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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: a importância das relações vinculares para o bom desempenho escolar Cláudia Andréa Menegatti Pereira APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: a importância das relações vinculares para o bom desempenho escolar

Cláudia Andréa Menegatti Pereira

APARECIDA DE GOIÂNIA

2010

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CLÁUDIA ANDRÉA MENEGATTI PEREIRA

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: a importância das relações vinculares para o bom desempenho escolar

Monografia apresentada ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da professora Ms. Míriam Gomes Avelar de Morais, como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Pedagogia.

APARECIDA DE GOIÂNIA 2010

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FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: a importância das relações vinculares para o bom desempenho escolar

Aparecida de Goiânia, 15 de dezembro de 2010.

EXAMINADORES

Orientadora - Prof.(a) Ms. Míriam Gomes Avelar de Morais - Nota: ___ / 70

Primeiro examinador - Prof.(a) Ms. ----- - Nota: ___ / 70

Segundo examinador - Prof.(a) ----- - Nota:___ / 70

Média parcial - Avaliação da produção do Trabalho: ___ / 70

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os professores do curso de Pedagogia, que deixaram um

pouco de suas experiências e conhecimentos, às pessoas que direta ou

indiretamente torceram e me entenderam nas fases boas e ruins e especialmente

aos meus alunos da minha primeira regência, que fazem com que meus momentos

com eles sejam de muito aprendizado.

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Dedico esse trabalho primeiramente a Deus e ao Henrique Coimbra, pessoa que me incentivou a entrar na faculdade e fazer o curso de Pedagogia, que era um sonho adormecido.

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SUMÁRIO

RESUMO.............................................................................................................. 07

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 08

CAPÍTULO I - A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO DO

SUJEITO .............................................................................................................. 09

1.1 A importância da família na formação do sujeito ................................. 09

1.2 Relações afetivas e a aprendizagem ................................................... 11

CAPÍTULO II – O DESEMPENHO DE PAPÉIS NO VÍNCULO COM O

CONHECIMENTO ............................................................................................... 14

2.1 O papel da família ................................................................................ 15

2.2 O papel da escola ................................................................................ 18

2.3 A parceria família e escola na contribuição do bom desempenho

escolar da criança nas séries iniciais......................................................... 20

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 23

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 25

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RESUMO

O presente estudo busca analisar a importância dos vínculos afetivos na formação do sujeito e em seu processo de aprendizagem, enfatizar a questão da comunicação familiar como fator que pode contribuir para a estruturação do pensamento da criança e discutir a repercussão das relações afetivas na vinculação com o conhecimento. Pretende também mostrar que a qualidade das relações vinculares estabelecidas no primeiro ano de vida da criança influencia em suas relações futuras. Será analisada a necessidade de se construir vínculos afetivos na relação professor-aluno, aluno-aluno e enfim a relevância em construir uma relação de parceria entre escola e família, buscando planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que as crianças e adolescentes tenham uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola. A metodologia utilizada para a realização desse trabalho constitui-se em vários teóricos especializados no assunto em pauta: Maria Lúcia de Arruda Aranha; Leila Sara José Chamat; Vitor da Fonseca; Fermino Fernandes Sisto; Beatriz Scoz; Evelin Boruchovitch; Isabel Parolin; Heloisa Szymanski; Zilma Ramos de Oliveira; Marta Kohl de Oliveira. PALAVRAS-CHAVE: Vínculos. Escola. Família. Aprendizagem.

ABSTRACT

This study aims to analyze the importance of affective bonds in the formation of the subject and in their learning process, to emphasize the issue of family communication as a factor that may impede the child to structure and solve their thoughts that generate fears and anxieties and to discuss the impact of affective relations in connection with the knowledge. It also shows that the quality of relations vinculares established in the first year of life of the child influences in their future relations. Will be examined the need to build bonds in affective teacher-student relation, student-student and finally to relevancy build a partnership between school and family, seeking to plan, establish minimum commitments and arrangements for children and adolescents have an education quality both at home and at school. The methodology used to conduct this work is in several theoretical expertise in the subject at hand: Maria Lucia Aranha de Arruda; Leila Sara Joseph conspicuous; Vitor da Fonseca; Fermino Fernandes Sisto; Scoz Beatriz; Boruchovitch Evelin; Isabel Parolin, Heloisa Szymanski ; Zilma Ramos de Oliveira, Marta Kohl de Oliveira.

KEY WORDS: Bond. School. Family. Learning.

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INTRODUÇÃO

O interesse por esse tema surgiu a partir da observação de crianças no

ambiente escolar. Muitas das crianças que sofrem com problemas no lar e com a

ausência da família na escola, demonstram dificuldades de aprendizagem. A

pesquisa em questão tem como ponto de partida os seguintes questionamentos:

Qual a importância do vínculo afetivo na formação da criança? Como promover uma

parceria na relação família/escola? Quais as vantagens da parceria família e escola

para o bom desempenho escolar do educando?

O objetivo desse trabalho, então, é discutir sobre a importância do vínculo

afetivo e a parceria escola e família para um bom desempenho escolar do aluno,

além de apontar sugestões que possam contribuir para que haja uma verdadeira

aproximação da família e escolas. Outro ponto importante é a distinção de papéis

entre família e escola e suas responsabilidades para que esse vínculo seja

significativo no processo de ensino aprendizagem do aluno e sua valorização junto à

sociedade.

O trabalho busca compreender como a escola pode desenvolver atividades

para atrair as famílias, promovendo uma aproximação de qualidade. O texto chama

a atenção para a importância das relações vinculares para a formação integral do

sujeito, resultando em bom desempenho escolar. Para que haja aprendizagem, os

dois aspectos devem estar funcionando bem, o aspecto objetivo, ou seja, o

cognitivo, a inteligência e o aspecto subjetivo, que são os emocionais, relacionados

às relações vinculares desde o nascimento do sujeito.

Para discutir sobre essas questões o presente trabalho foi sistematizado em

dois capítulos, a introdução e as considerações finais. O primeiro capítulo foi

intitulado A Importância da Afetividade na Formação do Sujeito e o segundo

capítulo aborda O Desempenho de Papéis no Vínculo com o Conhecimento.

Assim, pretende-se apresentar a importância das relações vinculares na

aprendizagem, tornando esta mais significativa e, consequentemente, promovendo

um melhor desempenho escolar do aluno.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂCIA DA AFETIVIDADE NA FORMAÇÃO DO SUJEITO

1.1 A importância da família na formação do sujeito

O interesse por estudos sobre família e infância é relativamente recente.

Aranha (2006) afirma que os historiadores começaram a pesquisar sobre o assunto

a partir do século XIX, mas se restringindo às famílias mais ricas, devido ao acesso

à cultura escrita, pois deixaram muitos documentos, como arquivos notariais, diários

e cartas.

As crianças eram misturadas aos adultos quando já não tinham mais a

atenção constante da mãe ou até mesmo da ama, vestiam-se como todos os outros,

não havia um traje especial. “Isso não significa que as crianças não fossem amadas

ou atendidas nas suas necessidades, mas que elas não viviam à parte do mundo

adulto, por estarem integradas a ele desde cedo”. (ARANHA, 2006, p. 98).

Quando se fala em família, estamos nos referindo à família nuclear conjugal

composta por pai, mãe, e filhos, mas nem sempre foi assim. Na Idade Média já

existiam o modelo de famílias extensas e outros modelos que variavam de acordo

com o tipo de atividade, posição social e até mesmo localização geográfica.

Atualmente a chamada família nuclear conjugal encontra-se num processo de

transformação.

As crianças nem sempre ocuparam o lugar que ocupam hoje e nem sempre receberam cuidados que merecem. Os casamentos nem sempre foram por amor, pois nem sempre as pessoas tinham o direito de escolher seus parceiros e as casas nem sempre foram o reduto privado de um núcleo familiar (SZYMANSKY, 2009, p. 21).

Pais e mães assumem posições cada vez mais competitivas no mercado de

trabalho. Então, enquanto que, antigamente, as funções exercidas dentro da família

eram bem definidas, hoje pai e mãe, além de assumirem diferentes papéis,

conforme as circunstâncias saem todos os dias para suas atividades profissionais.

Assim, observa-se que, em muitos casos, crianças e adolescentes acabam ficando

aos cuidados de parentes, estranhos ou das chamadas babás eletrônicas, como a

TV e a Internet, e vêem seus pais somente à noite. Isabel Parolin afirma que

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A grande arte da família é manter-se família, seja ela composta por pai, mãe e filhos; por mãe e filhos; por padrasto, mãe e filhos; por avó, mãe e filhos/ netos; por avô, mãe e filhos ou outras composições. É continuar promovendo o desenvolvimento, a mudança e permanecer sendo família

(PAROLIN, 2007, p. 38).

A autora mostra que independente de diferenças e mudanças que a vida

possa oferecer à família, ela se faz necessária para o desenvolvimento e formação

dos indivíduos. As responsabilidades entre os membros mudam, é onde cada um

deverá mover-se e reestruturar-se, de forma que consigam passar pelos

acontecimentos de maneira adequada, sofrendo com as marcas do amadurecimento

e redefinir novas formas de manter a família unida.

A família deve constituir num núcleo duradouro, mas que aceite mudanças; um núcleo afetivo e funcional em que cada um cuide de si e do outro, compreendendo o outro como um ser inteiro e dotado de inteligência e desejos próprios; um núcleo que promova pertencimento, mas que, ao mesmo tempo, possibilite individuação (PAROLIN, 2007, p. 38).

A autora esclarece que cada um é capaz de construir uma ideia de família,

devendo criar um espírito de solidariedade, cooperação e ajuda mútua e ao mesmo

tempo promover a autonomia. A família deve ser vista como núcleo afetivo e

funcional que promove a formação do sujeito. O êxito do processo educacional

depende, e muito, da atuação e participação da família, que deve estar atenta a

todos os aspectos do desenvolvimento do educando.

O afeto desempenha um papel essencial no funcionamento da inteligência.

Sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e

consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria

inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência.

Essa afetividade começa na família e se estende para outros

relacionamentos. Se há falta de vinculação afetiva familiar, pode haver também um

impedimento para a construção de novos vínculos no ambiente escolar, e

consequentemente, impedir a criança de se mobilizar para a aprendizagem.

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1.2 Relações afetivas e a aprendizagem

A formação das estruturas afetivas inicia-se desde o primeiro contato do bebê

com a mãe. A forma como ela cuida é fundamental para a inicialização de uma

relação forte e saudável que irá futuramente intervir em outras relações.

A privação de relações vinculares pode ocasionar uma ruptura no

desenvolvimento do pensamento, bloqueio das emoções, medo, dor e desequilíbrio.

Ao encontrar situações de crianças que se mostram incapazes para a

aprendizagem devido à oligotimia1, os professores mostram-se também impotentes

para diagnosticarem esse problema. O olhar do professor para o seu aluno é

indispensável para a construção e o sucesso da sua aprendizagem. Isto inclui dar

credibilidade as suas opiniões, valorizar sugestões, observar, acompanhar seu

desenvolvimento e demonstrar acessibilidade, disponibilizando mútuas conversas.

Não deve reproduzir em sala de aula a relação familiar deficitária onde, muitas vezes, esta salienta as deficiências da criança e não as eficiências; comparando-a com outra, ou maternalizando-a, impedindo seu crescimento e ou compensando a falta de vínculos com mensagens fúteis, mantendo uma comunicação falsa e encobridora. (CHAMAT, 1997, p.72).

É muito importante o envolvimento de um professor com seu aluno, o vínculo

de amizade e respeito mútuo pelo saber. Realmente é muito difícil ser um bom

professor quando não se tem nenhum tipo de contanto, vínculo com seu aluno. Cada

criança pode aprender com as experiências, e juntamente com elas, estão os

sentimentos, emoções, desejos.

O papel do professor na vida de um educando é muito importante porque ele

pode influenciar diretamente com suas atitudes, por isso, quando um professor

tentar ajudar o aluno, tem que ter muito cuidado, porque se não há preparo

suficiente pode acabar piorando a situação. Segundo Pichon-Rivière (1982), olhar é

escutar, é considerar o que acontece com a criança em permanente interação com

os objetos. É preciso compreender a criança ao observar sua fala, fazendo uma

leitura de seu corpo, como ela se coloca diante da tarefa, como se sente, como pega

no lápis, como se envolve com o caderno ou livro.

1 Oligotimia - Criança com uma escassez de informações que situa numa posição inferior às demais

crianças.

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Habilidades sociais e competências interpessoais são desenvolvidas no

contexto das interações. Assim que entram na escola, as crianças se deparam com

esse contexto, como o relacionamento com seus colegas, professores, sentem a

necessidade de se auto avaliarem reconhecendo suas habilidades e comparando-as

com os demais colegas da mesma idade. Uma relação calorosa e aberta entre

professores e alunos contribui para a eficácia de atitudes positivas acerca da escola

quanto à aprendizagem significativa, desenvolvendo habilidades cognitivas e

interesse, havendo também relações de conflitos de forma benéfica.

Interações que não privilegiem a competência e o reconhecimento de potencialidades e que não promovam autonomia e o senso de pertencimento podem ser deletérias, gerando um ambiente ansioso e até mesmo agressivo, com repercussões na motivação e/ ou segurança para participar e explorar o ambiente escolar (BORUCHOVIT; BZUNECK, 2004, p. 209).

Vivências negativas nesse contexto contribuem para relações negativas, pois

se sentem rejeitados e vitimizados, sendo assim, a tendência é desenvolver atitudes

negativas em relação à escola.

O estabelecimento de relações com colegas de aula, as interações nos

grupos são benéficos para discussões e resoluções de conflitos de forma saudável,

entra então a amizade, uma relação voluntária e recíproca, uma extensão do vínculo

familiar para outras relações vinculares. As interações influenciam de forma positiva

na aprendizagem das crianças e adolescentes, onde é capaz de gerar sentimentos

que podem reduzir a ansiedade, tolerar frustrações, reconhecer e respeitar as

diferenças.

Vygotsky (In Oliveira, 2005) “concebe o homem como um ser que pensa,

raciocina, deduz e abstrai, mas também como alguém que sente, se emociona,

deseja, imagina e se sensibiliza”. O professor deve reconhecer cada aluno seu de

forma singular, respeitando suas particularidades, individualidades e buscar

instrumentos que favoreçam sua aprendizagem. É necessário que o educador saiba

administrar os conflitos e emoções demonstradas pelos alunos, trazidas do seu

mundo interno.

Quando a criança entra na escola, ela passa a viver sob outros contratos, estabelece outras relações, submete-se a outras regras e convive a partir do que já construiu em sua vida afetiva. Reconhecer emoções como parte

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do ato de aprender e identificar a reciprocidade entre afetividade e inteligência como um agente interativo á atividade de construir conhecimento, é essencial para que nós educadores possamos planejar e administrar uma ação verdadeiramente educativa (PAROLIN, 2007, p. 74).

A relação de amizade na escola pode servir como fator de proteção, o

contrário disso pode gerar um processo de vitimização onde a pessoa é forçada a

sair do grupo e isso pode representar riscos para o seu desenvolvimento. Ser

vitimizado não é fácil de ser superado e, muitas vezes, se torna um estigma.

A afetividade é um conceito bem abrangente, em cujo bojo encontra-se o desenvolvimento da pessoa. Ela é tão importante quanto à inteligência e não é sentimento e nem emoção. Ela nasce antes da inteligência e é, portanto ponto de partida para o desenvolvimento de uma pessoa. A partir da interação com o outro, a criança socializa-se e começa a manifestar-se emocionalmente (PAROLIN, 2007, p. 75).

Nesse caso a afetividade a medida que sofre influências do meio racional há

uma modificação. A vida afetiva sofre influência da vida intelectiva, e vice-versa,

portanto, enquanto um indivíduo se desenvolve, suas necessidades afetivas tornam-

se prioridades cognitivas. Entende-se que as emoções fazem parte do sujeito que

aprende e do sujeito que ensina, ouvir os educandos contarem suas experiências

vividas propicia um ambiente onde todos aprendem, inclusive o professor.

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CAPÍTULO II

O DESEMPENHO DE PAPÉIS NO VÍNCULO COM O CONHECIMENTO

Tanto a escola quanto a família são instituições importantes para a

socialização. Chamar os pais para as escolas é uma forma de contribuir para a

melhoria do ensino, de humanizar as relações entre grupo gestor, alunos, pais e

comunidade, de melhorar a qualidade de vida e, nesse contexto, os professores

trabalham mais otimistas. Esse processo propicia ao aluno uma segurança na

aprendizagem de forma que venha formar cidadãos críticos capazes de enfrentar a

complexidade de situações que surgem na sociedade, trazendo mudanças de

melhorias tanto no aspecto político, social, cultural e econômico.

A escola sozinha não é capaz de solucionar os problemas sociais, ela

contribui sim no processo de mudanças significativas para melhorias em nossa

própria história, mas para que isso ocorra é importante esclarecer o papel da escola,

dos pais e da comunidade.

O professor não tem um papel terapêutico em relação à criança e sua família, mas o de conhecedor da criança, de consultor, apoiador dos pais, um especialista que não compete com o papel deles. Ele deve possuir habilidades para lidar com as ansiedades da família e partilhar decisões e ações com ela (OLIVEIRA, 2005, p.181).

Quando a criança apresenta problemas para aprender, a forma com que a

família reage pode agravar ou ajudar sua recuperação. Conforme Beatriz Scoz

(1994, p. 145) “para que se possa ter informações sobre os fatores que interferem

na aprendizagem e buscar caminhos adequados para ajudar a criança, é necessário

o contato com as famílias”. Através do contato dos professores e a família, é

possível que haja orientação na qual os pais possam compreender a enorme

influência das relações familiares no desenvolvimento dos filhos e a gravidade

quanto à falta desse contato.

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Qualquer programa destinado às famílias deverá contemplar os grupos familiares concretos, nas suas condições de vida, nas suas possibilidades de soluções para os desafios do cotidiano e nos seus contextos socioculturais. Além disso, antes de se iniciar qualquer trabalho, é necessário que os próprios profissionais envolvidos se conscientizem se seus próprios modelos de família e de seus preconceitos em relação aos “desvios” desse modelo e conheçam as famílias com as quais vão trabalhar nos seus contextos históricos e sociais. (SZYMANSKI, 2009, p.43).

Quando se necessita de atendimentos educacionais especializados, as

escolas têm o papel de informar os pais e encaminhar a criança com dificuldades de

aprendizagem.

Existem instituições públicas e privadas com equipes multiprofissionais para

receber, avaliar e intervir, contribuindo para o processo de aprendizagem de

crianças e adolescentes.

A formação dos médicos pediatras nem sempre os capacita para atender o processo de aprendizagem e o contexto onde o aluno está inserido. Isso os leva, muitas vezes, a afirmar que a acriança não tem nada, desestimulando os pais a tomarem qualquer providência para socorrer os filhos em suas dificuldades (SCOZ, 1994, p. 149).

Portanto, as crianças são prejudicadas, perdem a oportunidade de ter

solucionados os seus problemas, correndo ainda o risco de piorar seu rendimento

escolar.

2.1 O papel da família

Conforme Chamat (1997), consequências desastrosas podem ocorrer devido

à separação mãe-bebê nos primeiros dias e até nos primeiros meses de vida. Em

situações onde ambos ficam afastados, seja por problemas de saúde ou por

rejeição, podem ocasionar um corte abrupto no vínculo e, consequentemente, na

cristalização do afeto. Nesse caso, situações novas da vida, podem ser

ameaçadoras e frustrantes para o bebê.

[...] a dificuldade da criança em enfrentar seus medos diante de situações novas e desconhecidas, poderia ser oriunda dessa privação afetiva, impedindo o prazer em penetrar no mundo das ideias, dificultando novas aquisições (CHAMAT, 1997, p. 86).

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Ainda relacionado à importância do vínculo materno com o bebê, no

processo de aprendizagem ou aquisição do conhecimento, conforme a autora, todo

conhecimento só pode ser sentido como prazeroso se nos primeiros meses de vida

a relação com a mãe foi percebida como prazerosa.

A família faz parte, ou pelo menos deveria fazer de todo o processo de

desenvolvimento da criança, oportunizando interações mediatizadas. A família deve,

por exemplo, contribuir para que a criança se vincule ao prazer, mas também às

responsabilidades, pois a capacidade que a criança tem de tolerância à frustração,

constitui-se um fator determinante do pensar. A criança ao desenvolver certo nível

de tolerância, auxiliada pela família, estará apta, futuramente, a suportar e enfrentar

o medo à confusão, ao desequilíbrio e ao conflito.

A família pode fazer a diferença no processo de ensino-aprendizagem,

começando antes na vida escolar da criança, e mudar o conceito de que a educação

é responsabilidade apenas da escola.

Percebe-se que muito tem sido transferido da família para a escola, funções

que eram das famílias: educação sexual, definição política, formação religiosa, entre

outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a família perde a função.

Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizado, mas também um

campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A escola poderá

desempenhar o papel de parceira na formação de um indivíduo autônomo, seguro e

ético.

À família cabe o papel de transmitir os valores morais e a ideologia de vida, e

ser firme quanto a isso. A família deve acompanhar o desenvolvimento dos filhos

quanto a lição de casa, jamais deve fazê-la no lugar dos filhos, mas ser mediadora e

promover a autonomia.

É necessário que os pais promovam uma rotina de estudos e limites,

propiciando um ambiente caloroso e acolhedor, sendo rigorosos com relapsos e

irresponsabilidades. Valores como generosidade e honestidade devem ser

ensinados pelos pais em casa e devem ser continuados na escola. Em relação às

obrigações escolares, o “dever de casa”, deve-se iniciar na sala de aula e deve sim

ser acompanhado pelos pais, mas seu processo que começou na sala de aula deve

ser terminado em sala de aula.

Os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que eles falam, o

que eles fazem, suas atitudes e comportamentos. Eles se comunicam de várias

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formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento,

choro, silêncio. Outras vezes, gritos, rebeldia, fugas, notas baixas na escola,

mudanças na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes.

A cultura da violência (física ou simbólica) presente em muitas famílias (agressões, espancamentos, ameaças, castigos, humilhações), os abusos sexuais existentes em muitas delas, a diminuição da disponibilidade de tempo que os pais tem que ficar com os filhos, o conhecimento de casos de abandono da criança (desde não lhe trocar a fralda por muitas horas até trancá-la no quarto ou deixá-la por um longo tempo vendo TV) arranham a imagem da família com ambiente protetor de sua prole (OLIVEIRA, 2005, p.176).

Os pais devem perceber os filhos. Muitas vezes, através do comportamento,

estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correria do dia-a-dia, nem

prestam atenção aos pequenos detalhes.

Considera-se que uma das formas dos pais interagirem com seus filhos é

através da “interação mediatizada”, interação na qual o mediatizador (mãe ou pai,

por exemplo), se situa entre o organismo mediatizado (o filho ou a filha),

proporcioando e promovendo situações onde o sujeito mediatizado interaja de

forma dinâmica, valorizando os processos e estruturas cognitivas. Ela é importante

para desenvolver-se a motivação e a habilidade de pensar.

Essas mediações ajudam a criança a perceber que os acontecimentos, os objetos e as pessoas tem significado para além delas, que o mundo envolvente tem o atributo de ser estruturado e que o conhecimento dessa estrutura permite saber, com mais precisão, o que fazer em situações futuras e imprevisíveis (FONSECA, 2002, p.19).

Através da mediatização, a criança cria condições ou regras explicativas que

servem para organizar observações e testar a aplicabilidade dessas regras em

várias circunstâncias. Ela também adquire funções cognitivas fundamentais, para

uma aprendizagem eficiente de variados contextos da sua experiência vivida.

Toda criança, não importa o seu grau de inteligência, deve adquirir as funções cognitivas básicas de modo a poder pensar logicamente, de modo a perceber que o mundo tem uma forma estruturada e ordenada e de modo saber aprender a aprender e a aplicar a sua inteligência em novas situações (FONSECA, 2002, p.21).

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Esses processos cognitivos básicos são adquiridos pelo indivíduo através da

aprendizagem por exposição direta às fontes de informação, ou seja, do contato

direto com os acontecimentos e situações, ou por meio de experiências de interação

mediatizada, de outros indivíduos mais experientes através do significado histórico-

social.

Os pais no papel de mediatizadores devem preocupar-se em apresentar

situações em que as crianças preocupem-se em promover uma interação

proveitosa, com finalidade de produzir mudança cognitiva na criança, onde há

diálogo intencional e uma reciprocidade a fim de facilitar a transmissão cultural. Para

Fonseca (2002, p.22) “qualquer cultura, independente do seu desenvolvimento

tecnológico, contém todos os elementos essenciais necessários para o

desenvolvimento cognitivo adequado”.

2.2 O papel da escola

A escola foi pensada como uma agência para apoiar a família no século XVII.

Da mesma forma que os pais procuravam estabelecimentos comerciais para

suprirem suas necessidades como alimentação, roupas, móveis, eles também

deviam procurar as escolas para a educação de seus filhos. Ela surgiu para

complementar a família.

Ainda hoje, matricular os filhos na escola é um ato natural onde os pais nem

se quer muitas vezes pensam sobre as razões que os levam a isso.

Os pais, independente da classe social que pertencem, não querem que a

escola apenas instrua seus filhos nela matriculados, mas sim, querem que lhes

sejam transmitidos valores morais, princípios éticos e padrões de comportamento.

De acordo com Szymanski,

A escola, entretanto, tem uma especificidade, a obrigação de ensinar (bem) conteúdos específicos da área do saber, escolhidos como sendo fundamentais para a instrução de novas gerações. O problema de as crianças aprenderem fração é da escola. Família não tem nenhuma obrigação. Por outro lado, professora alguma tem de dar “carinho maternal” para seus alunos (SZYMANSKI, 2009, p. 99).

Concorda-se que carinho maternal não, mas valores morais, princípios éticos

e padrões de comportamento, são fatores trabalhados pela família e

complementados pela escola. Esta tem função de educar para a cidadania,

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desenvolver a socialização, contribuir no desenvolvimento da autonomia, o senso de

pertencer e de lidar com as diferenças. Cabe aos professores adotar uma atitude

positiva e otimista frente à escola, resgatando o prazer e a felicidade em vivenciar e

vencer cada etapa.

O ambiente escolar deve ser um espaço de proteção para as crianças, os

adolescentes e os adultos nela inseridos, sempre com a preocupação de promover o

desenvolvimento. As escolas são ambientes desafiadores que incluem: tarefas

didáticas em grupos, individuais, monitoradas pelos professores, sequências

programadas do currículo da escola.

A qualidade das relações interpessoais das crianças na escola influencia os

efeitos das características específicas e particulares das mesmas na sua adaptação

escolar.

É interessante observar que, em situações informais de aprendizado, as crianças costumam utilizar as interações sociais como forma privilegiada de acesso à informação: aprendem regras dos jogos, por exemplo, através dos outros e não como resultado de um empenho estritamente individual na solução de um problema. Qualquer modalidade de interação social, quando integrada num contexto realmente voltado para a promoção do aprendizado e do desenvolvimento, poderia ser utilizada, portanto, de forma produtiva na situação escolar (OLIVEIRA, 2005, p.64).

Vários fatores provocam um distanciamento entre a família e a escola. A

escola deve promover atividades que estimulem essa aproximação. Outro fator é

que algumas famílias as vezes se sentem desencorajadas ou temerosas de

participarem da vida escolar dos filhos por terem escolaridade média baixa. Quando

são chamados na escola, essa relação acontece de forma forçada, por algum

problema disciplinar, gerando uma situação tensa.

Uma maneira comum de atrair e facilitar essa aproximação é por meio de

projetos pedagógicos. É necessário falar sobre eles com uma linguagem fácil, onde

possam ser esclarecidos como a escola concebe a educação e planeja o trabalho

pedagógico. É importante planejar encontros, reuniões bimestrais coletivas e

individuais além de palestras e oficinas sobre questões pedagógicas, cuidados,

festas e passeios para criar laços de amizade e sempre deve estar à disposição

para receber críticas e sugestões. Assim, escola e família trabalham juntas podendo

melhorar as relações e também buscar soluções em conjunto.

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Conforme Paro (1997) a família irá se sentir comprometida com a melhoria da

qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano quando a

escola oferecer oportunidades de contato para passar informações relevantes sobre

seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas.

2.3 A parceria família e escola na contribuição do bom desempenho escolar da

criança nas séries iniciais

A parceria família e escola contribui para um desenvolvimento social digno,

possibilitando a compreensão de que a desigualdade social é um problema a ser

resolvido por todos, sendo uma realidade passível de mudanças. Pode-se afirmar

que nos dias atuais, a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver

sem a escola. É através da interação desse trabalho em conjunto, que tem como

objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando, que

ocorre a formação integral do mesmo. Pensar em educação de qualidade, é

necessário ter em mente que a família esteja presente na vida escolar de todos os

alunos em todos os sentidos, ou seja, é preciso uma interação entre escola e família,

pois elas formam os primeiros grupos sociais de uma criança.

É em família que uma criança constrói seus primeiros vínculos com a aprendizagem e forma o seu estilo de aprender. Nenhuma criança nasce sabendo o que é bom ou ruim e muito menos sabendo do que gosta e do que não gosta. A tarefa dos pais, dos professores e dos familiares é a de favorecer uma consciência moral, pautada em uma lógica socialmente aceita, para que, quando essa criança tiver que decidir, saiba como e por que está tomando determinados caminhos ou decisões (PAROLIN, 2007, p. 56).

No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente

(BRASIL, 1990), encontramos que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do

processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas

educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no

Estatuto da Criança e do Adolescente, o que esta faltando é concretizá-lo, é pôr a

Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao ser humano, são sinais de

referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais significativos

serão os resultados na formação do educando. A participação dos pais na educação

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formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são

simultâneas e complementares.

Hoje em dia há a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a

família. A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se

lugares agradáveis para a convivência. Uma depende da outra na tentativa de

alcançar o maior objetivo, qual seja, o melhor futuro para o filho e educando e,

automaticamente, para toda a sociedade. Paulo Freire considera que

A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se a opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo,

assim, a distância entre o que se diz e o que se faz (FREIRE, 1999, p. 18).

Educar, portanto, não é uma tarefa fácil, exige muito esforço, paciência e

tranquilidade. Exige saber ouvir, mas também saber calar durante o processo de

ensino e aprendizagem. O medo de magoar ou decepcionar deve ser substituído

pela certeza de que o amor também se demonstra sendo firme no estabelecimento

de limites e responsabilidades. Deve-se fazer ver as crianças e jovens entenderem

que direitos vêm acompanhados de deveres e que para ser respeitado, deve-se

também respeitar.

A participação da família na escola tem sido um assunto discutido em obras

de vários autores. Para Isabel Parolin (2007, p. 61) “a escola é uma instituição

potencialmente socializadora”. A autora concorda que essa abre espaço para o

conhecimento, a emoção, a informação, o respeito às outras verdades, tomadas de

consciência e desenvolvimento da autoestima.

Envolver a família nas ações dos projetos pedagógicos significa enfatizar

ações em seu favor e lutar para que possa dar vida às leis. Mais do que criar um

novo espaço para tratar das questões da família ou da escola, a própria escola deve

articular seus recursos institucionais, de maneira a assegurar que as reflexões, os

debates, os estudos e as propostas de ação possam servir de embasamento para

que o desenvolvimento social se concretize por meio de práticas pedagógicas

educativas efetivas.

Autoestima bem desenvolvida é instrumento precioso de aprender e de ensinar. Uma criança desenvolve boa auto-estima á medida que é

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reconhecida como pessoa única e singular, com necessidades educacionais específicas à sua pessoa. Nessa perspectiva, ajudar cada aprendiz a descobrir-se, a aceitar-se, a compreender-se é possibilitar que ele se sinta confiante e apto a enfrentar as dificuldades e as complexidades do aprender (PAROLIN, 2007, p. 63).

A autoestima é visível quando o conjunto de possibilidades pessoais

desenvolvidas não impede a pessoa de funcionar e sobreviver em um mundo

desafiador, complexo e competitivo. Ela dá sentido às aprendizagens e à vida de

cada um. Para Pichon-Riviére (1982, p.96) “o sujeito tem necessidade de passar

constantemente de um objeto a outro, pelo fato de o ato de conhecimento adquirir,

para ele, um determinado significado.” A escola como espaço de aprendizagem

formal e subjetiva, através da figura do professor será o continente para o sujeito

resignificar sua agressividade de forma positiva, transformando toda esta energia em

criatividade e construção do conhecimento. Esta aprendizagem ocorre através da

permissão do saber nas autorias singulares de cada um.

O objetivo da instituição deve ser o de observar e considerar cada educando

e suas particularidades e necessidades, incluindo sua família, pois esta é

fundamental no processo de aprendizagem desses sujeitos. A escola deve trabalhar

para que haja uma aproximação com os pais de forma tranquila e natural,

restabelecendo relações de respeito e confiança, promovendo sua valorização junto

à sociedade.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado nesta pesquisa procurou mostrar a importância das

relações vinculares na formação do sujeito, a começar pela família, que é o primeiro

grupo social, o qual a criança convive. Depois este vínculo deve se estender para as

relações na escola e por fim a relação família-escola na busca de um bom

desempenho escolar da criança.

A decisão de colocar o filho na escola requer muita reflexão, segurança e

conscientização da família sobre as etapas em que este processo se realiza. A

separação é necessária, apesar de dolorosa para a mãe e para o filho. É necessário

que em seus primeiros dias escolares, a criança seja acompanhada por uma pessoa

que lhe proporcione segurança e confiança.

A realidade encontrada na escola é que muitas vezes pais se desinteressam

em participar da vida escolar dos filhos por sentirem-se envolvidos apenas quando

seus filhos estão com algum problema disciplinar ou com problemas na

aprendizagem. Não há muitas vezes interesse da escola em proporcionar um

momento prazeroso de acolhimento aos pais e buscarem juntos um bem comum

onde são beneficiados todos os envolvidos.

Embora tenha sido abordado durante todo o texto apectos significativos

quanto à importância das relações vinculares para um bom desenvolvimento escolar

percebe-se a dificuldade que a escola tem em organizar-se e promover situações

para que essa aproximação aconteça. É necessário que a escola identifique o

porquê dessa dificuldade, o que pode ser feito para que esse processo seja iniciado,

desenvolvido e de forma contínua observar quais melhorias devem ocorrer.

Pensar na parceria família e escola requer então aos professores

inicialmente, uma tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em temas

teóricos e abstratos, reuniões para chamar a atenção dos pais sobre a lista de

problemas dos filhos, sobre suas péssimas notas, reuniões muito extensas, sem

planejamento adequado, onde só o professor pode falar, não têm proporcionado

sequer a abertura para iniciar uma proposta de parceria, pois os pais faltam às

reuniões, conversam paralelamente, parecem de fato não se interessar pela vida

escolar das crianças. A construção dessa parceria é função inicial dos professores,

pois transferir essa função à família somente reforça sentimentos de ansiedade,

vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os especialistas em

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educação, não entendem de psicologia, desconhecem a didática, a sociologia,

enfim, o resultado desta postura já se conhece muito bem: o afastamento da família.

De fato, na vida escolar, o contato entre o educador e a família do educando é

primordial, onde tal aproximação informal tem sua importância firmada em diversas

razões, como: a tranquilidade com que os pais observam a segura permanência de

seus filhos na escola; a motivação dos próprios alunos – quando percebem que a

escola e a família se interessam por sua educação.

A relação professor-aluno, acontece a partir do momento em que o professor

começa a olhar seu aluno de forma profunda, transmitindo-lhe segurança e auto-

confiança, estabelecendo uma relação vincular sólida e não encarar esse momento

como perca de tempo.

Os vínculos afetivos fazem parte da aprendizagem. O contexto escolar que

consiste em ambiente físico e social deve estar preparado para transformar a

criança em um membro inserido e produtivo na sociedade e cabe à família participar

ativamente na vida dos filhos motivando-os, estabelecendo uma boa qualidade

nessa relação.

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