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Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Kátia Maria de Lima Araújo A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO DOCENTE COMO INCENTIVO À MOTIVAÇÃO DO DISCENTE - estudo de caso em uma IES Recife, 2015

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Kátia Maria de Lima Araújo

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO DOCENTE COMO INCENTIVO

À MOTIVAÇÃO DO DISCENTE - estudo de caso em uma IES

Recife, 2015

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o

acesso a monografias do Mestrado de Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação

em Administração da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

- "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

- "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita a

consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;

- "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto,

se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou

custódia.

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de Administração.

_________________________________________________________________

Título da dissertação: “A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO DOCENTE COMO INCENTIVO

À MOTIVAÇÃO DO DISCENTE - estudo de caso em uma IES”.

Nome do Autor: Kátia Maria de Lima Araújo

Data da aprovação: 31 março de 2015

Classificação, conforme especificação acima:

Grau 1 ( )

Grau 2 ( x )

Grau 3 ( )

Recife, 31 de março de 2015

---------------------------------------

Assinatura do autor

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Kátia Maria de Lima Araújo

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO DOCENTE COMO INCENTIVO

À MOTIVAÇÃO DO DISCENTE - estudo de caso em uma IES

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de

Mestre em Gestão Empresarial do Centro de

Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

– CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry

Brasil, sob a orientação da Prof.ª Dr.a

Hajnalka Halász Gati.

Recife, 2015

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida;

A Edinho, marido, melhor amigo e companheiro de todas as horas, pelo apoio, incentivo e

predisposição em ajudar, sempre;

A minha filha Nathália, minha mãe Lourdes e minha irmã Márcia, pela força, e por

compreenderem minha ausência necessária;

Aos alunos que participaram dessa pesquisa. Sem a colaboração de vocês, ela não existiria;

À turma nove, que é 10! (e isso não é plágio!), pelos momentos ótimos de coleguismo

recíproco. Vou sentir saudades!

À Rosana, Paava, Tainá, Ana Júlia, Patrícia, Luciana e Mayra, que em momentos diferentes e

no modo particular de cada uma, contribuíram para o desenvolvimento da minha dissertação;

À Professora Lúcia: obrigada por ter me dado a oportunidade de fazer o MPGE; parabéns pela

excelência do curso!

Ao Professor Augusto, que com sua paciência invejável, mostrou-me um comportamento a

ser seguido. Obrigada professor, estatística não é tão difícil quando se tem um mestre como o

senhor;

À Professora Sônia, que me apresentou às Teorias de Motivação e Expectativa, e que durante

o pouco tempo que convivemos, um semestre apenas, nos presenteou com sua alegria de viver

e vibrante oratória;

À Professora Dorinha, que me fez perceber o quanto Cultura Organizacional é importante

para nossas vidas; e também, por ter me apresentado à Metodologia Qualitativa: realmente,

professora, essa metodologia ajuda a compreender o ser humano;

E, especialmente, à minha querida orientadora Professora Hajnalka, que com seu rico

conhecimento em Pedagogia, acrescentou à minha carreira de professora a parte que faltava.

Obrigada pela sua paciência, por ter estado presente e atenta nos momentos cruciais da

construção da minha dissertação. Obrigada pela dedicação, conselhos, e vivência efetiva da

arte de ensinar. Para sempre, será minha mestra!

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Escolas que são asas não amam pássaros

engaiolados. O que elas amam são pássaros

em voo. Existem para dar aos pássaros

coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas

não podem fazer, porque o voo já nasce dentro

dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só

pode ser encorajado.

Rubem Alves

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa é discutir a importância da prática pedagógica na cultura da sala de

aula, na visão dos alunos, de uma Instituição de Ensino Superior particular, em Recife – PE.

Sua natureza qualitativa-quantitativa analisou se os alunos veem relação entre motivação e

prática pedagógica. Inspirada no inventário proposto por Chickering e Ganson (1990), a

intenção desta pesquisa é investigar se, aliada ao domínio do conteúdo, as sete boas práticas

do professor em sala de aula, aqui condensadas em três: aprendizagem ativa, expectativa e

interação, apresentam-se como um caminho para o incentivo à motivação do aluno. Nos

resultados, foram identificadas 03 categorias que apontam para a importância do domínio do

conteúdo agregado à prática pedagógica, como ações importantes para estimular a motivação

do aluno. Seu sucesso, porém, também se encontra na cultura, no comportamento e na ação do

professor, que precisa unir teoria e prática, colaborando com o raciocínio que, quando

conteúdo e pedagogia estão presentes, seus efeitos se multiplicam.

Palavras chaves: Didática. Ensino-aprendizagem. Expectativa. Pedagogia.

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ABSTRACT

The objective of this research is to discuss the importance of pedagogical practice in the

culture of the classroom, according to the student’s vision, of a private College in Recife-PE.

It´s qualitative-quantitative nature examined if students can relate motivation and pedagogical

practice. Inspired by the inventory proposed by Chickering and Ganson (1990), the intention

of this research is to investigate that, besides domaining the content, the seven best practices

of the teacher in the classroom, here condensed into three: active learning, expectation and

interaction, present as a way to encourage the student's motivation. In the results, we

identified categories 03, pointing to the importance of the domain of the content added to the

pedagogical practice, how important actions to stimulate the motivation of the student. Its

success, however, is also in the culture, behavior and in the teacher’s action, who must unite

theory and practice, collaborating with the reasoning that, when content and pedagogy are

present, its effects multiply.

Keywords: Didactics. Expectation. Pedagogy. Teaching and learning.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Quantidade de registros encontrados nos sites da CAPES e SCIELO .................. 18

Quadro 2 - Quantitativo de alunos inscritos no ENEM e matriculados em IES, 2009-2013 ... 21

Quadro 3 - Evolução das taxas de evasão anual do Brasil, em IES, 2005-2009 ..................... 22

Quadro 4 - Alunos matriculados e concluintes em graduação em IES, 2009-2013 ................ 23

Quadro 5 - Condensação das 7 boas práticas do professor .................................................... 33

Quadro 6 - Cone da Experiência de Edgar Dale (1946) ........................................................ 34

Quadro 7 - Caracterização dos alunos respondentes.............................................................. 48

Quadro 8 - Resultado da entrevista: motivação extrínseca e intrínseca .................................. 49

Quadro 9 - Relação das perguntas das entrevistas com as questões norteadoras .................... 50

Quadro 10 - Relação das perguntas fechadas do questionário com as questões norteadoras .. 52

Quadro 11 - Categorias ........................................................................................................ 57

Quadro 12 - Domina o assunto e adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa ................ 62

Quadro 13 - Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa .... 68

Quadro 14 – Não domina o assunto e não adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa ... 70

Quadro 15 - Domina o assunto e adota prática pedagógica – Expectativa ............................. 72

Quadro 16 - Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Expectativa ................. 75

Quadro 17 - Domina o assunto e adota prática pedagógica – Interação ................................. 77

Quadro 18 - Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Interação ..................... 80

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Quantitativo de alunos matriculados em IES, entre 1980 e 2013........................... 22

Figura 2 - Didática, ensino e suas relações ........................................................................... 25

Figura 3 - Teoria Continuum de Autodeterminação, de Gagné .............................................. 28

Figura 4 - Teoria Metas de Realização ................................................................................. 29

Figura 5 - Triangulação ........................................................................................................ 45

Figura 6 - Etapas da pesquisa ............................................................................................... 46

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Respostas à pergunta: Sobre a aprendizagem diversificada, em sala de aula ....... 63

Gráfico 2 - Respostas à pergunta: Sobre o fornecimento de feedback ao aluno ..................... 64

Gráfico 3 - Respostas à pergunta: Sobre a forma particular de aprendizagem do aluno ......... 65

Gráfico 4 - Respostas à pergunta: Sobre o tempo da realização das tarefas ........................... 66

Gráfico 5 - Respostas à pergunta: Sobre a expectativa do professor com relação ao aluno .... 73

Gráfico 6 - Respostas à pergunta: Sobre a cooperação entre os alunos, em sala de aula ........ 78

Gráfico 7 - Respostas para: Sobre o contato entre professor e aluno ..................................... 79

Gráfico 8 - Respostas à pergunta: Sobre a forma particular de aprendizagem do aluno ......... 79

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 Pergunta de pesquisa ................................................................................................... 17

1.2 Objetivos ................................................................................................................... ....17

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 17

1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 17

1.3 Justificativas ............................................................................................................. ....17

1.3.1 Justificativa teórica ................................................................................................... 17

1.3.2 Justificativa prática ................................................................................................... 19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 21

2.1 Evasão e fracasso escolar no ensino superior .............................................................. 21

2.2 A didática no ensino superior .................................................................................. ....24

2.3 A motivação para a aprendizagem .............................................................................. 27

2.4 As boas práticas do professor à luz da proposta de Chickering e Gamson............ ....31

2.4.1 Aprendizagem ativa .................................................................................................. 33

2.4.2 A expectativa em sala de aula ................................................................................... 37

2.4.3 A interação em sala de aula ...................................................................................... 39

3 METODOLOGIA ....................................................................................................... ....44

3.1 Caracterização da Pesquisa ..................................................................................... ....44

3.2 Etapas da Pesquisa (fluxograma) ............................................................................ ....46

3.3 Locus da pesquisa ..................................................................................................... ....46

3.4 Universo e amostra da pesquisa ............................................................................... ....47

3.5 Técnicas de coleta dos dados .................................................................................... ....50

3.5.1 Questionário .......................................................................................................... ....51

3.5.2 Entrevista estruturada .......................................................................................... ....53

3.6 Instrumentação das variáveis .................................................................................. ....55

3.7 Limites e limitações da pesquisa .............................................................................. ....56

3.7.1 Limites da Pesquisa ............................................................................................... ....56

3.7.2 Limitações da Pesquisa ......................................................................................... ....56

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...................................................... ....57

4.1 Prática pedagógica referente à Aprendizagem ativa .............................................. ....62

4.1.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica .................................... ....62

4.1.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica........................ ....67

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4.1.3 Categoria Não domina o assunto e não adota prática pedagógica ...................... ....69

4.2 Prática pedagógica referente à Expectativa ............................................................ ....72

4.2.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica .................................... ....72

4.2.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica........................ ....75

4.3 Prática pedagógica referente à Interação ................................................................ ....76

4.3.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica .................................... ....76

4.3.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica........................ ....80

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. ....82

5.1 Recomendações para trabalhos futuros .................................................................. ....85

5.2 Recomendações para a Instituição pesquisada ....................................................... ....85

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. ....87

APÊNDICE A - Questionário Surveymonkey ................................................................ ....93

APÊNDICE B - Roteiro da entrevista feita com os alunos ........................................... ....98

APÊNDICE C - Gráficos das características dos respondentes –Surveymonkey ......... ....99

APÊNDICE D - Depoimentos dos alunos por unidade de significação ...................... ....101

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1 INTRODUÇÃO

A massificação dos meios de comunicação, o desenvolvimento de novas tecnologias da

informação e o aumento da expectativa de vida tornam necessária uma formação acadêmica e

uma atualização de conhecimentos permanentes. Por sua vez, essa crescente demanda de

novos conhecimentos, saberes e habilidades, fazem refletir sobre a importância de se obter

novos processos de aprendizagem.

A necessidade de aprender e desenvolver-se intelectualmente se estendeu a quase todos os

recantos de nossa sociedade. A esse fenômeno, dá-se o nome de Sociedade do Conhecimento,

cuja característica é a importância dada ao intelecto, seja para obter fins econômicos, políticos

ou culturais (MONTOYA E PACHECO, 2003).

O desenvolvimento humano é um processo que visa ampliar as possibilidades proporcionadas

às pessoas, de modo que tenham uma vida longa e saudável, adquirindo conhecimentos, para

que possam exprimir sua criatividade e usufruir dos recursos necessários, tendo garantidos sua

dignidade pessoal e seus direitos de cidadão (DELORS, 2010).

Nesse ínterim, a procura crescente por vagas em Instituição de Ensino Superior – IES, nos

mostra que o quantitativo de alunos matriculados vem crescendo anualmente. Em 2013,

chegou a 7,3 milhões, sendo 300 mil matrículas a mais que no ano anterior. No período 2012-

2013, as matrículas cresceram 3,8%, sendo 1,9% na rede pública e 4,5% na rede privada

(INEP, 2015).

Outro dado que também nos sinaliza para a importância que o sistema educacional e suas

instituições representam para a nossa sociedade, é o quantitativo de alunos inscritos para o

ENEM: de quatro milhões em 2009, teve em 2013 mais de sete milhões de inscritos em todo o

Brasil (INEP, 2015).

Em contrapartida, o índice de evasão no ensino superior também é muito alto. Esta ocasiona

perdas significativas tanto para a sociedade, quanto as Instituições, sobretudo as particulares,

que procuram encontrar soluções para a retenção de seus alunos (LOBO, 2014).

Outro problema está relacionado ao fracasso da aprendizagem. Existe uma maior consciência

dessa possibilidade, por parte dos alunos mais conscientes de que não aprendem como

deveriam, assim como, por parte dos professores de que seus esforços não obtêm o sucesso

almejado (POZO, 2002).

Mesmo que o processo de ensino-aprendizagem seja complexo, envolvendo as dimensões

políticas, históricas, socioeconômicas e institucionais, o consenso entre os teóricos de que o

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fracasso ou o êxito do processo de ensino-aprendizagem dependem, em sua maior parte, do

desempenho do professor (POZO, 2002; DELORS, 1998), faz-nos questionar: quais as

características necessárias para tornar um docente um profissional competente? Qual a relação

entre a prática pedagógica e a motivação para a aprendizagem?

As reflexões vigentes sobre o paradigma do bom professor giram em torno do docente como

aquele que consegue bons resultados de todos os estudantes, que eles não só aprendam, mas

que consigam extrair o melhor de si mesmos (SÁNCHEZ, 2012).

A antiga cultura de que o professor seria o detentor de todo o conhecimento, enquanto o aluno

seria passivo no processo de ensino-aprendizagem, dá lugar à nova visão do docente como

condutor, ou facilitador do processo.

O paradigma inovador, oriundo da nova cultura da aprendizagem, busca a produção do

conhecimento ao invés da reprodução do conhecimento. Valoriza a reflexão, a curiosidade, a

crítica, o questionamento e a ação, por parte do aluno, e induz o professor a buscar uma

prática pedagógica mais incentivadora (BEHRENS, 2005).

Além do domínio do conteúdo apresentado, o professor precisaria incentivar o aluno a querer

adquirir esse conhecimento, pois, quando o desejo intrínseco de aprender é o que move o

processo, os resultados parecem mais sólidos e consistentes (POZO, 2002; CHABOT E

CHABOT, 2005).

Estar motivado para ensinar, por sua vez, seria requisito importante, uma vez que, quando se

tem motivos extrínsecos para ensinar, dificilmente se consegue incentivar motivos intrínsecos

para a aprendizagem. Neste ponto, a motivação para o trabalho estaria atrelada tanto à

dimensão Institucional quanto a capacitação para a atividade docente (POZO, 2002;

GUIMARÃES, 2004).

No âmbito Institucional, as empresas cuja cultura valoriza o esforço de cada professor,

privilegia o trabalho em equipe, incentiva o alcance a objetivos comuns, é flexível com

relação ao ensino-aprendizagem dos alunos, apresentam-se como colaboradoras ao incentivo à

atividade docente (MARCHESI E MARTÍN, 2003).

Por sua vez, estar capacitado para esta atividade seria uma condição básica. Porém, aos

professores do magistério superior não é dada obrigatoriedade para sua capacitação, sendo

obrigatório apenas nos cursos de licenciatura (BRASIL, 1996).

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O fato é que, analisando-se apenas a dimensão da sala de aula, percebe-se uma tendência no

comportamento dos professores em separar os alunos “interessados” dos “não interessados”,

de maneira a ter expectativas diferentes para diferentes alunos e, de forma consciente ou não,

se comportar de maneira excludente (ROSENTHAL, 1968; GOOD, 1981; RASCHE, 1986;

REYNOLDS, 2007; MORALES, 2009).

A postura do professor, seus valores e seu modo de ensinar subentendem mensagens

implícitas, cujos efeitos podem ser positivos ou negativos, reforçando o interesse ou

desinteresse do aluno por aquilo que está aprendendo (MORALES, 2009).

Nesse sentido, a prática pedagógica, como um conjunto de ações que funcionam como

diretrizes para o professor, é tão importante quanto o que é ensinado, ou seja, forma e

conteúdo ministrados em sala de aula, devem andar juntos para incentivar o aluno à

aprendizagem (SHULMAN, 1986; CHICKERING E GAMSON, 1999; VEIGA, 2000;

POZO, 2002).

A presente pesquisa é inspirada no inventário proposto pelos professores norte-americanos

Arthur Chickering e Zelda Ganson (1990), e sua intenção é investigar se, aliada ao domínio

do conteúdo, as sete boas práticas do professor em sala de aula, propostas pelos autores,

apresentam-se como um caminho para o incentivo à motivação do aluno.

Com a finalidade de direcionar as respostas dos alunos pesquisados, para o objetivo da

pesquisa, as sete boas práticas foram condensadas em três dimensões: aprendizagem ativa,

cujas atividades estão relacionadas ao processo de ensino propriamente dito (atividades

diversificadas, tempo de tarefa, pronto feedback e respeito às diversas formas de aprender);

expectativa, atividade relacionada ao comportamento do professor perante o aluno; e

interação, auxiliar do professor na disseminação de sua cultura na sala de aula (interação

professor-aluno e cooperação entre alunos).

Utilizando a técnica de multimétodos, investigou a importância da prática pedagógica inserida

na cultura da sala de aula, na visão dos alunos. Em uma Instituição de Ensino Superior

particular, situada na Região Metropolitana do Recife, a pesquisa analisou de forma

qualitativa e quantitativa se os alunos veem relação entre motivação e prática pedagógica.

Assim sendo, segue a pergunta de pesquisa que norteará este trabalho.

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1.1 Pergunta de pesquisa

Até que ponto, na visão dos alunos, a prática pedagógica adotada pelo professor é importante

para incentivar a motivação para o ensino-aprendizagem, em uma Instituição de Ensino

Superior particular, na Região Metropolitana do Recife?

1.2 Objetivos

A seguir são apresentados os objetivos que se pretende alcançar com esta pesquisa.

1.2.1 Objetivo geral

Como objetivo geral, a pesquisa pretende investigar até que ponto, na visão dos alunos, a

prática pedagógica adotada pelo professor é importante para incentivar a motivação para o

ensino-aprendizagem, em uma Instituição de Ensino Superior particular, na Região

Metropolitana do Recife.

1.2.2 Objetivos específicos

Foram formulados os seguintes objetivos específicos para alcançar o objetivo geral:

1. Verificar a importância da aprendizagem ativa no processo de ensino, na visão dos

alunos;

2. Averiguar até que ponto a expectativa do professor é importante para incentivar a

motivação para a aprendizagem, na visão dos alunos;

3. Identificar a importância da interação entre professor-aluno no processo de ensino-

aprendizagem, na visão dos alunos;

1.3 Justificativas

Nas justificativas teóricas e práticas, que serão apresentadas a seguir, procura-se demonstrar a

relevância da realização desta pesquisa.

1.3.1 Justificativa teórica

A educação é uma problemática complexa, porém relevante. A crescente demanda de novos

conhecimentos e formas de aprendizagem, a busca pelo êxito e qualidade no processo de

ensino e aprendizagem, a procura crescente por vagas em Instituições de Ensino Superior e,

em contrapartida, a atribuição do fracasso escolar relacionado ao desempenho do professor,

apontam para essa afirmação.

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Estudos sobre desempenho escolar indicam a prática pedagógica como ferramenta importante

para colaborar com a diminuição do fracasso no processo ensino-aprendizagem. A ação

pedagógica dessa cultura de aprendizagem busca formar um indivíduo crítico, incentivando-o

a reconhecer e a refletir sobre a realidade, tornando-o sujeito e produtor do seu próprio

conhecimento (BEHRENS, 2005).

Estar presente na sala de aula e transmitir conhecimentos, por si só, não garante o sucesso do

ensino. A forma como o professor percebe o aluno, sua expectativa com relação à capacidade

deste para a aprendizagem, pode agir como ferramenta eficaz ao influenciar a motivação do

aluno em querer absorver esses conhecimentos (BORDENAVE, 1995).

Muito estudada nas organizações, a motivação tem se tornado relevante no espaço acadêmico,

uma vez que é apontada, não só como fator determinante para a retenção do discente na

Instituição, mas também, como estratégia de ensino para se conseguir melhor envolvimento

deles nas atividades pedagógicas, consequentemente, melhores resultados no processo de

ensino (GUIMARÃES, 2010).

Desenvolvido a partir das pesquisas resultantes dos vários anos de experiência em docência,

os sete princípios, propostos por Chickering e Gamson (1999), relacionam as atitudes do

professor fundamentais para incentivar o processo de ensino-aprendizagem, em sala de aula.

As atividades diversificadas, a interação professor-aluno, a interação aluno-aluno, o feedback

imediato, a expectativa do professor, o tempo de tarefa e a valorização da forma particular de

cada aluno para a aprendizagem, fazem parte do inventário proposto pelos autores.

Pesquisando, recentemente, nos portais da CAPES e da SCIELO, foram encontradas mais de

vinte mil trabalhos relacionados à motivação em sala de aula, porém, quando é associada a

prática pedagógica do professor à motivação do aluno, em IES, para o ensino-aprendizagem,

são encontradas poucas referências, como mostra o quadro abaixo:

Quadro 1 - Quantidade de registros encontrados nos portais da CAPES e SCIELO.

Termo Pesquisado CAPES SCIELO

Ensino-aprendizagem 848.888 161

Student motivation 25.341 5

Prática pedagógica 3.412 42

Motivação do aluno em IES 26 0

Prática pedagógica como incentivo da motivação do

aluno em IES 0 0

Fonte: elaboração própria. Acesso em: 6 mar. 2015.

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Segundo os dados expostos, verifica-se uma grande quantidade de pesquisas relacionadas ao

processo de ensino-aprendizagem, porém poucas foram encontradas sobre a motivação do

aluno em IES e nenhuma considerando a prática pedagógica como incentivo a sua motivação,

o que justificaria a razão de ser da nossa pesquisa.

1.3.2 Justificativa prática

Antes da segunda metade do século XIX, as pesquisas em educação baseavam-se no

conhecimento intuitivo. Ao longo do tempo, os avanços tecnológicos e o apoio encontrado em

outras ciências como a psicologia, a sociologia e a antropologia, ajudaram a formar um

alicerce teórico que orientasse os processos educacionais (ESTEBAN, 2010; MALHEIROS,

2011).

O objetivo da pesquisa em educação é analisar e fornecer respaldo à atuação docente. Seus

achados procuram orientar suas práticas, subsidiar a formulação de novas políticas públicas,

auxiliando teórica e metodologicamente a construção de currículos pertinentes às

necessidades da nova sociedade do conhecimento (MONTOYA E PACHECO, 2003;

MALHEIROS, 2011).

Estudos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem em IES mostram a importância de

se verificar a postura do professor em sala de aula, e o relacionamento interpessoal entre

professor e aluno como fatores importantes nesse processo.

Por parte do professor, não basta ter conhecimento do assunto; por parte do aluno não basta

estar presente em sala de aula. É necessário algo que estimule os alunos a ficarem motivados a

prestar atenção ao que está sendo exposto ou trabalhado, que os incentive a querer aprender o

conteúdo programado.

Em aspectos práticos, esta pesquisa é relevante, pois seu resultado poderá beneficiar:

o aluno que, precisando de professores que saibam despertar seu interesse em aprender,

constitui-se em uma peça importante nessa investigação da construção de seu

aprendizado;

o professor que, conhecendo um pouco mais as fragilidades e anseios de seus alunos,

encontrará respaldo no resultado desta pesquisa, que pretende enfatizar a importância

desse profissional no processo de ensino-aprendizagem;

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as Instituições de Ensino Superior que, tendo o professor como ator principal do processo

de ensino-aprendizagem, em sala de aula, possam proporcionar a seus docentes um

terreno fértil para uma prática pedagógica mais atrativa; e,

de uma forma mais ampla, as políticas públicas educacionais que, obtendo outra visão do

processo de ensino-aprendizagem no magistério superior, possam gerir projetos

direcionados para a educação, que deve ser vista como profissão, valorizando de forma

direta o docente e, consequentemente, os alunos e as Instituições.

Assim, acredita-se que as justificativas acima citadas apontem para a importância do

desenvolvimento desta pesquisa.

A seguir serão vistas as bases teóricas que irão fundamentá-la.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo pretende-se construir o suporte teórico que, alinhado à investigação da

pesquisa, servirá como base para a análise e interpretação dos dados coletados junto ao

público investigado, os alunos da IES particular.

2.1 Evasão e fracasso escolar no ensino superior

O surgimento de novas tecnologias da informação e a massificação dos meios de

comunicação tem nos proporcionado, de forma abundante, o acesso a saberes e

conhecimentos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, cujo objetivo é disciplinar a educação

escolar, diz que a mesma deverá se desenvolver, predominantemente, por meio do ensino em

instituições próprias (BRASIL, 1996).

O ensino superior é um dos motores do desenvolvimento econômico, cujos recursos

cognitivos, tornam-se mais importantes do que os recursos materiais. Sua importância é cada

vez maior, na medida em que as novas tecnologias da informação estimulam as economias a

exigirem, cada vez mais, profissionais competentes de nível superior (DELORS, 2010).

Os dados do INEP, do quadro 2, mostram a evolução dos números de inscrições para o

ENEM e das matrículas em IES:

Quadro 2 - Quantitativo de alunos inscritos no ENEM e matriculados em IES, entre 2009 e 2013

ANO INSCRITOS no ENEM MATRÍCULAS em IES

2009 4.148.721 5.954.021

2010 4.626.094 6.379.299

2011 5.380.857 6.739.689

2012 5.791.332 7.037.688

2013 7.173.574 7.305.977

Fonte: INEP (2015)

Criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho dos alunos ao final da educação

básica, o ENEM passou também a ser utilizado, a partir de 2009, para selecionar alunos para o

ingresso em Instituições de Ensino Superior, que teve em 2013 mais de 7 milhões de inscritos,

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sendo 74% destes, em instituições particulares, como mostra o gráfico abaixo, onde se vê a

evolução das matrículas no ensino superior, no período entre 1980–2013. (INEP, 2015).

Figura 1 - Quantitativo de alunos matriculados em IES, entre 1980 e 2013

Fonte: INEP (2015)

A valorização da formação superior, representadas pelo quantitativo crescente de alunos

inseridos em suas instituições, porém, não garante a sua permanência até o final do curso, pois

a possibilidade de evasão e fracasso escolar também é crescente.

No quadro abaixo, vê-se a evolução das taxas de evasão anual no Brasil, em IES públicas e

privadas, entre 2005 e 2009, segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Lobo (LOBO, 2014),

onde se percebe um índice maior de evasão nas IES particulares:

Quadro 3 – Evolução das taxas de evasão anual do Brasil, em IES públicas e privadas,

entre 2005 e 2009

2005 2006 2007 2008 2009 MÉDIA

Públicas 11,8% 12,4% 11,8% 12,1% 10,5% 11,9%

Privadas 25,3% 25,1% 25,6% 25,7% 25,0% 25,3%

Fonte: elaborado pelo Instituto Lobo / Lobo & Associados a partir dos dados do

INEP / MEC (2005 a 2009)

A evasão ocasiona perdas significativas: para o aluno, que perde em termos econômicos, tanto

no que foi investido, quanto aos relacionados à obtenção do título; para a sociedade, uma vez

que as vagas ocupadas poderiam ter sido preenchidas por alunos concluintes; e para as

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Instituições, sobretudo as particulares, que veem abalada sua sobrevivência financeira

(LOBO, 2014; TIGRINHO, 2014).

Estas, apresentando turmas repletas no primeiro semestre, e esvaziando-se a partir do

segundo, percebem que captar alunos é tão importante quanto mantê-los.

No quadro abaixo, vê-se a relação entre alunos matriculados e concluintes, onde são

percebidos os altos índices de evasão:

Quadro 4 - Quantitativo de alunos matriculados e concluintes de cursos de graduação em IES, entre

2009 e 2013

ANO Matriculados na graduação Concluintes

2009 5.954.021 959.197

2010 6.379.299 973.839

2011 6.739.689 1.016.713

2012 7.037.688

Milhões

1.050.413

2013 7.305.977 991.010

Fonte: INEP (2015)

No Brasil, os estudos sobre as causas da evasão no ensino superior são poucos. Em geral, são

limitados à experiências individuais, diferentemente de países como os Estados Unidos, por

exemplo, onde são feitas inúmeras pesquisas de forma sistemática (LOBO, 2014).

As causas para a evasão no Brasil, apontadas pelas pesquisas, giram em torno de: problemas

financeiros, defasagem acadêmica, migração de alunos para instituições concorrentes, falta de

sintonia entre a metodologia dos cursos e os interesses dos alunos conectados e envolvidos

com as novas tecnologias, e decepção do aluno com a falta de motivação e atenção dos

professores (RODRIGUES, 2011; LOBO, 2014, TIGRINHO, 2014).

Soluções como: concessão de descontos para os alunos mais dedicados e estudiosos, bolsas de

estudo como o PROUNI e o FIES, serviços de apoio e orientação psicológica,

encaminhamento a estágios, são ações que buscam uma maior integração do estudante na

instituição, procurando minimizar o problema, mas como foi visto nos dados do INEP1, não

conseguem resolvê-lo de forma efetiva.

Assim como a evasão, o problema do fracasso escolar também aponta a dimensão pedagógica,

direcionada para a figura do professor, como sendo o principal responsável pelo fracasso ou o

1 Quadros 3 e 4

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êxito do processo de ensino-aprendizagem. É citada por vários autores, entre eles: Delors

(1998), Meira (1998), Pozo (2002), Montoya (2003), Morales (2009), Sousa (2012) e Santos

(2013), mesmo que seja resultante de processos sociais mais amplos, como questões

estruturais provenientes da renda per capita, das desigualdades sociais, econômicas e culturais

(BRANDÃO, 1985).

O professor deve ser um “profissional qualificado, preparado para orientar, por meio de suas

competências e habilidades humanas2, o processo formativo do aluno” (DOURADO, 2005, p.

20), o que nos faz questionar: qual a colaboração do professor como principal gestor desse

processo?

É o que o próximo referencial teórico procurará responder.

2.2 A didática no ensino superior

A didática é concebida como sendo uma das disciplinas pedagógicas do curso de formação de

professores. Vinculada à pedagogia, não se resume ao mero domínio de técnicas de

orientações pedagógicas, mas aos aspectos relacionados à teoria e prática, ensino e

aprendizagem, ensino e pesquisa, conteúdo e forma, professor e aluno (VEIGA, 1993).

É objetivo da didática refletir sobre a dimensão sociopolítica da educação. Deve também

compreender o processo de ensino e capacitar o professor a resolver os problemas subjacentes

da prática pedagógica, que pode ser entendida em dois momentos: paradigma conservador e

paradigma inovador (VEIGA, 1993; BEHRENS, 2005).

O paradigma educacional contemporâneo é contrário ao paradigma conservador que

privilegiava o pensamento newtoniano-cartesiano. Este último perdurou em nossa sociedade

até o século XX, e visava a reprodução do conhecimento, a repetição, a visão mecanicista,

tendo o professor como centro do saber (MONTOYA, 2003; BEHRENS, 2005).

O paradigma conservador deu lugar ao paradigma inovador.

Nele, o ensino é visto como produção do conhecimento, buscando formar um sujeito crítico.

Aqui o professor precisa enfocar o conhecimento como algo provisório, estimulando a análise

e a capacidade do aluno em compor e recompor as informações e os dados apreendidos,

instigando-o a reconhecer e refletir sobre a realidade (BEHRENS, 2005).

2 Grifo nosso

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No paradigma inovador o pensamento é holístico. O mundo é visto como um todo integrado,

cujas características remetem a rede, teia, rizoma, fazendo do processo de ensino-

aprendizagem um processo sistêmico de inter-relacionamento, e resgata o ser humano em sua

totalidade (BEHRENS, 2005).

Procurando enxergar o aluno como ser indiviso, valoriza a unicidade cérebro-espírito,

colocando-o no centro do processo. Para corresponder a esse paradigma, é necessário a

formação de um professor humano, ético e sensível, concordando com Pestalozzi, que

entendia a formação do homem como ser individual, que necessita de três tipos de

aprendizagem: cognitiva (cabeça), afetiva (coração) e motora (mãos) (SOËTARD, 2010).

Por essa razão, a didática também precisa ser entendida como um todo, composta por

elementos inter-relacionados, cujo processo está em constante movimento (VEIGA, 1993,

2000).

A figura 2 apresenta a didática e a unidade entre suas relações. Cada uma das dicotomias, ao

invés de separadas, deve convergir para uma mesma preocupação, de maneira a formar uma

unidade.

Figura 2 – Didática, ensino e suas relações

Fonte: Veiga (1993, p. 83)

Como se vê no esquema da figura 2, as relações que compõem a didática pressupõem uma

forma indissociável. Influenciam-se mutuamente, de maneira que, na relação teoria e prática,

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por exemplo, se a teoria for privilegiada, transforma-se em idealista, enquanto que, uma

prática sem teoria não sabe o porquê de sua existência (VEIGA, 2000).

Nos cursos de formação de professor, a didática apresenta-se como uma das disciplinas

responsáveis pela efetivação da prática pedagógica. Infelizmente, poucos docentes

universitários, no Brasil, tem contato com esta disciplina, possivelmente, porque a veem como

algo supérfluo, ou porque não são obrigados a terem-na em seus currículos (MASETTO,

2003).

Apenas nos cursos de licenciatura há a obrigação de ter, no mínimo, trezentas horas para a

prática de ensino, não sendo obrigatório para cursos de graduação. A preparação para o

exercício do magistério superior acontece em nível de pós-graduação, em programas de

mestrado e doutorado (BRASIL, 1996), porém, alguns cursos a oferecem de forma eletiva.

A docência no ensino superior, da nova sociedade do conhecimento, exige professores com

uma visão profissional de ser docente.

Este se prepara para exercer suas atividades a partir da elaboração do plano de ensino,

organizando as atividades de forma sistemática, intencional e flexível. A docência é uma

atividade que envolve organização e direcionamento por parte do professor, a quem compete

preparar, dirigir, acompanhar e avaliar a aprendizagem (VEIGA, 1993), sendo este último,

avaliação, processo complexo, que se não for bem trabalhado pode se transformar em uma

atitude injusta, seletiva e excludente (DEMO, 2004).

O sistema de aprendizagem, do paradigma inovador, porém, não existe sem a participação do

aluno. Rompendo com a prática pedagógica repetitiva e privilegiando a prática pedagógica

reflexiva, exige que o discente deva ser capaz de aprender a produzir conhecimento próprio,

utilizando-o em situações propícias na construção e reconstrução do contexto social ao qual

pertence (MONTOYA, PACHECO, 2003).

A construção da aprendizagem, por sua vez, exige do aprendiz o desejo de aprender, que

encontra-se vinculado ao prazer e ao desafio de enfrentar o novo. Incentivar esse desejo

resulta em motivação e interesse pelo assunto ministrado pelo professor, facilitando a

comunicação entre ambos e auxiliando o processo de aprender (MASETTO, 2003).

No próximo referencial teórico será vista a importância da motivação no processo de

aprendizagem.

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2.3 A motivação para a aprendizagem

O processo da aprendizagem, seja ela implícita ou explícita, requer do aprendiz a mobilização

do sistema cognitivo. Para que isso aconteça, é necessário que ele esteja motivado,

suficientemente, para sair da inércia da não aprendizagem para a ação de aprendizagem.

Significando “mover-se para ação”, a palavra motivação deriva-se do latim movere. Essa

definição, porém, é insuficiente, aproximando-se melhor da própria sugestão do nome

“motivo para a ação”, uma vez que o sujeito encontra-se motivado na medida em que está

envolvido no processo, com persistente trabalho mental, expectativas positivas de êxito e

acreditando na importância e valor da tarefa (VILARINHO, 2000; BUZNECK, 2010;

KARLING, 2013).

O processo é interno, de forma que ninguém consegue motivar alguém, podendo, entretanto,

estimular o outro a motivar-se. É um elemento fundamental para o aluno, na medida em que

atinge vários níveis do processo de ensino-aprendizagem, no tempo que ele disponibiliza para

estudar, no esforço que ele despende para realizar suas tarefas e na perseverança em alcançar

suas metas (POZO, 2002).

Seja através da distribuição de prêmios e castigos, ou da influência das necessidades sociais

relacionadas aos valores e desejos, o fato é que, quando a razão para se esforçar está no que se

aprende, existe uma satisfação pessoal, cujos resultados parecem mais sólidos, do que quando

a aprendizagem é movida por estímulos externos (VILARINHO, 2000; OLIVEIRA, 2002;

KARLING, 2010).

A motivação pode acontecer de forma extrínseca e intrínseca. Na motivação extrínseca, o

aluno se interessa pela aprendizagem, porém, interessado em recompensas externas ou

sociais. A satisfação não vem pela realização da tarefa em si, mas para obter algo em troca ou

evitar punições (GUIMARÃES, 2004).

O aluno intrinsecamente motivado envolve-se na aprendizagem pela satisfação de realizar a

aprendizagem, como um fim em si mesma. É a que melhor se configura na aquisição da

aprendizagem, uma vez que estimula a resiliência do individuo, de maneira a engajar-se nas

tarefas com persistência, buscando compreender e dominá-las, encarando-as, não como

problemas, mas sim, como desafios (GUIMARÃES, 2004).

Bastante valorizada em educação, a maioria das pesquisas sobre motivação é internacional.

Inúmeras pesquisas sobre a motivação nas organizações geraram várias teorias sobre o tema,

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como a Teoria da Hierarquia das Necessidades, de Maslow, publicada em 1954, Teoria da

Expectância de Victor Vroom, em 1964; Teoria ERG ou ERC, de Clayton Alderfer, de 1973,

por exemplo.

Uma das mais recentes, a Teoria Continuum de autodeterminação, pesquisada por Gagné e

Deci (2005) e Gagné at al. (2012, 2014), indica seis tipos de motivação, distribuídos em três

grupos, os quais variam qualitativamente, a depender da interiorização dos incentivos

externos para o comportamento do indivíduo.

Na figura 3, vê-se a sua distribuição:

Figura 3 – Teoria Continuum de Autodeterminação, de Gagné

Fonte: Gagné e Deci (2005) e Gagné at al. (2012, 2014)

No esquema acima, a desmotivação é caracterizada pela ausência de motivação, de intenção

para agir. Nela o indivíduo desvaloriza ou não tem interesse pela atividade.

A motivação extrínseca é subdividida em quatro tipos de regulação comportamental:

regulação externa, onde se age para obter recompensas ou evitar punições; regulação

introjetada, onde se age para evitar os sentimentos de culpa e ansiedade; regulação integrada,

onde o foco ainda é a obtenção de benefícios, porém, voltados para os objetivos de realização

pessoal.

Finalmente, a motivação intrínseca. Nesta, a motivação em realizar a tarefa está no prazer e

interesse desta realização em si mesma.

Outra Teoria, a de Metas de Realização, tem trazido contribuições para o entendimento dos

fatores que influenciam a motivação do aluno, no contexto escolar. Procurando entender os

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aspectos qualitativos da motivação do aluno, identifica como e por que os alunos se envolvem

com as tarefas escolares (AMES, 1992; BZUNECK E CARDOSO, 2004).

As metas de realização são um conjunto de crenças, pressupostos e emoções, que explicam as

expectativas dos alunos em realizar tarefas acadêmicas. Quando o aluno acredita e valoriza a

meta e percebe que a ação proporcionará o alcance do objetivo, ele direciona seu

comportamento cognitivo e emotivo à realização da mesma (BZUNECK E CARDOSO, 2004;

ZENORINI, 2010; LEAL, 2013).

No esquema da figura 4, é vista a classificação das metas:

Figura 4 – Teoria Metas de Realização

Fonte: AMES, 1992; BZUNECK e CARDOSO, 2004

Na meta alienação acadêmica ou evitação de trabalho, é encontrada em alunos que valorizam

o sucesso acadêmico, desde que não lhe custe esforço. Nesta categoria foram identificados

alunos com baixa autodeterminação, falta de vontade em procurar ajuda, baixo desempenho e

motivação intrínseca reduzida (ZENORINI, 2010, LEAL, 2013).

Os alunos predispostos à meta performance, preocupam-se em demonstrar sua própria

inteligência. Essa meta se subdivide em duas categorias: a meta ego-aproximação, encontrada

nos alunos que gostam de ser os primeiros da turma, cuja preocupação principal gira em torno

de seu desempenho escolar; na segunda, a meta ego-evitação, encontram-se alunos que

procuram evitar aparecerem como incapazes ou menos inteligentes que os colegas, estando

ambas, relacionadas a motivação extrínseca (BZUNECK E CARDOSO, 2004).

A meta aprender está relacionada à motivação intrínseca, e encontra-se em alunos que

dominam conteúdos, valorizam desafios, e acreditam que o esforço o levará a ter bons

desempenhos, sentindo emoções positivas quando os atinge (BZUNECK E CARDOSO,

2004).

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A teoria também verifica a possibilidade de um mesmo aluno apresentar orientação

simultânea nos grupos das metas aprender e performance, mesmo apresentando características

diferentes. Importante destacar que o objetivo da teoria não é simplesmente identificar

indivíduos motivados e desmotivados, mas mostrar as diferenças individuais no processo de

motivação para a aprendizagem (BZUNECK E CARDOSO, 2004; ZENORINI, 2010).

Existe uma relação, porém, entre a motivação para ensinar e a motivação para aprender,

estando ambas atreladas ao sucesso do ensino-aprendizagem, de maneira que a motivação do

professor não pode ser desconsiderada nessa relação (POZO, 2002; GUIMARÃES, 2004;

MONTICO, 2004).

A motivação nas empresas é um processo de satisfação que ocorre entre empregados que

possuem diferentes necessidades e expectativas. Os administradores devem estar conscientes

disso e analisar as necessidades de seus funcionários individualmente (YURTSEVEN, 2012).

Baixos salários, baixo status profissional e atividades exaustivas estão entre as razões mais

comuns para a desmotivação. Em contrapartida, a autonomia, as relações de proximidade com

o alto escalão, e a competência, são as necessidades psicologicamente intrínsecas que, se

preenchidas no local de trabalho, conduzirão para uma melhor satisfação, performance e bem-

estar geral (YURTSEVEN, 2012).

No âmbito da sala de aula, a motivação acontece a partir do que é feito com e pelos alunos. O

docente tem objetivos e metas, os alunos também; porém, o primeiro tenta construir um

espaço interativo para comunicar conhecimento, enquanto o segundo, procura construir uma

estrutura para recebê-lo (MONTICO, 2004).

O processo é complexo, dada a heterogeneidade dos alunos, mas, aparenta ser possível,

quando existe uma relação entre o desempenho e o resultado, principalmente, quando o

resultado mostra-se positivo, satisfazendo as expectativas do aluno (MONTICO, 2004).

As atitudes do professor, como a valorização das atividades trabalhadas em sala, são

apontadas como poderosas fontes de motivação. Quando o aluno, além de acreditar em seu

próprio potencial, também acredita na utilidade e valor da tarefa, passa a ficar motivado em

executá-la, logo, estrategicamente, o professor poderia deixar claro o porquê de ser de cada

uma delas (BZUNECK, 2010; ZENORINI, 2010).

Os interesses, valores pessoais e a necessidade de inclusão também funcionam como fontes de

incentivo. Em salas heterogêneas com capacitações, inteligências e experiências diversas, o

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professor precisa dar oportunidade para que todos obtenham chances de sucesso (BZUNECK,

2010).

Nesse sentido, a prática pedagógica torna-se ferramenta importante de incentivo à motivação

do aluno. Ter apenas o domínio do conteúdo ministrado, não é suficiente para que os alunos

aprendam, sendo necessário: as tarefas de aprendizagem, avaliações e feedback, o incentivo à

autonomia nas aprendizagens, e a ênfase a uma aprendizagem significativa (POZO, 2002;

MASETTO, 2003; BZUNECK, 2010; KARLING, 2010).

A seguir, será vista a relação da prática pedagógica no processo de ensino-aprendizagem.

2.4 As boas práticas do professor à luz da proposta de Chickering e Gamson

Como foi visto no referencial teórico anterior, para que haja a construção do conhecimento, é

necessário que o indivíduo saia da inércia da não aprendizagem para a ação de aprendizagem.

A motivação é a base para se alcançar esse objetivo, que por sua vez encontra na prática

pedagógica o incentivo, por parte do professor, como auxiliar desse processo.

Para se sentir motivado de forma intrínseca, o indivíduo necessita sentir-se competente e

autodeterminado, sendo necessário satisfazer três necessidades psicológicas inatas:

necessidade de autonomia, de competência e de se estabelecer vínculos (GUIMARÃES,

2004).

Nesse sentido, a interação do indivíduo em sala de aula é importantíssima, enquanto a do

professor passa a ser fundamental, na medida em que é o responsável em estabelecer um

clima favorável para a promoção da interação do grupo, e na aplicação de estratégias para a

obtenção e desenvolvimento de atitudes motivadoras por parte dos alunos.

Para corresponder ao paradigma educacional inovador, o professor precisa exercer várias

tarefas diferentes, de forma que ele seja gradual e equilibradamente: Provedor,

proporcionando aos alunos informações e dados ao mesmo tempo em que administra prêmios

e castigos; Modelo, ilustrando através de seu comportamento atitudes, valores e habilidades;

Treinador, supervisionando o cumprimento das atividades estabelecidas; Orientador,

dividindo parte da responsabilidade com o aluno em determinar suas metas; e Assessor,

variante do personagem anterior, quando apenas supervisiona as metas estabelecidas pelo

próprio aluno (POZO, 2002).

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Como modelo, a motivação que o professor incentiva nos alunos, depende de certa forma, da

motivação que ele tem para ensinar. Um professor, cuja motivação para ensinar é extrínseca,

dificilmente promoverá motivos intrínsecos em seus alunos para a aprendizagem (POZO,

2002; GUIMARÃES, 2004).

O professor que possui um estilo motivacional, o tem como uma característica vinculada à

personalidade, porém vulnerável a fatores externos como a quantidade de alunos na sala,

tempo de experiência, concepções ideológicas, etc. (GUIMARÃES, 2004).

Para auxiliar o docente, direcionando-o para uma prática pedagógica mais efetiva, Chickering

e Gamson (1999), educadores e pesquisadores norte americanos, desenvolveram um

inventário de autoavaliação para professores de ensino superior, denominado “Sete princípios

de boas práticas em educação, na graduação3”.

Desenvolvido a partir das pesquisas resultantes de vários anos de experiência e pesquisas em

docência, os sete princípios, propostos pelos professores norte-americanos Arthur Chickering

e Zelda Gamson (1999), relacionam as atitudes do professor fundamentais para incentivar o

processo de ensino-aprendizagem, em sala de aula.

Juntas, as sete boas práticas empregam seis forças poderosas em educação: atividade,

diversidade, interação, cooperação, expectativas, e responsabilidade. Apoiadas em 50 anos de

pesquisa, através da observação de como os professores ensinam, como os alunos aprendem, e

como alunos interagem com outros alunos e com os professores (CHICKERING E

GAMSON, 1999).

São eles:

1. A boa prática incentiva o contato entre alunos e professores

2. A boa prática incentiva a cooperação entre os alunos

3. A boa prática utiliza atividades diversificadas

4. A boa prática fornece feedback ao aluno

5. A boa prática enfatiza o tempo na tarefa

6. A boa prática comunica as expectativas do professor ao aluno

7. A boa prática respeita diversos talentos e formas de aprender

Tendo em vista a finalidade de direcionar as respostas dos alunos pesquisados para o objetivo

da pesquisa, as sete boas práticas foram condensadas em três dimensões: aprendizagem

3 Tradução nossa.

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ativa, cujas atividades estão relacionadas ao processo de ensino propriamente dito;

expectativa, atividade relacionada ao comportamento do professor perante o aluno; e

interação, ferramenta que auxilia o professor a disseminar sua cultura na sala de aula, como

mostra, a seguir, o quadro 5.

Quadro 5 – Condensação das 7 boas práticas do professor

Aprendizagem ativa

Atividades diversificadas

Enfatizar o tempo na tarefa

Pronto feedback

Respeitar os diversos talentos e formas de aprender

Expectativa Expectativa do professor

Interação Incentivar o contato entre alunos e professores

Incentivar a colaboração entre alunos

Fonte: elaboração própria, baseada na proposta de Chickering e Gamson (1999)

A proposta do inventário não é a de funcionar como um modelo rígido, mas como diretriz

para membros do corpo docente e alunos. Seu sucesso está no compromisso e na ação de

alunos e professores, mesmo porque, quando conteúdo e pedagogia estão presentes, seus

efeitos se multiplicam (CHICKERING E GAMSON, 1999).

A seguir, serão destrinchados os três grupos propostos: a aprendizagem ativa, a expectativa

e a interação entre professor e aluno, na sala de aula, e sua importância no processo de

aprendizagem.

2.4.1 Aprendizagem ativa

O processo de aprendizagem pode acontecer de duas formas: implícita e explícita. Implícita,

quando não se tem o propósito ou a consciência de que estamos aprendendo algo, mas na

realidade estamos, como por exemplo, todo o aprendizado que adquirimos desde o berço,

através das nossas próprias experiências e vivências diárias (POZO, 2002).

A segunda forma é a aprendizagem explícita, que requer mais esforço e dedicação nossa.

Acontece quando é mediada por alguém ou por alguma coisa: um professor ou um manual,

por exemplo, de forma consciente e desejada, espontânea ou induzida.

Embora as novas tecnologias da informação proporcionem muito que aprender de forma

implícita, há cada vez mais o que se aprender de forma explícita, necessitando de alguém para

guiar ou mediar este aprendizado.

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A figura do professor aparece nesse momento como mediador do processo ensino-

aprendizagem, como aquele que planeja, regula e avalia seus resultados, com o objetivo de

auxiliar o aluno a migrar de um estágio inicial “A” para um estágio de conhecimento “B”.

Deve dominar formas alternativas de representação derivadas de suas pesquisas e de suas

atividades práticas. Ter conhecimento curricular, para conseguir relacionar o que está sendo

dado em sua disciplina com o que está sendo discutido simultaneamente em outras salas, ou

seja, a habilidade de promover a interdisciplinaridade (SHULMAN, 1986).

O docente seria aquele que não apenas age, mas também atua. Seria um mestre de

procedimentos, mas também de conteúdos, raciocínios e capacidade para explicar por que

algo é feito, capaz de refletir e entender seu ofício, de comunicar para os outros as razões para

as decisões e ações profissionais (SHULMAN, 1986).

A aprendizagem é decorrente de experiências sensoriais, sendo a percepção, o elemento chave

para a memorização e retenção do que se aprendeu. Nesse sentido, apenas a explanação do

assunto, por parte do professor, seria insuficiente, sendo necessário oferecer ao aluno

experiências sensoriais diversas (DALE, 1946; NORBIS, 1971; CHICKERING E GAMSON,

1999 ).

Conhecido por Cone da Experiência, a proposta dos autores em números percentuais, de como

os alunos aprendem, pode ser relacionada como mostra o quadro 6:

Quadro 6 - Cone da Experiência de Edgar Dale (1946)

Cone da Experiência de Edgar Dale

(1946)

Proposta de Norbis (1971)

(retenção do que se aprende em %)

Ouvindo 10% do que escutam

Lendo 20% do que leem

Vendo imagens 30% do que veem

Assistindo filmes

Olhando uma Exposição 50% do que veem e escutam

Assistindo a uma demonstração

Participando de um workshop 70% quando praticam

Fazendo uma dramatização

Simulando uma experiência Real 90% quando ensinam

Fazendo algo real

Fonte: elaboração própria com base nos estudos de Dale (1946) e Norbis (1971)

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O sistema cognitivo, responsável por fazer com que o cérebro perceba, recorde, pense e

aprenda sobre todas as informações que nos chegam, possui dois sistemas de memória

interconectados: a memória de trabalho (de curto prazo) e a memória permanente (de longo

prazo) (POZO, 2002).

A memória de trabalho é responsável pela realização de várias tarefas, permitindo o

armazenamento temporário de informações. Sua capacidade, porém, é limitada: quando uma

tarefa requer a manipulação de mais informação do que a que ela suporta, a tarefa se torna

lenta e difícil. Por esse motivo, é importante que o professor gradue as informações

ministradas, de forma que não sature os recursos cognitivos do aluno.

Ao contrário da memória de trabalho, a memória permanente é um sistema potente em termos

de capacidade e duração. É onde as informações são armazenadas, e é também o local onde as

buscamos para realizar nossas tarefas.

Ter acesso às informações armazenadas é que é a chave para o problema. Tudo o que é

aprendido passa pela memória de trabalho, mas nem tudo que passa por ela é apreendido. Para

que haja aprendizagem de forma efetiva, as tarefas realizadas nesta memória devem ser

manipuladas ativamente. A qualidade e quantidade da aprendizagem dependerão do

envolvimento e interesse do aluno em incorporar a informação recebida.

Ainda analisando o sistema de aprendizagem, dois processos complementares se fazem

necessários: o sistema de aprendizagem associativo e o sistema de aprendizagem construtivo.

Ambos devem ser entendidos não só como complementares, mas também, como uma

continuação um do outro (POZO, 2002).

A vantagem do ser humano em não ser um autômato, é a sua capacidade de compreensão.

Porém, para que o aluno compreenda determinado assunto, é necessário que ele tenha uma

disposição favorável à aprendizagem construtiva, relacionando a aprendizagem deste assunto

aos conhecimentos que já dispõe (POZO, 2002).

Esta, não acontece quando o aluno permanece sentado, apenas ouvindo e memorizando os

assuntos ministrados pelo professor. Alguns procedimentos tornariam a aula dinâmica,

propiciando a aprendizagem construtiva, aos quais denominamos de aprendizagem ativa, e

que engloba quatro dos sete procedimentos propostos por Chickering e Gamson (1999):

atividades diversificadas; enfatizar o tempo na tarefa; pronto feedback; e respeitar os diversos

talentos e formas de aprender.

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Adotar atividades diversificadas significa evitar a monotonia de apenas utilizar aulas

expositivas. Trabalhos práticos, em grupo ou de forma individual, seminários, visitas técnicas,

etc., tendem a despertar o interesse do aluno, proporcionando-lhes experiências sensoriais

diversas (DALE, 1946; NORBIS, 1971; CHICKERING E GAMSON, 1999).

Aprender a usar bem o tempo é um passo para a garantia da aprendizagem. Ambos, alunos e

professores, precisam aprender a administrar o tempo de forma eficaz, de maneira que

consigam gerenciar todas as atividades desenvolvidas na sala de aula: fornecimento de

informações, tarefas e feedback.

Para ter consciência do que aprendeu, o estudante precisa de retorno imediato sobre seu

desempenho, além de receber sugestões de melhoria. Em vários momentos da graduação, os

alunos precisam de oportunidades para refletir sobre o que aprenderam, e sobre o que ainda

precisam aprender.

Nenhum feedback, porém, acontece sem avaliação. Esta, por sua vez, se for reprodutiva de

conteúdos não motiva a aprendizagem crítica, desestimulando a pesquisa e aprendizagem

mais profunda; também não pode deixar de existir, pois se corre o risco da perda de controle e

monitoração da aprendizagem (CHICKERING E GAMSON, 1999; DEMO, 2004).

Nesse sentido, a forma de avaliar o aluno é tão importante quanto a avaliação em si.

Diagnosticar em um primeiro momento, para saber qual a bagagem que o aluno traz, já que

não é uma “tábula rasa”; fazer um prognóstico para desenvolver suas habilidades, a partir do

que foi verificado na primeira avaliação; repetir o processo, de forma a se constatar o que se

aprendeu de verdade (DEMO, 2004).

Duas ferramentas na avaliação dos alunos, a crítica e o elogio, são procedimentos eficazes,

mas que precisam ser usados com cautela. O elogio, sempre bem vindo, não substitui o

processo de desconstrução proveniente da crítica, que faz pensar e rever conceitos, mas que

precisa ser usada de forma pedagógica, de maneira a ser construtiva e não destrutiva (DEMO,

2004).

A boa prática deve respeitar os diversos talentos e formas de aprender. Os alunos trazem

diferentes talentos e estilos de aprendizagem para a faculdade. É importante que o professor

saiba perceber as diferenças existentes entre os alunos, inclusive nas suas formas particulares

de aprendizagem. Por esse motivo, a forma como o professor percebe o aluno, sua expectativa

com relação à capacidade deste para a aprendizagem pode agir como ferramenta eficaz

(CHICKERING E GAMSON, 1999).

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Todas essas reflexões levam à primeira questão norteadora:

QN1: Qual a importância da aprendizagem ativa para a motivação do aluno, em sala de

aula, na visão destes?

A seguir, veremos a prática pedagógica relacionada ao comportamento do professor perante o

aluno, expectativa, que proporcionará a segunda questão norteadora.

2.4.2 A expectativa em sala de aula

A postura do professor, seus valores e seu modo de ensinar subentendem mensagens

implícitas, cujos efeitos podem ser positivos ou negativos, reforçando o interesse ou

desinteresse do aluno por aquilo que está aprendendo (MORALES, 2009).

Segundo a Teoria da Expectativa, pode-se obter do outro aquilo que se espera dele.

Em sala de aula, a interação entre professor e aluno, acontece de forma recíproca: a conduta

do professor reflete sobre a motivação do aluno para o aprendizado e, em contrapartida, a

dedicação do aluno estimula a conduta do professor.

A tendência em separar os alunos “interessados” dos “não interessados”, é motivo para vários

estudos, como os de Rosenthal (1968), Good (1981), Rasche (1986), Reynolds (2007) e

Morales (2009), que indicam que professores tendem a ter expectativas diferentes para

diferentes alunos.

Os professores tendem a demonstrar mais interesse pelos alunos mais ativos, que se mostram

mais interessados e perguntam mais. Geralmente, esses são mais bem recepcionados, recebem

mais atenção e sorrisos. Ao contrário, os alunos mais passivos, que participam menos das

aulas e/ou costumam chegar atrasados, tendem a receber mais pressão, mais críticas, menos

sorrisos e contatos visuais do professor, gerando um ciclo vicioso, em que são acentuadas as

qualidades de uns, e excluída a possibilidade de crescimento de outros.

As pesquisas desenvolvidas por Morales (2009) apontam quatro manifestações do tratamento

diferenciado do professor para com os alunos “interessados”:

─ Elogia-os mais, critica-os menos e aceita melhor suas ideias;

─ Dá mais oportunidades para a resposta às perguntas feitas em sala;

─ A partir da comunicação não verbal, estabelece um clima socioemocional mais

agradável, sendo mais condescendente e amável com esses;

─ Dá mais informações e contribui mais para o êxito acadêmico desses.

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Essa tendência é compreensível, uma vez em que é frustrante para qualquer profissional

responsável, não ter um bom retorno de seu esforço e dedicação. É importante se ter

consciência, porém, que o professor é um agente transformador, cujo papel de formar

indivíduos é conquistado, na medida em que consegue transmitir seus próprios padrões de

cultura (MORALES, 2009).

Sua expectativa não causa o êxito ou o fracasso da aprendizagem, mas pode contribuir para

que ambos aconteçam, gerando consequências importantes para o trabalho educativo, por

isso, pode ser utilizada como ferramenta pedagógica para auxiliá-lo na obtenção de bons

resultados do processo de ensino-aprendizagem (MORALES, 2009).

A Teoria da Expectativa é também conhecida sob o nome de Pigmaleão. História da mitologia

grega, conta a história de um escultor que, ao se apaixonar por uma escultura de mulher,

esculpida por ele mesmo, deseja tanto vê-la transformada em ser humano, que recebe da

deusa Afrodite essa bênção, recebendo o nome de Galateia (KURY, 2008; FORTES, 2011).

Em My fair lady, filme do diretor George Cukor inspirado na peça de Bernard Shaw,

Pygmalion, encontramos uma versão moderna para o clássico, onde vê-se uma mulher do

povo ser transformada em uma mulher da alta sociedade, na medida em que se envolve e

passa a acreditar na expectativa do professor, que se empenha em realizar essa façanha

(FORTES, 2011).

Filme, peça e mitologia, propõem que as pessoas podem influenciar a transformação de

outras, a partir da expectativa que têm sobre elas.

Como pesquisa científica, Merton (1948), foi um dos primeiros a falar sobre a Teoria da

Expectativa. Sob o título de self-fulfilling prophecy, a perspectiva de que um provável

acontecimento pode se tornar realidade quando se espera ou se acredita que ele aconteça, e

Clark em 1965, em suas pesquisas com estudantes em escolas de ghetto, quando verificou a

relação entre o fracasso da aprendizagem e as baixas expectativas do professor (OLIVEIRA,

1988).

Foi com Robert Rosenthal e Lenore Jacobson, em 1968, porém, sob o título “Pigmalião na

sala de aula: a expectativa do professor e o desenvolvimento intelectual do aluno”, que a

teoria tornou-se mais conhecida.

Apesar das inúmeras críticas recebidas na época em que foi lançada, sendo atacada em sua

metodologia e avaliação das variáveis envolvidas (RASCHE, 1986), inspirou mais de 345

outros estudos, dez anos após sua publicação (OLIVEIRA, 1988).

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Atualmente, várias outras pesquisas nacionais e internacionais4 relacionadas a profecia

autorrealizável e Expectativa do professor, concluem que o efeito da expectativa do professor

existe e é fundamental para a prática pedagógica, como os trabalhos de Good (1981), Rasche

(1986), Pozo (2002), Reynolds (2007), Morales (2009) e Soares (2010).

Porém, para utilizá-la como recurso pedagógico, é necessário que haja algumas variáveis

intermediárias. Analisar se a expectativa do professor influencia a motivação do aluno, é

verificar se o comportamento e as atitudes do docente são propícios a sua obtenção, como

sugerem os trabalhos de Brophy e Good (1970, 1997), quando dizem que a expectativa do

professor pode influenciar o processo de ensino-aprendizagem do aluno, sim, porém, não por

si só, mas se estiver associada a variáveis intermediárias, como:

─ a cultura da sala de aula, presente nos valores e crenças do professor;

─ a qualidade da interação professor-aluno;

─ a expectativa dos alunos com relação ao professor; e

─ o afeto dos alunos às atividades escolares.

A expectativa do professor é importante para todos: tanto para os alunos “interessados”,

quanto para os “menos interessados”. Esperar dos alunos resultados acadêmicos bons faz com

que eles tenham altas expectativas sobre si mesmos, incentivando-os a fazerem esforços

extras (CHICKERING E GAMSON, 1999).

Diante do exposto, segue a segunda questão norteadora.

QN2: Qual a importância da Expectativa do professor para a motivação do aluno, em sala

de aula, na visão destes?

A seguir, veremos a prática pedagógica relacionada à interação, que proporcionará a terceira

questão norteadora.

2.4.3 A interação em sala de aula

Os indivíduos constroem seu mundo e seu universo social influenciando-se reciprocamente. O

homem transforma-se de ser biológico em ser sócio-histórico, em um plano de função

superior e simbólico, de significações e sentidos, criando e sendo influenciado pela cultura no

qual está inserido (VYGOTSKY, 1991, 2014).

4 Segundo o portal da CAPES, foram encontradas 7.788 pesquisas referentes à profecia autorrealizável. Pesquisa

disponível, em: <http://www.periodicos.capes.gov.br/>. Acesso em: 3 jul. 2014.

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Saber identificar a cultura de um grupo pode ser uma ferramenta importante para seu líder, na

medida em que pode auxiliá-lo na condução de problemas de relacionamentos hierárquicos e

relacionais, comuns da natureza humana, geradores de conflitos e atritos, que se não forem

trabalhados e bem conduzidos, podem fazer ruir o processo evolutivo do mesmo (SCHEIN,

2009).

Analisando a prática pedagógica, verifica-se como professores de um mesmo curso, em uma

mesma instituição de ensino, utilizando os mesmos recursos tecnológicos, possuem modos

diferentes de ensino.

O desafio do professor está na capacidade de perceber as limitações e as percepções de mundo

de cada aluno, desenvolvendo a cultura da sala de aula, que é criada a partir de experiências

compartilhadas, cabendo ao professor, iniciar o processo ao disseminar suas crenças, valores e

suposições (SCHEIN, 2009).

Essa firmação, porém, não produz cultura. Apenas quando o comportamento resultante dessas

ações leva o grupo ao sucesso, o líder passa a ser reconhecido e valorizado como tal. O grupo

passará a realizar suas tarefas, de forma que suas crenças e valores serão confirmados,

reforçados e compartilhados, como sendo a forma correta de sentir, pensar e agir (SCHEIN,

2009).

A força desta cultura depende do tempo de sua existência e da intensidade emocional com que

as histórias são vivenciadas pelos seus membros, sendo o carisma seu principal mecanismo de

fixação (SCHEIN, 2009).

É importante entender, porém, que a cultura de um grupo é criada a partir da interação entre

seres humanos, cuja natureza complexa, deve ser percebida em várias dimensões, como a

biológica, a psicológica e a sócio-histórica, contribuindo juntas à construção da ordem

individual e a fixar seus limites (CHANLAT, 1996).

Ao professor, além do domínio do assunto, é solicitado introduzir em suas atividades

acadêmicas competências que contribuam para delinear sua atividade docente

(PERRENOUD, 2000).

Na visão dos alunos, ao bom professor, são dadas ênfases diferentes, dependendo da faixa

etária destes. Segundo Kutnick e Jules (1993), em uma pesquisa realizada nas ilhas de

Trinidad e Tobago com 1633 indivíduos, entre sete e dezessete anos, a partir de uma redação,

cujo tema era “o que seria um bom professor”, verificou-se que:

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- para os alunos de menos idade, o aspecto físico do professor é muito importante;

- para os intermediários, seria um bom professor, aquele que mantêm a ordem na sala, que os

trata de forma igual e se preocupa com suas necessidades individuais;

- os mais velhos, conseguindo se expressar com mais clareza, compreendem que o bom

professor deve ser bem treinado e altamente motivado, deve ser sensível e responder às

necessidades dos alunos, incentivá-los para o processo de aprendizagem e ter

responsabilidade em prepará-los para o mundo.

A valorização do aluno como agente social, o saber conviver entre culturas diferentes, na sala

de aula (VIDAL, 2009), fazem da prática pedagógica uma importante ferramenta na condução

da cultura de aprendizagem contemporânea.

A cultura de um grupo é criada a partir da interação entre iguais. É na interação com o outro

que ele desenvolve sua identidade e seu sistema de aprendizagem, que pressupõe uma

natureza social específica e um processo através do qual o indivíduo penetra na vida

intelectual daquele que o ensina (VYGOTSKY, 1991).

Para que o processo de comunicação seja eficiente, a linguagem verbal e não verbal devem

estar associadas de forma complementar, particular e simultânea (LEITE, 2012).

Entre os tipos de comunicação, a não verbal ou linguagem corporal, é a comunicação que

apresenta uma quantidade maior de sinais sociais, comunicando ao outro nossos estados

interiores. É a linguagem que reforça o que é dito com palavras, e em outros casos, entra em

contradição com o que é dito verbalmente. (BZUNECK, 2010; LEITE, 2012)

Envolve ao mesmo tempo: elementos gestuais, presentes nos movimentos com as mãos,

cabeça, olhos; elementos vocais, presente no timbre de voz e na sua entonação; e, aparência,

presente no vestuário, uniforme, adereços, etc.

Muitas vezes, as palavras, os discursos e as ações geram conflitos e mal-entendidos. Isso

explica o porquê de toda comunicação precisar ser parcial, uma vez que os mecanismos de

repressão, confronto de ideias e ideais, podem entrar em choque com as necessidades de

segurança e identidade dos indivíduos (CHANLAT, 1996).

A interação entre professor e aluno em sala de aula, acontece de forma recíproca: a conduta

do professor reflete sobre a motivação do aluno para o aprendizado e, em contrapartida, a

dedicação do aluno estimula a conduta do professor (KARLING, 2010).

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A consciência desse processo, que se dá em sua dimensão psíquica, faz com que possamos

entender a mecânica da interação entre ambos. Nesse sentido, pode-se encontrar no afeto,

implicações diretas para o êxito da comunicação verbal e não verbal, entendendo como as

relações vinculadas entre indivíduos, que compartilham a construção recíproca do processo,

podem trazer consequências negativas para o êxito da aprendizagem (CHANLAT, 1996;

FREIRE, 1997; LEITE, 2012).

As relações que se estabelecem entre o aluno e o conhecimento, tendo como mediador o

professor, são marcadas pela dimensão afetiva. A dimensão em que o afeto e o intelecto se

unem, mostra que o pensamento contém uma atitude afetiva com relação à porção da

realidade, permitindo investigar as necessidades e os impulsos do indivíduo e a direção

tomada pelos seus pensamentos, da mesma forma que o inverso, dos seus pensamentos ao seu

comportamento e impulsos (VYGOTSKY, 1991, 2014).

A afetividade envolve as emoções e os sentimentos, estando o primeiro, vinculado à parte

biológica relacionada aos componentes orgânicos, como corporais, motores e plásticos; e o

segundo, relacionado à psicologia, envolvendo os componentes cognitivos e representacionais

(KARLING, 2010; LEITE, 2012).

Dependendo de como a mediação pedagógica é desenvolvida, pode produzir impactos

afetivos positivos ou negativos, caracterizados por movimentos de aproximação ou de

afastamento entre o professor e o aluno e/ou entre o aluno e a aprendizagem.

Outros predicados importantes na prática pedagógica, porém relacionadas à sua dimensão

psicológica, seriam: a humildade, a amorosidade, a tolerância, a decisão, a segurança, a

paciência e a alegria de viver. Predicados estes, que não seriam inatos ou impostos por lei,

mas uma necessidade que deveria ser incorporada à prática pedagógica, que tem no amor à

profissão, seu aspecto mais sublime (FREIRE, 1997).

A prática pedagógica que se inicia no planejamento do curso e se materializa no seu

desenvolvimento, traz consequências afetivas na relação, que se estabelecerá entre o aluno e

os conteúdos ministrados. (LEITE, 2012).

A atividade docente deve assumir diferentes funções, procurando romper com a monotonia

didática. Seja quando o professor escolhe os objetivos de ensino, quando organiza os

conteúdos que serão ministrados, quando escolhe os procedimentos e atividades, sua forma de

avaliar o aluno, juntamente com o domínio do conteúdo. (POZO, 2002; LEITE, 2012).

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Para que haja um ambiente escolar dinâmico, a afetividade faz a diferença nas relações

interpessoais professo-aluno e aluno-conteúdo, devendo estar presente no planejamento, no

comportamento e nas decisões assumidas pelo professor (CHICKERING E GAMSON, 1999).

O incentivo à interação entre alunos também é importante. A aprendizagem é maior quando

há esforço de equipe, mais do que de forma competitiva e isolada. Compartilhar as próprias

ideias melhora o pensamento, a produtividade, além de proporcionar um relacionamento

positivo entre os componentes do grupo (CHICKERING E GAMSON, 1999).

As proposições acima citadas levam à terceira questão norteadora:

QN3: Qual a importância da interação para a motivação do aluno, em sala de aula, na

visão destes?

A seguir, será apresentada a metodologia desta pesquisa.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a

investigação do objetivo proposto nesta pesquisa, o qual visa investigar a importância da

prática pedagógica adotada pelo professor como incentivo à motivação para o ensino-

aprendizagem, em uma Instituição de Ensino Superior, na visão dos alunos.

3.1 Caracterização da Pesquisa

O campo de pesquisa educacional escolhido foi o da didática. Dos vários campos existentes,

como: filosofia em educação, sociologia em educação, psicologia em educação, história da

educação, escolheu-se a didática, que é o campo de estudo que procura compreender o ensino

e suas relações (MALHEIROS, 2011).

Assim como as diversas áreas de ciências humanas e sociais, o objetivo do estudo em

educação está nas relações entre os sujeitos, procurando compreender como estes se

relacionam dentro de um contexto socioeconômico, político e cultural (ESTEBAN, 2010;

MALHEIROS, 2011).

A presente pesquisa possui caráter empírico, uma vez que se apoiará nas experiências dos

entrevistados e na observação dos fatos, porém, foi feita uma revisão na literatura, a fim de

encontrar respaldo teórico para os constructos ensino-aprendizagem, prática pedagógica e

motivação.

Quanto aos objetivos, enquadra-se em uma pesquisa exploratória. Esta deve procurar

desenvolver, esclarecer e/ou modificar conceitos e ideias, apresentando maior rigidez em seu

planejamento, que envolve: embasamento teórico, entrevistas com os indivíduos que

vivenciam o problema pesquisado, e análise de exemplos que estimulem a compreensão do

fenômeno (GIL, 2008; GERHARDT, 2009).

Com relação aos meios de investigação, enquadra-se em estudo de caso único. Essa escolha

deve-se ao fato de um estudo de caso ser o meio mais adequado quando se trata de um

fenômeno contemporâneo relacionado a uma situação cotidiana. Apesar de um caso não poder

ser generalizado, a frequência de respostas similares podem levar o pesquisador à indução dos

resultados (YIN, 2007, GIL, 2010; BARDIN, 2011; MALHEIROS, 2011).

Para que haja confiabilidade, a pesquisa deve basear-se em mais de uma fonte de evidência.

Nesta, foram utilizadas duas fontes: questionário auto administrado Surveymonkey com

questões abertas e questões fechadas, e entrevista estruturada, o que caracterizou uma

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abordagem do tipo multimétodos, ou seja, utilizou várias formas de coletar e analisar os

dados, de forma que cada etapa se beneficiou da etapa anterior (JACOMETTI E ANDRADE,

2011; PINHEIROS, FARIAS E LIMA, 2013).

A abordagem qualitativa fundamentou-se nos dados coletados junto aos alunos, através das

questões abertas do questionário e das entrevistas. Procurou compreender as crenças, os

valores e as motivações dos indivíduos inseridos em contextos sociais, tentando explicar o

porquê dos fenômenos, e exprimindo o que convém ser feito (GERHARDT, 2009;

ESTEBAN, 2010; MALHEIROS, 2011).

O desenvolvimento de uma abordagem qualitativa é imprevisível, quer seja sua amostra

pequena ou grande. Sendo seu objetivo produzir novas informações através da hierarquização

das ações de investigar, compreender e explicar, exigiu rigor do pesquisador, que precisou

evitar suas ideias preconcebidas sobre o fenômeno, para não enviesar os resultados colhidos

através da visão dos sujeitos (GERHARDT, 2009).

Quanto à abordagem quantitativa, esta se deve à utilização da coleta de dados das questões

fechadas. Foi utilizada a escala Likert de cinco pontos, sendo 1 para nada importante e 5 para

importantíssimo, gerando informações que auxiliaram a compreensão de vários quesitos

achados na abordagem qualitativa, convergindo em uma triangulação para o mesmo conjunto

de fatos e descobertas (YIN, 2007; GIL, 2010).

As fontes de evidencia geraram a seguinte triangulação:

Figura 5 – Triangulação

Fonte: Elaboração própria

A triangulação é uma alternativa para validação da pesquisa. Com ela, teve-se a intensão de

olhar para o problema pesquisado, a partir de mais de uma fonte de dados, devendo ser vista

Resultado das QUESTÕES ABERTAS

(questionário)

Resultado das QUESTÕES FECHADAS

(questionário)

Resultado das ENTREVISTAS

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como uma estratégia para acrescentar rigor, riqueza, e profundidade à investigação

(AZEVEDO, 2013).

3.2 Etapas da pesquisa (fluxograma)

As etapas da pesquisa seguem a proposta de Gil (2010), abaixo esquematizadas:

Figura 6 – Etapas da pesquisa

Fonte: Gil (2010)

3.3 Locus da pesquisa5

A presente pesquisa foi realizada em uma Instituição de Ensino Superior particular, situada na

Região Metropolitana de Recife – PE.

A Faculdade foi criada a partir de um Colégio tradicional no estado de Pernambuco, em 1998.

Destacou-se no cenário nacional através de atividades acadêmicas, investindo em

infraestrutura, capacitação do corpo docente, realizando ações de responsabilidade social, e

conquistando vários prêmios nas áreas de atuação de seus cursos.

5 As informações contidas nesse item foram tiradas do site da Instituição. Acesso em jan. 2015.

Formulação do Problema Até que ponto, na visão dos alunos, a prática

pedagógica adotada pelo professor incentiva a motivação para o ensino-aprendizagem, em uma

Instituição de Ensino Superior particular?

Determinação dos Objetivos

Geral e Específicos

Elaboração dos Instrumentos para coleta

de Dados Questionário e

Entrevista estruturada.

Caracterização da Pesquisa

Multimétodos Estudo de Caso

Análise de conteúdo Conclusão Análise e Discussão

dos Resultados

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Em fevereiro de 2012, a Instituição passou a fazer parte de um grupo norte-americano de

universidades, com mais de 80 anos de tradição em educação, sendo considerada uma das

maiores redes educacionais do mundo, presente em mais de 40 países e contando 110 mil

alunos.

O novo grupo traz como missão, preparar seus alunos para que possam atingir seus objetivos

educacionais e de carreira, e por objetivos e metas, tornar-se, em todo o Brasil, um dos

principais provedores de Educação Superior de alta qualidade.

Seus valores estão direcionados a uma integração educacional, promovendo uma articulação

pedagógica, entre docentes, técnico-administrativos e direção, que têm a possibilidade de

compreender a real função de ensinar, resumidas da seguinte forma: trabalho em equipe e

comunicação; empenho e foco nos colaboradores; ajuda aos alunos em suas metas; busca da

contínua melhoria; e honestidade aliada à responsabilidade e integridade.

No Brasil, está presente nos estados de Pernambuco, Fortaleza, Bahia, Paraíba, Maranhão,

Amazonas, Piauí e São Paulo.

A unidade pesquisada está localizada em Recife, em um campus com cerca de 16.000 m²,

dotado de infraestrutura, como: salas de aula climatizadas e equipadas com aparelhos

multimídia, biblioteca, laboratórios, auditório com capacidade para 170 pessoas, internet wi-fi

disponível em todo o campus, cyber espaço e centro tecnológico.

Oferece padrão acadêmico internacional através de cursos de classe mundial, focados na

carreira e no sucesso profissional de seus professores e alunos, num total de 20 cursos de

graduação bacharelado, 13 cursos de graduação tecnológica, 11 cursos de pós-graduação lato

sensu, incluindo MBAs, além de um curso de pós-graduação stricto sensu, o Mestrado

Profissional em Administração.

Promove projetos sociais desenvolvidos por alunos e professores nas comunidades em que as

Faculdades do grupo estão inseridas. Além de oferecer bolsas de estudo especiais aos

colaboradores, oferece aos alunos crédito estudantil como FIES, PROUNI e o crédito privado

PRAVALER.

3.4 Universo e amostra da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa são os alunos dos diversos cursos de graduação, tanto bacharelado

quanto tecnológico, da Instituição de Ensino Superior particular, situada na Região

Metropolitana de Recife – PE, dos turnos da manhã e da noite.

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Após a devida autorização da Instituição para a realização da pesquisa, foram coletados os

dados de 712 alunos (654 respondentes do questionário e 58 entrevistados), cujas

características são apresentadas no quadro 7:

Quadro 7 - Caracterização dos alunos respondentes

CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES Frequência (f) fR (%)

Gênero Masculino 323 45,41

Feminino 389 54,59

Faixa etária

Entre 15 e 20 anos 176 24,66

Entre 21 e 30 anos 380 53,40

Entre 31 e 40 anos 101 14,22

Entre 41 e 50 anos 38 5,30

Mais de 51 anos 17 2,40

Área

Ciências exatas e da terra 301 42,31

Comunicação e artes 144 20,31

Humanidades 267 39,38

Situação de trabalho Só estuda 219 30,83

Estuda e trabalha/estagia 493 69,17

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Os dados6 mostram que, com relação ao gênero, a maioria é do sexo feminino, sendo 54,59 %

do total.

Quanto à faixa etária, a maioria é representada por alunos entre 21 e 30 anos (53,40%) e

pertencente aos cursos de Ciências Exatas e da Terra (42,31%) e Humanidades (39,38%).

E com relação à situação de trabalho, possivelmente, devido a Instituição ser particular, a

grande maioria estuda e trabalha, sendo representada por 69,17 % do total de participantes.

Com relação à motivação para estudar, verifica-se que a maioria dos entrevistados (70%),

possui motivação extrínseca. Como diz Guimarães (2004), é quando o aluno se interessa pela

aprendizagem, não pela realização da tarefa em si, mas, interessado em obter algo em troca ou

evitar punições.

6 Importados do Surveymonkey, em anexo no Apêndice C

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A maioria, como mostra o quadro a seguir, se preocupa com o mercado de trabalho, daí

deduzir-se o porquê de acharem importante o professor unir teoria e prática, enfatizando a

utilidade e valor do que é dado em sala de aula, com o que verão na vida profissional.

Quadro 8 – Resultado da entrevista: motivação extrínseca e intrínseca

MOTIVAÇÃO O que incentiva f fR TOTAL

Extrínseca

Ser um bom profissional 15 10,6

99

Ter uma profissão 15 10,6

Ser alguém na vida 13 9,2

O mercado de trabalho exige 12 8,5

Estabilidade financeira 11 7,8

Obrigação familiar 9 6,4

Ter uma vida melhor 8 5,7

Querer ser bem sucedida(o) 6 4,3

Dar exemplo aos meus filhos 5 3,5

Realizar meus sonhos 5 3,5

Intrínseca Gostar do assunto 26 18,5 42

Gostar de estudar 16 11,4

TOTAL de motivos explicitados, e não, de alunos 141 100% 141

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Foi percebida uma confusão, por parte dos alunos, com relação ao que significa meta e

motivação. A maioria não soube distinguir os dois conceitos. Quando perguntado “porque

você estuda?” a resposta, na maioria das vezes, era a mesma para a pergunta “o que motiva

você estudar?”.

Dessa forma, só foi possível estabelecer relação com a motivação do aluno, não sendo

possível fazer uma analise com a Teoria Continuum de Autodeterminação, de Gagné e Deci

(2005) e Gagné at al. (2012, 2014), ou a Teoria de Metas de Realização, estudadas por Ames

(1992) e Bzuneck e Cardoso (2004).

Apesar de a figura do professor não ter sido apontado, espontaneamente, como incentivador

da motivação para a aprendizagem, quando perguntados, a maioria dos alunos respondeu que

acredita que o professor consegue incentivar a motivação do aluno:

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O professor consegue incentivar a motivação do aluno f fR

Sim 56 96,5

Não 2 3,5

TOTAL de entrevistados 58 100%

Quando perguntados sobre quais atitudes do professor incentivam sua motivação, os alunos

indicaram as opções que lhes foram apresentadas, na seguinte ordem de importância:

Quadro 9 – Relação das perguntas das entrevistas com as questões norteadoras

Questão

Norteadora

Atitudes do professor que incentivam

a motivação do aluno f fR

QN2 Quando ele acredita no meu potencial 50 86,2%

QN1 Quando o professor sabe passar o assunto 49 84,4%

QN1 Quando o professor faz atividades práticas relacionadas à

minha futura profissão 47 81,0%

QN1 Quando as aulas são dinâmicas (expositivas + trabalho em

grupo + visita técnica + seminário) 46 79,3%

QN3 Quando ele exige atenção, respeito e disciplina dos alunos 43 74,1%

QN3 Quando o professor me dá conselhos sobre minha futura

vida profissional 42 72,4%

QN3 Quando eu percebo que o professor ama o que faz 41 70,7%

QN1 Quando o professor corrige os trabalhos e as provas e nos dá

o retorno imediato 33 56,9%

QN3

Quando o professor incentiva a mim e a meus colegas a

compartilharmos informações, experiências, fazermos

trabalhos em grupo, etc.

33 56,9%

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

A seguir, serão destrinchadas as técnicas de coleta de dados que foram utilizadas na pesquisa.

3.5 Técnicas de coleta dos dados

Como foi explicitado, no início deste capítulo, a presente pesquisa utilizou duas fontes de

coleta de dados: questionário, com questões abertas e fechadas, e entrevista estruturada, que

serão descritas a seguir.

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3.5.1 Questionário

O principal objetivo do questionário é traduzir os objetivos da pesquisa em questões

específicas, a fim de esclarecer o objetivo geral. Deve ser elaborado com uma quantidade

suficiente de questões que permitam o conhecimento da opinião, crença, valores, sentimentos

e expectativas do público alvo, que irá respondê-lo sem a presença física do pesquisador

(GIL, 2008).

Nesta pesquisa foi utilizado o questionário auto administrado Surveymonkey, que elabora

pesquisas científicas via internet. Após digitar, formatar e armazenar as perguntas no site, o

programa forneceu o endereço eletrônico7 correspondente.

As principais vantagens do questionário via internet, além dos baixos custos e garantia de

anonimato, é a possibilidade de atingir um número substancial de pessoas e, sendo via e-mail,

torna a possibilidade de retorno maior, uma vez que o pesquisado pode respondê-lo no horário

de sua conveniência.

Antes do envio do questionário Surveymonkey para os alunos, dois pré-testes foram feitos. O

primeiro, com questionário impresso, foi realizado por 08 alunos que contribuíram com

sugestões relacionadas à quantidade de perguntas.

Após as modificações, foi confeccionado o questionário auto administrado, que passou pelo

segundo pré-teste respondido por três profissionais de educação, com o objetivo de ser

verificada alguma dificuldade quando da digitação das respostas, falhas ortográficas, clareza

de ideias, etc. Após o pré-teste, nenhuma alteração foi efetuada.

O link do Surveymonkey foi enviado para o e-mail dos alunos no dia 15 de setembro de 2014,

com auxílio da equipe de marketing da Instituição pesquisada, sendo encaminhado com um

convite para que os mesmos participassem da pesquisa “dando uma força à pesquisadora”, e

tranquilizando-os quanto à preservação de suas identidades.

O questionário, que se encontra no apêndice A, foi composto da seguinte forma:

- 05 questões fechadas, relativas às características inerentes aos locutores: gênero, faixa etária,

área, período e situação de trabalho;

- 36 questões fechadas, baseadas na pesquisa de Chickering e Gamson (1999), que indicam as

boas práticas do professor em sala de aula, sendo:

7 https://pt.surveymonkey.com/s/Motivacao_saladeaula - também em anexo no Apêndice A.

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Quadro 10 – Relação das perguntas fechadas do questionário com as questões norteadoras

PERGUNTAS Questão

Norteadora

06 perguntas relativas à utilização de atividades diversificadas; QN1

04 perguntas relativas ao fornecimento de feedback ao aluno; QN1

05 perguntas relativas à ênfase do tempo de tarefa; QN1

06 perguntas relativas a valorização dos diversos talentos e formas de

aprender. QN1

05 perguntas relativas à expectativas do professor com relação ao aluno; QN2

05 perguntas relativas ao incentivo do contato entre professor e alunos; QN3

05 perguntas relativas ao incentivo da cooperação entre os alunos; QN3

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

- 03 questões abertas, condensando as sete boas práticas em três dimensões, com a finalidade

de direcionar as respostas para o objetivo da pesquisa, da seguinte forma:

01 pergunta relativa à aprendizagem ativa (atividades diversificadas, enfatizar o tempo

na tarefa, pronto feedback, respeito aos diversos talentos e formas de aprender - que

são atividades relacionadas à parte prática das atividades do professor em sala de

aula);

01 pergunta relativa à expectativa do professor com relação aos alunos;

01 pergunta relativa à interação na sala de aula (incentivo ao contato entre alunos e

professores, e incentivo à colaboração entre alunos - que são as atividades

relacionadas à interação).

- 03 questões abertas, com o objetivo de auxiliar a compreensão do problema de pesquisa e de

verificar a possibilidade de surgirem novos caminhos para a investigação do processo de

ensino-aprendizagem.

Do questionário, foram obtidas 654 respostas às questões fechadas e 352 às questões abertas.

As questões fechadas foram formatadas pelo próprio questionário auto administrado

Surveymonkey, mas analisadas pela pesquisadora. O resultado destas, convergiram em uma

triangulação, confirmando vários dados encontrados nas questões abertas.

Na abordagem qualitativa, as respostas ao questionário e às entrevistas foram contabilizadas

por frequência. O índice de surgimento das palavras, sua ordenação e o vocabulário dos

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respondentes são indicadores da probabilidade de influência sobre determinado assunto,

podendo indicar um tipo provável de público (BAUER E GASKELL, 2002; BARDIN, 2011).

Os depoimentos dos alunos foram tratados através da análise de conteúdo. De forma

semântica, puseram em evidência as avaliações e as associações das mensagens dos

indivíduos, a partir de suas falas, visando investigar o conteúdo dos dados coletados e

permitindo a inferência de conhecimentos relativos às mensagens (BARDIN, 2011;

FRANCO, 2012).

Após exaustiva leitura das respostas, foram identificadas as unidades de significação

correspondentes ao conteúdo analisado. Foi utilizado o tema para classificá-las, agrupá-las e

analisá-las pela frequência em que surgiram, gerando as categorias e identificando as causas e

consequências que as relações entre os fatos e a vivência dos sujeitos se estabelecem

(BARDIN, 2011).

As categorias temáticas emergiram dos dados coletados. Isso possibilitou maior liberdade na

investigação e no direcionamento da interpretação, porém, foi necessário cautela na análise do

conteúdo para que não fossem criadas possibilidades em excesso, prejudicando a conclusão da

pesquisa (ESTEBAN, 2010).

3.5.2 Entrevista estruturada

A entrevista é considerada a técnica mais flexível entre todas as técnicas de coleta de dados.

Apresentada como sendo uma das técnicas mais adequadas para estudos de caso, pode ser

definida como aquela em que o pesquisador formula perguntas diretamente ao sujeito com o

objetivo de obter dados referentes à sua pesquisa (GIL, 2008; YIN, 2007).

Possui uma vantagem maior em relação ao questionário, pois, aparentemente, é mais fácil

deixar de respondê-lo do que não aceitar ser entrevistado. Outra vantagem está na presença

física do pesquisador durante a entrevista, que possibilita o esclarecimento do significado das

questões, em caso de dúvidas do entrevistado (GIL, 2008).

Alguns cuidados, porém, precisam ser tomados: as questões devem estar organizadas de modo

a despertar o interesse do entrevistado; devem estar padronizadas e direcionadas ao objetivo

da pesquisa, para que possam ser comparadas entre si (GIL, 2008).

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Outro cuidado importante, é que as perguntas não devem sugerir nem deixar implícitas as

respostas. Por esse motivo, nesta pesquisa, foram evitadas perguntas do tipo: “você não acha

que...”, sendo utilizadas perguntas: “por que”, “para que” e “o que”.

Foi utilizada a entrevista do tipo estruturada que se desenvolveu a partir de uma relação fixa

de perguntas, que permaneceram invariáveis para todos os entrevistados. Foram feitas poucas

perguntas diretas, seguindo um roteiro pré-estabelecido, pois o objetivo era obter diferentes

respostas à mesma pergunta, possibilitando que fossem comparadas (GIL, 2008;

GERHARDT, 2009).

De forma individual, face a face, a etapa de entrevista estruturada aconteceu entre os dias 13

de novembro e 14 de dezembro de 2014, na Instituição pesquisada, com alunos de graduação

bacharelado e tecnológico, dos turnos da manhã e da noite, em horários variados, geralmente

nos intervalos ou no final das aulas.

As perguntas foram criadas a partir do que foi verificado nas respostas do questionário.

Também foram baseadas nas pesquisas internacionais de Ames (1992), nas pesquisas

nacionais de Bzuneck e Cardoso (2004) e Zenorini (2010), relacionadas à Teoria de Metas de

Realização, e no inventário de Chickering e Gamson (1999).

O roteiro da entrevista encontra-se no apêndice B. Foram entrevistados 58 alunos e todos

demonstraram entendimento do assunto e interesse em responder as questões.

A escolha dos alunos deu-se por acessibilidade, sendo utilizada a técnica de saturação para

fechar o tamanho da amostra desta etapa.

A técnica de saturação foi utilizada para interromper a captação de novas respostas, quando

começaram a surgir redundâncias ou repetições nas respostas dos entrevistados. Pesquisas

sugerem que as categorias saturam, aproximadamente, na 12ª. entrevista, sendo importante

levar-se em consideração a integração dos dados com a teoria e a sensibilidade teórica do

pesquisador (GLASER e STRAUSS, 2006; GUEST, BUNCE e JOHNSON, 2006).

Neste trabalho, a saturação ocorreu na 13ª. entrevista, porém foi dado continuidade às mesmas

até a 58ª. entrevista, devido a disponibilidade dos alunos que se mostraram interessados em

participar da pesquisa.

Assim como o questionário, as respostas da entrevista também foram tratadas através da

análise de conteúdo. Após exaustiva leitura das respostas, foram escolhidas como unidades de

significação as frases e palavras pertinentes aos objetivos da pesquisa, sendo agrupadas a

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medida que surgiram, classificadas, gerando categorias temáticas e contabilizadas por

frequência.

A seguir será vista a instrumentação das variáveis, para melhor compreensão da pesquisa.

3.6 Instrumentação das variáveis

Para responder às questões norteadoras foram feitas perguntas direcionadas a cada uma delas.

Para responder a questão: QN1: Qual a importância da aprendizagem ativa para a

motivação do aluno, em sala de aula, na visão destes?, levou-se em consideração a opinião

dos alunos sobre a relação entre a motivação e a aprendizagem ativa, emergindo da pergunta

do questionário: “Que atitude(s) do professor estimula(m) você a ficar motivado para

estudar?”, e da pergunta “Para você, o que é ser um bom professor?”

O segundo objetivo específico, relacionado à expetativa, levou em consideração a opinião dos

alunos sobre a relação entre a motivação e a expectativa positiva do professor em sala de aula.

Emergiu da pergunta do questionário: “Você acha importante que o professor acredite no

potencial do aluno? Por quê?”, e da pergunta “Para você, o que é ser um bom

professor?”procurando responder a segunda questão norteadora: QN2: Qual a importância da

Expectativa do professor para a motivação do aluno, em sala de aula, na visão destes?

E para responder à terceira questão norteadora: QN3: Qual a importância da interação para

a motivação do aluno, em sala de aula, na visão destes, foram levadas em consideração as

unidades de significação que emergiram da pergunta do questionário: “Você acha importante

o professor incentivar os alunos a compartilharem seus pontos de vista, entre si? Por quê?” e

da pergunta “Para você, o que é ser um bom professor?”.

Duas outras perguntas foram feitas para verificar a possibilidade de surgirem novos caminhos

para o problema, como também, para acrescentar rigor e profundidade à pesquisa. Foram elas:

─ Durante sua vida acadêmica você teve algum professor que lhe marcou

POSITIVAMENTE? Como ele conseguiu isso?

─ Durante sua vida acadêmica você teve algum professor que lhe marcou

NEGATIVAMENTE? Como ele conseguiu isso?

As respectivas respostas foram responsáveis pelo surgimento das três categorias e

subcategorias, que foram validadas pelas respostas das questões abertas e das entrevistas.

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A análise e interpretação dos dados serão apresentadas no capítulo quatro, logo após serem

discriminados os limites e limitações da pesquisa, a seguir.

3.7 Limites e limitações da pesquisa

3.7.1 Limites da pesquisa

O limite da pesquisa deve-se à escolha de se pesquisar os alunos de apenas uma Instituição de

Ensino Superior, localizada na Região Metropolitana do Recife – PE.

Foi limitada, também, a pesquisar o sistema presencial de ensino, e não o Ensino a Distância

– EAD.

Outro limite refere-se ao aspecto teórico da pesquisa. A mesma é baseada no inventário de

Chickering e Gamson (1999) que propõe as sete boas práticas do professor em sala de aula, e

também nas pesquisas relacionadas à Teoria de Metas de Realização de Ames (1992),

Bzuneck e Cardoso (2004) e Zenorini (2010).

3.7.2 Limitações da pesquisa

As possíveis limitações previstas no início da pesquisa, como: baixa adesão à pesquisa e a

influência da pesquisadora com o objeto de estudo, não ocorreram. Foram tomadas

precauções, como: evitar questões tendenciosas, evitar questões mal posicionadas em sua

sequência; cuidado com a má escolha dos entrevistados; e fazer perguntas de forma clara e

objetiva, de maneira que fosse entendível ao respondente e não apenas à pesquisadora (GIL,

2010).

Apesar de o questionário não ter sido respondido pela totalidade dos alunos da Instituição, o

retorno foi satisfatório, uma vez que, a amostra sendo pequena ou grande, seu objetivo foi

analisar e discutir os resultados investigados, procurando compreendê-lo e não mensurá-lo.

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4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Aqui, estão apresentados os resultados da pesquisa. Após a transcrição das respostas do

questionário e entrevistas, foi feita uma leitura exaustiva das mesmas, sendo escolhidas as

unidades de significação8. Estas, por sua vez, geraram os grupos de categorias e subcategorias

temáticas baseadas nos objetivos da pesquisa, organizadas pela frequência em que surgiram

(BARDIN, 2011; FRANCO, 2012).

A análise das respostas do questionário gerou 03 categorias. As respostas com unidades de

significação positivas geraram a categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica, e

as respostas com unidades de significação negativas geraram duas categorias: Domina o

assunto, mas não adota prática pedagógica e Não domina o assunto e não adota prática

pedagógica, descritas no quadro 11, a seguir:

Quadro 11 - Categorias

CATEGORIAS Caracterísitcas

Domina o assunto e adota prática

pedagógica

Passa segurança ao expor o assunto e ministra aulas

dinâmicas adotando a prática pedagógica:

aprendizagem ativa, expectativa e interação. A relação

entre professor e aluno é marcada pela afetividade. O

docente demonstra prazer em exercer sua atividade.

Domina o assunto, mas não adota

prática pedagógica

São conhecidos pelos alunos como aqueles que são

muito inteligentes, mas “não sabem passar” o

conteúdo. A relação entre professor e aluno é marcada

pela agressividade. Não gosta de interagir com os

alunos.

Não domina o assunto e não

adota prática pedagógica

São definidos pelos alunos como aqueles cujas aulas

são monótonas, passam insegurança ao expor os

assuntos e não planejam suas aulas. A relação entre

professor e aluno também é marcada pela

agressividade. Não gosta de interagir com os alunos.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Com base no referencial teórico, a primeira e a segunda categorias geraram um conjunto de

subcategorias relacionadas a aprendizagem ativa, a expectativa e a interação, com suas

8 Encontram-se em anexo no Apêndice D

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respectivas unidades de significação. A terceira categoria não apresentou subcategorias

relacionadas à expectativa e à interação.

As unidades de significação foram ordenadas pela frequência em que surgiram, sendo adotado

o critério de utilizar as unidades com frequência igual ou maior que cinco. Serão apresentadas

a seguir.

Primeira categoria: Domina o assunto e adota prática pedagógica

Esta categoria apresenta as unidades de significação referentes ao comportamento e aos

aspectos positivos do professor em sala de aula, na visão dos alunos. Foi a categoria que mais

recebeu unidades, possivelmente, pela maior quantidade de perguntas relacionadas às boas

práticas propostas no inventário de Chickering e Gamson (1999).

Os professores, nesta categoria, além de dominarem o assunto que ministram, introduzem em

suas atividades acadêmicas competências que contribuem para facilitar o processo de ensino-

aprendizagem.

Adepto do paradigma inovador, para este professor, o aluno é o centro do processo.

Concordando com Behrens (2005), ele busca a produção do conhecimento ao invés da

reprodução do conhecimento, valorizando a reflexão, a curiosidade, a crítica, o

questionamento e a ação, por parte do aluno, através de uma prática pedagógica mais

incentivadora.

A cultura da sala de aula é desenvolvida pelo docente, que é o líder, conseguindo firmar suas

crenças, valores e suposições. Consegue perceber as limitações e as percepções de mundo de

cada aluno, conseguindo interagir com eles, ao mesmo tempo em que consegue bons

resultados incentivando a interação aluno-aluno.

Concorda com Pestalozzi, procurando ser ético, humano e sensível, mas que também sabe

impor limites (SOËTARD, 2010). Para os alunos, é um modelo a ser seguido.

Esta categoria será ilustrada, a seguir, através de alguns depoimentos de alunos que estarão

identificados por números, no final de cada um deles. Por exemplo: A32 será o depoimento

do trigésimo segundo aluno:

[...] aquele profissional que possui uma ótima didática, que procura não

somente falar e falar, mas, sim, recorrer a diferentes maneiras, dinâmicas e atrativas de transmitir o conteúdo. O professor pode recorrer à maneira

formal, tradicional para ensinar, mas também é necessário que ele saiba ser

flexível, procurar dar aula com vídeos também [...] estar disposto para esclarecer toda e qualquer dúvida; deve interagir amigavelmente com a

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classe; exigir respeito e disciplina; estar disponível sempre que possível para

qualquer questionamento [...] (sic.) (A5)

[...] é dominar bem os assunto e não ter dificuldade de passar para os alunos.

É saber tirar dúvidas dos alunos sem recrimina-los ou envergonhá-los. É

saber que prova não é a única forma de avaliar um bom estudante. E acima

de qualquer coisa saber que não sabe mais do que ninguém e todos estão na sala para construir um conhecimento juntos. (sic.) (A99)

[...] o professor que, em suas aulas, passa confiança para o aluno de que domina o assunto ministrado. Não ler uma bateria de slides porque desta

maneira não nos acrescenta em nada, afinal de contas a maioria dos alunos

sabem ler. Ter empatia. Conduzir a aula de forma dinâmica estimulando a

participação de todos, de modo que a aula não fique tediosa, afinal de contas estamos tratando de uma geração Y a qual gosta de tudo muito rápido, então

estimular o raciocínio do aluno fazendo com que ele participe dos assuntos

discutidos faz com que a aula seja interessante. O aluno gosta de se sentir visto [...] (sic.) (A209)

[...] aquele que domina muito bem o assunto sobre o qual ensina. Sabe e consegue se fazer entender, é compreensivo sem perder a autoridade. Tenta

mais de uma forma de passar seu conhecimento. Compartilha experiências e

aconselha. Se preocupa com o desempenho do seu aluno e em que tipo de

profissional ele está ajudando a formar! (sic.) (A276)

[...] aqueles que, não adota ao rótulo de PROFESSOR, mas sim de

facilitador em sala de aula, ou seja, um que domine sua disciplina e saiba prender a atenção dos alunos com aulas dinâmicas (sic.) (A338)

Os depoimentos acima, revelam que os alunos entendem a atividade de docência como um

conjunto de ações inter-relacionadas, como teoria e prática, ensino e aprendizagem, conteúdo

e forma, professor e aluno (VEIGA, 1993), associadas ao domínio do conteúdo e à liderança

do professor.

Segunda categoria: Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

Esta categoria apresenta as unidades de significação referentes ao comportamento e aos

aspectos negativos do professor em sala de aula, na visão dos alunos.

Foi gerada a partir dos depoimentos que continham, na mesma fala, as unidades de

significação “sabe muito”, ou “é muito inteligente”, acompanhadas de “mas não sabe

transmitir”, ou “não adota práticas pedagógicas”.

Para ilustrá-la, seguem alguns depoimentos dos respondentes:

[...] um mestre em física, ele sabia muuuuito, entendia muito mas sua didática era péssima, ou seja ele sabia apenas pra si próprio (sic.). (A30)

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[..] ele tem bons recursos adquiridos ao longo da vida como professor para

resolução de problemas da sua matéria, porém não entende que nem todos

têm a mesma base, o mesmo nível de conhecimento. Com isso, ele não ensina coisas básicas mas de muita importância que nem todos sabem, assim

todos têm dificuldade para aprender o que ele exige. Ele não tira nenhuma

dúvida se for conhecimento considerado por ele básico (sic.). (A105)

Um professor muito inteligente, não podemos negar, porém o mesmo tem

um método muito arcaico, acho valido a faculdade renovar, ou ele renovar

seu método de ensino, para facilitar o aprendizado do aluno! (sic.). (A128)

[...] profissionais que não se preocupam como os alunos estão assimilando o

conteúdo. E quando buscamos tirar duvidas em sala, nos respondem para

pesquisar e exercitar em casa, ou reler o assunto abordado. Apenas retratam na aula, e enchem de exercício e trabalhos, se mostram durões e se acham

excelentes professores. Alguns até se envaidecem quando são reconhecidos

no curso pela fama de que poucos passam em sua disciplina. Exigir é importante SIM! Mas antes, é mais importante SABER ensinar. (sic.).

(A149)

[...] um professor que possuía um enorme conhecimento acadêmico mas que

não sabia transmitir aos alunos, como também a participação dele na

resolução dos exercícios era de forma superficial. (sic.) (A239)

[...] pior é quando ele está em sala com intenção de prejudicar e não de

ensinar, a tendência de ocultar o conteúdo de forma maliciosa, e fazer da

avaliação um monstro, quando era pra ser uma simples análise de apreensão de conhecimento, é ele ficar feliz por boa parte da sala ter tirado nota baixa,

acreditando ele que é o melhor professor por que quase ninguém consegue

passar nele [...] (sic.) (A240)

[...] Inteligente, mas não se interessava o suficiente em lhe passar um bom

conteúdo, não tinham paciência para tirar as dúvidas [inclusive quando era

necessário explicar mais de uma vez], não mostravam a paixão por ensinar e formar boas pessoas e profissionais.. Era como se a arte de ensinar fosse

apenas mais um trabalho que você faz com esforço para receber o sustento

do mês. (sic.) (A329)

Nos depoimentos acima, percebe-se a visão do aluno que não se sente integrante do processo

de ensino-aprendizagem, muito pelo contrário, há um distanciamento entre docente e discente,

sendo o professor o centro do saber.

Terceira categoria: Não domina o assunto e não adota prática pedagógica

Esta categoria recebeu a menor quantidade de unidades de significação.

Nela, também foram selecionadas as unidades referentes ao comportamento e aos aspectos

negativos do professor em sala de aula, na visão dos alunos. Porém, foi gerada a partir dos

depoimentos que continham na mesma fala as unidades de significação o “não domínio do

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assunto” e a “não preocupação em adotar práticas pedagógicas”. Para ilustrá-la, seguem

alguns depoimentos dos respondentes:

[...] não ensinava NADA. Para se ter uma ideia, nenhum aluno foi reprovado, todos foram aprovados, inclusive aqueles que faltavam, e não

tinha conteúdo nenhum, isso é um dos motivos, eu acho, que faz com que o

estudante desista de estudar na IES que um docente desses ensina sem qualidade (sic.) (A91)

[...] péssimo professor, com pouquíssimo domínio do conteúdo que ele leciona; dá aulas superficiais e na avaliação, aprofunda coisas que ele não

passou nem perto de falar. É infantil, faz piadas sem graça e opressoras,

soube diminuir os alunos nos chamando de incompetentes porque

reclamamos que ele não estava dando o assunto direito e fez uma prova desonesta em relação ao que ele cobrou e ao que deu em sala de aula. Não

sabe ouvir a opinião do aluno, começa a aula tarde e termina a aula cedo.

Enfim, péssimo professor em vários aspectos, completamente despreparado (sic.) (A146)

[...] professor hostil. Quando perguntamos alguma coisa, é grosso, pedante.

O assunto por ele ministrado é facilmente possível perceber que ele não domina o assunto. Só ler slide, isso é péssimo, a sala toda dispersa (sic.).

(A209)

[...] o professor simplesmente tinha dificuldade com o assunto,

procurávamos a coordenação, e nada de tomarem providência [...] o

professor quase agrediu uma aluna, só não o fez porque contivemos a situação, ainda assim houve xingamentos e agressões verbais. Isso pra mim

marcou de forma muito negativa, visto que em momento algum o professor

deveria tomar essa atitude em se tratando de um facilitador de aprendizagem

e pessoa essencial na construção moral e pedagógica de nós alunos (sic.) (A296)

[...] além do professor não passar bem o assunto com tanta firmeza, ele era extremamente arrogante e grosso, ele não passava muita credibilidade no que

passava, e acho que possivelmente ele trazia problemas pessoais para

ambiente profissional, isso atrapalha muito o andamento (sic.) (A349)

Aqui também se percebe o distanciamento entre professor e aluno, porém, com o agravamento

da falta de domínio do conteúdo ministrado.

A seguir serão discutidos e apresentados os dados, agrupados em categorias e subcategorias.

Os mesmos foram analisados seguindo a sequência das questões norteadoras, e traçando-se

um paralelo com a fundamentação teórica.

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4.1 Prática pedagógica referente à Aprendizagem ativa

Nesta seção, serão apresentados os dados que responderão a questão: QN1: Qual a

importância da aprendizagem ativa para a motivação do aluno, em sala de aula, na visão

destes?, a partir dos dados encontrados na pesquisa.

4.1.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica

Analisando a fala dos alunos, encontramos as unidades de significação relacionadas à

aprendizagem ativa, dispostas no quadro abaixo:

Quadro 12 - Domina o assunto e adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Dom

ina o

ass

un

to e

ad

ota

prá

tica

ped

agógic

a

Apre

ndiz

agem

ati

va

A relação do professor

com suas atividades

Suas aulas são dinâmicas 87 16,41

332

“Sabe passar” 81 15,30

Transmite o valor das atividades

para a futura profissão 62 11,71

Domina o assunto da disciplina 45 8,49

Sabe avaliar o aluno 39 7,36

Tem didática 18 3,40

A relação do professor com seus alunos

Está à disposição 53 10,0

156

Modelo a ser seguido; inspiração 32 6,04

Sabe ser amigo do aluno 22 4,15

Estimula desafios; curiosidade. 17 3,21

Respeita as formas diferentes de

aprender 14 2,64

Pulso firme; sabe impor regras 11 2,07

Dá feedback aos alunos 7 1,32

A relação do professor

com sua profissão

Ama o que faz; brilho nos olhos 32 6,03

42 Dá aula com entusiasmo; Gosta do

que faz 10 1,87

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 530 100% 530

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Na subcategoria A relação do professor com suas atividades, percebe-se o entendimento dos

alunos sobre a importância da utilização de atividades diversificadas para tornar a aula

dinâmica. A explanação do assunto pelo professor aliada à apresentação de vídeos, trabalhos

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práticos, visitas técnicas, ou seja, experiências sensoriais diversas, são alguns dos recursos

didáticos indicados como estímulos para tornar a aula interessante e atrativa.

Aqui, percebe-se a valorização da proposta de Dale (1946), quando afirma que apenas ouvir e

ler, não seriam experiências sensoriais suficientes para a retenção da aprendizagem na

memória, e que os procedimentos, aos quais denominamos de aprendizagem ativa, tornariam

a aula dinâmica propiciando o processo de ensino construtivo.

Encontramos respaldo a este entendimento nas respostas das questões fechadas do

Surveymonkey. Na primeira pergunta, as opções “dar aos alunos situações reais concretas para

analisar”, “incentivar a leitura e pesquisa” e “realizar atividades de extensão (visitas técnicas,

palestras e seminários)”, obtiveram quase o mesmo percentual de votos na categoria

importantíssimo, 54,35%, 51,26%, 50,72%, respectivamente. A opção de resposta

“preocupar-se em apenas dar aula”, obteve 40,25% de respostas na categoria pouco

importante.

Gráfico1 – Respostas à pergunta: Sobre a aprendizagem diversificada, em sala de aula, você acha

importante.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Analisando o gráfico 1, percebe-se o valor das experiências sensoriais diversas, para tornar a

aula dinâmica, incentivando o processo de aprendizagem.

Vemos também a importância de o professor trabalhar em sala de aula as relações teoria e

prática, ensino e pesquisa, conteúdo e forma, de maneira indissociável, concordando com

Veiga (2000), quando diz que, as relações da didática precisam convergir para uma mesma

preocupação, de maneira a formar uma unidade.

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Voltando às unidades de significação, transmitir o valor das atividades para a futura profissão

foi a terceira unidade mais frequente. Ao analisá-la, percebe-se que as pesquisas sobre

motivação de Bzuneck (2010) e Zenorini (2010) têm fundamento, quando dizem que, quando

o aluno, além de acreditar em seu próprio potencial, também acredita na utilidade e valor da

tarefa, passa a ficar motivado em executá-la, direcionando seu comportamento cognitivo e

emotivo à realização da mesma.

A expressão “saber passar” o conteúdo ministrado é recorrente em suas falas. Aproxima-se do

adjetivo facilitador, isto é, aquele que consegue transmitir o conteúdo de forma a atingir o

entendimento do aluno, como afirma Shulman (1986), seria um mestre de procedimentos, mas

também de conteúdos, raciocínios e capacidade para explicar como as coisas acontecem.

O sistema de avaliação obteve uma frequência significativa. Os alunos acham importante o

reconhecimento do seu esforço, como forma de agregar valores ao sistema tradicional, feito

através de provas, vários, inclusive, relacionando a avaliação como incentivo à motivação

para estudar.

Contraditoriamente, houve citações para “dar feedback aos alunos”, porém, das sete boas

práticas propostas por Chickering e Gamson (1999), foi a que obteve menos frequência, tanto

nas questões abertas, quanto nas fechadas, como mostra o gráfico abaixo, onde todas as

opções de resposta obtiveram o mesmo peso de importância. A média foi de 35,5%, para

todas as opções de resposta, na categoria importante.

Gráfico 2 – Respostas à pergunta: Sobre o fornecimento de feedback ao aluno, você acha importante.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Analisando o gráfico 2, nota-se uma correlação com as respostas às questões abertas: houve

citações para “dar feedback aos alunos”, porém, das sete boas práticas propostas por

Chickering e Gamson (1999), foi a que obteve menos frequência.

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Uma explicação para esse fato pode ser que o mesmo esteja relacionado à não utilização desta

ferramenta na sala de aula, ou que ela não esteja sendo desenvolvida de forma pedagógica, ou

ainda, o aluno não ter entendido o que significa feedback, uma vez que apontou a necessidade

de se fazer mais de uma forma de avaliação, como procedimento mais justo e eficiente, como

propõe Demo (2004).

Em A relação do professor com seus alunos, as unidades de significação “estimula desafios”,

“estimula a curiosidade” e “respeita as formas diferentes de aprender”, aparecem como

requisitos do professor que se preocupa com o aluno. Aqui percebe-se outra concordância

com os trabalhos sobre motivação de Buzneck (2010), quando propõe que, em salas

heterogêneas com capacitações, inteligências e experiências diversas, o professor precisa dar

oportunidade para que todos obtenham chances de sucesso.

No gráfico 3, vemos a confirmação para esse raciocínio. As opções de resposta “usar diversas

atividades de ensino, não só aulas expositivas” e “proporcionar aos alunos novas formas e

alternativas de aprendizagem”, obtiveram 49,29% e 47,76% dos votos, respectivamente, na

categoria importantíssimo.

Gráfico 3 – Respostas para: Sobre a forma particular de aprendizagem do aluno, você acha importante

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Este gráfico sugere a importância da interação entre professor e aluno, mas também a

importância de respeitar os diversos talentos e a forma particular de aprendizagem de cada

um.

Mais uma vez se confirma o valor da avaliação, diagnosticando-se o aluno em um primeiro

momento; fazer o prognóstico para desenvolver suas habilidades, a partir do que foi

verificado na primeira avaliação, e a posterior repetição do processo, de forma a se constatar o

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que se aprendeu de verdade. Também mostra a importância de bem avaliar o aluno, para que

esta não se transforme em uma atitude injusta, seletiva e excludente (DEMO, 2004).

A figura do professor, nesta categoria, é marcada como aquele que sabe ser amigo do aluno. É

visto como modelo a ser seguido e fonte de inspiração, porém, a importância de saber

dominar o grupo e impor limites aparecem nas expressões: “tem pulso firme” e “sabe impor

regras”, o que aponta para a importância da liderança do professor em sala de aula.

Saber impor regras, aliás, foi a opção mais votada nas questões da pergunta “Sobre o tempo

da realização das tarefas”. a opção “exigir dos alunos atenção, respeito e disciplina” obteve o

maior número de votos, 43,97%, e a opção “deixar claro as consequências do não

comparecimento às aulas e atividades” em segundo lugar, com 28,2%, ambos, na categoria

importantíssimo.

Gráfico 4 – Respostas à pergunta: Sobre o tempo da realização das tarefas, você acha importante.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

O resultado apresentado no gráfico 4, sugere a importância da liderança do professor na sala

de aula, como aquele que sabe impor respeito, e que tem o controle da mesma, de forma a não

precisar chegar as vias de fato em ter que expulsar o aluno da sala.

A cultura desenvolvida pelo professor, tendo como respaldo a pedagogia, é responsável em

estabelecer um clima favorável para a promoção da interação do grupo, e a aplicação de

estratégias que estimulam o bom comportamento e aceitação das regras, por parte dos alunos.

Voltando às subcategorias, em A relação do professor com sua profissão, o gostar de ensinar

é percebido e valorizado pelos alunos pesquisados. “Ama o que faz”, “dá aula com

entusiasmo” e “brilho nos olhos”, ou seja, exerce sua profissão de forma intrínseca,

remetendo à importância do afeto na sala de aula como uma necessidade a ser incorporada à

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prática pedagógica, que encontra no amor à profissão, seu aspecto mais sublime (FREIRE,

1997).

Sendo o público pesquisado, alunos, que em sua maioria, trabalham e estudam, pode-se

deduzir que os mesmos valorizam o pouco tempo disponível para as atividades didáticas, por

isso, conseguir transmitir o conteúdo de forma a atingir seu entendimento, faz do “saber

passar”, requisito importante.

Para esse público, é importante que o professor adote atividades diversificadas, evitando a

monotonia de apenas utilizar aulas expositivas, mas também atividades que estimulem o

interesse para o estudo.

Enfatizar o valor das atividades, para a futura profissão, deve fazer parte da prática

pedagógica. Saber a utilidade do que se está aprendendo em sala de aula, é, certamente, um

incentivo a mais, para a motivação do aluno, principalmente, por ele já estar inserido no

mercado de trabalho, analisando e verificando as tendências desse mercado.

Vê-se a importância de o professor trabalhar em sala de aula as relações teoria e prática,

ensino e pesquisa, conteúdo e forma, de maneira indissociável, confirmando Veiga (2000),

quando diz que, em didática, estas dicotomias precisam convergir para um mesma

preocupação, de maneira a formar uma unidade, se, por exemplo, a teoria for privilegiada,

transforma-se em idealista, enquanto que, uma prática sem teoria não sabe o porquê de sua

existência.

A dicotomia professor e aluno, nessa categoria, apresenta equilíbrio. O docente aparenta estar

motivado intrinsecamente para ensinar, comportamento esse que faz do processo ensino-

aprendizagem algo prazeroso para ambos.

Estando motivado intrinsecamente, o professor, provavelmente, enxergará as adversidades da

sala de aula como desafios, desencadeando um relacionamento amigável, se interessando em

dirimir as dúvidas dos alunos, trabalhando o afeto, a partir do planejamento de suas aulas e

materializando-o no seu desenvolvimento.

A seguir analisaremos como a aprendizagem ativa está relacionada na segunda categoria.

4.1.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

Nesta categoria, os alunos apontam características do professor opostas ao que foi apresentado

na categoria anterior relacionadas à aprendizagem ativa, como mostra o quadro a seguir:

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Quadro 13 – Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Dom

ina o

ass

un

to, m

as

não a

dota

prá

tica

ped

agógic

a

Ap

ren

diz

agem

ati

va

A relação do

professor com seus

alunos

Grosso, ríspido, mal

educado. 20 16,3

75

Não se interessa se o aluno

está aprendendo 17 13,8

Não gosta de tirar dúvidas 15 12,2

Impõe-se pelo poder 13 10,6

Avaliação injusta, cobra

mais do que ensina 10 8,1

A relação do

professor com suas

atividades

Muito inteligente, mas não

“sabe passar” o conteúdo. 27 21,8

37

Não tem didática 10 8,1

A relação do

professor com sua

profissão

Não gosta de ensinar 11 9,1 11

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 123 100% 123

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

A subcategoria A relação do professor com seus alunos é marcada pela agressividade.

Adjetivos como: “grosso”, “ríspido” e “mal educado”, aparecem juntamente com as unidades

de significação “não se interessam se o aluno está aprendendo”, “não gostam de tirar

dúvidas”, “abusam da autoridade impondo-se pelo poder”, e “cobram mais do que ensinam”.

Outra característica desse professor é demonstrar ter bastante conhecimento do assunto

ministrado, porém, não consegue transmiti-lo aos alunos. A expressão “muito inteligente, mas

não sabe passar o conteúdo”, é frequente em suas falas.

O sistema de avaliação, mais uma vez, aparece nos depoimentos dos alunos. Apontando para

a ausência da avaliação diagnóstica e prognóstica, aqui o professor aparece como aquele que

“cobra mais do que ensina”, ou não avalia o desempenho do aluno, o que remete ao

pensamento de Demo (2004), que alerta para a má utilização da avaliação, quando a mesma se

transforma em atitude injusta, seletiva e excludente.

Na subcategoria A relação do professor com suas atividades, surge a unidade de significação

“ausência de didática”, apontando para a compreensão de que o professor não utiliza práticas

pedagógicas.

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Ter noção de didática, aliás, deveria ser obrigatório para todos os docentes, sobretudo os

professores do magistério superior. A obrigatoriedade dessa disciplina, apenas para quem faz

licenciatura, abre várias lacunas possibilitando precedentes dessa natureza.

Em A relação do professor com sua profissão, a subcategoria é marcada pela observação dos

alunos quanto à característica desses professores que aparentam não gostar de sua profissão,

“dão aula só para receber salário”, “faltam muito”, “chegam atrasados”, “dão aula apenas para

cumprir carga horária”, foram as opiniões recorrentes.

Ou seja, a imposição dos valores e crenças do professor em sala de aula, por si só, não produz

cultura. Com diz, Schein (2009), o líder passa a ser reconhecido e valorizado como tal,

apenas, quando o comportamento resultante de suas ações leva o grupo ao sucesso.

Ainda na linguagem de Schein (2009), o carisma é o principal mecanismo de fixação de uma

cultura. Quer dizer, dificilmente, o grupo reconhecerá como líder, professores que tratam seus

alunos com ignorância, rispidez e falta de educação, impondo-se pelo poder.

Finalmente, a subcategoria relacionada à aprendizagem ativa, mostra que os alunos a

valorizam como atividade importante da prática pedagógica, e que o domínio do conteúdo

deve estar associado ao “saber passar”, tanto quanto a introdução de competências que

contribuam para a atividade de docente.

A seguir analisaremos como a aprendizagem ativa está relacionada na terceira categoria.

4.1.3 Categoria Não domina o assunto e não adota prática pedagógica

Apresentando apenas subcategorias relacionadas à aprendizagem ativa, esta categoria

apresentou a menor quantidade de unidades de significação, possivelmente devido a menor

quantidade de perguntas relacionadas ao aspecto negativo da docência.

As unidades foram provenientes da questão aberta “Durante sua vida acadêmica você teve

algum professor que lhe marcou NEGATIVAMENTE? Como ele conseguiu isso?”, e

proporcionou as unidades de significação relacionadas no quadro 14, a seguir:

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Quadro 14 – Não domina o assunto e não adota prática pedagógica – Aprendizagem ativa

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Não d

om

ina o

ass

un

to e

não a

dota

prá

tica

ped

agógic

a

Ap

ren

diz

agem

ati

va

A relação do professor com suas

atividades

Não domina o conteúdo, o assunto

39 23,6

115

Aula monótona 21 12,7

Aula pobre, não prepara a

aula 20 12,1

Não sabe avaliar o aluno 12 7,3

Só sabe ler slides 8 4,8

Não “sabe passar” o conteúdo

8 4,8

Não tem didática 7 4,2

A relação do professor com seus

alunos

Grosso, ríspido, mal educado

13 7,9

33 Não se preocupa com o aluno

11 6,7

Não gosta de tirar dúvidas 9 5,5

A relação do professor com sua

profissão

Não tem amor à profissão 12 7,3 17

Faltam às aulas 5 3,1

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 165 100% 165

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

A principal característica desse professor é demonstrar insegurança ao transmitir o assunto

ministrado. Além da aula ser monótona, o professor utiliza apenas o recurso de datashow,

fazendo com que as expressões “só sabe ler slides”, “aula pobre”, apareçam com frequência,

passando a impressão de que realmente “não prepara a aula”, outra expressão recorrente e

contrastante com uma Instituição que dispõe de vários recursos tecnológicos.

O sistema de avaliação é apontado, também nessa categoria, como processo ineficiente. Da

elaboração das provas foram citadas atitudes, como: “usar questões da internet”, “formular

mal as perguntas da prova”, “questões decorebas”, “passa questões que nem ele sabe

resolver”, além da falta de critério para avaliar os alunos, o que remete à deficiência de

conhecimento pedagógico.

Este se inicia no planejamento do curso e se materializa no seu desenvolvimento, trazendo

consequências afetivas e efetivas na relação, que se estabelecerá entre o aluno e os conteúdos

ministrados (LEITE, 2012). O processo também envolve organização e direcionamento por

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parte do professor, a quem compete preparar, dirigir, acompanhar e avaliar o processo de

ensino (VEIGA, 1993).

Verificando os valores da Instituição, como: incentivo à compreensão da real função de

ensinar; trabalho em equipe e comunicação; ajuda aos alunos em suas metas; e busca da

contínua melhoria; percebe-se nos depoimentos dos alunos, que esse docente, aparentemente,

não compartilha desses mesmos valores.

Essa observação aponta para a formação do professor. Um docente com capacitação

profissional, com conhecimento de didática, preocupa-se em exercer suas atividades desde a

preparação do plano de ensino, deixando claro suas expectativas e um roteiro que guiará

ambos, professor e aluno, durante o curso (VEIGA, 1993).

Uma característica similar à categoria anterior, é que a subcategoria A relação do professor

com seus alunos é marcada também pela agressividade. Adjetivos como: “grosso”, “ríspido” e

“mal educado”, aparecem juntamente com as unidades de significação “não se preocupa com

o aluno” e “não gostam de tirar dúvidas”, esquecendo-se que o afeto faz a diferença nas

relações interpessoais professo-aluno e aluno-conteúdo, devendo estar presente no

comportamento e nas decisões assumidas pelo professor (CHICKERING E GAMSON, 1999).

As críticas construtivas e os elogios, possivelmente, não fazem parte das ferramentas

utilizadas por este docente, nesta categoria.

Em A relação do professor com sua profissão, a subcategoria também é marcada pela

observação dos alunos quanto à característica desses professores que aparentam “não ter amor

pela sua profissão” e “faltam às aulas”.

Aqui, não surgiram subcategorias relacionadas à Expectativa, nem às subcategorias

relacionadas à Interação, porém os depoimentos dos alunos apontam para o perfil de professor

que não utiliza nenhuma das práticas pedagógicas propostas no inventário de Chickering e

Gamson (1999).

Possivelmente, o professor, nesta categoria, ou encontra-se desmotivado para exercer seu

ofício ou não conseguiu se adequar a nova cultura, que vem sendo estabelecida pela empresa

atual.

Outra possibilidade está na falta de capacitação para exercer a docência. Nesse caso, vê-se

que o problema está na não obrigatoriedade da preparação para o exercício do magistério

superior.

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72

A seguir veremos as respostas à segunda questão norteadora, relacionadas à Expectativa do

professor perante o desempenho do aluno.

4.2 Prática pedagógica referente à Expectativa

Nesta seção, serão apresentados os dados que responderão a questão: QN2: Qual a

importância da Expectativa do professor para a motivação do aluno, em sala de aula, na

visão destes?, a partir dos dados encontrados na pesquisa.

4.2.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica

Aqui encontramos as unidades de significação relacionadas à Expectativa, dispostas no

quadro abaixo:

Quadro 15 – Domina o assunto e adota prática pedagógica – Expectativa

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Dom

ina o

ass

un

to e

ad

ota

prá

tica

ped

agógic

a

Expec

tati

va

A expectativa como

incentivo a adquirir

algo

Auxilia o aprimoramento 53 14,3

165

Incentiva a motivação 41 11,1

Estimula a aprendizagem 36 9,7

Incentiva a realização de metas 35 9,5

A relação da

expectativa com o

autoconceito

Aumenta a autoconfiança do

aluno 54 14,6

122

Elogia; valoriza o esforço do aluno

40 10,7

Via de mão dupla: aumenta a

autoconfiança do professor 18 4,9

Aumenta a autoestima do aluno 10 2,7

A expectativa e a

imagem do professor

modelo

É importante a expectativa de

alguém mais experiente, mestre,

fonte de inspiração

63 16,9 63

A expectativa não é

importante

Eu acredito em mim; isso não

depende de outra pessoa 21 5,6 21

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 371 100% 371

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

As unidades de significação “Incentiva a motivação” e “Estimula a aprendizagem” sugerem a

importância da expectativa como incentivo à motivação intrínseca, aquela em que o aluno

envolve-se na aprendizagem pela satisfação em realizá-la, como um fim em si mesma.

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“Auxilia o aprimoramento” e “Incentiva a realização de metas”, sugerem a importância da

expectativa como incentivo à motivação extrínseca, aquela em que o sujeito se interessa pela

aprendizagem, porém, interessado em recompensas externas ou sociais.

A subcategoria A relação da expectativa com o autoconceito, selecionou as unidades de

significação correspondentes à consequência da expectativa em sala de aula, como sendo

responsável pelo aumento da autoconfiança do aluno. “Elogios” e “valorização do esforço do

aluno”, aparecem como práticas valorizadas por eles, concordando com Rosenthal e Jacbson

(1968), quando dizem que as pessoas podem influenciar a transformação de outras, a partir da

expectativa que têm sobre elas.

Dados similares também foram encontrados nas questões fechadas do Surveymonkey.

Na pergunta referente à expectativa do professor com relação aos alunos, as opções “valorizar

o desempenho do aluno”, “ajudar os alunos a estabelecerem metas desafiadoras para a sua

própria aprendizagem” e “acreditar e dizer ao aluno que ele é capaz de realizar seus sonhos”

obtiveram percentuais próximos na categoria importantíssimo, 46,82%, 45,60%, 44,97%,

respectivamente.

Gráfico 5 – Respostas à pergunta: Sobre a expectativa do professor com relação ao aluno, você acha

importante

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

O resultado sugere a importância da figura do professor, como aquele que incentiva o aluno a

realizar suas metas, e ainda, àquele que acredita em seu potencial, concordando com

Chickering e Gamson (1999) quando dizem que é possível obter do aluno aquilo que se espera

dele, e que a forma como o professor percebe o aluno, sua expectativa com relação à

capacidade deste para a aprendizagem pode agir como ferramenta eficaz.

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A utilização de elogios e de críticas construtivas, confirmam o raciocínio de Demo (2004),

como sendo procedimentos eficazes, mas que precisam ser usados com cautela. O elogio não

substitui o processo de desconstrução proveniente da crítica, que faz pensar e rever conceitos,

mas que precisa ser usada de forma pedagógica, de maneira a ser construtiva e não destrutiva.

Analisando os dados sobre Expectativa, estes sugerem a importância da figura do professor,

como aquele que incentiva o aluno a realizar suas metas, e ainda, aquele que acredita em seu

potencial, confirmando com Chickering e Gamson (1999), que é possível colaborar com o

autoconceito do aluno e que esse comportamento incentiva sua motivação para enfrentar

desafios.

Apesar da frequência de respostas positivas, a quantidade de alunos que não se importam ou

não valorizam a expectativa do professor chamou atenção. “Eu acredito em mim” e “ isso não

depende de outra pessoa”, apontam para o entendimento que a motivação acontece de dentro

para fora, não dependendo do outro, mas sim do próprio individuo.

Diferentemente, nas entrevistas, a expectativa do professor com relação ao aluno, aparece em

primeiro lugar de importância, na visão destes. 86,2% dos alunos votaram no item “Quando

ele acredita no meu potencial”, como uma das boas práticas, concordando com o resultado das

questões abertas e fechadas, que apontam a expectativa como incentivo a motivação do aluno,

no processo de ensino-aprendizagem.

De certa forma, esse comportamento sugere a maturidade inerente a um público adulto, como

é o caso em questão, capaz de saber distinguir o que é de sua responsabilidade.

Para esse público, a expectativa do professor é vista como uma via de mão dupla: a conduta

do professor reflete sobre a motivação do aluno para o aprendizado e, em contrapartida, a

dedicação do aluno estimula a conduta do professor.

Os adjetivos relacionados à figura do docente como alguém mais experiente, mestre, fonte de

inspiração, concordam com Morales (2009), quando sugere esse profissional como agente

transformador, cujo papel de formar indivíduos é conquistado, na medida em que consegue

transmitir seus próprios padrões de cultura.

O estabelecimento de um clima socioemocional mais agradável, a partir do comportamento do

líder, quando age com mais condescendência e amabilidade com os alunos, faz com que haja

um reflexo desta conduta no comportamento, tanto dos “interessados”, quanto dos “não

interessados”.

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Analisando as respostas dos alunos, percebe-se uma concordância com os trabalhos de

Brophy e Good (1970, 1997), quando diz que a expectativa do professor pode influenciar o

processo de ensino-aprendizagem, caso esteja associada a variáveis intermediárias, como: a

cultura da sala de aula, a qualidade da interação professor-aluno, a expectativa dos alunos e o

afeto às atividades escolares.

Enfim, nota-se que os alunos valorizam a expectativa do professor e que essa conduta

aumenta sua autoestima, de forma a colaborar com o raciocínio de Chickering e Gamson

(1999), quando dizem que, esperar dos alunos resultados acadêmicos bons, faz com que eles

tenham altas expectativas sobre si mesmos, incentivando-os a fazerem esforços extras.

4.2.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

Esta categoria recebeu a segunda maior frequência de respostas, porém, apresenta apenas duas

subcategorias relacionadas à Expectativa.

Quadro 16 – Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Expectativa

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Do

min

a o

ass

un

to,

mas

não a

dota

prá

tica

ped

agógic

a

Expec

tati

va

A expectativa como

incentivo a adquirir

algo

Desestimula a

aprendizagem 21 38,2

28

O aluno fica desmotivado 7 12,7

A relação da

expectativa com o

autoconceito

Faz o aluno se sentir humilhado

12 21,8

27

Ameaça reprovar o aluno 5 9,1

Não reconhece o esforço do

aluno 5 9,1

Não dá atenção a todos 5 9,1

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 55 100% 55

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Na subcategoria A expectativa como incentivo a adquirir algo o professor consegue deixar o

aluno desestimulado para a aprendizagem, possivelmente pelo relacionamento negativo

caracterizado pela agressividade e a não abertura, para o aluno tirar suas dúvidas.

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Em A relação da expectativa com o autoconceito foram selecionadas as unidades de

significação “faz o aluno se sentir humilhado”, “ameaça reprovar o aluno”, “não reconhece o

esforço do aluno”, “não dá atenção a todos”.

Analisando o professor, nesta categoria, provavelmente, é aquele que separa os alunos em

grupos de “interessados” e “não interessados”, como diz Morales (2009), acentuando as

qualidades de uns e excluindo a possibilidade de crescimento de outros.

Para utilizar a expectativa como recurso pedagógico, é necessário que o comportamento e as

atitudes do docente sejam propícios à sua obtenção. Nesta categoria, a expectativa do

professor funciona de forma contrária, desestimulando o processo de ensino-aprendizagem, de

forma que cultura, interação e afeto, encontram-se ausentes no processo, tornando a

expectativa dos alunos, com relação ao professor, também negativa (BROPHY E GOOD,

1970, 1997).

Não foram encontradas unidades de significação relacionadas à Expectativa para a terceira

categoria “Não domina o assunto e não adota prática pedagógica”.

A seguir veremos as respostas à terceira questão norteadora, referente à Interação do professor

na sala de aula, e sua importância na visão dos alunos.

4.3 Prática pedagógica referente à Interação

Finalmente, nesta seção, serão apresentados os dados que responderão a última questão

norteadora: QN3: Qual a importância da interação para a motivação do aluno, em sala de

aula, na visão destes?, a partir dos dados encontrados na pesquisa.

4.3.1 Categoria Domina o assunto e adota prática pedagógica

Analisando os depoimentos dos alunos, encontramos as unidades de significação relacionadas

à interação, dispostas no quadro a seguir:

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Quadro 17 – Domina o assunto e adota prática pedagógica – Interação

CATEGORIA SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Dom

ina o

ass

un

to e

ad

ota

prá

tica

ped

agógic

a

Inte

ração

A relação da

interação e a

aprendizagem

Compartilhar pontos de vista para adquirir novas ideias

136 32,8

228 O debate gera novos

conhecimentos 59 14,2

A participação do aluno torna a

aula mais dinâmica 33 8,1

Interação entre

professor e aluno

O bom professor interage com

seus alunos; 56 13,4

86 Disposto a tirar dúvidas dos

alunos 30 7,2

A relação da

interação e o crescimento

pessoal

Ensina a respeitar as diferenças 29 7,0

47

Aumenta a autoconfiança do

aluno; à defender seu ponto de vista

9 2,2

Estimula o senso crítico 9 2,2

Não funciona Atrapalha a aula; não concordo 33 8,1 33

A relação da

interação e o

futuro profissional

Ajuda a criar postura profissional 11 2,6

20

Desenvolve a oratória 9 2,2

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 414 100% 414

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

As subcategorias relacionadas à interação reuniram as unidades de significação que valorizam

o compartilhamento de pontos de vista e o debate entre alunos, como procedimentos que

colaboram para a aquisição e desenvolvimento da aprendizagem.

A interação seria responsável em auxiliar o crescimento pessoal, pois faz o aluno aprender a

respeitar diferenças, aumenta sua autoconfiança, estimula seu senso crítico, o ajuda a criar

uma postura profissional, além de desenvolver sua oratória.

As respostas às questões fechadas do surveymonkey também colaboram com o resultado das

questões abertas, como mostra o gráfico 6, com relação à interação entre os alunos. A

interação entre alunos é uma habilidade importante para prepará-los para o mercado de

trabalho, porém, quando é monitorada pelo professor e faz parte do seu planejamento.

Nesta pergunta, a opção “tratar todos de forma igual” recebeu 64,21%, na categoria

importantíssimo, seguida de “avaliar o desempenho de cada um, individualmente sem

comparação com os demais”, com 51,52%.

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O gráfico 6 também sugere que o aluno percebe a tendência do professor demonstrar mais

interesse por determinados alunos (adiantados) do que por outros (atrasados), confirmando

Buzneck (2010), quando sugere que, em salas heterogêneas com capacitações, inteligências e

experiências diversas, o professor precisa dar oportunidade para que todos obtenham chances

de sucesso.

Gráfico 6 – Respostas à pergunta: Sobre a cooperação entre os alunos, em sala de aula, você acha importante.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

Voltando às unidades de significação, a unidade “A participação do aluno colabora para

tornar a aula mais dinâmica” foi citada por alunos que concordam e acreditam que a atividade

docente deve assumir diferentes funções, procurando romper com a monotonia didática

(POZO, 2002; LEITE, 2012).

Apesar da frequência de respostas positivas, a quantidade de alunos que não concordam com a

interação, também chamou atenção. “Atrapalha a aula” e “não concordo”, teve a mesma

frequência de respostas da unidade de significação dos que acreditam “tornar a aula mais

dinâmica”.

O contrassenso entre os alunos que concordam e os que não concordam com a interação,

talvez possa ser explicado por eles próprios, quando dizem que o incentivo à interação deve

ser monitorado de perto pelo professor, devendo ser trabalhado como uma ferramenta

pedagógica.

Para a maioria, a interação é importante, pois associam a imagem do bom professor como

aquele que interage e se interessa por eles, colaborando com a ideia que as relações que se

estabelecem entre o aluno e o conhecimento, tendo como mediador o professor, são marcadas

pela dimensão afetiva (VYGOTSKY, 1991, 2014).

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No gráfico 7, as questões fechadas confirmam esse raciocínio. Nele, a opção “dar conselhos

sobre oportunidades de carreira em sua área profissional” obteve o maior número de votos, na

categoria importantíssimo. Foram 47,58% dos votos, apontando a importância do professor

transmitir o valor das atividades para a futura profissão, e apenas 8,9% para “ser mais amigo

do que professor”.

Gráfico 7 – Respostas à pergunta: Sobre o contato entre professor e aluno, você acha importante.

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

O gráfico 7, confirma que é importante o professor transmitir o valor das atividades, para a

futura profissão, como forma de incentivo à motivação do aluno, trabalhando de forma

indissociável a relação teoria e prática (VEIGA, 2000).

Também indica que o aluno dessa Instituição de Ensino, sabe a diferença entre o que é ser

amigo e o que é ser professor, ou seja, conhece as atribuições de ser docente.

No gráfico 8, também mostra a importância da interação professor-aluno. As opções de

resposta “incentivar os alunos a tirarem dúvidas”, obtive 49,49% dos votos, na categoria

importantíssimo.

Gráfico 8 – Respostas para: Sobre a forma particular de aprendizagem do aluno, você acha importante

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

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Estar disposto a tirar dúvidas é o mínimo que a interação entre professor e aluno promove.

Inerente à atividade do docente, é uma atitude bastante valorizada, e talvez precise ser

associada à outra expressão citada: “saber passar”.

A cultura estabelecida pelo professor, deve torná-lo apto a ser o mediador da interação e não

permitir que o debate e a troca de conhecimentos entre os alunos estimulem conversas

paralelas, ou seja, a interação deve fazer parte do planejamento de sua aula e não ser

estimulada de forma aleatória.

A frequência considerável dos alunos que valorizam a interação mostra que eles concordam

com os trabalhos de Chickering e Ganson (1990). Os autores indicam que a aprendizagem é

maior quando há esforço de equipe, mais do que de forma competitiva e isolada, de maneira

que, compartilhar as próprias ideias melhora o pensamento, a produtividade, além de

proporcionar um relacionamento positivo entre os componentes do grupo.

4.3.2 Categoria Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

Esta categoria obteve apenas uma unidade de significação relacionada à interação.

Quadro 18 – Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica – Interação

CATEGORIA SUBCATEGORIA UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO f fR Total

Dom

ina o

ass

un

to,

mas

não a

dota

prá

tica

ped

agógic

a

Inte

ração

A relação da interação e a

aprendizagem

Atrapalha a aprendizagem estimulando conversas

paralelas, fora do foco

13 100 13

TOTAL (de motivos explicitados, e não de alunos) 13 100% 13

Fonte: elaboração própria, com base nos dados da pesquisa

A interação com o outro o ajuda a desenvolver sua identidade e seu sistema de aprendizagem.

A ausência de afeto no relacionamento entre os atores, dessa categoria, acarreta implicações

diretas para o êxito da comunicação verbal e não verbal, trazendo consequências negativas

para a aprendizagem (CHANLAT, 1996; FREIRE, 1987; LEITE, 2012).

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Aqui, não há a participação do aluno no processo, característica fundamental do paradigma

inovador. Não há estímulo à análise nem à reflexão sobre os assuntos ministrados, tão pouco,

interesse em investigar as dificuldades daqueles aos quais se predispõe ensinar.

Nesta categoria, a interação entre professor e aluno não privilegia a aprendizagem, mas sim,

as conversas paralelas. Alguns professores foram apontados como aqueles que estimulam

conversas fora do foco e falam demasiadamente da vida pessoal durante a aula, atrapalhando

o processo.

Todos esses contrapontos fazem questionar: qual é a motivação do professor, nesta categoria?

Dificilmente, um professor com motivação extrínseca para ensinar, incentivará os alunos a

terem motivação intrínseca para aprender, como concordam Pozo (2002) e Guimarães (2004).

O apoio da Instituição, neste momento, como aquela que subsidia o profissional, entre outros

incentivos, capacitando-o em sua formação docente, seria importante para ajudá-lo a enxergar

o problema e buscar soluções.

Enfim, a docência no ensino superior, exige professores com uma visão profissional de ser

docente. Organizar sua aula a partir da elaboração do plano de ensino, dispondo as atividades

de forma sistemática, intencional e flexível, de maneira que seja o responsável pela

organização e direcionamento do processo, dirigindo, acompanhando e avaliando o sistema de

aprendizagem (VEIGA, 1993).

As entrevistas reafirmaram a importância de algumas das sete boas práticas do professor,

propostas por Chickering e Ganson (1990). Aliadas à cultura da sala de aula, representada

pelo comportamento do professor que ama o que faz, e ao controle dos que exigem atenção,

respeito e disciplina, apontam para a importância do professor como líder e apresentam-se

como um caminho para o incentivo à motivação do aluno.

O próximo capítulo apresenta a conclusão da pesquisa, sugestões para trabalhos futuros e

considerações para a Instituição pesquisada.

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5 CONCLUSÃO

Esta pesquisa procurou investigar a importância da prática pedagógica adotada pelo professor,

como incentivo à motivação para o ensino-aprendizagem, na visão dos alunos, em uma

Instituição de Ensino Superior particular.

O ensino superior é um dos motores do desenvolvimento econômico e sua valorização é

apontada pelo quantitativo crescente de alunos inseridos em suas instituições. Por outro lado,

o índice de evasão é muito alto e ocasiona perdas significativas às instituições, sobretudo as

particulares.

Entre as causas para a evasão está a decepção do discente com a falta de motivação e atenção

dos docentes. É possível constatar, através da análise dos depoimentos obtidos, que os alunos

percebem a relevância da prática pedagógica, aqui entendida como um conjunto de ações

administradas pelo professor, representadas pelas atividades diversificadas, expectativa e

interação, como incentivo à motivação para a aprendizagem.

No universo pesquisado, a prática pedagógica associada ao domínio do conteúdo, são

ferramentas importantes para estimular a motivação do discente. Nele, encontram-se, em sua

maioria, alunos que trabalham e estudam, provavelmente, indivíduos que valorizam o pouco

tempo disponível para os estudos, e que estão em busca de uma Instituição de qualidade, que

atenda suas necessidades acadêmicas.

A explanação do assunto pelo professor, aliada à experiências sensoriais diversas como:

apresentação de vídeos, trabalhos práticos, visitas técnicas, etc., apresentam-se como

estímulos para tornar a aula interessante, atrativa, ou ainda, dinâmica, expressão bastante

utilizada.

Dinamicidade, aliás, é característica da cultura de aprendizagem contemporânea. Esta valoriza

a reflexão, a curiosidade, a crítica, o questionamento e a ação, por parte do aluno, induzindo o

professor a buscar uma prática pedagógica mais incentivadora.

Os depoimentos dos alunos que usaram os adjetivos de aula pobre, monótona, notaram

quando os docentes não preparam a aula, quando permaneceram sentados durante todo o

tempo, apenas passando slides, atitudes incoerentes com profissionais de uma instituição que

oferece padrão acadêmico internacional, como foi visto no locus da pesquisa.

O docente da Instituição pesquisada, assim como qualquer profissional competente, deve estar

alinhado à missão e aos valores desta, como: incentivo à compreensão da real função de

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ensinar; trabalho em equipe e comunicação; ajuda aos alunos em suas metas; e busca da

contínua melhoria.

Percebe-se, a partir dos depoimentos dos alunos, que alguns professores não estão em

consonância com a filosofia da Instituição.

Essa percepção pode ser explicada de algumas formas: o docente pode encontrar-se

desmotivado para exercer seu ofício, ou não está conseguindo se adequar a nova cultura, que

vem sendo estabelecida pela empresa atual.

Nesse quesito, a maioria dos alunos parece entender a importância da motivação do professor

em sala de aula, quando associam o bom professor àquele que transmite paixão e amor ao

ensinar.

Também parecem perceber a importância da pedagogia para a atividade do docente.

Conseguir atingir o entendimento do aluno é tão importante quanto dominar o conteúdo

ministrado; a expressão “saber passar”, recorrente em suas falas aproxima-se desse conceito.

Quanto à relação teoria e prática, na pesquisa, foi verificada a necessidade dos alunos em

saber qual a utilidade e valor das atividades para a futura profissão. Nesse aspecto, é

importante o professor ficar atento em transmiti-las, fazendo uma ponte para as atividades dos

futuros profissionais.

Estimular desafios e a curiosidade são outros requisitos valorizados pelos alunos. Aliás, são

requisitos inerentes ao paradigma inovador que privilegia a produção de conhecimentos, ao

invés da repetição de conhecimentos, exigindo do professor esforços para estimular a análise

e a capacidade do aluno em compor e recompor as informações e os dados apreendidos,

instigando-o a reconhecer e refletir sobre a realidade.

Na relação do professor com seus alunos, o respeito às formas diferentes de aprender é

bastante valorizada. As salas heterogêneas, com capacitações, inteligências e experiências

diversas, o professor que se preocupa com o aluno, precisa dar oportunidade para que todos

obtenham chances de sucesso.

Apesar de o feedback ser apontado, no referencial teórico, como uma das sete boas práticas,

os alunos entrevistados não o indicaram como uma das atividades mais importantes; porém,

apontaram a avaliação do professor como ferramenta capaz de incentivar sua motivação para

o estudo, dando a entender que não sabiam a relação existente entre os dois, como elementos

pertencentes ao sistema de avaliação.

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A interação entre professor e aluno, pela frequência em que surgiu, mostra-se fundamental.

Os alunos associam a imagem do bom professor como aquele que interage e se interessa por

eles, mas principalmente, estar disposto a tirar dúvidas aparece como requisito básico, ou seja,

ser grosso e ríspido com o aluno caracteriza incompetência.

Os alunos também entendem a interação como atividade importante em auxiliar o crescimento

pessoal. Auxiliar a respeitar diferenças, aumentar sua autoconfiança, estimular seu senso

crítico, ajuda-lo à criar uma postura profissional, desenvolver a oratória, e tornar a aula mais

dinâmica, são as contribuições da interação entre os alunos.

A dimensão afetiva é marcada pela imagem daquele que se interessa pelo aluno. Impor limites

e saber dominar o grupo são requisitos valorizados, uma vez que o incentivo à troca de

conhecimentos entre os alunos, pode se converter em estimulo à conversas paralelas,

perturbando a aprendizagem, ou seja, a interação deve fazer parte do planejamento, mas é

necessário o controle da sala de aula, representado pelo “pulso firme” do professor.

Acreditar e valorizar o seu potencial, faz da expectativa positiva outra prática importante,

contribuindo para os estudiosos da teoria de que pode-se obter do outro aquilo que se espera

dele. A expectativa do professor influencia a autoconfiança e a motivação do aluno em querer

absorver os conhecimentos transmitidos.

Na visão dos alunos, a expectativa também auxilia a aumentar a autoconfiança do docente,

acontecendo de forma recíproca. Isto quer dizer que, a conduta do professor reflete sobre a

motivação do aluno para o aprendizado e, em contrapartida, a dedicação do aluno estimula a

conduta do professor.

Modelo a ser seguido e fonte de inspiração, são as características citadas pertinentes ao bom

professor.

Como modelo, a motivação que o professor incentiva nos alunos, depende de certa forma, da

motivação que ele tem para ensinar. Apesar de não ter sido citado, logo na primeira pergunta

da entrevista, quase todos os entrevistados concordaram que o docente pode, sim, ser

incentivador da sua motivação.

Finalmente, conclui-se que, no universo pesquisado, a prática pedagógica associada ao

domínio do conteúdo, são importantes para estimular a motivação do aluno.

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Vale ressaltar, entretanto, que o processo de ensino-aprendizagem é um processo amplo, na

medida em que envolve as dimensões sociais, políticas, econômicas, institucionais, não

podendo ser analisado única e exclusivamente no âmbito da sala de aula.

Seu sucesso, porém, também se encontra no comportamento e na ação do professor. Este

precisa enxergar a docência de maneira profissional, colaborando com o raciocínio que,

quando conteúdo e pedagogia estão presentes, seus efeitos se multiplicam.

Nessa questão, seria necessária a intervenção das políticas públicas, no que concerne à

preparação do docente para o magistério superior, incentivando ou tornando obrigatória a

disciplina de didática, não só para os cursos de licenciatura, mas para todos os professores que

almejam ensinar na graduação.

Ser profissional no magistério superior significa estar envolvido no processo, com persistente

trabalho mental, expectativas positivas de êxito e acreditando na importância e valor da tarefa,

atitudes inerentes ao profissional competente, cujo “brilho nos olhos” denuncia a razão e o

prazer por aquilo que faz.

5.1 Recomendações para trabalhos futuros

As entrevistas mostraram que os alunos possuem motivação extrínseca para a aprendizagem.

Como sugestão, para trabalhos futuros, seria interessante verificar, nesta mesma Instituição,

qual a motivação dos professores para ensinar, uma vez que professores com motivações

extrínsecas, dificilmente conseguem incentivar motivações intrínsecas em seus alunos.

Outras sugestões para pesquisas seriam:

- de que maneira a prática pedagógica acontece no processo de ensino-aprendizagem virtual,

como o Ensino a Distância – EAD;

- como se dá sua aplicação em Instituições de Ensino Superior públicas; e

- aprofundar a relação da prática pedagógica ministrada para o aluno da nova cultura da

aprendizagem, que se denomina integrante da geração Y, analisando suas características, seus

valores e crenças, de forma a contribuir com a discussão do processo de ensino-aprendizagem,

na atualidade.

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5.2 Recomendações para a Instituição pesquisada

A evasão, no ensino superior, é uma realidade que requer esforços, tanto da sociedade quanto

das Instituições, uma vez que ocasiona perdas significativas: para o aluno, que perde em

termos econômicos; para a sociedade, cujas vagas ocupadas poderiam ter sido preenchidas por

alunos concluintes; e para as Instituições, sobretudo as particulares, que veem abalada sua

sobrevivência financeira.

Entre as causas para a evasão no Brasil, está a decepção do aluno com a falta de motivação e

atenção dos professores.

Considerando a importância da motivação para as empresas, e tendo em vista a possibilidade

de a mesma possuir alguns professores desmotivados, em seu quadro de funcionários, fica

algumas sugestões:

a motivação nas empresas é um processo de satisfação que ocorre entre funcionários

que possuem diferentes necessidades e expectativas, por isso, seria interessante

verificar quais os programas de incentivo a Instituição tem oferecido para seus

professores;

analisar como tem sido a transição da gestão anterior para a gestão da nova empresa,

na visão dos professores;

verificar o clima proveniente desta mudança, e se o mesmo aponta para a possível

desmotivação destes;

continuar incentivando a capacitação do professor, como profissional de ensino, uma

vez que se percebeu que a didática, no ensino superior, é fundamental para uma

prática pedagógica eficiente.

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APÊNDICE A – Questionário Surveymonkey

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APÊNDICE B – Roteiro da entrevista feita com os alunos

1º.) Perguntas relacionadas às metas do aluno e a sua motivação:

PAUTA RESPOSTAS

Para que/Por que você estuda?

O que incentiva sua motivação para

estudar?

2º.) Pergunta relacionada à figura do professor e sua associação com a motivação do aluno:

PAUTA RESPOSTAS

O professor consegue incentivar sua

motivação?

3º.) Caso a resposta à terceira pergunta fosse positiva, era apresentada ao aluno uma relação

baseada nas 7 boas práticas propostas por Chickering e Gamson (1999), para que ele

escolhesse livremente quantas questões (uma, algumas ou todas), eram importantes, na sua

visão:

Qual/quais alternativas da prática pedagógica abaixo incentiva sua motivação? f

a) Quando as aulas são dinâmicas (expositivas + trabalho em grupo + visita técnica

+ seminário)

b) Quando o professor faz atividades práticas relacionadas à minha futura profissão

c) Quando o professor me dá conselhos sobre minha futura vida profissional

d) Quando o professor incentiva a mim e a meus colegas a compartilharmos

informações, experiências, fazermos trabalhos em grupo, etc.

e) Quando o professor corrige os trabalhos e as provas e nos dá o retorno imediato

f) Quando ele acredita no meu potencial

g) Quando ele exige atenção, respeito e disciplina dos alunos

h) Quando eu percebo que o professor ama o que faz

i) Quando o professor sabe passar o assunto

J) Outros:

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APÊNDICE C – Gráficos das características dos respondentes – Surveymonkey

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101

APÊNDICE D – Depoimentos dos alunos por unidade de significação

APRENDIZAGEM ATIVA

Primeira categoria: Domina o assunto e adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A relação do professor com suas

atividades

Suas aulas são dinâmicas

[...] o professor que é dinâmico, não fica na

rotina de aula. A23/13ª.P

[...] criar um dinamismo para as aulas e criar

novos meios de lecionar o assunto para que

isso saia do convencional e crie o desejo de estudar no aluno.

A68/13ª. P

[...] repassar o conteúdo de forma dinâmica e

menos exaustiva para que a apreensão do

conteúdo seja mais facilitada, motivando o aprofundamento da matéria.

A183/13ª.P

“Sabe passar”

Um bom professor tem que saber passar o

seu conhecimento levando esse conteúdo

para a realidade do seu aluno.

A8/12ª.P

[...] a vontade e dedicação dele de ajudar e

saber passar os conteúdos da melhor forma

possível [...]

A122/13ª.P

Ter domínio do assunto e saber repassar para o aluno em sala de aula.

A271/12ª.P

Transmite o valor

das atividades para a futura

profissão

Os exemplos citados em sala de aula, assim

como atividades relacionadas à nova profissão.

A17/13ª.P

[...] incentivos em sala de aula; Comparações

da teoria da em sala com a realidade do

mercado de trabalho.

A75/13ª.P

[...] extrair o conteúdo mais importante e

relevante para a aplicabilidade na carreira

profissional do aluno [...]

A162/12ª.P

Domina o assunto

da disciplina

Mostrar que domina o assunto, conseguir me fazer entender e mostrar que se importa com

o meu aprendizado.

A29/13ª.P

[...] aquele que prepara a aula a ser dada e domina o assunto em tela [...]

A198/12ª.P

É ser um professor que domina o assunto. A206/12ª.P

Sabe avaliar o aluno

É saber que prova não é a única forma de

avaliar um bom estudante. A99/12ª.P

Dar um retorno rápido quanto avaliações e com anotações.

A212/12ª.P

[...] sabe avaliar o aluno com base no

conteúdo que foi ministrado [...] A226/12ª.P

Tem didática

Um bom professor é aquele profissional que se possui uma ótima didática, que procura

não somente falar e falar, mas, sim, recorrer a

diferentes maneiras, dinâmicas e atrativas de transmitir o conteúdo.

A5/12ª.P

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102

[...] ter domínio do conteúdo, uma boa

didática de ensino, interagir com TODA a

turma e dar tratamento igualitário aos alunos

[...]

A46/12ª.P

Possuir boa didática e domínio do assunto. A148/12ª.P

A relação do professor com seus

alunos

Está à disposição

[...] que converse com seus alunos dando

conselhos, apoiando, incentivando, que se

mostre a disposição para ajudar, que esteja disposto a tirar dúvidas [...]

A2/12ª.P

[...] quando o mesmo encontra-se a

disposição para maiores esclarecimentos [...] A199/13ª.P

[...] é se preocupar com a evolução dos alunos, é buscar ajudá-los em suas

dificuldades de aprendizagem e estar sempre

a disposição, referente ao que for passado em sala de aula...

A122/12ª.P

Modelo a ser

seguido;

inspiração

[...] porque o professor é um modelo de

profissional para nós alunos [...] A62/14ª.P

[...] quando expõem situações de dificuldades que passaram e ainda assim alcançaram suas

metas [...]

A116/14ª.P

[...] quando o professor dá dicas de estudo,

quando eles falam tudo que passaram para estarem aonde estão. Isso serve de incentivos

para os alunos que tem uma vida difícil.

A154/13ª.P

Sabe ser amigo do

aluno

[...] um bom professor é aquele que independente de tudo é amigo, sincero e

humilde, capaz de observar e elogiar os feitos

dos seus alunos [...]

A20/12ª.P

[...] ser amigo, compartilhar os conhecimentos e experiência [...]

A204/12ª.P

[...] sendo nosso amigo, dá mais vontade de

estudar. A284/13ª.P

Estimula desafios;

curiosidade.

[...] criando curiosidades sobre o tema e valorizando o meu potencial [...]

A50/12ª.P

[...] aquele que estimula, incentiva e encoraja

os alunos. A196/12ª.P

[...] estipular propostas onde me sinta desafiada.

A349/13ª.P

Respeita as

formas diferentes

de aprender

[...] quando ele usa a prova como fonte de

pesquisa. Deixando o aluno livre para pesquisar e refletir sobre suas respostas.

A8/13ª.P

[...] aquele professor que busca ajudar os

alunos em meio as dificuldades, trazendo

diversas maneiras de resolver o problema.

A251/13ª.P

[...] quando o professor me permite ser

criativo e me dar varias possibilidades de

realizar as atividades.

A257/13ª.P

Pulso firme; sabe impor regras

[...] um professor seguro (pulso firme), atencioso, criativo (daqueles que conseguem

fazer de uma aula "chata" uma boa aula).

A177/12ª.P

[...] domínio da matéria; controle da turma,

pulso firme; ser apaixonado pelo que faz. A274/13ª.P

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103

[...] ser professor é também ser amigo e saber

impor limites... A314/12ª.P

Dá feedback aos

alunos

[...] quando ele passa atividades e tira nossas

dúvidas na hora, não acumula exercícios sem corrigir e torna o assunto interessante.

A37/13ª.P

[...] quando é discutido em sala de aula sobre

o assunto e dado feedback a cada colocação. A48/13ª.P

Dar feedback sobre meus trabalhos A261/13ª.P

A relação do professor com sua

profissão

Ama o que faz;

brilho nos olhos

Demonstrar amor pelo que faz. A45/12ª.P

Quando vejo o brilho nos olhos do professor

ao tratar de um assunto, isso me motiva

muito.

A61/13.AP

Um bom professor é aquele que acima de

tudo ama o que faz e deixa transparecer. A120/12ª.P

Dá aula com entusiasmo;

Gosta do que faz

[...] o entusiasmo com que ele ministra suas

aulas seria um ponto importante [...] A30/13ª.P

[...] a segurança ao falar, o entusiasmo e o

amor do professor ao dar sua aula [...] A176/13ª.P

Primeiramente, gostar do que faz, da

profissão que escolheu para si. Gostar de ensinar outras pessoas, passar adiante o seu

conhecimento.

A330/12ª.p

Segunda categoria: Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A relação do

professor com seus alunos

Grosso, ríspido,

mal educado.

[...] ele era mal educado, grosseiro e não

gostava de ensinar a disciplina [...] A142/17ª.P

[...] foi grosso, arrogante e tinha a tendência de botar a turma para baixo em relação ao

futuro profissional.

A171/17ª.P

[...] me marcou negativamente pela sua

ignorância para com os alunos, mal humorado e grosso.

A285/17ª.P

Não se interessa

se o aluno está aprendendo

[...] não demonstrando interesse ao nosso

aprendizado [...] A48/17ª.P

[...] profissionais que não se preocupam como os alunos estão assimilando o

conteúdo.

A149/17ª.P

[...] os mesmos não se interessam em saber se

os alunos estão compreendendo o que esta sendo "explicado".

A170/17ª.P

Não gosta de tirar

dúvidas

[...] ele não tirava as minhas dúvidas, e

parecia não gostar quando eu fazia perguntas a ele.

A134/17ª.P

[...] antipatia e uma má vontade de tirar

dúvidas... A181/17ª.P

[...] não tinham paciência para tirar as dúvidas [inclusive quando era necessário

explicar mais de uma vez] [...]

A329/17ª.P

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104

Impõe-se pelo poder

[...] arrogante e se colocando num patamar

superior, onde, segundo ele, nenhum dos

alunos em tal turma iria conseguir chegar.

A225/17ª.P

[...] se impõem através da relação de PODER (aluno x professor) sua autoridade em sala de

aula, dificultando a aprendizagem e o

interesse por aquela disciplina.

A236/17ª.P

[...] apesar de dominarem o assunto usam isso para se mostrarem em um pedestal como

se tivessem prazer em mostrar que o aluno

assume uma posição inferior cognitivamente.

A323/17ª.P

Avaliação injusta,

cobra mais do que

ensina

[...] cobraram coisas que não deram em sala

de aula. A20/17ª.P

[...] a cobrança é pelo o que ele sabe e não

pelo o que ensinou. A129/17ª.P

[...] não conseguem transmitir

adequadamente o conteúdo e ainda cobrar

como se eles tivessem conseguido passar

eficazmente as matérias.

A138/17ª.P

A relação do

professor com suas

atividades

Muito inteligente,

mas não “sabe

passar” o

conteúdo.

[...] um mestre em física , ele sabia muuuuito

, entendia muito mas sua didática era péssima

, ou seja ele sabia apenas pra si próprio.

A30/17ª.P

[...] era muito inteligente, mas não sabia passar com clareza.

A140/17ª.P

[...] muitos tinham conhecimento, mas não

conseguiam transmitir o assunto [...] A201/17ª.P

Não tem didática

[...] sua didática era péssima , ou seja ele sabia apenas pra si próprio [...]

A30/17ª.P

[...] não demonstrando interesse ao nosso

aprendizado, pela forma de didática de ensino, pelo não comprometimento as aulas

[...]

A48/17ª.P

[...] ausência de conhecimento didático .

Sabia muito mas não sabia expor suas ideias [...]

A274/17ª.P

A relação do

professor com sua

profissão

Não gosta de ensinar

[...] acho que ele não gostava de dar aula, ele

pensava que todos já sabiam o assunto. A32/17ª.P

[...] dava a impressão de não gostar do que estava ensinando [...]

A134/17ª.P

[...] pelo desprazer de dar aulas e pelo prazer

de complicar e prejudicar os alunos. A154/17ª.P

Terceira categoria: Não domina o assunto e não adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

Não domina o

conteúdo, o

assunto

[...] não dominava o assunto que ''ensinava''

[...] A27/17ª.P

[...] professores que não tiram dúvidas, que

não dominam o assunto [...] A175/17ª.P

[...] é facilmente possível perceber que ele

não domina o assunto [...] A209/17ª.P

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105

A relação do

professor com suas

atividades

Aula monótona

[...] eram aulas cansativas, monótonas, o

professor não fazia nada para prender a

atenção do aluno [...]

A115/17ª.P

[...] aquele professor que dá um aula monótona e cansativa [...]

A266/17ª.P

Ele simplesmente lia os slides e apenas ele

falava, assim a aula fica monótona e

cansativa.

A283/17ª.P

Aula pobre, não

prepara a aula

[...] simplesmente cumpriam o papel do

professor de mentira: escrever e falar

pobremente, tudo dentro do limite, tudo dentro do mínimo.

A19/17ª.P

[...] claramente não preparava sua aula. A34/17ª.P

[...] não se preparavam para explicar a aula,

vinham para a sala, enrolavam com palavras bonitas por meia hora mas já tinha falado o

mesmo na aula passada [...]

A118/17ª.P

Não sabe avaliar o aluno

[...] nem souberam avaliar, o ato de avaliar é

de extrema importância, não adianta pegar questões da internet e jogar para os alunos

sem estas terem conexões com o que foi

ministrado!

A226/17ª.P

[...] ele ensina A e cobra C+D na prova e manda todo mundo pra final. Na hora de

resolver o cálculo, nem ele consegue fazer no

quadro [...]

A227/17ª.P

[...] demonstraram falta de segurança para

lecionar e para pontuar o método de

avaliação [...]

A243/17ª.P

Só sabe ler slides

[...] aquele está lá apenas para falar do conteúdo, sem se importar com o

atendimento, aquele que foi "leitor de slides".

A49/17ª.P

[...] quando ele só ler slides a aula toda. Sem

dialogar, questionar... etc. A109/17ª.P

[...] ele certamente fez mestrado em leitura de

slide!!! A303/17ª.P

Não “sabe passar”

o conteúdo

[...] sabiam muito [...] mas não sabiam

repassar [...] A33/17ª.P

[...] não sabendo passar o conteúdo para

turma [...] A60/17ª.P

[...] não sabia dar o conteúdo, não sabia passar seu conhecimento pro aluno.

A343/17ª.P

Não tem didática

Não dominava o assunto que ''ensinava'', só

dava aula pra quem ''já sabia''. Não tinha

didática.

A27/17ª.P

[...] pouco domínio da disciplina e falta de

didática [...] A67/17ª.P

[...] não tinha didática de ensino, não sabia

passar as informações do material que estava sendo exposto.

A182/17ª.P

A relação do

professor com seus

alunos

Grosso, ríspido,

mal educado

[...] diminuiu o meu esforço, diminuiu

minhas habilidades, foi grosso, arrogante e

tinha a tendência de botar a turma para baixo em relação ao futuro profissional.

A171/17ª.P

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106

Professor hostil. Quando perguntamos

alguma coisa, é grosso, pedante. O assunto

por ele ministrado é facilmente possível

perceber que ele não domina o assunto.

A209/17ª.P

[...] ignorância para com os alunos, mal

humorado e grosso. A285/17ª.P

Não se preocupa

com o aluno

Pouco prestativo, que tinha um conhecimento

superficial da matéria esplanada, pouco preocupado com o esforço e desempenho da

aluno.

A84/17ª.P

[...] não se preocupam como os alunos estão assimilando o conteúdo [...]

A149/17ª.P

[...] os mesmos não se interessam em saber se

os alunos estão compreendendo o que esta

sendo "explicado" [...]

A170/17ª.P

Não gosta de tirar dúvidas

[...] ele não tirava as minhas dúvidas, e

parecia não gostar quando eu fazia perguntas

a ele.

A134/17ª.P

[...] não tinha o mínimo de interesse em ajudar os alunos, faltava, não tinha paciência

de responder as dúvidas [...]

A259/17ª.P

Sendo uma pessoa não aberta a dúvidas e

questionamentos [...] A266/17ª.P

A relação do

professor com sua profissão

Não tem amor à

profissão

[...] falta de conhecimento da disciplina e

amor à profissão [...] A96/17ª.P

Acredito que pra ser professor precisa ter

dom, paixão, mas infelizmente não são todos que tem.

A216/17ª.P

[...] não mostravam a paixão por ensinar e

formar boas pessoas e profissionais [...] A329/17ª.P

Faltam às aulas

[...] inclusive aqueles que faltavam, e não

tinha conteúdo nenhum [...] A91/17ª.P

Que faltam muitas aulas e acabam correndo

com os assuntos para dar conta da programação.

A184/17ª.P

Que se atrasava demais. Que "sumia"[...] A275/17ª.P

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EXPECTATIVA

Primeira categoria: Domina o assunto e adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A expectativa

como incentivo a

adquirir algo

Auxilia o

aprimoramento

[...] é um estimulo à continuar a progredir e

buscar aprimoramento [...] A1/14ª.P

[...] é fundamental, pois o aluno precisa

acreditar que terá sucesso no seu aprendizado...

A69/14ª.P

Porque acaba sendo um estímulo ao aluno em

querer buscar ainda mais o aprendizado. A170/14ª.P

Incentiva a motivação

[...] dessa forma me sinto mais motivada a continuar estudando [...]

A51/14ª.P

Porque quando sabemos que um professor

acredita em nós, temos a expectativa de que

outros também acreditarão em nós, estimulando assim nossa motivação.

A77/14ª.P

Acredito que o aluno em sua fase acadêmica

necessita de motivação e para tanto é preciso que professor esteja sempre apostando na

capacidade do aluno.

A242/14ª.P

Estimula a

aprendizagem

[...] ele mostrando credibilidade no Educando

além de estimular o crescimento, estimula ainda a vontade de se superar ainda mais.

A12/14ª.P

Porque estimula o aprendizado do aluno. A135/14ª.P [...] isso estimula ainda mais o aluno que está

desejando esse ramo de trabalho, motivação é pessoal de cada um, mas o estimulo positivo

é sempre importante [...]

A349/14ª.P

Incentiva a

realização de

metas

[...] a opinião positiva de um profissional que

entende da área que o aluno deseja se formar é muito incentivadora para que o aluno foque

no sonho que ele deseja alcançar.

A5/14ª.P

[...] incentivar e acreditar em alguém pode ser a mola propulsora do sucesso.

A168/14ª.P

[...] alguns professores da instituição se

tornam mais que professores e sim

orientadores no meu caminho em busca do êxito nos objetivos.

A297/14ª.P

A relação da expectativa com o

autoconceito

Aumenta a autoconfiança do

aluno

[...] mesmo que eu não mostre que não tenho

domínio sobre o assunto que ele me encoraje

dizendo que eu consigo domina-lo.

A37/14ª.P

[...], pois o ser humano tem uma necessidade

de afirmação do próximo; logo, é importante

que o responsável da aula lhe ajude neste ponto.

A112/14ª.P

[...] porque nos deixa mais confiantes e de

maneira intrínseca nos motiva a fazer sempre

o melhor para não decepcioná-lo.

A190/14ª.P

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108

Reconhe; valoriza

o esforço do aluno

[...] porque se ele é a nossa referencia e é

quem nos ensina, nós nos sentimos realizados

com o reconhecimento dos nossos trabalhos.

A20/14ª.P

[...] aquele que valoriza o que o aluno aprendeu em detrimento do que não foi

aprendido. Esforça-se para que o aluno

chegue ao máximo de sua capacidade sem desvaloriza-lo

A/12ª.P

Sim. Ninguém quer se sentir inferior ou

incapaz por ser desacreditado. A301/14ª.P

Via de mão dupla:

aumenta a

autoconfiança do professor

Um professor que não acredita no potencial de seu aluno, não deve nem mesmo acreditar

no seu próprio.

A19/14ª.P

[...] além dele demonstrar que acredita no

potencial do aluno, ao mesmo tempo incentiva o estudante à seguir firme nos

estudos, é acreditar em si próprio.

A92/14ª.P

[...] ele deve acreditar no futuro profissional

que está ajudando a formar... é diretamente proporcional a acreditar em seu trabalho

como educador.

A229/14ª.P

Aumenta a

autoestima do aluno

[...] porque a autoestima do aluno é fundamental para que ele possa alcançar

resultados satisfatórios.

A23/14ª.P

[...] a informação trocada entre o professor e

o aluno é muito gratificante possibilitando maior ênfase na sua autoestima, no que

valoriza o seu potencial que está reprimido

aguardando apenas aquele empurrão para alavancar a sua energia.

A159/14ª.P

É sempre muito bom ser incentivado, um

alguém que levante nossa autoestima e nos

estimule a sermos melhores...

A177/14ª.P

A expectativa e a

imagem do

professor modelo

É importante a

expectativa de

alguém mais experiente,

mestre, fonte de

inspiração

[...] ele está acima de nós no quesito

experiência, profissão, trabalho... e acreditar

no nosso potencial para mim significa me

incentivar

A36/14ª.P

[...] para mim o professor é um exemplo a ser

seguido [...] A121/14ª.P

[...] passa confiança quando essa pessoa, tão

admirada, diz que nós também podemos. A172/14ª.P

A expectativa não

é importante

Eu acredito em mim; isso não

depende de outra

pessoa

Eu é que tenho que acreditar em mim A89/14ª.P Indiferente, quem deve acreditar em mim sou

eu mesmo. A147/14ª.P

Cada uma tem que ter a noção do que é capaz.

A255/14ª.P

Segunda categoria: Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A expectativa como incentivo a

adquirir algo

Desestimula a

aprendizagem

[...] chegava a comparar os alunos, que não conseguiam aprender o assunto, com

animais.

A68/17ª.P

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109

[...] e tinha a tendência de botar a turma para

baixo em relação ao futuro profissional. A171/17ª.P

Ele não soube reconhecer o meu esforço, me

colocou para baixo, não me incentivou, não enxergava nenhum avanço meu [...]

desvalorizando o meu conhecimento e

aprendizado.

A196/17ª.P

O aluno fica

desmotivado

[...] se não passa essa credibilidade junto a nós, nós nos desmotivaremos no decorrer do

curso.

A44/14ª.P

[...] pois se ele entra na sala e já olha com ar de desprezo ninguém vai gostar dele e irá

desmotivar a aula.

A54/14ª.P

Ter um professor que não acredita no

potencial do aluno pode muitas vezes desmotivar.

A129/14ª.P

A relação da

expectativa com o

autoconceito

Faz o aluno se

sentir humilhado

[...] me humilhou na frente de todos... A111/17ª.P [...]soube diminuir os alunos nos chamando

de incompetentes... A146/17ª.P

[...] diminuiu o meu esforço, diminuiu

minhas habilidades... A171/17ª.P

Ameaça reprovar

o aluno

[...] assustava os alunos desde a primeira aula

deixando claro que ficava feliz quando o número de reprovações era alto...

A127/17ª.P

[...] deixando o aluno sentindo que não ia

conseguir passar na matéria... A/18317ª.P

[...] ele fica feliz por boa parte da sala ter tirado nota baixa, acreditando ele que é o

melhor professor por que quase ninguém,

consegue passar nele...

A240/17ª.P

Não reconhece o esforço do aluno

[...] mesmo quando o processo do trabalho

estava certo, diminuiu o meu esforço,

diminuiu minhas habilidades [...]

A171/17ª.P

Ele não soube reconhecer o meu esforço, me colocou para baixo, não me incentivou, não

enxergava nenhum avanço meu [...]

A196/17ª.P

[...] dando mais atenção a alunos mais

aplicados... A230/17ª.P

Não dá atenção a

todos

[...] estava no local apenas por obrigação e

não dava atenção aos alunos [...] A6/17ª.P

[...] só dar atenção aos que tem menos

dificuldade [...] A72/17ª.P

[...] dando mais atenção a alunos mais

aplicados. A230/17ª.P

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110

INTERAÇÃO

Primeira categoria: Domina o assunto e adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A relação da

interação e a

aprendizagem

Compartilhar pontos de vista

para adquirir

novas ideias

[...] faz com que o aluno apreenda pontos de

vistas diferentes, tanto para absorver e

melhorar os seus, quanto para ter uma

posição critica aos diferentes dos seus.

A116/15ª.P

[...] às vezes mudamos de ideia quando

entendemos que o entendimento de outra

pessoa é mais coerente.

A217/15ª.P

Às vezes pontos de vista diferentes fazem surgir novas ideias e respostas a algumas

questões!

A336/15ª.P

O debate gera

novos

conhecimentos

O debate gera mais conhecimentos, troca de experiências que acabam por enriquecer a

formação acadêmica e pessoal do indivíduo.

A1/15ª.P

Para gerar um debate e haver uma troca de

conhecimento, com isso todos aprendem. A150/15ª.P

[...], pois através do debate o conteúdo fica

mais aprofundado [...] A186/15ª.P

A participação do

aluno torna a aula

mais dinâmica

[...] o compartilhamento de experiências

enriquece o conhecimento e faz a aula ficar mais interativa, mas animada [...]

A212/15ª.P

[...] nada mais chato do que uma aula onde

apenas o professor fala. Os debates em sala

de aula fazem com quem os temas fixem muito mais fácil em nossa memória.

A237/15ª.P

[...] dá mais dinâmica a aula, casos que

podem ser utilizados como um bom exemplo para ilustrar a aula dada [...]

A285/15ª.P

Interação entre

professor e aluno

O bom professor

interage com seus alunos;

[...] interagir com TODA a turma e dar

tratamento igualitário aos alunos [...] A46/12ª.P

[...] as aulas tem que ser professor aluno, um interagindo com o outro deixa a aula mais

presa ao aluno, prende mais a atenção.

A291/15ª.P

Professor que ensina, faz aulas práticas,

interage com o aluno, incentiva o aluno, torna a aula dinâmica.

A344/12ª.P

Disposto a tirar dúvidas dos

alunos

[...] que se mostre a disposição para ajudar,

que esteja disposto a tirar dúvidas [...] A2/12ª.P

[...] disposto a ajudar e tirar dúvidas, não discriminando ninguém.

A196/12ª.P

[...] ajuda a resolver seus conflitos e dúvidas

em sala de aula, o que interage com os alunos...

A314/12ª.P

A relação da

interação e o

crescimento

Ensina a respeitar as diferenças

[...] outros pontos de vista nos permitem

compreender, lidar e respeitar as diferenças,

ainda que não concordemos com elas.

A19/15ª.P

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111

pessoal [...] no mundo há diversos pontos de vista

diferentes e temos que aprender a conviver

com as diferenças.

A96/15ª.P

Quando nós exercitamos essa legítima forma de se socializar, democratizar os nossos

pontos de vistas, nós estamos dizendo não a

intolerância, não a exclusão, não a subjugação e não a muitas outras mazelas do

mundo de "competições"...

A287/15ª.P

Aumenta a

autoconfiança do

aluno; à defender

seu ponto de vista

... estimula a auto confiança A84/15ª.P

...o aprendizado é melhor, pois o aluno passar a saber algo que não sabia a partir de um

debate, por exemplo, além do aluno se sentir

bem e mais confiante.

A92/15ª.P

...é importante o estímulo da capacidade crítica dos alunos...

para defender ideias e criticar

A145/15ª.P

Estimula o senso crítico

... induz ao desenvolvimento do senso crítico

de cada aluno, a cada um ouvir e aprender com o outro.

A5/15ª.P

Pois assim o aluno vai melhorar seu senso

crítico para o mundo. A27/15ª.P

Estimular que se compartilhe significa estimular que sejamos mais críticos.

A166/15ª.P

Não funciona Atrapalha a aula;

não concordo

Entre os alunos interessados isso pode

parecer interessante. Mas os alunos desinteressados iam transformar a ideia em

bagunça.

A111/15ª.P

Pra mim a aula fica dispersa e outros

assuntos acabam surgindo, nos fazendo perder o foco da aula.

A148/15ª.P

...nunca quando o professor não consegue

manter o controle e acaba virando um debate

de pessoas particulares...

A/15ª.P

A relação da

interação e o futuro profissional

Ajuda a criar

postura

profissional

...ajuda também a criar uma postura

profissional de posicionamento. A12/15ª.P

Pensamentos compartilhados sempre são

produtivos para uma vida profissional. A81/15ª.P

...para fortalecer o discurso que você terá na

sua profissão. A185/15ª.P

Desenvolve a oratória

...para que possa explorar a capacidade de oratória entre os alunos.

A109/15ª.P

...vai estimular ao aluno tímido o hábito de

dialogar e expor suas opiniões... A120/15ª.P

É uma forma de o aluno melhorar sua forma de expressar perante o grupo, possibilitando

melhorar sua performance....

A275/15ª.P

Segunda categoria: Domina o assunto, mas não adota prática pedagógica

SUBCATEGORIAS UNIDADES DE

SIGNIFICAÇÃO Depoimentos

Aluno/

Pergunta

A relação da

interação e a Atrapalha a ...sem controle da turma, incentivando

conversas paralelas e fora do foco... A212/17ª.P

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112

aprendizagem aprendizagem

estimulando

conversas

paralelas, fora do foco

...ele passava boa parte da aula conversando,

usando palavras inadequadas, estimulando

algazarras...

A261/17ª.P

...quando o professor não consegue manter o controle e acaba virando um debate de

pessoas particulares...

A280/15ª.P