Febre DIssertação

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 i CARLOS MAGNO AMARAL COSTA TÉCNICAS DE MENSURAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL: UMA ESPECIAL ATENÇÃO PARA AS VARIAÇÕES DA TEMPERATURA DA PELE MENSURADAS POR TERMOGRAFIA AO LONGO DO DIA Dissertação apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, para obtenção do título de Magister Scientiae. VIÇOSA MINAS GERAIS    BRASIL 2012

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Febre

Transcript of Febre DIssertação

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    CARLOS MAGNO AMARAL COSTA

    TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA CORPORAL:

    UMA ESPECIAL ATENO PARA AS VARIAES DA TEMPERATURA DA

    PELE MENSURADAS POR TERMOGRAFIA AO LONGO DO DIA

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de Viosa, como parte das

    exigncias do Programa de Ps-Graduao

    em Educao Fsica, para obteno do ttulo

    de Magister Scientiae.

    VIOSA

    MINAS GERAIS BRASIL 2012

  • ii

    CARLOS MAGNO AMARAL COSTA

    TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA CORPORAL:

    UMA ESPECIAL ATENO PARA AS VARIAES DA TEMPERATURA DA

    PELE MENSURADAS POR TERMOGRAFIA AO LONGO DO DIA

    Dissertao apresentada Universidade

    Federal de Viosa, como parte das

    exigncias do Programa de Ps-Graduao

    em Educao Fsica, para obteno do ttulo

    de Magister Scientiae.

    Aprovada: 21 de dezembro de 2012.

    __________________________________

    Ciro Jos Brito

    __________________________________

    Guilherme de Azambuja Pussieldi

    ______________________________________

    Manuel Sillero-Quintana

    (Coorientador)

    ____________________________________

    Joo Carlos Bouzas Marins

    (Orientador)

  • iii

    A Deus, a minha me Maria Antonieta e

    minha namorada Thais, e aos meus

    irmos, Michelle e Thiago.

    Ao meu orientador Joo Carlos Bouzas

    Marins.

    A todos os meus amigos que sempre me

    incentivaram e apoiaram.

  • iv

    A dor temporria, desistir dura para

    sempre.

  • v

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus, por todos os momentos de proteo e inspirao, pela vida e

    por todas as oportunidades concedidas nos momentos de dificuldade.

    A minha me, Maria Antonieta, e a minha namorada Thais, por sempre terem

    acreditado no meu sonho, me apoiado nos momentos de dificuldade e se sacrificado nos

    momentos de minha ausncia para que esse sonho se tornasse realidade. Agradeo o

    apoio, a ajuda, o carinho, o amor, a confiana e a pacincia que tiveram comigo.

    Aos meus irmos, Michelle e Thiago, pela fora e confiana que cada um, ao seu

    modo, sempre depositou em mim.

    Ao meu orientador Joo Carlos Bouzas Marins, pela pacincia, pela dedicao,

    pelo esforo e pela competncia na conduo de todos os momentos deste trabalho.

    Ao TCel Perius, ex-chefe e incentivador do meu trabalho, agradeo pelos

    momentos de ausncia, concedidos para que este sonho tivesse continuidade.

    Aos meus companheiros de laboratrio, Alex, Fabrcio e Cristiane, que me

    ajudaram de forma competente e dedicada, unindo esforos para que este trabalho

    tivesse um fim.

    Ao meu grande amigo Danilo, que me recebeu de forma brilhante, num

    ambiente at ento desconhecido, apresentando-me, com todo entusiasmo, o LAPEH, e

    demonstrando, nos poucos momentos de convivncia, sua dedicao pesquisa e o

    interesse pela cincia.

    Aos demais companheiros, Pedro Meloni e Bruno Moura e a todos integrantes

    do LAPEH, meu muito obrigado!

  • vi

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    FPA = Focal plane array

    ISAK = International Society for Advancementin Kinanthropometry

    RCI = Regio corporal de interesse

    Ta = Temperatura ambiente

    Tabdomen = Temperatura do abdmen

    Tantebrao post dir = Temperatura do antebrao posterior direito

    Tcentral = Temperatura central

    Tcorporal = Temperatura corporal

    Tcoxa ant dir = Temperatura da coxa anterior direita

    Tesofgica = Temperatura esofgica

    TIR = Termografia infravermelha

    TMpele = Temperatura mdia da pele

    Toral = Temperatura oral

    Tpele = Temperatura da pele

    Tperna post dir = Temperatura da perna posterior direita

    Tretal= Temperatura retal

    Ttimpnica = Temperatura timpnica

    UR = Umidade relativa

  • vii

    SUMRIO

    RESUMO ............................................................................................................ ix

    ABSTRACT ........................................................................................................

    xi

    1 INTRODUO GERAL ..............................................................................

    2 OBJETIVOS .................................................................................................

    2.1 Geral .............................................................................................

    2.2 Especficos ...................................................................................

    2.2.1 Captulo 1 ........................................................................

    2.2.2 Captulo 2 ........................................................................

    2.2.3 Captulo 3 .......................................................................

    REFERNCIAS .................................................................................................

    01

    03

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    03

    03

    03

    04

    05

    3 CAPTULO 1 - TCNICAS DE MENSURAO DA TEMPERATURA

    CENTRAL E SUA APLICAO NO EXERCCIO FSICO

    ..............................................................................................................................

    3.1 Resumo ..................................................................................................

    3.2 Introduo ..............................................................................................

    3.3 Mtodo ...................................................................................................

    3.4 Temperatura Oral ...................................................................................

    3.5 Temperatura Timpnica .........................................................................

    3.6 Temperatura Retal ..................................................................................

    3.7 Temperatura Esofgica ..........................................................................

    3.8 Temperatura Gastrointestinal .................................................................

    3.9 Temperatura da Artria Pulmonar .......................................................

    3.10 Concluses ...........................................................................................

    3.11 Referncias ..........................................................................................

    07

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    21

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    26

    27

    29

    4 CAPTULO 2 - VARIAES DA TEMPERATURA DA PELE AO

    LONGO DE UM DIA EMPREGANDO A TCNICA DE TERMOGRAFIA

    INFRAVERMELHA EM HOMENS MILITARES ............................................

    4.1 Resumo ..................................................................................................

    4.2 Introduo ..............................................................................................

    4.3 Materiais e Mtodos ...............................................................................

    4.3.1 Amostra .....................................................................................

    4.3.2 Procedimentos ...........................................................................

    4.3.3 Equipamentos ............................................................................

    35

    35

    37

    39

    39

    41

    46

  • viii

    4.3.4 Anlise estatstica ......................................................................

    4.4 Resultados ..............................................................................................

    4.5 Discusso ...............................................................................................

    4.6 Concluses .............................................................................................

    4.7 Referncias ............................................................................................

    4.8 Anexo 1 ..................................................................................................

    4.9 Anexo 2 ..................................................................................................

    47

    47

    53

    58

    59

    62

    63

    5 CAPTULO 3 - UTILIZAO DA TCNICA DE TERMOGRAFIA

    INFRAVERMELHA PARA IDENTIFICAR VARIAES DA

    TEMPERATURA DA PELE DE MULHERES MILITARES AO LONGO DE

    UM DIA ..............................................................................................................

    5.1 Resumo ..................................................................................................

    5.2 Introduo ..............................................................................................

    5.3 Materiais e Mtodos ...............................................................................

    5.3.1 Amostra .....................................................................................

    5.3.2 Procedimentos ...........................................................................

    5.3.3 Equipamentos ...........................................................................

    5.3.4 Anlise estatstica ......................................................................

    5.4 Resultados ..............................................................................................

    5.5 Discusso ...............................................................................................

    5.6 Concluso ...............................................................................................

    5.7 Referncias ............................................................................................

    5.8 Anexo 1 ..................................................................................................

    5.9 Anexo 2 ..................................................................................................

    64

    64

    66

    68

    68

    70

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    76

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    93

    94

    6 CONCLUSES GERAIS .............................................................................

    95

  • ix

    RESUMO

    COSTA, Carlos Magno Amaral, M. Sc. Universidade Federal de Viosa, dezembro de

    2012. Tcnicas de mensurao da temperatura corporal: uma especial ateno

    para as variaes da temperatura da pele mensuradas por termografia ao longo do

    dia. Orientador: Joo Carlos Bouzas Marins. Coorientador: Manuel Sillero-Quintana.

    Esta dissertao foi proposta com dois objetivos principais: a) analisar os

    diferentes mtodos de mensurao da temperatura central, seus aspectos favorveis e

    desfavorveis durante o exerccio fsico; b) identificar a ocorrncia de variao diria da

    temperatura da pele (Tpele), tanto de homens como de mulheres, utilizando a tcnica de

    termografia infravermelha. Para elucidar o primeiro objetivo, foi realizado um estudo de

    reviso que identificou as seis principais tcnicas de mensurao da temperatura central.

    A temperatura retal e a temperatura gastrointestinal parecem ser os mtodos mais

    aplicados em exerccio fsico, contudo nenhum mtodo dever ser excludo sem que

    antes sejam analisadas suas limitaes, o tipo de exerccio fsico realizado e os objetivos

    do registro da temperatura central. Para alcanar o segundo objetivo, realizaram-se dois

    estudos em que participaram 31 militares do sexo masculino e 20 militares do sexo

    feminino. Os avaliados estavam sob o mesmo treinamento fsico por, no mnimo, seis

    meses, no eram fumantes ou portadores de condio patolgica inflamatria, ou

    apresentavam algum problema que pudesse alterar a Tpele. As imagens termogrficas

    foram coletadas em uma sala climatizada a 23C 1C e obtidas atravs de termovisor

    posicionado a 4 m de distncia do avaliado. Foram coletadas 4 imagens englobando 25

    regies corporais de interesse (RCI), esse procedimento foi repetido ao longo do mesmo

    dia em cinco ocasies: s 7h, s 11h, s 15h, s 19h e s 23h. Para o comportamento

    trmico geral, tambm foi considerada a temperatura mdia da pele. Empregou-se a

    ANOVA One Way com medidas repetidas, seguida pelo teste post-hoc de Tukey, para

  • x

    localizar a diferena significativa entre os diferentes horrios do dia em cada RCI. O

    nvel de significncia adotado foi p

  • xi

    ABSTRACT

    COSTA, Carlos Magno Amaral, M. Sc. Universidade Federal de Viosa, december

    2012. Techniques for measuring body temperature: a special attention to changes

    in skin temperature measured by thermography throughout the day. Advisor: Joo

    Carlos Bouzas Marins. Co-Advidor: Manuel Sillero-Quintana.

    This dissertation was proposed with two main objectives: a) analyze the different

    methods for measurement of core temperature, favorable and unfavorable aspects

    during exercise; b) identifying the occurrence of daily variation in skin temperature

    (Tskin) both men and women using the technique of infrared thermography. To elucidate

    the first objective was a study review that identified six main techniques for measuring

    the core temperature. The rectal and gastrointestinal temperature seem to be the most

    used methods in physical exercise, however, no method should be deleted without first

    being analyzed its limitations, the type of exercise performed and the goals of the

    central temperature record. To achieve the second objective two studies were conducted

    which involved a total sample of 31 male military and 20 women military.The evaluated

    were subjected to the same physical training for at least six months, were nonsmokers or

    patients with inflammatory pathological condition or a problem that could change the

    Tskin. The thermographic images were collected in a room heated to 23C 1C and

    obtained by the thermal imager positioned 4 m away from the volunteer. We collected 4

    images encompassing the 25 body regions of interest (RBI), this procedure was repeated

    along the same day on five occasions at 7h, 11h, 15h, 19h and 23h. For the thermal

    behavior was also considered the overall average temperature of the skin. We applied

    the One Way ANOVA with repeated measures followed by post-hoc Tukey test to

    determine significant differences between different times of day in each RBI. The

  • xii

    significance level of p

  • 1

    1 INTRODUO GERAL

    O controle da temperatura corporal (Tcorporal) em humanos se faz necessrio para

    manter em nveis seguros as repostas fisiolgicas de produo, absoro e perda de calor. Os

    mecanismos termorregulatrios so os responsveis pela homeostase da temperatura humana

    durante o repouso e, principalmente, durante o esforo fsico, ajustando em aproximadamente

    37C a temperatura central (Tcentral) a fim de evitar hipertermia e hipotermia em nveis

    perigosos (1).

    Apesar da disponibilidade e da variedade de mtodos de mensurao da Tcorporal, a

    seleo do mtodo de termometria para qualquer populao especfica no simples,

    especialmente durante a prtica de exerccio fsico e participao no esporte. Contudo,

    avanos relacionados mensurao da Tcorporal tm desempenhado funes importantes na

    pesquisa de termorregulao humana, por permitirem que os pesquisadores quantifiquem e

    analisem a temperatura usando diferentes estratgias.

    A Tcorporal um dos principais marcadores utilizados para identificar as variaes

    circadianas dirias do ritmo biolgico (2, 3), as quais ocorrem a partir do sistema interno

    orgnico que permite a antecipao e a preparao relacionadas s mudanas dirias (4).

    Existem vrias tcnicas de registro da Tcorporal e, em todas, foi observado que existem

    variaes ao longo de 24 horas, porm com faixas de normalidade diferenciadas em funo do

    tipo de tcnica empregada (5).

    A proposta de utilizao da termografia infravermelha (TIR) para controle de

    mensurao da temperatura corporal apresenta aspectos interessantes. Em humanos, essa

    tcnica teve seu incio na rea mdica com o objetivo de diagnosticar doenas vasculares (6),

    inflamaes (7), tumores (8, 9) e desordem metablica, bem como anormalidades da Tcorporal

    (7).

  • 2

    A TIR registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e

    processa a radiao infravermelha emitida pela superfcie do corpo (10). Sua aplicao

    considerada vantajosa, pois permite anlise imediata, de forma geral ou especfica, focada em

    determinada parte do corpo. A TIR um procedimento no invasivo e no necessita contato

    fsico com o avaliado, podendo ser utilizada como tcnica alternativa para o estudo da

    variao trmica diria (11, 12).

    Estudos da variao trmica diria so frequentemente realizados atravs das

    mensuraes da temperatura retal (13-15), gastrointestinal (16), oral (17), axilar (14, 16) e da

    pele (18), no entanto, aps pesquisa na base de dados Medline, no foi possvel identificar

    trabalhos que tenham aplicado a TIR para estabelecer o mapa trmico dirio da temperatura

    da pele, o que torna este estudo pioneiro quanto a esse aspecto.

    Estabelecer a possvel variao diria da temperatura da pele pode auxiliar treinadores,

    preparadores fsicos e fisioterapeutas a selecionar os melhores horrios para determinadas

    intervenes, tomando como base que certas aes so indicadas ou no em funo da

    variao do ritmo biolgico (19), ou a aplicar, no estudo da preveno de leses, que utiliza a

    comparao contralateral com o acompanhamento dirio da temperatura da pele (12).

    Dessa forma, o contedo desta dissertao est dividido em trs manuscritos. O

    primeiro manuscrito, que consta de reviso de literatura, apresenta e analisa as diferentes

    formas de mensurao da temperatura corporal humana e suas aplicaes no exerccio fsico.

    J o segundo e o terceiro manuscritos apresentam como objetivo central identificar as

    variaes da temperatura da pele de homens e mulheres, ao longo do dia, utilizando a tcnica

    de termografia infravermelha (TIR), com os avaliados em repouso e em condies ambientais

    controladas.

  • 3

    2 OBJETIVOS

    2.1 Geral

    Investigar as tcnicas de mensurao da temperatura corporal e, em especial, estudar a

    variao da temperatura da pele atravs da utilizao da termografia infravermelha em

    homens e mulheres em repouso, ao longo do dia. Para tal, foi conduzido um estudo de reviso

    e dois estudos investigativos. Os objetivos especficos inerentes a cada estudo so listados

    abaixo:

    2.2 Especficos

    2.2.1 Manuscrito 1

    Analisar, por meio de reviso de literatura, as diferentes formas de mensurao da

    Tcentral humana, os aspectos favorveis e os desfavorveis, a fidedignidade e a relao entre os

    mtodos de mensurao, quando aplicados durante a prtica de exerccio fsico.

    2.2.2 Manuscrito 2

    Identificar a variao da temperatura da pele, atravs da tcnica de termografia

    infravermelha, em homens militares em repouso e em determinadas condies ambientais

    controladas em diferentes perodos do dia.

  • 4

    2.2.3 Manuscrito 3

    Identificar a ocorrncia de variao da temperatura da pele, atravs da tcnica de

    termografia infravermelha, em mulheres militares em repouso e em determinadas condies

    ambientais controladas em diferentes perodos do dia.

  • 5

    REFERNCIAS

    1. Moran DS, Mendal L. Core temperature measurement: methods and current insights.

    Sports Med. 2002;32(14):879-85.

    2. Hofstra WA, de Weerd AW. How to assess circadian rhythm in humans: a review of

    literature. Epilepsy Behav. 2008;13(3):438-44.

    3. Ortiz-Tudela E, Martinez-Nicolas A, Campos M, Rol MA, Madrid JA. A new

    integrated variable based on thermometry, actimetry and body position (TAP) to evaluate

    circadian system status in humans. PLoS Comput Biol. 2010;6(11):e1000996.

    4. Vitaterna MH, Takahashi JS, Turek FW. Overview of circadian rhythms. Alcohol Res

    Health. 2001;25(2):85-93.

    5. Sund-Levander M, Forsberg C, Wahren LK. Normal oral, rectal, tympanic and axillary

    body temperature in adult men and women: a systematic literature review. Scand J Caring Sci.

    2002;16(2):122-8.

    6. Soulen RL, Lapayowker MS, Tyson RR, Korangy AA. Angiography, ultrasound, and

    thermography in the study of peripheral vascular disease. Radiology. 1972;105(1):115-9.

    7. Anbar M. Clinical thermal imaging today. IEEE Eng Med Biol Mag. 1998 Jul-

    Aug;17(4):25-33.

    8. Levy A, Dayan A, Ben-David M, Gannot I. A new thermography-based approach to

    early detection of cancer utilizing magnetic nanoparticles theory simulation and in vitro

    validation. Nanomedicine. 2010;6(6):786-96.

    9. Acharya UR, Ng EY, Tan JH, Sree SV. Thermography Based Breast Cancer Detection

    Using Texture Features and Support Vector Machine. J Med Syst. 2010 Oct 19.

    10. Vainer BG. FPA-based infrared thermography as applied to the study of cutaneous

    perspiration and stimulated vascular response in humans. Phys Med Biol. 2005;50(23):R63-

    94.

    11. Fernandes AA, Amorim PRS, Primola-Gomes TN, Sillero-Quinata M, Fernadez-

    Cuevas I, Silva RG, et al. Avaliao da temperatura da pele durante o exerccio atravs da

    termografia por radiao infravermelha: uma reviso sistemtica. Rev Andal Med Deporte.

    2012;5:113-7.

    12. Hildebrandt C, Raschner C, Ammer K. An Overview of Recent Application of

    Medical Infrared Thermography in Sports Medicine in Austria. Sensors. 2010;10(5):4700-15.

    13. Monk TH, Buysse DJ, Reynolds CF, 3rd, Kupfer DJ, Houck PR. Circadian

    temperature rhythms of older people. Exp Gerontol. 1995;30(5):455-74.

  • 6

    14. Thomas KA, Burr R, Wang SY, Lentz MJ, Shaver J. Axillary and thoracic skin

    temperatures poorly comparable to core body temperature circadian rhythm: results from 2

    adult populations. Biol Res Nurs. 2004;5(3):187-94.

    15. Dijk DJ, Duffy JF, Silva EJ, Shanahan TL, Boivin DB, Czeisler CA. Amplitude

    reduction and phase shifts of melatonin, cortisol and other circadian rhythms after a gradual

    advance of sleep and light exposure in humans. PLoS One. 2012;7(2):e30037.

    16. Edwards B, Waterhouse J, Reilly T, Atkinson G. A comparison of the suitabilities of

    rectal, gut, and insulated axilla temperatures for measurement of the circadian rhythm of core

    temperature in field studies. Chronobiol Int. 2002;19(3):579-97.

    17. Edwards B, Waterhouse J, Reilly T. Circadian rhythms and their association with body

    temperature and time awake when performing a simple task with the dominant and non-

    dominant hand. Chronobiol Int. 2008;25(1):115-32.

    18. Pronina TS, Rybakov BP. [Features of the circadian rhythm of temperature of the skin

    at children of 8-9 years and young men and girls]. Fiziol Cheloveka. 2011;37(4):98-104.

    19. Teo WP, Newton MJ, McGuigan MR. Circadian rhythms in exercise performance:

    Implications for hormonal and muscular adaptation. J Sport Sci Med. 2011;10(4):600-6.

  • 7

    3 CAPTULO 1 Tcnicas de mensurao da temperatura central e sua aplicao no

    exerccio fsico

    3.1 RESUMO

    Durante a prtica de exerccio fsico, a atuao do mecanismo termorregulador mais

    evidente devido necessidade de manter a homeostase fisiolgica. O aumento na temperatura

    central durante o exerccio, de forma no controlada, vem sendo atribudo como fator

    desencadeante de fadiga central. Escolher o melhor mtodo de mensurao da temperatura

    central requer o conhecimento frente s limitaes. Dessa forma, o propsito deste estudo

    analisar as diferentes formas de mensurar a temperatura central humana, de modo a destacar

    pontos favorveis e pontos desfavorveis quanto a sua aplicao durante o exerccio fsico.

    Foram utilizados na base de dados Medline os principais termos de busca: oral temperature

    measurement, tympanic temperature measurement, rectal temperature measurement,

    oesophagus temperature measurement e gastrointestinal temperature measurement os quais

    forneceram 263 estudos publicados nos ltimos cinco anos. Dentre esses, foram selecionados

    estudos realizados em humanos; que avaliaram a eficincia entre os mtodos de mensurao

    da Tcentral; estudos realizados em comparao com o padro ouro fisiolgico de mensurao

    da Tcentral e estudos com mensuraes realizadas durante a prtica de exerccios fsicos,

    quando eram descritos o mtodo e os procedimentos de mensurao da Tcentral. A Tretal e a

    Tgastrointestinal so os mtodos mais recomendados em situao de exerccio fsico,

    principalmente em ambiente laboratorial, pois oferecem similaridades quanto ao registro de

    temperatura. Todavia, nenhum mtodo dever ser excludo sem que antes sejam analisadas

    suas limitaes, as condies de registro da temperatura e o tipo de exerccio fsico realizado.

    Palavras-chave: Termorregulao. Temperatura humana. Avaliao fsica.

  • 8

    3.2 INTRODUO

    Os humanos produzem calor internamente para regular a temperatura corporal

    (Tcorporal) utilizando balano na produo, na absoro, e na perda de calor. A homeostase

    fisiolgica dependente do mecanismo termorregulatrio no apenas em situao de repouso,

    mas principalmente durante o esforo fsico, em que a atuao do mecanismo termorregulador

    torna-se mais evidente, fazendo da espcie humana um ser hbil em ajustar a Tcorporal, pois

    uma divergncia de + 3,5oC na temperatura central(Tcentral), de aproximadamente 37

    oC, pode

    resultar em hipotermia ou hipertermia em nveis perigosos alterando as respostas fisiolgicas

    (1).

    O aumento da Tcorporal pode ser influenciado por dois mecanismos distintos: o

    primeiro resultante do funcionamento inadequado de um ou mais sistemas internos do

    corpo, acompanhado de possvel infeco ou contaminao, resultando em quadro febril (2); o

    segundo demonstrado pelo desequilbrio entre a quantidade de calor absorvido pelo

    ambiente, a produo metablica de calor e a quantidade de calor emitido pelo corpo, que

    ocorre durante mudanas no calor metablico induzido pela atividade fsica (3) e/ou pela

    exposio o ambiente mais quente (4). Sob condies de desequilbrio, as respostas

    compensatrias so elevao do fluxo de sangue para a pele e estmulo para produo de

    sudorese. Essas respostas ocorrem atravs de feedback negativo hipotalmico para manter

    maior taxa da perda de calor e evaporao, na tentativa de manter a Tcentral no ponto de

    referncia de termorregulao (5, 6).

    Considera-se como Tcentral a temperatura do sangue na circulao que perfunde as

    clulas do hipotlamo anterior e que permite ao organismo humano a constatao da

    temperatura sangunea (7), sendo o padro ouro para sua mensurao a temperatura do sangue

  • 9

    da artria pulmonar (8). Porm, mesmo que esse local seja geralmente considerado o "padro-

    ouro fisiolgico", ele acessvel apenas sob condies cirrgicas ou experimentais e sendo

    impraticvel para a deteco de febre em um ambiente clnico (9), o que o torna tambm

    invivel para mensurao em competies e/ou durante a prtica de exerccios fsicos.

    O organismo humano tem baixa eficincia mecnica. Durante a prtica de exerccio

    fsico, aproximadamente 25% da energia qumica proveniente da oxidao dos nutrientes

    costuma se transformar em energia responsvel pelo movimento, sendo o restante

    transformado em energia trmica (10), o que ocasiona aumento imediato na produo

    metablica de calor seguido de um aumento gradual da perda de calor total. Esse desequilbrio

    inicial entre a perda de calor total e a produo de calor metablico levar mudana no

    contedo de calor corporal, acompanhado por alterao na Tcentral (11). Pesquisas tm

    demonstrado que a hipertermia pode funcionar como sinal desencadeador de resposta de

    fadiga central durante exerccio intenso (12), ocorrendo queda no desempenho aerbio mesmo

    com Tcentral no ultrapassando 38C (13), o que ainda parece ser intensificado com a

    desidratao (14). Dessa forma, em provas de longa durao, como as ultramaratonas, as

    maratonas e o triathlon, importante que no ocorra elevao aguda da Tcentral, e seu controle

    pode auxiliar no desempenho nessas competies.

    O monitoramento da resposta termorregulativa durante a prtica de exerccio fsico

    demonstra ser importante para a proteo do atleta, principalmente quando este se encontra

    exposto a ambientes de temperaturas extremas, por exemplo, provas de resistncia, como o

    ciclismo de estrada ou uma partida de futebol, realizados em ambientes extremos de calor e de

    umidade elevados. Importante destacar que exposies prolongadas a esses ambientes causam

    morte associadas a problemas termorregulativos, afetando os mecanismos homeostticos da

    termorregulao (15). Assim, o monitoramento da Tcentral pode auxiliar na preveno de

    acidentes termorregulativos que, se no controlados, podem induzir morte, alm de auxiliar

  • 10

    na compreenso de como ocorrem os ajustes termorregulativos e suas especificidades,

    considerando-se vestimenta, hidratao e sobrecarga no exerccio fsico (10).

    Avanos relacionados ao campo da mensurao da Tcentral tm desempenhado um

    importante papel na pesquisa de termorregulao humana, por permitirem que os

    pesquisadores quantifiquem e analisem a Tcorporal. Apesar da disponibilidade de variedade de

    mtodos invasivos e no invasivos, ainda h desafios em medir com preciso a Tcentral. A

    melhor escolha do mtodo de termometria para qualquer populao especfica no uma

    questo simples, especialmente durante exerccio e participao no esporte.

    O propsito deste estudo foi analisar, por meio de reviso de literatura, as diferentes

    formas de mensurao da Tcentral humana, os aspectos favorveis e os desfavorveis, a

    fidedignidade e a relao entre os mtodos de mensurao quando aplicados durante a prtica

    de exerccio fsico.

    3.3 MTODO

    A realizao da presente reviso ocorreu atravs de pesquisas bibliogrficas nas

    bases de dados Medline, utilizando como principais termos de busca: oral temperature

    measurement, tympanic temperature measurement, rectal temperature measurement,

    oesophagus temperature measurement e gastrointestinal temperature measurement.

    Os procedimentos empregados nas buscas e seleo inicial dos artigos foi semelhante

    ao empregado recentemente nos trabalhos de Silva et al. ao fazer uma reviso sobre

    imunoglobulina A salivar e exerccio (16).

  • 11

    A estratgia de busca inicial forneceu um total de 263 estudos para a seleo inicial e

    todos os artigos obtidos na busca eletrnica tiveram seus resumos extrados em arquivo texto

    e analisados de maneira independente. Foram includos: a) estudos que avaliaram a eficincia

    entre os mtodos de mensurao da Tcentral; b) estudos realizados em comparao com o

    padro ouro fisiolgico de mensurao da Tcentral; c) mensuraes realizadas em exerccios

    fsicos quando eram descritos o mtodo e os procedimentos de mensurao da Tcentral. Foi

    utilizada a busca limitada em artigos de pesquisa realizada em humanos nos ltimos cinco

    anos.

    Foram selecionadas as publicaes que atenderam aos critrios de incluso e

    limitaes. A partir da obteno e leitura dos artigos, suas referncias bibliogrficas foram

    rastreadas procura de outros trabalhos potencialmente utilizveis. Publicaes com nfase

    na termorregulao humana e que contribuiriam para suporte de informaes complementares

    tambm foram consideradas.

    No foram realizadas restries quanto faixa etria, gnero ou modalidade

    esportiva, mas estudos envolvendo exerccios fsicos foram preferencialmente escolhidos.

    Foram excludos artigos que, mesmo apresentando os termos de busca utilizados, no

    contemplavam claramente a descrio do mtodo e os procedimentos de mensurao da

    temperatura.

    Aps os critrios de incluso, foram revisadas seis tcnicas de mensurao da Tcentral,

    sendo elas: a) oral; b) timpnica; c) retal; d) esofgica; e) gastrointestinal; e f) artria

    pulmonar. A seguir sero apresentadas com mais detalhes cada uma dessas formas de

    mensurao, sendo indicadas a tcnica de registro, pontos positivos e negativos do emprego

    delas e a aplicabilidade no ambiente esportivo.

  • 12

    3.4 TEMPERATURA ORAL

    Para o registro da temperatura oral (Toral) podem ser utilizados trs procedimentos: o

    termmetro de mercrio em vidro, o termmetro qumico e o termmetro eletrnico.

    Recomenda-se que esses sejam colocados no lado direito ou esquerdo do bolso posterior

    sublingual(17), com o fechamento dos lbios de forma a acomod-los ao redor do termmetro

    com a finalidade de assegurar menor interferncia da temperatura ambiente e obter medio

    mais precisa da temperatura.

    Atualmente se recomenda o emprego de termmetros eletrnicos que substituram os

    termmetros de mercrio em vidro e os termmetros qumicos por realizar, no modo

    preditivo, mensurao mais rpida, alm de minimizar os erros de leitura da Toral por parte do

    avaliador (18), e ainda atualizar continuamente a mensurao da Toral, que pode ser realizadas

    com alguns modelos de dispositivos eletrnicos (17).

    Estudo realizado por Potter et al. (19) demonstrou alta relao entre as mensuraes

    de Toral obtidas por termmetros qumicos de uso descartvel e termmetros eletrnicos em

    pacientes entubados por via oral, internados em unidade de terapia intensiva. Contudo, Fallis

    et al. (20) demonstraram variao entre as medidas realizadas por termmetro qumico de uso

    descartvel e termmetros eletrnicos apontando o termmetro qumico como um dispositivo

    no confivel na aplicao em mulheres saudveis.

    Apesar do desconforto com o termmetro eletrnico na medida sublingual, ele mais

    seguro na realizao de mensuraes em exerccio fsico, evitando problemas na quebra do

    termmetro de mercrio, composto de vidro e mercrio, o que provocaria grande desconforto

    e possvel intoxicao.

  • 13

    A Toral utilizada na prtica clnica como mtodo alternativo e no invasivo de

    mensurao da Tcorporal (21). Apesar de Moran e Mendal (1) recomendarem faixa de

    mensurao de 0,1C para termmetros exatos, grande parte parece apontar para

    confiabilidade da Toral variando abaixo de 0,5oC da Tcentral, medida atravs de cateter na artria

    pulmonar (8). Todavia, estudo realizado em condies de hipertermia demonstrou diferena

    acima de 0,59oC em relao temperatura medida na artria pulmonar (22), o que pode

    diminuir a confiabilidade na mensurao da Tcentral na prtica de atividade fsica.

    Na prtica clnica, a aplicao da mensurao da Toral vantajosa por ser um mtodo

    no invasivo que oferece rpida variao da Tcorporal (1). Tambm possui dispositivo de fcil

    manuseio e aplicao, diminuindo assim a possibilidade de erro do avaliador na leitura da

    mensurao da temperatura. O custo acessvel dos dispositivos eletrnicos e de mercrio em

    vidro tambm oferecem vantagem em relao a outros mtodos de mensurao (23).

    Alguns fatores envolvendo o uso dessa tcnica de controle da Tcentral durante a prtica

    de exerccio fsico devem ser considerados. possvel citar como fatores de desvantagens

    para o uso: a) a hidratao necessria com ingesto de lquido antes, durante e aps o

    exerccio fsico pode afetar a mensurao da Toral e possibilitar diferena na deteco da

    Tcorporal, visto que alteraes na medida de Toral foram identificadas com o efeito da gua

    gelada, levando em mdia 14,04min para retorno da medida basal (24); b) possibilidade de

    erro de leitura devido ao consumo de bebidas frias ou quentes e padres irregular de

    respirao (1); c) influncias do ambiente externo tambm foram justificadas como um dos

    efeitos influenciadores de Toral mais baixa, com diferena de at 1oC, comparada com a

    medida de temperatura retal (Tretal) (25); d) a mensurao da Toral com a aplicao do

    termmetro de mercrio em vidro ou eletrnico requer o pressionamento dos lbios ao redor

    do termmetro com a obstruo da respirao por via oral (17), diminuindo o aporte de

    oxignio, o que poderia comprometer o desempenho durante o exerccio fsico; e) a

  • 14

    dificuldade em manter a sonda do termmetro na posio do bolso sublingual posterior, pois a

    colocao incorreta da sonda na cavidade oral tem dado origem a diferenas de at 1,7C na

    temperatura (18); f) risco de acidente durante o exerccio, com a quebra do termmetro, caso

    esse seja de mercrio em vidro, ocasionando, assim, leses na boca.

    O uso desse equipamento pode ser considerado interessante em condies de

    repouso, porm no recomendado em exerccio (17), uma vez que, alm de ser

    desconfortvel para o avaliado, proporciona dificuldades no ritmo respiratrio normal,

    modificando a dinmica do exerccio, podendo aumentar o risco de acidentes. Dessa forma a

    Toral no dever ser considerada como prioritria durante o exerccio fsico.

    3.5 TEMPERATURA TIMPNICA

    Para registro da temperatura timpnica (Ttimpnica) so utilizados os termmetros

    infravermelhos que contm um sensor ptico, geralmente uma termopilha (18), que tem como

    princpio bsico de funcionamento a mensurao da quantidade de energia infravermelha

    emitida pela membrana timpnica, convertendo o fluxo de calor em corrente eltrica. Esta

    corrente convertida em analgico-digital demonstrando, em seu visor, a temperatura

    encontrada (26).

    A temperatura medida em repouso por essa tcnica tem como valor de normalidade

    estabelecida uma faixa entre 35,6 a 37,4C. A Ttimpnica corresponde mdia de toda rea da

    membrana timpnica captada pelo feixe infravermelho do termmetro (18), pois essa recebe o

    suprimento sanguneo da artria cartida e sua temperatura pode refletir a temperatura do

    sangue que flui para o hipotlamo, o que tem estreita correlao com a Tcentral (27).

  • 15

    Em clnica mdica, pesquisa realizada com recm-nascidos (n=663) demonstra

    correlao (r=0,94) entre a mensurao obtida com o termmetro timpnico e com o

    termmetro de mercrio de vidro axilar (28). Com crianas de um a seis anos (n=244),

    avaliadas de duas a trs vezes em cada membrana com objetivo de encontrar a estabilidade e a

    repetibilidade da termometria timpnica, os resultados demonstram uma variao de 0,6C na

    temperatura e houve pouca evidncia de que a idade e o gnero tenham feito alguma diferena

    na temperatura (29). Em ambos os estudos os resultados apontam a Ttimpnica como mtodo

    aceitvel e prtico.

    A Ttimpnica mensurada em ambientes hospitalares (30), na pediatria (27, 31, 32), com

    indivduos jovens e idosos (33, 34) e na terapia em baixa temperatura (35) demonstra haver

    uma confiabilidade ao comparar resultados de outros termmetros que realizam o

    monitoramento da Tcentral em locais distintos.

    Contudo, em evento esportivo que envolve variaes climticas e a imerso em

    guas abertas de baixa temperatura, o uso da termometria timpnica no foi recomendado

    para a deteco de hipotermia, sendo entre os principais problemas encontrados a presena de

    gua fria no conduto auditivo e a influncia das condies externas (36), o que corrobora com

    os resultados de Rogers et al. (37).

    Flouris & Cheung (38) analisaram a eficcia da Ttimpnica e Toral em relao Tretal em

    duas situaes distintas de calor e frio. Os voluntrios foram imersos em gua a 42C e depois

    em gua a 12C at que a Tretal aumentasse e diminusse 0,5C em relao ao valor basal. Os

    resultados demonstram a correlao das mensuraes timpnica e oral com a Tretal, porm a

    Ttimpnica demonstrou atraso na reposta s mudanas em equilbrio trmico o que pode

    comprometer a mensurao em atividades fsicas que envolvem mudanas rpidas de

    temperatura.

  • 16

    Alguns estudos vm relacionando a Ttimpnica e exerccio fsico (36, 37, 39). Gagnon

    et al. (39), com o objetivo de apresentar as respostas temporais da Ttimpnica durante condio

    de estresse de calor e aps dois cenrios de recuperao, submeteram 24 indivduos saudveis

    a um protocolo de exerccio em esteira com intensidade de 70% do VO2max em cmara com

    temperatura controlada em 42C e 30% UR. O exerccio foi interrompido quando a Tretal

    atingiu 39,5C. O perodo de recuperao consistiu em imerso em gua a 26C para o grupo

    1 (n=12) com tempo mdio de permanncia 145min e repouso em cmara a 30C e 30%

    umidade relativa (UR). Para o grupo 2 com permanncia de 29 7min., ambos os perodos de

    recuperao foram interrompidos quando a Tretal atingiu 37,5C. Os autores concluem que as

    diferenas entre os locais de medio do corpo foram evidentes ao longo de ambos os

    cenrios, e essas so provavelmente devido s diferenas regionais em termos fsicos (massa

    de tecido) ou fisiolgicos (o fluxo sanguneo) entre as caractersticas dos locais do corpo.

    Uma das dificuldades da mensurao da Ttimpnica a influncia do ambiente externo,

    por isso, com o objetivo de diminuir essas influncias, Nagano et al. (40) desenvolveram um

    novo mtodo envolvendo a insero segura de sensor de temperatura por meio de tampo tipo

    esponja, que sela o canal auditivo externo. Durante o experimento, quando a temperatura

    ambiente aumentou, as temperaturas do canal auditivo seguiram as modificaes da Tretal,

    indicando a sensibilidade do mtodo utilizado. Observou-se tambm pouca divergncia entre

    as mensuraes de temperatura durante as sesses de exerccios, indicando que a Ttimpnica

    pode controlar com preciso a Tretal durante esforo fsico.

    A vantagem de utilizao do termmetro timpnico a facilidade de manuseio, no

    necessitando de grande experincia do avaliador devido fcil leitura da temperatura (17),

    assim como o resultado rpido da temperatura medida, e pouco desconforto para o avaliado

    (26).

  • 17

    Em algumas situaes, apesar da Ttimpnica parecer ser fidedigna e correlacionada

    Tretal, no exerccio fsico alguns fatores parecem oferecer desvantagens, como: a) a obstruo

    do canal auricular por qualquer tipo de lquido, sendo gua ou suor proveniente de atividades

    aquticas ou da transpirao (36, 37) b); a mensurao em movimento pode comprometer a

    correta aplicao na membrana timpnica o que poderia subestimar a temperatura atravs da

    mensurao em outros tecidos do canal auricular (41); c) as influncias do ambiente externo,

    caso o termmetro utilizado no seja tipo sonda com possibilidade de selar o canal auditivo

    externo (40); d) na recuperao do exerccio fsico a Ttimpnica parece no ter correlao com a

    Tretal (39).

    Entretanto, mesmo estudos apontando a confiabilidade da Ttimpnica em relao a

    outros mtodos de mensurao da Tcentral (21), no exerccio fsico parece no haver um

    consenso sobre sua aplicao, demonstrando que a utilizao da Ttimpnica depender do

    objetivo e da tcnica de mensurao.

    3.6 TEMPERATURA RETAL

    A Tretal a mais utilizada para mensurao da Tcorporal em atendimento peditrico,

    sendo esse mtodo considerado o padro ouro para verificao da Tcentral nos sistemas de

    sade de diversos pases (42), e recomendado pela National Athletic Trainers Association

    (43) como critrio padro para mensurao da Tcentral em condies de repouso, durante e aps

    o exerccio (43).

    A mensurao da Tretal em exerccio fsico pode ser realizada atravs da insero de

    um sensor, chamado termistor entre 10 e 15cm (43-45) ou com a insero de uma cpsula tipo

  • 18

    supositrio entre 8 e 10cm (13, 14) na cavidade retal, e na prtica clnica, com a insero de

    um termmetro de 3 a 6cm de profundidade. Na clnica mdica, o tempo de mensurao varia

    de acordo com o tipo de termmetro utilizado. necessrio de 3 a 5min ao utilizar

    termmetros de mercrio de vidro (46), enquanto que, os termmetros digitais, so

    necessrios 16s, aps a temperatura estabilizar e no subir mais que 0,1C (17).

    Os valores de normalidade em repouso da Tretal encontrados esto entre 34,4C a

    37,8C (18), podendo atingir, durante o exerccio fsico, valores normais entre 36C a 40C

    (43). Valores acima de 40C caracterizam o estado de hipertemia de esforo que pode ocorrer

    durante a atividade esportiva ou de lazer, sendo influenciada pela intensidade do exerccio,

    condies ambientais, roupas, equipamentos e fatores individuais (47).

    Apesar de haver atraso na resposta da temperatura em comparao com a

    temperatura esofgica (Tesofgica) e/ou temperatura da artria pulmonar (Tartria pulmonar), a

    mensurao da Tretal tambm tem sido utilizada para mensurao de temperatura de atletas em

    condies de hipertermia (1). Um estudo (45) utilizou Tretal para comparar a fidedignidade de

    outros locais de mensurao da temperatura, de forma que apenas a temperatura

    gastrointestinal (Tgastrointestinal), mensurada pela ingesto de termistores, foi considerada como o

    nico mtodo em que no houve diferena significativa mensurada durante o exerccio

    intenso, em ambiente quente, ao ar livre (45).

    importante considerar que a Tretal se relaciona com a intensidade do exerccio,

    apresentando aumento da temperatura quanto maior for a intensidade do exerccio (48). O

    monitoramento da carga trmica em exerccio com o uso da Tretal razoavelmente frequente.

    Trabalhos realizados para verificar os efeitos do calor e da aclimatao ao exerccio nas

    alteraes intracelulares e extracelulares de protena de choque trmico em repouso e aps

    exerccio fsico (49), bem como estudos para detectar hipertermia em atletas (43), ou

  • 19

    identificar o efeito da administrao de cafena na Tcentral durante exerccio fsico, realizado

    em ambiente quente (50), so exemplos de trabalhos utilizando a tcnica de registro da Tretal.

    Alguns fatores como o nvel de hidratao (14), as condies ambientais (47), a

    intensidade do exerccio (48) e o ciclo circadiano (51) parecem influenciar a Tretal. Contudo,

    segundo Horswill et al. no h um consenso se a ingesto de carboidrato influencia a Tretal

    (52).

    Diferentemente do que ocorre com a temperatura da pele (Tpele) que varia

    principalmente pela exposio a certas condies ambientais, como temperaturas extremas,

    umidade e radiao solar (53), a Tretal responde lentamente quando ocorrem essas exposies e

    mudanas rpidas de temperatura. Tambm existem indcios de que diferentes profundidades

    de insero do dispositivo no reto causam variaes na identificao da Tretal (54), o que

    justifica a necessidade de haver padronizao na insero do sensor na cavidade retal.

    Lee et al. (54) investigaram (n=19 homens) as diferenas no perodo de latncia e

    mudana na Tretal com sonda de sete pontos (4, 6, 8, 10, 13, 16 e 19cm do esfncter anal)

    mensurada a cada 10s durante o exerccio dinmico e recuperao. Foi encontrado uma Tretal

    mdia mais baixa no ponto de 4cm do que nos demais pontos, e em exerccio essa diferena

    estatstica desapareceu, sendo compensada de alguma forma. Importante destacar que na

    recuperao no houve resposta da mesma forma que durante o exerccio, apresentando-se

    diferenas na temperatura entre as profundidades de forma reversa. A temperatura aumentou

    no ponto de 4cm, permaneceu constante quando medida no ponto de 10cm e caiu

    gradualmente nos pontos acima de 13cm.

    No exerccio fsico, alguns estudos utilizam do mtodo de mensurao da Tretal como

    parmetro de Tcentral (45, 51, 52, 55). Em um desses estudos foram analisados os efeitos da

    durao do aquecimento ativo na flutuao diurna no desempenho anaerbico. Os autores

    mensuraram (n=12), atravs de um termistor, a Tretal nas seguintes situaes: a) em repouso;

  • 20

    b) no final do aquecimento de duraes de 5min e 15min; c) antes e depois do teste de

    Wingate, realizado no perodo da manh e a tarde. Os resultados demonstraram aumento

    significativo dos valores de Tretal durante o dia, encontrando maior Tretal no perodo da tarde.

    Contudo, as performances anaerbias foram independentes do tempo de aquecimento, o que

    sugerem que a diferena circadiana da Tcentral no foi a nica explicao para os efeitos nas

    performances anaerbias (51).

    Mesmo a Tretal sendo caracterizada como a temperatura que melhor representa a

    Tcentral em condies normais de repouso, essa oferece desvantagens em relao aos outros

    mtodos de mensurao, sendo os mais observados: a) o desconforto e a aflio emocional,

    sendo considerado mtodo invasivo (42); b) ocorrncia de perfuraes durante as

    mensuraes devido a movimentos bruscos (42); c) possibilidade de infeco com

    transmisso de micro-organismos (42); d) resposta lenta a mudanas de intensidade do

    exerccio (51); e) dificuldade de registro em condies de exerccio realizado no campo e

    inviabilidade de registro durante competies, visto que diferentes profundidades de insero

    do dispositivo no reto causam variaes na identificao da Tretal (54).

    Apesar das desvantagens na sua aplicao, a mensurao da Tretal tem sido utilizada

    por ser eficaz para estimar a Tcentral durante exerccio, recuperao e repouso em ambientes

    controlados de laboratrio.

  • 21

    3.7 TEMPERATURA ESOFGICA

    A mensurao da Tesofgica utilizada como mtodo aceitvel para estimar a Tcentral

    (21), e tambm como referncia para determinar a eficincia de outros mtodos no invasivos

    de mensurao da Tcentral (56).

    A Tesofgica obtida atravs de estetoscpio esofgico que detm um sensor de

    temperatura (57) ou atravs de sonda termopar descartvel que consiste de um tubo de

    plstico fino, inserida atravs de uma narina ou cavidade oral para o esfago at

    aproximadamente 45cm, alcanando este orgo ao nvel do corao (58), sendo o local ideal a

    regio do esfago delimitada pelo ventrculo esquerdo e aorta, correpondente ao nvel da

    oitava e nona vrtebras torcicas (59).

    Em clnica mdica, apesar de poder haver influncias dos gases inalados, as

    mensuraes de Tesofgica vm sendo destacadas como mtodo preferido de mensurao da

    Tcentral em indivduos adultos (60) e crianas anestesiadas (61). Porm, durante ablao

    cardaca por rdio-frequncia, Horneo & Berjano (62) relataram ocorrer diferenas nos

    valores de Tesofgica de acordo com a distncia entre o eletrodo e a parede do esfago,

    mostrando que o posicionamento incorreto da sonda de Tesofgica pode subestimar a

    temperatura atingida no esfago.

    A Tesofgica cerca de 0,1 a 0,2C da temperatura aferida na artria pulmonar,

    porm a mensurao da Tesofgica evitada devido dificuldade e o desconforto de insero da

    sonda atravs das fossas nasais e orais (27). A Tesofgica seria um mtodo preferencial de

    medio da temperatura se os pacientes e voluntrios de pesquisas no fossem adversos ao

    processo de insero da sonda para o esfago (63).

  • 22

    Em exerccio fsico, a Tesofgica tambm utilizada como mtodo alternativo de

    identificao da Tcentral em ambiente laboratorial (64-66). Estudo realizado com oito

    indviduos em um calormetro, utilizando protocolo de repouco por 45min at adaptao ao

    ambiente (30C 0,1C e 30 5% UR) e posteriormente exerccio em cicloergmetro por

    60min a 70W de trabalho, mostrou que a Tesofgica subiu paralelamente ao aumento do calor

    produzido pelo corpo, entretanto, aps 10min de recuperao, a Tesofgica permaneceu alta,

    enquanto que o calor produzido voltou a nveis pr-exerccio (64).

    Sancheti & White (66) investigaram a reprodutibilidade das relaes entre a Tesofgica,

    ventilao e seus componentes durante o exerccio incremental. O protocolo consistia de duas

    sesses de exerccio em cicloergmetro com fase inicial em repouso e incremento de 40W de

    carga a cada 2min at a exausto. Os resultados indicam que o volume corrente e frequncia

    da respirao tm relaes reproduzveis com a Tesofgica. Em temperaturas mais baixas do

    esfago, os aumentos na ventilao foram principalmente devido a maiores volumes

    correntes, enquanto que em temperaturas mais altas do esfago, o aumento da ventilao

    surgiu devido a maior frequncia da respirao.

    Mesmo sendo considerado um mtodo aceitvel de identificao da Tcentral e no

    terem sido encontrados relatos de limitaes em estudos durante exerccios fsicos, a Tesofgica

    parece fornecer algumas dificuldades na sua aplicao, entre elas: a) a manuteno da sonda

    no local indicado para mensurao da temperatura e prximo parede do esfago (62); b) a

    possvel interferncia de gases inalados em ambientes com temperaturas extremas (60); c) a

    rejeio de insero da sonda pelo indivduo voluntrio ou atleta esportivo (63); d) a

    dificuldade e a possibilidade de interferncia da hidratao oral durante o exerccio fsico,

    visto que a temperatura aferida diretamente no esfago atravs de sonda (58); e) a limitao

    de aplicao em exerccios estacionrios (cicloergmetros e esteiras), tornando invivel o

  • 23

    registro em ambiente de campo, como em uma partida de futebol devido insero da sonda

    na narina ou cavidade oral (58).

    Apesar da vantagem em fornecer resposta mais rpida de modificao da Tcentral no

    incio do exerccio e tambm exibir relaes diretas com a intensidade do exerccio fsico, a

    Tesofgica considerada um mtodo invasivo, sendo sua aplicao condicionada ao objetivo

    especfico de alguns estudos realizados em laboratrio, portanto, no recomendada para

    situaes dirias de controle da Tcentral em exerccios fsicos.

    3.8 TEMPERATURA GASTROINTESTINAL

    A Tgastrointestinal um mtodo alternativo de mensurao da Tcentral utilizado em

    aplicaes laboratoriais, revelando-se til e aceitvel tambm como parmetro de Tcentral em

    estudos de campo com pesquisas que envolvem mtodos com mensuraes frequentes durante

    longos perodos (67), em atividades esportivas de longa durao (68, 69) e futebol (70).

    A mensurao da Tgastrointestinal realizada atravs da ingesto de cpsula telemtrica

    revestida de silicone com 20mm de comprimento e 10mm de dimetro. O encapsulamento

    contm um sistema de telemetria e sensor de temperatura de cristal de quartzo que transmite a

    temperatura ambiente gastrointestinal para um receptor externo atravs de ondas de rdio de

    baixa frequncia (71). Hunt & Setewart (71) recomendam calibrao antes do uso das

    cpsulas para determinar possvel variao nos valores de temperatura mensurada, j que a

    utilizao da cpsula descartvel. O procedimento de calibrao inclui: 1) a utilizao de

    quatro temperaturas da gua na faixa de 33-41C, 2) as cpsulas devem ser imersas por

  • 24

    perodo mnimo de 4min antes de mensurar a temperatura, 3) para ajustar os dados brutos

    dever utilizar a regresso linear entre a temperatura mensurada pela cpsula e um

    termmetro padro.

    A cpsula dever ser ingerida em tempo hbil para garantir a passagem pelo

    estmago e no ocorrer sua expulso. O tempo mdio ideal de ingesto parece ser de 6h antes

    da coleta dos dados (67), contudo, o tempo de ingesto pode ser dependente do objetivo do

    estudo e da modalidade esportiva, podendo ser encontrado o tempo de 3h antes de uma prova

    de thiathlon (69), 4h antes de uma partida de futebol (70) e 8 a 10h antes de uma prova de

    corrida (68).

    Algumas atividades esportivas so consideradas de longa durao, podendo exigir do

    atleta mais de 12h de atividade, sendo assim, Domitrovich et al. (72) avaliaram o mesmo

    indivduo ingerindo uma cpsula 24h e outra 40min antes do exerccio. Os dados de

    temperatura foram registrados simultaneamente e os resultados mostram que no houve

    diferena significativa entre as mensuraes realizadas com cada cpsula, indicando que o

    tempo de ingesto da cpsula e a sua posio no trato gastrointestinal no influenciaram na

    obteno dos valores de Tcentral durante o exerccio.

    A dificuldade de estabelecer o tempo de ingesto da cpsula ocorre devido ingesto

    de alimentos e tambm da hidratao durante o exerccio fsico. O efeito da ingesto de gua

    foi demonstrado por Wilkinson et al. (73) que comparam a Tgastrointestinal com a Tretal. Os

    voluntrios ingeriram uma cpsula 11h e 30min antes do caf da manh, e outra cpsula foi

    ingerida com 250ml de gua (5 a 8C) 2h aps o caf, iniciando em seguida o perodo de 8h e

    30min de atividades intermitentes, alternando 30min de atividade laboral de combate a

    incndio com 30min de descanso passivo; a ingesto de 250ml de gua ocorria 2min aps o

    incio de cada perodo de repouso. Os resultados do estudo mostram que a ingesto de gua

    30-60min antes do exerccio fsico influencia nos valores de Tgastrointestinal mensurados pela

  • 25

    cpsula ingerida imediatamente antes do exerccio fsico, mas no influencia os valores da

    cpsula ingerida acima de 10h antes do exerccio, e essa demonstrou estar em concordncia

    com os valores de Tretal.

    Assim como em outros mtodos, a mensurao da Tgastrointestinal um mtodo

    alternativo e requer o teste de confiabilidade para indicar valores de Tcentral na aplicao

    mdica (74) como tambm em condies de repouso e exerccios fsicos. Recentemente, ao

    comparar as mensuraes realizadas pela cpsula gastrointestinal com a Tretal e Ttimpnica, os

    pesquisadores no encontraram diferena nos valores em repouso entre os trs mtodos, e

    entre a Tgastrointestinal e Tretal houve similaridade no aumento da temperatura durante a realizao

    do exerccio fsico. Isso demonstrou que o mtodo de telemetria da cpsula gastrointestinal

    vlido para obter a Tcentral em repouso e em hipertermia induzida pelo exerccio fsico (75).

    O mtodo de mensurao da Tgastrointestinal tem sido utilizado no esporte para

    monitorar e estudar a resposta termorregulativa em condies de competio. No futebol, os

    autores mensuraram os valores de Tcentral em jogadores recreacionais e profissionais e

    encontraram em ambos os grupos diferena significativa entre os valores do final do primeiro

    e segundo tempo em relao aos valores de repouso mensurado antes da partida (70).

    Contudo, relataram as dificuldades de acesso aos jogadores profissionais e a mensurao da

    Tgastrointestinal durante o jogo devido ao dispositivo de captao da frequncia de rdio no

    possuir transmisso remota.

    A utilizao da cpsula gastrointestinal considerada um mtodo aceitvel de

    identificao da Tcentral, entretanto algumas limitaes parecem fornecer dificuldades na sua

    aplicao, podendo-se citar entre elas: a) o tempo de ingesto da cpsula e sua passagem pelo

    trato gastrointestinal (67-70); b) a influncia da hidratao durante o exerccio fsico (73); c) o

    controle do tipo de alimentao posterior ingesto da cpsula (73); d) a perda de dados

    devida a interferncias na frequncia de rdio (70); e) a aplicao em esportes de contato e

  • 26

    acclicos quando utilizado o receptor de frequncia (70) e; f) o custo de aquisio da cpsula

    descartvel e possvel necessidade de calibrao para obteno de dados confiveis (71).

    Entre outros, ainda h recomendaes de fabricantes, restringindo o uso em indivduos com:

    a) massa corporal menor que 36,29 kg; b) suspeita ou diagnstico de doenas do trato

    gastrointestinal; c) histrico de distrbios ou comprometimento do reflexo de gag; d) cirurgia

    gastrointestinal anterior; e) fenilizao do esfago; f) possibilidade de realizao de

    ressonncia magntica no perodo em que a cpsula estiver ingerida; g) distrbio de

    motilidade do trato gastrointestinal e; h) marcapasso cardaco ou outro dispositivo eletro-

    mdico implantado.

    Portanto, pesquisas demonstram a confiabilidade na mensurao da Tcentral atravs da

    cpsula gastrointestinal e sua relao com a intensidade do exerccio. O mtodo tambm

    considerado no invasivo (72, 74), o que o faz procedimento interessante de ser aplicado no

    ambiente esportivo, seja laboratorial ou de campo, ressalvadas as condies limitantes

    descritas anteriormente.

    3.9 TEMPERATURA DA ARTRIA PULMONAR

    A mensurao da Tartria pulmonar realizada atravs da insero de catter na artria

    pulmonar direita. o melhor mtodo que representa a temperatura do sangue que banha o

    hipotlamo (72), portanto considerado o padro ouro fisiolgico para identificar a Tcentral (4)

    na condio de repouso. Contudo, invasivo (4, 26), sendo substitudo na prtica diria por

    outros locais de mensurao da temperatura em adultos e crianas (26). O mtodo no

  • 27

    utilizado em situaes de exerccio fsico (75), sendo substitudo por outros mtodos de

    mensurao da Tcentral, dentre esses, a Tretal e a Tgastrointestinal.

    3.10 CONCLUSES

    O controle da Tcentral humana faz-se necessrio para estudos das respostas

    termorregulativas em condies de repouso e principalmente em exerccio fsico. Essas

    respostas tornam-se ainda mais importantes em condies ambientais extremas. A anlise dos

    diferentes mtodos apresenta pontos desfavorveis, sendo a Toral no recomendada em

    exerccio fsico, principalmente pelo risco lesional e a dificuldade de manter o ritmo

    respiratrio; a Ttimpnica que poder sofrer influncias de lquidos no canal auricular; a Tesofgica

    por ser invasiva e aplicada em condies laboratoriais; e a Tartria pulmonar, mesmo considerada o

    padro outro de identificao da Tcentral, invasiva, sendo utilizada apenas em algumas

    condies de internao clnica.

    A Tretal e Tgastrointestinal parecem ser os mtodos mais aplicados em exerccio fsico, j

    que ambos oferecem similaridade na temperatura registrada durante o exerccio. A Tretal,

    apesar de recomendada para mensurao da Tcentral em exerccio fsico, oferece desconforto ao

    avaliado. Importante destacar que, com exceo da Tartria pulmonar, nenhum mtodo dever ser

    excludo sem que antes sejam analisadas suas limitaes, os objetivos do registro da Tcentral e o

    tipo de exerccio fsico realizado.

    Considerando os pontos apresentados anteriormente, foi possvel elaborar a tabela 1,

    que apresenta de forma resumida, as vantagens e desvantagens do emprego dos diferentes

    mtodos de registro da Tcentral durante exerccios fsicos.

  • 28

    Tabela 1 - Resumo das vantagens e desvantagens dos diferentes mtodos de mensurao da

    Tcentral aplicados durante exerccios fsicos.

    Tcnica Vantagens Desvantagens

    Oral a) no invasivo;

    b) dispositivo de fcil manuseio;

    c) mensurao rpida da variao

    na Tcorporal; e

    d) custo acessvel do dispositivo.

    a) interferncia da hidratao;

    b) ingesto de alimentos quentes;

    c) influncias do ambiente externo;

    d) obstruo da respirao por via oral;

    e) a dificuldade em manter a sonda do termmetro na

    posio do bolso sublingual posterior; e

    f) risco de acidente durante o exerccio.

    Timpnica a) no invasivo;

    b) no necessita experincia prvia

    do avaliador;

    c) resultado rpido da temperatura

    mensurada; e

    d) pouco desconforto para o

    avaliado.

    a) a obstruo do canal auricular por qualquer tipo de

    lquido;

    b) a mensurao em movimento pode comprometer a

    correta aplicao na membrana timpnica;

    c) as influncias do ambiente externo; e

    d) na recuperao do exerccio fsico a Ttimpnica

    parece no ter correlao com a Tretal.

    Retal a) recomendada como critrio

    padro para mensurao da

    Tcentral em condies de repouso,

    durante e aps o exerccio;

    b) relaciona com a intensidade do

    exerccio; e

    c) utilizado em estudo por ser

    eficaz para mensurao da

    Tcentral.

    a) o desconforto e a aflio emocional;

    b) ocorrncia de perfuraes durante as mensuraes

    devido a movimentos bruscos;

    c) possibilidade de complicaes com transmisso de

    micro-organismos;

    d) resposta lenta a mudanas de intensidade do

    exerccio ;

    e) limitao do tipo de exerccio; e

    f) dificuldade de registro em condies de exerccio

    realizado no campo e inviabilidade em competies.

    Esofgica a) resposta rpida na variao da

    Tcentral; e

    b) relao direta com a intensidade

    do exerccio.

    a) a manuteno da sonda no local indicado

    b) a possvel interferncia de gases inalados em

    ambientes com temperaturas extremas

    c) a rejeio de insero da sonda pelo indivduo

    voluntrio ou atleta esportivo

    d) a interferncia da hidratao oral durante o exerccio

    fsico;

    e) a limitao de aplicao em exerccios estacionrios

    Gastrointestinal a) no invasivo;

    b) relao com a intensidade do

    exerccio;

    c) utlizado em modalidades

    esportivas para estudo de campo; e

    d) mtodo aceitvel para deteco

    de hipertermia.

    a) o tempo de ingesto da cpsula e sua passagem pelo

    trato gastrointestinal

    b) a influncia da hidratao durante o exerccio fsico;

    c) o controle do tipo de alimentao posterior

    ingesto da cpsula;

    d) a perda de dados devido s interferncias na

    frequencia de rdio;

    e) a aplicao em esportes de contato e acclicos

    quando utilizado receptor de frequncia e;

    f) o custo de aquisio da cpsula descartvel e uma

    possvel necessidade de calibrao para obteno de

    dados confiveis.

    Artria pulmonar a) na prtica clnica considerada

    o padro ouro para mensurao da

    Tcentral.

    O mtodo no utilizado em situaes de exerccio

    fsico

    Fonte: Dados da pesquisa

  • 29

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  • 35

    4 CAPTULO 2 - Variaes da temperatura da pele ao longo de um dia empregando a

    tcnica de termografia infravermelha em homens militares.

    4.1 RESUMO

    INTRODUO: bem definido que o ser humano apresenta diversos ajustes fisiolgicos ao

    longo do dia, entre esses, a temperatura corporal. A variao diria da temperatura corporal j

    foi realizada por diversos mtodos que demonstraram variaes em diferentes escalas ao

    longo do dia. Contudo, o mtodo de termopares utilizado para mensurao da temperatura da

    pele (Tpele) geralmente analisa pequeno nmero de regies coporais, o que difilculta

    identificar as variaes nas demais regies do corpo. Por outro lado, a tcnica de termografia

    infravermelha registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e

    processa a radiao infravermelha, permitindo anlise global e local. OBJETIVOS:

    Identificar as variaes da Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de termografia

    infravermelha em 25 regies corporais de interesse (RCI) de homens militares.

    METODOLOGIA: Foram analisados 31 militares do sexo masculino, com mdia de idade

    de 22,9 3,0 anos, massa corporal de 73,4 8,2kg e estatura de 178,3 7,8cm e classificados

    como sujeitos fisicamente ativos. As imagens termogrficas foram coletadas em cinco

    perodos do dia. Em todos foi utilizada sala climatizada a 23C 1C. e termovisor (Fluke

    )

    posicionado a 4m de distncia do avaliado com 0,98 de ndice de emissividade. Foram

    coletadas 4 imagens englobando as 25 RCI. Para o comportamento trmico geral tambm foi

    considerada a Temperatura Mdia da pele (TMpele) que utiliza os valores de temperatura

    obtidas em 4 RCI. Empregou-se a ANOVA One Way com medidas repetidas seguido pelo

  • 36

    teste post-hoc de Tukey para determinar a diferena significativa entre os diferentes horrios

    do dia em cada RCI. O nvel de significncia de p

  • 37

    4.2 INTRODUO

    Est bem definido que o ser humano realiza ajustes fisiolgicos ao longo de 24 horas,

    sendo ajustes controlados principalmente pelos neurnios do ncleo supraquiasmtico (NSQ)

    (1) localizados no hipotlamo anterior, responsveis por variaes observadas em alguns

    rgos e tecidos, tais como, corao, pulmo, fgado, intestino, glndula supra-renal e tecido

    adiposo (2), havendo assim, influncia sobre fenmenos rtmicos que incluem no apenas o

    ciclo sono-viglia, mas tambm a respirao, batimentos cardacos, presso arterial, tnus do

    msculo liso, peristaltismo, sistema motor, frequncia cardaca, funes mentais e a atividade

    nervosa (3), bem como a temperatura corporal (Tcorporal) (4).

    Para correta interpretao da temperatura corporal importante considerar que essa

    demonstra variao diria (4). A variao da Tcorporal j foi demonstrada pelos mtodos de

    mensurao da temperatura retal (Tretal) (5-7), axilar (Taxilar) (6, 8), gastrointestinal

    (Tgastrointestinal) (8), oral (Toral) (9) e pele (Tpele) (10, 11). Em indivduos com estilo de vida

    normal, a Tretal apresenta maiores valores entre 14 e 20h, com pico mximo aproximadamente

    s 17h e pico mnimo s 5h (12). Variaes similares em diferentes horrios do dia tambm

    foram encontradss na Toral (9).

    A Tpele mensurada por termopares tambm apresenta variao diria e sua relao com

    a Tretal parece ser dependente da regio analisada. As regies proximais, testa e infraclavicular

    tm mostrado associaes positivas com a Tretal, enquanto a Tpele das regies distais, mos e

    ps demonstram relao inversa com a Tretal (6). Contudo, um dos problemas do

    monitoramento da Tpele empregando termopares que esses geralmente analisam um nmero

    pequeno de regies corporais (6, 10, 11), dificultando compreender o que ocorre nas

    diferentes regies anatmicas.

  • 38

    A disponibilidade de novos equipamentos de termografia por infravermelho (TIR)

    consequncia do aprimoramento nos sensores de infravermelho que permitem resultados mais

    precisos das informaes trmicas para variedade de aplicaes. A TIR um procedimento

    no invasivo que no necessita de contato fsico com o avaliado, permitindo anlise imediata

    de diversas regies corporais, ou ainda, focada em determinada parte do corpo (13), o que a

    torna importante alternativa de apoio no estudo da Tpele.

    O uso da TIR para mensurao da Tpele tambm pode representar instrumento

    importante para anlise e pesquisa em fisiologia na produo e dissipao de calor (14, 15),

    podendo ser utilizada como tcnica alternativa de apoio no estudo da variao da Tpele ao

    longo do dia.

    interessante destacar que apesar dos achados de van den Heuvel et al. (16)

    demonstrarem correlao positiva entre os mtodos de TIR e termopares de contato, estes

    demonstraram a existncia de diferenas significativas nos valores de Tpele obtidos com os

    diferentes mtodos, sendo que a TIR apresentou valores de 1,3C a 3,4C inferiores aos

    termopares de contato (16). Esses resultados indicam que necessrio identificar os valores e

    as variaes de Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de TIR, tendo em vista que em

    estudos anteriores utilizando termopares de contato (10, 11) essas variaes j esto bem

    definidas.

    As diferenas entre esses mtodos so decorrentes da forma fsica em que ocorrem os

    processos de registro da temperatura. Os termopares fazem contato fsico com a pele,

    captando o calor gerado pelo corpo pelo processo de conduo. J a tcnica de imagens de

    TIR registra a distribuio da temperatura por meio de termovisor que capta e processa a

    radiao infravermelha longa emitida pela superfcie do corpo (14, 17). Cabe considerar ainda

    que a temperatura medida diretamente na pele ou msculo poderia induzir a interpretaes

    equvocadas devido ao posicionamento de sensores prximos a vasos sanguneos quentes, e

  • 39

    tambm porque o aquecimento no ocorre de maneira uniforme ao longo da totalidade do

    msculo (15).

    Apesar de haver ampla base documental sobre variao da Tcorporal realizada por

    diversas tcnicas, no foi possvel identificar na base de dados Medline, com as palavras

    chaves circadian rhythm and thermography e periods of the day and thermography,

    nenhum estudo que tenha utilizado a TIR para mensurar a Tpele ao longo do dia, o que torna

    esse estudo pioneiro sobre essa tica de anlise.

    Estabelecer a variao da Tpele de diversas regies do corpo ao longo do dia utilizando

    a TIR ir auxiliar na comparao entre os resultados de novos estudos, visto que as

    investigaes com a TIR normalmente so realizadas em um nico perodo do dia. Tambm

    poder contribuir na interpretao das imagens termogrficas, por profissionais da rea

    mdica, fisioterpica ou educao fsica. Portanto, o objetivo do presente estudo identificar

    as variaes da Tpele ao longo do dia utilizando a tcnica de TIR em 25 RCI de homens

    militares.

    4.3 MATERIAIS E MTODOS

    4.3.1 Amostra

    Foram avaliados trinta e um homens voluntrios (22,9 3,0 anos) que pertenciam

    Escola de Especialistas de Aeronutic