FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS · PDF fileconstrução da...

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FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS Ficha Catalográfica: Abdala Junior, Benjamin Introdução à análise da narrativa. – São Paulo: Scipione, 1995. Bibliografia. ISBN 85-262-2525-1 Referência Bibliográfica: ABDALA JUNIOR, Benjamin. Introdução à Análise da Narrativa. São Paulo: Scipione, 1995. FICHA DE CITAÇÃO Cabeçalho Título genérico: Introdução à análise da narrativa Título próximo: Título específico: Formas narrativas GÊNERO LITERÁRIO “A atitude do escritor diante do mundo faz com que ele busque uma forma que seja adequada ao texto que constrói. Essas formas podem ser classificadas em três grandes grupos, denominados gêneros literários, de acordo com a melhor tradição dos estudos críticos:” p. 12 “O gênero lírico (forma em que o escritor é mais subjetivo e que ocorre quando resulta de uma relação intuitiva ou interiorizada do escritor com o mundo)”; p. 12 “O gênero narrativo (forma pela qual o escritor cria uma impressão de objetividade e que se apóia numa dinâmica temporal, com uma sucessão de acontecimentos e transformação dos fatos contados)”; p. 12 “O gênero dramático (forma na qual o escritor se esconde por trás da representação e da fala das personagens que ele criou).” p. 12 “Há textos que podem ser classificados, sem maiores dificuldades, num gênero específico; outros, entretanto, embora possam se situar predominantemente num determinado gênero, não são facilmente classificados.” p. 12 “Os gêneros apresentam subgêneros, isto é, formas literárias que se mantêm dentro das características do gênero a que pertencem. Exemplos de subgêneros:” p.13 - gênero lírico (soneto, canção, elegia, ode, etc.); - gênero narrativo (romance, novela, conto, crônica, etc.); - gênero dramático (drama, tragédia, comédia, auto, farsa, etc.).” p.13 O CONTO “A característica principal do conto, por ser uma narrativa curta, é a condensação das categorias da narrativa. Isso não significa que ele seja uma forma narrativa sempre mais simples que os romances: há contos literários bastante complexos. Entretanto, o que caracteriza o conto é a sua brevidade, o que leva o escritor a hierarquizar os fatos a serem narrados de forma a provocar no leitor um efeito marcante.” p.17 TEXTO CRÍTICO “O conto é uma forma breve. Esta afirmação, que aparece toda vez em que se tenta definir o conto, nos leva a um conhecido ditado:” p.17

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FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS Ficha Catalográfica: Abdala Junior, Benjamin Introdução à análise da narrativa. – São Paulo: Scipione, 1995. Bibliografia. ISBN 85-262-2525-1 Referência Bibliográfica: ABDALA JUNIOR, Benjamin. Introdução à Análise da Narrativa . São Paulo: Scipione, 1995.

FICHA DE CITAÇÃO Cabeçalho Título genérico: Introdução à análise da narrativa Título próximo: Título específico: Formas narrativas GÊNERO LITERÁRIO “A atitude do escritor diante do mundo faz com que ele busque uma forma que seja adequada ao texto que constrói. Essas formas podem ser classificadas em três grandes grupos, denominados gêneros literários , de acordo com a melhor tradição dos estudos críticos:” p. 12

• “O gênero lírico (forma em que o escritor é mais subjetivo e que ocorre quando resulta de uma relação intuitiva ou interiorizada do escritor com o mundo)”; p. 12

• “O gênero narrativo (forma pela qual o escritor cria uma impressão de objetividade e que se apóia numa dinâmica temporal, com uma sucessão de acontecimentos e transformação dos fatos contados)”; p. 12

• “O gênero dramático (forma na qual o escritor se esconde por trás da representação e da fala das personagens que ele criou).” p. 12

• “Há textos que podem ser classificados, sem maiores dificuldades, num gênero específico; outros, entretanto, embora possam se situar predominantemente num determinado gênero, não são facilmente classificados.” p. 12 “Os gêneros apresentam subgêneros , isto é, formas literárias que se mantêm dentro das características do gênero a que pertencem. Exemplos de subgêneros:” p.13 - gênero lírico (soneto, canção, elegia, ode, etc.); - gênero narrativo (romance, novela, conto, crônica, etc.); - gênero dramático (drama, tragédia, comédia, auto, farsa, etc.).” p.13 O CONTO “A característica principal do conto, por ser uma narrativa curta, é a condensação das categorias da narrativa. Isso não significa que ele seja uma forma narrativa sempre mais simples que os romances: há contos literários bastante complexos. Entretanto, o que caracteriza o conto é a sua brevidade, o que leva o escritor a hierarquizar os fatos a serem narrados de forma a provocar no leitor um efeito marcante.” p.17 TEXTO CRÍTICO “O conto é uma forma breve. Esta afirmação, que aparece toda vez em que se tenta definir o conto, nos leva a um conhecido ditado:” p.17

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“No conto não deve sobrar nada, assim como no romance não deve faltar nada.” p.17 “A questão não é: “ser ou não ser breve”. A questão é: “provocar ou não maior impacto no leitor”.”. p.17 “Neste caso, o conto pode ter até uma forma mais desenvolvida de ação, isto é, um enredo formado de dois ou mais episódios. Se assim for, suas ações, no entanto, são independentes, enquanto que no romance dependem intrinsecamente do que vem antes e depois. O conto é, pois, conto, quanto as ações são apresentadas de um modo diferente das apresentadas no romance: ou porque a ação é inerentemente curta, ou porque o autor escolheu omitir algumas de suas partes. A base diferencial do conto é, pois, a contração: o contista condensa a matéria para apresentar os seus melhores momentos. Pode haver o caso de uma ação longa ser curta no seu modo de narrar². Ou então ocorrer o inverso.” p.17 (² isto é, muitos anos de história em poucas páginas de leitura) “Daí a conclusão a que chega Normam Friedman:” “um conto é curto porque, mesmo tendo uma ação longa a mostrar, sua ação é melhor mostrada numa forma contraída ou numa escala de proporção contraída (p.134)” p.18 “O que não se pode afirmar é que uma estória é curta porque tem um certo número de palavras ou porque tem mais unidades ou porque enfoca mais o clímax que o desenvolvimento da ação.” p.18 “O que podemos considerar, afirma Norman Friedman, é como e por que tais recursos acontecem e os modos vários de responder a estas questões, de acordo com as possíveis combinações de tais elementos narrativos. Ou seja: de como aparecem tais combinações em cada conto. (GOTLIB, Nádia Battella. Teoria do conto. 2. ed. São Paulo, Ática, 1985. pp.63-65).” p.18 Comentário: “ A forma curta do conto provem de um motivo interno à sua construção – o contista deve concentrar efeitos para ocasionar um determinado impacto no leitor. Toda a construção da narrativa direciona-se para propiciar esse efeito. No romance, ao contrário, o narrados apresenta uma visão mais totalizada, onde não deve “faltar nada”. “Para que seja possível o “impacto” no leitor, o contista deve ser bastante objetivo ao destacar o que é importante para a construção desse “impacto”. Ele deve, pois, de acordo com Nádia Battella Gotlib, omitir o que não for essencial para esse impacto; expandir os motivos diretamente relacionados com ele; contrair o que estiver relacionado, mas sem maior relevância; e apresentar pontos de vista, entre a voz do narrador e as vozes das personagens que não se afastem do tema central do conto. Tudo isso significa: concentração de efeitos para provocar um impacto no leitor”. p.18 ROMANCE E A NOVELA “O romance é, na prosa de ficção, a forma narrativa mais longa. Em razão desse fato, as categorias fundamentais do gênero (como personagem, espaço, tempo, ação, etc.) aparecem com interconexões bastante elaboradas. Reside justamente nessa extensão (de que resulta maiores interconexões) o fator que vai levar o romance a se distinguir da novela, do conto e da crônica. Não poderíamos ter uma narrativa mais curta, inclusive contos, com tais interconexões? É o que ocorre com muitas narrativas curtas que apresentam grande elaboração nas categorias de gênero. Críticos importantes não vêem diferença entre romance e novela. Na

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Inglaterra, na Itália e na Espanha, por exemplo, o romance é chamado de novela.” p.14 TEXTO CRÍTICO “Nos séculos XII e XIII, chamava-se romança o poema em língua romântica que narrava feitos heróicos e aventuras galantes, em oposição ao poema em latim. A palavra novela, emprestada do italiano no século XIV, substitui em espanhol e inglês o termo romance. Em português, novela passou a designar narrativa menos extensa e menos complexa que o romance. Nas origens, novela salientou a inclinação da narrativa romanesca para o novo, original, contrária ao poema épico, cultor de grandezas antigas.” p.15 “O romance retratou, desde o começo, conflitos individuais e vida cotidiana, opondo-se a noções medievais latinas, que privilegiavam qualidades fixas, persistentes ainda em epopéias nacionais como a Chanson de Roland (autoria desconhecida) e o Poema de Mio Cid (autoria desconhecida), obras em que não se admite contaminação de lealdade e traição, amplamente praticada pelo romance. (no romance, uma personagem pode em certas condições ser “leal” ou “traidora”, o que não ocorre com as epopéias nacionais”. p.15 Comentário: “A Leitura do romance corresponde ao desenvolvimento da sociedade burguesa, onde o indivíduo pode ler pessoalmente a sua narrativa. Por um lado, essas narrativas contribuem para que o indivíduo se afaste das “asperezas” da vida. É uma forma de ele se esquecer dos problemas que tem de enfrentar na realidade. Ou ainda uma forma de “encontrar coerências que os fatos recusam” – isto é, de encontrar no romance uma historia que mostra coerência entre os fatos apresentados, o que não ocorre na vida desse leitor. Entretanto, não é só: o romance pode servir, por outro lado, de canal para a consciencialização desse leitor, permitindo a ele encontrar um sentido nos fatos que vivencia na vida prática. Essa consciencialização implica uma tensão entre sonho e realidade, tensão equivalente à que Donaldo Schüler localiza no “primeiro romance de envergadura”, Dom Quixote. No romance, há a possibilidade de o leitor, ao se divertir com a história contada, conhecer um pouco mais de si e da realidade que o rodeia. Além disso, ele pode ainda sonhar com um mundo menos “áspero”, sem as carências e necessidades que ele encontra em seu cotidiano.” p.16-17 Local: Biblioteca Dante de Jesus Augusto – FAFI – União da Vitória – PR.