EXPEDIÇÃO AMIGOS RUMO A FERNANDO DE NORONHA 2015

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1 EXPEDIÇÃO AMIGOS RUMO A FERNANDO DE NORONHA 2015 Um grupo de apaixonados aviadores, em um dia qualquer já no final de 2015, lamentava-se sobre a falta de voos e viagens deste ano, até que um Comandante/Médico-cardiologista, decidido, lança a ideia que acrescentaria uma marca importante à história de nossas jornadas aéreas: voar de Brasília a Ilha de Fernando de Noronha ainda no mês de novembro. Com determinação, sem que qualquer proposta de alteração de cronograma dos demais participantes, coisa rara nesse grupo, fosse vitoriosa, a data foi definida e o projeto estava formatado: seriam 03 aeronaves, partindo de Brasília (Aeródromo Botelho – SIQE), com destino a Fernando de Noronha, com o seguinte roteiro: Brasília - Valença-BA (SNVB), Maceió-AL (SBMO), Natal-RN (SBSG) e daí rumo ao oceano Atlântico em voo para a paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha (SBFN). Nos 30 dias que antecederam a partida, cuidamos do planejamento, reservas de Hotel, na Ilha e nas escalas com pernoite, contratação de Vans para o grupo, aluguel de Buggys para Ilha, contratação também de passeios de barco, mergulho etc. Capítulo especial dessas tarefas preparatórias foi dedicado à obtenção de coletes e Balsas salva-vidas e também à burocracia relativa à autorização de pouso na ilha que

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EXPEDIÇÃO AMIGOS RUMO A FERNANDO DE NORONHA 2015

Um grupo de apaixonados aviadores, em um dia qualquer já no final de 2015,

lamentava-se sobre a falta de voos e viagens deste ano, até que um

Comandante/Médico-cardiologista, decidido, lança a ideia que acrescentaria uma

marca importante à história de nossas jornadas aéreas: voar de Brasília a Ilha de

Fernando de Noronha ainda no mês de novembro.

Com determinação, sem que qualquer proposta de alteração de cronograma dos

demais participantes, coisa rara nesse grupo, fosse vitoriosa, a data foi definida e o

projeto estava formatado: seriam 03 aeronaves, partindo de Brasília (Aeródromo

Botelho – SIQE), com destino a Fernando de Noronha, com o seguinte roteiro: Brasília

- Valença-BA (SNVB), Maceió-AL (SBMO), Natal-RN (SBSG) e daí rumo ao oceano

Atlântico em voo para a paradisíaca Ilha de Fernando de Noronha (SBFN).

Nos 30 dias que antecederam a partida, cuidamos do planejamento, reservas de Hotel,

na Ilha e nas escalas com pernoite, contratação de Vans para o grupo, aluguel de

Buggys para Ilha, contratação também de passeios de barco, mergulho etc.

Capítulo especial dessas tarefas preparatórias foi dedicado à obtenção de coletes e

Balsas salva-vidas e também à burocracia relativa à autorização de pouso na ilha que

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é necessário ser obtida com antecedência, junto à administração do aeródromo,

através de correspondência (e-mail) e confirmação 48hs antes da chegada.

Então, às 7 horas de uma nublada manhã do dia 27 de novembro/2015, lá estavam as

nossas três aeronaves, abastecidas e carregadas com um ligeiro excesso de peso graças

a uma carga extra de bons vinhos, espumantes e até cachaças especiais, que iriam

irrigar as belas noites que nos esperavam nessa jornada.

Alinharam na pista 14 de SIQE os Cirrus SR-22, PR-GCB e PR-SOJ e o RV-10 – PR-ZBM,

todos levando neste primeiro trecho até Valença-SNVB os amigos Claudio Roberto,

Carlos Henrique (Caíca), Daniel, Edimar, Gerard, José Rios, Mauricio Beze, Romeu Jr.,

Walter e Wilson. Em Maceió embarcaria o 11° integrante, Flavio Koenigkan.

Após a decolagem, alguns problemas de contato com o Controle Brasília (bastante

congestionado) atrasaram o início da subida, mas superado este obstáculo, em pouco

tempo toda esquadrilha estava voando entre os níveis 090 e 130 em um céu

parcialmente nublado, que se tornou totalmente nublado a partir da metade final do

trecho até Valença. Como estávamos todos voando sob regras de voo por instrumento

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(IFR), prosseguimos nesta rota tantas vezes voada por esta turma em memoráveis

viagens para Morro de São Paulo.

À medida que nos aproximávamos do destino, começamos a torcer para que as

condições na chegada estivessem de acordo com as previsões do TAF (Terminal

Aerodrome Forecast) e permitisse o nosso pouso em condições visuais, uma vez que o

aeródromo de destino não opera IFR.

Já próximos de iniciar a descida, obtivemos a informação que o teto na região de

Valença estava superior a 1.500 pés. Então, com intervalos em torno de 5 minutos as

aeronaves iniciaram as descidas totalmente guardadas em uma densa camada de

nuvens até a altitude de tráfego do aeródromo, que estava operando em condições

visuais.

Já no solo em SNVB, após um voo de 3 horas e 35 minutos, procedemos ao

reabastecimento das aeronaves e lanche para a turma. Interessante recomendar esta

localidade como opção para os aviadores que necessitarem fazer escala técnica na

região de Salvador. A pista é boa, o atendimento do pessoal de terra é excelente,

economiza-se nas tarifas aeroportuárias, além de evitar as complicações e demoras de

SBSV.

Durante o tempo no solo aproveitamos para "brifar" o próximo trecho, que teria um

tempo estimado de voo de aproximadamente 02 horas e seria realizado a 1.500 pés

AGL, sob regras de voo visual, voando rumo norte na vertical da orla até a cidade de

Maceió – SBMO. O clima no litoral estava melhorando, o que prenunciava um lindo

voo acompanhando o litoral nordestino, vislumbrando suas belas praias e o azul do

oceano atlântico.

Após decolagens em sequência, com intervalos de dois a três minutos entre cada

aeronave, seguindo as instruções do controle Salvador, ingressamos no corredor Axé

a 1.500 pés sobre o mar; logo após passarmos o través da Ilha de Itaparica, entramos

na baia de Salvador contornando pelo setor oeste (W) a capital baiana. Ficamos apenas

alguns poucos minutos nesta rota, pois após livrar o través de SBSV, fomos liberados

para voltar à linha do litoral e mais uma vez voarmos sobre o mar.

Esta etapa de nossa viagem ocorreu como um passeio! O visual era lindo, o clima

excelente, em todo o trecho tínhamos contato visual entre as aeronaves

companheiras, tiramos um número incrível de fotos e filmagens da paisagem, inclusive

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com direito ao sobrevoo da foz do Rio São Francisco. Não tínhamos pressa, voávamos

em velocidade de cruzeiro econômica, o importante nesta etapa era observar e curtir

a paisagem.

As localidades litorâneas e as TMA’s vizinhas sucediam-se neste voo sempre

controlado, que cobre todo o litoral nordestino de Salvador a Natal, tornando esta

etapa segura e muito agradável.

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Já chegando em Maceió, ao entrar em contato com o Controle local, ouviu-se o

seguinte diálogo com uma de nossas aeronaves:

Aeronave: Controle Maceió é o PR-???, mantendo 1.500 pés, mais 12 minutos para o

destino;

Controle: Afirmativo, reporte quando visual com o aeródromo;

Aeronave: (Imediatamente na sequência a resposta) Controle Maceió o PR-??? - Está

visual com o Aeródromo;

Controle: (enfático) Jááááááá!!!!!! - Vocês estão 23 milhas afastados;

Aeronave: Confirmo visual com o aeródromo;

Controle: Ok, mas mesmo assim, mantenham a minha escuta e reportem 3 minutos

fora para transferência para Torre Maceió;

Até hoje a tripulação de “olhos de águia” desta aeronave jura que viu o aeródromo e

eu tenho certeza que eles viram, conheço os caras e acredito neles.

Em Maceió, completamos a segunda etapa da jornada. Depois de 2 horas e 10 minutos

de um divertido voo sobrevoando a terra e o mar, todas as aeronaves estavam

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pousadas. Um dos objetivos desta escala era embarcar o amigo Flavio, que nos

acompanharia no restante da viagem e também aproveitarmos as belezas dessa cidade

que iria servir de "esquenta" para o último trecho rumo a Fernando de Noronha, com

direito a praia, passeios de Barco, cervejas, vinhos etc.

No aeroporto a Van contratada já nos esperava para levar ao hotel, dando mostra que

até aqui o planejamento funcionou 100%. O almoço, no meio da tarde, foi na beira do

mar, na praia de Pajuçara.

Depois de “algumas muitas cervejas demais”, dois parceiros de viagem não

observaram que em uma praia tão bonita, quase não tinha ninguém na água, que a

maioria utilizava um chuveiro em frente à Barraca, mesmo assim empreenderam

mergulhos e muitas cambalhotas em uma água com índices de balneabilidade bem

duvidosos, mas como estavam esterilizados pelo álcool, nada de mais aconteceu.

No dia seguinte a nossa chegada, o planejamento previa um passeio de lancha, daí,

logo pela manhã a turma já estava pronta na van para diversão e mais cerveja,

percorrendo a Lagoa de Mundaú em direção à Prainha e Praia do Saco.

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Do Motonáutica Lagoa Clube a lancha partiu com todos seguindo fielmente as

orientações de uma jovem habitante local, que nos indicou os caminhos em busca de

uma famosa patttttinha de caranguejo. Foi realmente um belo passeio, pegamos

alguns jacarés nas ondas da praia do Saco, com direito a caixote e olho roxo de um dos

integrantes da turma, bem enferrujado nesta atividade.

O 29/11/2015 raiou majestoso e com certa carga de ansiedade. Era o dia de

alcançarmos o nosso objetivo principal e bem cedo já estávamos no aeroporto

envolvidos com os preparativos das aeronaves para a jornada até Fernando de

Noronha. O plano previa um voo pelo litoral de Maceió até Natal, aonde pousaríamos

no novo aeroporto de São Gonçalo do Amarante (SBSG) para reabastecermos e

partirmos rumo a Ilha.

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No entanto, devido a atrasos diversos no transporte e abastecimento das aeronaves,

tornou-se necessário acelerar a chegada em Natal. Então, ao contrário do trecho

anterior este voo foi realizado pelo continente, em ritmo de cruzeiro rápido, em torno

de 5.000 pés de altitude. Foi um voo tranquilo para as três aeronaves de ponta a ponta,

percorrendo as 226 milhas em 01 hora e 30 minutos. O único inconveniente desta

etapa ocorreu após o pouso em Natal, quando mais uma vez constatamos como a

utilização destes grandes aeroportos é complicada para a aviação geral,

principalmente tratando-se de aeronaves leves.

Estes grandes aeroportos são planejados para a aviação comercial, não há qualquer

rotina ou estrutura de apoio para nosso tipo de operação, os pátios de estacionamento

são muito afastados, o serviço de abastecimento muito demorado, a circulação dos

tripulantes é restrita e depende da eventual disponibilidade e boa vontade dos fiscais

de pista em nos transportar, sem esquecermos a burocracia excessiva e as taxas

desproporcionais ao pouco serviço que nos oferecem, isso tudo gera transtornos e

demoras imensas em uma simples escala técnica.

Com a experiência de muitas viagens que já realizamos, podemos afirmar que se

houver outra opção na localidade escolhida para uma escala, busque sempre um

aeródromo menor, não tenha dúvida que esta será a melhor escolha, bem mais

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simples e agradável. Só lamentamos que em nosso País, com a expulsão generalizada

dos pequenos aeródromos das grandes cidades, cada dia que passa estas opções estão

menores.

Voltando à nossa viagem, chegou a hora. Aeronaves abastecidas e checadas, coletes

salva vidas vestidos, balsa inflável posicionada, procedimentos de abandono em caso

de amerissagem repassados, e lá vamos nós para o ponto de espera da pista 12 de

SBSG (Natal), ansiosos pela decolagem rumo ao oceano.

Aproximava-se das 11 horas quando nossas três aeronaves iniciaram a decolagem em

busca da proa 076° para iniciar uma jornada com previsão de 1 hora e 25 minutos de

voo, sob e sobre uma paisagem totalmente azul, pontuada por pequenos flocos de

nuvens brancas invasoras, que quebravam a monotonia daquela bela e esperada visão

azul para estes sortudos aviadores.

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A rota entre Natal e Fernando Noronha é de 210 milhas náuticas (397 km) e neste

nosso voo as únicas opções possíveis de pouso, eram os aeródromos de partida ou de

destino, mas tal preocupação é rapidamente superada logo após a decolagem, pela

novidade e emoção de você estar voando sobre o oceano Atlântico em pequenas

aeronaves separadas por poucas milhas de distância.

Voando nos níveis 090 e 110 em

permanente contato com os

órgãos de controle aéreo,

primeiramente o Controle Natal,

posteriormente o Centro Recife e

por último a Rádio Noronha, este

monitoramento permanente

aumenta bastante a sensação de

segurança e vai atenuando a

ansiedade até a visão da Ilha.

Tudo estava tranquilo e com 1 hora e 10 minutos de voo, ainda sem estar com a Ilha a

vista, iniciamos a descida para altitudes em torno de 3.000 pés; durante a descida

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chamamos a rádio Noronha e a simples resposta do controlador local aumentava a

euforia pela chegada. Ultrapassamos uma leve camada de nuvens que cobria o terço

final da viagem e ao longe avistamos o relevo acidentado daquela ilha vulcânica,

cercada de inúmeras e belas praias que era o nosso principal objetivo nesta jornada.

À medida que nos aproximávamos, a vista ficava mais bonita e, na chegada,

autorizados pela rádio Noronha, as aeronaves de nossa turma iniciaram o sobrevoo, a

1.000 pés, circundando o arquipélago e vislumbrando aquela bela paisagem de um

ângulo privilegiado que os aviadores sempre podem aproveitar.

Uma a uma as aeronaves de nossa esquadrilha alinharam na final da pista 12 de SBFN,

tocando o solo da ilha e fechando a etapa mais importante de nossa jornada.

No pátio a alegria da turma era enorme e todos ajudavam na tentativa de arrumar as

aeronaves o mais rápido possível, visando aproveitar ao máximo a estadia.

É sempre bom lembrar que

no Aeroporto de Fernando

de Noronha, existe um

serviço de handling operado

por uma empresa privada,

que desde o momento do

pouso da aeronave tenta de

todas as formas “impor” a

prestação dos seus serviços,

cujo valor é extremamente

elevado. Importante alertar

aos futuros viajantes que o

aeródromo de Fernando de

Noronha é público e sujeito,

portanto, apenas ao preço

público, legalmente fixado, sem

qualquer obrigatoriedade de se

contratar o serviço de qualquer

empresa para ter direito a lugar

no pátio, permanência ou

guarda da aeronave, a não ser

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que seja de seu interesse contar com uma sala de recepção e serviço de carregadores

de bagagens.

Anote-se que o ingresso em Fernando de Noronha é controlado e só é permitido para

as pessoas que estão com a hospedagem devidamente contratada e a taxa

correspondente ao período de permanência paga.

Asssim, com as aeronaves amarradas e

cobertas, partimos para a área de

“imigração”, na recepção do aeroporto,

para o pagamento da taxa de ingresso

na ilha e pegar os Buggys que alugamos

para circular pela ilha.

Quase todos os serviços de aluguel de

carros Fernando de Noronha são

simples e extremamente informais,

praticamente tudo é combinado por

email e a entrega e devolução dos carros rápida e descomplicada, no próprio

aeroporto.

Mas com tanta simplicidade às vezes algumas coisas são esquecidas como, por

exemplo: os carros são entregues com o mínimo de combustível, no caso o suficiente

para você ir até o único posto de abastecimento da ilha e reabastecer.

É pouco combustível mesmo, um de nossos Buggys, pilotado pelo Capitão Bob, teve

que ser resgatado após rodar pouco mais de 5 km, ou seja, um trecho entre o

aeroporto e a pousada e mais uma tentativa de volta ao aeroporto. O resgate deste

companheiro tornou-se uma prioridade devido ao carregamento de vinho que estava

com o mesmo.

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Falando em pousada, Fernando de Noronha é um caso à parte. Esqueçam toda relação

lógica de preço/qualidade, pois todas são muito caras e a maioria delas é simples com

pouquíssimos itens de conforto, o serviço

é simpático, mas precário, ou seja, você

tem duas opções: pagar muito caro por

uma pousada simples com um serviço

precário ou deixar o avião na ilha como

pagamento de uma pousada “luxuosa”

(existem poucas).

Os visitantes devem lembrar-se que estão em uma ilha a mais de 200nm do continente.

Tudo que chega lá vem de navio ou avião, com custos bem altos de transporte, sem

contar as elevadas taxas oficiais, cobradas pela administração local para liberar os

alvarás e autorizações de serviços e instalações comerciais, portanto, não esperem

muito pelo que estão pagando, o turismo na

ilha é caro, o negócio é relaxar e aproveitar o

que interessa: as praias, mergulhos e as belas

paisagens.

Logo após o almoço da chegada, circulamos

pelas praias e pontos turísticos da Ilha, alguns

já aproveitaram para pegar uns jacarés em

algumas praias e aproveitamos para

fecharmos uma saída de mergulho para a turma no dia seguinte, quando muitos iriam

pela primeira vez empreender uma aventura submarina, tinha marmanjo com medo

até de tartaruga.

À noite, após o jantar, a turma foi para um boteco legal com muita música boa e cerveja

gelada, um bom momento de descontração para esses amigos que transformam

qualquer simples evento em acontecimento, com muitas conversas e risadas que só as

boas companhias trazem.

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No dia seguinte, Praia do Sancho (paraíso

dos surfistas) pela manhã e à tarde o

esperado mergulho autônomo nas aguas

do parque marinho de Fernando de

Noronha, aonde muitos dos nossos amigos

tiveram a primeira experiência de passear

a mais de 10 metros de profundidade em

contato com a flora e fauna marinha.

Alguns receosos no início, mas eufóricos ao

fim desta nova experiência. A exceção ficou

por conta de um colega que pagou 400 pratas por um mergulho e ficou meia hora a

um palmo de profundidade sem conseguir afundar. Não viu nada, mas pagou assim

mesmo!

Quando se viaja com pessoas com

muita afinidade, não interessa para

aonde se vai porque a diversão e bom

papo serão sempre uma certeza. Na

pousada em que ficamos, em pouco

tempo a maioria se tornou amigo dos

demais hóspedes promovendo

divertidas rodas de papo e churrascos,

que entravam pela madrugada a

dentro, sempre regados com muita

cerveja, vinhos, whisky, etc, etc, etc.......... ufa!!!!!!

Não podemos deixar de registrar que apesar da idade avançada da maioria dos

integrantes desta expedição, promovemos uma autêntica batalha esportiva na praia

da Conceição, com uma histórica partida de Volleyball, aonde após uma luta épica do

time dos mais velhos contra os menos velhos, a experiência falou mais alto e o time

dos longevos aviadores sagrou-se campeão após 5 sets de pura emoção.

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Por falar nisso, em uma destas madrugadas festivas, dois coitados que tentavam

dormir, foram violentamente acordados por uma turma interessada em prolongar a

farra, promovendo um campeonato absurdo de canto de “galopeira” que só alguém

que ultrapassou (e muito) a quota limite de um bafômetro conseguiria aguentar, haja

folego e paciência.

Mas acabou a farra, era hora de iniciarmos a

volta. Era hora de mais uma vez colocarmos

os pássaros no ar sobre o oceano atlântico

de volta para o continente.

Na manhã do dia 02 de dezembro de 2015,

acordamos cedo e iniciamos os preparativos

para mais uma vez cruzarmos o oceano,

desta vez rumo ao continente.

Foi uma faina geral recolher a tralha toda, levar as bagagens para o aeroporto e

devolver os Buggys, juntar a turma para não perdermos muito tempo e podermos

aproveitar o resto do dia em João Pessoa. Desta vez iríamos voar bem mais leves,

porque o carregamento de vinhos e destilados foi integralmente consumido na festiva

estada na Ilha.

Tudo resolvido, aeronaves prontas, decolamos em pequenos intervalos e mais uma

vez juntos sobre o mar. Planejamos uma perna mais longa pois inicialmente iríamos na

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direção de Natal-SBSG, antes de aproarmos o destino final para este dia: a cidade de

João Pessoa-SBJP.

Optamos por bloquear Natal antes de seguirmos para o destino por questão de

segurança, com o objetivo de diminuirmos o tempo de voo sobre a água, mas também

para aproveitarmos a oportunidade de percorrer esse trecho de litoral que não

havíamos sobrevoado na ida.

O voo de volta transcorreu mais uma vez em um belo clima, pouquíssimas nuvens no

ar, vento calmo e sem turbulência. Ao contrário de nosso voo de ida, a ansiedade era

bem menor; como toda volta, não existia mais a novidade: a missão havia sido

cumprida, agora era só empreender o retorno para casa.

Vento calmo de cauda e após 01 hora e 22 minutos de voo entre o nível 080 e 100,

bloqueamos o litoral potiguar e iniciamos nossa descida rumo sul, mais uma vez

voando na vertical da orla a 1.500 pés.

Após mais 30 minutos de voo apreciando o

litoral, pousamos em João Pessoa (SBJP),

aonde mais uma vez o planejamento

funcionou e a Van que nos transportaria

para o Hotel já aguardava. Esta era outra

escala em que a turma iria continuar as

férias em mais dois dias com passeios e

praia.

Para evitar os transtornos enfrentados em Maceió, já deixamos as aeronaves

devidamente abastecidas, pois decolaríamos cedo rumo a Brasília, dois dias depois.

A capital paraibana vem experimentando um crescimento urbano bastante acelerado

nos últimos anos, é possível vislumbrarmos inúmeros empreendimentos imobiliários

novos em bairros recém-formados, grande parte deles no litoral.

Um bom programa foi o passeio de lancha até a ilha de Areia Vermelha, que na verdade

é um banco de areia temporário, a uns 20 minutos de lancha mar a dentro. Com sua

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bela vista das cidades de João Pessoa e Cabedelo, tornou-se ponto de badalação e

concentra o maior programa da frota de jet skis e de barcos do litoral paraibano.

No final do dia o plano era apreciar o pôr do Sol na frente da Praia do Jacaré, às margens

do Rio Paraíba, para ouvir o famoso Jurandy do Sax tocando o Bolero de Ravel, uma das

mais interessantes atrações turísticas da Paraíba, que se repete diariamente (sem falhas)

desde o ano 2000.

Pois não é que este espetáculo quase foi interrompido, quiçá arruinado, pelo desequilíbrio

etílico de um de nossos companheiros, que conseguiu cair da lancha durante a passagem

da embarcação do festejado músico! Não podemos dizer que a queda foi espetacular, mas

foi estrondosa o suficiente para quase adernar a frágil canoa que conduzia o responsável

pelo espetáculo assistido diariamente por uma multidão de turistas há mais de 15 anos.

Pior é que na tentativa de subir de volta ao barco o atordoado cidadão conseguiu a façanha

de cair de novo. Impressionante!!!!!!

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O Dia seguinte seria o último de nossa jornada. Decolaríamos de João Pessoa para Brasília,

com escala em Lençóis-SBLE, na Bahia, bela cidade encravada Chapada Diamantina.

Seriam 930 milhas com um estimado de mais de 6 horas de voo pela frente, voando sobre

o sertão nordestino, ao final de uma grande seca em um dia muito quente, com

expectativa de muita turbulência.

Visando aproveitar ao máximo o dia, marcamos a decolagem para as 7 horas da manhã,

horário este que, como na maioria das vezes, não foi cumprido, por motivos diversos,

inclusive por atrasos do controle local que não localizou o plano de voo de uma de nossas

aeronaves.

As três aeronaves estavam com plano IFR, que depende de aprovação do Centro Recife. A

Sala AIS de João Pessoa confirmava a passagem do Plano, mas não a autorização de Recife

para uma delas. Para agilizar a solução do problema e conseguir autorização da

decolagem, o comandante pediu a alteração do Plano para visual e, enfim, foi autorizado

a decolar.

Após a decolagem, cumprimos as orientações do controle para subida e buscamos acelerar

ao máximo a ascensão visando atingir o nível de voo programado, no caso o FL 100. O dia

já começava a esquentar, quanto mais alto voássemos menor seria a turbulência, comum

na região do sertão, principalmente em dias quentes.

Faltando 25 minutos para o pouso em Lençóis (SBLE) iniciamos a descida e já na frequência

da rádio local, ouvíamos o frenético movimento de aeronaves do corpo de bombeiros que

lutavam para debelar um incêndio na Chapada Diamantina, que há vários dias consumia

grande parte daquele belo e importante parque natural.

Foram 3 horas e 20 minutos de voo sem intercorrências, mas após o pouso nos deparamos

com uma sucessão de problemas típicos da falta de estrutura e compromisso da maioria

das entidades que prestam serviço à sofrida aviação geral brasileira: de cara fomos

informados que o abastecimento não estava funcionando (apesar de constar no ROTAER

que a operação seria de 07 às 18 horas de segunda a sexta) e termos feito contato prévio

com o responsável pelo abastecimento, informando o horário aproximado de chegada,

motivo: funcionário estava ausente – solução: esperar a chegada do mesmo, porque

ninguém mais no aeródromo tinha autonomia para solucionar o caso.

Não bastasse a longa espera de mais de uma hora pelo zeloso funcionário do serviço de

abastecimento, nos deparamos mais uma vez com o problema crônico dos órgãos de

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controle nacionais em extraviar planos voo feitos com a devida e correta antecedência. A

frequência com que isso vem acontecendo é preocupante, apesar da boa vontade de

todos em resolver, a solução nunca é satisfatória para os usuários, pois o tempo que se

perde buscando tais soluções é enorme.

Então, após mais de 2 horas no solo em uma parada programada para apenas 30 minutos,

decolamos rumo a nossa querida Brasília finalizando essa bela jornada. Na saída em

Lençóis, como esperado, enfrentamos forte turbulência e muita dificuldade em

cumprirmos a subida programada; o calor era infernal e os imensos incêndios na região

enchiam o ar com uma densa névoa. Foi uma subida bem desconfortável.

Nivelados em rota, apesar da altitude, ainda encontrávamos alguma turbulência, mas à

medida que deixávamos a Bahia e aproximávamos de Brasília, o ambiente foi se

transformando, saímos da secura e do calor abrasador para irmos aos poucos entrando

em uma área repleta de formações pesadas prenunciando muita chuva na região.

Mas, com alguns desvios, após 03 horas e 05 minutos de voo, todas as aeronaves de nossa

turma estavam no solo e foram recepcionadas, após o pouso, com um dos maiores

temporais do ano na cidade, que nos prendeu dentro dos hangares por um bom tempo.

Mas, como bons conversadores que somos, naquele instante mesmo começamos a

recordar os bons momentos em que esta turma esteve junta, o voo foi maravilhoso com

certeza, as paisagens inesquecíveis e a experiência adquirida incalculável, mas a

convivência de bons companheiros e o fortalecimento de importantes laços de amizade

são o resultado mais importante que trazemos destas jornadas! Valeu turma, vamos para

a próxima.

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ROTEIRO GERAL DA VIAGEM - RV-10 (PR-ZBM)

DATA DE PARA DISTANCIA

NM TEMPO VOO CONSUMO LTS

27/11/2015 Brasília - SIQE Valença - SNVB 531 03:35 161

27/11/2015 Valença - SNVB Maceió - SBMO 298 02:10 94

29/11/2015 Maceió - SBMO Natal - SBSG 226 01:30 70

29/11/2015 Natal - SBSG F. de Noronha - SBFN 210 01:25 65

02/12/2015 F. de Noronha - SBFN João Pessoa - SBJP 296 02:05 91

04/12/2015 João Pessoa - SBJP Lençóis - SBLE 493 03:20 161

04/12/2015 Lençóis - SBLE Brasília - SIQE 429 03:05 144

2483 17:10 786

Dinheiro não traz felicidade, mas paga horas de voo, o que é quase a mesma coisa

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