FARIA_FS_02_t_M_int

download FARIA_FS_02_t_M_int

of 312

Transcript of FARIA_FS_02_t_M_int

NDICE DA QUALIDADE DE ATERROS DE RESDUOS URBANOS

Flvia dos Santos Faria

TESE

SUBMETIDA

AO

CORPO

DOCENTE

DA

COORDENAO

DOS

PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSRIOS PARA OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

__________________________________ Prof. Claudio Fernando Mahler, D.Sc.

__________________________________ Prof. Maurcio Ehrlich, D.Sc.

__________________________________ Prof. Emilio Lebre La Rovere, D.Sc.

__________________________________ Dr. Edwin Alvaro Zuleta Iturri, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL MARO DE 2002

FARIA, FLVIA DOS SANTOS ndice da Qualidade de Aterros de Resduos Urbanos [Rio de Janeiro] 2002 XII, 355 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.SC., Engenharia Civil, 2002) Tese Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE 1. 2. Disposio Final de Resduos Slidos Aterro Sanitrio Urbano I. COPPE/UFRJ II. Ttulo (srie)

2

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Claudio Fernando Mahler pela orientao.

Ao Prof. Maurcio Ehrlich pelas crticas construtivas.

FAPERJ pela bolsa de mestrado concedida.

Aos profissionais, Eng. Vitor Carvalho Faria, SENAI; Prof. Evaristo, Laboratrio de Hidrologia da COPPE/UFRJ; Eng. Marco Frana, COMLURB; Eng. Renato Vasconcellos, Galvo/EBMA; INSPECTOR/Cantagalo; Tcnico Jos Lima, Eng. Gerson de Mortari Pira; Jnior, Tcnico Queiroz William,

Prefeitura

VEGA/Resende; Eng. Jos Ricardo Ferreira, LIMPATECH/Maca; Prof. Joo Alberto Ferreira, UERJ; Eng. Francisco Alves; Eng. Antonios Mavropoulos; Eng Neide Pessin, Universidade de Caxias do Sul; entre outros no citados, entretanto no menos importantes, pelas valiosas informaes transmitidas para a realizao desse trabalho.

Aos colegas da COPPE, Ktia Nunis, Julio Cesar Andrade, Adriana Schueler, pela traduo de artigos em alemo e pelo incentivo.

minha me, Luci Faria, pelo apoio incondicional nas horas mais difceis.

Ao meu pai, Vitor, aos meus irmos, Renato e Marcos, ao meu namorado, Felipe, e minha prima, Aline, pelo estmulo constante.

s foras transcendentes que nunca me desampararam.

3

Resumo da Tese apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M. Sc.)

NDICE DA QUALIDADE DE ATERROS DE RESDUOS URBANOS

Flvia dos Santos Faria Maro/2002

Orientador: Claudio Fernando Mahler

Programa: Engenharia Civil

O presente trabalho prope-se a efetuar uma anlise crtica do sistema de classificao de rea de disposio final, introduzida pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CETESB, atravs do Inventrio Estadual de Resduos Slidos Domiciliares do Estado de So Paulo. A classificao est baseada no ndice de Qualidade de Aterros de Resduos IQR, o qual avalia as localidades em trs condies: inadequadas, controladas e adequadas, conforme a pontuao alcanada dentro de um limite de 0 a 10 pontos. O IQR, ao longo dessa dissertao, alterado com o auxlio da metodologia Anlise do Valor transformando-se no IQA, ambos aplicados em dezesseis municpios do estado do Rio de Janeiro. Essa amostra estudada permite identificar a situao da disposio final e caracteriza um levantamento prvio para a implantao futura do Inventrio Estadual de Resduos Slidos Urbanos no Estado do Rio de Janeiro.

4

Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)

QUALITY LEVEL OF URBAN RESIDUES LANDFILLS

Flvia dos Santos Faria March/2002

Advisor: Claudio Fernando Mahler

Department: Civil Engineering

The present assay intends to develop a critical analysis of the final disposition classification system, introduced by Companhia de Tecnologia de Saneamento

Ambiental CETESB, on the State Inventory of Domestic Solid Residues of the So Paulo State. The classification is based on the Quality Level of Residues Landfills - IQR, which evaluates the places under three conditions: improper, controlled and proper, according the level limits from 0 until 10. The IQR shall be changed throughout the Value Analysis transforming itself into IQA, looking forward practical application on sixteen municipal districts of Rio de Janeiro state. The sample studied will make possible to identify the real situation of final disposition, turning into a previous gathering bases for future implantation of the state Inventory of Urban Solid Residues of the Rio de Janeiro State.

5

NDICE

CAPTULO 1 INTRODUO...............................................................................................................01 CAPTULO 2 HISTRICO....................................................................................................................03 2.1 2.2 Breve descrio do lixo na sociedade ..................................................................03 Breve descrio do lixo na cidade do Rio de Janeiro........................................05

CAPTULO 3 RESDUOS SLIDOS....................................................................................................08 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.2.4 3.3 3.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.5.3 3.5.4 Conceito.................................................................................................................08 Classificao.........................................................................................................09 Quanto fonte geradora.....................................................................................09 Quanto degradabilidade...................................................................................12 CONAMA.............................................................................................................12 ABNT...................................................................................................................13 Outros resduos....................................................................................................15 Fatores influentes na gerao..............................................................................16 Caracterizao dos resduos................................................................................20 Quantificao......................................................................................................21 Propriedades fsicas e geotcnicas.....................................................................22 Propriedades qumicas........................................................................................30 Aspectos epidemiolgicos....................................................................................31

6

CAPTULO 4 LEGISLAO................................................................................................................33 4.1 Noes gerais sobre o direito ambiental...............................................................33 4.2 Competncia legislativa em matria ambiental...................................................35 4.2.1 4.2.2 4.2.3 Competncia Federal..........................................................................................35 Competncia Estadual.........................................................................................37 Competncia Municipal.......................................................................................37

4.3 Atuao da Unio, dos Estados e dos Municpios................................................38 4.4 Normas administrativas sobre coleta, transporte e disposio de resduos slidos.......................................................................................................................39 4.5 Cobrana de servios de coleta e disposio dos resduos slidos......................43 4.6 Responsabilidade ambiental..................................................................................44 4.7 Crime de contaminao e degradao do solo por resduos slidos..................45 4.7.1 4.7.2 Punio administrativa dos atos poluidores.......................................................45 Punio penal dos atos poluidores......................................................................46

CAPTULO 5 MTODOS DE TRATAMENTOS DOS RESDUOS SLIDOS.................................49 5.1 Tratamentos e disposio final..............................................................................50 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 Compostagem......................................................................................................51 Reciclagem...........................................................................................................52 Incinerao..........................................................................................................53 Aterro sanitrio...................................................................................................54

5.2 Gerenciamento dos resduos slidos.....................................................................54 5.3 Custos do sistema de limpeza pblica...................................................................56 5.4 Instrumentos de gesto dos resduos slidos........................................................58

7

CAPTULO 6 ATERROS SANITRIOS..............................................................................................62 6.1 Disposio final no solo..........................................................................................62 6.1.1 6.1.2 6.1.3 Lixo ou lanamento cu aberto ou vazadouro................................................62 Aterro controlado................................................................................................63 Aterro sanitrio...................................................................................................63

6.2 Definies.................................................................................................................64 6.3 Vantagens e desvantagens do aterro sanitrio.....................................................65 6.4 Caractersticas do local destinado ao aterro sanitrio........................................66 6.5 O ecossistema aterro sanitrio...............................................................................70 6.5.1 6.5.2 6.5.3 6.5.4 Tratamento por digesto anaerbia....................................................................72 Tratamento por digesto aerbia........................................................................74 Tratamento biolgico..........................................................................................74 Tratamento por digesto semi-aerbia...............................................................75

6.6 Mtodos de disposio em aterros sanitrios.......................................................75 6.6.1 6.6.2 6.6.3 Mtodo da trincheira ou vala..............................................................................75 Mtodo da rea ou aterro tipo superficial..........................................................77 Mtodo da rampa ou mtodo da escavao progressiva ou mtodo da meia encosta.................................................................................................................78 6.7 Descrio do desenvolvimento ao preparo de um aterro sanitrio....................79 6.7.1 Sistema de coleta e gerenciamento do percolado...............................................82

6.7.1.1 Composio.........................................................................................................82 6.7.1.2 Balano hdrico....................................................................................................84 6.7.1.3 Controle e coleta..................................................................................................85 6.7.1.4 Opes de gerenciamento....................................................................................87 6.7.2 Sistema de coleta e tratamento do biogs...........................................................89

6.7.2.1 Drenagem de biogs............................................................................................898

6.7.2.2 Tratamento do gases............................................................................................90 6.7.3 6.7.4 6.7.5 Sistema de drenagem de guas pluviais..............................................................91 Cobertura dos resduos.......................................................................................93 Sistema de monitoramento..................................................................................94

6.8 Fechamento do aterro............................................................................................96 CAPTULO 7 INVENTRIO DE RESDUOS SLIDOS URBANOS DO ESTADO DE SO PAULO............................................................................................................................97 7.1 Histrico..................................................................................................................98 7.2 Objetivo.................................................................................................................100 7.3 Fundamento terico..............................................................................................101 7.4 Sntese dos inventrios de resduos slidos urbanos..........................................102 CAPTULO 8 ALTERAO DO NDICE DA QUALIDADE DE ATERROS DE RESDUOS IQR................................................................................................................................105 8.1 Anlise do IQR......................................................................................................105 8.2 Exemplos de classificaes...................................................................................106 8.3 Alterao do IQR..................................................................................................109 8.4 Anlise do Valor....................................................................................................111 8.4.1 8.4.2 8.4.3 Definies..........................................................................................................111 Metodologia.......................................................................................................114 Aplicao da Anlise do Valor no IQA.............................................................116

8.5 ndices Internacionais da Qualidade de Aterros de Resduos..........................116 8.5.1 8.5.2 Avaliao internacional....................................................................................117 Avaliao alem................................................................................................117

9

CAPTULO 9 ANLISE DO NDICE DA QUALIDADE DE ATERROS DE RESDUOS IQA................................................................................................................................122 9.1 Caractersticas do local........................................................................................122 9.1.1 9.1.2 9.1.3 9.1.4 9.1.5 9.1.6 9.1.7 9.1.8 9.1.9 Capacidade de suporte do solo.........................................................................123 Permeabilidade do solo.....................................................................................124 Proximidade de ncleos habitacionais..............................................................126 Proximidade de corpos de gua........................................................................126 Profundidade do lenol fretico........................................................................126 Disponibilidade de material para recobrimento...............................................127 Qualidade do material para recobrimento........................................................127 Condies de sistema virio-trnsito-acesso....................................................128 Isolamento visual da vizinhana........................................................................128

9.1.10 Legalidade de localizao.................................................................................128 9.2 Infra-estrutura implantada.................................................................................129 9.2.1 9.2.2 9.2.3 9.2.4 9.2.5 9.2.6 9.2.7 9.2.8 9.2.9 Cercamento da rea..........................................................................................129 Portaria/guarita.................................................................................................129 Controle de recebimento de cargas...................................................................130 Acesso frente de trabalho...............................................................................132 Trator de esteira ou compatvel.........................................................................132 Outros equipamentos.........................................................................................133 Impermeabilizao da base do aterro...............................................................133 Drenagem de chorume.......................................................................................134 Drenagem de guas pluviais definitivas............................................................136

9.2.10 Drenagem de guas pluviais provisrias..........................................................137 9.2.11 Drenagem de gases............................................................................................137 9.2.12 Sistema de tratamento de chorume....................................................................13910

9.2.13 Monitoramento de guas subterrneas.............................................................139 9.2.14 Monitoramento das guas superficiais, lixiviados e gases...............................140 9.2.15 Monitoramento da estabilidade dos macios de solo e de lixo.........................141 9.2.16 Atendimento a estipulaes de projeto..............................................................142 9.3 Condies operacionais........................................................................................143 9.3.1 9.3.2 9.3.3 9.3.4 9.3.5 9.3.6 9.3.7 9.3.8 9.3.9 Presena de elementos dispersos pelo vento.....................................................143 Recobrimento dirio do lixo..............................................................................143 Compactao do lixo.........................................................................................144 Presena de urubus-gaivotas.............................................................................145 Presena de moscas em grande quantidade......................................................145 Presena de queimadas.....................................................................................145 Presena de catadores.......................................................................................146 Criao de animais............................................................................................146 Descarga de resduos de servios de sade......................................................147

9.3.10 Descarga de resduos industriais......................................................................148 9.3.11 Funcionamento da drenagem de chorume........................................................148 9.3.12 Funcionamento da drenagem pluvial definitiva................................................149 9.3.13 Funcionamento da drenagem pluvial provisria..............................................149 9.3.14 Funcionamento da drenagem de gases.............................................................149 9.3.15 Funcionamento do sistema de tratamento de chorume.....................................150 9.3.16 Funcionamento do sistema de monitoramento das guas subterrneas...........150 9.3.17 Funcionamento do sistema de monitoramento das guas superficiais, lixiviados e gases................................................................................................................151 9.3.18 Funcionamento do monitoramento da estabilidade dos macios de terra e lixo.....................................................................................................................151 9.3.19 Medidas corretivas............................................................................................152 9.3.20 Dados gerais sobre o aterro..............................................................................15211

9.3.21 Manuteno dos acessos internos.....................................................................153 9.3.22 Plano de fechamento do aterro.........................................................................153 CAPTULO 10 APLICAO DO IQA E DO IQR EM CASOS CONCRETOS..................................154 10.1 Barra do Pira.....................................................................................................160 10.1.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................161 10.1.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................162 10.1.2.1 Caractersticas do local....................................................................................163 10.1.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................166 10.1.2.3 Condies operacionais...................................................................................166 10.1.3 Solues para a destinao final......................................................................166 10.2 Barra Mansa.......................................................................................................168 10.2.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................168 10.2.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................168 10.2.2.1 Caractersticas do local....................................................................................169 10.2.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................171 10.2.2.3 Condies operacionais...................................................................................172 10.2.3 Solues para a destinao final.......................................................................172 10.3 Cantagalo.............................................................................................................174 10.3.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................174 10.3.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................175 10.3.2.1 Usina de reciclagem e compostagem..............................................................176 10.3.3 Solues para a destinao final.......................................................................182 10.4 Cordeiro...............................................................................................................183 10.4.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................183 10.4.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................183

12

10.4.2.1 Caractersticas do local....................................................................................185 10.4.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................186 10.4.2.3 Condies operacionais...................................................................................186 10.4.3 Solues para a destinao final.......................................................................187 10.5 Itatiaia..................................................................................................................188 10.5.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................188 10.5.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................189 10.5.2.1 Caractersticas do local....................................................................................190 10.5.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................193 10.5.2.3 Condies operacionais...................................................................................194 10.5.3 Solues para a destinao final.......................................................................194 10.6 Maca...................................................................................................................195 10.6.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................195 10.6.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................196 10.6.2.1 Caractersticas do local....................................................................................196 10.6.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................198 10.6.2.3 Condies operacionais...................................................................................199 10.6.3 Solues para a destinao final.......................................................................201 10.7 Mendes.................................................................................................................202 10.7.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................202 10.7.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................203 10.7.2.1 Caractersticas do local....................................................................................204 10.7.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................206 10.7.2.3 Condies operacionais...................................................................................206 10.7.3 Solues para a destinao final.......................................................................207 10.8 Nova Friburgo.....................................................................................................208

13

10.8.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................208 10.8.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................209 10.8.2.1 Caractersticas do local....................................................................................211 10.8.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................214 10.8.2.3 Condies operacionais...................................................................................217 10.8.3 Solues para a destinao final.......................................................................218 10.9 Petrpolis.............................................................................................................219 10.9.1 Servios de limpeza urbana...............................................................................219 10.9.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.........................................220 10.9.2.1 Caractersticas do local....................................................................................221 10.9.2.2 Infra-estrutura implantada...............................................................................222 10.9.2.3 Condies operacionais...................................................................................223 10.9.3 Solues para a destinao final.......................................................................223 10.10 Pira...................................................................................................................224 10.10.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................224 10.10.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................225 10.10.2.1 Caractersticas do local.................................................................................226 10.10.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................231 10.10.2.3 Condies operacionais.................................................................................236 10.10.3 Solues para a destinao final.....................................................................240 10.11 Quatis................................................................................................................242 10.11.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................242 10.11.2 Caracterizao fsica dos resduos slidos.....................................................243 10.11.3 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................245 10.11.3.1 Caractersticas do local.................................................................................245 10.11.3.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................247

14

10.11.3.3 Condies operacionais.................................................................................247 10.11.4 Solues para a destinao final.....................................................................247 10.12 Resende .............................................................................................................248 10.12.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................248 10.12.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................249 10.12.2.1 Caractersticas do local.................................................................................250 10.12.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................251 10.12.2.3 Condies operacionais.................................................................................255 10.12.3 Solues para a destinao final.....................................................................256 10.13 Terespolis........................................................................................................257 10.13.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................257 10.13.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................257 10.13.2.1 Caractersticas do local.................................................................................259 10.13.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................260 10.13.2.3 Condies operacionais.................................................................................261 10.13.3 Solues para a destinao final.....................................................................261 10.14 Valena..............................................................................................................262 10.14.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................262 10.14.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................263 10.14.2.1 Caractersticas do local.................................................................................264 10.14.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................265 10.14.2.3 Condies operacionais.................................................................................265 10.14.3 Solues para a destinao final.....................................................................267 10.15 Vassouras..........................................................................................................268 10.15.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................268 10.15.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................268

15

10.15.2.1 Caractersticas do local.................................................................................269 10.15.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................272 10.15.2.3 Condies operacionais.................................................................................272 10.15.3 Solues para a destinao final.....................................................................272 10.16 Volta Redonda..................................................................................................273 10.16.1 Servios de limpeza urbana.............................................................................273 10.16.2 Destinao final dos resduos slidos do municpio.......................................274 10.16.2.1 Caractersticas do local.................................................................................275 10.16.2.2 Infra-estrutura implantada.............................................................................277 10.16.2.3 Condies operacionais.................................................................................278 10.16.3 Solues para a destinao final.....................................................................278 CAPTULO 11 CONCLUSES.............................................................................................................279 11.1 Propostas de estudos...........................................................................................284 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..........................................................................285 ANEXO 1......................................................................................................................297 ANEXO 2......................................................................................................................299 ANEXO 3......................................................................................................................301 ANEXO 4......................................................................................................................304 ANEXO 5......................................................................................................................307

16

CAPTULO 1 INTRODUO

O crescimento da populao e a forte industrializao, ocorrida ao longo do sculo XX, contriburam para o crescimento vertiginoso de resduos, acelerando um processo contnuo de deteriorao ambiental com srias implicaes na qualidade de vida do homem. O destino dos resduos slidos representa um srio problema ecolgico, envolvendo aspectos sanitrios e de sade pblica. Essa questo tornou-se um grande desafio a ser solucionado pelos vrios planos hierrquicos do poder pblico, em busca da sustentabilidade. Atualmente, os resduos slidos urbanos so dispostos em aterros ou, normalmente, em lixes, conforme exposto adiante, que na maioria das vezes, constitudos de forma espontnea, desprovidos de planejamento e adequao s normas tcnicas pertinentes, implicam na contaminao do ar, do solo e das guas subterrneas. Essa forma de disposio constitui verdadeiras bombas qumicas de efeito retardado. Pesquisa realizada em janeiro de 1997 pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - CETESB, junto a 450 prefeituras municipais do Estado de So Paulo, demostrou que o tratamento final dos resduos slidos era o principal problema ambiental urbano para 74% dos municpios entrevistados. O Estado de So Paulo com o objetivo de resolver essa questo latente desenvolveu, de forma pioneira no Brasil, um levantamento, ou seja, um inventrio da situao estadual dos servios de limpeza urbana e destinao final dos resduos. O Inventrio Estadual de Resduos Slidos Domiciliares introduziu, de forma inovadora, uma metodologia de classificao de reas de disposio final. Tal classificao baseia-se no ndice de Qualidade de Aterros de Resduos IQR (CETESB, 2000), que permite o enquadramento dos sistemas analisados em trs condies: inadequadas, controladas e adequadas, conforme a pontuao alcanada dentro de um limite de 0 a 10 pontos. A presente dissertao teve como proposta realizar uma anlise crtica do sistema de classificao do Inventrio Estadual de Resduos Slidos Domiciliares do

17

Estado de So Paulo, visando desenvolver uma nova planilha de classificao, utilizando como instrumento a metodologia de Anlise do Valor. O captulo 2 compreende uma reviso histrica e o captulo 3 apresenta a conceituao tcnica, a classificao e a caracterizao fsica e geotcnica dos resduos slidos. O captulo 4 discorre sobre a legislao ambiental atinente aos resduos. O captulo 5 aponta as principais formas de destinao final dos resduos slidos urbanos e o seu gerenciamento integrado. No captulo 6 esto relacionados os aspectos tcnicos e operacionais de um aterro sanitrio. O IQR, instrumento criado pelo Inventrio Estadual de Resduos Slidos Domiciliares do Estado de So Paulo, examinado no captulo 7. A anlise crtica do IQR e as modificaes propostas mediante a metodologia de Anlise do Valor deram ensejo a uma nova planilha de classificao, denominada de IQA e desenvolvida ao longo do captulo 8. Nessa mesma seo, encontram-se avaliaes internacionais de qualidade de aterros sanitrios. Os aspectos tcnicos e a determinao dos critrios de avaliao, relacionados com a planilha do IQA, so contemplados no captulo 9. No captulo seguinte, o IQR e o IQA foram aplicados em dezesseis depsitos de lixo no Estado do Rio de Janeiro, possibilitando a classificao das reas em condies inadequadas, controladas e adequadas. Esse estudo permitiu analisar e tecer recomendaes sobre a melhor soluo para a disposio dos resduos em cada municpio. Esse diagnstico das localidades de disposio de lixo municipal um primeiro passo que poder conduzir instituio do Inventrio Estadual de Resduos Slidos do Estado do Rio de Janeiro. O captulo 11 conclui e comenta os resultados obtidos no captulo 10, sugerindose alternativas para destinao final dos resduos slidos urbanos de pequenos e mdios municpios.

18

CAPTULO 2 HISTRICO

Um estudo sucinto sobre a evoluo histrica do lixo no mundo demonstra a transformao da matria e a produo de resduos integrando a vida no planeta. Inicialmente, o homem foi submetido s leis da natureza, posteriormente, tentou entend-las e modific-las. A seguir so relatados os principais fatos histricos da humanidade e da cidade do Rio de Janeiro associados aos resduos. As informaes esto aliceradas numa coletnea bibliogrfica, em dados fornecidos pessoalmente pela Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) e dados obtidos no site da COMLURB.

2.1

Breve descrio do lixo na sociedade O ecossistema apresenta um equilbrio biolgico, no entanto toda a alterao

introduzida

neste

sistema

resulta

em

deslocamento

do

ponto

de

equilbrio

(Golley,1999). A prpria natureza tem condies de suplantar esses efeitos, mas, no decorrer da histria, restabelecer o equilbrio torna-se uma tarefa muito complexa, demorada e, em alguns casos, impossvel. O homem primitivo apresentou uma relao simbitica com o meio ambiente. Retirou da natureza o necessrio para as suas funes vitais, devolvendo os resduos de seu metabolismo interno. No decorrer dos tempos, o desenvolvimento da capacidade humana de exercer domnio sobre a natureza, permitiu alterar o meio ambiente natural por tempo indefinido. As populaes nmades da Antigidade evitaram o confronto com os danos ecolgicos de sua prpria lavra, abandonaram a terra exaurida em busca de regies no habitadas, que mantinham ainda a exuberncia da fauna, da flora e do solo original. provvel que o principal motivo das migraes tenha sido a destruio causada pelo prprio homem na luta pela sobrevivncia. Desde a poca pr-crist at o fim da Idade

19

Mdia, o nmero de habitantes do mundo era pequeno, havendo espao suficiente para a migrao. Com o aparecimento das aglomeraes urbanas permanentes comearam a surgir os primeiros sintomas do hiato existente entre a atividade humana versus o ecossistema, manifestado atravs da explorao intensiva dos recursos naturais, inclusive do solo para plantio e da quantidade excessiva de resduos acumulados. Na Antigidade, as cidades eram cercadas por muralhas, as quais serviam de proteo contra o inimigo imprevisvel e separavam a populao dos resduos gerados. Apenas, dentro dos muros da cidade existia lugar para a regulamentao higinica. Os detritos lanados fora dos muros da cidade, acumulando-se nas redondezas. O lodo putrefato dos esgotos era jogado nos rios e conduzidos a esturios e baas, criando ali condies favorveis proliferao do mosquito da malria e de outros vetores de epidemias. Naquela poca, os povos desconheciam a ameaa latente do lodo putrefato acumulado nos arredores. Na decadncia do Imprio Romano surgem as epidemias provocadas pela falta de higiene. Com a proliferao dos ratos criaram-se as condies bsicas para o alastramento da peste bubnica. A varola e o clera abalaram a Idade Mdia numa amplido desconhecida na Antigidade. Entre as epidemias em que a humanidade se tornou vtima, a peste foi a mais freqente, a de mais longa durao e a mais difcil de ser erradicada, causando 43 milhes de vtimas (Laubisch, 1990). A prtica de aterrar resduos como forma de destinao final oriunda da Mesopotmia, h 4.500 anos atrs (Bidone, 1999). Os nabateus, nessa poca, enterravam seus resduos domsticos e agrcolas em trincheiras escavadas no solo. Passado algum tempo, as trincheiras eram abertas e, a matria orgnica j decomposta, removida e utilizada como fertilizante orgnico na produo de cereais. O povo romano em 150 d.C., assustado com a grande quantidade de roedores e insetos que apareciam em torno dos locais onde o lixo era disposto, resolveu abrir valas e aterrar todos os resduos, eliminando os inconvenientes causados pelos vetores. Na sia o mtodo night-soil (Laubisch, 1990), muito antigo, mas ainda usual na periferia de muitas cidades do leste asitico, consiste em dispor o material proveniente das fossas secas, em montes de composto semelhante s leiras e a seguir o resduo espalhado em camadas finas, intensivamente, sob o sol.20

Curiosamente, possvel observar cuidados ecolgicos e sanitrios em vrios momentos da histria antiga. Em Jerusalm, os esgotos urbanos eram conduzidos por uma canalizao para dentro de um aude. A matria que se depositava no fundo do aude era utilizada como fertilizante e a gua sobrenadante, servia para a irrigao dos jardins. A cidade de Roma, fundada em 753 a.C., era dotada de uma srie de exigncias, como, por exemplo, evitar formao de poas dgua, eliminar as ervas daninhas, manter limpas as ruas e sarjetas. Pelo cdigo municipal de Csar, todo o proprietrio de casa estaria obrigado a manter em ordem e limpo o trecho de rua em frente residncia. Algumas obras refletem a luta dos homens contra a violao das condies de higiene ambiental. Johann Struppius (1530 1606), mdico municipal da cidade alem de Frankfurt, escreveu em sua obra A til reforma para a sade e a ordem crist sobre a necessidade de limpeza urbana duas a trs vezes por semana de todas as praas e ruas, assim como regulamentar a remoo do lixo em horas noturnas e a limpeza dos estabelecimentos de venda de gneros alimentcios, oficinas de curtidores, peleteiros, entre outros, para evitar o acmulo de imundcie putrefata (Laubisch, 1990). O mdico tirols Hyppolyt Guarinonius (1571 1674) defendeu, com respeito higiene domstica, muitos pontos de vista que j haviam sido abordados por Hipcrates na Grcia Antiga (Laubisch, 1990). Passo a passo, com a evoluo da medicina, foi sendo construda uma ideologia de higiene pessoal, domstica e municipal, apregoando cuidados na erradicao de epidemias.

2.2

Breve descrio do lixo na cidade do Rio de Janeiro Nos primeiros anos de colonizao da cidade, grande parte dos resduos urbanos

era locado prximo aos locais de pastagem dos animais, dando origem mais tarde s praas pblicas (COMLURB, 2001). Em fins do sculo XIX, o lixo urbano era entulhado em mangues e alagadios, em terrenos de marinha ao longo da Baa de Guanabara. Em 1931, originou-se o aterro do Caju, junto s guas da Baa de Guanabara, o lixo recolhido era espalhado pelo terreno pantanoso e coberto por uma camada de barro

21

e areia extrados do cemitrio de So Francisco Xavier. O local foi utilizado durante 40 anos e chegou a cobrir 800.000 m2 (COMLURB, 2001). Houve necessidade de abandon-lo em virtude do assoreamento da foz de rios que ali desembocavam. Um convnio com o Ministrio da Marinha foi formalizado em 1971, originando a execuo de um aterro em terreno do Quartel dos Marinheiros(COMLURB, 2001). Na mesma ocasio outro aterro foi constitudo na rea do Ministrio do Exrcito com 40.000 m2 , que posteriormente, deu origem a uma praa de esportes. Em 1975, o Estado da Guanabara uniu-se ao antigo Estado do Rio de Janeiro. Esta fuso transformou a cidade do Rio de Janeiro em Municpio, capital do novo Estado. O antigo DLU (Departamento de Limpeza Urbana) vinculada SURSAN (Secretaria de Saneamento do antigo estado da Guanabara), tinha como atribuies quase exclusivamente a coleta e limpeza, no havendo preocupao maior com o destino final do lixo. Aps a fuso o DLU passou pelo nome de Celurb at chamar-se COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), agora uma empresa da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. A COMLURB foi criada em 1975 com a pretenso de planejamento a mdio e longo prazo da disposio final do lixo urbano, integrado ao sistema de coleta e limpeza. Em 1976, foi criado o aterro Metropolitano de Gramacho, em uma rea de 1.300.000 m2 . Para l so levadas em mdia 7.500 toneladas de lixo por dia (DTI, 2001). A recuperao e operao do aterro esto a cargo da empresa Queiroz Galvo que assumiu a execuo das obras em dezembro de 1995, atravs de concorrncia pblica. Atualmente, o aterro metropolitano recebe resduos das prefeituras do Rio de Janeiro, Nilpolis, Duque de Caxias, So Joo de Meriti (DTI, 2001). No mbito da Cidade do Rio de Janeiro, o setor de tratamento de lixo urbano est estruturada sobre as seguintes unidades operacionais (DTI, 2001): Usina de Reciclagem de Iraj, construda em 1977, com sistema prvio de triturao e posterior compostagem natural em leiras, com uma capacidade de processamento de 350 toneladas/dia. Atualmente, encontra-se em funcionamento apenas o setor de separao. Custo: US$ 1.5 milhes (Lua, 1999);

22

A Usina de Jacarepagu, funcionou de 1992 a 1997, com uma capacidade de 560 toneladas/dia, porm est desde 1997 desativada por exalar forte odor. Custo: US$ 13 milhes (Lua, 1999); A usina do Caju, inaugurada em 1992, com capacidade de projeto de 70 toneladas/hora, s funcionou por dois anos. Um dos motivos para a desativao foi o forte odor produzido no processo. Hoje, as instalaes viraram uma estao de transferncia. Custo: US$ 23 milhes (Lua, 1999).

23

CAPTULO 3 RESDUOS SLIDOS

Toda atividade humana origina materiais diversos chamados no nosso cotidiano de lixo. O presente captulo discorre sobre a conceituao tcnica, classificao e caracterizao do lixo.

3.1

Conceito No Brasil o lixo denominado de resduos slidos segundo a NBR-10.004,

Resduos Slidos Classificao, de 1987, da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tcnicas). A definio oficial de resduos slidos de acordo com a NBR-10.004/87 da ABNT : aqueles resduos nos estados slidos e semi-slidos que resultam da atividade da comunidade de origem: industrial, domstica, hospitalar, comercial, agrcola, de servios e de varrio. Ficam includos nessa definio os lodos provenientes de sistemas tratamento de gua, aqueles gerados em equipamentos e instalaes de controle de poluio, bem como determinados lquidos cujas particularidades tornem inviveis seu lanamento na rede pblica de esgoto ou corpos de gua, ou exijam para isso solues tcnicas e economicamente inviveis em face de melhor tecnologia disponvel. Esta definio, segundo Teixeira et al., 1997, muito ampla e equivoca-se ao incluir lquidos como resduos slidos. Alguns autores definem como lixo todo e qualquer resduo resultante das atividades dirias do homem na sociedade. Estes resduos so, basicamente, sobras de alimentos, papis, papeles, plsticos, trapos, couros, madeiras, latas, vidros, lamas, gases, vapores, poeiras, sabes, detergentes e outras substncias descartveis de forma consciente. Os resduos slidos so, ainda, definidos como os restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inteis, indesejveis ou descartveis

(IPT/CEMPRE,1995).

24

3.2

Classificao A classificao dos resduos slidos um importante instrumento para o

posterior gerenciamento dos mesmos. A vasta gama de classificaes decorre, basicamente, da variedade de constituintes que fazem parte da composio fsica do lixo. Nos prximos subitens so expostas algumas classificaes que abordam uma ou mais caratersticas dos resduos.

3.2.1

Quanto fonte geradora De acordo com sua origem os resduos slidos podem ser classificados em: Domiciliar Resduos gerados em domiclios residenciais. composto por material orgnico,

material reciclvel e itens diversos. At bem poucos anos, os resduos domiciliares eram considerados como de pequeno risco para o meio ambiente. Hoje em dia, seja pela introduo de novos produtos na vida moderna seja pelo maior conhecimento dos impactos de determinados materiais no ambiente, considera-se que os resduos domiciliares so uma ameaa integridade do meio ambiente e do homem. Embora em pequena quantidade so encontradas no lixo domstico pilhas e baterias, leos de motor, tintas, pesticidas, embalagens de inseticidas, solventes e produtos de limpeza, termmetros, lmpadas, tais resduos tm efeitos potenciais deletrios sade e ao meio ambiente. Outro aspecto da caracterizao dos resduos domiciliares refere-se presena de microrganismos, o que favorece a transmisso de doenas infecto-contagiosas estabelecidas pela presena de seringas e fraldas descartveis, lenos de papel, papel higinico, curativos, preservativos etc. Comercial Resduos gerados em estabelecimento comerciais e de prestao de servios. Possuem composio varivel de acordo com o tipo de atividade desenvolvida pela unidade geradora.

25

Industriais Resduos cuja composio depende da atividade desenvolvida pela indstria. Porm, dentro de uma indstria existem resduos slidos tipicamente urbanos, que devem ser separados dos resduos industrias e dispostos coleta regular. Atividades pblicas Resduos compostos por sobras ou descartes de atividades desenvolvidas pela administrao pblica municipal, estadual e federal, tais como, poda de rvores e gramados, resduos de construo ou demolio de obras pblicas e outros. Vias pblicas Resduos gerados por transeuntes que se deslocam em vias pblicas, quando da realizao de seu trabalho, lazer, descanso, esporte etc. Normalmente, a limpeza realizada atravs de varrio, capina e outros procedimentos. Portos, aeroportos e terminais rodovirios e ferrovirios So aqueles que contm ou potencialmente podem conter germes patognicos. Basicamente, o lixo gerado destes estabelecimentos assemelha-se ao resduo domiciliar, contudo podem veicular doenas provenientes de outras cidades, estados e pases. Servios de sade Abrangem os resduos slidos de hospitais, de clnicas mdicas e veterinrias, de centros de sade, de consultrios odontolgicos e de farmcia. Nesses locais existem uma forma diferenciada de separao e coleta dos materiais. A Resoluo CONAMA n 005/93 determina a classificao dos resduos de acordo com seu estado fsico e a separao dos materiais que entraram em contato, daqueles que no entraram em contato com o paciente. Os resduos que no tiveram contato com o paciente, que so da ordem de 70% (IPT/CEMPRE, 2001) em peso dos resduos gerados num estabelecimento de sade, sero tratados como resduos comuns e podero inclusive ser encaminhados reciclagem. A Norma NBR 12.808 da ABNT Resduos de Servios de Sade divide em classes:

26

Classe A: resduos infectados, tais como culturas, vacinas vencidas, sangue, tecidos, rgos, materiais perfucortantes, fluidos orgnicos. Resduos sptico; Classe B: resduos especiais, que incluem rejeitos radioativos, resduos farmacuticos e resduos qumicos. Resduos sptico; Classe C: resduos comuns, oriundos das reas administrativas, das limpezas de jardins etc. Resduos assptico. Esse tipo de lixo no pode ser depositado em aterros sem prvio tratamento, seja por microondas, sistema que consegue eliminar os microrganismos, tornando o material no contaminado, ou por incinerao. Segundo as normas da CETESB, os resduos hospitalares devem ser depositados sobre mantas de polietileno de alta densidade e uma camada de 50cm de argila para evitar o risco existente no caso de haver rompimento da manta plstica isolante causado por objetos cortantes. Sobre o lixo deve ser lanada uma camada de cal hidratada, a rea receptora do lixo deve ser cercada e identificada com placas alertando para os riscos de contaminao. As principais tecnologias disponveis para tratamento dos resduos hospitalares so: Autoclave/esterilizao: so processos em que h total eliminao de todas as formas de vida microbiana; Desinfeco: o processo de eliminao dos microrganismos patognicos; Incinerao: um processo de oxidao a alta temperatura, que transforma materiais, reduz volumes e destri microrganismos. Urbano A definio de resduo urbano depende de cada municpio, pois funo do servio de coleta de cada regio. Em geral, o resduo urbano composto pelo lixo: domiciliar, comercial, de atividade pblica, de vias pblicas e de servios de sade. Radioativos So os resduos de origem atmica, cujo controle/gerenciamento est, de acordo com a legislao brasileira, sob a tutela do Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Agrcolas27

Aqueles resultantes dos processos de produo de defensivos agrcolas e suas embalagens.

3.2.2

Quanto degradabilidade De acordo com o seu grau de degradabilidade os resduos slidos podem ser

classificados em (Pessin, 1998): Facilmente degradveis: o caso da matria orgnica presente nos resduos slidos de origem urbana, que apresentam degradao biolgica atravs de bactrias e fungos; Moderadamente degradveis: so os papis, papelo e material celulsico, cuja decomposio por via biolgica ocorre em um perodo de duas a quatro semanas; Dificilmente degradveis: so os pedaos de pano, retalhos, aparas e serragens de couro, borracha e madeira, os quais possuem degradao biolgica desprezvel; No-degrveis: resduos resistentes biodegradao, incluem-se aqui os vidros, metais, plsticos, pedras, terra, entre outros.

3.2.3

CONAMA De acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),

Resoluo n 005/93, os resduos slidos podem ser classificados nos seguintes grupos: Grupo A: resduos que apresentam risco potencial sade pblica e ao meio ambiente devido a presena de agentes biolgicos. Esse grupo composto, principalmente, pelos resduos de servios de sade; Grupo B: resduos que apresentam risco potencial sade pblica e ao meio ambiente proveniente das caractersticas qumicas. Como exemplos desse grupo so encontrados os resduos farmacuticos, as drogas quimioterpicas e, os demais produtos perigosos, classificados pela NBR 10.004 da ABNT; Grupo C: resduos radiativos; Grupo D: resduos comuns, que no se enquadram nos grupos supracitados.

28

3.2.4

ABNT A ABNT, por meio da NBR-10.004 Resduos Slidos Classificao fornece

procedimentos que viabilizam a identificao dos riscos potenciais ao meio ambiente e sade pblica, em termos da periculosidade dos resduos slidos. Conforme a referida Norma, um resduo considerado perigoso quando suas propriedades fsicas, qumicas e infectocontagiosas representam: Risco sade pblica: caracterizado pelo aumento de mortalidade ou incidncia de doenas; Risco ao meio ambiente: quando manuseados de forma inadequada; Dose Letal50 (oral, ratos), que representa a dose letal para 50% de uma populao de ratos, quando administrada por via oral; Concentrao Letal50 (concentrao letal 50), que representa a concentrao de uma substncia que, quando administrada por via respiratria, acarreta a morte de 50% da populao exposta; Dose Letal50 (drmica, coelhos), que representa a dose letal para 50% da populao de coelhos testados, quando administrada em contato com a pele. Os resduos perigosos so aqueles que podem causar, ou contribuir de forma significativa, para a mortalidade ou incidncia de doenas irreversveis ou impedir a reversibilidade das demais, ou apresentar perigo imediato ou potencial sade pblica ou ao ambiente quando transportados, armazenados, tratados ou dispostos de forma inadequada. Devero, por isso, sofrer tratamento ou acondicionamento adequado, no prprio local de produo, e nas condies estabelecidas pelo rgo estadual de controle da poluio e de preservao ambiental. A NBR-10.004 estabelece que a classificao dos resduos deve desenvolver-se com base em cinco critrios de periculosidade: Inflamabilidade; Corrosividade; Reatividade; Toxicidade;

29

Patogenicidade: excludos os resduos slidos domiciliares e aqueles gerados em estaes de tratamento de esgotos sanitrios. No sendo possvel o enquadramento dos resduos em pelo menos um dos critrios supracitados, a NBR-10.004 estabelece a necessidade de que amostras dos mesmos sejam submetidas a ensaios tecnolgicos, para avaliar as concentraes de elementos que conferem periculosidade, a partir de listas organizadas pela Norma em estudo. Outras Normas foram criadas para auxiliar a NBR-10.004: NBR-10.005 Lixiviao de resduos Procedimento estabelece os critrios para a realizao do Ensaio de Lixiviao, que consiste na separao de certas substncias contidas nos resduos industriais por meio de lavagem ou percolao; NBR-10.006 Solubilizao de resduos Procedimento estabelece os critrios para a realizao do Ensaio de Solubilizao, visando tornar uma amostra de um resduo solvel em gua e avaliar a concentrao dos elementos ou materiais contidos no extrato; NBR-10.007 Amostragem de resduos Procedimento estabelece os critrios de coleta e seleo de uma amostra, que ser analisada como representativa de um todo; A partir desses critrios e ensaios, os resduos slidos so classificados e podem ser enquadrados em uma das classes a seguir: Resduos classe I perigosos A amostra do resduo sendo enquadrada em pelo menos um dos critrios de periculosidade ser classificada como tal. Excluda a periculosidade, ser realizado o ensaio de lixiviao. So considerados classe I, os resduos submetidos ao teste de lixiviao e apresentarem concentraes superiores s previstas na Listagem 7, Anexos G, da NBR-10.004. Se as concentraes forem inferiores s da Listagem 7, ser realizado o ensaio de solubilizao, a fim de avaliar se o resduo classe III; Resduos classe II no-inertes So os resduos que no se enquadram como resduos classe I ou classe III, podendo apresentar propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou

solubilidade em gua. Nesta classe esto includos os papis, papelo, matria vegetal e outros;30

Resduos classe III inertes So aqueles que, submetidos ao teste de solubilizao, no tiveram nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentraes superiores aos padres de

potabilidade de gua, Listagem 8, Anexo H, da NBR-10.004. Exemplo dessa categoria so: as rochas, tijolos, vidros e certos plsticos e borrachas que no so decompostos facilmente. Se as concentraes forem superiores s da Listagem 8, os resduos so considerados classe II.

3.3

Outros resduos Os resduos encontrados normalmente no descarte domiciliar, podem configurar

um risco potencial ao meio ambiente e sade humana. Pilhas e baterias As pilhas e baterias so utilizadas em diversos aparelhos eletroeletrnicos, contendo em suas composies metais pesados, os quais liberados na natureza, atravs do vazamento das embalagens, contaminam o solo e os recursos hdricos subterrneos e superficiais. Quando atingem a cadeia alimentar, contaminam os seres humanos, o que pode causar, entre outros efeitos, danos ao organismo, distrbios renais e neurolgicos. A disposio final de pilhas e baterias regulamentada por leis especficas, como a resoluo Conama n 257/99, que dispe sobre a reciclagem e a reutilizao e disposio final de pilhas e baterias. Lmpadas fluorescentes As lmpadas fluorescentes possuem em sua constituio substncias qumicas nocivas ao meio ambiente, como metais pesados, entre os quais sobressai o mercrio metlico. Quando descartadas em grandes quantidades, o mercrio liberado passa a evaporar e em pocas chuvosas pode contaminar o solo e corpos dgua. Se ingerido pelo ser humano, o mercrio atinge o sistema nervoso, podendo causar desde leses leves at a morte. No Brasil, o consumo de lmpadas fluorescentes aumentou vertiginosamente, tanto em estabelecimentos industriais, comerciais, como em residncias. O consumo desenfreado foi desencadeado pelo racionamento de energia eltrica, ocorrido ao longo do ano de 2001. O poder pblico, visando poupar energia e novamente tentando31

resolver o problema imediato sem prever as conseqncias futuras, incentivou a substituio das lmpadas incandescentes pelas fluorescentes, atravs de propaganda macia. Agora, paira no a a incerteza da disposio final desse resduo, considerando a r falta de legislao federal que regulamente e estabelea critrios. Pneus O pneu possui em sua estrutura materiais como borracha, ao, tecido de nilon ou polister, tornando-os de difcil separao. Aps o uso, ele pode ser descartado, ser destinado ao reuso ou reciclagem. Porm, o seu descarte constitui um grave problema ambiental, causando assoreamento de rios e lagoas, ocupando grandes espaos nos aterros sanitrios, ou quando amontoados em terrenos baldios, favorecem a proliferao de insetos e de incndio. Quando queimado, produz uma fumaa preta e, como subproduto, um material oleoso, que contamina as guas subterrneas. Quando reutilizado, ele recauchutado e sua carcaa reaproveitada pelo menos duas vezes.

3.4

Fatores influentes na gerao A gerao de resduos depende de fatores culturais, hbito de consumo, poder

aquisitivo, fatores climticos, nvel educacional (Lima, 1995) e das caractersticas de sexo e idade dos grupos populacionais. Os fatores influentes encontram-se explicados abaixo: Poder aquisitivo A quantidade per capita de lixo produzido por determinada famlia diretamente proporcional sua renda. As classes sociais mais altas possuem um maior poder de compra, acarretando m desperdcios e maior gerao de plsticos, papis e ais vidros. De acordo com Acurrio (1998) existe uma correlao entre a produo de resduos slidos e a venda per capita, que pode ser determinada pelo poder aquisitivo de cada consumidor. Conforme o autor, em Buenos Aires a quantidade de resduos coletados em 1989, que foi um ano de recesso econmica, sofreu reduo se comparado com o perodo de 1980 a 1985. A recesso venezuelana, que ocorreu entre 1987 e 1989, reduziu em 14% a quantidade de lixo coletado em Caracas. Em Lima,

32

houve uma diminuio na gerao de resduo no perodo de 1987 a 1991, em funo da forte recesso. Industrializao de alimentos O aumento da industrializao dos alimentos implica em produtos prontos para o consumo, que aumentam a quantidade de embalagens no lixo e reduz os restos de alimentos. Evoluo das embalagens Os processos tecnolgicos contriburam de forma decisiva para a reduo do peso especfico do lixo urbano. A utilizao praticamente irrestrita de embalagens plsticas em substituio s embalagens de vidro e metal, contribuiu para tornar o lixo mais leve, requerendo, portanto, maiores volumes para seu manuseio e destinao final. Um exemplo da substituio das embalagens apreciado no grfico 3.1, onde o descarte de plstico foi crescente durante os anos de 1995 at 1999. O inverso ocorreu com o vidro e o metal no mesmo perodo. Grfico 3.1 - Mdia diria (%) de lixo por tipo na cidade do Rio de Janeiro (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)

60 50 40(%)

1995 1996 1997 1998 1999 2000

30 20 10 0 papel plstico vidro mat.org.Tipo de lixo

metal

inerte

outros

No ano de 2000, observa-se uma pequena reduo do consumo de plstico, decrscimo do vidro e uma, relativa, constncia do consumo de metal. Esse resultado33

alm de demostrar o desenvolvimento das embalagens transparece a ao dos catadores diretamente no local de gerao do resduo, encaminhando para reciclagem, quase 80% das latas de alumnio, mais de um tero do vidro, cerca de 20% do ao e outros 20% de plstico (VEGA, 2001). Esses heris do mercado informal, que, hoje, estabelecem um importante nicho de mercado, desviam de aterros uma quantidade significativa de resduos slidos. Hbitos da populao Um exemplo, muito claro, o hbito de aquisio de alimentos em feiras livres, o qual aumenta a quantidade de matria orgnica no lixo, quando comparado com o hbito de aquisio de produtos embalados, tendendo a aumentar a quantidade de plstico, latas e papeles no lixo. Nos estados do sul do Brasil a quantidade de cinzas no lixo maior que em outros estados, isto ocorre devido a maior utilizao de lareiras nos meses de inverno. Tambm na regio Sul, a quantidade de garrafas de vinho maior, se comparada a regio Sudeste, que tem a cerveja como bebida preferencial. Fatores econmicos A economia de um pas interfere diretamente na gerao de resduos; em perodos de recesso econmica, a quantidade de resduos coletados diminui devido ao aumento da reutilizao, da reciclagem e decrscimo no consumo. Uma rpida retrospectiva econmica esclarece a evoluo do resduo domiciliar (grfico 3.2). Em 1994, com a implantao do Plano Real, a inflao foi controlada, houve um aumento no poder de compra da populao, que permaneceu atuante e crescente nos anos de 1995 at 1998. Durante o ano de 1999, mesmo com a inflao sobre controle, a estagnao no desenvolvimento econmico provocou uma reduo da gerao de resduos domsticos. J o ano de 2000 foi marcado por uma certa recuperao do desenvolvimento econmico do pas e da gerao de resduos.

34

Grfico 3.2 - Mdia diria (%) de recebimento de lixo da cidade do Rio de Janeiro (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)

60 50 40

30 20 10 0 domiciliar pblico hospitalar G.geradores outros

1995 1996 1997 1998 1999 2000

%

Tipo de lixo

Fatores sazonais As pocas do ano de grandes festividades alteram o consumo e,

consequentemente, o lixo gerado, tanto na qualidade como na quantidade. Como ilustrao da influncia destes fatores, citados acima, na composio dos resduos slidos a tabela 3.1 compara os resduos produzidos por pases de diferentes graus de industrializao e renda per capita. interessante salientar que nos pases do Primeiro Mundo, com maior nvel de industrializao dos alimentos, a gerao de resduos passveis de reciclagem maior que nos pases mais pobres e o desperdcio o menor possvel. Isso se evidencia, tambm, no grfico 3.3, o qual apresenta 51,27% de matria orgnica encontrada nos resduos slidos urbanos da cidade do Rio de Janeiro no ano de 2000, ao passo que no Japo o valor aproximadamente de 20 % (Bidone,1999).

35

Tabela 3.1 Distribuio tpica dos componentes dos resduos slidos urbanos em pases de baixa, mdia e alta industrializao (Tchobanoglous, 1993)Componentes Orgnico Restos de alimentos Papis e papelo Plstico Tecidos Couro e borracha Madeira Inorgnico Vidros Latas Alumnio Outros metais Baixa industrializao 40 85 1 10 1 5 1 5 1 5 1 5 1 - 10 1 5 1 5 1 - 40 Faixas de % em peso Mdia industrializao 20 - 65 8 30 2 6 2 10 1 4 1 10 1 10 1 5 1 5 1 - 30 Alta industrializao 6 30 20 45 2 6 0 2 10 20 1 4 4 12 0 1 1 4 0 - 10

Grfico 3.3 Composio mdia do lixo na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2000 (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)0,94% 2,66% 4,53% 19,77%

papel/papelo plstico vidro mat. orgnica17,61% 51,27% 3,22%

metal inerte outros

A complexidade dos resduos e a evoluo constante dos hbitos de vida sugerem que as propostas de soluo para o problema devem ser maleveis, sempre respaldadas em princpios de educao ambiental da populao, o que a integrar responsavelmente construo de medidas tcnicas e ambientalmente corretas.

3.5

Caracterizao dos resduos slidos A caracterizao de fundamental importncia para auxiliar no gerenciamento

dos resduos slidos de um municpio. A partir dela possvel identificar sua36

potencialidade econmica, isto , a viabilidade da reciclagem e o reaproveitamento do material orgnico bruto aps seu processamento. A anlise das propriedades fsicas e qumicas do lixo permite obter informaes para a escolha do melhor e mais adequado sistema de coleta, transporte, tratamento e disposio final, bem como compatibilizar os equipamentos com o tipo de resduo estudado.

3.5.1

Quantificao A quantificao da gerao de resduos slidos urbanos baseada em ndices

relacionados ao nmero de habitantes atendidos pelo sistema de coleta e ao volume de resduos gerados, materializando a denominada produo per capita de lixo. Representa a quantidade de resduos slidos gerada por habitantes em um perodo de tempo especfico, pode ser expressa em hg/hab.dia ou g/hab.dia ou l/hab.dia. O grfico 3.4, a seguir, permite acompanhar a evoluo da mdia diria per capita de recebimento de lixo por tipo da cidade do Rio de Janeiro, ao longo dos anos 1995 at 2000. As influncias sofridas por este parmetro, j foram explicadas no item 3.4. Grfico 3.4 - Mdia diria per capita de recebimento de lixo da cidade do Rio de Janeiro (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)

800 700 600

g/hab.dia

500 400 300 200 100 0 domiciliar pblico hospitalar G.geradores outros

1995 1996 1997 1998 1999 2000

Tipo de lixo

37

3.5.2

Propriedades fsicas e geotcnicas A investigao geotcnica dos resduos slidos apresenta-se como um

verdadeiro desafio aos engenheiros, proveniente da heterogeneidade dos resduos, da influncia do meio social que o produziu e da crescente escassez de reas para

disposio final nas grandes cidades, obrigando busca de novas tcnicas de procedimentos e at a verticalizao dos aterros sanitrios. Os resduos slidos urbanos podem ser encarados como uma nova unidade geotcnica, qual aplicam-se os conceitos existentes, incorporando-se as peculiaridades deste novo material (Simes et al., 1996). Entretanto, na aplicao desses conceitos deve-se considerar que os resduos possuem caractersticas distintas dos solos e que influem diretamente na quantificao de suas propriedades geomecnicas. Como por exemplo, (Abreu, 2000): a variabilidade de composio, aspectos como estabilidade e compressibilidade, alterao drstica de algumas propriedades com o tempo e a dificuldade de obter amostras representativas do todo. Composio em peso A composio em peso uma das caractersticas dos resduos slidos urbanos que mais influem em suas propriedades geotcnicas. Uma vez que esta caracterstica varia de regio para regio, em funo dos hbitos alimentares, culturais e econmicos, como j apreciado no subitem 3.4. Dados de uma regio no devem ser simplesmente extrapolados para uma outra, sem uma anlise prvia. O teor de material orgnico, encontrado no lixo de pases subdesenvolvidos (tabela 3.1), influencia principalmente nas taxas de gerao de chorume e gs, no desenvolvimento das presses neutras no interior do macio sanitrio, no teor de umidade, na resistncia ao cisalhamento e na compressibilidade dos resduos (Abreu, 2000). A quantidade de matria orgnica contida na massa de lixo, tambm, importante para definir a demanda bioqumica de oxignio (DBO), requerida durante a estabilizao da matria orgnica oxidvel pela ao biolgica e para indicar a relao carbono/nitrognio, que representa a capacidade dos resduos em decomposio se constiturem em compostos orgnicos bioestabilizados, mais resistentes s espcies consumidoras.

38

Peso especfico O peso especfico definido como o peso do m aterial por unidade de volume (kg/m3 ). um dado muito importante para o gerenciamento dos resduos slidos urbanos, pois sua determinao implica na correta estimativa do volume e do peso dos resduos que sero gerenciados. O grfico 3.5 apresenta o peso especfico antes da compactao do lixo da cidade do Rio de Janeiro. Grfico 3.5 Peso especfico mdio antes da compactao do lixo da cidade do Rio de Janeiro (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)

300 253,18 250 200 176,05 208,92 251,65 209,16 203,58 194,79 163,98 168,15 186,10 198,47

kg/m

150 100 50 0 81 86 89 91 93 95 96

97

98

99

0

Ano

Inmeros valores de peso especfico de resduos slidos urbanos so apontados pelos diversos autores que estudaram essa grandeza. Algumas das razes para esta variao so a heterogeneidade, a variabilidade da composio dos macios sanitrios e o teor de umidade, alm da metodologia utilizada para a determinao do peso especfico (Abreu, 2000). O peso especfico geralmente aumenta com a profundidade em conseqncia da compresso e consolidao da massa de lixo, devido a sobrecarga das camadas superiores. Quanto ao mtodo executivo do aterro, a variao do peso especfico fortemente influenciada pela espessura da camada do lixo e pelo equipamento utilizado na sua compactao. O grau de compactao igualmente fator preponderante no valor

39

do peso especfico, podendo-se afirmar que, de uma maneira geral, os valores encontrados podem variar de 3 a 7 kN/m3 para aterros com o material simplesmente espalhado, at valores de 9 a 13 kN/m3 quando aplicado uma compactao controlada, utilizando-se tratores de esteira ou rolos compactadores apropriados (Lamare Neto, 1999). Para os aterros sanitrios brasileiros com elevada taxa de matria orgnica, pode-se estimar valores entre 5 e 7 kN/m3 para resduos novos, no decompostos e pouco compactados, e entre 9 e 13 kN/m3 aps compactao com tratores e aps a ocorrncia de recalques no macio (Kaimoto & Cepollina, 1996). Valores tpicos dentro dessa faixa de variao so apontados por Santos & Presa (1995), admitindo-se 7 kN/m3 para resduos recm lanados e 10 kN/m3 aps a ocorrncia de recalques. Mahler e Iturri (1998) utilizam um valor de peso especfico mdio igual a 10,5 kN/m3 na anlise de uma seo do aterro sanitrio So Joo/So Paulo, enquanto Benvenuto & Cunha (1991) consideram um valor de peso especfico igual a 10 kN/m3 em condio drenada e 13 kN/m3 em condio saturada. Teor de umidade O teor de umidade a relao entre o peso da gua e o peso dos slidos, representando a quantidade de gua contida no lixo. Sua determinao influencia no planejamento dos sistemas que visam gerar energia, assim como processos biolgicos. Um exemplo, do teor mdio de umidade do lixo da cidade do Rio de Janeiro encontra-se no grfico 3.6. O teor de umidade de um macio sanitrio uma das grandezas mais difceis de serem obtidas, uma vez que varia conforme a pluviometria (Blight et al., 1992), condies de drenagem interna e superficial do macio, composio dos resduos e profundidade. Landva & Clark, (1990) observaram que percentuais elevados de material orgnico no lixo correspondem a teores de umidade mais elevados. No existe um consenso quanto variao da umidade com a profundidade dos macios. Alguns autores apresentam valores de teor de umidade crescente com a profundidade, enquanto outros apresentam o inverso (Manassero et al., 1996). possvel notar que o teor de umidade influencia a velocidade de degradao dos materiais putrescveis e, conseqentemente, nos recalques dos macios de resduos slidos urbanos.40

Grfico 3.6 Teor mdio de umidade (%) do lixo da cidade do Rio de Janeiro (Banco de dados da Diretoria Tcnica e Industrial (DTI) da COMLURB)

80

Teor de umidade (%)

70 60 50 40 30 20 10 0 81 86 8945,36 53,22 54,48

70,20 63,61 57,20 64,54 67,02 63,67 63,10 61,91

91

93

95

96

97

98

99

0

Ano

Permeabilidade dos resduos compactados A condutibilidade hidrulica dos resduos compactados uma propriedade fsica de grande relevncia, pois esta que governa o movimento dos lquidos e gases dentro de um aterro sanitrio. Os valores de referncia nacionais (Cepollina et al., 1994; Mariano & Juc,1998; Carvalho, 1999; Aguiar, 2001) para o coeficiente de permeabilidade dos resduos slidos urbanos situam-se entre 10-8 a 10-6 m/s. Essa faixa inferior aos valores verificados na bibliografia internacional que varia, na grande maioria, de 10-6 a 10-4 m/s (Carvalho, 1999). Contudo, medies realizadas no aterro de Gramacho determinaram um coeficiente de permeabilidade de 10-5 m/s (Ehrlich et al., 1994), valor compreendido no intervalo de referncia internacional, porm esse coeficiente foi extrado de uma seo do aterro com doze anos de utilizao, o qual apresentava entulho como material de recobrimento e a anlise do chorume identificou caractersticas de um aterro com mais de trinta anos, sendo assim, a alta permeabilidade est justificada por essas peculiaridades. Alguns autores nacionais, levando em considerao os dados da bibliografia internacional, configuram os resduos slidos como livre drenantes e que no desenvolveriam excessos de presso neutra (Santos & Presa, 1995). Isto pode ser

41

questionado considerando-se os dados de permeabilidade dos autores nacionais e os dados de presso neutra em macios sanitrios brasileiros, que acusam valores de presso de gs de at 170 kPa (Kaimoto & Cepollina, 1996). Estes valores de presso neutra e permeabilidade, distintos da bibliografia internacional, podem ser explicados pela composio dos resduos nacionais que, conforme subitem 3.4, possuem alto valor de material orgnico. importante salientar que o coeficiente de permeabilidade dos resduos slidos deve estar relacionado ao fluido, isto , ao chorume ou gua, o que nem sempre claro na bibliografia. Entretanto, na dissertao de mestrado de Aguiar (2001) foi analisada a permeabilidade da massa de lixo, utilizando os seguintes fluido: gua destilada, gua e sulfato de clcio. Os resultados alcanados para os trs lquidos esto compreendidos no intervalo de valores de referncia nacional. Resistncia ao cisalhamento Da mesma forma que na clssica mecnica dos solos, a resistncia ao cisalhamento de macios de resduos slidos urbanos normalmente associada a um ngulo interno de atrito e a uma coeso, definidos a partir da envoltria de resistncia de Mohr-Coulomb. Apesar de os resduos slidos urbanos no apresentarem coeso intrnseca, por serem granulares e soltos, pelo menos em sua fase inicial, vrios autores os assemelham aos solos coesivos, no sentido de apresentarem uma coeso aparente alm do atrito, o que para certos autores como Manassero et al. (1996) pode ser considerado como solo granular reforado por fibras orientadas aleatoriamente. Assim, tomando-se como base os trabalhos de Landva e Clark (1990), Singh e Murphy (1990), Richardson e Reynolds (1991), Withiam e outros (1994), Gabr e Valcro (1995) e Kockel (1995), verificam-se valores para o ngulo de atrito entre 10 e 53 e coeso entre 0 e 67 kPa. Em funo desta disperso de valores, uma estimativa confivel da resistncia ao cisalhamento do lixo difcil e, muitas vezes, conduz a resultados contraditrios em relao s reais condies de estabilidade de taludes observado no campo. O comportamento dos resduos quanto resistncia ao cisalhamento ainda apresenta outras diferenas para os solos. Os resduos slidos podem alcanar elevadas deformaes sem atingir um estado de ruptura; tambm conhecido que os parmetros42

de resistncia se alteram com o tempo, embora no exista uma lei vlida para todos os tipos de resduos. Sabe-se que para aterros com elevado percentual de matria orgnica e deficincia ou mesmo inexistncia de sistemas de drenagem interna para os efluentes lquidos (chorume) e gasosos, o que o caso tpico do Brasil, existe uma tendncia de reduo desses valores (Kockel, 1995). No Brasil estudos desenvolvidos por Kaimoto e Cepollina (1996), considerando retroanlises efetuadas em deslizamento ocorrido no sub-aterro AS-1 do Aterro Sanitrio Bandeirantes em 1991, mediante condies de elevadas presses neutras nas clulas superficiais, resultaram na obteno dos seguintes parmetros de resistncia: coeso de 13,5 kPa e ngulo de atrito de 22. Compressibilidade O termo adensamento, utilizado para solos, est ligado ao fenmeno de diminuio do ndice de vazios, devido dissipao das poro-presses, como conseqncia do aumento da tenso efetiva, conforme descrito por Terzaghi. Existem diferenas entre os mecanismos que governam os recalques nos macios sanitrios e os mecanismos observados em solos (Abreu, 2000). O recalque a deformao vertical positiva de uma superfcie qualquer delimitada no terreno (Vargas, 1977). J a compressibilidade a propriedade que tm os corpos de se reduzirem a menor volume por efeito da ao exercida por uma fora (Ferreira, 1986). Ento, possvel concluir que a compressibilidade a propriedade que o material possui e o recalque o efeito medido unidimensionalmente (Abreu, 2000). A determinao e o acompanhamento dos recalques nos aterros sanitrios so importantes para: estimar a vida til do aterro (Edil et al., 1990), reaproveitamento das reas aps encerramento da disposio, projeto e implantao dos sistemas de drenagem superficial e de drenagem de efluentes, desempenho de sistema de cobertura final e monitoramento geotcnico. O acompanhamento dos recalques e das velocidades de recalque fornece subsdios para monitoramento da estabilidade geotcnica dos taludes. A compresso de macios sanitrios o resultado dos processos de carregamento e alteraes das caractersticas e propriedades dos materiais componentes do macio de resduos slidos urbanos, correspondentes solicitao mecnica imposta por camadas superiores, ravinamento interno, alteraes fsico-qumicas, biodegradao43

e atividade microbiolgica (Van Meerten et al., 1995). Alm desses componentes, podese citar ainda a dissipao da presso de lquidos e gases, que, apesar de ignorada por diversos autores de outros pases, citada por Carvalho (1999). Abaixo descrito cada um dos mecanismos de recalques (Sowers, 1973): Solicitao mecnica: distoro, dobra, esmagamento, quebra e rearranjo dos materiais, similar ao adensamento de solos orgnicos; Ravinamento interno: eroso e migrao dos materiais finos para os vazios entre partculas maiores; Alteraes fsico-qumicas: corroso, oxidao e combusto dos materiais; Biodegradao: degradao biolgica, correspondente fermentao e degradao dos materiais, causando transferncia de massa da fase slida para as fases lquida e gasosa; Interao: interao entre os diversos mecanismos. Por exemplo: a combusto espontnea do metano gerado a partir das reaes de biodegradao, devido ao calor liberado nessas ou em outras reaes; cidos orgnicos gerados a partir da biodegradao que podem corroer outros materiais; alterao do volume devido ao mecanismo de solicitao mecnica que pode desencadear o mecanismo de ravinamento interno; Dissipao das presses neutras de lquidos e gases: semelhante ao que ocorre no adensamento de solos, representa a deformao o btida com a expulso de lquidos e gases do interior do macio devido a um carregamento e que demanda certo tempo. Desses mecanismos, somente o primeiro e o ltimo (solicitao mecnica e dissipao das presses neutras) esto relacionados ao carregamento imposto, os demais se relacionam com o ambiente em que se encontram os resduos no interior do aterro e esto ligados s transformaes bioqumicas do interior do aterro. Em relao dissipao das presses neutras, pode-se especular que apesar deste mecanismo no ser o que mais influencia os recalques dos resduos slidos urbanos, ele deve ser mais prolongado para os resduos slidos nacionais, cuja composio apresenta mais material degradvel e cuja permeabilidade ligeiramente menor quando comparadas s dos pases mais desenvolvidos, conforme explicado no item

permeabilidade dos resduos compactados.44

De acordo com a maioria dos autores, o recalque de macios sanitrios, independente de seus mecanismos, pode ser dividido em 3 fases ao longo do tempo, semelhana de solos: compresso inicial, compresso primria e compresso secundria (Wall & Zeiss, 1995): Compresso inicial: corresponde ao recalque que ocorre quando uma carga externa aplicada ao aterro sanitrio, geralmente associado reduo dos vazios entre partculas e dos tamanhos das partculas devido a uma carga imposta. Este tipo de recalque anlogo compresso elstica que ocorre em solos e instantneo, geralmente se completando logo aps a disposio; Compresso primria: corresponde ao recalque devido a dissipao de poropresses e gs dos vazios, ocorrendo rapidamente, com finalizao geralmente dentro de 30 dias aps a aplicao de carga (Sowers, 1973). Terzaghi definiu como compresso primria (ou adensamento primrio) o recalque ocorrido pela dissipao da gua entre partculas de um material saturado sobre a aplicao de uma carga externa. Entretanto, este fenmeno no se aplica totalmente para os macios de resduos slidos urbanos, devido aos mesmos estarem totalmente saturados; Compresso secundria: deformao lenta dos componentes dos resduos slidos urbanos e degradao biolgica. A compresso secundria a responsvel pela maior parcela dos recalques dos aterros sanitrios. Manassero et al. (1996) observaram que o comportamento dos recalques de macios sanitrios bastante semelhante ao dos solos turfosos, para os quais ocorrem recalques imediatos, acompanhados por recalques adicionais elevados com pouca ou nenhuma dissipao de presses neutras. Entretanto, a compresso secundria dos resduos slidos apresenta um componente significativo devido decomposio biolgica. Coduto & Huitric (1990) apresentam uma diviso dos mecanismos de recalque, que na verdade se confundem com as fases de desenvolvimento dos recalques. Estas fases correspondem a: Adensamento: corresponde ao mecanismo de dissipao das presses neutras; Compactao: corresponde ao mecanismo de solicitao mecnica;

45

Contrao:

correspondem

aos

mecanismos

de

perda

de

slidos,

biodegradao e alteraes fsico-qumicas. De forma geral, os recalques atingem 30% da espessura total inicial dos aterros sanitrios (Sowers, 1973). Entretanto, valores entre 25% e 50% so citados por Wall & Zeiss (1995); valores entre 10% e 25% so citados por Van Meerten et al. (1995) e valores entre 20% e 25% so citados por Coumoulos & Koryalos (1998). Poder Calorfico Demostra a maior ou menor capacidade de uma matria gerar energia. Essa informao essencial na implantao de usinas de incinerao. Combustibilidade a qualidade ou carter combustvel, demonstra a maior ou menor capacidade de uma matria pegar fogo. Tamanho da partcula e distribuio granulomtrica A importncia deste parmetro est na forma com que ser manejado o resduo, coletado, separado e tratado, definindo assim o tamanho e as caractersticas dos equipamentos utilizados para estes fins.

3.5.3

Propriedades qumicas pH Representa a concentrao dos ons de hidrognio em soluo que caracteriza

sua acidez ou alcalinidade. Teor de carbono Representa a quantidade em peso de carbono presente na massa de resduos. Teor de hidrognio Representa a quantidade em peso de hidrognio presente na massa de resduos. Teor de nitrognio Representa a quantidade em peso de nitrognio presente na massa de resduos. Concentrao de clcio, sdio, potssio e elementos metlicos

46

Representa a quantidade de cada um desses elementos na massa de resduos. Relao carbono/nitrognio Indica a capacidade dos resduos em decomposio se constiturem em compostos bioestabilizados, tendo em vista que os microrganismos responsveis pela decomposio da matria orgnica necessitam de carbono para seu desenvolvimento e de nitrognio para sntese de protenas.

3.5.4

Aspectos epidemiolgicos Os problemas de sade pblica decorrentes do contato das populaes c os om

resduos slidos urbanos so pouco comuns, ocorrendo a penas em comunidades que residem sobre vazadouros. Na atualidade, so incorporados aos resduos encaminhados aos aterros e s usinas de triagem, reciclagem e compostagem material fecal humana, absorventes higinicos, fraldas descartveis e lodos frescos, provenientes de processos anaerbios e aerbios de tratamento de esgotos. Os resduos enumerados so dotados de grandes concentraes de organismos patognicos (de animais de sangue quente). No entanto, os processos de estabilizao da matria orgnico codispostos com esses materiais supracitados, atenuam e diminuem os aspectos nocivos que podem, em se tratando de matria fecal de origem humana, ser provenientes de algum organismo doente. O processo aerbio propicia a elevao da temperatura, j o anaerbio implica na variao significativa de pH. A existncia nas massas de resduos de organismos saprfitos, que se alimentam de animais ou vegetais em decomposio, praticamente elimina a possibilidade da existncia de organismos patognicos no lixo. Com isso, fica improvvel a ocorrncia de problemas de sade pblica. importante salientar que resduos slidos de origem industrial, potencialmente txicos, so dispostos com resduos urbanos. o caso de lodos de estaes de tratamento de esgotos industrias, com grandes concentraes de metais pesados, de efeitos cumulativo e irreversvel na biota de fundos de rios e lagoas. Durante a degradao anaerbia que ocorre nos aterros, o baixo pH favorece