.0
2..
xzzFM amaRdmpl
Nf
ANFa
y
aRdapla
3
.. 1011491.1
2355380
3 6
. .
33.81149 10 416 150 325 10 325
2pl m RdM Nmm kNm
a
y
mplRdmpl
fWM
...
336
..
. 101521
1.1
235
10325mm
f
MW
a
y
Rdmpl
mpl
26
MSd M pl.m.Rd
310 kNm 325 kNm
A verificação é pois satisfeita.
Secção sobre o apoio (momento negativo)
Cálculo da posição da linha neutra plástica:
Por hipótese considera-se que a linha neutra plástica se encontra na alma do perfil
laminado o que para estes casos se verifica na maior parte das vezes. O equilíbrio das
forças na secção é igual a:
Fs + Fat = Fac
em que:
Considerando que Aat = Aa – Aac, tem-se:
logo:
Desprezando a contribuição das zonas limitadas pelos raios de concordância do perfil
metálico, tem-se:
Aa = 2 b tf + (ha – 2 tf) tw = 2 150 10.7 + (300 – 2 10.7) 7.1
s
sk
sRdspls
fANF
..
tracçãoemaçodeáreaAqueemf
AF ata
yatat :
:y
ac ac ac
a
fF A em que A área de aço em compressão
a
y
ac
a
y
aca
s
sk
s
fA
fAA
fA
)(
a
y
a
y
a
s
sks
ac f
fA
fA
A
2
27
Aa = 5188 mm2
e:
Aac = b tf + tw (zm – tf)
logo:
Verifica-se que zm = 263 mm ha – tf = 300 – 10.7 = 289.3 mm, concluindo-se
efectivamente que a linha neutra se situa na alma do perfil, que está de acordo com a
hipótese inicialmente considerada.
Cálculo do momento resistente:
A determinação das distâncias à linha neutra plástica dos centros de gravidade das
secções de aço comprimida e traccionada, podem ser calculadas a partir das dimensões
indicadas na fig. 4.62b, e com o auxílio dos quadros de cálculo seguintes. Obtém-se
então:
23393
1.1
2352
1.1
2355188
15.1
500785
mmAac
mmt
ttbAz
w
fwac
m 2631.7
7.10)1.7150(3393)(
mmzac 1893393
10640 3
mmzat 7.291795
104.53 3
28
Fig. - 4.62b
Quadro de cálculo (parte comprimida)
Elemento Ai (mm2) di (mm) Aidi(mm
3)
Banzo comprimido
Alma comprimida
150 10.7 =1605
(263-10.7) 7.1=1788
414 103
226 103
Aac = 3393 640 103
Quadro de cálculo (parte traccionada)
Elemento Ai (mm2) di (mm) Aidi (mm
3)
Banzo traccionado
Alma traccionada
150 10.7 =1605
(300-263-10.7)7.1=190
50.9 103
2.5 103
Aat = 1795 53.4 103
É assim possível calcular as forças que actuam nas diferentes partes da secção:
O momento resistente é igual a:
7.312
7.10263300
2.132
7.10263300
2582
7.10263
1262
7.10263
Nf
ANFS
sk
SRdspls
3
.. 1034115.1
500785
Nf
AFa
y
atat
3103831.1
2351795
Nf
AFa
y
acac
3107251.1
2353393
29
Mpl.m.Rd = Fs (zs – zm) + Fat zat + Fac zac
como:
Pode-se pois calcular o módulo plástico da secção mista sobre o apoio:
no nosso caso tem-se:
MSd Mpl.m.Rd
190 kNm 202 kNm
A verificação é pois satisfeita.
189107257.2910383)263420(10341 333
.. RdmplM
kNmNmmM Rdmpl 20210202 6
..
a
y
mplRdmpl
fWM
...
336
..
. 10946
1.1
235
10202mm
f
MW
a
y
Rdmpl
mpl
30
Exemplo 6.6 – Pilar misto comprimido
Considere o pilar misto biarticulado com um comprimento de 4000 mm, indicado na fig.
6.19(a). A sua secção transversal é constituída por um perfil HEA 180 em aço S235
( 2/235 mmNf y ) e 8 varões de 20 mm (As = 2512 mm2) em aço B 500 H
( 2/460 mmNf sk ), estando a secção toda protegida com betão C 30/37
( 2/5.19 mmNfck )
Calcular a resistência última de encurvadura deste pilar misto, em que as resistências
elásticas e plásticas da secção foram já calculadas no exemplo 4.12.
Fig. 6.19 – Pilar misto comprimido.
É necessário analisar o exemplo 4.12, onde está feito o cálculo referente à determinação
das características da secção transversal:
Características da secção mista ver - Exemplo 4.12
24530 mmAa (área do perfil HEA 180) 22512 mmAs (área total de armadura)
=80640 mm2 (área da secção de betão «de cálculo» tendo em conta a espessura
do recobrimento) 46101.25 mmIay
461025.9 mmIaz
Se se desprezar a inércia das armaduras, tem-se (fig. 6.19 (b)):
cA
31
em que:
logo:
Rigidez elástica
Aço:
Ea = 210000 N/mm2
(Ea Ia)y = 210 103 25.1 10
6 = 5271 10
9 Nmm
2
(Ea Ia)z = 210 103 9.25 10
6 = 1943 10
9 Nmm
2
Armaduras:
Es = 210000 N/mm2
(Es Is)y = (Es Is)z = 210 103 27.1 10
6 = 5691 10
9 Nmm
2
Betão:
Ecm = 32000 N/mm2 EC4 tab. 3.2
EC4 4.8.3.5 (1)
2222
402
320
4
2032
2432
z
c
szsy chd
II
satotc IIII
4633
. 1054912
274320
12mm
hbI
ccytot
4633
. 1074812
320274
12mm
bhI cc
ztot
46666 10497101.27101.2510549 mmI cy
46666 10712101.271025.910748 mmI cz
296
296
2
10168771071223704)(
10117811049723704)(
/2370435.1
32000
NmmIE
NmmIE
mmNE
E
zccd
yccd
c
cm
cd
6 427.1 10syI mm
32
Secção transversal mista:
EC4 4.8.3.5 (1)
no nosso caso:
(EI)ey = 5271 109 + 0.8 11781 10
9 + 5691 10
9 = 20387 10
9 Nmm
2
(EI)ez = 1943 109 + 0.8 16877 10
9 + 5691 10
9 = 21136 10
9 Nmm
2
Resistência da secção mista
Atendendo ao exemplo 4.12, a resistência plástica da secção mista é igual a:
N pl.m.Rd = 3431 kN ver - Exemplo 4.12
Para a determinação das esbeltezas reduzidas , considera-se conforme o EC4 quer os
coeficientes parciais de segurança Ma, c e s são iguais à unidade no cálculo da
resistência. Tem-se pois: EC4 4.8.3.7 (2)
EC4 4.8.3.3 (1)
N pl.m.R = 4530 235 + 80640 0.85 30 + 2512 500 = 4377 103
N
N pl.m.R = 4377 kN
Cargas criticas e esbeltezas reduzidas
EC4 4.8.3.7 (1)
EC4 4.8.3.7 (2)
Segundo o eixo y (eixo mais resistente do perfil) tem-se:
ssccdaae IEIEIEEI 8.0)(
sksckcyaRmpl fAfAfAN 85.0..
2
2 )(
l
IEN e
cr
cr
Rmpl
N
N ..
kNNN ycr 1257610125764000
1020387 3
2
92
.
33
Segundo o eixo z (eixo menos resistente do perfil) tem-se:
Resistência à encurvadura
A resistência à encurvadura Nb.m.Rd do pilar misto é dada pela expressão:
Nb.m.Rd = min Npl.m.Rd em que min = min (y ; z) EC4 4.8.3.8 (1)
Segundo o eixo y (mais resistente do perfil) tem-se:
= 0.34 (curva b de encurvadura) EC4 4.8.3.8 (2)
EC3 5.5.1.2 (1)
segundo o eixo z (menos resistente) tem-se:
= 0.49 (curva c de encurvadura) EC4 4.8.3.8 (2)
logo:
590.012576
4377y
kNNN zcr 1303810130384000
1021136 3
2
92
.
579.013038
4377z
2 20.5 1 ( 0.2) 0.5 1 0.34 (0.590 0.2) 0.590 0.740y yy
843.0)590.0740.0(740.0
1
)(
15.0225.022
yyy
y
2 20.5 1 ( 0.2) 0.5 1 0.49 (0.579 0.2) 0.57 0.760z zz
34
min = min (0.843 ; 0.799) = 0.799
A resistência à encurvadura do pilar misto é igual a:
Nb.m.Rd = 0.799 3431 = 2741 kN
799.0)579.0760.0(760.0
1
)(
15.0225.022
zzz
z