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15 Aula 2: UNIDADE E VARIEDADE LINGUÍSTICA Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. (Vergílio Ferreira) Texto I: Fonte: http://www.ciberduvidas.com/Images/mapa-dos-paises-lusofonos-1.jpg - data de acesso: 10/02/02015 Texto II Nova ortografia da língua portuguesa fica obrigatória Em 2016 passam a valer de fato as novas regras ortográficas do idioma definidas pelos oito países que falam a língua portuguesa. Mudança endurece critérios em exames e concursos A partir de hoje, 1º de janeiro de 2016, qualquer manifestação escrita em língua portuguesa será regida obrigatoriamente pelas novas normas do Acordo Ortográfico. Apesar de aprovado em 2009, foi dado um prazo de seis anos de transição em que as ortografias antiga e nova poderiam 15

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Aula 2: UNIDADE E VARIEDADE LINGUÍSTICAUma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam

os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá

o da floresta ou o silêncio do deserto. (Vergílio Ferreira)

Texto I:

Fonte: http://www.ciberduvidas.com/Images/mapa-dos-paises-lusofonos-1.jpg - data de acesso: 10/02/02015

Texto II

Nova ortografia da língua portuguesa fica obrigatória

Em 2016 passam a valer de fato as novas regras ortográficas do idioma definidas pelos oito países que falam a língua portuguesa. Mudança endurece critérios em exames e concursos

A partir de hoje, 1º de janeiro de 2016, qualquer manifestação escrita em língua portuguesa será regida obrigatoriamente pelas novas normas do Acordo Ortográfico. Apesar de aprovado em 2009, foi dado um prazo de seis anos de transição em que as ortografias antiga e nova poderiam ser usadas. O prazo acabou ontem, dia 31. Agora, vários vocábulos sofrerão mudanças no uso de hífen e na acentuação de verbos e palavras homógrafas (aquelas com mesma grafia, mas com significados diferentes); haverá a extinção do trema; e algumas consoantes serão incluídas oficialmente no alfabeto. Ainda assim, as modificações atingirão apenas 0,8% do total de palavras usadas no Brasil.

As alterações passam a servir de base para exames e concursos, ou seja, até ontem, ninguém perderia nota se usasse a grafia antiga. Agora, só valem as

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regras novas nas provas.

Ao todo, oito países falam oficialmente a língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. Com o acordo, a língua escrita será a mesma. Boa parte das formas escrita, no Brasil, como livros e publicações, já adaptaram seu vocabulário às mudanças. A maioria das editoras e meios de comunicação adotou as normas em janeiro de 2009, assim como o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).Embora a absorção esteja avançada, muita gente ainda se perde para identificar o que mudou. Entre as alterações mais complicadas estão o uso do hífen e a acentuação. Uma das regras diz que as palavras com letras iguais são separadas com o sinal de pontuação. Nas com letras diferentes, juntam-se. Exemplo: “anti-inflamatório” e “neoliberalismo”.

A acentuação gráfica altera, por exemplo, as oxítonas terminadas em "a", "e", "o", "êm", “ém" e "êns" no plural ou no singular. É o caso de “voo”, “enjoo”, “leem” e “veem”. As paroxítonas terminadas ditongos crescentes, como “eia” e “oia”, não têm mais acento. Por exemplo: “boia”, “jiboia”, “ideia” e “assembleia”. Como o trema foi abolido, agora escrevemos “frequente” e “sequestro”.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2016/01/01/internas_polbraeco,512512/nova-ortografia-da-lingua-portuguesa-fica-obrigatoria-a-partir-de-hoje.shtml Acesso em 12032016

1. Observe com atenção o texto I. Redija um parágrafo (4 a 5 linhas) apresentando em texto em linguagem verbal escrita as informações que ele traz para o leitor.

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2. Redija corretamente as palavras que não estão grafadas conforme o Acordo Ortográfico.

a. idéia ____________________________________________

b. microondas ____________________________________________

c.preestabelecido ____________________________________________

d. cinqüenta ____________________________________________

e.megaapagão ____________________________________________

f. neo-logismo ____________________________________________

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g. gira-sol ____________________________________________

h. superherói _____________________________________

Texto III:

3. Comente a variação lingüística explorada no texto III, acima. _____________________________________________________________________________

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Alguns conceitos...

Linguagem e diversidade linguística

A linguagem é a característica que nos difere dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. É o conjunto de sinais, signos, que podem ser gestos, cores, símbolos, palavras etc., usados na comunicação. Cada sinal criado pelo homem para sua comunicação corresponde a um significado e, por isso, esses sinais são denominados signos linguísticos.

Língua é todo conjunto de sinais verbais (expressos pelas palavras) organizados em regras que se combinam entre si, usados pelas pessoas de uma mesma comunidade para se comunicarem e interagirem.Em nosso caso, a nossa língua materna é a Língua Portuguesa, herdada como língua oficial em decorrência da chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500. Mas por que será, então, que o nosso Português é tão diferente daquele usado em Portugal? Veja algumas diferenças de vocabulário entre o Português no Brasil e o de Portugal.

No Brasil é: Em Portugal é:

apostila sebentabanheiro casa de banho fila bixaaeromoça hospedeira de bordo blusão camisolaágua sanitária lixívia calcinha cueca

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4. Após a leitura do texto IV, conclua: e no Português do Brasil? Há variação em nosso próprio território? Por que ocorre? Justifique.______________________________________________________________________

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Variação lingüística

Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que a língua é utilizada. Dentre elas destacam-se:

Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortografia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fundamenta pela supressão dos vocábulos.Variações regionais: São os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, a palavra “mandioca”, que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também nesta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem.Variações sociais ou culturais: Estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar corriqueiro caipira. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Por fim, os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico, próprio de algumas áreas de saber.. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, professores, profissionais da área de informática, publicitários, economistas, dentre outros.

Oralidade (fala) x Escrita

Há relações entre a fala ou oralidade e a escrita. Podemos citar diferenças, semelhanças e gradações. Chamamos fala aqui a expressão oral espontânea, popular ou não, produzida por sujeitos não escolarizados, escolarizados e com nível cultural considerado elevado, integrantes de comunidades linguísticas variadas. Como vimos acima, há grupos de usuários da língua em que a gíria se coloca como marca permanente da fala, em outros nem tanto, ou grupos em que, culturalmente, regras de concordância são ignoradas. Falamos mais do que escrevemos e a fala é, portanto, bem mais variável que a escrita. Em nossa vida diária, “costumamos passar do oral para o escrito, do formal para o informal, do escrito para o oral com absoluta presteza, desde que sejamos suficientemente autônomos do ponto de vista linguístico, ou seja, desde que saibamos variar registros, modalidades e gêneros textuais.”(Flores e Silva: 2011, P. 17.Da Oralidade à escrita)

Adequação LinguísticaE dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente dois:

O nível de formalidade e o de informalidade. O padrão (nível) formal está diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Quanto ao nível informal,este por sua vez representa o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se

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desta forma um estigma. A noção de adequação surge para que adequemos o nosso padrão linguísticos ao que exigem as situações de comunicação diárias. Em situações comunicativas formais, é adequado, por exemplo, utilizarmos a língua padrão, que respeita as normas gramaticais. A rigidez dessa língua padrão variará, conforme o grau de escolaridade do falante, os grupos sociais de que participa o nível socioeconômico e se estiver se expressando através da fala ou da escrita.

Texto VI

6. a. Comente por que a sociedade considera inadequado erro gramatical na fala ou na escrita, em uma entrevista de emprego ou nos ambientes profissionais.

b. Com o auxílio de uma gramática ou dicionário, “corrija” os desvios destacados pelo meio de imprensa.

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_Texto VII http://www.kibeloco.com.br/2014/10/28/capa-

do-meia-hora/maio/2016

7. O texto acima, apesar de ser impresso, apresenta características de oralidade. Explique por que isso ocorre._____________________________________________________________________________

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Texto VIII

Receita cazêra mineraDimôi di repôi nu áiiói?

Ingredienti :

- 5 dentidiái- 3 cuiédiói- 1 cabêsss de repôi- 1 cuiédimastumati - Sá agosto

Modi fazê: Cascá o ái, picá o ái i socá o ái cum sá. Quentaói na cassarola; fogá o ái socadono óiquentim; pica o repôibeeemmmfinim;fogá o repôi no óiquentimjuntu cum áifogado;pô a mastumati i méxi cum a cuiépráfazê o môi.Sirva cum rôis e meléte.  Issu é bãodimais da conta sô.

8. O texto acima apresenta marca de informalidade.

. Reescreva o texto a, de modo que atinja o nível considerado padrão.

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9. Os enunciados linguísticos abaixo se encontram grafados em linguagem coloquial. Reescreva-os de acordo com o padrão culto ou formal.

a – Os livros estão sobre a mesa. Por favor, devolve eles na biblioteca.b – Falar no celular é uma falha grave. A consequência deste ato pode ser cara.c – Me diga se você gostou da surpresa, pois levei muito para preparar ela.d – No aviso havia o seguinte comentário: Não aproxime-se do alambrado. Perigo constante.e – Durante a reunião houveram reclamações contra o atraso do pagamento dos funcionários.

Obs.: PARA RESOLVER AS CHAMADAS QUESTÕES DE CORREÇÃO DE FRASES, É ACONSELHÁVEL ADOTAR OS SEGUINTES CUIDADOS:

- checar problemas ligados à acentuação, à crase e à grafia de palavras problemáticas (especialmente aquelas que têm grafias semelhantes);- observar o verbo em três níveis:     - a conjugação;     - a concordância; - a regência;- observar os pronomes em dois níveis:     - a colocação;     - o uso da forma adequada à sua função sintática;- observar se as palavras estão empregadas na sua forma e no seu sentido correto.

10.(U. F. PERNAMBUCO) — Observe os inconvenientes lingüísticos e reescreva a frase de forma que atenda à norma padrão:

Convidamos aos professores para que dê início as discursões dos assuntos em palta.

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11.(U. F. VIÇOSA) — Suponha um aluno se dirigindo a um colega de classe nestes termos: “Venho respeitosamente solicitar-lhe se digne emprestar-me o livro.” A atitude desse aluno se assemelha à atitude do indivíduo que:

   a) comparece ao baile de gala trajando “smoking”.   b) vai à audiência com uma autoridade de “short” e camiseta.   c) vai à praia de terno e gravata.   d) põe terno e gravata para ir falar na Câmara dos Deputados.   e) vai ao Maracanã de chinelo e bermuda.

(www.mundovestibular.com.br)

ATIVIDADES COMPLEMENTARES: Documentário “Língua: vidas em Português”, filme: “O leitor”. Leitura e síntese do artigo abaixo:

O padrão de beleza imposto pela mídia

Por Henriette Valéria da Silva em 15/04/2014 na edição 794

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Temos vivido a era dos direitos humanos, mas por desconhecer o poder de influência que a mídia, através dos meios de comunicação, exerce em nossas vidas, em como penetra em nossa mente, não percebemos que nossos direitos jamais foram tão violados como nos dias de hoje. Temos visto um verdadeiro massacre humano, de mulheres, adolescentes se matando para atingir um inatingível padrão de beleza imposto pela mídia. Em uma sociedade democrática, as mulheres tornaram-se escravas da indústria da beleza, tão difundida pelos meios de comunicação, os quais tem dilacerado a nossa juventude, pessoas que estão perdendo o prazer de viver, tornando-se solitárias, por estarem inconformadas com sua forma física, controlam alimentos que ingerem, para não engordar; esta escravidão assassina a autoestima, produz uma guerra contra o espelho e gera uma auto rejeição terrível.

Diante disso, procuramos mostrar através de pesquisas, o que estas influências tem feito com nossa juventude, sendo estes os motivos que levaram o rumo desta pesquisa, a não conformação com esta situação, este massacre, de pessoas se matando para estarem como os meios de comunicação difundem que tem que ser para se dar bem na vida. O que leva uma pessoa a se destruir dessa forma? A perder o prazer de viver? Tudo isso para atingir um padrão de beleza? Estas indagações não nos deixa calar diante dessa fábrica de pessoas doentes e frustradas que tem sido nossa sociedade.

Padrão de beleza e sociedadeAo longo dos anos e mais precisamente depois da Segunda Guerra Mundial, a mulher vem adquirindo direitos e mudando sua forma de atuação na sociedade. Elas estão se especializando, através de estudos e qualificações profissionais, promovendo, assim, um melhor planejamento familiar e conquistando maior respeito e admiração, pois estão conquistando uma posição atuante e fora de casa.

Hoje, podemos ver mulheres independentes, confiantes e distribuindo confiança, temos no Brasil uma mulher no comando do país, Dilma Rousseff, entre tantos outros exemplos de mulheres no comando de empresas, na chefia de cargos públicos, entre outros.

O conceito de mulher, dona de casa, mãe e esposa, mudou. As mulheres ainda são mães, esposas e dona de seu lar, porém, junto a tudo isso, estão no mercado de trabalho atuando de forma efetiva diversas funções. As conquistas são constantes, e as quebras de tabus são diárias, em meio a esta avalanche cultural que temos vivido.

Descarte, em meio a todas essas conquistas, temos vistos, também um verdadeiro massacre humano, onde pessoas, principalmente mulheres, dilaceraram seu prazer de viver e sua liberdade para atingir o inatingível padrão de beleza, pregado pelas mídias em nossas vidas.

As cobranças que as mulheres tem feito a si mesma para atingir o padrão de beleza imposto pela mídia, tem lhes prejudicado em todos os sentidos, tanto psicológicos, como em seu corpo. A sociedade exige uma dupla ou tripla jornada de trabalho (cuidar da casa, do marido, das crianças, do emprego, do curso de especialização, do cabelo da estética, entre outros). Diante de tudo isso vem o stress, a não aceitação de seu corpo, as dietas malucas, distúrbios alimentares e mais tarde doenças como bulimia e anorexia nervosa.

Os meios de comunicações tem imposto um estereotipado padrão de beleza feminina, os comerciais, desfiles, novelas, propagandas tem mostrado que para ser aceito na sociedade deve ser magra, vestir manequim 36. Nas capas das revistas vemos belos corpos de modelos magérrimas, a pura perfeição. Diante disso vem a cobrança de ser assim, para se sentir bonita e atraente, sexy, bem vista e aceita pela sociedade, assim como afirma Bohm:

“O padrão estético de beleza atual, perseguido pelas mulheres, é representado imageticamente pelas modelos esquálidas das passarelas e páginas de revistas segmentadas, por vezes longe de representar saúde, mas que sugerem satisfação e realização pessoal e, principalmente, aludem à eterna juventude” (BOHM, 2004, p.19).

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As mulheres, que ao longo dos anos vêm lutando por sua liberdade de expressão, independência financeira e direito de voto, consideradas por muitos anos como o sexo forte, mostram-se hoje como o sexo frágil e escravas do padrão de beleza imposto pela mídia.

Indústria da belezaO discurso da mídia decorre de uma pluralidade de produtos e avanços tecnológicos a fim de aprimorar a estética e forma física. Vemos todos os dias surgirem novos produtos de emagrecimento, são pílulas, sucos, comidas diet, light e zero, parelhos de ginásticas, academias com uma imensidão de aparelhos, vídeos com séries de exercícios pra se fazer em casa e perder medidas, revistas especializadas em perda de peso em tantos dias, cosméticos, cirurgias plásticas, redução de estômago.

O país pode está na maior crise financeira de todos os tempos, mas a indústria da moda não para de crescer. Para todos os lugares que se olha, se ver a influencia ao culto de um corpo perfeito, uma barriga saradinha, uma constante luta contra a balança, uma conta de calorias presente em cada refeição. Os meios de comunicação apresentam diariamente o glamour da glória e do sucesso, de pessoas magras e em forma se dando bem em tudo que fazem, sem sofrer nenhum tipo de preconceito, apenas bem e com intensa ascensão social.

Obsessão pela forma física e os transtornosA perda de peso já se tornou o objetivo da maioria das mulheres e a indústria da beleza mostra que é algo possível de se alcançar, basta ter vontade, pois todos os dias surgem novas formas, tecnologia que permitem uma rápida e satisfatória perda de peso. A mídia, em sua forma escrita e televisiva, prega o poder, honra, beleza, mobilidade social, através das modelos, top moldes, e as mulheres em especial da faixa adolescente, sentem a necessidade de estarem com o corpo de modelo. Recorrem constantemente a indústria da beleza para satisfazer esta necessidade que a mídia mostra que ela teve ter. O ideal de corpo perfeito. Mas assim como diz Cury em seu livro, a ditadura da beleza e a revolução das mulheres, que gostaria que as pessoas descobrissem a beleza única que cada uma tem e não procurasse ser igual a ninguém:

“Aprenda diariamente a ter um caso de amor com a pessoa bela que você é, desenvolva um romance com a sua própria história. Não se compare a ninguém, pois cada um de nós é um personagem único no teatro da vida” (CURY, 2005, p.1).

Em contraste a essa ideia, temos os meios de comunicações, como, por exemplo, blogs, sites de relacionamentos, incentivando as pessoas a serem iguais as modelos, se sacrificarem para ficar magra, encontramos termos como Ana e Mia, para designar as doenças, anorexia e bulimia, respectivamente. Onde muitas adolescentes se identificam e aprendem a como perder peso, como passar horas sem se alimentar, a como controlar a ansiedade. Estes blogs tem influenciado meninas de todo o mundo, ensinando com ser uma pessoa anoréxica e em como enganar os pais, para que não percebam de imediato o que elas estão fazendo consigo mesmas, se matando, desistindo da vida para atingir o inatingível padrão de beleza.

As pessoas que tem estes transtornos alimentares, costumam enfrentar uma guerra todos os dias com o espelho, todas as vezes que se olham no espelho, se veem gordas, deformadas, não gostam do que ver em sua frente, nunca conseguem se sentir bem consigo mesma. Isso acontece muitas vezes com pessoas que já estão abaixo do peso considerado saudável. O pior de tudo isso é que temos visto milhares de pessoa sofrendo dilaceradas pelo mal que tem assolado famílias ricas e pobres, muitas meninas morrendo de fome tendo de tudo em casa para comer, parece utopia, mas é realidade de muitas pessoas, é um imenso contraste, enquanto a indústria de alimentos vendem gorduras exuberantes, a indústria da beleza luta com regimes e defende o uso de alimentos de baixo valor calórico ou nenhuma caloria.

O resultado é uma paulatina deterioração física e mental, que começa com sintomas leves, como tonturas, tremedeiras, fraquezas, gastrites, variações de humor, complicações cardiovasculares e renais, podendo levar a morte.

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Diante disso, é uma missão impossível compreender o que leva uma pessoa a fazer isso consigo mesma, desistir de lutar pela vida, querer muitas vezes a morte, do que ter uns quilos a mais. A maior indignação e por que não dizer revolta que nos dar, é que todo esse sofrimento poderia ser evitado se as pessoas acreditassem na sua beleza genuína e singular, que não quisessem ser iguais as modelos dos desfiles e comerciais.

Indústria do consumoO século 19 foi o século das maiores conquistas que as mulheres tiveram ao longo de sua história; a luta pelo direito de votar, opinar, igualdade de trabalho, frequentar universidades. A sociedade abriu espaço para as mulheres serem livres, mas no século 20, vimos que a indústria do consumo, que tanto ajudamos a construir, tem feito as mulheres escravas de um padrão inatingível de beleza.

A indústria do consumo tem o objetivo de vender seus produtos, sejam eles: Cigarros, carros, cervejas, roupas, calçados, ou até mesmo comidas, com o corpo da mulher. Hoje o corpo feminino vende tudo, mas esta imagem de corpo perfeito, esta espetacularização da moda, tem trazido consequências drásticas à nossa sociedade, milhares de pessoas insatisfeitas consigo mesmas e seus corpos em frente ao espelho só lhes mostra defeitos, as pessoas não enxergam mais sua beleza interior, existe sim um vazio enorme em seu interior, pois querem ser o que não são, querem ser como as modelos das capas de revistas e comerciais.

Estes efeitos causados pela indústria do consumo, na sociedade, só lhes trás mais crescimento e sucesso, por que pessoas insatisfeitas correm às lojas para comprarem objetos afim de satisfazerem seus desejos, acabar com a ansiedade, aumentar sua auto estima. Mas esses prazeres são passageiros, pois logo após alguns segundos, já querem outro produto, pois o que comprara a pouco tempo já se tornou obsoleto, tudo isso devido a vida líquida em que vivemos nessa sociedade moderna, onde nada se firma, não dar tempo as coisas tomarem forma, os avanços são constantes, as modas passageiras, a cada minuto surge uma nova tecnologia. Assim como nos diz Cury: “Estamos mais ricos financeiramente hoje, mais muito mais miseráveis e infelizes interiormente” (CURY, 2005, p. 39). A indústria do consumo tem o objetivo de promover inconscientemente a insatisfação e não a satisfação, como muitas pessoas pensam e se deixam influenciar. Pessoas satisfeitas, bem humoradas, com auto estima não precisam da paranoia de viver comprando desenfreadamente, ou viver correndo atrás das coisas que estão na moda, a qual muda todo dia, trazendo assim um desgaste constante, viver trocando carro, celular, roupas, calçados; Pessoas bem resolvidas consomem mais ideias do que estética. A cada dia as pessoas estão sendo vistas por essa indústria de consumo, como mais um número de cartão de crédito, mais um comprador em potencial, e não como uma pessoa que deve ser valorizada por sua inteligência, capacidades e beleza interior.

Não importa o que as indústrias da moda, da beleza, do consumo e os meios de comunicações nos impõem, ou os produtos que colocam no mercado, prometendo milagres da beleza, do rejuvenescimento, dizendo que isso fará ser bem aceito na sociedade e ter ascensão social, não adianta está se matando para atingir o inatingível, pois cada pessoa tem uma beleza única, e deve serem aceitas como são, se cuidar e ser vaidosa faz parte da natureza de cada mulher, mas não chegar ao ponto de se deixar escravizar por isso. O envelhecer é nosso destino, viver feliz e com dignidade deve ser nossa meta.

Considerações finaisPretendeu-se neste trabalho, proporcionar de forma sintética, mas objetiva, uma familiarização com as influencias e consequências que o padrão de beleza impõe em nossa sociedade. Para satisfazer este objetivo, optou-se por uma descrição sequencial dos componentes típicos de um documento desta natureza. O resultado obtido satisfaz os requisitos de objetividade e a pequena dimensão que pretendia atingir, que era mostrar como a sociedade paga caro por ceder as influências dos meios de comunicações através da indústria da beleza. Ele também constituirá um auxílio útil, para o leitor que pretenda reagir às influencias e padrões que a mídia impõe em nossos jovens em especial. Faz-se notar, todavia, que a complexidade e abrangência dos assuntos crescem e constroem-se dia-a-dia, através das experiências e da cultura.

Referências bibliográficas

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BOHM, Camila Camacho. Um peso, uma medida. O padrão de beleza feminina apresentado por três revistas brasileiras. São Paulo: Uniban, 2004. 100p.CURY, Augusto Jorge. A ditadura da beleza e a revolução das mulheres. Rio de Janeiro: Sextante, 2005. 120p.

http://observatoriodaimprensa.com.br/diretorio-academico/_ed794_o_padrao_de_beleza_imposto_pela_midia/agosto. 2016

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