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FAAP – FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO 1 Apresentação Criatividade é um assunto que fascina a humanidade há séculos. Contudo, as pessoas criativas nem sempre foram elogiadas e admiradas por ocasião de suas melhores ideias. Há muitos registros históricos de críticas severas, incompreensão, inveja, perseguição, demissão e até mesmo cadeia e morte, apenas porque algumas pessoas pensavam de modo diferente e fugiam às regras. O pensamento criativo, antigamente creditado à inspiração divina, passou a ser estudado com mais afinco a partir dos anos 50. Estudos e pesquisas envolvendo as mais diversas áreas do conhecimento humano geraram várias teorias para tentar compreender este potencial humano. Compreendendo o ser humano como ser criador, podemos investigar o processo criativo individual.Talvez o interesse crescente pela criatividade esteja, de certa forma, unido ao sentimento do ser humano que sempre buscou compreender a sua própria origem, a origem do universo e da vida. O criador percorre um caminho de obstáculos, opções, possibilidades, e este fazer exige dele, tomadas de decisão e atitudes que, em seu conjunto, configuram o produto. Os ideais criadores vão se revelando através das escolhas e das recusas, nos critérios que regem suas opções. Necessitamos ser criativos para viver e resolver problemas da vida diária e chegarmos a resultados originais. Se para criar necessitamos de conhecimentos, necessitamos pesquisar novas possibilidades técnicas, tecnologias e materiais, por que não realizar com o mesmo interesse o uso dos conhecimentos que a criatividade nos apresenta?

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FAAP – FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO

1

Apresentação

Criatividade é um assunto que fascina a humanidade há séculos. Contudo, as

pessoas criativas nem sempre foram elogiadas e admiradas por ocasião de suas

melhores ideias.

Há muitos registros históricos de críticas severas, incompreensão, inveja,

perseguição, demissão e até mesmo cadeia e morte, apenas porque algumas

pessoas pensavam de modo diferente e fugiam às regras.

O pensamento criativo, antigamente creditado à inspiração divina, passou a

ser estudado com mais afinco a partir dos anos 50. Estudos e pesquisas envolvendo

as mais diversas áreas do conhecimento humano geraram várias teorias para tentar

compreender este potencial humano.

Compreendendo o ser humano como ser criador, podemos investigar o

processo criativo individual.Talvez o interesse crescente pela criatividade esteja, de

certa forma, unido ao sentimento do ser humano que sempre buscou compreender a

sua própria origem, a origem do universo e da vida.

O criador percorre um caminho de obstáculos, opções, possibilidades, e este

fazer exige dele, tomadas de decisão e atitudes que, em seu conjunto, configuram o

produto. Os ideais criadores vão se revelando através das escolhas e das recusas,

nos critérios que regem suas opções. Necessitamos ser criativos para viver e

resolver problemas da vida diária e chegarmos a resultados originais.

Se para criar necessitamos de conhecimentos, necessitamos pesquisar novas

possibilidades técnicas, tecnologias e materiais, por que não realizar com o mesmo

interesse o uso dos conhecimentos que a criatividade nos apresenta?

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1. E o que é a criatividade?

Criatividade etimologicamente deriva do latim creare que significa fazer,

engendrar, produzir, inventariar, gerar, imaginar e do grego krainein que significa

preencher.

Criatividade pode ser conceituada como a capacidade de dar origem a coisas

novas e valiosas, ou então de encontrar novos e melhores modos de se resolver

antigos problemas, mas não podemos perder de vista que criar é uma necessidade e

realização do homem. As diversas definições de criatividade apontam no sentido de

que não basta ter ideias, há que concretizar estas ideias e comunicar os resultados.

Poderíamos pensar em criatividade como sendo a capacidade de rearranjar o que

sabemos para descobrir o que não sabemos. Neste sentido, o verbo “rearranjar” diz

tudo: devemos possuir base sobre a qual possamos criar e lembrar que a

capacidade criativa não depende apenas de nossa capacidade intelectual, mas

também imaginativa.

Neste sentido a ‘fórmula’ de Ruth Noller que aponta a Criatividade como: uma

função de atitude, conhecimento, imaginação e avaliação, vem a contento.

C = f a ( C, I ,A )

(Adaptado de Parnes, Noller & Biondi, 1977 apud Scott Isacksen, 1996)

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2. Definições de Criatividade

“Se definir é rodear um campo de ideias com uma cerca de palavras, definir a

criatividade é como tentar reter um mar de idéias em um continente de palavras”.

( S. de la Torre )

Considerando a dificuldade de tal tarefa, reúno abaixo um levantamento

realizado pelo professor Saturnino de la Torre sobre definições de criatividade, para

que façamos uma reflexão e tentemos chegar a um consenso ou escolha sobre

como conceituá-la.

1 - “Criatividade é o processo de ser sensível aos problemas, as deficiências, as

lacunas do conhecimento, aos elementos deixados de lado, as faltas de harmonia,

etc.; de reunir uma informação válida; de definir as dificuldades e identificar o

elementos não válido; de buscar soluções; de fazer suposições ou formular

hipóteses sobre as deficiências; de examinar e comprovar ditas hipóteses e

modificá-las se for preciso, aperfeiçoá-las e finalmente comunicar os resultados.”

( E. P. Torrance )

2 - “A capacidade de produzir respostas adaptadas e inusuais.” ( F. Barron )

3 - “A criatividade não é uma qualidade a que estão dotados particularmente os

artistas e outros indivíduos, se não uma atitude que pode possuir cada pessoa.”

( E. Fromm )

4 - “A criatividade é uma emergência na ação de um produto relativamente novo,

manifestando-se por um lado na unicidade do indivíduo e por outro os materiais,

feitos, gente ou circunstâncias de sua vida.” ( C. Rogers )

5 - “Inovação valiosa.” ( Ricardo Marín )

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6 - “A criatividade é aquele processo que tem por resultado uma obra pessoal,

aceita como útil ou satisfatória por um grupo social em um momento determinado.”

( M. I. Stein )

7 - “É um processo para formar ideias ou hipóteses, verificá-las e comunicar os

resultados, supondo que o produto criado seja algo novo.” ( Thurstone )

8 - “Capacidade ou aptidão para gerar alternativas a partir de uma informação

dada, enfatizando a variedade, quantidade e relevância dos resultados.” ( Guilford )

9 - “Auto-realização pessoal.” ( A. Maslow )

10 - “O encontro do homem intensamente consciente com seu mundo.” ( R. May )

11 - “Produto essencialmente novo.” ( H. C. Barrer )

12 - “Processo de transformação pessoal do meio.” ( S. de la Torre )

13 - “Aptidão para representar, prever, e produzir ideias.” ( Osborn )

14 - “A criatividade nas crianças, definida como abertura e espontaneidade, parece

ser uma atitude ou característica da personalidade mais que uma aptidão.” (S.

Dudek )

15 - “A criatividade representa o conjunto de condições que precedem a realização

das produções ou de formas novas que constituem um enriquecimento da

sociedade.” ( R. Oerter )

16 -“A criatividade é a conduta original produtora de modelos, ou seres aceitados

pela comunidade para resolver certas situações.” Fernández Huerta)

17 - “Capacidade e atitude para gerar ideias e comunicá-las.” ( S. de la Torre )

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18 - “A criatividade é a expressão de si mesmo do indivíduo. Se manifesta de

diferentes maneiras em cada indivíduo segundo a orientação, o ambiente, o

interesse, a habilidade o talento da pessoa. Para alguns, é uma associação nova de

idéias que são úteis. Para outros, é o meio mais importante para liberar - se do

ordinário. Para todos, a criatividade emana da essência de quem somos nós

mesmos, permitindo a expansão de seu universo e permitindo a profundidade de

experiências que vão desde o interior.” (Shallcross, 1995)

19 - “A origem da criatividade está no homem. Desenvolver suas potencialidades

para não cair no mercantilismo. Sempre que ouço falar de criatividade tudo está em

função da mente, do cognitivo, o mundo das idéias e eu, faço ao inverso, parto do

homem resgatando o conhecimento cósmico, do intuitivo, da linguagem primitiva.”

(Luis Pelayo )

20 - “A produção intencional de novidades eficazes, submetidas a algum critério de

avaliação.” (Jose Antonio Marina )

21 - “Inovação valiosa de todos e de tudo a todo momento.” (Ricardo Marín)

22 - “A criatividade é uma maneira especial de pensar, sentir e atuar que conduz a

um ganho ou produto original, funcional ou estético, bem seja para o próprio sujeito

ou para o grupo social a que pertence.” ( Graciela Aldana de Conde )

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3. Um pouco de história sobre os estudos da criatividade

A criatividade como tal não é um fenômeno novo, pois tem acompanhado o

homem em suas buscas, realizações e perguntas desde que este existe. No entanto,

o interesse por compreendê-la estimulá-la e aplicá-la na educação, nas

organizações e na vida cotidiana é recente e há implicado todo um processo de

desmistificação, pois durante muito tempo à criatividade esteve ligada de maneira

quase que exclusiva com a arte, a invenção científica e a genialidade.

Neste processo, a psicologia tem cumprido um papel importante, com seu

interesse em compreender os mecanismos perceptivos, intelectuais, afetivos e

sociais que a estimulam ou bloqueiam. Igualmente e de maneira particular, nos

últimos anos, a necessidade de encontrar abordagens que contribuíssem para gerar

mudanças em uma época complexa, atravessada por desafios múltiplos e

caracterizada por transformações, desenvolvimentos e desestruturações de todas as

ordens: sociais, políticas, econômicas, familiares e pessoais, realmente contribuiu

para gerar um interesse especial e crescente na criatividade como um valor, uma

maneira de ver e assumir a vida e um conjunto de perspectivas que nos ajudem a

protagonizar imaginativamente as mudanças que devemos gerar

quotidianamente.

Como é óbvio em um campo que tem se alimentado de diferentes

contribuições, provenientes de diversas disciplinas e autores, não é possível

responder a pergunta sobre o que é a criatividade de maneira simples e unilateral. A

mais antiga das concepções acerca da criatividade segundo as autoras Guerreiro e

Wechsler (1983) vem da crença de que esse processo ocorria por “inspiração

divina“. Esta concepção de conhecimento vem do pensamento filosófico grego em

que a inteligência humana era aparentada com divina e de natureza racional. (...) Se

a interpretação de criatividade como dom divino não está longe do nosso cotidiano,

também é freqüente ouvirmos falar de alguém muito criativo como uma pessoa meio

louca, esquisita, estranha ou outras considerações neste sentido.” (Guerreiro e

Wechsler, 1988:3)

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Ainda passeando pela história, as autoras levantam outras concepções acerca

do tema: a criatividade também considerada como forma de intuição; advinda das

experiências ( escola empirista gerada na Inglaterra do século XVII por influência de

Descartes ); interpretada como de origem hereditária (Galton); como produto de uma

ocasião dramática ( para os românticos do século XVIII ); e como produto do

inconsciente para a psicanálise e seus seguidores.

“Na corrente humanista, Rogers relacionava a criatividade com a tendência do

indivíduo à auto-realização e outros humanistas como Adler, Maslow e Murray

defendiam respectivamente, que a criatividade tinha origem no consciente,

possuindo o ser humano poder criativo para moldar a própria vida; a posição de

Maslow era semelhante à de Rogers em que conceitos como, totalidade pessoal e

auto-realização tinham o mesmo significado que criatividade. Murray aceitava a

influência do inconsciente na determinação da criatividade, tendo o ser humano

necessidades criativas que implicariam na construção de ideais ou objetos novos e

úteis. (Guerreiro e Wechsler, 1991: 4 )

A psicologia humanista se baseia nos processos afetivos, nos sentimentos e

atitudes sem desestimular as estratégias e processos cognitivos de aprendizagem.

Contempla o estudante como a pessoa que precisa de ajuda para auto realizar-se

em suas potencialidades e tomadas de decisão.

Por último, a abordagem cognitivista que insiste nos processos mentais como

pensar, resolver problemas, indagar, levar a cabo propostas heurísticas

(aprendizagem por descobrimento) intencionado a aquisição de conhecimentos, a

formação de atitudes e ações. J. P. Guilford se refere à criatividade como

pensamento divergente e sugeriu que os testes de inteligência não mediam todo o

potencial do indivíduo e que a mente humana seria muito mais complexa do que se

pensava.

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A professora Graciela Aldana de Conde em seu livro: “La travesia Creativa”

traz um olhar muito interessante sobre a trajetória dos estudos da criatividade a

partir da década de 50, classificando três gerações:

Primeira Geração: O pensamento criativo

O primeiro estudo em criatividade desde esta perspectiva psicológica se

remonta aos anos 50 com Guilford, Torrance e demais precursores do estudo da

criatividade, os quais deram uma grande ênfase ao pensamento criativo e

propuseram distintas abordagens acerca de seus componentes. Muitos trabalhos de

todos esses anos e das décadas seguintes tomaram como enfoque o de como

avaliar e propiciar o desenvolvimento das diversas habilidades do pensamento

criativo.

O pensamento criativo tem grande importância, pois é ele que tem construído

a civilização, a ciência e a tecnologia. A imaginação, que é um de seus

componentes fundamentais, é a força transformadora que nos tem permitido

modificar o entorno e reinventarmos a nós mesmos. Desde esse ponto de vista, este

tema do pensamento criativo tem uma importância muito grande e, na medida em

que a humanidade siga refletindo sobre si própria e siga aberta a buscar novas

possibilidades, seguiremos em contínuo desenvolvimento desta importante

dimensão humana.

A partir das contribuições dos pioneiros neste campo, contamos hoje com

alguns consensos básicos acerca das habilidades constituintes do pensamento

criativo, a partir dos quais se desenvolveram baterias de provas para medi-la e

propostas de estratégias metodológicas para estimular o seu desenvolvimento.

Nesta tarefa dois autores foram realmente pioneiros: Guilford e Torrance.

Guilford postulou a diferença entre pensamento convergente e divergente,

equiparando o primeiro ao pensamento lógico e o segundo ao pensamento criativo.

Guilford também propôs quais seriam as operações mentais próprias de cada uma

destas modalidades de pensamento e desenhou uma série de provas para avaliá-

las. As provas de Torrance ainda vigentes permitem avaliar as principais habilidades

do pensamento a partir de estímulos tais como: adivinhar causas e consequências,

sugerir usos pouco habituais ou melhora de um produto, fazer perguntas, realizar

desenhos diversos a partir do mesmo estímulo.

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Esta geração propôs aos educadores o desafio de estimular estas habilidades

criando propostas interessantes. Ao nível das estratégias para fazer realidade o

propósito de estimular o seu desenvolvimento, uma das mais conhecidas é a

“Tormenta de Idéias” ou “Brainstorming” proposta por Alex Osborn e desenvolvida e

enriquecida por Sidney Parnes e David de Prado entre outros.

Segunda Geração: Solução Criativa de Problemas

Nesta segunda fase encontramos uma ênfase pragmática, que busca a

eficiência nas distintas ordens da prática cotidiana, o qual é lógico, pois a criatividade

é quem nos tem permitido solucionar problemas concretos de saúde, casa e de

diversas índoles.

Autores como Eduardo de Bono, Prince, Francisco Corvacho e muitos outros

representam este tipo de abordagem. A principal contribuição deste enfoque faz

referência a mudança de olhar sobre os problemas, deixar de vê-los como

tragédias e começar a vê-los como oportunidade, como professores que nos ajudam

a deixar emergir o melhor de nós mesmos quando enfrentamos os problemas com

imaginação e eficácia. Ao mudar a noção de problemas e começar a vê-los como

desafios à imaginação, começamos a encontrar uma série de possibilidades dentro

de nós mesmos e em nosso entorno, que muitas vezes passariam desapercebidas

precisamente por este costume inveterado de estar buscando sempre fora de nós

mesmos as soluções.

Nesta aproximação se fez muito popular a expressão: “temos que ampliar

nossa caixa de ferramentas mentais”, na qual se vê a influência da geração anterior

da criatividade como pensamento criativo. Este enfoque se viu enriquecido pelo que

se denominou: estratégias do hemisfério direito do cérebro como a intuição, as

analogias, as metáforas, os sonhos, as visualizações, para encontrar soluções

verdadeiramente originais aos problemas.

Eduardo de Bono (1987) fez uma contribuição realmente valiosa, para

estimular o que ele denominou como Pensamento Lateral na solução de

problemas, pois utiliza uma série de estratégias que são metáforas ordenadoras do

processo, criando assim uma linguagem positiva para falar do pensamento e da

ação. Por exemplo, a estratégia “Seis Chapéus para Pensar” ( 1988 ), provavelmente

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a mais difundida, baseada na metáfora dos chapéus como algo que se pode tirar e

pôr. Sugere que de maneira similar podemos manejar diferentes atitudes ou pontos

de vista frente a um problema sem nos fixarmos a um único chapéu, neste caso a

uma única maneira de ver a situação. A utilização das ferramentas por ele

desenhadas permite uma abordagem flexível dos problemas na medida em que não

segue uma ordem rígida, se não que, se pode combinar segundo as características

diferenciais do problema em questão, o momento em que se encontram o grupo ou a

pessoa e segundo as condições do contexto do problema.

Outro enfoque particularmente importante nesta geração é a Sinética, palavra

de origem grega que significa o relacionar coisas que aparentemente não têm nada

a ver uma com a outra. A Sinética propõe que a criatividade está orientada para a

solução de problemas de diversa índole e propõe um conjunto de princípios e

estratégias para favorecer uma solução de problemas em grupo, os quais

obviamente também se podem realizar de maneira individual. Uma de suas

principais contribuições consiste na caracterização da etapa AFASTAMENTO do

problema para encontrar pontos de vista novos, e superar formas unilaterais de vê-

lo, na qual jogam um papel privilegiado as analogias.

A contribuição desta geração tem sido bem importante em termos de

modificar nossa atitude diante dos problemas, gerando enfoques e estratégias para

alcançar a solução criativa de problemas em grupo, na ênfase dada à redefinição e

compreensão do problema, na necessidade de integrar pontos de vista diferentes

para garantir uma adequada compreensão e na exigência de converter as boas

idéias e intenções em viáveis, novas e efetivas.

Esta geração, no entanto, segue dando contribuições interessantes, como as

propostas pelo Centro de Solução Criativa de Problemas de Búfalo, e é uma área na

que ainda temos muito por aprender e por descobrir, pois infelizmente não nos

educaram para solucionar problemas se não para criá-los. Este enfoque tem dessa

forma, muitíssimo o que contribuir à criatividade aplicada, nos diferentes contextos

da vida.

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Terceira Geração: O Viver Criativo

Finalmente, a abordagem que Graciela Aldana de Conde denominou como “A

Terceira Geração no Estudo da Criatividade” parte do reconhecimento, em primeiro

lugar, de que muitos dos bloqueios à criatividade não são de caráter racional, ao

nível do pensamento, se não que têm que ver com ingredientes emocionais, afetivos,

com uma série de limites, estratégias de fracasso que nos impedem de aproveitar

toda essas potencialidade imensa que nós seres humanos temos. Muitos dos

bloqueios se originam na auto estima fragmentada, confusa. Não sabemos quem

somos, não temos clara qual é nossas visão de mundo, qual é a missão que

podemos cumprir ao assumir de maneira consciente nossa vida neste planeta. Qual

é a contribuição particular que eu posso dar a esta cultura, a este grupo, neste

tempo?

Carol Pearson (1993) propõe que este mundo é um grande quebra cabeças e

que precisamente nossa tarefa consiste em descobrir qual é a peça do quebra

cabeças que nos corresponde, qual por mais simples que seja vai permitir que

realizemos uma contribuição significativa ao mundo e que desenvolvamos da melhor

maneira nossas potencialidades internas.

Nesta terceira geração, os componentes do que se têm chamado atitude

criativa: a capacidade de ter prazer, de desfrutar do processo, da busca de

harmonizar as diferentes facetas de nossa vida, à vontade de clarear nossos nortes

e a força para viver coerentemente com isto que descobrimos, é a origem desta

terceira geração. A principal obra de arte pela qual somos responsáveis é nossa

própria vida e nosso principal objetivo é dar-nos a luz a nós mesmos, ou seja,

constituirmos como pessoas, com uma identidade que temos lutado, trabalhado na

medida em que enfrentamos os problemas externos e na medida em que assumimos

nossa complexidade e diversidade interna.

O tipo de criatividade que se busca nesta terceira geração é uma criatividade

mais integral, a das pessoas, que são criativas consigo mesmas, com os outros, em

seu trabalho, nas áreas de expressão criativa que seu eu criativo lhe ajuda a

descobrir. Quais são essas possibilidades de expressão que podemos abrir para

assumir a meta de dar-nos a nossa vida através de uma identidade integral e não

fragmentada?

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Por enquanto basta dizer que muitos dos bloqueios à criatividade se originam

em um conceito pobre e reducionista que temos de nós mesmos, originando nas

várias visões de máscara social segundo as quais fazemos de conta que só somos

bons, queridos, simpáticos, amáveis, generosos, mas negamos nossa sombra, isto

é, a parte escura menos aceita e conhecida de nosso psiquismo, que desde Freud,

quando nos falou do impulso de destruição e morte, temos começado a nomear de

outra maneira, referindo-nos de uma maneira mais completa a nossa diversidade

interna.

Esta geração não nega a importância nem a necessidade de seguir

explorando os dois pontos anteriores. Nesta nova versão, conciliar dentro de nós

mesmos nosso Dom Quixote, essa parte visionária, utópica, sonhadora, com nosso

Sancho Pança, nossa parte realista, pragmática, que nos ajuda a fazer realidade

nossos sonhos, a administrar nossa realidade, por complexa que seja. Integrar a luz

e a sombra de nosso psiquismo, isto é as polaridades, implica flexibilidade na

maneira de ver-nos e tratarmos a nós mesmos.

Todos temos capacidade para a ternura e para a crueldade; temos uma

grande capacidade para o dar generoso e em ocasiões caímos em atitudes

mesquinhas com os demais. Parte de nossa criatividade consiste em integrar essas

polaridades internas que estão em luta dentro de nós e muitas vezes por negarmos

esse nosso lado sombrio terminamos por desequilibrarmo-nos.

Quanto menos conscientes somos de nossa sombra, mais perdemos a visão

da totalidade e podemos terminar utilizando nossa capacidade de transformar para

destruirmos a nós mesmos ou aos demais e não construir uma realidade muito mais

plena, mais complexa, mais ampla. Jung espelha muito bem o anterior quando

propõe: “Não nos iluminamos mais imaginando que somos seres de luz, se não

fazendo-nos conscientes de nossa própria escuridão”.

Na medida em que tocamos fundo nesse mundo de sombra, poderemos

renascer para um eu mais integral, para uma personalidade muito mais completa.

Nesta terceira geração um componente fundamental é a possibilidade de ver-

nos a nós mesmos em permanente processo de transformação, como eternos

viajantes; e a vida como uma viagem na qual nos encontramos constantemente com

novos desafios, encontros, perdas, possibilidades, em umas palavras, aventuras,

sempre e quando aprendamos a sermos bons viajantes.

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Hoje uma quarta geração já se configura atribuindo um valor social às

realizações criativas. A criatividade deixou de ser um bem individual estendendo sua

abrangência à sociedade.

4. Dimensões da Criatividade

A criatividade envolve quatro dimensões básicas: Pessoa, Processo,

Produto e Ambiente. Desta forma o curso estará organizado de maneira a

aprofundarmos os estudos sobre cada um destes elementos.

Se a criatividade é um potencial e sabemos que intrinsecamente humano,

passaremos a pensar sobre o homem e todas as características do comportamento

que o qualificam como sendo criativo, para entendermos como se dá o processo

criativo, que tipos de resultados se chega e quais as influências do ambiente sobre

as dimensões anteriores.

4.1 Dimensão Pessoa: O criativo

“A pessoa criativa olha onde outros já olharam e vê o que eles não viram“.

( Saturnino de la Torre )

A pessoa criativa se envolve com fenômenos considerados óbvios, está

disposta a fazer perguntas óbvias, como as crianças geralmente fazem. Ser criativo

é ser curioso e é esta curiosidade que nos lança adiante através de nossa

imaginação criadora, e nos motiva à realização de projetos inovadores. A pessoa

criativa consegue articular conhecimentos avançados num determinado campo

exercitando seu poder de elaboração. É sensível e está sempre atenta ao presente

e por isto consegue reconhecer ou antecipar os problemas. Prefere o complexo e

tolera a ambigüidade, mas nunca deixa de seguir sua intuição.

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A pessoa criativa não é alguém em quem alguma coisa foi adicionada, é uma

pessoa normal sem que nada tenha sido tirado dela. É aquela que mantém o gosto

pelo risco, a coragem de ousar e mantém a disposição para sempre tentar outra vez;

tentar algo novo, pois é persistente. É integrado, consciente de seus centros:

intelectual, emocional, corporal, espiritual e dirige-se à escuta interior. Explora suas

polaridades, tentando chegar o mais perto possível da paz interior para atingir um

estado em que a voz de nosso centro intelectual - eu devo - não mais brigue com a

voz de nosso centro emocional - eu quero, quando o dever se aproxima do querer

temos paz, prazer e bem estar.

O criativo é fluente, pois produz muitas idéias. É mais flexível que as outras

pessoas, sempre tentando outras abordagens; é original; tem senso de humor e

confia em si próprio. Constrói em seu imaginário o ideal para sua vida como síntese

de tudo que aspira, no entanto, toma a atitude de persegui-lo e torná-lo realidade

com independência e autonomia. O criativo é aquele que sonha!

Em seu livro “La travesia Creativa”, Graciela Aldana de Conde destaca as

seguintes características da pessoa criativa:

1. Alta motivação intrínseca encontrando metas pessoais e atribuindo significados;

2. Acredita no subjetivo e intuitivo;

3. Se permite imaginar, sonhar;

4. Se conhece e aceita a si próprio. Dessa forma cria sinergia interna quando aceita

sua diversidade interna;

5. Tem autonomia intelectual para pensar e ser diferente;

6. É capaz de quebrar esquemas, porque se abre a novas experiências e assumi os

riscos da aventura;

7. Respeita a autonomia do objeto e aprende com ele;

8. É sensível aos problemas é curioso;

9. É tolerante com a ambigüidade sendo capaz de jogar com elementos, usa sua

espontaneidade e faz estranho o conhecido;

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10. Tem preferência pelo complexo;

11. Compreende e administra a diversidade no processo exercendo liderança de

equipe.

Como já levantamos anteriormente a imaginação é uma atividade mental e ação

fundamental à criatividade e a inovação. Vamos detalhar um pouco.

4.1. 1 A Imaginação

A alma nunca pensa sem uma imagem.

Aristóteles

T

A imaginação é vontade de ser mais.

Bachelard

“A imaginação, não é como sugere a etimologia, a faculdade de formar

imagens da realidade; ela é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a

realidade, que cantam a realidade, é uma faculdade de sobre-humanidade”.(Gaston

Bachelard, 1994, p.xvi)

Segundo Eliana Stort, essas imagens podem estar associadas à nossa

memória, reproduzindo imagens vivenciadas em experiências passadas, imagens

que existem ou existiram, mas que não mais estão em nossa presença física, que é

a imaginação reprodutora.

Podem estar associadas à nossa fantasia, que é uma forma “de atividade

imaginativa que tende a afastar o indivíduo de um contato mais efetivo da realidade”.

(Stort, 1993, p. 45)

Ou à imaginação em si, que é “a elaboração voluntária e organizada de

nossas imagens mentais”. (Stort, 1993, p. 45)

“É justamente pela imaginação que o homem, percebendo a defasagem entre

o dado e o sonhado, entre o dado e construído, coloca em ação a sua capacidade

de transformar a natureza e criar cultura”. (Stort, 1993, p. 47)

Ela surge da experiência do homem com a realidade, e a ultrapassa, na

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medida em que, supre as carências e as ausências, manifestando as necessidades

e aspirações humanas, criando novas possibilidades para o mundo concreto.

Já no imaginário, o sonho e a realidade se interpenetram de tal modo, que

não sabemos onde um começa e onde o outro termina. “Nele, o sonho é cantado

como se fosse realidade e a realidade como se fosse sonho, a realidade é modelada

pelo sonho e recriada pelo seu autor”. (Stort, 1993, p. 48)

Na imaginação convergem três elementos: o fantástico, o real e o afetivo,

que, por mais particular que seja, encontra ressonância em outras almas, que se

identificam e se reconhecem nela.

Essa questão da particularidade, da generalidade e da universalidade da arte,

é bem exposta por Fernando Pessoa: “O artista não exprime as suas emoções. O

seu mister não é esse. Exprime das suas emoções, aquelas que são comuns aos

outros homens”. (Pessoa, 1986, p.225) Essa colocação corresponde ao primeiro

princípio da arte, que é a generalidade. O segundo princípio é o da universalidade,

que implica na possibilidade de o artista comunicar-se com aqueles que estão além

de sua época: “O artista deve exprimir não só o que é de todos os homens, mas

também o que é de todos os tempos”. (Pessoa, 1986, p.226)

A arte universal é atemporal. Vai muito além de seu tempo, por tratar de

questões que são essenciais ao homem. Arte não é uma interpretação dos

sentimentos individuais, e sim, uma interpretação individual dos sentimentos

humanos. “É o geral que deve ser particularizado, o humano que deve pessoalizar, o

exterior que se deve tornar interior”. (...) Qualquer indivíduo é, ao mesmo tempo

indivíduo e humano: difere de todos os outros e parece-se com todos os outros”.

(Pessoa, 1986, p.242)

Somos movidos por uma idéia e por uma emoção que temos em relação ao

que nos toca, é a nossa visão de mundo, que uma vez expressa, irá dialogar com

outros homens. Para Fernando Pessoa esses são os componentes da imaginação.

Ele vê a imaginação como uma combinação de idéia e emoção. “A idéia deve ser

nítida, a emoção vaga, a imaginação, como é composta essencialmente de ambos,

ao mesmo tempo vaga e nítida”. (Pessoa, 1986, p.231)

A emoção é particular e o entendimento é do homem e referido ao seu tempo,

e a universalidade da razão é de todos os tempos. Da fusão da idéia e da emoção,

da imaginação e da razão, do entendimento e da sensibilidade, do subjetivo e do

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objetivo, do abstrato e do concreto, do equilíbrio e da harmonia entre os opostos é

que se gera a criação.

A imaginação é fruto do que sentimos de maneira particular e do que

entendemos de maneira geral. Eliana Stort classifica as funções da imaginação:

Função objetivadora e libertadora: que supre ausências afetivas e anseios

reprimidos.

Função comunicativa de auto-conhecimento e conhecimento do mundo:

através do imaginário o homem conhece suas carências, desejos e necessidades.

Função crítica: quando criamos uma distância entre o mundo objetivo e o

mundo idealizado, que nos leva à reflexão, apurando o nosso senso crítico.

Função de apoio ao desenvolvimento racional: que ajuda a distinguir o real do

fictício. Razão e imaginação constroem uma pela outra e não uma contra a outra.

Função criadora: que permite ultrapassar o dado, o agora e o imediato,

originando o que não era visível e nem existente.

Podemos ainda falar da imaginação formal e da imaginação material.

Imaginação Formal

A imaginação formal se apóia no sentido da visão. A predominância da visão

sobre os demais sentidos atrela a imaginação à forma.

O homem quando imagina, imagina formalmente, ele pensa em termos dos

elementos que estruturam a linguagem visual: o movimento das linhas, as grandezas

das formas, as densidades dos volumes, as gradações de luz e as relações entre as

cores. São formas visuais vistas mentalmente.

É uma imaginação contemplativa, que atrelada à matéria plástica que dará

forma à ela, dará vida à causa material.

As formas se caracterizam por sua natureza sensorial e está sempre

vinculada ao seu caráter material.

Imaginação Material

A imaginação material vê o mundo como uma provocação concreta e como

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resistência, que solicita a intervenção do homem. Ela coloca o homem diante da

solicitação dos quatro elementos: água, terra, fogo e ar, que permanecem como

princípios da criação artística.

“Com efeito, aceitando a solicitação da imaginação dos elementos, o pintor

recebe o germe natural da criação”. (Bachelard, 1994, p.30)

A origem dos materiais plásticos está ligada à essas quatro matrizes

geradoras. E a eleição de determinadas matérias, por parte de cada artista, está

estritamente ligada à atração que os elementos exercem sobre ele.

A imaginação é regida pela lei dos quatro elementos.

(...) que classifica as diversas imaginações materiais conforme elas se associem ao fogo, ao ar, à água ou à terra. E se é verdade, como acreditamos, que toda poética deve receber componentes - por fracos que sejam - de essência material, é ainda essa classificação pelos elementos materiais fundamentais que deve aliar mais fortemente as almas poéticas. Para que um devaneio tenha prosseguimento com bastante constância para resultar numa obra escrita, para que não seja simplesmente a disponibilidade de uma hora fugaz, é preciso que ele encontre sua matéria, é preciso que um elemento material lhe dê a sua própria substância, sua própria regra, sua poética específica... os sonhos estão sob a dependência dos quatro elementos fundamentais.(Bachelard, 1997, p.4)

Cada elemento tem suas próprias características e uma vez combinados,

reúnem suas forças complementares, “é um jogo de forças, embate entre forças

humanas e forças naturais”. (Bachelard, 1994, p. xix):

Água - Elemento feminino, maternal, sugere a superficialidade e a

profundidade, dois aspectos complementares; na superficialidade, a transparência, o

reflexo, o espelho; na profundidade, a escuridão e o mistério. A água em movimento,

fluente, corre para um destino, é um verdadeiro camaleão que se veste de cores,

refletindo suas margens e as cores mutantes do céu; integrando a terra e o ar. Ela

reflete a realidade e a idealidade, que são princípios da arte. Criar o ideal a partir do

real.

Ar - Elemento masculino, envolvente, sugere o infinito, é dialético, na medida

em que provoca a sensação da ascensão e da queda. Sugere o vôo, a liberdade e a

imaginação dinâmica. O ar é fugaz, inconstante e mutante: o dia e a noite

envolvendo a terra, que com sua luz, transforma os matizes da natureza. É a matéria

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dos impressionistas.

Terra - Elemento feminino, sugere o repouso, o movimento horizontal, a

origem, o ponto de partida, a massa, a terra moldada pelo tempo e pelo homem.

Tem sua dialética do duro e do mole, oferecendo resistência, provocando um

movimento masculino sobre a matéria feminina, é necessário penetrar em sua

intimidade. A terra revela a força do homem, exige dele sua energia. Ela é

diversificada em sua qualidade: pedra, barro, metal e madeira.

Fogo - Elemento masculino, luz, calor, movimento em ascensão e expansão,

sugere a verticalidade. Combina-se com o ar e é capaz de assumir formas

imprevisíveis.

Em oposição à imaginação formal, a imaginação material não é

contemplativa, ela enfrenta as resistências da matéria, num corpo-a-corpo com a

materialidade do mundo, é dinâmica e transformadora.

As matérias apresentam maior ou menor resistência, e estabelecem uma

relação de oposição com a mão que opera e enfrenta a dialética do duro e do mole.

“No reino da imaginação, pode-se dizer que a resistência real suscita

devaneios dinâmicos ou que os devaneios dinâmicos vão despertar uma resistência

adormecida nas profundezas da matéria”. (Bachelard, p.20, 1991)

A mão conduz o gesto que se defronta com as resistências da matéria, e a

matéria reage conduzindo sua força elementar para o espírito do artista, se

estabelece um diálogo entre substâncias permeado pela intenção poética.

A matéria passa a ser oportunidade de realização pessoal, de expansão do

universo interior, incentivando a imaginação criadora.

Fayga Ostrower adota o termo materialidade ao invés de matéria, por ser

mais abrangente, referindo-se às diversas matérias que são utilizadas nos diversos

campos de trabalho, seja ele artístico, científico, tecnológico ou artesanal.

Materialidade é “tudo que está sendo formado e transformado pelo homem”.

(Ostrower, 1997, p. 31)

Cada materialidade abrange, de início, certas possibilidades de ação e outras tantas impossibilidades. Se as vemos como limitadoras para o curso criador, devem ser reconhecidas também como orientadoras, pois dentro das delimitações, através delas, é que surgem sugestões para se prosseguir um

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trabalho e mesmo para ampliá-lo em direções novas. De fato, só na medida em que o homem admita e respeite os determinantes da matéria com que lida como essência de um ser poderá o seu espírito criar asas e levantar vôo, indagar o desconhecido. (Ostrower, 1997, p. 32)

A imaginação criativa está sempre vinculada a uma matéria. “Imaginar seria

um pensar específico sobre um fazer concreto”. (Ostrower, 1997, p. 32) “A

imaginação necessita identificar-se com uma materialidade. Criará em afinidade e

empatia com ela, na linguagem específica de cada fazer”. (Ostrower, 1997, p. 34)

Desvinculada do concreto, ela diz respeito somente ao sujeito que imagina,

não terá ressonância e nem finalidade.

Formar importa em transformar. Todo processo de elaboração e

desenvolvimento abrange um processo dinâmico de transformação, em que a

matéria que orienta a ação criativa, é transformada pela mesma ação.

Transformando-se, a matéria não é destituída de seu caráter. Pelo contrário, ela é mais diferenciada e, ao mesmo tempo é definida como um modo de ser. Transformando-se e adquirindo forma nova, a matéria adquire unicidade e é reafirmada em sua essência. Ela se torna matéria configurada, matéria e forma, e nessa síntese entre o geral e o único é impregnada de significações. (Ostrower, 1997, p. 51) A matéria ao ser configurada será impregnada de um conteúdo expressivo,

passará a ser uma forma significativa, e tornará possível a comunicação.

Assim como o homem, a matéria é histórica, está vinculada a um contexto,

que tem suas normas e determinados meios disponíveis.

Cada época tem a sua matéria, se pegarmos o exemplo da tinta, traçaremos

um longo percurso: a têmpera, utilizada nos afrescos da Idade Média, a tinta a óleo,

inventada no Renascimento, e posteriormente embalada em tubos de estanho na

época Impressionista, que permitiu ao artista pintar ao ar livre, e a tinta acrílica, no

século XX, que trouxe novas possibilidades pictóricas, por secar rapidamente.

Com o desenvolvimento da indústria surgiram novas matérias plásticas que

passaram a ser utilizadas como material expressivo. Com a revolução tecnológica, a

produção de arte passou a utilizar os meios de comunicação como linguagem, que

se iniciou com a vídeo-arte, e hoje lida com as possibilidades virtuais, que a

informática oferece.

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A arte se distanciou de seus elementos puramente plásticos, e incorporou os

recursos industriais e tecnológicos. Em função destas mudanças até mesmo a

terminologia foi alterada, o que antes era chamado de Artes Plásticas, hoje

chamamos de Artes Visuais, e já estamos lidando com a possibilidade de uma Arte

Virtual.

Há também aqueles que, de tempos em tempos, resgatam técnicas

primitivas, recuperando velhos procedimentos aliados a novas aplicações.

É um processo dinâmico e altamente renovador que se desdobra em

inúmeras possibilidades expressivas decorrentes, em grande parte, das inovações

materiais. Um novo material expressa, uma nova sensibilidade. Faz-se necessário

entender um pouco melhor sobre a percepção.

4.1. 2 Percepção

Perceber – 1 - Adquirir conhecimento de, por meio dos sentidos. 2 – Forma e

idéia de: abranger com a inteligência; entender, compreender. 3 – Conhecer;

distinguir, notar. 4 – Ouvir. 5 – Ver bem. 6- Ver ao longe, divisar, enxergar. (In:

Dicionário Aurélio)

Percepção: 1. apreensão: assimilação, compreensão, consciência,

entendimento, inteligência. 2. arrecadação: cobrança. 3. discernimento:

conhecimento, consciência, entendimento, inteligência. 4. Idéia: apreensão,

compreensão, entendimento, inteligência, juízo, noção, pensamento. 5. intuição:

consciência, impressão. 6. perspicácia: inteligência, olho, sagacidade. 7. sensação:

(p. de dor) (p. de luz).

(In: Dicionário de Sinônimos e antônimos – Houaiss)

Aisthanesthai: perceber; aesthesis: percepção; aisthetikos: o que é capaz de

perceber. (Hegel, Cursos de Estética, p. 27)

(...) no grego aisthesis, que significa basicamente a capacidade sensível do ser

humano para perceber e organizar os estímulos que lhe alcançam o corpo.

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(Duarte Jr, O sentido dos sentidos, p.136)

Aisthesis – Percepção pelos sentidos, sensação; percepção pela inteligência,

sensibilidade ou o conhecimento sensível-sensorial; órgãos dos sentidos. (Marilena

Chauí, Glossário dos termos gregos, In: Introdução à História da Filosofia, vol. I, p.

493)

A palavra em grego para percepção ou sensação era aisthesis, que significa na

origem, “inspirar” ou “conduzir” para dentro, a respiração entrecortada, “a-há”, o

“uhh” da respiração diante da surpresa, do susto, do espanto, uma reação estética

da imagem apresentada. Na psicologia grega antiga e na psicologia bíblica o

coração era o órgão da sensação: era também o lugar da imaginação.(...) A função

do coração era estética. (Raul Marino Jr. In: O sentido dos sentidos, p.137)

“Percepção. Ela envolve um tipo de conhecer, que é apreender o mundo

externo junto com o mundo interno, e ainda envolve, concomitantemente, um

interpretar aquilo que está sendo apreendido. Tudo se passa ao mesmo tempo.

Assim, no que se percebe, se interpreta; no que se apreende, se compreende. Essa

compreensão não precisa necessariamente ocorrer de modo intelectual, mas deixa

sempre um lastro dentro de nossa experiência. (Fayga Ostrower, Criatividade e

processos de criação, 1987, p.57)

Percepção é a elaboração mental das sensações. (Fayga Ostrower, Criatividade e

Processos de Criação, p. 12)

Percepção – conhecer o mundo através dos sentidos, um meio natural de

relação com o mundo, campo para desenvolver os pensamentos e as reflexões, é

ela quem estabelece a relação do homem interior com o mundo exterior, “o homem

está no mundo e é no mundo que ele se conhece. (Merleau-Ponty, Fenomenologia

da Percepção, p.6)

O espírito sai pelos olhos para ir passear pelas coisas. (Malebranche, In: O olho e

os espírito de Merleau-Ponty, col. Os pensadores, p. 91)

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(...) A simultaneidade do sair de si e do entrar em si – que Merleau-Ponty diz ser a

definição mesma do espírito – transparece quando a experiência é captada como

iniciação aos segredos do mundo.

A palavra experiência parece opor-se à palavra iniciação. De fato, a primeira,

composta pelo prefixo latino ex – para fora, em direção a – e pela palavra grega

peras – limite, demarcação, fronteira -, significa um sair de si rumo ao exterior,

viagem e aventura fora de si, inspeção da exterioridade. A segunda, porém, é

composta pelo prefixo latino in – em, para dentro, em direção ao interior – e pelo

verbo latino eo, na forma composta ineo – ir para dentro de, ir em – e dele derivando

initium – começo, origem. Iniciação pertence ao vocabulário religioso de

interpretação dos auspícios divinos no começo de uma cerimônia religiosa, daí

significar: ir para dentro de um mistério, dirigir-se para o interior de um mistério. (...)

Percebida, doravante, como nosso modo de ser e existir no mundo, a experiência

será aquilo que ela sempre foi: iniciação aos mistérios do mundo.

(Marilena Chauí, In: Artepensamento, Merleau-Ponty: obra de arte e filosofia, p.473)

Instrumento que se move por si mesmo, meio que inventa seus próprios fins, o olho

é aquilo que foi comovido por um certo impacto do mundo, e que restitui ao visível

pelos traços da mão. (Merleau-Ponty, O olho e o espírito, In: Os Pensadores, p.90)

*Da seleção das imagens, In: Matéria e memória de Henri Bergson.

(...)Tons diferentes de vida mental, e nossa vida psicológica pode se manifestar em

alturas diferentes, ora mais perto, ora mais distante da ação, conforme o grau de

nossa atenção à vida. (p.7)

(...) Não há percepção que não esteja impregnada de lembranças. (...) Em suma, a

memória sob estas duas formas, enquanto recobre com uma camada de

lembranças um fundo de percepção imediata, e também enquanto ela contrai uma

multiplicidade de momentos, constitui a principal contribuição da consciência

individual na percepção, o lado subjetivo de nosso conhecimento das coisas. (p30-

31)

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(...) o detalhe da percepção molda-se exatamente pelos nervos ditos sensitivos, mas

que a percepção, em seu conjunto, tem sua verdadeira razão de ser na tendência do

corpo a se mover. (p.44)

(..) a percepção está localizada tanto nos centros sensoriais quanto nos

centros motores, ela mede a complexidade de suas relações, e existe onde

aparece. A medida que meu corpo se desloca no espaço, todas as outras imagens

variam; a de meu corpo, ao contrário, permanece invariável. Devo, portanto, fazê-la

dela um centro, ao qual relacionarei todas as outras imagens. (p.46)

Nossos sentidos têm necessidade de educação. (...) Cada uma das qualidades

percebidas por meus diferentes sentidos no mesmo objeto simboliza uma certa

direção da minha atividade, uma certa necessidade. (p.48)

Perceber conscientemente significa escolher e a consciência consiste antes de tudo

nesse discernimento prático. As percepções diversas do mesmo objeto que

oferecem meus diversos sentidos não reconstituirão, portanto, ao se reunirem, a

imagem completa do objeto; permanecerão separadas umas das outras por

intervalos que medem, de certo modo, muitos vazios em minhas necessidades: é

para preencher tais intervalos que uma educação dos sentidos é necessária. Essa

educação tem por finalidade harmonizar os meus sentidos entre si, restabelecer

entre seus dados uma continuidade que foi rompida pela própria descontinuidade

das necessidades de meu corpo, enfim, reconstruir aproximadamente a totalidade do

objeto material. (p. 49)

4.1. 3 O cérebro

Hoje sabemos que a criatividade é a função da Atitude, Conhecimento, da

Imaginação e da Avaliação. Ninguém produz idéias e soluções a partir do nada.

Primeiro é preciso conhecer profundamente o assunto em tela para compreender o

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problema, depois gerar muitas alternativas de ação e depois analisar todas para

descobrir as que têm maiores chances de sucesso. Mas nem sempre foi assim.

No passado, acreditava-se que a fonte da inteligência (e da criatividade) era o

coração. Daí a origem da expressão “de cor” que quer dizer “do coração”.

Hoje sabemos que o cérebro, essa fantástica máquina com cerca de 1,4 k de

peso e mais de 12 trilhões de neurônios é o grande responsável por tudo quilo que

pensamos, criamos e fazemos.

Também nesse campo a ciência evoluiu bastante e hoje conhecemos

métodos e técnicas para melhorar o desempenho dessa máquina que, contudo,

necessita ser abastecida com alimentação adequada e informação, sem o que

criatividade inexiste.

Na falta de melhor explicação, os povos antigos identificavam criatividade

como sendo algo mágico, místico ou sobrenatural. Muitas pessoas hoje

consideradas gênios criativos foram, em seus tempos, tidas como loucas, hereges

ou inimigas da sociedade.

Estudos comprovam que no hemisfério esquerdo do nosso cérebro estão

armazenadas as informações lógicas e no direito as relacionadas ao comportamento

criativo.

Nos primeiros anos de vida, o hemisfério direito é o dominante. A criança

percebe formas, cores e sons, identifica pessoas e objetos, aprende a falar, brincar,

etc.

Cedo ou tarde a criança começa a ser “enquadrada” em formas sociais, no

âmbito da família, na escola e em outros grupos que freqüentará. Levará algum

tempo até aprender todo um conjunto de regras de conduta social e outras

informações relacionadas à lógica, que serão armazenadas no hemisfério esquerdo

do cérebro.

O meio em que viverá e as influências que receberá dos: pais, professores,

chefes e da sociedade como um todo ampliará ou limitará o uso do potencial criativo,

como veremos no item sobre bloqueios.

De certo modo, podemos dizer que, nascemos mais ou menos com o mesmo

potencial criativo. Porém, na maioria das pessoas, o meio ambiente mais bloqueia do

que incentiva a criatividade, estabelecendo padrões de comportamento e normas

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que dificultam ou mesmo impedem a criação de coisas novas e a aceitação de idéias

diferentes do convencional.

Na passagem da infância para a adolescência e depois para a fase adulta, o

hemisfério esquerdo do cérebro, repleto de informações lógicas e de padrões

comportamentais, torna-se dominante e passa a limitar a ação criativa.

Para reativar o potencial criativo é preciso reaprender a utilizar o hemisfério

direito do cérebro para a geração de idéias e alternativas de ação e saber acionar o

hemisfério esquerdo na hora da escolha das melhores alternativas.

Funções básicas do funcionamento do cérebro

Recebimento: as informações são coletadas pelo sistema sensorial

Manutenção: a memória, incluindo a retenção (habilidade de armazenar

informações) e recuperação (habilidade de acessar a informação armazenada)

Análise: reconhecimento de padrões e processamento da informação

Saída/Resultado/Resposta: qualquer forma de comunicação ou ato criativo,

incluindo o pensamento

Controle: monitoramento de todo o sistema, inclusive do próprio pensamento.

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Visões metafóricas sobre a Dualidade Cerebral

Hemisfério Esquerdo Hemisfério direito

Lógico Conceitual

Formal Informal

Analítico Intuitivo

Razão Percepção

Seqüência Possibilidades

Fatos Especulações

4.1. 4 Paradigmas e Bloqueios à Criatividade

Se todos nascemos com aproximadamente o mesmo potencial criativo, então

por quê nos tornamos diferentes com o passar do tempo?

Parte da resposta pode ser encontrada no meio em que o indivíduo viverá (

família, escola, trabalho ) e na forma como enfrentará as conformações sociais. O

comportamento humano está submetido a restrições de todos os tipos. Entendê-las,

avaliá-las e, se necessário superá-las é o comportamento desejado das pessoas

criativas. A ação dominante do hemisfério esquerdo sobre o direito produz uma série

de filtros que denominamos barreiras ou bloqueios à criatividade. Esses filtros

funcionam como uma parede que impede de enxergar novas ideias.

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Existe uma hierarquia entre paradigmas e bloqueios. Os paradigmas são mais

superficiais. São comportamentos esperados por motivações objetivas

(cultura, religião, sexo, etc...) que induzem comportamentos futuros. Já os

bloqueios, são mais profundos e representam uma impossibilidade concreta

de uma pessoa, no gozo de sua liberdade, realizar uma ação determinada. Os

bloqueios mais severos necessitam, para sua superação, em muitas

oportunidades, um auxílio médico ou psicológico.

Como o objetivo do nosso curso é o desenvolvimento da capacidade de

criadora, examinemos agora algumas das armadilhas mais comuns que o nosso

cérebro “cria” e que redundam numa diminuição da capacidade expressiva.

Dependendo do autor, o nome e a classificação dos bloqueios podem variar, mas, de

uma maneira geral, todos representam, ansiedades com relação a idéias e

conformidade com o pensamento preso a hábitos e atitudes. Os Bloqueios mais

comuns são:

Pessoais:

Atitude inadequada em relação a problemas;

Auto-confiança deficiente: “Não posso”, “Não consigo”;

Medo das críticas: “Não quero ser ridículo”;

Tendência à comparação;

Condicionamento negativo precoce, auto-crítica sistemática;

Ausência de sentimentos e emoções positivas;

Desprezo à fantasia;

A auto-desvalorização;

Conformidade com a primeira solução;

Avaliações prematuras;

Incapacidade de evitar julgamentos críticos;

Enfoque inadequado à solução de problemas;

Resistência às novas ideias

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Ambientais, culturais e organizacionais:

Apego ao estabelecido;

Ameaça à segurança e ao status quo;

O caminho arriscado dos canais organizacionais;

Normas da instituição ou empresa;

Cultura organizacional;

Os bloqueios podem ser causados por frases, expressões, ou gestos que diante

de uma nova ideia, ao invés de incentivar, apoiar, simplesmente a aniquila. Alguns

exemplos:

Quero apenas a resposta certa!

Isso não vai funcionar!

Isso não tem lógica!

Isso é tolice!

Isso não é da minha área.

Isso não é prático.

Não há tempo suficiente.

Quer um conselho? Siga as normas.

Parece bom mas ...

Parece coisa de quem não tem o que fazer!

Para desenvolver o pensamento criativo, primeiro é preciso aprender a

desaprender, ou seja, liberar-se de antigos hábitos para poder rever, questionar e

descobrir novos valores e novos paradigmas. Em seguida, utilizar integralmente o

cérebro, ou seja, saber divergir, convergir e balancear esses dois tipos de

pensamento na busca de novas ideias e soluções.

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4.1. 5 A Teoria das Inteligências Múltiplas – Howard Gardner

Sete inteligências:

1. Musical

2. Corporal – Cinestésica

3. Lógico – Matemática

4. Verbal – Lingüística

5. Espacial

6. Interpessoal

7. Intrapessoal

4.2 A Dimensão Processo

Solucionar problemas e tomar decisões são ocorrências diárias nos negócios

e também em nossos assuntos particulares. Muitas pessoas utilizam um processo ou

um padrão, conscientemente ou não, para solucionar seus problemas e tomar

decisões. Qual será então a diferença entre a Solução de Problemas pura e simples

e a Solução Criativa de Problemas?

A Solução Criativa ocorre quando nada daquilo que conhecemos pode nos

dar um modelo claro para a solução de um problema. Torna-se então necessário

fazer uma nova combinação de idéias de forma a se obter a resposta procurada. É

certo que temos soluções pré-concebidas para a maioria dos problemas do cotidiano

e essas soluções costumam funcionar bem em uma gama de problemas similares.

Mas a realidade é que as situações mudam rapidamente, o que muitas vezes

compromete a eficácia das soluções conhecidas.

É a constante busca do novo, do não comum, do diferente e não num

conjunto de fórmulas pré-existentes que configura a pessoa e os processos criativos

que vivencia.

Quando enfrentamos um problema totalmente novo, para o qual não se

conhece a solução ou quando as soluções que sempre funcionaram bem passam a

não mais agradar, estamos diante da possibilidade do uso do pensamento criativo.

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O Pensamento Divergente é um modo de pensar e para pensar

divergentemente há algumas normas a serem seguidas, sem as quais a pessoa

tenderá a se contentar com a primeira solução que aparecer, ou então será levada a

concluir que “não há solução para o caso”.

Adie julgamentos e contenha suas avaliações,

Aceite todas as idéias. Use tudo,

Pegue carona, combine idéias, acrescente detalhes,

Lute pela quantidade de idéias ( quanto mais melhor ),

Procure pelo incomum. Procure diferentes perspectivas,

Corra riscos,

Supere seus limites.

No entanto, em um processo criativo há o momento da lógica, da análise, crítica,

julgamento, da escolha que configura o modo de pensar convergente. O

Pensamento Convergente também é regido por algumas normas:

Seja específico e direto quanto ao que procura,

Faça avaliações comparativas,

Não decida apressadamente,

Refine e fortaleça as idéias,

Cheque os objetivos.

4.2. 1 Etapas do processo criativo - classificação de Wallas (1926)

PREPARAÇÃO - reconhece o problema e obtém informações

INCUBAÇÃO - “período de dormência”

ILUMINAÇÃO - “insight”, revelação, iluminação

VERIFICAÇÃO - checagem

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4.2. 2 Os Métodos de Criatividade

Há inúmeros procedimentos favoráveis a divergência, muitas técnicas e

estratégias para enriquecer os processos de criação e inovação. No entanto,

optamos em detalhar quatro que, segundo as orientações do Master em Criatividade

Aplicada Total da Universidade de Santiago de Compostela Espanha, na figura do

professor David de Prado são considerados Métodos em Criatividade:

Brainstorming, Solução Criativa de Problemas, Analogias Inusuais (Relações

Forçadas) e os Relaxamentos.

Brainstorming

A expressão em nosso idioma: “Toró, Chuva, Remoinho ou Tormenta de

Idéias” é uma analogia ou metáfora que tenta descrever aproximadamente como se

geram ou saem as idéias de nosso cérebro. A imagem da tormenta como variedade,

imprevisibilidade, rapidez, força, incontrolabilidade, espontaneidade, liberdade,

autonomia, se aproxima do conceito básico de processo mental da Tormenta de

Idéias.

A denominação original Brainstorm é de Alex Osborn, no entanto, a Tormenta

de Idéias foi também desenvolvida e enriquecida por Sidney Parnes, David de Prado

entre outros. Em primeiro lugar esta técnica possibilita liberar e estruturar as

consciências individuais, potencializando as capacidades individuais. Assegura uma

conexão clara com as expectativas, interesses, frustrações e temores dos alunos,

pois ela gera confiança nas próprias capacidades e ainda uma contribuição

significativa para o trabalho em grupo.

Seu objetivo principal é a mudança permanente de forma e conteúdo, sem

deixar de ser um processo livre, rico, variado, espontâneo e rápido; propicia o

desenvolvimento da fluência verbal, da flexibilidade, agilidade mental e da

criatividade.

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De uma perspectiva individual a T.I. atua no cérebro de cada sujeito e,

portanto deve ser concebida, antes de mais nada, como instrumento, atividade ou

processo intelectual.

O pressuposto principal da T.I. é a liberdade e agilidade de pensamento, e

para isto é preciso superar a inibição de expressar-se e pensar com espontaneidade

e independência. Para realizar a T.I. é necessário pensar e expressar-se sem

nenhuma auto censura nem bloqueio. Na T.I. há que animar-se e as vezes

obrigar-se a escrever ou dizer quantas idéias, sensações, imagens, fantasias,

emoções, figuras, símbolos, gestos apareçam na consciência, sem suprimir nem

excluir nada que as lógicas sociais ou urbanizadas estimem inadequadas, absurdas

ou sem razão.

A Técnica ou processo intelectual poderia ser definido assim: pensar o mais

possível ( produtividade ); no menor tempo possível ( rapidez ); do modo mais

completo, complexo e variado possível ( agilidade e flexibilidade ); em torno de um

tema, problema ou objeto dado. E para cumprir este grande objetivo é preciso: um

desbloqueamento e desibinição; segurança e confiança mínima nas próprias

capacidades; suspensão dos controles, censuras e críticas; habituar-se ao

encadeamento das idéias, ou associações de pensamentos por conteúdos,

imagens, sons e palavras, etc... Estes objetivos podem ser alcançados mediante a

prática habitual, sistemática da Tormenta de Idéias Individual.

Os objetivos da T.I. em grupo são os mesmos: contribuir com o máximo de

respostas e conceitos de modo rápido, abarcando o mais amplo leque de categorias

e estimulando a ideação de sugestões pessoais e originais. As normas que

regulamentam a dinâmica de atuação se caracteriza por: respeito e apreciação de

todas as idéias; escuta ativa para encadear o próprio pensar com as idéias de

outros, com o propósito de melhorá-las; abandonar radicalmente toda rejeição e toda

crítica que durante o processo de promoção de idéias se propõe para não inibir ou

cortar o pensamento; a avaliação e análise crítica devem realizar-se no final do

trabalho.

( David de Prado, 1982 )

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Analogia

A analogia é um componente fundamental da inteligência, tanto por seu

papel extenso e privilegiado na configuração do conteúdo da consciência nos

primeiros anos de vida (pensamento sensorial e figural) como na operatória,

comparativo, discriminativa ( outras fases do desenvolvimento humano ).

Ponto de semelhança entre coisas diferentes;

Semelhança, similitude, parecença;

Identidade de relações entre os termos de dois ou mais pares;

Semelhança entre figuras que só diferem quanto à escala;

Semelhança de função entre dois elementos, dentro de suas respectivas

totalidades.

Em toda analogia sempre aparecem alguns destes processos básicos:

Uma relação associativa entre objetos ou partes que têm algo parecido em cor,

forma, função, etc..

Correspondência de similitude entre o conjunto de características de um objeto e

o análogo, com as matizes diferenciadoras.

Em todo processo analógico encontraremos estas operações mentais

básicas:

Pensamento Visual, Figural, ou Imaginativo Estático ou Cinético.

Comparação Analítica elemento a elemento.

Analogia Inusual

1. Sentido Geral

É possível estabelecer uma comparação sistemática entre dois fenômenos ou

objetos diferentes, sem evidentes semelhanças à primeira vista, considerando-se o

argumento filosófico que assegura um ponto comum no diverso, nas categorias

essenciais de substância, ou matéria, ou elementos formais, ou componentes, etc,

dos diferentes reinos da natureza.

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2. Justificativa

A Analogia Inusual pretende estabelecer uma associação lógica de elementos

muito diferentes, o que evidencia a perspicácia, o ingênuo, revitalizando a percepção

visual interna.

3. Objetivo

Possibilitar a ver a realidade interligada, a olhar para todos os lados, a

perguntar mais pelo que une do que pelo que separa aos seres, criando uma

curiosidade permanente que estimula o compreender, o comparar, o criticar e o

sintetizar o diverso.

4. Fases de desenvolvimento

a) Escolha duas coisas ou fenômenos da natureza ou da cultura, o mais

complexos e de diferentes reino ( uma árvore e uma taça de cristal ). Faça um

Remoinho de Idéias sobre eles e depois tente encontrar elemento a elemento,

parte a parte o que corresponderia do outro.

b) Estruture as respostas nas categorias de partes internas, ações e funções,

características objetivas ( formas, cor... ) e subjetivas, vantagens e prejuízos,

etc.

5. Integração Criativa Original

a) Faça uma apresentação original dos traços comparados através da

expressão plástica visual: uma colagem, em transparências sobrepostas, em

folhas.

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Método Solução Criativa de Problemas (modelo Osborn/Parnes)

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Uma visão geral do método CPS

descoberta de idéias

COMPREENSÃO DO PROBLEMA

GERAÇÃO DE IDÉIAS

PLANEJA MENTO PARA A AÇÃO

descoberta da enrascada

descoberta do problema

descoberta de dados

descoberta da aceitação

descoberta da solução

AVALIAÇÃO DA TAREFA

FAAP - Fundação Armando Álvares Penteado Criatividade

Preparando-se para usar o método C P S

Avaliação da Tarefa

Qual é a tarefa ? Quem é o cliente ?

Escolha do Grupo de Apoio

Características do comportamento criativo.

Definição dos Papéis

Cliente ; Facilitador ; Grupo de apoio

Planejar a Utilização do Método

Verificar Interesse, Influência e Imaginação

Esclarecer os papéis

Localizar o ponto de partida

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Componente 1: Compreensão do Problema – CP Objetivo: Definição clara de um determinado problema e análise de todos os dados

relevantes a respeito do mesmo

Estágios:

Descoberta da Enrascada - DE

Descoberta de Dados - DD

Descoberta do Problema - DP

Estágio: Descoberta da Enrascada - DE Foco

Desenvolver uma direção clara para o uso da CPS

Divergência

Gerar desafios e oportunidades associadas à tarefa, de forma ampla e breve,”

Convergência

Escolher a mais intrigante e estimulante

Usar critérios: Interesse, Influência e Imaginação

Estágio: Descoberta de Dados - DD

Foco: Desenvolver base de dados relativos à enrascada

Divergência

WHO - quem pode fornecer informações, impressões

WHAT - que informações / o que é relevante

WHY - por que isso acontece / por que é importante

WHERE - onde obter dados / onde isso acontece

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WHEN - quando acontece / quando é preciso agir

HOW - como agir / como a tarefa é notada

HOW MUCH – qual o ganho real/ custo-benefício-prazo

Convergência Identificar os dados mais importantes.

Isolamento de destaques; localização das categorias Estágio: Descoberta do Problema - DP Foco

Identificar a direção a seguir em termos de idéias

Divergência

Gerar e explorar possíveis problemas, partindo de um :

TEMA, PROPRIETÁRIO, VERBO, AÇÃO “DQMEP = de que maneiras eu posso....” “CFP = como fazer para ......” Convergência

Isolamento dos destaques, focalização das categorias

Componente 2: Geração de Idéias - GI Objetivo: Geração e desenvolvimento de idéias que podem solucionar o problema ( geração, seleção, processamento, modificação e combinação de idéias ). Estágio: Descoberta de Idéias – DI

Foco

Gerar muitas idéias novas, originais e incomuns

Divergência

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Utilizar técnicas para gerar idéias que atendam a:

• FLUÊNCIA

• FLEXIBILIDADE

• ORIGINALIDADE

• ELABORAÇÃO

Convergência

Ordenar e selecionar as idéias mais promissoras

Componente 3: Planejamento para a Ação - PA Objetivo: Partindo da análise e avaliação das idéias geradas, identificar as mais promissoras e decidir quanto à sua implementação. Estágios: Descoberta da Solução – DS Descoberta da Aceitação - DA

Estágio: Descoberta da Solução - DS

Foco : Refinar, desenvolver, fortalecer idéias promissoras

Divergência

Gerar critérios para analisar as ideias. Ex: CARTE (Custo; Aceitação; Recursos; Tempo ; Espaço)

Convergência

Aplicar os critérios e avaliar as soluções

• SELEÇÃO - Isolamento de Destaques

• COMPREENSÃO - Destacar pontos fortes

• AVALIAÇÃO - Matriz de avaliação

• PRIORIZAÇÃO - ACP análise comparativa aos pares

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• ANÁLISE - VUL vantagens, unicidades, limitações

Estágio: Descoberta da Aceitação - DA

Foco : Desenvolver planos específicos de implementação

Divergência

Identificar fatores de assistência e resistência

Identificar ações para efetivar a implementação

Convergência

VANTAGEM RELATIVA - melhor que a idéia anterior

COMPATIBILIDADE - consistência com os valores

COMPLEXIDADE - fácil de compreender e usar

EXPERIMENTABILIDADE - pode ser testado

VISIBILIDADE - resultados facilmente visíveis

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Relaxamento

“O relaxamento especificamente criativo te ajudará a melhorar tua capacidade

de imaginar e inventar coisas, atualizando o hemisfério cerebral direito da intuição

sensível, a visualização global e a vivência emocional.” (David de Prado Diez)

Tipos de Relaxamento:

1.Técnicas Clássicas

Relaxamento Muscular por Relaxamento por Concentração

tensão / distensão ( T/D ) Mental Autógena

Jacobson e Wolpe Schultz

2. Relaxamento Imaginativo

Relaxamento por Visualização Eco Relax Imaginativo

3. Relaxamento Criativo

Relaxamento por reiteração motora

Relaxamento por Movimentos Inusuais

Relaxamento por Movimento Passivo

Relaxamento por Imobilidade

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4.3 e 4.4 Dimensão Produto e Ambiente

É necessário compreendermos a diferença entre inovação e criatividade ou

produto inovador e produto criativo.

Se falarmos para todas as áreas do conhecimento, podemos considerar a

inovação como idéia aplicada que adquire valor, uma transformação de melhora no

produto ou no serviço. A invenção ou criação, por sua vez, deve ter um grau de

originalidade que rompa com o padrão estabelecido propondo um novo conceito

para a área.

Na perspectiva da empresa criatividade é processo e produto é idéia aplicada

que tem valor, gera lucro. Desta maneira, fala-se em inovação de adaptação e

inovação de ruptura, ao que acima denominamos inovação e invenção ou criação.

Como abordado mais detalhadamente no tópico Bloqueios e Barreiras, o

ambiente é o meio no qual estamos inseridos, que pode contribuir em muito para

ações criativas, da mesma forma, impedir seu aparecimento.

Um ambiente criativo deve ter espírito de abertura, ser flexível, avesso às

críticas destrutivas, incorporar o erro como uma etapa provável do processo, permitir

a experimentação, a pesquisa, o surgimento de ideias ‘absurdas’ que poderão levar

a um resultado novo e valioso para o contexto.

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Referências bibliográficas:

BACHELARD, Gaston. O Direito de Sonhar. trad. José Américo Motta Pesanha Rio

de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1994.

________. A Terra e os Devaneios da Vontade. Trad. Paulo Neves da Silva, São

Paulo: Editora Martins Fontes, 1991.

OSTROWER, Fayga. Criatividade e Processos de Criação. Petrópolis: Vozes, 1987.

PESSOA, Fernando. Obras em Prosa. vol. único, RJ: Editora Nova Aguillar, 1986.

STORT, Eliana. Cultura, Imaginação e Conhecimento: a educação e a formalização

da experiência. Campinas: Editora UNICAMP, 1993.

SANMARTIN, Stela Maris. A criatividade e a criação em arte. Monografia apresentada

ao Master Internacional de Criatividade Aplicada Total, Santiago de

Compostela, Espanha, 1999.

___________. Arqueologia da Criação Artística. Vestígios de uma gênese: o

processo artístico em seu movimento. Dissertação de Mestrado apresentada ao

Instituto de Artes da UNICAMP, Campinas, 2004.