Formação IPv6 - Maputo Encaminhamento Maputo 28 de Agosto de 2008 Carlos Friaças e Pedro Lorga.
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FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
CURSO: Licenciatura em Educação Ambiental
Monografia
Análise das Práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo Conselho Municipal da
Cidade de Maputo no âmbito da requalificação urbana: Caso do Bairro Chamanculo “C”
Equivaldo de Matos Ernesto Francisco
Maputo, Agosto de 2017
Análise das Práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo Conselho Municipal da
Cidade de Maputo no âmbito da requalificação urbana: Caso do Bairro Chamanculo “C”
Monografia apresentada ao Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
como requisito final para a obtenção do grau de Licenciatura em Educação Ambiental.
Equivaldo de Matos Ernesto Francisco
Supervisor: Prof dr. Aguiar Baquete
Maputo, Agosto 2017
i
Declaração da Originalidade
Esta monografia foi julgada suficiente como um dos requisitos para a obtenção do grau de
Licenciado em Educação Ambiental, aprovada na sua forma final pelo curso de Licenciatura em
Educação Ambiental, Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática da
Faculdade de Educação da Universidade Eduardo Mondlane.
Prof dr. Aguiar Baquete
(Director do curso de Educação Ambiental)
O presidente do Júri O examinador O Supervisor
ii
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelo dom da vida e aos meus pais Sr. Ernesto Francisco e a Dona Adélia
Miguel pelo apoio moral, financeiro e afectivo dado durante a minha formação e por acreditarem
na minha capacidade, depositando seus votos de confiança para minha realização como
Educador Ambiental, pois sem o apoio destes a minha formação não passaria de um mero
sonho. Nesta senda, quero também de endereçar meus agradecimentos aos meus irmãos, em
especial ao mano Fidel que neste processo todo exerceu o papel de pai, investindo parte do seu
honesto e árduo trabalho no garante de condições mínimas e necessárias para a minha
sobrevivência enquanto formando de Educação ambiental na Cidade de Maputo e, por isso,
considero-o um segundo pai para mim.
Agradecimentos são também extensivos, especialmente, às famílias Benzane, Macamo e Macave,
que de forma recorrente e humilde estiveram sempre presentes em momentos bons e
principalmente difíceis da minha formação, oferecendo-me apoio material e afectivo necessário,
sem me esquecer da família Madau em representação dos Srs. Enísio Agostinho Lucas e Júlia
Maurana que também fizeram parte deste momento, tendo igualmente me apoiado de diversas
maneiras neste percurso de pouco mais de quatro (4) anos.
Agradeço igualmente aos meus docentes e colegas da turma, com os quais travei esta batalha
durante quatro (4) anos de trabalho árduo correspondentes ao tempo de formação, em que
alguns deixaram de fazer parte do “batalhão” por várias razões, tendo continuado com os que
persistiram até esta parte.
Ao meu supervisor Prof. dr. Aguiar Baquete e ao meu oponente Prof. dr. Francisco Januário,
agradeço pelo tempo concedido, pela dedicação, pelas observações feitas e pelas dicas dadas no
âmbito da supervisão e correcção deste trabalho, respectivamente. Pois a sua ajuda serviu de
alicerce essencial para melhorar e trazer maior consistência e robustez ao trabalho.
Por fim gostava de agradecer a DMPUA, em nome do sr. Chilaúle e da Sra. Cabrita, sem me
esquecer dos parceiros do CMCM que se mostraram sempre disponíveis e cooperativos durante
o processo de recolha de dados, tendo deste modo, fornecido informações necessárias para
materialização deste estudo.
Em suma, quero desta vez, sem citar nomes, agradecer a todos os que directa ou indirectamente
estiveram presentes e contribuíram positivamente para minha formação. O meu “nhi bonguidhe”
pelo apoio e que Deus os retribua em dobro tudo quanto fizeram por mim, sem me importar
com as grandezas desses actos.
iii
Dedicatória
Dedico, em especial este trabalho:
Ao meu amado e prestigiado pai, Ernesto Francisco e a minha encantadora mãe, Adélia Miguel,
como resultado do seu investimento em mim, como forma de dizer-lhes “valeu a pena acreditar
e investir na minha formação” e também como forma de dignificar o seu empenho.
A dedicatória é extensiva aos meus irmãos Nilsa, Fidel, Ualter, Lulú e Mana Inocência. Aos meus
primos Tó, Jerry, Ticha, Neusa, Pai, Agostinho, Armela e Sarifa em memória; e aos meus tios
António Francisco Maurana, Enísio e Júlia, por ser esta, a família que pedi a Deus e que fez parte
da minha infância e me tornou um homem com princípios e valores morais, através de
recorrentes chamadas de atenção.
A minha honrada colega, Delmira Casimiro Mapsanganhe e sua família (Tia Olga, Tia Idalina,
Tio Julinho, Tia Ducha, Nelza Techa, Keila, Medinho e Leila) pelo apoio a todos níveis com
destaque para os níveis afectivo e material que deram-me e, especialmente pelos puxões de
orelha para me chamar a razão sempre que fosse necessário.
Aos meus amigos, Vit, Sérgio, Lopes, Germana, Salvador, Pedro, Rúben, Ediovino, Horácio e
Donaldo, com os quais convivi e aprendi muito nesta estrada da vida.
iv
Declaração de Honra
Declaro por minha honra que esta monografia nunca foi apresentada para a obtenção de
qualquer grau académico e que a mesma constitui o resultado do meu labor individual, estando
indicadas ao longo do texto e nas referências bibliográficas todas as fontes utilizadas.
Equivaldo de Matos Ernesto Francisco
v
Índice
Declaração da Originalidade........................................................................................................................i
Agradecimentos ........................................................................................................................................... ii
Dedicatória .................................................................................................................................................. iii
Declaração de Honra ................................................................................................................................. iv
Lista de imagens e tabelas ........................................................................................................................ vii
Lista de Siglas e Acrónimos .................................................................................................................... viii
Resumo ........................................................................................................................................................ ix
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 1
1.1. Introdução ........................................................................................................................................ 1
1.2. Formulação do Problema ............................................................................................................... 3
1.3. Objectivos......................................................................................................................................... 4
1.4. Perguntas de Pesquisa ..................................................................................................................... 4
1.5. Justificativa ....................................................................................................................................... 5
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 6
2.1. Definição e discussão de conceitos básicos ................................................................................. 6
2.2. Contexto histórico da urbanização da Cidade de Maputo, no período pós-independência 8
2.3. Práticas de Educação Ambiental desenvolvidas no âmbito da Requalificação Urbana. ..... 10
2.4. Requalificação urbana vs Comportamento Humano ............................................................... 11
2.5. Procedimentos da requalificação urbana utilizados pelo CMCM .......................................... 12
2.6. Relação entre Requalificação Urbana e Educação Ambiental ................................................ 13
2.7. Principais lições aprendidas na revisão da literatura................................................................. 14
CAPÍTULO III: METODOLOGIA .................................................................................................... 15
3.1. Descrição do local do estudo ....................................................................................................... 15
3.2. Abordagem metodológica ............................................................................................................ 16
3.3. Amostragem ................................................................................................................................... 16
3.4. Instrumentos de recolha de dados .............................................................................................. 17
vi
3.4.1. Técnica de Análise de dados ................................................................................................. 18
3.5. Questões Éticas ............................................................................................................................. 20
3.6. Limitações do estudo .................................................................................................................... 20
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ............................. 21
4.2. Práticas de EA desenvolvidas pelo CMCM e parceiros no âmbito da requalificação do
Bairro de Chamanculo “C” ................................................................................................................. 23
4.2.1. Campanha de sensibilização e consciencialização ambiental, porta a porta. ................. 24
4.2.2. Jornadas de limpeza das ruas e vala de drenagem ............................................................. 27
4.2.3. Mobilização da comunidade para limpeza de ruas e valas ............................................... 29
4.2.4. Educação Ambiental nas Escolas ........................................................................................ 30
4.2.5. Formação de núcleos de EA ao nível do bairro ................................................................ 31
4.3. Papel de cada interveniente no âmbito requalificação do Bairro de Chamanculo “C” ....... 31
4.3.1. Papel do Conselho Municipal da Cidade de Maputo – DMPUA ................................... 31
4.3.2. Papel dos parceiros do CMCM ............................................................................................ 32
4.4. Papel da EA para a manutenção das infra-estruturas urbanas previstas e disponibilizadas
no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C” .......................................................... 32
4.5. Impacto da EA desenvolvida pelo CMCM em coordenação com os seus parceiros no
âmbito da requalificação do bairro de Chamanculo “C” ................................................................ 33
4.5.1. Duração dos projectos de EA vs Efectividade das práticas Desenvolvidas.................. 33
4.5.2. Periodicidade de encontros com a comunidade ................................................................ 39
4.5.3. Avaliação do nível de implementação das actividades previstas ..................................... 39
4.5.4. Monitorias das actividades .................................................................................................... 40
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 41
5.1. Conclusão ....................................................................................................................................... 41
5.2 Recomendações .............................................................................................................................. 42
6. Referências Bibliográficas .................................................................................................................... 43
7. Anexos .................................................................................................................................................... 46
8. Apêndices ............................................................................................................................................... 48
vii
Lista de imagens e tabelas
Imagem 1: Vala de drenagem de Águas pluviais reconstruída ....................................................... 22
Imagem 2: Vista da pavimentação da Av. Amaral Matos ................................................................. 22
Imagem 3: Vista do estado da arborização da Av. Amaral Matos ................................................... 23
Imagem 4: Residentes de Chamanculo “C”, realizando limpeza ……………………………. 28
Imagem 5: Resíduos sólidos na vala de drenagem ............................................................................. 34
Imagem 6: Acções de formação de núcleos no bairro pela ASSCODECHA ………………...47
Imagem 7:Realização de acções de conservação de espaços verdes da escola………………53
Imagem 8: Membros da ASSCODECHA……………………………………………………53
Tabela 1: Etapas da urbanização em Maputo…………………………………………………9
viii
Lista de Siglas e Acrónimos
ASSCODECHA Associação Comunitária para o Desenvolvimento de Chamanculo
CMCM Conselho Municipal da Cidade de Maputo
DMPUA Direcção Municipal de Planeamento Urbano e Ambiente
DINAPOT Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial
EA Educação Ambiental
FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de água.
FUNAB Fundo do Ambiente
MAE Ministério da Administração Estatal
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (actual MITADER)
ONG Organização Não governamental
PECODA Proposta de Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental PGU Plano Geral de Urbanização
PPUBCC Plano Parcial de Urbanização do Bairro de Chamanculo C
PMEA Plano Municipal de Edução Ambiental
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura
UP Universidade Pedagógica de Moçambique
ix
Resumo
O presente trabalho analisa as práticas de Educação Ambiental (EA) desenvolvidas pelo
Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM) e seus parceiros, no âmbito da requalificação
do Bairro de Chamanculo “C”, levantado como problema a suspeita de que as infra-estruturas
projectadas para este bairro no âmbito da sua requalificação, não perdurem caso a EA realizada
não seja efectiva, com base na afirmação de Melo (2013), segundo a qual os residentes do Bairro
de Chamanculo desenvolveram atitudes depredadoras do meio ambiente no período pós
independência e que se tornaram práticas costumeiras até os dias actuais. O estudo adoptou um
carácter descritivo-exploratório que consistiu na observação, colecta, interpretação e análise das
informações colhidas. No que concerne aos procedimentos técnicos, tratou-se de um estudo de
campo, cujos instrumentos de recolha de dados foram, a pesquisa bibliográfica, a observação
participativa e a entrevista semi-estruturada. A amostragem foi não-probabilística por bola de
neve, tendo seleccionado dois (2) técnicos de igual número de sectores do CMCM, a partir dos
quais foi possível chegar aos parceiros de implementação dos projectos de EA, com os quais
obteve-se informação adicional e detalhada. A partir desta pesquisa, constatou-se que o CMCM,
em coordenação com seus parceiros, desenvolveu para o Bairro de Chamanculo “C”, práticas de
EA Não Formal, em função de algumas directrizes orientadoras do seu Plano Municipal de
Educação Ambiental (PMEA), tendo gerado atitudes tendentes a protecção e conservação do
ambiente natural e construído, no seio dos residentes deste bairro. Constatou-se, ainda que as
práticas de EA desenvolvidas neste bairro foram efectivas, uma vez que notou-se que parte dos
residentes já desenvolve voluntariamente jornadas de limpeza na vala de drenagem e nas ruas ao
nível de seus quarteirões. Embora estas acções tenham gerado resultados positivos, constatou-se
que, persistem ainda desafios a serem ultrapassados no que tange a coordenação dos residentes
para envolverem-se cada vez mais na realização de acções voltadas a conservação do seu
ambiente, de modo que se alcancem resultados mais satisfatórios e desejados que minimizem ou
estanquem casos de “lixo” em alguns prolongamentos da vala de drenagem, dos quarteirões
localizados, onde gestão adequada do “lixo” constitui, ainda, um problema por solucionar, de tal
modo que esta e outras infra-estruturas urbanas perdurem e beneficiem a todos e, se calhar, às
outras gerações. As recomendações deste estudo são dirigidas aos estudantes, ao CMCM, seus
parceiros, e aos chefes de quarteirões. Estas recomendações estão em torno da garantia de uma
maior coordenação intra-institucional no fornecimento da informação; da melhoria contínua na
forma de realizar as práticas de EA e da realização de mais pesquisas sobre EA, pelos estudantes.
Palavras-chave: Educação Ambiental, Práticas de EA, Requalificação Urbana
1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1. Introdução
Neste capítulo é feita uma abordagem geral do tema em estudo, incluindo um breve histórico do
problema, suas características e suas implicações negativas para a sociedade; a formulação dos
objectivos e da justificativa do estudo. Este documento é composto por cinco (5) capítulos
designadamente, a introdução; a revisão da literatura; a metodologia; a apresentação e discussão
dos resultados da pesquisa e por fim as conclusões e recomendações, contendo cada capítulo a
respectiva descrição do conteúdo a ser abordado.
Desencadeando a abordagem geral do estudo, importa referir que em Moçambique, a
requalificação urbana constitui um dos objectivos específicos da Lei de Ordenamento do
Território e está inserida no âmbito do planeamento e ordenamento territorial, fazendo parte,
portanto, do Plano Geral de Urbanização (PGU), um dos instrumentos de ordenamento
territorial ao nível de intervenção autárquico (Lei 19/2007 de 18 de Julho). Ela pode ser
entendida como um processo de reconversão de espaços urbanos abandonados, subutilizados ou
degradados, mediante a recuperação de antigos ou criação de novos usos e atributos urbanísticos
ou naturais (Torres, Silva & Silva 2012).
Este processo está sendo actualmente levado a cabo pelo Conselho Municipal da Cidade de
Maputo (CMCM), nos Bairros Jorge Dimitrov, Polana Caniço A e B e Chamanculo “C”, sendo
este último, um bairro historicamente conhecido por apresentar construções desordenadas
responsáveis por enormes problemas sócio-ambientais que se vem registando nele, com destaque
para o deficiente saneamento do meio.
Entretanto, a requalificação destes bairros e outros, coloca ao CMCM e aos residentes dos
bairros abrangidos, em particular aos de Chamanculo “C”, o desafio de proteger e conservar o
seu meio ambiente, através da manutenção de espaços físicos, com principal destaque para os
arruamentos e valas de drenagem, assim como outras infra-estruturas urbanas. Portanto, para
fazer face a este desafio, torna-se necessário educar do Homem na base dos pressupostos
estabelecidos em Estocolmo em 1972 e consolidados nos encontros de Belgrado (ex-Jugoslávia)
em 1975 e Tiblise em 1977, visando o seu desenvolvimento harmónico em todos os seus
aspectos, tais como intelectual, moral, físico, ético de entre outros, para uma melhor inserção
deste nesta nova realidade ambiental deste bairro.
2
Neste campo, a EA torna-se uma ferramenta imprescindível e ganha um espaço para sua
actuação tendo como objectivo primordial, educar o Homem para poder preservar, conservar e
utilizar de forma sustentável os recursos e as infra-estruturas disponibilizados, no âmbito da
requalificação, na busca de uma relação harmónica com o seu meio ambiente.
Segundo a UNESCO (1987), a EA é um processo permanente no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades,
experiências, valores e factores que os tornam aptos para agir conscientemente de forma
individual e/ou colectiva, na busca de soluções para os problemas ambientais, actuais, sem
comprometer o futuro. A esta definição gostaria de acrescentar de modo que os mesmos
problemas não voltem a acontecer. Neste contexto, o CMCM através da Direcção Municipal de
Planeamento Urbano e Ambiente da Cidade de Maputo (DMPUA), tem exercido ao nível da
Cidade de Maputo, acções de EA com ênfase na Informal e Não Formal. Além disso, esta
Direcção, tem desenvolvido também acções de advocacia junto às escolas para incluir a EA no
currículo formal.
De realçar que na acção de EA, no âmbito da requalificação dos bairros, a DMPUA conta com
importantes parceiros, como é o caso da AVSI, uma organização não-governamental (ONG) que
possui uma equipa de educadores ambientais com uma larga experiência em matérias ligadas a
sensibilização e consciencialização da população em questões ambientais; e também de algumas
associações comunitárias que realizam jornadas de limpeza bem como de consciencialização e
sensibilização ambiental porta a porta, nos bairros abrangidos pela requalificação. Além das
associações a DMPUA conta com a preciosa colaboração e coordenação do trabalho feito pelos
Secretários dos bairros envolvidos.
Ao se reconhecer o desafio acima exposto e o interesse de preservar e conservar o ambiente, em
particular as infra-estruturas urbanas, o presente trabalho propõe-se a analisar as práticas de
Educação Ambiental desenvolvidas pelo CMCM e seus parceiros no âmbito da requalificação do
Bairro de Chamanculo “C”, com foco nas práticas de EA que garantam a preservação e
conservação das infra-estruturas urbanas disponibilizadas (arruamentos e vala drenagem), de
modo a verificar até que ponto a EA que está sendo implementada é sustentável e, igualmente
verificar se acções desenvolvidas estão a ser efectivas.
3
1.2. Formulação do Problema
Segundo a Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial, DINAPOT (2006), o
Bairro de Chamanculo esteve abrangido pelo projecto de melhoramento de assentamentos
informais, financiado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), no
período pós-independência, compreendido entre os anos 1976 e 1979, mas tal não ocorreu
devido às condições de instabilidade político-militar de Moçambique, que tornaram difícil a
implementação de qualquer projecto ligado à urbanização devido ao fluxo massivo de
populações das zonas directamente afectadas para as cidades e para a Cidade de Maputo em
particular.
Em consequência disto, o bairro foi sofrendo transformações físicas cada vez mais profundas
como resultado do uso e ocupação espontânea do solo, que reduziu consequentemente a
transitabilidade, acessibilidade e a provisão de serviços básicos à população, neste bairro. Estes
problemas foram principalmente causados por falta de infra-estruturas urbanas, tendo sido
agravados pelas acções dos residentes destes bairros (como descarte de resíduos sólidos nas ruas
e construções desordenadas) principalmente no período pós-independência, e parte destas
acções se tornaram práticas costumeiras até os dias actuais (Melo, 2013).
De acordo com a DMPUA, actualmente está em curso a implementação do projecto
denominado “Apoio à requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, com vista equipa-lo de
infra-estruturas urbanas e garantir a organização sustentável do seu espaço físico. Porém, este
processo ocorre num momento em que de acordo com o referido no parágrafo anterior, pode-se
afirmar que a consciência ambiental dos residentes deste bairro não está consolidada a um nível
satisfatório pelo que poderá, provavelmente, determinar a curto, médio e/ou longo prazos a
conservação das infra-estruturas urbanas projectadas no âmbito da requalificação de Chamanculo
“C”, uma vez que práticas como descarte de resíduos sólidos nas ruas e construções
desordenadas, não contribuem para protecção e/ou conservação do meio ambiente em geral e
tão pouco para a manutenção dos espaços para arruamentos, valas de drenagens, entre outras
infra-estruturas urbanas projectadas. Assim, suspeita-se que, as infra-estruturas urbanas
projectadas para o bairro de Chamanculo “C”, não perdurem, caso a EA não seja efectivamente
implementada. Neste caso, urge questionar, até que ponto as acções de EA planeadas e
desenvolvidas pelo CMCM e seus parceiros podem ajudar na preservação e conservação do
ambiente de Chamanculo “C” e particularmente das infra-estruturas inerentes a urbanização.
4
1.3. Objectivos
Geral
Analisar as práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo Conselho Municipal da
Cidade de Maputo no âmbito da requalificação dos bairros da Cidade de Maputo.
Específicos
Identificar as práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo Conselho Municipal da
Cidade de Maputo e parceiros, no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”.
Identificar o papel de cada interveniente, no âmbito da requalificação do Bairro de
Chamanculo “C”.
Enunciar o impacto das práticas de EA desenvolvidas;
1.4. Perguntas de Pesquisa
Que práticas de EA o Conselho Municipal da Cidade de Maputo desenvolve, no âmbito da
requalificação do Bairro de Chamanculo “C”?
Qual é o impacto das práticas de EA desenvolvidas pelo CMCM, em coordenação com os
seus parceiros, no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”?
5
1.5. Justificativa
O interesse por este estudo, deve-se ao facto do Bairro de Chamanculo “C”, conhecido pelas
suas construções desordenadas, estar a conhecer um processo de requalificação, numa altura em
que segundo a Proposta de Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental,
PECODA-2008, Moçambique não dispõe de um sistema de informação capaz de colocar à
disposição dos diversos sectores, informação ambiental fiável que proporcione educação às
comunidades sobre as melhores formas de exploração dos recursos existentes em cada espaço
físico.Este facto motivou o autor a investigar que práticas de EA são desenvolvidas pelo CMCM
junto dos residentes dos diferentes bairros abrangidos pela requalificação e para o Bairro de
Chamanculo “C” em particular, para se apurar o potencial efectivo na execução e efectivação do
objectivo almejado.
Assim, é importante, por um lado, analisar as práticas de EA, uma vez que de acordo com De
Conto & Machado (2013) as práticas de Educação Ambiental têm sido colocadas como acções
de fundamental importância, dada sua capacidade de elevação da consciência ambiental do
Homem, no concernente à sua relação com o ambiente.
Portanto, a análise das práticas de EA desenvolvidas pelo CMCM no processo de requalificação
do Chamanculo “C”, permitirá a identificação de forças e principalmente de fraquezas dos
programas e/ou práticas de EA desenvolvidas. Tal facto, irá permitir a apresentação de
propostas de correcções caso julgue-se necessário, para garantir o sucesso dos programas de EA
e dos processos de requalificação urbana, tanto no presente como futuramente.
Por outro lado, esta análise, despertará a atenção do CMCM enquanto sector responsável pela
requalificação urbana e pela EA, sobre a necessidade de um re-pensar dinâmico sobre como
garantir através da EA, uma maior consciencialização ambiental dos residentes do Bairro de
Chamanculo “C” e de outros bairros, para que adoptem comportamentos e atitudes voltados
para protecção do meio ambiente e das infra-estruturas urbanas, garantindo a duração das infra-
estruturas e consequente redução de custos pela sua manutenção e reabilitação, no âmbito dos
seus projectos de requalificação urbana e quiçá de urbanização ao nível do Município de Maputo,
no seu todo.
6
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo, são discutidos os conceitos básicos relacionados com o assunto investigado, na
perspectiva de alguns autores. Procura-se igualmente, discutir a relação entre conceitos e teorias
relevantes para a compreensão da temática em estudo.
2.1. Definição e discussão de conceitos básicos
Nesta subsecção, são definidos os conceitos: Educação ambiental; EA Não formal; práticas de
EA e requalificação urbana. Porém, são somente discutidos os conceitos: Educação ambiental e
requalificação urbana, pois, são conceitos chave e corporizadores do presente estudo, sendo
necessário defini-los, para garantir maior compreensão do estudo.
Educação Ambiental
O conceito “EA” não é consensual. Algumas definições diferem quanto ao texto, outras quanto
ao objecto da mesma. Esta subsecção apresenta algumas destas definições.
Segundo UNESCO (1987), a EA é um processo permanente no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades,
experiências, valores e determinação para agir, individual ou colectivamente, na busca de
soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros.
Já de acordo a definição resultante da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, sobre o
ambiente humano, a EA é processo que visa formar uma população mundial consciente e
preocupada com o meio ambiente e com os problemas com ele relacionados e que possua
capacidades, atitudes, motivação e compromisso para colaborar individual e/ou colectivamente
na resolução de problemas actuais e na prevenção de problemas futuros.
Apesar da sua diferença textual, é possível que ambas as definições incluam tanto a Educação
Formal, a Não-Formal e Informal, cujo principal objectivo é formar sujeitos suficientemente
dotados de saber ambiental, para que possam agir em prol dum meio ambiente equilibrado.
Ciente que EA foi institucionalizada a partir da conferência de Estocolmo, em 1972 com a
integração da dimensão humana e de todos os factores a ela relacionados, neste trabalho, optou-
se pela definição da UNESCO como sendo perspectiva orientadora desta investigação, pois faz
7
menção ao carácter permanente da EA com um foco mais específico no indivíduo enquanto
unidade e comunidade que comunga dos mesmos interesses.
Práticas de Educação Ambiental
De um modo geral, pode se definir práticas de EA como acções concretas de EA que visam a
consciencialização das pessoas sobre formas adequadas de realizar determinadas tarefas do
quotidiano, sem que as mesmas prejudiquem o meio ambiente, contribuindo assim para a
protecção e conservação do meio ambiente (De Conto & Machado, 2013).
Requalificação urbana
Para Freitas, Guerra, Moura e Seixas (2006), a requalificação urbana é um instrumento para a
melhoria das condições de vida das populações, e que promove a construção e recuperação de
equipamentos e infra-estruturas e a valorização do espaço público com medidas de dinamização
social e económica de uma determinada área, ao passo que para Torres et al (2012), é um
processo de renovação que consiste na intervenção sobre um espaço urbano, baseada na
substituição parcial ou total do património urbanístico e imobiliário.
Por seu lado, o CMCM, entende por requalificação urbana, ao processo de introdução e
reabilitação de infra-estruturas sociais e a criação de novos usos urbanísticos, visando a melhoria
da qualidade de vida da população do assentamento informal.1
Note-se que as três (3) definições têm aspectos em comum (como é o caso da introdução/
construção e reabilitação/recuperação) de infra-estruturas urbanas, pelo que se pode concluir
que a requalificação pode ser simplesmente definida, como o processo de criação ou construção
de novas e a reabilitação de antigas infra-estruturas urbanas, com vista a melhoria das condições
da população.
Embora se reconheça a legitimidade destas definições, importa realçar que para este trabalho, a
requalificação é entendida como a criação de novas e a reabilitação de antigas infra-estruturas
urbanas (que incluem arruamentos; a reconstrução e o melhoramento de espaços públicos e de
valas de drenagem).
1 Assentamento informal é a área física de um território, ocupada espontaneamente pela população, sem a
observância de regras básicas e reguladoras de ocupação do solo (CMCM, 2015).
8
Educação Ambiental Não Formal
De acordo com Gomes, Reis e Semedo (2012), a EA Não Formal é aquela que é desenvolvida
fora e/ou dentro do sistema de ensino, através de acções e práticas educativas (como palestras,
seminários, acções de capacitação, etc.), voltadas à sensibilização da colectividade sobre aspectos
relacionados ao meio ambiente, para a sua organização e efectiva participação na defesa da
qualidade do ambiente. Este tipo de EA, não pretende atribuir um grau académico.
Feita a discussão dos conceitos relevantes, segue-se agora a revisão da literatura propriamente
dita, onde são discutidos os seguintes tópicos: contexto histórico da urbanização da Cidade de
Maputo, no período pós-independência; práticas de EA desenvolvidas no âmbito da
requalificação; requalificação urbana vs comportamento humano; procedimentos da
requalificação urbana utilizados pelo CMCM e a relação entre requalificação urbana e EA. A
eleição destes tópicos foi baseada na sua relação com o tema em estudo e também na sua
indispensabilidade para fundamentar o problema; a importância do estudo e a análise dos
resultados da pesquisa.
2.2. Contexto histórico da urbanização da Cidade de Maputo, no período pós-
independência
Segundo Melo (2013), no período pós-independência de Moçambique em 1975, o
desenvolvimento territorial do país, foi caracterizado pela ocorrência de factores conjunturais
adversos (guerra colonial, guerra civil e calamidades naturais) nas décadas de 70, 80 e 90, aliados
a falta de investimentos nas infra-estruturas e serviços urbanos e de políticas explícitas de
desenvolvimento, que alteraram consequentemente o desenvolvimento normal da distribuição
territorial da população a partir dos centros urbanos, levando à degradação das condições
existentes.
Segundo DNPOT, (2006) a urbanização da Cidade de Maputo (no período pós-independência)
passou por três etapas principais, apresentadas e caracterizadas na tabela abaixo:
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Tabela 1: Etapas da urbanização em Maputo
Etapas Caracterização
1975-1977 (etapa de
ocupação da Cidade)
Etapa pós-independência Nacional, caracterizada pelo abandono da
cidade pela população de origem portuguesa que, na sua maioria,
regressou ao seu país ou emigrou para a África do Sul.
1977-1987 (etapa de
início da deterioração
urbana e ambiental da
Cidade)
Etapa da debilitação da organização da população para manutenção
da cidade e da sua educação para a vida urbana., caracterizado pela
perda da qualidade da cidade, especialmente no “cimento”, (prédios e
as habitações arrendadas, avenidas, ruas, parques, serviços urbanos. A
deterioração das condições deveu-se a diversos factores conjugados,
tais como:
A guerra que conduziu a uma crise financeira e económica;
Baixos salários que não permitiram contribuição fiscal para a
manutenção dos prédios e serviços;
Fraca tradição Urbana da maioria da população.
(1987 em diante) etapa
de deterioração e
início da recuperação
Etapa da crise económica e social que se abateu sobre o país, tinha
seus reflexos sobre o meio urbano.
Fonte: adoptado de DNPOT (2006)
No âmbito da urbanização, foi dado arranque a projectos, para dotar o habitat da periferia
urbana, de infra-estruturas e de serviços (transportes, urbanização primária, serviços sociais e
sanitários) e para definir um plano regulador coerente com o desenvolvimento. Após o
ordenamento de Maxaquene nos finais de 1976, os projectos foram estendidos para os bairros de
Polana Caniço, Inhagóia e Chamanculo, em Dezembro de 1977 e início do ano 80,
respectivamente. A intervenção de melhoramento de Chamanculo e de outros bairros acima
mencionados, faria parte de uma iniciativa do projecto de “assistência às áreas periurbanas”,
financiado pelo PNUD e monitorado pelo Centro para a Habitação e Planeamento das Nações
Unidas (DNPOT, 2006).
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2.3. Práticas de Educação Ambiental desenvolvidas no âmbito da Requalificação
Urbana.
Segundo o Ministério das Cidades (2009), existe uma série de acções de EA comummente
desenvolvidas no âmbito de projectos de requalificação urbana, tais como a promoção de EA
nas escolas; a colecta selectiva e reciclagem de lixo e a realização de seminários e palestras que
abordam conteúdos sobre saneamento do meio.
A mesma fonte enfatiza ainda, que para além das práticas acima mencionadas, podem também
ser desenvolvidas outras actividades tais como:
Promoção e realização de conferência municipal de saneamento ambiental;
Constituição de comissões de bairro, no município, para fortalecer e integrar as acções
de EA e mobilização social desenvolvidas, evidenciando a identidade própria de cada
bairro;
Promoção da exibição de filmes com a temática ambiental de forma itinerante nas praças
do município.
Promoção da realização de oficinas de EA2com a participação da comunidade local, em
parceria com as universidades, ONGs e o colectivo educador, para a elaboração de
materiais didácticos contextualizados aos costumes locais.
Porém, o CMCM através DMPUA associada aos parceiros acima mencionados no capítulo 1,
tem desenvolvido várias actividades de EA, em especial a Não formal, no âmbito da
requalificação urbana. Ao longo dessas actividades, os intervenientes tem feito a sensibilização da
colectividade sobre a importância da EA para que a comunidade se organize e participe
efectivamente na defesa da qualidade do ambiente.
Ainda neste processo, a DMPUA tem igualmente trabalhado em coordenação com os secretários
dos bairros e com algumas associações comunitárias em jornadas de limpeza e consciencialização
ambiental da população porta a porta. Estas acções, abrangem também as famílias a serem
reassentadas em consequência da requalificação, cujos conteúdos educativos abordados estão
relacionados à gestão de resíduos sólidos e aos modelos de habitações a serem erguidas no local
2 Oficina de EA é um espaço onde os saberes ambientais são colectivamente compartilhados e analisados, através
do confronto e troca de experiências .
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de reassentamento. No âmbito desta coordenação, o CMCM desenha os planos de EA a serem
implementados ou postos em prática no campo pelos seus parceiros.
2.4. Requalificação urbana vs Comportamento Humano
Como foi referenciado acima, a requalificação urbana implica a reabilitação de antigas assim
como a implantação de novas infra-estruturas urbanas. No entanto, a sua conservação depende
muito da relação que o Homem em particular e a comunidade dos residentes da área abrangida
no geral, estabelecem com as mesmas infra-estruturas. Kuhnen e Polli (2011), afirmam que há
uma interdependência entre o ambiente humanizado 3ou natural e o comportamento humano,
pois ocorre uma dinâmica de troca entre a pessoa e o ambiente, influenciando positiva ou
negativamente o estado do ambiente natural ou construído.
Assim, é importante que a entidade responsável pela requalificação, no caso vertente, o CMCM,
procure formas de adaptar as comunidades beneficiadas (os residentes de Chamanculo “C” e
outros) a estes novos elementos urbanísticos, através de uma educação voltada para a criação de
um espírito de apropriação e desenvolvimento de novas formas de estar perante um o novo
ambiente.
Freire & Vieira, (2006) clamam que a requalificação deve ser acompanhada com o
desenvolvimento de novas formas de estar perante uma nova realidade espacial, o que requer
mudança de comportamento e atitude, que muitas vezes estão enraizados ao antigo do contexto
social e nas crenças. Com a mudança comportamental, estarão criadas novas representações e
valores, que de entre outros podem motivar as pessoas a desenvolver condutas efectivas ao novo
património e consequentemente promover acção de protecção ambiental.
Neste contexto, se o CMCM pretende garantir a conservação e protecção das infra-estruturas
urbanas construídas ou reabilitadas, no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”,
este precisa considerar os residentes como o seu potencial parceiro para o efeito.
Consequentemente, deve garantir que estes se associem e mudem de hábitos e costumes
associados a antiga paisagem tais como: Má deposição dos resíduos sólidos; falta de respeito pelo
bem comum e o não gostar do belo individual e/ou colectivo, que constituem formas de ser e
estar que por muito tempo influenciaram o comportamento e o estado do meio ambiente deste
bairro.
3 Ambiente Humanizado é aquele ambiente cuja sua existência atribui-se a intervenção do Homem.
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2.5. Procedimentos da requalificação urbana utilizados pelo CMCM
Segundo a DMPUA, a requalificação urbana é realizada de acordo com o regulamento
correspondente, obedecendo a seguinte hierarquia, a saber:
Auscultação pública;
Diagnóstico;
Apresentação dos resultados ao Conselho Municipal;
Elaboração do Plano Parcial4 de requalificação;
Aprovação do plano pela Assembleia Municipal e submissão ao MAE; e
Implementação do Plano Parcial de requalificação.
A auscultação pública, consiste na informação e auscultação às partes interessadas e afectadas
directa ou indirectamente pelo projecto de requalificação urbana, afim de colher as diferentes
opiniões desejos ou aspirações, com relação a proposta. De acordo com o regulamento
correspondente, devem ser feitas no mínimo duas (2) auscultações ao público.
O diagnóstico é a segunda fase e consiste na identificação de fraquezas e forças do local ou do
bairro no qual se pretende requalificar, de modo a integra-las na elaboração de planos parciais de
requalificação. Quando terminada essa etapa, segue-se a apresentação da proposta ao Conselho
Municipal, que consiste na exibição de resultados das duas (2) anteriores fases (a auscultação
pública e diagnóstico) para a sua apreciação. Esta fase é seguida pela Elaboração do Plano Parcial
de requalificação sendo posteriormente aprovado pela Assembleia Municipal e ratificado pelo
Ministério de Administração Estatal (MAE).
Por último procede-se à implementação do Plano Parcial de requalificação, que é a requalificação
propriamente dita, onde se procede com renovação, reestruturação bem como construção e
reabilitação de áreas urbanas.
4Plano Parcial é um plano que define as redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, os
equipamentos e parcela territoriais socialmente úteis bem como as infra-estruturas, com especial atenção às zonas de
ocupação espontânea.
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2.6. Relação entre Requalificação Urbana e Educação Ambiental
Segundo Aleixo, Carniatto, Lizzoni, Lizzoni, Metzner, e Riffel (2014), com o avanço da
tecnologia e com a modernização do campo, a população das zonas rurais tende a migrar para as
cidades em busca de melhores condições de vida e com isso, as cidades iniciam um processo
acelerado de crescimento populacional aliado aos assentamentos humanos não acompanhados, o
que acarreta impactos prejudiciais em certas áreas urbanas. A cidade de Maputo é um exemplo
deste fenómeno, uma vez que recebeu incrementos de população rural como resultado de
factores conjunturais adversos (guerra colonial, guerra civil e calamidades naturais) que alteraram
o desenvolvimento normal da distribuição territorial da população, a partir dos centros urbanos
nos anos 70, 80 e 90 (Melo, 2013).
Em virtude da migração campo-cidade5, inicia-se o processo de gestão ambiental que segundo
Aleixo et al (2014), visa solucionar os problemas ambientais e construir infra-estruturas
necessárias para recuperar ou preservar os elementos da natureza em contacto e uso nas
diferentes actividades humanas. Portanto, é fundamental que este processo de Gestão Ambiental
esteja articulado com o programa de EA, considerando que a proposta de EA é a mudança de
conceitos, atitudes, valores e sentimentos na relação do Homem com o Homem e dele com o
seu meio ambiente.
É verdade que estas áreas devem estar articuladas, dado que as experiências têm mostrado que a
ausência desta articulação gera pouca eficácia tanto nas obras realizadas, que muitas vezes são
abandonadas e destruídas porque a comunidade não compreende, assume e apropria-se delas,
quanto nas pessoas que mudam suas atitudes, mas não existem políticas e acções que sustentem
essas novas atitudes e assim, perde-se todo o investimento financeiro de avultadas somas
monetárias (Aleixo et al, 2014).
Isto, implica afirmar que, a requalificação urbana enquanto um processo de gestão ambiental do
“solo urbano”, deve estar aliado a um programa de EA dirigido aos residentes do bairro a
requalificar/requalificado, com vista a garantir o seu sucesso, em que a EA irá contribuir na
busca de atitudes, valores e sentimentos voltados à preservação e conservação do ambiente e das
infra-estruturas urbanas em particular, na relação do Homem com seu meio ambiente. Daí, pode
se afirmar que entre EA e requalificação urbana, existe uma relação de complementaridade.
5 Migração campo-cidade refere-se o deslocamento de pessoas das zonas rurais para as cidades.
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2.7. Principais lições aprendidas na revisão da literatura
No que refere ao contexto histórico da requalificação urbana da Cidade de Maputo, aprendeu-se,
como lição, que a ocorrência de factores conjunturais (tais como guerras e calamidades naturais),
aliadas a falta de investimentos em infra-estruturas e serviços urbanos, contribuem muito para a
degradação, não só do ambiente natural, mas também humanizado, pelo que, é sempre
necessário desencadear uma acção de EA, após a ocorrência destes factores, se as condições
forem favoráveis para o efeito.
Quanto às práticas de EA, pôde-se aprender que estas são acções que tem em vista ensinar as
pessoas sobre as formas ambientalmente adequadas de realizar determinadas tarefas do dia-a-dia,
sem comprometer o ambiente. No âmbito da requalificação urbana, estas práticas podem ser
realizadas de maneiras e em contextos diferentes, sendo que os conteúdos abordados durante a
sua realização, dependem muito dos problemas ambientais da área que se pretende requalificar.
Aprendeu-se, ainda, que a requalificação enquanto um processo que tem em vista a construção
de novas e reabilitação de antigas infra-estruturas urbanas, tem uma forte relação de
interdependência com o comportamento humano, uma vez que a conservação destas infra-
estruturas construídas ou reabilitadas, depende muito da relação que o residente em particular e a
comunidade da área requalificada estabelecem com estas infra-estruturas. Assim, há, portanto, a
necessidade de educar a comunidade da área requalificada para a sua efectiva participação na
protecção e conservação do ambiente, bem como das infra-estruturas construídas e renovadas,
considerando-a um potencial parceiro para o efeito.
No que tange aos procedimentos de requalificação, a principal lição aprendida é que a
requalificação é um processo complexo, composto por uma série de procedimentos já
mencionados em 2.5, dos quais, depende a sua materialização.
Por fim, quanto ao tópico em 2.6, aprendeu-se que há uma relação de complementaridade entre
a EA e a requalificação, enquanto processos que tem o objectivo comum de resolver problemas
ambientais. Daí, estas duas (2) áreas devem estar articuladas, pois, a falta desta articulação pode
resultar na ineficácia tanto nas obras construídas ou reabilitadas no âmbito da requalificação, (por
falta de EA), como na mudança de atitudes por parte das pessoas, se não estiverem criadas
condições para sustentar a sua mudança comportamental.
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CAPÍTULO III: METODOLOGIA
Nesta secção, são apresentados os procedimentos metodológicos que foram adoptados para
realização do estudo, entre eles, a descrição da área de estudo; a abordagem metodológica; a
definição do tamanho da amostra; os instrumentos de recolha de dados e a técnica de análise de
dados, ou seja, é aqui onde se descreve toda metodologia empregue para realização do estudo.
3.1. Descrição do local do estudo
O presente estudo foi realizado no Bairro de Chamanculo “C”, que de acordo com o Plano
Parcial de Urbanização do Bairro de Chamanculo “C”, (PPUBCC), está situado no Município de
Maputo, a Noroeste do centro da Cidade de Maputo, no Distrito Municipal de KaNlhamankulu,
juntamente com os bairros A, B e D, que compõem o Bairro de Chamanculo (CMCM, 2015).
De acordo ainda com o CMCM (2015), este bairro constitui um assentamento informal limitado,
a Oeste e Norte da cidade de Maputo, pela Av. De Moçambique e pelos bairros Luís Cabral e
Unidade 7, a Este, pelos bairros Chamanculo D, Xipamanine e Chamanculo B e, a Sul, pela Av.
do Trabalho. Com uma área de 140 hectares, o Bairro é constituído por uma população
recenseada em 2007 de cerca de 25318 habitantes.
No que concerne a ocupação urbana, embora existam no bairro áreas uniformes de alguma
dimensão considerável afectas a equipamentos sociais (como UP e a Missão de São José de
Lhanguene), e às actividades económicas, estas áreas contrastam com o bairro habitacional
propriamente dito, onde se verifica uma ocupação urbana informal, densa e desordenada,
associada a talhões irregulares que se apoiam, maioritariamente, numa rede complexa de
caminhos. Portanto, o uso predominante do solo é habitacional, com edifícios unifamiliares
maioritariamente de um (1) piso, em alvenaria ou chapa de zinco com poucas construções em
caniço.
O bairro é servido, a Oeste e Sul, por dois (2) eixos viários de grande importância,
respectivamente a Av. de Moçambique Bairro, (EN1) e a Av. do Trabalho, sendo que no interior
a rede viária estrutura-se, maioritariamente, em arruamentos não pavimentados, e por conta
disso, existem insuficiências ao nível das infra-estruturas de saneamento do bairro (CMCM,
2015). Em síntese, existe um elevado grau de precariedade, com habitações de baixa qualidade e
graves lacunas na prestação de serviços públicos, em particular, infra-estruturas urbanas.
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3.2. Abordagem metodológica
Com vista a atingir os objectivos anteriormente estabelecidos, optou-se por um estudo de campo
no Bairro Chamanculo “C” baseado na análise documental e na observação participativa das
actividades dos grupos estudados e na realização de entrevistas com informantes na perspectiva
de captar suas explicações e interpretações do que ocorre nos mesmos, durante as práticas de EA
desenvolvidas pelo CMCM e parceiros no âmbito da requalificação do bairro. Idêntica
metodologia foi usada num estudo similar denominado Terceirização e Parceirização de Serviços
em Saneamento, realizado em Minas Gerais no Brasil (Emmendoerfer & Silva 2008).
Foi dada, por isso, primazia a pesquisa- exploratória, que de acordo com Baffi (2012), busca
constatar algo num organismo ou num fenómeno. Esta, consistiu no levantamento bibliográfico
de aspectos relacionados a temática em questão, bem como na descrição dos factos observados e
dos dados colhidos a partir de entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o
problema pesquisado.
Tratou-se, portanto, de uma pesquisa de natureza teórico-empírico baseado no método
qualitativo que consiste em colher e descrever dados expressos a partir de palavras, sentimentos e
opiniões, permitindo igualmente a compreensão de uma realidade específica fundamentada em
dados empíricos, ou seja, em dados secundários e outros colhidos no campo através da
observação directa da realidade e da realização de entrevistas com os principais intervenientes,
que incluem os gestores das associações e implementadores (Munck, 2011).
Segundo Baffi (2012), num estudo teórico-empírico, além da utilização de dados secundários, o
pesquisador recolhe dados primários em pesquisa de campo, usando os seus órgãos sensoriais.
3.3. Amostragem
Para a materialização deste estudo, optou-se pela amostragem não-probabilística por bola de
neve (SnowBall), pois os respondentes eram muito específicos e de disponibilidade limitada,
implicando, por isso, a interacção apenas com os que se mostraram disponíveis.
Segundo Mutimucuio (2008), esta técnica envolve pedir às pessoas que participam numa
pesquisa, para nomear outras pessoas que estariam dispostas a participar, sendo frequentemente
usada quando a população é de difícil identificação pelo pesquisador.
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Portanto, a amostragem por bola de neve, consistiu em contactar a DMPUA da Cidade de
Maputo, na pessoa do Chefe do departamento de “Gestão e Inspecção Ambiental”, com o qual
foi possível obter dados preliminares sobre EA ao nível do Município da Cidade de Maputo e, a
partir deste foi possível, por indicação, chegar à coordenadora do projecto de requalificação de
Chamanculo “C” com a qual foi possível obter dados gerais sobre os objectivos do projecto de
requalificação urbana de Chamanculo “C” bem como dados referentes a EA no bairro. Através
da coordenadora, foi possível chagar aos parceiros do CMCM, directamente envolvidos na EA
dos residentes do bairro, com os quais obteve-se informação mais detalhada, relativa a EA e
seguiu-se assim, por diante, até que se alcançassem os objectivos da presente pesquisa.
3.4. Instrumentos de recolha de dados
Para este estudo, constituíram instrumentos de recolha de dados, a pesquisa bibliográfica, a
observação participativa e entrevista semi-estruturada.
Pesquisa bibliográfica
Segundo Cuco (2011), é um instrumento importante no âmbito da realização de estudos, pois
esta permite obter informação relevante e necessária para que se tenha bases antes de ir ao
campo, isso inclui o esclarecimento sobre alguns conceitos, alguns dados estatísticos e outras
informações. Este instrumento serviu para aprofundar o conhecimento sobre a temática em
estudo, o que foi de extrema importância para a concepção e fundamentação do problema e para
a construção do projecto que antecedeu o estudo. A revisão bibliográfica também foi usada para
a elaboração dos instrumentos de recolha de dados e para fundamentação das ideias sobre a
temática.
Entrevista semi-estruturada
Esta foi igualmente usada por se acreditar ser vantajosa enquanto uma técnica que incentiva a
troca de informação entre o entrevistado e o entrevistador, permitindo um processo de recolha
de dados primários bem-sucedido, pois de acordo com Ntlela (2013), a entrevista simi-
estruturada encoraja a comunicação bilateral e dá oportunidades de conhecer assuntos sensíveis
que podem ser facilmente discutidos e ajuda o pesquisador a estar mais familiarizado com as
pessoas entrevistadas.
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Assim, para concretização dos objectivos deste estudo foi elaborado um guião preliminar de
aproximadamente 10 perguntas em função das perguntas de pesquisa, dirigidas à DMPUA na
pessoa da coordenadora do projecto de requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, contendo
as principais ideias da temática do estudo, tendo sido colocadas outras questões de seguimento
e/ou insistência, sempre que se mostrasse necessário, com vista a obter informação mais
completa, como é característico deste tipo de entrevista. Foi igualmente aplicado um
questionário aos parceiros do CMCM e aos residentes de Chamanculo “C” (Veja o apêndice 1).
Observação participativa/participante
Aliado a entrevista, usou-se também, como instrumento de recolha de dados, a observação
participativa, que consiste na capacidade de captar informações através dos sentidos, e regista-las
com fidelidade, onde o observador torna-se parte da situação a observar (Ferreira, Torrecila &
Machado, 2012).
Neste caso, a observação participativa consistiu no envolvimento e interacção do pesquisador
com os grupos pesquisados, com finalidade de verificar-se quais práticas de EA estavam sendo
levadas a cabo no Chamanculo “C”; observar, igualmente a forma como era feita a disseminação
das mesmas (isto envolve o tipo de conteúdos ambientais tratados). Observou-se também as
infra-estruturas urbanas (seu nível de execução e o seu estado de conservação), como forma não
só de avaliar a efectividade das práticas de EA desenvolvidas, mas também de confirmar a
informação fornecida antes do estudo de campo (veja o guião de observação no apêndice 2).
3.4.1. Técnica de Análise de dados
Para análise de dados foi usada como técnica, a análise do conteúdo que segundo Mozzato e
Grzybovski (2011) é um conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza
procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo dos dados colhidos durante a
pesquisa.
Usou-se esta técnica pois permite extrair e interpretar dados após a sua colecta, permitindo
igualmente ao pesquisador tirar conclusões sobre determinado fenómeno a ser estudado,
baseadas na compreensão do mesmo e na análise crítica dos dados adquiridos. Para este estudo,
os dados foram organizados e discutidos à luz dos objectivos e das perguntas de pesquisa do
presente trabalho.
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A organização do conteúdo das entrevistas foi feito em função de dois (2) aspectos a saber:
1º Selecção e transcrição da informação fornecida, em função da semelhança entre as respostas
dos entrevistados; e
2º Compilação da informação, através do estabelecimento da compatibilidade e diferenças entre
as acções de EA desenvolvidas no campo e as previstas no PMEA do CMCM, cruzando-as com
as declarações dos entrevistados e com as observações feitas.
Para dados colhidos através da observação, foi feito um registo fotográfico de aspectos
relacionados às práticas de EA observadas no campo, comparando-as com as práticas declaradas
pelos entrevistados e com alguns factos já vivenciados, tendo sido igualmente feito, o registo
fotográfico ilustrativo de imapctos das práticas de EA desenvolvidas .
Os tópicos levantados nas entrevistas diziam respeito às práticas de EA desenvolvidas pelo
CMCM no Bairro de Chamanculo “C”; o impacto destas práticas no bairro; o papel de cada
interveniente na requalificação urbana de Chamanculo “C” e o papel da EA na manutenção das
infra-estruturas urbanas de Chamanculo “C”. De entre os tópicos abordados no roteiro de
entrevistas, os temas, “práticas de EA desenvolvidas pelo CMCM no Bairro de Chamanculo C e
impacto das práticas de EA desenvolvidas no âmbito da requalificação urbana”, auxiliaram na
avaliação do nível de implementação do PMEA e da efectividade das práticas de EA
desenvolvidas, respectivamente.
O tema “papel de Educação ambiental para manutenção das infra-estruturas urbanas de
Chamanculo C”, serviu para evidenciar a importância e a necessidade da EA, como
complemento primordial e indispensável para garantia da manutenção das infra-estruturas
urbanas, no âmbito dos programas de requalificação, levados a cabo pelo CMCM.
A percepção dos entrevistados relativas as práticas de EA levadas a cabo no seu bairro, também
permitiu, avaliar o nível de execução e efectividade das práticas de EA realizadas, assim como
confirmar as declarações dos parceiros de implementação da EA no bairro, no que tange as
práticas de EA desenvolvidas.
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3.5. Questões Éticas
Para a realização deste estudo fez-se um pedido de autorização à DMPUA, através da submissão
de uma credencial fornecida pela secretaria da Faculdade de Educação, da Universidade Eduardo
Mondlane (Veja o anexo 1).
As entrevistas foram antecedidas de um pedido de autorização, seguido da aprovação dos
entrevistados e, em casos de indisponibilidade dos mesmos, por motivos ocupacionais de índole
laboral, foi respeitado o seu posicionamento até que se mostrassem disponíveis para o efeito.
Aquando da realização das entrevistas, os entrevistados foram previamente informados sobre os
objectivos da mesma e sobre a importância da sua participação para a materialização do estudo.
Esta informação, foi facultada oralmente para os indivíduos entrevistados presencialmente, e de
forma escrita, para os indivíduos entrevistados virtualmente, por meio de uma nota, no guião de
entrevista (veja o apêndice 1).
Aos entrevistados, foi igualmente informado, sobre a salvaguarda da sua identidade pessoal no
tratamento dos dados fornecidos, assim como da observância da confidencialidade dos dados
colhidos, através da ocultação da sua identidade pessoal, durante a apresentação dos resultados.
3.6. Limitações do estudo
Constituíram principais limitações no âmbito do desenvolvimento deste trabalho, as seguintes:
Condições naturais (chuvas constantes);
Dificuldades de recolha de dados em tempo conveniente, por motivos de
indisponibilidade de alguns entrevistados;
A escassez da informação consistente ou publicações relacionadas com a requalificação
urbana a nível nacional.
Entretanto, estas limitações foram sanadas por meio da comunicação virtual6; pelo reajuste dos
dias previamente estabelecidos para as entrevistas, em função da disponibilidade dos
entrevistados; pelo recurso a alguns documentos institucionais não publicados (como o
PPUBCC e o PMEA) e pelo uso da plataforma internet.
6 Comunicação virtual refere-se a troca de informações à distância entre pessoas, através da fala ou escrita (com
recurso a meios/equipamentos como telefone; correio electrónico; etc.).
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CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados e discutidos todos resultados obtidos a partir dos instrumentos
de recolha de dados definidos para esta pesquisa, em função das perguntas de pesquisa deste
trabalho. Durante a discussão de resultados, foi feita uma atribuição de códigos aos 10 residentes
do Bairro de Chamanculo “C” entrevistados, obedecendo uma hierarquia de R1 a Rn, onde:
R= Residente; e N= Número do residente respondente.
4.1. Infra-estruturas urbanas disponibilizadas e/ou previstas no âmbito da requalificação
de Chamanculo “C”
Antes de entrar no âmago da discussão que é: práticas de Educação Ambiental desenvolvidas
pelo CMCM no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, urge, de forma
resumida, deixar a conhecer o que é que o CMCM fez no âmbito da requalificação, no tocante às
infra-estruturas urbanas.
Neste contexto, quando questionada sobre quais eram as infra-estruturas urbanas previstas e /ou
disponibilizadas no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, a coordenadora do
projecto “Apoio à requalificação do Bairro de Chamanculo “C”, respondeu nos seguintes
termos:
“O projecto de requalificação de Chamanculo “C”, tem por objectivo a construção de novas
infra-estruturas tais como arruamentos, vala de drenagem, arborização e fontanários públicos,
bem como a reabilitação e melhoramento de algumas já existentes, com é o caso vala de
drenagem e espaços públicos”.
Esta informação consta do PPUBCC e condiz com o que foi afirmado pela coordenadora deste
projecto de requalificação. Assim, em termos de concretizações, ficou-se a saber da mesma
coordenadora que foram executadas as seguintes obras:
a) Reconstrução da Vala de Drenagem existente;
b) Pavimentação na Av. Amaral Matos;
c) Arborização7 da Av. Amaral Matos;
d) Melhoramento de espaços públicos (em curso à altura da pesquisa).
A coordenadora deste projecto de requalificação, ressaltou ainda que para além destas obras,
prevê-se igualmente a execução de uma outra vala na Rua de Tindzava.
7 Arborização: refere-se ao processo de plantio de árvores.
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Entretanto, a mesma fonte afirmou que “os fontanários não foram executados, por se considerar
irrelevantes, pelo facto de a população já ter acesso a água em suas casas”.
Esta afirmação constitui verdade, pois grande parte, ou senão toda a população de Chamanculo
“C”, é servida pelo sistema de abastecimento de água da empresa Fundo de Investimento e
Património do Abastecimento de água (FIPAG).
Foi possível observar todas as obras tidas como executadas, tais como, a reconstrução da vala de
drenagem; a pavimentação e a arborização da Av. Amaral Matos, cujas evidencias podem ser
observadas nas imagens 1, 2 e 3.
Imagem 1: Vala de Drenagem de Águas Pluviais Reconstruída
Imagem 2: Vista da Pavimentação da Av. Amaral Matos
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No entanto, embora tenha sido executada a arborização da Av. Amaral Matos, esta, foi somente
observada num troço estimado de aproximadamente 15m, medindo a partir do entroncamento
entre esta avenida e a Av. de Moçambique.
Imagem 3: Vista do estado da arborização da Av. Amaral Matos
4.2. Práticas de EA desenvolvidas pelo CMCM e parceiros no âmbito da requalificação
do Bairro de Chamanculo “C”
Relativamente a este aspecto, o CMCM afirmou através da coordenadora do projecto de
requalificação do bairro em estudo, que para a garantia da conservação das infra-estruturas
urbanas acima referidas, este desenvolveu uma série de práticas de EA Não formal no Bairro de
Chamanculo “C” tendo contado com a parceria de 3 projectos para sua implementação. Estes
projectos foram financiados no âmbito da implementação do 2º fundo de apoio à projectos de
associações e de pessoas singulares, sendo 1 associação (ASSCODECHA) e dois (2) projectos de
pessoas singulares, na área da sensibilização ambiental, quer ao nível das escolas como
comunidade, através de campanhas porta a porta; jornadas de limpeza e mobilização da
comunidade para limpeza de ruas e valas.
No entanto estes projectos não tinham em vista, apenas, a disseminação da EA, mas também da
educação sanitária.8
Importa realçar que, dos dois (2) projectos de pessoas singulares apoiados pelo CMCM, apenas
trabalhou-se com um (1) destes, denominado “Projecto Educação Ambiental e Saúde (PEAS) ”.
8 Educação sanitária: é uma acção ou prática educativa que tem por objectivo a promoção da saúde pública.
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Assim, trabalhou-se, no total, com apenas dois (2) parceiros do CMCM, nomeadamente a
ASSCODECHA e o projecto “Educação Ambiental e Saúde”.
Que actividades de EA estão sendo implementadas e/ou planeadas no âmbito da requalificação
de Chamanculo “C” com vista a conservação das infra-estruturas disponibilizadas? Ao responder
esta questão os dois (2) parceiros do CMCM deixaram ficar declarações que deram a entender
que ambos desenvolveram quase as mesmas práticas, como testemunham as seguintes
afirmações:
ASSCODECHA: “Nós como ASSCODECHA, realizamos jornadas de limpeza nas ruas e valas
de drenagem; campanha de sensibilização e consciencialização ambiental porta a porta; educação
ambiental nas escolas e temos também apostado na formação de núcleos, para a promoção da
EA no Bairro de Chamanculo C”.
PEAS: “O nosso projecto tem promovido jornadas de limpeza ao nível do bairro, nas ruas e
também na vala de drenagem reconstruída e contamos com ajuda dos chefes dos quarteirões.
Também fazemos educação ambiental porta a porta”.
A partir destas respostas, pode-se inferir que no âmbito da requalificação de Chamanculo “C”
foram desenvolvidas práticas de EA Não formal, fundamentadas em actividades como:
campanha de sensibilização e consciencialização ambiental porta a porta; jornadas de limpeza das
ruas e vala de drenagem; mobilização da comunidade para limpeza de ruas e valas, Educação
Ambiental nas escolas e formação de núcleos de EA a nível do bairro.
4.2.1. Campanha de sensibilização e consciencialização ambiental, porta a porta.9
À Semelhança de outras práticas de EA, a campanha foi também desenvolvida pela
ASSCODECHA e pelo projecto singular “Educação ambiental e saúde” ao nível comunitário, de
diferentes maneiras e também em dias e quarteirões diferentes, no período diurno, com base no
material didáctico produzido e desenvolvido por cada um dos parceiros do CMCM, durante o
tempo de duração dos projectos de EA.
De acordo com o coordenador da ASSCODECHA, para a sensibilização e consciencialização
ambiental porta a porta, ao nível da comunidade, a associação contou com cerca de 15 activistas,
coadjuvados por uma técnica. Esta actividade foi realizada a partir do quarteirão 15 a 21, durante
9 Campanha de sensibilização e consciencialização ambiental, porta a porta: refere-se ao movimento
organizado de pessoas, realizado de casa em casa, com vista a divulgação das práticas ambientais a população.
25
3 dias por semana, em que numa primeira fase do projecto, os activistas faziam uma observação
das condições de cada casa, com vista a identificar possíveis irregularidades e posto isto davam
um aconselhamento para a melhoria das irregularidades detectadas, segundo referiu o
coordenador desta associação.
Por seu turno, o projecto “Educação Ambiental e saúde” realizou a campanha porta a porta de
sensibilização e consciencialização ambiental durante dois (2) dias por semana, as 3ªs e 4ªs feiras
de cada semana, tendo contado com a colaboração de um total de 18 membros, sendo 15
activistas que realizavam a EA e 3 coordenadores, que também exerciam o papel de supervisores
das actividades realizadas, segundo afirmou a coordenadora do referido projecto.
Embora estes parceiros tenham realizado sua campanha em dias diferentes e em quarteirões
igualmente diferentes, ambos, trataram em parte, dos mesmos conteúdos, diferindo em alguns
aspectos, pois uma vez questionados sobre que mensagens eram difundidas no âmbito das
campanhas de EA porta a porta, os entrevistados responderam o seguinte:
PEAS: “As principais mensagens que os nossos activistas difundem estão mais relacionadas ao
uso adequado do bloco sanitário, a necessidade de eliminação e acondicionamento adequado do
lixo e recolha selectiva do lixo”.
ASSCODECHA: “…nessas campanhas nós temos procurado difundir mensagens ligadas a
necessidade de eliminação de focos de lixo; mensagens sobre a lavagem das mãos; sobre o uso da
rede mosquiteira; sobre a necessidade de um ambiente limpo, seguro e saudável;
acondicionamento adequado do lixo; mensagens sobre higiene pessoal e colectiva e uso adequado
do bloco sanitário…”
Estas informações foram corroboradas pelos residentes de Chamanculo “C” entrevistados, pois
quando questionado sobre o que ensinavam os parceiros do CMCM, responderam nos mesmos
termos.
Como se pode notar pelas respostas apresentadas, existem aspectos em comum tais como a
necessidade de eliminação e acondicionamento adequado do “lixo” e uso adequado do bloco
sanitário. Porém, existem também aspectos divergentes em ambas resposta, note-se pois que a
mensagem disseminada pela ASSCODECHA tem mais um teor de educação sanitária, facto que
pode ser comprovado na sua resposta.
26
Esta afirmação é também baseada nas observações feitas pelo autor, que notou que os activistas
desta associação faziam a disseminação de informações directamente relacionadas à promoção da
saúde pública principalmente a higiene individual e colectiva e o uso de rede mosquiteira, o que
em última instância, poderá não ajudar na formação e consolidação da cidadania ambiental,10uma
vez que as pessoas se preocuparão em manter somente a sua casa limpa em detrimento de outros
espaços do bairro e da cidade, no seu todo.
Note-se, ainda, que embora ambos projectos tenham apresentado aspectos comuns em suas
respostas, o Projecto “Educação Ambiental e Saúde”, diferentemente da ASSCODECHA
apostou também em consciencializar os residentes sobre a prática de recolha selectiva do “lixo”
ao nível das residências, uma iniciativa que o autor julga ser de grande relevância para despertar
nos residentes a necessidade e a importância de separar o “lixo”.
Contudo, o autor acredita ainda, que esta prática não é muito aplicável para a realidade do
Município de Maputo, e se calhar até da Província no seu todo, pois por mais que os residentes
façam a conveniente separação do “lixo” produzido em suas casas, este, é depois misturado
pelos trabalhadores sazonais do CMCM que fazem a recolha do lixo ao domicílio e, no final, não
terá valido em nada o esforço dos residentes em separar o “lixo”, uma vez que é dado mesmo
destino ao “lixo”, facto que contrasta com o fim último da colecta selectiva.
O segundo motivo para a não aplicabilidade desta prática, é referente a carência de infra-
estruturas, equipamentos e/ou indústrias que façam a reciclagem do “lixo” ao nível do Município
de Maputo e do nosso país, no geral. Estas ideias são também reforçadas por Aleixo et al (2014),
que refere que, quando os programas de Educação Ambiental não estão articulados com a gestão
ambiental, perdem sua eficácia, pois as pessoas mudam suas atitudes, mas não existem políticas e
acções que sustentem essas novas atitudes.
Porém, isto não significa que este conteúdo não podia ser abordado no contexto da EA para o
Bairro de Chamanculo “C”, acredita-se pois, que tendo consciência disso, os residentes deste
bairro poderão aplicar este conhecimento noutros espaços geográficos, onde esta prática é uma
realidade.
10
Cidadania ambiental: conjunto de direitos e principalmente de deveres do Homem para com o meio ambiente,
que são independentes de fronteiras geográficas, permitindo que o indivíduo em qualquer situação ou lugar possa
estar apto para desenvolver atitudes voltadas a protecção do meio ambiente (Bem, Lima, Moura & Teixeira, 2013).
27
Todavia, a aplicação interna deste conhecimento, passa pela EA dos trabalhadores Sazonais11
(responsáveis pela recolha domiciliar do “lixo”) e também pela criação de formas e/ou
mecanismos internos de reaproveitamento do “lixo”.
Por fim, relativamente a prática de sensibilização e consciencialização ambiental porta a porta, o
autor é da opinião que esta, constitui uma atitude inovadora porque trás uma nova forma de
realizar a EA que possibilita um contacto directo com o indivíduo, sendo por isso uma estratégia
para a consciencialização ambiental massiva dos residentes, devendo ser adoptada para projectos
similares ou outros projectos de EA a nível de Moçambique.
Contudo, esta estratégia apresentou suas desvantagens, uma vez que houve famílias que não
foram encontradas em suas casas, devido vários motivos. De entre eles pode se suspeitar
motivos ocupacionais de índole laboral, dado que estas actividades eram realizadas somente ao
meio de semana e no período habitualmente laboral. A título de exemplo, quando questionado se
terá recebido em sua casa alguma associação ou grupo de indivíduos durante a requalificação
urbana, houve no bairro quem afirmou:
FFFF: “…não tive conhecimento e nem vi nenhum grupo aqui em casa nesse período, talvés
chegaram enquanto eu estava no serviço, mas não vi.”
Esta afirmação reforça a suspeição do autor levantada no comentário acima, relacionada a um
dos motivos pelos quais certas famílias não foram encontradas em suas casas, no âmbito da
realização das práticas de EA, e demonstra igualmente um dos pontos negativos desta prática.
4.2.2. Jornadas de limpeza das ruas e vala de drenagem
De acordo com a coordenadora do projecto “Educação Ambiental e Saúde”, o seu projecto
promoveu e realizou jornadas de limpeza todas 2ªs e 6ªs feiras, de cada semana, tendo sido
apoiadas pelos chefes de quarteirões e pelo secretário do bairro.
Assim como o projecto “Educação Ambiental e Saúde”, a ASSCODECHA também promoveu e
realizou jornadas de limpeza não somente ao nível do bairro mas também ao nível de algumas
escolas, no âmbito da EA nas escolas, tendo contado com a participação de pais, alunos e
professores, segundo declarações do coordenador desta associação.
11
Trabalhadores sazonais: referem-se aos trabalhadores responsáveis pela recolha do lixo e que são pagos
diariamente pelo CMCM.
28
Foi possível constatar, através da observação, a realização de jornada de limpeza da vala
reconstruída e das ruas ao longo das Av. Amaral Matos e Marcelino dos Santos, que contou com
a participação de um número significativo de residentes e de algumas estruturas do bairro, como
se pode ver na imagem 4.
Imagem 4: Residentes de Chamanculo “C”realizando limpeza nas ruas e na vala de drenagem
Entretanto, à semelhança o projecto “Educação Ambiental e Saúde”, a ASSCODECHA não
explicava aos participantes sobre a relevância da realização das jornadas de limpeza e tão pouco
sobre porquê não se deve depositar resíduos sólidos nas valas de drenagem e nas ruas, antes,
durante e nem depois da realização da limpeza. Porém este facto contrasta com as declarações
dos coordenadores de ambos projectos, que quando questionados se explicavam aos residentes
sobre a importância dessas jornadas aquando da sua realização, responderam nos seguintes
termos:
ASSCODECHA: “…exacto, nós reunimos os nossos activistas juntamente com os residentes
chegamos lá, varemos as ruas e tal e depois todos reunimo-nos num ponto de concentração já
conhecido e quando terminamos, temos uma sentada de uns 10min para falar da importância de
se fazer a limpeza para o ambiente e para a saúde das próprias pessoas e, até programa-se a nova
actividade”.
PEAS: “Claro, é necessário que as pessoas saibam disso, por isso nós como as coordenadoras
das actividades do nosso projecto, temos orientado o nosso pessoal para a fazer isso antes do
início da actividade planeada para um determinado quarteirão…”
29
Pelo que se pôde notar pelas respostas, ambos parceiros do CMCM, alegam que explicavam a
importância da realização desta actividade, embora em momentos diferentes, ou seja, enquanto
um fazia no início, outro fazia no fim da actividade de limpeza proposta. Mas como já foi
referido, o autor não presenciou situações nas quais este facto aconteceu.
Independentemente de qual seja a verdade sobre este facto, deve-se explicar sempre aos
participantes de qualquer que seja a acção de EA, sobre a importância da realização da mesma
para garantir um conhecimento mais aprofundado do problema e a consciencialização do
indivíduo. No entanto, o autor julga que é sempre bom que esta explicação seja feita no início
e/ou durante a actividade, sob risco de não ser muito aplicável no fim, pois as pessoas já estarão
cansadas e perderão por conseguinte o interesse pela palestra, salvo se houver incentivos que
permitam reter as pessoas no local.
4.2.3. Mobilização da comunidade para limpeza de ruas e valas12
De acordo com os coordenadores de ambos projectos, no caso vertente, o da ASSCODECHA e
o do projecto “Educação Ambiental e Saúde”, a mobilização da comunidade para a limpeza das
ruas e valas de drenagem foi uma actividade realizada em diferentes quarteirões do bairro onde
estes parceiros do CMCM se propuseram trabalhar, tendo contado com o apoio especial dos
chefes de quarteirões que foram também responsáveis por mobilizar e juntar os residentes do
bairro para realização de acções de EA no bairro.
No entanto, quando questionados sobre qual era o grau de aderência dos residentes às acções
desenvolvidas no bairro, coordenadores de ambos projectos elogiaram o esforço e a contribuição
dos chefes de quarteirões nesse processo, tendo afirmado o seguinte:
PEAS: “…alguns aderem sim, mas outros não, mas como temos ajuda também dos chefes de
quarteirão, há participação de boa parte de pessoas”.
ASSCODECHA: “…os residentes têm aderido às actividades por nós desenvolvidas ao nível do
bairro, graças ao esforço que os chefes de quarteirão tem vindo a empreender, em coordenação
com os nossos activistas”.
12
Mobilização da comunidade: processo que consiste em convocar as pessoas para participar de uma iniciativa de
carácter cívico.
30
O autor presume que a mobilização da comunidade por meio do envolvimento das estruturas do
bairro é uma atitude muito positiva, pois permite que mesmo após o término de um determinado
projecto de EA, haja probabilidade de continuidade das acções desenvolvidas, o que contribuirá
para manutenção e conservação do ambiente no seu todo. Importa realçar que a EA nas
comunidades, através desta prática e de outras referenciadas acima, em 4.1.1 e 4.1.2, constitui de
acordo com a coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo “C” um objectivo
geral do PMEA, estando, portanto, inserido no pilar de programação e execução do PMEA, ao
nível de “Acções de Educação Ambiental nos bairros (comunidade) ”.
4.2.4. Educação Ambiental nas Escolas
Segundo o seu coordenador, a ASSCODECHA, trabalhou nas escolas com o mesmo número de
activistas com os quais trabalhou na comunidade, tendo sido coadjuvados e fiscalizados por uma
técnica. Neste contexto, a associação formou cerca de 40 alunos em matéria básica de saúde e
meio ambiente, sendo 20 do sexo masculino e outros 20 do sexo feminino, em duas (2) escolas
primárias designadamente, Unidade 13 e Lhanguene Centro (Rainha Sofia). Além disto, foram
promovidas jornadas de limpeza do recinto escolar e dos sanitários, bem como acções de
conservação de espaços verdes destas escolas, em todos os sábados de cada semana, envolvendo
pais, alunos e professores, segundo referiu a mesma fonte (veja imagem no apêndice 3).
Contrariamente a ASSCODECHA, o projecto “Educação Ambiental e Saúde”, não teve
nenhuma acção ao nível das escolas e justificou:
“…Não estamos a trabalhar com as escolas, porque já existem outros projectos a trabalhar nessas
escolas, por isso nos concentramos mais em trabalhos ao nível das áreas habitacionais …ˮ
É verdade que havia outros projectos que trabalhavam ao nível das escolas, uma vez que foi
possível constatar. Porém, este não é um factor impeditivo para a abstenção do projecto
“Educação Ambiental e Saúde” a esta prática, pois há uma série de acções de EA diferentes que
este projecto poderia desenvolver nessas mesmas escolas ou em outras que não tinham sido
seleccionadas por outros projectos.
Contudo, o autor acredita que EA nas escolas, constitui uma estratégia ideal para despertar a
consciência ambiental dos alunos ainda na infância e garantir a continuidade das acções ao nível
da escola. A mesma, está prevista no PMEA no pilar da “formação ambiental nas escolas do
município”, mas contrariamente ao plano que prevê a Educação Ambiental com objectivo de
31
sensibilizar os professores sobre preservação do meio ambiente urbano, a acção da
ASSCODECHA esteve virada a consciencialização e a sensibilização de alunos.
4.2.5. Formação de núcleos de EA ao nível do bairro
Segundo o coordenador da ASSCODECHA, esta acção tem sido desenvolvida dentro da própria
associação, sendo uma actividade independente, isto é, não ligada ao projecto de requalificação
de Chamanculo “C”. Porém, é uma actividade que a associação acredita ser de grande valia para
o bairro dado que contribui para a consciencialização dos residentes do mesmo (veja imagem no
anexo 2).
Esta actividade não foi desenvolvida pelo projecto “Educação Ambiental e Saúde”, pois de
acordo com a coordenadora do referido projecto, “não havia espaço para a realização destas
tarefas”, e por conta disso, o projecto teve o seu foco em actividades que lhe foram favoráveis.
4.3. Papel de cada interveniente no âmbito requalificação do Bairro de Chamanculo “C”
Neste tópico, procurou-se apresentar o que cada interveniente do processo de requalificação
deste bairro fez, cruzando estas informações com PMEA.
4.3.1. Papel do Conselho Municipal da Cidade de Maputo – DMPUA
De acordo com a coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo “C”, o CMCM
enquanto órgão responsável pela requalificação deste bairro, teve um papel mais formativo e
informativo, isto é, formou na fase piloto do projecto de requalificação, um número considerável
de técnicos em matéria de EA para trabalhar no bairro, assim como informou a comunidade de
Chamanculo “C” e outras partes interessadas sobre suas intenções no bairro, tendo igualmente
lançado o concurso para projectos de educação e saúde no âmbito do projecto de requalificação.
Estas acções encontram-se fundamentadas nos pilares de “programação e execução” e de
“advocacia, sensibilização e acção preliminar” do PMEA, cujos objectivos são, criar capacidade
técnica dos técnicos do Município para a implementação ao nível operacional do PMEA e fazer
com que os gestores, munícipes e as partes envolvidas, compreendam o PMEA, seus objectivos,
suas estratégias, seus programas, projectos, actividades e os recursos necessários para se atingir
os seus objectivos, respectivamente.
32
4.3.2. Papel dos parceiros do CMCM
Constituíram parceiros de implementação da EA no Bairro de Chamanculo “C” a
ASSCODECHA e os projectos de pessoas singulares. Segundo a coordenadora deste projecto de
requalificação, estes parceiros foram responsáveis pela disseminação da Educação Ambiental e
sanitária, neste bairro.
Assim, no que concerne a EA o papel destes foi discutido em 4.2 e seus respectivos subpontos.
Para além dos parceiros de implementação de EA, o CMCM contou igualmente com a parceria
da AVSI, mas contrariamente a informação obtida na fase de pré-projecto, segunda a qual a
AVSI possuía uma experiência em matérias de EA, foi possível apurar que, esta, enquanto
parceira do CMCM, o seu contributo “foi essencialmente no âmbito social”, segundo referiu a
coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo “C”.
Porém, na questão ambiental a acção da AVSI recaiu na melhoria da recolha do lixo e esteve
associada a uma iniciativa de mudanças climáticas da autoria do FUNAB e University College
London, tendo promovido no período de 2015 a 2016 o uso do “fogão poupança”, um fogão
que para além de poupar o carvão, não emite fumo, evitando deste modo, a emissão de gases á
atmosfera.
4.4. Papel da EA para a manutenção das infra-estruturas urbanas previstas e
disponibilizadas no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”
Independentemente da diferença discursiva, quando questionados sobre qual era o papel da EA
para a manutenção das infra-estruturas urbanas de Chamanculo “C”, os entrevistados
responderam por unanimidade que a EA ajuda na consciencialização das pessoas para a
conservação do seu meio ambiente, conforme as seguintes afirmações:
CMCM: “…. Busca construir uma consciência ambiental das famílias no que diz respeito às
competências, comportamentos, atitudes, conhecimentos, valores e normas de protecção
ambiental e da saúde pública, sendo esta a razão pela qual foram criados e apoiados projectos de
EA e saúde no âmbito da requalificação deste bairro”.
ASSCODECHA: “…. Dotar os residentes deste bairro de conhecimentos voltados à protecção
ambiental é criar condições para a conservação duradoira das infra-estruturas urbanas como
arruamentos e principalmente das valas de drenagem, evitando que os residentes façam do
descarte de lixo nas valas, uma prática costumeira.
33
PEAS: …“achamos que ajuda na mudança de comportamento e principalmente de atitudes dos
residentes deste bairro para que eles participem mais na melhoria da qualidade do meio ambiente
[…] por ai e também ajuda a conservar as ruas, …valas de drenagem, etc.”
Saliente-se que a mesma posição foi também defendida por unanimidade pelos residentes
entrevistados. Por exemplo, quando questionado sobre o que achou da visita realizada a sua casa
pelos parceiros de CMCM, o R2 afirmou: “…é uma acção de louvar porque faz parte da saúde
pública e as pessoas devem se precaver e também é importante porque ajuda a comunidade na
limpeza do bairro, das casas e contribui para um ambiente limpo, seguro e saudável, estou a
gostar”. Complementando, o R8 salientou: “é bom esse trabalho do Conselho Municipal porque
vai nos ajudar muito aqui no Bairro de Chamanculo “C” no problema de lixo aqui nas ruas e na
drenagem”.
Assim, percebe-se que de modo geral, a EA contribui para a elevação da consciência ambiental
dos residentes de Chamanculo “C” despertando neles a necessidade cada vez crescente de um
ambiente limpo e seguro, da necessidade de optarem por formas vantajosas de uso e ocupação
do solo urbano e da importância da vala de drenagem para a melhoria e manutenção de
condições óptimas de saneamento do meio.
4.5. Impacto da EA desenvolvida pelo CMCM em coordenação com os seus parceiros no
âmbito da requalificação do bairro de Chamanculo “C”
Para discussão deste aspecto, procurou-se observar um conjunto de factores que o autor
considera terem influenciado na geração de impactos desejados no âmbito da prossecução dos
projectos de EA, dentre eles, a duração dos projectos de EA, a periodicidade de encontro com as
comunidades, a monitoria dessas práticas entre outras questões que podem ser vistos no
apêndice 1 do presente trabalho.
4.5.1. Duração dos projectos de EA vs Efectividade das práticas Desenvolvidas
Para o sucesso de um projecto de EA, este deve ser desenhado tendo em conta um determinado
período de tempo para a sua execução, do qual depende a efectividade das acções a desenvolver.
Assim para discutir o impacto das práticas de EA desenvolvidas pelos parceiros do CMCM no
âmbito da requalificação urbana de Chamanculo “C” torna-se necessário considerar o tempo da
sua execução.
34
De acordo com a coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo “C” o CMCM
desenvolveu com os seus parceiros, práticas de EA por quatro (4) meses, contando a partir de
Junho a Novembro de 2016. Esta afirmação foi corroborada pelos parceiros de CMCM, e
também pelos residentes entrevistados, quando questionados sobre qual tinha sido o período de
duração dos projectos de EA.
Quanto ao período de duração dos projectos de EA desenvolvidos no Bairro de Chamanculo
“C”, os parceiros dos CMCM entrevistados apresentaram opiniões contrárias dado que para
ASSCODECHA, o tempo de duração destes projectos “foi muito curto” e justificou: “a questão
de mudança de comportamento é uma guerra e não se faz de um dia para outro […] mas serviu
para alguma coisa”. Adicionalmente afirmou: “a cada ronda das actividades realizadas mais
pessoas iam se sensibilizando e aderindo às actividades, então seria ideal se o tempo tivesse sido
prolongado”. Já para o Projecto “Educação Ambiental e Saúde” o tempo foi “suficiente”.
É, sem dúvida, verdade que a mudança de comportamento não se efectiva de forma imediata.
Foi possível constatar, dias após o término das práticas de EA, alguns resíduos sólidos como
pneus, plásticos, papéis e outros objectos que supostamente tenham sido depositados na vala de
drenagem, quer directamente pelos residentes ou indirectamente pela acção dos agentes
climáticos, nos quarteirões 20 a 25, como ilustra a imagem 5.
Imagem 5: Resíduos sólidos na vala de drenagem no quarteirão 22
Para além dos impactos observáveis, alguns entrevistados apresentaram as seguintes opiniões:
R4: “…. Existem alguns vizinhos que ainda despejam lixo na vala aqui no nosso quarteirão, por
isso tem que haver pessoas para controlar as valas”.
R1: “…tem que haver maior coordenação nas jornadas de limpeza porque persiste ainda o
problema de lixo aqui na vala de drenagem, principalmente lá para os quarteirões 20 para frente”.
35
Entretanto alguns residentes entrevistados, negam as afirmações segundo as quais alguns
residentes fazem o descarte de resíduos sólidos na vala de drenagem, como é o caso do R2 que
afirmou: “... É verdade que não há coordenação aqui no nosso quarteirão para fazer limpeza,
mas as vezes fazemos, o lixo na vala deve-se às crianças de outros quarteirões que gostam de
brincar e pôr lixo ali”. Esta opinião foi complementada pelo R9, ressaltando: “Não, nós não
despejamos lixo na vala de drenagem, o lixo entra na vala por causa da chuva e do vento”.
Esta última afirmação, trás a tona a necessidade do CMMC pensar em outras alternativas de
desenho e/ou configuração das valas de drenagem, que permitam protege-las contra acção
desses agentes climáticos, para outros projectos similares e ou mesmo para este projecto. Pode-
se, por exemplo, sugerir a colocação de “grelha amovível”13 na vala por construir na rua
Tindzava, ao invés de mantê-la exposta, pois é, sem dúvida, verdade sim, que os agentes
climáticos tais como chuva e vento, contribuem em parte, para o arraste e deposição de resíduos
sólidos na vala de drenagem.
Quanto ao primeiro ponto colocado, relacionado às crianças, é necessário que haja maior
intervenção por parte de seus pais no sentido de as aconselhar a não fazer o depósito do lixo na
vala.
Em suma, embora o período de duração dos projectos de EA possa ser alvo de discussão, tendo
em conta as afirmações dos entrevistados e as lacunas apresentadas para cada prática de EA
desenvolvidas pelos parceiros, o autor considera que o mesmo foi relativamente satisfatório, pois
foi suficiente para elevar a consciência ambiental dos residentes sem causar desinteresse no seio
destes, lembrando, pois, que as práticas de EA não devem gerar um clima de desconforto e
desinteresse pelo seu tempo de duração e que antes do lançamento do 2º fundo de apoio a
projectos de associações e pessoas singulares, o CMCM, executou por um período de
aproximadamente um mês, um projecto-piloto de EA.
Como exemplo da geração de impactos positivos, as práticas ambientais como jornadas de
limpeza e sensibilização e consciencialização ambiental porta a porta, tiveram maior aderência
por parte dos residentes, incluindo os chefes de quarteirões. Este facto, permite ao autor assumir
que houve, de algum modo, efectividade nas práticas de EA realizadas.
13
Grelha Amovível é um instrumento de ferro, de alumínio ou de outros metais, ou mesmo de cimento, disposta
com barras bem estreitas e ao mesmo tempo paralelas umas às outras, através das quais passa a escorrem as águas da
chuva e outras partículas de menor dimensão.
36
Porém, ainda que se tenha alcançado alguma efectividade nestas acções, é necessário que o
CMCM, considere o carácter permanente de EA procurando sempre que possível promover
campanhas tanto quanto regulares de EA porta a porta e jornadas de limpeza no bairro de
Chamanculo “C”, mesmo após o término destes projectos, tendo em conta que as práticas de
EA não surtirão efeitos imediatos no seio de toda população dado que a educação é um processo
longo e a mudança de atitude não é algo que se faça em tão pouco tempo.
Esta posição é também defendida por Gomes, et al (2012), que sugerem que a EA deverá ser
desenvolvida como uma prática educativa integrada, “contínua e permanente” em todos os níveis
e modalidades do ensino formal, não formal e informal.
No que tange ainda aos impactos, quando questionados sobre o que cada um dos residentes fazia
de tudo que aprendeu, seis (6) dos dez (10) residentes entrevistados foram unânimes em afirmar
que fazem tudo o que foi ensinado, segundo testemunham as seguintes afirmações:
R7:“...faço tudo, como jornadas de limpeza ao nível do quarteirão, organizo o lixo no saco e
cuido da minha casa de banho…”
R10: …“ tudo, tipo participo nas jornadas de limpeza que o chefe do quarteirão organiza nos
sábados, evito deitar lixo na vala de drenagem, e faço o uso da rede mosquiteira”.
R3: “eu faço limpezas regulares e voluntarias da vala de drenagem, evito deitar “lixo” e efluentes
domésticos na vala drenagem e também faço acondicionamento do lixo em sacos de lixo […]
penso que faço tudo”.
R9: “Eu faço tudo mesmo, aliás há coisas que eu já fazia antes de eles aparecerem, como
organizar lixo no saco e fazer a limpeza do bloco sanitário”.
R6: “...Antes não fazia a separação de lixo e nem participava na limpeza das valas mas agora faço
tudo sim senhor, porque isso é bom”
R4: …“faço tudo sem problemas porque é para o bem da minha própria saúde e da minha
família…é de louvar o que o Conselho Municipal fez para nós aqui no Chamanculo C”.
R8:“…, faço tudo que eles ensinaram, não despejo água nem lixo na vala de drenagem e outras
coisas que eles ensinaram”.
37
Como se pôde notar, grosso número dos residentes entrevistados faz tudo o que aprendeu
aquando da implementação das práticas de EA no bairro, o que lava a concluir que estas acções
foram efectivas.
Mas contrariamente aos seis (6) entrevistados, outros quatro (4) afirmaram que fazem parte das
coisas aprendidas, como afirma o R2: “hiii […] tudo não nem, acho que não é possível mas […]
faço algumas coisas”. O R1 revelou, argumentando “…não vou dizer que faço tudo nem […]
mas faço algumas coisas tais como evitar deitar lixo e efluentes domésticos na vala de drenagem,
limpeza do meu bloco sanitário, uso de rede mosquiteira, higiene pessoal, etc.”
De entre várias razões levantadas para a não realização de tudo quanto foi aprendido no âmbito
da requalificação urbana de Chamanculo “C”, destacam-se, a falta de tempo e a falta
disponibilização de material necessário para a realização de certas actividades pelo CMCM, como
salienta o R5: “...Não faço tudo porque não tenho tempo, apenas faço algumas coisas como
separar o lixo e guardar adequadamente nos sacos e limpar a casa de banho…”. O R8 adicionou:
“não participo na limpeza do bairro não só por falta […] mas também porque o Conselho
Municipal não nos dá material para limpeza, mas faço outras coisas”.
Questionados sobre o que tinha mudado no bairro findo os projectos de EA desenvolvidos no
âmbito da requalificação urbana de Chamanculo “C”, os entrevistados não pouparam seus
elogios, ao CMCM pelas obras de requalificação implantadas no bairro que segundo estes,
aumentam hoje a acessibilidade, mobilidade como também reduzem casos de estagnação das
águas pluviais em algumas ruas do Bairro de Chamanculo “C”, como se pode notar nas
afirmações seguintes:
R4: “…as estradas já não andam alagadas, e também abriram-se mais ruas”.
R1: “…Já não há problemas para andarmos aqui, agora andamos sem problemas porque as ruas já
não ficam cheias de água da chuva…”
Portanto, no que tange a forma como os residentes lidam com o “lixo” nos quarteirões, os
entrevistados afirmaram o seguinte:
R6: “… as coisas mudaram um pouco aqui no quarteirão porque já fazemos limpezas da vala de
drenagem de 15 em 15 dias”.
38
R3: “…aqui algumas pessoas fazem limpezas voluntárias na vala de drenagem, a frente das suas
casas e organizam o lixo nos sacos para depois esses do Município virem recolher”.
ASSCODECHA: “…Houve uma mudança significativa na forma como os residentes do bairro
fazem o acondicionamento do lixo assim como já são promovidas jornadas de limpeza quinzenais,
pelos chefes de quarteirões em cada um dos 76 quarteirões que compõem o Bairro de Chamanculo
“C”, coadjuvados pela comissão de água e saneamento do bairro ”.
Não só, mas também soube-se que embora alguns residentes façam limpeza voluntária, esta
limpeza, se restringe somente à área adjacente ao terreno destes mesmos residentes, dado que a
vala está contígua à parte frontal dos terrenos habitacionais. Porém, esta limpeza não acontecia
outrora. Estas, são também evidências que permitem concluir que as práticas de EA foram
desenvolvidas num espaço de tempo relativamente suficiente para elevar de certa forma a
consciência dos residentes sobre a necessidade de manutenção de um ambiente saudável.
No entanto nem todos fazem uma apreciação positiva relativamente ao impacto das acções de
EA realizadas no bairro, segundo testemunham estas afirmações:
PEAS: “…por enquanto é complicado afirmar que há mudanças de atitude, mas esperamos que
isso aconteça.”
R4: “…eu tenho feito a limpeza aqui na vala junto com o chefe de quarteirão e outros vizinhos,
mas ainda persiste o problema de lixo aqui na vala e não há coordenação para a realização de
limpeza, porque nem todos participam”.
Estas afirmações revelam que embora se tenham registado melhorias decorrentes de EA
realizada no bairro, persistem desafios que necessitam de uma pronta intervenção para
ultrapassa-los, como é o caso de maior coordenação dos residentes de modo a organiza-los
devidamente para participarem efectivamente na limpeza das ruas e valas de drenagem.
39
4.5.2. Periodicidade de encontros com a comunidade
De acordo com a coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo C”, no
concernente aos encontros com as comunidades, o CMCM promoveu durante o período de
duração do projecto, apenas dois (2) encontros, envolvendo os representantes dos três (3)
projectos de EA e a comunidade para explicar sobre os objectivos das acções de Educação à
comunidade. Esta informação foi confirmada pelos coordenadores dos projectos entrevistados.
Ainda sobre este ponto, as estratégias de EA porta a porta adoptadas pela ASSCODECHA e
pelo projecto “Educação Ambiental e Saúde”, possibilitou encontros regulares com a
comunidade, não obstante o facto de estas estratégias não ter sido aplicada a todas famílias por
supostas questões de indisponibilidade ou ocupacionais já mencionadas.
4.5.3. Avaliação do nível de implementação das actividades previstas
De modo geral, no que concerne a implementação do PMEA, foi possível notar que o CMCM,
implementou as suas actividades de EA, guiado pelos objectivos e pilares definidos neste plano.
Porém, importa evidenciar que contrariamente ao definido em anexo no PMEA o CMCM não se
observou a Educação Ambiental sobre o “planeamento e riscos urbanos” uma vez que tanto a
coordenadora do projecto de requalificação de Chamanculo “C” como ASSCODECHA e o
projecto singular “Educação Ambiental e Saúde”, bem como os residentes do bairro, não
fizeram menção a este conteúdo, quando questionados sobre as principais mensagens
disseminadas, aquando da implementação das práticas de EA no âmbito da requalificação do
Bairro de Chamanculo “C”.
Embora o bairro não seja ordenado, seria importante que no âmbito da prossecução dos
projectos de EA, fossem disseminados conteúdos sobre a importância e vantagens do
ordenamento territorial bem como sobre quais os riscos associados ao “desordenamento
territorial”, sob risco das gerações mais novas, por desconhecimento, optarem pelo mesmo
modelo de ocupação do solo em outras realidades territoriais e, crescerem por conseguinte, casos
de desordenamento do território e dos problemas a ele associados.
O autor é também da opinião que as práticas de EA deveriam ser extensivas aos proprietários
e/ou funcionários de barracas de venda de bebidas alcoólicas para que estes, por sua vez, sejam
responsáveis pela orientação de seus clientes ou utentes sobre o depósito adequado das garrafas,
latas e outro resíduos, uma vez que foi possível observar ao longo da AV. Amaral Matos, numa
40
das barracas de venda de bebida alcoólica, um cenário de garrafas e latas de bebidas alcoólicas,
espalhadas no chão, mesmo com recipientes apropriados para o depósito do “lixo” (veja a
imagem, no apêndice 3).
4.5.4. Monitorias das actividades
Segundo a coordenadora do projecto “ Apoio á requalificação de Chamanculo C” o garante da
implementação das práticas de EA, foi feito mediante monitorias às actividades desenvolvidas no
campo por um gestor de projectos contratado pelo CMCM para o efeito. Contudo o gestor
responsável por esta actividade mostrou indisponibilidade para o fornecimento de mais detalhes
sobre este ponto.
41
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste capítulo é feito o desfecho do estudo e são lançadas advertências consideradas relevantes,
para as diferentes entidades, indicadas no texto das recomendações, respectivamente.
5.1. Conclusão
Realizada a pesquisa concluiu-se que o CMCM e seus parceiros desenvolveram para o Bairro de
Chamanculo “C”, uma EA Não Formal, fundamentada por práticas como, campanhas de
sensibilização ambiental porta a porta; jornadas de limpeza das ruas e vala de drenagem;
mobilização da comunidade para a limpeza de ruas e valas e EA nas Escolas. Estas práticas
foram realizadas, com base no PMEA, tendo sido comprido parcialmente, uma vez que houve
omissão de certos aspectos e/ou conteúdos previstos no plano e que são de fundamental
importância para a realidade do bairro, como é o caso de conteúdos sobre ordenamento
territorial.
Todos os intervenientes do processo de requalificação de Chamanculo “C” (com destaque para o
CMCM e a AVSI) exerceram seu papel em função das obrigações que lhes foram incumbidas e
das directrizes orientadoras das suas acções, contudo os parceiros de implementação dos
entrevistados pecaram ao fazer observância parcial do PMEA na sua actuação.
Concluiu-se ainda, que as práticas de EA desenvolvidas geraram impactos, o que se traduz hoje,
na realização voluntária e individual de acções de limpeza da vala de drenagem; nas jornadas
colectivas de eliminação de focos de “lixo” ao nível dos quarteirões, e no acondicionamento
adequado de “lixo” nas residências.
Não obstante as lacunas apresentadas pelas práticas de sensibilização ambiental porta a porta e
de EA nas escolas, estas práticas foram e são de grande importância para elevação da consciência
ambiental dos residentes do Bairro de Chamanculo “C”, devendo ser adoptadas em projectos
similares de EA ao nível do nosso país. Porém existem conteúdos de EA não aplicáveis ao bairro
e que merecem alguma correcção, trata-se da EA para a recolha selectiva do “lixo”, devido as
razões já apresentadas no desenvolvimento desta pesquisa.
Embora se tenham atingido resultados positivos, concluiu-se, igualmente, que persistem ainda
desafios a serem ultrapassados no que tange a coordenação dos residentes para maior
participação nas campanhas de eliminação de focos de “lixo” em alguns prolongamentos da vala
de drenagem, nos quarteirões 20 a 25, onde a gestão adequada do “lixo” constitui um problema,
de modo que esta infra-estrutura perdure e beneficie a todos e, se calhar, às outras gerações daí
que se deve considerar o carácter permanente da EA em todos seus tipos e formas de actuação.
42
5.2 Recomendações
Ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo, recomenda-se:
Realizar uma maior supervisão das actividades desenvolvidas pelos seus parceiros no
âmbito de outros projectos similares;
Procurar articular as acções de Educação Ambiental com as de gestão ambiental para
garantir a sustentabilidade na mudança de atitudes da população;
Garantir maior coordenação intra-instutucional, no que refere a troca de informações de
modo a evitar discrepâncias nas informações disponibilizadas;
Desenhar e desenvolver práticas de Educação Ambiental coerentes com a realidade para
a qual são concebidas;
Realizar a EA voltada para a consciencialização dos residentes do assentamento informal,
sobre o planeamento e riscos urbanos, inerentes ao desordenamento territorial;
Disponibilizar material de limpeza ao nível de cada quarteirão para prossecução das
jornadas limpeza;
Realizar uma monitoria pós-projectos de EA, para verificar o grau de aderência e
efectividade das práticas de Educação Ambiental desenvolvidas e traçar medidas
correctivas.
Aos chefes de Quarteirões:
Organizar e coordenar as jornadas de limpeza a nível do bairro de modo a albergar
grande parte dos residentes;
Aconselhar aos residentes sobre a necessidade de se tornarem mutuamente vigilantes,
denunciando práticas que coloquem em causa a segurança e a sanidade do meio
ambiente e a devida função da vala de drenagem em particular, para uma devida
responsabilização dos infractores.
Aos estudantes:
Realizar pesquisa sobre EA para as famílias reassentadas no âmbito da requalificação de
bairros.
43
6. Referências Bibliográficas
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COWI.
45
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aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR461181599c423_1.pdf.02.07.016.
46
7. Anexos
Anexo 1: Credencial da Faculdade de Educação para a Direcção Municipal de Planeamento
Urbano e Ambiente
47
Anexo 2: Imagem 6, acções de formação de núcleos no bairro pela ASSCODECHA
Fonte: ASSCODECHA
48
8. Apêndices
Apêndice 1: Guião de Entrevista
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
CURSO: Licenciatura em Educação Ambiental
GUIÃO DE ENTREVISTA
TEMA:
Análise das práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo Conselho Municipal da
Cidade de Maputo no âmbito da Requalificação Urbana: Caso do Bairro Chamanculo
“C”
Apresentação do Entrevistador
Respondo pelo nome de Equivaldo de Matos Ernesto Francisco, Estudante do curso de
Licenciatura em Educação Ambiental na Universidade Eduardo Mondlane, pela Faculdade de
Educação. Venho por meio desta, pedir humildemente alguns minutos da sua atenção, para
responder algumas questões ligadas às práticas de Educação Ambiental desenvolvidas pelo
CMCM no âmbito da requalificação do Bairro de Chamanculo “C”.
Importa realçar que trata-se, portanto, de um questionário relacionado a um trabalho de pesquisa
com fins meramente académicos para efeitos de conclusão do Curso de Licenciatura em
Educação Ambiental.
A sua solidariedade em responder a estas questões será digna do meu maior apreço, pois a
respostas me serão de grande valia para a materialização deste trabalho e para obtenção do grau
de licenciado em Educação Ambiental.
Pelo que Estimarei bastante.
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NB: Caro entrevistado, não é obrigatória e nem necessária a sua identificação. Portanto responda
apenas as questões.
1. QUESTÕES PARA A DMPUA DA CIDADE DE MAPUTO
Questões em função das perguntas de pesquisa
P-1: Que actividades de Educação Ambiental o Conselho Municipal da Cidade de
Maputo desenvolve no âmbito da requalificação do bairro de Chamanculo “C”
1. Quais são as infra-estruturas urbanas previstas e /ou disponibilizadas no âmbito da
requalificação do Bairro de Chamanculo C?
2. Que actividades de EA estão sendo implementadas e/ou planeadas no âmbito da
requalificação urbana com vista a conservação das infra-estruturas disponibilizadas?
3. Qual é o tipo de Educação ambiental realizada pela Direcção Municipal de Planeamento
Urbano e Ambiente?
a) Qual é o papel da Direcção Municipal de Planeamento Urbano na Educação Ambiental
dos residentes do Bairro de Chamanculo C? .
b) Qual é o papel da EA na manutenção das infra-estruturas urbanas do Bairro de
Chamanculo “C”?
c) Com que material de EA a Direcção Municipal de Planeamento Urbano e Ambiente,
trabalha (de parceiros ou próprio)?
P-2: Qual é o impacto de EA desenvolvida pelo CMCM em coordenação com os seus
parceiros no âmbito da requalificação do bairro de Chamanculo “C”?
4. Por quanto tempo se pretende desenvolver estas acções?
5. Quantas vezes por semana ou por mês são levadas a cabo acções de Educação Ambiental
à população?
6. Como se garante a implementação das acções de Educação Ambiental realizadas no
Bairro?
a) É feita a Monitoria destas actividades?
50
b) Quem faz?
c) Qual é o intervalo de tempo de uma monitoria e outra
d) Como avalia o nível de aderência dos residentes às pratica de EA desenvolvidas no
Bairro do Chamanculo “C”.
2. QUESTÕES PARA OS PARCEIROS.
P-1:
1.Que actividades de Educação ambiental, são realizadas pelo seu/vosso projecto no âmbito da
requalificação urbana de Chamanculo C”?
2. Quem realiza?
3. Com que material o seu/vosso projecto trabalha (do CMCM ou próprio)
P-2:
4. Qual é a duração do seu/vosso projecto de EA?
5. Em que período do dia são desenvolvidas as actividades?
7. Quantas pessoas fazem a Educação Ambiental no Bairro?
8. Que mensagens de EA são difundidas?
9. Quantas vezes por semana ou por mês são levadas a cabo acções de Educação Ambiental aos
residentes?
11. Como se garante a implementação das acções de Educação Ambiental realizadas no Bairro.
a) É feita a supervisão destas actividades?
b) Quem faz?
10. Como avalia o nível de aderência dos residentes a estas actividades?
11. Qual é o papel da EA na manutenção das infra-estruturas urbanas do Bairro de Chamanculo
“C”?
51
QUESTÕES PARA OS RESIDENTES
P-1:
1. Teve conhecimento da execução da requalificação urbana no seu bairro?
2. Quem fez a requalificação urbana?
3. Terá visto alguma associação ou grupo de pessoas que andava de casa em casa e/ou no
bairro durante o processo de requalificação ensinando algo a população?
4. O que ensinava esta associação ou grupo?
5. Quantas vezes por semana apareciam?
6. Quanto tempo durou.
P-2: De tudo que aprendeu, o que você tem feito?
a) Se a resposta for nada ou algumas coisas: porquê?
1. O que você achou das visitas realizadas por estes grupos?
2. Alguma coisa terá mudado na sua casa/ bairro, depois destas vistas?
a) Se sim, o que mudou?
3. Para além do que foi feito por estes grupos, o que mais gostava que tivesse sido feito por
eles durante este processo?
Obrigado!
52
Apêndice 2: Guião de observação
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
Departamento de Educação em Ciências Naturais e Matemática
CURSO: Licenciatura em Educação Ambiental
GUIÃO DE OBSERVAÇÃO
Apresentação do conteúdo da observação
Aquando da aplicação da observação participante durante o processo de recolha de dados, houve
um conjunto infra-estruturas e práticas de EA pré-seleccionados para a observação pelo autor,
como forma de confirmar a sua concretização. A selecção destas infra-estruturas e práticas de
EA, foi baseada na informação obtida antes de se ir ao campo, tendo por isso servido de base de
observação no âmbito do estudo de campo. Estes aspectos podem ser vistos na tabela abaixo:
Práticas de EA
previstas
Práticas de EA
observadas
Infra-estruturas
previstas
Infra-estruturas
observadas
Jornadas de limpeza Pavimentação e
arborização da AV.
Amaral Matos
Consciencialização
ambiental porta a
porta
Melhoramento de
espaços públicos
(escolas)
EA nas escolas Reconstrução da vala
de drenagem
Mobilização da
comunidade
p/limpeza do Bairro
Fontenários públicos
X
Onde:
Significa: observada; e
X Significa: não observado
53
Apêndice 3: Imagem 7, alunos da Unidade 13 em actividades de conservação de espaços verdes
da escola.
Apêndice 4: Imagem 8, membros ASSCODECHA