Fala Campeche - Numero 18 - Set/2005

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Uma publicação dos moradores do bairro Campeche - Ilha de Santa Catarina .ala +ampeche ano 8 - n o 18 - SETEMBRO DE 2005 Distribuição Gratuita FALA CAMPECHE setembro de 2005 patrimônio Fé e festas na Capela São Sebastião Verdadeiras histórias de pescador Pág. 11 Proposta de saneamento para a Planície do Campeche Pág. 4 Rádio Comunitária 104.9 FM no ar Pág. 3 Linhão e subestação da Eletrosul aqui? Pág. 8 Há quase dois séculos a igrejinha reúne devoção e festividades da comunidade do Campeche A igrejinha São Sebastião foi construída em 1826 por escravos livres que viviam com Dona Maria Palmeira, uma senhora que viveu aqui, não tinha filhos e era proprietária de uma imagem de São Sebastião. Preocupada com a segurança da peça sacra, ela tomou a iniciativa de construir uma ca- pela, pois, assim, a imagem estaria protegida. Por isso São Sebastião é o padroeiro da igrejinha até os dias de hoje. Tombada como patrimônio histórico cultural pelo decreto municipal de n. 125 de maio de 1988, de lá para cá a igrejinha já passou por três restaura- ções. No passado, quem administrava a capela eram pessoas que integravam o apostolado da ora- ção, mas hoje a administração cabe a uma comis- são escolhida entre voluntários da comunidade. Muitas mudanças ocorreram desde a sua cons- trução. As festas, que eram muito mais freqüen- tes, não acontecem na mesma proporção. A festa de Santa Catarina, que era um evento muito gran- de, não acontece mais. Já as festividades de São Sebastião – o padroeiro, do Sagrado Coração de Jesus e do Divino Espírito Santo são comemora- das até hoje. Em 2003 foi promovido o primeiro evento sem álcool na busca de uma coerência com os trabalhos de recuperação de dependentes que a igreja mantém. Há seis anos, nas Sextas-feiras Santas é realiza- da a encenação da Via Sacra, em que vivenciamos o ato da crucificação de Cristo. O cenário inicial é a Capela, mas o cortejo sai em direção à praia nas trilhas onde são relembradas as estações passa- das por Cristo. No alto das dunas acontece a con- sumação da crucificação. É a Paixão de Cristo vis- ta pela comunidade do Campeche. Acontecimentos como este são importantes na vida das pessoas que vivem aqui, pois muita coisa já não é como antes e o legado que passa para outras gera- ções tem outras características. A comunidade reli- giosa do Campeche vem tentando passar sua fé e sua história de geração em geração. Mesmo a festa do Divino Espírito Santo, com seu lado histórico a partir da cultura açoriana, para os católicos é um ato de fé e devoção ao Divino Espírito Santo. Tanto famílias nativas do Campeche quanto pessoas que vieram de outros lugares participam - alguns com espírito devoto e outros com espírito apenas festi- vo. Também há os que, na primeira semana após a festa, cumprem a tradição de visitar as casas de membros da comunidade. O que a Capela representa para a comunidade religiosa da Campeche: Sr. Onofre: “ O fortalecimento da fé” D. Valdécia: “A marca do batismo, crisma, pri- meira eucaristia, casamento e espaço onde busco a energia divina para meu dia-a-dia” Emerson: “Marco das minhas origens religiosas” Inez: “ Não é apenas mais uma igreja. É uma his- tória viva de um povo que no seu passado sofrido colocava suas esperanças nas mãos de Deus. E hoje, nós católicos, buscamos a energia cósmica para forta- lecer nossa fé, nossa coragem para en- frentar os desafios que a vida moderna apresenta”. Inez Jalcira de Souza Nascimento Tombar para preservar e avançar No mês passado o Movimento Campeche Qua- lidade de Vida encaminhou moções à 2ª. Conferên- cia da Cidade de Florianópolis solicitando o tom- bamento do ‘Casarão’ do Campeche como patrimônio histórico e cultural do município e pe- dindo que o Campo de Aviação passe para a guar- da do município como Parque Cultural, e que as definições de uso sejam feitas pela comunidade. Ao lado da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes, na esquina das avenidas Pequeno Príncipe e Campeche, o que os antigos nativos chamavam “bâtiment” abriga atualmente a Intendência, uma família, e duas salas utili- zadas por um grupo de se- nhoras idosas. Em vez de mantê-lo como Patrimônio Histórico construído pela Compagnie Générale Aéropostale em 1927, a In- tendência instalou portões (para proteger-se do povo), construiu muros que impe- dem o acesso, e permitiu a construção de um puxado que desfigurou a antiga construção (mas serviu de vendinha de artigos de praia no verão retrasado). Até 1945 a casa foi residência do administrador e abrigo dos pilotos franceses. Em 89, o casarão foi cedido pela União gratuitamente à Prefeitura para uso social. Mas, no início do século, desapareceu de vez a pintura que caracterizava o lugar como “Centro Comunitário”. Neste inverno o trator da Intendência foi acio- nado para “limpar” a área do Campo para construír o novo Posto de Saúde do Campeche. Passou por uma sólida base quadrada de cimento ao lado do Clube Catalina, por alicerces de tijolos vermelhos maciços, e encontrou uma outra base quadrada de cimento. Nela subsistem enormes parafusos nos quatro cantos: eram as amarrações das torres da radio-telegrafia que deu segurança aos vôos da fa- mosa “Linha”, a primeira ligação de Correio Aé- reo França - Santiago do Chile. Alertada, a Gerência de Patrimônio da União pe- diu informações a estudiosos da história local e, a par- tir daí, o trator parou antes de eliminar os vestígios da “casa do telegrafista” onde trabalhou o sertanejo Odilon Muniz Barreto e cujos muitos descendentes moram por aqui. Um deslocamento de 20m dos ali- cerces históricos permitiu a preservação da história sem comprometer a construção do novo posto. Quantas histórias poderiam ser editadas e publicadas pelos servidores públi- cos sentados nas repartições cultu- rais e patrimoniais da municipalidade! Poderiam contar da parada técnica do primeiro Cor- reio Aéreo Rio de Janeiro – Buenos Aires saído do Rio em 27/11 e chega- do em Buenos-Aires em 3/12/1927. Foi o piloto Jean Mermoz, um herói nacional na França, que pilo- tou esta “Linha” por mais de um ano. Por iniciati- va própria ele iniciou os “vôos noturnos”: na 2a feira, 16 de abril de 1928 chegou no Campeche ao raiar do sol, saído à meia noite do Rio de Janeiro, após apenas uma escala na praia de Santos. Nati- vos acendiam três latões de querosene na praia de Santos e no campo do Campeche para guiar o avião. Nesta mesma época, o pai da dona Nicota levava outros “lampiões” no ombro para onde conhecemos como o “Morro do Lampião”. O famoso escritor Antoine de Saint Exupéry, di- rigiu a Aeroposta Argentina, baseado em Buenos Aires, de 12/10/29 até 31/1/31, e pousou algumas vezes no Campeche. Durante o descanso entre os vôos, conviveu com os ‘nativos’, sendo famosa a ami- zade com Manoel Rafael Inácio, o Seu Deca, con- tada no livro “Zé Perry e o Deca” pelo seu filho, Getúlio Manoel Inácio. Na época, Seu Deca, com 19 anos, foi levado pela curiosidade não só pelas máquinas voadoras, mas também pelos homens de “calça larga” e língua “enrolada”. A luta pelo Casarão é antiga. Em 1995, foi soli- citada a restauração, tombamento e uso social do prédio no orçamento participativo; em 1997, enti- dades reunidas no I Seminário de Planejamento do Campeche encaminharam o pedido à Funda- ção Franklin Cascaes, Câmara de Vereadores e à Prefeita. Em 2004, o MCQV, a AMOCAM, a Rádio Campeche e a APP da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes reiteraram os pedidos. Em maio de 2005, um documento do IPUF encaminhado à Gerência de Patrimônio da União afirmava que o processo estava paralisado. Em 30 de maio, a solicitação de tombamento foi entregue de novo no evento “Pre- feitura nas Comunidades”. Esta luta pelo Campo da Aviação Francesa tem mais de 20 anos. Houve cartas enviadas a três su- cessivos presidentes da República. Em 2002, ameaçada de venda pelo Comando da Aeronáutica em Brasília, a área foi defendida através de repre- sentação no Ministério Público e ofícios aos órgãos públicos. Em 11/2003 foi entregue ao ministro das Cidades, Olívio Dutra, uma petição para uso pú- blico do Campo. Em 3/2004, a Secretária do Patrimônio da União e o Comandante da Base Aérea, junto com deputados federais, estaduais e vereadores, escutaram o desejo da sociedade no próprio Campo. Dali, uma comissão formada por 22 entidades da Planície do Campeche e o Coman- do da Base Aérea buscaram, junto a parlamenta- res catarinenses, verbas para construir um hospi- tal, um restaurante e um hotel para a Base Aérea, o que possibilitaria uma permuta com o Campo de Aviação para a comunidade. Comunidade insiste no tombamento do Casarão Tombar para preservar Pág. 12 Plano Diretor: história de uma resistência Centrais Destruir a natureza ou construir o futuro?

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Plano Diretor, Casarão do Campo da Aviação, notícias, opiniões e acontecimentos do Campeche em setembro de 2005.

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Há quase dois séculos a igrejinha reúne devoçãoe festividades da comunidade do Campeche

A igrejinha São Sebastião foi construída em 1826por escravos livres que viviam com Dona MariaPalmeira, uma senhora que viveu aqui, não tinhafilhos e era proprietária de uma imagem de SãoSebastião. Preocupada com a segurança da peçasacra, ela tomou a iniciativa de construir uma ca-pela, pois, assim, a imagem estaria protegida. Porisso São Sebastião é o padroeiro da igrejinha atéos dias de hoje.

Tombada como patrimônio histórico cultural pelodecreto municipal de n. 125 de maio de 1988, de lápara cá a igrejinha já passou por três restaura-ções. No passado, quem administrava a capelaeram pessoas que integravam o apostolado da ora-ção, mas hoje a administração cabe a uma comis-são escolhida entre voluntários da comunidade.

Muitas mudanças ocorreram desde a sua cons-trução. As festas, que eram muito mais freqüen-tes, não acontecem na mesma proporção. A festade Santa Catarina, que era um evento muito gran-de, não acontece mais. Já as festividades de SãoSebastião – o padroeiro, do Sagrado Coração deJesus e do Divino Espírito Santo são comemora-das até hoje. Em 2003 foi promovido o primeiro

evento sem álcool na busca de uma coerência comos trabalhos de recuperação de dependentes que aigreja mantém.Há seis anos, nas Sextas-feiras Santas é realiza-

da a encenação da Via Sacra, em que vivenciamoso ato da crucificação de Cristo. O cenário inicial éa Capela, mas o cortejo sai em direção à praia nastrilhas onde são relembradas as estações passa-das por Cristo. No alto das dunas acontece a con-sumação da crucificação. É a Paixão de Cristo vis-ta pela comunidade do Campeche.Acontecimentos como este são importantes na vida

das pessoas que vivem aqui, pois muita coisa já nãoé como antes e o legado que passa para outras gera-ções tem outras características. A comunidade reli-giosa do Campeche vem tentando passar sua fé esua história de geração em geração. Mesmo a festado Divino Espírito Santo, com seu lado histórico apartir da cultura açoriana, para os católicos é umato de fé e devoção ao Divino Espírito Santo. Tantofamílias nativas do Campeche quanto pessoas quevieram de outros lugares participam - alguns comespírito devoto e outros com espírito apenas festi-vo. Também há os que, na primeira semana após afesta, cumprem a tradição de visitar as casas demembros da comunidade.

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D. Valdécia: “A marca do batismo, crisma, pri-meira eucaristia, casamento e espaço onde buscoa energia divina para meu dia-a-dia”

Emerson: “Marco das minhas origens religiosas”

Inez: “ Não é apenas mais uma igreja. É uma his-tória viva de um povo que no seu passado sofridocolocava suas esperanças nas mãos de Deus. E

hoje, nós católicos,buscamos a energiacósmica para forta-lecer nossa fé, nossacoragem para en-frentar os desafiosque a vida modernaapresenta”.

Inez Jalcira deSouza Nascimento

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lidade de Vida encaminhou moções à 2ª. Conferên-cia da Cidade de Florianópolis solicitando o tom-bamento do ‘Casarão’ do Campeche comopatrimônio histórico e cultural do município e pe-dindo que o Campo de Aviação passe para a guar-da do município como Parque Cultural, e que asdefinições de uso sejam feitas pela comunidade.

Ao lado da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes,na esquina das avenidas Pequeno Príncipe eCampeche, o que os antigos nativos chamavam“bâtiment” abriga atualmente a Intendência, umafamília, e duas salas utili-zadas por um grupo de se-nhoras idosas. Em vez demantê-lo como PatrimônioHistórico construído pelaCompagnie GénéraleAéropostale em 1927, a In-tendência instalou portões(para proteger-se do povo),construiu muros que impe-dem o acesso, e permitiu aconstrução de um puxadoque desfigurou a antigaconstrução (mas serviu devendinha de artigos de praia no verão retrasado).Até 1945 a casa foi residência do administrador eabrigo dos pilotos franceses. Em 89, o casarão foicedido pela União gratuitamente à Prefeitura parauso social. Mas, no início do século, desapareceude vez a pintura que caracterizava o lugar como“Centro Comunitário”.

Neste inverno o trator da Intendência foi acio-nado para “limpar” a área do Campo para construíro novo Posto de Saúde do Campeche. Passou poruma sólida base quadrada de cimento ao lado doClube Catalina, por alicerces de tijolos vermelhosmaciços, e encontrou uma outra base quadrada decimento. Nela subsistem enormes parafusos nosquatro cantos: eram as amarrações das torres da

radio-telegrafia que deu segurança aos vôos da fa-mosa “Linha”, a primeira ligação de Correio Aé-reo França - Santiago do Chile.

Alertada, a Gerência de Patrimônio da União pe-diu informações a estudiosos da história local e, a par-tir daí, o trator parou antes de eliminar os vestígiosda “casa do telegrafista” onde trabalhou o sertanejoOdilon Muniz Barreto e cujos muitos descendentesmoram por aqui. Um deslocamento de 20m dos ali-cerces históricos permitiu a preservação da históriasem comprometer a construção do novo posto.

Quantas histórias poderiam ser editadas epublicadas pelosservidores públi-cos sentados nasrepartições cultu-rais epatrimoniais damunicipalidade!Poderiam contarda parada técnicado primeiro Cor-reio Aéreo Rio deJaneiro – BuenosAires saído do Rioem 27/11 e chega-

do em Buenos-Aires em 3/12/1927. Foi o piloto JeanMermoz, um herói nacional na França, que pilo-tou esta “Linha” por mais de um ano. Por iniciati-va própria ele iniciou os “vôos noturnos”: na 2afeira, 16 de abril de 1928 chegou no Campeche aoraiar do sol, saído à meia noite do Rio de Janeiro,após apenas uma escala na praia de Santos. Nati-vos acendiam três latões de querosene na praia deSantos e no campo do Campeche para guiar o avião.Nesta mesma época, o pai da dona Nicota levavaoutros “lampiões” no ombro para onde conhecemoscomo o “Morro do Lampião”.

O famoso escritor Antoine de Saint Exupéry, di-rigiu a Aeroposta Argentina, baseado em BuenosAires, de 12/10/29 até 31/1/31, e pousou algumas

vezes no Campeche. Durante o descanso entre osvôos, conviveu com os ‘nativos’, sendo famosa a ami-zade com Manoel Rafael Inácio, o Seu Deca, con-tada no livro “Zé Perry e o Deca” pelo seu filho,Getúlio Manoel Inácio. Na época, Seu Deca, com19 anos, foi levado pela curiosidade não só pelasmáquinas voadoras, mas também pelos homens de“calça larga” e língua “enrolada”.

A luta pelo Casarão é antiga. Em 1995, foi soli-citada a restauração, tombamento e uso social doprédio no orçamento participativo; em 1997, enti-dades reunidas no I Seminário de Planejamentodo Campeche encaminharam o pedido à Funda-ção Franklin Cascaes, Câmara de Vereadores e àPrefeita. Em 2004, o MCQV, a AMOCAM, a RádioCampeche e a APP da Escola Brigadeiro EduardoGomes reiteraram os pedidos. Em maio de 2005,um documento do IPUF encaminhado à Gerênciade Patrimônio da União afirmava que o processoestava paralisado. Em 30 de maio, a solicitação detombamento foi entregue de novo no evento “Pre-feitura nas Comunidades”.

Esta luta pelo Campo da Aviação Francesa temmais de 20 anos. Houve cartas enviadas a três su-cessivos presidentes da República. Em 2002,ameaçada de venda pelo Comando da Aeronáuticaem Brasília, a área foi defendida através de repre-sentação no Ministério Público e ofícios aos órgãospúblicos. Em 11/2003 foi entregue ao ministro dasCidades, Olívio Dutra, uma petição para uso pú-blico do Campo. Em 3/2004, a Secretária doPatrimônio da União e o Comandante da BaseAérea, junto com deputados federais, estaduais evereadores, escutaram o desejo da sociedade nopróprio Campo. Dali, uma comissão formada por22 entidades da Planície do Campeche e o Coman-do da Base Aérea buscaram, junto a parlamenta-res catarinenses, verbas para construir um hospi-tal, um restaurante e um hotel para a Base Aérea,o que possibilitaria uma permuta com o Campo deAviação para a comunidade.

Comunidade insiste no tombamento do Casarão

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FALA CAMPECHE

Uma Publicação dos Moradores do Bairro

Participaram dessa edição: Antoninha Santiago, SilvioCosta Pereira, Maurice Bazin, Tereza Barbosa, Telma

Pitta, Eva Carneiro, Raul Burgos, Roberto Malamud,Fernando Moraes, Karla Simm

Tiragem: 5.000 exemplares

�����������-���������O Cursinho pré-vestibular

gratuito teve uma procuraalém das expectativas: qua-se o dobro de candidatos es-perados. Esta iniciativa doFórum Permanente de Saú-de e entidades do Sul da Ilha,e com apoio da Secretaria deEducação, UDESC, ColégioAutonomia e Eletrosul neces-sita agora de mais professo-res e mais apostilas. Colabo-re! Os candidatos a professo-res que estiverem cursando oúltimo ano de graduação te-rão bolsa de estágio de R$200,00. O curso está sendoministrado desde o dia 8 deagosto das 19h30 às 22h30 naEscola Básica do Rio Tavares(ao lado do TIRIO). Contatoscom José Luiz, tel. 237 3714ou 9142-1422; Janete tel:9962-2524 ou Eva tel. 99218422 A ser imitado em outrosb a i r r o s ! E - m a i l :[email protected]

)�������*��Mais uma obra ilegal au-

torizada pela Fatma e Flo-ram, embargada em dezem-bro foi retomada em julho,apesar das inúmeras denún-cias da comunidade. Trata-seda canalização do caminhodas águas que vem do Cam-po de Aviação e desemboca noRio do Noca, frente ao Bar do

Nunes. Numa área derestinga, a desembocadura do“Riozinho” forma um lago quetrará mais poluição à praia.Obra encima de curso d’águaé proibido. Ponto! Mas o pro-prietário insiste, ignorandoque em 69 um barracãoconstruído ali foi levado pelomar numa destaschuvaradas. Por isso e mui-tas outras razões valeria res-peitar as Leis ambientais.

����������*���O posto de gasolina constru-

ído em frente a Pedrita foiembargado por riscos ambi-entais e de segurança. Situa-do em nível acima da LagoaPequena, no local o lençol fre-ático está muito próximo àsuperfície. Sem estudos am-bientais preconizados peloCONAMA, outra dúvida é odestino das águas e produtosutilizados, além de vazamen-tos ocasionais que correrãonaturalmente para a LagoaPequena, área de lazer paraa comunidade e de nidifica-ção de aves locais e migrató-

rias. Outro dado preocupan-te para os moradores é a pro-ximidade com as explosões daPedrita. Apesar de tudo, aFATMA, que deveria prote-ger o meio ambiente, nãocumpriu as determinaçõeslegais e se manifesta favorá-vel ao empreendimento. Se oposto vier a funcionar, quemvai pagar pelos danos? AFATMA?

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Mais um gol-pe baixo na pai-sagem, na quali-dade de vida e nomeio ambientefoi desferido con-tra a Lagoa daConceição, seusmoradores e visi-tantes. Trata-seda última área

verde que está sendo loteadaem frente ao TILAC, atrás doposto de gasolina. O lugar háanos era utilizado como cam-po de pouso para pilotos deasa delta e parapente, expul-sos do Morro da Cruz pelamesma especulação imobili-ária que enriqueceu alguns edesfigurou a paisagem de to-dos. Contrariando o Estatu-to da Cidade, a FATMA auto-rizou o condomínio em ques-tão. Indignados com maiseste crime ambiental e soci-al, moradores, ambienta-listas e membros do LagoaClube de Vôo Livre e da Fe-

deração Catarinense de VôoLivre promoveram manifes-tações e abaixo-assinados.Mais um caso sem Estudo deImpacto de Vizinhança e semaudiência pública na comuni-dade.

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A Rua Cristóvão LuizMartins (Rua doBar do Mingas)é um dos poucosacessos públicosà praia. Comose não bastassenão tercalçamento e oesgoto escorrer acéu aberto, ummorador cons-truiu rampas deacesso a sua re-sidência, desni-

velando a rua. Com isso, aságuas ficam empoçadas naspartes mais baixas, inundan-do jardins, impedindo a pas-sagem de pedestres e trazen-do riscos de doenças. Foi so-licitada à Intendência onivelamento da rua.

1�����23������Corre um zum-zum no

bairro de que o Cezariumcomprou o terreno quase emfrente ao grande empreendi-mento Cezarium com 126apartamentos, na AvenidaCampeche. Pretenderia cons-truir uma pousada, outraameaça ao rio do Noca, A Leinão permite construir a me-nos de 30 metros do rio e amenos de 300 metros daorla marítima. No empreen-dimento, os empresários co-locaram uma estação de tra-tamento do esgoto e contra-taram uma engenheira sani-tarista da comunidade paraacompanhar a construção doprojeto. Nisto estão de para-béns! Contudo faltam estu-dos de impactos de vizinhan-ça! O bairro não tem a me-nor infra-estrutura paramais 126 carros! Que respei-tem as Leis Ambientais quedefinem a paisagem, a natu-reza, os rios como direitos detodos os cidadãos e exigemum planejamentoparticipativo, além de umaocupação do solo que favore-ça o bem coletivo e não os lu-cros individuais.

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O Fala Campeche retorna num momento de desilusões edescrenças para chamar os moradores a olharem ao redor ereagir!

Vende-se tudo! Aqui, casas e terrenos. Lá, coligações evotos. E reciprocamente, lá e cá! As elites governantes etecnocratas locais não imaginam políticas de desenvolvimentoda cidade apoiadas em conhecimentos concretos da realida-de, e em favor do interesse coletivo. Inventam uma série demutretas para favorecer amigos: os donos dos transportescoletivos, os donos de terrenos, os donos da construção civil,do turismo,... vale apenas o lucro individual. Neste intuito,assinam decretos e votam leis (muitas vezes inconstitucionais,contra o texto magno que define o interesse público para opovo) para apoiar iniciativas comerciais dos grandes capita-listas locais ou facilitar a entrada dos de fora.

Com isto, vai o capital público da nossa cidade, suas ca-racterísticas não urbanas, aquela “beleza sem par”. Aterram-se banhados, mangues, rios, lagoas, autoriza-se loteamentos,prédios, outdoors, postos de gasolina, antenas de celulares,subestações elétricas em qualquer lugar. E nenhuma infra-estrutura social como praça, centro cultural, biblioteca, cine-ma, teatro, lazer, espaço social e comunitário, correio, etc.Afloram na cidade a marginalidade, a delinqüência, o tráficode drogas, atropelamentos, pequenos e grandes crimes,privatização da paisagem e dos acessos à praia.

A mídia televisiva nos isola uns dos outros, nos prende àtelinha com suas novelas, catástrofes e valores sem ética, eacabamos pactuando com o individualismo dinheirista. Nes-te contexto, uns ganham 80 a 1800 Reais por mês para alu-gar espaços que serão poluídos e enfeiados por anúncios,outdoors, antenas ou, quem sabe, subestação elétrica? Vive-mos estas contradições!

Neste FALA trazemos ponto e contraponto: a transfor-mação ilegal do bairro acobertada pelos órgãos ambientaisem conivência com o Legislativo e Executivo e as atividadesda sociedade civil organizada da Planície do Campeche quetenta reverter o quadro caótico dos bairros.

Acorda Campeche! Todos têm que fazer sua parte, soci-alizar seu conhecimento e buscar soluções para problemasque crescem dia a dia. Participe ! Mude, encontre-se comilhéus novos e antigos, engenheiros, poetas, médicos, profes-sores e todos os que trabalham pela dignidade e qualidadede vida. Temos que sair do individualismo e discordar destemodelo arcaico de produzir riqueza destruindo a beleza, avida, a cultura. Diga que é a favor de uma cidade onde pre-valeça a justiça e o bem coletivo. O Fala Campeche é umadas vozes da comunidade, aberto à participação de todos.Contatos com Tereza 237.4376 e Maurice 237.3140

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Escutou-se no rancho de pesca do Getúlio na Praiado Campeche. Agora “é clima de verão”: o ventocontinua do Norte há mais de uma semana. Espe-ra-se o vento virar; quando é do Sul a tainha seaproxima da costa na sua viagem da Lagoa dosPatos. “A tainha gosta do frio. Ela é fresca!” dizum dos pescadores que observam o mar manso,manso. Uma bandeira branca flutua no pico daduna ao lado, avisando os surfistas que a praia,durante a “safra”, é dos pescadores artesanais; quepor enquanto surfar está liberado apenas do ladoNorte do Bar do Chico, acima da Vala. Este acordo, feito entre as Associações de Surfistas e de Pes-cadores Artesanais alguns anos atrás, pôs fim àsbrigas feias que dividiam jovens e antigos. O FalaCampeche se orgulhade ter sido testemunhano nascimento desteacordo. A canoa está napraia, sobre a areia; tra-balhou bem durantesuas cinco saídas; noscinco lances deste ano ospescadores do Pontal“mataram” mais de oitomil tainhas, o dobro doano passado, e a “safra”ainda não acabou. Dolado do Chico Doca con-seguiu-se um lance de2.675 tainhas numa sa-ída só, com uma canoa euma rede. O ano passa-do foi pouco também.

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“Nos no tempo de mo-leque, isto aqui davapeixe pra caramba.

Um dia ali, meu pai, o Herminio, que faleceucom 95 anos, meu pai foi pescar. Chegou ali adi-ante, ferrou um peixe, peixão grande, rapaz, pei-xão grande. Era aquela miraguaia. Meu pai co-meçou da uma e meia da manhã, da madrugada,veio aqui, o peixe trouxe meu pai aqui no bico doPontal, levou meu pai outra vez lá perto do Bardo seu Chico lá, lá encima lá, trouxe meu pai aquie, quando botou o peixe na terra, era mais oumenos três horas da tarde. O peixe dava mais oumenos uns dez quilos. Passou trabalho para pe-gar naquele espinhelzinho de linha. Então a gen-te falava “tenteia, tem que tenteiar” para a linhanão arrebentar. O peixe puxa lá, você puxa aqui,arrebenta. Tenteiar é economizar para não arre-bentar - senão estoura.”

!!!!!!!!!!!!!!O seu Hélio do Campeche contou e ‘o Professor’

corrigiu, ao esmiuçarem juntos a história do car-roceiro do Itacorubi:

“Ele ia comprar tainha no Campeche para depoisnegociar por aí. Colocou caixas na carreta, botou ocachorrinho ao lado dele e partiu. Já estava escu-recendo quando chegou bem no portão do cemité-rio. O cavalo olhou para o cemitério e empacou. Eo homem batia neste cavalo e dizia “Vamos meuLouro”; o nome do cavalo era ‘Louro’. Ele deu duaslambadas no cavalo, para o cavalo andar. Não ti-nha jeito. E o Louro cansado de tanto apanhar, vi-rou-se e disse: “quer parar de bater; porque daqui

não vou passar não. Na frente do cemitério nãopasso”. E o cara: “olhó, olhó, lhó, lhó... pô, nuncatinha visto um cavalo falar”. Aí o cachorrinho ba-teu com a patinha, pegou e disse: “nem eu!”

!!!!!!!!!!!!!!Dois compadres, cada um na sua canoinha, fo-

ram remando e tal, pescando. Chegaram assim forapescando; a mesma isca, tudo a mesma coisa. Es-tava pescando ali. “Olá compadre, a pesca aqui táboa”, e coloca na canoinha o peixe. E o outro lá,nada. Ele botava outra vez... “Ola compadre, ou-tro!” E o outro compadre lá, nada. Aí o compadrefala: “até logo, eu vou embora porque já deu pramim.” E o dito cujo ficou no mar ainda. Aí ele fa-lou assim “poxa, se São Benedito fizesse um mila-gre de eu matar uns peixe eu dava metade para

ele. Foi só botar o anzol na água e já vinha peixe etal, e deu.” Aí ele vem remando, chegou assim naquebrança e disse: “pô! São Benedito não bebe, nãofuma, para que que São Benedito quer o peixe?”Canoa virou; canoa virou, meu caro. Daí ele na-dou, chegou aqui na praia e ele disse “puta, SãoBenedito, não posso nem fazer uma brincadeira!”...

!!!!!!!!!!!!!!Tem um cara alí, no Morro das Pedras, o Vitor da

Dona Noca . Ele foi tirar isca para dar uma linha-da de noite. Aí ele foi pescar, água muito clarinha.Vinha de tirar isca. E quando chegou no mar as-sim, num reguinho assim, olhou: uma arraia; tavabem assim na beirinha. Aí ele, pô, para ir em casa,

buscar a tarrafa... quando che-gasse aqui, ela não está mais.Com enxadinha de cabinho cur-tinho; aí ele pegou, largou a lati-nha da isca cá na praia e foi de-vagarinho com a enxada. Chegoulá, pá! Deu uma lambada na ca-beça da arraia. A enxada cravouna cabeça da arraia. Aí a arraiacomeçou a bater, e escapou o caboda mão do cara. Aí, lá foi a ar-raia e ele vendo o cabinho daenchada indo até mais adiante.Cá pouco ela pegou o fundo e elenão viu mais. Aí, ao cabo de quin-ze dias essa arraia foi pega, sabeaonde meu caro? Lá em Garopa-ba com a enxada cravada na ca-beça. Aí conversa vai, conversavem, aí era a enxada do filho daDona Noca que estava cravadana cabeça da arraia!!!

!!!!!!!!!!!!!!Esta, o cara contou, contou para nós. Mas eu en-

tão falei para ele:Estava um rapazinho nosso aqui. Estava afora

tomando banho com a máscara. Era o Baiá, o Baiádo minimercado. Chegou ali, tava dando uma olha-dinha; viu um linguado. Era bonito; aí mais oumenos, pela frente aqui. Aí o Baiá chegou, veio,saiu da água, correu em casa, pegou o arpão. Echegou ali, olhou, o linguado estava quase no mes-mo lugar. Aí deu uma arpoada ali... rabou. A se-gunda vez ele deu, pegou. Deu, parece, sete kilos ecem gramas, o linguado!

Eu contando para o Vitor, o cara de lá, que oBaiá tinha pegado alí, na frente alí; então ele pen-sou que era minha mentira. Mas a do Baiá foi ver-dade. Você pode perguntar ao Getúlio alí, ou al-guém alí; pegou alí.

Rua da Corticeiras, 153 - Tel: 338.2302

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e de qualidade ����������� ��������������

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FALA CAMPECHEFALA CAMPECHE setembro de 2005�� setembro de 2005 �

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No ar desde o dia 2 de abril deste ano, a RádioComunitária Campeche FM 104,9 é a primeiraemissora comunitária a obter licença para funcio-namento em Florianópolis. E se por um lado essanotícia é boa para a comunidade do Campeche, quepassa a contar com uma rádio que pode ser feitapor seus próprios moradores, por outro mostra queisso levou seis anos e meio, ritmo por demais lentopara fazer valer o direito de transmitir informa-ção e música para a comunidade.

Hoje a Rádio Campeche está transmitindo emcaráter experimental, porque ainda não possui umlocal definitivo para funcionar, com estúdio, ope-rador, água, luz, espaço para instalar a antena de30 metros de altura. Funcionando a partir da casade um dos associados, transmite muita música epouca programação ao vivo. A maioria das infor-mações veiculadas hoje são pré-gravadas, como asinserções sobre o Estatuto da Cidade ou o direitode crianças e adolescentes.

Mudar essa situação é uma das me-tas da nova diretoria, eleita no dia 30de julho. Isso passa por obter um localpara montar os estúdios da Rádio. Masdepende também da reaproximaçãodas pessoas que vivem na região comos afazeres diários da emissora comu-nitária. Afinal de contas, há muitastarefas por serem realizadas e - porenquanto - um grupo reduzido de mo-radores em atuação.

Mesmo com poucos meses de funcio-namento a Rádio já iniciou um projetojunto à Escola Municipal BrigadeiroEduardo Gomes. O objetivo é estimu-lar os estudantes - no caso, alunos daoitava série - a realizarem programaspara serem transmitidos pela Rádio.Junto à criação dos programas, busca-se estimu-lar a leitura e uma reflexão crítica sobre os meiosde comunicação e sobre e comunidade na qual mo-ram. Em breve estarão sendo transmitidos os pri-meiros programas feitos pelos jovens. Busca-se comisso também mostrar que fazer sua própria comu-nicação é uma tarefa possível, não complexa, e re-alizável por qualquer cidadão, qualquer moradordo bairro.

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Embora não tenha sede, a Rádio Campeche jápossui um telefone para recados: 201.1530. Atra-vés deste número, que funciona como uma caixapostal, os ouvintes podem pedir músicas, deixarrecados de utilidade pública para serem divulga-dos pela Rádio, entrar em contato para dar ApoioCultural, enviar críticas, sugestões ou pedidos defiliação, assim como enviar recados para a Associ-ação de Moradores do Campeche (Amocam).

Outra forma de falar com a Rádio é através doendereço eletrônico [email protected].

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A partir de outubro será realizada uma reuniãomensal da Rádio Campeche, sempre na primeiraquinta-feira do mês, a partir das 19 horas, na Es-cola Municipal Brigadeiro Eduardo Gomes (R. Pe-queno Príncipe). Nestas reuniões são decididas asações necessárias, e apresentados os trabalhos re-alizados pela diretoria da Associação. É importan-te a participação de todos os sócios da emissora,bem como de todas as pessoas que queiram fazerparte da Rádio.

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Sancionada em 19 de fevereiro de 1998, a Lei9.612 define que podem operar rádios de pequenoalcance associações comunitárias criadas para este

fim específico. Cinco meses fo-ram o fermento necessáriopara que fosse realizada noCampeche a primeira reuniãode moradores para discutir acriação de uma rádio comuni-tária.

Para isso era necessário umestatuto, diretoria, burocraci-as e formalidades, carimbos eassinaturas. Fundada no dia 7de novembro de 1998, a Asso-ciação Rádio ComunitáriaCampeche só foi protocolar ademonstração de interesse emexecutar serviços de radiodifu-são comunitária em 14 de ja-neiro de 2000, cerca de um mês

depois que o governo federal publicou o aviso deque estava recebendo manifestações de interessede entidades comunitárias que desejassem reali-zar serviços de radiodifusão comunitária. A auto-rização de funcionamento demorou anos, e só saiuno início de 2005.

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O fim do horário de trabalho coincide com oanoitecer. Proprietários de automóveis deixam ocentro pelo túnel e correm de Fórmula Sul pelaExpressa até o Trevo da Seta equipado com sina-leira tecnológica de múltiplas luzes que se aproxi-mam uma da outra pinçando o tempo e anuncian-

do a emoção da(re)partida. Cada mo-torista tenta ficar nafrente e começa a ace-lerar assim que o parvermelho inicia suaaproximação.

Porém, algo brilhano horizonte na suafrente: um enormeplacar luminoso re-

tangular, montado por cima dos tetos das casinhasque sobreviveram à modernização rodoviária.Amarrado num pilar de aço preto, gordo a pontode lembrar colunas desenhadas para resistir ter-remotos em San Francisco (in Califórnia, that is),ele mostra uma lata luminosa, deitada eborbulhante de Coca Cola que resplandece no pro-gredir do escurecer.

Todo o trânsito dá uma voltinha para retomara estrada para o Sul, passando a lombada da ofici-na elétrica e a outra do açougue. Chegando no Tre-vo do Rio Tavares distingue-se o Posto Gallo à es-querda, a farmácia e a locadora com cartazes dosúltimos filmes lançados globalmente. Em frenteaté o “Stop”. À frente, destacando-se do morro es-curo, surge outra placa luminosa, gritando na suaenorme superfície amarela: “Nantai Motel” comseta para a direita.

Tudo que faz ser “urbano” e “suburbano” tam-bém chegou por aqui. Cada um contemplará estes“outdoors” luminosos e sentirá os apelos globaisda Ilha pósmoderna que foi ecológica. Todos ossinais estão abertos...

A AMPA, fundada em 29/02/84, é a mais antigaassociação de moradores da região do Campeche -Morro das Pedras. A comunidade, majoritariamen-te de baixa renda, começou com a fixação de umjovem casal de artesãos no final dos anos 70. Empoucos anos iría se constituir um pequeno aglo-merado de casinhas. Naquela época era comumempresários da cidade comprarem terras na re-gião pensando em loteamentos e condomínios fu-turos (hoje já realidades). São quase 600 morado-res em 142 familias. A área pertencia à famíliaBerenhauser, e teve solicitada a reintegração deposse em 1983. Com isto, ocorreram sucessivosconflitos entre moradores e proprietários, fatosilustrados por crianças da comunidade no livro“Unidos para Vencer” (Ed.UDESC, 2002): “Certodia, a comunidade foi invadida por homens desco-nhecidos.... carregavam armas e traziam cães,locomovendo-se rapidamente com o auxílio de jeeps[...] Tais homens passaram a rodear a comunida-de por alguns dias [...] A princípio, os moradoresda comunidade não entendiam o porquê daqueleshomens estarem ali [...] Após algum tempo, as fa-mílias concluíram que aqueles estranhos tinhampor objetivo expulsá-los da terra”. Neste conflitofoi criada a AMPA para defender e representar acomunidade. Apelou-se para a justiça. Em 1995,num acordo com os proprietários, o prefeito SérgioGrando desapropriou uma área de 29.000 m2. Al-gumas famílias que se encontravam fora da áreadesapropriada foram realocadas, em regime demutirão, naquele espaço. O acordo previa o paga-mento da prefeitura aos proprietários e o valorseria reembolsado pelas famílias à prefeitura, emparcelas. Mas a prefeitura nunca pagou e os pro-prietários entraram novamente com ação de rein-tegração de posse. Em 2000, a comunidade conse-guiu da Caixa Econômica Federal o compromissode financiar o pagamento da terra e descontar de

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��������4-��%�� Num espaço do Campo de Aviação, mais preci-

samente no local de prática de aeromodelismo, estásendo marcada uma área que parecia ser um cam-po de futebol, mas há marcas de pneus de carrocom “cavalos-de-pau”. Importante lembrar que oCampo de Aviação vem sendo reivindicado há anoscomo espaço publico comunitário para criar ali oParque Cultural do Campeche (PACUCA). O pro-jeto do parque já teve aprovado financiamento peloMinistério do Meio Ambiente e em breve a comu-nidade será chamada para elaborar o desenho.

$�*�����'���A lagoa pequena está abandonada ao mato, lixo

e sem manutenção. Nem a Prefeitura, nem o Mi-nistério Publico Estadual (responsável pela ação

civil publica)estão fazendovaler a decisãoda justiça ded e m a r c a ra área do Par-que no entornoda lagoa comoespaço publico

real. Banquinhos,

4'6���������7*�����Em audiência publica, na Câmara de Vereado-

res, o presidente da CASAN afirmou que as 150mil pessoas abastecidas pelo Aqüífero poderão fi-car sem água, se este não for preservado, pois nãohá recursos para trazer água de outro lugar. A atualvazão de 350 Litros/s está no limite. A engenheiraCristina Nunes alertou sobre as fontes de conta-minação: o uso indiscriminado de ponteiras clan-destinas, as fossas negras, e o uso de agroquímicosno Campo de Golfe do Costão do Santinho. Apon-tou a necessidade de uma rede de esgoto para pre-servar a balneabilidade das praias. Na audiênciasolicitou-se a criação de uma Guarda Municipalde Proteção Ambiental, capacitar a Guarda Muni-cipal ( O Prof. Christian Caubet voluntáriou 60horas/ano), e enviar um vídeo da audiência ao juizEdgar Lipmann de Porto Alegre que está julgandoa ação civil publica contra o Campo de Golfe doCostão do Santinho.

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Mas ficaram aliviados quando descobriram quea rua saiu do projeto “tapete preto” porque estenão inclui a instalação de drenagem, nemterraplanagem para fazer calçadas. A meracamadinha de asfalto é tapete mesmo e já se des-faz pelas bordas em São José. Mas há uma propos-ta melhor: saiu um edital no dia 18 de agosto paraempresas habilitarem-se no programa Pró-Pavi-mento da Secretária de Obras. Neste programa épossível fazer a drenagem e terraplanagem, alémde pavimentação com lajotas, que é o desejo dosmoradores. Este tipo de calçamento além de mo-derar a velocidade dos carros, não impermeabilizao solo. A SUSP aguarda empresas que se habili-tem na utilização de lajotas. LAJOTAS já, SenhorSecretário! Como exemplo de respeito a mobilida-de justa, poderia colocar uma faixa para os nume-rosos ciclistas que moram na rua e redondezas, eque diariamente serpenteiam entre os buracos,furando pneus nos pedregulhos que a Intendênciadespejou por aí ...

No dia 21 de maio ocorreu a 1ª Pedalada da Saúde, organizada pelo Conselho de Saúde da Fazendado Rio Tavares. Os ciclistas que deram a volta ao morro do Lampião contaram com policiamento pois ainsegurança e as dificuldades de locomoção por aqui são enormes: os pedestres, ciclistas e portadores denecessidades especiais disputam diariamente o espaço com os veículos motorizados. Sem calçadas, si-nalização ou acostamentos nas vias foram registrados neste último ano, quatro mortes e 118 pessoasferidas num trecho de 8 km da SC 405, sem contar aqueles que diariamente são atendidos nos centrosde saúde locais, sem registro policial. Participaram quase 100 ciclistas, de todas as idades, experientese iniciantes, gente equipada com capacete, garrafinha d’água e mochilinhas. Foi emocionante, mesmocom as dificuldades em manter o pessoal na pista correta e coletar os copinhos plásticos jogados no chãopelos ciclistas, no percurso. Mas nada disso fez diminuir a animação e em alguns pontos, a pedalada foiaplaudida. A chegada foi muito bacana. Sorrisos e o sentimento de ter dado o recado. Circulou umManifesto por uma Mobilidade Segura e Saudável, com coleta de assinaturas. Cópia do relatório eabaixo assinado foi encaminhado ao Prefeito no evento “Prefeitura nas Comunidades” e a outros diri-gentes municipais, IPUF, legisladores elideranças públicas.

No dia catarinense sem carros, 22de setembro, serão feitas 3 mobiliza-ções a favor da mobilidade segura ejusta para todos: na Lagoa da Concei-ção, no Norte e no Sul da Ilha. Partici-pe, vá de cadeira de rodas, bicicleta oua pé, manifeste-se. Deixe seu carro re-pousar.

forma parcelada das famílias moradoras; a PMFdeveria ser avalista do financiamento. A prefeitanegou o aval. Em 2004, o advogado dos proprietá-rios comunicou à AMPA, frente a um representan-te do atual prefeito, que não reivindicaria mais aposse da terra, e sim o pagamento dela. Hoje, es-tão sendo encaminhadas as tratativas dos financi-amentos da terra pela CEF entre a comunidade,os proprietários e a prefeitura.

Os moradores sofrem com a falta de infra-es-trutura, escolas, formação, qualificação de mão deobra, creches, ruas, calçadas e lazer, e a AMPA ar-ticula projetos dirigidos a este universo. O Pro-grama de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)é desenvolvido em parceria com a PMF e atende23 crianças de 7 a 14 anos com reforço escolar. OProjeto APLISYA dirigido ao ensino de balé (cri-anças de 4 a 15 anos) tem 28 crianças e se orgulhada sua apresentação no Teatro Álvaro de Carva-lho. O Projeto Agente Jovem financiado pelo Mi-nistério do Meio Ambiente, atende 25 adolescen-tes (15 a 18 anos) na área de educação ambiental.A AMPA participou do projeto “Criança não é ris-co, é oportunidade” com a UDESC, o que resultouno livro “Unidos para vencer...”. Com o Departa-mento de Arquitetura da UFSC, a AMPA criou umprojeto de urbanização da área, premiado nacio-nal e internacionalmente.

Contato com a Presidente da AMPA, Angela 2379697, ou Luiz 338 8029.

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Depois da Revolta da Catraca, em julho de 2004,quando a população se levantou contra os abusivospreços das tarifas de ônibus ederrubou um reajuste de 15,6%,sabe-se pelo clima que a cidadenão será mais a mesma. Houveuma interessante alteração nacorrelação de forças na capital,em que o movimento estudantilse destacou como um importan-te ator. Um ano depois, o segun-do ato! Florianópolis, nada serácomo antes...Na raiz do problema do trans-

porte coletivo está a concepçãodo modelo e o entendimento po-lítico que se faz dele. O transpor-te coletivo é visto, na ampla mai-oria dos centros urbanos dessepaís, como uma grande merca-doria, uma fonte bastante ren-tável para o enriquecimento degrupos familiares, geralmenteligados ao que há de mais con-servador e atrasado nas socieda-des, ou seja, as oligarquias, pro-vincianas e reacionárias.Recentemente, o sr. Waldir

Gomes, presidente do Sindica-to das Empresas de Transporte Urbano (SETUF),deu uma entrevista muito ressentida à emissoraafiliada à Rede Globo, afirmando que a passagemde Florianópolis é uma das mais baratas do Bra-sil, e que o verdadeiro problema do transporte co-

letivo é político, de gente que se empenhou em di-fundir essa questão na sociedade. Guarda certarazão a afirmação do dono da Insular TC. Da par-te do Movimento Passe Livre, ator desse cenário,hora coadjuvante, hora protagonista, pretendemostornar esse debate cada vez mais político, e cadavez menos técnico.Não se trata de uma jornada ideológica, ou mo-

ral, contra determinadas famílias, atores políticos,ou empresários capitalistas arcaicos, trata-se deum novo ascenso do movimento social, uma de-monstração de resistência e de imposição a certoslimites da exploração. Numa sociedade de classes,a fórmula de uma sociedade dividida entre explo-rados e exploradores torna-se bastante evidente

Associações e movimentos do Sul da Ilha, emparceria com órgãos públicos (estadual e munici-pal), construíram ao longo de quatro anos, em reu-niões periódicas, uma proposta de solução para oSaneamento Básico do Sul da Ilha. Estudos, aná-lises, pesquisas e exaustivas discussões entre vo-luntários da comunidade e dos órgãos envolvidospossibilitaram um levantamento aerofotogramé-trico (IPUF) e a elaboração de projetos para trata-mento de esgotos (CASAN). Na PlanícieEntremares (do Morro das Pedras e Tapera até oPorto da Lagoa) estão projetadas: uma redecoletora (RC), 8 estações elevatórias (EEL) e umaEstação de Tratamento de Esgotos (ETE).

Rede Coletora (RC): Sistema de tubulação emrede que coleta o esgoto das residências, correndodebaixo das ruas.

Estações elevatórias (EEL): Serão 8 pequenasconstruções munidas de bombas para coletar e im-pulsionar o esgoto dos domicílios para a ETE:uma na SC-405, uma no Jardim Castanheiras,uma ao lado da Lagoinha da Chica, uma naServidão Manuel Inácio (próximo às dunas);uma na rua Tereza Lopes (Areias); uma na RuaPérolas (final da Gramal), e uma na AvenidaPequeno Príncipe com a Gramal.

Estação de Tratamento de Esgotos (ETE):Estará num terreno da CASAN na Cachoeirado Rio Tavares. As cotas altimétricas variamde 2 a 5m e o lençol freático de 1 a 2m de pro-fundidade. O solo é orgânico e encharcado, compartes de mata nativa, cultivo de cana, banha-do e aterro. A área para a construção será de360.500 m² com solos de compacidade média aboa; a região é entrecortada por um córrego,afluente do Rio Tavares.

O tratamento dos esgotos é feito por:Gradeamento - o esgoto passa através de

duas grades (de 25mm e 6mm) e escoa atravésde uma calha (Parshall) até o desarenador.

Desarenação – o líquido escoa numa caixa deareia (diâmetro 4,28m e altura 5,50m) quesedimenta os sólidos orgânicos e a areia que che-gam ao sistema.

Caixa de Gordura – O esgoto chega numa caixade gordura, onde é aerado por bombeamento du-rante 15 minutos. A gordura é removida mecani-camente e conduzida a uma caçamba com tampa.

Tratamento Biológico Anaeróbio – O Líquido élançado em duas bacias (20mx20m) percolando len-tamente até a saída. No percurso, sem oxigênio,ocorre a degradação anaeróbia dos resíduos (uri-na, fezes) liberando gases como o metano que de-verá ser queimado, e CO2. Após este tratamentorestam 30% de carga poluente.

Filtro Biológico – O líquido tratado percola so-bre materiais adstringentes formando limo ou lodo,

rico em microorganismos decompositores e é leva-do para um decantador. O excesso de lodo se de-canta e segue para o adensador de lodos, por gra-vidade. Após secagem, o lodo será encaminhado aoAterro Sanitário ou poderá ser aproveitado na agri-cultura, após neutralização com cal. A retirada delodo do adensador ocorrerá somente após 6 mesesdo início da operação.

Sistema de Desinfecção – Os microorganismosrestantes são eliminados com radiação ultra viole-ta (UV) garantindo valores inferiores a 2000coliformes fecais (bactérias do aparelho digestivo)em 100 mL (mínimo exigido por Lei).

O efluente final passa por um sistema de raízesde plantas aquáticas (macrófitas de várias espéci-es) com três zonas húmidas de 50.000 m², onde sãoretirados os nutrientes (como nitrogênio e fósforo)evitando a eutrofização do rio Tavares.

Na Baixa Temporada o sistema atenderá uma

população de 3.000 habitantes hoje, a 80.000 ha-bitantes em 2025. Na alta temporada o sistemaatenderá uma população de 4.500 habitantes hoje,a 100.000 habitantes em 2025.

O custo da obra será de 28 milhões de Reaissem os custos dos estudos de impacto ambiental edos relatório de EIA e RIMA. A CASAN é respon-sável pelos EIA/RIMA e deverá efetuar audiênciaspúblicas antes do inicio das construções.

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Os investimentos em saneamento têm um efei-to direto na redução dos gastos públicos com servi-ços de saúde. Segundo a Fundação Nacional deSaúde, para cada Real investido no setor de sane-

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amento economiza-se R$ 4,00 em gastos de medi-cina curativa.

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O Movimento reúne-se na primeira segunda-feira de cada mês, no Parque Municipal da Lagoado Peri, sempre as 20:00 horas.

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As planícies arenosas tanto no norte como no sulda ilha de Santa Catarina acumulam as águas daschuvas, rios e riachos formando grandes reservató-rios subterraneos de água (lençol freático) que sãoutilizadas para o abastecimento da população. Éassim no Campeche, Pântano do Sul, Armação, In-gleses, Jurerê. Nestas planícies, o lençol freático ficaa menos de um metro da superfície, em alguns lu-gares as águas afloram formando lagoas, como as

lagoas Pequena e da Chica. A ocupação des-tas planícies por residências, prédios e estra-das impermeabiliza o solo, impedindo a in-filtração das águas para o sub-solo; soma-sea isto a construção de fossas inadequadas aosolo encharcado favorecendo a mistura en-tre esgotos e as águas do sub solo, que mui-tas vezes escorrem pela drenagem das ruas,trazendo contaminação e mau cheiro. Os li-xos nos córregos, esgotos a céu aberto e ou-tros dejetos aumentam e agravam o proble-ma com o crescimento da ocupação. Cadametro cúbico de água utilizado produz outrometro cúbico de esgoto sanitário, que veiculadoenças como verminoses, hepatites, diarréi-as, micoses e outras mais graves como a có-lera, o tifo e a poliomielite. O atendimentodas populações com água tratada sem o cor-respondente investimento na coleta, trata-

mento e disposição final do esgoto produzido é in-compatível com o desenvolvimento sustentável e amanutenção da qualidade de vida. A ocupação eespeculação imobiliária sem planejamento de usodo solo leva à contaminação do lençol freático e aocolapso do abastecimento da região sul que conta-ria apenas com a lagoa do Peri para seu abasteci-mento. São urgentes as obras de saneamento bási-co, drenagem e proteção ambiental que evitem oirreversível comprometimento dos aqüíferos. A con-dição insular e o abastecimento com águas subter-râneas precisam ser considerados no planejamentoe nos investimentos imediatos. Daí a necessidadede um Plano Diretor que evite desastres ecológicos,impeça a contaminação das águas e aimpermeabilização do solo, um Plano que aproveiteo trabalho do Movimento SOS Esgoto Sul da Ilha.

no caso de alguns serviços específicos, que deveri-am ser vistos como de responsabilidade do Esta-

do, mas que acabam sendo concedidos para a ex-ploração privada, pautando a sua lógica única, eexclusivamente, na ampliação da margem do lu-cro dos empresários do setor.

É exatamente assim que funciona a lógica dotransporte coleti-vo de Florianópo-lis. Quase tododebate que surgeem torno delesempre visa des-cobrir qual é aforma mais tran-qüila e rentávelpara a ampliaçãoda margem de lu-cro dos empresá-rios. A questãochave é que boaparte das pessoasque participaramdessa segundaedição da Revoltada Catraca, e aparte que se orga-niza politicamen-te, sequer aceita

a idéia de se ter empresários no setor do transpor-te coletivo, que dirá aumentarem suas margens

de lucro sobre o salário suado dostrabalhadores.

O transporte coletivo urbano pre-cisa começar a ser visto como servi-ço público essencial para o desen-volvimento da sociedade. Como ins-trumento fundamental para garan-tia do direito à igualdade de condi-ções, de acesso às oportunidades.Precisa ser visto de acordo com osinteresses da coletividade, do bempúblico, e como tal, gerido pelo po-der público. Num sentido clássico,pensado como coisa pública, assimcomo é, ou deveria ser, a saúde e aeducação.

Essa é uma idéia que custa carodemais aos empresários do setor. Jádissemos a eles: invistam seus re-cursos em outros setores da econo-mia, que plantem soja no Rio Gran-de do Sul, que desenvolvam softwa-res em Joinville, o transporte cole-tivo urbano de Florianópolis chegouao seu limite de exploração. Foram278% de reajustes nos últimos oitoanos. Revoltas não são gratuitas. Há

situação objetiva bastante concreta para isso. OMovimento Passe Livre apenas contribuiu no for-talecimento das condições subjetivas, ou seja, doponto de vista da organização, da ousadia dasações, de riscar o fósforo, quando o rastilho de pól-vora já estava dado pela exploração das própriasempresas.

Um terceiro ato dessa revolta já se prenuncia. Oprefeito Dário Berger tentou fazer queda de braçocom o Movimento Contra o Aumento das Tarifas, eviu-se derrotado. No entanto, continua adotandouma postura extremamente arrogante em relaçãoao movimento social. Tampouco se deu conta daprofundidade do debate apresentado, que reivin-dica, em última análise, a municipalização dotransporte coletivo e a tarifa zero para todos osusuários como metas estratégicas, e que tende aganhar força, porque, afinal, o precedente da vitó-ria foi aberto, por duas vezes seguidas. Mais queisso, o precedente da organização popular, da ruacomo espaço legitimo de mobilização, e do lugar dese fazer política. A verdadeira representação estánas ruas, e hoje ela é nossa!

Marcelo Pomar é historiador e militante doMovimento Passe Livre

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Lá na única curva da Pequeno Principe está aSEOVE, sua creche e asilo de idosos. Neste lugar,também cada um de nós pode participar de ativi-dades ao ar livre. Num pátio de compostagem, vo-luntarios transformam resíduos orgânicos em adu-bo. São 2 mil quilos de resíduos por semana. Pode-

Às quintas-feiras às 13:30 a CASA DA COLINA abre gratuitamente emseu jardim o ESPAÇO PARA O BRINCAR, espaço de lazer para pequeninosmenores de 4 anos, acompanhados de seus pais ou responsáveis.

É um ambiente seguro, onde três acolhedoras pessoas estão sempre àdisposição para escutar, conversar e brincar, garantindo o prazer de estar emcontato com outros, cada qual em seu ritmo. Cada dupla, responsável-crian-ça, partilha o convívio com outros e isto facilita a separação do bebê da suamãe e a sua socialização. Funciona desde março de 2004 em parceria com oCentro de Saúde da Fa-zenda do Rio Tavares(Fone: 338 3049 ou 2234347) para onde vocêpode se dirigir na pri-meira 5a feira do mês, outodas as 5as-feiras dire-tamente à Casa da Coli-na, rua Cachoeira 156,frente ao Marcenter naRodovia 405, RioTavares (Fone: 226 0585ou 234 1433). EnedinaMartins, JadnaPizzolotto, MargaridaBaird, Sandra Bouvier.

O ESPAÇO PARA OBRINCAR é saudávelpara todos, fisicamentee psicologicamente.

No dia 7 de maio tomou posse a nova diretoria da AMOCAM (Associação deMoradores do Campeche) para o biênio 2005/2007. A nova diretoria ficouassim constituída: Presidente, Adir Plácido Vigânigo; Secretária, Janete Tei-xeira; Diretor de Finanças, Isabel Bampi de Souza; Diretor de Transportes eObras, Robson Mariano de Avelar; Diretor de Meio Ambiente, Saúde e Sane-amento, Ataíde Silva; Diretor de Educação e Cultura, Márcia Gil Barddal eDiretor de Divulgação, Graciane Sartori Gil.A AMOCAM se reúne na Escola Básica Brigadeiro Eduardo Gomes no se-

gundo sábado de cada mês às 16 horas. Contato: 338 4802.

A Associação de Pais e Amigos da Criança e do Adolescente do Morro dasPedras, é uma entidade beneficente que foi fundada em 28/11/89 e desdeentão, atua em atividades sócio-educativas nas Areias do Campeche (Morrodas Pedras). É de Utilidade Pública e cadastrada nos Conselhos Nacional deAssistência Social (CNAS), Municipal de Assistência Social (CMAS) e Muni-cipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). Atende diariamen-te 90 crianças e adolescentes proporcionando reforço escolar, auxílio alimen-tar, palestras (prevenção odontológica, saúde pública), arte, reciclagem,colagem e reaproveitamento, resgate de Valores Morais e Éticos, EducaçãoAmbiental, combate ao desperdício de Energia Elétrica, oficinas de modela-gem em argila (com a Fundação Franklin Cascaes) e Musicalização (com oPrograma de Erradicação do Trabalho Infantil do Governo Federal - PETI).

A APAM mantém também uma creche com 50 crianças entre 6 meses e 6anos (subsidiada pela PMF). Muitas crianças na faixa etária de 7 a 14 anosestão na lista de espera, o que demonstra a necessidade de ampliação doespaço. O atendimento é feito em colaboração com voluntários. Tem convêni-os com a Prefeitura e parcerias com a UFSC, escolas e ONGS locais. Essaspermitiram melhorias no espaço da Associação, a criação de uma salainformatizada para apoio Pedagógico e Inclusão Digital; o resgate de valoreshistórico-culturais, arte-educação, a qualificação para geração de emprego erenda e uma Biblioteca Comunitária.

A APAM abre-se como espaço para o debate dos problemas sociais do bair-ro: infância e adolescência, saúde, educação, lazer, meio ambiente e seguran-ça. Participa dos Forums, campanhas e movimentos da região. O salão social(80m2) fica disponibilizado para reuniões e eventos da comunidade por pre-ços módicos. Compõem a Diretoria Executiva: Telma O. Pitta, Maria S. Fran-cisco, Antonio César S. Barros, Delma B. do Amaral, Mariane Tessari, Anto-nio Faustino, Alvonir Cardoso, Júlio Rafael C. Côgo e Valdenésio A. Mendes.

APAM: Rua Francisco José Vieira, 200 – Areias do Campeche,Florianópolis, SC 88066-000. Fone: 237-9058 – E-mail:[email protected]

À primeira vista a oferta adicional de energiaelétrica seduz toda uma comunidade, pois a im-pressão que se tem, é que não teremos novos pro-blemas com apagões e que, este precioso bem dosdias atuais, a energia elétrica, estará disponível àvontade e sem perigo de faltar.

O que a Eletrosul não mostra claramente à co-munidade são os efeitos colaterais de tamanho in-vestimento em uma infra-estrutura que hoje nãonecessitamos. A falta de Estudos e Relatório deImpacto Ambiental (EIA/Rima) e de Estudos deImpacto de Vizinhança (EIV) não permite saberos reais efeitos das redes e da subestação junto àvida da população. A empresa também nãoquantifica quanto será desmatado e se a obra afe-tará o patrimônio histórico do Ribeirão da Ilha.Falar da poluição visual das torres então, nem pen-sar! Usam o terror do fenômeno “liquinho” parajustificar seu intento em “convencer” da necessi-dade de tal inves-timento.

Mas o pior efei-to colateral é ocrescimento “equi-vocado”, um verda-deiro presente degrego (com todorespeito à comuni-dade grega), quenão serve em abso-luto a nenhum denós. As praiasmostram índicescada vez maioresde poluição. Os ri-

$��������������%������&����������'��(achos e rios que chegam às praias, Matadeiro, porexemplo, já trazem lixo e esgotos aos mares. Emlevantamentos na ilha, a Escola Técnica Federalmostra alta contaminação das ponteiras domésti-cas de extração de água subterrânea por esgotos.Muitas praias oceânicas, (nem falar das praias dasbaías Sul e Norte da ilha) já têm sua balneabilidadeameaçada, e o futuro é pessimista. É prioridademáxima para a ilha a coleta e tratamento dos esgo-tos sanitários. Muitos dirão que o investimento emuma área não invalida o investimento em outra.Conclusão muito simplista, pois energia elétricaatrai adensamento populacional, enquanto esgotosanitário não. Vejam a invasão dos morros por con-domínios e favelas nos bairros periféricos das gran-des cidades de dimensões metropolitanas. Ener-gia abundante e nenhum sistema de esgotos!

O triste nesta história é que as reuniões com ascomunidades são para mostrar o projeto pronto,

por onde passa, exe-cução, implantação,etc “super democrá-tico” todos podemver, mas.. sem me-xer! O que é bompara cidade já foi de-cidido pelaEletrosul! A pressa,a imposição de argu-mentos com a qual aEletrosul atropela acomunidade, é auto-ritária e lembra aprática de um passa-do recente da ditadu-

ra militar, de tristes lembranças. Democracia àmoda impositiva como o plano diretor da PlanícieEntremares! Capitaneada pelo presidentecatarinense do PT, Sr. Milton Mendes, a Eletrosuliniciou o processo de licitações, e está realizandoobras no Continente, ampliando subestações e ofer-ta de energia para a ilha, sem que um EIA-RIMA(estudo de impacto ambiental /relatório de impac-to de meio ambiente) ou um EIV (estudo de impac-to de vizinhança) tenha sido apresentado e discu-tido em audiências públicas.

EIA-RIMA e EIV são conquistas jurídicas daadministração participativa. Estes instrumentosque deveriam informar às comunidades os impac-tos sobre a saúde, meio ambiente, efeitos, vanta-gens, riscos, opções, custos, etc.. foram ignoradospela Eletrosul, em desrespeito à nossa participa-ção nos desígnios do bairro e da cidade. É claroque a comunidade, preocupada e ciente de seusdireitos, entrou com uma representação junto aoMPF para que sejam respeitadas as leis e as práti-cas democráticas. Mesmo que, ao final de todo oprocesso, se cristalize a necessidade do linhão e dasubestação. Registre-se por fim, que nas duas apre-sentações no bairro do Campeche, a Eletrosul ja-mais explicou por que a rota sul (Parque do Tabu-leiro, praia da Caiacanga-Açu, Ribeirão da Ilha,Reserva Extrativista do Pirajubaé) ao invés das17 outras opções analisadas pela empresa. Alémdisto, foi pouco convincente o argumento de umreforço para aumentar a confiabilidade do siste-ma, pois não se aplica quase 150 milhões de reaisno aumento de capacidade de quase 50% do exis-tente, apenas para “melhorar” a confiabilidade dosistema.

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se aprender a tecnologia; basta ter boa vontade. Visitas individuais são sempre bem-vindas. Es-

colas devem ser agendadas com antecedência paraterças às 8:30 da manhã ou sextas às 14:30.

Telefones para contatos 2373405 ou 99677042com Ubiratan, ou 2374056 com Luis.

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Nasceu em 1925 em Antonio Carlos e aos 10 anosveio estudar no Colégio Coração de Jesus em Flo-rianópolis e foi ajudante de missa na Catedral.Mais tarde foi para o Seminário de Azambuja, emBrusque, e ordenado Padre em 1949. Fez Filosofiae Teologia em São Leopoldo (RS). Trabalhou 17anos na igreja e foi vigário em Sombrio, Laguna eem Florianópolis, na Trindade. Saiu em 1967 ecasou com Edeltrudes, em 1977.

“Na verdade fui padre por influência da família.Sempre fui das letras; sonhava escrever livros, enci-clopédia, gostava de filosofia. Apesar de religiosodesejava sair da Igreja porque achava que os pa-dres deveriam casar. Antigamente quando um pa-dre deixava o clero, as pessoas o discriminavam, e aigreja aconselhava a mudar-se para outro lugar.Mas quando saí, disse ao Bispo: vou-me embora, masnão saio de Florianópolis, aqui é a minha terra! ”

Foi professor de Filosofia da UFSC e da UNIVALI.Lecionou até se aposentar em 1985. Foi professor dediversas cátedras de Filosofia. Em 1959, fundou aEditora Biblioteca Superior de Cultura e editou o pri-meiro livro em 1963. Em 1966 entrou no movimentoEsperanto. Imprimiu uma revista da AssociaçãoMundial de Esperanto Universala. Na entrevista,Evaldo Pauli mostrou seu vasto conhecimento sobrea historia do Brasil e das línguas. Fala 9 idiomas.

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“A Imigração para uma colônia, antigamente sótrazia gente do país colonizador. Até a indepen-

dência do Brasil em 1822, quase só vinham portu-gueses. Isto ocorria também com as colônias fran-cesas, inglesas, etc. No Brasil, o imperador D.PedroI era casado com a filha do imperador da Áustria,que tinha uma grande influência na Alemanha.Com isto, os alemães que antes emigravam para aEuropa Oriental vieram para cá, alguns da zonaindustrial do Reno, como os Pauli, e depois os sa-xões de Berlim. A colonização alemã começou em1817 no RJ, por influência de D. João VI que láfundou Nova Friburgo e Petrópolis. Vieram para oRS em 1824 e chegaram a Florianópolis em 1828.A principal colônia alemã surgiu em 1829 em SãoPedro de Alcântara e Antonio Carlos, ambos ain-da no município de Florianópolis. Sou da quintageração e o nome, Pauli,vem do Alemão, mas a ori-gem é latina. O i no final doPauli significa filho de Pau-lo”

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Criou a Fundação Simpo-zio a exemplo do tio e amigo, o Pe. Raulino Reitz daFundação Herbário Barboza Rodrigues em Itajaí.Ele com as plantas, e eu, com filosofia e história.

A palavra Simpozio vem do grego = reunião desábios. A fundação Cultural Simpozio é uma ONGcom caráter filosófico e artístico que visa divulgaro conhecimento na língua Esperanto.

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os substantivos terminam em o, como monto =morro, montanha. Adjetivos terminam em a, ver-bos em i, advérbios em e. O feminino termina emino, como princino = princesa. Vale fazer uma visi-ta à Fundação Simpozio e aprender de perto esteconhecimento.

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Depois da aposentadoria, isolou-se no Campeche,onde reside. Construiu próximo ao Trevo do Cam-peche, em uma área de 1090 m2, parte da sede daFundação Simpozio. Não conseguiu finalizá-la de-

vido ao zoneamento da região que inviabili-za a construção de área cultural mista comresidencial. Um dos projetos da Fundaçãoé criar a Biblioteca Superior de Cultura, queinclui também uma editora de livros em Es-peranto. Ali se planeja um espaço para for-mar um coral. O professor Evaldo Pauli templanos de escrever sete livros sobre a histó-ria de Santa Catarina. Será a primeira obrade História Colonial de Santa Catarina em

Esperanto, além da Enciklopedio Simpozio em dezunidades. Duas delas, Filosofia, História da Filo-sofia e Literatura seráo construídas pelo professorEvaldo. As outras cabem a outros especialistas. NaFundação Simpozio está sediada a Associação deEsperanto Estadual. O movimento tem apoio dosespíritas, várias associações religiosas e pacifistas.Telefone de contato: 237 4002 ou 237 2036.

O CONSEG tem reunião aberta toda primeira 5a feira do mês às 19:30h naEscola Brigadeiro Gomes. Na última reunião foi apresentado o Capitão Au-gusto Cesar Torquato Filho, novo comandante da 3a companhia da PoliciaMilitar sediada na Av Pequeno Príncipe. Enquanto continua aumentando onúmero de ocorrencias e crimes na região (foram mais de 2500 boletins atémaio) ele dispõe hoje de menos pessoal do que seu predecessor.

A delegacia da Policia Civil por sua vez tem apenas uma delegada paracobrir do Saco dos Limões até o Pântano do Sul.

A participação dos moradores nas reuniões do CONSEG é necessária paramudar esta situação.

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FALA CAMPECHEFALA CAMPECHE� �setembro de 2005 setembro de 2005

Abriu-se uma nova possibilidade de discussão doplanejamento urbano no Campeche com a suspen-são da votação do Plano Diretor elaborado pelo IPUFe a apreciação da contra-proposta apresentada pelacomunidade. Estamos em vias de recomeçar o pro-cesso, “zerando” as propostas anteriores e contem-plando os principais envolvidos: comunidade, IPUFe vereadores. Mas, para construir uma nova propos-ta, é preciso discutir como, pois mesmo o Plano Co-munitário - elaborado num processo amplamenteparticipativo - precisa de revisões. Ou seja, qualmetodologia será adotada para garantir um plane-jamento urbano justo e de fato eficiente?

A grande crítica à forma tradicional de fazer pla-nos diretores é que ela é incapaz de lidar com a com-plexa dinâmica urbana brasileira, marcada pela es-peculação imobiliária, pela exclusão social e pelo des-respeito ao meio ambiente. Os planos tradicionaispartem de uma idealização de como deveria ser a ci-dade e terminam numa cristalização deste ideal paracontrolar e regular a ocupação urbana. Os mapas dezoneamento da maioria dos planos diretores se en-caixam nesta descrição. Mas este ideal, geralmen-te, pertence a um grupo específico, deixando mui-ta gente excluída, seja por ser incapaz (financeira-mente) de se encaixar nos padrões mínimos defi-nidos, ou por nunca ter chegado a poder opinar so-bre o futuro do local onde moram. O resultado éque a cidade cresce fora da lei e apesar do que foi“planejado”. O poder de fiscalização do Estado éinsuficiente para impedir todas as ilegalidades. Al-guns optam por ficar fora da lei, porque lucram (emuito) com isso, mas outros, simplesmente não têmoutra opção.

A lei do Plano Diretor, e o planejamento urba-no de maneira geral, precisam incorporar a idéiade que, sem pensar a inclusão social, a participa-ção popular e o controle da especulação imobiliá-ria, o planejamento sempre vai parecer absoluta-mente ineficaz, pois as ilegalidades continuarãoa se multiplicar.

Abaixo algumas sugestões que podem ajudara construir uma nova metodologia:

❑ Estimular a capacidade de participação doscidadãos, pois a autonomia de decisão sobre o pró-prio futuro é o que há de mais importante no pla-

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nejamento urbano;❑ Pensar as escalas do planejamento: a cidade

toda; as regiões Norte, Sul, Centro; os distritos; osbairros;

❑ Pensar os papéis que cabem a cada grupo, noplanejamento e na gestão da cidade – poder público,sociedade civil, movimentos, vereadores;

❑ Definir o que é preciso planejar e o que não é;simplificar a lei e direcioná-la às questões onde osconflitos exigem maior mediação;

❑ Retomar a idéia do Orçamento Participativopois, em última instância, o que constrói a cidadesão os investimentos e não os planos;

❑ Incentivar a oferta de lotes totalmente legaisque a população de baixa renda possa pagar eedificar, podendo assim evitar a ilegalidade;

❑ Determinar que informações e conhecimentossão necessários para atender os itens acima.

Estas reflexões são fruto do trabalho como bol-sista de extensão e militância no MCQV em 2000.

Júlia Lins Bittencourt é arquiteta e urbanista

Há 16 anos as comunidades da Planície do Campe-che lutam contra um Plano Diretor megalomaníaco,feito nos anos 80 como um exercício-escolar do arqui-teto Hamilton Vergara, do IPUF. Especulador, basea-do em modelos estrangei-ros ultrapassados, talplano ignorava os mora-dores mas pretendia tra-zer 400 mil habitantespara a região. Destruía opatrimônio natural, his-tórico e cultural do Cam-peche, não priorizava aqualidade de vida local enegligenciava as infra-es-truturas como esgotossanitários, calçamentos,calçadas, ciclovias, esta-cionamentos, praças, la-zer, correio, instituiçõesde saúde, educativas e fi-nanceiras.

Ao supervalorizar osolo e as “vias expressas”; o Plano do Ipuf expulsavaos menos favorecidos para atrair o mundo da tecno-logia, com executivos ricos jogando golfe, vendo cor-ridas num autódromo internacional e freqüentandoum centro de convenções no lugar do campo de avia-ção. Este Plano só não se concretizou graças à mobi-lização comunitária que desejava um ordenamentoparticipativo do solo, que preservasse a história, acultura, a vida, e a paisagem. Mais que isso, queriao plano cumprisse as Leis Ambientais e atendesseas necessidades e as iniciativas das pessoas da re-gião.

Depois de muitas cartas, ofícios, visitas a políticos eórgãos públicos, a resistência ao plano do Ipuf passoua divulgar o conflito em festas da comunidade, as-sembléias, reuniões e no jornal FALA Campeche. Emoutubro de 1997, a houve o I Seminário Comunitáriode Planejamento do Campeche com as ONG´s e Asso-ciações (250 pessoas em três dias de discussões naSAC) além de membros da CASAN e da FATMA, queanalisaram e diagnosticaram a situação da região erejeitaram o Plano Diretor elaborado pelo IPUF em1989. Os resultados foram publicados no DOSSIÊCAMPECHE e entregues a todos os órgãos públicos.

Este documento, que buscava bases para o planeja-mento da região, foi desqualificado pelo IPUF como“parcial, teórico, ilegítimo, favorável à ocupação clan-destina, de má-fé, pretensioso e sem representativida-de”. Do lado dos especuladores, o IPUF defendia que oplanejamento deveria ser feito com os empresários daconstrução civil para discutir a doação de áreas públi-cas e implantação de infra-estrutura... Foi quando acomunidade se dirigiu à Câmara de Vereadores que,através da Comissão de Justiça, em 1999, viabilizouuma aproximação entre o órgão de planejamento e a

sociedade organizada. A intenção era elaborar emen-das consensuais sobre o plano do IPUF mas, como asconcepções de urbanização para a região eram muitodiferentes, o consenso era impossível.

Embora sem as infor-mações técnicas, guar-dadas como segredo deestado pelo IPUF, a co-munidade já dispunhadas diretrizes do DossiêCampeche e de muitasinformações, disserta-ções e Estudo de Impac-to Ambiental da Via Par-que. E foi com esta mu-nição e muita vontadepolítica que se deu iní-cio à elaboração de umPlano Comunitário. Nasoficinas itinerantes rea-lizadas todos os sábadosem escolas públicas, as-sociações e centros co-

munitários, nasceu um plano diretor alternativo,substitutivo global ao plano do IPUF, que deu en-trada na Câmara de Vereadores em março de 2000e lá ficou até março de 2003, quando voltou à pautado dia na Câmara de Vereadores.

Em alerta, a comunidade entrou com um Mandatode Segurança contra a presidência da câmara pelonão atendimento ao Estatuto da Cidade e falta deaudiência pública e, com isso, obtém a liminar queimpede a votação do plano. Passam dois anos e mudaa/o prefeita/o. Em março de 2005, o Juiz Helio doValle Pereira cassou a liminar que impedia a vota-ção do maldito plano e o presidente da Câmara,Marcílio Ávila, sentiu-se no dever de levar o velhoplano ao conhecimento do prefeito Dário Berger, afimde saber se mantinha ou retirava o projeto da Casa.Novas mobilizações resultaram em reuniões com oprefeito, IPUF, MPF, GRPU, FLORAM, SUSP, Pro-curadoria do Município.

Nisso, ficou evidente que pedaços do plano do IPUFaprovados furtivamente pela Câmara levaram omunicípio e a própria Câmara à condição de ré porinconstitucionalidade. Se aprovado, o Plano inteiroseria objeto de Ação Civil Pública. Ficaram expos-tas as ilegalidades do plano do IPUF, além da ne-cessidade de um planejamento com bases sociais,legais e cartográficas atualizadas. Com isso, em abrilo prefeito solicitou à Câmara a retirada do planodiretor do IPUF e propôs uma Comissão de Planeja-mento composta por membros da prefeitura e trêstécnicos da comunidade (Decreto Municipal 3357/05). Inicia-se a discussão da cidade que queremos,nos moldes do Estatuto da Cidade, e solicita-se quea comunidade seja convocada para discutir a meto-dologia a ser adotada na elaboração e execução de

um plano diretor sustentável e participativo. Alémde reconsiderar o Decreto Municipal 3357/05, fun-damentando-o na discussão pública, exigiu-se a par-ticipação de técnicos e pessoas da comunidade.Com a proximidade da realização da 2ª. Conferencia

da Cidade no final de julho, movimentos sociais, ONGS,SINDUSCOM, CREA, IAB solicitaram ao IPUF, or-ganizador da Conferência, a inclusão do tema PlanoDiretor Participativo e Integrado (PDPI) face ao mo-mento crucial por que passa a cidade. Participarammais de 200 pessoas e cinco vereadores, mas faltaramrepresentantes do empresariado e de órgãos públicosestaduais (CASAN, FATMA, SDM). Criou-se uma co-missão provisória de 11 delegados assim representa-dos: 4 do poder público, 2 dos movimentos sociais, 1 doempresariado, 1 trabalhador, 1 de ONG´s, 1 de profis-sionais e acadêmicos e 1 de conselhos federais. As reu-niões são abertas e ocorrem no IPUF, todas as quintasfeiras das 14.00 às 16.00 horas.Se você não vai ao centro nas 5ªs feiras, pode parti-

cipar das reuniões locais, todas as segundas feiras(exceto com mau tempo) na Escola Brigadeiro Eduar-do Gomes, Av. Pequeno Príncipe, às 20.00 horas.

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A luta comunitária foi desgastante, desi-gual e deixou marcas profundas na vida dealguns moradores. A prefeitura tentou pro-mover um “cala boca” perseguindo a ex-pre-sidente da AMOCAM, a prof. e Bióloga Tere-za Cristina Pereira Barbosa. A FLORAM e oIPUF apresentaram falsamente sua propri-edade como sendo dentro de uma Área dePreservação Permanente – APP, em vez deÁrea de Preservaçãocom Uso Limitado –APL. O local era umaantiga pedreira e aexuberante vegetaçãode hoje foi plantadapela bióloga.

Também o seoChico, pai do ex-vere-ador oposicionistaLázaro Daniel, quaseteve o bar demolido.

Os ex-diretores daAMOCAM, LúciaChagas e MauriceBazin foram intima-dos à Delegacia doSaco dos Limões, acusados de demolição deum muro e o corte de cercas próximos à praia.

Maiores detalhes no sitewww.campeche.org.br

O “Fórum da Cidade” lançou acampanha ”Acorda, Floripa”antes que seja tarde. O senti-mento comum é de perda dequalidade de vida. Falta infra-estrutura para empreendimen-tos de grande porte; aumentamos engarrafamentos no trânsito;privatizam as paisagens e aces-sos às praias; cheiro a esgotosnos bairros; faltam professoresnas escolas e vagas nas creches;idosos ficam nas filas dos pos-tos de saúde; faltam calçadas e ciclovias nas ruas.Testemunhamos a destruição das áreas verdes; a po-luição das águas, a desvalorização das culturas etradições locais; o espantoso aumento da violência;a irônica ameaça de privatização da Penitenciária,do Parque da Luz e da Ponta do Coral numa cidadeque carece de espaços sociais, culturais e de lazer. Acampanha quer mostrar como a cidade está sendoplanejada em favor do lucro individual pelos empre-sários da construção civil e do turismo. Isso desfigu-ra a cidade, a natureza e a qualidade de vidaAcorde cidadão! Exija um planejamento que respei-

te a Constituição e as leis! Exija o fim das alteraçõesno zoneamento de uso do solo da cidade! Exija umpacto entre o crescimento e a infra-estrutura, os ser-viços públicos, respeitando a natureza e os morado-res! Exija um planejamento fundamentado no conhe-cimento sócio-ambiental, nos limites e capacidade da

cidade! Exija umPlano Diretor in-tegrado e partici-pativo nos mol-des do Estatutoda Cidade(10.257/01)! Exi-ja audiências pú-blicas, estudos erelatório de im-pacto ambiental(EIA/RIMA) e dev i z i n h a n ç a(EIV)! Exija umalegislação que re-ferende projetosde lei de iniciati-va popular.

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Os empresários da cidade, pensando nos lucros ha-bituais, reuniram-se no prédio Majestic de 18 anda-res, na avenida Beira Mar, e lançaram a Campanha

A rua Pau de Canela está um ABSURDO!

Os moradores estão cansados com a

precariedade do local e com a falta de atenção

àqueles que procuram os órgãos públicos para

resolver a situação.

LAJOTAS JÁ!

FALA CAMPECHEFALA CAMPECHE setembro de 2005 setembro de 2005

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“Floripa Amanhã”. Eles dis-cutiram a “necessidade” deconstruir atracadouros paratransatlânticos, hotéis deluxo, campos de golfe. Um dosresponsáveis pela Campanhaé o Fernando Marcondes deMatos, do Costão do Santinho,que quer construir um campode golfe sobre o lençol freáticoque abastece 150 mil morado-res do Norte da Ilha.

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Av. Pequeno Príncipe, 2120 - Campeche

TELE-ENTREGA�������

Farmácia e Conveniência

Farmacêutica responsável: Jaqueline de Menezes Loth (CRF 6802)

Filiada àMasterfarma

Queimada e aterro no banhado do Rio Tavares

Depredação do Bar do Chico pelo prefeitura de Ângela Amin