Existência de Deus - ensaio filosófico

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1 Escola Secundária Jaime Moniz Ano Lectivo: 2011/’12 Filosofia É compatível a inexistência de Deus com os valores morais instituídos? Neste pequeno ensaio argumentativo irei debater a temática da incompatibilidade da inexistência Deus para com os nossos valores actuais globalmente instituídos. Primeiramente é importante ressalvar o facto de que tradicionalmente a nossa cultura ocidental defende a existência de um ser supremo, um só Deus, assim como outras religiões, que apesar das suas diversidades rituais, e por vezes adulterações complexas na ordem histórico-social é compatível a descrição e aceite unanimemente a existência de um Ser Supremo com as características de omnipotência, suprema benevolência, omnisciência. A possibilidade desta existência ditou-nos inegavelmente um conjunto de pressupostos e condições de acção perante a vida, devido ao nosso processo de socialização onde fomos programados, que este ser ajuíza todas as nossas acções para com os nossos próximos, um ideal sentido da vida, já estipulado ao longo de muitos séculos que impossibilitaram por vezes, um desenvolvimento a nível intelectual mas em grande parte científico. É importante antes de mais, antes da abordagem deste ensaio, uma mente receptiva e aberta, pois, esta questão da tentativa de proporcionar o verdadeiro entendimento humano interfere com os nossos preconceitos estabelecidos, sejamos livres dessas algemas preconceituosas. Se Deus não existe, qual o fundamento dos valores morais que as leis da nossa sociedade determina? Porque que é que matar é mau? Irei debruçar-me nestas questões após clarificar alguns problemas essenciais. Qual é a evidência a favor da existência de Deus? Qual é a evidência contra a existência de Deus? Por séculos os Ateus têm vindo a refutar a existência de Deus, expondo erros racionais nos argumentos que defendem a existência de Deus, alguns dos argumentos apresentados, são de O Aluno, Duarte Nunes nº6. 11º35·

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Escola Secundária Jaime Moniz

Ano Lectivo: 2011/’12

Filosofia

É compatível a inexistência de Deus com os valores morais instituídos?

Neste pequeno ensaio argumentativo irei debater a temática da incompatibilidade da

inexistência Deus para com os nossos valores actuais globalmente instituídos. Primeiramente é

importante ressalvar o facto de que tradicionalmente a nossa cultura ocidental defende a

existência de um ser supremo, um só Deus, assim como outras religiões, que apesar das suas

diversidades rituais, e por vezes adulterações complexas na ordem histórico-social é compatível

a descrição e aceite unanimemente a existência de um Ser Supremo com as características de

omnipotência, suprema benevolência, omnisciência. A possibilidade desta existência ditou-nos

inegavelmente um conjunto de pressupostos e condições de acção perante a vida, devido ao

nosso processo de socialização onde fomos programados, que este ser ajuíza todas as nossas

acções para com os nossos próximos, um ideal sentido da vida, já estipulado ao longo de muitos

séculos que impossibilitaram por vezes, um desenvolvimento a nível intelectual mas em grande

parte científico. É importante antes de mais, antes da abordagem deste ensaio, uma mente

receptiva e aberta, pois, esta questão da tentativa de proporcionar o verdadeiro entendimento

humano interfere com os nossos preconceitos estabelecidos, sejamos livres dessas algemas

preconceituosas. Se Deus não existe, qual o fundamento dos valores morais que as leis da nossa

sociedade determina? Porque que é que matar é mau? Irei debruçar-me nestas questões após

clarificar alguns problemas essenciais.

Qual é a evidência a favor da existência de Deus? Qual é a evidência contra a existência

de Deus? Por séculos os Ateus têm vindo a refutar a existência de Deus, expondo erros racionais

nos argumentos que defendem a existência de Deus, alguns dos argumentos apresentados, são

de ordem empírica, pois, requerem um conhecimento com o nosso mundo exterior. Para muitos

de nós a maravilhosa expansão do Universo, leva-nos a um intenso desejo de conhecer, tudo o

que existe possuí uma explicação da sua existência, ou uma causa exterior.

Este é o suporte base intelectual para o argumento cosmológico que afirma que deve ter

existido uma causa que consequentemente trouxe o Universo á existência, os ateus

maioritariamente afirmam que Universo é apenas eterno e sem causa mas evidências

astronómica indica que o universo começou a existir numa grande explosão apelidada de “Big

Bang” cerca de 17 bilhões de anos atrás. Toda a matéria e o próprio tempo foi criado,

implicando uma criação do nada, caso se acredite nessa possibilidade, um ateu é obrigado a

acreditar que o Universo veio do nada. Algo teve que causar esta existência, ou seja, algo

externo. Tudo o que começa a existir tem uma causa, o universo começou a existir, logo o

Universo tem uma causa, A principal e forte objecção a este argumento é o facto de existir uma

auto contradição, “E o que causou Deus?”, a verdade é que esta causa, é obrigatoriamente fora

do tempo, do espaço e imaterial. Todas essas circunstâncias remete-nos para uma mente

intemporal, logo este ser trata-se de Deus. Este argumento remete-nos para um dilema, ou existe

um ser necessário ou é incompreensível, este segundo aspecto representa a posição de um

céptico, o facto de não poder excluir a possibilidade de um universo incompreensível impede o

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funcionamento do argumento.

O Problema do mal, é um problema que no nosso quotidiano levou muitas pessoas a

abdicar da crença em Deus, pois, como permitirá um suposto ser supremo benevolente, guerras,

fome. Será que acaso da sua existência permite tais actos sem actuar? Mas é compatível o Deus

e o mal? Claro que Deus poderia criar um mundo sem sofrimento, sendo omnipotente, mas

deliberadamente poderia optar por um mundo com criaturas com livre vontade, o livre-arbitrio,

assim como um circulo quadrado é impossível de criar, o mal é a ausência do bem, assim como

o frio é a ausência do calor, poderá igualmente ser desejo do supremo um mundo em que tenha

agentes que alcancem o bem a nível moral de forma totalmente livre, “sendo obrigado a colocar

algum mal no mundo”, para que o haja, é necessário não máquinas pré-programadas a fazer

perfeitamente o bem, mas livres, poderá existir razões suficientes por parte de Deus, para

permitir a existência do mal.

Todos sentimo-nos comandados por condutas de acção globalmente desejadas, não

matar, não torturar, na nossa sociedade são ideais. Não é relevante o facto de acreditar em Deus,

para agir moralmente nas nossas vidas, mas porque é que somos subordinados a estes valores?

A existência de valores morais objectivos (leis e costumes da sociedade) é imparcial ao nosso

reconhecimento perante a existência de Deus, o ónus da questão centra-se com, Se Deus não

existe, existem valores morais objectivos? Considero que não, não considero apenas como um

acto socialmente inaceitável, são transgressões morais, poderá ser refutado que, a bondade não

foi uma dádiva de Deus mas sim, um acto que ao longo do desenvolvimento do Homem foi

visto como mais apropriado. Temos um antepassado nómada em que nos defrontávamos com

várias circunstância hostis em que seria necessário um consenso com intuito de proteger contra

os inimigos, a morte dos nossos membros levaria a uma situação desagradável, e assim com o

processo do desenvolvimento poderá ter sido criado padrões idealistas de uma vida social. Mas

será que caso estes valores tenham sido estipulados de maneira biológica, então o que me

garante que determinada acção é boa e não o contrário? Que fundamento possuí um ateu? Qual

a minha obrigação para agir de maneira moralmente aceitável? De maneira alguma somos

levados a uma explicação total ou inegável de Deus através destas questões, não nos remete

para um criador único, infinito, omnipotente, não considero argumentos suficientes para

responder á questão, mas a sua plausibilidade é deveras aceitável. O facto de reivindicar os

valores morais, que se impõe às nossas acções, superior a mim mesmo, como algo a obedecer na

realidade, demonstra uma crença em Deus. Em suma, na tentativa mais lógica e imparcial

possível, é-me improvável provar através do uso racional e destes argumentos, que a

inexistência de Deus é incompatível com os valores morais instituídos, assim como, a questão

principal, Deus existe? Considero acima de tudo que por um lado a nível do teísmo terá que

existir uma revisão dos atributos concedidos ao ser supremo, é muito remota actualmente a total

possibilidade da existência das características tradicionalmente atribuídas, por outro lado, o

desejo desenfreado e irracional de derrubar o que lhes é incómodo. Considero que um

fundamento transversal que salvaguarda os nossos valores, importante, a crença bíblica,

consequentemente Deus, permitiu-nos bons alicerces para a construção das nossas sociedades

civis, preencheu-nos com uma tábua de valores, que nem directrizes

. . Num sentido de vida responsável e englobando

na vida social aceitável, não defendo qualquer ligação entre os órgãos religiosos e instituições

governamentais, as religiões deverão ser auto-suficientes e cativar os seus seguidores, não de

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forma obrigatória mas através da captação. Será um tema que perdurará em discussão, mas com

o desenvolvimento intelectual, a par, de novas descobertas científicas, poderemos chegar a

outros patamares, aperfeiçoando fundamentos. A ciência trabalha com a verdade, enquanto a

religião, com a autoridade, e saindo vencedora, a ciência que propõe e prova, imparcialmente,

no mundo contemporâneo, livre, em prol do nosso desenvolvimento intelectual, essencial. Estas

questões leva-nos á mais alta altitude em termos do nosso sentido existencial, concluo, com a

afirmação a que sou mais partidário, produzindo o veredicto «por demonstrar», mas plausível.

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