FaculdadeResumo Internacional de Curitiba
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FACULDADE INTERNACIONAL DE CURITIBA
COMUNICAÇÃO SOCIAL- PUBLICIDADE E PROPAGANDA
PROFa. DIANA MACEDO
PSICOLOGIA DO CONSUMIDOR
MARIA HELENA MUNIZ 6o PERÍODO NOTURNO TURMA B
RESUMO VIDA PARA CONSUMO DE ZYGMUNT BAUMAN
Zygmunt Bauman é um sociólogo polonês e autor de uma série de publicações
importantes para entender nossa sociedade atual, como Modernidade Líquida, por
exemplo. Em Vida para Consumo, o autor analisa os dias atuais a partir de três casos:
a exposição nas mídias sociais, o desempenho pessoal através do marketing pessoal e
a transformação dos indivíduos em mercadorias.
No caso das Redes Sociais e seu estrondoso impacto, faz surgir as plataformas
assim como elas desaparecem. Compara o lançamento de uma rede social com a
abertura de um novo bar em uma área nobre (Bauman 2007. p. 7). Nasce e morre
assim que deixa de ser o assunto do momento. O processo de contaminação é à
velocidade de "infecção virulenta ao extremo". Mas no "cerne das redes sociais está
a troca de informações pessoais" e isso quer dizer que quem não entrar neste esquema
tem sua morte social decretada. Para Bauman, o anseio que leva à exibição não é nada
mais do que ter um pé na rede, termo que para ele, está substituindo a expressão
sociedade. O fato é que as redes sociais viraram confessionários eletrônicos e a perda
do que é público e privado.
O caso 2 se refere ao tratamento diferenciado que os clientes que tem mais
poder de compra possuem nos atendimentos de telemarketing. Isso quer dizer que os
clientes menos valiosos estão na mira destas empresas e é dispendioso perder tempo
com eles: são como ervas daninhas do jardim do consumo e devem estar fora.
(Bauman 2007, pag. 11).
O caso 3 é uma descrição de como as pessoas dotadas de habilidades podem
conseguir vistos de imigração no Reino Unido e como, por outro lado, os que não
possuem habilidades são indesejados. O primeiro Ministro Charles Clarke não é o
primeiro a aplicar as leis de mercado na escolha de seres humanos. Por outro lado,
Nicolas Sarkozy afirma que "em todas as democracias do mundo as escolhas
seletivas são praticadas e a escolha de imigrantes depende das necessidades da
França".
Após o relato destes três casos, Bauman os relaciona com o fenômeno do
consumo. A exposição nas Redes Sociais, como tentativa de expor suas qualidades e
chamar a atenção, os imigrantes desesperados por uma maior pontuação e
consumidores querendo mais atenção ampliando sua rede de gastos tem em comum a
preocupação em aumentar o valor de uma mercadoria no mercado e esta mercadoria
são estas próprias pessoas. (p. 13)
Os indivíduos se promovem e são as próprias mercadorias que promovem.
Aplicam todas as leis que existem no mercado ao se tornarem seus próprios agentes
de marketing. Bauman cita Siegrified Kracauer:
"a corrida aos inúmeros salões de beleza nasce, em parte, de preocupações existenciais, e o uso de
cosméticos nem sempre é um luxo. Por medo de se sentirem obsoletos, senhoras e cavalheiros tingem
o cabelo, enquanto quarentões praticam esportes para se manterem esguios. "Como posso ficar bela",
indaga o título de um folheto recém lançado no mercado; os anúncios de jornais dizem que ele
apresenta maneiras de permanecer jovem e bonita agora e para sempre".
Kracauer escreveu isso em 1020, quando Bauman diz que a transformação da
sociedade de trabalhadores estava em estágio embrionário. Assim como Kracauer,
Habermas foi outro citado no livro por ter percebido que
"se a reprodução da sociedade capitalista é obrtida mediante encontros transnacionais interminavelmente repetidos entre o capital no papel de comprador e o trabalho no de mercadoria, então o estado capitalista deve cuidar para que esses encontros ocorram com regularidade e atinjam seus próprios propósitos, ou seja, culminem em transações de compra e venda".
Assim, "as pessoas em busca de trabalho devem estar nutridas e saudáveis,
acostumadas a um comportamento disciplinado e possuidoras de habilidades
exigidas pelas rotinas de trabalho dos empregos que procuram" (Bauman, 2007. p.
15). Para Bauman, os processos de desregulamentação e privatização trouxe a
comodização do trabalho e o objetivo é manter vendável a mão-de-obra e essa
responsabilidade é dos próprios indivíduos que passam a ser aconselhados por
políticos e persuadidos por publicitários a usarem ses próprios recursos e bom senso
para permancerem no mercado, aumentando seu valor mercadológico e obterem
interesse de potenciais compradores.
Bauma comenta que Arlie Russell Hochschield documentou algumas
transformações, nos EUA, que seguem a tendência européia. Os empregados devem
ser flutuantes, flexíveis. Não podem ter muitos vínculos que o comprometam com
outras coisas que não sejam o próprio trabalho, mas, também não podem ser apegados
à empresa. Isso fez surgir um novo termo, cunhado pelos empregadores, que é
"chateação zero". É um termo relacionado ao estado físico de inércia, ou seja, quanto
menos resistência um empregado tem, menos seu grau de chateação.
"Morar a alguma distância do Vale do Silício e/ou carregar o peso de uma mulher ou filho aumentam o “coeficiente de cha- teação” e reduzem as chances de emprego do candidato. Os em- pregadores desejam que seus futuros empregados nadem em vez de caminhar e pratiquem surfe em vez de nadar. O empregado ideal seria uma pessoa sem vínculos, compromissos ou ligações emocionais anteriores, e que evite estabelecê-los agora".
As regras, segundo Bauman, vale para a comodização do trabalho assim como para
qualquer outra mercadoria inserida no mercado. E cita três regras de mercado:
"Primeira: o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser consumida por
compradores. Segunda: os compradores desejarão obter mercadorias para consumo se,
e apenas se, consumi-las for algo que prometa satisfazer seus desejos. Terceira: o preço
que o potencial consumidor em busca de satisfação está preparado para pagar pelas
mercadorias em oferta dependerá da credibilidade dessa promessa e da intensidade
desses desejos".
A Sociedade de Consumidores se diferencia pela reconstrução das relações humanas e
à semelhança das relações entre seres humanos e mercadorias. geralmente
estabelecida como uma relação sujeito-objeto contemplativa se torna uma relação que
orbita agora na atividade. O mundo da Sociedade de Consumo se divide entre as
coisas a serem consumidas e os seres humanos que as consomem, porém, ninguém
pode virar sujeito sem primeiro virar mercadoria e ninguém pode manter segura sua
subjetividade sem um esforço de ela própria se tornar uma mercadoria vendável
(Bauman 2007, p. 20)
Uma característica desta subjetividade do consumo é o desejo de ser famoso, presente
entre os mais jovens, cada vez mais. Bauman busca em Karl Marx um indício de que
já havia a falácia do fetiche das mercadorias "como se a despeito da mediação
humana, travassem uma batalha entre si". (Bauman2007, p. 22). Para marx, a
descoberta dacapacidade de trabalho como a essência das relações industriais ocultas
no fenômeno da "circulação de mercadorias" e a desumanização. E Karl Polanyi é
mencionado pois abre uma nova perspectiva ao dizer que a capacidade de trabalho
não é uma mercadoria como outra qualquer, pois os compradores não podem levar seu
trabalho para casa mas estão livres para usar e abusar. O fetichismo da mercadoria
esconde o viés humano presente nas sociedades de produtores e a subjetividade dos
consumidores oculta a comodização da sociedade de consumidores e é tarefa dessa
comprar e vender símbolos empregados na construção da identidade, self e
simulacros, que colocam a representação no lugar daquilo que deveriam representar.
Um dos sintomas é a regra da substituição. Descartar o que já está fora de moda e
sibstituí-lo por algo novo tornou-se comum e caracteriza a Sociedade de Consumo
pela Sociedade da remoção do lixo.
Bauman encerra a Introdução fornecendo os elementos que serão discutidos nos
próximos capítulos e afirmando que é uma história em aberto.