Fabricio Freitas 2008
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE INSTRUOUNIVERSIDADE CNDIDO MENDES UCAM CAMPOS
CURSO DE MESTRADO EM PLANEJAMENTO REGIONAL EGESTAO DE CIDADES
FABRCIO BARBOSA FREITAS
USO E OCUPAO DO SOLO NO BAIRRO DA PELINCA:
um reflexo na mobilidade urbana do local
Campos dos Goytacazes, RJJunho de 2008
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SOCIEDADE BRASILEIRA DE INSTRUOUNIVERSIDADE CNDIDO MENDES UCAM CAMPOS
CURSO DE MESTRADO EM PLANEJAMENTO REGIONAL EGESTAO DE CIDADES
Fabrcio Barbosa Freitas
USO E OCUPAO DO SOLO NO BAIRRO DA PELINCA:
um reflexo na mobilidade urbana do local
Dissertao apresentada ao Programa dePs Graduao em PlanejamentoRegional e Gesto de Cidades daUniversidade Cndido Mendes Campos/R.J., para obteno do grau de Mestre emPlanejamento Regional e Gesto de
Cidades.
Orientador: Prof. Jlio Csar Rodrigues, Dr. Sc.
Co-orientador: Prof. Gustavo Givisiez, Dr. Sc.
Campos dos Goytacazes, RJJunho 2008.
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SUMRIO:
INTRODUO ------------------------------------------------------------------------------------- 06- JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAO ------------------------------------------------ 06
- OBJETIVO ---------------------------------------------------------------------------------------- 08
- METODOLOGIA --------------------------------------------------------------------------------- 09
CAPTULO 1 FUNDAMENTAO TERICA ------------------------------------------- 12
1.1 ESCLARECENDO OS CONCEITOS ------------------------------------------------- 12
1.1.1 Uso do solo ----------------------------------------------------------------------------- 12
1.1.2 Mobilidade urbana --------------------------------------------------------------------- 19
CAPTULO 2 CONHECENDO A REA DE ESTUDO -------------------------------- 32
2.1 LOCALIZAO E HISTRICO -------------------------------------------------------- 32
2.2 MAPEAMENTO ---------------------------------------------------------------------------- 44
2.2.1 Levantamento fotogrfico ------------------------------------------------------------- 44
2.2.2 Aspectos scio-econmicos ---------------------------------------------------------- 53
2.2.3 Uso do solo ------------------------------------------------------------------------------- 57
2.2.4 Gabaritos ---------------------------------------------------------------------------------- 59
2.2.4 Hierarquizao viria --------------------------------------------------------------------62
2.2.6 Mobilidade e trajeto de usurios ---------------------------------------------------- 64
2.2.7 Infra-estrutura de mobilidade urbana ---------------------------------------------- 68
2.3 CONSIDERAES ----------------------------------------------------------------------- 73
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CAPTULO 3 ASPECTOS DA LEGISLAO URBANSTICA MUNICIPAL
NA REA DE ESTUDO -------------------------------------------------------------------------- 75
3.1 O PLANO DIRETOR DE 1991 E SUAS ORIENTAES
PARA A OCUPAO DO SOLO E PARA MOBILIDADE URBANA --------- 75
3.2 A LEI DE ZONEAMENTO URBANO DE 1998: UMA
NOVA ORDEM DE USO DO SOLO ------------------------------------------------ 77
3.3 O PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE 2007: COMO ELE
ENCONTROU A REA E O QUE MUDA? ----------------------------------------- 81
3.4 ALGUNS INSTRUMENTOS PRESENTES NO ESTATUTO
DA CIDADE QUE PODEM CONTRIBUIR PARA A MOBILIDADE
URBANA NO LOCAL --------------------------------------------------------------------- 873.4.1 Relatrio de plo gerador de trfego ----------------------------------------------- 87
3.4.2 Estudo de impacto de vizinhana --------------------------------------------------- 89
CONSIDERAES FINAIS -------------------------------------------------------------------- 91
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ---------------------------------------------------------- 93
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O urbanista mal se distingue do arquiteto. Oprimeiro organiza espaos arquitetnicos,
fixa o local e o destino dos volumes deconstruo, rene todas as coisas no tempo
e no espao por meio de uma redecirculatria. E o outro, o arquiteto, ocupado,
por exemplo, com uma simples habitao,tambm levanta volumes, cria espaos. No
nvel do ato criador, o arquiteto e ourbanista so um s.
Le Corbusier
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INTRODUO
JUSTIFICATIVA E PROBLEMATIZAO
O processo de crescimento desordenado das cidades brasileiras vem sendo
um problema enfrentado pelos gestores desde a dcada de 80 do sculo passado.
Com o aumento da autonomia dos municpios na dcada de 90, sobretudo em
virtude da descentralizao do poder do Estado, juntamente com outrastransformaes aqui no mencionadas, o uso e a ocupao do solo urbano nessa
poca acabam refletindo a configurao social, poltica e econmica de cada
sociedade, gerando um processo de crescimento desarticulado e excludente.
A problematizao envolvendo o crescimento das cidades mdias1brasileiras
pode ser atribuda, em parte, falta de estratgias para o controle e o crescimento
da expanso urbana. A implantao de alguns instrumentos de planejamento e
controle do solo urbano, sobretudo a partir da promulgao do Estatuto da Cidade(Lei 10.257 de 10 de junho de 2001), no segue o mesmo ritmo das mudanas
espaciais da cidade.
... o processo de urbanizao (...) apresentou situaes de grandediversidade e heterogeneidade destacando-se entre outros aspectos osque se seguem: interiorizao do fenmeno urbano; acelerada urbanizaodas reas de fronteira econmica, crescimento das cidades mdias;
1Cidade mdia foi considerada nesse trabalho como sendo aquelas cuja populao varia entre 100 a
500 mil habitantes.
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periferizao dos centros urbanos; formao e consolidao deaglomeraes urbanas de carter metropolitano e no metropolitano.1
Os problemas relacionados com a expanso urbana desordenada podem ser
percebidos de vrias formas: poluio sonora, visual, grandes aglomerados urbanos
e problemas de mobilidade urbana como engarrafamentos e aumento nas distncias
a serem percorridas. O modelo de desenvolvimento urbano pautado no uso do
automvel relacionado intensidade de uso do solo desentruturado no atende mais
s necessidades das habitantes da cidade.
Atravs dos problemas de expanso e verticalizao urbanas relatados
acima, o que se pretende com esse trabalho fazer uma anlise do uso e ocupao
do solo urbano em uma rea de uma cidade de porte mdio (Campos dos
Goytacazes), mediante as leis municipais que tratam desse tema, tendo como ponto
de partida o Plano Diretor de 1991 bem como as leis em vigor. De posse dessa
anlise, poder ser feito um estudo sobre os efeitos dessa ocupao para a
mobilidade urbana do local.
Sendo assim, o trabalho se justifica no sentido de relacionar a ocupao e o
uso do solo urbano com a infra-estrutura de mobilidade urbana, visandoproporcionar melhor qualidade de vida populao e, acima de tudo, um
desenvolvimento sustentvel para a cidade.
1MOTTA, Diana, 2001: 40 In: ZULCHNER, Ilana Marins. Implantao do estudo prvio de impacto de
vizinhana: sua contribuio para o cumprimento da funo social da cidade. Dissertao demestrado em Planejamento Regional e Gesto de Cidades. UCAM Campos, 2006. Pgina 1.
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OBJETIVO
A dissertao tem como objetivo analisar a expanso urbana e a ocupao do
solo em rea inserida no bairro da Pelinca, no municpio de Campos dos
Goytacazes, e os reflexos dessa expanso na mobilidade urbana do local.
Alm disso, o trabalho observar a efetiva contribuio da legislao
municipal para a ocupao urbana do local, tendo como ponto de partida o Plano
Diretor de 1991, passando pela Lei de uso e parcelamento do solo de 1998 at os
dias atuais, com a implantao do novo Plano Diretor Participativo do ano de 2007.A inteno em analisar essas Leis a de verificar como a Secretaria de Obras
e Urbanismo e a Secretaria de Planejamento, rgos municipais competentes na
gesto e planejamento urbano da cidade, interferiram para a ocupao desse trecho
do bairro, e o que tem feito para coibir ou impulsionar o crescimento do local.
Utilizaremos tambm alguns instrumentos de controle e planejamento urbano
presentes no Estatuto da Cidade, o Relatrio de Plo Gerador de Trfego e o Estudo
de Impacto de Vizinhana e suas aplicaes em outras cidades, relacionando-oscom nossa rea de estudo.
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METODOLOGIA
Para realizar o trabalho, primeiramente ser feito uma anlise embasada em
leituras de textos que abordam o tema da dissertao. Dentro dessa anlise, sero
includos avaliaes das principais leis de expanso, parcelamento e ocupao do
solo urbano e de mobilidade urbana. Para tais, os principais documentos analisados
sero: Lei n. 5.251 de 27 de dezembro de 1991 (Plano Diretor da Cidade de
Campos dos Goytacazes), Lei n. 6.691 de 30 de novembro de 1998 (Lei de
Zoneamento do Municpio de Campos dos Goytacazes), Lei n. 6.692 de 27 denovembro de 1998 (Novo Cdigo de Obras do Municpio de Campos dos
Goytacazes), Lei n. 7.972 de 05 de dezembro de 2007 (Plano Diretor do Municpio
de Campos dos Goytacazes) e a Lei do Estatuto da Cidade lei federal aprovada no
ano de 2001.
A partir da, ser realizada uma observao estruturada do local, com o intuito
de apresentar um mapeamento da rea de estudo um quadriltero tendo como
limites a Avenida 28 de maro, a Rua Cornlio Bastos, a Avenida Pelinca e a Baroda Lagoa Dourada. Esta delimitao refere-se a parte dos bairros Parque
Tamandar e Parque Avenida Pelinca, no municpio de Campos dos Goytacazes
RJ. Esse mapeamento, juntamente com os dados retirados do CENSO
DEMOGRFICO 2000, traar o perfil scio-econmico da populao local, o uso do
solo, as alturas das edificaes existentes, hierarquizao viria, os principais
pontos e eixos de atrao de pessoas e os aspectos da infra-estrutura de mobilidade
urbana no local.
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Alm disso, ser feito um levantamento histrico da regio por meio de
anlises de livros, jornais, artigos e da histria oral local e de entrevistas para saber
como se deu a formao urbanstica da rea.
Foto area e arruamento da rea de estudo.
Destaque da rea de estudo.Fonte: Arquivo pessoal obtido a partir do Google Earth e do arquivo de arruamento da Secretaria de
Obras e Urbanismo de Campos dos Goytacazes.
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As cidades, como os sonhos, soconstrudas por desejos e medos, ainda queo fio condutor de seu discurso seja secreto,
que suas perspectivas enganosas, e quetodas as coisas escondam outras coisas.
talo Calvino.
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CAPTULO 1 FUNDAMENTAO TERICA
1.1 ESCLARECENDO OS CONCEITOS.
Para entender, com maior clareza, os tpicos que sero desenvolvidos
durante a dissertao, alguns termos sero conceituados de acordo com o nosso
tema de interesse. Sabemos que alguns desses termos podem ser explicados por
vrias vertentes, no entanto nos propomos a realizar uma abordagem mais social emenos pragmtica.
1.1.1 Uso do solo
O termo uso do solo pode ser entendido como a distribuio e a intensidade
de usos no espao urbano: residencial, industrial, comercial ou misto, que acaba
determinando as localizaes das atividades humanas como viver, trabalhar e lazer
dentro de parmetros especficos de ocupao do solo urbano e de zoneamento.
Esses parmetros e o porqu dessas distribuies podero ser um pouco mais
compreendidos a partir dessa seo.
A morfologia urbana como resultado das relaes estabelecidas em um
determinado espao fsico, variando conforme o tempo e os aspectos decorrentes
dessas formas acabam enfatizando os processos de uso, ocupao eregulamentao do solo urbano, seja em que cidade for.
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Podemos relacionar o uso do solo com o zoneamento da cidade, visto que o
zoneamento consiste na repartio do solo segundo um determinado planejamento
urbanstico e na atribuio a determinados usos. O zoneamento tambm engloba os
aspectos fsicos das construes e restries de utilizao de terrenos, alocando as
atividades das cidades de acordo com seus usos. A diferena entre zoneamento e
uso do solo que o primeiro, segundo Souza (2004), consiste em um instrumento de
planejamento urbano e, o segundo, vem a ser uma maneira de planejar a cidade,
dando atribuies ao uso de um determinado local, implicando em polticas mais
abrangentes de ocupao e conservao do solo.
Foi nos Estados Unidos que a idia de excluir certos usos e de se pensar em
uma legislao de zoneamento comeou a aparecer. Contudo, o zoneamentonaquele pas, passa a extrapolar a idia de um instrumento de planejamento,
passando a ser um mecanismo de separao e controle de uso do solo urbano.
Em 1916, o primeiro cdigo a instituir um zoneamento abrangente surgiu na
cidade de Nova Iorque. Mas, mesmo antes da passagem do sculo, uma ordenao
legal na cidade de So Francisco tem como finalidade proibir certos usos em
determinadas partes da cidade.
Entre os princpios bsicos que norteariam esse instrumento de planejamentourbano, estava o de excluir certos usos e, consecutivamente, - e por muitas vezes de
maneira notria - certos grupos sociais. Sendo assim, a utilizao do zoneamento
nos EUA pode ser analisada, particularmente, como um modo de excluso social
intensa.
Foi no IV CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna) realizado
no ano de 1933 na Grcia, que alguns parmetros sobre uso e ocupao do solo
ganharam a notoriedade que perdura at hoje. Entre as propostas revolucionriasescritas no documento intitulado Carta de Atenas, destacamos algumas: toda a
propriedade e todo solo urbano da cidade devem cumprir uma funo pblica. Outra
questo que tambm vale a pena ser mencionada foi a separao das funes
bsicas do viver nas cidades trabalhar, circular, morar e recrear-se. Essas
propostas foram abraadas pelos arquitetos e urbanistas modernos, baseados na
separao dos usos em nome da higiene e da ordem, para adaptar o espao urbano
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era da mquina e do funcionalismo formal, defendida com vigor por nomes como
Le Corbusier1
A imagem da casa bem ordenada tornou-se igualmente clebre: segundoesse argumento, a mesma lgica que preside na distino e separao dosdiferentes cmodos de uma casa de acordo com seus usos (a cozinha paracozinhar, o banheiro para tomar banho e fazer as necessidades fisiolgicas,o quarto de dormir para dormir...) deveria governar a organizao doespao da cidade, ou seja, da grande casa. (Souza, 2004, pg. 254.)
No entanto, a idia de separao funcional da cidade, caracterizada no
urbanismo modernista, j havia sido pensada em cidades da Europa, Estados
Unidos (como vimos anteriormente) e at mesmo no Brasil. Em nosso pas, essaidia veio pautada com um discurso higienista, com questes de perigo de difuso
de doenas e insalubridade de espao urbano. Um bom exemplo disso foi a Reforma
Pereira Passos que aconteceu no Rio de Janeiro entre os anos de 1902 a 1906 e
que tinha como objetivos remodelar todo o centro da ento capital federal, alargando
ruas e retirando os cortios com o propsito de higienizar a cidade.
Alm de ser relacionado com as questes de zoneamento, o uso do solo
necessita de alguns parmetros urbansticos para o seu entendimento. Esses
parmetros, apesar de serem conceituados de uma maneira geral, so especificados
por cada municpio, expressando aspectos da densidade urbana e das formas
espaciais de ocupao do solo, no sendo responsveis pela promoo da
segregao ou de contedos polticos-ideolgicos.
Esses parmetros acabam induzindo e norteando a ocupao do solo
urbano. So eles: gabarito, afastamento, rea construda, taxa de ocupao,
coeficiente de aproveitamento, taxa de permeabilidade, ndice de reas verdes, rea
bruta e rea lquida e densidade bruta e lquida. Para melhor compreenso de cada
um desses parmetros, o quadro abaixo conceitua cada um deles.
GABARITO
Altura mxima permitida para asedificaes em uma determinada zona,podendo ser determinada de acordocom a preservao harmnica da
paisagem, proximidade de aeroportos e1Charles-douard Jeanneret (verdadeiro nome de Le Corbusier) nasceu em 1887 e morreu em
1965.Arquiteto e urbanista, foi um dos maiores nomes da arquitetura moderna do mundo.
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largura das vias.
AFASTAMENTO
Recuos obrigatrios da edificao em
relao s divisas dos lotes,logradouros e entre edificaes nomesmo lote, influenciando assim asquestes de ventilao, iluminao eprivacidade.
REA CONSTRUDA
Soma de todos os pavimentos de umaedificao, podendo ser chamadatambm de rea edificada.
TAXA DE OCUPAORelao entre a rea de projeohorizontal da edificao e a rea doterreno.
COEFICIENTE DEAPROVEITAMENTO Relao entre a rea construda e area total do terreno.
TAXA DEPERMEABILIDADE
Relao entre a parte do terreno quepermite ser permevel e a rea total domesmo.
NDICE DE REASVERDES
Relao entre a rea do terrenocoberta por verdes e a rea total do
mesmo.
REA BRUTA rea total de uma zona, incluindo ruas,praas e espaos institucionais.
REA LIQUIDA rea exclusivamente residencial deuma determinada zona.
DENSIDADE BRUTA
Nmero total de pessoas que residemnuma determinada zona dividida pelarea total dessa zona, incluindo ruas,
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praas e todo tipo de ocupao noresidencial.
DENSIDADE LQUIDA Diviso do nmero de pessoas queresidem numa determinada zona pelarea apenas destinada para finsresidenciais.
Quadro dos parmetros urbansticos de ocupao do solo.Fonte: Lei de Zoneamento de Campos dos Goytacazes.
Como um dos objetivos do nosso trabalho analisar leis e suas aplicaes
em uma determinada rea de estudo, torna-se necessrio fazer-se um pequeno
relato sobre o processo de surgimento das legislaes urbanas que dizem respeito
ao uso do solo em nosso pas.
Do direito urbanstico
Com o grande crescimento urbano ocorrido no Brasil a partir da dcada de
70, muitas construes ilegais foram aparecendo em todo o pas. A aplicao de
uma legislao urbana de cunho federal que atuava unicamente na propriedade
legal, no foi capaz de impedir o crescimento dessas construes ilegais. Com o
intuito de amenizar o caos urbano formado nesse perodo, em 1979 criada a Lei
Lemann, lei federal que dispunha sobre o parcelamento e uso do solo, com uma
preocupao especial com a populao cada vez maior que no tinha acesso rede
urbana formal e tambm com o objetivo de ordenar fisicamente o territrio das
cidades.
Um projeto de lei denominado Lei do Desenvolvimento Urbano, foi elaborado
no ano de 1983 com o intuito de diminuir os conflitos urbanos desencadeados
durante o perodo desenvolvimentista, com o surgimento de grandes centros
urbanos. Esse projeto de lei envolvia o princpio de funo social do solo urbano,
buscando um controle da especulao imobiliria. Talvez tenha sido esse o motivo
que fez com que o referido Projeto no fora aprovado.
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Na Constituio Federal de 1988, foram includas as diretrizes da poltica de
desenvolvimento urbano, objetivando com isso o desenvolvimento das funes
sociais da cidade e a garantia do bem estar de seus habitantes.
Treze anos aps a aprovao da Constituio Federal, a Lei 10.257 de 10 de
junho de 2001, denominada de Estatuto da Cidade, veio regulamentar os artigos 182
e 183 da Constituio de 1988, que tratavam exclusivamente das polticas de
desenvolvimento urbano executadas pelo poder pblico municipal. O Estatuto da
Cidade tem como base de formao as questes relacionadas com a funo social
do solo urbano, em prol do bem coletivo, da segurana e do bem estar da
populao.
O Estatuto da Cidade coloca como pea-chave a formulao pelos municpiosde um Plano Diretor, com o intuito de fazer a aplicao dos principais instrumentos
urbansticos reguladores do uso do solo, ordenando, assim, as polticas e as prticas
pblicas.
Para autores como Souza (2003), esses instrumentos urbansticos,
juntamente com o zoneamento de uso e ocupao do solo, so alguns dos ndices
ou parmetros que regulam a densidade e a forma de ocupao do espao. J para
Maricato (2002), as leis de zoneamento constituem, talvez, a expresso mais fortedo urbanismo modernista com a sua utopia de dirigir ordenadamente o uso e a
ocupao do solo, com regras universais e iguais, separando usos, nveis de
circulao, tipologia de edifcios e padres de ocupao do solo.
fato que o poder municipal sai bastante fortalecido com a Constituio de
88 e depois com o Estatuto da Cidade, j que passa a ser de competncia da esfera
municipal legislar sobre assuntos de interesse local. Isso possibilita aos municpios a
promoo e adequao do ordenamento do territrio, por meio de polticas decontrole, parcelamento e ocupao do solo urbano.
Mediante essa alterao legal, o municpio de Campos dos Goytacazes
passa, aps a Constituio de 88 e mais recentemente aps a aprovao do Plano
Diretor Participativo de 2007, a rever algumas leis que tratam especificamente de
polticas de uso do solo e parcelamento urbanos.
O zoneamento, segundo a Lei n 6.691 de 30 de novembro de 1998 Lei de
Zoneamento da cidade de Campos dos Goytacazes, significa a diviso do territrio
em zonas de uso predominante, para as quais se determinam tipos e intensidade de
uso do solo. A Lei tambm estabelece normas de uso e ocupao do solo do
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Municpio, a intensidade de sua utilizao, assim como normas e parmetros
especficos de ocupao e aproveitamento do solo em cada zona. Tambm de
acordo com a Lei, o termo uso caracterizado por atividade ou finalidade para a
qual um lote ou uma edificao destinado.
Outra lei que vigora no municpio a Lei de Parcelamento do Solo do
Municpio (Lei n. 6.690 de primeiro de dezembro de 1998). Essa Lei trata
exclusivamente do parcelamento do solo urbano e da rea de expanso urbana e
regida tambm pela Lei de Zoneamento e Uso do Solo analisada anteriormente.
importante destacar, especificamente na Lei 6690/98, as modalidades de
parcelamento existentes. O arruamento, feito pelo poder pblico atravs de
aberturas de vias de circulao, dando alinhamento, greide e benfeitorias; oloteamento, caracterizado pela subdiviso da gleba atendendo ao aumento do
sistema virio existente; a criao de quadras e lotes para fins urbanos, condies
para implantao de residncias, indstrias ou comrcios e execuo fiel de projetos
urbansticos aprovado pelo poder publico; e o desmembramento, que caracteriza o
parcelamento de gleba em lotes com o aproveitamento do sistema virio e de infra-
estrutura local. Todas essas modalidades de parcelamento acabam se traduzindo
em uma determinada ocupao do solo urbano.Outra lei do municpio de Campos dos Goytacazes que ordena a ocupao do
solo urbano o Cdigo de Obras do Municpio (Lei n. 6.692 de 27 de novembro de
1998), que dispe sobre a aprovao de projetos e licenas para construo,
demolio e reformas de qualquer tipo executada dentro do municpio. Vale destacar
que essa lei refere-se diretamente lei de zoneamento e lei de parcelamento do
solo, visto que uma licena para construo s dada se o projeto estiver tambm
de acordo com essas duas outras Leis.Outro ponto importante do Cdigo de Obras que nele esto contidos
parmetros urbansticos mencionados anteriormente, especificando as alturas das
edificaes, os afastamentos e as taxas para cada tipo de construo.
No momento em que as cidades brasileiras comearam a sofrer um processo
vertiginoso de urbanizao e expanso urbana, fazendo com que fosse necessrio
limitar uso e funes para o solo urbano a fim de reverter-se a onda de crescimento
desordenado, o termo uso do solo passa a ganhar cada vez mais importncia. Um
exemplo disso so os Planos Diretores executados ou revistos aps a aprovao do
Estatuto da Cidade.
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1.1.2 Mobilidade urbana
Hoje em dia, o que podemos verificar nas cidades uma ocupao de solo
cada vez mais aleatria em conjunto com uma expanso urbana na sua grande
maioria ocupada de forma desordenada, trazendo reflexos negativos, sobretudo nos
sistemas de transporte urbano. Com isso, a cidade acaba ficando cada vez menos
acessvel para todos, gerando problemas de ordem social, econmicos e de
qualidade de vida da populao.
A definio de qualquer uso do solo urbano, seja de maneira espontnea ou
planejada, tem como ponto determinante as relaes e movimentos que configuram
as vrias demandas de mobilidade.
Entretanto, as polticas de uso do solo e de mobilidade no podem ficar
apenas retidas s questes de infra-estrutura de trnsito, como largura de vias, por
exemplo. O importante nesse caso implementar os modos e meios de mobilidade
nos tempos requeridos pelo uso do solo.
Uma poltica de investimentos nos transportes que no leve em considerao
o uso do solo, assim como uma poltica de uso do solo que no leve em conta a
mobilidade urbana, acaba contribuindo para o crescimento da segregao scio-
espacial nas cidades.
A lei de Uso e Ocupao do Solo um instrumento municipal deplanejamento territorial que permite caracterizar zonas da cidade comfunes especificas, de modo a disciplinar as atividades da iniciativa noterritrio urbano de modo equilibrado entre as demandas sociais e odesenvolvimento econmico. Ela impacta diretamente nos padres dedeslocamento dirio da populao, que vai de casa ao trabalho ou local deestudos, alm de usar os servios e equipamentos urbanos. Ela deve,
portanto, estar ligada a um plano de mobilidade urbana que crie condiespara a reduo das necessidades de deslocamentos motorizados econtrole o processo de expanso urbana, desestimulando seu crescimentodesordenado, e privilegie o adensamento urbano, e a melhor distribuiode funes urbanas.1
A mobilidade urbana engloba fatores que vo desde os econmicos at os de
incluso social, uma vez que a falta de mobilidade acaba gerando problemas para
grande parcela dos moradores das cidades, sobretudo para aqueles que precisam
se locomover todos os dias.
1DUARTE, Fbio, LIBARDI, Rafaela e SNCHEZ, Karina. Introduo mobilidade urbana. Editora
Juru: Curitiba, 2007. Pgina 13.
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A necessidade cada vez maior de deslocamentos, associado a uma expanso
urbana, que pode ser desordenada ou no, contribui para a piora da qualidade dos
transportes pblicos, acarretando uma demanda cada vez maior pelos automveis,
aumentando o nmero dos mesmos e culminando num processo de reduo da
mobilidade, causando, entre outras coisas, congestionamentos.
Mas o que vem a ser o termo mobilidade urbana? Em que circunstncia ele
foi criado? Para esclarecer esse tema, nos deteremos em parte na Cartilha de
Mobilidade e Poltica Urbana, desenvolvida pelo Ministrio das Cidades em 2005 e
no Projeto de Lei de Mobilidade Urbana (PL 1687/2007), alm de outros textos e
livros que sero citados no decorrer dessa seo.
O conceito de mobilidade comea a ser pensado em meio aos encontrossobre polticas urbanas realizados nas Conferncias das Cidades1, cuja necessidade
principal era ter um novo olhar e novas medidas para melhorar a qualidade de vida
da populao.
A necessidade de um conceito de mobilidade urbana surge tambm com a
finalidade de orientar as aes vistas como necessrias para implementar uma
poltica capaz de permitir aos cidados o direito de ter acesso seguro e eficiente aos
espaos urbanos.
As precrias condies de mobilidade se colocam como obstculo superao da pobreza e da excluso social para cerca de 45% dapopulao brasileira, que tem renda inferior a 3 salrios mnimos.(ITRANS, 2004)2
No pensar nos transportes de maneira isolada, mas como um meio pelo qual
a populao acessa os destinos desejados na cidade, nos leva a pensar que um
sistema de mobilidade urbana pode ser analisado como um conjunto de modos,redes e infra-estruturas que garantem o deslocamento das pessoas na cidade.
Como em todo sistema o que conta a integrao de suas partes, num sistema de
mobilidade urbana, quanto melhor a integrao entre os modos (transportes), redes
(transportes) e infra-estrutura (uso do solo) mais eficiente o sistema se torna e mais
fcil ser garantir aos cidados o acesso fsico s oportunidades e s funes
econmicas e sociais da cidade.
1Seminrios desenvolvidos pelo Ministrio das Cidades com a participao de cada municpio e asociedade civil organizada para esclarecer e orientar sobre o Estatuto da Cidade e a formulao dosPlanos Diretores.2Retirado do site da Empresa de Transporte e Trnsito de Belo Horizonte S.A BHTRANS.
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Um sistema de mobilidade urbana deve ser planejado e avaliado a fim de
contemplar a identificao clara e permanente dos sistemas de mobilidade, seja a
curto, mdio ou longo prazo; assim como identificar os meios financeiros e
institucionais que assegurem a implantao e execuo do sistema; formular e
implantar os mecanismos de monitoramento e avaliao permanentes dos objetivos
estabelecidos e a identificao das metas de atendimento e universalizao da
oferta dos transportes pblicos coletivos, monitoradas por indicadores pr-
estabelecidos.
Esse sistema de mobilidade constitudo e coordenado por meios, servios e
infra-estruturas que garantem deslocamento de pessoas e bens pela cidade.
MEIOS DE TRANSPORTESURBANOS
Motorizados; No motorizados.
SERVIOS DE TRANSPORTESURBANOS
De passageiros (coletivos ouindividuais);
De cargas.
INFRA-ESTRUTURA DE MOBILIDADEURBANA
Vias e logradouros pblicos; Estacionamentos; Terminais, estaes e demais
conexes; Pontos para embarque e
desembarque de passageiros ecargas;
Sinalizao viria e de trnsito; Equipamentos e instalaes; Instrumentos de controle,
fiscalizao e arrecadao detaxas e tarifas e difuso dasinformaes.
Quadro do Sistema de Mobilidade Urbana.Fonte: Lei de Mobilidade Urbana PL 1687/2007. Pgina 1
Alguns fatores podem ser relacionados diretamente com a mobilidade urbana,
interferindo, sobretudo, na movimentao das pessoas pela cidade, alm do modo
com que elas se locomovem. Esses fatores so a idade, a renda, a escolaridade e o
gnero dessas pessoas.
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Observando esses fatores, podemos nos atentar para o fato de que a idia de
mobilidade urbana est centrada nas pessoas que transitam pela cidade, e que
desejam que a vontade de atingir seus destinos necessrios seja atendida. Para
isso, essa idia de mobilidade acaba requerendo uma nfase maior no transporte
pblico coletivo, trazendo consigo uma orientao maior de incluso social e da
reduo de congestionamentos, poluio e acidentes.
Um conjunto de diretrizes e princpios comea a ser desenvolvido para que as
aes pblicas de mobilidade urbana juntamente com as reivindicaes da
populao nesse mbito possam ser orientadas. Trata-se da poltica de mobilidade
urbana, que visa pensar e propor como ser o deslocamento de pessoas e bens
pela cidade.Essa poltica tem, como princpios bsicos, a acessibilidade urbana como
direito universal; a garantia de acesso dos cidados aos transportes pblicos; a
eficincia e eficcia na prestao dos servios de transporte coletivo; transparncia
e participao social no planejamento, controle e avaliao dos servios de
transporte e da poltica de mobilidade urbana; justa distribuio dos benefcios e
nus decorrentes do uso de diferentes modos de transporte urbano; equidade na
utilizao dos espaos pblicos de circulao, vias e logradouros e a contribuio aodesenvolvimento sustentvel da cidade.
Esse nosso ltimo princpio de contribuio ao desenvolvimento sustentvel
nos faz pensar como uma poltica de mobilidade urbana pode contribuir para um
desenvolvimento sustentvel.
Para tentar esclarecer esse princpio torna-se importante primeiro fazer uma
pequena anlise sobre o conceito de desenvolvimento sustentvel.
Desenvolvimento Sustentvel
O desenvolvimento sustentvel pode ser entendido como um resumo de
vrios outros conceitos que se comprometem entre si, formulados durante o
processo de desenvolvimento do ps-guerra.
Dentre os conceitos fundamentais temos o desenvolvimento, que ocrescimento das riquezas e a sua distribuio de forma mais justa; a necessidade,
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as questes de necessidade variam no tempo e no espao, sendo difcil precisar o
que ser necessrio para as prximas geraes; a preservao da natureza, pois a
capacidade de regenerao da natureza passa a ser limitada, visto o crescimento
econmico e populacional dos pases dentro dos padres tecnolgicos da
atualidade; e, por fim, a transmisso de riquezas, j que as geraes atuais
tendem a deixar para seus herdeiros o atual padro de riqueza e valores, acumulado
durante sculos de civilizao.1
Alm desses quatro conceitos que norteiam as questes de desenvolvimento
sustentvel, o conceito utilizado pela Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento elaborado em 1987, e que passou a ser mais utilizado preceitua
ser desenvolvimento sustentvel aquele que atende as necessidades atuais semcomprometer a possibilidade das geraes futuras atenderem as suas prprias
necessidades.
Esse conceito ainda acompanhado de outros dois conceitos-chave: o de
necessidade, sobretudo dos pobres, que devem receber prioridade e a noo das
limitaes tecnolgicas e da organizao social impostas ao meio ambiente,
impedindo-o de atender s necessidades presentes e principalmente futuras.
Entretanto, difcil afirmar que um pas possa alcanar em to pouco tempo odesenvolvimento sustentvel, nem mesmo pode ser avaliado o seu grau. Isso faz
com que esse termo passe a ser algo ainda em construo, uma busca pautada em
polticas, programas e planos de desenvolvimento marcados por uma
sustentabilidade restrita em um determinado tempo e espao, podendo servir para a
contribuio de um processo a longo prazo.
Para ajudar na compreenso do conceito de desenvolvimento sustentvel
necessrio tambm que se analise de maneira conjunta algumas dimenses danossa sociedade, que so as dimenses econmicas, polticas, sociais, ambientais e
culturais.
Todavia, para que o processo de implementao do desenvolvimento
sustentvel fosse colocado em prtica, a ONU na 2 Conferncia Geral das Naes
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento elaborou um documento que serve
de guia para a criao de estratgias e polticas nacionais de desenvolvimento. A
1Para maior aprofundamento nesses conceitos de fundamentao de desenvolvimento sustentvel
ler artigo publicado em Zancheti S. M. (2002) Gesto do patrimnio cultural integrado - Gestin delpatrimonio cultural integrado, CECI - Editora da Universidade de Pernambuco, Recife, pp. 79-83.
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esse documento deu-se o nome de Agenda 21. Os pases que o assinaram se
comprometem a elaborar polticas de desenvolvimento se baseando em
recomendaes contidas na Agenda 21, ajustando essas recomendaes s
especificidades locais.
No Brasil, as discusses acerca da Agenda 21 tm atingindo no s o nvel
nacional como tambm os Estados e os Municpios, e vem demandando que o
governo federal formule uma Agenda Nacional, incentivando alguns estados e at
mesmo municpios a tambm agirem desta maneira e construrem suas prprias
Agendas.
Ao focarmos a esfera local para a elaborao de regras de polticas de
desenvolvimento sustentvel, acabamos criando outra vertente de desenvolvimento,o desenvolvimento sustentvel urbano. Diante desse deslocamento as questes de
sustentabilidade ficam mais complicadas de serem entendidas numa cidade, visto
que um sistema aberto e com elevado grau de complexidade, com muitas variveis
e integrao interna e externa em constante modificao.
Todas as teorias de desenvolvimento sustentvel urbano passam pela idia
de que a sustentabilidade de uma cidade significa a valorizao, de maneira
sustentvel, dos recursos contidos em seu territrio.Porm, dois problemas esto associados idia de sustentabilidade urbana:
a primeira indica que nenhuma cidade pode ser sustentvel de maneira
independente, j que no capaz de gerar sozinha todos os recursos de que
precisa e, o segundo, garante que mesmo que as cidades trabalhem de maneira
conjunta, cooperando com trocas de recursos, essas trocas seriam desequilibradas,
sendo necessrios, para esse equilbrio, mecanismos compensatrios das trocas
desiguais de recursos.Algumas caractersticas de um novo processo de gesto urbana voltado para
a viabilidade de uma cidade sustentvel j esto sendo apresentadas pelo pas.
Entre essas caractersticas, a que nos chama a ateno, a induo de novos
hbitos de moradia, transporte e consumo nas cidades como o incentivo ao uso de
bicicleta e de transportes no-poluentes; a implantao de hortas comunitrias,
jardins e arborizao com rvores frutferas e a construo de edificaes para uso
comercial ou de moradia que evitem o uso intensivo de energia, utilizando materiais
reciclados. Tudo isso alicerado nos conceitos de uso do solo e mobilidade.
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Apesar de aparentar dualidade, indubitvel que o conceito de
desenvolvimento sustentvel e at mesmo o de desenvolvimento sustentvel urbano
ganharam grande fora no cenrio mundial, tornando-se referncia para diversas
polticas de desenvolvimento internacional, nacional e local, inclusive como pea-
chave para a poltica de mobilidade urbana.
A partir dos princpios de desenvolvimento sustentvel e de sustentabilidade o
conceito de mobilidade urbana sustentvel foi sendo criado. A criao desse
conceito acabou gerando uma poltica nacional de mobilidade urbana sustentvel,
que objetiva promover a incluso social da populao de baixa renda no sistema
pblico de transporte urbano; a melhoria na qualidade e efetividade dos servios de
transporte pblico e da circulao urbana e o financiamento permanente da infra-estrutura de transporte urbano, integradas com a Poltica de Desenvolvimento
Urbano.
O conceito de mobilidade urbana sustentvel tem como prioridade os
pedestres, ciclistas, passageiros de transportes coletivos, pessoas portadores de
necessidades especiais e idosos, priorizando tambm o espao urbano de
circulao, de produo de capital e de reproduo social.
Dentre as diretrizes do plano de mobilidade urbana sustentvel presentes noartigo Mobilidade e Poltica Urbana: subsdios para uma gesto integrada,
publicada pelo IBAM e pelo Ministrio das Cidades no ano de 2005, podemos
destacar:
Promover o barateamento das tarifas de transporte coletivo, de forma a
contribuir para o acesso dos mais pobres e para a distribuio de
renda;
Promover e apoiar a implementao de sistemas ciclovirios seguros,priorizando os sistemas integrados rede de transporte pblico;
Promover e apoiar a melhoria da acessibilidade das pessoas com
deficincia, restrio de mobilidade e idosos, considerando-se o
princpio de acesso universal cidade;
Incentivar e difundir medidas de moderao de trfego e de uso
sustentvel e racional do transporte motorizado individual;
Promover e viabilizar a associao e coordenao entre a polticanacional de mobilidade sustentvel e de transporte e trnsito em
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consonncia com as polticas de promoo habitacional,
desenvolvimento urbano, meio ambiente e saneamento ambiental em
especial as de drenagem de guas pluviais e resduos slidos;
Promover polticas de mobilidade urbana e valorizao do transporte
coletivo e no motorizado, no sentido de contribuir para a reabilitao
das reas urbanas centrais;
Promover o desenvolvimento do transporte pblico, com vistas
melhoria da qualidade e eficincia dos servios.
Promover e incentivar a utilizao de combustveis alternativos e
menos poluentes.
Essas diretrizes nos remetem mais uma vez a uma idia de mobilidade
urbana como uma resultante da integrao dos fluxos de deslocamento de pessoas
e bens no espao urbano, sejam esses fluxos feitos por veculos motorizados ou no
motorizados, sendo tambm considerado como determinante para o
desenvolvimento urbano, socioeconmico e tecnolgico de uma cidade. Para que
possamos finalizar esse captulo, vamos agora fazer uma relao das leis
conceituadas na seo anterior com a mobilidade urbana.
Lei de zoneamento e uso do solo
Como vimos, a Lei de Zoneamento e Uso do Solo nos permite a utilizao do
solo e nos fornece as condies para realizar em diferentes reas da cidade
algumas atividades distintas. Juntamente a essa lei so exemplificados alguns
parmetros urbansticos de ocupao do solo voltados para o adensamento urbano.
A importncia de relacionar os tipos de uso do solo e o zoneamento da cidade
com hierarquizao viria e os aspectos de mobilidade urbana est nas condies
que se pode ter para controlar algumas atividades capazes de impactos urbansticos
e de gerao de trfego.
Para promover a mobilidade urbana, importante que a abordagem darelao entre uso do solo, transporte e sistema virio incorpore uma viso
que priorize o transporte pblico coletivo e valoriza a apropriao do
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espao pblico pelo cidado, a circulao de pedestres e veculos nomotorizados.1
Alm disso, importante que a Lei de Zoneamento e Uso do Solo esteja,
entre outras coisas, compatibilizada com as diretrizes de mobilidade definidas tanto
nos Planos Diretores quanto nos Planos de Transporte e Mobilidade de cada
municpio, principalmente as diretrizes que esto relacionadas integrao entre os
parmetros urbansticos e previso de novos programas, aes e investimentos.
Tambm importante que a lei estabelea parmetros de ocupao do solo
compatveis com a oferta de infra-estrutura, equipamentos e servios, contribuindo
para a reduo do deslocamento e melhoria na mobilidade, principalmente da
populao que utiliza o transporte coletivo.
Lei de parcelamento do solo
A relao entre parcelamento do solo e mobilidade urbana pode ser analisada
por vrias vertentes. Uma delas explicita que para a implantao de uma poltica de
mobilidade urbana, seja importante a conciliao entre a Lei de Parcelamento do
Solo, e tambm a de Zoneamento com o Plano Diretor. Com isso, torna-se
necessrio que a lei coba o parcelamento do solo em reas distantes dos centros
de comrcio, servio e emprego sem antes estruturar e dimensionar as reas de
expanso urbana, com o intuito de evitar o distanciamento urbano e a necessidade
de novos investimentos em transporte e sistemas virios.
Para que a Lei de Parcelamento do Solo aja como instrumento de promoo
da mobilidade urbana necessrio que ela incorpore em suas normas diretrizes que
tenham como finalidade reverter o privilgio na utilizao dos espaos de circulao
pelos veculos motorizados, incentivando a apropriao do espao pblico pelos
cidados e valorizando os espaos de convivncia e de circulao de pedestres e
bicicletas.
1BERGMAN, Lia e RABI, Ndia Ins Albesa (coord.) Mobilidade e Poltica Urban: subsdios para uma
gesto integrada. IBAM, Ministrio das Cidades: Rio de Janeiro, 2005. Pgina 27.
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Entre os objetivos a serem recomendados pela Cartilha de Mobilidade e
Polticas Pblicas publicada pelo IBAM e Ministrio das Cidades para a melhora da
mobilidade urbana atravs da Lei de Parcelamento do Solo podemos destacar:
incentivo promoo de loteamentos de baixa renda em reas bem atendidas
por trem ou metr;
exigncia, para os novos loteamentos, de um projeto virio de forma integrada
ao sistema virio existente, principalmente no que tange criao de vias de
integrao dos bairros;
estmulo oferecidos aos novos loteamentos a contriburem para a
implementao do conceito de multicentralidade flexibilidade de usos
adequando as novas vias aos transportes pblicos;
reserva, nos novos projetos de loteamentos, de reas para meios de
transportes no motorizados, especialmente para a construo de ciclovias e
ciclofaixas;
adoo de desenhos especficos de vias, rotatrias e estreitamentos
compatveis com o uso predominante da rea, proporcionando a reduo da
velocidade dos veculos e priorizando a segurana dos pedestres.
Cdigo de obras
A relao entre o espao construdo, pblico ou privado, e o espao urbano
de circulao e transportes faz com que o Cdigo de Obras se torne uma lei
importante sob a tica da mobilidade urbana. Isso porque o Cdigo de Obras pode
tratar especificamente, por exemplo, dos diferentes acessos de pessoas, indicando e
dimensionando onde h necessidade de lugares de encontro e espera. Outra ajuda
que essa lei pode dar na mobilidade urbana especificando o acesso de veculos
que prestam servio pblico como ambulncia e os locais de veculos de transportes
de pessoas e mercadorias com as reas de estacionamento consideradas de
interesse para a mobilidade urbana.
Outro assunto de suma importncia para a mobilidade urbana e que se
encontra presente no Cdigo de Obras com relao s caladas. O Cdigo deObras de Campos dos Goytacazes, como de muitos outros municpios pelo pas,
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transfere ao proprietrio de um imvel ou terreno a construo, reforma e
manuteno das caladas em toda a extenso de suas testadas. O descuido de
alguns municpios em no fiscalizar o cumprimento dessa responsabilidade por parte
dos proprietrios de imveis, como tambm a sua ausncia em estabelecer padres
de projetos de caladas de forma e garantir o trnsito e a acessibilidade de toda a
populao, faz com que o princpio bsico de mobilidade urbana, que a priorizao
dos pedestres, seja esquecido.
Contudo, alguns municpios vm trabalhando no sentido de se padronizar as
caladas, tornando-as mais largas e de fcil acesso principalmente para pessoas
com dificuldade de locomoo, como o caso dos projetos do Rio Cidade, na cidade
do Rio de Janeiro.
Projeto Rio-Cidade na Praa Afonso Pena na Tijuca. Rampas para acesso s pessoas comdificuldade de locomoo e grandes espaos de circulao auxiliam na mobilidade urbana.
Fonte www.rio.rj.gov.br
Uma inovao dos Cdigos de Obras que exija, nos projetos pblicos ou
privados, a implantao dos conceitos de acessibilidade e desenho universal pode
contemplar de forma exemplar a mobilidade urbana.
Podemos concluir de forma bem sucinta que uma cidade que implementeuma poltica de mobilidade urbana oferecendo uma maior e melhor circulao de
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pessoas, bens e produtos e um maior dinamismo de suas funes urbanas de uso e
ocupao do solo pode acabar valorizando o seu espao, trazendo um
desenvolvimento econmico e social de maneira mais acelerada.
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A rua para eles apenas um alinhamentode fachadas, por onde se anda nas
povoaes...Ora, a rua mais do que isso,a rua um fator da vida das cidades, a rua
tem alma!
Joo do Rio.
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CAPTULO 2 CONHECENDO A REA DE ESTUDO
2.1 LOCALIZAO E HISTRICO
A rea de estudo est localizada no municpio de Campos dos Goytacazes,
regio norte-fluminense do Estado do Rio de Janeiro e distante 263km da capital,
Rio de Janeiro. Com uma rea de 227,6 ha, o quadriltero de estudo foi delimitado
ao norte pela Avenida Pelinca, ao sul pela Avenida 28 de Maro, ao leste pela RuaCornlio Bastos e a oeste pela Rua Baro de Lagoa Dourada, ocupando assim
partes dos bairros Parque Pelinca e Parque Tamandar, que constituem um sub-
centro da cidade.
Mapa de localizao do municpio de Campos dos Goytacazes dentro de Estado do Rio de Janeiro.
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Foto area de cidade de Campos dos Goytacazes. Em destaque a rea de estudo.
Fonte: Google Earth.
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a parte mais alta dessa margem, onde hoje se localiza a Praa So Salvador e o seu
entorno.
Em 1835, quando h a elevao do lugarejo categoria de cidade, o centro
urbano se encontrava no trecho compreendido entre a Rua So Bento (atual Baro
de Miracema), Rua do Ouvidor (atual Marechal Floriano), indo no sentido sul ao
longo da Rua Direita (atual Treze de Maio) e a Rua do Rosrio (atual Carlos de
Lacerda), contornando, assim, a Lagoa do Furtado, onde hoje se encontra o Parque
Alberto Sampaio, fazendo com que o entorno da atual Catedral fosse o local mais
densamente ocupado.
Mapa da cidade de Campos dos Goytacazes no ano de 1840.Fonte: Jos Manoel de Siqueira Pereira. Evoluo urbana e arquitetnica em trs bairros de Campos
dos Goytacazes.
Com a instalao da ferrovia a partir do ano de 1837, a cidade v a ocupao
do seu territrio estender-se no sentido oeste, onde foi instalada a estao
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ferroviria. Nota-se que a ocupao do solo nessa direo deu-se primeiramente
pelas classes sociais mais elevadas, como a residncia do Baro da Lagoa
Dourada, construda no ano de 1864 e que hoje abriga o Colgio Estadual Liceu de
Humanidades de Campos.
No ano de 1842, a cidade recebe seu primeiro plano urbanstico realizado
pelo engenheiro Amlio Pralon. O Plano Pralon, como conhecido, destacava como
principal objetivo a valorizao de um espao livre para a permanncia de pessoas,
representado, basicamente, por meio de praas. Sendo assim, o Plano apresenta
esses espaos livres como pontos de convergncia das ruas, formando um conjunto
regular que pode ser observado at os dias de hoje.
O traado escolhido foi o clssico do tipo tabuleiro de xadrez. Pralon iniciaos trabalhos de calamento de ruas centrais, aterro e drenagem de lagoase pntanos, recuperao de estradas e pontes. Sem realizar um estudo detopografia e das curvas de nvel o engenheiro foi geometricamentedesenhando as ruas, os quarteires e as praas. 1
As intervenes urbansticas realizadas na cidade at o final do sculo XIX
foram feitas com o intuito de reforar a importncia e o embelezamento do centro e
de inseri-la num processo mais amplo de modernizao brasileira. Dentro dessasintervenes, temos alm da estrada de ferro citada anteriormente, a construo de
canais como o canal Campos - Maca2, instalao de redes de gua e esgoto e a
luz eltrica.
J no incio do sculo XX, no ano de 1902, o engenheiro sanitarista Saturnino
de Brito elabora um Plano Urbanstico para a cidade de Campos. Esse Plano visava
intervir na cidade como um todo, e tinha suas principais abordagens nas questes
de higiene, salubridade e sade.3Foi no Plano de Brito que a margem esquerda do
Rio, o distrito de Guarus, passou a ser includa no permetro urbano de Campos,
1PEREIRA, Jos Manoel de Siqueira. Evoluo urbana e arquitetura em trs bairros de Campos dos
Goytacazes.. Dissertao de mestrado em Planejamento Regional e Gesto de Cidades UCAM Campos dos Goytacazes, 2004. Pgina 42.2Com construo iniciada em 1844 e concluda em 1872, o canal tinha como objetivo transportar
pessoas e mercadorias entre Campos e Maca. Com aproximadamente 100 km de extenso, o canal considerado a segunda maior hidrovia artificial do mundo. Maiores informaes ver FARIA, TeresaPeixoto (Coord.). Seminrio de Saturnino de Brito, 100 anos do Projeto Saneamento de Campos. Editora Viena. Santa Cruz do Rio Pardo, 2005.3
Para saber mais sobre o plano urbanstico de Saturnino de Brito ver: FARIA, Teresa Peixoto(Coord.). Seminrio de Saturnino de Brito, 100 anos do Projeto Saneamento de Campos. EditoraViena. Santa Cruz do Rio Pardo, 2005.
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fazendo com que o outro lado da cidade comeasse a se expandir, proporcionando
um crescimento urbano para direo oposta ao tecido original.
Mapa do Projeto de Saturnino de Brito de 1902.
Fonte: Jos Manoel de Siqueira Pereira. Evoluo urbana e arquitetnica em trs bairros de Camposdos Goytacazes
Desde o Plano Urbanstico de Saturnino de Brito at a dcada de 30, quando
ele est ainda sendo colocado em prtica, todas as intervenes urbanas na cidade
visavam critrios de higiene, sade, embelezamento e ampliao das reas centrais
da cidade. Segundo Faria (2005, p. 4785) a expanso da cidade orientada em
direo a oeste, em funo de alguns investimentos realizados em equipamentos
urbanos, como a construo da Praa do Liceu, alinhamento da Rua Alberto Torres,construo da Estao de Ferro Leopoldina e da linha de bonde ligando o centro
Estao Central de Trem.
Temos ento at esse momento trs etapas de expanso urbana na cidade:
uma do centro em direo a oeste, uma segunda em direo a sul/leste, em sentido
do litoral e a ltima com o aparecimento da rea de Guarus.
Na dcada de 40, por exigncia dos problemas de ordem scio-espacial que
j comeavam a ficar evidentes e alarmantes, alguns critrios de uso e ocupao doespao urbano da cidade tiveram que ser revistos. Foi ento que em 1944 a
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empresa Coimbra Bueno e Cia Ltda elaborou, a pedido do Prefeito da poca Salo
Brand, um Plano Urbanstico para a cidade. Esse plano foi elaborado tendo como
base os preceitos do urbanismo moderno, com o intuito de melhorar a configurao
espacial da cidade, corrigindo os erros contidos nas intervenes anteriores e,
principalmente, orientando a expanso urbana da cidade.
Tendo a participao do arquiteto francs Alfred Agache, o Plano foi
elaborado com um detalhe minucioso, sem precedentes na histria urbana da
cidade, e apesar de no ter sido colocado em prtica por completo, serviu de base
para futuras intervenes na cidade. Segundo Faria (2005, p.4788), o ponto de
destaque do Plano est no fato dele privilegiar uma organizao da cidade, aliando
beleza e funcionalidade, orientando o sentido de expanso da cidade em direo sreas perifricas.
Esquema do Projeto Coimbra Bueno em 1944.Fonte: Jos Manoel de Siqueira Pereira. Evoluo urbana e arquitetnica em trs bairros de Campos
dos Goytacazes
Entre as dcadas de 50 e 60, o parcelamento e ocupao do solo comeam a
se intensificar, ultrapassando as margens das ferrovias e indo em todas as direes
da cidade, na forma de grandes loteamentos, acelerando assim o processo de
urbanizao e obedecendo as diretrizes presentes no Plano de Urbanizao
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aprovado pela Prefeitura. Ainda nessa poca, a cidade j apresenta um grande
nmero de vazios urbanos, em locais at mesmo prximos ao centro da cidade.
Como reflexo da consolidao do adensamento das reas parceladas na
dcada de 50 e 60 e pela reduo do ritmo do crescimento da economia local, a
cidade apresenta uma expanso urbana bem mais lenta na dcada de 70. As
tendncias de expanso ao longo do rio Paraba do Sul e no sentido norte
acompanhando a estrada de ferro e a BR 101 continuam mantidas de maneira mais
branda. No sentido sul da cidade, o crescimento da malha urbana freado pelas
terras de aproveitamento agro-industrial e pelas grandes extenses de terras
pertencentes aos proprietrios das usinas de cana-de-acar, fazendo com que o
adensamento e o crescimento vertical das reas j consolidadas fossemincentivados.
Com o intuito de coibir as irregularidades ocorridas no tecido urbano da
cidade e nas reas menos privilegiadas e carentes de infra-estrutura, o ento
prefeito e arquiteto Raul Linhares elaborou no ano de 1979, com base no Plano
Coimbra Bueno, o Plano de Desenvolvimento Urbanstico e Territorial de Campos
(PDUC). Faria (2005, p. 4789) diz que tal plano fora definido pela tentativa de
promoo de desenvolvimento fsico e territorial urbano do municpio de Campos, deacordo com as relaes scio-econmicas, geopolticas e culturais do momento.
Tanto as entidades pblicas como as privadas deveriam obedecer s leis
consideradas como de efetivao do PDUC: 1) Lei dos Permetros Urbanos; 2) Lei
de Zoneamento e Uso do Solo; 3) Lei de Parcelamento do Solo e 4) Cdigo de
Obras1.
1Essas leis foram revistas no ano de 1998.
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Mapa demonstrando o processo de expanso urbana na cidade de Campos dos Goytacazes
entre metade do sculo XIX e sculo XX. Fonte: ALVES, Maria da Glria e COSTA, AlineNogueira. Monitoramento da expanso urbana no Municpio de Campos dos Goytacazes
R.J. Utilizando o Geoprocessamento.Anais XII Simpsio Brasileiro de SensoriamentoRemoto. Goinia. 2005. Pgina 3734.
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A partir do final do sculo XX e nos primeiros anos do sculo XXI, a cidade
comea a apresentar um acelerado crescimento em direo ao litoral, assim como
continua forte o crescimento urbano ao redor da BR 101 no sentido norte. Esses
dois eixos de crescimento reforam a tendncia das cidades de se expandirem,
deixando o centro j consolidado e adensado em sentido a periferia.
Ainda segundo Faria (2005, p.4789), o que podemos concluir que os
diversos planos urbansticos elaborados para a cidade, por no terem sido
implantados na sua integridade e por falta de intervenes concretas nas reas
perifricas, voltadas para as necessidades das camadas populares, no eliminaram
as contradies do espao urbano da cidade.
Ocupao urbana da rea de estudo - Pelinca
Apesar dos limites envolvendo a nossa rea de estudo j estarem includos
no Plano Urbanstico de Saturnino de Brito no incio do sculo XX, foi na dcada de
40 deste mesmo sculo, aps a formulao do Plano Coimbra Bueno, que a rea
comea efetivamente a ser estruturada. O prefeito Salo Brand estimula o
crescimento dessa rea quando manda executar um projeto de planificao e
urbanizao da Praa da Bandeira, em frente ao novo Hospital da Santa Casa de
Misericrdia, que na poca estava em construo no incio da Avenida Pelinca.
O bairro a sudoeste da cidade resultou do loteamento de partes das terras
pertencentes fazenda da Usina do Queimado, de propriedade da famlia Nogueira.
Segundo alguns historiadores e moradores antigos do local, o nome Parque Pelinca
resultou do nome de um padre que foi morar numa chcara nessas imediaes, oPadre Pelinca.
A ocupao do bairro ocorreu efetivamente nos anos 50, devido basicamente
ao esgotamento das reas centrais e a novidade de se morar afastado do centro, em
casas de estilo moderno, ocupadas por pessoas de mais alta renda.
Na dcada de 70, a Pelinca, assim como outras reas da cidade, comea a
passar por um processo de verticalizao que provocou, e provoca at hoje,
impactos na paisagem urbana e na infra-estrutura da cidade. Sobre esse processode verticalizao Faria diz:
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em torno dos bairros Jardim Maria de Queiroz e Parque Tamandar que severifica um processo de verticalizao mais radical. Mantendo a mesmalgica que orientou a sua ocupao na primeira metade do sculo, diante da
estrutura scio-espacial e urbanstica existente, a se instalam edifciosresidenciais altos, destinados camada de alta e mdia renda. Ao mesmotempo em que vem se consolidando como rea de comrcio e serviosdiversificados, notadamente nos seus principais eixos virios, a AvenidaPelinca e Rua Tenente Coronel Cardoso. (2005, pginas 10 e 11.)
Devido a dificuldade de se manter um bairro com um alto valor do solo num
espao unicamente residencial, a Pelinca foi se diversificando, sendo ocupado por
construes comerciais, caracterizando a rea numa zona de mltiplo uso. Um dos
primeiros comrcios a se instalar no local foi a boutique Zaz. Na poca daconstruo da loja, em 1970, o bairro era formado basicamente de chcaras e
residncias unifamiliares.
A intensa verticalizao, aumentando a densidade formada por indivduos de
alta renda, atrai a instalao de servios e comrcios. Um exemplo disso foi a
construo do Edifcio Baro da Lagoa Dourada (conhecido como Pelinco).
Construdo no final da dcada de 70 s margens da principal avenida do bairro, o
edifcio possui 444 apartamentos com dois quartos cada e distribudos em oitoblocos. A construo desse edifcio demandou, devido ao grande nmero de
moradores, a implantao de comrcios e servios no local. Vale ressaltar que,
aps a construo do Pelinco, foi construdo um centro de compras no mesmo
quarteiro, com diversas lojas e servios.
Outro exemplo de demanda de comrcio e servios na rea foi a construo
do Edifcio Solar da Lechia. Tambm localizado na Avenida Pelinca, o Edifcio,
construdo no incio dos anos 80, constitudo de um nico bloco, com 30apartamentos amplos com varandas, trs quartos e uma rea de lazer comum com
piscina, sauna, quadra e churrasqueira. Formado por uma populao de alto poder
aquisitivo, o edifcio depois de construdo demandou uma srie de servios para que
essa mesma populao, juntamente com a populao j existente no local, pudesse
realizar suas atividades dirias. Foi ento que em 1988 o primeiro grande shopping
foi construdo no local, o Parquecentro Shopping. A construo desse shopping no
local muda de vez a imagem de um bairro unicamente residencial, consolidado a
partir de ento como um eixo de comrcio e servios.
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Edifcio Baro da Lagoa DourFonte: Arquivo pes
O que vemos a
desenfreada, permissiv
ada (Pelinco). Edifcio Solar doal. Fonte: Arquivo
Parquecentro Shopping.Fonte: Arquivo pessoal.
partir da uma verticalizao cada
, do ponto de vista da legislao munic
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a Lechia.pessoal.
ez mais intensa e
ipal. Isso acaba por
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possibilitar um adensamento cada vez maior do bairro, composta por uma
populao com um padro de vida muito alto, desejos cada vez mais especficos,
fazendo com que, alm de um crescimento populacional significativo, tambm haja
um desenvolvimento comercial desorganizado, obedecendo basicamente s leis de
mercado.
2.2 MAPEAMENTO
O mapeamento da rea de estudo foi feito a partir de visitas ao local e atravs
de coletas de dados do Censo Demogrfico 2000 ( IBGE, 2000).
Com todo esse material em mos, pode ser traado um perfil scio-
econmico da populao, alm de mapear o uso do solo e os gabaritos do local.
Pode-se tambm traar os principais trajetos dos usurios da rea, que vem a ser
tanto a populao local como as pessoas que utilizam a rea para trabalhar, estudar,
comprar e se divertir.
2.2.1 Levantamento Fotogrfico
Metodologia utilizada
Para fazer um levantamento fotogrfico estruturado, embasado em conceitos
de anlise da cidade, adotaremos os conceitos de legibilidade e imaginabilidade de
Kevin Lynch e a sua imagem da cidade.Nascido em 1918 Kevin Lynch sempre apresenta em suas pesquisas e suas
obras um olhar sensorial da cidade, onde o habitante tem que sentir onde esto os
limites e os pontos importantes, ou seja, o ponto de partida para Lynch a insero
do homem na cidade.
Em uma pesquisa sobre a forma perceptiva da cidade, em que resultou o livro
A Imagem da Cidade, publicado no ano de 1960, Kevin Lynch adota trs cidade
americanas: Los Angeles, Boston e Jersey-City, como objeto de estudo, e cria apartir da os elementos da imagem da cidade.
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Esses elementos foram divididos em cinco grupos:
Os caminhos vias pelas quais as pessoas circulam de maneira habitual,
podendo ser ruas, caladas e passeios.
Os limites fronteiras entre duas fases, constituindo pontos de referncia
laterais e no eixos de coordenao.
Bairros fragmentos da cidade e que do personalidade a um determinado
local.
Ns so as ramificaes, os cruzamentos e os pontos estratgicos da
cidade onde o observador pode penetrar.
Pontos de referncia outro ponto estratgico da cidade, mas o observador
no pode penetrar neles. Pode ser edifcios, sinais grficos e acidentes
geogrficos.
Demonstrao dos dados
Caminhos:
Rua Cornlio Bastos.Fonte: Arquivo pessoal.
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Rua Manoel Teodoro.
Fonte: Arquivo pessoal.
Rua Dr. Siqueira.Fonte: Arquivo pessoal.
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Avenida Pelinca.
Fonte: Arquivo pessoal.
Avenida 28 de Maro.Fonte: Arquivo pessoal.
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Limites:
Ciclovia na Avenida 28 de Maro.Fonte: Arquivo pessoal.
Bairros:
rea residencial homogenea.Fonte: Arquivo pessoal.
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rea de residncia unifamiliares e ao fundo multifamiliares.
Fonte: Arquivo pessoal.
Ns:
Cruzamento da Avenida 28 de Maro com Rua Voluntrios da Ptria.Fonte: Arquivo pessoal.
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Cruzamento da Avenida Pelinca com Voluntrios da Ptria.
Fonte: Arquivo pessoal.
Cruzamentos da Avenida Pelinca com Rua Conselheiro Jos Fernandes.Fonte: Arquivo pessoal.
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Pontos de referncia:
Hospital da Santa Casa de Misericrdia de Campos.Fonte: Arquivo pessoal.
Shopping Pelinca Square Center.
Fonte: Arquivo pessoal.
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Shopping Parquecentro.Fonte: Arquivo pessoal.
CEFET Campos dos Goytacazes.Fonte: Arquivo pessoal.
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Shopping Avenida 28.Fonte: Arquivo pessoal.
2.2.2 Aspectos scio-econmicos
Metodologia utilizada
O perfil scio-econmico da rea de estudo foi levantado com base em dados
do Censo Demogrfico 2000 (IBGE, 2000). Para isso, procurou-se identificar os
setores censitrios do IBGE que coincidiam com a rea de estudo. Percebeu-se que
um desses setores, alm de incluir nossa rea de estudo, inclua uma parte a mais
do que queramos, mas que para fins de estudo no teria uma importncia
significativa, visto que no se tratava de um setor com caractersticas distintas da
rea.
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Mapa destacando a rea que no faz parte da rea de estudo, mas que pertence ao setor censitrio.
Fonte: Secretaria de obras e urbanismo.
O perfil scio-econmico foi montado por meio de trs variveis: idade mdia
da populao, renda mdia mensal dos responsveis pelo domiclio e escolaridade
mdia desses mesmos responsveis. O fato de ter escolhido esses trs fatores para
traar o perfil da rea est diretamente ligado aos fatores que condicionam a
movimentao das pessoas pela cidade, como foi visto quando conceituamos
mobilidade urbana.
Resultados
Com relao idade mdia da populao da rea, percebemos, de acordo
com o grfico a seguir, que h uma predominncia de pessoas com idade mdia na
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faixa dos 30 a 44 anos, o que mostra uma tendncia de crescimento da populao
da terceira idade para daqui h alguns anos. Para ns, o importante em destacar
essa tendncia diz respeito a implantao de projetos e polticas que visem a
melhorar as questes de acessibilidade universal.
Grfico com a idade mdia da populao da rea de estudo.Fonte: CENSO 2000.
O grfico da renda mdia nominal mensal dos responsveis pelos domiclios
nos mostra a predominncia de uma classe mdia-alta, com a maioria das pessoas
ganhando uma mdia de no mnimo R$ 1.500,00 (renda considerada boa para os
padres de vida da cidade). Percebemos tambm no grfico que, se atentarmos
para um universo de renda acima de dez salrios mnimos, o nmero de pessoas
supera o somatrio de pessoas responsveis pelo domiclio que ganham at cinco
salrios mnimos.
IDADE MDIA
0
10
20
30
40
50
60
0 a 14 15 a 29 30 a 44 45 a 59 60 a 79 acima de80
anos
pessoas
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Grfico de renda mdia nominal mensal das pessoas responsveis pelos domiclios.
Fonte: CENSO 2000
O grfico de escolaridade mdia dos responsveis pelos domiclios est
diretamente ligado ao grfico de renda mdia, visto que quanto maior a renda, maior
o nmero de anos de estudo. E na nossa rea de estudo isso se confirmaplenamente. O grfico mostra um grande nmero de pessoas que possuem o ensino
mdio (antigo segundo grau e que equivale a uma mdia de 10 anos de estudo).
Nota-se tambm que s o nmero de responsveis pelo domiclio que estudaram por
mais de 17 anos j superior ao nmero de responsveis pelo domiclio que
possuem apenas o ensino fundamental.
RENDA MDIA NOMINAL MENSAL -
PESSOA RESPONSVEL PELO
DOMICLIO
0
10
20
30
40
50
60
70
0 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a
15
15 a
20
acima
de 20
salrios mnimos
pessoas
responsveispelo
domiclio
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Grfico de escolaridade mdia dos responsveis pelos domiclios.
Fonte: CENSO 2000.
2.2.3 Uso do solo
Metodologia utilizada
Para a classificao dos usos do solo na rea de estudo, foi tomada como
base a classificao do uso do solo presente na Lei de Zoneamento do municpio de
Campos dos Goytacazes do ano de 1998.
A lei define que os usos e atividades implantadas no solo municipal devero
conter as seguintes classificaes: residencial, comercial, servios, industrial,
institucional e misto. Quanto conceituao desses usos, a lei divide o usoresidencial em residencial unifamilar (com edificaes destinadas habitao
contendo uma unidade por lote) e multifamiliar (com edificaes destinadas
habitao correspondendo a mais de uma unidade por lote).
Ainda de acordo com a lei, o uso comercial diz respeito a atividades de
comrcio voltadas para uso comercial, assim como aquelas voltadas para
comercializao de produtos e artigos de uso pessoal e domstico, drogarias,
papelarias, livrarias, lojas, floriculturas, veculos e acessrios, lojas especializadas,
vidraarias e outras atividades similares.
ESCOLARIDADE M DIA - RESPONS VEL PELODOMICLIO
0
5
10
15
20
25
30
0 a 4 5 a 8 9 a 11 12 a 16 17 ou mais
anos estudados
pessoasrespnsveis
pelodomiclo
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O uso do solo com que recebe a classificao de servios nos remete a
atividades ligadas ao atendimento s pessoas como salo de beleza, consultrios,
escritrios, agncias bancrias, lavanderias, restaurantes, hotis, postos de
abastecimento e outras atividades similares. Vale destacar que para confeco do
mapa de uso do solo, os servios sero marcados juntamente com o comrcio.
No uso institucional esto compreendidos espaos ou instalaes voltados ao
atendimento da populao com atividades de educao, sade, cultura, lazer,
recreao, culto religioso, esportes, administrao e servios pblicos, terminais de
transportes, praas, rodovirias e outros usos semelhantes.
O ltimo fator que ser usado em nosso mapa o uso misto, que
compreende atividades de natureza distintas desenvolvendo-se em um mesmo loteou edificao, como residncia e comrcio, residncia e servios ou comrcio e
indstria e demais combinaes possveis.
Representao dos dados
Aps o mapeamento feito na rea de estudo, podemos fazer uma anlise de
seu uso e ocupao do solo em trs partes: a primeira parte, que desperta nossa
ateno, o grande eixo de comrcio e servio formado na Avenida Pelinca. Apesar
de dois dos maiores condomnios residenciais da nossa rea estarem situados
nessa avenida (Edifcio Baro da Lagoa Dourada, conhecido como Pelinco e
Edifcio Solar da Lechia) o que predomina o comrcio e servio, principalmente por
estar ali presente dois dos grandes shoppings da cidade e um centro de compras,
alm das lojas, bares, restaurantes e bancos.A segunda anlise feita dentro dessa vertente a ocupao residencial
unifamiliar existente. Demonstrando que ainda existe um tecido urbano antigo que
resiste s especulaes imobilirias atuais.
O ltimo fato que nos faz prestar ateno quanto quantidade de vazios
urbanos existentes na rea. De uma forma geral, vazios urbanos podem ser
compreendidos como lotes no edificados dotados de infra-estrutura de esgoto,
gua e transportes. certo que alguns desses vazios, hoje em dia, soestacionamentos rotativos, ou seja, tm uma funo clara, mas para nvel de
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pesquisa adotaremos esses estacionamentos como vazios urbanos, uma vez que
percebe-se que a permanncia de muitos deles s se d em virtude de uma
valorizao de rea at uma futura venda.
2.2.4 Gabaritos
Metodologia utilizada
O mapeamento dos gabaritos da rea de estudo foi feito com o mesmoparmetro de dados do mapeamento de uso do solo, que nos d uma noo de
como vai se comportar o mapa de gabarito do local.
Para que consegussemos fazer um mapa de gabaritos, inicialmente
delimitamos trs faixas de alturas: gabaritos at 6,00m de altura; gabaritos entre
6,00m e 10,00m de altura e gabaritos acima de 10,00m de altura. Vale destacar que
uma residncia unifamiliar de um pavimento equivale a uma altura mdia em torno
de 3,00 a 4,00m.
Representao dos dados
Como foi dito anteriormente, o mapa de uso do solo j nos apresenta uma
noo de como seria o gabarito da rea, posto que o eixo de comrcio e servio,
observado no mapa anterior, leva a um eixo com os maiores gabaritos nesse mapa.
Quanto grande rea de residncias unifamiliares, instaladas no interior da rea de
estudo, nos mostra uma rea de baixo gabarito, na sua maioria at 6,00m de altura.
Outro fato, que deve ser destacado, diz respeito ao baixo gabarito da Avenida
28 de Maro. Apesar dessa via ser uma eixo de comrcio e servio previsto na Lei
de Zoneamento da cidade e das suas extremidades possurem gabaritos acima de
10,00m, podemos observar ainda um nmero grande de construes com gabaritos
at 6,00m. Essa anlise tambm ser importante no decorrer do trabalho.
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2.2.5 Hierarquizao viria:
Metodologia utilizada
Para poder hierarquizar as vias dentro de nossa rea de estudo, foi usada
como referencial a classificao viria presente na Lei de Parcelamento do Solo do
municpio de Campos dos Goytacazes de acordo com as seguintes categorias e
larguras mnimas:
Vias arteriais: largura mnima de 36,00m e passeio mnimo de 6,00m;
Vias coletoras ou distribuidoras: largura mnima de 30,00m e passeio mnimo
de 3,00m;
Vias de circulao ou penetrao: largura mnima de 14,00m e passeio
mnimo de 2,50m;
Vias locais ou de impasse: largura mnima de 10,00 e passeio mnimo de
2,00m.
Representao dos dados
Aps anlises feitas na rea, podemos concluir que as vias arteriais, de maior
largura, no teriam representao em nosso mapa.
Foi definida como vias coletoras a Avenida Pelinca, perimetral norte da rea
de estudo e Avenida 28 de Maro, perimetral sul. Alm de serem as vias que se
enquadram no conceito da Lei de Parcelamento do Solo, elas servem de entrada e
sada de pessoas e produtos e interliga a rea de estudo com vrias partes dacidade.
As vias de circulao e penetrao da rea estudada so as Ruas Voluntrios
da Ptria, Conselheiro Jos Fernandes, Baro da Lagoa Dourada e Rua Dr.
Siqueira. Essas vias absorvem tambm o trnsito das vias coletoras.
Por fim, demarcamos as vias locais ou de impasse como as Ruas
Desembargador Alberto Ferreira da Silva Pinto, Rovenil R. Moraes, Campos Sales,
Manoel Teodoro, Silva Jardim, Cornlio Bastos e Travessa Ferreira. Essas viaspossuem um trnsito bem menos intenso que as outras e servem tambm de ligao
interna da rea.
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2.2.6 Mobilidade e trajeto de usurios
Metodologia utilizada
O trajeto dos usurios da rea de estudo foi feito a partir de anlise no
estruturada no local levando em considerao duas variveis. A primeira est
relacionada aos pontos de maior atrao e demanda de pessoas e a segunda, aos
eixos de circulao de veculos. A partir da foram escolhidos trs pontos que atraem
um nmero grande e contnuo de pessoas e trs eixos de circulao de veculos.
Representao dos dados
O primeiro eixo observado conforme o mapa foi Avenida 28 de Maro.
Demarcado com o nmero 1, esse eixo apresenta um grande fluxo de carros que
cortam a rea para acessar outras partes da cidade. O trajeto de pedestres feito
nessa parte basicamente da Avenida 28 de Maro em sentido ao interior da rea
de estudo ou no sentido contrrio, do interior da rea de estudo Avenida 28 de
Maro. Esse trajeto na sua maioria feito com intuito de se locomover por meio dos
nibus que trafegam por essa Avenida. Vale ressaltar que das cinco linhas de nibus
que passam pela rea, quatro passam pela 28 de Maro, e por isso a importncia
desse trajeto para o local.
O segundo trecho demarcado no mapa est situado no outro extremo da
nossa rea, a Avenida Pelinca, demarcado com o numero 2. Como o principal eixo
de comrcio e servio da rea de estudo, essa avenida atrai trajetos de vrios tipos
de usurios. Aqueles que vm a trabalho e que acessam a rea a p vindo
basicamente da Avenida 28 de Maro ou pela direita da Avenida Pelinca partindo da
Rua Hlion Povoa (Beira Valo), como tambm dos prprios moradores do local,
que fazem o trajeto a p do interior da rea de estudo em direo principalmente aos
shoppings e bancos localizados nesse eixo. Vale ressaltar que esse trecho, apesar
de ser o principal no que tange ao acesso ao comrcio e servio, atendido por
apenas uma linha de nibus.
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O trajeto feito de carro nesse segundo trecho tem o intuito de acessar ou os
servios localizados nessa rea ou outras reas situadas posteriores a nossa rea
de estudo, pois a Avenida Pelinca segue sendo um eixo de comrcio e servio at o
seu final, na Rua Tenente Coronl Cardoso, rea no estudada nesse trabalho.
O ponto de trajeto demarcado no mapa com o nmero 3diz respeito a Rua
Voluntrios da Ptria. Esse eixo importante, pois faz a permeabilidade da rea de
estudo e liga a Avenida 28 de Maro ao centro da cidade, na Avenida XV de
Novembro, passando assim pela Avenida Pelinca. Mas o fato que vem despertado a
ateno desse eixo o aumento do trajeto de usurios a p, fazendo um eixo de
servio secundrio, interligando os trs principais shoppings da rea - Parquecentro,
Pelinca Square e Shopping Avenida 28.Passando agora para os pontos que atraem grande nmero de pessoas, foi
marcado no mapa com o nmero 4o CEFET Campos. O centro de educao exerce
uma fora grande dentro da rea, no que diz respeito aos trajetos de usurios, uma
vez que h uma necessidade diria de se chegar at esse local, seja para estudo ou
trabalho. Esse trajeto feito basicamente pela Avenida 28 de Maro por meio de
carro, nibus ou at mesmo de bicicleta, pela ciclovia que corta a avenida.
Outro trajeto usado nesse ponto a Rua Baro da Lagoa Dourada, emsentido ao centro da cidade e passando pela Avenida Pelinca. Esse trajeto feito
pelos usurios do lado superior a nossa rea de estudo, e que no utilizam a
Avenida 28 de Maro para chegar ao CEFET.
O quinto ponto de trajeto de usurios da nossa rea a Santa Casa de
Misericrdia de Campos, marcado com o nmero 5no mapa. O curioso de observar
nesse local que o acesso dos usurios feito a p, vindo do sentido centro. Esse
fato pode ser explicado pela falta de linhas de nibus que vm do centro da cidadeem direo a esse ponto.
O ltimo ponto de importncia de trajeto de usurios na rea de estudo o
shopping Avenida 28, marcado com o nmero 6. O shopping, recentemente
inaugurado, vem imprimindo uma movimentao muito grande de pessoas. As que
vo a trabalho e basicamente utilizam como meio de acesso as linhas de nibus pela
Avenida 28 de Maro ou a p, pelo interior da rea de estudo. Aqueles que buscam
acessar o shopping em busca de lazer e servios que ele proporciona o fazem
tambm de nibus ou de carro pela Avenida 28 de Maro em sentido a Rua Cornlio
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Bastos (entrada de estacionamento do shopping) ou pela Rua Voluntrios da Ptria
at a Rua Dr. Siqueira, tambm em sentido ao estacionamento.
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2.2.7 Infra-estrutura de mobilidade urbana
Metodologia utilizada
Para identificar os elementos da infra-estrutura de mobilidade urbana dentro
da rea de estudo, foi levado em considerao o sistema de mobilidade urbana
exemplificado no quadro da pgina 10. Nesse quadro, a parte do sistema
identificada como infra-estrutura de mobilidade urbana caracterizada por vias e
logradouros pblicos, estacionamentos, terminais, estaes e demais conexes,
pontos para embarque e desembarque de passageiros e cargas, sinalizao viria ede trnsito, equipamentos e instrumentos de controle, fiscalizao e arrecadao de
taxas e tarifas. Informamos que alguns desses elementos no esto presentes em
nossa rea de estudo e no sero, portanto, objeto de anlise.
Representao dos dados
De posse desses elementos, foi feita uma anlise estruturada do local que
gerou um mapa com as reas de estacionamentos e pontos de embarque e
desembarque de passageiros, alm de um levantamento fotogrfico com os outros
elementos dessa parte do sistema.
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Vias e logradouros pblicos:
Avenida Pelinca.Fonte: Arquivo pessoal.
Rua Baro da Lagoa Dourada.Fonte: Arquivo pessoal.
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Sinalizao viria e de trnsito:
Foto ilustrando a sinalizao semafrica e a faixa de pedestre mal demarcada.Fonte: Arquivo pessoal.
Foto ilustrando as placas de trnsito e ao fundo as placas com os nomes das ruas.Fonte: Arquivo pessoal.
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Equipamentos e instalaes:
nico abrigo de passageiros em toda a rea de estudo, situado a Rua Baro da Lagoa Dourada.Fonte: Arquivo pessoal.
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2.3 CONSIDERAES
Aps a descrio da formao da rea e do mapeamento feito, constatou-se
que os bairros que configuram a rea de estudo desde sua formao foi ocupado
por pessoas de maior poder aquisitivo. S que os motivos pelos quais essas
pessoas foram morar nessa rea modificaram um pouco com o passar dos anos.
Quando o local foi ocupado, as pessoas foram residir na ento periferia da
cidade, em amplas construes unifamiliares ou em chcaras existentes no local e
para que assim pudesse ter o gosto de morar afastado de um centro j adensado.
Hoje, o que podemos observar que a opo de moradia nessa rea pode ser
considerada pela comodidade ou at pela questo relacionada ao status de se
morar na rea mais valorizada da cidade, mesmo que isso acarrete viver em
pequenos apartamentos e numa rea adensada urbanisticamente.
O padro de vida, que j era alto na poca da ocupao do bairro, continua
at os dias atuais, fazendo com que a rea possua um das maiores mdias de renda
da cidade. Um fato curioso, que devemos destacar e que diz respeito ao perfil da
populao do local, o grande nmero de pessoas de meia idade. Se analisarmos
que esses dados foram obtidos de CENSO 2000, ou seja, h quase 10 anos, a rea
de estudo tem uma grande possibilidade de se transformar em breve em um local
com um nmero grande de idosos. Fato verificado em bairros que, como a Pelincaem Campos dos Goytacazes, teve uma crescente expanso urbana e verticalizao
como o bairro de Copacabana no Rio de Janeiro.
Quanto aos fatores de uso do solo do local, o fato mais relevante a
quantidade de residncias unifamiliares ali encontradas, conforme pode ser
verificado no mapa de uso do solo (pgina 51), em que a grande mancha em verde
a representa. Essas casas, acreditam