Dr Antonio Marcílio, Chefe do Serviço Dr Diego Sarty, Residente.
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Faculdade Boa Viagem
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Marcílio Galdino dos Santos
Trabalho flexível e o sentido do trabalho: um estudo fenomenológico sobre a
percepção de profissionais de tecnologia da informação
Recife, PE
2016
FACULDADE BOA VIAGEM – DeVry Brasil
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL
- MPGE -
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes,
o acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – da Faculdade Boa
Viagem é definido em três graus:
Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e
indiretas);
Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência,
restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;
Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por
isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local
sob chave ou custódia;
A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
Título da Dissertação: Trabalho flexível e o sentido do trabalho: um estudo
fenomenológico sobre a percepção de profissionais de tecnologia da informação
Nome do (a) autor (a): MARCILIO GALDINO DOS SANTOS
Data da Aprovação: 28 de março de 2016
Classificação conforme especificação acima:
Grau 1 ×
Grau 2 X
Grau 3 ×
Recife, 09 de agosto de 2016
__________________________
Assinatura do (a) Autor (a)
Marcílio Galdino dos Santos
Trabalho flexível e o sentido do trabalho: um estudo fenomenológico sobre a
percepção de profissionais de tecnologia da informação
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Gestão Empresarial do
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em
Administração da Faculdade Boa
Viagem, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Gestão
Empresarial, sob a orientação da Profª
Drª Maria Auxiliadora Diniz de Sá.
Recife, PE
2016
Catalogação na fonte -
Biblioteca da Faculdade Boa Viagem | DeVry, Recife/PE
S237t Santos, Marcilio Galdino dos.
Trabalho flexível e o sentido do trabalho: um estudo fenomenológico
sobre a percepção de profissionais de tecnologia da informação/ Marcilio
Galdino dos Santos. – Recife: FBV | DeVry, 2016.
81. : il.
Orientador (a): Prof.ª Dr. ª Maria Auxiliadora Diniz de Sá.
Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial - Faculdade Boa
Viagem - Devry.
Inclui apêndice.
1. Sentido do Trabalho. 2. Flexibilidade. 3. Profissional de TI. 4.
Home Office I. Título. DISS 658[15.2]
Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca da FBV | DeVry
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Deus, primeiramente,
aos meus pais, Marcos e Cirleide, por
estarem em todos momentos ao meu lado, e
por todas as situações boas e ruins que
ocorreram em minha vida, se hoje me sinto
uma pessoa melhor, é por causa de tudo isso.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, meus agradecimentos a Deus, por permitir que eu iniciasse e pudesse
estar aqui neste programa de mestrado. Meus agradecimentos especiais, aos meus pais,
Marcos Galdino e Cirleide Santos, por terem me incentivado desde o início, e dado
extrema contribuição à minha formação e à minha vida.
Agradeço à minha orientadora, professora Dra. Maria Auxiliadora Diniz de Sá, pelos
conselhos e conhecimentos compartilhados ao longo deste tempo, e também agradeço aos
meus colegas de turma e irmãos de orientação, Marcelo Diniz, Mariana Moraes, Vera
Cabral, Raquel Costa, Rossana Reis, pela ajuda e atenção de sempre.
Agradeço, ao meu sócio e irmão, Henrique d’Almeida, pelo companheirismo e apoio, e
por ajudar a desenvolver a CorporaTI, e também aos meus amigos, Rodrigo Berto e Luiz
Neto.
Agradeço ainda, ao Grupo Diniz, nas pessoas do professor Ary Avellar Diniz Júnior e
Lauro César Vieira Filho, pela oportunidade de poder cursar este mestrado profissional,
e ter essa chance de evoluir como pessoa e profissional.
Agradeço, aos professores: Lúcia Barbosa, Hajnalka Gati, Rafael Lucian, pelos
conhecimentos compartilhados, e de extrema importância para meu desenvolvimento
acadêmico.
Agradeço a todos, que direta ou indiretamente contribuíram para meu desenvolvimento,
seja pessoal ou profissional.
“Quando você fala, você está apenas
repetindo o que você já sabe. Mas quando
você escuta, você pode aprender algo novo”
(Dalai Lama)
RESUMO
Estudar os sentidos do trabalho é entender as características de um trabalho que são
valorizadas pelo indivíduo, e este trabalho tem como objetivo entender, como um cenário
flexível tem o poder para influenciar, seja positivamente ou negativamente, este sentido
percebido, pelos profissionais de TI. Foram utilizadas as perspectivas do MOW (1987),
como precursor dos estudos sobre o sentido do trabalho, e as classificações e dimensões
contextualizadas pelos estudos de Morin (2001) e Tonelli, Morin e Pliopas (2007), como
abalizador para o entendimento das características do trabalho que geravam um sentido.
Por outro lado, no construto da flexibilização, foram adotadas as dimensões do espaço,
como por exemplo, o home-office, e tempo, através da ação da jornada de horário flexível
(BLOOM, 2014; MORGAN, 2014; JAIN E SWAMI, 2014). Pode-se concluir que há uma
influência extremamente positiva para a obtenção de sentido no trabalho, quando da
adoção de alguma política flexível nas relações de trabalho, trazendo em evidência
sentimentos como confiança, autonomia, criatividade, focando em resultados, e podendo
conceder o poder ao trabalhador como equilibrar sua vida pessoal e profissional.
Palavras-chave: Sentido do trabalho, flexibilidade, profissional de TI, home-office
ABSTRACT
Study the way the work is to understand the characteristics of a work that are valued by
the individual, and this study aims to understand, as a flexible scenario has the power to
influence, either positively or negatively, this perceived sense for IT professionals. the
prospects of the MOW was used (1987), the forerunner of the studies on the meaning of
work, and the ratings and dimensions contextualized by studies of Morin (2001) and
Tonelli, Morin and Pliopas (2007), as abalizador to understand the characteristics the
work that generated a sense. On the other hand, in the construct of easing, dimensions
were taken from space, such as the home office, and time, through the action of flexitime
hours (BLOOM, 2014; Morgan, 2014; JAIN AND SWAMI, 2014 ). It can be concluded
that there is an extremely positive influence for obtaining meaning at work when adopting
any flexible policy in labor relations, bringing in evidence feelings such as trust,
autonomy, creativity, focusing on results, and can grant power the worker how to balance
your personal and professional life.
Keywords: meaning of work, job flexibility, IT professional, home-office
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - A evolução do trabalhador ............................................................................. 20
Figura 2 - Modelo de característica do emprego ............................................................ 23
Figura 3 - Categorização dos padrões de definição do trabalho ..................................... 25
Figura 4 - Síntese das características de um trabalho que tem sentido........................... 28
Figura 5 - As dimensões do sentido do trabalho ............................................................ 29
Figura 6 - Dimensões afetadas pela flexibilização de horários ...................................... 33
Figura 7 - Competências orientadas aos profissionais de TI .......................................... 38
Figura 8 - Desenho da pesquisa ...................................................................................... 44
Figura 9 – Sujeitos da pesquisa ...................................................................................... 46
Figura 10 – Roteiro da análise de conteúdo ................................................................... 49
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Quantitativo de pesquisas sobre sentido do trabalho ................................... 22
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
1.1 Contextualização do problema ..................................................................... 11
1.2 Objetivos da pesquisa .................................................................................... 13
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................... 13
1.2.2 Objetivos específicos ........................................................................................ 13
1.3 Justificativas da pesquisa .............................................................................. 14
1.3.1 Justificativas teóricas ........................................................................................ 14
1.3.2 Justificativas práticas ........................................................................................ 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA................................................................. 16
2.1 Relações de trabalho e administração .......................................................... 16
2.2 Sentidos do trabalho ...................................................................................... 21
2.3 Flexibilidade no trabalho .............................................................................. 30
2.3.1 Flexibilidade no tempo ..................................................................................... 31
2.3.2 Flexibilidade no espaço .................................................................................... 34
2.3.3 Flexibilidade do trabalho no Brasil .................................................................. 36
2.4 Os profissionais de Tecnologia da Informação ........................................... 38
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................................... 42
3.1 Caracterização da pesquisa ........................................................................... 42
3.2 Desenho da pesquisa ...................................................................................... 43
3.3 Locus da pesquisa ........................................................................................... 45
3.4 Sujeitos da pesquisa ....................................................................................... 45
3.5 Instrumento de coleta dos dados .................................................................. 46
3.6 Pré-teste .......................................................................................................... 47
3.7 Técnica de análise dos dados ......................................................................... 48
3.8 Limites e limitações da pesquisa ................................................................... 49
3.8.1 Limites da pesquisa .......................................................................................... 49
3.8.2 Limitações da pesquisa ..................................................................................... 49
4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................ 51
4.1 Percepção sobre o sentido do trabalho ........................................................ 51
4.1.1 Dimensão individual......................................................................................... 51
4.2.2 Dimensão organizacional ................................................................................. 53
4.2 Percepção sobre a flexibilização do trabalho .............................................. 55
4.2.1 Flexibilização do tempo ................................................................................... 55
4.2.2 Flexibilização do espaço .................................................................................. 58
4.3 Trabalho flexível e o sentido do trabalho .................................................... 61
4.3.1 Trabalho que tem sentido é flexível e focado em resultados ........................... 61
4.3.2 Trabalho que tem sentido é flexível e auxilia a alcançar o equilíbrio .............. 63
4.3.3 Trabalho que tem sentido é flexível e gera confiança ...................................... 64
4.3.4 Trabalho que tem sentido é flexível, favorece a criatividade e a autonomia ... 65
5 CONCLUSÃO ................................................................................................ 68
5.1 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................. 74
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 75
APENDICE ..................................................................................................... 80
11
1 INTRODUÇÃO
Este capitulo, trará uma contextualização sobre os aspectos da flexibilidade do trabalho, seja
elas no tempo (horários), ou no espaço (home office), e como estes aspectos podem influenciar
no sentido do trabalho percebido pelo grupo de profissionais de tecnologia da informação.
Evidenciando a correlação entre estes construtos, e até que ponto o trabalho pode fazer mais ou
menos sentido para o profissional, de acordo com a maneira que a flexibilidade é percebida,
bem como os aspectos legais vigentes. Posteriormente, estão detalhados o problema da
pesquisa, os objetivos e justificativas para a ocorrência deste estudo.
1.1 Contextualização do problema
O mercado de trabalho se encontra competitivo, e também por esta razão as organizações têm
tentado diversas ações para terem destaque ou ações para enfrentar os mais diversos problemas,
e com isso tentado operacionalizar novas ideias e novos conceitos, como a flexibilização, de
modo que o funcionário possa trabalhar de onde quiser, e nos horários que se sentir mais
produtivo, colaborando assim com os ideais contextualizados de Morgan (2014), e a partir disto
desenvolverem os seus negócios.
Ainda nos estudos de Morgan (2014), percebe-se também uma preocupação em prol de reterem
os seus melhores funcionários, diminuindo o índice de rotatividade (turnover) e também o de
absenteísmo, conforme os pensamentos de Hackman e Oldhan (1976). Esses, por sua vez, têm
procurado ambientes de trabalho mais favoráveis ao seu desenvolvimento e às suas
necessidades que, de alguma forma, possam reforçar suas competências e necessidades.
Nesta mesma linha de raciocínio, Morin (2001) reconhece a importância de prover aos
trabalhadores a possibilidade de realizar um trabalho que tenha sentido: além de praticar e de
desenvolver suas competências, eles podem ter a chance de emitir julgamentos e exercer o livre-
arbítrio, além de conhecer a evolução de seus desempenhos a fim de se ajustarem.
Em outras palavras: o sentido do trabalho constitui-se em um conjunto de sentimento do
trabalhador com relação ao seu trabalho, que, por sua vez, tem sentido para uma pessoa quando
ela o acha importante, útil e legítimo (HACKMAN E OLDHAM, 1976), além disso, como
dizem Coda e Fonseca (2004), que, quando o trabalho é percebido significativamente pelo
trabalhador, ele se sente mais responsável pela organização. Segundo os mesmos Coda e
Fonseca (2004), conhecer o sentido do trabalho pode trazer benefícios específicos como: a
12
obtenção de status e prestígio, obtenção de rendimentos, manter o trabalhador ocupado,
favorecimento das relações interpessoais, sentimento de satisfação e permite a auto realização.
Mourin (2001), de sua parte, indica alguns sentimentos resultantes de um trabalho que tenha
sentido como: satisfação, motivação, responsabilidade, senso de desempenho e prazer. Para
essa autora, eles podem agir positiva ou negativamente no cenário organizacional, bem como
na retenção dos talentos.
Neste sentido, surge a flexibilidade do trabalho, que vem sendo utilizada, desde algumas
décadas e que visa buscar o equilíbrio entre a vida dos indivíduos e de suas atividades laborais
(TAYLOR, 2005), apoiando assim as peculiaridades de cada um, suas necessidades
extraprofissionais.
Lockwood (2003) cita como benefício, um encontro de forças entre o trabalho e as
responsabilidades familiares, com isso as organizações têm tentado criar programas que ajudem
a flexibilização do próprio trabalho e dos seus horários, favorecendo assim uma certa liberdade
e autonomia para quem produz, sem tirar o foco do resultado.
Comumente, algumas empresas utilizam essa flexibilidade para aumentar o envolvimento do
funcionário, como se pode ver no pensar de Bohlander e Snell (2009), onde os funcionários
podem ajustar o trabalho de modo a acomodar estilos de vida particulares e programar as horas
de atividade no momento em que se consideram mais produtivos.
Para esses mesmos autores, a flexibilização de horário, por exemplo, pode ser útil para a
retenção de profissionais, na medida em que tenham a opção de realizar atividades de maneira
remota, seja de casa ou de outro local. Contudo, é importante dizer que ela também possui
aspectos negativos, uma vez que podem causar problemas de comunicação entre os
funcionários, além da perda de controle sobre eles.
A área de Tecnologia da Informação (TI) das organizações, comumente, adota a flexibilidade
em seus esquemas de trabalho, devido à natureza das operações, que, às vezes, possuem um
regime diferenciado no horário, seja para favorecer a criatividade, seja para realizar operações
especiais da área. Concordando com esse pensamento, Kovács (2006) entende que a
organização deve colaborar com a autonomia dos seus integrantes, bem como com a sua
criatividade, profissionalismo, descentralização, participação e cooperação.
No entanto, pode-se perguntar se essa flexibilização seria uma maneira para favorecer sentido
ao trabalho. Para entender essa problemática, formulou-se a seguinte questão de pesquisa para
13
este estudo: de que maneira o trabalho flexível pode ser capaz de prover sentido, segundo a
percepção de profissionais de tecnologia da informação?
Para responder a essa pergunta de pesquisa foram estabelecidos alguns objetivos, descritos a
seguir.
1.2 Objetivos da pesquisa
1.2.1 Objetivo geral
Verificar de que maneira o trabalho flexível pode ser capaz de prover sentido, segundo a
percepção de profissionais de tecnologia da informação.
1.2.2 Objetivos específicos
I. Investigar o sentido do trabalho, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da
informação.
II. Identificar características do trabalho flexível, segundo a percepção de profissionais de
tecnologia da informação.
III. Identificar de que maneira o trabalho flexível pode prover sentido ao trabalho, segundo a
percepção de profissionais de tecnologia da informação.
14
1.3 Justificativas da pesquisa
1.3.1 Justificativas teóricas
Por meio da própria evolução das relações de trabalho, há uma maior preocupação com o
trabalhador enquanto individuo, com isso, havendo uma necessidade de estudar temas que
vinculem a necessidade e motivação de cada trabalhado, tendo em vista isso, os estudos sobre
os sentidos do trabalho tem se desenvolvido nos últimos anos, com bastante intensidade. Morin
(2001), tem contribuído para as pesquisas nessa área, sendo inspirada pelos estudos iniciais do
Meaning of Work International Research Team – MOW (1987), uma vez que esses sentidos
podem gerar sentimentos favoráveis.
Sobre a flexibilidade no trabalho encontraram-se algumas referências, conforme visto no
quadro 1, mesmo sendo um tema em evidência, principalmente no contexto da tecnologia da
informação, é algo mais constante em grandes empresas americanas, mas aos poucos algumas
empresas brasileiras estão se direcionando para este tema.
Sendo assim, este estudo visa complementar os estudos já existentes, porém com um
diferencial, preenchendo a lacuna teórica que evidencia a relação entre estes dois construtos
definidos, a flexibilização dos esquemas de trabalho, e quais os sentidos que os mesmos podem
dar ao trabalho realizado, isso dentro do universo das empresas que oferecem esta flexibilidade
para seus profissionais de tecnologia da informação.
1.3.2 Justificativas práticas
No mercado competitivo e globalizado, as empresas estão buscando novas formas de reter
talentos, bem como entender melhor os profissionais, e assim atender os seus anseios, e
consequentemente poder obter resultados melhores, tanto para o profissional quanto para a
organização.
Esta pesquisa então pode se justificar como um norteador para organizações empresariais que
queiram fornecer esquemas de trabalhos flexíveis, seja por meio da flexibilização de horários
ou home-office, para entender qual o sentido que este benefício pode gerar diretamente para o
trabalhador e consequentemente também para a organização, que por sua vez, através dos seus
gestores, esperam retirar o máximo de desempenho de seus funcionários, buscando novas
técnicas para alcançar tal objetivo. Carece no mercado de trabalho, estudos que possa servir
como referência, para o entendimento prático da flexibilização do trabalho (no tempo ou
espaço), através da experiência de outros profissionais, e de outras empresas também.
15
Empresas, sejam ou não de tecnologia da informação, possuem, em sua maioria, profissionais
de TIC, ou na área meio ou na área fim, e estes profissionais podem constituir vantagem
competitiva no mercado, que independente disto, podem gerar rapidez e eficiência para a área
de negócios, seja através de informações estratégicas, ou para a alta disponibilidade de serviços.
Com isso justifica-se esta pesquisa no ponto de vista prático, através da sinergia da percepção
dos profissionais de TI com relação ao seu trabalho, o sentido que este trabalho oferece e a
flexibilidade oferecida pelas empresas.
Justifica-se ainda este trabalho, pela contribuição sobre o ponto de vista dos profissionais de
TI, quando se integram os sentidos do trabalho e os esquemas flexíveis de trabalho, a fim de
entender esses profissionais no contexto organizacional e pessoal, e ajudar no entendimento do
equilibro entre os aspectos profissionais e vida pessoal, que segundo Quental e Wetzel (2002)
têm se tornado cada vez mais importantes e discutidas entre empresários e estudiosos do
assunto.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
Através desta revisão teórica, será abordado os três temas que irão conduzir o objetivo desta
pesquisa. Sendo inicialmente pesquisado os assuntos relativos ao sentido do trabalho, de modo
a identificar os conceitos com o intuito de entender o que são trabalhos que tem sentido, bem
como os diversos sentidos que podem ser gerados dentro do ambiente de trabalho. Em seguida,
será abordado o tema relativo a flexibilização dos esquemas de trabalho, seja ele por meio da
flexibilização do tempo e do espaço, que os trabalhadores podem ser submetidos, analisando
assim a sua influência dentro das organizações. Posteriormente, revisar as teorias referentes aos
perfis dos profissionais de tecnologia da informação, sua atuação nas organizações, e suas
particularidades, e com isso inter-relacionando os três temas, de modo a entender o fenômeno
existente na intersecção da abrangência destes construtos, que é o que se propõe nesta pesquisa.
Para todos os temas, foi necessário pesquisar trabalhos que já os abordaram, de modo a
identificar as dimensões, seja para o sentido do trabalho, como ele se desenvolve e como pode
ser mensurado, como para a flexibilidade dos esquemas de trabalho, tanto no tempo quanto no
espaço, e como esta pesquisa tenta mostrar o fenômeno ocorrido com os profissionais de
tecnologia da informação, faz-se necessário caracterizar o perfil do mesmo através de suas
particularidades.
2.1 Relações de trabalho e administração
O trabalho tem estado presente desde o início das relações sociais, e o seu significado tem sido
caracterizado ao longo do tempo, onde inicialmente, na era do império romano, o trabalho
existia como punição a aquele que trabalhava em razão de sua subsistência, tendo visto
inclusive a origem da palavra trabalho do latim tripalium, conhecido como um objeto de tortura
(RIBEIRO, LÉDA, 2004). E até os tempos atuais o conceito de trabalho vem sofrendo diversas
alterações e adaptações, reiterando as ideias de Moreira (2012), que correlaciona as
transformações sociais ocorridas na história com a compreensão da importância do trabalho e
seu valor social, deixando de ser visto como algo ruim, ou de cunho punitivo, para um aspecto
mais social, através do conceito que o trabalho é “um conjunto de atividades, produtivas e
criativas, que o homem exerce para atingir um determinado fim” (MOREIRA, 2012).
De modo a explorar outros conceitos sobre o trabalho, Marx (1993), contextualiza o trabalho,
como a capacidade de transformar a natureza com o objetivo de atender as necessidades
humanas, dando uma visão para o trabalho como agente transformador.
17
Reiterando o processo evolutivo do trabalho para os homens, de acordo com as suas
necessidades eminentes, de curto ou longo prazo, correlacionando o ambiente e o sujeito,
reforçando a transição dos conceitos explorados, antes visto como uma noção de sacrifício, ou
fardo, e posteriormente sendo visto como uma valorização na correlação da capacidade humana
e domínio da natureza (BASTOS et al, 1995).
Já nas ideias de Fernandes e Zanelli (2006), pode-se ver o trabalho como um meio para o sujeito
estar inserido em uma organização e numa sociedade plenamente dita, de modo a compartilhar
valores e hábitos, permitindo moldar e reforçar a sua identidade, tendo um contexto diferente
do que havia antes, conforme os pensamentos de Enriquez (1999).
O trabalho que era tão desvalorizado nas sociedades antigas, torna-se um elemento
fundamentalmente integrador da sociedade, isto é, permite efetivamente a uma
sociedade engendrar, ou reforçar os laços sociais (ENRIQUEZ, 1999).
Nessa dualidade de valorização, vemos a força do trabalho como contexto social, e agente
transformador dos laços, podendo reforça-los ou enfraquece-los. Com isso pode-se ver a criação
ou contextualização de diversas teorias ou escolas que serviram como marco histórico para as
relações de trabalho.
No estudo feito por Matos e Pires (2006), nota-se a evolução das teorias administrativas que
englobaram as relações de trabalho em diversos momentos, se iniciando pela teoria científica
de Taylor, até a abordagem sócio técnica do projeto Glacier. Na teoria cientifica há um foco
demasiado na produtividade através da aplicação de métodos da ciência positiva, racional e
metódica aos problemas administrativos, tornando o trabalho mais racional.
Já nos conceitos de Ford, utilizou-se desses mesmos princípios para aplicar na linha de
produção de automóveis, colaborando para a crescente divisão do trabalho, todavia, ao longo
do tempo, essa teoria focava na produtividade, contudo causou desmotivação e desequilíbrio
nas cargas de trabalho (MATOS E PIRES, 2006).
Na teoria clássica de Fayol, a luz dos pensamentos de Matos e Pires (2006), pode se ver uma
complementação da teoria científica, através de uma abordagem sintética, e havendo uma
preocupação maior na figura do diretor ou administrador, de modo a se preocupar mais com as
operações e funções da empresa, a partir desta teoria foi explicitada as clássicas funções do
administrador, que consiste em organizar, planejar, coordenar, comandar e controlar. O foco
ainda persistia na produtividade, porem com adendos sobre o modo de administra-la.
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Posteriormente, pode-se ver a teoria criada por Max Weber, a influência dos modelos anteriores,
além do foco na produtividade, um direcionamento para uma melhor eficiência, Matos e Pires
(2006) comentam sobre as heranças da teoria científica e clássica, onde a divisão do trabalho
era realizada por meio de regras e procedimentos altamente definidos, hierarquia rígida, e
processos que envolviam direitos e deveres dos funcionários, sendo diretamente relacionada a
sua competência técnica.
Por sua vez, Mayo (1949) em seu livro, direciona o foco para as inter-relações dos grupos,
removendo as características mecânicas das teorias anteriores, e com isso a motivação se tornou
parte dos esquemas de trabalho, para que os trabalhadores possam contribuir para o
desenvolvimento da empresa, havendo uma maior participação do trabalhador nas decisões
oriundas de sua atividade, um direcionamento para as relações humanas.
Matos e Pires (2006), comentam sobre a teoria estruturalista, que visam um sistema aberto das
organizações, reconhecendo os conflitos, e entendendo que esses conflitos estão inerentes às
relações de produção. Na teoria comportamentalista (MAXIMIANO, 2000), o fundamento é o
comportamento individual dos funcionários, levando novamente ao estudo da motivação, e a
qualidade do tratamento dado pela gerência aos seus empregados que interfere fortemente em
seu desempenho, segundo Maximiano (2000), o administrador deve utilizar a motivação
humana como ferramenta para envolver o ambiente organizacional.
Em estudos mais recentes, como no de Fleury (2002), nota-se uma preocupação crescente com
as pessoas na organização, em sua motivação, e em como eles podem desenvolver de maneira
mais eficaz suas atividades, por meio de suas realizações. Isso mostra um direcionamento para
as pessoas que compõem a empresa, invés apenas dos resultados (produtividade) que elas
podem oferecer, há uma inferência no comportamento dos mesmos, e com isso o
comportamento humano passa a integrar as áreas de negócio das empresas.
A linha do tempo, dos teóricos de administração, mostra a evolução das relações de trabalho ao
longo das eras, onde o trabalho tem sido sempre presente, e seu significado e motivo de existir
tem se adaptado e evoluído, de um modelo mais lógico e rotineiro para um modelo mais
comportamental, que tenta extrair o máximo da capacidade de cada pessoa, onde ela possa se
sentir realizada, e contribuir para os anseios da empresa.
Estudos como o de Maslow (1962), complementam essa evolução das relações de trabalho, por
meio de processos e adaptações:
19
Não se trata de novos truques, macetes ou técnicas superficiais que podem ser usados
para manipular mais eficientemente seres humanos. Trata-se, sim, de um conjunto
básico de valores ortodoxos sendo claramente confrontados por um outro sistema de
valores mais moderno, mais eficiente e verdadeiro. Fala-se aqui das consequências
verdadeiramente revolucionárias da descoberta de que a natureza humana tem sido
desvalorizada (MASLOW, 1962).
Em seus pensamentos, Maslow (1962), contempla justamente a sobreposição das definições das
relações de trabalho, que considerada ortodoxa, em prol de um modelo que fosse mais
verdadeiro, em prol da natureza humana.
Com relação a isso, temas mais aprofundados, tem sido estudado para que se possa entender
melhor as relações entre as pessoas e o seu trabalho, sejam por meio dos estudos de cultura
organizacional, qualidade de vida no trabalho, e o estudo do sentido que o trabalho pode fazer
para as pessoas (MAXIMIANO, 2000).
A gestão de recursos humanos ou gestão de pessoas tem apoiado essas tendências, autores como
Schein (1986), Limongi (2003), e Morin (2001), aprofundaram seus estudos com o intuito de
detalhar o entendimento sobre esses temas, que serão contextualizados ainda neste capítulo.
Morgan (2014) traz uma figura que exemplifica um pouco da relação passado-futuro do
trabalhador e seu trabalho, que resume bem os paradigmas que existiam e os que podem existir,
em prol da evolução do trabalho e também do trabalhador.
20
Figura 1 - A evolução do trabalhador
Fonte: Morgan (2014)
Há uma contextualização do que havia nas relações de trabalho, seja com relação ao
comportamento do trabalhador, seja como a maneira que ele estava fisicamente no ambiente de
trabalho e no horário rígido especificado, e a maneira que o trabalho era executado, baseado em
entradas (inputs) e atividades pré-definidas, além que o trabalhador antes não tinha voz dentro
da organização, e hoje em dia é cada vez mais escutado no âmbito de suas atividades, e pode se
desenvolver, contribuir com informações, e não mais reter conhecimento.
Há um entendimento que haja cada vez mais um pensamento em tornar as relações de trabalho
mais flexíveis, Morgan (2014) colabora com esta ideia enfatizando que o trabalhador do futuro
deverá estar num ambiente organizacional flexível, onde ele pode customizar seu próprio
trabalho para as atividades que forem mais adequadas ao seu perfil, compartilhando
21
informações relevantes a execução da atividade, usando novas maneiras de colaborar e de se
comunicar, aprendendo e ensinando cada vez mais, num contexto global.
2.2 Sentidos do trabalho
A evolução na organização do trabalho, como visto nas seções anteriores, tem colaborado para
que o pensamento e foco passe a ser no trabalho e suas relações, e não mais no resultado
analítico produzido pelo próprio, com isso pode-se ver com mais frequência, estudos que
contextualizam teorias que visam entender melhor o trabalhador como individuo (HACKMAN,
OLDHAN, 1976; WRZESNIEWSKI ET AL, 2003; MOW, 1987; MORIN, 2001; TONELLI,
MORIN, PLIOPAS, 2007), e uma das dimensões que vem sido estudada é o sentido do trabalho.
O sentido do trabalho, segundo os pensamentos de Wrzesniewski et al (2003), é conceituado
como o entendimento dos funcionários, acerca do que eles desempenham no trabalho, bem
como a percepção da importância do que eles realmente fazem, o que direciona para a ideia que
estão relacionadas as crenças de uma pessoa, sobre a função que o trabalho desempenha na sua
vida, e que é afetada pelo contexto social
Um dos precursores do estudo sobre sentido do trabalho foram os de Hackman e Oldhan (1976)
que inicialmente, buscaram entender as interações, características de um trabalho e as
diferenças individuais que influenciam fatores como: a motivação, satisfação e a produtividade
dos trabalhadores.
Contudo, posteriormente, como um dos estudos mais relevantes, que serviram como base para
os demais, destaca-se o realizado pelo Meaning of Work International Research Team, mais
conhecido pela sigla MOW (1987), que identificou aspectos e dimensões que levam a um
trabalho que tem sentido, e posteriormente com os trabalhos de Morin (2001) e também as
ideias de Tonelli, Morin e Pliopas (2007), que tem feito contribuições recentes e relevantes ao
tema, influenciados positivamente pelos estudos relevantes do MOW (1987).
Como pode-se atestar através do quadro 1, que identifica a quantidade estudos nos portais de
pesquisa do Google, da CAPES e SciElo (até fevereiro/2016), existem diversos estudos
relevantes sobre sentido do trabalho, sendo a grande maioria presentes fora do Brasil, e uma
menor proporção vista em estudos nacionais, porém com uma grande relevância,
principalmente com a participação de Morin (2001), Tolfo e Piccinini (2007) e também Tonelli,
Morin e Pliopas (2007).
22
Ainda através do quadro 1, evidencia-se a carência das pesquisas que envolvam o sentido do
trabalho com outros construtos, de modo a investigar a sua influência e quais variáveis podem
se alinhar com a sua abrangência.
Quadro 1 - Quantitativo de pesquisas sobre sentido do trabalho
Temas Google Scholar Portal CAPES SciElo
Sentido do trabalho 6870 84 3
Meaning of work 21700 403 8
Esquemas de trabalho flexíveis 7 0 0
Job flexibility 6780 9540 1
Sentido do trabalho x
Flexibilidade 2480 2 0
Meaning of work x job flexibility 5470 0 0
Sentido do trabalho x
Flexibilidade x Profissionais de
TI
0 0 0
Meaning of work x job flexibility
x IT professionals 0 0 0
Fonte: o autor
O quadro acima, evidencia justamente um maior direcionamento para as pesquisas sobre o
tema, no exterior, mostrando algumas lacunas, quando se relaciona os diversos temas.
As pesquisas que objetivam entender o sentido do trabalho, ou em alguns casos pode ser
contextualizado como significado, que posteriormente terão as suas diferenças de conceito
exploradas, tem suas origens na psicologia organizacional e do trabalho, que inicialmente
correlacionaram a qualidade de vida no trabalho com os sentidos providos por ele, como pode
ser visto nos pensamentos de Hackman e Oldhan (1976), que evidencia as relações através dos
estados psicológicos.
As ligações entre as dimensões do trabalho e os estados psicológicos, e entre os
estados psicológicos e os resultados, são moderados pelo crescimento individual [...].
Os três estados psicológicos experimentados (sentido do trabalho, responsabilidade
para os resultados do trabalho e conhecimento dos resultados das atividades de
trabalho) são o núcleo causal do modelo de característica do emprego (HACKMAN
E OLDHAN, 1976).
23
Através da relação entre os estados psicológicos e as dimensões de estudo do trabalho, vemos
a motivação para os estudos iniciais do sentido do trabalho propriamente dito, ou seja, estudar
os fatores que fazem o trabalho ter um sentido para aquele que o executa. No modelo citado por
Hackman e Oldhan (1976) ilustrado na figura 01, pode ser vista uma relação entre algumas
características do trabalho, que refletem em estados psicológicos, sendo eles: a vivência do
sentido do trabalho pelo trabalhador, o sendo de responsabilidade pelos resultados profissionais,
e o conhecimento dos resultados através do feedback fornecido pela empresa ou pela gestão. A
partir disto há um direcionamento para alguns resultados organizacionais, como o aumento ou
ênfase da motivação, do desempenho e da satisfação do trabalhador, ao menos tempo que
provoca uma diminuição de indicadores considerados de risco, como o absenteísmo e
rotatividade de pessoal.
Figura 2 - Modelo de característica do emprego
Fonte: Adaptado de Hackman e Oldhan (1976)
Por meio deste modelo, Hackman e Oldhan (1976) evidenciar as características do trabalho,
como a variedade de tarefas, autonomia, e feedback, e como elas podem influenciar diretamente
24
os estados psicológicos, o que mostra uma preocupação em entender e correlacionar o sentido
do trabalho como um estado psicológico gerado através de algumas características do trabalho.
Por meio do MOW (1987), através de suas pesquisas, houve uma maior caracterização do
sentido do trabalho, tentando quantificar o quanto de sentido havia para o trabalho para diversos
entrevistados, através, inicialmente da “questão da loteria”, onde os participantes eram
questionados, o que fariam com o trabalho caso ganhassem muito dinheiro na loteria, e
consequentemente não precisassem mais trabalhar, e cerca de 80% dos entrevistados,
responderam que continuariam trabalhando, justificando por meio da relação entre as pessoas,
ou ter o sentimento de pertencimento, para ter algo para fazer, para evitar o tédio, ou para ter
um objetivo na vida (MORIN, 2001).
O trabalho pode assumir uma posição neutra ou uma posição central na identidade pessoal e
social, sendo assim essencial, onde os colaboradores buscam utilidade para suas atividades no
contexto organizacional, sendo assim fundamental para que o sentido do trabalho seja percebido
(MOW, 1987).
Numa abordagem quantitativa relevante, o MOW (1987), fez uma pesquisa com cerca de
quatorze mil participantes em cerca de oito países, e como contribuição sugeriu que o
desenvolvimento do sentido do trabalho para os colaboradores é relacionado por variáveis
antecedentes, como a situação pessoal e aspectos familiares, algumas características do trabalho
atual, fatores ligados a carreira profissional e também fatores socioeconômicos, ou seja, pode-
se considerar variáveis que não podem ser controladas dentro de um ambiente corporativo,
como particularidades pessoais e familiares, influenciam na percepção dos funcionários com
relação ao sentido que o seu trabalho faz.
O sentido do trabalho é composto por três conceitos, sendo eles: a centralidade do trabalho, que
se refere ao nível de importância que o trabalho tem para o colaborador; as normas sociais, que
se refere aos direitos e deveres do trabalho; e os resultados esperados do trabalho, que se refere
à motivação que faz com que o colaborador trabalhe (MOW, 1987).
Percebe-se uma clara alusão à satisfação do colaborador na execução das suas atividades, o que
reflete no sentido percebido pelo mesmo, e o agrupamento de diversos fatores, diretos e
indiretos que podem influenciar positivamente ou negativamente. A pesquisa realizada pelo
MOW (1987) objetivava basicamente seis itens, sendo eles: identificar um modelo de sentido
do trabalho que servisse para indivíduos e grupos; entender como os indivíduos e grupos
divergem no sentido que dão ao trabalho; entender as consequências do sentido do trabalho
25
para o indivíduo, grupo e a sociedade; entender a proporção da força de trabalho de cada país;
desenvolver políticas públicas e privadas a partir dos resultados da pesquisa; relacionar as
semelhanças e diferenças entre os sentidos do trabalho dos países pesquisados.
A pesquisa (MOW, 1987) apresenta uma preocupação em correlacionar os sentidos dos
colaboradores das empresas, seja enquanto individuo particular, ou na sua atuação em grupo, e
ver as divergências percebidas no sentido do trabalho, com relação a diversidade cultural entre
os países da amostra.
O MOW (1987) também mostrou uma preocupação em categorizar os padrões de definição do
trabalho, de modo a poder entender se o trabalho gera concepções positivas, neutras ou
negativas, conforme pode ser visto na figura abaixo, classificando pelas letras A até a F.
Figura 3 - Categorização dos padrões de definição do trabalho
Fonte: Adaptado do MOW (1987)
26
Na visão de England e Whiteley (1990), se visualiza os padrões A, B, C, como uma concepção
positiva do trabalho, os padrões D e E como uma concepção negativa, e o padrão F como uma
concepção neutra.
Na concepção positiva, há atividades que geram valor, visto como algo agradável, e há uma
preocupação na prestação de contas do resultado, na concepção negativa há atividades
desgastantes, que não são agradáveis, que exigem um esforço mental e físico adicional, já na
concepção neutra do trabalho, num esquema tradicional que segue um horário predefinido e um
local estabelecido, e se recebe um salário (MOW, 1987).
Reforçando os estudos sobre sentido do trabalho, Morin (2001), contribuiu para a linha de
pesquisa contextualizada pelo MOW (1987), e por meio disto realizou uma pesquisa para
estudantes e gestores em Québec e também na França, inicialmente para entender o que
significa o trabalho para cada um destes grupos, que levou a conclusão que cada um desses
grupos entende que o trabalho possui uma concepção positiva, que é uma atividade lucrativa
que lhes permite evoluir, que gera um tipo de valor, e concede um sentimento de pertencimento,
o que faz com que os entrevistados percebam algum tipo de sentido nos trabalhos que elas
executam.
Nesta pesquisa procurou-se evidenciar as características do trabalho que podem gerar um
sentido, classificando da seguinte maneira: como o trabalho tem sentido, como o trabalho não
tem sentido, o que o trabalhador procura e do que ele sente falta.
Existem pesquisas que tratam o sentido e significado do trabalho como temas distintos, não só
pela sua diferenciação semântica, mas também como conceitos diferentes, sendo como dito por
Tolfo e Piccinini (2007), onde o significado pode ser conceituado como o entendimento social
do trabalho, e o sentido do trabalho com uma abordagem mais pessoal através de dimensões e
conceitos mais particulares, que envolvam o sentimento do colaborador com relação ao seu
trabalho.
A maioria das pesquisas com relação ao sentido do trabalho, envolve a percepção particular
individual ou coletiva dos trabalhadores, com relação ao sentido que suas atividades
proporcionam em sua rotina laboral, e utilizam a perspectiva funcionalista dada por Hackham
e Oldhan (1976), bem como a percepção dos estudos do MOW (1987), e mais frequentemente
os pensamentos de Morin (2001) e Morin, Tonelli e Pliopas (2007), Preferiu-se neste trabalho
manter um recorte bem definido da revisão teórica, dado pelo delineamento das pesquisas dos
27
autores supracitados, por abordarem pensamentos direcionados ao âmbito pessoal e envolvendo
os sentimentos individuais e coletivos.
Compreender os sentidos do trabalho hoje é um desafio importante para os
administradores, tendo em vista as múltiplas transformações que têm atingido as
organizações e os “mundos do trabalho”. O objetivo deste trabalho é determinar,
identificar e comentar as características que o trabalho deveria apresentar a fim de ter
um sentido para aqueles que o realizam (MORIN, 2001).
Por meio dos pensamentos de Morin (2001), vemos a preocupação em se entender as
transformações do ambiente do trabalho e a relação com as características do trabalho que
provem um sentido para aqueles que a executam, tendo como base os comportamentos dos
trabalhadores de modo que eles passem a ter atitudes positivas na execução do seu trabalho.
Morin (2001) sintetizou os sentidos do trabalho por meio de alguns agrupamentos, e vinculando
necessariamente as características do trabalho, bem como aos princípios da organização, como
pode ser elencado abaixo.
Um trabalho que tem sentido é um que:
“É realizado de forma eficiente e leva a um resultado”, remetendo a ideia de
finalidade das atividades e do trabalho propriamente dito, atrelando ao conceito de
eficiência, onde as atividades devem ser feitas da melhor forma possível e que leve a
um objetivo final.
“É intrinsecamente satisfatório”, remetendo a ideia de satisfação e dando um sentido
de realização pessoal e profissional, levando em consideração suas motivações e
anseios, percebendo autonomia e responsabilidade pelo seu trabalho.
“É moralmente aceitável”, remete ao conceito dos valores morais tanto do profissional
quanto da empresa, que precisam estar alinhados, dando a ideia de contribuição social
do trabalho.
“É fonte de experiências de relações humanas satisfatórias”, conota ao sentimento
de vinculação com os demais, ao sentimento familiar, as relações interpessoais de um
grupo, que possam gerar experiências relevantes.
“Garante a segurança e a autonomia”, que remete ao paradigma de independência
financeira, e as condições de trabalho satisfatórias, que sejam seguras, e gerem
tranquilidade ao trabalhador.
28
“Mantém ocupado”, que correlaciona a alocação de uma carga de trabalho adequada,
para que o funcionário sinta que o seu tempo está sendo ocupado, de acordo com a sua
competência, sem extrapolar a sua capacidade.
Conforme, visto nos agrupamentos acima detalhados, à luz dos ideais de Morin (2001), a figura
4 abaixo, ilustra as relações entre as características que geram um sentido no trabalho
desenvolvimento, não sendo exclusivas, podendo ocorrer algumas delas ou todas elas, para que
haja um sentido percebido nas atividades do trabalhador.
Figura 4 - Síntese das características de um trabalho que tem sentido
Fonte: adaptado de Morin (2001)
De uma maneira mais completa, os resultados dos estudos de Tonelli, Morin e Pliopas (2007),
complementam as ideias de Morin (2001), com um detalhamento e agrupamento dos temas
recorrentes na influência do sentido do trabalho, há um delineamento para a formação da
dimensão individual, organizacional, e social. Onde representam como o sentido do trabalho
reflete a representação do trabalhador, ora pelos seus anseios pessoais, ora pela relação da
29
pessoa com a organização, e também pela relação que transcende as duas anteriores, que é a
contribuição para a sociedade.
Na dimensão individual, o trabalha reflete sentido, se corresponder ao senso de satisfação do
profissional, ou seja, há um entendimento que o trabalho terá sentido se o trabalhador, sentir
prazer e gostar do que faz, além do senso de desafio, e notar a sua participação no processo
produtivo como único. Além disso, é importante que o trabalhador sinta uma tranquilidade,
com relação aos seus requisitos financeiros e de remuneração, e tenha possibilidade de alcançar
cada vez mais um nível maior de qualidade de vida, equilibrando assim suas relações pessoais
e profissionais. Os outros temas que envolvem a dimensão individual, detalham essencialmente
o processo de crescimento e aprendizagem do profissional na organização, e também o processo
de identificação do funcionário com a empresa, ou seja, se a empresa for bastante reconhecida
no mercado e isso for um anseio do trabalhador, pode se tornar um fator gerador de sentido,
para o mesmo (TONELLI, MORIN E PLIOPAS, 2007).
Por outro lado, a dimensão organizacional, visa correlacionar o senso de utilidade,
relacionamento e inserção social, com as percepções do trabalhador sobre o sentido do trabalho,
evidenciando indicadores como: a percepção do processo produtivo por quem o executa, e é
considerado importante e há um reconhecimento por isso; além de propiciar a oportunidade dos
profissionais se inter-relacionarem e permite que o profissional seja inserido dentro do contexto
e cultura da empresa, conforme preconiza as ideia de Tonelli, Morin e Pliopas (2007),
evidenciando principalmente que o trabalho que tem sentido é um trabalho em que o resultado
serve a algum propósito para a organização.
É justamente na dimensão organizacional que há uma ênfase “relações interpessoais”, que
conforme os estudos de Sá e Lemoine (1999), trazem sentido ao trabalho e também favorecem
o senso de comprometimento na empresa.
E na dimensão social, nos estudos de Tonelli, Morin e Pliopas (2007), percebe-se um
entendimento que transcende as dimensões individuais e organizacionais, que reitera o sentido
do trabalho, através da sua inserção e contribuição na sociedade, por meio da execução de suas
atividades, que gerem algum benefício para a sociedade como um todo. As dimensões podem
ser englobadas conforme a figura abaixo.
Figura 5 - As dimensões do sentido do trabalho
30
Fonte: adaptado de Tonelli, Morin e Pliopas (2007)
2.3 Flexibilidade no trabalho
Em algumas empresas, pode-se observar a utilização de esquemas de trabalhos flexíveis, onde
pode-se perceber a carência de trabalhos científicos correlacionados, essencialmente, com as
relações de trabalho, contudo os estudos de Bohlander e Snell (2009), contextualizam o uso de
esquemas de trabalho flexível nas organizações, e seu uso no apoio a gestão de pessoas.
Chanlat (1996) traz à tona as dimensões esquecidas vinculadas a cultura organizacional, como
o espaço e tempo, que irão ser detalhadas abaixo, de modo a auxiliar no entendimento do
fenômeno provocado nessas dimensões.
Na pesquisa de Lockwood (2003) pode-se concluir que há uma redução de os níveis de
absenteísmo dos colaboradores, quando as empresas adotam algum tipo de flexibilização, com
o intuito de equilibrar a relação trabalho e vida pessoal, o que evidencia a sua correlação com
a gestão de pessoas das organizações, e seu resultado real e efetivo em sua adoção.
Esquemas de trabalho flexíveis são aqueles que podem alterar os horários e o local que o
trabalho é realizado, de modo a poder ser controlado por empresas e empregados (SLOAN,
2010).
Focar em resultados, compreende a ideia de trabalho flexível, que significa trabalhar
quando quiser, em qualquer lugar, e começar a ser avaliado, não pelas horas que você
passa sentado em uma cadeira, mas pelo o que você produzir. Não será mais
necessário estar na empresa em tempo integral (MORGAN, 2014).
O pensamento de Morgan (2014), remete essencialmente ao contexto de flexibilidade do espaço
de trabalho, que compreende o “trabalhar em qualquer lugar”, e a flexibilidade do tempo, que
remete ao “trabalhar quando quiser”, obviamente em prol de um resultado, onde os
Sentido do
trabalho
Dimensão Individual
Dimensão organizacional
Dimensão social
31
trabalhadores que possam estar usufruindo deste benefício possam ser avaliados, como
qualquer outro, através dos resultados que eles propiciem, estejam ou não estejam dentro do
espaço físico da organização, estejam presos ao um regime de horário rígido ou flexível.
Nos estudos realizados pela Cisco (2014), há uma exposição de informações significantes sobre
a flexibilização, através dos anseios dos profissionais pesquisados, nesta pesquisa evidencia-se
cerca 66% dos profissionais enquadrados na geração Y, nascidos entre 1981 a 2000 (BEIMS et
al, 2011), se sentem mais produtivos e eficientes trabalhando fora das dimensões físicas da
empresa, o que remete diretamente ao conceito de flexibilidade explicado anteriormente, e
ainda nesta pesquisa, evidenciou-se que cerca de dois terços dos profissionais entrevistados
acreditam que uma empresa com um modelo de trabalho flexível, móvel e remoto tenha uma
vantagem competitiva sobre outra que exige que os funcionários que atue de forma tradicional
com horários rígidos.
Os dados da Cisco (2014) mostram uma tendência em adotar a flexibilidade, para empresas que
desejam acompanhar o ritmo tecnológico, no intuito de prover uma certa liberdade para que os
profissionais possam definir a sua própria agenda, equilibrar as questões pessoais e
profissionais, sejam estas através da mobilidade da sua jornada de trabalho, ou seja por meio
da disponibilização de recursos para que o profissional possa exercer suas atividades onde ele
estiver, sendo assim a flexibilização do tempo e no espaço, que serão detalhadas nas seções
seguintes.
2.3.1 Flexibilidade no tempo
O tempo passa a ser uma variável flexível nas organizações, e com isso, o início e fim do dia
de trabalho, pode acontecer mais cedo ou mais tarde do que é uma jornada rígida, trabalhadores
podem determinar seus próprios horários de início e término (KELLY E KALEV, 2006). O que
garante a responsabilidade e flexibilidade dos horários trabalhados dentro da organização, que
nas pesquisas de Jain e Swami (2014), se mostraram como geradores de benefícios claros para
a organização, através das dimensões agrupadas.
Por meio dos pensamentos de Baltes et al (1999), pode evidenciar a melhoria da satisfação dos
funcionários, quando da adoção de jornadas flexíveis de horários de trabalho, afetando inclusive
as atitudes positivas dos trabalhadores, e consequentemente nos resultados apresentados pelos
mesmos, ficando clara a relação entre os construtos da flexibilização e da satisfação com o
trabalho.
32
A jornada flexível de horários de trabalho, pode inclusive influenciar positivamente no
engajamento do profissional com a organização, potencializando o sentimento de
pertencimento (JAIN E SWAMI, 2014), o que favorece a identificação do profissional com as
necessidades da empresa, se tornando benéfico na relação empregado / empregador.
A dimensão do comprometimento organizacional, segundo Glass e Finley (2002), tem sido
influenciada também pelo construto da flexibilização, fazendo com que o funcionário se sinta
mais responsável pelos seus resultados, e comprometidos com as diretrizes da organização, o
que segundo Mowday, Porter e Steers (1974), também se compõem através do sentimento de
lealdade, o desejo de permanecer na organização, e o desejo de se esforçar, dando algo de si em
prol do bem-estar da empresa.
Como fator análogo, há também influência na produtividade da organização, como percebido
pelas pesquisas de Pierce e Newstrom (1980), que concluiu que através da adoção da jornada
flexível, houve uma contribuição para uma melhor correspondência entre as habilidades
individuais e os requisitos do trabalho, favorecendo uma melhor produtividade.
Já direcionando para a área de gestão de pessoas, Hyland (2000) afirma por meio das suas ideias
que a flexibilização afeta diretamente na diminuição de índices considerados críticos para os
gestores de pessoas das organizações, como o absenteísmo, que é a ausência do trabalhador por
diversos motivos, e também nos índices de turnover, que remete a rotatividade de pessoal dentro
da organização por meio de demissões e admissões, ou seja, os trabalhadores tendem a faltar
menos ao trabalho, quando se sentem mais livres das obrigações de horários pré-determinados,
bem como, tendem a ficar mais tempo na empresa, não sentindo necessidade de procurar outro
emprego.
Além disso, aumentando o nível de atração para a empresa (RAU E HYLAND, 2002), onde
possíveis candidatos irão se identificar com mais afinco com a empresa que o tipo de
flexibilização que estão procurando.
Por meio de uma vertente mais psicológica, Almer e Kaplan (2002), compreendem que a
jornada variável do trabalhador, pode ocasionar uma redução nos níveis de stress, uma vez que
possuem controle sobre o seu horário, podem se dedicar melhor ao seu trabalho, e equilibrar ou
minimizar as ocorrências de situações estressantes. Ainda inclusa nesta vertente psicológica,
Schaefer (2005), através de seus estudos, direciona como benefício, em razão do controle do
horário de trabalho, o aumento da energia em se realizar as tarefas e atividades laborais, e
favorecem ambientes criativos, como também evidenciado nas pesquisas de Alberton e
33
Piccinini (2009), que contextualizaram a flexibilização de horário numa agencia de publicidade,
para cargos que fazem uso constante da criatividade em suas atividades.
Os sentimentos de felicidade, ou comportamentos que levem a felicidade, também podem ser
observados em empresas que destaquem a flexibilidade de horários, e quanto mais felizes, os
funcionários serão mais produtivos (ATKINSON E HALL, 2011), e poderão certamente,
correlacionar harmoniosamente as dimensões do trabalho e as dimensões pessoais, alcançando
um equilíbrio satisfatório e com menos conflitos, que possam afetar quaisquer destas dimensões
(HAYMAN, 2009). Na figura 6 abaixo, pode-se sintetizar as dimensões afetadas pela
flexibilidade de horários, conforme os pensamentos de Jain e Swami (2014),
Figura 6 - Dimensões afetadas pela flexibilização de horários
Fonte: Adaptado de Jain e Swami (2014)
Flexibilidade de Horários
Satisfação
Engajamento
Comprometimento
Produtividade
Menor absenteísmo e turnover
Atração
Stress menor
Criatividade
Felicidade
Equilíbrio
34
Como pode-se ver através das diversas dimensões correlacionadas, direciona-se para uma gama
de benefícios na adoção de algum tipo de flexibilização nos esquemas de trabalho, sendo
essencialmente através da dimensão do tempo, onde se caracteriza por dar liberdade ao
empregado em ter o controle de sua jornada, num espaço de trabalho determinado, que por
diversas vezes impacta na relação entre empresa e vida pessoal do trabalhador, trazendo um
sentimento de pertencimento, engajamento e comprometimento, e conduzindo para uma
experiência positiva na vida profissional e pessoal dos trabalhadores (HAYMAN, 2009).
2.3.2 Flexibilidade no espaço
O espaço se constitui de diversas variáveis, entretanto o foco deste capitulo é revisar os estudos
que foram feitos com relação a flexibilização do espaço no contexto organizacional, onde por
diversas vezes, as empresas têm optado por flexibilizar o ambiente de trabalho do colaborador,
em troca de obter outros benefícios, e há um compartilhamento entre a infraestrutura do
ambiente domésticos para as atividades laborais (SCHIRIGATTI E KASPRZAK, 2007),
englobando os conceitos de home office, tele trabalho, e os trabalhos que são feitos fora do
ambiente tradicional de trabalho.
Seguindo esta mesma linha de pensamento, Jain e Swami (2014) colaboram com um
agrupamento para a flexibilização do espaço de trabalho das seguintes formas: Tele trabalho e
trabalho em casa, onde os empregados trabalham remotamente de suas casas ou de outro
ambiente externo a organização, fazendo uso dos recursos tecnológicos de comunicação para
executar suas tarefas; tele trabalho por satélite, onde os empregados podem trabalhar
remotamente, conectados por um satélite para interagir com as atividades; e por último um
modelo de localização alternada, onde o funcionário pode passar uma parte do ano em uma
localidade e o restante em outra.
O foco dos estudos deste trabalho irá permear os conceitos listados na primeira agrupação citada
por Jain e Swami (2014), englobando assim os profissionais que estejam realizando suas
atividades de casa ou de qualquer outro local não controlado pela empresa, o que contribui
parcialmente para o equilíbrio entre as relações de trabalho e relações pessoais e familiares
conforme citado por Hayman (2009) em suas hipóteses.
Contudo Tietze (2005) demonstra em suas ideias, preocupação concernentes aos efeitos
negativos para esta prática, que podem sem elencadas como: maior controle pelas organizações
num ambiente privado do empregado, e jornadas de trabalho que podem se alongar bem mais
que o previsto ou necessário, para esses trabalhadores o fato de não haver uma supervisão,
35
poderia dar a impressão de que não estivesse efetivamente trabalhando, conforme pontuado por
Barros e Silva (2009). Por outro lado, existem diversos estudos que apontam que a mediação
da tecnologia conduz a mudanças na relação do tempo e espaço, trazendo para os indivíduos a
percepção de benefícios e dificuldades nas suas relações com o trabalho (SILVA, 2008).
Mesmo com os pontos negativos, há um direcionamento maior para a abordagem desta
flexibilidade de espaço, inclusive através de grandes empresas, como recentemente o Banco do
Brasil (2015), anunciou o início do projeto para trabalho a distância ou home office, elencando
os benefícios como: maior qualidade de vida, ganho de tempo gasto com deslocamento urbano
e aumento da motivação para o funcionário, além do aumento de produtividade, melhor
organização do trabalho e diminuição de custos estruturais.
Entretanto vale a pena salientar a não adequação de todas as atividades profissionais para este
modelo de trabalho, e como colabora Barros (2014), sobre as categorias profissionais que
podem exercer: profissionais de tecnologia da informação, jornalistas, tradutores, publicitários
e prestadores de serviços, visto que na abrangência de suas atividades, há uma maior aderência
a este modelo descentralizado.
Na pesquisa de Bloom (2014), pode se ver algumas confirmações interessantes a respeito da
flexibilização do espaço de trabalho, onde a empresa lócus da pesquisa, durante o experimento,
obteve um acréscimo na ordem de 13% em seus indicadores de qualidade, havendo assim um
melhor aproveitamento do horário, através de menos intervalos e licenças, e no final do
experimento, mais da metade dos funcionários, resolveram continuar o home-office, que fez
com que a empresa aumentasse o seu faturamento na ordem de 22%, não só pelo aumento de
produtividade, como também na redução de custos com a diminuição dos escritórios, e redução
de custos passivos a operação.
Ainda a luz dos pensamentos de Bloom (2014), evidencia-se também um grupo de profissionais
que são mais aderentes a esta flexibilização de espaço por meio do home-office, como os
profissionais de suporte técnico ou vendas, que possuem indicadores mais numéricos de
desempenho, e que podem ser facilmente supervisionados por suas metas e quantidades de
atendimento, além também dos profissionais que são motivados pelos resultados de suas
carreiras, onde normalmente são os que estão no nível mais estratégico ou tático da empresa,
que podem trabalhar de casa, em qualquer horário que for mais conveniente.
Outro fato bastante citado por Bloom (2014), é a contraindicação deste modelo de trabalho,
para profissionais que precisem atuar em equipe para favorecer a criatividade, como uma
36
necessidade eminente, contudo, há uma indicação para um modelo que alterne dias trabalhando
de casa, como também dias trabalhando no escritório da empresa, alinhando bem os dois
modelos, em prol de um resultado mais efetivo.
2.3.3 Flexibilidade do trabalho no Brasil
A flexibilização do trabalho, é uma tendência que as empresas estão utilizando no mundo
inteiro, conforme visto nas seções anteriores, países como Estados Unidos, China, Inglaterra,
dentre outros, estão cada vez mais fazendo uso de algum tipo de flexibilização, seja para reduzir
seus custos ou aumentar seu faturamento, ou melhorar a qualidade de vida do trabalhador,
contudo no Brasil, existe um fator que eventualmente pode preocupar os empregadores, e gerar
dúvidas para os empregados: a legislação vigente para as relações de trabalho, ou a
Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.
Na CLT, não há um artigo que fundamente ou especifique as relações que compõem o horário
flexível, o que impacta no entendimento do empregado e empregador, sobre as obrigações de
se pagar horas extras ou realizar o desconto referente as horas faltantes. Contudo o artigo 444
da CLT contempla uma interpretação que abrange acordos coletivos, que possam viabilizar as
estruturas flexíveis.
Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre
estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às
disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes
sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes (BRASIL,
2013).
Por meio deste artigo em especial da CLT, há um entendimento que permite que empregado e
empregador possam realizar acordos mútuos relativos às condições de trabalho, de modo a
tornar a organização do trabalho mais adequada às suas necessidades, entretanto, tais acordos
não poderão contradizer às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes
sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Ainda sobre os trabalhos flexíveis, a CLT possui no seu artigo 62, parágrafo II, no capitulo
relativo a duração do trabalho, uma abertura para que profissionais em cargos de gestão como:
gerentes, diretores, coordenadores, e chefes, possam não realizar o registro de horário,
fornecendo de certa forma uma flexibilização nos horários de chegada e saída dos mesmos,
devido à natureza do cargo.
Outra exceção prevista no mesmo artigo, porém em seu primeiro parágrafo, é sobre a não
obrigatoriedade de registro fixo de horários, para os empregados que fazem atividades externas
37
e incompatível com a fixação do trabalho, porém tal condição é necessário que seja registrado
a exceção na carteira de trabalho do empregado, e nos registros do empregador, para que não
haja dúvidas com relação ao regime de horário adotado, com o intuito de não gerar horas extras
não previstas posteriormente.
Art. 62 – Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:
I – Os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de
horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e
Previdência Social e no registro de empregados;
II – Os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se
equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento
ou filial (BRASIL, 2013).
Ainda sobre a flexibilização, mas do espaço em que o trabalho é realizado, dessa vez a CLT
possui um artigo que facilita o entendimento, e caracteriza o trabalho realizado além do
escritório da organização, conforme trecho destacado abaixo.
Art. 6º. Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador,
o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam
caracterizados os pressupostos da relação de emprego (BRASIL, 2013).
Com isso, para fins do direito do trabalho, e resguardo jurídico, a CLT não prevê nenhum tipo
de distinção do trabalho que é feito dentro da empresa, para aquele é executado fora, como por
exemplo, pelo home-office ou teletrabalho, desde que estejam dentro dos contratos de trabalho,
e estejam sendo realizados dentro da carga horária, ou dentro dos esquemas de horário
definidos, entre empregado e empregador.
Uma das motivações para a existência de um modelo de trabalho flexível, estudadas nas seções
anteriores, é poder proporcionar facilidades para que o trabalhador possa equilibrar sua vida
pessoal e profissional, porém sem prejudicar o seu rendimento dentro da organização. Pode-se
também incluir o trabalho flexível na figura da compensação, como dita o artigo 59 em seu
parágrafo segundo, da CLT (BRASIL, 2013).
§ 2º – Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou
convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela
correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período
máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja
ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias (BRASIL, 2013).
No entendimento deste parágrafo, o horário de entrada e saída pode ser dinâmico, porém a
diferença das horas com relação a sua carga horária diária, deverá ser reposta ou compensada,
dentro do mesmo dia ou dentro da mesma semana, salientando que o total de horas não poderá
ultrapassar as dez horas diárias, ou ultrapassar seis dias seguidos.
38
2.4 Os profissionais de Tecnologia da Informação
Os profissionais de tecnologia da informação, ou simplesmente profissionais de TI, tem se
tornado essencial nas organizações, na visão de Saviani (1998), tem sido considerado como um
agente transformador, ou seja, agindo como interlocutor entre a organização e a informação. E
conforme as ideias de Stoner e Freeman (1999) estes profissionais precisam ter as competências
para desenvolver processos criativos e inovadores, visando atender às necessidades crescentes
de informações pelas instituições.
As competências ou atributos dos profissionais de TI, podem ser categorizadas de duas formas,
à luz do pensamento de Saviani (1998), sendo inatas ou adquiridas; as competências inatas, ou
aquelas inerentes a parte pessoal e individual do profissional de TI, como a criatividade,
inteligência emocional, bom-senso, liderança e extroversão, e como competências adquiridas,
pode-se citar conhecimento técnico, empatia, domínio de outros idiomas e outras atitudes
comportamentais adquiridas ao longo do tempo (BITTENCOURT E PRADO, 2011).
Pode-se observar alguns direcionamentos ou orientações na percepção do ambiente profissional
que os profissionais de TI fazem usufruto, de modo a contextualizar a realização das percepções
internalizadas em cada pessoa que traga um significado do que é ser um profissional da área
(CREPEAU et al., 1992), e conforme a ilustração abaixo, pode-se perceber as competências
orientadas.
Figura 7 - Competências orientadas aos profissionais de TI
39
Fonte: adaptado de Crepeau et al (1992)
Como esta evidenciado, algumas competências trazem à tona a diferenciação do profissional
de TI, reforçando as competências sugeridas, como a competência gerencial que visa
desenvolvimento de atividades concernentes ao gerenciamento, já a competência técnica visa o
envolvimento do profissional com uma área ou campo técnico especifico, a segurança e
estabilidade organizacional está direcionada com o desejo de se trabalhar em uma empresa que
tenha benefícios e gere uma estabilidade no longo prazo (CREPEAU et al, 1992).
A autonomia e independência tem a ver essencialmente com a necessidade de se procurar novas
competências e liberdade de escolhe-las, a identidade tem a ver com o sentimento de status e
prestigio ao trabalhar na organização, na competência de serviços há a preocupação em
testemunhar resultados, e na variedade, há uma preocupação em se tomar para si desafios
diferentes durante a carreira (CREPEAU et al, 1992). Diversas competências e atributos
Profissional de TI
Competência Gerencial
Competência Técnica
Segurança e Estabilidade
Organizacional
Autonomia e independência
Criatividade e Empreededorismo
Identidade
Serviço
Variedade
40
permeiam os mais diversos profissionais de TI, e isso o direciona para uma participação
diferenciada nas organizações.
Já Rezende (2005) diz que o mercado de trabalho requer cada vez mais profissionais de
qualidade, que sejam ecléticos, e que alinhem o conhecimento técnico com os conhecimentos
de negócio e também comportamentais.
O trabalho de TI pode ser realizado isoladamente ou em equipes que podem ser
presenciais ou virtuais. O profissional de TI pode estar distribuído e interdependentes,
muitas vezes necessitando de coordenação entre os vários especialistas. As cargas de
trabalho podem ser pontuadas por um nível intenso de atividade. O trabalho deve ser
realizado incessantemente sem erro, apesar de frequentes mudanças provocadas por
uma variedade de fatores, incluindo a inovação e demandas tecnológicas dos clientes
(MAJOR et al, 2007).
As afirmações de Major et al (2007), reafirmam o perfil do profissional de TI, através das
múltiplas caracterizações, tanto por sua presença física no ambiente de trabalho, quanto pela
realização de suas atividades onde estiver, a autora também evidencia a o posicionamento
individual de alguns profissionais de TI, que atuam melhor e com mais produtividade, quando
atuam sozinho, e também outros profissionais que atuam melhor quando realizam suas
atividades em equipe. Na luz dos pensamentos de Major et al (2007), existe um conjunto de
desafios relacionados ao trabalho dos profissionais de TI, o que exige um alto grau de
flexibilidade e adaptabilidade por parte dos trabalhadores.
Por sua vez Castro e Sá (2002) em suas pesquisas, identificam atributos relativos as habilidade
e competências, e valores e atitudes dos profissionais de TI, para a definição da estrutura do
perfil profissional.
“Habilidades e competências: agente de mudanças; agilidade; antecipação de
ameaças/oportunidades; associação de conhecimento prático e teórico; capacidade de
decisão; capacidade de formar; comunicação escrita; comunicação oral; concentração;
empatia; execução de tarefas dentro do tempo dimensionado; experiência; facilidade
de aprendizagem; falar em público; liderança; proposição de soluções; raciocínio
lógico; relacionamento humano; trabalho em equipe; e visão sistêmica da empresa.
Valores e atitudes: abertura para ideias; atitude colaborativa; atitude proativa; ato
moral profissional; ato moral social; autoconfiança; bom senso; comprometimento;
criatividade; desejo de evolução; educação continuada; flexibilidade; gosto pelo que
faz; humildade; integridade; inteligência emocional; intuição; lealdade; e motivação”
(CASTRO E SÁ, 2002).
Pode-se enfatizar, os aspectos relativos aos valores e atitudes citados, que colaboram com as
competências orientadas no saber de Crepeau et al (1992), com destaque para os valores
relativos a proatividade, criatividade, comprometimento, motivação, desejo de evolução,
flexibilidade, e o gosto pelo que faz, que traz a conotação do sentido que o trabalho
desempenhado fornece.
41
Moreira (1999) evidenciou que as empresas buscavam no profissional de TI, aspectos
relacionados aos conhecimentos e habilidades necessários, como: conhecimento técnico,
formação superior específica na área de TI, conhecimentos sobre a área de negócios, capacidade
analítica de raciocínio, flexibilidade, liderança, integridade, perfil generalista, bom
relacionamento pessoal, clareza ao transmitir ideias, criatividade, proatividade e domínio do
inglês.
Esses pensamentos complementam as competências oriundas dos estudos de Crepeau et al
(1992) e Castro e Sá (2002), onde algumas competências e habilidades estão presentes em
vários momentos na linha do tempo destes estudos.
42
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capitulo estão explicitados os procedimentos metodológicos que serão usados no decorrer
desta pesquisa, de modo a contribuir para a investigação dos objetivos apresentados, na análise
sobre de que maneira o trabalho flexível pode ser capaz de prover sentido, segundo a percepção
de profissionais de tecnologia da informação. A pesquisa será detalhada por meio de sua
caracterização, desenho, lócus, sujeitos, técnicas de coleta e análise dos dados.
3.1 Caracterização da pesquisa
Esta pesquisa é delineada de maneira qualitativa por assim oferecer uma maior adequação no
entendimento dos sentidos do trabalho dos profissionais alvos deste estudo. Merriam (1998)
cita que o método qualitativo tem um conceito amplo, que ajuda a entender e explicar o
significado do fenômeno social com a menor quebra possível do ambiente natural, sendo assim
este tipo de pesquisa, torna-se cabível para o direcionamento do estudo sobre sentidos do
trabalho, em situação de trabalho flexível, no cotidiano das atividades.
O direcionamento para a pesquisa qualitativa privilegia técnicas que favorecem a descoberta de
fenômenos latentes, como a observação participante, relatos de vida, analise de conteúdo,
entrevistas, assim reunindo um conjunto qualitativo de informações (HABERMAS, 1987).
A pesquisa qualitativa visa explorar o comportamento das pessoas, conforme dito por
Silverman (2006), além de possibilitar um maior grau de flexibilidade ao pesquisador de modo
a adequar a estrutura teórica ao estudo do fenômeno (VIEIRA E ZOUAIN, 2006).
O delineamento desta pesquisa para o método fenomenológico se dá devido ao objetivo que é
estudar as percepções de um grupo de profissionais, neste caso dos profissionais de tecnologia
da informação, sob diversas condições, diversas localidades, não só dentro de uma determinada
empresa, o que caracterizaria um estudo de caso, mas entender o fenômeno existente entre o
sentido do trabalho para esses profissionais, quando trabalham sob um regime de flexibilidade.
A fenomenologia por princípio busca conhecimento com foco em algum fenômeno observado;
é a percepção do objeto ou da situação que o torna visível à nossa consciência (MOUSTAKAS,
1994; MOUREIRA, 2003).
Colaborando com esta linha de pensamento, Dartigues (1973) resume que a fenomenologia é
direcionada para o estudo e reflexões dos fenômenos puros ou absolutos, o que reitera a
importância deste método com relação à observância das ações e natureza de comportamentos
em sua essência.
43
A contextualização da percepção dos sentidos do trabalho juntamente com a flexibilização do
trabalho, parece ser temas pouco estudados, segundo o levantamento sobre referências nessas
áreas do conhecimento, realizado previamente por este autor.
Nesta pesquisa haverá um delineamento exploratório, que segundo Gil (1991) proporciona um
aspecto mais intrínseco com o problema estudado, tornando mais família, e favorecendo o
aprimoramento de ideias e intuições. Já na luz dos pensamentos de Köche (1997), indica-se a
pesquisa exploratória para iniciar um processo de investigação que identifique a natureza do
fenômeno a ser estudado, e assim observar características das variáveis que forem necessárias
ao entendimento.
Como nesta pesquisa, há uma carência de referências sobre os temas em conjunto, Fernandes e
Gomes (2003) sugerem o uso da pesquisa exploratória, para suprir esta carência e também se
aprofundar no problema de pesquisa, se adequando ao modelo de pesquisa qualitativa, por não
necessariamente precisar de hipóteses a serem testadas.
Esta pesquisa é caracterizada como descritiva, que por definição explicita os atributos de um
determinado fenômeno, estabelecendo correlações entre variáveis que a compõem
(VERGARA, 2000), e os pensamentos de Fernandes e Gomes (2003) podem remeter a total
aplicação da pesquisa descritiva ao estudo fenomenológico:
Trata-se, portanto, de uma modalidade de pesquisa cujo objetivo principal é descrever,
analisar ou verificar as relações entre fatos e fenômenos (variáveis), ou seja, tomar
conhecimento do que, com quem, como e qual a intensidade do fenômeno em estudo.
A pesquisa descritiva pode também ser utilizada para avaliação de programas; sendo
que tais estudos podem ou não trabalhar com a formulação de hipóteses e muitas vezes
podem servir de base para estudos de relações causais (FERNANDES e GOMES,
2003).
Como este estudo visa alinhar fatos como a flexibilização do trabalho e os fenômenos aplicados
pelos sentidos do trabalho, entender a sua intensidade e descrever a população alvo desta
pesquisa, sendo assim aplicável os delineamentos exploratórios e descritivos que a
caracterizam.
3.2 Desenho da pesquisa
O desenho da pesquisa é composto por diversas fases ou etapas que vão direcionar o
pesquisador em prol dos resultados desejados; visa também organizar e delimitar cada etapa
desse processo (GIL, 2008), como se pode ver por meio da Figura 3.
44
Figura 8 - Desenho da pesquisa
Fonte: O autor
O desenho acima, guia o roteiro da pesquisa, desde a sua concepção até a redação final, servindo
como base para a construção metodológica das atividades a serem desempenhadas, cada fase
45
dessa será explicitada posteriormente nos demais capítulos, corroborando com a importância
de cada uma delas.
3.3 Locus da pesquisa
A palavra locus tem origem no latim, e por sua vez significa propriamente “lugar” ou “local”,
e no sentido da pesquisa, autores como Lessa (2000) correlacionam o lócus com o local que o
estudo ou pesquisa foi aplicado, já Zanella e Titon (2005) visualiza o lócus como o contexto ou
aspecto para entendimento do fenômeno, com isso pode-se entender, dentro do estudo
fenomenológico, como sendo a abrangência ou o momento específico do estudo do fenômeno,
em um determinado lugar e em um determinando tempo, caracterizando o recorte do estudo por
meio de uma visão específica.
Nesse caso, os lócus desta pesquisa serão as diversas empresas em que atuam os profissionais
de tecnologia da informação de diversas regiões do Brasil, e posteriormente estendido para
outros países. Este cenário foi escolhido devido à grande utilização deste tipo de benefício nas
empresas, principalmente de tecnologia, como o Microsoft, Google, Apple, dentre outras, que
têm se destacado em oferecer benefícios diferenciados aos seus funcionários, tendo como base
o mercado competitivo.
3.4 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa, compreendem a descrição e delimitação da população base, a ser
entrevistada, fonte dos dados principais, direcionando o grau de representatividade no grupo
social em estudo, de maneira mais figurativa, se trata do solo sobre o qual grande parte deste
trabalho de campo será assentado (DUARTE, 2002).
Para este estudo, os sujeitos da pesquisa, serão profissionais de tecnologia da informação que
estejam empregados em empresas de qualquer ramo de atividade, que estejam fazendo usufruto
de algum esquema de trabalho flexível, seja no tempo (horários flexíveis) ou no espaço (home-
office), em qualquer unidade federativa do Brasil, ou no exterior.
Esses profissionais, que estejam contemplados nestes requisitos, serão a fonte de dados que irão
abalizar esta investigação fenomenológica, não sendo necessário que eles estejam em ambos os
modelos de flexibilidade apresentando, podendo atuar de forma flexível tanto com relação ao
espaço onde trabalho, ou enquanto aos seus horários, como pode ser visualizado na figura 9.
46
Figura 9 – Sujeitos da pesquisa
Fonte: O autor
Ao termino da pesquisa, foram entrevistados cerca de 25 profissionais de TI, quando houve a
saturação das respostas, sendo profissionais de diversas empresas, dos mais diversos portes e
segmentos e de diversas localizações (Recife, São Paulo, Minas Gerais, Boa Vista, Fortaleza),
incluindo grandes empresas de Tecnologia como o Google (EUA), Microsoft (EUA), Pitang e
empresas de outros segmentos, como a FACHESF, Unimed, dentre outros.
3.5 Instrumento de coleta dos dados
Os instrumentos são a maneira de como pode-se coletar dados, através do levantamento junto
ao objeto de estudo (YIN, 2001), de modo a se alcançar os objetivos estabelecidos, para esta
pesquisa foram utilizados dois instrumentos de coleta dos dados: alguns vídeos e documentos
da internet que continham entrevistas com informações relevantes a esta pesquisa; e as
entrevistas por pauta, a serem realizadas junto à algumas profissionais de tecnologia da
informação, de diversas empresas, em diversos estados, escolhidas por conveniência. Essas
entrevistas complementam os dados oriundos dos documentos e documentos, de modo a gerar
informações mais claras e objetivas acerca do entendimento do fenômeno.
47
A entrevista por pauta, é um instrumento que apresenta um nível de estruturação, e se baseia
em uma relação de pontos que o entrevistador vai explorando ao longo do processo, e são
recomendadas para pesquisas mais flexíveis, em que o pesquisador faz poucas perguntas e
concede a liberdade para ao entrevistado para falar sobre as pautas, direcionando para o tema
base; contudo caso haja um afastamento, o entrevistador sutilmente trará o foco para o objetivo
da pesquisa (GIL, 1991).
Os trechos que contenham palavras dos entrevistados irão estar caracterizados por estarem entre
aspas e correlacionado com a identificação PFTI e uma numeração, de modo não identificar o
participante, a sigla utilizada significa Profissional de TI.
Morin (2001) emprega estes instrumentos em suas pesquisas sobre sentido do trabalho, bem
como Tonelli, Morin e Pliopas (2007), de modo a extrair de forma abrangente, informações
acerca dos construtos estudados.
As entrevistas foram gravadas em áudio e posteriormente transcritas, ou diretamente transcritas,
também em meio digital, de modo a poder receber tratamentos e análises em qualquer momento,
e com isso a auxiliar no processo de interpretação e análise dos dados.
3.6 Pré-teste
A execução de um teste preliminar, ou teste piloto, permite visualizar melhor o direcionamento
do roteiro da entrevista, e o direcionamento dos formulários online, através de pessoas que
tenham características similares dos sujeitos da pesquisa, conforme afirmado pelos autores:
Triviños (1987), Manzini (1991), Rea e Parker (2000) em suas pesquisas. Lima (1999) conota
a importância da realização de um pré-teste em pesquisas qualitativas, fazendo assim com que
os entrevistados possam compreender as questões da mesma maneira, com a impossibilidade
de incerteza.
Nesta pesquisa tem-se por objetivo realizar o pré-teste com alguns profissionais de tecnologia
da informação, de modo a verificar a efetividade do formulário, com questões abertas e do
roteiro das entrevistas por pauta, maximizando os resultados a serem obtidos, explorando assim
os resultados e se aprofundando no tema, ajustando possíveis não-conformidades, e poder
interligar as diversas variáveis dos temas estudados nesta pesquisa.
48
3.7 Técnica de análise dos dados
Nesta pesquisa, a análise de conteúdo será um fator determinante para alcançar os resultados
esperados, tendo em vista os instrumentos de coleta de dados, questionários online e entrevista
por pauta, que devem gerar informações e conteúdos relativos à pesquisa, possibilitando em sua
teoria investigar fatos que estejam ligados aos sentidos pertencentes aos profissionais de TI,
quando beneficiados pela flexibilidade de trabalho na organização, onde atuam.
A análise de conteúdo, traz em seu conceito algumas etapas, como a pré-análise, exploração do
material, e tratamento dos resultados e interpretação, na etapa há o desenvolvimento dos
procedimentos preparatórios, com a elaboração de indicadores que fundamentam a
interpretação, na etapa de exploração do material, os dados brutos são codificados em unidades,
para descrever as características, já na etapa de tratamento dos resultados, há uma quantificação
das informações em destaque, permitindo a geração de modelos e diagramas (BARDIN, 1977).
Bardin (1977), em seus estudos, cita que a técnica de análise de conteúdo é um conjunto de
técnicas de análise das comunicações, a partir da utilização de procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens ou dados.
Este método é produtivamente utilizado nas ciências sociais para descrever fenômenos,
observar suas relações, e fazer previsões (RIFFE et al; 2014), observando a riqueza de detalhes
dos dados expostos, e posteriormente categorizando e interpretando os resultados.
A análise seguirá a organização sugerida por Bardin (1977), através do seu modelo,
contextualizado na figura 10 abaixo.
49
Figura 10 – Roteiro da análise de conteúdo
Fonte: adaptado de Bardin (1977).
3.8 Limites e limitações da pesquisa
3.8.1 Limites da pesquisa
A pesquisa se limitou às percepções dos profissionais de tecnologia da informação, com relação
ao sentido do trabalho, e especificamente, àqueles profissionais que gozem do benefício de ter
flexibilidade, e estejam empregados no momento, para poder externar a sua percepção e qual o
sentido do trabalho para eles, e quais características provem sentido.
Este trabalho se limitou ainda, as dimensões do tempo, que regem os horários e momentos que
o trabalhador realiza suas atividades, e também as dimensões do espaço, que evidenciam a
escolha do local de trabalho pelo trabalhador, não cabendo nesta pesquisa, as flexibilizações do
contrato de trabalho (que envolvem a remuneração, e forma de contratação), bem como as
flexibilizações das relações de decisão das atividades do profissional de TI.
3.8.2 Limitações da pesquisa
Algumas dificuldades ocorreram dentro do período de entrevistas, sendo o mais intenso delas,
a falta de tempo e disponibilidade dos profissionais de TI, por estarem no momento de suas
atividades. Algumas entrevistas tiveram que ser feitas através de recursos tecnológicos para
auxiliar o processo, bem como, foi considerado mais conveniente para alguns entrevistados,
principalmente por atuarem na área de tecnologia, e em alguns momentos a utilização dos
recursos tecnológicos foram o único modo de se obter as respostas, para profissionais que
1
•Pré-análise
2
•Inferência
3
•Interpretação
50
estavam em outros estados (como Rio de Janeiro e São Paulo), e alguns em outros países (como
os Estados Unidos).
Durante a fase de pesquisa presencial, houveram algumas dificuldades, inerentes ao processo,
como qualidade de áudio gravada insuficiente para realizar uma transcrição automatizada ou
apoiada por softwares de reconhecimento de áudio, sendo em alguns momentos, transcrita de
forma manual. Também houveram problemas com relação ao fuso horário, essencialmente para
os entrevistados no exterior, com isso, foi preciso pensar numa solução que envolvesse um
horário mais conveniente para o entrevistado.
51
4 ANÁLISE DOS DADOS
Por meio deste capitulo, foram feitas as considerações acerca dos resultados encontrados na
pesquisa, por meio das entrevistas por pauta, promovendo assim descobertas sobre o sentido do
trabalho e o trabalho flexível, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da
informação, bem como essa flexibilização pode prover sentido aos seus trabalhos.
4.1 Percepção sobre o sentido do trabalho
Com o intuito de investigar o sentido do trabalho, ou de que forma o trabalho faz sentido para
profissionais de tecnologia da informação, conforme detalhado pelo primeiro objetivo
específico desta pesquisa, foram criados alguns indicadores, baseados em Tonelli, Morin e
Pliopas (2007) e Morin (2001), que vinculam as características do trabalho com dimensões da
organização.
4.1.1 Dimensão individual
Por meio desta dimensão, pode-se atestar a percepção relacionada as condições do trabalhador
como indivíduo, seus gostos, suas motivações, seu senso de crescimento e satisfações, de
maneira em geral.
“Eu vejo sentido em entregar algo de valor, no trabalho que desempenho hoje, para
mim a qualidade é importante, e também gostar do que eu faço, e como disse, preciso
também entender o valor do que entrego, hoje, não tenho um feedback direto da
empresa, pois há vários níveis até chegar ao usuário final. Mas consigo descobrir de
outras formas” (PFTI09).
“O meu trabalho tem sentido para mim [...] a obtenção de conhecimento, pois eu
trabalho com pessoas muito inteligentes e, eventualmente, eu tenho a oportunidade de
aprender com elas; e por último o retorno financeiro, por que eu ganho o suficiente
para não me preocupar com dinheiro considerando meus gastos” (PFTI10).
Como relatam os entrevistados acima, há um senso individual de contribuição e ganho, em vista
aos resultados que gera, tal como cita Tonelli, Morin e Pliopas (2007, p. 51): “O sentido de
satisfação no trabalho está relacionado à contribuição pessoal do indivíduo para o próprio
trabalho”. Ainda: a dimensão individual é percebida pela preocupação do entrevistado, com o
seu crescimento profissional e aprendizagem, com um senso de independência financeira e
sobrevivência. Além disso, o sentido está em realizar um trabalho que se gosta de fazer.
Os relatos também vão de encontro com o perfil do profissional de TI, através dos seus valores
e atitudes, estudados por Castro e Sá (2002), que evidenciam o “gosto pelo que faz” e o “desejo
de evoluir” do profissional.
52
Outro aspecto atestado por algumas respostas refere-se à liberdade de expressão, enfocando
essencialmente a criatividade e autonomia.
“Um trabalho que faz sentido para mim é um trabalho que me dá liberdade de
expressão, um trabalho que posso expor minhas ideias, inovar e não ser um robô que
só faz o que alguém programa para você fazer” (PFTI06).
“Um trabalho que eu tenha liberdade, para poder criar, pensar, num ambiente com
um clima favorável, e tenha autonomia em minhas decisões dentro das minhas
atribuições aqui na empresa” (PFTI14).
Essa constatação reforça o pensamento de Crepeau et al (1992), que indica como competências
que formam o profissional de tecnologia da informação, a criatividade e a autonomia; inclusive
como base para seu pleno desenvolvimento. Elas preveem a tomada de decisões, concernentes
às atividades desenvolvidas, sem a necessidade de autorização ou comunicação prévia de um
superior imediato, havendo a ideia subjetiva de que, se alguém desempenha um trabalho,
certamente, deve ser a mais indicada para tomar decisões sobre ele.
Também foi citado o interesse pela qualidade de vida, como dimensão individual, que provê
sentido ao trabalho; referindo-se ao equilíbrio entre os aspectos pessoais e profissionais,
entendendo-se que um aspecto acaba por influenciar o outro.
“Vejo o sentido, mais como um equilíbrio de forças, um equilibro entre a minha
vida pessoal e minhas relações de trabalho, se alguma dessas áreas não tiver em
equilíbrio, então não vai fazer sentido para mim” (PFTI13).
Segundo Tonelli, Morin e Pliopas (2007), quando o trabalho é capaz de permitir independência
e sobrevivência, promovendo alcance de qualidade de vida, isto promove sentido.
Entretanto, há em algumas empresas, ainda o pensamento antigo, de que o foco deve ser o lucro
e não a qualidade de vida do trabalhador, e isso não fornece a identidade com a empresa
necessária ao sentido do trabalho, havendo a sobrecarga de trabalho, não explorando o potencial
humano em prol da organização, e com isso o trabalho se torna enfadonho e o trabalhador não
gera as responsabilidades necessárias ao seu próprio trabalho, tornando de certa forma um
trabalho sem sentido para quem o pratica (TONELLI, MORIN E PLIOPAS, 2007).
Nessa dimensão também foi citada a necessidade da identidade profissional, como uma
característica que colabora para dar sentido ao trabalho, pelo fato de estar atuando em empresas
tidas como referência no mercado e, portanto, capaz de gerar status profissional, sentimento de
orgulho e pertencimento (TONELLI, MORIN E PLIOPAS, 2007).
53
“Há um grande sonho entre os profissionais de TI, para atuar em grandes empresas,
que são referências hoje em tecnologia, para mim, é o que faz mais sentido, é poder
estar atuando em uma grande empresa, é como um símbolo de reconhecimento das
minhas habilidades” (PFTI05).
4.2.2 Dimensão organizacional
Nessa dimensão, o foco está nas atividades, incluindo os processos e as relações interpessoais,
envolvendo os trabalhadores, segundo Tonelli, Morin e Pliopas (2007), as quais incluem o senso
de eficiência e de organização.
“Só faço trabalhos que fazem sentido, se está errado não faço, se não é útil não
faço” (PFTI05).
“Me sinto feliz quando eu consigo superar a expectativa dos clientes ou ajudar os
clientes com o meu conhecimento nessa área, isso faz sentido para mim no meu
trabalho” (PFTI04).
O senso de eficiência, é presente nos testemunhos dos profissionais de TI, vinculando a um
resultado esperado e também percebido por meio de algum feedback, diretamente relacionado
à natureza das atividades realizadas.
Essa constatação é assegurada por Morin (2001), quando afirma que “um trabalho que tem
sentido é um trabalho que é realizado de forma eficiente e leva a um resultado”. Para ela, ainda,
se o trabalho tem uma utilidade, então ele colabora para ter sentido.
Quanto ao senso de organização, Tonelli, Morin e Pliopas (2007), entendem que o trabalho tem
sentido se servir a um propósito, dando a orientação, inclusive, do processo do início ao fim,
além da definição da responsabilidade de cada um.
“Bem, para ter sentido para mim, precisa ser um trabalho relacionado a algum projeto
de TI, com uma organização bem definida, com entrevista, escopo, custo, tempo,
análise, modelagem, comunicação, aquisição, coisas de projeto, mas na área de TI”
(PFTI07).
“Bom, acho que um trabalho que tem um sentido, deve ter as funções bem definidas,
para não haver desvio de função [...] a empresa deve apresentar boas condições de
trabalho, com o ambiente e as ferramentas necessárias. Acho que de início, ao
escolher uma vaga de emprego, acho que é isso que eu analiso primeiramente”
(PFTI08).
Esses relatos vão no sentido da compreensão de Morin (2001) quando ressalta a importância da
organização plena das atividades a serem desenvolvidas, como antecedente de um trabalho que
tem sentido.
Contrariamente, pode-se perceber o quanto é desgastante para os profissionais de TI,
entrevistados, o fato de não se ter um trabalho organizado.
“Honestamente, não vejo sentido no meu trabalho atualmente, porque esses critérios
no começo até foram seguidos, mas como aceitei duas funções posteriormente, vi que
54
na primeira estava tudo bem definido, mas já na segunda não. Há muita cobrança
sem recursos, há aquela visão de ‘não é tua função, mas dá uma ajudinha aí e fica
por isso mesmo para sempre’ ... eu entrei somente como analista de sistemas, cuidando
do funcionamento dos sistemas das unidades da empresa, dando treinamento, questões
de rede, infraestrutura, tudo bem definido para minha função, foi quando me
chamaram pra eu coordenar o faturamento da empresa, porém sem deixar de lado a
função de analista, pois só eu que dou treinamento dos sistemas da empresa. Só que
nesta função de coordenar o faturamento, eu executo funções que não são minhas,
como fazer relatórios de competência de outra área” (PFTI22).
Pode-se evidenciar que o desvio de função, para algo que não foi acordado anteriormente, ou
extrapola as atividades definidas, é um fator negativo, que faz com que o trabalho perca o seu
sentido para o profissional. O entrevistado ainda reitera seu pensamento na entrevista por meio
do testemunho posterior, complementando o seu ponto de vista.
“Eu aceitei a função do faturamento. Para mim não faz sentido eu ter que executar
um serviço da enfermagem, por exemplo. Entende? Se eu tivesse ficado somente na
TI e tivesse que executar um serviço da contabilidade provavelmente para mim
também não faria sentido” (PFTI21).
“Hoje, por eu estar fazendo o trabalho de duas pessoas, e receber como uma, eu
não consigo crescer na empresa, e fico bastante cansado por estar trabalhando demais,
não vejo um reconhecimento” (PFTI20).
Pode-se ver a concepção negativa do trabalho citado nos estudos do MOW (1987), que gera
desagrado ao trabalhador. Crepeau et al (1992), por sua vez, evidencia as competências técnicas
do profissional de TI, como fator de crescimento e desenvolvimento, e se o trabalho não vai
nessa linha ou não explora o potencial do trabalhador, ele não tem sentido para quem o executa
(TONELLI, MORIN E PLIOPAS, 2007).
No caso, a seguir, o entrevistado relata a sua insatisfação, por desenvolver uma atividade que
não o está agradando, sendo presente os conceitos negativos do trabalho, conforme os estudos
do MOW (1987).
“Geralmente, sou chamado quando ninguém mais resolve o problema, de modo a eu
ter que lidar com problemas que eu simplesmente odeio, linguagens de
programação que detesto e as vezes até pessoas que não suporto; as atividades estão
sendo cansativas porque preciso lidar com coisas que realmente me desagradam na
maioria do tempo” (PFTI20).
Finalmente, quanto às relações interpessoais, o fato do profissional interagir com sua equipe de
trabalho, incluindo, inclusive, os clientes, e daí receber um reconhecimento da efetividade de
suas atividades, seja da organização ou dos envolvidos pelo resultado, isso é visto como um
fator gerador de sentido para se trabalhar.
“O que me faz ver sentido, é saber que o meu trabalho deixará algumas pessoas
satisfeitas ou que trará uma melhoria, é uma percepção unilateral, mas já é algo”
(PFTI09).
55
“O meu trabalho tem sentido para mim, devido a alguns fatores, o impacto, pois meu
trabalho pode ser usado por um número não trivial de pessoas...” (PFTI10).
Esses relatos colaboram também com os pensamentos de Morin (2001) quando afirma que um
trabalho que tem sentido é fonte de experiências de relações humanas satisfatórias e mantém
ocupado, balanceando a carga de trabalho adequada a cada um. Nesse mesmo sentido, Tonelli,
Morin e Pliopas (2007), reconhecem que um trabalho que pode beneficiar diversas outras
pessoas, pode gerar um sentimento de realização de “atividades grandiosas” em prol de uma
sociedade, transcendente.
MOW (1987), de sua parte, também compreende de maneira positiva, que as características do
trabalho, quando beneficiam outros, sobretudo, a sociedade, pode gerar sentido para alguns
profissionais, que geralmente trabalham com a prestação e desenvolvimento de serviços, bem
como a sua manutenção.
4.2 Percepção sobre a flexibilização do trabalho
Apoiou-se, aqui, nos estudos de Jain e Swami (2014), para se identificar as características do
trabalho flexível, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da informação. Apesar
desses autores terem identificado dez dimensões, aqui vão ser consideradas apenas duas:
flexibilização do tempo e do espaço.
4.2.1 Flexibilização do tempo
O tempo, ou os horários definidos como de jornada de trabalho, tem sido debatido, tanto nas
academias, quanto nas organizações, como tema sobre flexibilização. Sendo assim, esse
também foi um aspecto relatado pelos profissionais aqui entrevistados. Percebeu-se que na
maioria dos casos, levou-se em consideração o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional,
como também os resultados esperados pelas empresas e as atividades desenvolvidas por cada
um.
“Eu basicamente faço o meu horário desde que eu esteja disponível para as reuniões,
eu gosto de acordar cedo e terminar cedo o dia, então eu começo a trabalhar às sete
para estar livre entre três e quatro da tarde para qualquer outra coisa, mas nada impede
de algum dia eu ter alguma consulta médica, ou ter que pegar alguém no aeroporto,
ou qualquer outra coisa, e simplesmente avisar ao meu time: 'olha, vou estar off-line
de tal a tal hora' e compensar mais tarde” (PFTI10).
Parece que a flexibilidade do horário de trabalho desse entrevistado favorece, não somente a
sua qualidade de vida, a sua satisfação, mas também o seu desempenho. Percebe-se que isso
56
ocorre, mais em consequência do ramo de atividade da empresa (tecnologia), e pela cultura
instaurada dentro da organização (e também dentro do país que a empresa atua), que tem como
valor relacionado, a criatividade e autonomia.
Essa postura certamente vai favorecer o equilíbrio, a criatividade, a produtividade e os
resultados, segundo Jain, Swami (2014) e Morgan (2014).
Pode-se ver, que no caso de empresas brasileiras, como nos relatos abaixo, há uma preocupação
em se haver um horário padrão a ser seguido, ou uma carga horária estipulada, mesmo para
aqueles profissionais que têm o benefício da flexibilidade, um dos motivos citados, é a questão
legal, devido à falta de definição especifica pela CLT, contudo, mesmo com esta preocupação
é uma prática que é adotada com bastante frequência nas organizações.
“Eu tenho um horário padrão estabelecido. Mas eu tenho a liberdade de chegar em
horários diferentes, pois em compensação eu sou muito requisitada em horário fora
de trabalho e me disponibilizo a vir ... esta flexibilidade me ajuda quando preciso
resolver outros problemas” (PFTI08).
“Tenho que trabalhar oito horas diárias, como faço isso é por minha conta, mas tem
que haver um alinhamento quando se trabalha em equipe. A flexibilidade é ótima,
posso chegar mais tarde no dia que acordar indisposta ou chegar cedo para largar
mais cedo quando quiser resolver algo pessoal” (PFTI06)
Nesses testemunhos, existe uma influência também na dimensão do equilíbrio pessoal,
preconizada nos pensamentos de Jain e Swami (2014), baseado nos princípios que o profissional
tem a liberdade de adotar o seu horário de início e de termino de sua jornada, quando o for mais
conveniente (KELLY E KALEV, 2006).
“Já trabalhei nesse esquema de nove as dezoito horas e era ruim, principalmente por
causa do meu filho, as vezes precisava ir na escola dele pela manhã e chegava atrasada
no trabalho, e as horas eram descontadas no meu pagamento, com a flexibilidade
não ocorre isso” (PFTI06).
A comparação entre os modelos se mostrou bastante relevante, de modo a se evidenciar os
pontos positivos do modelo flexível, principalmente no equilíbrio da vida pessoal e profissional
(TAYLOR, 2005), onde o entrevistado concilia melhor as responsabilidades familiares com as
atividades do trabalho, sem que isso afete a questão financeira, o desempenho ou o resultado
da empresa.
Para Hayman (2009) a flexibilidade para equilibrar as responsabilidades profissionais com
aquela de cunho pessoal ou familiar, traz influência nas dimensões do comprometimento,
felicidade, redução de estresse e do absenteísmo.
“Sou desenvolvedor de sistemas, então trabalho por tarefa com prazos definidos, não
importa para o cliente se começo a trabalhar as oito da manhã ou as duas da tarde. Isso
me dá liberdade para estabelecer meu horário e trabalhar naquela hora que eu mais
57
rendo, além é claro de possibilidade realizar outras atividades em horários em que
estaria fora do home office ou do escritório” (PFTI05).
“Com horário fixo tem horas do dia que você não é produtivo, e você vai trabalhar
todos os dias quase mais por obrigação do que por prazer. No horário flexível você
passa a viver mais para si, e isso motiva mais com certeza” (PFTI05).
“A flexibilidade me ajuda nesse aspecto por minhas atividades exigirem o resultado
em dentro do tempo estimado. Com isso, exerço melhor as minhas atividades no
melhor horário onde produzo com eficiência” (PFTI04).
Há uma percepção vista, principalmente, na dimensão da produtividade ou resultado entregue,
vinculando ao profissional de TI, horários em que se sente mais produtivo, e que possa realizar
as entregas de forma mais eficiente, e segundo as ideias de Jain e Swami (2014), há também a
percepção em influenciar a dimensão da criatividade e autonomia, que vinculam a ideia da
liberdade citada.
Ainda há uma evidencia das dimensões (JAIN E SWAMI, 2014) pela função do entrevistado,
que trabalha com o desenvolvimento de sistemas, atividade que necessita que a dimensão da
criatividade esteja em evidência, colaborando inclusive com os pensamentos de Pierce e
Newstrom (1980), que preconiza a adoção da jornada flexível de trabalho com o intuito de
correlacionar as habilidades individuais com os requisitos do trabalho, em prol do resultado.
“A utilização da flexibilidade de carga de trabalho é interessante, no sentido do ‘faça
seu horário’ ... dentro do limite, é muito interessante ter tamanha flexibilidade, até
para organizar algumas coisas pessoais” (PFTI03).
Ainda no contexto de liberdade, a maioria dos entrevistados, reiteram em seus testemunhos a
importância da autonomia, e como citado acima, pela capacidade de “fazer o próprio horário”,
convergindo para a ideia de gestão do tempo, em que o trabalhador consegue definir seus
intervalos de tempo, da forma que possa favorece-lo, seja nos aspectos pessoais ou
profissionais.
A dimensão do equilíbrio, é uma constante em todos os relatos, inclusive colaborando com os
pensamentos de Crepeau et al (1992), que cita como competência essencial aos profissionais de
TI, a autonomia e independência, colaborando também com os estudos de Schaefer (2005), que
evidencia como benefício o controle de horas pelo trabalhador, que traz como consequência, o
aumento da energia na execução das atividades, favorecendo assim ambientes que têm como
princípio a criatividade.
“Em São Paulo a flexibilidade é fundamental, no meu caso influencia diretamente
no desempenho, e procuro aplicar o mesmo com meus colaboradores” (PFTI01).
“A flexibilidade me ajuda a evitar o estresse do transito aqui de Belo Horizonte, posso
sair de casa na hora que o transito está mais tranquilo, e voltar para casa, em
58
horários de pouco movimento, e chegar sem estar estressado no trabalho, me faz ser
mais produtivo” (PFTI23).
Em grandes cidades, há uma tendência em se adotar a flexibilização de horários, tendo em vista
os problemas de infraestruturas presentes nas mesmas, principalmente com relação ao
transporte, que podem tirar um tempo precioso dos profissionais, que se locomovem
diariamente para o seu ambiente de trabalho, colaborando com os testemunhos dos profissionais
acima, que trazem para a discussão o benefício da flexibilidade em prol da redução do estresse,
provocado pelo congestionamento do trânsito. Evidenciando, assim, os pensamentos de Almer
e Kaplan (2002) e também de Jain e Swami (2014), que a redução nos níveis de estresse do
trabalhador, pode fazer com que eles se dediquem mais as suas atividades.
“A jornada flexível de trabalho, faz com que eu não queira deixar a empresa que
eu atuo hoje, só se for para trabalhar numa empresa de grande porte, as gigantes da
tecnologia, ou para uma proposta absurdamente maior, por que não estou disposto a
abrir mão da flexibilidade que eu tenho, por um aumento de salário, que não seja
substancial” (PFTI11).
Este relato se mostra favorável às tendências e análises do estudo promovido pela Cisco (2014),
que reiteraram que os profissionais de TI preferem abrir mão de algum aumento em seu salário,
em prol da flexibilidade que possuem, além de que se sentem mais produtivos e eficientes
trabalhando fora da empresa.
Isso mostra a importância da flexibilidade para os profissionais de TI, se tornando mais evidente
que a dimensão salarial, que pode de certa forma, trazer uma tranquilidade financeira para o
trabalhador, mas para esses profissionais a liberdade e autonomia tem um peso maior,
colaborando inclusive para a redução dos índices de turnover da empresa, ou seja menos
pessoas desejam sair da organização, e consequentemente menos pessoas são contratadas para
repor as que saíram.
Uma exceção ou complemento para este pensamento, é que a flexibilidade pode ser preterida
em prol de possibilidade de identificação maior com a empresa, neste caso, as gigantes da
tecnologia, o que traria maior motivação para o profissional, por serem empresas que são
referências e altamente reconhecidas em seu mercado de atuação, e traria um nível de status
maior para esses profissionais.
4.2.2 Flexibilização do espaço
Entre os entrevistados, alguns deles flexibilizam, de alguma forma, o local de trabalho; isto é
corroborado por Morgan (2014), que evidencia que o trabalhador do futuro deve poder realizar
o seu trabalho “de qualquer lugar”, e que os profissionais não serão mais avaliados por suas
59
horas na empresa, mas sim pelos resultados que entregam. Nos relatos abaixo, pode-se nota a
percepção sobre a flexibilização do espaço, por meio dos profissionais entrevistados.
“Cada um da área pôde escolher três dias na semana para fazer home-office. Destes,
podemos usar dois dias por semana... O objetivo é diminuir custos e aumentar a
qualidade de vida. Minha área está bem evoluída, pois hoje nem temos mais lugar
fixo” (PFTI09).
Através do testemunho acima, colabora-se com as ideias do estudo de Bloom (2014): a
flexibilização e a aderência da área de tecnologia da informação. Todavia, percebe-se um
conjunto de regras, para a adoção do mesmo pelas empresas, uma vez que há um embasamento
mais profundo pela CLT acerca desse tema. Tem-se a compreensão de que não há uma distinção
do trabalho que é feito na empresa ou em qualquer outro lugar, desde que estejam dentro da
relação de trabalho (BRASIL, 2013).
Evidencia-se inclusive a melhoria na qualidade de vida do trabalhador, e também a redução de
custos do empregador, que não mais precisará manter uma estrutura de custos fixos, para
receber os profissionais no escritório da empresa, além da diminuição de custos do próprio
profissional, com transporte, ou alimentação, para a execução das suas atividades laborais.
“Não consigo fazer muito mais coisas por estar em casa. Mas, só de não pegar
trânsito, já fico super feliz, fico muito mais produtiva em casa, tenho mais foco”
(PFTI09).
“Em casa, tenho mais liberdade, e consigo fazer muito mais coisas num intervalo
de tempo menor”. (PFTI18).
O relato acima, colabora com os resultados obtidos por Bloom (2014), que demonstra que os
trabalhadores que estavam fora do ambiente tradicional de trabalho, trouxeram um ganho maior
de produtividade para a empresa, satisfação e felicidade, em poder realizar as atividades em
casa, e ter a noção de um foco melhor nas atividades, além de equilibrar os aspectos familiares
com os profissionais.
Esse mesmo autor constatou, ainda, além do aumento de produtividade, o comprometimento
com a empresa: o fato de trabalhar em casa, com horários mais indefinidos, pode-se obter mais
resultado, em uma jornada de trabalho menor e a possibilidade de se ter mais tempo livre para
fazer o que bem entender.
Evidentemente que foram identificados depoimentos críticos quanto à flexibilização do
trabalho.
“Dizer que ajuda completamente é ser um pouco inocente, afinal, por ser maleável, é
preciso muita disciplina para trabalhar o suficiente e não trabalhar demais, se eu não
estiver trabalhando o suficiente, certamente eu vou ser notificado por isso” (PFTI10).
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Essa linha de raciocínio está atenta à qualidade de vida do trabalhador, evitando que ele venha
a realizar suas atividades em um tempo superior ao que realmente deveria: por parte da empresa,
não haverá notificações; ao contrário, da parte dos profissionais, isso pode representar um
desfavor à relação de equilíbrio das dimensões pessoais e profissionais, gerando um sentimento
de exploração.
Por outro lado, aqui no Brasil, as empresas também reiteram um receio em adotar uma
flexibilização de horários, e poder estar descobertas juridicamente, no pagamento de horas-
extras, principalmente quando da rescisão do contrato de trabalho, uma vez que a CLT não é
clara no modelo de jornada de horário flexível.
“Então a flexibilidade não me dá mais tempo livre ou sadio, mas sim mais tempo e
organização para novos negócios, isso reduz muito o tempo que eu tenho para fazer o
que eu realmente gostaria” (PFTI17)
Também é possível contextualizar a gestão de tempo do trabalhador, quando estão em busca de
resultados financeiros, por meio de uma perda da qualidade de vida, em troca de mais trabalho,
o que pode eventualmente gerar um desgaste, demonstrado nas ideias apresentados por Tietze
(2005), em seus estudos referentes aos efeitos negativos da flexibilização.
“A grande maioria de nossas decisões e ideias na área de tecnologia da informação
vêm de discussões na cafeteria ou nos corredores, através de conversas informais, ou
seja, do encontro com novas pessoas e de reuniões improvisadas” (PFTI19)
De outro lado, temos o relato acima, que colabora com a preocupação através da flexibilização
do espaço de trabalho, em que uma vez que o trabalhador não está na organização, ele não irá
estar participando dos benefícios das relações interpessoais, e de ideias que podem ser úteis
para o processo tecnológico, deixando inclusive de vivenciar a cultura da empresa.
Estas afirmações vêm trazer à tona, inclusive, algumas preocupações, acerca do processo
criativo e inovador, que o entrevistado acredita ser motivado pelas relações interpessoais e que
podem favorecer ao desenvolvimento de novos produtos, através de reuniões presenciais,
conversas do dia a dia, da aleatoriedade presentes nas relações humanas, ou seja, quer trazer os
profissionais para a empresa, para que eles possam sentir a cultura da organização.
Seguindo o mesmo conceito do testemunho acima, a Yahoo, a Best Buy, estão pondo fim ao
modelo de home-office, de modo a poder se estruturar, onde há uma importância da presença
física dos profissionais
Pode ser apontada como solução, tanto para as empresas que desejam adotar ou já adotam a
flexibilidade, principalmente de espaço físico, que o façam de maneira alternada, alguns dias
61
no escritório e outros em casa, para que além do trabalhador usufruir de uma certa liberdade,
não perca o contato interpessoal entre os colegas, para que possam vivenciar experiências
positivas para o resultado profissional, como novas ideias, novas maneiras de atuar, fazendo
com que seja aproveitado o melhor destes dois aspectos.
Nos testemunhos, é possível evidenciar que apesar da empresa conceder este tipo de
flexibilidade, a liberdade e gestão do tempo, e da infraestrutura, passa a ser de responsabilidade
do profissional, sendo assim um grande fator de sucesso ou insucesso, dependendo de como o
profissional negligencie ou de a importância necessária a esta gestão.
4.3 Trabalho flexível e o sentido do trabalho
Identificar de que maneira o trabalho flexível pode prover sentido ao trabalho, foi necessário
para entender esse fenômeno, no âmbito dos profissionais de tecnologia da informação. Por
meio das declarações dos entrevistados, pode-se entender a relação entre o trabalho flexível e
o sentido do trabalho.
4.3.1 Trabalho que tem sentido é flexível e focado em resultados
Percebeu-se pela interpretação dos dados, que a flexibilização do trabalho tem contribuído para
o alcance dos resultados ou metas definidas pelas organizações. Os profissionais sentindo-se
mais despreocupados com o horário, com o registro da sua presença ou exigência para estar
fisicamente no espaço laboral, têm-se mostrados mais confiantes e isso naturalmente, pelo
menos em linha de regra, gera comprometimento (SÁ; LEMOINE, 1998) e tem contribuído
para que eles se sintam empenhados em retribuir a confiança que neles tem sido depositada.
Percebe-se também, que esse zelo tem extrapolado o trabalho em si e indo além, até alcançar
os próprios clientes e a sua satisfação para com o produto ou serviço recebidos.
“Acho relevante sim. Faz sentido por ver que a empresa de certa forma confia no meu
trabalho, que sabe que mesmo eu tendo um atraso, por exemplo, isso não vai
prejudicar no desempenho da minha função. Isso me motiva de certa forma, traz
mais sentido ao meu trabalho” (PFTI08).
No relato acima, o profissional reitera o foco nos resultados apresentados, dando a ideia que
não importa os horários de chegada ou saída, desde que o trabalho seja feito da melhor forma,
e isso traz sentido para ele, que entende como um sinal de boa fé, da organização, como um
gesto de confiança na sua ação em prol dos resultados. Como consequência, despertou nele o
interesse, trazendo-lhe motivação e, por conseguinte, mais sentido ao trabalho desempenhado.
62
“Já trabalhei muitos anos em ambientes rígidos, e na época isso fazia sentido para
mim, estava em início de carreira, mas quanto mais tempo passava, fui
experimentando alguns tipos de flexibilidade, em cargos de gestão por exemplo, e
passei a ser avaliado pelos resultados e não pelas ‘horas-cadeira’ que passava no
escritório, e isso me deixou mais realizado, e certamente passou a fazer muito mais
sentido para mim, trabalhar desta forma” (PFTI15).
Para o entrevistado acima, a flexibilidade veio como um caminho de evolução em sua carreira
profissional, é importante salientar que o sentido do trabalho percebido, foi se moldando à
medida que o mesmo experimentava novas características do trabalho, havendo assim um
sentido de auto realização, em prol dos resultados, agregando valor a alguma coisa, e como dito
por Morin (2001) “um trabalho que tem sentido é um trabalho que é feito de maneira eficiente
e leva a alguma coisa”, e a eficiência neste caso foi originada pela senso de flexibilidade, que
passou a influenciar o sentido percebido.
“Eu gosto de saber que o que eu estou entregando é bom, faz sentido, facilita a vida e
fácil de usar, não só para mim, mas para todos os envolvidos, e a flexibilidade que
eu tenho, me ajuda a alcançar isso” (PFTI18).
“Caso não houvesse aspectos de flexibilidade, acredito que teríamos que ter, pelo
menos mais pessoas na equipe, o que não faria lógica nem para mim, enquanto gestor,
nem para a empresa, a flexibilidade trouxe um equilíbrio e uma relação de
confiança, que faz sentido tanto para mim quanto para meus colaboradores”
(PFTI01).
Parece que o pensamento desses entrevistados tende à uma visão de qualidade e também de
eficiência, que é percebida em suas declarações e pela relação de confiança mútua; espera-se,
inclusive, que essa qualidade seja alcançada, uma vez que os mesmos conseguem atuar nos
momentos que se sentem mais criativos, com uma possibilidade maior de superar os desafios,
tal como indica Morin (2001, p. 16): “O prazer e o sentimento de realização na execução das
tarefas dão um sentido ao trabalho”. Mais ainda: a execução das tarefas acontece em um
ambiente de flexibilidade, capaz de proporcionar prazer e sentimento de realização, ao
contrário, se fosse em um ambiente tradicional, talvez o resultado não fosse o mesmo.
“Além disso, é possível ter tempo de qualidade com a família em horário que não
esteja obrigatoriamente trabalho e no horário flexível o indivíduo pode focar no
resultado e trabalhar com maior produtividade, e quando eu percebo que estou mais
produtivo, me sinto mais realizado como pessoa e profissional” (PFTI04).
Em meio as definições de produtividade reiteradas pelos entrevistados, pode-se também notar
a referência ao tempo com a família, como fator gerador de sentido, e há também uma conotação
da auto realização, que é consequência do prazer em realizar a atividade da melhor forma
possível, através da percepção dos resultados, um trabalho que tem sentido é intrinsecamente
satisfatório (MORIN, 2001), e dessa forma, como elencado pelo entrevistado, é satisfatório por
se sentir mais produtivo, em sua concepção individual.
63
Esses resultados apoiam as conclusões dos estudos de Campos e Pires (2014), que através dos
estudos da flexibilização dos horários de trabalho, reiterando a relação entre a disponibilização
da flexibilidade com os aumentos nos índices de produtividade, com foco no profissional e seus
anseios, contribuindo para um aumento na satisfação e direcionando os esforços do trabalhador
para o resultado final da sua atividade.
4.3.2 Trabalho que tem sentido é flexível e auxilia a alcançar o equilíbrio
O equilibro, aqui, envolve o alcance da qualidade de vida, ao se conseguir conciliar os interesses
do trabalho com aqueles pessoais, por meio do prazer envolvido na realização das tarefas,
motivação, satisfação e crescimento profissional, melhoria nas relações interpessoais,
coleguismo e parceria desenvolvidos, até mesmo com os clientes (SÁ; LEMOINE, 1999).
Esse aspecto tem sido citado pela maioria dos entrevistados, contextualizando que o sentido do
trabalho é influenciado pela sua flexibilidade, que vem justamente apoiar o equilíbrio entre os
aspectos que compõem o indivíduo (QUENTAL E WETZEL, 2002).
Existem evidências, nos relatos dos entrevistados, sobre a necessidade de sintonia e equilíbrio
entre as atividades laborais e as atividades individuais ou pessoais; isso tem se mostrado como
fator de influência uma vez que o profissional precisa de liberdade para discernir sobre o melhor
caminho, em prol de sua qualidade de vida: quanto tempo ele deve destinar ao seu trabalho e à
sua família.
Neste sentido, a flexibilização do trabalho pode contribuir para a diminuição do nível de
estresse dos profissionais, a partir de medidas, aparentemente, simples, como: evitar um
congestionamento no trânsito, proporcionar mais tempo para a prática de esporte ou atividade
de lazer. O resultado disso tem sido evidente, em atitudes de comprometimento, como por
exemplo, não desejar a troca de emprego, como indicam os depoimentos, a seguir.
“Já recusei diversas ofertas de emprego, porque não havia nenhum tipo de
flexibilidade, mesmo com salário e outros benefícios, mas trabalhar segundo um
horário rígido, iria gerar um estresse desnecessário, quando eu atrasasse, por qualquer
motivo, podendo gerar até um desconto salarial, e isso afetaria minha tranquilidade,
seria um ambiente de estresse, e eu busco ter autonomia para poder desenvolver os
sistemas que são de minha responsabilidade, e ter tempo livre para estar com a
minha família e amigos” (PFTI19).
“Eu não consigo mais me enxergar, trabalhando de forma rígida, batendo ponto, tendo
que dar justificativas, ao meu superior, a forma que trabalho hoje, em que eu sou
cobrado apenas pelo meu resultado, me torna mais completo, pois agora tenho tempo
para fazer minhas corridas, cuidar da minha saúde, estar mais com meus filhos,
e pode até parecer besteira, isso faz toda a diferença para mim, consigo ter um
rendimento melhor do que antes, e estou mais próximo do sentimento de realização”
(PFTI17).
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Esses testemunhos demonstram a essência do equilíbrio, e de que maneira pode causar uma
satisfação ou sentimento de realização, como citado por um dos entrevistados; pode trazer um
foco maior para as suas atividades, sem deixar de lado as questões que são inerentes ao
indivíduo como pessoa.
Esse equilíbrio também pode ser alcançado, em virtude do alinhamento entre as dimensões
individual (motivação, satisfação, crescimento profissional, liberdade de expressão, qualidade
de vida), organizacional (eficiência, organização, condições de trabalho, equipamentos) e social
(contribuição para a sociedade).
Finalmente, o trabalho, em sua concepção flexível pode contribui para que o profissional possa
encontrar uma sintonia entre diversos aspectos, de modo a alcançar o equilíbrio, mesmo que
seja algo intangível e difícil de se alcançar (LOCKWOOD, 2003; TAYLOR, 2005; TONELLI,
MORIN E PLIOPAS, 2007).
Os resultados apresentados, colaboram com as conclusões dos estudos de Beauregard e Henry
(2009) e de White et al (2003), que viabilizaram a relação de equilíbrio entre a vida pessoal e
profissional, apontando uma tendência e correlação entre os aspectos de horas trabalhadas com
um senso de equilíbrio do profissional enquanto pessoa e enquanto trabalhador.
4.3.3 Trabalho que tem sentido é flexível e gera confiança
Entenda-se aqui a confiança, como uma relação mútua, entre o profissional, o seu superior, a
empresa e até mesmo os clientes. Ela foi outro indicador que surgiu como fator de geração de
sentido, para os profissionais de TI, entrevistados, o que reflete as ideias de Morin (2001),
quando sugere que um trabalho que tem sentido é aquele que é fonte de experiências e relações
interpessoais satisfatórias, englobando principalmente o sentimento de afiliação, vinculação e
serviço aos outros.
Esses profissionais entendem que o sentimento de confiança entre eles e a empresa surge
(dentre outros aspectos) lentamente, na medida em que ocorre a flexibilização do trabalho e
lhes é dada a responsabilidade para gerir o seu próprio tempo, e decidir as prioridades.
Compreendem também que, na verdade, deseja-se que, o serviço, ou o produto seja entregue
em nível de qualidade.
“A flexibilidade de horários me faz ver mais sentido nas coisas que eu faço, é um
sentimento mútuo de confiança entre mim e a empresa, e essa confiança me faz
sentir mais produtivo, porque a empresa optou por confiar em meu trabalho”
(PFTI14).
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“Eu acredito que algumas ‘regras’ de trabalho deveriam se adaptar aos profissionais,
de algumas áreas, de TI. Alguns setores, como os de tecnologia, não deveriam ter
regras tão rígidas de horários e local de trabalho, uma vez que são mais virtuais que
físicos. Acredito que, para programadores, por exemplo, as empresas poderiam
permitir a programação de qualquer lugar, gerando confiança mútua, contanto que
respeitando os prazos” (PFTI03).
“Além de liberdade, passa confiança também, e não quero decepcionar uma
empresa que confiou em mim, e isso faz sentido para mim. É como se fosse uma
extensão, em menores proporções, da minha casa, torna-se um lugar agradável para
se estar, sem a obrigação de estar lá em um determinado horário. E nem preciso ficar
preocupada se pegar um trânsito conturbado e atrasar um pouco” (PFTI06).
O sentimento de confiança, tenta trazer para as relações organizacionais, algo mais próximo das
relações humanas, como citado no relato acima, se a empresa confia no trabalho do profissional,
em contrapartida, é indesejável trazer um sentimento de decepção, uma vez que a empresa
acreditou no profissional.
É relevante também contextualizar que a relação de confiança se baseia na ideia de “dar conta
do recado”, sem os paradigmas de obrigação de estar no local e no horário que a empresa
considera “certo”, e se a empresa confia no trabalhador para gerir o melhor horário e momento
para executar suas tarefas, ela por consequência está confiando que ele possa dar o resultado
esperado, no prazo determinado.
Por outro lado, há um sentimento de responsabilidade da parte do profissional, a fim de não
utilizar mal o tempo que possui, de forma flexível, e não consiga executar as tarefas que lhe
foram dadas (TONELLI, MORIN E PLIOPAS, 2007).
A relação entre a flexibilidade e a geração de confiança, também são evidenciados nos estudos
de Mossi e Rosenfield (2011), que inclusive conclui que os profissionais buscam formas de se
tornar confiáveis e estrategicamente relevantes para a empresa em que trabalham, além de
“encontrar diversão e aventura no ritmo acelerado do trabalho, e sente prazer em realizar um
trabalho que requer competências técnicas”, colaborando com as conclusões apresentadas por
esta pesquisa.
4.3.4 Trabalho que tem sentido é flexível, favorece a criatividade e a autonomia
Quanto à criatividade e autonomia, entende-se aqui como a liberdade de expressão que devem
ter esses profissionais, a fim de tentar novas formas de trabalho, bem como o direito ao erro,
em tentativas de acerto, pois só assim tem-se a segurança para dar vazão aos processos de
criação.
66
Esses aspectos foram elencados como favoráveis, tanto nas pesquisas de Crepeau et al (1992),
quanto naquelas de Stoner e Freeman (1999), como necessários aos profissionais de TI,
executarem suas atividades com qualidade. Elas foram consideradas essenciais, nos relatos dos
entrevistados, para o desenvolvimento dos seus trabalhos.
“Hoje, não iria em busca de algo que não fosse flexível, até porque, o que consigo
ganhar assim, me atende muito bem, e não abriria mão da qualidade de vida que a
flexibilidade me ocasionou, a autonomia que eu tenho faz com que o meu trabalho
tenha mais sentido” (PFTI05).
Esse testemunho reforça a afirmativa de Tonelli, Morin e Pliopas (2007), que asseguram a
criatividade como antecedente do sentido do trabalho, além de entenderem a importância da
mesma para o desenvolvimento da empresa. Para essas autoras, a flexibilidade do trabalho,
melhora a criatividade e a autonomia dos participantes, além de proporcionar uma melhor
qualidade de vida para eles. Elas vão mais além, quando ressaltam que esses aspectos são
favoráveis ao engajamento ou sentimento de pertencimento (MOWDAY, PORTER E STEERS,
1974; SÁ E LEMOINE, 1998; JAIN E SWAMI, 2014).
Para finalizar, pode-se dizer que esses relatos confirmam as características próprias do trabalho
dos profissionais de TI e ressaltam o valor que a prática da flexibilização tem para o alcance
dos resultados das empresas, bem como a contribuição que ela pode dar ao desenvolvimento
profissional de cada um, envolvendo sentimentos como: motivação, satisfação, prazer,
qualidade de vida, liberdade de expressão, conhecimento, aprendizagem, crescimento e
identidade profissional, bem como independência financeira (em uma dimensão individual).
Quanto à dimensão organizacional, pode-se constatar como benefícios da flexibilização do
trabalho desses profissionais: relações interpessoais, envolvendo a confiança mútua,
criatividade e autonomia, estímulo ao senso de eficiência e de organização, além de favorecer
melhores condições de trabalho e equipamentos.
Pesquisas recentes como a de Morgan (2014), Cisco (2014) e Bloom (2014), preconizam as
características acima citadas como presentes em profissionais de TI de várias gerações, e
exploram os seus anseios, para projeções futuras, em prol de um melhor desenvolvimento de
suas atividades, e poder encontrar um maior sentido, não de uma forma quantificada ou
numérica, como os profissionais de TI estão acostumados, mas encontrar aspectos singulares e
pertinentes, que possam permitir que os trabalhadores possam tirar o máximo de si, da melhor
forma possível, e de forma que também colabore com sua vida pessoal, e com aspectos
comportamentais favoráveis, como os citados nesta pesquisa, como a confiança, criatividade,
67
autonomia, e trazer o equilíbrio, e que por consequência o trabalho faça cada vez mais sentido
para os profissionais de TI.
Os resultados obtidos neste tópico, colaboram com as conclusões dos estudos de Bahia (2008)
e de Fryer (1996), que direcionam uma relação de causa e efeito, na adoção da flexibilidade em
favorecimento da criatividade e autonomia.
Já no que se diz respeito ao sentido do trabalho, através da adoção de esquema de trabalho
flexíveis, os resultados obtidos em todo este capitulo, colaboram com as conclusões dos estudos
de Lourenço, Ferreira e Brito (2009), com as diversas manifestações de sentimentos que geram
sentido, inclusive por meio da flexibilidade, onde é considerada como um dos fatores que geram
prazer em trabalhar, através dos valores organizacionais.
68
5 CONCLUSÃO
Este estudo procurou verificar de que maneira o trabalho flexível pode ser capaz de prover
sentido, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da informação. Apoiados em dois
grupos teóricos: primeiro, os resultados de pesquisas de Morin (2001); Tonelli, Morin e Pliopas
(2007), as quais categorizaram as características de trabalhos que possuem sentido; depois
aqueles de Jain e Swami (2014), Bloom (2014) e Morgan (2014), que evidenciam os contextos
flexíveis e novos rumos para os trabalhadores, pode-se proceder, inicialmente, a coleta dos
dados, análise, interpretação e discussão dos resultados.
Como foi dito, anteriormente, a abordagem qualitativa, foi escolhida, principalmente, por
interesse, diante do fato da maior abrangência de pesquisas, sobre esse assunto, ser na linha
quantitativa; sendo assim, haveria a possibilidade, de preencher a lacuna, nessa área
metodológica. Por outro lado, por ser um tema mais relacionado ao comportamento humano e,
por isto, precisando de um ponto de vista mais subjetivo, que abrangesse as nuances do
fenômeno pesquisado, além de preencher as lacunas de conhecimento do pesquisador, sobre
este tipo de pesquisa, uma vez que seria mais desafiador abordar estes temas na visão
qualitativa, e não na visão quantitativa, em que seria mais fácil tratar os construtos.
Nas entrevistas realizada, foi evidenciada uma certa dificuldade da parte dos profissionais, em
entender o que significa o sentido do trabalho, apesar de serem profissionais ligados à lógica e
ao pensamento exato e matemático. Sendo assim, buscou-se abordar esse tema, de forma mais
prática. A partir de então, os dados foram surgindo e na medida das análises, a conclusão de
cada objetivo, também.
Inicialmente, foi necessário investigar o sentido do trabalho, segundo a percepção desses
profissionais. Pode-se, então, sugerir que para fazer sentido, o trabalho precisa entregar algo de
valor, tal como o conhecimento, seja para ele ou para a atividade que desempenham,
independentemente se as desenvolvem sozinhos ou em equipe; essa situação vem a contribuir
para a identificação desses profissionais com o seu trabalho e com a empresa onde trabalham,
estimulando, assim, o comprometimento. Ainda: eles reconhecem a importância das dimensões:
individual, organizacional e social, para prover sentido ao seu trabalho.
Na primeira dimensão eles mencionam com entusiasmo, aspectos como o equilíbrio entre a vida
pessoal e profissional, fundamental para estimular a motivação, satisfação, prazer, além da
redução de estresse e do absenteísmo. O trabalho com sentido deve favorecer, ainda, não
somente a qualidade de vida deles, mas também o crescimento profissional. Sendo assim, o
69
trabalho deve prover conhecimento, aprendizagem, liberdade de expressão, a fim de favorecer
o desempenho e a produtividade. Por outro lado, a tranquilidade da qual são beneficiados provê
o equilíbrio emocional, identidade profissional e a criatividade; essas são algumas das
competências orientadas aos profissionais de TI.
Quanto à dimensão organizacional propícia ao sentido do trabalho, eles ressaltam os aspectos
sobre relações interpessoais, senso de eficiência e de organização, incluindo o processo do
início ao fim, além da definição da responsabilidade de cada um, além de boas condições de
trabalho, ambiente e equipamentos necessárias.
Entenda-se aqui que o resultado não somente está representado pelo produto do trabalho, mas
também pela confiança mútua, entre o profissional, o seu superior e a empresa; pelo prazer
envolvido na realização das tarefas; o coleguismo e parceria desenvolvidos; o sentido do
trabalho, envolvendo as dimensões individual (motivação, satisfação, crescimento profissional,
liberdade de expressão, qualidade de vida) e organizacional (relações interpessoais, eficiência,
organização, condições de trabalho).
Dentro do aspecto social, a satisfação foi vista como um senso de contribuição, algo
transcendente, que o profissional percebe, por meio da contribuição técnica, que ele pode dar
a algum serviço ou produto, que será usado por diversas pessoas, que talvez nunca saibam que
ele esteve envolvido nesse resultado, mas o feedback, ou a percepção que aquele serviço ou
produto tem uma utilidade, e está sendo usado por incontáveis pessoas, traz sentido para estes
profissionais, por meio da satisfação e do senso de contribuição à sociedade.
Finalmente, parece que a influência da cultura, principalmente quando se trata de empresas que
tem como finalidade, fornecer serviços de tecnologia, nos aspectos que levam ao sentido do
trabalho, algumas delas têm em sua natureza, trazer ideais flexíveis para o cenário
organizacional e a influência disto é na maioria das vezes positiva para que seja realizado um
trabalho melhor e de qualidade, e que os profissionais se sintam realizados, ou ouvidos, em suas
necessidades e anseios.
Por fim, o destaque que se se pode dar por meio deste trabalho, tem a ver com a contextualização
da flexibilidade nas relações de trabalho, que tem sido evidenciada no mercado de trabalho
atual, principalmente em empresas ou profissionais de tecnologia da informação. Existem
diversos tipos de flexibilidade, porém aqui se procurou trazer à tona para a discussão, a
dimensão do tempo, o qual provê ao profissional algum tipo de liberdade acerca do seu horário
70
de trabalho, e a dimensão do espaço, que lhes proporciona a liberdade para trabalhar no local
que for mais apropriado para eles.
Surgiram alguns pensamentos acerca de outros tipos de flexibilidade, como aquela para a
tomada de decisão, relativa às atividades profissionais e a outra, referente ao contrato de
trabalho, porém através do recorte deste trabalho, foram apenas evidenciadas a flexibilidade
relativa ao “quando trabalhar” e “onde trabalhar”; assim, quase todos os entrevistados relataram
se beneficiar desse benefício, de alguma forma, seja de maneira mais livre ou por meio de mais
regras.
Em contrapartida, alguns aspectos negativos, ou seja, aqueles que influenciam negativamente
na percepção do sentido do trabalho, foram evidenciados, por profissionais, que não viam
proposito ou senso de utilidade, ou entendiam como desvio da função, como uma quebra de
acordo, entre a empresa e profissional, trazendo uma concepção negativa do trabalho, o que não
ajuda a trazer sentido ao trabalho, pelo contrário, faz com que o trabalho seja visto como um
fardo e obrigação, que pode inclusive trazer dor ou desconforto a quem o pratica, indo na
direção das concepções antigas do trabalho, onde o trabalhador era apenas um número dentro
do processo produtivo.
A experiência de se obter informações sobre o sentido do trabalho para este grupo de
profissionais, na qual eu me incluo, foi de extrema importância para o entendimento do objetivo
geral deste trabalho, por mais que fazer sentido seja algo de uma visão bem subjetiva, as
entrevistas colaboraram para uma convergência de pensamentos, que foram na direção das
competências orientadas aos profissionais de TI.
Posteriormente buscou-se investigar as características do trabalho flexível, no tempo e no
espaço, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da informação, como objetivo
específico, e com isso ficou claro as relações flexíveis, e como os profissionais enxergavam os
lados positivos e negativos da mesma, em suas atividades laborais.
A investigação por meio da flexibilização do tempo despendido ou direcionado ao trabalho, foi
evidenciada por meio principalmente da liberdade e autonomia do profissional, e isso traz
resultados positivos em aspectos de desempenho e satisfação do trabalhador.
O destaque se deu por meio de algumas vertentes, como o pensamento que o que está realmente
importando é o resultado, e não os horários em que o profissional passa dentro da empresa,
dando a conotação de autonomia, e confiança, em que a empresa confia ao profissional a
71
responsabilidade de definir o melhor horário para executar as suas tarefas, da melhor maneira,
desde que o resultado seja entregue e percebido.
O trabalho flexível, ainda na dimensão do tempo, se mostrou como um fator que favorece a
ideia de horário produtivo do profissional, que pode não estar dentro do intervalo pré-definido
pela empresa, e esta liberdade, faz com que o profissional possa ir além dos horários
convencionais, sem exceder a sua carga horária, e realizar suas atividades, quando se sentir
mais produtivo.
O sentimento de confiança convergiu nos relatos, onde há um pensamento que quando a
empresa oferece essa flexibilidade de horários, ela está confiando no profissional, e esta
confiança se mostrou de forma mútua, ou seja, a empresa confia para que o profissional possa
controlar os seus horários de trabalho, de forma que seja mais conveniente possível, ao mesmo
tempo que ela espera que os resultados sejam entregues sempre da melhor forma possível, com
índices de qualidade altos. Se um dos critérios falhas, a relação de confiança irá ruir, e isso será
um retrocesso na relação profissional entre o trabalhador e a empresa.
A flexibilidade de horários se mostrou importante para evitar situações de stress, de modo que
permite que o trabalhador possa contornar horários de transito intenso, ou perca de tempo com
algum tipo de transporte, minimizando assim o tempo que o trabalhador tem a possibilidade de
contemplar um cenário estressante.
A autonomia, e liberdade, neste contexto favoreceram para alcançar um equilíbrio maior nas
relações profissionais e pessoais, e trazem aspectos positivos para a qualidade de vida.
Por outro lado, algumas preocupações ficaram evidentes, como o risco da flexibilidade de
horários, não fazer o profissional trabalhar além do normal, em superjornadas, comprometendo
assim a vida pessoal do mesmo, contudo, as preocupações foram amenizadas por um senso de
gestão do tempo, destacados pelos profissionais, ou seja, cabe ao profissional ter esta
sensibilidade e trazer equilíbrio para essas relações. Numa maior abrangência, a flexibilidade
de horário reforça a retenção dos profissionais, e faz com que eles não tenham interesse de
mudar de emprego por qualquer proposta.
Ainda por meio de uma perspectiva negativa, há uma preocupação nas empresas brasileiras,
pela não cobertura da CLT, destes aspectos de flexibilidade de horário, mas mesmo assim, não
tem impedido as empresas brasileiras, de oferecerem isso, por meio de acordos coletivos com
os profissionais.
72
Já por meio da dimensão do espaço, nas relações de trabalho, se mostraram como fator de
motivação e autonomia, uma vez que o trabalhador não precisa estar mais delimitado pelas
dimensões físicas do escritório da empresa, podendo inclusive, realizar suas atividades onde
houver a infraestrutura necessária para tal.
É importante salientar o senso de disciplina, que os profissionais citam em seus relatos, que é
necessário para que a flexibilidade do espaço, que na maioria das vezes, é o home-office, e
trazem um ambiente propicio ao pleno desenvolvimento das atividades, se o ambiente não for
favorável, o sistema flexível irá impreterivelmente falhar.
Desta vez o destaque se dá a esta dimensão de flexibilidade, é o aumento de qualidade de vida,
proposto, no ponto de vista do trabalhador, e redução de custos operacionais de infraestrutura,
no ponto de vista da empresa. Por outro lado, o trabalho realizado fora do ambiente da empresa
é previsto dentro da CLT, e acontece com muita frequência em empresas brasileiras, onde as
funções e atividades possam ser comportadas por este modelo.
As experiências demonstradas nos cenários, trazem uma certa preocupação, que a flexibilização
do espaço traz, como a perca das relações interpessoais, e perca de identificação com a cultura
da empresa, por isso, os mesmos relatam a importância de um modelo misto de flexibilidade,
que pense em dias fora do ambiente, e dias dentro do ambiente de empresa.
E por último buscou-se identificar de que maneira o trabalho flexível pode prover sentido ao
trabalho, segundo a percepção de profissionais de tecnologia da informação, ou seja, os modelos
flexíveis de trabalho, nas dimensões do tempo e espaço, influenciaram positivamente na
obtenção de sentido percebido pelos profissionais de TI.
Pode-se contemplar de diversas formas, a influência positiva dos ambientes flexíveis de
trabalho, onde pode-se concluir que, os profissionais se sentem mais focados nos resultados,
tendo em vista que não precisam se preocupar com fatores indiretos, como os horários de
chegada e saída, e local para se executar a atividade laboral, dando o aspecto de confiabilidade
e boa-fé, o que favorecem a geração do sentido no trabalho exercido.
A partir da discussão trazida à tona, sobre esses construtos, evidencia-se também o aspecto do
equilíbrio, que se mostrou como anseio e necessidade nos relatos, a flexibilidade favorece
diretamente a busca pelo equilíbrio, o que traz uma sintonia mais plena entre a vida pessoal e
vida profissional, e traz qualidade de vida, motivação, satisfação, crescimento profissional,
além de melhoria nas relações interpessoais.
73
O equilíbrio entre as forças e competências que compõem o profissional de TI, se mostrou como
um fator que favorece positivamente a compreensão do sentido do trabalho, uma vez que a
liberdade para discernir sobre quanto tempo ele deve destinar ao seu trabalho e à sua vida fora
do trabalho, por mais que este equilíbrio seja algo subjetivo e variável para cada profissional.
Há de se ressaltar o aspecto da confiança, que foi identificado como um fator que é proveniente
da flexibilidade, tanto do tempo, quanto no espaço, que atuou como um catalisador no sentido
percebido por esses profissionais, e se sentindo confiável pela empresa, dada a responsabilidade
para gerir o seu próprio tempo, e decidir as prioridades, fez com que o trabalho pudesse ter mais
sentido, na execução de suas atividades laborais.
A partir dessa discussão, pode-se concluir, através dos relatos, que o sentimento de confiança,
é bastante relacionado com a capacidade do profissional realizar sua tarefa com qualidade, sem
as condições impostas de horário e local, existentes nas relações de trabalho tradicionais.
Havendo assim implicações diretas no profissional, que por sua vez, desenvolve um sentimento
de responsabilidade, com o intuito de não decepcionar a empresa pela confiança depositada.
Como atributos dos profissionais de TI, e suas competências, a criatividade e autonomia foram
aspectos importantes, não só por fazer parte dos profissionais de TI como um todo, mas também
são sentidas quando a empresa fornece esquemas flexíveis, e são fatores que favorecem a
percepção do sentido do trabalho, havendo de se ressaltar neste estudo, a convergência dos
profissionais de TI, para estes aspectos, que fazem o profissional ter uma melhor criatividade,
seja por atuar nos momentos mais eficazes para ele, ou seja por permitir uma auto-gestão da
sua capacidade e resultados.
Através do alcance dos objetivos específicos, pode-se evidenciar o objetivo geral deste trabalho,
conforme visto anteriormente, onde implicou-se a relação entre os aspectos de flexibilidade, no
tempo ou espaço, na percepção do sentido do trabalho, para os profissionais de TI, sendo
considerada a implicação de forma positiva, o trabalho tem mais sentido para os profissionais,
quando eles se sentem que a empresa tem confiança neles, e essa confiança está sendo implícita
quando a empresa fornece uma liberdade e autonomia para a jornada de trabalho deles.
Em minha opinião como profissional de TI, o sentido do trabalho fica cada vez mais evidente,
ou seja, o trabalho consegue fazer mais sentido, uma vez que não estamos mais condicionados
a alguns aspectos de controle, obviamente devem ser sempre usados aspectos de controle para
produtividade, ou entrega de resultados, mas acredito que os controles relacionados aos enlaces
de tempo e espaço de trabalho, precisam ser cada vez mais flexíveis para este grupo de
74
profissionais, trazendo assim a ideia de que todos estão ganhando, a empresa ganha e o
profissional ganha.
As empresas que desejem obter uma melhor produtividade, e uma melhor visualização no
mercado, devem analisar este aspecto, por trazerem benefícios evidentes ao trabalhador, e
consequentemente compõem um melhor resultado a ser entregue para as empresas.
Por fim, a implicação apresentada por este estudo, contextualiza que existem fatores como o
sentido do trabalho, que é influenciada por aspectos subjetivos como a flexibilidade, e esta
influência é considerada benéfica pelos profissionais de TI, para que os mesmos possam
encontrar sentido, ou encontrar mais sentido, no desenvolver de suas atividades, fomentando o
comprometimento, a satisfação, e a qualidade de vida, para estes profissionais.
5.1 Sugestões para trabalhos futuros
Para um melhor entendimento, sugere-se para futuros trabalhos, correlacionar a influência da
flexibilização no sentido do trabalho, por meio de outros tipos de profissionais, como os de
marketing ou docentes, bem, como analisar a flexibilização do ponto de visto do
comprometimento organizacional. Além de poder acrescentar uma abordagem quantitativa,
como complemento, com o intuito de poder mensurar um universo maior de profissionais, e
eventualmente compreender um estudo de caso em uma empresa que esteja próxima de oferecer
a flexibilidade aos seus empregados, podendo inclusive comparar resultados anteriores e
posteriores a implantação.
Sugere-se ainda a realização de um estudo que permita agrupar outros indicadores além da
flexibilidade, ou outros aspectos da flexibilidade, como a flexibilização dos contratos de
trabalho, ou a flexibilização da decisão ou da gestão, que possam influenciar nos sentidos do
trabalho, como o estudo de cultura organizacional, e também de clima organizacional,
integrando também com o estudo de gestão de pessoas na organização.
75
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Roteiro de entrevistas
Questionamento sobre a essência do trabalho
Questionamentos com relação a flexibilização da rotina de trabalho
Questionamentos sobre os pontos positivos e negativos observados
Questionamentos sobre o sentido do trabalho
Questionamentos sobre como o trabalho desenvolvido faz sentido para o profissional
Questionamentos acerca do sentido percebido através da flexibilidade oferecida
Questionamentos acerca da perca do benefício-flexibilidade
Questionamentos acerca da perca do sentido do trabalho
Questionamentos sobre plano de futuro
Questionamentos sobre mudança de emprego e motivação percebida