Expediente Sumário - Sou Leitor Espírita · ravilhas do mundo antigo, dentre as quais despontam...

44

Transcript of Expediente Sumário - Sou Leitor Espírita · ravilhas do mundo antigo, dentre as quais despontam...

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 130 / Novembro, 2012 / N o 2.204

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES

Redatores: ALTIVO FERREIRA, ANTONIO CESAR PERRI DE

CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA, GERALDO

CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA

E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA

SILVA KAUFMAN

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:SGAN 603 – Conjunto F – L2 Norte 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

SumárioExpediente

Editorial

As viagens de Kardec

Entrevista: Gladis Pedersen de Oliveira

Histórias destinadas à educação para o bem

Esflorando o Evangelho

Não te perturbes – Emmanuel

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Música na Escola de Evangelização Espírita –

Marisa Priolli Fonseca

A FEB e o Esperanto

Espiritismo para esperantistas em Hanói – Affonso Soares

Doutrina Espírita / Spiritismo Doktrino

Conselho Espírita Internacional

13a Reunião da Coordenadoria do CEI na Europa

Seara Espírita

Reflexões sobre o Dia de Finados – Christiano Torchi

Glória da imortalidade – Joanna de Ângelis

Experimente – Richard Simonetti

Trabalhemos – Hernani T. Sant’Anna

Estudo do Evangelho à luz do Espiritismo –

Antonio Cesar Perri de Carvalho

Os Mensageiros – Aylton Paiva

Convite à perfeição – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Recordando a viagem espírita de Allan Kardec,

em 1862 (Capa) – Adilton Pugliese

Em dia com o Espiritismo – Saúde integral –

Marta Antunes Moura

Auxílio integral às famílias de suicidas –

Leila do Amaral

Dia da Caridade – Mário Lange de S. Thiago

Falência encarnatória – Mauro Paiva Fonseca

Trovas – Antônio Azevedo / Antônio de Castro

Transformação da Humanidade – São Luís

5

8

12

13

14

16

18

22

26

29

34

38

39

41

4

10

21

32

36

37

40

42

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 5522,,0000Assinatura digital anual RR$$ 2244,,0000Número avulso RR$$ 77,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 5500,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

Editorial

obra Viagem Espírita em 18621 – que completa 150 anos de lançamen-to em dezembro2 deste ano –, é um registro histórico de fundamentalimportância para se conhecer e compreender o pensamento e os depoi-

mentos de Allan Kardec sobre os primeiros espíritas e suas atividades. Aprende-semuito com os exemplos do Codificador.

Coube a Allan Kardec apresentar ao mundo a Doutrina Espírita, com a elabo-ração das Obras Básicas; fundar o primeiro Centro Espírita, com a SociedadeParisiense de Estudos Espíritas; iniciar o periodismo espírita, com a Revista Espírita,e iniciar o Movimento Espírita, realizando os primeiros contatos e intercâmbioscom as instituições nascentes.

Nos relatos sobre suas viagens, Kardec orienta o Movimento Espírita a respeito daorganização, estudo, ação social, solidariedade, união e divulgação, dando exemplosde simplicidade e humildade. Aliás, é durante uma estada em Tours que o Codificadorrecebe a visita de Léon Denis, um fato muito significativo para o futuro líder espírita.

Adverte que a árvore é reconhecida pelos seus frutos e sugere a profilaxia doorgulho, da inveja e do ciúme no meio espírita.3 Chega mesmo a vaticinar: “[...] oEspiritismo será o traço de união que aproximará os homens divididos pelascrenças e pelos preconceitos mundanos [...]”.4

Na leitura sobre suas primeiras viagens, temos muito em que refletir na busca daconcretização, em nossos dias, dos belos exemplos vividos pelo mestre lionês!

Vamos ler, meditar sobre os exemplos de sua vida edificante e divulgar ViagemEspírita em 1862 e outras Viagens de Kardec!

A

4 Reformador • Novembro 2012440022

As viagensde Kardec

1Este é o título do original francês, cuja tradução, feita por Evandro Noleto Bezerra, foi publicada pelaFEB Editora juntamente com os discursos pronunciados pelo Codificador nas viagens de 1860, 1861,1864 e 1867, compondo um volume intitulado Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec.

2BARRERA, Florentino. Resumo analítico das obras de Allan Kardec. São Paulo: Madras Editora (coediçãoUSE), 2003. Compêndio 4, Viagem espírita em 1862, p. 121.

3KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862 e outras viagens de Kardec. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. Discursos pronunciados nas reuniões gerais dosespíritas de Lyon e Bordeaux, it. 3, p. 101.

4Idem, ibidem. p. 104.

5Novembro 2012 • Reformador 440033

ual será a origem da cul-tura de se consagrar umdia em homenagem aos

“mortos”? Qual o significado dapalavra “finados”? Será mesmonecessário ir aos cemitérios parahonrar a memória dos que retor-naram à Pátria Espiritual? E quala melhor deferência que podemosprestar a eles?

De acordo com alguns pesqui-sadores, o dia consagrado aosmortos originou-se dos antigospovos gauleses, os quais, conhece-dores da indestrutibilidade do ser,honravam os Espíritos e não oscadáveres como, equivocadamen-te, se faz na atualidade.

O culto ao dia dos mortos é umatradição mundial, cuja origem seperde na noite dos tempos, cons-tituindo, como se lê na resposta àquestão 329 de O Livro dos Espíri-tos (FEB Editora), um forte indícioda imortalidade da alma, acalen-tada intuitivamente pelo homem.1

Finado é o particípio passadodo verbo “finar”, que significa oindivíduo que morreu, findou, fa-leceu, termo que se substantivou

com a cultura adotada pelos po-vos das mais diversas religiões,prática essa que esteve muito liga-da, na Antiguidade, aos cultosagrários ou da fertilidade: acredi-tava-se que os mortos, como assementes, eram enterrados comvistas à ressurreição (novo nasci-mento). Em vista disso, o primiti-vo Dia de Finados era festejadocom banquetes e orgias perto dostúmulos, costume disseminadoem várias civilizações do passado.

Consta que, após a morte do ti-rano Mausolo, rei de Cária, antigaregião da Ásia Menor, a esposa doimperador, Artemísia, ordenou aconstrução de um enorme edifí-cio, ricamente enfeitado, paraabrigar o corpo do soberano. Essaconstrução, ou monumento fune-rário, é considerada uma das ma-ravilhas do mundo antigo, dentreas quais despontam as pirâmidesdo Egito, que até hoje constituemmorada dos restos mortais dosantigos faraós. Daí teria surgido apalavra “mausoléu” para identifi-car os sepulcros de grandes pro-porções.

Entretanto, somente no finaldo século X é que foi oficializadopela Igreja de Roma o “culto aosmortos”, com o nome de “fina-dos”, destinado especificamenteaos Espíritos que estariam no“Purgatório”, lugar, segundo acrença católica, “onde as almasdos que cometeram pecados levesacabam de purgar suas faltas, an-tes de ir para o paraíso”,* as quaistambém dependeriam, para se-rem resgatadas – ainda segundo acrença católica – das preces dosque estão na Terra.**

Para o Espiritismo, este é um diacomo qualquer outro, uma vez queconsidera a ida ao cemitério comoa exteriorização de um sentimento.Os que visitam um túmulo mani-festam, por esse costume, que pen-sam no desencarnado, embora

QCH R I S T I A N O TO RC H I

Reflexões sobre oDia de Finados

*HOUAISS, Antônio e outros. DicionárioHouaiss da língua portuguesa. Rio de Ja-neiro: Objetiva, 2009. Verbete “purgató-rio”, p. 1.579.

**KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.Manuel Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2012. Cap. 5, it. 2.

muitos o façam apenas para sedesincumbir de mais uma “obri-gação social” no calendário hu-mano, sem que haja a exterioriza-ção sincera de amor.

Para homenagear o ente queridoque nos precedeu no retorno aomundo espiritual, não é preciso,necessariamente, ir a cemitérios,cuja aparência lúgubre geralmen-te evoca lembranças desagradá-veis de corpos perecíveis em de-composição.

O que sensibiliza o desencarna-do não é propriamente a visita àsepultura, mas a lembrança fra-terna e a prece sincera daqueleque ficou na Terra, o que pode serfeito a qualquer momento e emqualquer lugar. Por isso, o dia definados não é mais importante,para os que morrem, do que ou-

tros dias. A diferença entre o diade finados e as demais datas é que,naquele, mais pessoas invocam osEspíritos pelos pensamentos.

A prática regular de as famíliassepultarem os restos mortais deseus entes em um mesmo lugar éútil do ponto de vista material,entretanto, para as leis divinas, es-sa cultura nenhum valor tem, doponto de vista moral, a não sertornar mais concentradas as re-cordações dos parentes.

O Espírito que atingiu um de-terminado grau de perfeição, des-pojado que se encontra das vai-dades terrenas, compreende a inu-tilidade dos funerais pomposos,que servem mais aos que ficamdo que aos que partem.

Em muitos casos, o Espírito as-siste ao seu próprio velório,2 não

sendo raras as decepções que ex-perimenta nesses momentos. A sim-ples menção do nome do falecidoe de outros mortos transforma-seem verdadeira invocação, atrain-do-os ao ambiente em que estamos.A propósito, no livro Obreiros daVida Eterna, ditado pelo EspíritoAndré Luiz ao médium FranciscoCândido Xavier (1910-2002), en-contramos significativa advertência:

– Nossos amigos da esfera car-

nal são ainda muito ignorantes

para o trato com a morte. Ao

invés de trazerem pensamentos

amigos e reconfortadores, pre-

ces de auxílio e vibrações frater-

nais, atiram aos recém-desen-

carnados as pedras e os espi-

nhos que deixaram nas estradas

percorridas. É por isso que, por

6 Reformador • Novembro 2012440044

enquanto, os mortos que entre-

gam despojos aos solitários ne-

crotérios da indigência são

muito mais felizes.

[...]

[...] as câmaras mortuárias não

devem ser pontos de referência

à vida social, mas recintos con-

sagrados à oração e ao silêncio.3

Qual, então, deve ser a nossaconduta, nessas ocasiões? A mes-ma postura de respeito que deve-mos ter para com qualquer pessoaencarnada. Uma prece sincera,um gesto de perdão, um pensa-mento simples, mas bondoso, en-dereçado aos entes que partiram,valem mais do que mil coroas deflores e solenidades fúnebres.4

Há uma passagem do Evange-lho que bem resume o espírito definados:

Segue-me; e o outro respondeu:

Senhor, consente que, primeiro,

eu vá enterrar meu pai. – Jesus

lhe respondeu: Deixa aos mor-

tos o cuidado de enterrar seus

mortos; quanto a ti, vai anun-

ciar o Reino de Deus.5

Que interpretação devemos dara esse texto? A literal, que nos in-duz a negar o direito de nos des-pedir dos nossos entes mais pró-ximos? É claro que não. É que Je-sus nunca perdia a oportunidadede ensinar alguma coisa àquelesque o rodeavam. O Mestre falavapara o futuro, querendo com issodeixar patente que a morte física éum fato ou fenômeno natural. É omesmo que dissesse: – Não ligue-

mos à matéria, ao corpo, mais im-portância do que ele tem.

Enquanto encarnados, devemospriorizar a vida espiritual em de-trimento da vida material, sem,entretanto, descuidar do vaso físi-co, que constitui a habitação ou otemplo do Espírito, instrumentode nosso progresso, considerado oprimeiro empréstimo que recebe-mos do Criador ao reencarnarmos.Portanto, não somos donos, masmeros usufrutuários dele. Comotudo que é material, um dia tere-mos que devolvê-lo e prestar con-tas do seu bom ou mau uso.

O sepultamento dos despojos,além de constituir uma questãode higiene pública, também é umaforma de respeito à personalidadedo extinto e aos seus restos mor-tais, direito contemplado inclusi-ve pelo ordenamento jurídico.

Sendo a desencarnação a liber-tação do Espírito da carne, a mor-te não passa de uma ilusão dossentidos, porquanto o que morreé o corpo físico. Apenas mudamosde residência, de uma dimensãopara outra. Biologicamente, amorte é o esgotamento dos ór-gãos que, em realidade, tambémnão morrem, mas se transfor-mam, são devolvidos à Naturezapor meio da natural desintegra-ção dos seus elementos químicos.

Seja nossa ou dos outros, deve-mos aceitar a morte com resigna-ção e coragem, o que é uma provade confiança no Criador, na cer-teza da imortalidade. É naturalque externemos nossos senti-mentos de dor em momentos tãodifíceis. Entretanto, evitemos nos

entregar ao desequilíbrio, umavez que essa conduta em nadaajuda o Espírito desencarnanteque, nessas circunstâncias, recebenossos desvarios mentais, comsofreguidão.

Por derradeiro, não nos esque-çamos de que o mais importantenão é o comportamento das pes-soas na hora da desencarnação deum ente querido, ou no instanteda própria morte física, mas, so-bretudo, a conduta que devemoster durante toda a nossa existênciafísica, pois que, na condição deEspíritos imortais, nossa vida de-ve ser o resultado de um constan-te esforço pelo aperfeiçoamentomoral.

Em razão disso, combater osexcessos e os maus hábitos físicose morais é uma boa maneira denos prepararmos para a morte,com o que faremos jus à mensa-gem atribuída ao sábio Confúcio:“Quando você nasceu, todos sor-riam, só você chorava. Viva de talforma que, quando você morrer,todos chorem, só você ria!”.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.

Q. 329.2______. ______. Q. 327.3XAVIER, Francisco C. Obreiros da vida

eterna. Pelo Espírito André Luiz. 2. ed.

esp. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Edito-

ra, 2010. Cap. 14, p. 247-248.4VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Espí-

rito André Luiz. 2. ed. 1. reimp. Rio de Ja-

neiro: FEB Editora, 2012. Cap. 36.5LUCAS, 9:59-60.

7Novembro 2012 • Reformador 440055

8 Reformador • N0vembro 2012440066

triunfo da imortalidade doEspírito inicia-se no mo-mento da sua ressurreição

após a morte do corpo físico.Despertando na dimensão espi-

ritual e dando-se conta da sobre-vivência, o Espírito compreende osignificado da existência corporale faz um balanço das realizaçõesdurante toda a jornada, aprofun-dando os conteúdos felizes da-quelas que o enriqueceram de paze de lucidez, enquanto confereaqueloutras nas quais nãologrou o êxito que poderiater conseguido se hou-vesse persistido nos sen-timentos nobres.

Dá-se conta daoportunidade que selhe apresenta, assimcomo das infinitaspossibilidades de quepassa a dispor, caso de-seje avançar no rumoda plenitude.

Descortina, mediante areflexão calma e sábia, as bên-çãos que o aguardam através dasfuturas reencarnações e começa aempenhar-se na autopreparaçãopara os futuros empreendimentoslibertadores.

Indizível alegria invade-o ante aperspectiva de que é possível con-seguir a autoiluminação e de quetudo quanto produza de bem ou demal reverte-se em sua própria dire-ção, propiciando-se alegrias inaudi-tas ou desventuras perturbadoras.

Mesmo que haja vivenciado aexistência de maneira incorreta, dis-põe agora de novos recursos paraa autorrecuperação, que passa adepender exclusivamente do em-penho com que se dedique à con-quista dos valores mal utilizados.

Quando, porém, deixou-se in-toxicar pelos vapores da soberba edo orgulho, entregando-se aos

despautérios nos quais se com-prazia, toma conhecimento dosterríveis danos a si próprio infligi-dos e, não tendo amadurecimentopsicológico para compreender aresponsabilidade que lhe pesa so-bre os ombros, permite-se a revol-ta e o desespero que mais o ator-mentam, empurrando-o para as

sombras demoradas da perturba-ção e do desequilíbrio.

Cada ser é responsável pelasconsequências dos atos que prati-ca. O seu livre-arbítrio proporcio-na-lhe a eleição do que consideracomo digno de respeito, arrastan-do-o, mesmo quando a contra-gosto, pelo caminho escolhido,naturalmente assumindo os resul-tados da atitude infeliz.

O Senhor do Universo nãoaplicaria mais de dois bilhões

de anos para que a vida seiniciasse no orbe terres-

tre até alcançar o nívelda razão e do discer-nimento, da cons-ciência e do saber, sea mesma não tivesse afinalidade sublimeda perfeição.

Negar-se-lhe a cau-salidade é fuga e

transferência para a ilu-são, na qual se compraz

o invigilante, pensandoem evadir-se das responsa-

bilidades, sob a vã justificativada ignorância.

Tudo no Cosmo fala de or-dem, de equilíbrio, de harmonia,mesmo quando se contempla oaparente caos, que oculta os prin-cípios que o produzem, emborapermaneçam desconhecidos.

Há, portanto, em tudo e emtodos, a fatalidade para a glóriada imortalidade em permanentetriunfo.

OGlória da imortalidade

A vida jamais se extingue, des-de quando foi iniciada.

O Espírito é criação do Amorcom o destino da alegria sem limites.

Enquanto se transita na carne, amemória dos acontecimentos espi-rituais diminui de intensidade, mo-mentaneamente bloqueada em par-te, a fim de não gerar embaraços noprocesso de crescimento interior.

As heranças atávicas dos instin-tos primários, não poucas vezes,tentam obstaculizar a lucidez dopensamento que aspira por maisaltos voos na direção do Infinito.

Isso concorre para os equívocosmorais lamentáveis e as fixaçõestormentosas no prazer, que nuncase faz saciado, sempre aspirandopor novas sensações proporciona-doras de gozos.

Os elevados conceitos de devere de responsabilidade invariavel-mente cedem lugar aos de direitose permissões, sem a correspon-dente contribuição que confereessas ofertas existenciais.

As mentes desvairadas pelos tor-mentos ancestrais, que se encon-tram fixados nos mapas do pro-cesso de crescimento ético-moral,elaboram, apressadas, informaçõesdiluentes dos sérios compromis-sos com a realidade, favorecendocomportamentos materialistas,utilitaristas, investindo no aniqui-lamento do Espírito a partir dofenômeno da morte orgânica.

Embora a intuição e as lembran-ças vagas da imortalidade, da expe-riência fora do corpo, durante o in-terregno da desencarnação anterior

e da reencarnação atual, o ser ir-responsável e presunçoso vitalizaessa conduta aberrante e permite--se apenas o uso da indumentá-ria fisiológica para as satisfaçõesegoístas em que se compraz.

Arrebatado pela desencarnação,que a todos alcança, desperta emdesvario, procurando o esqueci-mento absoluto, a ausência de vida,encontrando-a estuante, e experi-menta, então, uma frustração ter-rível que o amargura e atormenta.

A vida é constituída de valo-res bons e maus, a depender decomo cada criatura os aplica, ca-bendo-lhe a sábia escolha quefaculte o resultado da alegriainefável da consciência reta, quepermanece fiel aos ditames daordem e do dever.

Por que a uns a vida exigiriaações dolorosas, fadigas e lutas,enquanto que a outros concederiasomente comodidades e júbilos,numa eleição desigual e absurda?

Não existindo privilégios nassoberanas leis que regem o Uni-verso, todos os seres que nele seencontram estão subalternos aosmesmos códigos morais e respon-sabilidades espirituais, que permi-tem as bênçãos dos sorrisos, tantoquanto as dádivas das lágrimas.

Vive, portanto, de tal modoque, ao chegar o momento dedespedida das vestes corporais,disponhas de recursos para a li-bertação plena do teu ergástulo,o qual, por um período, permi-tiu-te fruir os meios que propi-ciam o estado de paz.

Enquanto estejas no corpo, uti-liza-o com respeito e desincum-

be-te dos deveres que te cabem,porque desencarnarás conduzin-do as ações em que te empenhastee que constituirão os recursos in-dispensáveis para a continuaçãoda tua jornada.

O mesmo ocorre com os fami-liares e amigos que fazem parte doteu relacionamento, assim comosucede com aqueles que te gera-ram dificuldades e criaram emba-raços existenciais, tornando-se ini-migos e perseguidores.

Ninguém foge de si mesmo.A glória da ressurreição é o in-

comparável despertar para a vidaem triunfo.

Dia de Finados!Aqueles que são considerados

mortos encontram-se vivos em pro-cesso de autoavaliação dos própriosatos, ansiosos pela oportunidadede recomeçar e refazer os cami-nhos mal percorridos.

À sua semelhança, aqueles que seempenharam na obra da verdade,também anelam pela felicida-de de ajudar e de crescer na dire-ção de Deus, o Amor sem limites.

Ora pelos que desencarnaram eajuda os Espíritos, encarceradosna matéria, que ainda ignoram odestino que os aguarda.

...E segue em paz, amando eservindo sempre.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo

Pereira Franco, na tarde de 11 de agosto

de 2012, na residência do Dr. Epaminon-

das Corrêa e Silva, em Paramirim, Bahia.)

9Novembro 2012 • Reformador 440077

Reformador: Como e quando sur-giu o Projeto “Conte Mais”?Gladis: Surgiu em fevereiro de2003, quando foi publicada a pri-meira edição do livro Conte Mais,volume 1, Editora Francisco Spi-nelli, da Federação Espírita do RioGrande do Sul (FERGS). A obrareunia 80 fábulas voltadas à educa-ção das dimensões emocional, mo-ral e espiritual da criança de 3 a 7anos. No mesmo ano, foram publi-cados os volumes 2, 3 e 4, comple-tando a coletânea do resgate de his-tórias do Departamento de Infân-cia e Juventude da FERGS, reuni-das por faixa etária e temas morais.O Projeto contém exclusivamentematerial produzido no período de1948 a 1990, com as devidas atua-lizações linguísticas e mantendo aessência do ensinamento moral.

Reformador: Qual o objetivo doprojeto e o método utilizado?Gladis: O objetivo é oferecer a pais,educadores, crianças, jovens e pú-blico em geral uma literatura infan-tojuvenil que, além de recrear einformar, possa educar no sentidomais profundo da palavra, desabro-

chando os potenciais divinos noâmago destes Espíritos imortais.O método utilizado é o da contaçãoou leitura de histórias edificantes,que estimulam o desenvolvimentodas boas maneiras e das virtudes,ajudando a construir uma identi-dade moral e espiritual positiva nacriança e no jovem. O volume 1 (3a 7 anos) contém fábulas, muito aogosto da fase infantil. O volume 2,para a faixa etária de 8 e 9 anos, reú-ne aventuras que envolvem persona-gens infantis em situações comunsda vida cotidiana. Os volumes 3 (11a 13 anos) e 4 (14 anos em diante)apresentam histórias e fatos, comobiografias de ilustres personagensda história da Humanidade, queservem de modelos a serem segui-dos. Assim, gradativamente, aten-de-se ao desenvolvimento naturaldo pensamento, do concreto, ima-ginativo até o pensamento abstrato,hipotético, dedutivo, que caracte-riza o período da adolescência.

Reformador: Desde o início, o Pro-jeto “Conte Mais” foi implementadoem todo o Estado do Rio Grandedo Sul?

Gladis: Sim. Por orientação espi-ritual, nos foi recomendado quedivulgássemos o Projeto e o dispo-nibilizássemos para além das fron-teiras espíritas, atingindo o sis-tema de educação do Estado. Poreste motivo, começamos a parti-cipar, desde 2003, das feiras de li-vros anuais de Porto Alegre, prin-cipal evento cultural do Rio Grandedo Sul, participando também dasfeiras de livros no Interior, em di-versas cidades gaúchas.

Reformador: Surgiram parceriascom órgãos governamentais?Gladis: Sim. Em 2004, nas come-morações do bicentenário donascimento de Allan Kardec, sur-giu uma parceria entre a Secreta-ria de Educação do Estado e oProjeto “Conte Mais”, lançado pa-ra professores e alunos do sistemaestadual de ensino, em atividaderealizada no Teatro Dante Barone,da Assembleia Legislativa do Es-tado, com a presença do secretá-rio de educação, professor JoséFortunatti, hoje prefeito de PortoAlegre. Em 2006, o Projeto “ConteMais” representou a Secretaria de

10 Reformador • Novembro 2012440088

GL A D I S PE D E R S E N D E OL I V E I R AEntrevista

Gladis Pedersen de Oliveira relata a origem e a evolução do Projeto“Conte Mais”, iniciado pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul

Histórias destinadasà educação para o bem

Educação do Município de PortoAlegre no Congresso Brasileiropara o Progresso da Ciência, rea-lizado na Pontifícia UniversidadeCatólica do Rio Grande do Sul,como resultado positivo de umprojeto aplicado em salas de au-las da rede municipal. Em 2009, aFERGS, através do Projeto, foi re-gistrada no Conselho Municipaldos Direitos da Criança e do Ado-lescente, cadastrando-se para ob-ter recursos do Funcriança, comoentidade apta a receber doações,oriundas de deduções do im-posto de renda de pessoas físicase jurídicas, para serem aplicadasno desenvolvimento do Projeto.Obteve-se, também, registro noConselho Estadual dos Direitosda Criança e do Adolescente.Ainda em 2009, a CompanhiaEstadual de Energia Elétrica doRio Grande do Sul (CEEE) fir-mou parceria com a FERGS paraimpressão de livros infantis ilus-trados, da Coleção Conte Mais,com o fim de doações para cre-ches de vários municípios do Es-tado. Em algumas secretariasmunicipais de educação de cida-des do Interior, como a de Tor-res, o Projeto “Conte Mais” foiincorporado ao plano geral doano letivo das escolas públicas.

Reformador: Qual a abrangênciaatual do Projeto?Gladis: Ele hoje é reconhecidonacional e internacionalmente,tendo sido divulgado nas Bienaisde Livros de São Paulo, Rio de Ja-neiro e Recife, além de sempre sermencionado nos congressos espí-

ritas em todo o Brasil. No Exteriortem sido feita a divulgação noscongressos espíritas mundiais, es-pecialmente nos da França, daColômbia e da Espanha, onde fo-ram distribuídas coletâneas de li-vros para cada delegação estran-geira. Assim, tanto a Europa,quanto as Américas e a Ásia pos-suem conhecimento do “ConteMais”. O Uruguai e a Argentina,em especial, são os países em quemais se divulga o Projeto e ondesuas histórias têm sido traduzidaspara o espanhol, visando a me-lhor compreensão.

Reformador: Qual a sua expecta-tiva sobre a parceria com a FEB?Gladis: A expectativa dessa par-ceria é a melhor possível, pois vaiampliar a divulgação do traba-lho de literatura infantojuvenil,de excelente qualidade educativa,produzido pela editora daFERGS, agora com a chan-cela da Federação Espíri-ta Brasileira nesse Pro-jeto e em outras obraseditadas conjunta-mente.

Reformador: Comen-tários finais para oleitor.Gladis: O recursopedagógico da con-

tação de histórias é um dos meiosmais eficazes de educar para obem. É a arte de manejar o caráterna época mais propícia do Espíri-to reencarnado, que é a infância ea juventude. Jesus, o maior peda-gogo da Humanidade, utilizou-sedesse recurso quando contava asparábolas que, simbolicamente,continham o ensino moral. Esta éa proposta do Projeto “ConteMais”, o qual prevê a publicaçãode 40 livros infantis ilustradoscom as fábulas contidas no “Con-te Mais”, volume 1. Já estão publi-cados nove livros. Dos volumes 2,3 e 4, estão previstos 30 livros ilus-trados, reunindo histórias por te-ma moral: três já foram editados.Portanto, há muito trabalho pelafrente nos próximos anos a fim deque o Projeto seja concluído.

11Novembro 2012 • Reformador 440099

niciante em DoutrinaEspírita, no CentroEspírita Amor e Ca-

ridade, em Bauru, eu es-tranhava uma orienta-ção emanada dos men-tores espirituais: os in-teressados em partici-par de reuniões mediú-nicas deveriam antes in-tegrar-se em outras ati-vidades da Casa, parti-cularmente de cunhofilantrópico.

Afinal, – pensava commeus botões – pessoas deboa vontade, com conhe-cimento doutrinário, podem per-feitamente frequentar grupos deintercâmbio com o mundo espiri-tual, sem maiores exigências alémdo conhecimento doutrinário e adisposição de assumir o compro-misso de assiduidade.

O tempo, senhor da verdade,como exprime o velho ditado,convenceu-me de que essa orien-tação é corretíssima.

Para que seja produtiva, provei-tosa, uma reunião mediúnica exi-ge perfeita harmonização do gru-po, que se obtém com a convivên-cia, a identidade de objetivos, ocultivo da amizade e uma perfeita

integração no Centro Espírita emque a reunião é realizada.

Esse último item implica parti-cipação em suas atividades, princi-palmente nos serviços da filantro-pia, de ajuda ao próximo, que de-ve ser uma das bandeiras de qual-quer organização espírita.

Aquele confrade que vai aoCentro Espírita uma vez por se-mana, apenas para participar dogrupo mediúnico, pode estar guar-dando motivações não compatí-veis com a economia espiritual dogrupo, tais como: diletantismo,receber ajuda espiritual, conver-sar com os Espíritos.

Ainda não acendeu a chama doideal espírita em sua alma, asseme-lhando-se ao religioso que julgacumprir seus deveres porque com-parece ao culto semanalmente.

Há a questão da sintonia vibra-tória.

O participante ativo e eficienteda reunião mediúnica é aquele quesintoniza com os mentores espiri-tuais da reunião.

Elementar, caro leitor, que pa-drão vibratório não depende ape-nas de uma oração, de uma dispo-sição de ajustar-se ao ambiente

IRI C H A R D SI M O N E T T I

Experimente

12 Reformador • N0vembro 2012441100

da reunião. Resulta de um soma-tório de atitudes, tendo por orien-tação o Evangelho.

O treinamento ideal está noempenho de servir, de fazer algopelo próximo, de forma discipli-nada e constante.

Nada melhor, nesse particular, doque nossa integração em gruposde serviço no Centro Espírita.

Há inúmeras tarefas que po-dem ser assumidas por gruposmediúnicos:

Orientação doutrinária àscrianças...

Atendimento em casas de sopa...Aplicação de passes magnéticos

em reuniões públicas...Recepção das pessoas que com-

parecem ao Centro...Cuidar da biblioteca ou da li-

vraria...Instalar um Clube do Livro Es-

pírita...Visitar presídios, hospitais,

favelas...As possibilidades são imensas,

melhorando o padrão vibratóriodos participantes do grupo me-diúnico e, em decorrência, tor-nando a reunião mais produtivae edificante...

Num seminário sobre mediu-nidade, alguém comentou:

– Essa ideia é interessante, masimpraticável no Centro Espíritaque frequento, porquanto ativida-des dessa natureza ali não existem.

O confrade está confundindoefeito com causa.

Essas atividades inexistem noCentro Espírita somente quando

não haja pessoas dispostas a de-senvolvê-las.

Podemos lembrar a primitiva co-munidade cristã. Os cristãos reali-zavam laborioso trabalho no cam-po assistencial,atendendo a enfermosde todos os matizes, porque havia amanifestação do Espírito Santo (Es-píritos superiores que orientavam omovimento cristão) em suas reu-niões, ou o Espírito Santo manifes-

tava-se porque a comunidade estavaempenhada em servir o próximo?

Se lhe parece estranha essa ideia,amigo leitor, de estimular o grupomediúnico a participar de outrasatividades da Casa Espírita, expe-rimente.

Você ficará surpreso com osresultados.

13Novembro 2012 • Reformador 441111

Hernani T. Sant’Anna

Fonte: Canções do alvorecer. 4. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2010.

p. 19.

TrabalhemosÉ preciso estender a luz por toda a parte.

Valhamo-nos do verbo, da cultura, da arte,

Dos livros e do malho!

É mister semear o bem puro e fecundo,

Por todos os desvãos e recantos do mundo,

À força de trabalho!

Só podemos gozar de paz e de alegria

Quando o orbe viver no clima da harmonia,

Da virtude e do amor!

Preparemos, portanto, a aurora da bonança,

Nos esforços da crença e da perseverança,

Incólumes à dor!

Inflamados de fé, de vida e de verdade,

Enfrentemos as sombras densas da maldade,

Na glória de servir;

E veremos erguer-se, augusta e sublimada,

A manhã deslumbrante, excelsa e aureolada,

Dum divino porvir!

s Leis Morais integramuma das partes de O Livrodos Espíritos e os três as-

pectos do Espiritismo ficam evi-denciados nas Obras Básicas. NaIntrodução de O Evangelho segun-do o Espiritismo, Allan Kardec de-fine o objetivo desta obra, referin-do-se aos ensinos morais:

É, finalmente e acima de tudo,

o roteiro infalível para a felici-

dade vindoura, o levantamento

de uma ponta do véu que nos

oculta a vida futura. Essa parte

é a que será objeto exclusivo

desta obra.1

No Prefácio do livro citadodestaca-se a afirmação doEspírito de Verdade:

[...] são chegados os tempos

em que todas as coisas hão de

ser restabelecidas no seu ver-

dadeiro sentido, para dissipar

as trevas, confundir os orgulho-

sos e glorificar os justos.2

No momento atual, “em que seefetuará a aferição de todos os va-lores terrestres para o ressurgi-mento das energias criadoras de

um mundo novo”,3 é imprescindí-vel a reflexão sobre os textos daobra inaugural da Doutrina Espí-rita acerca do “tipo mais perfeitoque Deus já ofereceu ao homempara lhe servir de guia e modelo”4

e da expressão “estamos incumbi-dos de preparar o reino do bemanunciado por Jesus”.5

A FEB edita obras significativasque estudam os ensinos do Mestreà luz da Doutrina Espírita, mere-cendo também ênfase as de auto-ria do Espírito Emmanuel, conhe-cidas como Coleção Fonte Viva.O autor espiritual interpreta, com

maestria e clareza, versículos doNovo Testamento, à semelhançadas informações contidas no diá-logo de Alcíone:

– Lá na Espanha – explicou a

jovem delicadamente – líamos

apenas um versículo de cada

vez e esse mesmo, não raro, for-

necia cabedal de exame e ilumi-

nação para outras noites de es-

tudo. Chegamos à conclusão de

que o Evangelho, em sua ex-

pressão total, é um vasto cami-

nho ascensional, cujo fim não

poderemos atingir, legitima-

mente, sem conhecimento e

aplicação de todos os detalhes.

[...]6

O assunto é tratado pelo orien-tador espiritual de Chico Xavierem Caminho, Verdade e Vida, co-mentando sobre a interpretaçãodos versículos:

[...] num colar de pérolas, ca-

da qual tem valor específico e

que, no imenso conjunto de en-

sinamentos da Boa Nova, cada

conceito do Cristo ou de seus

colaboradores diretos adapta-

-se a determinada situação do

14 Reformador • N0vembro 2012441122

AAN TO N I O CE S A R PE R R I D E CA RVA L H O

Estudo do Evangelhoà luz do Espiritismo

Espírito, nas estradas da vida.

[...]7

No Movimento Espírita organi-zado, há a preocupação em se fun-damentar a divulgação, o estudo e aprática com base nos objetivos de-finidos pelo Codificador. Algu-mas Campanhas são extremamen-te oportunas e cabíveis para a atua-lidade, como a marcante “Comecepelo Começo”, da USE-SP, e as dedivulgação do Espiritismo, com as opções “Conheça o Espiritismo”e “Divulgue o Espiritismo”, apro-vadas pelo Conselho Federativo Na-cional da FEB, nos anos 1990.8 Am-bas destacam a base fundamen-tal que é a Codificação Espírita. Oimportante documento de traba-lho aprovado pelo CFN da FEB:Orientação ao Centro Espírita, nocapítulo “Atendimento Espiritualno Centro Espírita”, contém umsubitem que aborda a “Atividadede ‘Explanação do Evangelho à luzda Doutrina Espírita’”.9

A nosso ver, deve-se estimular aimplementação de reuniões de lei-tura, explanação e divulgação deO Evangelho segundo o Espiritismo.

Neste contexto, a FEB iniciou aReunião de Estudo de O Evange-lho segundo o Espiritismo10 e, pelaTVCEI, a Série “Estudo do Evan-gelho à luz da Doutrina Espírita”.No desenvolvimento do progra-ma, empregam-se obras que con-tribuem para a melhor com-preensão das assertivas do Cristo,como as obras de Emmanuel, aci-ma citadas, com a opção de se em-pregar o método de estudo minu-cioso e de aprofundamento queenseje condições de troca de ideias,cotejo de referências bíblicas e pes-quisas em livros.11

O estudo e a difusão do Evan-gelho à luz do Espiritismo são ob-jetivos que devem ser sempre avi-vados, principalmente em épocade muitas dispersões com eventose livros que estimulam modismostemáticos e valorização de outrasáreas do conhecimento.

Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 4. ed.

esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB Edito-

ra, 2010. p. 24.2______. ______. p. 21.

3XAVIER, Francisco C. Pelo Espírito Emma-

nuel. A caminho da luz. 37. ed. 4. reimp.

Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012. p. 13. 4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora. Q. 625.5______. ______. Q. 627.6XAVIER, Francisco C. Renúncia. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 3. ed. esp. 3. reimp. Rio

de Janeiro: FEB Editora, 2010. Pt. 2, cap.

3, p. 328.7______. Caminho, verdade e vida. Pelo

Espírito Emmanuel. 2. reimp. Rio de Janei-

ro: FEB Editora, 2011. p. 14.8CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL. Dis-

ponível em: <http://www.febnet.org.br/

blog/topico/geral/o-espiritismo/conheca/>;

< h t t p : / / www . f e b n e t . o r g . b r / b l o g /

topico/geral/o-espiritismo/divulgue/>.

Acesso em: 2/8/2012.9______. Orientação ao centro espírita.

Disponível em: <http://www.febnet.org.br/

nba/file/Downlivros/orienta.pdf>. Acesso

em: 2/8/2012.10REUNIÃO DE ESTUDO de O evangelho

segundo o espiritismo, FEB. Disponível

em: <http://www.febnet.org.br/blog/topico/

geral/estudos/obrasbasicas/>. Acesso em:

2/8/2012.11ABREU, Honório O. de. Luz imperecível. 6.

ed. Belo Horizonte: UEM, 2009. p. 19-26.

15Novembro 2012 • Reformador 441133

16 Reformador • N0vembro 2012441144

em atribuições especiais cada Espírito?

“Todos temos que habi-tar em toda parte e adquirir o co-nhecimento de todas as coisas,presidindo sucessivamente ao quese efetua em todos os pontos doUniverso. Mas como diz o Ecle-siastes, há tempo para tudo [...]”.1

Após os relatos de seu ingresso,na cidade espiritual Nosso Lar,André Luiz prossegue com assuas informações sobre as dife-rentes atividades nessa região daEspiritualidade enobrecida.

A sua integração em nova formade atuação e trabalho, de modo teó-rico e prático,“na busca do conhe-cimento de todas as coisas”, é apre-sentada em informações e relató-rios que compõem o livro Os Men-sageiros. Mais uma vez ele nos falapela mediunidade de FranciscoCândido Xavier:

Compelido a destruir meus cas-

telos de exclusivismo injusto,

senti que outro amor se instalava

em minhalma.

Órfão de afetos terrenos e con-

formado com os desígnios su-

periores que me haviam traçado

diverso rumo ao destino, come-

cei a ouvir o apelo profundo e

divino da Consciência Universal.

Somente agora, percebia quão

distanciado vivera das leis su-

blimes que regem a evolução

das criaturas.

A Natureza recebia-me com

transportes de amor. Suas vozes,

agora, eram muito mais altas que

as dos meus interesses isolados.

Conquistava, pouco a pouco, o

júbilo de escutar-lhe os ensina-

mentos misteriosos no grande

silêncio das coisas. Os elementos

mais simples adquiriam, a meus

olhos, extraordinária significa-

ção. A colônia espiritual, que me

abrigara generosamente, reve-

lava novas expressões de inde-

finível beleza. O rumor das asas

de um pássaro, o sussurro do

vento e a luz do sol pareciam

dirigir-se à minhalma, enchen-

do-me o pensamento de prodi-

giosa harmonia.2

Nesse estado de alma, AndréLuiz ouve a sugestão de sua com-panheira Narcisa no sentido deque se integrasse em novo campode estudo e ação.

Objetivando esse intento, ele éconduzido ao Centro dos Mensa-

geiros, onde são preparados emis-sários do bem, da justiça e do amor,que deverão atender e ajudar os ne-cessitados, estejam no mundo físi-co ou no mundo espiritual.

André espanta-se com essas in-formações.

Então, Tobias, o amigo espiri-tual que o acompanha, esclarece:

– Ah! meu amigo – [...] poderia

você admitir que as obras do

bem estivessem circunscritas a

simples operações automáti-

cas? Nossa visão, na Terra, cos-

tuma viciar-se no círculo dos

cultos externos, na atividade

religiosa. Cremos, por lá, resol-

ver todos os problemas pela

atitude suplicante. Entretanto

a genuflexão não soluciona

questões fundamentais do es-

pírito, nem a mera adoração à

Divindade constitui a máxima

edificação. Em verdade, todo

ato de humildade e amor é res-

peitável e santo, e, incontesta-

velmente, o Senhor nos conce-

derá suas bênçãos; no entanto,

é imprescindível considerar que

a manutenção e limpeza dos

vasos, para recolhê-las, é dever

que nos assiste.

TAY LTO N PA I VA

Os Mensageiros

Não preparamos, pois, neste

Centro, simples postalistas,

mas espíritos que se transfor-

mem em cartas vivas de Jesus

para a Humanidade encarna-

da. Pelo menos, este é o pro-

grama de nossa administração

espiritual...3

A partir desse diálogo AndréLuiz integra-se ao Centro.

Na primeira palestra,ouve o Mentor Telésforoque elucida:

As transições essen-

ciais da existência na

Terra encontram a

maioria dos homens

absolutamente dis-

traídos das realida-

des eternas. A mente

humana abre-se, cada

vez mais, para o con-

tato com as expres-

sões invisíveis, dentro

das quais funciona e

se movimenta. Isto é

uma fatalidade evo-

lutiva. [...]4

Mais adiante, em suaelucidativa palestra aosEspíritos que se preparampara ser mensageiros, adverte:

Cesse para nós outros, a concep-

ção de que a Terra é o vale tene-

broso, destinado a quedas la-

mentáveis, e agasalhemos a cer-

teza de que a esfera carnal é uma

grande oficina de trabalho re-

dentor. Preparemo-nos para a

cooperação eficiente e indispen-

sável. Esqueçamos os erros do

passado e lembremo-nos de nos-

sas obrigações fundamentais.5

Após a preparação intelectual,André Luiz, em companhia do tam-bém aprendiz Vicente e do Instru-tor Aniceto, toma contato com as

histórias dramáticas de vários men-sageiros espirituais, anteriormen-te preparados, que fracassaram nocumprimento de suas tarefas quan-do encarnados.

Relata, então, a sua busca dosaber e as novas formas de agirem ações práticas, direcionadaspelo conhecimento e pelo amor

no apoio às almas em desequilí-brio, seja no mundo físico, sejana esfera espiritual.

Nos momentos finais das tare-fas desempenhadas, Aniceto ora:

Senhor, ensina-nos a receber as

bênçãos do serviço! Ainda não sa-

bemos, Amado Jesus, compreender

a extensão do trabalho que nos

confiaste! Permite, Senhor, possa-

mos formar em nossa alma a con-

vicção do que a Obra do Mundo te

pertence, a fim de que a vaidade

não se insinue em nossos corações

com as aparências do bem!

Dá-nos, Mestre, o espírito de con-

sagração aos nossos deveres e desa-

pego aos resultados que pertencem

ao teu amor! [...]6

O leitor muito aproveitará,acompanhando, pela leiturado livro, a preparação deAndré Luiz e outros Espíritosna qualificação que o Centrodos Mensageiros lhes propor-ciona, a fim de atuarem em be-nefício de seres em sofrimento,tanto na esfera física quantono mundo espiritual.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2012. Q. 560.2XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.

Pelo Espírito André Luiz. 45. ed. 4. reimp.

atualizada. Rio de Janeiro: FEB Editora,

2012. Cap. 1, p. 12-13.3______. ______. Cap. 3, p. 26.4______. ______. Cap. 5, p. 36.5______. ______. Cap. 6, p. 42.6______. ______. Cap. 51, p. 318.

17Novembro 2012 • Reformador 441155

m sua análise sobre o ensi-namento evangélico acima,afirma Allan Kardec não ser

possível pressupor que pode-remos atingir a perfeição absolu-ta, pois, “se à criatura fosse dadoser tão perfeita quanto o Criador,tornar-se-ia ela igual a este, o queé inadmissível”.1 Jesus, no entanto,proferiu esta sentença mesmo co-nhecendo as infinitas dificuldadesmorais que ainda retemos na al-ma e as condições de inferiorida-de que nos caracterizam o ser, ex-traindo-se de suas palavras que is-so efetivamente acontecerá, mas“no sentido da perfeição relativa,a de que a Humanidade é suscetí-vel e que mais a aproxima da Di-vindade”.2 Para Ele, o primor espi-ritual resume-se na prática integralda caridade, aconselhando-nos,

especialmente, a amar os que nosquerem mal e nos prejudicam natrajetória existencial.

O perdão das faltas alheias,mormente daqueles que nos per-seguem, torna-se ação indispen-sável, infundindo-nos sentimentosnobres e facultando-nos a aqui-sição das demais virtudes que ali-cerçam os verdadeiros sentimen-tos fraternos que são: a benevo-lência, a indulgência, a abnegaçãoe o devotamento.

Essas questões nos levam a re-fletir sobre a religiosidade do ho-mem, ao avaliarmos de que ma-neira iremos alcançar a perfeiçãoenunciada pelo Cristo, inatingí-vel, ainda, para a maioria dos Es-píritos que encarnam e para aque-les que retornam à Espiritualidade.Ao observar que “não basta se te-nham as aparências da pureza;acima de tudo, é preciso ter a docoração”,3 Kardec afirma que:

O objetivo da religião é condu-

zir a Deus o homem. Ora, este

não chega a Deus senão quando

se torna perfeito. Logo, toda re-

ligião que não torna melhor o

homem, não alcança o seu ob-

jetivo. Toda aquela em que o ho-

mem julgue poder apoiar-se para

fazer o mal, ou é falsa, ou está

falseada em seu princípio. Tal

o resultado que dão as em que a

forma sobreleva ao fundo. [...]3

Geralmente, os adeptos que as-sim agem possuem o interesse emdemonstrar um comportamentoilibado, mas, sem o possuírem,preocupam-se em agradar às pes-soas com quem se relacionam; pre-servam modismos, acatam a opi-nião alheia, sem individualidadeadequada em face da religião queabraçam, e evidenciam a sua incom-preensão diante dos pensamentosespirituais que convocam o homema raciocinar sobre a essencialidadeda prática da bondade autênticacom vistas à sua evolução:

Convite àperfeição

18 Reformador • N0vembro 2012441166

E

“Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.”

(Mateus, 5:48.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130. ed.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora,2012. Cap. 17, it. 2.

2Idem, ibidem. It. 2. 3Idem, ibidem. Cap. 8, it. 10.

[...] Adota-se uma fórmula reli-

giosa sem que se viva de forma

equânime dentro dos cânones

da religião. É a experiência da

religião sem religiosidade [...].

O conceito de Deus se perde na

complexidade das fórmulas va-

zias do culto externo, e a mani-

festação da fé íntima desaparece

diante das expressões ruidosas,

destituídas dos componentes es-

pirituais da meditação, da re-

flexão, da entrega. Disso resulta

uma vida esvaziada de esperan-

ça, sem convicção de profundi-

dade, sem madureza espiritual.4

Um número superlativo de cria-turas procura a religião por con-venção, sem conseguir interpretar de

modo apropriado certos princípios,decorrentes das novas manifestaçõesde fé e de consolo, que não aceita adoutrina das penas eternas, crençaque “teve sua razão de ser, como a doinferno material, enquanto o temorpôde constituir um freio para oshomens pouco adiantados intelec-tual e moralmente”.5 A anuência aeste tipo de penalidade teve sua utili-dade em dada época, com o intuitode impressionar os ânimos e de fazercom que os homens se sentissemameaçados e amedrontados pelasduras provas por que haveriam depassar, perpetuamente, como re-pressão às paixões humanas e atodos os excessos a serem cometidosno mundo material. Hoje, poucoscreem nesse ensino.

Não basta apenas evocar o no-me de Deus para nos considerar-mos religiosos; o esforço deve serinfinitamente maior, convictos deque carecemos ainda de muitaspossibilidades para atender aoscompromissos assumidos diantedo Bem Eterno! O Espiritismo, noque concerne à vida futura, desta-ca, sobretudo, os seguintes pontos:

– O bem e o mal que fazemos

decorrem das qualidades que

possuímos. Não fazer o bem

quando podemos é, portanto, o

resultado de uma imperfeição.

Se toda imperfeição é fonte de

sofrimento, o Espírito deve so-

frer não somente pelo mal que

fez como pelo bem que deixou

de fazer na vida terrestre.

O bem e o mal são praticados

em virtude do livre-arbítrio, e,

conseguintemente, sem que o

19Novembro 2012 • Reformador 441177

4FRANCO, Divaldo P. O homem integral.Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:Leal, 1990. Cap. 3, it. Religião e religiosi-dade, p. 57.

5KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.Manuel Justiniano Quintão. 60. ed. 3.reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012.Pt. 1, cap. 6, it. 2.

Espírito seja fatalmente impeli-

do para um ou outro sentido.

– A alma ou Espírito sofre na

vida espiritual as consequências

de todas as imperfeições [...].

– [...] o Espírito é sempre o árbi-

tro da própria sorte, podendo

prolongar os sofrimentos pela

pertinácia no mal, ou suavizá-los

e anulá-los pela prática ao bem.

– O único meio de evitar ou ate-

nuar as consequências futuras de

uma falta, está no repará-la, des-

fazendo-a no presente. Quanto

mais nos demorarmos na repara-

ção de uma falta, tanto mais pe-

nosas e rigorosas serão, no futuro,

as suas consequências.6

Dessa forma, reparar os errosnuma existência nos faz supor co-mo será o porvir: conseguiremosdiminuir as provas, após tê-lasvencido, ao estarmos em contatocom as mesmas pessoas que pre-judicamos no pretérito, esforçan-do-nos em lhes fazer todo bem aonosso alcance, na justa medidados malefícios que lhes tenhamoscausado. Se persistirmos na obsti-nação do mal, o progresso serálento e nos fará sofrer em demasiapara admitirmos os próprios er-ros e a necessidade de nos vergar-mos às leis divinas que regem a vi-

da, tornando-nos submissos e dó-ceis aos desígnios do Criador.

Eis por que não basta nos engajar-mos nas atividades das instituiçõesespíritas e participar calorosamentede suas assembleias – qualquer queseja a natureza dos trabalhos queempreendam –, sem a melhora e oaperfeiçoamento pessoal em todasas circunstâncias. Significa tornar-mo-nos humildes, se ainda somosorgulhosos; amáveis, se agimos comtirania e autoritarismo; solidários, senada sentimos pela dor alheia; bon-dosos, se nos comprazemos com amaldade; laboriosos, se perdemostempo na inércia; simples, se trata-mos as pessoas com arrogância esoberba. É forçoso trocar por bonsos maus exemplos praticados, aolongo das várias reencarnações.

A perfeição relativa não será con-quistada com facilidade, mas apósinauditos esforços, fazendo comque o Espírito vença a sua naturezainferior. Valiosas, certamente, são aschances recebidas, fruto do amparodos benfeitores espirituais, que nosacompanham a cada vinda à Terra.Importa, porém, colocarmo-nos àdisposição sincera para renovaçãode sentimentos, de ideias, de con-dutas, tanto em casa, quanto nostemplos religiosos onde encontra-mos os serviços indispensáveis paraatendimento aos sofredores. O Es-pírito Emmanuel, em uma de suasluminosas páginas, adverte que nãodevemos ser como os escribas e osfariseus, que utilizaram a fé emproveito próprio, mesmo agindo deacordo com os rigorosos preceitosreligiosos de sua época, mas ca-rentes de justiça:

Adoravam o Eterno Pai, mas

não vacilavam em humilhar o

irmão infeliz. Repetiam fórmulas

verbais no culto à prece, toda-

via, não oravam expondo o co-

ração. Eram corretos na posição

exterior, contudo, não sabiam

descer do pedestal de orgulho

falso em que se erigiam, para

ajudar o próximo e desculpá-lo

até o próprio sacrifício. Racioci-

navam perfeitamente no quadro

de seus interesses pessoais, to-

davia, eram incapazes de sentir

a verdadeira fraternidade, sus-

cetível de conduzir os vizinhos

ao regaço do Supremo Senhor.7

Semelhante programa de açãorepresenta verdadeira riqueza a seroferecida às crianças e aos jovens,no que concerne às aquisições dequalidades morais, à formação e àconsolidação do caráter e ao des-pertar da consciência evangélica,para melhor compreenderem a ne-cessidade de crescimento paraDeus, permitindo-lhes criar iden-tidade própria quanto às escolhasque fizerem na construção de umavida digna e de um futuro espiri-tual seguro, sem se tornarem ver-dadeiros autômatos em suas mani-festações religiosas. Aos pais cabe aresponsabilidade maior para queisso aconteça.

A obra da redenção humana,pois, é obra da educação, e Jesus é,e será sempre, o divino educadorde todos nós!

20 Reformador • Novembro 2012441188

7XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. PeloEspírito Emmanuel. ed. esp. 1. reimp. Riode Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. 161.

6KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad.Manuel Justiniano Quintão. 60. ed. 3.reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012.Pt. 1, cap. 7, Código penal da vida futura,it. 6, 20, 1, 13 e 27, respectivamente.

Não teperturbes

21Novembro 2012 • Reformador 441199

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. 16.

e perguntássemos ao grão de trigo que opinião alimenta acerca do moinho,

naturalmente responderia que dentro dele encontra a casa de tortura em

que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que ele se ausenta aprimorado para

a glória do pão na subsistência do mundo.

Se indagássemos da madeira, com respeito ao serrote, informaria que nele iden-

tifica o algoz de todos os momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia, sob o

patrocínio do suposto verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sem-

pre mais nobres.

Se consultarmos a pedra, com alusão ao buril, certo esclarecerá que descobriu

nele o detestável perseguidor de sua tranquilidade, a feri-la, desapiedado, dia e

noite; entretanto, é dos golpes dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoa-

da e brilhante.

Assim, a alma. Assim, a luta.

Peçamos o parecer do homem, quanto à carne, e pronunciará talvez improprie-

dades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos velhos disparates verbais.

Solicitemos-lhe que se externe com referência à dificuldade, e derramará fel e pranto.

Contudo, é imperioso reconhecer que do corpo disciplinado, do sofrimento

purificador e do obstáculo asfixiante, o Espírito ressurge sempre mais aformoseado,

mais robusto e mais esclarecido para a imortalidade.

Não te perturbes, pois, diante da luta, e observa.

O que te parece derrota, muita vez é vitória. E o que se te afigura em favor de tua

morte, é contribuição para o teu engrandecimento na vida eterna.

“E o mandamento que era para a vida,achei eu que me era para a morte.”

– PAULO. (ROMANOS, 7:10.)

S

o ensejo do sesquicente-nário desse depoimento,podemos afirmar que a

previsão do emérito Codifica-dor do Espiritismo vem se con-firmando. O detalhadorelatório no qual eledeixou registrados osfatos de sua incursãoao interior da Françatem atraído o interesse de

vários estudiosos da DoutrinaEspírita e, sobretudo, inspiradoa formulação das diretrizes dasatividades unificacionistas queenvolvem as atividades das ins-

tituições espíritas daatualidade.

A famosa viagemfoi, acima de tudo, o

atendimento a um convi-te do Movimento Es-

pírita que já se di-

namizava na nação de VictorHugo, especificamente nas cida-des de Lyon e Bordeaux, subscri-to por 500 assinaturas.

“Apresso-me em vos dizer oquanto sou sensível ao novo tes-temunho de simpatia que aca-bais de dar-me”,2 declara AllanKardec na carta-resposta, publi-cada na Revue Spirite, de setem-bro de 1862, solicitando que“não haja banquete”,2 explican-do, humildemente, os motivos:

[...] Não vou a Lyon para me

exibir, nem para receber ho-

menagem, mas para conversar

convosco, consolar os aflitos,

encorajar os fracos, ajudar-vos

com os meus conselhos naqui-

lo que estiver em meu poder

fazê-lo. [...]2

No término da carta despede--se, gentil:

NAD I LTO N PU G L I E S E

Recordando a viagemespíritadeAllanKardec,

em 1862“Dela recolhemos todos os episódios que, talvez, um dia terão o seu interesse,

porquanto já pertencerão à História.”1 – Allan Kardec

Capa

22 Reformador • Novembro 2012442200

Até breve, meus amigos; se

Deus quiser terei o prazer de

vos apertar as mãos cordial-

mente.2

Dentre outros acontecimen-tos, 1862 também fora o ano emque Allan Kardec recebeu da So-ciedade Espírita Caridade, deViena, Áustria, em sessão de ani-versário de 18 de maio, o diplo-ma e o título de Presidente Ho-norário, concedido, por aclama-ção, ao “digno e corajosopresidente da SociedadeParisiense de Estudos Espí-ritas”[SPEE].1

A viagem duraria setesemanas, nos meses de se-tembro e outubro de 1862.Allan Kardec visitaria 20cidades, saindo de Paris:Provins, Troyes, Sens, Lyon,Avignon, Montpellier, Cette,Toulouse, Marmande, Albi,Sainte-Gemme, Bordeaux,Royan, Meschers-sur-Ga-ronne, Marennes, St.-Jeand'Angély, Angoulême, Tourse Orléans,3 deslocando-seatravés da malha ferroviáriafrancesa por 693 léguas(4.600 km aprox.), assistindo amais de 50 reuniões.

Era a terceira viagem que elerealizava para disseminar o co-nhecimento espírita e estabele-cer diretrizes administrativas eorganizacionais para o Movi-mento doutrinário nascente.

Em comunicação recebida,por via mediúnica, em 1o de agos-to de 1862, na Sociedade Pari-siense de Estudos Espíritas, o Es-

pírito Santo Agostinho, pelo mé-dium Sr. E. Vézy, comenta acercadas próximas férias da Institui-ção, estimulando, contudo, ospresentes à reunião, dentre elesKardec, que o recesso fosse ope-rativo, dizendo a todos:

Aproveitai estas férias que vão

espalhar-vos, para vos tornar-

des ainda mais fervorosos, a

exemplo dos apóstolos do

Cristo [...].4 (Grifo nosso.)

Allan Kardec seguiria o conse-lho à risca, aproveitando, sobre-tudo, o convite recebido dos es-píritas lioneses e bordeleses, eplaneja, estrategicamente, a uti-lização daquele período – quepoderia ser dedicado ao lazer, ao

repouso e à ociosidade – à famo-sa viagem histórica. Redige, en-tão, imediatamente, uma Nota atodos os centros espíritas quedeveria visitar, publica-a na Re-vista Espírita,3 declarando quebuscaria aproveitar o melhortempo possível para instruçãodas instituições, e responde aperguntas sobre as quais desejas-sem esclarecimentos. Sem em-bargo, nessa iniciativa do Codifi-cador estão os pilotis do valiosotrabalho realizado pela FEB pormeio das reuniões anuais doConselho Federativo Nacional(CFN), do Conselho Espírita In-ternacional (CEI) e das Comis-sões Regionais. Podemos incluir,nesse esforço doutrinário-orien-tador, o incansável labor realiza-

do pelo médiumDivaldo Franco, noBrasil e no Exterior.

Em 1862, portanto,Kardec retornaria aLyon e a outras mais19 cidades. Era outo-no, férias de verão daSociedade Parisiensede Estudos Espíritas, aSPEE. O Espiritismocompletava o seu 5o

aniversário, desde a da-ta magna de 18 de abril de 1857,com o lançamento da “pedrafundamental” do edifício doutri-nário: O Livro dos Espíritos etambém de O Livro dos Médiuns,em 15 de janeiro de 1861.

Allan Kardec planeja cuidado-samente o périplo, tendo em vis-ta que o esperavam vários encon-tros com dirigentes e adeptos da

Capa

Capa do livro publicado pelaFEB Editora e frontispício da

primeira edição

23Novembro 2012 • Reformador 442211

novel Doutrina. Nas suas “Im-pressões Gerais”, constantes doopúsculo Voyage Spirite en 1862,ele declara que já constatara, naprimeira ida a Lyon, em 1860, aexistência de “no máximo algu-mas centenas de adeptos”;5 em1861, ao retornar, identificara de“cinco a seis mil”,5 e naquela no-va viagem podia avaliá-los “entrevinte e cinco e trinta mil”.5

Lançando as primeiras semen-tes dos futuros encontros de Uni-ficação, que há mais de um séculosão promovidos pela FederaçãoEspírita Brasileira e pelas Fede-rativas Estaduais, Allan Kardecrealizou “Reuniões Gerais” coma participação dos espíritas deLyon e de Bordeaux, pronun-ciando discursos de avaliação einstruções particulares em res-

posta a algumas perguntas quelhe foram dirigidas.5

Após a viagem, emitiria notana Revue Spirite, de novembro de1862 (ano V, n. 11), declarandoser longo o relato de tudo o queacontecera e que publicaria umlivreto à parte6 (Voyage Spirite en1862), que já se encontrava noprelo, em formato de brochura,contendo, em síntese:

1. As observações sobre o estadodo Espiritismo;7

2. As instruções dadas por AllanKardec nos diferentes grupos;7

3. As instruções sobre a for-mação dos grupos e das socieda-des, e um modelo de regulamen-to para o uso deles e delas.7

Relendo, um século e meiodepois, os históricos textos dalavra do mestre do Espiritismo,facilmente deduzimos porqueele foi escolhido por Jesus paraliderar a nobre missão de con-

cretizar a sua promessa davinda do Consolador.

Do relato apresentado,após o seu retorno, extraí-mos destaques importantesnos três discursos pronun-ciados por Allan Kardec:

I. A caracterização dos “ver-dadeiros espíritas, os espíritascristãos”: “Os que aceitampara si mesmos todas as con-sequências da Doutrina, eque praticam ou se esforçam

por praticar a sua moral”;8

II. Ele [o Espiritismo]agrada: 1) “Porque sa-

tisfaz à aspiração

instintiva do homem quantoao futuro; 2) Porque apre-senta o futuro sob um as-pecto que a razão pode ad-mitir; 3) Porque a certeza davida futura faz com que ohomem sofra sem se queixardas misérias da vida presen-te; [...] 6) Porque todas asmáximas dadas pelos Espíri-tos tendem a tornar melho-res os homens uns para comos outros”.8

III. “Se o Espiritismo é umaverdade, se deve regenerar omundo, é porque tem porbase a caridade. Ele não vemderrubar os cultos nem esta-belecer um novo; proclamae prova verdades comuns atodos, base de todas as reli-giões, sem se preocupar comdetalhes. Não vem destruirsenão uma coisa: o materia-lismo, que é a negação de to-da religião [...]”.8

No capítulo “Instruções Parti-culares dadas aos Grupos...” AllanKardec transcreve oito respostasdadas por ele a questões propos-tas pelos participantes dos encon-tros. No terceiro parágrafo, o Co-dificador destaca ser o Espiritismo“invulnerável sob a égide de suasublime moral”,9 enfatizando: “Emcaso de incerteza tendes um farolque não vos pode enganar: acaridade, que nunca é equívoca”.9

(Grifo do original.)“Não seria desejável que os es-

píritas tivessem uma senha, umsinal qualquer para se reconhe-cerem quando se encontram?”,9

Capa

24 Reformador • Novembro 2012442222

questionaram membros dos gru-pos reunidos. Allan Kardec, cons-ciente do papel dos adeptos daTerceira Revelação, por ele mesmodesignados espíritas ou espiritis-tas, consoante consignou na In-trodução ao Estudo da DoutrinaEspírita em O Livro dos Espíritos,item I, responde:

Os espíritas não formam nem

uma sociedade secreta, nem uma

afiliação; não devem, pois, ter

nenhum sinal secreto para serem

reconhecidos. [...]

Tendes uma senha que é com-

preendida de um extremo a ou-

tro do mundo: é a da caridade.

[...] Pela prática da verdadeira

caridade reconhecereis sempre

um irmão, ainda que não seja

espírita, e deveis estender-lhe a

mão [...].9

No “Projeto de Regulamentopara uso dos Grupos e PequenasSociedades Espíritas”,10 confir-ma os seus sentimentos cristãose a sua comovedora vinculaçãocom o Cristo, ao propor, comodivisa das instituições espíritasque se alastrariam pelo mundo,o lema da religião espírita: “Forada Caridade não há Salvação”;10

ampliando-o para: “Fora da Ca-ridade não há Verdadeiros Espí-ritas!”.10

As experiências das viagens depropaganda espírita seriam con-sideradas por Allan Kardec pon-to estratégico para a divulgaçãoda Doutrina e organização doscentros espíritas pioneiros e dofuturo. Tanto, que insere essa

iniciativa como o 4o eixo [osoutros seriam criação de um(1o) Estabelecimento Central;(2o) Ensino Espírita e (3o) Pu-blicidade em larga escala dasideias espíritas] do seu famoso esempre atual “Projeto 1868”,definindo o seu objetivo:

Dois ou três meses do ano se-

riam consagrados a viagens,

para visitar os diferentes cen-

tros e lhes imprimir boa

direção.11

“Sob vários pontos de vista,nossa viagem foi muito satisfa-tória e, sobretudo, muito instru-tiva pelas observações que reco-lhemos”, conclui Allan Kardecem suas “Impressões Gerais”.Declara-se feliz por ter apertadoas mãos dos irmãos espíritas ede lhes ter expressado pessoal-mente a sua sincera e viva sim-patia, retribuindo as tocantesprovas de amizade que elestransmitiam em suas cartas, eexpressa, em seu nome e em no-me da Sociedade Parisiense deEstudos Espíritas, um testemu-nho especial de gratidão e deadmiração àqueles destemidospioneiros das primeiras alvora-das do Espiritismo na Terra.12

Referências:1MOREIL, André. Vida e obra de Allan

Kardec. São Paulo: Edicel, 1986. p. 67.2KARDEC, Allan. Aos centros espíritas

que devemos visitar. Revista espírita:

jornal de estudos psicológicos, ano 5,

n. 9, p. 379 e 381, respectivamente,

set. 1862. Trad. Evandro Noleto Bezerra.

3. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Edi-

tora, 2009.3______. Viagem espírita em 1862 e ou-

tras viagens de Kardec. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. Impres-

sões gerais, p. 26.4______. Férias da Sociedade Espírita de

Paris. Revista espírita: jornal de estudos

psicológicos, ano 5, n. 9, p. 392, set.

1862. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2.

ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Edito-

ra, 2009.5______. Viagem espírita em 1862 e ou-

tras viagens de Kardec. Trad. Evandro

Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2011. p. 27 e 48,

respectivamente.6______. Viagem espírita em 1862. Revis-

ta espírita: jornal de estudos psicológi-

cos, ano 5, n. 11, p. 438, nov. 1862. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 3. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB Editora, 2009.7CHIBENI, Silvio S. Sinopse dos princi-

pais fatos referentes às origens do Espi-

ritismo – II. Reformador, ano 117, n.

2.040, p. 33(93), mar. 1999.8KARDEC, Allan. Viagem espírita em

1862 e outras viagens de Kardec. Trad.

Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. p. 53,

77, 78 e 87, respectivamente.9______. ______. p. 106, 110 e 111, res-

pectivamente.10______. ______. p. 142.11______. Obras póstumas. Trad. Evan-

dro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB

Editora, 2009. Cap. Projeto – 1868, it.

Viagens, p. 441.12______. Viagem espírita em 1862 e

outras viagens de Kardec. Trad. Evan-

dro Noleto Bezerra. 2. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB Editora, 2011. Nota do

Tradutor, p. 11.

Capa

25Novembro 2012 • Reformador 442233

Escola de Cós da AntigaGrécia conceituava doençacomo uma afecção geral do

organismo. A Medicina era, então,considerada a arte de tratar o en-fermo, com base na experiência ena investigação clínica minuciosae esclarecida. Essa Escola, centradana figura do médico Hipócrates(460-370 a.C.) – uma das maisimportantes figuras da história dasaúde, a ponto de ser cognomina-do Pai da Medicina –, ensinava osseguintes preceitos, conhecidoscomo os quatro princípios da me-dicina hipocrática: 1) não lesar opaciente; 2) abster-se do impossí-vel: isto é, não prometer milagres;3) agir contra a causa da doença; 4)crer na força curativa da Natureza.

Para Hipócrates, as doenças emuitas epidemias estavam relacio-nadas a fatores climáticos, raciais,dietéticos, às condições do meioonde as pessoas viviam, à ação doshumores (hormônios e secreçõesinternas) e às manifestações daspaixões (sentimentos e emoções).Inúmeras observações médicas, en-contradas na sua obra Aforismos,são perfeitamente válidas nos diasatuais. Os seus registros de anato-mia contêm descrições precisas de

procedimentos práticos e dos ins-trumentos de dissecação utilizados.

Hipócrates propunha,na verdade,“uma medicina menos invasiva que,ao mesmo tempo, estimulasse erespeitasse as forças de reação doenfermo”,1 esclarece o professor emédico homeopata paulista, PauloRosenbaum, que destaca também aimportância de preservarmos a “he-rança da antiga escola médica gregade Hipócrates, que colocava a obser-vação da natureza (do grego physis= natureza), o saber antropológicoe a experiência como dimensõesessenciais da terapêutica”.2

O conceito de saúde integralsurge, portanto, com os postula-dos de Hipócrates, mas igual-mente se fundamenta no signi-ficado de homeostase, termocriado pelo fisiologista estadu-nidense Walter Bradford Cannon(1871-1945):

Estado de equilíbrio do ambiente

interno do corpo que é manti-

do por processos dinâmicos de

feedback [reação/realimentação]

e regulação. A homeostase é um

equilíbrio dinâmico.3

Em outras palavras, é o mecanis-mo encontrado pelo organismo pa-ra manter constantes as condiçõesinternas necessárias à vida, sabendoregular as flutuações fisiológicas.

Nesse sentido, a homeostasehumana abrange aspectos biológi-cos, mental, social, ecológico e es-piritual, ou seja,“de completo bem--estar bio-psíquico-sócio-espiri-tual e ecológico”,4 conforme preco-niza o conceito de saúde da Orga-nização Mundial de Saúde (OMS).A palavra homeostase, contudo,

26 Reformador • Novembro 2012442244

A

Saúde integralMA RTA AN T U N E S MO U R A

Em dia com o Espiritismo

Hipócrates

pode também ser aplicada em sen-tido bem amplo: processo reguladordas variações presentes nos ecos-sistemas e no Universo.

A saúde integral também se re-vela como um projeto de vida, cujoêxito depende da compreensão deque o ser humano é um Espíritoimortal, existente, preexistente e so-brevivente à morte do corpo físi-co. A sua história e ações não se res-tringem ao espaço de tempo quevai do nascimento à morte. Semeste entendimento, as intervençõesmédicas permanecem limitadas,ainda que se considere o significa-tivo avanço científico e tecnológicoatual. Para compreender o verdadei-ro sentido de saúde integral, faz-senecessário que as ciências da saúdeabandonem de vez o antigo binô-mio corpo-espírito, e passem a con-siderar a criatura humana como umser que atua nas dimensões física eespiritual, como sabiamente expres-sa a benfeitora Joanna de Ângelis:

A sofisticação tecnológica da Me-

dicina atual ainda permanece na

insustentável tese de que o ho-

mem é as células que lhe cons-

tituem a organização somática.

Negando, por sistema, a reali-

dade do ser integral – espírito,

perispírito e matéria –, detém-se

na conceituação ultrapassada, na

qual o cérebro gera o pensamen-

to, e a Vida cessa quando se dá o

fenômeno da anóxia, alguns mi-

nutos depois da parada cardíaca

[...]. O paradigma da atualidade

em torno da saúde leva o médico

a examinar o paciente não mais

como uma cobaia, ou alguém

aflito de quem se deve libertar,

mas como portador de muitos

problemas que, não raro, a doen-

ça exterioriza, mascarando-os nas

gêneses profundas do estado

patológico.Volve-se, desse modo,

ao antigo sacerdócio médico,

graças ao qual ele se torna amigo

do paciente, seu confidente, seu

companheiro, ajudando-o a dre-

nar as emoções negativas recalca-

das, a fim de dar campo à catarse

liberativa das angústias e tor-

mentos que sofre, para que, en-

tão, nele se instale de volta a saú-

de. A saúde integral independe

das drogas químicas e dos trata-

mentos cirúrgicos, não obstante

esses sejam ainda valiosos instru-

mentos para sua aquisição. [...]5

Emmanuel acrescenta que

O corpo não está separado da al-

ma; é a sua representação.As suas

células são organizadas segundo as

disposições perispiríticas dos indi-

víduos, e o organismo doente

retrata um Espírito enfermo. A

patologia está orientada por ele-

mentos sutis,de ordem espiritual.6

Para a confreira Lucy Dias Ramos:

[...] A saúde se expressa de for-

ma integral, na harmonia de

três fatores essenciais: equilí-

brio físico, mental ou psicológi-

co e satisfação econômica.

As alterações de qualquer um

destes três fatores desencadeiam

conflitos, desequilíbrios orgâni-

cos que dão origem a enfermi-

dades de variadas etiologias.7

Assim, nunca é demais recordarque para se ter saúde integral é pre-ciso alcançar “a perfeita harmoniada alma, para obtenção da qual,muitas vezes, há necessidade dacontribuição preciosa das moléstiase deficiências transitórias da Terra”.8

Analisa ainda Joanna de Ânge-lis, com lucidez:

Cumpre que se conscientizem

os indivíduos em geral, e os en-

fermos em particular, que cada

criatura é o resultado das reali-

zações morais, espirituais da sua

mente, como já observavam os

gregos antigos...A disposição para

o otimismo ou para a autodes-

truição responderá pelos seus

futuros comportamentos. Nesse

sentido, o Evangelho de Jesus é

um excelente tratado de psico-

terapia, cuja aplicação resultará

em bem-estar e harmonia. Toda

a mensagem de Jesus é vazada

no conhecimento profundo do

homem, considerando sua rea-

lidade transpessoal, na qual res-

saltam o Espírito e sua condição

de imortalidade. Lentamente,

face ao volume das aflições que

dominam as paisagens humanas,

e às enfermidades psicossomá-

ticas de difícil diagnose, que le-

vam a estados lamentáveis, a cria-

tura sente-se convidada à valo-

rização da vida, à descoberta

dos seus recursos éticos, autoes-

tima, ao autoaprimoramento. O

amor, nesse cometimento, assu-

me papel preponderante, em ra-

zão das energias que libera no

sistema imunológico, fortalecen-

do-o, no sistema nervoso sim-

27Novembro 2012 • Reformador 442255

pático e nos glóbulos brancos,

fundamentais na luta pela pre-

servação da saúde. A visualiza-

ção mental otimista, gerando

energias que combatam ou

anulem a enfermidade, produz

endorfinas que atenuam a dor,

auxiliando as células à remissão

da doença. [...]9

Como fechamento do assunto,transcrevemos estes oportunos epráticos conselhos do EspíritoAndré Luiz:10

Para garantir saúde e equilíbrio,prometa a você mesmo:

I – Colocar-se sob os desígniosde Deus, cada dia, através da ora-ção, e sustentar a consciência tran-quila, preservando-se contra ideiasde culpa.

II – Dar o melhor de si mesmono que esteja fazendo.

III – Manter coração e mente,atitude e palavra, atos e modos nainspiração constante do bem.

IV – Servir desinteressadamen-te aos semelhantes, quanto estejaao alcance de suas forças.

V – Regozijar-se com a felicida-de do próximo.

VI – Esquecer conversações eopiniões de caráter negativo quehaja lido ou escutado.

VII – Acrescentar pelo menosum pouco mais de alegria e espe-rança em toda pessoa com quemestiver em contato.

VIII – Admirar as qualidades no-bres daqueles com quem conviva,estimulando-os a desenvolvê-las.

IX – Olvidar motivos de quei-xa, sejam quais sejam.

X – Viver trabalhando e estudan-do,agindo e construindo,no próprioburilamento e na própria corrigen-da, de tal modo que não se veja ca-paz de encontrar as falhas prováveise os erros possíveis dos outros.

Referências:1ROSENBAUM, Paulo. Homeopatia: medi-

cina sob medida. São Paulo: Publifolha,

2005. p. 27.

2______. ______. p. 146-147.3CLAYTON, L. Thomas. [Visiting Scientist

Harvard University School of Public Health].

Dicionário médico enciclopédico taber. Trad.

Fernando Gomes do Nascimento. 17. ed.

brasileira. São Paulo: Manole, 2000. p. 908.4WHO – Organização Mundial de Saúde. Dis-

ponível em: <http://www.who.int/en/html>.5FRANCO, Divaldo P. Momentos enrique-

cedores. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Salvador: Leal, 1994. Cap. 15, p. 79-80.6XAVIER, Francisco C. Emmanuel. Pelo Es-

pírito Emmanuel. 27. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2010. Cap. 36, it. A

Psicologia e a mens sana, p. 243.7RAMOS, Lucy D. Gotas de otimismo e

paz. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.

Cap. Saúde integral, p. 91.8XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo

Espírito Emmanuel. 28. ed. 5. reimp. Rio

de Janeiro: FEB Editora, 2011. Q. 95.9FRANCO, Divaldo P. Momentos enrique-

cedores. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.

Cap. Saúde Integral. Salvador: Leal, 1994.

Cap. 15, p. 80.10XAVIER, Francisco C. Passos da vida. Espí-

ritos diversos. Araras [SP]: IDE, 2010. Cap. 17,

(Mensagem do Espírito André Luiz), p. 79-80.

28 Reformador • Novembro 2012442266

Organização Mundial deSaúde (OMS) publicou em2010 uma estimativa do nú-

mero de suicídios no mun-do, chegando à triste con-clusão de que uma pessoa sesuicida a cada 40 segundos.Mas os casos deverão serainda em maior número, jáque esse estudo não con-templou o Leste Europeunem a África. Diante de talrealidade, o suicídio é hojeconsiderado como um pro-blema de saúde pública edeve ser prevenido por to-das as instituições sociais:escolas, universidades, hos-pitais, instituições religio-sas, entre outras.

No Brasil, foram publi-cadas, em 2006, as Diretri-zes Nacionais para a Pre-venção do Suicídio, umainiciativa louvável de nos-sos governantes que, certa-mente, sob a inspiração dosbons Espíritos, compreendem aurgência da questão.

Além das políticas públicaspara a prevenção do suicídio, háuma preocupação com os sobre-

viventes do suicídio, termo utili-zado pelas ciências sociais e dasaúde para se referir à rede social

de pessoas, na qual se inserem osque se suicidaram.

Inúmeras pesquisas científicase, também, relatos em obrasespíritas, apontam muitoscasos de “suicídio epidêmi-co”, em que familiares e/ouamigos próximos de umsuicida tendem a cometer omesmo ato. É por este mo-tivo que os programas atuaisde prevenção visam aco-lher tanto as pessoas comideação ou intencionalida-de suicida, como tambémaqueles que convivem comestas pessoas.

A Doutrina Espírita de-senvolve um importantetrabalho preventivo nessesentido, mediante a divul-gação doutrinária, que de-ve estar pautada nas orien-tações seguras dos Espíri-tos superiores, no exemplosupremo de Jesus e, tam-

bém, na fraternidade que devese fazer presente entre os irmãosde ideal.

29Novembro 2012 • Reformador 442277

ALE I L A D O AM A R A L

“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.”– Paulo. (II Tessalonicenses, 3:13.)

famílias de suicidasAuxílio integral às

Quando um caso de suicídio élevado ao conhecimento da CasaEspírita, é preciso, antes de tudo,acolhê-lo com serenidade, fé e pru-dência. Inicialmente, deve-se indi-car, para o seu atendimento, pes-soas emocionalmente equilibra-das, com profundos conhecimen-tos doutrinários. Destacamos estaquestão, pois, lamentavelmente,muitos adeptos da Doutrina Espí-rita afirmam, com veemência, quetodo suicida padecerá nos um-brais e vales no Além-túmulo, di-vulgando esta afirmação tambémpara seus familiares e amigos dosuicida, faltando-lhes com a cari-dade. Sem dúvida alguma, tais as-sertivas são conclusões precipita-das, denotando desconhecimentoda essência da Doutrina Espírita,principalmente no que se refere àmisericórdia e justiça divinas. Como intuito de esclarecer esta ques-tão, analisaremos a seguir aponta-mentos de Allan Kardec, na ques-tão 957 de O Livro dos Espíritos, edois casos de suicídio expostos emobras psicografadas pela médiumYvonne Pereira.

Quais, em geral, com relação ao

estado do Espírito, as consequên-

cias do suicídio?

“Muito diversas são as conse-

quências do suicídio. Não há

penas determinadas e, em todos

os casos, correspondem sempre

às causas que o produziram. Há,

porém, uma consequência a

que o suicida não pode escapar:

é o desapontamento. Mas, a sorte

não é a mesma para todos; de-

pende das circunstâncias. Alguns

expiam a falta imediatamente,

outros em nova existência, que

será pior do que aquela cujo

curso interromperam.”

Ora, esta resposta esclarece-nossobre a complexidade da vida espi-ritual e que, apesar de se tratar deuma transgressão à Lei de Deus,a situação espiritual, psicológica eemocional de nossos irmãos sui-cidas difere conforme o caso. Para

ilustrar esta questão, apresenta-remos dois casos de suicídio pre-sentes na literatura espírita, psi-cografadas pela médium YvonnePereira, que facilitarão nossa com-preensão sobre a sua singularida-de e distinção.

Andrea de Guzman, personagemda obra O Drama da Bretanha,1

suicida-se devido às injunções

violentas de um Espírito obses-sor que a atormentava desde ainfância. Após a consumação doato, Andrea sentiu as reverbera-ções do ato violento em seu pe-rispírito2 e percebeu a presençade familiares que lamentavam oocorrido. Após a desencarnaçãode Andrea, o obsessor não a en-controu, e ela não foi para o Valedos Suicidas:

[...] Ela não fora tragada pelas

correntes malévolas de Espíritos

turbulentos que escravizam, mui-

tas vezes, aqueles que se deixam

vencer pelos maus atos praticados

durante o estado físico-material.

Havia, em seu caso, uma grande

atenuante: ela fora arrastada ao

suicídio por um obsessor, que a

dominara. Por si só, ela não se

atiraria ao desespero, apesar do

muito que sofrera. [...]1

Charles, o autor espiritual destaobra, destaca que Andrea, após osuicídio, apresentava-se atordoada,pois sua mente estava dominadapela loucura. Ele afirma que asorações dedicadas à suicida muitoa beneficiaram, proporcionando--lhe paz. Posteriormente, Espíritosamigos desceram para socorrer opobre Espírito exausto de sofri-mentos, levando-o “para tranqui-la região do Espaço, onde o rodea-ram de amor e cuidados e onde,finalmente, Andrea adormeceu embraços maternos, amparada poramigos leais...”.1

Ilustramos agora com outro ca-so de suicídio, vivido por CamiloCândido Botelho e descrito na obra

30 Reformador • Novembro 2012442288

Devemosacolher osfamiliarese amigos

do suicidacom amor

e fé

Memórias de um Suicida. Tomadopelo desgosto com a vida, devidoà cegueira e a outros tormentospessoais, Camilo desferiu um golpemortal em sua têmpora com umaarma de fogo. Neste caso, o ímpe-to para o suicídio não se devia àintervenção obsessiva ou loucura;ele mesmo, conscientemente, ul-trajou a Lei Divina e, por causa dalei de afinidade, foi levado para oVale dos Suicidas.

Assim, retomamos a discussãofeita por Allan Kardec acerca dajustiça divina e do suicídio:

– Jamais tem o homem o direito

de dispor da sua vida, porquanto

só a Deus cabe retirá-lo do cati-

veiro da Terra, quando o julgue

oportuno. Todavia, a justiça di-

vina pode abrandar-lhe os rigo-

res, de acordo com as circuns-

tâncias, reservando, porém, to-

da a severidade para com aque-

le que se quis subtrair às provas

da vida.[...]1

Portanto, como espíritas aten-tos às orientações seguras dos bons

Espíritos, devemos nos esquivardas opiniões afoitas e precipitadasque, ao invés de minorar sofri-mentos, podem potencializá-los,discrepando da proposta conso-ladora da Doutrina Espírita. De-vemos acolher os familiares e ami-gos do suicida com amor e fé,reafirmando que a misericórdiadivina nunca abandona suas cria-turas, pois Deus é justo e bom, eque Maria de Nazaré, com seuamor de mãe, acolhe, socorre eprotege todos os irmãos que sesuicidaram.

Além disso, devemos convidaressas pessoas às palestras públi-cas sobre Espiritismo e orientá--las para a realização frequentedo culto do Evangelho no Lar,bem como tomar passes e águafluidificada.

Aliada aos benefícios da tera-pêutica espírita, não podemos ol-vidar a colaboração das ciênciasterrenas, como a Psiquiatria e aPsicologia. A Psiquiatria, comomodalidade médica, poderá pres-crever medicamentos nos casosde depressão ou estresse pós-trau-

mático, psicopatologias muitocomuns decorrentes de casos demorte violenta como o suicídio.Já a Psicologia, quando bemorientada, será um espaço pro-tegido e reservado para o sobre-vivente reelaborar sua vida apósa desencarnação prematura doente querido, além de ser ummomento terapêutico para revi-são da própria vida.

Por fim, para que possamosacolher os sobreviventes do suicí-dio, devemos pautar nossos com-portamentos na proposta cristãde amor e respeito à dor do pró-ximo, não nos esquecendo das im-portantes contribuições das ciên-cias psi, que são dádivas divinasmaterializadas na Terra.

Referências:1PEREIRA, Yvonne do A. O drama da Bre-

tanha. Pelo Espírito Charles. 10. ed. 5.

reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.

p. 205 e 214.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012. Q.

237 e 257.

31Novembro 2012 • Reformador 442299

erta manhã, em hospital oncológico na cidadedo Rio de Janeiro, a menina Júlia, de seis anos,preparando-se para uma delicada intervenção

cirúrgica, perguntou pressurosa: – Jesus, querido, vo-cê, vem comigo para a sala de cirurgia? Preciso entrarsozinha, mas você é invisível!

Diante desse fato, concluímos: evangelizar é umato de amor! Proporcionar às crianças e jovens aoportunidade de conhecer e sentir Jesus como umamigo íntimo, sempre presente em suas vidas, tantonos momentos felizes como nos mais difíceis, é umaforma sublime de expressar quanto são amados eimportantes para nós, como nos preocupamos coma sua felicidade.

Evangelizar, utilizando a música é doar muitoamor, porque a música é excelente instrumento deapoio ao trabalho didático em qualquer tipo de apren-dizado. Estimula a criatividade, descontrai o am-biente, ajuda a superar o medo e a timidez, promovea fraternidade e a solidariedade.

Deus, Pai e Criador; Jesus, nosso Mestre e IrmãoMaior; amor ao próximo, à família, aos amigos e de-mais companheiros de reencarnação; a eficácia daprece; a existência do ser espiritual e de um mundocheio de vida; as oportunidades de progresso a cadaretorno ao plano material, são alguns dos conceitosespecíficos que fazem parte do Currículo de toda Es-cola de Evangelização Espírita, nas deliciosas aulassemanais, ministradas pelos evangelizadores. Damesma forma, a responsabilidade que devemos ter

nos cuidados para com o corpo físico (higiene, ali-mentação, funções e movimentos); a percepção pormeio dos sentidos; o respeito à Natureza como obrade Deus e a relação do ser humano com as diferentesmodalidades da Criação encontram na música umprocesso de ensino objetivo e divertido.

Frequentemente, os conteúdos são associados àsdinâmicas recreativas aplicadas desde tenra idade.Com temática relacionada ao objeto de estudo daaula, essas atividades lúdicas, adequadas às diver-sas faixas etárias, auxiliam a desenvolver, juntocom outros valores, a capacidade de “ganhar comgenerosidade e perder com dignidade”, fator tãoútil e necessário a todos na sociedade atual. Aausência desse aprendizado reflete-se no compor-tamento individual e até coletivo, como observa-mos nas lamentáveis confrontações entre as torci-das organizadas de times de futebol e outros “due-los” expostos na mídia.

Alguns conceitos doutrinários, tais como: os com-promissos estabelecidos com o amor à verdade, coma obediência, com a sinceridade e com a alegria, nabusca de valores saudáveis e construtivos e a utiliza-ção do livre-arbítrio, em prol das escolhas direciona-das ao bem e ao respeito aos semelhantes são trans-mitidos, de maneira simples, leve e melodiosa, assi-milados nas letras das músicas, pois cantar é “falarrepetitivamente” para memorização.

Assim, evangelizar com música é uma tarefa demuito amor! Entretanto, como realizar esse trabalho

Música na Escola deEvangelização Espírita

Do brincar, aprender, sentir e captar à renovação de comportamentos e de emoções

Evangelização Espírita Infantojuvenil

CMA R I S A PR I O L L I FO N S E C A

32 Reformador • Novembro 2012443300

didático, no recinto do Centro Espírita, em espaços,por vezes, tão diminutos? Sobre a questão, há necessi-dade de que os tarefeiros envolvidos na sublime tarefade evangelização, sobretudo de crianças e jovens, seconscientizem de que a Instituição Espírita tem três es-paços que precisam ser respeitados: o físico, o sonoroe o funcional. Tudo deve ser adaptado às dimensões dasáreas físicas; o volume de som não pode ultrapassaro limite do espaço so-noro do lugar, e as con-dições funcionais, queincluem a realização deoutras atividades con-comitantes, precisamser bem divididas e pro-gramadas. Ajustar ho-rários e dispor as ativi-dades com harmoniosoplanejamento é funda-mental, como confir-mado em comunicaçãodo Espírito Emmanuel,psicografada por Chi-co Xavier, há 74 anos,e reproduzida em Re-formador, de agosto de2011, pelo conteúdointeiramente atual:

[...] Nenhuma men-

sagem do mundo

espiritual pode ul-

trapassar a lição per-

manente e eterna

do Cristo, e a ques-

tão, sempre nova do

Espiritismo é, acima

de tudo, evangelizar, ainda mesmo com sacrifício de

outras atividades de ordem doutrinária.1

Os que recebem uma boa evangelização com mú-sica, semelhantes aos pequenos e jovens semeadores,como na parábola de Jesus (Mateus, 13:23), fazemchegar aos lares, aos condomínios, às escolas, aos fa-

miliares, amigos e vizinhos, distantes da realidade doCentro Espírita, conceitos e valores evangélicos, navisão espírita, aproveitando a canção para isso. É aevangelização a distância; mais um benefício semlimites de fronteiras, com alcance muito maior doque é possível avaliar.

É com imensa alegria e emoção que ouvimos fi-lhos, netos e tantos jovens, alguns na idade adulta,

utilizando, em meioàs conversas cotidia-nas, a música não es-quecida, aprendidanas aulas de evange-lização:

[...] Os problemas, tão

difíceis, não se acabam,

mas a prece me aquece

o coração.

Vou seguindo, paciente,

na esperança:

– Hei de encontrar uma

boa solução.2

A tarefa nobilíssi-ma de amor conti-nua... 35 anos de fértilsemeadura da Cam-panha Permanente deEvangelização Espíri-ta Infantojuvenil, gra-ças a Deus!

Sugestão de leitura: Cur-

rículo para as escolas de

evangelização espírita in-

fantojuvenil. 4. ed. 2. reimp.

Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.

Referências:1XAVIER, Francisco C. À Luz do Evangelho. Pelo Espírito Emma-

nuel. Reformador, ano 129, n. 2.189, p. 17(295), ago. 2011.2SOUZA, Vilma de M. CD Evangelização em notas musicais. Rio

de Janeiro: FEB. V. 2, faixa 3, A prece.

33Novembro 2012 • Reformador 443311

Lei no 5.063, de 4 de julhode 1966, instituiu o dia 19 dejulho como o Dia da Ca-

ridade. É certo que a lei não torna acaridade obrigatória, nem mesmoa sua comemoração neste dia. En-tão, o que terá levado o legisladora tal indicação normativa, que nãoencerra norma alguma? Comonas outras comemorações, do mes-mo modo apontadas em normasjurídicas, proclama uma questãomoral, subsumida no conceito decaridade, dando-lhe significaçãoconvivencial que é, em última aná-lise, o objeto do Direito. Trata-sede um artifício, do ponto de vistajurídico, com vistas à reflexão.

A caridade é um conceito cristão,mas nem por isso necessariamen-te repudiado por outras religiões.Paulo, na 1a Epístola aos Coríntios,ressoando a parábola do BomSamaritano, fala-nos da caridade,considerando-a como a virtudemais excelente, mesmo em face dafé e da esperança (“A maior delas,porém, é a caridade” (I Coríntios,13:13), conforme a tradução daBíblia de Jerusalém). Entre os espí-ritas, que construíram ao lado dasteologias tradicionais um modeloteórico, dando a dimensão espiri-tual aos ensinos do Cristo, a carida-de vem pontuada na máxima: “Fo-ra da caridade não há salvação”.

Ainda marcada pela palavra “salva-ção”, a expressão indica, em realida-de, a ideia de evolução, ou seja, a detransformação moral do Espírito.

Mas, o que vem a ser caridade epor que se dá a ela tanta significaçãocentralizando todo o modelo exis-tencial cristão? Dir-se-á que a cari-dade é o amor em movimento, ex-pressando-se. Logo, sem amor nãohá verdadeiramente caridade. Tal-vez, na língua portuguesa, a palavraque mais se aproxime, para efeitosde sinonímia, sempre imperfeita,seja disponibilidade. Estar disponí-vel, pronto a servir e a se oferecer aoserviço do outro, a compreendê-lo.Portanto, a caridade antecede à ação,definindo-se nesse espaço entre oamor, que é disposição íntima cons-tante, e o bem que se deseja, a seuturno também sujeito a regras obje-tivas, como na assistência social.Ve-ja-se a expressão de Paulo: “Aindaque distribuísse todos os meus bensaos famintos, [...] se não tivesse a ca-ridade, isso nada me adiantaria” (ICoríntios, 13:3). E aqui não se estáfalando de amor a alguma coisa ex-celente ou, mesmo, a alguém commerecimentos estéticos, existenciais,ou ainda, a fragilidades. Mas, deamor, simplesmente, como prefereMadre Tereza de Calcutá, patrimônioespiritual imperturbável e inextin-guível, que permite abeberar o sen-

tido da vida. Portanto, no processoespiritual evolutivo, o que nos edifi-ca e nos posiciona vibratoriamentenas dimensões da Espiritualidadenão é a obra ou o serviço em si (aque se dá valor pedagógico e social,entretanto), mas a mudança inte-rior ou a renovação mental, que nosleva à compreensão do poema fran-ciscano: “É dando que se recebe”.

Então, sugere-se a caridade comopreparação e solução para a vida es-piritual, interior,ante ou post mortem.Naturalmente, há de ser assim, pelasuperação do egocentrismo, necessá-rio apenas para a formação da iden-tidade, não se permitindo a sua cor-rupção em egoísmo. Em linguagemhermética e paradoxal, diria que o da-do subjetivo é mais objetivo que odado objetivo, isto é, o que está naintimidade das pessoas é que as defi-ne como caridosas, posto que a apa-rência,por si só, sustente a hipocrisia.

Em consequência, tratar do as-sunto caridade é tarefa da maior im-portância na construção de umprojeto evolutivo pessoal, que éum projeto de iniciação em si mes-mo, de autoconhecimento. Nessecomenos, ter-se-á em conta o uni-verso constituído pelas coisas em ge-ral, que são suscetíveis de apropria-ção, e as relações interpessoais, estasagregadas à noção de alteridade. Aprimeira impressão é muito signifi-

AMÁ R I O LA N G E D E S. TH I AG O

Dia da Caridade

34 Reformador • Novembro 2012443322

cativa, decorrendo do choque vibra-tório. Dele resulta, ou a simpatia, oua antipatia, quando não, a apatia.Neste último caso, a indiferença, on-de reside possivelmente o pior sen-tir, que é o não sentir, o não perce-ber. Nos dois outros casos, da sim-patia e da antipatia, algo se processainteriormente, não permitindo sedar às costas. E uma avalanche deforças interiores, guardadas na emo-ção ou no sentir, frutos da experiên-cia, desdobra-se em movimentos deexteriorização do self. Jesus propôso amor ao próximo, justamente,porque é em face deste que se ava-liam as vibrações interiores, nisto seconsubstanciando o conhecimentode si mesmo. O bom samaritano, daparábola, é que foi chamado naexemplificação, por renunciar a sipróprio, às suas comodidades nopercurso, para ocupar-se com ooutro. Nem é somente pelas razõespreconceituosas dos judeus emrelação aos nascidos na Samaria,mas Jesus a eles se refere, porque ovocábulo samaritano, em línguahebraica, quer dizer vigilante.

Sempre é possível, pois, desen-volver a caridade, pela impregna-ção moral ou psicológica, se nosmantivermos despertos, com aatenção voltada para o sucesso al-truístico nas relações. Após a pri-meira impressão, segue-se a cons-trução do entendimento, onde temlugar a empatia. Colocar-se no lu-gar do outro, apreciar-lhe as difi-culdades, os desvios, sempre naperspectiva da real compreensãoque se pode emprestar. Os esforçoscaritativos não comportam apenasas atitudes exteriores, que são obem a realizar, mas consistem naanálise afetiva das necessidades edas providências. O automatismodisponibilizado não serve à cari-dade, antes revelando, quem sabe,culpas ocultas na intimidade doser, ávido em superar a depressão.

Em última análise, a caridadenão se confunde com a esmola, nemcom a filantropia, como se pensavulgarmente. Ela não está repre-sentada nas ações exteriores, masunicamente na maneira como sãorealizadas. O importante é a gene-

rosidade empregada para a satis-fação de quem recebe, sem avilta-mento ou humilhação. Pela cari-dade não se transformam apenasas situações, mas os seres.

A caridade pode ser material oumoral, mas é imprescindível distin-guir, na esteira de Kardec, a cari-dade benevolente da caridade be-neficente. Nas palavras do Codifi-cador “se a beneficência é necessa-riamente limitada, nada além davontade poderia estabelecer limi-tes à benevolência”. Entreguemo--nos à caridade como valor subje-tivo, essencial à evolução do Espí-rito, já que, como define Paulo:

A caridade é paciente; a caridade

é prestativa, não é invejosa, não se

ostenta, não se incha de orgulho.

Nada faz de inconveniente, não

procura o seu próprio interesse,

não se irrita, não guarda rancor.

Não se alegra com a injustiça,

mas se regozija com a verdade.

Tudo desculpa, tudo crê, tudo

espera, tudo suporta. (I Corín-

tios, 13:4-7.)

35Novembro 2012 • Reformador 443333

ob os auspícios da Tut-monda Esperantista Ju-nulara Organiza5o –

TEJO (Organização Mundialda Juventude Esperantista),realizou-se na cidade de Ha-nói, Vietnã, o 68o CongressoInternacional da Juventude Es-perantista (5 a 11 de agosto)<http://ijk-68.hanojo.org>,em cujo diversificado progra-ma foi acolhida uma reuniãosobre Espiritismo, com o tema “Kio estas Spiritismo?”(“O que é o Espiritismo?”), dirigida pelos esperan-tistas brasileiros Álvaro Borges Motta e FernandoMaia Júnior. Entenderam ambos que a forma maisadequada de atividade num encontro de jovens seriauma mesa-redonda que, por sua informalidade e in-teratividade, daria ensejo a esclarecimentos mais ob-jetivos, o que efetivamente aconteceu.

Durante uma hora os participantes, cujo númerovariou entre 15 e 20 pessoas e que pertenciam a di-ferentes religiões e países (Alemanha, Bélgica, China,Coreia do Sul, Itália, Indonésia, Rússia, Suíça e Vietnã),levantaram interessantes questionamentos, expondodúvidas e discordâncias, buscando explicações, fato que,segundo Álvaro e Fernando, lhes facilitou sobremaneiraa abordagem dos assuntos que mais lhes interessavam.

Álvaro comentou:

Uma senhora católica, que parecia concordar a respeito

de muitos pontos da Doutrina, nos disse, bastante

emocionada, que não po-

dia acreditar que os Espí-

ritos se comunicassem

com os encarnados, pois

ela havia perdido o seu

marido e nunca havia ti-

do uma comunicação ou

sinal dele. Eu e o Fernan-

do ficamos sensibilizados

por ela. Dissemos a ela que

é necessário ter paciência e

orar por ele, pois as orações

sempre trazem conforto para quem está do outro lado.

Outro fato interessante foi uma francesa-vietnamita

chamada Íris. Ela não falava Esperanto e nós conver-

samos em francês.Ela nos falou que se identificou muito

com o Espiritismo, em função de algumas semelhanças

com a religião dela. O nome da religião é Caodaoismo.

É a terceira maior religião do Vietnã e tem cerca de 6 milhões

de adeptos. O que me chamou a atenção é que o Cao-

daoismo também trabalha com contatos mediúnicos.

Fernando e Álvaro distribuíram, entre os presen-tes, exemplares da brochura de divulgação La Librode la Spiritoj (O Livro dos Espíritos), editada recente-mente pela FEB, contendo o primeiro capítulo daobra, bem como o folheto Konati1u kun Spiritismo(Conheça o Espiritismo), produzido pelo ConselhoEspírita Internacional, e o panfleto Hejma Studadode la Evangelio (Estudo do Evangelho no Lar), impres-so pela Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz (So-cieto Lorenz). Foram sorteados os livros La Kialo de

Espiritismo para

esperantistas em Hanói

S

36 Reformador • Novembro 2012443344

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Página principal do Congresso

l’Vivo (O Porquê da Vida), Almanako Lorenz (Alma-naque Lorenz), de 2007 e 2009, e DiverskoloraBukedeto (Buquê Multicolor) e, a um participante, foiofertado o livro Pa9lo kaj Stefano (Paulo e Estêvão).

Fernando e Álvaro não escondem seu entusiasmopela iniciativa:

Ficamos bastante contentes com o resultado. Acredi-

to que podemos continuar repetindo este tipo de

atividade nos próximos congressos da juventude.

Alguns congressistas, cujos corações se mostraramreceptivos à semeadura inicial, deixaram seus ende-reços eletrônicos, na expectativa de contatos comesperantistas-espíritas brasileiros:

Sophia Berlin <[email protected]>; Kim SuJung <[email protected]>; Barbara Pochanke <[email protected]>; Phan Thi Nhan<[email protected]>; Iris Josette Nguyen<[email protected]>; Zhao Wenqi <[email protected]>; Sara Spanó <[email protected]>; Jurgen Bauer <[email protected]>; Maarten Deprez <[email protected]>.

37Novembro 2012 • Reformador 443355

Spiritismo Doktrino

“[...] De que nos valeria o conflito destruidor,quando temos grandiosos deveres a cuidar? Im-porta-nos saber morrer para que nossas ideias setransmitam e floresçam nos outros. As lutas pes-soais, ao contrário, estiolam as melhores espe-ranças. [...]”

“[...] Kion utilus al ni detruanta konflikto, dumni havas grandiozajn devojn por prizorgi? Estaspor ni grave scii morti, por ke niaj ideoj tran-siru kaj floru en la ceteraj homoj. Personaj luktoj,kontra9e, velkigas la plej fortikajn esperojn. [...]”

Aspecto da Reunião com a presença de Álvaro Borges Motta, falando de perfil, e de Fernando Maia Júnior, de camisa quadriculada

Fonte: XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo EspíritoEmmanuel. 4. ed. esp. 4. reimp. Brasília: FEB Editora, 2012.Pt. 2, cap. 8, p. 406.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pa9lo kaj Stefano. De la SpiritoEmmanuel. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2010. Dua parto, /ap. 8, p. 447.

Doutrina Espírita

38 Reformador • Novembro 2012443366

emos lido, com bastantepreocupação, um dado tra-zido pela literatura espíri-

ta, através de mensagens mediú-nicas, de que é alarmante a quan-tidade de Espíritos retornadosà Pátria Espiritual, sem haveremconquistado progresso significa-tivo. Enquanto na vida física, per-manecem distantes da realidadeespiritual que lhes é própria, pre-ferindo viver na ventura fanta-siosa dos prazeres mundanos, emdetrimento dos imprescindíveis einadiáveis esforços para o adian-tamento moral que deveriam de-senvolver, razão primordial davida física. Falta-lhes o conheci-mento e a fé para compreen-derem a informação que nos deuJesus, ao declarar que a verdadei-ra vida da criatura, não é a mate-rial, mas a espiritual, concreta,vibrante e verdadeira por toda aeternidade.

Em vão esmeram-se os plane-jadores das encarnações paraotimizar o tentame, oferecendoao encarnante corpos materiaisadequadamente providos para as

necessidades do programa en-carnatório elaborado, e os traba-lhadores da assistência fraternapara situá-lo no ambiente de in-teração, apropriado às exigênciasdos resgastes, reparações e apren-dizagem programadas. Permane-cem cegos e surdos aos impositi-vos da Lei de Progresso, conser-vando-se na condição de “infân-cia espiritual”, arrastando-se peno-samente por reencarnações su-cessivas, incapazes de compreen-der a realidade que os aguardaalém-túmulo.

Por que isto acontece? – falta--lhes o interesse para saberem asrespostas às três perguntas bási-cas, latentes na consciência de to-dos os intelectualmente capazes:De onde viemos? Por que existi-mos? Para onde iremos após amorte? Alguns mais irônicos e in-crédulos perguntarão: – Quempoderá respondê-las?

Está claro que não será possí-vel com meia dúzia de palavrasexplicar assunto de tal transcen-dência! Estas questões, entre-tanto, encontram-se completa-

mente respondidas pela Doutri-na Espírita; mas, da mesma for-ma que toda Ciência, ela deveráser estudada, meditada e pes-quisada para ser compreendidae praticada.

Lamentavelmente, o lazer ocupaexagerado percentual do tempoda existência humana. Indife-rentes ao conhecimento da rea-lidade de si mesmos os homensnão sabem como bem conduzir aprópria vida e, ao chegar ao ine-vitável momento do retorno à Pá-tria Espiritual, encontram-se de-sorientados na condição de Espí-ritos despidos das vestes físicas.Decepcionados ante a realidadede que a morte não existe comodestruição da vida, sentem-se afli-tos e perdidos com a nova situa-ção. Não encontrando o Céu quea mentirosa ficção lhes promete-ra com todas as suas delícias eprivilégios, para cuja conquistanada fizeram, os desencarnadosdespreparados revoltam-se e, atéque novas oportunidades encar-natórias lhes sejam oferecidas,perambulam neste estado em

TMAU RO PA I VA FO N S E C A

Falênciaencarnatória

convívio interativo com os encar-nados, ou são arrebanhados porfalanges de Espíritos inferiorespara serem iniciados, conformesuas índoles, nos caminhos dovício e do crime.

Ainda na Espiritualidade, ao seprepararem para o mergulho nacarne, promessas de esforço sãofeitas, as quais, entretanto, ao con-tato com as vibrações da maté-ria, são desprezadas e esquecidas.Desconhecida a real finalidade daexistência, não conseguem avaliarquanto de prejuízo causam aopróprio porvir, entrando em ver-dadeira falência encarnatória. Ofavoritismo e o protecionismo in-justo são vã quimera, pois, comonos ensina o Divino Mestre, sem-pre será dado “a cada um, confor-me suas obras” (Mateus, 16:27).

39Novembro 2012 • Reformador 443377

O mundo aplaude e coroaQuem vence a batalha a esmo,Mas, no Além, o vencedorÉ quem venceu a si mesmo.

Depois da morte, no Além,A dor que mais agoniaÉ a mágoa de não ter feitoTodo o bem que se podia.

Antônio Azevedo

Antônio de Castro

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Trovadores do além. 5. ed. Rio de

Janeiro: FEB Editora, 2002. Trovas 27 e 74, p. 31 e 47, respectivamente.

Trovas

Nos dias 21 a 23 de setembro,ocorreu a 13a Reunião da Coorde-nadoria do Conselho Espírita Inter-nacional da Europa. O evento foirealizado no Hotel Hillinger, emViena, com apoio da Sociedade deEstudos Espíritas Allan Kardec. Aabertura aconteceu na noite dodia 21, pelo dirigente do Centrocitado, Josef Jackulak, e palestrade Antonio Cesar Perri de Carvalho– presidente interino da FederaçãoEspírita Brasileira (FEB) e mem-bro da Comissão Executiva doCEI –, sobre o tema “Espiritismo ea Era Nova”.

Durante a Reunião, dirigida porCharles Kempf – coordenador doCEI-Europa e secretário-geral inte-rino do CEI –, e contando com aparticipação de 48 representantes,foram prestadas informações geraissobre o CEI: preparativos para o 7o

Congresso Espírita Mundial (Cuba,março de 2013), implementação doPlano de dinamização das ativida-des do CEI, relatórios de atividadesdos 15 países representados (Alema-nha, Áustria, Bielorrússia, Espanha,Finlândia, França, Holanda, Irlanda,

Itália, Noruega, Portugal, ReinoUnido, República Tcheca, Suécia eSuíça) e sobre as atividades daBélgica e Polônia.

Na noite do dia 22, houve pales-tra por Charles Kempf sobre o te-ma “Novas propostas para a felici-dade”, e, na manhã do dia 23, de-senvolvido o seminário “PráticaMediúnica na Casa Espírita”, porMarta Antunes de Moura, vice--presidente da FEB. Na tarde domesmo dia, ainda ocorreu Reuniãoda Comissão Executiva do CEI.

A próxima reunião será rea-lizada em outubro de 2013, emStuttgart (Alemanha). Os diri-gentes da FEB ainda proferirampalestras públicas em outras lo-calidades: Antonio Cesar Perri deCarvalho, em Viena, RepúblicaTcheca e Eslováquia; e MartaAntunes de Moura, na Alema-nha e Holanda. Informações:<www.intercei.com>, <www.7cem.org>, <www.congressoespirita.com.br>, <www.febnet.org.br>.

13a Reunião daCoordenadoria do

CEI na Europa

40 Reformador • Novembro 2012443388

Conselho Espírita Internacional

Aspecto parcial da Mesa Diretora

41Novembro 2012 • Reformador 443399

reinado do bem poderáimplantar-se algum dia naTerra?

“O bem reinará na Terra quando,entre os Espíritos que a vêm habi-tar, os bons predominarem, porque,então, farão que aí reinem o amor e a justiça, fonte dobem e da felicidade. É peloprogresso moral e pela prá-tica das Leis de Deus que ohomem atrairá para a Terraos Espíritos bons e dela afas-tará os maus. Estes, porém,só a deixarão quando o ho-mem tiver banido daí o or-gulho e o egoísmo.

Aproximai-vos do mo-mento em que se dará a trans-formação da Humanidade,transformação que foi pre-dita e cuja chegada é acelera-da por todos os homens queauxiliam o progresso. Ela severificará por meio da encar-nação de Espíritos melhores,que constituirão na Terra umageração nova. Então, os Espíritosdos maus, que a morte vai ceifandodia a dia, e todos os que tentamdeter a marcha das coisas serão daíexcluídos, pois que viriam a estardeslocados entre os homens de

bem, cuja felicidade perturbariam.Irão para mundos novos, menosadiantados, desempenhar missõespenosas, onde poderão trabalharpelo seu próprio adiantamento e,ao mesmo tempo, pelo progressode seus irmãos mais atrasados. Não

percebeis, nessa exclusão de Espíri-tos da Terra transformada, a subli-me alegoria do paraíso perdido? ena vinda do homem para a Terraem semelhantes condições, trazen-do em si o gérmen de suas paixões

e os vestígios da sua inferioridadeprimitiva, a alegoria não menos su-blime do pecado original? Conside-rado desse ponto de vista, o pecadooriginal se prende à natureza aindaimperfeita do homem que, assim,só é responsável por si mesmo, pe-

los seus próprios erros, e nãopelas faltas de seus pais.

Todos vós, homens de fé ede boa vontade, trabalhai,pois, com zelo e coragem nagrande obra da regeneração,porque colhereis centuplicadoo grão que houverdes semea-do.Ai dos que fecham os olhosà luz, pois preparam para simesmos longos séculos detrevas e decepções! Ai dos quefazem dos bens deste mundo afonte de todas as suas alegrias,pois sofrerão muito mais pri-vações do que os gozos de quedesfrutaram! Ai, sobretudo,dos egoístas! Não encontrarãoninguém que os ajude a carre-gar o fardo de suas misérias.”

São Luís

Fonte: KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.

Livro 4, cap. 2.

O

Considerações de São Luís em resposta à questão 1.019 de O Livro dos Espíritos

Transformaçãoda Humanidade

42 Reformador • Novembro 2012444400

Seara Espírita

Sergipe: Congresso EstadualNos dias 21 a 23 de setembro, a Federação Espíritado Estado de Sergipe promoveu o 5o Congresso Es-pírita em Sergipe. Alberto Almeida, Suely CaldasSchubert, Frederico Menezes, Sandra Maria Borba,Júlio César e Idair Montelli Reis estiveram presentescomo expositores. A secretária da Comissão Regio-nal Nordeste, Creuza Santos Lage, representou oCFN da FEB. Informações: <www.fees.org.br>.

Rio de Janeiro: Centenário de Centro EspíritaFoi comemorado no dia 12 de setembro, o centená-rio de fundação do Centro Espírita Bezerra de Me-nezes, localizado no bairro Estácio, no Rio de Janeiro.O expositor Gerson Simões Monteiro enalteceu a fi-gura do seu fundador, Emygdio da Graça, a fideli-dade da Instituição aos princípios da Codificação Es-pírita, às diretrizes do Movimento de Unificação e àorientação espiritual de seu patrono, Bezerra de Me-nezes. A FEB foi representada por sua diretoraRegina Lúcia B. de Souza Rodrigues. Informações:<[email protected]>.

Mato Grosso do Sul: Congresso EstadualCampo Grande sediou o 2o Congresso Espírita deMato Grosso do Sul, promovido pela Federação Es-pírita de Mato Grosso Sul, nos dias 28 a 30 de setem-bro, contando com a conferência de Divaldo PereiraFranco sobre o tema “Atualidade do trabalho de Pau-lo de Tarso” e as palestras dos expositores: LacordaireA. Faiad e José Antônio Luiz Balieiro, assessor doCFN da FEB, representando a Instituição. Informa-ções: <www.fems.org.br>.

Bahia: Cultura Espírita“Evangelho” foi o tema do XIX Encontro com aCultura Espírita, promovido pela Federação Espí-rita do Estado da Bahia, de 19 a 22 de setembro, naSociedade Espírita José Petitinga, em Salvador. Isa-bel Guimarães, Marcel Mariano, Pedro Camilo eFlorêncio Anton foram os palestrantes. Informa-ções: <www.feeb.com.br>.

Rio de Janeiro: Congresso Estadual“O que é a vida para você?” foi o tema do 3o Con-gresso Espírita promovido pelo Conselho Espíritado Estado do Rio de Janeiro, que ocorreu nos dias12, 13 e 14 de outubro no Clube Monte Líbano.Como expositores participaram Nadja do CoutoValle, Dalva Silva Souza, Haroldo Dutra Dias, AndréTrigueiro, Alberto Almeida, César Soares dos Reise o presidente interino da FEB, Antonio CesarPerri de Carvalho. Informações: <www.congressoespiritarj.com.br>.

FEB: Apoio ao Congresso Mundial de CubaDurante o Curso de Preparação de Trabalhadorespara o Movimento Espírita, na sede da FEB, nodia 29 de setembro, ocorreram palestras sobre oMovimento Espírita de Cuba e sobre o 7o Con-gresso Espírita Mundial. Informações: <www.febnet.org.br>; <www.7cem.org>; <www.congressoespirita.com.br>.

Lançamento do filme E A Vida Continua...

De 5 a 13 de setembro ocorreram sessões espe-ciais do filme E A Vida Continua..., em Uberaba,São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Forta-leza. Nas citadas capitais compareceram produto-res, diretores, atores e o presidente interino da FEB.No dia 14, houve o lançamento nacional do filme,suscitando muita divulgação e boa presença de espec-tadores. A FEB lançou edição especial do livro deAndré Luiz, psicografia de Chico Xavier. Informa-ções: <www.febnet.org.br>; <www.eavidacontinuaofilme.com.br>.

São Paulo: União, Integração e AçãoCom o objetivo de promover a troca de experiênciaspositivas, realizadas nos Órgãos de Unificação, bemcomo a confraternização dos espíritas que as inte-gram, a União das Sociedades Espíritas – Regional deSão Paulo promoveu, no dia 20 de outubro, o Encon-tro que teve como tema “União, Integração e Ação”.Informações: <[email protected]>.