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    METODOLOGIA DA PESQUISAEM EDUCAO

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    METODOLOGIA DA PESQUISAEM EDUCAO

    MariadeFtiMaribeirodossantossauloribeirodossantos

    solus

    2010

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    Governdor do Estdo do MrnhoroseanasarneyMurad

    Reitor d uEMaProF. Josaugustosilvaoliveira

    Vice-reitor d uEMa

    ProF. gustavoPereiradaCosta

    Pr-reitor de administroProF. Josbellosalgadoneto

    Pr-reitor de PlnejmentoProF. JosgoMesPereira

    Pr-reitor de GrdoProF. PorFrioCandanedoguerra

    Pr-reitor de Pesqis e Ps-grdoProF. WalterCanalessantana

    Pr-reitor de Extenso e assntos Estdntis

    ProF. vnialourdesMartinsFerreira

    Chefe de Gbinete d ReitoriProF. raiMundodeoliveiraroChaFilho

    Diretor do Centro de Edco, Cincis Exts e Ntris - CECENProF. andradearaJo

    Edio:universidadeestadualdoMaranho- ueManCleodeteCnologiasParaeduCao- ueManet

    Coordendor do uemNetProF. antoniorobertoCoelhoserra

    Coordendor Pedggic:MariadeFtiMaserrarios

    Coordendor do Crso Formo Pedggic de Docentes, distnci:lourdesMariadeoliveiraPaulaMota

    Coordendor de Prodo de Mteril Didtico uemNet:CaMilaMariasilvanasCiMento

    Responsvel pel Prodo de Mteril Didtico uemNet:CristianeCostaPeixoto

    Professores Contedists:MariadeFtiMaribeirodossantos

    sauloribeirodossantos

    Reviso:lilianeMoreiraliMaluCireneFerreiraloPes

    Digrmo:

    JosiMardeJesusCostaalMeidaluisMaCartneysereJodossantostonholeMosMartins

    Projeto Grco e Cp:luCianavasConCelos

    Santos, Maria de Ftima Ribeiro dos.Metodologia da pesquisa em educao / Maria de

    Ftima Ribeiro dos Santos, Saulo Ribeiro dos Santos.- So Lus: UemaNet, 2010.

    67 p.

    ISBN: 978-85-63683-00-7

    1. Metodologia da pesquisa. 2. Pesquisaeducacional. I. Santos, Saulo Ribeiro dos. II. Ttulo

    CDU: 001.8:37

    Copyright UemaNet

    universidadeestadualdoMaranhonCleodeteCnologiasParaeduCao- ueManetCampus Universitrio Paulo VI - So Lus - MAFone-fax: (98) 3257-1195http://www.uemanet.uema.bre-mail: [email protected]

    Proibida a reproduo desta publicao, no todo ou emparte, sem a prvia autorizao desta instituio.

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    SUMRIO

    UNIDADE 1

    PROCESSO DA PESQUISA EDUCACIONAL ............................. 11

    Fase do planejamento .......................................... 13

    Fase da execuo ................................................ 22

    Fase da redao ou comunicao ............................. 24

    UNIDADE 2

    BASES EPISTEMOLGICAS E TERICO-METODOLGICAS DA

    INVESTIGAO EDUCACIONAL ....................................... 29

    Positivismo ...................................................... 30

    Fenomenologia .................................................. 33

    Dialtica .......................................................... 36

    UNIDADE 3

    MTODOS DE PESQUISA.............................................. 41

    Mtodo qualitativo .............................................. 42

    Mtodo quantitativo ............................................. 48

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    UNIDADE 4

    PROJETO E RELATRIO DE PESQUISA ............................. 51

    Construo do projeto ...................................... 51

    Estrutura do relatrio ....................................... 58

    REFERNCIAS ........................................................... 61

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    INTRODUO

    A pesquisa um processo no qual o homem busca solues para

    suas indagaes. Atravs da pesquisa, possvel descobrir um novo

    mundo, onde o conhecimento adquirido transforma-se em cincia.

    Desta forma, possvel explicar as razes, fatos e fenmenos que

    acontecem na Terra. Pois, com a descoberta dos problemas, torna-se

    mais fcil a compreenso dos mesmos. Para aprimorar mais a cincia,

    necessrio que se faa pesquisas, pois esta a base elementar para

    um estudo mais aprofundado do tema no qual voc est investigando.

    Com a pesquisa em educao ser possvel desvendar novos

    procedimentos e meios para alcanar objetivos que traro

    oportunidades de leitura, a partir dos resultados obtidos.

    No processo de pesquisa, a investigao fundamental para que

    todos ns alfabetizados possamos aprender a ver o mundo ao nosso

    redor, e questionar o que isso signica.

    A cincia atravs da pesquisa nos faz pensar e ter uma postura

    diferenciada e tambm a reetir sobre a realidade e os

    acontecimentos tornando o pesquisador mais crtico. A metodologia

    da pesquisa mais que uma disciplina, pois esta introduz o

    pesquisador no mundo da cincia, possibilitando ao mesmo a

    compreenso e a concepo sobre o que devemos realizar e que

    atitude tomar, fundamentando-se no lgico e no racional.

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    A metodologia da pesquisa est em todas as outras disciplinas o

    que a torna necessria para a tarefa complexa que a criao do

    conhecimento. Pois, voc aprender as vantagens que os mtodos

    cientcos e de pesquisa trazem a tona, no momento em que voc

    passa a ver o mundo de forma diferente para melhor julg-lo.

    Portanto, esta apostila visa suprir a falta de publicaes em

    lngua portuguesa sobre o assunto, para atender a demanda de

    prossionais de educao que buscam bibliograa especializada.

    A ementa da disciplina visa trabalhar com o processo da pesquisa

    educacional; bases epistemolgicas e terico-metodolgicas da

    investigao educacional; mtodos de pesquisa; projeto e relatrio

    de pesquisa.

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    CONES

    Orientao para estudoAo longo desta apostila, sero encontrados alguns cones utilizados

    para facilitar a comunicao com voc.

    Saiba, abaixo, o que cada um signica.

    SAIbA MAISATIvIDADES

    GLOSSRIO

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    UNIDADE

    2ObjETIvO DESTA UNIDADE:1UNIDADE

    ObjETIvO DESTA UNIDADE:

    Conhecer o processo dapesquisa no contextoeducacional.

    PROCESSO DA PESQUISAEDUCACIONAL

    O desao fundamental de toda universidade a pesquisa, que

    se dene segundo Demo (1994b) como princpio cientco e

    educativo. Como princpio cientco, a pesquisa se apresenta

    como instrumentao terico-metodolgica para construirconhecimento. Como princpio educativo a pesquisa um

    suporte essencial da educao emancipatria que perpassa

    pelo questionamento crtico e criativo. Neste caso, educao

    e pesquisa so princpios importantes que se relacionam numa

    mtua necessidade do aprender e do fazer acadmico.

    No entender de Pdua (2000, p. 31) [...] num sentido

    amplo, a pesquisa toda atividade voltada para a soluo de

    problemas; como atividade de busca, indagao, investigao,inquietao da realidade [...].

    Mediante essa necessidade de soluo de problemas a pesquisa

    percorre um caminho chamado processo. Alguns autores

    dividem esse processo em trs a quatro momentos.

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    Luckesi et al. (1991) aponta trs momentos: 1. Decisrio

    ou identicao temtica; 2. Operacional; 3. Redacional e

    comunicativo (Quadro 1).

    MOMENTOS FUNES ATIVIDADES

    1. Decisrioou

    identicao

    temtica

    2. Opercionl

    3. Redcionle

    comnictivo

    Planejar a pesquisa

    Executar a

    pesquisa: coletar

    informaes

    e estruturar a

    redao

    Apresentar os

    resultados da

    pesquisa

    Escolha do assunto

    Seleo de um tema

    Identicao de um problema

    ou criao de uma questo

    referente ao tema denido

    Sugesto de possvel

    resposta questo-

    problema, elaborao de

    hiptese(enfoque a ser

    defendido)

    Elaborao de plano provisrio

    Seleo da bibliograa

    Leitura da documentao Disposio das chas de

    documentao em ordem

    alfabtico- temtica

    Construo orgnica e

    inteligente de ideias,

    segundo o plano provisrio,

    aperfeioando-o se for o caso

    Redao preliminar;

    Redao denitiva dos

    resultados e concluses

    Qdro 1: Pssos do processo de elboro do trblho cientcoFonte: Lckesi et l. (1991, p. 175)

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    Este processo de pesquisa de Luckesi et al. est direcionado para

    uma pesquisa puramente bibliogrca.

    Pdua (2000) indica quatro momentos marcantes, a saber: Etapa

    I- O projeto de pesquisa; Etapa II- A coleta de dados; Etapa III- Aanlise de dados; Etapa IV- A elaborao escrita.

    No dizer de Minayo (1998, p. 25-26, grifo da autora):

    [...] a pesquisa um labor artesanal, quese prescinde da criatividade, se realizafundamentalmente por uma linguagem fundadaem conceitos, proposies e tcnicas, linguagemesta que se constri com ritmo prprio e particular.A esse ritmo denominamos ciclo d pesqis, ouseja, um processo de trabalho espiral que comeacom um problema ou uma pergunta e termina

    com um produto provisrio capaz de dar origem anovas interrogaes.

    Reforando ainda, a autora destaca que o processo comea com a

    fase eploratria, trabalho de ampo, e por m, o tratamento do

    material.

    Levando-se em considerao o processo de pesquisa destacado

    pelos autores supra, procura-se apresentar trs fases do processo

    de pesquisa educacional, a saber: fase do planejamento, fase da

    eeuo e fase da redao.

    Fase do Planeamento

    Nesta fase o pesquisador ir se envolver com a escolha do tema,

    o levantamento bibliogrco, a formulao do problema, aconstruo de hipteses, a justicativa pela escolha do tema, os

    objetivos e a metodologia.

    a) Esolha do tema- com a escolha ou seleo do tema inicia-

    se o processo de planejamento. A escolha do tema dene a

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    rea de interesse a ser pesquisada. Segundo Barros e Lehfeld

    (1991, p. 26) a denio dos temas podem surgir: da

    observao do cotidiano, da vida prossional, de programas de

    pesquisa, de contato e relacionamento com especialistas, do

    feedback de pesquisas j realizadas e do estudo de literaturaespecializada. Alm desses, o pesquisador dever levar em

    considerao a atualidade e a relevncia de sua escolha, o seu

    conhecimento a respeito do assunto, a sua preferncia e a sua

    aptido pessoal para lidar com o tema escolhido. Granemann

    (2007) diz que escolher um assunto signica eliminar outros,

    tambm, interessantes. Fixar-se num, entre outros, pressupe

    hav-lo priorizado a partir de critrios que o levam a tal

    escolha. Assunto qualquer tema que se deseja esclarecer ou

    aprofundar. Inicialmente, situa-se o assunto numa das reasdo saber humano, por exemplo: Cincias Sociais, Cincias

    Aplicadas, Cincias Humanas etc. Isso no quer dizer que tal

    assunto no tenha conexes com outras reas. sempre bom

    explorar os ganchos que podem ser estabelecidos e isso ca

    a critrio do pesquisador. Seja ele terico ou prtico deve

    atender ao gosto, capacidade e formao do pesquisador.

    Tema fcil demais e sem suporte bibliogrco no vale a

    pena. Temas primeira vista fceis contm, no raro, graves

    diculdades na hora de pesquisar. s vezes, levam o pesquisadorpor labirintos sem sada. importante ter bom senso no

    momento da denio do assunto de pesquisa. Dencker (2004)

    diz que o tema deve ser do interesse do pesquisador e estar

    situado em sua rea de conhecimento. Portanto, necessrio

    que o pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar

    as fontes de consulta. A escolha do tema implica delimitar o

    assunto de pesquisa, ou seja, xar a sua extenso. Delimitar

    signica restringir. Portanto, decompor, desdobrar o assunto,

    xar o enfoque a ser dado, o contexto histrico, espao e

    tempo. Normalmente, quanto mais voc restringir o assunto,

    maior possibilidade de voc ter sucesso.

    Ex: EVASO NO 3 GRAU

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    b) Levantamento bibliogro - nesta fase o pesquisador ir

    levantar e conhecer o que j foi publicado sobre o assunto,

    procurando vericar os aspectos abordados e tambm quais

    as lacunas existentes na literatura. muito importante buscar

    esclarecimento acerca dos principais conceitos que envolvemo tema, bem como, pesquisas empricas recentes que

    abordem o assunto. Mediante o conhecimento da literatura

    o pesquisador ter maiores condies de formular o problema

    de pesquisa. Por isso, enfatiza-se que fundamental que o

    pesquisador tenha domnio do tema, para que busque em locais

    especcos o material necessrio de acordo com o tema que

    est pesquisando. Alm disso, necessrio que o pesquisador

    busque em fontes diversas como monograas, livros, artigos,

    sites, anais, teses, dissertaes, cartas, entre outros, depreferncia em sua lngua e em outras que forem necessrias.

    Destaca-se tambm a importncia de buscar fontes recentes e

    que foram publicadas h pelo menos dez anos.

    ) Formulao do problema - nesta etapa o pesquisador ir

    denir o problema procurando especic-lo em detalhes

    precisos e exatos. Deve haver clareza, conciso e objetividade.

    Deve ser preciso no envolver valores, ser possvel de medir e

    passvel de soluo. Recomenda-se que este deva ser em forma

    de pergunta ou forma interrogativa e no esquecer que suadelimitao guarda estreita relao com os meios disponveis

    para investigao.

    Como se v, na formulao do problema que deve acontecer

    a especicao/delimitao mais precisa do tema. Nele se

    esclarece a diculdade especca com a qual se defronta e o

    que se pretende resolver por intermdio da pesquisa.

    Ex: QUAIS AS cAUSAS DA EVASO NO cURSO DE PEDAGOGIA

    NA UNIVERSIDADE x NO PERODO Y?

    d) construo de hipteses - a hiptese uma resposta

    provisria ao problema formulado; deve ser testada para

    determinar sua validade. Sua funo propor explicao para

    certos fatos e ao mesmo tempo orientar para busca de novas

    informaes. O embasamento terico sempre necessrio

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    para a construo das hipteses. Marconi e Lakatos (2003,

    p.161-162) dizem que para estudos meramente exploratrios

    ou descritivos, seja dispensvel sua explicitao formal [...].

    Entretanto, a utilizao de uma hiptese necessria para que

    a pesquisa apresente resultados teis, ou seja, atinja nveisde interpretao mais alto. A elaborao ou formulao das

    hipteses de trabalho requer astcia e maturidade. Ela precisa

    ser bem formulada e signicativa, ser fundada em conhecimento

    prvio. A formulao de uma hiptese diz respeito aos elos, s

    conexes que podero ser feitas. As hipteses so elaboradas

    de forma armativa, respondendo ao problema formulado. Na

    realidade, a teoria s evolui quando se nega a hiptese.

    Ex: AS cAUSAS DA EVASO DOS ALUNOS DO cURSO DE

    PEDAGOGIA, DA UNIVERSIDADE x, NO PERODO Y, OcORREMDEVIDO AOS SEGUINTES ASPEcTOS: cONDIES EcONMIcAS

    DA FAMLIA (NEcESSIDADE DE TRABALHAR PARA AJUDAR

    A FAMLIA); PROFESSORES NO cOMPROMISSADOS cOM

    O ENSINO (FALTA DE PROFESSORES); DIFIcULDADE EM

    AcOMPANHAR AS AULAS TERIcAS; QUESTES AMOROSAS

    (cASAMENTO); INcOMPATIBILIDADE cOM HORRIO DO

    TRABALHO; NO TEM AFINIDADE cOM O cURSO.

    e) Justiativa - nesta etapa o pesquisador ir apresentar os

    motivos que o levaram a escolher aquele tema e no outro. Nela,

    apresentam os argumentos convincentes sobre: a importncia

    social, poltica, cientca, prtica etc.; sobre a oportunidade

    de realizar a pesquisa naquele rgo, escola, empresa etc. e

    tambm sobre a viabilidade de ter acesso a fontes primrias e

    secundrias. Para a elaborao da justicativa, recomenda-se

    a seguinte ordem: motivos que levaram escolha do tema;

    importncia e relevncia do tema; justicar a delimitao

    e denio clara do que vai ser abordado; apontar para a

    atualidade do tema e se ele apresenta alguma originalidade;o estgio em que se encontra a teoria respeitante do tema;

    viabilidade da execuo da pesquisa; vnculos do tema com

    um quadro terico referencial; utilidade e necessidade da

    realizao da pesquisa. Enm, a justicativa deve convencer

    a quem for ler o projeto, com relao relevncia e as

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    contribuies que iro proporcionar comunidade tanto

    acadmica quanto cientca.

    f) Objetivos- ao elaborar os objetivos o pesquisador deve manter a

    coerncia entre o tema/problema. Ou seja, signicam delimitar

    com maior clareza o que o pesquisador pretende fazer, tornando

    o problema mais explcito e mais bem apresentado. Objetivos

    bem claros ajudaro a formular a diviso, quer das partes, quer

    dos captulos ou tpicos do tema em questo. O objetivo geral

    representa aquilo que se pretende alcanar no seu sentido mais

    amplo e os especcos sero os desdobramentos do objetivo

    geral. Os enunciados dos objetivos devem comear com um

    verbo no innitivo indicando uma ao passvel de mensurao.

    Como exemplo, tem-se os verbos que podem ser usados na

    formulao dos objetivos (Quadro 2).

    cONHEcIMENTO cOMPREENSO APLIcAO ANLISE SNTESE AVALIAO

    Anunciar Abstrair Aplicar Analisar Compor Apreciar

    Apontar Compreender Aplicar Calcular Conjugar Avaliar

    Citar Concluir Demonstrar Catalogar Construir Escolher

    Classicar Converter Desenvolver Categorizar Criar Estimar

    Conhecer Deduzir Dramatizar Classicar Desenhar Hierarquizar

    Denir Demonstrar Empregar Comparar Dirigir Julgar

    Descrever Descrever Esboar Conhecer Escrever Medir

    Identicar Determinar Estruturar Contrastar Especicar Selecionar

    Inscrever Diferenciar Generalizar Criticar Esquematizar TaxarMarcar Discutir Ilustrar Debater Exigir Testar

    Nomear Explicar Interpretar Descobrir Formular Validar

    Reconhecer Expressar Inventariar Detectar Integrar Valorizar

    Recordar Extrapolar Operar Determinar Organizar Vericar

    Registrar Identicar Organizar Diferenciar Prestar Argumentar

    Relacionar Interpretar Planejar Disciplinar Produzir Contrastar

    Relatar Localizar Praticar Distinguir Propor Decidir

    Repetir Narrar Preparar Estimar Reunir

    Sublinhar Rearmar Realizar Examinar Sintetizar

    Revisar Reparar Experimentar Teorizar

    Traduzir Resolver Explorar Documentar

    Transcrever Selecionar Investigar

    Sequenciar Observar

    Traar Organizar

    Usar Provar

    Discriminar

    Separar

    Qdro 2: Tipos de verbos serem tilizdos pr formlo dos objetivos

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    g) Metodologia Nesta etapa o pesquisador ir denir onde e

    como ser realizada a pesquisa. Todo projeto de pesquisa

    precisa apresentar uma proposta metodolgica. A metodologia

    passo imprescindvel no desenvolvimento de uma pesquisa.

    Ela dene como e com que o pesquisador desenvolver oestudo, e se tem como viabiliz-lo. Nesta deve aparecer

    o local da pesquisa, o mtodo utilizado (se quantitativo ou

    qualitativo), o tipo de pesquisa, a populao (universo da

    pesquisa), a amostragem, os instrumentos da coleta de dados,

    a forma de tabulao e a anlise dos dados.

    Para a melhor compreenso a respeito dos tipos de pesquisa

    procura-se apresentar as tipologias de delineamento de pesquisa

    sem agrupamento e com agrupamento (Quadro 3 e 4).

    BRUYNE ET AL.(1977)

    cERVO EBERVIAN (1983)

    DEMO (1985)TRIVIOS(1987)

    GIL (1999)

    Estudo de caso

    Comparao

    Experimentao

    Simulao

    Pesquisabibliogrca

    PesquisadescritivaPesquisaexperimental

    Pesquisa terica

    Pesquisa

    metodolgica

    Pesquisaemprica

    Pesquisa prtica

    Estudosexploratrios

    Estudosdescritivos

    Estudosexperimentais

    Pesquisabibliogrca

    Pesquisadocumental

    Pesquisaexperimental

    Pesquisaexpost-factoLevantamento

    Estudo decampo

    Estudo de caso

    Qdro 3: Tipologis de delinemento de pesqis sem grpmentosFonte- Beren (2003, p. 78)

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 19

    ANDRADE (2002) VERGARA (1997) SANTOS (1999)

    Quanto natureza

    - trabalho cientco original- resumo de assunto

    Quanto aos ns- exploratria- descritiva- explicativa- metodolgica

    - aplicada- intervencionista

    Quanto aos objetivos- exploratrias- descritivas- explicativas

    Quanto aos objetivos- pesquisa exploratria- pesquisa descritiva- pesquisa explicativa

    Quanto aos meios- pesquisa de campo- pesquisa de laboratrio- telematizada- documental- bibliogrca- experimental- ex-post-facto- participante- pesquisa-ao- estudo de caso

    Quanto aosproedimentos deoleta- experimento- levantamento- estudo de caso- pesquisa bibliogrca- pesquisa documental- pesquisa-ao- pesquisa participante- pesquisa ex-post-facto- pesquisa quantitativa- pesquisa qualitativa

    Quanto aos proedimentos- pesquisa de campo- pesquisa de fontes de papel

    Quanto s fontes deinformao- campo- laboratrio- bibliogrca

    Quanto ao objeto

    - pesquisa bibliogrca- pesquisa de laboratrio- pesquisa de campo

    Qdro 4: Tipologis de delinementos de pesqiss com grpmentosFonte: Beren (2003, p. 79)

    Vale tambm conhecer o modelo clssico de pesquisa com

    agrupamento proposto por Silva e Menezes (2000).

    Do ponto de vista da sua natureza pode ser:

    ) Pesqis bsic:tem por nalidade gerar novos conhecimentos

    para o avano da cincia, sem aplicao prtica prevista.

    b) Pesqis plicd: tem por nalidade gerar conhecimentos

    para aplicao prtica dirigidos a problemas especcos.

    motivada pela necessidade prtica, motivada pela curiosidade

    do pesquisador.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:

    ) Pesqis qntittiv: tudo que pode ser quanticvel,

    traduzir em nmeros opinies e informaes para classic-

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    los e analis-los. Requer o uso de recursos e de tcnicas

    estatsticas (percentagem, mdia, moda, mediana, desvio

    padro, coeciente de correlao, anlise de regresso, etc.).

    b) Pesqis qlittiv:considera que h uma relao dinmicaentre o mundo real e o sujeito, isto , um vnculo indissocivel

    entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que no

    pode ser traduzido em nmeros. Ou seja, a interpretao

    dos fenmenos e a atribuio de signicados so bsicos no

    processo de pesquisa qualitativa.

    Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser:

    ) Pesqis explortri:visa proporcionar maior familiaridade

    com o problema com vistas a torn-lo explcito ou a construirhipteses.

    b) Pesqis descritiv: visa descrever as caractersticas de

    determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de

    relaes entre variveis.

    c) Pesqis explictiv:visa identicar os fatores que determinam

    ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Aprofunda o

    conhecimento da realidade porque explica a razo, o porqu

    das coisas.

    Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos, pode ser:

    ) Pesqis bibliogrc:quando elaborada a partir de material

    j publicado como livros, monograas, artigos, teses,

    dissertaes, peridicos e os que esto disponibilizados na

    internet.

    b) Pesqis docmentl:quando elaborada a partir de materiais

    que no receberam tratamento analtico como cartas, ofcios,

    certido, boletins estatsticos, relatrios, leis etc.

    c) Pesqis experimentl: quando se determina um objeto

    de estudo, seleciona-se as variveis que seriam capazes de

    inuenci-los, dene-se as formas de controle e de observao

    dos efeitos que a varivel produz no objeto.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 21

    d) Levntmento: quando a pesquisa envolve a interrogao

    direta das pessoas cujo comportamento deseja conhecer.

    e) Estdo de cso:quando envolve o estudo profundo e exaustivo

    de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seuamplo e detalhado conhecimento.

    f) Pesqis Ex-post-fcto: quando o experimento se realiza

    depois dos fatos.

    g) Pesqis o: quando concebida e realizada em estreita

    associao com uma ao ou com a resoluo de um problema

    coletivo.

    h) Pesqis prticipnte: quando se desenvolve a partir da

    interao entre pesquisadores e membros das situaes

    investigadas.

    Outro aspecto que deve a ser tambm trabalhado so as amostras

    que podem ser probabilsticas e no- probabilsticas:

    1. No- probabilstias:

    a) Amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que

    vo aparecendo;

    b) Amostras por quotas: diversos elementos constantes da

    populao/universo, na mesma proporo;

    c) Amostras intencionais: escolhidos casos para amostra que

    representam o bom julgamento da populao/universo.

    2. Probabilstias:

    a) Amostras casuais simples: cada elemento da populao tem

    oportunidade igual de ser includo na amostras;

    b) Amostras casuais estraticadas: cada estrato denido,

    previamente, estar representado na amostra;

    c) Amostras por agrupamento: reunio de amostras representativas

    de uma populao.

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    FORMAO PEDAGGICA22

    Assim a etapa do planejamento deve terminar com a elaborao do

    projeto de pesquisa, assunto que ser apresentado na unidade 4.

    Fase da execuo

    Aps a execuo do projeto, o pesquisador dar incio etapa da

    coleta de dados necessrias ao desenvolvimento da sua pesquisa,

    que tem por nalidade reunir os dados pertinentes ao problema

    a ser investigado. Nesta etapa, o pesquisador deve ter a leitura

    como companheira essencial para a redao do relatrio, pois a

    execuo do mesmo exige compreenso sobre a temtica a ser

    abordada, por isso, a busca incessante sobre o tema. Alm disso, a

    concentrao em buscar o material que melhor auxilie na pesquisa.

    Os principais recursos tcnicos utilizados nesta fase so: pesquisa

    bibliogrca, documental, pesquisa experimental (de campo ou de

    laboratrio), entrevistas, questionrios, formulrios, observao

    sistemtica e estudo de caso.

    Como se pode observar tem-se a fase de coleta de dados tericos

    e a fase de coleta de dados empricos.

    Na primeira o objetivo colocar o pesquisador em contato com o

    que j foi produzido e registrado a respeito do tema/problema. Aqui

    acontece a leitura analtica e interpretativa tendo o chamento

    como mtodo de registro para informaes selecionadas.

    Na segunda o objetivo colocar o pesquisador em contato direto

    com as pessoas, am de obter opinies, experincias, fatos, etc.

    Assim, os instrumentos de coleta de dados tradicionais so:

    observao, entrevista, questionrio e formulrio.

    1. Observao: quando se utiliza os sentidos na obteno de dados

    de determinados aspectos da realidade. A observao pode ser:

    a) Observao assistemtica: no tem planejamento e controle

    previamente elaborados;

  • 7/23/2019 Fasciculo Metodologia Da Pesquisa

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 23

    b) Observao sistemtica: tem planejamento, realizada em

    condies controladas para responder aos propsitos pr-

    estabelecidos;

    c) Observao no-participante: o pesquisador presencia o fato,mas no participa;

    d) Observao individual: realizada por um pesquisador;

    e) Observao em equipe: feita por um grupo de pessoas;

    f) Observao na vida real: registro de dados medida que

    ocorrem;

    g) Observao em laboratrio: onde tudo controlado.

    2. Entrevista: a obteno de informaes de um entrevistado,

    sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:

    a) Padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;

    b) Despadronizada ou no-estruturada: no existe rigidez de

    roteiro. Pode-se explorar mais amplamente algumas questes.

    3. Questionrio: uma srie ordenada de perguntas, que devem

    ser respondidas por escrito pelo informante. O questionrio deve

    ser objetivo, limitado em extenso e estar acompanhado deinstrues. As instrues devem esclarecer o propsito de sua

    aplicao, ressaltar a importncia da colaborao do informante

    e facilitar o preenchimento. No questionrio tem-se perguntas

    abertas e fechadas. No questionrio deve conter o objetivo da

    pesquisa, para que o entrevistado tenha noo do que ele estar

    respondendo.

    4. Formulrio: uma coleo de questes perguntadas e anotadas

    por um entrevistador numa situao face a face com outra pessoa/o

    informante.

    A elaborao das perguntas dos questionrios, formulrios e entrevistasdevem ser claras, e manter uma estreita relao com o tema/problema,objetivos e hipteses, e o mesmo procedimento deve ocorrer com oroteiro de observao.

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    FORMAO PEDAGGICA24

    Fase da redao ou comunicao

    Esta fase inclui a anlise de dados e a redao do relatrio de

    pesquisa.

    Aps a coleta de dados (bibliogrcos e documentais), julgados

    relevantes, inicia-se o processo de anlise, classicao e

    interpretao das informaes coletadas. uma parte que exige

    pacincia e criatividade, pois deve ultrapassar o nvel da simples

    compilao de dados.

    Segundo Pdua (2000, p.78, grifo nosso) essa etapa exige:

    1. Classicao e organizao das informaescoletadas;2. Estabelecimento das relaes existentes entreos dados: pontos de divergncia; pontos de convergncia; tendncias; regularidades; princpios de causalidade; possibilidades de generalizao.3. Quando necessrio tratamento estatsticos dosdados.

    Alm desses fatores Pdua (2000) recomenda: pertinncia,

    relevncia e autenticidade das informaes:

    a) Pertinncia - o pesquisador deve vericar se a informao

    registrada pertence rea pesquisada e se essencial

    pesquisa; se no houve engano quando do chamento pelo

    pesquisador;

    b) Relevncia - a questo da relevncia vai depender do

    conhecimento do pesquisador em relao a sua rea de

    especializao e de uma anlise comparativa de informaescoletadas. Neste caso, a anlise comparativa entre autores

    sobre aspectos semelhantes ou diferentes de um mesmo

    problema vai mostrar qual representa a melhor e mais

    adequada contribuio para a pesquisa.

  • 7/23/2019 Fasciculo Metodologia Da Pesquisa

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 25

    c) Autenticidade - ao longo da pesquisa pode-se encontrar

    citaes no-documentadas, quando vrios autores e obras

    so consultadas sobre determinado assunto; deve-se ento

    localizar e documentar a informao original para que se possa

    incorporar como nota crtica da pesquisa.

    Mediante essa triagem, o pesquisador deve partir para a organizao

    das informaes de forma que estas recebam uma ordenao e

    interpretao lgica.

    Direcionando-se para a anlise e interpretao dos dados

    empricos, o pesquisador deve examinar [...] os dados coletados

    submetendo-os a uma anlise crtica, observando falhas,

    distores, mal preenchimento dos textos e respostas (BARROS;

    LEHFELD,1991, p. 62-63).

    Os mesmos autores recomendam que aps esta etapa preparatria,

    a interpretao abranger os seguintes tpicos: classicao,

    codicao e tabulao das respostas e anlise estatstica dos

    dados e anlise do contedo quanticvel.

    a) Proesso de lassiao:diviso de todos os dados base do

    estabelecimento de conjunto de ategorias. Os dados obtidos

    so reunidos em classes ou grupos de acordo com os objetivos

    e interesses da pesquisa.

    b) categorizao dos dados:aqui o pesquisador deve traar a cate-

    gorizao dos dados levando em considerao as seguintes regras

    bsicas: - o conjunto de categorias deve ser derivado em um

    nico princpio de classicao; - o conjunto de categorias deve

    abranger toda e qualquer resposta obtida. Deve ser exaustivo; as

    categorias devem ser mutuamente exclusivas, isto , no deve

    ser possvel colocar determinada resposta em mais de uma cate-

    goria do conjunto. (BARROS; LEHFELD, 1991, p. 64).

    O estabelecimento de categorias deve partir dos objetivos da

    pesquisa. Pode-se dizer que nem sempre fcil estabelecer as

    categorias, porm antecip-las facilitar bastante a representao

    estatstica dos dados e sua interpretao.

    Categorias:conceitosgeris qe exprimem s

    diverss reles qepodemos estbelecerentre ideis o ftos.

    Originlmente signiccso, no sentido de

    tribir m predicdo lgo o lgm.

    aristteles, o primeiro sr o termo em sentidotcnico, ssim chmv

    ctegori do ser

    os predicdos geristribdos o mesmo,correspondendo, ento,

    s distints clsses doser, distints clsses de

    predicdos.

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    FORMAO PEDAGGICA26

    ) Proesso de odiao a codicao o processo utilizado

    para a colocao ou classicao de cada informao em

    categorias, atribuindo a estas um smbolo. (BARROS, LEHFED,

    1991, p. 65).

    1.Seo: 2. Idade:

    Masc. ( ) 1 de 18 a 20 anos ( ) 3 de 24 a 26 anos ( ) 5 mais de 29 anos ( ) 7

    Fem. ( ) 2 de 21 a 23 anos ( ) 4 de 27 a 29 anos ( ) 6

    d) Representao numria dos dados (tabulao das

    respostas) - estes so submetidos anlise estatstica com aajuda de computadores, utilizando o programa Excel, tendo

    como suporte a elaborao de ndices e clculos estatsticos,

    tabelas e grcos. O processo de anlise pode percorrer os

    seguintes estgios: anlise univariada (quando representa os

    dados a respeito de uma nica varivel, ou melhor, a anlise

    da frequncia de cada questo pesquisada), anlise bivariada

    (inclui tabulaes cruzadas e a possibilidade de calcular

    diferentes medidas de associao entre variveis); anlise

    multivariada (utilizam-se medidas que buscam explorar o

    padro de relaes entre variveis em muitos casos seria a

    agregao de variveis).

    Quanto redao do relatrio de pesquisa este deve ser

    redigido de modo apurado, ou seja, levando em considerao a

    impessoalidade, a objetividade, a clareza, a preciso, a coerncia,

    a conciso e a simplicidade. A estrutura deve ser de acordo com

    a NBR 15.287/2005 da ABNT. Os detalhes sobre esse assunto sero

    abordados na unidade 4.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 27

    1

    2

    3

    Quais so as fases do processo de pesquisa em educao?

    Que elementos fazem parte da fase do planejamento,

    da execuo e da redao?

    Existem vrias tipologias de delineamento de pesquisas

    sem agrupamentos e com agrupamentos. Para sua

    pesquisa voc escolheria sem ou com agrupamentos?

    Por qu?

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    UNIDADE

    2ObjETIvO DESTA UNIDADE:

    Identicar as diferentesconcepes tericos-metodolgicasda investigaoeducacional

    bASES EPISTEMOLGICAS ETERICO-METODOLGICASDA INvESTIGAOEDUCACIONAL

    Toda pesquisa cientca se fundamenta em uma rede de

    pressupostos epistemolgicos que denem o ponto de vista

    que o pesquisador tem sobre o mundo.

    Ao identicar o eixo epistemolgico o pesquisador ter

    maiores condies de analisar e interpretar o problema

    de pesquisa. Portanto, faz-se necessrio escolher umaperspectiva, por que atravs desta, que o pesquisador

    ir nortear a metodologia de sua pesquisa. Por outro lado

    possvel perceber ao nal do trabalho cientco a viso do

    pesquisador em relao ao homem, a sociedade e o mundo

    em geral.

  • 7/23/2019 Fasciculo Metodologia Da Pesquisa

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    FORMAO PEDAGGICA30

    Epistemologiavem de dois termos gregos: Epistme = Cincia e

    Logos = Tratado. Plato (427-348a.C.) distinguia epistme= cincia

    exata, conhecimento certo, de Dx= opinio, probabilidade [...].

    A epistemologia a disciplina losca que se ocupa com a formada cincia. Ela indaga sobre as armaes cientcas, por isto

    mesmo ela uma reexo crtica, do estilo losco, sobre tudo

    o que a cincia faz (OLIVEIRA et al., 1998, p. 195, grifo do autor).

    Efetivamente existem vrias correntes epistemolgicas, entretanto,

    destaca-se apenas trs por serem as mais indicadas para a pesquisa

    educacional: positivismo, fenomenologia e dialtica.

    Positiismo

    O positivismo tem sua origem no Iluminismo, no Enciclopedismo e

    no Empirismo ingls. O fundador dessa corrente foi Augusto Comte.

    Este defendia um nico mtodo de investigao que valesse tanto

    para pesquisas naturais quanto sociais.

    Iluminismo, Linha losca caracterizada pelo empenho

    em entender a razo como crtica e guia a todos os campos da

    experincia humana (ABBAGNANO, 2003, p.534).

    Enilopedismo, corrente do pensamento social Francs,

    representada pelos colaboradores da famosa Encyclopdie

    francesa: Voltaire, Montesquieu, Rousseau e outros.

    Empirismosignica experincia dos sentidos. Considera que oreal so fatos ou coisas observveis e que o conhecimento se reduz

    a experincia sensorial.

    O positivismo no aceita outra realidade que no seja baseada nos

    fatos, sendo a observao o mtodo mais apropriado para o fazer

    cientco.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 31

    Comte distingue a observao emprica da observao positiva:

    esta considerada cientca porque realizada com mtodo

    enquanto aquela vulgar porque no estabelece vnculos entre

    diferentes fatos observveis.

    Segundo Meksenas (2002), para se observar positivamente, faz-se

    necessrio obedecer a seguintes regras:

    a) selecionar o observado (objeto, fato, evento);

    b) fragmentar os fatos (estudar a parte separada do todo);

    c) relacionar, comparar, medir e estabelecer similaridades entre

    as partes estudadas;

    d) perceber as repeties, detectar a sua regularidade,

    movimentos idnticos e desprezar aquilo que episdico;

    e) estabelecer leis que identicam reviso de movimentos,

    regularidades e comportamentos futuros.

    Obtendo as leis a respeito do fato possvel usar essas leis para

    observar outros fenmenos. Da a mxima do positivismo: saber

    para prever, prever para poder.

    Quando o cientista consegue com suas pesquisasantecipar os movimentos dos fenmenos fsicose sociais (saber para prever) possvel domin-los, determinar as leis que os regem e, com isso,usufruir melhor o mundo em que vivemos (preverpara poder) (MEKSENAS, 2002, p. 79).

    A tendncia positivista teve como maior esforo matematizar as

    diversas cincias - biologia, fsica, qumica, sociologia, economia,

    pedagogia e outras - estas s atingem os graus de cienticidade

    quando so capazes de utilizar a linguagem da matemtica. Essa

    linguagem que permite aos cientistas serem neutros.

    Diante desse esforo de matematizar a cincia o positivismo lana

    mo do mtodo quantitativo utilizando como instrumento decoleta o questionrio fechado, as escalas, os testes, a observao

    etc.

    Atualmente, essa tendncia chamada por alguns autores de

    emprico-analtico, isso porque [...] os estudos se fundamentam

    em dados empricos processados quantitativamente, coletados e

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    FORMAO PEDAGGICA32

    trabalhados com objetividade e neutralidade, e a partir de um

    referencial terico, o pesquisador levanta hipteses e as testa

    (MARTINS, 1994, p. 2).

    Com base em Richardson (1999) e Trivios (2006) apresenta-se umexemplo de pesquisa positivista na rea da Pedagogia.

    Tema: Fracasso escolar.

    Delimitao do tema: O fracasso escolar nas escolas estaduais do

    ensino fundamental da cidade de So Lus, MA.

    Formulao do problema: Existe relao entre o fracasso escolar

    nas escolas estaduais do ensino fundamental da cidade de So Lus,

    MA e o nvel socioeconmico da famlia, escolaridade dos pais,

    lugar onde est situada a escola, centro ou periferia, sexo dos

    educandos, anos de magistrio dos professores e grau de formao

    dos mesmos?

    Elementos a serem estudados:

    Aluno

    Professor

    Famlia

    Conforme o exemplo o pesquisador ir se preocupar em estudar as

    caractersticas dos elementos fundamentais e as possveis relaes

    entre: sexo, idade dos educandos, nvel socioeconmico da

    famlia, escolaridade dos pais, local da escola, anos de magistrio

    dos professores, metodologia de ensino etc.

    Desse modo, o pesquisador ir enfatizar as relaes entre as

    variveis que devem ser objetivamente medidas, utilizando o

    apoio do mtodo estatstico para atingir essa nalidade.

    A

    P F

    No

    considerahistria

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 33

    Fenomenologia

    A tendncia fenomenolgica insere-se no idealismo loso

    e dentro deste o idealismo subjetivo. Esta tendncia aparece

    como oposio ao objetivismo da cincia buscando substituir

    as construes explicativas pela descrio do vivido, ou seja, a

    descrio do ponto de vista daquele que vive a situao concreta.

    Tem como expoente Edmund Husserl que acreditou ser a losoa

    como cincia rigorosa e que deveria estabelecer as categorias

    puras do pensamento cientco.

    Mas anal o que A fenomenologia?Trivios (2006, p. 43, grifodo autor) diz que o estdo ds essncis, e todos os problemas,

    segundo elas, tornam a denir essncias: a essncia da percepo,

    a essncia da conscincia, por exemplo.

    E fenmeno?

    Para alguns o termo fenmeno indica apenas si-nnimo para fato. Entretanto, pode-se estabe-lecer uma distino dizendo-se que fenmeno ofto, tl como percebido por lgm. Osf-tosacontecem na realidade, independentemen-te de haver ou no quem os conhea. Mas quando

    existe um observador, a percepo que este temdo fato que se chamafenmeno (RUDIO, 1983,p. 11, grifo do autor).

    Reforando mais ainda sobre o conceito de Fenomenologia, Moreira

    (2002, p. 67, grifo do autor) comenta que:

    A fenomenologia uma esola da losoa cujopropsito principal estudar os fenmenos, ouaparncias, da experincia humana. Os fenmenosestudados so aqueles vivenciados nos vrios atosda conscincia.

    Desse modo, a Fenomenologia a percepo ou atitude de abertura

    do ser humano para compreender o que se mostra.

    Vergara (2005, p. 85-86) apresenta algumas caractersticas do

    mtodo fenomenolgico a saber:

    Idealismo filosfico,reconhece o princpio

    espiritl como primeiro,e mtri como specto

    secndrio.

    Idealismo subjetivo, nic relidde

    conscinci do sjeito(TRIVIOS, 2006, p.19).

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    FORMAO PEDAGGICA34

    Permite explorar situaes, valores e prticascom base na viso de mundo dos prpriossujeitos.

    Permite descobrir conhecimentos, ao invs devericar o saber j conceituado.

    Os resultados da pesquisa no so generalizveis

    estatisticamente, uma vez que se trabalhacom amostras intencionais e experinciassingulares.

    Exige do pesquisador habilidades para interagircom o pesquisado, conduzindo a entrevistasob a forma de um dilogo, reconduzindo aexplorao de temas no decorrer da entrevistae mantendo-se atento a possveis desviosrelacionados autenticidade do relato.

    Alm dessas caractersticas Vergara (2005, p.86) apresenta

    quatorze passos sobre como utilizar o mtodo fenomenolgico. Ela

    ressalta que a ordem no rgida, podendo ser alterada conformea situao. Observe:

    Denem-se o tema e o problema de pesquisa; Procede-se a uma viso da literatura pertinente

    ao problema de investigao e escolhe(m)-sea(s) orientao (es) terica (s) que dar (o)suporte ao estudo;

    Selecionam-se os sujeitos da pesquisa; Elaboram-se questes gerais de pesquisa para

    orientar a coleta dos dados;

    Coletam-se os dados, em geral, por meio derealizao de entrevistas abertas ou semi-estruturadas, bem como de observaoparticipante;

    Transcreve-se o contedo das entrevistas,quando gravados;

    Procede-se leitura crtica dos relatos; Procede-se utilizao de clstersou grupos

    de anlise; Interpretam-se os dados da pesquisa, o que pode

    ser feito por meio de anlise interparticipante,ou seja, agregando interpretao dopesquisador palavras dos prprios sujeitos;

    Elaboram-se proposies relativas pesquisa,

    ou seja, enunciados que permitem acompreenso do fenmeno estudado;

    Resgata-se o problema que suscitou ainvestigao;

    Confrontam-se os resultados obtidos com a(s)teoria(s) que deu(ram) suporte investigao;

    Formula-se a concluso; Elabora-se o relatrio de pesquisa.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 35

    Assim, nas pesquisas fenomenolgicas o mtodo e os instrumentos

    de coleta de dados so: observao participante, entrevistas,

    histria de vida, relatos autobiogrcos (escrita ou oral),

    depoimentos, vivncias, narraes e anlise do discurso.

    O mtodo fenomenolgico no se limita descrio passiva dosfenmenos, tambm simultaneamente tarefa de interpretao,

    ou melhor, tarefa de hermenutica. Em nvel terico, muitos

    pesquisadores tm recorrido abordagem hermenutica. Portanto,

    a apropriao do conhecimento d-se por meio do crculo:

    compreenso interpretao - nova compreenso, o que revela

    uma abordagem inacabada.

    Para melhor entendimento sobre o exposto apresenta-se um

    exemplo de pesquisa fenomenolgica na rea da Pedagogia.

    Tema: Fracasso Escolar

    Delimitao do tema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de

    ensino fundamental da cidade de So Lus, MA.

    Formulao do problema: Quais so as causas, segundo a percepo

    dos alunos repetentes, dos pais e dos professores, do fracasso

    escolar e o signicado que este tem para a vida dos estudantes que

    fracassaram, segundo estes mesmos, os pais e os educadores das

    escolas estaduais do ensino fundamental da cidade de So Lus, MA?

    Elementos a serem estudados:

    AlunosProfessoresFamlia

    A P Perepo, Eperinia, Subjetividade. F

    A

    P F

    Noconsidera

    histria

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    FORMAO PEDAGGICA36

    Dialtica

    Realizar uma pesquisa que segue uma tendncia dialtica nem

    sempre fcil pois existe uma variedade de vertentes que podem

    confundir o pesquisador principiante. Como diz Demo (1994a,

    p.85) Ademais no existe somente uma dialtica, por exemplo, a

    marxista. Se assim fosse j no seria dialtica.

    A dialtica tem uma histria antiga que passou por diferentes

    etapas de desenvolvimento. Buscando-se apoio em Richardson

    (1999) e Trivios (2006) as fases so:

    1 FASE:Dialtica espontnea da antiga Grcia, representada porPlato, Aristteles e Herlito. Os dois primeiros entendiam como

    a arte da discusso (perguntas e respostas) e como uma tcnica

    capaz de servir para classicar os conceitos e dividir os objetos em

    gneros e espcies. Estes ressaltavam o aspecto contraditrio

    do ser que, ao mesmo tempo que se transforma em outro,

    nico e mltiplo, imutvel e passageiro. J Herclito defendia a

    dialtica da mutabilidade do mundo e da transformao de toda

    propriedade em seu contrrio.

    2 FASE: A dialtica idealista dos lsofos alemes (sculo XVIIIe XIX) Hegel se destacou por ser o criador da doutrina dialtica.

    Ele considerava o desenvolvimento do mundo como resultado

    de interao de foras opostas. Esse desenvolvimento estava

    diretamente relacionado ao desenvolvimento de um Esprito

    absoluto. Hegel defende [...] se concebe todo o mundo da

    natureza da histria e do esprito como um processo, isto , em

    constante movimento, mudana, transformao e desenvolvimento

    [...]. (HEGEL apud TRIVIOS, 2006, p.53).

    3 FASE: Dialtica materialista (sculo XIX e XX) cujos

    representantes foram K. Marx, F. Engels e V. Lenin. Marx ressurgiu

    o mtodo dialtico para anlise da realidade, buscou apoio em

    Hegel diferenciando o materialismo do idealismo e aplicou ao

    capital. Dessa forma, a dialtica se apresenta como cincia das

    leis gerais do movimento exterior e da conscincia humana.

    Herclitodizi qeo mndo est em

    provimento grs mprincpio innito, imortle vivo qe o fogo. Nntrez, temos mmovimento eterno: o fogovive com morte d terr,o r vive com morte do

    fogo, g vive com morte do r, terr vivecom morte d g.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 37

    Vale ressaltar que o marxismo compreende trs aspectos principais:

    o materialismo dialtico, o materialismo histrico, e a economia

    poltica.

    Alm da dialtica marxista existe a dialtica histrica estruturalque segundo Demo (1994a) no marxista, mas compartilha com

    muitos componentes do marxismo.

    A abordagem crtico-dialtica tem como referencial terico o

    materialismo histrico apoiando-se na concepo dinmica da

    realidade e das relaes dialticas entre sujeito e objeto, entre

    conhecimento e ao, entre teoria e prtica (MARTINS, 1994, p.3).

    Atualmente a abordagem crtico-dialtico vem ganhando espao

    porque privilegiam as experincias, prticas, processos/histricos,discusses loscas ou anlises contextualizadas. Suas propostas

    so marcadamente crticas e pretendem desvendar mais o conito

    das interpretaes, o conito de interesses. Buscam inter-relao

    do todo com as partes e vice-versa, da tese com a anttese, dos

    elementos da estrutura econmica com os da super-estrutura social,

    poltica jurdica e intelectual. (MARTINS, 1994, p. 3).

    Nas pesquisas crtico-dialtica o mtodo adotado o crtico reexivo

    e os instrumentos so: entrevista em profundidade, observao

    participante, histria de vida, anlise de contedo. Usa-se tambmestudo de caso, pesquisa-avaliao, pesquisa participante, pesquisa-

    ao, pesquisa histrica e pesquisa naturalstica. Assim, essa

    abordagem se encontra mais adequada para a rea da educao,

    haja vista sua postura ser marcadamente crtica.

    Como referncia ao que foi exposto apresenta-se um exemplo do

    enfoque crtico-dialtico.

    Tema: Fracasso escolar.

    Delimitao: O fracasso escolar nas escolas estaduais de ensino

    fundamental da cidade de So Lus, MA.

    Formulao do problema: Quais so os aspectos do desenvolvimento

    do fracasso escolar a nvel local, regional, nacional e suas relaes

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    FORMAO PEDAGGICA38

    com o processo de educao e da comunidade nacional e como

    se apresentam as contradies, primordialmente em relao ao

    currculo, formao e desempenho prossional dos professores e

    a situao de lugar da escola, centro ou periferia, dos alunos que

    fracassaram, e especicamente nas escolas estaduais do ensinofundamental da cidade de So Lus, MA?

    Elementos

    AlunosProfessoresFamlia

    Nesta tendncia verica-se que h historicidade do fenmeno.

    Suas relaes a nvel mais amplo situam o problema dentro de

    um contexto complexo ao mesmo tempo que, dinamicamente e

    de forma especca, estabelece contradies possveis de existir

    entre os fenmenos que caracterizam particularmente o tpico.

    Para melhor compreenso sobre o exposto, apresenta-se no Quadro

    5 uma sntese sobre os parmetros tericos metodolgicos.

    Considera

    histriaF

    P A

    PARMETROS TERIcOS METODOLGIcOS

    cARAcTERSTIcA POSITIVISMO FENOMENOLOGIA DIALTIcA

    REPRESENTANTE Augusto Comte Edmund Russerl Karl Marx

    OBJETO DEESTUDO

    Dados/ Fatoseducacionais

    Fenmenoseducacionais

    Realidade combase na prxiseducativa

    Relevncia aosaspectos tericos eprticos

    OBJETIVO DA

    PESQUISA

    Expressar os fatose fenmenos

    educacionais porinstrumentospadronizados

    Interpretaros sentidos esignicaes

    dos fenmenoseducacionais comotransferidos pelossujeitos em estudo

    Realizar pesquisasempre aberta,inacabada,questionadora econtestadora, que

    exige o reexameda teoria e acrtica da prticavisando mudananatural, poltica,econmica e social

    VISO DE MUNDOOrdem do universoLeis naturais

    Essncia dosfenmenos

    Matria emmovimento Uniodos contrrios

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 39

    VISO DAREALIDADE

    Empirista

    A- histrica

    Subjetiva

    A- histrica

    Objetiva

    Histrica

    MTODOIndutivo- DedutivoQuantitativo

    FenomenolgicoQualitativo

    Dialtico (crtico-reexivo)Quantitativo/qualitativo

    TcNIcA

    ObservaosistemticaQuestionriosfechadosTeste de medidaEscalas de atitudese de opinies

    Entrevistas/vivnciasDepoimentos

    Histria de vida

    Anlise do discurso

    Fontes histricas

    Observao

    Entrevistas

    Questionrios

    cRITRIO DEVALIDADE

    Princpio davericao

    IntersubjetividadeCritrio da prtica(prxis)

    Qdro 5: Prmetros tericos metodolgicosFonte: Richrdson (1999) e Silv (2001), dptdo pelos orgnizdores

    Destaque as caractersticas do positivismo.

    Estabelea a diferena entre fato e fenmeno.

    Que propostas so recomendadas para a abordagem

    crtico-dialtica?

    1

    2

    3

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    UNIDADE

    ObjETIvO DESTA UNIDADE:

    Diferenciar os mtodosde pesquisa cientca.MTODOS DE PESQUISA

    3De acordo com Denzin e Lincoln (1998), a pesquisa contempornea

    em Cincias Sociais se estabelece sobre o ceticismo em relao

    s teorias universais e aos mtodos gerais. Sendo assim, a

    pesquisa nas cincias sociais tem sido marcada por diversosestudos que apreciam a aplicao de mtodos quantitativos na

    descrio e explicao dos fenmenos de seu interesse, ou seja,

    vem sendo fortemente marcada pelo pensamento positivista.

    Desta forma, ela passa a ser concebida como um modo de

    gerao de conhecimento objetivo, controlada por regras

    precisas de ao, garantindo a neutralidade do pesquisador

    em relao ao pesquisado, sendo o rigor nos procedimentos

    atribudo meramente natureza exata de testes.

    De acordo com Trujillo (2001) o objetivo fundamental dapesquisa tentar conhecer e explicar os fenmenos que

    ocorrem no mundo existencial, procurando descobrir como

    eles operam, qual a sua funo e estrutura, por que e como se

    manifestam e at que ponto podem ser controlados. De forma

    semelhante, Selltiz et al. (1999) armam que um dos propsitos

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    FORMAO PEDAGGICA42

    da pesquisa proporcionar maior familiaridade em relao a

    determinado fenmeno, visando, inclusive, ao desenvolvimento

    de hipteses ou formulao de um problema mais preciso.

    Mtodo qualitatio

    As pesquisas de natureza qualitativa surgem menos como opositoras

    s pesquisas empricas que como uma outra possibilidade de

    investigao. Nas abordagens qualitativas, o termo pesquisa ganha

    novo signicado, passando a ser concebido como uma trajetria

    circular em torno do que se deseja compreender, no se preocupando

    unicamente com princpios, leis e generalizaes, mas voltando o

    olhar qualidade, aos elementos que sejam signicativos para

    o observador-investigador. Essa compreenso, por sua vez,

    no est ligada estritamente ao racional, mas tida como uma

    capacidade prpria do homem, imerso num contexto que constri

    e do qual parte ativa. O homem compreende porque interroga

    as coisas com as quais convive. Assim, no existir neutralidade do

    pesquisador em relao pesquisa, pois ele atribui signicados,

    seleciona o que do mundo quer conhecer, interage com o conhecido

    e se dispe a comunic-lo. Tambm no haver concluses, masuma construo de resultados, posto que compreenses, no

    sendo encarcerveis, nunca sero denitivas.

    Por sua vez, Hancock (2002, p.2) arma que:

    [...] a pesquisa qualitativa est relacionada a acharas respostas a perguntas com as quais comeam:por qu? como? de que modo? Por outro lado, apesquisa quantitativa est mais preocupada comperguntas aproximadamente: quanto? quando?

    com que frequncia? at que ponto?.

    A investigao qualitativa uma forma de estudo da sociedade

    que se centra na forma como as pessoas interpretam e do

    sentido s suas experincias e ao mundo em que elas vivem.

    Existem diferentes abordagens que so consideradas no mbito

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 43

    deste tipo de investigao, mas a maioria tem o mesmo objetivo:

    compreender a realidade social das pessoas, grupos e culturas.

    Os investigadores usam as abordagens qualitativas para explorar

    o comportamento, as perspectivas e as experincias das pessoas

    que eles estudam. A base da investigao qualitativa reside naabordagem interpretativa da realidade social (HOLLOWAY,1999).

    Segundo Malhotra (2006, p.156), a pesquisa qualitativa

    uma metodologia de pesquisa no-estruturada e exploratria

    baseada em pequenas amostras que proporciona percepes e

    compreenso do contexto do problema. Denzin e Lincoln (2006,

    p.16) acrescentam que:

    [...] a pesquisa qualitativa , em si mesma, um

    campo de investigao. Ela atravessa disciplinas,campos e temas. Em torno do termo pesquisaqualitativa, encontra-se uma famlia interligadae complexa de termos, conceitos e suposies.Entre eles, esto as tradies associadas aofundacionalismo, ao positivismo, ao ps-fundacionalismo, ao ps-positivismo, ao ps-estruturalismo e s diversas perspectivas e/oumtodos de pesquisa qualitativa relacionados aosestudos culturais e interpretativos.

    Segundo Rodrigues Filho (2006), a abordagem qualitativa possui

    como nfases: perspectivas dos participantes e suas diversidades;reexividade do pesquisador e variedade de abordagens e mtodos.

    Como bem salienta Glazier e Powell (1992), esse tipo de pesqui-

    sa no um conjunto de procedimentos que dependem forte-

    mente de anlise estatstica para suas inferncias ou de outros

    mtodos quantitativos para a coleta de dados. De acordo com

    Godoy (1995, p.58):

    [...] a pesquisa qualitativa parte de questes ou

    focos de interesses amplos, que vo se denindo medida que o estudo se desenvolve. Geralmenteimplica a obteno de dados descritivos sobrepessoas, lugares e processos interativos mediantecontato direto do pesquisador com a situaoestudada. Com isso, busca-se a compreenso dosfenmenos segundo a perspectiva dos sujeitos queparticipam da situao em estudo.

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    FORMAO PEDAGGICA44

    Como se observa, a pesquisa qualitativa fundamenta-se na

    ideia de que um fenmeno pode ser melhor compreendido

    quando examinado no contexto em que ocorre e do qual faz

    parte. Para apreci-lo de forma integrada, o pesquisador deve

    mergulhar na realidade, procurando interpret-la a partir da

    perspectiva das pessoas nela envolvidas. A opo por essa

    modalidade de investigao deriva do tipo de problema a ser

    examinado e dos objetivos que se pretende alcanar. Entre

    as circunstncias que geralmente ensejam o uso de mtodos

    qualitativos destacam-se: quando se lida com problemas

    pouco explorados; quando o estudo de carter descritivo e

    o que se busca a compreenso do fenmeno em toda a sua

    complexidade; e ainda quando se faz necessrio compreender

    aspectos psicolgicos, fatos do passado, caractersticas de

    grupos dos quais se dispe pouca informao, estruturas

    sociais, atitudes individuais, motivaes, expectativas,

    valores, opinies etc.

    Reis (1994, p. 11) sintetiza estas situaes, explicando que do

    ponto de vista terico a opo pelo mtodo qualitativo se justica

    quando:

    a) o pesquisador dispe de pouca informao arespeito do assunto a ser pesquisado, tornando-se necessrio explorar o conhecimento que aspessoas tm em funo de sua experincia ou atmesmo do senso comum;b) quando o fenmeno especco a ser estudado spode ser captado atravs da observao ou quandoo objeto da investigao o funcionamento deuma estrutura social que exige conhecimento deum processo etc.c) quando procuramos explorar aspectospsicolgicos cujos dados no podem ser coletados

    adequadamente atravs de outra metodologia,em funo de sua complexidade.

    Cabe considerar, entretanto, que o mtodo qualitativo sedene como tal no apenas por seu objeto de estudo ou porsua nalidade, mas principalmente pela forma como esseobjeto estudado.

  • 7/23/2019 Fasciculo Metodologia Da Pesquisa

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 45

    Dentre os elementos mais citados na literatura corrente para

    tipicar a pesquisa qualitativa, Trivios (2006) destaca:

    a) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta

    de dados e o pesquisador como seu principal instrumento: issosignica que a investigao de natureza qualitativa exige o

    contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente

    e a situao que est sendo analisada. Argumenta-se que o

    pesquisador realmente deve se manter em contato estreito

    e direto com a situao onde os fenmenos se manifestam

    naturalmente porque estes so muito inuenciados pelo seu

    contexto. Parte-se do pressuposto de que as circunstncias

    particulares em que cada fenmeno ocorre so essenciais

    sua compreenso. As pessoas, os gestos, a cultura, as palavras

    estudadas e outros elementos igualmente relevantes devem ser

    considerados frente ao contexto de que fazem parte. Por isso,

    geralmente arma-se que o pesquisador deve se comportar

    como o instrumento mais convel de observao, seleo,

    anlise e interpretao dos dados coletados.

    b) a pesquisa qualitativa descritiva: nesse tipo de pesquisa, os

    dados coletados so ricos em descrio de pessoas, situaes,

    fatos histricos, comportamentos, atitudes etc. O material

    coletado normalmente inclui transcries de entrevistase depoimentos, fotograas, desenhos e extratos de vrios

    tipos de documentos. Quando a investigao se baseia na

    fenomenologia, ela assume carter essencialmente descritivo.

    (TRIVIOS, 2006, p.128). O autor explica que como as

    descries dos fenmenos esto impregnadas dos signicados

    que o ambiente lhes atribui, e como elas so produto de uma

    viso subjetiva, evita-se qualquer expresso quantitativa,

    numrica, ou seja, todo tipo de mensurao. Isto signica que

    a interpretao dos resultados deve se basear na percepo deum fenmeno inserido em determinado contexto.

    c) a preocupao com o processo muito maior do que com o

    produto: comentando essa caracterstica, Ludke e Andr (2001,

    p.12) dizem que o interesse do pesquisador ao investigar um

    determinado problema principalmente o de vericar como

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    FORMAO PEDAGGICA46

    ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas

    interaes cotidianas.

    d) o signicado a preocupao essencial na abordagem

    qualitativa: na pesquisa qualitativa, o signicado que osindivduos atribuem s coisas e sua prpria vida foco de

    ateno especial do pesquisador. Busca-se compreender os

    fenmenos que esto sendo estudados a partir da perspectiva

    dos participantes. Assim, a maneira como os indivduos

    encaram as questes que esto sendo focalizadas assume

    grande importncia na anlise qualitativa.

    e) a anlise dos dados tende a seguir um processo indutivo: em

    estudos de cunho qualitativo, o pesquisador no parte de

    hipteses estabelecidas a priori, ou seja, no se preocupaem buscar evidncias que comprovem ou neguem suposies

    iniciais. Pelo contrrio, tudo comea com questes ou focos

    de interesse amplos, que vo se tornando mais diretos e

    especcos no transcorrer da investigao.

    Na pesquisa qualitativa, principalmente, a interpretao dos

    fenmenos no um ato autnomo, isolado. Pelo contrrio,

    trata-se de uma atividade complexa que consiste na leitura de

    acontecimentos situados numa dimenso espao-temporal. Assim,

    o pesquisador de orientao qualitativa interpreta com o auxlio

    dos outros (sujeitos pesquisados, escritores, pessoas com as quais

    convive, referncias culturais, polticas etc.) e os signicados vo

    sendo construdos por meio das interaes dirias. Como destacam

    alguns autores, o olhar qualitativo tpico de investigadores cujas

    estratgias de pesquisa privilegiam a compreenso do sentido

    dos fenmenos sociais para alm de sua explicao em termos de

    causa e efeito.

    Do exposto, verica-se que os estudos qualitativos se caracterizambasicamente pelos seguintes aspectos: so realizados numa

    situao natural; so ricos em dados descritivos, obtidos em contato

    direto do pesquisador com a situao estudada; enfatizam mais o

    processo do que o produto; preocupam-se em retratar a perspectiva

    dos participantes; tm um plano aberto e exvel e focalizam

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 47

    a realidade de forma complexa e contextualizada. Alm disso,

    quanto aos objetivos vimos que eles procuram, principalmente:

    descrever a complexidade de um problema, atravs de dados

    profundos e reais; analisar um processo de interao entre certas

    variveis; compreender processos dinmicos, visando a classic-los; e compreender particularidades do comportamento dos

    indivduos e poder analis-las.

    Malhotra (2006) aponta vrias razes para usar a pesquisa

    qualitativa. No seu entender, nem sempre possvel, ou

    conveniente, utilizar mtodos plenamente estruturados ou formais

    para obter informaes dos respondentes. Determinados valores,

    emoes e motivaes que se situam no nvel subconsciente

    so encobertos ao mundo exterior pela racionalizao e outros

    mecanismos de defesa do ego. Em tais casos, a melhor maneira de

    obter a informao desejada mediante a pesquisa qualitativa.

    Esses procedimentos so classicados, segundo o autor, como

    diretos ou indiretos, dependendo da condio dos entrevistados

    conhecerem ou no o verdadeiro objetivo da pesquisa. Uma

    abordagem direta no encoberta. O objetivo da pesquisa

    revelado aos respondentes, ou ento ca evidente pelas prprias

    questes formuladas.

    Dentre as tcnicas mais utilizadas em pesquisas qualitativas, pode-se destacar a entrevist individl e a observo prticipnte

    em grpos. Pode-se considerar que os grupos focais, como uma

    entrevist em grpo, combina elementos dessas duas abordagens.

    Segundo Oliveira e Freitas (1998), os grupos focais possuem

    destaque na abordagem qualitativa porque propiciam riqueza e

    exibilidade na coleta de dados, normalmente no disponveis

    quando se aplica um instrumento individualmente, alm do ganho

    em espontaneidade pela interao entre os participantes. Por

    outro lado, exige maior preparao do local, assim como resulta

    em menor quantidade de dados (por pessoa) do que se fosse

    utilizada a entrevista individual.

    Para Denzin e Lincoln (1998), a investigao qualitativa se assemelha

    a uma bricolage, atravs da qual o pesquisador (bricoler) lana

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    FORMAO PEDAGGICA48

    mo de mltiplas estratgias e mtodos, bem como de materiais

    empricos diversos, para produzir uma resposta adequada a um

    problema concreto.

    A Figura 1 apresenta as principais etapas do mtodo qualitativo.

    Figr 1: Modelo do processo de pesqis no linerFonte: Sntos (2005)

    Mtodo quantitatio

    O mtodo quantitativo possui tradio nas Cincias Naturaise baseia-se numa viso positivista, sendo que o seu objetivo

    vericar a partir de medio numrica.

    Precisamos considerar dois aspectos, como ponto de partida:

    primeiro, que os nmeros, frequncias e medidas tm algumas

    propriedades que delimitam as operaes que se podem fazer

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 49

    com eles, e que deixam claro seu alcance; segundo, que as boas

    anlises dependem de boas perguntas que o pesquisador venha a

    fazer, ou seja, da qualidade terica e da perspectiva epistmica

    na abordagem do problema, as quais guiam as anlises e as

    interpretaes.

    O mtodo quantitativo vem da tradio das cincias naturais,

    onde as variveis observadas so poucas, objetivas e medidas

    em escalas numricas. Filosocamente, a pesquisa quantitativa

    baseia-se numa viso dita positivista onde:

    1. As variveis a serem observadas so consideradasobjetivas, isto , diferentes observadores obteroos mesmos resultados em observaes distintas;2. No h desacordo do que melhor e o que

    pior para os valores dessas variveis objetivas;3. Medies numricas so consideradas maisricas que descries verbais, pois elas se adequam manipulao estatstica (WAINER, 2009, p. 6).

    No emprego dos mtodos quantitativos precisa-se considerar

    dois aspectos, como ponto de partida: primeiro, que os nmeros,

    frequncias e medidas tm algumas propriedades que delimitam

    as operaes que se podem fazer com eles, e que deixam claro

    seu alcance; segundo, que as boas anlises dependem de boas

    perguntas que o pesquisador venha a fazer, ou seja, da qualidadeterica e da perspectiva epistmica na abordagem do problema.

    Nesse tipo de abordagem, os pesquisadores buscam exprimir as

    relaes de dependncia funcional entre variveis para tratarem

    do como dos fenmenos. Eles procuram identicar os elementos

    constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura

    e a evoluo das relaes entre os elementos. Seus dados so

    mtricos (medidas, comparao/padro/metro) e as abordagens

    so experimental, hipottico-dedutiva, vericatria. Eles tm

    como base as metateorias formalizantes e descritivas.

    Como concluso sobre o exposto apresenta-se no Quadro 6 as

    diferenas entre pesquisa qualitativa e quantitativa.

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    FORMAO PEDAGGICA50

    PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA

    Subjetivo Objetivo

    Soft Science Hard Science

    Desenvolve a Teoria Testa a Teoria

    Descoberta, descrio, compreenso,

    interpretao partilhada Reduo, controle, precisoOrganicista: o todo mais do que as

    partesMecanicista: partes so iguais ao todo

    Possibilita narrativasricas,interpretaes individuais

    Possibilita anlise estatsticas

    Os elementos bsicos da anlise sopalavras e ideias

    Os elementos bsicos da anlise so osnmeros

    O pesquisador participa do processoO pesquisador mantm distncia do

    processo

    Depende do contexto Independente do contexto

    Gera ideias e questes para pesquisa Teste de hiptese

    O raciocnio dialtico e indutivo O raciocnio logico e dedutivo

    Descreve os signicados, descobertas Estabelece relaes, causasBusca particularidades Busca generalizaes

    Preocupa-se com a qualidade dasinformaes e respostas

    Preocupa-se com as quantidades

    Utiliza a comunicao e observao Utiliza instrumentos especcos

    Qdro 6 : Comprtivo entre pesqis qlittiv e qntittiv

    Estabelea a diferena entre mtodo qualitativo e

    quantitativo.

    Quando se justica o mtodo qualitativo?

    Qual a contribuio do positivismo para a pesquisa

    quantitativa?

    1

    2

    3

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    UNIDADE

    ObjETIvO DESTA UNIDADE:

    Reconhecer oselementos constitutivosde um projeto e de umrelatrio de pesquisa.

    PROjETO E RELATRIODE PESQUISA

    4Toda pesquisa exige um projeto que deve ser elaborado e

    sistematizado de acordo com as recomendaes tcnicas da

    metodologia cientca. O projeto ir direcionar o pesquisador

    quanto a execuo de sua pesquisa. Aps a execuo do

    projeto, o pesquisador dever comunicar seus resultados

    atravs de um relatrio, ou de um artigo, ou de um trabalho de

    concluso de curso. Assim, o projeto e o relatrio de pesquisa

    aqui apresentados tm respaldado na norma da ABNT.

    Construo do proeto

    O projeto de pesquisa considerado uma carta de intenes.

    Nele se apresenta as etapas mais importantes de uma pesquisa

    cientca.

    A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) define

    projeto de pesquisa como aquele que compreende uma

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    FORMAO PEDAGGICA52

    das fases da pesquisa. a descrio da sua estrutura. (ABNT,

    2005, p. 2).

    Antes de iniciar a elaborao do projeto, o pesquisador deve ter

    em mente o problema da pesquisa. Um estudo exploratrio deveser efetivado, procurando detectar os elementos que evidenciam

    o surgimento do problema. Assim, o estudo exploratrio dar

    subsdios necessrio para a formulao da delimitao do problema.

    De certa forma o projeto de pesquisa se prope a responder as

    seguintes questes:

    a) O qu? (tema, problema, hiptese);

    b) Por qu? (justicativa pela escolha do tema);

    c) Para qu? (objetivo);

    d) Como? (metodologia);

    e) Quando? (cronograma);

    f) Quanto? (oramento);

    g) Quem? (pesquisadores).

    Estrutura

    Conforme a NBR 15287/2005 da ABNT, a estrutura de um projeto

    de pesquisa compreende elementos pr-textuais, textuais e ps-

    textuais.

    a) Elementos pr-tetuais:

    - Capa (opcional):

    Nome d entidde e sbordino;

    Nome(s) do(s) tor(es);

    Ttlo e sbttlo (se hover);

    Locl (cidde);

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 4 53

    ano de depsito (entreg).

    - Folh de rosto (obrigtrio):

    Nome(s) do(s) tor(es);

    Ttlo e sbttlo (se hover);

    Tipo de projeto de pesqis e nome d entidde qe deve

    ser sbmetido;

    Locl (cidde);

    ano de depsito (entreg).

    Vale ressaltar que o ttulo do projeto deve reunir as seguintes

    qualidades: simples, sugestivo e informativo.

    Simples- a simplicidade decorre do tamanho do ttulo - sempre quepossvel curto (no mximo 15 palavras); deve-se dar preferncia

    ao emprego de palavras correntes (mais conhecidas) procurando

    vincular ao tema ou problema.

    Sugestivo- mesmo simples o ttulo deve chamar a ateno, para

    motivar e atrair o leitor leigo ou tcnico sobre o contedo do

    documento.

    Informativo- quando deixa claro a que campo do conhecimento

    pertence a pesquisa e qual o objetivo principal que se pretendealcanar.

    H vrios lugares comuns que, mesmo no tendo o seu uso proibido,

    devem ser evitados tais como: Estudos sobre...Consideraes...

    Observaes gerais... Contribuio para... e outros similares.

    No se recomendam ttulos-frases e ttulos-perguntas. O ttulo

    tambm no deve ter frmulas ou smbolos de qualquer espcie.

    Os ttulos longos devem ser divididos em ttulo e subttulo,

    separados por dois pontos, sendo que a primeira parte contm

    sempre a ideia principal.

    E: EDUcAO AMBIENTAL PARA AS EScOLAS DO ENSINO

    FUNDAMENTAL: uma proposta urriular.

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    FORMAO PEDAGGICA54

    - Sumrio (obrigatrio): elaborado conforme ABNT NBR 6027/2003

    b) Elementos tetuais:

    1 INTRODUO

    Nesta parte deve aparecer o tema, a problemtica, o problema,a(s) hiptese(s) quando couberem, e a justicativa. Estes so

    apresentados em texto corrido.

    1. Tema do projeto (no confundir temtica com tema), ex:

    Educao (temtica, sentido amplo); Educao ambiental

    (tema, sentido restrito).

    2. Situao problema ou problemtica inclui dados e/ou

    informaes que dimensionam o estgio atual do fenmeno.

    No dizer de Laville e Dionne (1999, p. 98) problemtica oquadro no qual se situa o problema e no o prprio problema.

    Assim, antes do problema o pesquisador deve contextualizar

    ou melhor situar o quadro no qual se situa a percepo de um

    problema.

    3. Problema este deve ser em forma de pergunta. Tem como

    base os pronomes interrogativos ou termos que implicam

    interrogao. Ex: Qual ?, Qual a relao?, Quais so?, Quem

    /so?, Por que?, Onde?, Como?, possvel?, At que ponto?,De que forma?, e outros.

    Eemplo: At que ponto as ompetnias interpessoais,

    motivaionais e inteletuais esto sendo desenvolvidas

    pelos professores no ensino mdio das esolas estaduais de

    So Lus, MA?

    4. Hiptese - a hiptese uma resposta ao problema que por sua

    vez envolve uma possvel verdade, um resultado provvel.

    uma verdade intuda com o apoio de uma teoria. Em geralas hipteses se enquadram mais aos estudos experimentais.

    Nos estudos exploratrios e descritivos, no h necessidade

    de apresentar as hipteses. (ANDRADE, 1994, p.115). Neste

    caso, os estudos so direcionados pelos objetivos especcos

    ou questes norteadoras.

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 4 55

    5. Justicativa - possvel justicar um projeto atravs de suaimportncia (social, poltica, prtica etc.). Sua oportunidade(se apropriado para aquele momento); e sua viabilidade(vivel em termos de custos e acesso as informaes. Essasdimenses muitas vezes aparecem interligadas fazendo-setambm acompanhar das contribuies tericas e prticas quea pesquisa proporcionar. Segundo Richardson et al. (1999,p.57) Em geral, a justicativa [introduo] deveria ter, nomximo, duas pginas [folhas] e no inclui citaes (a revisodo conhecimento acumulado forma parte da denio doproblema). Neste caso, a justicativa pessoal.

    2 OBJETIVOS

    Dene-se como algo que se pretende alcanar. Estes devem

    manter uma estreita relao com o problema levantado. Sodivididos em geral e especcos.

    O geral destaca o propsito principal da pesquisa. Os especcosreferem-se as etapas que devem ser cumpridas para atingir oobjetivo geral. Estes devem iniciar com verbo no innitivo, eexpressar apenas uma ideia, ou seja, incluir apenas um sujeitoe um complemento.

    Eemplo: caraterizar a onepo teria de Paulo Freire.

    3 FUNDAMENTAO TERICA

    denominada tambm de referencial terico ou reviso deliteratura. Neste item devem ser destacados os conceitostericos de diferentes autores sobre o problema estudado,procurando comparar e contrastar as perspectivas dos autorese concluir denindo e justicando o conceito que serutilizado. Assim, a reviso de literatura estabelece um dilogoentre teoria e o problema a ser investigado.

    Recomendaes relevantes:

    a) O texto deve ter comeo, meio e m;

    b) Ter um texto introdutrio explicando o objetivo dafundamentao terica;

    c) Fundamentao terica-no colagem de citao bibliogrca,ento: faa uma abertura e o fecho para os tpicos tratados,

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    FORMAO PEDAGGICA56

    preencha as lacunas com consideraes prprias, crie elosentre citaes; consulte as normas de citaes ABNT- NBR10520/02.

    4 METODOLOGIA

    Na metodologia deve aparecer a base epistemolgica que darsustentao pesquisa. De acordo com o tema/problema opesquisador dever escolher a perspectiva que dar sustentao sua pesquisa seja ela positivista, fenomenolgica ou crtico-dialtica.

    Em seguida indicar o mtodo de abordagem se quantitativoou qualitativo ou os dois. Apresentar o tipo de pesquisaquanto aos objetivos (exploratria, descritiva e explicativa) equanto aos procedimentos (bibliogrca documental, estudo

    de caso, participante, pesquisa ao etc.). Estes devem serconceituados e justicados luz da investigao especca.

    Se a pesquisa for de campo, especicar o universo (produtos,pessoas, escolas); a amostragem (tipo da amostra e adeterminao do seu tamanho). Especicar tambm osinstrumentos de coleta de dados: questionrios, entrevistas,observao etc. O plano de anlise de dados devem aparecer.No caso de anlise quantitativa especicar o tratamento dedados: tabelas, grcos etc. No caso de anlise qualitativa

    especicar as tcnicas utilizadas: anlise documental, anlisede contedo ou anlise de discurso.

    5 RECURSOS

    Deve incluir os recursos humanos, materiais e nanceiros.Quando se tratar de um projeto que implica recursos prprioseste item deve ser suprimido. J projetos que implicamaprovao e solicitao de bolsas necessrio a descriodestes.

    6 CRONOGRAMA Todas as etapas do projeto devem ser mencionadas

    rigorosamente em ordem cronolgica e respectivos prazos.

    Elementos ps-textuais

    REFERNCIAS

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    METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 4 57

    Elemento obrigatrio, onde se relacionam as obras que foramconsultadas para elaborao do projeto. Devem vir em ordemalfabtica e obedecer as normas da ABNT- NBR 6023/2003.

    APNDICES

    Material elaborado pelo prprio autor, tais como: questionrio,entrevista, formulrio e outros. Trata-se de um elementoopcional.

    A norma indica tambm os anexos e ndices como elementosopcionais. As regras gerais de apresentao quanto ao formatodevem ser apresentadas em papel branco formato A4 digitadosno anverso das folhas em cor preta; recomenda-se a utilizaode fonte 12 para todo o texto, excetuando-se as citaes demais de trs linhas, notas de rodap, paginao e legendas das

    ilustraes e das tabelas, que devem ser digitados em tamanhomenor e uniforme.

    No caso de citaes de mais de trs linhas, deve-se observar,tambm um recuo de 4 cm de margem esquerda. Para textosdatilografados, observa-se apenas o recuo. As folhas devemapresentar margem esquerda e superior 3 cm e direita einferior 2 cm. Todo o texto deve ser digitado ou datilografadocom espao 1,5 entrelinhas, excetuando-se as citaes demais de trs linhas, notas de rodap, referncias, legendas

    das ilustraes e das tabelas, tipo de projeto de pesquisa enome da entidade, que devem ser digitados ou datilografadosem espao simples.

    As referncias ao nal do projeto devem ser separadas entresi por dois espaos simples. Para evidenciar a sistematizaodo contedo do projeto, deve-se adotar a numeraoprogressiva para as sees do texto. Os ttulos das seesprimrias, por serem as principais divises de um texto,devem iniciar em folha distinta. A paginao inicia-se na folhade rosto, contatadas sequencialmente, mas no numeradas.

    A numerao colocada a partir da primeira folha da partetextual, em algarismos arbicos, no canto superior direito dafolha, a 2 cm da borda superior, cando o ltimo algarismo 2cm da borda direita da folha.

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    FORMAO PEDAGGICA58

    Estrutura do relatrio

    O relatrio a ltima etapa do processo de pesquisa. A comunicao

    dos resultados da pesquisa de responsabilidade do pesquisadorque deve dar ateno rigorosa a estrutura do texto, ao seu estilo

    e sua apresentao grca.

    O relatrio tcnico-cientco segundo a ABNT NBR-10719 (1989)

    [...] um documento que relata formalmente osresultados ou progressos obtidos em investigaode pesquisa e desenvolvimento ou que descrevea situao de uma questo tcnica ou cientca.O relatrio tcnico apresenta, sistematicamente,informao suciente para um leitor qualicado,traa concluses e faz recomendaes.

    Vergara (2004, p. 71) diz que:

    Relatrio o relato do que desencadeou apesquisa, da forma pela qual ela foi realizada,pelos resultados obtidos, das concluses a que sechegou e das recomendaes e sugestes que opesquisador faz a outros.

    Estrutura

    A estrutura do relatrio para este trabalho tem como base a ABNT-

    NBR 10719/89 com algumas adaptaes. Sua estrutura compreende:

    elementos pr-textuais, textuais e ps-textuais.

    Elementos pr-tetuais:

    1. Capa (obrigatria);

    2. Folha de rosto (obrigatria);

    3. Agradecimentos (opcional);

    4. Resumo (obrigatrio, deve obedecer a NBR 6028/03);

    5. Lista de ilustraes (opcional);

    6. Lista de tabelas (opcional);

    7. Lista de abreviaturas e siglas (opcional);

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    8. Lista de smbolos (opcional);

    9. Sumrio (obrigatrio e deve obedecer a NBR 6027/03).

    A disposio grca dos elementos pr-textuais do relatrio

    semelhante ao projeto.Elementos tetuais:

    a) Introduo - primeira parte do relatrio que apresenta a

    situao problema, o problema, os objetivos, os motivos de

    sua elaborao (justicativa), bem como as relaes com

    outros trabalhos; no deve repetir ou parafrasear o resumo,

    nem dar detalhes sobre a teoria experimental, o mtodo ou os

    resultados ou ainda antecipar as concluses e recomendaes,

    mas apenas apresentar o assunto como um todo, sem detalhes.

    b) Desenvolvimento- parte mais importante e extensa do texto,

    onde exigido raciocnio lgico e clareza. Deve ser dividido

    em tantas sees e subsees quantas forem necessrias para

    o detalhamento da pesquisa e /ou estudo realizado (descrio

    de mtodos, teorias, procedimentos experimentais, discusso

    de resultados, entre outros). As descries apresentadas

    devem ser sucientes para permitir a compreenso das etapas

    da pesquisa. Todas as ilustraes (uxograma, fotograas,

    grcos, mapas, quadros e outros) ou tabelas essenciais compreenso do texto devem ser includos nesta parte do

    relatrio. As citaes servem para dar maior clareza ao texto,

    relacionando as ideias expostas com ideias defendidas em

    outros trabalhos por outros autores. Estas so apresentadas de

    acordo com o sistema escolhido (numrico ou alfabtico).

    ) conluses ou reomendaes - devem gurar clara

    e ordenadamente as dedues tiradas do resultado do

    trabalho ou levantados ao longo da discusso do assunto,dados quantitativos no devem aparecer na concluso, nem

    tampouco resultados comprometidos e passveis de discusso.

    As recomendaes so declaraes concisas de aes, julgadas

    necessrias a partir das concluses obtidas, a serem usadas nofuturo.

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    FORMAO PEDAGGICA60

    Cervo e Bervian (1978) apresentam trs caractersticas principais de

    uma concluso:

    essenialidade - resumo marcante dos argumentos principais

    sntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trab