Fasciculo Metodologia Da Pesquisa
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METODOLOGIA DA PESQUISAEM EDUCAO
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METODOLOGIA DA PESQUISAEM EDUCAO
MariadeFtiMaribeirodossantossauloribeirodossantos
solus
2010
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Governdor do Estdo do MrnhoroseanasarneyMurad
Reitor d uEMaProF. Josaugustosilvaoliveira
Vice-reitor d uEMa
ProF. gustavoPereiradaCosta
Pr-reitor de administroProF. Josbellosalgadoneto
Pr-reitor de PlnejmentoProF. JosgoMesPereira
Pr-reitor de GrdoProF. PorFrioCandanedoguerra
Pr-reitor de Pesqis e Ps-grdoProF. WalterCanalessantana
Pr-reitor de Extenso e assntos Estdntis
ProF. vnialourdesMartinsFerreira
Chefe de Gbinete d ReitoriProF. raiMundodeoliveiraroChaFilho
Diretor do Centro de Edco, Cincis Exts e Ntris - CECENProF. andradearaJo
Edio:universidadeestadualdoMaranho- ueManCleodeteCnologiasParaeduCao- ueManet
Coordendor do uemNetProF. antoniorobertoCoelhoserra
Coordendor Pedggic:MariadeFtiMaserrarios
Coordendor do Crso Formo Pedggic de Docentes, distnci:lourdesMariadeoliveiraPaulaMota
Coordendor de Prodo de Mteril Didtico uemNet:CaMilaMariasilvanasCiMento
Responsvel pel Prodo de Mteril Didtico uemNet:CristianeCostaPeixoto
Professores Contedists:MariadeFtiMaribeirodossantos
sauloribeirodossantos
Reviso:lilianeMoreiraliMaluCireneFerreiraloPes
Digrmo:
JosiMardeJesusCostaalMeidaluisMaCartneysereJodossantostonholeMosMartins
Projeto Grco e Cp:luCianavasConCelos
Santos, Maria de Ftima Ribeiro dos.Metodologia da pesquisa em educao / Maria de
Ftima Ribeiro dos Santos, Saulo Ribeiro dos Santos.- So Lus: UemaNet, 2010.
67 p.
ISBN: 978-85-63683-00-7
1. Metodologia da pesquisa. 2. Pesquisaeducacional. I. Santos, Saulo Ribeiro dos. II. Ttulo
CDU: 001.8:37
Copyright UemaNet
universidadeestadualdoMaranhonCleodeteCnologiasParaeduCao- ueManetCampus Universitrio Paulo VI - So Lus - MAFone-fax: (98) 3257-1195http://www.uemanet.uema.bre-mail: [email protected]
Proibida a reproduo desta publicao, no todo ou emparte, sem a prvia autorizao desta instituio.
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SUMRIO
UNIDADE 1
PROCESSO DA PESQUISA EDUCACIONAL ............................. 11
Fase do planejamento .......................................... 13
Fase da execuo ................................................ 22
Fase da redao ou comunicao ............................. 24
UNIDADE 2
BASES EPISTEMOLGICAS E TERICO-METODOLGICAS DA
INVESTIGAO EDUCACIONAL ....................................... 29
Positivismo ...................................................... 30
Fenomenologia .................................................. 33
Dialtica .......................................................... 36
UNIDADE 3
MTODOS DE PESQUISA.............................................. 41
Mtodo qualitativo .............................................. 42
Mtodo quantitativo ............................................. 48
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UNIDADE 4
PROJETO E RELATRIO DE PESQUISA ............................. 51
Construo do projeto ...................................... 51
Estrutura do relatrio ....................................... 58
REFERNCIAS ........................................................... 61
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INTRODUO
A pesquisa um processo no qual o homem busca solues para
suas indagaes. Atravs da pesquisa, possvel descobrir um novo
mundo, onde o conhecimento adquirido transforma-se em cincia.
Desta forma, possvel explicar as razes, fatos e fenmenos que
acontecem na Terra. Pois, com a descoberta dos problemas, torna-se
mais fcil a compreenso dos mesmos. Para aprimorar mais a cincia,
necessrio que se faa pesquisas, pois esta a base elementar para
um estudo mais aprofundado do tema no qual voc est investigando.
Com a pesquisa em educao ser possvel desvendar novos
procedimentos e meios para alcanar objetivos que traro
oportunidades de leitura, a partir dos resultados obtidos.
No processo de pesquisa, a investigao fundamental para que
todos ns alfabetizados possamos aprender a ver o mundo ao nosso
redor, e questionar o que isso signica.
A cincia atravs da pesquisa nos faz pensar e ter uma postura
diferenciada e tambm a reetir sobre a realidade e os
acontecimentos tornando o pesquisador mais crtico. A metodologia
da pesquisa mais que uma disciplina, pois esta introduz o
pesquisador no mundo da cincia, possibilitando ao mesmo a
compreenso e a concepo sobre o que devemos realizar e que
atitude tomar, fundamentando-se no lgico e no racional.
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A metodologia da pesquisa est em todas as outras disciplinas o
que a torna necessria para a tarefa complexa que a criao do
conhecimento. Pois, voc aprender as vantagens que os mtodos
cientcos e de pesquisa trazem a tona, no momento em que voc
passa a ver o mundo de forma diferente para melhor julg-lo.
Portanto, esta apostila visa suprir a falta de publicaes em
lngua portuguesa sobre o assunto, para atender a demanda de
prossionais de educao que buscam bibliograa especializada.
A ementa da disciplina visa trabalhar com o processo da pesquisa
educacional; bases epistemolgicas e terico-metodolgicas da
investigao educacional; mtodos de pesquisa; projeto e relatrio
de pesquisa.
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CONES
Orientao para estudoAo longo desta apostila, sero encontrados alguns cones utilizados
para facilitar a comunicao com voc.
Saiba, abaixo, o que cada um signica.
SAIbA MAISATIvIDADES
GLOSSRIO
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UNIDADE
2ObjETIvO DESTA UNIDADE:1UNIDADE
ObjETIvO DESTA UNIDADE:
Conhecer o processo dapesquisa no contextoeducacional.
PROCESSO DA PESQUISAEDUCACIONAL
O desao fundamental de toda universidade a pesquisa, que
se dene segundo Demo (1994b) como princpio cientco e
educativo. Como princpio cientco, a pesquisa se apresenta
como instrumentao terico-metodolgica para construirconhecimento. Como princpio educativo a pesquisa um
suporte essencial da educao emancipatria que perpassa
pelo questionamento crtico e criativo. Neste caso, educao
e pesquisa so princpios importantes que se relacionam numa
mtua necessidade do aprender e do fazer acadmico.
No entender de Pdua (2000, p. 31) [...] num sentido
amplo, a pesquisa toda atividade voltada para a soluo de
problemas; como atividade de busca, indagao, investigao,inquietao da realidade [...].
Mediante essa necessidade de soluo de problemas a pesquisa
percorre um caminho chamado processo. Alguns autores
dividem esse processo em trs a quatro momentos.
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Luckesi et al. (1991) aponta trs momentos: 1. Decisrio
ou identicao temtica; 2. Operacional; 3. Redacional e
comunicativo (Quadro 1).
MOMENTOS FUNES ATIVIDADES
1. Decisrioou
identicao
temtica
2. Opercionl
3. Redcionle
comnictivo
Planejar a pesquisa
Executar a
pesquisa: coletar
informaes
e estruturar a
redao
Apresentar os
resultados da
pesquisa
Escolha do assunto
Seleo de um tema
Identicao de um problema
ou criao de uma questo
referente ao tema denido
Sugesto de possvel
resposta questo-
problema, elaborao de
hiptese(enfoque a ser
defendido)
Elaborao de plano provisrio
Seleo da bibliograa
Leitura da documentao Disposio das chas de
documentao em ordem
alfabtico- temtica
Construo orgnica e
inteligente de ideias,
segundo o plano provisrio,
aperfeioando-o se for o caso
Redao preliminar;
Redao denitiva dos
resultados e concluses
Qdro 1: Pssos do processo de elboro do trblho cientcoFonte: Lckesi et l. (1991, p. 175)
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Este processo de pesquisa de Luckesi et al. est direcionado para
uma pesquisa puramente bibliogrca.
Pdua (2000) indica quatro momentos marcantes, a saber: Etapa
I- O projeto de pesquisa; Etapa II- A coleta de dados; Etapa III- Aanlise de dados; Etapa IV- A elaborao escrita.
No dizer de Minayo (1998, p. 25-26, grifo da autora):
[...] a pesquisa um labor artesanal, quese prescinde da criatividade, se realizafundamentalmente por uma linguagem fundadaem conceitos, proposies e tcnicas, linguagemesta que se constri com ritmo prprio e particular.A esse ritmo denominamos ciclo d pesqis, ouseja, um processo de trabalho espiral que comeacom um problema ou uma pergunta e termina
com um produto provisrio capaz de dar origem anovas interrogaes.
Reforando ainda, a autora destaca que o processo comea com a
fase eploratria, trabalho de ampo, e por m, o tratamento do
material.
Levando-se em considerao o processo de pesquisa destacado
pelos autores supra, procura-se apresentar trs fases do processo
de pesquisa educacional, a saber: fase do planejamento, fase da
eeuo e fase da redao.
Fase do Planeamento
Nesta fase o pesquisador ir se envolver com a escolha do tema,
o levantamento bibliogrco, a formulao do problema, aconstruo de hipteses, a justicativa pela escolha do tema, os
objetivos e a metodologia.
a) Esolha do tema- com a escolha ou seleo do tema inicia-
se o processo de planejamento. A escolha do tema dene a
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rea de interesse a ser pesquisada. Segundo Barros e Lehfeld
(1991, p. 26) a denio dos temas podem surgir: da
observao do cotidiano, da vida prossional, de programas de
pesquisa, de contato e relacionamento com especialistas, do
feedback de pesquisas j realizadas e do estudo de literaturaespecializada. Alm desses, o pesquisador dever levar em
considerao a atualidade e a relevncia de sua escolha, o seu
conhecimento a respeito do assunto, a sua preferncia e a sua
aptido pessoal para lidar com o tema escolhido. Granemann
(2007) diz que escolher um assunto signica eliminar outros,
tambm, interessantes. Fixar-se num, entre outros, pressupe
hav-lo priorizado a partir de critrios que o levam a tal
escolha. Assunto qualquer tema que se deseja esclarecer ou
aprofundar. Inicialmente, situa-se o assunto numa das reasdo saber humano, por exemplo: Cincias Sociais, Cincias
Aplicadas, Cincias Humanas etc. Isso no quer dizer que tal
assunto no tenha conexes com outras reas. sempre bom
explorar os ganchos que podem ser estabelecidos e isso ca
a critrio do pesquisador. Seja ele terico ou prtico deve
atender ao gosto, capacidade e formao do pesquisador.
Tema fcil demais e sem suporte bibliogrco no vale a
pena. Temas primeira vista fceis contm, no raro, graves
diculdades na hora de pesquisar. s vezes, levam o pesquisadorpor labirintos sem sada. importante ter bom senso no
momento da denio do assunto de pesquisa. Dencker (2004)
diz que o tema deve ser do interesse do pesquisador e estar
situado em sua rea de conhecimento. Portanto, necessrio
que o pesquisador domine o assunto e esteja apto a manejar
as fontes de consulta. A escolha do tema implica delimitar o
assunto de pesquisa, ou seja, xar a sua extenso. Delimitar
signica restringir. Portanto, decompor, desdobrar o assunto,
xar o enfoque a ser dado, o contexto histrico, espao e
tempo. Normalmente, quanto mais voc restringir o assunto,
maior possibilidade de voc ter sucesso.
Ex: EVASO NO 3 GRAU
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b) Levantamento bibliogro - nesta fase o pesquisador ir
levantar e conhecer o que j foi publicado sobre o assunto,
procurando vericar os aspectos abordados e tambm quais
as lacunas existentes na literatura. muito importante buscar
esclarecimento acerca dos principais conceitos que envolvemo tema, bem como, pesquisas empricas recentes que
abordem o assunto. Mediante o conhecimento da literatura
o pesquisador ter maiores condies de formular o problema
de pesquisa. Por isso, enfatiza-se que fundamental que o
pesquisador tenha domnio do tema, para que busque em locais
especcos o material necessrio de acordo com o tema que
est pesquisando. Alm disso, necessrio que o pesquisador
busque em fontes diversas como monograas, livros, artigos,
sites, anais, teses, dissertaes, cartas, entre outros, depreferncia em sua lngua e em outras que forem necessrias.
Destaca-se tambm a importncia de buscar fontes recentes e
que foram publicadas h pelo menos dez anos.
) Formulao do problema - nesta etapa o pesquisador ir
denir o problema procurando especic-lo em detalhes
precisos e exatos. Deve haver clareza, conciso e objetividade.
Deve ser preciso no envolver valores, ser possvel de medir e
passvel de soluo. Recomenda-se que este deva ser em forma
de pergunta ou forma interrogativa e no esquecer que suadelimitao guarda estreita relao com os meios disponveis
para investigao.
Como se v, na formulao do problema que deve acontecer
a especicao/delimitao mais precisa do tema. Nele se
esclarece a diculdade especca com a qual se defronta e o
que se pretende resolver por intermdio da pesquisa.
Ex: QUAIS AS cAUSAS DA EVASO NO cURSO DE PEDAGOGIA
NA UNIVERSIDADE x NO PERODO Y?
d) construo de hipteses - a hiptese uma resposta
provisria ao problema formulado; deve ser testada para
determinar sua validade. Sua funo propor explicao para
certos fatos e ao mesmo tempo orientar para busca de novas
informaes. O embasamento terico sempre necessrio
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para a construo das hipteses. Marconi e Lakatos (2003,
p.161-162) dizem que para estudos meramente exploratrios
ou descritivos, seja dispensvel sua explicitao formal [...].
Entretanto, a utilizao de uma hiptese necessria para que
a pesquisa apresente resultados teis, ou seja, atinja nveisde interpretao mais alto. A elaborao ou formulao das
hipteses de trabalho requer astcia e maturidade. Ela precisa
ser bem formulada e signicativa, ser fundada em conhecimento
prvio. A formulao de uma hiptese diz respeito aos elos, s
conexes que podero ser feitas. As hipteses so elaboradas
de forma armativa, respondendo ao problema formulado. Na
realidade, a teoria s evolui quando se nega a hiptese.
Ex: AS cAUSAS DA EVASO DOS ALUNOS DO cURSO DE
PEDAGOGIA, DA UNIVERSIDADE x, NO PERODO Y, OcORREMDEVIDO AOS SEGUINTES ASPEcTOS: cONDIES EcONMIcAS
DA FAMLIA (NEcESSIDADE DE TRABALHAR PARA AJUDAR
A FAMLIA); PROFESSORES NO cOMPROMISSADOS cOM
O ENSINO (FALTA DE PROFESSORES); DIFIcULDADE EM
AcOMPANHAR AS AULAS TERIcAS; QUESTES AMOROSAS
(cASAMENTO); INcOMPATIBILIDADE cOM HORRIO DO
TRABALHO; NO TEM AFINIDADE cOM O cURSO.
e) Justiativa - nesta etapa o pesquisador ir apresentar os
motivos que o levaram a escolher aquele tema e no outro. Nela,
apresentam os argumentos convincentes sobre: a importncia
social, poltica, cientca, prtica etc.; sobre a oportunidade
de realizar a pesquisa naquele rgo, escola, empresa etc. e
tambm sobre a viabilidade de ter acesso a fontes primrias e
secundrias. Para a elaborao da justicativa, recomenda-se
a seguinte ordem: motivos que levaram escolha do tema;
importncia e relevncia do tema; justicar a delimitao
e denio clara do que vai ser abordado; apontar para a
atualidade do tema e se ele apresenta alguma originalidade;o estgio em que se encontra a teoria respeitante do tema;
viabilidade da execuo da pesquisa; vnculos do tema com
um quadro terico referencial; utilidade e necessidade da
realizao da pesquisa. Enm, a justicativa deve convencer
a quem for ler o projeto, com relao relevncia e as
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contribuies que iro proporcionar comunidade tanto
acadmica quanto cientca.
f) Objetivos- ao elaborar os objetivos o pesquisador deve manter a
coerncia entre o tema/problema. Ou seja, signicam delimitar
com maior clareza o que o pesquisador pretende fazer, tornando
o problema mais explcito e mais bem apresentado. Objetivos
bem claros ajudaro a formular a diviso, quer das partes, quer
dos captulos ou tpicos do tema em questo. O objetivo geral
representa aquilo que se pretende alcanar no seu sentido mais
amplo e os especcos sero os desdobramentos do objetivo
geral. Os enunciados dos objetivos devem comear com um
verbo no innitivo indicando uma ao passvel de mensurao.
Como exemplo, tem-se os verbos que podem ser usados na
formulao dos objetivos (Quadro 2).
cONHEcIMENTO cOMPREENSO APLIcAO ANLISE SNTESE AVALIAO
Anunciar Abstrair Aplicar Analisar Compor Apreciar
Apontar Compreender Aplicar Calcular Conjugar Avaliar
Citar Concluir Demonstrar Catalogar Construir Escolher
Classicar Converter Desenvolver Categorizar Criar Estimar
Conhecer Deduzir Dramatizar Classicar Desenhar Hierarquizar
Denir Demonstrar Empregar Comparar Dirigir Julgar
Descrever Descrever Esboar Conhecer Escrever Medir
Identicar Determinar Estruturar Contrastar Especicar Selecionar
Inscrever Diferenciar Generalizar Criticar Esquematizar TaxarMarcar Discutir Ilustrar Debater Exigir Testar
Nomear Explicar Interpretar Descobrir Formular Validar
Reconhecer Expressar Inventariar Detectar Integrar Valorizar
Recordar Extrapolar Operar Determinar Organizar Vericar
Registrar Identicar Organizar Diferenciar Prestar Argumentar
Relacionar Interpretar Planejar Disciplinar Produzir Contrastar
Relatar Localizar Praticar Distinguir Propor Decidir
Repetir Narrar Preparar Estimar Reunir
Sublinhar Rearmar Realizar Examinar Sintetizar
Revisar Reparar Experimentar Teorizar
Traduzir Resolver Explorar Documentar
Transcrever Selecionar Investigar
Sequenciar Observar
Traar Organizar
Usar Provar
Discriminar
Separar
Qdro 2: Tipos de verbos serem tilizdos pr formlo dos objetivos
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g) Metodologia Nesta etapa o pesquisador ir denir onde e
como ser realizada a pesquisa. Todo projeto de pesquisa
precisa apresentar uma proposta metodolgica. A metodologia
passo imprescindvel no desenvolvimento de uma pesquisa.
Ela dene como e com que o pesquisador desenvolver oestudo, e se tem como viabiliz-lo. Nesta deve aparecer
o local da pesquisa, o mtodo utilizado (se quantitativo ou
qualitativo), o tipo de pesquisa, a populao (universo da
pesquisa), a amostragem, os instrumentos da coleta de dados,
a forma de tabulao e a anlise dos dados.
Para a melhor compreenso a respeito dos tipos de pesquisa
procura-se apresentar as tipologias de delineamento de pesquisa
sem agrupamento e com agrupamento (Quadro 3 e 4).
BRUYNE ET AL.(1977)
cERVO EBERVIAN (1983)
DEMO (1985)TRIVIOS(1987)
GIL (1999)
Estudo de caso
Comparao
Experimentao
Simulao
Pesquisabibliogrca
PesquisadescritivaPesquisaexperimental
Pesquisa terica
Pesquisa
metodolgica
Pesquisaemprica
Pesquisa prtica
Estudosexploratrios
Estudosdescritivos
Estudosexperimentais
Pesquisabibliogrca
Pesquisadocumental
Pesquisaexperimental
Pesquisaexpost-factoLevantamento
Estudo decampo
Estudo de caso
Qdro 3: Tipologis de delinemento de pesqis sem grpmentosFonte- Beren (2003, p. 78)
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ANDRADE (2002) VERGARA (1997) SANTOS (1999)
Quanto natureza
- trabalho cientco original- resumo de assunto
Quanto aos ns- exploratria- descritiva- explicativa- metodolgica
- aplicada- intervencionista
Quanto aos objetivos- exploratrias- descritivas- explicativas
Quanto aos objetivos- pesquisa exploratria- pesquisa descritiva- pesquisa explicativa
Quanto aos meios- pesquisa de campo- pesquisa de laboratrio- telematizada- documental- bibliogrca- experimental- ex-post-facto- participante- pesquisa-ao- estudo de caso
Quanto aosproedimentos deoleta- experimento- levantamento- estudo de caso- pesquisa bibliogrca- pesquisa documental- pesquisa-ao- pesquisa participante- pesquisa ex-post-facto- pesquisa quantitativa- pesquisa qualitativa
Quanto aos proedimentos- pesquisa de campo- pesquisa de fontes de papel
Quanto s fontes deinformao- campo- laboratrio- bibliogrca
Quanto ao objeto
- pesquisa bibliogrca- pesquisa de laboratrio- pesquisa de campo
Qdro 4: Tipologis de delinementos de pesqiss com grpmentosFonte: Beren (2003, p. 79)
Vale tambm conhecer o modelo clssico de pesquisa com
agrupamento proposto por Silva e Menezes (2000).
Do ponto de vista da sua natureza pode ser:
) Pesqis bsic:tem por nalidade gerar novos conhecimentos
para o avano da cincia, sem aplicao prtica prevista.
b) Pesqis plicd: tem por nalidade gerar conhecimentos
para aplicao prtica dirigidos a problemas especcos.
motivada pela necessidade prtica, motivada pela curiosidade
do pesquisador.
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:
) Pesqis qntittiv: tudo que pode ser quanticvel,
traduzir em nmeros opinies e informaes para classic-
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los e analis-los. Requer o uso de recursos e de tcnicas
estatsticas (percentagem, mdia, moda, mediana, desvio
padro, coeciente de correlao, anlise de regresso, etc.).
b) Pesqis qlittiv:considera que h uma relao dinmicaentre o mundo real e o sujeito, isto , um vnculo indissocivel
entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que no
pode ser traduzido em nmeros. Ou seja, a interpretao
dos fenmenos e a atribuio de signicados so bsicos no
processo de pesquisa qualitativa.
Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser:
) Pesqis explortri:visa proporcionar maior familiaridade
com o problema com vistas a torn-lo explcito ou a construirhipteses.
b) Pesqis descritiv: visa descrever as caractersticas de
determinada populao ou fenmeno ou o estabelecimento de
relaes entre variveis.
c) Pesqis explictiv:visa identicar os fatores que determinam
ou contribuem para a ocorrncia dos fenmenos. Aprofunda o
conhecimento da realidade porque explica a razo, o porqu
das coisas.
Do ponto de vista dos procedimentos tcnicos, pode ser:
) Pesqis bibliogrc:quando elaborada a partir de material
j publicado como livros, monograas, artigos, teses,
dissertaes, peridicos e os que esto disponibilizados na
internet.
b) Pesqis docmentl:quando elaborada a partir de materiais
que no receberam tratamento analtico como cartas, ofcios,
certido, boletins estatsticos, relatrios, leis etc.
c) Pesqis experimentl: quando se determina um objeto
de estudo, seleciona-se as variveis que seriam capazes de
inuenci-los, dene-se as formas de controle e de observao
dos efeitos que a varivel produz no objeto.
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d) Levntmento: quando a pesquisa envolve a interrogao
direta das pessoas cujo comportamento deseja conhecer.
e) Estdo de cso:quando envolve o estudo profundo e exaustivo
de um ou poucos objetos de maneira que se permita o seuamplo e detalhado conhecimento.
f) Pesqis Ex-post-fcto: quando o experimento se realiza
depois dos fatos.
g) Pesqis o: quando concebida e realizada em estreita
associao com uma ao ou com a resoluo de um problema
coletivo.
h) Pesqis prticipnte: quando se desenvolve a partir da
interao entre pesquisadores e membros das situaes
investigadas.
Outro aspecto que deve a ser tambm trabalhado so as amostras
que podem ser probabilsticas e no- probabilsticas:
1. No- probabilstias:
a) Amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que
vo aparecendo;
b) Amostras por quotas: diversos elementos constantes da
populao/universo, na mesma proporo;
c) Amostras intencionais: escolhidos casos para amostra que
representam o bom julgamento da populao/universo.
2. Probabilstias:
a) Amostras casuais simples: cada elemento da populao tem
oportunidade igual de ser includo na amostras;
b) Amostras casuais estraticadas: cada estrato denido,
previamente, estar representado na amostra;
c) Amostras por agrupamento: reunio de amostras representativas
de uma populao.
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FORMAO PEDAGGICA22
Assim a etapa do planejamento deve terminar com a elaborao do
projeto de pesquisa, assunto que ser apresentado na unidade 4.
Fase da execuo
Aps a execuo do projeto, o pesquisador dar incio etapa da
coleta de dados necessrias ao desenvolvimento da sua pesquisa,
que tem por nalidade reunir os dados pertinentes ao problema
a ser investigado. Nesta etapa, o pesquisador deve ter a leitura
como companheira essencial para a redao do relatrio, pois a
execuo do mesmo exige compreenso sobre a temtica a ser
abordada, por isso, a busca incessante sobre o tema. Alm disso, a
concentrao em buscar o material que melhor auxilie na pesquisa.
Os principais recursos tcnicos utilizados nesta fase so: pesquisa
bibliogrca, documental, pesquisa experimental (de campo ou de
laboratrio), entrevistas, questionrios, formulrios, observao
sistemtica e estudo de caso.
Como se pode observar tem-se a fase de coleta de dados tericos
e a fase de coleta de dados empricos.
Na primeira o objetivo colocar o pesquisador em contato com o
que j foi produzido e registrado a respeito do tema/problema. Aqui
acontece a leitura analtica e interpretativa tendo o chamento
como mtodo de registro para informaes selecionadas.
Na segunda o objetivo colocar o pesquisador em contato direto
com as pessoas, am de obter opinies, experincias, fatos, etc.
Assim, os instrumentos de coleta de dados tradicionais so:
observao, entrevista, questionrio e formulrio.
1. Observao: quando se utiliza os sentidos na obteno de dados
de determinados aspectos da realidade. A observao pode ser:
a) Observao assistemtica: no tem planejamento e controle
previamente elaborados;
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 23
b) Observao sistemtica: tem planejamento, realizada em
condies controladas para responder aos propsitos pr-
estabelecidos;
c) Observao no-participante: o pesquisador presencia o fato,mas no participa;
d) Observao individual: realizada por um pesquisador;
e) Observao em equipe: feita por um grupo de pessoas;
f) Observao na vida real: registro de dados medida que
ocorrem;
g) Observao em laboratrio: onde tudo controlado.
2. Entrevista: a obteno de informaes de um entrevistado,
sobre determinado assunto ou problema. A entrevista pode ser:
a) Padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;
b) Despadronizada ou no-estruturada: no existe rigidez de
roteiro. Pode-se explorar mais amplamente algumas questes.
3. Questionrio: uma srie ordenada de perguntas, que devem
ser respondidas por escrito pelo informante. O questionrio deve
ser objetivo, limitado em extenso e estar acompanhado deinstrues. As instrues devem esclarecer o propsito de sua
aplicao, ressaltar a importncia da colaborao do informante
e facilitar o preenchimento. No questionrio tem-se perguntas
abertas e fechadas. No questionrio deve conter o objetivo da
pesquisa, para que o entrevistado tenha noo do que ele estar
respondendo.
4. Formulrio: uma coleo de questes perguntadas e anotadas
por um entrevistador numa situao face a face com outra pessoa/o
informante.
A elaborao das perguntas dos questionrios, formulrios e entrevistasdevem ser claras, e manter uma estreita relao com o tema/problema,objetivos e hipteses, e o mesmo procedimento deve ocorrer com oroteiro de observao.
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FORMAO PEDAGGICA24
Fase da redao ou comunicao
Esta fase inclui a anlise de dados e a redao do relatrio de
pesquisa.
Aps a coleta de dados (bibliogrcos e documentais), julgados
relevantes, inicia-se o processo de anlise, classicao e
interpretao das informaes coletadas. uma parte que exige
pacincia e criatividade, pois deve ultrapassar o nvel da simples
compilao de dados.
Segundo Pdua (2000, p.78, grifo nosso) essa etapa exige:
1. Classicao e organizao das informaescoletadas;2. Estabelecimento das relaes existentes entreos dados: pontos de divergncia; pontos de convergncia; tendncias; regularidades; princpios de causalidade; possibilidades de generalizao.3. Quando necessrio tratamento estatsticos dosdados.
Alm desses fatores Pdua (2000) recomenda: pertinncia,
relevncia e autenticidade das informaes:
a) Pertinncia - o pesquisador deve vericar se a informao
registrada pertence rea pesquisada e se essencial
pesquisa; se no houve engano quando do chamento pelo
pesquisador;
b) Relevncia - a questo da relevncia vai depender do
conhecimento do pesquisador em relao a sua rea de
especializao e de uma anlise comparativa de informaescoletadas. Neste caso, a anlise comparativa entre autores
sobre aspectos semelhantes ou diferentes de um mesmo
problema vai mostrar qual representa a melhor e mais
adequada contribuio para a pesquisa.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 25
c) Autenticidade - ao longo da pesquisa pode-se encontrar
citaes no-documentadas, quando vrios autores e obras
so consultadas sobre determinado assunto; deve-se ento
localizar e documentar a informao original para que se possa
incorporar como nota crtica da pesquisa.
Mediante essa triagem, o pesquisador deve partir para a organizao
das informaes de forma que estas recebam uma ordenao e
interpretao lgica.
Direcionando-se para a anlise e interpretao dos dados
empricos, o pesquisador deve examinar [...] os dados coletados
submetendo-os a uma anlise crtica, observando falhas,
distores, mal preenchimento dos textos e respostas (BARROS;
LEHFELD,1991, p. 62-63).
Os mesmos autores recomendam que aps esta etapa preparatria,
a interpretao abranger os seguintes tpicos: classicao,
codicao e tabulao das respostas e anlise estatstica dos
dados e anlise do contedo quanticvel.
a) Proesso de lassiao:diviso de todos os dados base do
estabelecimento de conjunto de ategorias. Os dados obtidos
so reunidos em classes ou grupos de acordo com os objetivos
e interesses da pesquisa.
b) categorizao dos dados:aqui o pesquisador deve traar a cate-
gorizao dos dados levando em considerao as seguintes regras
bsicas: - o conjunto de categorias deve ser derivado em um
nico princpio de classicao; - o conjunto de categorias deve
abranger toda e qualquer resposta obtida. Deve ser exaustivo; as
categorias devem ser mutuamente exclusivas, isto , no deve
ser possvel colocar determinada resposta em mais de uma cate-
goria do conjunto. (BARROS; LEHFELD, 1991, p. 64).
O estabelecimento de categorias deve partir dos objetivos da
pesquisa. Pode-se dizer que nem sempre fcil estabelecer as
categorias, porm antecip-las facilitar bastante a representao
estatstica dos dados e sua interpretao.
Categorias:conceitosgeris qe exprimem s
diverss reles qepodemos estbelecerentre ideis o ftos.
Originlmente signiccso, no sentido de
tribir m predicdo lgo o lgm.
aristteles, o primeiro sr o termo em sentidotcnico, ssim chmv
ctegori do ser
os predicdos geristribdos o mesmo,correspondendo, ento,
s distints clsses doser, distints clsses de
predicdos.
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FORMAO PEDAGGICA26
) Proesso de odiao a codicao o processo utilizado
para a colocao ou classicao de cada informao em
categorias, atribuindo a estas um smbolo. (BARROS, LEHFED,
1991, p. 65).
1.Seo: 2. Idade:
Masc. ( ) 1 de 18 a 20 anos ( ) 3 de 24 a 26 anos ( ) 5 mais de 29 anos ( ) 7
Fem. ( ) 2 de 21 a 23 anos ( ) 4 de 27 a 29 anos ( ) 6
d) Representao numria dos dados (tabulao das
respostas) - estes so submetidos anlise estatstica com aajuda de computadores, utilizando o programa Excel, tendo
como suporte a elaborao de ndices e clculos estatsticos,
tabelas e grcos. O processo de anlise pode percorrer os
seguintes estgios: anlise univariada (quando representa os
dados a respeito de uma nica varivel, ou melhor, a anlise
da frequncia de cada questo pesquisada), anlise bivariada
(inclui tabulaes cruzadas e a possibilidade de calcular
diferentes medidas de associao entre variveis); anlise
multivariada (utilizam-se medidas que buscam explorar o
padro de relaes entre variveis em muitos casos seria a
agregao de variveis).
Quanto redao do relatrio de pesquisa este deve ser
redigido de modo apurado, ou seja, levando em considerao a
impessoalidade, a objetividade, a clareza, a preciso, a coerncia,
a conciso e a simplicidade. A estrutura deve ser de acordo com
a NBR 15.287/2005 da ABNT. Os detalhes sobre esse assunto sero
abordados na unidade 4.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 1 27
1
2
3
Quais so as fases do processo de pesquisa em educao?
Que elementos fazem parte da fase do planejamento,
da execuo e da redao?
Existem vrias tipologias de delineamento de pesquisas
sem agrupamentos e com agrupamentos. Para sua
pesquisa voc escolheria sem ou com agrupamentos?
Por qu?
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UNIDADE
2ObjETIvO DESTA UNIDADE:
Identicar as diferentesconcepes tericos-metodolgicasda investigaoeducacional
bASES EPISTEMOLGICAS ETERICO-METODOLGICASDA INvESTIGAOEDUCACIONAL
Toda pesquisa cientca se fundamenta em uma rede de
pressupostos epistemolgicos que denem o ponto de vista
que o pesquisador tem sobre o mundo.
Ao identicar o eixo epistemolgico o pesquisador ter
maiores condies de analisar e interpretar o problema
de pesquisa. Portanto, faz-se necessrio escolher umaperspectiva, por que atravs desta, que o pesquisador
ir nortear a metodologia de sua pesquisa. Por outro lado
possvel perceber ao nal do trabalho cientco a viso do
pesquisador em relao ao homem, a sociedade e o mundo
em geral.
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FORMAO PEDAGGICA30
Epistemologiavem de dois termos gregos: Epistme = Cincia e
Logos = Tratado. Plato (427-348a.C.) distinguia epistme= cincia
exata, conhecimento certo, de Dx= opinio, probabilidade [...].
A epistemologia a disciplina losca que se ocupa com a formada cincia. Ela indaga sobre as armaes cientcas, por isto
mesmo ela uma reexo crtica, do estilo losco, sobre tudo
o que a cincia faz (OLIVEIRA et al., 1998, p. 195, grifo do autor).
Efetivamente existem vrias correntes epistemolgicas, entretanto,
destaca-se apenas trs por serem as mais indicadas para a pesquisa
educacional: positivismo, fenomenologia e dialtica.
Positiismo
O positivismo tem sua origem no Iluminismo, no Enciclopedismo e
no Empirismo ingls. O fundador dessa corrente foi Augusto Comte.
Este defendia um nico mtodo de investigao que valesse tanto
para pesquisas naturais quanto sociais.
Iluminismo, Linha losca caracterizada pelo empenho
em entender a razo como crtica e guia a todos os campos da
experincia humana (ABBAGNANO, 2003, p.534).
Enilopedismo, corrente do pensamento social Francs,
representada pelos colaboradores da famosa Encyclopdie
francesa: Voltaire, Montesquieu, Rousseau e outros.
Empirismosignica experincia dos sentidos. Considera que oreal so fatos ou coisas observveis e que o conhecimento se reduz
a experincia sensorial.
O positivismo no aceita outra realidade que no seja baseada nos
fatos, sendo a observao o mtodo mais apropriado para o fazer
cientco.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 31
Comte distingue a observao emprica da observao positiva:
esta considerada cientca porque realizada com mtodo
enquanto aquela vulgar porque no estabelece vnculos entre
diferentes fatos observveis.
Segundo Meksenas (2002), para se observar positivamente, faz-se
necessrio obedecer a seguintes regras:
a) selecionar o observado (objeto, fato, evento);
b) fragmentar os fatos (estudar a parte separada do todo);
c) relacionar, comparar, medir e estabelecer similaridades entre
as partes estudadas;
d) perceber as repeties, detectar a sua regularidade,
movimentos idnticos e desprezar aquilo que episdico;
e) estabelecer leis que identicam reviso de movimentos,
regularidades e comportamentos futuros.
Obtendo as leis a respeito do fato possvel usar essas leis para
observar outros fenmenos. Da a mxima do positivismo: saber
para prever, prever para poder.
Quando o cientista consegue com suas pesquisasantecipar os movimentos dos fenmenos fsicose sociais (saber para prever) possvel domin-los, determinar as leis que os regem e, com isso,usufruir melhor o mundo em que vivemos (preverpara poder) (MEKSENAS, 2002, p. 79).
A tendncia positivista teve como maior esforo matematizar as
diversas cincias - biologia, fsica, qumica, sociologia, economia,
pedagogia e outras - estas s atingem os graus de cienticidade
quando so capazes de utilizar a linguagem da matemtica. Essa
linguagem que permite aos cientistas serem neutros.
Diante desse esforo de matematizar a cincia o positivismo lana
mo do mtodo quantitativo utilizando como instrumento decoleta o questionrio fechado, as escalas, os testes, a observao
etc.
Atualmente, essa tendncia chamada por alguns autores de
emprico-analtico, isso porque [...] os estudos se fundamentam
em dados empricos processados quantitativamente, coletados e
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FORMAO PEDAGGICA32
trabalhados com objetividade e neutralidade, e a partir de um
referencial terico, o pesquisador levanta hipteses e as testa
(MARTINS, 1994, p. 2).
Com base em Richardson (1999) e Trivios (2006) apresenta-se umexemplo de pesquisa positivista na rea da Pedagogia.
Tema: Fracasso escolar.
Delimitao do tema: O fracasso escolar nas escolas estaduais do
ensino fundamental da cidade de So Lus, MA.
Formulao do problema: Existe relao entre o fracasso escolar
nas escolas estaduais do ensino fundamental da cidade de So Lus,
MA e o nvel socioeconmico da famlia, escolaridade dos pais,
lugar onde est situada a escola, centro ou periferia, sexo dos
educandos, anos de magistrio dos professores e grau de formao
dos mesmos?
Elementos a serem estudados:
Aluno
Professor
Famlia
Conforme o exemplo o pesquisador ir se preocupar em estudar as
caractersticas dos elementos fundamentais e as possveis relaes
entre: sexo, idade dos educandos, nvel socioeconmico da
famlia, escolaridade dos pais, local da escola, anos de magistrio
dos professores, metodologia de ensino etc.
Desse modo, o pesquisador ir enfatizar as relaes entre as
variveis que devem ser objetivamente medidas, utilizando o
apoio do mtodo estatstico para atingir essa nalidade.
A
P F
No
considerahistria
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 33
Fenomenologia
A tendncia fenomenolgica insere-se no idealismo loso
e dentro deste o idealismo subjetivo. Esta tendncia aparece
como oposio ao objetivismo da cincia buscando substituir
as construes explicativas pela descrio do vivido, ou seja, a
descrio do ponto de vista daquele que vive a situao concreta.
Tem como expoente Edmund Husserl que acreditou ser a losoa
como cincia rigorosa e que deveria estabelecer as categorias
puras do pensamento cientco.
Mas anal o que A fenomenologia?Trivios (2006, p. 43, grifodo autor) diz que o estdo ds essncis, e todos os problemas,
segundo elas, tornam a denir essncias: a essncia da percepo,
a essncia da conscincia, por exemplo.
E fenmeno?
Para alguns o termo fenmeno indica apenas si-nnimo para fato. Entretanto, pode-se estabe-lecer uma distino dizendo-se que fenmeno ofto, tl como percebido por lgm. Osf-tosacontecem na realidade, independentemen-te de haver ou no quem os conhea. Mas quando
existe um observador, a percepo que este temdo fato que se chamafenmeno (RUDIO, 1983,p. 11, grifo do autor).
Reforando mais ainda sobre o conceito de Fenomenologia, Moreira
(2002, p. 67, grifo do autor) comenta que:
A fenomenologia uma esola da losoa cujopropsito principal estudar os fenmenos, ouaparncias, da experincia humana. Os fenmenosestudados so aqueles vivenciados nos vrios atosda conscincia.
Desse modo, a Fenomenologia a percepo ou atitude de abertura
do ser humano para compreender o que se mostra.
Vergara (2005, p. 85-86) apresenta algumas caractersticas do
mtodo fenomenolgico a saber:
Idealismo filosfico,reconhece o princpio
espiritl como primeiro,e mtri como specto
secndrio.
Idealismo subjetivo, nic relidde
conscinci do sjeito(TRIVIOS, 2006, p.19).
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FORMAO PEDAGGICA34
Permite explorar situaes, valores e prticascom base na viso de mundo dos prpriossujeitos.
Permite descobrir conhecimentos, ao invs devericar o saber j conceituado.
Os resultados da pesquisa no so generalizveis
estatisticamente, uma vez que se trabalhacom amostras intencionais e experinciassingulares.
Exige do pesquisador habilidades para interagircom o pesquisado, conduzindo a entrevistasob a forma de um dilogo, reconduzindo aexplorao de temas no decorrer da entrevistae mantendo-se atento a possveis desviosrelacionados autenticidade do relato.
Alm dessas caractersticas Vergara (2005, p.86) apresenta
quatorze passos sobre como utilizar o mtodo fenomenolgico. Ela
ressalta que a ordem no rgida, podendo ser alterada conformea situao. Observe:
Denem-se o tema e o problema de pesquisa; Procede-se a uma viso da literatura pertinente
ao problema de investigao e escolhe(m)-sea(s) orientao (es) terica (s) que dar (o)suporte ao estudo;
Selecionam-se os sujeitos da pesquisa; Elaboram-se questes gerais de pesquisa para
orientar a coleta dos dados;
Coletam-se os dados, em geral, por meio derealizao de entrevistas abertas ou semi-estruturadas, bem como de observaoparticipante;
Transcreve-se o contedo das entrevistas,quando gravados;
Procede-se leitura crtica dos relatos; Procede-se utilizao de clstersou grupos
de anlise; Interpretam-se os dados da pesquisa, o que pode
ser feito por meio de anlise interparticipante,ou seja, agregando interpretao dopesquisador palavras dos prprios sujeitos;
Elaboram-se proposies relativas pesquisa,
ou seja, enunciados que permitem acompreenso do fenmeno estudado;
Resgata-se o problema que suscitou ainvestigao;
Confrontam-se os resultados obtidos com a(s)teoria(s) que deu(ram) suporte investigao;
Formula-se a concluso; Elabora-se o relatrio de pesquisa.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 35
Assim, nas pesquisas fenomenolgicas o mtodo e os instrumentos
de coleta de dados so: observao participante, entrevistas,
histria de vida, relatos autobiogrcos (escrita ou oral),
depoimentos, vivncias, narraes e anlise do discurso.
O mtodo fenomenolgico no se limita descrio passiva dosfenmenos, tambm simultaneamente tarefa de interpretao,
ou melhor, tarefa de hermenutica. Em nvel terico, muitos
pesquisadores tm recorrido abordagem hermenutica. Portanto,
a apropriao do conhecimento d-se por meio do crculo:
compreenso interpretao - nova compreenso, o que revela
uma abordagem inacabada.
Para melhor entendimento sobre o exposto apresenta-se um
exemplo de pesquisa fenomenolgica na rea da Pedagogia.
Tema: Fracasso Escolar
Delimitao do tema: O fracasso escolar nas escolas estaduais de
ensino fundamental da cidade de So Lus, MA.
Formulao do problema: Quais so as causas, segundo a percepo
dos alunos repetentes, dos pais e dos professores, do fracasso
escolar e o signicado que este tem para a vida dos estudantes que
fracassaram, segundo estes mesmos, os pais e os educadores das
escolas estaduais do ensino fundamental da cidade de So Lus, MA?
Elementos a serem estudados:
AlunosProfessoresFamlia
A P Perepo, Eperinia, Subjetividade. F
A
P F
Noconsidera
histria
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FORMAO PEDAGGICA36
Dialtica
Realizar uma pesquisa que segue uma tendncia dialtica nem
sempre fcil pois existe uma variedade de vertentes que podem
confundir o pesquisador principiante. Como diz Demo (1994a,
p.85) Ademais no existe somente uma dialtica, por exemplo, a
marxista. Se assim fosse j no seria dialtica.
A dialtica tem uma histria antiga que passou por diferentes
etapas de desenvolvimento. Buscando-se apoio em Richardson
(1999) e Trivios (2006) as fases so:
1 FASE:Dialtica espontnea da antiga Grcia, representada porPlato, Aristteles e Herlito. Os dois primeiros entendiam como
a arte da discusso (perguntas e respostas) e como uma tcnica
capaz de servir para classicar os conceitos e dividir os objetos em
gneros e espcies. Estes ressaltavam o aspecto contraditrio
do ser que, ao mesmo tempo que se transforma em outro,
nico e mltiplo, imutvel e passageiro. J Herclito defendia a
dialtica da mutabilidade do mundo e da transformao de toda
propriedade em seu contrrio.
2 FASE: A dialtica idealista dos lsofos alemes (sculo XVIIIe XIX) Hegel se destacou por ser o criador da doutrina dialtica.
Ele considerava o desenvolvimento do mundo como resultado
de interao de foras opostas. Esse desenvolvimento estava
diretamente relacionado ao desenvolvimento de um Esprito
absoluto. Hegel defende [...] se concebe todo o mundo da
natureza da histria e do esprito como um processo, isto , em
constante movimento, mudana, transformao e desenvolvimento
[...]. (HEGEL apud TRIVIOS, 2006, p.53).
3 FASE: Dialtica materialista (sculo XIX e XX) cujos
representantes foram K. Marx, F. Engels e V. Lenin. Marx ressurgiu
o mtodo dialtico para anlise da realidade, buscou apoio em
Hegel diferenciando o materialismo do idealismo e aplicou ao
capital. Dessa forma, a dialtica se apresenta como cincia das
leis gerais do movimento exterior e da conscincia humana.
Herclitodizi qeo mndo est em
provimento grs mprincpio innito, imortle vivo qe o fogo. Nntrez, temos mmovimento eterno: o fogovive com morte d terr,o r vive com morte do
fogo, g vive com morte do r, terr vivecom morte d g.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 37
Vale ressaltar que o marxismo compreende trs aspectos principais:
o materialismo dialtico, o materialismo histrico, e a economia
poltica.
Alm da dialtica marxista existe a dialtica histrica estruturalque segundo Demo (1994a) no marxista, mas compartilha com
muitos componentes do marxismo.
A abordagem crtico-dialtica tem como referencial terico o
materialismo histrico apoiando-se na concepo dinmica da
realidade e das relaes dialticas entre sujeito e objeto, entre
conhecimento e ao, entre teoria e prtica (MARTINS, 1994, p.3).
Atualmente a abordagem crtico-dialtico vem ganhando espao
porque privilegiam as experincias, prticas, processos/histricos,discusses loscas ou anlises contextualizadas. Suas propostas
so marcadamente crticas e pretendem desvendar mais o conito
das interpretaes, o conito de interesses. Buscam inter-relao
do todo com as partes e vice-versa, da tese com a anttese, dos
elementos da estrutura econmica com os da super-estrutura social,
poltica jurdica e intelectual. (MARTINS, 1994, p. 3).
Nas pesquisas crtico-dialtica o mtodo adotado o crtico reexivo
e os instrumentos so: entrevista em profundidade, observao
participante, histria de vida, anlise de contedo. Usa-se tambmestudo de caso, pesquisa-avaliao, pesquisa participante, pesquisa-
ao, pesquisa histrica e pesquisa naturalstica. Assim, essa
abordagem se encontra mais adequada para a rea da educao,
haja vista sua postura ser marcadamente crtica.
Como referncia ao que foi exposto apresenta-se um exemplo do
enfoque crtico-dialtico.
Tema: Fracasso escolar.
Delimitao: O fracasso escolar nas escolas estaduais de ensino
fundamental da cidade de So Lus, MA.
Formulao do problema: Quais so os aspectos do desenvolvimento
do fracasso escolar a nvel local, regional, nacional e suas relaes
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FORMAO PEDAGGICA38
com o processo de educao e da comunidade nacional e como
se apresentam as contradies, primordialmente em relao ao
currculo, formao e desempenho prossional dos professores e
a situao de lugar da escola, centro ou periferia, dos alunos que
fracassaram, e especicamente nas escolas estaduais do ensinofundamental da cidade de So Lus, MA?
Elementos
AlunosProfessoresFamlia
Nesta tendncia verica-se que h historicidade do fenmeno.
Suas relaes a nvel mais amplo situam o problema dentro de
um contexto complexo ao mesmo tempo que, dinamicamente e
de forma especca, estabelece contradies possveis de existir
entre os fenmenos que caracterizam particularmente o tpico.
Para melhor compreenso sobre o exposto, apresenta-se no Quadro
5 uma sntese sobre os parmetros tericos metodolgicos.
Considera
histriaF
P A
PARMETROS TERIcOS METODOLGIcOS
cARAcTERSTIcA POSITIVISMO FENOMENOLOGIA DIALTIcA
REPRESENTANTE Augusto Comte Edmund Russerl Karl Marx
OBJETO DEESTUDO
Dados/ Fatoseducacionais
Fenmenoseducacionais
Realidade combase na prxiseducativa
Relevncia aosaspectos tericos eprticos
OBJETIVO DA
PESQUISA
Expressar os fatose fenmenos
educacionais porinstrumentospadronizados
Interpretaros sentidos esignicaes
dos fenmenoseducacionais comotransferidos pelossujeitos em estudo
Realizar pesquisasempre aberta,inacabada,questionadora econtestadora, que
exige o reexameda teoria e acrtica da prticavisando mudananatural, poltica,econmica e social
VISO DE MUNDOOrdem do universoLeis naturais
Essncia dosfenmenos
Matria emmovimento Uniodos contrrios
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 2 39
VISO DAREALIDADE
Empirista
A- histrica
Subjetiva
A- histrica
Objetiva
Histrica
MTODOIndutivo- DedutivoQuantitativo
FenomenolgicoQualitativo
Dialtico (crtico-reexivo)Quantitativo/qualitativo
TcNIcA
ObservaosistemticaQuestionriosfechadosTeste de medidaEscalas de atitudese de opinies
Entrevistas/vivnciasDepoimentos
Histria de vida
Anlise do discurso
Fontes histricas
Observao
Entrevistas
Questionrios
cRITRIO DEVALIDADE
Princpio davericao
IntersubjetividadeCritrio da prtica(prxis)
Qdro 5: Prmetros tericos metodolgicosFonte: Richrdson (1999) e Silv (2001), dptdo pelos orgnizdores
Destaque as caractersticas do positivismo.
Estabelea a diferena entre fato e fenmeno.
Que propostas so recomendadas para a abordagem
crtico-dialtica?
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2
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UNIDADE
ObjETIvO DESTA UNIDADE:
Diferenciar os mtodosde pesquisa cientca.MTODOS DE PESQUISA
3De acordo com Denzin e Lincoln (1998), a pesquisa contempornea
em Cincias Sociais se estabelece sobre o ceticismo em relao
s teorias universais e aos mtodos gerais. Sendo assim, a
pesquisa nas cincias sociais tem sido marcada por diversosestudos que apreciam a aplicao de mtodos quantitativos na
descrio e explicao dos fenmenos de seu interesse, ou seja,
vem sendo fortemente marcada pelo pensamento positivista.
Desta forma, ela passa a ser concebida como um modo de
gerao de conhecimento objetivo, controlada por regras
precisas de ao, garantindo a neutralidade do pesquisador
em relao ao pesquisado, sendo o rigor nos procedimentos
atribudo meramente natureza exata de testes.
De acordo com Trujillo (2001) o objetivo fundamental dapesquisa tentar conhecer e explicar os fenmenos que
ocorrem no mundo existencial, procurando descobrir como
eles operam, qual a sua funo e estrutura, por que e como se
manifestam e at que ponto podem ser controlados. De forma
semelhante, Selltiz et al. (1999) armam que um dos propsitos
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FORMAO PEDAGGICA42
da pesquisa proporcionar maior familiaridade em relao a
determinado fenmeno, visando, inclusive, ao desenvolvimento
de hipteses ou formulao de um problema mais preciso.
Mtodo qualitatio
As pesquisas de natureza qualitativa surgem menos como opositoras
s pesquisas empricas que como uma outra possibilidade de
investigao. Nas abordagens qualitativas, o termo pesquisa ganha
novo signicado, passando a ser concebido como uma trajetria
circular em torno do que se deseja compreender, no se preocupando
unicamente com princpios, leis e generalizaes, mas voltando o
olhar qualidade, aos elementos que sejam signicativos para
o observador-investigador. Essa compreenso, por sua vez,
no est ligada estritamente ao racional, mas tida como uma
capacidade prpria do homem, imerso num contexto que constri
e do qual parte ativa. O homem compreende porque interroga
as coisas com as quais convive. Assim, no existir neutralidade do
pesquisador em relao pesquisa, pois ele atribui signicados,
seleciona o que do mundo quer conhecer, interage com o conhecido
e se dispe a comunic-lo. Tambm no haver concluses, masuma construo de resultados, posto que compreenses, no
sendo encarcerveis, nunca sero denitivas.
Por sua vez, Hancock (2002, p.2) arma que:
[...] a pesquisa qualitativa est relacionada a acharas respostas a perguntas com as quais comeam:por qu? como? de que modo? Por outro lado, apesquisa quantitativa est mais preocupada comperguntas aproximadamente: quanto? quando?
com que frequncia? at que ponto?.
A investigao qualitativa uma forma de estudo da sociedade
que se centra na forma como as pessoas interpretam e do
sentido s suas experincias e ao mundo em que elas vivem.
Existem diferentes abordagens que so consideradas no mbito
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 43
deste tipo de investigao, mas a maioria tem o mesmo objetivo:
compreender a realidade social das pessoas, grupos e culturas.
Os investigadores usam as abordagens qualitativas para explorar
o comportamento, as perspectivas e as experincias das pessoas
que eles estudam. A base da investigao qualitativa reside naabordagem interpretativa da realidade social (HOLLOWAY,1999).
Segundo Malhotra (2006, p.156), a pesquisa qualitativa
uma metodologia de pesquisa no-estruturada e exploratria
baseada em pequenas amostras que proporciona percepes e
compreenso do contexto do problema. Denzin e Lincoln (2006,
p.16) acrescentam que:
[...] a pesquisa qualitativa , em si mesma, um
campo de investigao. Ela atravessa disciplinas,campos e temas. Em torno do termo pesquisaqualitativa, encontra-se uma famlia interligadae complexa de termos, conceitos e suposies.Entre eles, esto as tradies associadas aofundacionalismo, ao positivismo, ao ps-fundacionalismo, ao ps-positivismo, ao ps-estruturalismo e s diversas perspectivas e/oumtodos de pesquisa qualitativa relacionados aosestudos culturais e interpretativos.
Segundo Rodrigues Filho (2006), a abordagem qualitativa possui
como nfases: perspectivas dos participantes e suas diversidades;reexividade do pesquisador e variedade de abordagens e mtodos.
Como bem salienta Glazier e Powell (1992), esse tipo de pesqui-
sa no um conjunto de procedimentos que dependem forte-
mente de anlise estatstica para suas inferncias ou de outros
mtodos quantitativos para a coleta de dados. De acordo com
Godoy (1995, p.58):
[...] a pesquisa qualitativa parte de questes ou
focos de interesses amplos, que vo se denindo medida que o estudo se desenvolve. Geralmenteimplica a obteno de dados descritivos sobrepessoas, lugares e processos interativos mediantecontato direto do pesquisador com a situaoestudada. Com isso, busca-se a compreenso dosfenmenos segundo a perspectiva dos sujeitos queparticipam da situao em estudo.
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FORMAO PEDAGGICA44
Como se observa, a pesquisa qualitativa fundamenta-se na
ideia de que um fenmeno pode ser melhor compreendido
quando examinado no contexto em que ocorre e do qual faz
parte. Para apreci-lo de forma integrada, o pesquisador deve
mergulhar na realidade, procurando interpret-la a partir da
perspectiva das pessoas nela envolvidas. A opo por essa
modalidade de investigao deriva do tipo de problema a ser
examinado e dos objetivos que se pretende alcanar. Entre
as circunstncias que geralmente ensejam o uso de mtodos
qualitativos destacam-se: quando se lida com problemas
pouco explorados; quando o estudo de carter descritivo e
o que se busca a compreenso do fenmeno em toda a sua
complexidade; e ainda quando se faz necessrio compreender
aspectos psicolgicos, fatos do passado, caractersticas de
grupos dos quais se dispe pouca informao, estruturas
sociais, atitudes individuais, motivaes, expectativas,
valores, opinies etc.
Reis (1994, p. 11) sintetiza estas situaes, explicando que do
ponto de vista terico a opo pelo mtodo qualitativo se justica
quando:
a) o pesquisador dispe de pouca informao arespeito do assunto a ser pesquisado, tornando-se necessrio explorar o conhecimento que aspessoas tm em funo de sua experincia ou atmesmo do senso comum;b) quando o fenmeno especco a ser estudado spode ser captado atravs da observao ou quandoo objeto da investigao o funcionamento deuma estrutura social que exige conhecimento deum processo etc.c) quando procuramos explorar aspectospsicolgicos cujos dados no podem ser coletados
adequadamente atravs de outra metodologia,em funo de sua complexidade.
Cabe considerar, entretanto, que o mtodo qualitativo sedene como tal no apenas por seu objeto de estudo ou porsua nalidade, mas principalmente pela forma como esseobjeto estudado.
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 45
Dentre os elementos mais citados na literatura corrente para
tipicar a pesquisa qualitativa, Trivios (2006) destaca:
a) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta
de dados e o pesquisador como seu principal instrumento: issosignica que a investigao de natureza qualitativa exige o
contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente
e a situao que est sendo analisada. Argumenta-se que o
pesquisador realmente deve se manter em contato estreito
e direto com a situao onde os fenmenos se manifestam
naturalmente porque estes so muito inuenciados pelo seu
contexto. Parte-se do pressuposto de que as circunstncias
particulares em que cada fenmeno ocorre so essenciais
sua compreenso. As pessoas, os gestos, a cultura, as palavras
estudadas e outros elementos igualmente relevantes devem ser
considerados frente ao contexto de que fazem parte. Por isso,
geralmente arma-se que o pesquisador deve se comportar
como o instrumento mais convel de observao, seleo,
anlise e interpretao dos dados coletados.
b) a pesquisa qualitativa descritiva: nesse tipo de pesquisa, os
dados coletados so ricos em descrio de pessoas, situaes,
fatos histricos, comportamentos, atitudes etc. O material
coletado normalmente inclui transcries de entrevistase depoimentos, fotograas, desenhos e extratos de vrios
tipos de documentos. Quando a investigao se baseia na
fenomenologia, ela assume carter essencialmente descritivo.
(TRIVIOS, 2006, p.128). O autor explica que como as
descries dos fenmenos esto impregnadas dos signicados
que o ambiente lhes atribui, e como elas so produto de uma
viso subjetiva, evita-se qualquer expresso quantitativa,
numrica, ou seja, todo tipo de mensurao. Isto signica que
a interpretao dos resultados deve se basear na percepo deum fenmeno inserido em determinado contexto.
c) a preocupao com o processo muito maior do que com o
produto: comentando essa caracterstica, Ludke e Andr (2001,
p.12) dizem que o interesse do pesquisador ao investigar um
determinado problema principalmente o de vericar como
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ele se manifesta nas atividades, nos procedimentos e nas
interaes cotidianas.
d) o signicado a preocupao essencial na abordagem
qualitativa: na pesquisa qualitativa, o signicado que osindivduos atribuem s coisas e sua prpria vida foco de
ateno especial do pesquisador. Busca-se compreender os
fenmenos que esto sendo estudados a partir da perspectiva
dos participantes. Assim, a maneira como os indivduos
encaram as questes que esto sendo focalizadas assume
grande importncia na anlise qualitativa.
e) a anlise dos dados tende a seguir um processo indutivo: em
estudos de cunho qualitativo, o pesquisador no parte de
hipteses estabelecidas a priori, ou seja, no se preocupaem buscar evidncias que comprovem ou neguem suposies
iniciais. Pelo contrrio, tudo comea com questes ou focos
de interesse amplos, que vo se tornando mais diretos e
especcos no transcorrer da investigao.
Na pesquisa qualitativa, principalmente, a interpretao dos
fenmenos no um ato autnomo, isolado. Pelo contrrio,
trata-se de uma atividade complexa que consiste na leitura de
acontecimentos situados numa dimenso espao-temporal. Assim,
o pesquisador de orientao qualitativa interpreta com o auxlio
dos outros (sujeitos pesquisados, escritores, pessoas com as quais
convive, referncias culturais, polticas etc.) e os signicados vo
sendo construdos por meio das interaes dirias. Como destacam
alguns autores, o olhar qualitativo tpico de investigadores cujas
estratgias de pesquisa privilegiam a compreenso do sentido
dos fenmenos sociais para alm de sua explicao em termos de
causa e efeito.
Do exposto, verica-se que os estudos qualitativos se caracterizambasicamente pelos seguintes aspectos: so realizados numa
situao natural; so ricos em dados descritivos, obtidos em contato
direto do pesquisador com a situao estudada; enfatizam mais o
processo do que o produto; preocupam-se em retratar a perspectiva
dos participantes; tm um plano aberto e exvel e focalizam
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 3 47
a realidade de forma complexa e contextualizada. Alm disso,
quanto aos objetivos vimos que eles procuram, principalmente:
descrever a complexidade de um problema, atravs de dados
profundos e reais; analisar um processo de interao entre certas
variveis; compreender processos dinmicos, visando a classic-los; e compreender particularidades do comportamento dos
indivduos e poder analis-las.
Malhotra (2006) aponta vrias razes para usar a pesquisa
qualitativa. No seu entender, nem sempre possvel, ou
conveniente, utilizar mtodos plenamente estruturados ou formais
para obter informaes dos respondentes. Determinados valores,
emoes e motivaes que se situam no nvel subconsciente
so encobertos ao mundo exterior pela racionalizao e outros
mecanismos de defesa do ego. Em tais casos, a melhor maneira de
obter a informao desejada mediante a pesquisa qualitativa.
Esses procedimentos so classicados, segundo o autor, como
diretos ou indiretos, dependendo da condio dos entrevistados
conhecerem ou no o verdadeiro objetivo da pesquisa. Uma
abordagem direta no encoberta. O objetivo da pesquisa
revelado aos respondentes, ou ento ca evidente pelas prprias
questes formuladas.
Dentre as tcnicas mais utilizadas em pesquisas qualitativas, pode-se destacar a entrevist individl e a observo prticipnte
em grpos. Pode-se considerar que os grupos focais, como uma
entrevist em grpo, combina elementos dessas duas abordagens.
Segundo Oliveira e Freitas (1998), os grupos focais possuem
destaque na abordagem qualitativa porque propiciam riqueza e
exibilidade na coleta de dados, normalmente no disponveis
quando se aplica um instrumento individualmente, alm do ganho
em espontaneidade pela interao entre os participantes. Por
outro lado, exige maior preparao do local, assim como resulta
em menor quantidade de dados (por pessoa) do que se fosse
utilizada a entrevista individual.
Para Denzin e Lincoln (1998), a investigao qualitativa se assemelha
a uma bricolage, atravs da qual o pesquisador (bricoler) lana
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mo de mltiplas estratgias e mtodos, bem como de materiais
empricos diversos, para produzir uma resposta adequada a um
problema concreto.
A Figura 1 apresenta as principais etapas do mtodo qualitativo.
Figr 1: Modelo do processo de pesqis no linerFonte: Sntos (2005)
Mtodo quantitatio
O mtodo quantitativo possui tradio nas Cincias Naturaise baseia-se numa viso positivista, sendo que o seu objetivo
vericar a partir de medio numrica.
Precisamos considerar dois aspectos, como ponto de partida:
primeiro, que os nmeros, frequncias e medidas tm algumas
propriedades que delimitam as operaes que se podem fazer
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com eles, e que deixam claro seu alcance; segundo, que as boas
anlises dependem de boas perguntas que o pesquisador venha a
fazer, ou seja, da qualidade terica e da perspectiva epistmica
na abordagem do problema, as quais guiam as anlises e as
interpretaes.
O mtodo quantitativo vem da tradio das cincias naturais,
onde as variveis observadas so poucas, objetivas e medidas
em escalas numricas. Filosocamente, a pesquisa quantitativa
baseia-se numa viso dita positivista onde:
1. As variveis a serem observadas so consideradasobjetivas, isto , diferentes observadores obteroos mesmos resultados em observaes distintas;2. No h desacordo do que melhor e o que
pior para os valores dessas variveis objetivas;3. Medies numricas so consideradas maisricas que descries verbais, pois elas se adequam manipulao estatstica (WAINER, 2009, p. 6).
No emprego dos mtodos quantitativos precisa-se considerar
dois aspectos, como ponto de partida: primeiro, que os nmeros,
frequncias e medidas tm algumas propriedades que delimitam
as operaes que se podem fazer com eles, e que deixam claro
seu alcance; segundo, que as boas anlises dependem de boas
perguntas que o pesquisador venha a fazer, ou seja, da qualidadeterica e da perspectiva epistmica na abordagem do problema.
Nesse tipo de abordagem, os pesquisadores buscam exprimir as
relaes de dependncia funcional entre variveis para tratarem
do como dos fenmenos. Eles procuram identicar os elementos
constituintes do objeto estudado, estabelecendo a estrutura
e a evoluo das relaes entre os elementos. Seus dados so
mtricos (medidas, comparao/padro/metro) e as abordagens
so experimental, hipottico-dedutiva, vericatria. Eles tm
como base as metateorias formalizantes e descritivas.
Como concluso sobre o exposto apresenta-se no Quadro 6 as
diferenas entre pesquisa qualitativa e quantitativa.
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PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA
Subjetivo Objetivo
Soft Science Hard Science
Desenvolve a Teoria Testa a Teoria
Descoberta, descrio, compreenso,
interpretao partilhada Reduo, controle, precisoOrganicista: o todo mais do que as
partesMecanicista: partes so iguais ao todo
Possibilita narrativasricas,interpretaes individuais
Possibilita anlise estatsticas
Os elementos bsicos da anlise sopalavras e ideias
Os elementos bsicos da anlise so osnmeros
O pesquisador participa do processoO pesquisador mantm distncia do
processo
Depende do contexto Independente do contexto
Gera ideias e questes para pesquisa Teste de hiptese
O raciocnio dialtico e indutivo O raciocnio logico e dedutivo
Descreve os signicados, descobertas Estabelece relaes, causasBusca particularidades Busca generalizaes
Preocupa-se com a qualidade dasinformaes e respostas
Preocupa-se com as quantidades
Utiliza a comunicao e observao Utiliza instrumentos especcos
Qdro 6 : Comprtivo entre pesqis qlittiv e qntittiv
Estabelea a diferena entre mtodo qualitativo e
quantitativo.
Quando se justica o mtodo qualitativo?
Qual a contribuio do positivismo para a pesquisa
quantitativa?
1
2
3
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UNIDADE
ObjETIvO DESTA UNIDADE:
Reconhecer oselementos constitutivosde um projeto e de umrelatrio de pesquisa.
PROjETO E RELATRIODE PESQUISA
4Toda pesquisa exige um projeto que deve ser elaborado e
sistematizado de acordo com as recomendaes tcnicas da
metodologia cientca. O projeto ir direcionar o pesquisador
quanto a execuo de sua pesquisa. Aps a execuo do
projeto, o pesquisador dever comunicar seus resultados
atravs de um relatrio, ou de um artigo, ou de um trabalho de
concluso de curso. Assim, o projeto e o relatrio de pesquisa
aqui apresentados tm respaldado na norma da ABNT.
Construo do proeto
O projeto de pesquisa considerado uma carta de intenes.
Nele se apresenta as etapas mais importantes de uma pesquisa
cientca.
A Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) define
projeto de pesquisa como aquele que compreende uma
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das fases da pesquisa. a descrio da sua estrutura. (ABNT,
2005, p. 2).
Antes de iniciar a elaborao do projeto, o pesquisador deve ter
em mente o problema da pesquisa. Um estudo exploratrio deveser efetivado, procurando detectar os elementos que evidenciam
o surgimento do problema. Assim, o estudo exploratrio dar
subsdios necessrio para a formulao da delimitao do problema.
De certa forma o projeto de pesquisa se prope a responder as
seguintes questes:
a) O qu? (tema, problema, hiptese);
b) Por qu? (justicativa pela escolha do tema);
c) Para qu? (objetivo);
d) Como? (metodologia);
e) Quando? (cronograma);
f) Quanto? (oramento);
g) Quem? (pesquisadores).
Estrutura
Conforme a NBR 15287/2005 da ABNT, a estrutura de um projeto
de pesquisa compreende elementos pr-textuais, textuais e ps-
textuais.
a) Elementos pr-tetuais:
- Capa (opcional):
Nome d entidde e sbordino;
Nome(s) do(s) tor(es);
Ttlo e sbttlo (se hover);
Locl (cidde);
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 4 53
ano de depsito (entreg).
- Folh de rosto (obrigtrio):
Nome(s) do(s) tor(es);
Ttlo e sbttlo (se hover);
Tipo de projeto de pesqis e nome d entidde qe deve
ser sbmetido;
Locl (cidde);
ano de depsito (entreg).
Vale ressaltar que o ttulo do projeto deve reunir as seguintes
qualidades: simples, sugestivo e informativo.
Simples- a simplicidade decorre do tamanho do ttulo - sempre quepossvel curto (no mximo 15 palavras); deve-se dar preferncia
ao emprego de palavras correntes (mais conhecidas) procurando
vincular ao tema ou problema.
Sugestivo- mesmo simples o ttulo deve chamar a ateno, para
motivar e atrair o leitor leigo ou tcnico sobre o contedo do
documento.
Informativo- quando deixa claro a que campo do conhecimento
pertence a pesquisa e qual o objetivo principal que se pretendealcanar.
H vrios lugares comuns que, mesmo no tendo o seu uso proibido,
devem ser evitados tais como: Estudos sobre...Consideraes...
Observaes gerais... Contribuio para... e outros similares.
No se recomendam ttulos-frases e ttulos-perguntas. O ttulo
tambm no deve ter frmulas ou smbolos de qualquer espcie.
Os ttulos longos devem ser divididos em ttulo e subttulo,
separados por dois pontos, sendo que a primeira parte contm
sempre a ideia principal.
E: EDUcAO AMBIENTAL PARA AS EScOLAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL: uma proposta urriular.
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- Sumrio (obrigatrio): elaborado conforme ABNT NBR 6027/2003
b) Elementos tetuais:
1 INTRODUO
Nesta parte deve aparecer o tema, a problemtica, o problema,a(s) hiptese(s) quando couberem, e a justicativa. Estes so
apresentados em texto corrido.
1. Tema do projeto (no confundir temtica com tema), ex:
Educao (temtica, sentido amplo); Educao ambiental
(tema, sentido restrito).
2. Situao problema ou problemtica inclui dados e/ou
informaes que dimensionam o estgio atual do fenmeno.
No dizer de Laville e Dionne (1999, p. 98) problemtica oquadro no qual se situa o problema e no o prprio problema.
Assim, antes do problema o pesquisador deve contextualizar
ou melhor situar o quadro no qual se situa a percepo de um
problema.
3. Problema este deve ser em forma de pergunta. Tem como
base os pronomes interrogativos ou termos que implicam
interrogao. Ex: Qual ?, Qual a relao?, Quais so?, Quem
/so?, Por que?, Onde?, Como?, possvel?, At que ponto?,De que forma?, e outros.
Eemplo: At que ponto as ompetnias interpessoais,
motivaionais e inteletuais esto sendo desenvolvidas
pelos professores no ensino mdio das esolas estaduais de
So Lus, MA?
4. Hiptese - a hiptese uma resposta ao problema que por sua
vez envolve uma possvel verdade, um resultado provvel.
uma verdade intuda com o apoio de uma teoria. Em geralas hipteses se enquadram mais aos estudos experimentais.
Nos estudos exploratrios e descritivos, no h necessidade
de apresentar as hipteses. (ANDRADE, 1994, p.115). Neste
caso, os estudos so direcionados pelos objetivos especcos
ou questes norteadoras.
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5. Justicativa - possvel justicar um projeto atravs de suaimportncia (social, poltica, prtica etc.). Sua oportunidade(se apropriado para aquele momento); e sua viabilidade(vivel em termos de custos e acesso as informaes. Essasdimenses muitas vezes aparecem interligadas fazendo-setambm acompanhar das contribuies tericas e prticas quea pesquisa proporcionar. Segundo Richardson et al. (1999,p.57) Em geral, a justicativa [introduo] deveria ter, nomximo, duas pginas [folhas] e no inclui citaes (a revisodo conhecimento acumulado forma parte da denio doproblema). Neste caso, a justicativa pessoal.
2 OBJETIVOS
Dene-se como algo que se pretende alcanar. Estes devem
manter uma estreita relao com o problema levantado. Sodivididos em geral e especcos.
O geral destaca o propsito principal da pesquisa. Os especcosreferem-se as etapas que devem ser cumpridas para atingir oobjetivo geral. Estes devem iniciar com verbo no innitivo, eexpressar apenas uma ideia, ou seja, incluir apenas um sujeitoe um complemento.
Eemplo: caraterizar a onepo teria de Paulo Freire.
3 FUNDAMENTAO TERICA
denominada tambm de referencial terico ou reviso deliteratura. Neste item devem ser destacados os conceitostericos de diferentes autores sobre o problema estudado,procurando comparar e contrastar as perspectivas dos autorese concluir denindo e justicando o conceito que serutilizado. Assim, a reviso de literatura estabelece um dilogoentre teoria e o problema a ser investigado.
Recomendaes relevantes:
a) O texto deve ter comeo, meio e m;
b) Ter um texto introdutrio explicando o objetivo dafundamentao terica;
c) Fundamentao terica-no colagem de citao bibliogrca,ento: faa uma abertura e o fecho para os tpicos tratados,
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preencha as lacunas com consideraes prprias, crie elosentre citaes; consulte as normas de citaes ABNT- NBR10520/02.
4 METODOLOGIA
Na metodologia deve aparecer a base epistemolgica que darsustentao pesquisa. De acordo com o tema/problema opesquisador dever escolher a perspectiva que dar sustentao sua pesquisa seja ela positivista, fenomenolgica ou crtico-dialtica.
Em seguida indicar o mtodo de abordagem se quantitativoou qualitativo ou os dois. Apresentar o tipo de pesquisaquanto aos objetivos (exploratria, descritiva e explicativa) equanto aos procedimentos (bibliogrca documental, estudo
de caso, participante, pesquisa ao etc.). Estes devem serconceituados e justicados luz da investigao especca.
Se a pesquisa for de campo, especicar o universo (produtos,pessoas, escolas); a amostragem (tipo da amostra e adeterminao do seu tamanho). Especicar tambm osinstrumentos de coleta de dados: questionrios, entrevistas,observao etc. O plano de anlise de dados devem aparecer.No caso de anlise quantitativa especicar o tratamento dedados: tabelas, grcos etc. No caso de anlise qualitativa
especicar as tcnicas utilizadas: anlise documental, anlisede contedo ou anlise de discurso.
5 RECURSOS
Deve incluir os recursos humanos, materiais e nanceiros.Quando se tratar de um projeto que implica recursos prprioseste item deve ser suprimido. J projetos que implicamaprovao e solicitao de bolsas necessrio a descriodestes.
6 CRONOGRAMA Todas as etapas do projeto devem ser mencionadas
rigorosamente em ordem cronolgica e respectivos prazos.
Elementos ps-textuais
REFERNCIAS
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Elemento obrigatrio, onde se relacionam as obras que foramconsultadas para elaborao do projeto. Devem vir em ordemalfabtica e obedecer as normas da ABNT- NBR 6023/2003.
APNDICES
Material elaborado pelo prprio autor, tais como: questionrio,entrevista, formulrio e outros. Trata-se de um elementoopcional.
A norma indica tambm os anexos e ndices como elementosopcionais. As regras gerais de apresentao quanto ao formatodevem ser apresentadas em papel branco formato A4 digitadosno anverso das folhas em cor preta; recomenda-se a utilizaode fonte 12 para todo o texto, excetuando-se as citaes demais de trs linhas, notas de rodap, paginao e legendas das
ilustraes e das tabelas, que devem ser digitados em tamanhomenor e uniforme.
No caso de citaes de mais de trs linhas, deve-se observar,tambm um recuo de 4 cm de margem esquerda. Para textosdatilografados, observa-se apenas o recuo. As folhas devemapresentar margem esquerda e superior 3 cm e direita einferior 2 cm. Todo o texto deve ser digitado ou datilografadocom espao 1,5 entrelinhas, excetuando-se as citaes demais de trs linhas, notas de rodap, referncias, legendas
das ilustraes e das tabelas, tipo de projeto de pesquisa enome da entidade, que devem ser digitados ou datilografadosem espao simples.
As referncias ao nal do projeto devem ser separadas entresi por dois espaos simples. Para evidenciar a sistematizaodo contedo do projeto, deve-se adotar a numeraoprogressiva para as sees do texto. Os ttulos das seesprimrias, por serem as principais divises de um texto,devem iniciar em folha distinta. A paginao inicia-se na folhade rosto, contatadas sequencialmente, mas no numeradas.
A numerao colocada a partir da primeira folha da partetextual, em algarismos arbicos, no canto superior direito dafolha, a 2 cm da borda superior, cando o ltimo algarismo 2cm da borda direita da folha.
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Estrutura do relatrio
O relatrio a ltima etapa do processo de pesquisa. A comunicao
dos resultados da pesquisa de responsabilidade do pesquisadorque deve dar ateno rigorosa a estrutura do texto, ao seu estilo
e sua apresentao grca.
O relatrio tcnico-cientco segundo a ABNT NBR-10719 (1989)
[...] um documento que relata formalmente osresultados ou progressos obtidos em investigaode pesquisa e desenvolvimento ou que descrevea situao de uma questo tcnica ou cientca.O relatrio tcnico apresenta, sistematicamente,informao suciente para um leitor qualicado,traa concluses e faz recomendaes.
Vergara (2004, p. 71) diz que:
Relatrio o relato do que desencadeou apesquisa, da forma pela qual ela foi realizada,pelos resultados obtidos, das concluses a que sechegou e das recomendaes e sugestes que opesquisador faz a outros.
Estrutura
A estrutura do relatrio para este trabalho tem como base a ABNT-
NBR 10719/89 com algumas adaptaes. Sua estrutura compreende:
elementos pr-textuais, textuais e ps-textuais.
Elementos pr-tetuais:
1. Capa (obrigatria);
2. Folha de rosto (obrigatria);
3. Agradecimentos (opcional);
4. Resumo (obrigatrio, deve obedecer a NBR 6028/03);
5. Lista de ilustraes (opcional);
6. Lista de tabelas (opcional);
7. Lista de abreviaturas e siglas (opcional);
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METODOLOGIA DA PESQUISA EM EDUCAO | UNIDADE 4 59
8. Lista de smbolos (opcional);
9. Sumrio (obrigatrio e deve obedecer a NBR 6027/03).
A disposio grca dos elementos pr-textuais do relatrio
semelhante ao projeto.Elementos tetuais:
a) Introduo - primeira parte do relatrio que apresenta a
situao problema, o problema, os objetivos, os motivos de
sua elaborao (justicativa), bem como as relaes com
outros trabalhos; no deve repetir ou parafrasear o resumo,
nem dar detalhes sobre a teoria experimental, o mtodo ou os
resultados ou ainda antecipar as concluses e recomendaes,
mas apenas apresentar o assunto como um todo, sem detalhes.
b) Desenvolvimento- parte mais importante e extensa do texto,
onde exigido raciocnio lgico e clareza. Deve ser dividido
em tantas sees e subsees quantas forem necessrias para
o detalhamento da pesquisa e /ou estudo realizado (descrio
de mtodos, teorias, procedimentos experimentais, discusso
de resultados, entre outros). As descries apresentadas
devem ser sucientes para permitir a compreenso das etapas
da pesquisa. Todas as ilustraes (uxograma, fotograas,
grcos, mapas, quadros e outros) ou tabelas essenciais compreenso do texto devem ser includos nesta parte do
relatrio. As citaes servem para dar maior clareza ao texto,
relacionando as ideias expostas com ideias defendidas em
outros trabalhos por outros autores. Estas so apresentadas de
acordo com o sistema escolhido (numrico ou alfabtico).
) conluses ou reomendaes - devem gurar clara
e ordenadamente as dedues tiradas do resultado do
trabalho ou levantados ao longo da discusso do assunto,dados quantitativos no devem aparecer na concluso, nem
tampouco resultados comprometidos e passveis de discusso.
As recomendaes so declaraes concisas de aes, julgadas
necessrias a partir das concluses obtidas, a serem usadas nofuturo.
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Cervo e Bervian (1978) apresentam trs caractersticas principais de
uma concluso:
essenialidade - resumo marcante dos argumentos principais
sntese interpretativa dos elementos dispersos pelo trab