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Fala Egbé Informativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 16 • ano VI • Agosto de 2008 Fala Egbé Seminário de Desenvolvimento pág. 2 Movimento em favor do Terreiro da Casa Branca pág. 4 Juventude de Candomblé reunida pág. 7 Terceiro ciclo de Oficinas nos Terreiros págs. 8 a 11 Ilê Axé Omim J’Obá pág. 14 Liberdade e paz para um futuro sem estigmas “Aprendi que lá, no Terreiro, estava cheio de maldades e coisas do diabo, era assustador... Quando fui lá vi que não era nada disso, era muito bonito, limpo e um lugar cheio de paz.” Esse depoimento de um jovem poderia ser repetido em qualquer parte do Brasil, talvez em muitas partes da América, e esse é o problema. É a fala de mais uma entre tantas pessoas acolhidas nos Terreiros de Candomblé sem que lhe perguntem de onde veio, sua religião, suas orientações e comportamentos... Alguém impregnado de preconceitos e de péssima educação que atribui às religiões afro- brasileiras um estigma: a acusação de que são adoradores do diabo e feitores do mal. Os Terreiros atendidos por KOINONIA já demonstraram muitas vezes o quanto essas acusações e estigma são fabricados pelo racismo presente na sociedade desde os tempos da escravidão, e o quanto o estigma quer fazer das Comunidades de Terreiros de Candomblé comunidades invisíveis! Mas essa é uma empreitada que se leva a cada dia, como peixes vigorosos a nadar contra a correnteza. Além de se expressarem em livro, as Comunidades têm demonstrado que são capazes de promover o bem estar social e de sonhar com uma sociedade melhor. Acolhem em seus bairros gente que procura serviços de capacitação para o trabalho, de orienta- ções sobre seus direitos, e de promoção de artes e ofícios para a juventude. Nos Terreiros há o sonho de um equilíbrio entre moradia, trabalho, natureza e fé. No entanto, sabem que a correnteza do preconceito e da intolerância religiosa contamina as pessoas e deve ser enfrentada. Os jovens e as crianças não deveriam ser educados com tantos preconceitos, mas o depoimento acima é real, e foi dado em Salvador, cidade que o Brasil pensa ser dos Orixás! Trata-se de um jovem cristão que pode visitar um Terreiro porque participa de uma oficina cultural em um deles, num bairro de periferia. Essa é a nova educação que os Terreiros têm implementado em ciclos de oficinas e promovendo encontros com jovens de candomblé, integrados e orgulhosos de sua fé. Nessa mesma cidade, adultos ocupam cargos de poder na administração da Prefeitura e estão impregnados do estigma e dos preconceitos e não conseguem e nem querem ver os Terreiros de Candomblé. Tomam iniciativas como se não existissem, apesar das enormes evidências em contrá- rio. Continuam a cobrar impostos indevidos e a não reconhecer a imunidade das Comunidades de Terreiros, garantida pela Constituição, e a desconsiderar as conquistas de um século de luta pela liberdade religiosa no Brasil. Vejam o absurdo que se abateu sobre o Terreiro da Casa Branca, o Ilê Axé Iyá Nassô Oká, vítima de uma cobrança judicial absurda de IPTU para área que, além de ser imune, fora desapropria- da por órgãos governamentais há 20 anos. A atuação da Prefeitura se deu como se o Terreiro fosse invisível! Mesmo constando como centro de atenções na agenda turística oficial da Cidade. Conseguiu-se suspender os processos, mas a garantia dos direitos dessa comunidade ainda merece vigilância e mobilização! Continuaremos nessa empreitada! Nadando contra a corrente! Pelo reconhecimento das Comunidades como lugar de acolhida sem preconcei- tos, da contribuição para a sociedade, da cultura e dos valores vivos nos Terreiros. Pela afirmação da fé livre e do sonho de uma sociedade em equilíbrio e paz para as futuras gerações! Juventude do Ilê Axé Kalé Bokum - Oficina de Meio Ambiente

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Fala EgbéInformativo dirigido às Comunidades de Terreiros de Candomblé • nº 16 • ano VI • Agosto de 2008

Fala Egbé

Seminário deDesenvolvimento

pág. 2

Movimento em favordo Terreiro da CasaBranca

pág. 4

Juventude deCandomblé reunida

pág. 7

Terceiro ciclo deOficinas nos Terreiros

págs. 8 a 11

Ilê Axé Omim J’Obá

pág. 14

Liberdade e paz para um futuro sem estigmas“Aprendi que lá, noTerreiro, estava cheio demaldades e coisas dodiabo, era assustador...Quando fui lá vi que nãoera nada disso, era muitobonito, limpo e um lugarcheio de paz.”

Esse depoimento de um jovempoderia ser repetido em qualquerparte do Brasil, talvez em muitaspartes da América, e esse é oproblema. É a fala de mais umaentre tantas pessoas acolhidas nosTerreiros de Candomblé sem quelhe perguntem de onde veio, sua religião, suasorientações e comportamentos... Alguémimpregnado de preconceitos e de péssimaeducação que atribui às religiões afro-brasileiras um estigma: a acusação de que sãoadoradores do diabo e feitores do mal.

Os Terreiros atendidos por KOINONIAjá demonstraram muitas vezes o quantoessas acusações e estigma são fabricadospelo racismo presente na sociedade desde ostempos da escravidão, e o quanto o estigmaquer fazer das Comunidades de Terreirosde Candomblé comunidades invisíveis!Mas essa é uma empreitada que se leva acada dia, como peixes vigorosos a nadarcontra a correnteza.

Além de se expressarem em livro, asComunidades têm demonstrado que sãocapazes de promover o bem estar social e desonhar com uma sociedade melhor. Acolhemem seus bairros gente que procura serviçosde capacitação para o trabalho, de orienta-ções sobre seus direitos, e de promoção deartes e ofícios para a juventude. NosTerreiros há o sonho de um equilíbrio entremoradia, trabalho, natureza e fé. Noentanto, sabem que a correnteza dopreconceito e da intolerância religiosacontamina as pessoas e deve ser enfrentada.

Os jovens e as crianças não deveriam sereducados com tantos preconceitos, mas odepoimento acima é real, e foi dado emSalvador, cidade que o Brasil pensa ser dosOrixás! Trata-se de um jovem cristão quepode visitar um Terreiro porque participade uma oficina cultural em um deles, numbairro de periferia. Essa é a nova educaçãoque os Terreiros têm implementado emciclos de oficinas e promovendo encontroscom jovens de candomblé, integrados eorgulhosos de sua fé.

Nessa mesma cidade, adultos ocupamcargos de poder na administração daPrefeitura e estão impregnados do estigmae dos preconceitos e não conseguem e nemquerem ver os Terreiros de Candomblé.Tomam iniciativas como se não existissem,apesar das enormes evidências em contrá-rio. Continuam a cobrar impostosindevidos e a não reconhecer a imunidadedas Comunidades de Terreiros, garantidapela Constituição, e a desconsiderar asconquistas de um século de luta pelaliberdade religiosa no Brasil.

Vejam o absurdo que se abateu sobre oTerreiro da Casa Branca, o Ilê Axé IyáNassô Oká, vítima de uma cobrançajudicial absurda de IPTU para área que,

além de ser imune, fora desapropria-da por órgãos governamentais há 20anos. A atuação da Prefeitura se deucomo se o Terreiro fosse invisível!Mesmo constando como centro deatenções na agenda turística oficialda Cidade. Conseguiu-se suspender osprocessos, mas a garantia dos direitosdessa comunidade ainda merecevigilância e mobilização!

Continuaremos nessa empreitada!Nadando contra a corrente! Peloreconhecimento das Comunidadescomo lugar de acolhida sem preconcei-tos, da contribuição para a sociedade,da cultura e dos valores vivos nos

Terreiros. Pela afirmação da fé livre e dosonho de uma sociedade em equilíbrio epaz para as futuras gerações!

Juventude do Ilê Axé Kalé Bokum - Oficina de Meio Ambiente

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Fala Egbé

Fala Egbé ..... informativo no 16 ..... agosto de 2008

2 COTIDIANO

Necessidades dos Terreiros Caminhos

Garantia de posse e propriedade de terra

Formação de associação civil Registro no CNPJ Processos de Usucapião

Reconhecimento de direitos públicos

Elaboração de laudos antropológicos Elaboração de laudos etnoecológicos Processo de imunidade de IPTU

Garantia territorial e melhoria ambiental

Elaboração de levantamentos planialtimétricos Elaboração de projetos paisagísticos

Superação do preconceito e da intolerância religiosa

Ações contra o preconceito e a intolerância religiosa Realização de reflexões e encontros de diálogos que auxiliem as ações contra o preconceito (temas)

Projetos sociais e econômicos

Trabalho voluntário Oficinas: bordado; saúde da mulher; direitos de comunidades Outras oficinas

Este é o título do seminário queserá realizado entre os dias 29 e 31 deoutubro, em Salvador (BA). A partirda experiência e das reflexões dascomunidades rurais do Baixo Sul daBahia e de Terreiros de Salvador oevento pretende debater o papel destascomunidades na promoção dodesenvolvimento.

A discussão será pautada pelostemas: Água, Meio Ambiente, JustiçaAmbiental e Desenvolvimento;Saúde e Desenvolvimento;Território, Livre Associação eDesenvolvimento; LiberdadeReligiosa; Memória e Saberes;Juventude e Desenvolvimento. Essestemas serão debatidos a partir do

enfoque dos direitos dascomunidades e de sua visão epropostas de desenvolvimento, emdiálogo com as políticas públicasvoltadas para esses temas e para essapopulação, à luz da Política Nacionalpara Povos e ComunidadesTradicionais.

Além de membros dascomunidades, participarão doseminário representantes de governos(federal e estadual) que trabalham compolíticas públicas voltadas para essepúblico; representantes de univer-sidades; ongs de apoio e organizaçõesafins, como Coordenação Nacional deArticulação das Comunidades NegrasRurais (Conacq), a Associação de

Ações do Programa

Advogados de Trabalhadores Ruraisno Estado da Bahia (AATR)eComissão Pastoral da Terra.

O evento é uma promoção deKOINONIA Presença Ecumênica eServiço, da Comissão Estadual dosPovos e Comunidades Tradicionais(BA), do Intecab (Instituto Nacionalda Tradição e Cultura Afro-Brasileira)e do Sindicato de TrabalhadoresRurais de Camamu.

Comunidades Negras Tradicionais comoAgentes de Desenvolvimento

Mais informações serãodivulgadas no site deKOINONIA, no endereçohttp://www.koinonia.org.br.

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Fala Egbé 3COTIDIANO

ASSOCIAÇÃOCIVIL

A garantia de acesso aosdireitos territoriais das Casasde Candomblé passa pelaestruturação civil, que temcomo ponto de partida acriação da associação civil eposterior inscrição noCadastro Nacional dasPessoas Jurídicas – CNPJ.Durante mais de uma décadade trabalho apoiando osTerreiros nesta organização,muitos foram os desafios deKOINONIA para encontrarmecanismos que facilitassemo processo de registro, paraque todos os interessadostivessem melhor acesso aosseus direitos. O processoque, teoricamente deveriaser simples, precisouadequar-se para atender atrês necessidades específi-cas: as burocráticas, prove-nientes das exigênciascartoriais; as culturais,associadas aos costumesdas Casas; e as de aprendi-zado da equipe do programaEgbé para compreender asduas vertentes anteriores ecapacitar-se para que oapoio fosse efetivo, tanto nacriação das organizaçõescomo na manutenção dasobrigações que passam aexistir.A criação de um modelo deestatuto que contempla esteuniverso (publicado no FalaEgbé número 4 edisponibilizado no site deKoinonia: publicações/FalaEgbé - edições anteriores/número 4), foi um facilitadordo processo de registro.

CNPJApós a criação da associa-ção civil, o passo seguinteé o cadastramento doCNPJ, que é realizado pelainternet, através do site daReceita Federal:www.receita.fazenda.gov.br,e envio de cópia autentica-da de toda a documenta-ção por correio ou entregadireta no posto da receitalocal.

Agora, paraqualquermovimentação doCNPJ, seja parainscrição ouatualizaçãocadastral, énecessário que aassociação doTerreiro possua,entre outrasinformações, onúmero do TVL.

Agora, para qualquermovimentação do CNPJ,seja para inscrição ouatualização cadastral, énecessário que a associa-ção do Terreiro possua,entre outras informações, onúmero do TVL. O que éisso? Termo de Viabilidadede Localização que, emSalvador é emitido pelaSuperintendência Munici-pal de Uso e Ordenamentodo Solo – Sucom, apósvistoria e liberação. Mas,atenção: cada municípiotem seu órgão equivalenteencarregado.

Alertamos a todos osresponsáveis pelas associa-ções que já possuem CNPJque é necessário providenciaro TVL o mais rápidopossível para que as atuali-zações cadastrais, comoalteração de diretoria,possam ser feitas. Osdocumentos necessários são:formulário de solicitaçãopreenchido, um croqui delocalização da área epagamento de uma taxajunto à prefeitura.Confira o box com os novosdados solicitados pelaReceita Federal para inscri-ção do CNPJ.

No período de abril a agosto

de 2008 os responsáveis

pelas associações do Ilê Axé

Odé Tolá e Unzó Bakisê

Sasaganzuá GongaráKaiango solicitaram apoio

para atualização do registro.

E pediram apoio para iniciar

o processo o Ilê Ala Axé, Ilê

Axé Obé Fará Ogum Lonan e

Ilê Axé Oyá Omin Denan.

Continuam em andamento

as ações para o registro do

Alarabedê, Tobomin e

Awziidi Junçara.

Também neste período foi

encerrado o prazo para a

declaração de imune de

imposto de renda. As

declarações dos seguintes

Terreiros foram realizadas

pelo programa Egbé Territó-

rios Negros: Casa Branca,

Centro Espírita do Caboclo

Itapoã, Ilê Axé Obá Adê

Nilá, Ilê Axé Abassá de

Ogum, Ilê Axé Gezubum da

Santa Cruz, Ilê Axé IbáAqueran, Ilê Axé Jfokan, IlêAxé Jifulu, Ilê Axé Kalé

Bokun, Ilê Axé Obá NijóOmin, Ilê Axé Obá Nirê, IlêAxé Obá Tadê Patiti Obá, IlêAxé Obá Tony, Ilê Axé OdéTolá, Ilê Axé OgumOminkayê, Ilê Axé Olo Omin,Ilê Axé Olufan AnancidêOmin, Ilê Axé Omin Funkó,Ilê Axé Omin Lessy, Ilê AxéOmin Lonan, Ilê Axé OminNijá, Ilê Axé Osun Yinká, IlêAxé Oxumarê, Ilê Axé Oyá,Ilê Axé Oyó Bomin, Ilê AxéPondamin Bominfá, Ilê AxéTaoyá Loni, MansoDandalungua Cocuazenza,Ñzó Sasaganzuá MonoGuiamaze , Tateto Lemba,Terreiro de Jauá, TerreiroMinajô, Terreiro OxossiTalami, Terreiro São Roque,Terreiro Viva Deus Bisneto,Terreiro Viva Deus Filho,Terreiro Vodun Zo,TerreiroTubenci, TumbaJunçara, e Unzó BakisêSasaganzuá GongaráKaiango.

NOVOS DADOSSOLICITADOS PELARECEITA FEDERALPARA INSCRIÇÃO

DO CNPJ

Área do terreno utilizadaÁrea construída utilizadaNúmero do Termo deViabilidade de Localização– TVLNúmero da InscriçãoMobiliáriaEndereço do sócioadministradorObjeto socialNúmero do registro nocartório

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Fala Egbé

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PROCESSOSJURÍDICO-ADMINISTRATIVOS

Terreiro da Casa Branca - OIlê Axé Iyá Nassô Oká estásendo autuado pela Secreta-ria da Fazenda da PrefeituraMunicipal de Salvador porfalta de pagamento de IPTU- Imposto Predial eTerritorial Urbano, em umprocesso de arresto. Oarresto consiste numaapreensão judicial de bens,algo semelhante à penhora.A Casa Branca é uma dasCasas de Culto mais antigasdo país, primeiro templo

religioso afro-brasileiro a sertombado como patrimôniohistórico doBrasil, reconhecida comopatrimônio cultural daCidade de Salvador, comoAPCP - Área de ProteçãoCultural e Paisagística, pelaPMS. Esta mesma Casa estásendo processada pelaprópria PMS por falta depagamento de imposto -avaliado em mais de R$800.000,00 - ao qual temimunidade garantida atépela Constituição Federal.Diante de tal fato KOINONIAiniciou todos os procedimen-tos legais em defesa daCasa, abrindo o processo

administrativo No 35057/2008, para o reconhecimen-to da imunidade tributáriada área em questão. Tam-bém iniciou uma campanhasolicitando à comunidadeapoio à causa, enviando e-mail ou fax para osresponsáveis, reivindicandoprovidência imediata edefinitiva suspensão desteprocesso contra o Terreiro.Iniciativas similares tambémforam tomadas por outrasorganizações da sociedadecivil.Até agora conseguimos asuspensão dos processos atéque a questão seja resolvidadefinitivamente na esfera

administrativa com oreconhecimento da imunida-de da casa. Portanto, acampanha continua com oenvio de correspondênciapara as autoridades abaixo.Pedro Guerra - Procurador

Geral do Município –

fax: 3321-3701

Sandro Correia – Secretário da

Reparação:

[email protected]

Pedro Dantas – Secretário de

Governo do Município –

[email protected] /

fax. 3321-0687

Gesivaldo Brito – Juiz da 2ª

vara da Fazenda Pública –

fax 3320-6622

O modelo da carta abaixo:

Sr.....

No pleno exercício da cidadania pedimos o pronto julgamento do processo administrativo No 35057/2008, junto à Secretaria de Fazenda doMunicípio de Salvador, que trata do reconhecimento retroativo da imunidade tributária do Terreiro da Casa Branca, representada pela Asso-ciação São Jorge do Engenho Velho e seu advogados. Segundo o Laudo Antropológico elaborado como instrumento de reconhecimento da comunidade pelo Dr. Ordep Serra, “O imóvel que correspondeao Ilê Axé encerra uma área de 7. 184, 38 metros quadrados que, segundo consta de Escritura lavrada pelo Tabelionato do VI Ofício de Notas(Livro 573, folhas 02-4), foi desapropriada pela Prefeitura Municipal do Salvador e doada à Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge doEngenho Velho, em virtude do disposto no Decreto Municipal número 7.321 de 05 de junho de 1985, publicado no Diário Oficial do Estado daBahia em 08 e 09/11/85, retificado pelo Decreto Municipal de número 7.402, de 16/10/85, também publicado pelo Diário Oficial deste Estado.A desapropriação e a doação do terreno em apreço tiveram como finalidade, explícita nos referidos decretos, ‘a preservação e conservação do acervocultural do sítio de valor histórico e etnográfico do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho.’ Soma-se à referida umaoutra área de 1316 metros quadrados (a Praça de Oxum) também integrante do Terreiro. Além de se constituir um Templo religioso, comimunidade tributária garantida pela Constituição Federal o imóvel como um todo goza de imunidade fiscal por força do Decreto Municipalnúmero 6666, de 08 de setembro de 1982, retificado pelo Decreto Municipal 6830 de 17 de dezembro de 1982.”, o que torna tal processoabsolutamente descabido.Além disso, o Terreiro tem o reconhecimento público, através de diversos órgãos, como pode ser visto abaixo:

Declaração de utilidade pública municipal, através do Decreto n°759, de 31 de dezembro de 1959.Declaração de tombamento para preservação de sua memória histórica e cultural, tornando-o “área de preservação simples”, conformeDecreto n°6634, de 04 de agosto de 1982.A Lei Municipal n°3.591, de 16 de dezembro de 1985, torna o espaço do terreiro em Área Sujeita a Regime Específico – ASRE, nasubcategoria Área de Preservação Cultural e Paisagística – APCP, sendo seu entorno imediato correspondente a uma Área de ProteçãoRigorosa II.Por meio do processo n°1.067-T-82, do Ministério da Cultura, o Terreiro da Casa Branca foi tombado pelo Instituto do PatrimônioHistórico e Artístico Nacional – IPHAN, sob a inscrição n°93, Livro Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico fls.43, e inscrição n°504,Livro Histórico fls.92, em 31 de maio de 1984 e homologado em 27 de junho de 1986.

Diante dessas considerações compreendemos que o direito à imunidade tributária do Terreiro da Casa Branca deve ser garantido pela Prefeitu-ra e não ela mesma deve ser um agente violador deste direito. Assim sendo toda e qualquer ação de cobrança de tributo deve ser impedida.Certos do pronto atendimento,

Atenciosamente,ASSINATURAS 

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Fala Egbé 5

Caso Mãe Gilda – O proces-so de ação indenizatória pordanos morais e uso indevidode imagem foi iniciado em1999, quando a foto daIyalorixá Gildásia dos Santos- a Mãe Gilda do Axé Abassáde Ogum, foi veiculada pelaIgreja Universal do reino deDeus – IURD, no seu jornalFolha Universal.O caso já saiu vitorioso na1ª e 2ª instâncias e hoje seencontra no SuperiorTribunal de Justiça aguar-dando julgamento, que aocontrário das previsões, nãoaconteceu no primeirosemestre deste ano.Portanto, nossa campanhade apoio ao ”Caso MãeGilda” continua. Na ediçãoanterior do Fala Egbépublicamos um modelo decarta para ser encaminhadaao Gabinete do MinistroMassami Uyeda - SuperiorTribunal de Justiça, solici-tando agilidade no processoe que o mesmo decida emfavor da família de MãeGilda contra a IgrejaUniversal do Reino de Deus(Iurd).Você encontra o Fala Egbén. 15, contendo estemodelo, no site deKOINONIA http://wwww.koinonia.org.br naseção Fala Egbé.

Apóie esta causaque se tornousímbolo da lutacontra aintolerânciareligiosa no País!

Bandidos proíbemcandomblé e umbanda nasfavelasEntidades federativas deumbanda e candomblé doRio de Janeiro pediramprovidências urgentes àSecretaria de SegurançaPública para garantir olivre exercício de cultoreligioso nas comunidadescarentes da cidade.Traficantes de diversasfavelas estão proibindomanifestações de religiõesde matriz africana eexpulsando donos deterreiros. A intolerânciareligiosa está ligada àexpansão de igrejasindependentes nas comuni-dades. Durante um mês, areportagem do jornal Extra(RJ) percorreu diversasfavelas e ouviu relatos demoradores, líderes comuni-tários e religiosos sobreessa situação.(Fonte: Jornal Extra, 15/03/08)

***Justiça manda recolherlivro que estimula precon-ceitoA Justiça da Bahia deter-minou o recolhimento emSalvador, de todos osexemplares do livro “Sim,Sim! Não, Não! Reflexõesde Cura e Libertação”, daeditora Canção Nova, dopadre Jonas Abib. O padreé fundador da comunidadecatólica Canção Nova,ligada à RenovaçãoCarismática, ala conserva-dora da Igreja. Segundo oMinistério Público baiano,o padre cometeu o crime

de “prática e incitação dediscriminação ou preconcei-to religioso”, previsto na lei7.716, de 1989.(Fonte: Verbonet, Última Instância

e Jornal Folha de São Paulo)

***Reaberto Centro Espíritadepredado por evangélicosO Centro Espírita Cruz deOxalá, no Catete, zona suldo Rio de Janeiro, que foiinvadido e depredado no dia2 de maio por quatro jovensda Igreja Evangélica GeraçãoJesus Cristo, reabriu nanoite do dia 9, com umahomenagem aos seuscaboclos. Quase todas asimagens destruídas durantea invasão foram recuperadasatravés de doações.Durante o ataque, que duroucerca de 30 minutos, osquatro invasores insultaramos fiéis que aguardavampara entrar no centro edepredaram o local. Elesforam indiciados sobacusação de danos materiaise ultraje a culto.Atendimento a vítimas deintolerância religiosa -Com o crescimento demanifestações religiosascomo a que resultou nainvasão e depredação docentro espírita Cruz deOxalá, a Secretaria Estadualde Assistência Social deuinício no dia 9 de maio, aum serviço de atendimentoespecial para vítimas deintolerância religiosa. Alémde encaminhar as denúnciasà esfera policial e aoMinistério Público, a idéia éformar um banco de dados e

realizar um mapeamentodos pontos de conflitoreligioso.(Fontes: Folha de São Paulo,JB online, Jornal O Globo,Clica Brasília, RJTV e SRZD Féem 09/06/2008)

***Carta de Repúdio aIntolerância ReligiosaO movimento de mulhe-res da cidade de SãoPaulo assina manifestode repúdio à intolerânciareligiosa expressa pelaPrefeitura Municipal deSão Paulo, que pretendeexpulsar a AssociaçãoCultural Religiosa eBeneficente “Comunida-de de Oyá e Ogum -IlêAlaketú Axé Egbé OyáOgun”, do bairro Planal-to Paulista. Localizadano mesmo endereço há25 anos, a Associaçãodesenvolve atividadesvoltadas à assistência apessoas carentes e aoculto religioso, lutandotambém pelaerradicação do racismoe da intolerância religio-sa. “Nós dos movimen-tos de mulheres dacidade e estado de SãoPaulo, repudiamos aação da prefeitura queexpressa a mais absurdademonstração deintolerância religiosa eexigimos o direito àpermanência da Associ-ação em seu atualendereço.”, diz umtrecho da carta.(Fonte: Movimento de Mulheres

da cidade de São Paulo)

Todo dia deveria ser 21 de janeiro

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Fala Egbé

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6 COTIDIANO

OFICINAS, SEMINÁRIOS E PARCERIAS

DIREITO À MEMÓRIA

A oficina ajuda a ordenar omaterial bibliográfico, manten-do a tradição e a cultura [atra-vés das fotos] e o saber [atra-vés de livros e revistas]. Facilitaa comunicação entre a comuni-dade e o Terreiro, quebrandobarreiras do preconceito.

Ana Luiza, do Ilê Asé Kalé Bokun.

Na semana de 7 a 12 de abril de 2008foi realizado um monitoramento das ofi-cinas de Direito à Memória nos Terrei-ros que haviam sido capacitados paraorganização de seus acervos. A ativida-de teve o objetivo de avaliar os frutosdas capacitações que vem sendo realiza-das desde o ano de 2005.

O primeiro dia do monitoramentofoi dedicado à atualização e ao treina-mento das multiplicadoras capacitadaspelo Programa Egbé para esta ativida-de. A ação teve o objetivo de avaliar oestado da organização dos acervos dasCasas, após as ações já realizadas em cadauma delas. Participaram da atividade asmultiplicadoras voluntárias Rutelene(Manso Dandalungua Cocuazenza),Carminha (Ilé Axé Ode Tolá), Daniela(Abassá de Ogum) e Adriana (CasaBranca) – esta última agora efetivada naequipe soteropolitana de KOINONIA,direcionada às ações de documentação(entre outras).

Como pontos positivos domonitoramento, podemos destacar ofortalecimento e intercâmbio dasmultiplicadoras, reforçando o compro-misso com a continuidade do trabalho ea reavaliação de alguns métodos e roti-nas na forma de catalogar os documen-tos nas Casas.

Para Kiazala, responsável pelo acer-vo do Terreiro de Jauá, a atividade pro-porcionou o primeiro contato com ocomputador para os organizadores dabiblioteca; o incentivo à leitura;

a procura por cursos de aprimoramen-to; incentivo para solicitação de livros aoMinistério da Educação e UNESCO, pararealização da Feira de livro; e restauraçãodas fotos. O Terreiro conta com 150 li-vros cadastrados em sua biblioteca, orga-nizada pelos filhos da Casa em mutirõesrealizados nos fins de semana.

Outros Terreiros também apresenta-ram um bom número de livros cadastra-dos. É o caso da Casa Branca, que temmais de 300 livros em sua biblioteca eque conta com a multiplicadora formadapelo Programa Egbé, Adriana Santos,como responsável.

A avaliação de Eldon Lage (Jijo), do

Terreiro São Roque, ressalta que “os res-ponsáveis desta casa acham que este trabalhode preservação dos documentos do Terreiro deCandomblé irá refletir muito bem ao povo desanto no seu futuro, podemos hoje guardar epreservar nossa história. Todos nós agradece-mos muito por esta grande iniciativa”.

AÇÃO NO BAIXO-SUL

O Programa Egbé Territórios Negrosesteve na região do Baixo Sul da Bahiapara realizar duas oficinas sobre direitosdas comunidades negras rurais e rema-nescentes de quilombo. Na oficina deCamamu, realizada no dia 10 de abril,

participaram as comunidades Dandarados Palmares, Pimenteira Pratigi, PedraRasa, Laranjeira, Garcia, Porto do Cam-po, Maria Ribeira e Lameiro. Os temasprincipais do evento foram auto-identi-ficação dos quilombolas e os direitos des-sas comunidades. Em um dos debates, osparticipantes definiram de diversas for-mas a identidade quilombola, entre elas:“são comunidades remanescentes dequilombo aquelas que se relacionam coma terra de forma diferente, onde a terratem uma história”. Além disso, foram de-senvolvidos exercícios utilizando a“Cartilha Direitos”, publicada em dezem-bro de 2007 pelo Programa Egbé Terri-tórios Negros.

A segunda oficina aconteceu emBoitaraca, comunidade localizada emNilo Peçanha, no dia 12 de abril. Partici-param quilombolas da localidade e deJatimane, comunidade vizinha.

As atividades das oficinas geraram umgrande debate sobre identidadequilombola. Os participantes foram divi-didos em grupos para responder a pergun-ta “O que é ser quilombola”. Resgatar osconhecimentos tradicionais e culturais; serreconhecido entre os povos e preservar acultura como danças, religião, comidas tí-picas, foram algumas das respostas. Osgrupos também responderam a questãocom poesias, canções e dança.

Oficina de Direitos / Camamu

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Fala Egbé 7COTIDIANO

JUVENTUDE DE CANDOMBLÉREUNIDA

Para que queremos uma organizaçãode jovens do candomblé? Como essa or-ganização pode/deve se estruturar?Como vamos levar este trabalho? E queações faremos?

Estes foram os questionamentos de-batidos pelos jovens participantes doencontro realizado no dia 6 de abril, noTerreiro Vintém de Prata, e apoiado peloPrograma Egbé Territórios Negros deKOINONIA. O grupo se auto-definiucomo uma organização dos jovens quebusca o fortalecimento da religião, lutacontra preconceitos e pela superação daintolerância.

Liberdade religiosa, tolerância, não aoracismo, não a homofobia, ao machismo...tudo isso é muito bonito!!! No entanto, épreciso que não fiquemos só no discurso. Épreciso que façamos a nossa parte. Para osque já fazem, que continuem fazendo e pa-rabéns!! Para os que não, cuidado!!! Vocêpode ser a próxima vítima...

Pois é, vimos exemplos de como a popula-ção pobre, negra, carente é tratada, não so-mente em Salvador, mas em todo o Brasil.São pessoas dignas humilhadas a todo tempo,todo instante, pelas elites, e muitas vezes porpessoas que moram nas mesmas comunida-des, que elas que esquecem que são iguais.Que não são diferentes por estarem vestindouma farda marrom, preta ou branca...

Portanto, não devemos esperar que umaatitude seja tomada de cima para baixo. Énecessário que façamos o movimento inver-so, que tomemos atitude perante todas essasinjustiças, essas desigualdades sociais, raci-ais, políticas e etc.

Uilians (22 anos, Terreiro Vintém de Prata)

A fala segura e emocionada de Uiliansretrata o tom do encontro, que tiroucomo propostas:a) Criação de mecanismo para garantir

a comunicação entre os jovens (blog,orkut, grupo de discussão);

b) elaboração de projetos para garantira sustentabilidade do grupo;

c) realização de seminários com os maisvelhos para compartilhar saberes;

d) integração das Casas de origem quan-to a importância da organização comoum instrumento que aja dentro da casae fora dela e

e) elaboração de um documento de apre-sentação do grupo de jovens que sir-va como carta e apresentação da pro-posta de organização dos jovens deCandomblé.

participante, as suas dúvidas podem sertiradas sem que a autoria da perguntaseja revelada. São perguntas que variamdesde o mais básico da transmissão, pas-sando pelo aconselhamento na preven-ção, chegando às questões acerca da se-xualidade. São momentos de muitaparticipação e descontração em que ascomunidades têm acesso, sem tabus, ainformações seguras e atualizadas, sen-do fortalecidas para a realidade do dia-a-dia.

SEMINÁRIO AIDS E SAÚDE DAPOPULAÇÃO NEGRA

Nos dias 24 e 25 de julho, a Assesso-ria de Promoção de Equidade Racial emSaúde, em parceria com a CoordenaçãoMunicipal de DST/Aids, realizou o se-minário “Aids e Saúde da PopulaçãoNegra: Discutindo Ações para oEnfrentamento da Epidemia da Aids jun-to à População Negra de Salvador”. Oseminário nasceu de discussões entre aAssessoria, a Coordenação e diversossegmentos da sociedade civil, respon-dendo também a uma demanda do 1º Se-minário de Religiões de Matriz Africanae Saúde de Salvador e Lauro de Freitas,realizado em 2007. O Seminário iniciouum processo de diálogo e sistematizaçãode ações desenvolvidas por diversos gru-pos sociais para a prevenção da Aids jun-to à população negra de Salvador. O pu-blico alvo eram representantes dereligiões das mais diversas matrizes, or-ganizações da sociedade civil, do movi-mento negro, profissionais de saúde.KOINONIA foi representada por JussaraRêgo, coordenadora local do ProgramaEgbé, participante da mesa-redonda sobre ”Experiências religiosasno enfrentamento da epidemia”. Comoresultado, o seminário, que pretendia ti-rar uma ação a ser desenvolvida pelomunicípio ainda no ano de 2008, apoiou,para o GT Religiões, a proposta deKOINONIA de capacitação de lideran-ças religiosas para a multiplicação de in-formações seguras na prevenção daAIDS.

SAÚDE NOS TERREIROS

A semana de 09 a 14 de junho foidedicada ao direito à saúde nos Terrei-ros em Salvador.

No primeiro dia, reservado para asmultiplicadoras, o programa incluiureciclagem de conhecimento dos conteú-dos em prevenção do HIV/AIDS e dastécnicas utilizadas nas oficinas.

Em seguida houve a realização dasensibilização ao tema HIV/AIDS paratodo o público que participa das ofici-nas de artes e ofícios desenvolvidas nosTerreiros em Salvador, com realizaçãoco-financiada pela União Européia.

Foram 80 pessoas diretamente envol-vidas na atividade, sendo a maioria dejovens. Nestes espaços de muita dinâ-mica de envolvimento são repassadosconteúdos referentes à forma de trans-missão do vírus e prevenção.

O que sempre tive vontade de pergun-tar em relação a saúde, sexualidade e HIV/AIDS e nunca tive coragem...? Este é ummomento de destaque durante os traba-lhos, quando, a partir da reflexão de cada

Encontro de Juventude - Vintém de Prata

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OFICINAS DE ARTES, OFÍCIOS EDIREITOS

Chega ao final mais um ciclo de ofici-nas de artes e ofícios nos Terreiros de Can-domblé de Salvador.

No início de 2007 o programa EgbéTerritórios Negros ampliou suas açõescom a implantação do Projetode “Capacitação e apoio ao desenvolvi-mento de Comunidades Negras Tradicio-nais no Brasil”, co-financiado pela UniãoEuropéia, Christian Aid e EED (Servi-ço das Igrejas Evangélicas na Alemanhapara o Desenvolvimento), realizadoem quinze Terreiros de Candomblé loca-lizados em Salvador, e em comunidadesnegras litorâneas do Baixo Sul do estadoda Bahia.

Como objetivo geral, o projetobusca apoiar ações afirmativas por Direi-tos Humanos, Econômicos, Sociais e Cul-turais (DHESC) de comunidades tradici-onais na Bahia, buscando a melhoria daqualidade de vida dessas populações. Oprojeto é uma das iniciativas mundiais quecontribuem para a realização das metas dedesenvolvimento do milênio elaboradaspelas Nações Unidas.

Ao longo de um ano e meio foramdesenvolvidas oficinas de corte e costura,bordado, estética, culinária, toque deatabaque, serigrafia e resgate de identida-de e artesanato em madeira (entalhe), to-dos voltados ao resgate de saberes tradici-onais afro-brasileiros e ministrados pelosmestres populares integrantes da religião.

As oficinas foram ofertadas pelas Ca-sas ao público por elas escolhido, convi-

dando outras Casas e a comunidadecircunvizinha a cada uma delas.

O resgate tradicional da arte, que, emoutros tempos, era dominada por umnúmero significativo de pessoas dentrodas Casas, abre espaço para a manuten-ção e difusão deste patrimônio imaterialda cultura afro, fortalecendo a própria re-ligião, na medida em que qualifica no-vos detentores destes saberes, além depromover a melhoria da auto-estima dosmestres e aprendizes.

Entretanto, outro ganho de elevadaimportância foi obtido com as ações do

centros de desenvolvimento local que sãoos Terreiros de Candomblé espalhados portoda a cidade.

As atividades de aprendizagem práti-ca são entremeadas de momentos de dis-cussão sobre direitos civis e territoriais,direito à saúde, à memória, ao meio am-biente, e até ao resgate de suas própriashistórias de vida, além orientações sobreauto-diagnóstico da comunidade localpara enfrentamento de suasrealidades. Cada ciclo de oficinas se en-cerra com a capacitação de seus represen-tantes na elaboração de seus própriosprojetos, dando-lhes condição para a cri-ação, implementação, reproduçãoe sustentabilidade das atividades.

Neste primeiro semestre de 2008 oprojeto foi desenvolvido em cinco locais:no Ilê Axé Alarabedê, sendo as oficinasalocadas na própria Casa (crochê) e noEspaço Cultural Vovó Conceição (cortee costura), sob a coordenação doInstituto Nacional das TradiçõesAfrobrasileiras - Intecab; no Terreiro VivaDeus Bisneto (bordado – bainha aberta);no Terreiro Tuumba Junçara (serigrafia etoque de ngoma); no Ilê Axé Osun Yinká(corte e costura, bordado, manicure); eno Ilê Axé Kalé Bokun (oficina integra-da Odun Olá – Vivenciando aAncestralidade: toque, dança, canto, cu-linária). As oficinas envolveram 17 Ca-sas e um público direto de 217 pessoas,na maioria mulheres e jovens.

Imprimindo a Identidade - Tumba Junçara

Bordado (bainha aberta) - Viva Deus Bisneto

projeto: ele tem se mostrado cada diamais eficaz no combate à intolerânciareligiosa, na medida em que abre as por-tas à comunidade, ofertando atividadesde aprendizagem e aperfeiçoamento em

áreas abertas ao mer-cado de trabalho. Pes-soas que nunca entra-ram em umCandomblé, por medodo desconhecido gera-do pelo preconceito di-fundido historicamen-te pela intolerânciareligiosa, vencem estabarreira e se benefici-am da convivência e doaprendizado nesses

Corte e costura - Ilê Asé Osun Yinká

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Fala Egbé 9

Um diferencial, nesta etapa, foramduas oficinas exclusivamente de jovens:a de serigrafia (Imprimindo a Identi-dade) e a Oficina Integrada Odun Olá,que teve como ponto alto a montageme apresentação de espetáculo cênico(dança e música) com o mesmo nome,cuja estréia lotou o teatro do CentroCultural de Plataforma - Subúrbio Fer-roviário de Salvador. A experiência foitão forte que a oficina se transformouno Grupo Odun Olá, que continua seencontrando uma vez por semana, aossábados, no Centro Cultural, dandocontinuidade ao trabalho.

Essas duas oficinas também geraramnovas parcerias dos Terreiros: a deserigrafia, com uma empresa do ramo,que emprestou seus equipamentos paracapacitar os jovens aprendizes; e a OdunOlá, com o Centro Cultural de Platafor-ma, que cedeu a sala de dança para osensaios do grupo.

A PALAVRA DE QUEMVIVEU A EXPERIÊNCIA

Everaldo Noguei-ra, coordenador daOficina IntegradaOdun Olá, filho-de-santo e presi-dente da associa-ção do Ilê Axé KaléBokun: “Foi umaexperiência ímpar.

Nós, do Kalé Bokun, nunca tínhamos aber-to as portas à comunidade. Eu tinha medo,pois os costumes antigos sempre deixaram aCasa muito resguardada. Então, abrimos:tivemos um grupo homogêneo de jovens que,na sua maioria, nunca tinham entradonum terreiro, por medo ou preconceito, masque queriam conhecer a religião. Agora,nem eles nem nós queremos que acabe.Estamos vendo de que forma podemos conti-nuar o trabalho”.

E s m e r a l d oEmetério, TataXicarangomo e co-ordenador das ofi-cinas do TerreiroTuumba Junçara(Oficina deserigrafia “Impri-mindo a Identida-de” e Oficina de to-

que de ngoma):“A preocupação em capacitar os jovens não

é tudo: o resgate da auto-estima é muito mais.A convivência dos jovens, a oportunidade de seconhecerem e dialogar foi o ponto mais forte daexperiência, dando condição para uma convi-vência duradoura. O resgate da identidade écoisa muito séria. (...) Uma das minhas preo-cupações é isso: ver a dança bem dançada queimpõe o tocar bem. Intimida o tocador, que temque ser bom! O momento da percussão foi muitogostoso porque eu pude colocar na cabeça dosjovens como o toque tradicional tem que ser: édiferente do folclórico...”

Altamira, coor-denadora da Oficinado Ilê AxéAlarabedê:

Recebi o convitede Equede Sinha,para fazer uma ofici-na em conjunto com oIntecab e adorei a

oportunidade. A primeira oficina foi de cortee costura, lá mesmo no Espaço Cultural VovóConceição. Convidei pessoas de minha comu-nidade, no Engenho Velho da Federação, paraparticiparem. Depois, começamos uma segun-da oficina lá na minha Casa, no Alarabedê.Meu desejo era fazer a oficina de pintura detecido, mas acabei aplicando a oficina de cro-chê. Chegamos a ter vinte alunas, todas indosem falta para a aula, e nosso desejo é conti-nuar, porque é uma coisa muito boa para aspessoas, principalmente para as mulheres e jo-vens do Engenho Velho. Só que, com a situa-ção de violência que está acontecendo no bair-ro, a freqüência diminuiu e tivemos que pararpor um tempo, mas por isso mesmo é impor-tante continuar!

***Mãe Marta,

Viva Deus Bisneto:Foi uma maravi-

lha o curso de borda-do, gostei muito. Por-que é coisa quesempre tive vontadede fazer, de acolheras pessoas, inclusivepessoas de várias religiões. Não esperava quefosse ser do jeito que foi, tão bom, sem ne-nhum problema. Não houve discussão, as pes-soas foram sem problema de ser no Candom-blé. Recebemos também muitas visitas,inclusive estrangeiros, conhecemos novas pes-soas... A instrutora não podia ser uma pes-soa melhor, ela foi um tudo para mim, du-rante esse curso. Os debates foram ótimos; ode meio ambiente foi muito bom mesmo! Asalunas não perdiam aula sem motivo sério,a freqüência foi assídua. Elas gostarammuito, e querem continuar; alguma já co-meçou a ganhar algum dinheirinho extracom o bordado e não quer parar.

***

Apresentação de encerramento - Odun Olá

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10 COTIDIANO

Gilcélia, ins-trutora de borda-do (bainha aber-ta) do Viva DeusBisneto:

O oficina foimuito importantepela experiênciaque eu tive com

Mãe Marta, porque ela me ensinou que,mesmo estando doente, a gente é capaz de,com amor, produzir e tolerar muita coisa,inclusive a ignorância de nossos próprios ir-mãos. Ela ensinou a todos a serem pessoasantes de qualquer coisa e que quando a gen-te encontra amor, deve retribuir. Ela conse-guiu que pessoas de diversas religiões, cre-dos e raças se encontrassem, se aceitassem ese respeitassem. Alem do que, conseguimos,juntas, unidas, com amor, muita coisa!Principalmente com criança. Porque tra-balhar com idoso é muito bom, ou traba-lhar só com adultos; mas diversificar umasala de aula é difícil. Mas quando existe umtrabalho de parceira, como foi com nós duas,não ficou difícil a sala com diversidade. Con-seguimos um sucesso maravilhoso!

***

Maria das GraçasGuimarães, MãeDadá, responsá-vel pela Associa-ção Beneficente,Cultural e Reli-giosa MargaridaLima Guimarães,do Terreiro OsunInká:

A Associação Margarida Lima Guima-rães em parceria com KOINONIA, no mêsde março de 2008, praticou mais uma açãosocial oferecendo aulas de corte e costura,manicure e bordado-afro, abrindo as por-tas para aqueles que desejaram freqüentaros referidos cursos.

Durante quatro meses foram desen-volvidas aulas, oficinas e palestras com umpúblico satisfatório de pessoas de 12 a 60anos. A ação do projeto foi ecumênica, pois

alcançou os objetivos da associação que é in-tegrar pessoas de várias comunidades de Sal-vador sem excluir idade e nenhum segmentoreligioso. Tivemos participação de Testemu-nhas de Jeová, Batistas e Candomblecistasque desenvolveram seus trabalhos em climaharmonioso com respeito mútuo e muita soli-dariedade.

***Com a palavra

questionadora econsciente, apósoficina de Direitoao meio ambiente,Ailton Sales, 22anos, resume o con-teúdo e possibilida-des de desdobra-

mentos das atividades:Hoje tivemos uma palestra de educação

sócio-ambiental, mas a questão sócio-ambiental tem que criar ações afirmativascom políticas públicas mesmo nessa questão,a questão do discurso sempre do oprimido quea gente fala ‘ah! não jogue lixo ai’, mas e aquestão do que eu, como ser humano, devofazer; que ação afirmativa devo criar, paraque as pessoas se sintam mobilizadas, se sin-tam questionadas a não fazer mais; esse pa-pel, jogar nas vias públicas ou colocar o lixono saquinho? Reciclar: plásticos no lugar deplástico, papel no lugar de papel, vidro nolugar de vidro, então assim teremos um am-biente saudável, ou seja, nosso ambiente soci-al uma construção mais coletiva na comuni-dade, onde a comunidade se apodera dos seusespaços, cria expectativa. Ou seja: mobilizemesmo e tome pra si o papel de começar aentender o que é a questão sócio-ambiental.

Essa oficina foi bastante enriquecedora,tivemos um palestrante bacana que solucio-nou muitos problemas da gente, muitas ques-tões que nós tínhamos sobre as empresas faze-rem seus desmatamentos, não repor, não botaro reflorestamento ou seja a questão da polui-ção dos rios, poluição dos mares, ou seja a nos-sa camada de ozônio está sendo bastante de-gradada por causa das fumaças dos veículos,as grandes poluições. Ele esclareceu para agente as nossas dúvidas, e ações políticas, quenós podemos inverter esse quadro.

O Odun Olá é uma atividade integra-da, e tem diversos temas transversais. Nósestamos trabalhando com dança, que é onovo espetáculo da gente, em parceria comKOINONIA e essas temáticas que o OdúnOlá traz para a roda de discussões juntocom a gente, para a gente questionar, paraa gente solucionar problemas. Então quan-do o odún olá se predispõe a fazer essas ati-vidades com jovens, estimula mesmo os jo-vens a criar políticas sociais, ou seja, políticassócio- ambientais, criar expectativa de vida,construir um futuro melhor, porque vocêsabe, as crianças são o nosso futuro, mas sea gente não começar a se posicionar, come-çar a ter espaços de políticas públicascomo esses, espaços de intregabilidade, deintercâmbio dos jovens... porque a oficinaOdun Olá, ela não vai ficar só na roça ou(Terreiro) ela vai se movimentar, ela vaipara fora e a partir dessas temáticas que agente está trabalhando aqui a gente vaipoder expandir para outros terreiros, oupara outras instituições que também tra-balham as questões socio-ambientais, aquestão da negritude dentro dos terreiros,e que agregue as pessoas da própria comu-nidade para dentro do Terreiro para parti-cipar dos eventos que ocorrem aqui.

O jovem negro da comunidade é sem-pre estereotipado rotulado pela mídia. Amídia cria rótulos para definir os jovensnegros da comunidade, só que ele está co-meçando a participar de movimentos soci-ais, ele está começando a se posicionar aquestionar mesmo os poderes públicos, quaissão seus papéis e os direitos que eles têm den-tro da sociedade. Sendo que uma sociedadecomo um todo ela é constituída com jovens,e as ações políticas não são só voltadas parajovens, é voltada para toda umasociedade. Então quando o jovem recebeuma vitória ele toma pra si sua questão, eque quando a vitória é realizada, ou seja,quando é realizado com êxito, o objetivo nãoé só para os jovens e sim para toda comuni-dade. Então, ser jovem negro, ser jovem pe-riférico na verdade é um fruto, é um novoser, um novo ser de construção, um novo serde mudança.

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Fala Egbé 11COTIDIANO

Localização dos Terreiros atendidos

RA I CentroIlê Erinlé Axé Odé Ifeolá

RA II ItapagipeIlê Axé Airá OmimIlê Axé Odé Lomin InfanIlê Axé Ogum Ladê Iyá OmimIlê Axé Omin LeuáIlê Iyá OsshumTerreiro de Oxum do Caminho de Areia

RA III São CaetanoIlê Axé IdanjeuêIlê Axé Obá InanIlê Axé Opó Ibu Alama

RA IV LiberdadeIlê Axé Omin AmbokeIlê Axé Ewá Omin NirêIlê Axé Iroko SunTerreiro do VodunzôTerreiro Kanzo MucamboTerreiro de Oxalá

RA V BrotasAxé Abassá de AmazeCentro do Caboclo BoiadeiroCentro do Caboclo Oxossi TalamiCentro Matamba de OnatoIlê Axé EwéIlê Axé JifulúIlê Axé JualêIlê Axé Oluwayê Dey’IIlê Axé Oyá TunjáIlê Axé Omin Afonjá RodeNzó Mdemboa - KenãIlê Axé Omin Ode AzoaniTerreiro Oxossi CaçadorTerreiro Unzó Awziidi JunçaraTuumba JunçaraTuumbalagi JunçaraUnzo Katende DandalundaRA VI BarraSem Registro no Programa

RA VII Rio VermelhoIlê Axé Aché Ibá OgumIlê Axé AlarabedêIlê Axé Iyá Nassô OkáIlê Axé Obá NirêIlê Axé Obá Tadê Patiti ObáIlê Axé Omin DeuáIlê Axé Onirê Ojuirê

Ilê Axé Oyó BomimIlê Axé Obá TonyIlê Obá do CobreIlê OxumaréIlê Axé Oyá Omin DenanTanuri JunsaraIlê Axé Centro de Angola Mensageiro da LuzTerreiro do Bogum

RA VIII Pituba (Sem Registro no Programa)

RA IX Boca do RioIlê Axé Araka TogumIlê Logum Edé Alakaí KoissanTerreiro Onipó Neto

RA X ItapuãAxé Abassá de OgumAxé Tony SholayóIlê Axé Osun YinkáIlê Axé OminaderIlê Axé Yeye JimumTerreiro AloiáTerreiro Caboclo ItapuãTerreiro de Oxum da Lagoa do Abaeté

Viva Deus NetoTerreiro Viva Deus BisnetoIlê Axé Ibá AqueranTerreiro Gurebetã Gome SogboadãTerreiro Monaleuci Um’Gunzo de Un’zambi

RA XI CabulaIlê Axé Opô AfonjáIlê Axé Oyá DejiIlê Axé TunadeniTerreiro Sultão das MatasUnzó Bakisê Sasaganzuá Gongara CaiangoViva Deus FilhoYlê Yá Yalodeidê

RA XII Tancredo NevesIlê Axé GezubumIlê Axé Jagun BominIlê Axé Obá FangyIlê Axé Olufan Anancidê OminIlê Axé Omin AlaxéIlê Axé Omin TogunIlê Axé Oyá Omin OlorumIlê Axé Pondamim BominfáTerreiro de BoiadeiroTerreiro do Bate-FolhaTerreiro OlufonjáTerreiro São RoqueTerreiro Sete FlechasTerreiro Tumbenci

RA XIII Pau da LimaFunzó IemimIlê Omu Keta Posu BetaRA XIV CajazeirasIlê Axé Layê LuboIlê Axé Omim J´ObáIlê Axé Omin LonanIlê Axé Omin NitaIlê Axé OnijáTerreiro Junçara KondirêUnzó de KaiangoManso Dandalungua CocuazenzaManso Dandoqüenque Dunkinisaba FilhoMoitumba JunçaraÑzo Sassa Ganzuá Mono GuiamazeTerreiro Vintém de PrataIlê Axé Ogum Omimkayê

RA XV ValériaIlê Axé de OgunjáIlê Axé Omim FunkóIlê Axé Olo Omin

RA XVI Subúrbios FerroviáriosOnzó de AngorôGrupo das Sacerdotisas e Sacerdotes do AxéIlê Axé Acorô Genã

Ilê Axé LoyiaIlê Asé Ogum AlakaiyêIlê Axé AnandeuiyIlê Axé Flor da MirtáliaIlê Axé GitolobiIlê Axé JagunIlê Axé JfokanIlê Axé Kalé BokumIlê Axé Obá OmoIlê Axé Odé ToláIlê Axé Omi EuáIlê Axé Omin LoyáIlê Axé Unzó Mona de AmeanIlê Olorum Axé GiocanLuandan JuciaTerreiro Caboclo CatimboiáTerreiro GidenirêTerreiro MucundeuáTerreiro de NanaIlê Axé Arin MassunIlê Axé Giroqueme

RA XVII IlhasIlê Axé Airá

Região Metropolitana de SalvadorIlê Ala AxéIlê Asé Maa Asé Ni OdéIlê Axé Gum Tacum WseréIlê Axé JesideaIlê Axé Oba NãIlê Axé Ofá OminIlê Axé Omim LessyIle Axé Ondô NirêIlê Axé Opô Olú-Odé AlayedaáIlê Axé OyáIlê Axé Odé Obá LodêIlê Axé Odé G’mimIlê Axé Taoyá LoniIlê Axé Dan Seji OláIlê Axé BokumIlê Axé IgbonanSindirátukuã FilhaTerreiro Angurusena Bya NzambiTerreiro de JauáTerreiro Filhos de OgunjáTerreiro Kawizidi JunçaraTerreiro São BentoTuumbaengongonsaraUnzó Tateto LembaIlê Axé AlafumbíIlê Axé Awon Funfun

Outras CidadesCentro de Candomblé Santa Bárbara (Itabuna)Ilê Axé Ijobá Oxumarê-Yewá (Itabuna)Ilê Axé Jitolobi (Araci)Ilê Axé Kayó Alaketu (Cachoeira)Ilê Axé Obá Nijó Omim (Muritiba)Ilê Axé Obé Fará Ogum Lonan - ItabunaTerreiro Afoxé dos Orixás (Rio de Contas)Terreiro de IlhéusTerreiro Matamba Tombeçy (Ilhéus)Terreiro de Praia do Forte (Mata de São João)Terreiro de São Sebastião (São Sebastião)

Terreiros sem localização registrada no ProgramaEGBÉ

Ilê Odé Omim LoséIlê Axé Odô BiticôIlê Axé Oiá IgebeTerreiro Omim OiáTerreiro Oxossi MutalamôUnzó Katendê Ye DandalundaUnzó Kwa MpaamzoTerreiro Oiyá DeatambaTerreiro Kongo LembaIlê Axé Iroko Sun

Mapa de Salvador

Baía

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ima de

Salvador

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Fala Egbé

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12 COTIDIANO

Candomblé e Desenvolvimento*

Para nós, das Comunidades de Ter-reiros de Candomblé, um lugar desen-volvido é aquele em que as pessoasaprendem a compartilhar e a conviverauxiliando uns aos outros. É desenvol-vido o lugar onde as pessoas caminhamconjuntamente, aceitando e respeitandoas diferenças para que possam ter umavida digna, alegre, satisfeita, em harmo-nia consigo mesmo e com a natureza,independentemente dos problemas queocorram.

Nos Terreiros aprendemos, pela es-sência de nossa religiosidade de matrizafricana, o respeito à hierarquia e a aber-tura para as diferenças de nível econô-mico, de orientação sexual, entre homense mulheres e outras, pois aprendemos aabraçar, compartilhar e ajudar na convi-vência com uma diversidade de pessoas.Por isso vemos os Terreiros como luga-

res desenvolvidos, mesmo com seus pro-blemas.

A partir da experiência de nossas ca-sas, umas mais outras menos, podemosafirmar que:

Sempre levamos alimento para todosnas nossas festas, sem discriminar nin-

e projetos culturais, capazes de gera-ção de emprego e renda;

· de organização em Associações Civispara enfrentar as exigências da vidanas cidades.Essas dificuldades, entre outras, já

mostram um bocado do difícil convívioque temos com uma compreensão de de-senvolvimento diferente da nossa. É umacompreensão presente na sociedade, so-bre a qual podemos dizer que:

Não acreditamos só no progresso ma-terial. Não bastam termos celulares,computadores, shoppings, asfalto egrandes obras. O desenvolvimentotem que contar com o bem-estar doser humano;Não acreditamos que só o avanço datécnica consiga a harmonia com a na-tureza: ela deve ser preservada e cui-dada em primeiro lugar.

Entre nossos sonhos e a realidade

O nosso modo de vida em comu-nidade e aquilo que queremos para umlugar desenvolvido devem ser garanti-dos agora e para o futuro.

É desenvolvido olugar onde aspessoas caminhamconjuntamente,aceitando erespeitando asdiferenças paraque possam teruma vida digna,alegre, satisfeita,em harmoniaconsigo mesmo ecom a natureza...

guém.Antes de se falarem ecologia e pre-servação, já cuidá-vamos das folhas,das águas, dofogo e das pedras,elementos vivosda natureza. Mui-tas de nossas casastêm fontes deáguas que devemser preservadas.A nossa religião éextremamente in-clusiva, e num lu-gar desenvolvidocabem não só ca-sas de Candom-blé, mas tambémigrejas cristãs,centros espíritas, Terreiros deUmbanda... Porque num lugar desen-volvido as diferenças se integram, poisnós sabemos conviver com a diferen-ça sem impor aquilo que somos.Em nossos Terreiros preservamos acultura, com a nossa culinária, os nos-sos trabalhos manuais de costuras, debordado, de toques de atabaque e ou-tros que desenvolvemos também comos jovens que tiramos das ruas.Nós buscamos também a saúde comas folhas sagradas e levamos para a co-munidade e o bairro mais esse serviço.No entanto, convivemos com mui-

tas dificuldades:de manter a área de nossos Terreiros,nosso território sagrado, ameaçadopelo crescimento urbano desor-denado, devastado por gente sem har-monia com a natureza e, muitas ve-zes, agredido, destruído edesconsiderado nos projetos de desen-volvimento das cidades;de parcerias com organismos gover-namentais e não-governamentais paraampliar os nossos serviços de cursos

Cachoreira de Angorô - Parque São Bartolomeu, Salvador-Bahia

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Fala Egbé ..... informativo no 16 ..... agosto de 2008

Fala Egbé 13DESTAQUE

Trazemos da nossa história muitosaprendizados e vivências de cuidadoscom as pessoas e com a natureza aosquais queremos dar continuidade comatividades culturais, educativas, deunião dos povos, de respeito aos maisvelhos e aos ancestrais. Sabemos tam-bém que podemos melhorar para cadavez mais colaborarmos com um mun-do desenvolvido.

Podemos aumentar a socializaçãocom as comunidades em que estão si-tuados nossos Terreiros. Também po-demos fazer crescer a associação entreos Terreiros, as organizações da socie-dade e os governos. E, além de com-partilhar na educação, com diferentessetores, a nossa tradição ancestral deboa relação com a natureza, tambémpodemos aprender com novos méto-

*Este texto é de autoria e consensodas comunidades de Candomblé abaixolistadas, cujos representantes vem reu-nindo-se e debatendo o tema. As discus-sões ocorreram durante os dias 24 de no-vembro de 2007 e 5 de abril de 2008,nos Encontros de Terreiros Atendidospelo Programa Egbé Territórios Negros.Estiveram presentes:

Axé Abassá de Ogum Casa Branca Centro do Caboclo Boiadeiro Centro do Caboclo Mina de Ouro Centro Espírita Caboclo Itapoá Ila Jibemie Ilê Asé Oyá Alafumbí Ilê Axé Abacá de Amaze Ilê Axé Ajagunon Eegbo Ilê Axé Alarabidê Ilê Axé Araka Togun Ilê Axé Awon Funfun Ilê Axé Ayrá (Ilha de Mar Grande) Ilê Axé Ewé Ilê Axé Gezubum Ilê Axé Giroqueme Ilê Axé Igbonan Ilê Axé Jagun Bomin Ilê Axé Jfokan

As leis devemobrigar a todas etodos, inclusiveos governos, amanter umconjunto demecanismosacessíveis aosgrupos sociaiscom o objetivode criar bem-estar para asociedade,respeitando adiversidade e asindividualidades.

dos, por exemplo, de convivência complásticos e outros materiais que agridema natureza.

Mas tudo isso necessita cuidado e ga-rantia e os governos e as leis devem serco-responsáveis por isso.

As leis devem obrigar a todas e to-dos, inclusive os governos, a manterum conjunto de mecanismos acessíveisaos grupos sociais com o objetivo decriar bem-estar para a sociedade, respei-tando a diversidade e as individualida-des.

Por isso temos buscado cada vezmais participar das lutas por nossosdireitos na sociedade, com a vontadeque se cumpra nosso sonho de ver oBrasil desenvolvido, com liberdade re-ligiosa, sem preconceitos e com os di-reitos ao bem-estar garantidos para to-das as pessoas.

Ilê Axé Jfokan Ilê Axé Jifulú Ilê Axé Jitolobi Ilê Axé Loyá Ilê Axé Oba Tony Ilê Axé Odé Tolá Ilê Axé Ofá Omin Ilê Axé Ojuirê Ilê Axé Olufan Anancidê Omin Ilê Axé Omin Arin Massun Ilê Axé Omin Dólar Ilê Axé Omin Funkó Ilê Axé Omin J’Obá Ilê Axé Omin Landê Ilê Axé Omin Lonan Ilê Axé Omin Nijá Ilê Axé Omindê Ilê Axé Onicofá Bonijá Ilê Axé Osun Yinká Ilê Axé Oxossi Talami Ilê Axé Oyá Tolá Ilê Axé Taoyá L’oni Ilê Axé Tobomin Ilê Axé Tunadeni Ilê Axé Unzó Mona de Amean Ilê Axé Yá Omin Ilê Yá Yalodeidê Ilê Yiá Osshum

Kanzuá Monaleucí Un’GuinzoD’Unzambi Manso Dandalungua Cocuazenza Nzó Bakisê Sasaganzuá GongaraKaiango Ñzo Sassaganzuá Mono Guiamaze Omin Nitá Terreiro Aloyá Terreiro Caboclo Catimboiá Terreiro Caboclo Itapoá Terreiro de Oxum (C. de Areia) Terreiro dos Filhos de Kambaranguaje Terreiro Guizo Mutalambô Junçara Terreiro Gurebetã Gome Sogboadã Terreiro Ilê Axé Ibá Lugan Terreiro Junçara Kondirê Terreiro Moitumbá Junçara Terreiro Mucundeuá Terreiro Mutalemim Terreiro Olufanjá Terreiro Oxossi Talami Terreiro Oyá Matambá Terreiro Pena Branca Terreiro Tuumba Junçara Terreiro Tuumbaengongo Sara Terreiro Viva Deus Bisneto Terreiro Viva Deus Filho Unzó Awziidi Junçara Unzó Kawiizidi Junçara

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Fala Egbé

Fala Egbé ..... informativo no 16 ..... agosto de 2008

14 UM TERREIRO, UMA HISTÓRIA

Ilê Axé Omim J’Obá

* Iyalorixá Helenice de Brito, Ogã Nem e Ogã Lázaro

A IMPLANTAÇÃO

O Terreiro Ilê Axé Omim J’Obá, danação Ketu, está localizado na ruaBuararema, no Parque São Cristóvão,próximo ao km 13 da Estrada Velha doAeroporto e ao bairro Vila Verde. Foifundado no dia 12 de março de 1994,no mesmo local emque se encontra hoje. AYalorixá do Terreiro éa Sra. Helenice deBrito, Mãe Helenice,que foi iniciada noCandomblé pelaYalorixá Sra. HildaDias dos Santos, Jitolú,do Terreiro Ilê AxéJitolú.

Antes da fundaçãodo Terreiro, MãeHelenice já desenvolviahá muitos anos umamissão religiosa de fé ecaridade, através do ca-boclo Boiadeiro, na sua casa, que ficavano bairro do Engenho Velho de Brotas.

Os dois primeiros filhos consangüí-neos de Mãe Helenice, o Sr. Erivaldo deBrito (Nem) e o Sr. Heliovaldo de Brito(Eli) foram iniciados na fundação do Ilêcomo os seus primeiros Ogãs. Em 21 deabril de 2001 foi fundada a AssociaçãoCivil e Beneficente Amigos de Boiadeiro

do Terreiro Ilê Axé Omim J’Obá, sob aproteção de Xangô, Oxum e de Obaluaê(orixás patronos do terreiro), pelaYalorixá e por um grupo de Oluwôs,Egbomis e seguidores.

O ESPAÇO FÍSICO

de Iroko), a aroeira, a candeia-branca, aamendoeira, etc. Estes espaços, nos quaisse realizam as atividades religiosas e ci-vis, são mantidos pela Yalorixá Helenicee pela Associação.

ATIVIDADES RELIGIOSAS E CIVIS

Durante o ano são realiza-das festas para os orixás, ca-boclos e guias da casa, assimcomo obrigações religiosas.Geralmente acontecem a par-tir do mês de junho e se es-tendem até dezembro.

A Associação Civil e Bene-ficente Amigos de Boiadeirodo Terreiro Ilê Axé OmimJ’Obá funciona no espaço in-terno do Terreiro. É uma or-ganização sem fins lucrativos,que realiza trabalhos comuni-tários, com a comunidade doTerreiro e as comunidades vi-zinhas, tais como:

Almoço beneficente;Oficinas culturais com aulas de dan-ça, canto e percussão;Distribuição de alimentos;Palestras;Feiras de Saúde.Em muitas destas atividades houve o

apoio de KOINONIA; e em algumasoportunidades, da Prefeitura Municipaldo Salvador.

Contatos:Associação Civil e BeneficenteAmigos de Boiadeiro doTerreiro Ilê Asé Omim J´ObáRua Buararema, Loteamento Quinta

de Ipitanga, n. 17, Estrada Velha doAeroporto,Km 13, Parque São Cristóvão,Salvador-BA, Cep: 41.505-695.Tel. (71) 3365-6333, 9156-2226,email: [email protected] /[email protected]

 

Oficina de atabaque

Área interna do Barracão

* Helenice de Brito et al.

O Terreiro tem uma área muito am-pla onde existem várias edificações comoo “barracão”, (onde se realizam as fes-tas), e outras onde estão os pejis dosorixás, roncó, quartos, etc., que conjun-tamente fazem parte do templo sagrado.Além destas edificações, existem áreas li-vres onde estão várias árvores e plantassagradas, como a gameleira branca (pé

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Fala Egbé ..... informativo no 16 ..... agosto de 2008

Fala Egbé 15AVALIAÇÃO E ENCAMINHAMENTOS

Almoço de Trabalho e FraternidadeNo dia 5 de abril de 2008, cerca de

cem pessoas representando mais de 50Terreiros de Candomblé de Salvador sereuniram para o Almoço de Trabalho eFraternidade, promovido porKOINONIA para os Terreiros atendi-dos pelo Programa Egbé TerritóriosNegros (Confira a lista dos represen-tantes dos Terreiros presentes neste en-contro na página seguinte).

Nesta primeira reunião do ano otema “Candomblé e Desenvolvimento”foi retomado. A discussão teve iníciono Encontro de Terreirosanterior, realizado em no-vembro de 2007, no qualo grupo expressou as pri-meiras opiniões e impres-sões sobre o assunto.

O texto elaborado a par-tir dos depoimentos, frutoda reflexão conjunta, foi re-passado ao grupo para no-vas contribuições, avaliaçãoe possíveis correções.

O resultado dessa discus-são, que reflete um poucosobre a realidade existenteentre o sonho e a realidadedos Terreiros de Candomblée desenvolvimento, pode servisto nesta edição do FalaEgbé, na seção Destaque, pá-ginas 12 e 13.

Durante odebate houveconsenso queos temas fun-damentais paraaprofundar avisão do Can-domblé sobred e s e n v o l v i -mento são:Saúde e desen-v o l v i m e n t o ;Água, meio

berdade religiosa ede senvo lv imento;Memória, saberes cul-turais tradi-cionais edesenvolvimento; Ju-ventude e desenvolvi-mento.

A discussão foiaprofundada em no-vos grupos que refle-tiram sobre a contri-

buição do Candomblé para odesenvolvimento e o papel dopoder público nessa temática,contemplando todos os temasacima citados. Os resultados se-rão sistematizados e avaliadospelo grupo no próximo Encon-tro de Terreiros, que será reali-zado em 23 de agosto.

A 15ª edição do informativoFala Egbé foi lançada durante oencontro. Nela estreiou a seção“Todo dia deveria ser 21 de ja-neiro”, que reúne episódios deintolerância religiosa ocorridosem todo o País, e também açõesde superação.

Outro destaque deste núme-ro foi o pedido de apoio à car-ta ao Juiz Massami Uyeda, res-ponsável pelo julgamento do

Caso Mãe Gilda no Superior Tribu-nal de Justiça, que solicita que o juizdecida a favor de Mãe Jaciara do AxéAbassá de Ogum, filha da Mãe Gil-da. Os representantes dos Terreirospresentes assinaram a carta em favorda Iyalorixá Jaciara Ribeiro dos San-tos, que compareceu à reunião e tam-bém fez uma oração de encerramen-to.

Grupos reunidos em debate

A palavra dos grupos em plenária.

Iyalorixá Jaciara Ribeiro dos Santos - Axé Abassá de Ogum

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16 Fala Egbé

Esta publicação foi produzida com apoio da União Européia. O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade de KOINONIA Presença Ecumênica e Serviço e não pode, em caso algum, ser tomado como expressão das posições da União Européia.

APOIO

PARCERIA

Este informativo é produzido pelo Programa Egbé Territórios Negros de KOINONIA PresençaEcumênica e Serviço. Dirigido às comunidades negras urbanas de Candomblé e às redes desolidariedade civil e ecumênica.

EDITORIA: Jussara Rêgo e Rafael Soares de Oliveira

REDAÇÃO DE ATIVIDADES: Jussara Rêgo

APOIO: Adriana Almeida, Elga Lessa, Lucimar Novaes e Mara Vanessa Dutra.

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE KOINONIA:

Rafael Soares de Oliveira

REVISÃO: Helena Costa, Manoela Vianna

e Márcia Evangelista

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KOINONIA Presença Ecumênica e ServiçoRua Santo Amaro, 129 Glória22211-230 Rio de Janeiro RJTel (21) 3042-6445Fax (21) [email protected]

PROGRAMA EGBÉ TNTravessa d´Ajuda, nº 37. Edf.Martins Catharino, sala 1203 - Centro.CEP: 40020-030. Salvador - BahiaTel.: (71) [email protected]

PROJETO GRÁFICO: Martha Braga

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IMPRESSÃO: Fast Design

FOTOS: Arquivo de KOINONIA

E-mail: [email protected]

ISSN: 1981-7568

Fala Egbé ..... informativo no 16 ..... agosto de 2008

Lista dos Terreiros Presentes no Encontrodo dia 5 de Abril de 2008

Axé Abassá de OgumCasa BrancaIlê Axé AlarabidêIlê Axé Awon FunfunIlê Axé Ayrá (Ilha de Mar Grande)Ilê Axé EwéIlê Axé GezubumIlê Axé GiroquemeIlê Axé IgbonanIlê Axé JfokanIlê Axé JifulúIlê Axé LoyáIlê Axé Oba TonyIlê Axé Olufan Anancidê OminIlê Axé Omin Arin MassunIlê Axé Omin FunkóIlê Axé Omin J’ObáIlê Axé Omin LandêIlê Axé OmindêIlê Axé Oxossi TalamiIlê Axé Taoyá L’oniIlê Axé TobominIlê Axé TunadeniIlê Yá YalodeidêManso Dandalungua CocuazenzaOmin Nitá

(em negrito, os terreiros que compareceram pela primeira vez)

Terreiro Caboclo CatimboiáTerreiro de Oxum (Caminho de Areia)Terreiro Gurebetã Gome SogboadãTerreiro Junçara KondirêTerreiro Moitumbá JunçaraTerreiro MucundeuáTerreiro OlufanjáTerreiro Tuumba JunçaraTerreiro Tuumbaengongo SaraTerreiro Viva Deus BisnetoTerreiro Viva Deus FilhoUnzó Kawiizidi JunçaraTerreiro AloyáIlê Axé Osun YinkáIlê Axé Unzó Mona de AmeanNzó Bakisê Sasaganzuá Gongara KaiangoTerreiro Caboclo ItapoãIlê Axé Yá OminIlê Axé Ofá OminUnzó Awziidi JunçaraCentro do Caboclo BoiadeiroIlê Axé Onicofá BonijáIlê Axé Omin NinjáCentro do Caboclo Mina de OuroIlê Axé Ajagunon Eegbo

Un i t ed Chu rch o f Canada

(UCC)

U n iã o E u r o p é i a

Edital aberto

Encontra-se aberto até o dia 5 de se-tembro, um edital de apoio às comuni-dades e organizações afrodescendentes doBrasil: Primeira Convocatória Internaci-onal do Programa Regional de Apoio àsPopulações Rurais de Ascendência Afri-cana da América Latina - ACUA.

O objetivo do edital é identificar, se-lecionar e premiar as melhores experiên-cias de empreendimentos culturais inici-ados há pelo menos dois anos, por gruposou organizações afrodescendentes (decorpo jurídico constituído), que resga-tem: a cultura, a identidade, o meio am-biente, a diversidade e o patrimônio dospovos.

Mais informações estão disponíveisem: www.programaacua.org e no escri-tório do Programa Egbé em Salvador.Procurar Jussara Rêgo.

***Novos Telefones deKOINONIA

Atenção! Os números de telefone efax de KOINONIA Presença Ecumênicae Serviço, Rio de Janeiro, mudaram:Tel.: 21 3042-6445 Fax: 21 3042-6398