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R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 125 • Nº 2.145 • Dezembro 2007 D EUS , C RISTO E C ARIDADE

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R$ 5,00

ISSN 1

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 125 • Nº 2.145 • Dezembro 2007D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Dezembro, 2007 / N o 2.145

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

O Cristo Consolador

Entrevista: Enrique Eliseo Baldovino

A difusão do Espiritismo em espanhol

Presença de Chico Xavier

Lembrando Allan Kardec – Leopoldo Cirne

Esflorando o Evangelho

O Cristo operante – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

“Espiritismo, Evangelho, Esperanto” – 30 anos no ar –

Affonso Soares

Bondade/Bonkoreco – João de Deus

Seara Espírita

Inteligência e vontade – Juvanir Borges de Souza

A presença de Jesus – Joanna de Ângelis

Tentações – Umberto Ferreira

Por amor do amor – Richard Simonetti

Jesus Cristo: sempre muito à frente de nós –

Anselmo Ferreira Vasconcelos

Súplica de Natal – Cármen Cinira

Seminário sobre “Medicina, Espiritismo e questõesBioéticas” na FEB-Rio

Elos de luz – A. Merci Spada Borges

Em dia com o Espiritismo – Um conto de Natal –

Marta Antunes Moura

IV Congresso da ABRAME2o Congresso Brasileiro de Divulgadores do

EspiritismoJeronymo Gonçalves da Fonseca Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Racionalismo – Haroldo Dutra Dias

Anjos da Paz – Cruz e Souza

Registros inéditos dos que fizeram parte da história doEspiritismo – Washington Luiz Fernandes

Preconceitos à luz da Doutrina Espírita –

Ivone Molinaro Ghiggino

Determinismo e livre-arbítrio: uma visão sem extremismo – Marcos Alencar

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11

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30

31

42

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

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Editorial

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ma das características que mais marcaram a presença de Jesus quando este-ve entre nós, trazendo e exemplificando o seu Evangelho, foi, sem dúvida,o caráter consolador da sua ação.

Aceitando a designação de mestre, dedicou-se à sua missão de esclarecimentoe assistência, orientação e amparo, revelando-se como guia e modelo para toda aHumanidade.

Convidando todos os homens a buscá-lo, oferece a recompensa do alívio para osaflitos e sobrecarregados.

Na fase de incertezas, de insegurança e de violência que o mundo atravessa, Jesusdescortina à nossa frente um caminho de paz e renovação: revela que somos seresimortais em constante processo de aprimoramento; confirma os mandamentos daLei de Deus, anunciados a Moisés, mostrando, porém, a sua misericórdia; colocaem prática o amor, no seu sentido mais elevado, que consiste em fazer aos outros oque queremos que os outros nos façam; cura cegos e aleijados; liberta os sofredoresde processos obsessivos; tolera a agressividade humana; pratica, enfim, a caridadeno seu sentido mais amplo – “benevolência para com todos, indulgência para asimperfeições dos outros, perdão das ofensas”.2

Entretanto, para que ocorra o alívio que Ele oferece, é necessário colocar emprática os seus ensinos, verdadeiro resumo das Leis de Deus, as quais dão sentidoà nossa existência, bem como carregar o fardo leve das boas ações, que se caracte-rizam pelo exercício do amor e decorrem da vivência dessas mesmas Leis, explici-tadas e exemplificadas no Evangelho.

Em dezembro, quando se comemora o nascimento de Jesus, a meditação emtorno dos seus ensinos e a aceitação de seu convite para ir até Ele pode representarnão apenas o alívio para nossas dores, mas, também, o encontro de um caminhonovo que nos liberta e o início de uma jornada que nos felicitará para sempre.

U

O CristoConsolador

“Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de

coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o

meu fardo.” (S. Mateus, 11:28 a 30.)1

1 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI, item 1, Ed. FEB.2 O Livro dos Espíritos, questão 886, Ed. FEB.

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a inteligência um atributoessencial do Espírito, assimcomo a vontade, desde sua

criação, simples e ignorante, co-mo ensina o Espiritismo.

A primeira idéia que nos ocorre,ao procurar caracterizar o que sig-nifica e o alcance do termo inteli-gência, é a resposta dos Espíritosreveladores da Doutrina Espírita, àprimeira questão, formulada peloCodificador em O Livro dos Espíri-tos, sobre Deus, o Criador do Uni-verso: “[...] a inteligência suprema,causa primária de todas as coisas”.

A resposta à indagação mostra--nos que a inteligência faz partedo Espírito, desde suas primeirasfases da vida humana, e está pre-sente no Ser Supremo, sob formainfinita, que escapa à nossa com-preensão limitada.

Essa faculdade espiritual mani-festa-se pelo pensamento, expres-so ou oculto, ou pela vontade,dando ao ser a consciência de suaprópria existência e individuali-dade, assim como as formas derelacionamento com o mundo ex-terior e de atendimento do livre--arbítrio de cada um.

A inteligência está, desse modo,estreitamente ligada a outros atri-

butos do Espírito, para a realiza-ção de suas aspirações, pela formapor ele mesmo idealizada.

Como conseqüência da inteli-gência e da vontade, o Espírito tema faculdade de modificar seu enten-dimento sobre quaisquer questõese de alterar planos e aspirações, nodecorrer de suas idéias e realizações.

Em alguns animais superiores,como o cão, o cavalo, o boi, oelefante, o macaco e outros, alémdo instinto, que lhes é inato,existe uma inteligência muito li-mitada, que lhes possibilita a sa-tisfação de algumas necessidadesmateriais, auxiliando-os em suadefesa e conservação.

É através da inteligência, essên-cia da alma humana, ligada a ou-tros valores éticos e morais, que sesituam no campo dos sentimen-tos, que se realiza o progresso in-dividual do Espírito imortal.

Assim, podemos deduzir que avida individual será tanto maisabundante quanto mais conheci-mentos conquistar o ser, desde queconjugados com o amor a Deus eao próximo, o serviço útil ao seme-lhante, a compreensão e a tolerân-cia, tal como exemplificou Jesus, oMestre Incomparável.

A divina lei do progresso con-siste, pois, na aquisição contínuae crescente dos conhecimentos edos sentimentos superiores, resu-midos no amor e na justiça, emseus mais elevados sentidos.

A inteligência e a matéria sãoindependentes entre si, mas a in-teligência necessita, muitas vezes,de órgãos materiais para se mani-festar. O Espírito encarnado, atra-vés do perispírito, une-se à maté-ria animalizada – o corpo huma-no – para se manifestar, enquantodurar a vida física.

Nas manifestações mediúnicas,os Espíritos se valem de influênciassobre o Espírito e o perispírito dedeterminadas pessoas, detentorasde órgãos especiais, para se mani-festarem sob variadas formas.

Sendo a inteligência um atri-buto do Espírito, muitas vezes éobscurecida pelo véu do corpo fí-sico. Por isso, manifesta-se maislivremente quando não precisavencer os entraves materiais noestado de encarnado.

Allan Kardec, em comentárioà questão 71 de O Livro dos Espí-ritos, faz uma síntese importantesobre a inteligência e os seres exis-tentes na Terra, a seguir transcrita:

Inteligênciae vontade

ÉJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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A inteligência é uma faculdade

especial, peculiar a algumas clas-

ses de seres orgânicos e que lhes

dá, com o pensamento, a vonta-

de de atuar, a consciência de que

existem e de que constituem uma

individualidade cada um, assim

como os meios de estabelecerem

relações com o mundo exterior e

de proverem às suas necessidades.

Podem distinguir-se assim: 1o, os

seres inanimados, constituídos só

de matéria, sem vitalidade nem

inteligência: são os corpos bru-

tos; 2o, os seres animados, que

não pensam, formados de maté-

ria e dotados de vitalidade, po-

rém, destituídos de inteligência;

3o, os seres animados pensantes,

formados de matéria, dotados

de vitalidade e tendo a mais um

princípio inteligente que lhes

outorga a faculdade de pensar.

É a inteligência que propor-ciona ao homem os meios paraa satisfação de suas necessida-des. Na Natureza encontra elemuitas coisas que lhe são es-senciais. Mas isso não é óbicepara que ele se dedique aos es-tudos, às pesquisas do que lhe édesconhecido, às diversas ciên-cias e, de forma geral, às ativida-

des físicas, intelectuais emorais, que lhe têm pro-

porcionado um pro-gresso contí-nuo, embora

lento, emmuitas áreas de sua vida na Terra.

Os grupos humanos, desde ostempos primitivos, orientaram-sepelas leis naturais para proversuas necessidades.

No decorrer das eras, entretan-to, as sociedades humanas, premi-das pelas próprias necessidades,compreenderam que era preciso oestabelecimento de normas a seremobedecidas e praticadas por todosos seus componentes, para evitar osabusos e os prejuízos decorrentes docomportamento individual e coleti-vo de uns, em detrimento de outros.

Surgiu então a idéia da criaçãode regras, leis humanas destinadasa regular as formas de procedimen-to, a defesa dos interesses gerais,particulares e coletivos, e a proibi-ção de determinados atos. Tudo oque indica a importância de regu-lamentação passou, com o tempo,a ser objetivo das leis.

Nas épocas de barbáries, quesempre existiram, os mais fortes,

assumindo as responsabilidades dopoder, são os que fazem as leis, aserem obedecidas por toda a so-ciedade, mas nunca deixando deatender aos seus próprios interesses.

Com o desenvolvimento da in-teligência individual e do progressoem geral, a justiça, a compreensãoe a solidariedade influenciaram associedades modernas para que suasleis fossem mais justas para todose não mais atendessem aos inte-resses somente dos mais fortes,dos potentados e dos poderosos.

Na atualidade, apesar do atrasode algumas regiões do mundo, e dehaver tratamento desigual para asdiferentes classes sociais, as leis hu-manas, refletindo o progresso so-cial, fruto do desenvolvimento dainteligência e da vontade do ho-mem moderno, aliadas à sua evo-lução moral, proscreveram a escra-vidão milenar do homem pelohomem, assim como as injustiçasflagrantes e os abusos dos podero-sos. Tudo isso representa, sem dú-vida, um progresso acentuado des-te mundo de “expiações e provas”,não obstante seja clara a necessida-de de avanços no terreno da evolu-ção moral.

Embora as leis humanas pos-sam auxiliar o progresso indivi-dual e coletivo, quando justas eeqüitativas, seu objetivo específicoé o de regular as relações entre oshomens, em um planeta onde pre-dominam os interesses materiais.

A evolução moral dos habitan-tes de mundos materiais, como onosso, para o aprendizado de ex-periências úteis no contato pro-longado do Espírito imortal com

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Alguns animais possuem,além do instinto, umainteligência limitada

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a matéria, depende, entretanto,das conquistas dos sentimentosnobres sintetizados pelo Cristo no“amar a Deus sobre todas as coisase ao próximo como a si mesmo”.

Os Espíritos reveladores, cons-cientes da importância excepcio-nal da necessidade da evoluçãomoral dos homens habitantesdeste planeta, não deixaram de re-lacionar as leis que regem o aper-feiçoamento espiritual e que de-vem ser conhecidas e praticadaspor todos os que aspiram adqui-rir os nobres sentimentos indis-pensáveis ao processo evolutivo.

O Livro dos Espíritos, em suaParte Terceira, relaciona e comen-ta as Leis Morais, Divinas ou Na-turais, que todos os homens po-dem conhecer, mas que apenasuma minoria da população terre-na procura compreender e viven-ciar, com o auxílio das religiões.

As leis divinas são perceptíveispela consciência humana, mas nemsempre são seguidas em virtudedo atraso moral e do livre-arbí-trio, que levam o homem a optarpelos descaminhos.

Mas a lei divina determina quehá sempre a necessidade das reti-ficações dos transvios, através dasprovas e expiações.

Os primeiros progressos do Es-pírito, criado simples e ignoran-te, efetuam-se muito lentamente,quando sua inteligência e vonta-de começam a ser exercitadas. Aprogressão torna-se mais rápidaà medida que o Espírito vai ad-quirindo a consciência de si mes-mo, com seus dons acionadoscontinuamente.

As leis da Natureza vão sendopercebidas naturalmente, tantoas que se referem ao movimentode tudo o que é material, quantoas que dizem respeito às realiza-ções de ordem moral, aceitas pelaconsciência de cada um e semprerelembradas na sucessividade davida do ser espiritual, encarnadoou em estado livre.

Em mundos atrasados, como aTerra, a Providência Divina confiaa determinados emissários a missãode revelar, ou relembrar as leis divi-nas, como tem ocorrido em nossomundo, no decorrer dos milênios.

A vinda do Cristo, com seusensinos, retificações de entendi-mentos e exemplificações edifi-cantes, é a comprovação mais evi-dente de que o Criador do Uni-verso, o Deus de nossos cora-ções, assiste permanentementetoda a sua criação.

Jesus é o protótipo da perfei-ção moral e o modelo a que todaa Humanidade pode alcançar.

Seus ensinos e exemplos, com-plementados pelo Consoladorque Ele prometeu e enviou aoshomens, muitos séculos apóssua vinda, representam “o cami-nho, a verdade e a vida”, paratodos os habitantes deste orbe.

As idéias se modificam e setransformam, não subitamente,

mas à medida que as gerações sesucedem.

O progresso é uma das leis na-turais ou divinas, facilmente per-ceptível com uma simples compa-ração entre as crenças, usos, cos-tumes e leis, de séculos e milêniosda história da Humanidade, comas formas de vivência neste mes-mo mundo dos nossos dias.

Por essa forma, podemos per-ceber que, pela vontade de Deus, aInteligência Suprema, toda a suacriação, por mais diferenciada queseja, submete-se à evolução, ao pro-gresso, embora o homem, no está-gio evolutivo em que se encontra,nem sempre perceba essa lei e as de-mais normas divinas, em todas assuas perfeições e amplitudes.

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A inteligênciaproporciona ao

homem os meiospara a satisfação de

suas necessidades

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omente um profundo estu-do psicológico pode per-mitir o entendimento real,

em torno do significado extraor-dinário da presença de Jesus, nosdiferentes lugares, durante o Seumessianato.

O Ser transcendente que é, exte-riorizava-se com uma força inexce-dível, penetrando tudo e todos, deforma que, ao senti-lO, de imediatodava-se uma incomum transforma-ção naqueles que O encontravam.

Ninguém, que tivesse qualquertipo de contato com Ele, perma-necia como antes. Poderia até mes-mo detestá-lO, normalmente amá--lO, jamais, porém, permanecer--Lhe indiferente.

Os Espíritos infelizes sentiam-nOa distância e gritavam estentóri-cos: – Eu sei quem Tu és – conformeexplodiu, na sinagoga, por Ele vi-sitada, uma entidade perversa queEle silenciou, porque ainda não erachegado o momento de desvelar-se.

Noutro ensejo, ao atravessarum antigo cemitério em Gadara,de uma das sepulturas levantou--se um obsesso e, fazendo-o ester-torar, o ser que nele se agitava in-terrogou: – Jesus de Nazaré, quetens Tu contra nós?

Ninguém O conhecia naquelasparagens, nem mesmo sabia quelá se encontrava. Penetrando o ser

hediondo, Ele o expulsou da suavítima com acendrada misericór-dia, restituindo ao enfermo o bem--estar e a paz.

Nada havia que Lhe constituísseobstáculo ao ministério de amor.

Com autoridade, enfrentou a fú-ria dos ventos e a agitação das on-das do mar da Galiléia, lecionan-do confiança irrestrita em Deus,em todas e quaisquer situações.

Multiplicou os pães e os peixes,utilizando-se dos recursos trans-cendentais da Natureza, ocultosao conhecimento da época, semalarde, com naturalidade.

Enfrentou a bazófia e a hipocri-sia dos sacerdotes, dos saduceus,dos fariseus e de todos aqueles queO invejavam e O perseguiam, cora-josamente, sem descer-lhes aos ní-veis de miserabilidade humana...

Abraçou a causa dos infelizes edos excluídos com elevação, sempieguismo nem receio de qualquerexpressão, erguendo a voz para de-monstrar que todos são filhos domesmo Pai, embora as infelizesconvenções humanas.

Sempre se manteve ativo, jamaisescusando-se ao trabalho e à vivên-cia do amor, dinamizando o servi-ço em favor do bem como única eexclusiva técnica para a felicidade.

Ímpar conhecedor da psiquehumana, nunca se utilizou da Sua

elevação para criar qualquer tipode embaraço para os amigos queO buscavam.

Absolutamente consciente da Suamissão, aceitou somente o títulode Mestre, porque em verdade o é.

As criancinhas eram atraídasao Seu regaço com encantamento,enquanto os velhinhos, enfermose atormentados nEle encontra-vam amparo, ternura, renovação,entusiasmo e forças para o pros-seguimento da existência.

Nunca mais, na Terra, se en-contrará alguém que Lhe sejaequiparado!

A Sua presença fez-se mais sig-nificativa, no momento em que selevantou no monte, defronte domar gentil, de águas como um es-pelho refletindo o céu azul tur-quesa, e entoou o incomparávelhino das Bem-aventuranças...

A voz, com modulação espe-cial, cantou a sinfonia de bênçãosque modificaria todos os concei-tos éticos vigentes, diante da me-ridiana luz do amor, conclaman-do à justiça, à misericórdia, à hu-mildade, à compaixão, à verdade...

Os pobres, os esquecidos, os hu-milhados, os perseguidos, os ven-cidos, os desrespeitados e todosaqueles que eram considerados

A presença

S

de Jesus

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como sendo a borra da sociedadehipócrita poderiam respirar comalegria e ser felizes, a partir de en-tão, se se resolvessem por tornar--se herdeiros do reino de Deus,cujas dimensões se encontram nocoração.

Não mais se ouviria nadaigual nos dias do futuro, comodantes nunca se escutara algoparecido.

A Sua majestade esplendorosa,ante a turbamulta, destacava-seemoldurada de luz, esparzindo aSua presença por todo lado, al-cançando mesmo aqueles que seencontravam fisicamente maisdistantes, no cenário extraordi-nário da Natureza.

Não foi necessário gritar, gesti-cular nervosamente, impor silên-cio, para fazer-se ouvido.

Enquanto os ventos suaves car-reavam os doces perfumes da ho-ra crepuscular, Sua voz macia equente, aveludada e compassivaalcançava todas as mentes e cora-ções, impregnando-os com aMensagem que ficaria imortaliza-da nos tempos do futuro.

Nunca te afastes de Jesus!Mesmo que te distancies por ca-

pricho, desequilíbrio e aflição, a Suairradiação estará em torno de ti, en-volvendo-te, até que te conscienti-zes da necessidade de absorvê-la.

Nessa sublime energia encon-trarás reforço para as lutas, paz

para as tribulações, esperança paraos momentos difíceis, amor pa-ra repartires com todos, inclusivecom aqueles que se te inimizarame tentam criar embaraços para oteu avanço na conquista da luz.

Abre-te, portanto, às Suas li-ções, empenhando-te por inscul-pi-las no imo, vinculando-te pordefinitivo a Ele.

Já foste chamado para o Seuministério, mais de uma vez, epreferiste a loucura do prazer,afastando-te do caminho renova-dor, sem que Ele jamais se distan-ciasse de ti.

Agora, encontras-te novamenteconvidado para o serviço de auto-iluminação. Não postergues a de-cisão de ser feliz. O tempo urge e,enganado pelas utopias existen-ciais, quando te deres conta, nocrepúsculo do corpo, já não dis-porás de recursos para a recon-quista das horas perdidas...

Pensa em Jesus, sempre que teencontres indeciso ou em sofri-mento.

Liga-te a Jesus, quando experi-mentares solidão e abandono, re-cordando-te que Ele é o Amigodaqueles que não têm amigos.

Refugia-te em Jesus, toda vezque necessitares de um abrigo, deum regaço para reflexão e prece.Ele é o recanto seguro para todasas circunstâncias, especialmenteas graves e angustiantes.

A presença de Jesus é a luz domundo, que o mundo não tem sa-bido aproveitar, recusando-a emfavor da sombra que permanecedominadora.

– Eu estarei convosco até o fimdos tempos... Ele afirmou, e as suaspalavras não passam.

Recorda os conquistadores deum dia na Terra, de que a morteinterrompeu o curso das vitóriasmentirosas e que permanecem es-quecidos, quando não detestadose vencidos.

Observa os dominadores des-tes dias e pensa que também elesnão serão poupados pelas enfermi-dades, pelos ódios e pela morte queos arrebatará a todos, conduzindosomente o que realizaram e não oque acumularam na alucinação daposse.

A irradiação que deles se exte-rioriza provoca temor, ressenti-mento, ódio ou interesses imedia-tistas e subalternos.

Com Jesus é diferente!Ama-O, pois, e deixa-O condu-

zir-te pelo caminho da liberdadeno rumo de Deus.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium DivaldoPereira Franco, na manhã do dia 21 de julhode 2007, na residência do Dr. Epaminon-das Corrêa e Silva, em Paramirim, Bahia.)

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odos trazemos, de outrasvidas, tendências boas emás; as primeiras impul-

sionam-nos para a senda do bem,e são estimuladas pelos bons Es-píritos e pelos homens de bem;as más arrastam-nos para o ca-minho do mal, e são incentiva-das pelos Espíritos imperfeitos epelas pessoas de caráter inferior.

Os bons Espíritos aproveitamas nossas boas inclinações paranos estimular a viver de maneiraequilibrada e a praticar o bem;por outro lado, os Espíritos pou-co adiantados, viciosos, explo-ram as nossas propensões infe-riores, induzindo-nos a agir emdesacordo com as leis de Deus ea seguir uma vida cheia de víciose de ilusões.

Os Espíritos inferiores, de máíndole, envidam todos os esfor-ços para nos fazerem cair emtentações; utilizam os nossos mauspendores para nos influenciaremos pensamentos e atos. Sempreque descuidamos da vigilância,interferem nas nossas conversa-ções, induzindo-nos a falar com-pulsivamente, a usar palavrasinadequadas, fortes, agressivas;fortificam-nos as compulsões,inclusive alimentares; arrastam--nos para os vícios, para o sexomenos responsável ou mesmo

desregrado; interferem em nos-sas atividades, inclusive no cam-po da mediunidade, predispon-do-nos às mistificações; alimen-tam-nos o orgulho e a vaidade ea conseqüência destes, que é omelindre...

Muitas vezes, não querendoadmitir as próprias fraquezas,procuramos encontrar em outraspessoas, ou na falta de proteçãoespiritual, as razões dos nossosdesacertos; mas, se agimos ho-nestamente, descobrimos que so-mos os verdadeiros responsáveispor eles.

Estamos ainda distantes daperfeição, com muitos defeitos avencer; por isso, constantementesofremos as influências das for-ças espirituais do mal, e, em ra-zão disso, nossos desacertos sãonumerosos.

O que fazer para reverter a si-tuação?

Ensinam-nos os Espíritos quesomente ficaremos livres das másinfluências dos Espíritos imper-feitos (e naturalmente dos ho-mens de más tendências), quandoeliminarmos as imperfeições. En-quanto não conseguirmos atingiressa meta, os Espíritos recomen-dam-nos alguns recursos, de in-discutível eficácia: vigilância cons-tante, com a sublimação dos pen-

samentos, sentimentos, lingua-gem e atos; oração diária e emtodos os momentos em que per-cebermos as más influências; lei-tura edificante (O Evangelho se-gundo o Espiritismo, por exemplo)todas as vezes em que detectar-mos sugestões negativas; recolhi-mento e meditação; cultivo da paze serenidade; combate às imper-feições.

Podemos pedir a assistênciados bons Espíritos, que atendemprontamente aos nossos pedidos,nos amparam e inspiram bonspensamentos. Além disso, nosauxiliam nos esforços que fizer-mos para combater as imperfei-ções e as más tendências. Comcerteza, obteremos bons resulta-dos se soubermos aproveitar essaajuda espiritual para controlar osimpulsos inferiores e evitar as su-gestões negativas dos que que-rem nos converter em instru-mentos vivos do mal. Com esfor-ço próprio e perseverança, poucoa pouco, poderemos nos aperfei-çoar moralmente, libertando-nosdas influências das forças espiri-tuais do mal.

Com humildade e sintoniaconstante com os bons Espíritos,seguramente conseguiremos al-çar vôos mais altos na conquistada Espiritualidade.

TentaçõesT

UM B E RTO FE R R E I R A

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Reformador: Tem idéia sobre aquantidade de títulos espíritas dis-poníveis em espanhol, incluindo asobras do Codificador e os clássicosda Doutrina Espírita?Baldovino: Incluindo algumas dasobras já traduzidas do eminenteCodificador Allan Kardec e diver-

sas versões impressas dos clássicosdo Espiritismo, o acervo de títulosespiritistas disponíveis em caste-lhano é relativamente importante,somando também outros títulosgenuinamente doutrinários, disse-minados em várias editoras espí-ritas que, apesar de grande sacrifí-cio e abnegação – em face dos pro-blemas econômico-sociais –, nãoconseguem custear a edição, distri-buição, impressão e reedição des-ses tesouros já vertidos ao nobreidioma de Cervantes. Portanto, omaior desafio atual seria encontrarum meio de divulgação mundialdesses livros espíritas já disponí-veis, lacuna que ainda necessita serpreenchida, tendo em conta que oshispanoparlantes somos no Plane-ta mais de 400 milhões de almas.

Reformador: Quais autores espíri-tas são históricos e marcantes noidioma hispânico?Baldovino: Uma plêiade de auto-res consagrados destaca-se no ce-nário doutrinário hispânico (es-critores, médiuns, tradutores econferencistas), sendo históricos emarcantes, entre outros: AmaliaDomingo Soler, Cosme Mariño,Antonio Ugarte, Daniel SuárezArtazú, Jacinto Esteban Marata,Humberto Mariotti, José MaríaFernández Colavida, JosefinaAramburu de Rinaldini, ManuelGonzález Soriano, Luis di Cristó-foro Postiglioni, Miguel Vives yVives, Santiago Bossero, QuintínLópez Gómez, Manuel S. Portei-ro, o visconde Torres-Solanot,entre outros, somente para no-mear alguns deles, de paísesdiferentes.

Reformador: Como está se desen-volvendo o projeto do Conselho

do Espiritismoem espanhol

Enrique Eliseo Baldovino, tradutor de obras para o espanhol e colaborador

de La Revista Espírita, comenta as perspectivas de

divulgação doutrinária no idioma hispânico

EN R I Q U E EL I S E O BA L D OV I N OEntrevista

11Dezembro 2007 • Reformador 445577

A difusão

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Espírita Internacional para a tra-dução de obras em espanhol?Baldovino: Desde a sua fundaçãoem 28 de novembro de 1992, oConselho Espírita Internacional(CEI) tem feito um excelente tra-balho de união e de unificação,reunindo com muito sacrifício ofeixe antes disperso do amplo po-tencial das diversas pátrias, atual-mente representadas no CEI emexpressivo número de 33 países,que estão seriamente comprome-tidos com os ensinos eminente-mente kardequianos.

O projeto de tradução de obraspara o espanhol já está em anda-mento e contempla a traduçãogeral das obras completas deAllan Kardec, que são exatamente30 livros, isto somando as obrasfundamentais, as complementa-res, as separatas e todos os opús-culos kardequianos lançados. Tra-ta-se de uma obra granítica e mo-numental supervisionada pelosEspíritos superiores, exarada prin-cipalmente no Pentateuco Karde-quiano, composto por: O Livro dosEspíritos (lançado em 18/4/1857),O Livro dos Médiuns (15/1/1861),O Evangelho segundo o Espiritismo(6/4/1864), O Céu e o Inferno(1/8/1865) e A Gênese (6/1/1868),portanto, nos 5 livros básicos daCodificação; esses ensinos foramtambém desdobrados e exemplifi-cados nos 12 volumes (1858-1869)da Revista Espírita e também em13 livros, opúsculos e separatas su-plementares, a saber: Instrução Prá-tica sobre as Manifestações Espíri-tas (6/1858), O que é o Espiritismo(7/1859), Carta sobre o Espiritismo

(16/9/1860), O Espiritismo na suaExpressão mais Simples (15/1/1862),Resposta à mensagem dos espíritaslioneses por ocasião do Ano Novo(2/1862), Viagem Espírita em 1862(12/1862), Resumo da Lei dos Fe-nômenos Espíritas (4/1864), Coleçãode Composições Inéditas (1865),Coleção de Preces Espíritas (1865),Estudo acerca da Poesia Medianí-mica (1867), Caracteres da Revela-ção Espírita (2/1868), CatálogoRacional das Obras para se fundaruma Biblioteca Espírita (3/1869) eObras Póstumas (1890).

Isto somente para citar AllanKardec; temos também os clássi-cos do Espiritismo que ainda nãoforam traduzidos na sua totalida-de: Léon Denis, Camille Flamma-rion, Gabriel Delanne, entre ou-tros. O mesmo aplica-se às diver-sas obras mediúnicas subsidiá-rias que desdobram ainda mais aDoutrina, preciosos livros de mé-diuns já consagrados como ChicoXavier, Yvonne Pereira, DivaldoFranco, Raul Teixeira, entre outrosque merecem onosso mais pro-fundo carinho erespeito, pela gran-de contribuição queaportam à culturadoutrinária.

Reformador: Qualsua percepção sobre adifusão de La RevistaEspírita nos países deidioma hispânico? Baldovino: La RevistaEspírita, nos diversos idiomas emque atualmente é editada pelo

CEI, principalmente em espanhol,é a continuidade viva do pensa-mento lúcido do Codificador,quando ele próprio a publicavamensalmente, de 1/1/1858 até4/1869. Apesar de Allan Kardec terdesencarnado em 31 de março de1869, já havia deixado preparadaa Revue Spirite do mês de abrildaquele ano, tais eram a sua organi-zação, disciplina, esforço e previ-são exemplares. No próximo anode 2008, em que estaremos come-morando o Sesquicentenário daRevista Espírita, a melhor home-nagem seria lê-la, estudá-la e vi-venciá-la na sua completude. Anossa, como tradutor, será lançar– com o selo do CEI – a traduçãodo ano 1859 (diretamente dofrancês ao castelhano), da mesmaforma em que foi lançada a Re-vista Espírita de 1858 pelas edi-ções CEI, tão generosamente re-cebida pelos países de fala hispâni-ca. As merecidas homenagens aoínclito mestre de Lyon continuarão

12 Reformador • Dezembro 2007445588

Capas de LaRevista Espírita

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com o oportuno lançamento dosdois volumes de Allan Kardec: elEducador y el Codificador, de ZêusWantuil e Francisco Thiesen, tam-bém da nossa lavra tradutória (doportuguês ao espanhol), com 900páginas sobre Rivail/Kardec, tra-duzidas dos originais da FederaçãoEspírita Brasileira (no prelo). Por-tanto, La Revista Espírita continuasendo um manancial de luz e umtraço de união entre os espiritistasde dezenas de países, que se con-gregam em torno da límpida fon-te kardequiana, que são suas pró-prias obras.

Reformador: Como sentiu a pre-sença dos países hispânicos no 5o

Congresso Espírita Mundial e na 12a

Reunião do CEI?Baldovino: Tivemos a altíssimahonra de ser convidado como con-ferencista para o 5o Congresso Es-pírita Mundial (CEM), na Colôm-bia, e também para participar da12a Reunião Ordinária do CEI.Percebemos em ambos os eventosmagnos uma crescente maturida-de de todos os países-membros e,em particular, dos hispânicos, lu-tando o bom combate, como afir-mava Paulo de Tarso. A participa-ção ativa dos países hispânicos noMovimento Espírita mundial é defundamental importância, já quetivemos a oportunidade de consta-tar, in loco, que dos 33 países queatualmente compõem o CEI, 16falam espanhol, o que merece umestudo aprofundado, sem nenhumdemérito para as outras honorá-veis pátrias, com os seus respecti-vos e belíssimos idiomas (francês,

português, holandês, inglês,alemão, russo, italiano, japo-nês, etc.). Acreditamos firme-mente que a chave da questãose encontra na divulgação do li-vro espírita em todas as línguas– como aliás vem fazendo o CEI– e especialmente em espanhol,pelos motivos que acabamos deexpor.

Reformador: E agora, com a defi-nição da realização do 6o Congres-so Espírita Mundial na Espanha?Baldovino: Ficamos muito con-tentes com a indicação da Espa-nha como sede do 6o CongressoEspírita Mundial (CEM) em 2010,não somente pela grande contri-buição histórica trazida pelospioneiros do Espiritismo daque-las terras – alguns citados na res-posta no 2 –, senão também pelotrabalho sério que los hermanosespañoles vêm fazendo atualmen-te e há vários anos, sob a seguracoordenação da Federación Espí-rita Española (FEE), entidade re-presentativa ante o CEI. Vibramos,desde já, pelo sucesso espiritualdo 6o CEM na Espanha, terra daveneranda Amalia Domingo So-ler e do primeiro tradutor dasobras do Codificador ao castelha-no, José María Fernández Cola-vida, chamado com toda justiçael Kardec español.

Reformador: Que perspectivas di-visa para a difusão espírita em es-panhol nos próximos anos?Baldovino: Realmente as perspec-tivas de divulgação doutrinária sãoas melhores. Para conseguir esse

elevado desiderato, acreditamosque se deva incrementar nos pró-ximos anos o trabalho de prepa-ração e capacitação, em todas asáreas, de trabalhadores espiritistasque lidam no Centro Espírita,aproveitando mais especialmenteo ano de 2008, em que comemo-ramos também os 150 anos defundação da primeira sociedadeespírita do mundo: a SociedadeParisiense de Estudos Espíritas,fundada pelo incansável AllanKardec em 1o de abril de 1858. OCEI vem realizando, através dasuas coordenadorias, esses cursosde capacitação, que são importan-tíssimos para o aperfeiçoamento,consolidação e reciclagem doutri-nários, trabalho que poderá serincrementado com mais seminá-rios para cada setor, envolvidocom a imensa responsabilidade de“dar conta da sua administração”,como oportunamente ensinou evivenciou o nosso incomparávelMestre Jesus (Lucas, 16:2).

13Dezembro 2007 • Reformador 445599

Capa do livroRevista Espírita

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cachorro estava com cân-cer terminal. Sofria muito.

O veterinário falou emsacrificá-lo.

Aqui, amigo leitor, abramos pa-rêntesis na narrativa para consi-derar a questão da eutanásia, achamada morte branda, com oque se pretende evitar a cacotaná-sia, a morte em meio a grandespadecimentos.

Todas as religiões, incluindo oEspiritismo, lhe são frontalmentecontrárias. A razão é elementar: sea vida procede de Deus, somenteo Criador tem o direito de elimi-ná-la.

Seguindo essa linha de raciocí-nio, por que, em se tratando deum animal, deveríamos outorgaraos donos o direito de decidirquando deve deixar de viver?

Fala-se em misericórdia. Coita-do! Sofre tanto!

Argumento infundado! Evo-cando-o, poderemos, pelo mesmomotivo, abreviar os sofrimentosde um familiar, paciente terminal.

Outra alegação: o moribundocom dores atrozes cumpre um

carma. Cachorro não tem dívidasa pagar. Não precisa sofrer paramorrer…

Mas quem pode dizer que nãohá razão para os sofrimentos deum animal? Será que Deus errou?

A Doutrina Espírita ensina queas dores enfrentadas pelo princípioespiritual que anima um ser infe-rior da criação aceleram o desen-volvimento de suas potencialida-des, ajudando-o a desenvolver acomplexidade que lhe permitirátransformar-se em ser pensante.Seria a dor-evolução.

Deus não faz nada por merodiletantismo. Tudo tem uma ra-zão de ser.

E porque os homens não enten-dem essa realidade, dão-se ao des-frute de sacrificar o animal, menospor misericórdia, mais pelo fatode que é incômodo, dispendioso edesagradável cuidar dele.

Fechamos parêntesis.Sugestão aceita, a família ob-

servou o veterinário a aplicar oanestésico fulminante no animal.

Depois conversavam, questio-nando a brevidade da existência

dos cães, que bem poderiam vivermais tempo.

O filho, uma criança de quatroanos, que tudo ouvia, disse:

– Eu sei por que os cachorrosvivem pouco...

Para surpresa de todos, expli-cou:

– Mamãe diz que pessoas nas-cem para aprender a ser boas, aamar todo mundo. Não é issomesmo?

– Sim, meu filho.E o menino:– Os cães já nascem sabendo

como fazer isso, portanto nãoprecisam viver tanto tempo...

Absolutamente correto!

Se tivermos de definir o que es-tamos fazendo na Terra, qual oobjetivo primordial da existênciahumana, responderíamos, com omenino, que estamos aqui paraaprender a exercitar aquela que éa lei maior do Universo – o Amor.

Isso não é novidade. Desde asculturas mais remotas temos sidoinstruídos nesse sentido.

Por amordo amor

ORI C H A R D SI M O N E T T I

14 Reformador • Dezembro 2007 446600

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E Jesus, o mais elevado orienta-dor que a Humanidade já rece-beu, enfatizou, quando lhe per-guntaram qual o mandamentomaior da lei (Mateus, 22:37-40):

Amarás o Senhor teu Deus, detodo o teu coração, de toda a tua al-ma, de todo o teu entendimento [...].

E ao próximo como a ti mesmo.Esses dois mandamentos resu-

mem a lei e os profetas.

Importante considerar que an-tes de amar o semelhante é preci-so aprender a respeitá-lo em seusdireitos e necessidades.

Foi exatamente isso que nos en-sinou Moisés, com a Tábua dos DezMandamentos, onde está registra-do o que não devemos fazer: nãomatar, não roubar, não trair, nãomentir, não cobiçar… Considerarque nossos direitos terminam ondecomeçam os direitos do próximo.

Diríamos que não fazer ao pró-ximo o que não queremos paranós, na senda da Justiça, é o pri-meiro passo para que aprendamosa fazer ao próximo o que queremospara nós, no caminho do Amor.

O Espiritismo nos convida arefletir sobre o assunto, analisarmais, ampliar o entendimento so-bre o Amor, a partir do conceitode que amar de verdade é pensarno outro, no seu bem-estar.

Não é um favor. Trata-se de al-go indispensável para quepossamos sustentar nos-sa integridade comofilhos de Deus, habili-

tando-nos ao equilíbrio e à pazonde estivermos.

Nos serviços de atendimentofraterno deparamo-nos, freqüen-temente, com problemas de rela-cionamento no lar, principalmen-te entre marido e mulher.

Na opinião dos entrevistados aculpa é sempre do cônjuge, sem selevar em consideração que quan-do um não quer dois não brigame que se um dos dois se dispuser acumprir o Evangelho, exercitandoAmor, as arestas poderão ser su-peradas, favorecendo um relacio-namento melhor.

Oportuno, nesse particular,considerar como as pessoas gosta-riam de ser amadas.

A propósito, lembro um mara-vilhoso poema de Elizabeth Bar-ret Browning, famosa poetisa in-glesa, dedicado ao seu marido,Robert Browning, tradução deManuel Bandeira:

Ama-me por amor do amor

[somente.

Não digas: “Amo-a pelo seu

[olhar,

O seu sorriso, o modo de falar

Honesto e brando. Amo-a

[porque se sente

Minh’alma em comunhão

[constantemente

Com a sua”. Porque pode

[mudar

Isso tudo, em si mesmo, ao

[perpassar

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Do tempo, ou para ti

[unicamente.

Nem me ames pelo pranto que

[a bondade

De tuas mãos enxuga, pois se

[em mim

Secar, por teu conforto, esta

[vontade

De chorar, teu Amor pode ter

[fim!

Ama-me por amor do amor, e

[assim

Me hás de querer por toda a

[eternidade.

Consciente ou inconsciente-mente, as pessoas não querem seramadas apenas por suas virtudes.

Precisam ser amadas, apesar deseus defeitos.

Não querem receber o Amorcomo um favor.

Precisam do Amor como umaentrega.

Enfim, querem ser amadas poramor do amor somente, como en-fatiza Elizabeth.

É uma idéia que merece reflexão.Cônjuges dizem que deixa-

ram de amar porque o príncipeou princesa transformou-se numsapo.

Talvez isso tenha ocorrido por-que o trataram como tal, sempreapontando mazelas e imperfeições,implicando, contestando, exigin-do, brigando...

Não amaram por Amor doAmor.

Amaram como quem apreciaum doce.

E deixaram de amar porqueestavam saciados ouporque, em sua opi-nião, o doce azedou.

No livro Nosso Lar,psicografia de Fran-cisco Cândido Xavier,André Luiz reporta-sea impressionante ini-ciativa de sua mãe, no-bre Espírito, tão evo-luído que morava emplanos mais altos.

Recebendo sua visi-ta, André Luiz espan-tou-se quando ela lhedisse que pretendiareencarnar para aju-dar o esposo. Na últi-ma existência ele pas-sara a idéia de alguém

ligado à religião e às tradições defamília, mas no fundo fora umfraco, que mantivera ligaçõesclandestinas com duas mulheres,fora do lar.

Retornando todos ao mundoespiritual, vira-se dominado porelas, com as quais sintonizava,neutralizando todos os recursosde auxílio que a esposa mobiliza-va em seu benefício.

O retorno à carne era a soluçãoideal. Reencarnariam todos. Elavoltaria a tê-lo como marido e re-ceberia as duas infelizes comosuas filhas.

E após explicar a André Luiz anecessidade de cultivar o Amor,para soerguer as almas do lodo edas trevas, disse:

– E mais tarde… quem sabe? tal-

vez regresse a “Nosso Lar”, cerca-

da de outros afetos sacrossantos,

para uma grande festividade de

alegria, amor e união... (Op. cit.,

cap. 46, p. 308.)

E André Luiz termina a narrati-va do episódio, dizendo:

Desde aquela hora, minha mãe

não era apenas minha mãe. Era

muito mais que isso. Era a men-

sageira do Amparo, que sabia

converter verdugos em filhos

do seu coração, para que eles

retomassem o caminho dos fi-

lhos de Deus. (Idem, ibidem.)

Sim, leitor amigo, Espíritos as-sim, conseguem converter sapos empríncipes e princesas, porque amampor Amor do Amor somente.

16 Reformador • Dezembro 2007 446622

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eus amigos, seja conosco a paz do SenhorJesus.

Celebrando hoje* a coletividade espíritao octogésimo sexto aniversário da desencarnaçãode Allan Kardec, será justo erguer um pensamento decarinho e gratidão, em homenagem ao Codificadorde nossa Doutrina, cujo apostolado nos religou aoCristianismo simples e puro, descortinando amplosrumos ao progresso da Humanidade.

Recordando-lhe a memória, não refletimos ape-nas no alvião renovador que a sua obra representa nadesintegração dos quistos dogmáticos que se haviamformado no mundo pelos absurdos afirmativos dareligião e pelos absurdos negativos da ciência, mas,também, na luz de esperança que o seu ministériovem constituindo, há quase um século, para mi-lhões de almas que vagueavam perdidas nas trevasdo materialismo, entre o desânimo e a desesperação.

O Espiritismo marcha vitoriosamente na Terra,traçando normas evolutivas e colaborando, por isso,na edificação do mundo novo; entretanto, nas eleva-das realizações com que se exorna, particularmenteem nosso vasto setor de ação no Brasil, é imperiosonão esquecer o apóstolo que, muitas vezes, entre ahostilidade e a incompreensão, batalhou e sacrifi-cou-se para ser fiel ao seu augusto destino.

Saudando-lhe a missão venerável, pedimos vêniapara sugerir, por vosso intermédio, a todos os culti-vadores de nosso ideal, localizados em nossas múl-tiplas arregimentações doutrinárias, a criação de

núcleos de estudo das lições basilares da Codificação,com o aproveitamento dos companheiros mais entu-siastas, sinceros e responsáveis, em nosso movimen-to libertador, a fim de que as atividades tumultuá-rias, seja na composição do proselitismo ou no so-corro às necessidades populares, não abafem a vozclara e orientadora do princípio.

Na distância de oitenta e seis quilômetros, além donascedouro, a fonte estará inevitavelmente contami-nada pelos elementos estranhos que se lhe agregamao corpo móvel.

Não nos descuidemos, assim, da corrente cristali-na do manancial de nossas diretrizes, instituindocursos de análise e meditação dos livros kardequia-nos para todos os aprendizes de boa vontade.

Estudemos e trabalhemos, amemo-nos e instrua-mo-nos, para melhorar a nós mesmos e para soer-guer a vida que estua, soberana, junto de nós.

A obra gloriosa do Codificador trouxe, comosagrado objetivo, a recuperação do amor e da sa-bedoria, da fraternidade e da justiça, da ordem edo trabalho, entre os homens, para a redenção domundo.

Não lhe olvidemos, pois, a salvadora luz e, acen-dendo-a em nosso próprio espírito, repitamosreconhecidamente:

– Salve Allan Kardec!

Fonte: XAVIER, Francisco C. Instruções psicofônicas. 9. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 55, p. 241-243.

17Dezembro 2007 • Reformador 446633

M

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito Leopoldo Cirne

LembrandoAllan Kardec

*N. da R.: 31 de março de 1955.

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arra o apóstolo Marcos que,menos de 48 horas após ahedionda crucificação do

inolvidável Rabi da Galiléia, Ma-ria Madalena, Maria, mãe de Tia-go, e Salomé foram visitar o se-pulcro onde jazia seu corpo semvida, objetivando aplicar-lhe un-güentos e aromas, consoante astradições da época. No entanto, láchegando notaram que a câmarahavia sido aberta – a pesada portade pedra que selava a entrada foraremovida. Embora receosas, deci-diram assim mesmo entrar paraaveriguar e, ao fazê-lo, deparam--se já no interior com um jovemque trajava alva e comprida roupa– especulamos que provavelmentefosse uma entidade desencarnadade alta hierarquia.

Obviamente, as referidas se-nhoras se assustaram. Mas o des-conhecido personagem, perce-bendo o forte impacto emocionalque a sua presença nelas houveracausado, busca acalmá-las. Assimsendo, rapidamente as esclareceque Jesus não mais ali se encon-trava. Mais ainda, que já haviaressuscitado e, pontualmente, re-comenda-lhes: “Mas ide, dizei aseus discípulos, e a Pedro, que elevai adiante de vós para a Galiléia;

lá o vereis, como ele vos disse”.(Marcos, 16:7.)

Afora o aspecto histórico refe-rente à citada passagem, há tam-bém importantes aspectos exegé-ticos que pretendemos resgatar nopresente texto. Afirma Emmanuel:

É raro encontrarmos discípulos

decididos à fidelidade sem mes-

cla, nos momentos que a luta

supera o âmbito normal.1

A colocação do nobre mentorsuscita imediata reflexão a respeitodo que o Cristo representa e/ou sig-nifica em nossas vidas e o que delesomos verdadeiramente. Em outraspalavras, é o Cristo alguém comquem, de fato, nos identificamos?Supondo que a resposta seja positi-va, o que dele, de concreto, pro-curamos imitar ou assimilar? Ouserá que lá no fundo apenas o ad-miramos, mas não temos ainda for-ças e disciplina para viver seus ensi-namentos na intensidade desejada?

Entretanto, se já nos considera-mos pertencentes à categoria dediscípulos, respondamos (paranós mesmos): o que nos faz assimpensar? Em outros termos, quaisas virtudes morais que já possuí-mos? Quais os defeitos e imperfei-

ções que eliminamos em nossapersonalidade? Que progressosespirituais já alcançamos na pre-sente encarnação? Será que na ho-ra em que as coisas vão mal (apa-rentemente fora de controle), emque as ásperas provas se nos apre-sentam, nos postamos como ver-dadeiros cristãos ou esquecemostudo? Infelizmente, “[...] em se ele-vando a experiência para maioresdemonstrações de coragem, valore fé [...]”2 o nosso estado deânimo altera-se substancialmente.Em conseqüência, “[...] Converte--se a segurança em indecisão, aalegria em desalento”.3

Muitos resmungam, outros sedecepcionam, outros tantos aindablasfemam e emitem pesados im-propérios, desperdiçando oportu-nidades cuidadosamente prepara-das pelo plano espiritual em favordeles mesmos. Pouquíssimos selembram de que Jesus recebeu in-compreensão, ingratidão, despre-zo e violência no mais alto grau;que carregou a própria cruz; quejamais solicitou ou obteve privilé-gios especiais; que exemplificouaté a morte, com absoluta perfei-ção, os seus ensinamentos. E aque-les que realmente o seguiram (osseus discípulos sinceros) sofreram

Jesus Cristo: sempremuito à frente de nós

NAN S E L M O FE R R E I R A VA S C O N C E LO S

18 Reformador • Dezembro 2007 446644

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as mais atrozes perseguições e hu-milhações, pagando até mesmocom as suas próprias vidas.

Estudo conduzido pela Funda-ção Getúlio Vargas dá à Doutri-na Espírita a 7a posição no ran-king das religiões. Ou seja, preci-samente 1,44% da população bra-sileira expressaram-lhe preferên-cia religiosa.4 Não causa estra-nheza tal resultado, pois, diferen-temente de outras abordagens re-ligiosas, o Espiritismo não amea-ça, não excomunga, não expurga.Em contrapartida, apela para arazão, o bom senso e o raciocí-nio. Em troca, dá esclarecimen-tos provindos de fontes altamen-te confiáveis, isto é, Jesus e os Es-píritos de escol que administrameste planeta. Fundamentalmente,o Espiritismo desperta nas cria-turas bem-intencionadas forçasinteriores poderosas que são ne-cessárias às suas transformaçõespara o bem. Como tais conquis-tas não são ainda prioridades aoshumanos, vivemos numa civili-zação desespiritualizada.

Mas “não nos cabe esquecer que,nas primeiras providências doapostolado divino, Jesus sempre seadiantou aos companheiros nostestemunhos santificantes”.5 Eis odesafio que sempre devemos estarprontos a enfrentar – testemunhosedificantes –, o que faz muitostremerem só de pensar. No entanto,não alcançaremos o progresso espi-ritual se não nos dispusermos a en-carar tais momentos com coragem,ânimo e confiança na providência.

Afinal, tem sido assim ao longo dostempos com milhões de almas. En-tão, por que seria diferente conosco?

Por outro lado, “o Mestre estásempre fazendo o máximo naobra redentora, contando com oesforço dos cooperadores apenasnas particularidades minúsculasdo celeste serviço...”.6 Tenhamosconsciência de que por maior queseja o nosso empenho, esforço etrabalho na seara divina, ele é ín-fimo e quase insignificante em facedo que os nossos mentores (espe-cialmente o Cristo) realizam.

Alerta-nos Emmanuel para nãonos entregarmos à indecisão quan-do estivermos sozinhos ou quandoas dificuldades aumentarem. Lem-bremo-nos de que a porta é es-treita e as provas são indelegáveis.Todos temos débitos e acertos afazer com a Providência Divina.Ninguém está vivendo agora nestemundo caótico, em que a Terra setransformou, à toa. Nenhum denós passa ou passará pelo sofri-mento reparador por desconside-ração ou impiedade de Deus.

Diante disso, convida-nos o re-ferido instrutor do Além a irmosconfiantes e otimistas “[...] às pro-vações salutares ou às tarefas dila-cerantes que esperam por nossoconcurso e ação [...]”.7

Nesse sentido, cabe recor-dar o Espírito Humbertode Campos, quando nosinforma que no inícioda fundação da BoaNova, realizadas asprimeiras prega-ções, instalou-seum clima de

inquietação entre os discípulos.Indagava-se por que se exigiamtamanhos sacrifícios dos inicia-dos? Então, Jesus, que conhecia oíntimo de cada um, reuniu-os umanoite em Cafarnaum e falou-lheslongamente a respeito de fidelida-de a Deus. Concluída a esclarece-dora explanação, André pergun-tou-lhe como poderia ser fiel aDeus se se sentia doente.

Jesus, ao ouvir a dúvida que as-saltava o citado discípulo, elucidou:

[...] Nos dias de calma, é fácil

provar-se fidelidade e confian-

ça. Não se prova, porém, dedi-

cação, verdadeiramente, senão

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nas horas tormentosas, em que

tudo parece contrariar e pere-

cer. O enfermo tem consigo di-

versas possibilidades de traba-

lhar para nosso Pai, com mais

altas probabilidades de êxito no

serviço. Tateando ou rastejan-

do, busquemos servir ao Pai

que está nos céus, porque nas

suas mãos divinas vive o Uni-

verso inteiro!...8

E arrematou:

André, se algum dia teus olhos

se fecharem para a luz da Terra,

serve a Deus com a tua palavra

e com os ouvidos; se ficares mu-

do, toma, assim mesmo, a char-

rua, valendo-te das tuas mãos.

Ainda que ficasses privado dos

olhos e da palavra, das mãos e

dos pés, poderias servir a Deus

com a paciência e a coragem,

porque a virtude é o verbo des-

sa fidelidade que nos conduzirá

ao amor dos amores!9

Terminada a explicação, Andréchorava copiosamente, e os ou-tros, compelidos por poderosaforça interior, expressaram – con-comitantemente – o desejo de serfiéis. E assim foi, pois todos, nodevido tempo e em diferentes cir-cunstâncias, provaram fidelidadea Deus. Portanto, quando as difi-culdades nos visitarem, abençoe-mo-las, pois é chegada a hora daavaliação. Viemos à vida corporalexatamente para isto. Não nos de-sesperemos. Jesus e amigos zelo-sos velam por nós. Não esperemosfacilidades num mundo onde a

ignorância constitui, por ora, opadrão predominante. Lembre-mos que toda atividade voltada aobem é dificultada. A incompreen-são e a falta de lucidez são aindamuito grandes na Terra, “[...] massigamos felizes no encalço dasobrigações que nos competem,conscientes de que Jesus, amorosoe previdente, já seguiu adiante denós...”.10

Referências:1XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo

Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2007. Cap. 67, p. 155.2Idem, ibidem.3Idem, ibidem.

4NERI, M. C. A economia das religiões. Rio

de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2007. p. 16. Dis-

ponível em:

http://www4.fgv.br/cps/simulador/site_

religioes2/REL2_texto_FGV_CPS_Fim%20_2

_.pdf. Acessado em: 23 mai. 2007.5XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo

Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2007. Cap. 67, p. 156.6Idem, ibidem.7Idem, ibidem.8______. Boa nova. 11. ed. Pelo Espírito

Humberto de Campos. 2. ed. especial. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 6, p. 54.9Idem, ibidem. p. 54-55.10______. Vinha de luz. Pelo Espírito

Emmanuel. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2007. Cap. 67, p. 156.

Senhor, tu que deixaste a rutilante esferaEm que reina a beleza e em que fulgura a glória,Acolhendo-te, humilde, à palha merencóriaDo mundo estranho e hostil em que a sombra ainda impera;

Tu que por santo amor deixaste a primavera Da luz que te consagra o poder e a vitória,Enlaçando na Terra o inverno, a lama e a escória Dos que gemem na dor implácavel e austera...

Sustenta-me na volta à escura estrebariaDa carne que me espera em noite rude e fria,Para ensinar-me agora a senda do amor puro!...

E que eu possa em teu nome abraçar, renovada,A redentora cruz de minha nova estrada,Alcançando contigo a ascensão do futuro.

Cármen Cinira

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. Diversos Espíritos.5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 28.

Súplica de Natal

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da

circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios.”

– PAULO. (GÁLATAS, 2:8.)

O Cristo operante

vaidade humana sempre guardou a pretensão de manter o Cristo nos

círculos do sectarismo religioso, mas Jesus prossegue operando em toda

parte onde medre o princípio do bem.

Dentro de todas as linhas de evolução terrestre, entre santuários e academias,

movimentam-se os adventícios inquietos, os falsos crentes e os fanáticos infelizes que

acendem a fogueira da opinião e sustentam-na. Entre eles, todavia, surgem os

homens da fé viva, que se convertem nos sagrados veículos do Cristo operante.

Simão Pedro centralizou todos os trabalhos do Evangelho nascente, reajustando

aspirações do povo escolhido.

Paulo de Tarso foi poderoso ímã para a renovação da gentilidade.

Através de ambos expressava-se o mesmo Mestre, com um só objetivo – o

aperfeiçoamento do homem para o Reino Divino.

É tempo de reconhecer-se a luz dessas eternas verdades.

Jesus permanece trabalhando e sua bondade infinita se revela em todos os

setores em que o amor esteja erguido à conta de supremo ideal.

Ninguém se prenda ao domínio das queixas injustas, encarando os discípulos

sinceros e devotados por detentores de privilégios divinos. Cada aprendiz se

esforce por criar no coração a atmosfera propícia às manifestações do Senhor e de

seus emissários. Trabalha, estuda, serve e ajuda sempre, em busca das esferas

superiores, e sentirás o Cristo operante ao teu lado, nas relações de cada dia.

A

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 35, p. 83-84.

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Em seguimento ao programa decomemorações do Sesquicente-nário do Espiritismo, durante ocorrente ano, a Federacão EspíritaBrasileira (FEB) promoveu novoseminário, destinado aos trabalha-dores e dirigentes espíritas, em suaSede Seccional no Rio de Janeiro.

O evento, que ocorreu em 22 desetembro, teve como tema “Medi-cina, Espiritismo e questões Bio-éticas”, e esteve a cargo da Dra. Mar-lene Rossi Severino Nobre, presi-dente da Associação Médico-Es-pírita do Brasil, compondo aindaa Mesa dos trabalhos os confradesAffonso Soares e Aloísio Ghiggi-no, respectivamente diretores da

FEB e do Conselho Espírita do Es-tado do Rio de Janeiro (CEERJ).

Ao abordar assuntos de grandeatualidade – bebê de proveta,anencéfalos e malformações con-gênitas, transplantes de órgãos etecidos, doadores e receptores, cé-lulas-tronco e clonagem, e abortoe eutanásia, sob a ótica espírita –,Marlene Nobre, com profundoconhecimento de causa e em lin-guagem acessível aos cerca de 300participantes, definiu com clarezao paradigma espírita para o trato

das questões bioéticas: o incondi-cional respeito à vida como doaçãodivina, em perfeita consonânciacom os princípios fundamentaisrevelados pelos Espíritos superio-res, codificados por Allan Kardece desenvolvidos em importantesobras da literatura mediúnica pro-duzida em nosso país.

O grande interesse a respeitodos temas expostos revelou-se nasdezenas de questões formuladaspelo público e por internautas dediferentes países, na seção desti-nada ao debate, todas plenamenteesclarecidas pela expositora, como que ainda mais se evidenciou aimportância da iniciativa promo-vida em parceria entre a Casa deIsmael e o CEERJ.

Seminário sobre “Medicina,Espiritismo e questões

Bioéticas” na FEB-Rio

Aspecto parcial do público

Marlene Nobre,presidente da AssociaçãoMédico-Espírita do Brasil

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evolução do homem seprocessa, lenta e continua-mente, em diferentes esco-

las siderais que atuam no espaçoinfinito por centros de forma-ção. Sob o olhar do Criador, essescomplexos educativos se estendemdo primário ao universitário,ofertando a todos os Espíritos abênção da graduação a fim de,um dia, adentrarem os mundoscelestes.

Enquanto simples e ignoran-tes, situam-se nos mundos pri-mitivos. Fazendo uso limitadode seu livre-arbítrio, as criançasespirituais aprendem aos poucosas lições apropriadas. À medidaque crescem e adquirem méritos,preparam-se para deixar o está-gio primitivo e, com mais liber-dade, cumprirão as provas ou asexpiações necessárias. Esta novafase efetua-se no próprio orbe edu-cativo ou em outros centros si-derais semelhantes.

A Terra já venceu a fase primi-tiva e hoje acolhe mais de seisbilhões de Espíritos em provas eexpiações. No terceiro milênioque se inicia, esta escola de almasestará apta para elevar-se ao graudos mundos de regeneração. Cer-

tamente, muitos candidatos serãoreprovados e, de acordo com asleis de evolução, deixarão estecentro educativo para se adapta-rem a outros, com condições pararecomeçar as lições esquecidas.

Ao avançarem em moral e in-telectualidade, mais rapidamen-te vencerão a jornada iniciada hámilênios. Auxílios e recursos nãolhes faltam para desenvolver ospotenciais; depende apenas dobom uso que fizerem do livre--arbítrio concedido pelo Criador.Portanto, o crescimento indivi-dual depende exclusivamente daprópria vontade, pois na seara doPai cada um colherá segundo suasobras.

A fim de indicar-lhes o cami-nho da verdade, da justiça e doamor, o Pai ofertou-lhes por“guia e modelo”: Jesus. O ho-mem, nessa fase, adquire condi-ções para esculpir o próprio des-tino. Está, assim, em suas mãos,permanecer no atelier da igno-rância ou trilhar os caminhosque se abrem para o porvir.

Nestes difíceis momentos detransição, pelos quais passa aHumanidade, cabe-lhe funda-mentar seus conhecimentos nas

leis que regem a vida, se quiseravançar na direção dos mundosregeneradores. Somente os quedecidem seguir Jesus terão comovencer as barreiras que se er-guem em meio à jornada. Poucosaceitam essa verdade, embora,um dia, todos tenham que pro-mover a própria evolução.

Nesta escola terrena, muitosEspíritos se confundem com mi-ragens e se desviam do caminhoreto. Intelectualmente evoluídos,desprezam as leis morais. Prefe-rem trilhar as alamedas do egoís-mo, da ambição, do orgulho, dopoder... Não avaliam os proble-mas graves que geram para si eseus semelhantes, para sua co-munidade e até para as nações.Uma vez no plano espiritual, pros-seguem nos desmandos. Quandocansados de sofrer, recorrerão aJesus que lhes concederá novasoportunidades de regeneração.Esses Espíritos, agraciados pelalei de causa e efeito, renascerãolimitados por deficiências espe-cíficas. Sob a bênção da dor res-sarcirão seus delitos.

O Espírito, de conquista emconquista, enriquece pensamen-tos, emoções, sentimentos. No

Elos de luzA

A. ME RC I SPA DA B O RG E S

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turbilhão heterogêneo de ondaseletromagnéticas em que respira,assimila ou repele ondas emiti-das por outras mentes que tran-sitam pelo Planeta. Portanto, ca-da indivíduo influencia e sofreinfluência dos demais, elaboran-do campo mental favorável oudesfavorável, de acordo com osideais cultivados pela mente. Pen-samentos semelhantes se atraem.

É a lei das afinidades. Cientedessa realidade, o Codificadorquestiona:

Influem os Espíritos em nossos

pensamentos e em nossos atos?

Muito mais do que imaginais.

Influem a tal ponto que, de or-

dinário, são eles que vos diri-

gem. (Allan Kardec, O Livro dos

Espíritos, FEB, questão 459.)

Assim sendo, cada alma en-carnada na Terra não prescinde

do auxílio constante e amoro-so de Jesus e seus prepostos.

Tanto isso é verdade que a cren-ça no Protetor espiritual foi con-sagrada pela maioria das reli-giões. A misericórdia divina sefaz presente através de seusmensageiros. São almas que jávenceram parte da árdua escala-da evolutiva e se dispõem aoauxílio dos entes queridos queficaram na retaguarda. Os Espí-ritos da Codificação elucidam:

Momentos haverá em que o Es-

pírito deixe de precisar, de en-

tão por diante, do seu protetor?

Sim, quando ele atinge o pon-

to de poder guiar-se a si mes-

mo, como sucede ao estudan-

te, para o qual um momento

chega em que não mais precisa

de mestre. Isso, porém, não se

dá na Terra. (Idem, ibidem.

Questão 500.)

Os protetores são elos de luzentre a criatura e o Criador; fiéisàs leis divinas, não impõem, nãooprimem, não interferem no li-vre-arbítrio de seus tutelados. Es-forçam-se a fim de evitar que seusprotegidos se envolvam em cri-mes, suicídios, abortos, vícios, aci-dentes, embora nem sempre ob-tenham êxito. Isto porque o canalde comunicação com os proteto-res espirituais, não raro, fica in-terditado com os entulhos da des-crença, da revolta, do desrespeito!Os amigos invisíveis agem pelaintuição e inspiração, em vigíliaou durante o sono. Na impossi-bilidade de contato, entregam-sepacientemente à oração.

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Sintonizar com eles exige pou-co: vigilância de pensamentos,palavras e atos, higiene mental,fé em Deus: Vigiai e orai paranão cairdes em tentação, alertaJesus.

O Mestre serviu-se da oraçãopara comunicar-se com o Pai.

A vigilância e a oração, entre-laçadas com a energia da fé, sãojatos de luz que indicam aoEspírito as paragens divinas:

Orar constitui a fórmula bási-

ca da renovação íntima, pela

qual divino entendimento des-

ce do Coração da Vida para a

vida do coração. (Francisco C.

Xavier, Mecanismos da Mediu-

nidade, pelo Espírito André

Luiz, FEB, cap. 25, item “Prece

e renovação”.)

A Oração Dominical, ensinadapor Jesus, é farol que se irradiado Evangelho. De caráter uni-versal, tornou-se o ponto deunião entre as religiões cristãs. Éa oração perfeita, elaborada comas três formas de entrar em re-lação com o Pai: louvar, pedir eagradecer.

O auxílio solicitado sempre che-ga, por mãos protetoras, no mo-mento exato. E quando chega,não poucas vezes, é creditado naconta da sorte. Sem ouvidos paraouvir e sem olhos para ver, a cria-tura agraciada não se apercebedo quanto recebeu. O empreen-dimento bem-sucedido, a saúderestabelecida, o perigo afugenta-do, tudo se deve ao esforço in-cansável de amigos invisíveis.

Os Espíritos protetores nãonos substituem no que pode-mos realizar com as própriasforças. Esses amigos, por maisque amem seus protegidos, nãosão coniventes com seus capri-chos. Só atenderão ao apeloquando o mesmo se justifica enão interfere nas provas ou ex-piações. Acolherão com carinhoos pedidos de conselhos, força,coragem, paciência. E socorrerãonas horas de perigo ou de aflição.Para corresponder a tanta dedi-cação é preciso agradecer o am-paro que chega do Alto: a noitebem dormida, o lar, a família, otrabalho... E até uma viagem can-celada, a doença inesperada, umnegócio não realizado represen-tam benefícios. É, pois, necessá-rio vencer as contrariedades combom ânimo.

Louvar a Deus é aceitar seusdesígnios, pois o Pai sempre sabeo que é melhor para suas criatu-ras. Cabe a cada um respeitá-lo eamá-lo do íntimo da alma. Acatarseus mandamentos e vivenciá-losem toda amplitude. Para tornar a

escalada do Espírito mais amena,o Pai situou-o em sociedade. Écom o relacionamento humano,em atmosfera de fraternidade,que as almas partilham idéias eatividades que as impulsionamao progresso. No convívio social,a oração intercessória se inter-põe como elo de luz a fortalecera solidariedade entre as criaturas.É o bálsamo que se pode destilar afavor dos aflitos, encarnados oudesencarnados.

A oração tem o poder de umamagnetização. É, portanto, ocombustível divino que alimentaas energias espirituais nos cami-nhos da evolução.

Nesta Terra de provas e expia-ções, a oração será sempre o elode ligação entre Jesus e suas ove-lhas, a caminho dos mundos deregeneração.

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s comemorações do Natal,a maior festa da Cristan-dade, nos fazem lembrar

Um Conto de Natal (A ChristmasCarol), escrito em 1843 pelo inglêsCharles Dickens (1812-1870), ini-cialmente editado na forma de ro-mance-folhetim – uma história pu-blicada em capítulos semanais oumensais. Trata-se de um dos maisbelos e conhecidos textos natali-nos da literatura ocidental que, porcerto, presta homenagem e reverên-

cia a Jesus, nosso Mestre e Senhor,o guia e modelo da Humanidade.

O enredo foi filmado várias ve-zes, televisionado, adaptado para oteatro, para crianças, transformadoem desenho animado e histórias emquadrinhos. Sabe-se que o nomeoriginal do Tio Patinhas, conheci-do personagem de Walt Disney, eraUncle Scrooge, ou seja, Tio Scroo-ge. Um Conto de Natal traz liçõesinesquecíveis, com o sabor de in-fância, em que os natais eram em-balados pelo amor dos nossos pais,pelo aconchego familiar, pela bên-ção da presença dos amigos.

A história começa com o relatodo encontro de dois amigos e ex-só-cios em uma fria noite de Natal:Ebenezer Scrooge, encarnado, e Ja-cob Marley, desencarnado há algumtempo. Scrooge é um negociantebem-sucedido, porém ganancioso.Um velho solitário, avarento e egoís-ta que no dia-a-dia da existênciaignora completamente as necessi-dades e o sofrimento do próximo:

Nenhum mendigo lhe pedia

um xelim, nenhuma criança se

aproximava para lhe perguntar as

horas, nenhum homem ou mu-

lher lhe solicitou, uma única vez,

informação sobre qualquer coi-

sa. Até os cachorros dos cegos pa-

reciam conhecê-lo e, quando ele

se aproximava, arrastavam seus

donos para dentro do primeiro

portão ou pátio que aparecia, sa-

cudindo o rabo, como se disses-

sem: – Meu caro patrão, é melhor

não ter olhos do que ter olhos

maus. Mas Scrooge não estava

nem aí! Ele até preferia que fosse

assim; o que ele mais gostava nes-

te mundo era passar através da

multidão sem precisar demons-

trar qualquer simpatia humana.1

Jacob Marley representa o pri-meiro dos quatro visitantes doalém-túmulo que têm como mis-são despertar o sovina Scroogepara os sentimentos de bondade,fraternidade e solidariedade. Naverdade, uma chance que é con-cedida por Benfeitores espirituaistendo em vista o reajuste espiri-tual de Ebenezer perante a lei de

A

Em dia com o Espiritismo

Um contode Natal

MA RTA AN T U N E S MO U R A

26 Reformador • Dezembro 2007 447722

Charles Dickens

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Deus. Marley apresenta-se, en-tão, à visão mediúnica do perple-xo Scrooge, como uma criaturaterrivelmente amargurada, con-seqüência da vida egoísta que vi-vera na última existência física.Mostra-se ao amigo tal como era:os mesmos aspectos fisionômi-cos, os trejeitos, a linguagem, avestimenta e até os costumeirosóculos de lentes redondas. Algode horrendo, entretanto, cercavao Espírito, que se locomovia comdificuldade e envolvido em pesa-da corrente, cujos elos represen-tavam oportunidades perdidas defazer o bem. Agora, sob o peso decruciantes remorsos, permaneciapreso no mesmo local de traba-lho. Sofria e lamentava o tempodedicado em acumular possesmateriais:

A busca da fraternidade e do

bem comum é que deveria ter

sido o meu negócio. A caridade,

a misericórdia, a tolerância, a

paciência, a bondade, tudo isso

era parte do meu negócio e eu

não sabia. Meus assuntos finan-

ceiros eram apenas uma gota

d’água no enorme oceano dos

meus negócios!2

Neste sentido, ésempre útil jamaisesquecer esta orien-

tação de Vicente de Paulo:

A caridade é a virtude funda-

mental sobre que há de repou-

sar todo o edifício das virtudes

terrenas. Sem ela não existem as

outras. Sem a caridade não há

esperar melhor sorte, não há in-

teresse moral que nos guie; sem

a caridade não há fé, pois a fé

não é mais do que pura lumi-

nosidade que torna brilhante

uma alma caridosa.3

A história tem como propósitodespertar o homem para o sofri-mento do próximo. Abrir-lhe osolhos e os ouvidos para a realidadede miséria e violência que existeno mundo, não muito distante desi. Demonstrar, por último, o quan-to o egoísmo é pernicioso. Nestecontexto, o autor monta uma tra-ma, muito bem elaborada, que en-volve Espíritos encarnados e de-sencarnados. Aliás, merece desta-que a forma como a comunicaçãodos Espíritos foi inserida no texto.A manifestação mediúnica repre-senta a linha mestra, a força quealimenta o enredo, habilmente de-senvolvido em cinco capítulos, des-ta pequena grande obra de 137 pá-ginas, escritas no formato bolso. Ahistória oferecida por Dickens é tãoenvolvente que o fato mediúnico é

aceito com naturalidade, desco-nhecendo-se qualquer crítica a res-peito, no passado e no presente.

Os exemplos morais vivencia-dos pelos Espíritos, encarnados edesencarnados, fazem o públicoapaixonar-se pelos personagens eespecular sobre o destino deles. Háacontecimentos, reviravoltas semfim, os quais, ao longo da história,atiçam a curiosidade, despertamemoções e estimulam continua-mente a imaginação do leitor para,no final, fazê-lo refletir sobre a pró-pria conduta moral e sobre o quetem feito para amenizar as dores eas necessidades do próximo.

A história foi extraída do coti-diano por um mestre na arte deescrever que soube, num momen-to de feliz inspiração, denunciargrandes chagas da sociedade: avelhice abandonada, os órfãosdesamparados, o trabalho-escra-vo que subjuga crianças e adoles-centes, o desemprego, etc.

Um Conto de Natal continuasendo leitura imprescindível paratodas as gerações. E quem sabe?talvez no Natal deste ano possamoscelebrar a decisão de viver o princí-pio da generosidade total, que o re-novado Scrooge soube, finalmen-te, incorporar em sua existência.

Referências:1DICKENS, Charles. Um conto de natal. Tra-

dução de Ademilson Franckini e Carmen Se-

ganfredo. Porto Alegre: L e PM, 2003. p. 16.2Idem, ibidem. p. 37-38.3KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.

127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap.

XIII, item 12, p. 247.

27Dezembro 2007 • Reformador 447733

Frontispício da 1ªedição do livro UmConto de Natal(A Christmas Carol)

reformador dezembro 2007 - b.qxp 23/1/2008 14:14 Page 27

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Tendo como tema central “Comunicação SocialEspírita – Construindo pontes entre as pessoas – osdesafios da comunicação na era da informação glo-balizada”, aconteceu em João Pessoa, na Paraíba, o 2o

Congresso Brasileiro de Divulgadores do Espiritismo(Conbrade), entre os dias 11 e 14 de outubro, na sededa Federação Espírita Paraibana (FEP).

O evento, realizado pela Associação Brasileirade Divulgadores do Espiritismo (Abrade), atual-mente presidida por Marcelo Firmino Dias, tevecomo objetivo discutir e difundir a importânciade uma comunicação social espírita voltada,principalmente, para a educação do ser. AFederação Espírita Brasileira (FEB)foi representada por Merhy Seba,

coordenador regional da Área de ComunicaçãoSocial.

A programação constou de fóruns, palestras, mesas--redondas, oficinas, painéis, feira de livros, feira deidéias, pintura mediúnica ao vivo, exposição, além daapresentação da peça teatral “Memórias de um suicida”,com montagem do grupo LEMA, de Fortaleza (CE).

Divulgadores do Espiritismo2º Congresso Brasileiro de

Realizou-se em Salvador, Bahia, nos dias 10 a 13de outubro de 2007, o IV Congresso Brasileiro dosMagistrados Espíritas, sob os auspícios da Associa-ção Brasileira dos Magistrados Espíritas (Abrame).

Instalado no auditório do Tribunal de Justiça doEstado da Bahia, sob a presidência do magistradoZalmino Zimmermann, contou, na Mesa, com a pre-sença do desembargador Benito de Alcântara Figuei-redo, presidente do Tribunal de Justiça; JacquesWagner, governador do Estado da Bahia; deputado

Marcelo Lino, presidente da Assembléia Legislativado Estado da Bahia; Norberto Pásqua, representan-do a Federação Espírita Brasileira; representantes daOrdem dos Advogados do Brasil (OAB) e vários diri-gentes de Tribunais do Estado; delegados seccionaisda Abrame de todo o Brasil, e de Marcel CadidéMariano, que proferiu a Palestra Inaugural.

Com a presença de magistrados espíritas de todo oBrasil, foi o Congresso inaugurado pelo presidente daAbrame, que deu as boas-vindas aos participantes, ereportou-se às comemorações do Sesquicentenário deO Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Em continua-ção, o governador Jacques Wagner, saudou os partici-pantes, congratulando-se com a iniciativa da Abramede promover o IV Congresso na terra de Rui Barbosa.

O Congresso teve como tema central “Direito,Justiça e Espiritismo”. Ao final, instalou-se a reuniãoda Assembléia Geral Ordinária, que culminou com aeleição e posse da diretoria e do Conselho Consul-tivo da Abrame.

O presidente da Abrame abre o IV Congresso, tendo à suadireita o governador do Estado da Bahia Jacques Wagner

28 Reformador • Dezembro 2007 447744

Raquel Maia (presidente da ADE-PB), Marcelo Firmino(presidente da Abrade), José Raimundo de Lima (presidente da Federação Espírita Paraibana),

Merhy Seba (representante da FEB) e Marco Lima (vice-presidente da FEP), na solenidade de Abertura

IV Congresso da ABRAME

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urante uma consulta de ro-tina, para diagnosticar ummal-estar que o acometera,

desencarnou em Campo Grande(MS), no dia 14 de setembro desteano, no consultório do seu médicoparticular, em companhia da espo-sa e de um dos filhos, de forma se-rena e tranqüila, o Sr. JeronymoGonçalves da Fonseca, Conselheiroda Federação Espírita do Estado deMato Grosso do Sul (FEEMS), pre-sidente do Centro Espírita Discí-pulos de Jesus e diretor do HospitalNosso Lar. Casado com Maria Otí-lia Guerreiro, portuguesa, naturali-zada brasileira, deixa filhos e netos.

Nascido aos 14 de janeiro de1928, em Campo Grande, no unoEstado de Mato Grosso, segundofilho de Modesto Gonçalves e deCatharina Luíza da Fonseca, eragraduado em Contabilidade e emPedagogia. Iniciou suas atividadesprofissionais aos 16 anos, em umarevendedora de veículos de CampoGrande, construindo, em seguida,bem sucedida carreira empresarial,inicialmente no ramo de autopeçase, depois, no da construção civil,em que atuou, com exclusividade,até o fim de seus dias.

Aos 22 anos, Jeronymo deu iní-cio às atividades dedicadas ao Es-piritismo, desde quando passou a

freqüentar o Centro Espírita Discí-pulos de Jesus – primeira Casa fun-dada na cidade de Campo Grande,em 1934, ao qual se dedicou até adesencarnação. A partir de 1957, edurante mais de 22 anos, auxilioudiretamente Maria Edwiges Borgesna administração do Centro, pri-meiramente como secretário, e,posteriormente, como vice-presi-

dente, até 1979, quando assumiua presidência daquela Instituição,sendo reeleito sucessivamente.

Com a divisão do Estado e afundação da nascente FederaçãoEspírita do Estado de Mato Grosso

do Sul, Jeronymo foi eleito vice--presidente daquela Instituição, pre-sidida por Maria Edwiges – na qualpermaneceu até 1997, ano em queassumiu, até 2000, a presidência daFEEMS, cujos alicerces ajudou aconsolidar.

Alvo de inúmeras homenagens esob o preito da saudade dos fami-liares, amigos, companheiros e ad-miradores que deixou, seus restosmortais foram sepultados, na tardedaquele mesmo dia, no Parque Jar-dim das Primaveras, na Capital doEstado de Mato Grosso do Sul, ci-dade onde nasceu e que amou e ser-viu durante toda a sua existência.

Ele, que já havia planejado suasaída de cena, vinha ultimandoalgumas obras e providências daInstituição, bem como, gradual-mente, transmitindo suas res-ponsabilidades aos seus possíveis

sucessores, não teve tempo nemmesmo de descansar, fisicamente,uma vez que “se deu com ele oque se dá com todas as almas deforte têmpera: a lâmina gastou abainha”. Desencarnou conformeviveu: trabalhando!

Seu nome permanecerá grava-do, indelevelmente, na memória enos corações de todos aqueles quetiveram o privilégio de conviver etrabalhar ao seu lado.

D

Jeronymo Gonçalvesda Fonseca

29Dezembro 2007 • Reformador 447755

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m 4 de dezembro de 1977, concretizava-se belainiciativa em torno do esperanto, nascida do fer-vor de dois grandes idealistas: Francisco Thiesen,

que, na época, presidia a Casa de Ismael, e Geraldode Aquino, então presidente da Fundação Cristã-Es-pírita Paulo de Tarso. Era levada ao ar, sob os auspí-cios da Federação Espírita Brasileira (FEB) e através dasondas da Rádio Rio de Janeiro (1400 kHz), a primeiratransmissão de um programa destinado à divulgaçãoda Língua Internacional Neutra, tendo também comoobjetivo especial manter vivo o ideal de Zamenhof nocoração e no entendimento do Movimento Espírita.

Generalidades sobre a língua, sua história, fatos re-levantes e atuais do seu Movimento, a vida de seu cria-

dor, Lázaro Luís Zamenhof, bemcomo uma seção doutrinária, emesperanto e em português, com-põem, desde sua origem, a estru-tura do programa, que tem a du-

ração de 15 minutos e é, presente-mente, irradiado aos domingos, às

19h. Seu atual redator elocutor é o samideanoElmir dos Santos Li-ma que, entre asinúmeras atividadesdesenvolvidas nos

Movimentos Espí-rita e Esperantis-ta, também con-duz os cursoselementaresdo idioma naSede Seccio-nal da FEB, noRio de Janeiro.

Não obstanteos imensos pro-gressos no campodas comunicações,sobretudo pelo ad-vento da rede mun-dial de computa-dores, a radiofonia permanece como veículo eficien-te na irradiação e no intercâmbio das idéias, em to-dos os níveis, servindo, portanto, até hoje, para a sus-tentação do generoso ideário do esperanto.

Atualmente, cerca de 30 emissoras, no mundo in-teiro, mantêm programas em e sobre a Língua Inter-nacional Neutra, principalmente em ondas curtas,mas há também transmissões em ondas médias, lon-gas, de FM, por satélite e pela Internet. O leitor inte-ressado em mais detalhes deverá acessar os endere-ços www.osiek.org/aera e www.tejo.org/uea/Ra-dioj_En_Esperanto, onde encontrará, entre outrasinformações, relação atualizada das estações radiofô-nicas, indicações sobre freqüência, horário, canais deacesso a arquivos com gravação das transmissões.

30 anos no ar

�Espiritismo,Evangelho, Esperanto�

E

30 Reformador • Dezembro 2007 447766

A FEB e o Esperanto

Geraldo de Aquino: presidenteda Fundação Cristã-Espírita

Paulo de Tarso

Francisco Thiesen,um dos idealistasdo esperanto

AF F O N S O SOA R E S

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Destaca-se, nesse contexto, o fato de que estações daChina e da Coréia mantêm programas diários exclu-sivamente em esperanto, enquanto Cuba e o Vaticanoirradiam semanalmente, todas com alcance mundial.

No Brasil, destacam-se a Rádio CBN Clube de So-rocaba e a Rádio Rio de Janeiro, cujas transmissõeslimitam-se a alcance regional.

Finalizamos nossa nota, transcrevendo a exortaçãofinal do artigo publicado em Reformador, dezembrode 1997, p. 30(378), quando era lembrado o 20o ani-versário de “Espiritismo, Evangelho, Esperanto”:

Que os esperantistas nos mantenhamos à altura de

tão honrosa tradição, prestigiando as emissoras que

divulgam a Língua Internacional Neutra, tanto no

Brasil como no Exterior. Ouçamos os programas e

escrevamos para as respectivas emissoras, dando-

-lhes nossa impressão sobre a escuta e o conteúdo

dos programas. Escrevamos, mesmo quando não

possamos sintonizá-las, pois assim estaremos con-

tribuindo para a manutenção das transmissões.

31Dezembro 2007 • Reformador 447777

João de Deus

Vê-se a miséria desditosaPerambulando numa praça;Sob o seu manto de desgraçaClama o infortúnio abrasador.

Eis que a Fortuna se lhe esconde;E passa o gozo, muito ao largo;E ela chora, ao gosto amargo,O seu destino, a sua dor.

Mas eis que alguém a reconforta:É a bondade. Abre-lhe a porta;E a fada, à luz dessa manhã,

Diz-lhe, a sorrir: – Tens frio e fome?Pouco te importe qual meu nome,Chega-te a mim: sou tua irmã.

Iradas, jen, Mizerulinosur plac’ kaj kovras per mantelode malfeli/o kaj malhelol’ aflikton pezan de la kor’.

Ri/eco anta9 7i sin ka7as,fu1igas 1uon 7ia palo;7i sentas l’ amaron de l’ galo,de la mal1ojo kaj dolor’.

Sed Bonkorec’ kun amparolomalfermas pordon de konsolokaj lumo, kaj invitas 7in:

“Varmi1u /i en mia domo,sati1u. Kia mia nomo?Mi estas via kor-fratin’”.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 331. EdiçãoComemorativa – 70 anos.Tradução para o esperanto de Francisco Valdomiro Lorenz em Vo/oj de poetoj el la spirita mondo. 2. ed. Riode Janeiro: FEB, 1987. p. 142.

BonkorecoBondade

Elmir: programa destinado à divulgação doesperanto na Rádio Rio de Janeiro (1400 kHz)

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Segunda Fase do estudo davida de Jesus, resultado doIluminismo, é marcada pe-

las características daquele movi-mento – Racionalismo, Empiris-mo, oposição aos dogmas da Igre-ja – e pode muito bem ser com-preendida como a primeira etapa2

da abordagem científica dos tex-tos bíblicos.

Albert Schweitzer3 divide esseperíodo (Segunda Fase) em quatroetapas distintas: 1a) Inicial (H. S.Reimarus), 2a) Racionalismo pri-mitivo (J. J. Hess, F. V. Reinhardt, J.A. Jakobi e J. G. Herder), 3a) Racio-nalismo pleno (H. E. G. Paulus, K.A. Hase, F. E. D. Schleiermacher),4a) Final (David. F. Strauss). Osdois autores principais deste perío-do, sem dúvida, são H. S. Reimaruse David F. Strauss, responsáveispelo surgimento e pelo encerra-mento deste Movimento.

Em edições anteriores, apresen-tamos um breve resumo da con-

tribuição de Reimarus ao estudodos textos evangélicos, salientan-do seu caráter inovador, em razãode ter adotado uma perspectivapuramente histórica no tratamen-to do tema, e destacando suas duaspreciosas contribuições: a divisãometodológica entre o “Jesus histó-rico” e o “Cristo da fé”, e a propo-sição de que a pregação de Jesus sópode ser compreendida a partir do contexto da religião judaica doseu tempo.

Por outro lado, urge escla-recer que, simultaneamente aolançamento dos “fragmentos dewolffenbüttel”,4 houve uma profusãode publicações conhecidas como

A

Racionalismo

Cristianismo Redivivo

“Como apreciar os racionalistas que se orgulham de suas realizaçõesterrestres, nas quais pretendem encontrar valores finais e definitivos?

– Quase sempre, os que se orgulham de alguma coisa caem no egoísmo isolacionista que os separa do plano universal, mas, os que amam o seu esforço nas realizações alheias ou a continuidade sagrada das obras dos

outros, na sua atividade própria, jamais conservam pretensões descabidas e nunca restringem sua esfera de evolução, porquanto as energias profundas da espiritualidade lhes santificam os esforços sinceros, conduzindo-os aos

grandes feitos através dos elevados caminhos da inspiração.”1

HA RO L D O DU T R A DI A S

História da Era Apostólica

1XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2003. Questão 203.

2A maior parte dos estudiosos do temaprefere chamar o período inaugurado porH. S. Reimarus de Primeira Fase, já quedesconsideram toda a produção do supra-naturalismo. Em certo sentido, estão cor-retos já que não se pode falar em “busca doJesus histórico”, antes do trabalho daqueleautor. Todavia, como pretendemos traçar

um esboço do estudo da figura de Jesus,em sentido amplo, preferimos incluir operíodo anterior ao Iluminismo.3SCHWEITZER, Albert. A busca do Jesushistórico. São Paulo: Novo Século, 2003.

32 Reformador • Dezembro 2007 447788

4Nome dado aos sete fragmentos escri-tos por H. S. Reimarus, publicados por

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“Vidas de Jesus do RacionalismoPrimitivo” (2a etapa), sobre asquais discorreremos nesta edição.

O Racionalismo primitivo co-loca-se entre o sobrenaturalismoingênuo, que confia cegamenteno dogma embora seja recep-tivo aos aspectos espirituaisda vida, e o racionalismo ple-no, que aceita apenas os as-pectos racionais da religiãocom absoluta exclusão doelemento espiritual.

Na avaliação de Schweitzer,as melhores característi-cas do Racionalismo pri-mitivo são a ingenuidadee a honestidade. É dignode nota o esboço destaetapa traçado pelo ilus-tre autor:5

As primeiras Vidas de Jesus ra-

cionalistas estão, de um ponto

de vista estético, entre as menos

agradáveis de todas as produ-

ções teológicas. O sentimentalis-

mo de suas representações não

tem limites. Sem limite tam-

bém, e ainda mais inaceitável, é

a falta de respeito para com a

linguagem de Jesus. Ele tem que

falar de uma forma racional e

moderna, e portanto todas as

suas falas são reproduzidas num

estilo da mais polida moderni-

dade. Nenhuma frase foi deixa-

da como foi falada; todas elas

são feitas em pedaços, parafra-

seadas, expandidas, e, algumas

vezes, com o fim de torná-las

realmente vívidas; elas são re-

fundidas no molde do diálogo

livremente inventado. Em todas

estas Vidas de Jesus, nem uma

só de suas falas mantém sua for-

ma autêntica. E, no entanto, não

podemos ser injustos com os

seus autores. O que eles preten-

diam era trazer Jesus para perto

do próprio tempo deles, e assim

fazendo tornaram-se os pionei-

ros do estudo histórico de Sua

vida. Os defeitos de suas obras,

em relação ao senso estético e

ao fundo histórico, são suplan-

tados pela atratividade do pen-

samento propositado e não pre-

conceituoso que aqui desperta,

espreguiça-se e começa a mover-

-se com liberdade.6

Os autores da Segunda Faseesforçam-se por libertar a men-sagem do Cristo dos séculos dedogma e superstições que a en-cobriram. No entanto, a proposi-tal exclusão do elemento espiri-tual bem como a confiança cegana incipiente ciência da épocanos transmite a impressão de quehouve apenas a troca do dogma-tismo religioso pelo dogmatismocientífico.

6SCHWEITZER, Albert. A busca do Jesushistórico. São Paulo: Novo Século, 2003.Cap. III, p. 39.

33Dezembro 2007 • Reformador 447799

Gothold Ephraim Lessing, em 1778, naAlemanha.

5Albert Schweitzer (1875-1965) foi orga-nista concertista de fama, teórico da músi-ca, pastor e pregador, professor de Teolo-gia, diretor de um seminário teológico,médico, humanista, e ganhador do Prê-mio Nobel da Paz.

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Encerrando esse período, surgea figura de David F. Strauss, omais renomado expoente do Ra-cionalismo pleno. Na sua concep-ção, todos os elementos extraordi-nários da vida de Jesus devem sercategorizados à conta de mitos.

Partindo do estudo comparati-vo das religiões, Strauss procuraidentificar nas narrativas evangé-licas grandes temas míticos, tam-bém presentes nas demais reli-giões do Orbe, imprimindo àssuas avaliações um cunho forte-mente psicológico.

A proliferação de biografias li-berais de Jesus no século XIX, in-cluindo os nomes de David F.Strauss (1808-1874), de ErnestRenan (1823-1892), de H. H.Holtzmann (1832-1910) e de Johannes V. Weiss (1863-1914),revela que o ideal da objetividadee da isenção, tão proclamado peloRacionalismo, nunca foi atingido.

Albert Schweitzer7 formula du-ra crítica à concepção que orientoua investigação realizada pelos au-tores do século XIX, revelando afragilidade e a inconsistência das“vidas de Jesus” escritas no espíri-to do liberalismo da época. Ficoudemonstrado que cada autor re-tratava Jesus à sua própria imagem.

O conhecimento desses fatosserve de alerta, sobretudo para osespíritas, competindo-nos exami-nar as pesquisas dos estudiosos domundo com atenção e cuidado,mas sempre cotejando suas con-clusões com a revelação espiritual.Em suma, urge reconhecer o cará-

ter eminentemente subjetivo daciência humana, ainda distante dasequações definitivas no que respei-ta ao estudo dos textos sagrados.

Consoante às orientações doBenfeitor Emmanuel no lide des-te artigo:

[...] os que amam o seu esforço

nas realizações alheias ou a

continuidade sagrada das obras

dos outros, na sua atividade

própria, jamais conservam pre-

tensões descabidas e nunca res-

tringem sua esfera de evolução,

porquanto as energias profun-

das da espiritualidade lhes san-

tificam os esforços sinceros,

conduzindo-os aos grandes fei-

tos através dos elevados cami-

nhos da inspiração.8

Assim, fugindo de toda extra-vagância intelectual, mantendo ahumildade, vivenciando o ensinodo Mestre, aprimorando a capaci-dade de análise através do estudometódico e consistente, nos habi-litamos ao recebimento da inspi-ração superior, que nos conduz,invariavelmente, ao porto seguroda verdade.

8XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2003. Questão 203.

7Idem, ibidem.

34 Reformador • Dezembro 2007 448800

Ó luminosas formas alvadias

Que desceis dos espaços constelados

Para lenir a dor dos desgraçados

Que sofrem nas terrenas gemonias!

Vindes de ignotas luzes erradias,

De lindos firmamentos estrelados,

Céus distantes que vemos, dominados

De esperanças, anseios e alegrias.

Anjos da Paz, radiosas formas claras,

Doces visões de etéricos carraras

De que o espaço fúlgido se estrela!...

Clarificai as noites mais escuras

Que pesam sobre a terra de amarguras,

Com a alvorada da Paz, ditosa e bela...

Cruz e Souza

Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2006. p. 239. Edição Comemorativa – 70 anos.

Anjos da Paz

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proveitando as facilidadesproporcionadas pela Inter-net, que permite estejamos

em contato com o mundo inteiro,possuindo até programas automá-ticos de tradução, temos consegui-do muitas biografias e ilustraçõesde pessoas que fizeram parte dahistória do Espiritismo em sua pri-meira hora. Há motivação tambémpara compor uma EnciclopédiaInternacional do Espiritismo, naforma impressa, com uns 15 volu-mes, 23x27cm, fotos grandes, etoda a sua abrangência, cujo site jáestá sendo preparado. Apresenta-mos aos amigos leitores algum ma-terial inédito que obtivemos aolongo de mais de dez anos. O queconseguimos não está na Web e foinecessário buscá-lo em órgãos cul-turais internacionais. Relatamos ocaminho trilhado a fim de chegarao material para servir de orienta-ção e inspiração a outras pessoasque também procurem fontes deinteresse espírita histórico, no Bra-sil ou no Exterior. O processo de-morou em virtude de outras tare-fas simultâneas e do tempo gasto

no aguardo das respostas, trânsitodo correio e negociações; por isso,a primeira recomendação é real-mente querer algo, pois isto é quemotiva a vencer dificuldades e per-severar nos objetivos.

Sr. Jobard

Um nome muito importantena história do Espiritismo é odo Sr. Jean-Baptiste-AmbroiseMarcellin Jobard, o Sr. Jo-bard. Ele era francês, masresidia em Bruxelas. Váriasvezes esteve na França(Paris e Interior) e partici-pou de reuniões da SociedadeParisiense de Estudos Espíritas(SPEE). Allan Kardec devotou aele o máximo respeito e considera-ção, sempre com referências mui-to elogiosas ao seu caráter e cora-gem, pois, inicialmente, professavaidéias contrárias ao Espiritismo.Apresentamos somentealgumas referências

dele na Revista Espírita, feitas porAllan Kardec:

Essa confirmação do fato, da par-

te de um homem do caráter do

Sr. Jobard, cujos méritos e hono-

rabilidade todos conhecem [...].

A

Registros inéditosdos que fizeram parte da

história do EspiritismoWA S H I N G TO N LU I Z FE R NA N D E S

Jean-Baptiste-AmbroiseMarcellin Jobard

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(KARDEC, Allan. Revista espírita.

Julho de 1858,“Uma Nova Desco-

berta Fotográfica”,Ed.FEB,p.278.);

Uma adesão tão clara e tão fran-

ca, da parte de um homem do

valor do Sr. Jobard é, sem dúvida

alguma, uma preciosa conquista,

que deve ser aplaudida por to-

dos os partidários da Doutrina

Espírita. Em nossa opinião, po-

rém, apenas aderir é pouco; mais

relevante é admitir abertamente

que se haja cometido um equí-

voco, abjurar idéias anteriores, já

publicadas, e isso sem qualquer

pressão ou interesse, unicamente

porque a verdade se tornou pa-

tente. Eis aí o que se pode cha-

mar de verdadeira coragem de

opinião, sobretudo quando se

tem um nome conhecido. Agir

assim é peculiar às pessoas de

caráter, que sabem colocar-se

acima dos preconceitos. [...]

[...] ao mesmo tempo, por dele-

gação da Sociedade Parisiense de

Estudos Espíritas, tínhamos re-

cebido o encargo de oferecer-lhe

o título de membro honorário e

correspondente [...]. (Op. cit.,

“Correspondência”, p. 310-311.)

Ao comentar uma carta do Sr.Jobard, o Codificador escreveu:

[...] cada um apreciará sua im-

portância e saberá encontrar,

sem dificuldade, essa profundeza

e essa sagacidade que, aliadas aos

mais nobres pensamentos, con-

quistaram, para o autor, tão hon-

rosa posição entre os seus con-

temporâneos. (Op. cit., p. 315.)

[...] O Sr. Jobard, que é um ho-

mem positivo e de grande bom

senso [...]. (Op. cit., setembro de

1860,“Correspondência”, p. 422.)

Na reunião da sexta-feira, 12de outubro de 1860 (Sessão ge-ral da SPEE), o Sr. Jobard foi opresidente da Reunião, pois AllanKardec estava viajando pelo inte-rior da França, fazendo palestrase reuniões (em Lyon, Sens, Mâ-con e Saint-Etienne), conformeconstatamos:

Presidência do Sr. Jobard, de

Bruxelas, presidente honorário.

Leitura da ata e dos trabalhos

da sessão de 5 de outubro. (Op.

cit., novembro de 1860, “Bole-

tim da Sociedade Parisiense de

Estudos Espíritas”, p. 486.)

Importante o registro da suadesencarnação na Revista Espí-rita, onde constou parte de suabiografia:

O Espiritismo acaba de perder

um de seus adeptos mais fervo-

rosos e mais esclarecidos. O Sr.

Jobard, diretor do Museu Real

da Indústria, de Bruxelas, ofi-

cial da Legião de Honra, mem-

bro da Academia de Dijon e da

Sociedade Incentivadora de Pa-

ris, morreu em Bruxelas, de um

ataque de apoplexia, em 27 de

outubro de 1861, aos 69 anos.

Nasceu em Baissey (Haute-Mar-

ne), em 14 de maio de 1792. Ti-

nha sido, sucessivamente, enge-

nheiro do cadastro, fundador

do primeiro estabelecimento de

litografia na Bélgica, diretor do

Industriel e do Courrier belge,

redator do Bulletin de l’Indus-

trie belge, da Presse e, ultima-

mente, do Progrès international.

A Sociedade Parisiense de Es-

tudos Espíritas lhe havia con-

ferido o título de presidente

honorário. [...] (Op. cit., de-

zembro de 1861, “Necrologia –

Morte do Sr. Jobard, de Bruxe-

las”, Ed. FEB, p. 547-548.)

Pesquisa: Valia a pena tentar conse-

guir uma ilustração e outros dados

biográficos do Sr. Jobard. Primeira-

mente, passamos e-mail para um site

de Turismo da Bélgica, que nos enca-

minhou para o Museu da Fotografia,

Charleroi. Houve dúvida para identi-

ficar o Sr. Jobard, que é mais conheci-

do como fotógrafo, detalhe que des-

conhecíamos. Passamos e-mail a este

Museu e eles nos encaminharam, por

via postal, cópia de dados biográficos

e fotografia do Sr. Jobard. Entre mui-

tas outras coisas, tomamos conheci-

mento de que ele atuou também na

tecnologia industrial, era polígrafo,

escritor, autor de brochuras, poesias e

contos, tendo exposto na Exposição

Universal de Paris, em 1855. O desta-

que está para sua atuação na defesa

da propriedade intelectual e na foto-

grafia. Passamos e-mail para o Museu

da Fotografia, Charleroi, perguntan-

do se eles tinham acervo de fotos de

Jobard (quem sabe haveria fotos da

SPEE ou de/com Allan Kardec?), mas

infelizmente a resposta foi negativa.

De qualquer forma, neste Sesqui-

centenário, fica o registro biofotográ-

fico de um importante nome da his-

tória do Espiritismo...

36 Reformador • Dezembro 2007 448822

reformador dezembro 2007 - b.qxp 23/1/2008 14:16 Page 36

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Dom Palau

Todos os espíritas já ouviramfalar do Auto-de-fé de Barcelona,Espanha, ocorrido em 9 de outu-bro de 1861, quando trezentos li-vros espíritas foram queimadosem Praça Pública nesta cidade, amando do Bispo de Barcelona.Allan Kardec pensou em tomarprovidências legais, mas foi desa-conselhado pelos Espíritos, que in-formaram que o fato teria um efei-to positivo para a divulgação espí-rita. Esse bispo tem interesse histó-rico para o Espiritismo e não se de-ve alimentar nenhuma censura emrelação a ele. Desencarnou um anodepois, transmitindo comunicaçãoespiritual em que demonstrava ar-rependimento e compreensão darealidade espiritual da vida, pe-dindo preces e levando o Codifica-dor a reconhecer que ele deu pro-vas de incontestável superioridadena sua mensagem. No meio espíri-

ta, acredita-se que este Es-pírito tenha reencarnadono Brasil, em Uberaba, etenha sido o padre Sebas-tião Carmelita, um ben-feitor, que era espírita eamigo de vários médiunse espíritas brasileiros.*Palau y Térmens (1806--1862) nasceu em Valls ecursou estudos eclesiásti-cos de Filosofia e Teologianos seminários de Barce-lona e Tarragona. Depoisestudou Teologia na Uni-versidade de Cervera. Foiordenado sacerdote em

1831. Catedrático de Teologia doseminário de Tarragona neste mes-mo ano, foi periodista que fomen-tou a propaganda da Fé. Em 1842fundou e dirigiu a Revista Católica.Dom Palau participou da funda-ção da Livraria Religiosa, criadapor San Antonio Maria Claret, em1847. Foi nomeado bispo de Vicem 1853, e em 1857 de Barcelona.

Pesquisa: Conseguir foto de Dom Pa-

lau foi uma novela. Pedíamos a amigos

que viajavam à Espanha para procu-

rarem o Bispo Palau em igrejas; passa-

mos e-mail para a Federação Espírita

Espanhola (FEE), para a Biblioteca

Nacional da Espanha, e para o Arcebis-

pado de Barcelona, tudo sem suces-

so (por vezes, chegamos a passar cinco

e-mails para o Arcebispado, sem res-

posta, fazendo com que enviássemos

correspondência por carta registrada).

Por fim, o Arcebispado de Barcelona

nos mandou a biografia de Dom Pa-

lau, mas não tinham foto. Soubemos

que a filha da amiga Sônia Paz (Tânia)

estava indo estudar em Barcelona e pe-

dimos a ela para procurar a foto nesta

Biblioteca Episcopal. Ela foi e consta-

tou que havia. Tânia fez o pagamento e

eles enviaram a foto via e-mail. Fica es-

te interessante registro histórico, lem-

brando que em Cádiz/Espanha houve

um Auto-de-fé em 1855, quando três

mil livros espíritas foram queimados

em Praça Pública (dez vezes mais que

o de Barcelona); Francisco de Paula

Coli providenciou esta publicação,

sendo, portanto, uma personagem

que também precisa ser resgatada.

Gravura da época, que mostra a queimade livros e periódicos espíritas

*N. da R.: Essa revelação foi confir-

mada pelos médiuns Yvonne A. Pe-

reira e Divaldo Franco, conforme

se encontra em Reformador de

janeiro/83, no artigo de Al-

berto Nogueira da Gama,

intitulado “Sebastião Ber-

nardes Carmelita”.

Dom Palau,Bispo de

Barcelona

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uma viagem aérea, umamulher branca, de aproxi-madamente 50 anos, ao

ocupar seu lugar na classe econô-mica, viu que o passageiro ao seulado era negro. Visivelmente per-turbada, chamou a comissária debordo, dizendo-lhe ser um absur-do terem-na colocado ao lado deum negro. Portanto, exigia umamudança de assento... A comis-saria procurou acalmá-la, afir-mando que ia verificar a dispo-nibilidade de lugares no avião.Voltou, em seguida, confirmandoque a classe econômica e a exe-cutiva estavam lotadas; contudo,havia um lugar livre na 1a classe.Explicou que essa troca de lugaresnão era permitida, mas que, tendoem vista as circunstâncias, o co-mandante considerou que seriainadmissível obrigar um passagei-ro a viajar ao lado de uma pessoadesagradável. Então, ante a sur-presa da mulher branca, atencio-samente dirigiu-se ao senhor ne-gro, convidando-o a ocupar a pol-trona da 1a classe!... E foi aplaudi-da pelos outros passageiros...

Embora com elogiável desfecho,eis aí um terrível exemplo de pre-conceito, que é “qualquer opinião

ou sentimento, favorável ou desfa-vorável, concebido sem exame crí-tico, conhecimento ou razão, istoé, formado antecipadamente, semmaior ponderação ou conheci-mento dos fatos”; é uma “idéiapreconcebida”, que leva à aversão eà intolerância a outras raças, cre-dos, religiões, etc., conduzindo atéa entranhadas superstições.

Infelizmente, existe tambémentre crianças. Numa Creche Mu-nicipal, em Salvador, a professoratrouxe para a sala de aula bonecoscom vários tons de pele e fotos depessoas de características físicasdiferentes. Uma das crianças,Brenda, com 3 anos e meio, apon-

tou a fotografia de menina negra,e disse que era “feia”; quando aprofessora lhe perguntou “porque era feia?”, ela respondeu:“porque ela é igual a mim!...”

Vários desses conceitos ab-surdos que numerosas pessoasassumem como seus, foram-lhes

Preconceitos à luzda Doutrina Espírita

NIVO N E MO L I NA RO GH I G G I N O

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transmitidos de geração em geração,habitualmente sem justificativaplausível que os ampare como legí-timos:“todo cigano é ladrão”,“todojudeu é avarento”, “os índios sãoimprodutivos e preguiçosos” (pre-conceitos étnicos); “mulher aovolante é um perigo”; “o velho estáultrapassado”, e outros.

Dizem os psicólogos que ospreconceitos geralmente estão li-gados a três causas, que se inter-ligam: a ignorância (falta de co-nhecimento sobre determinadoassunto), sempre acompanhadade teimosia, que é sua “escravafiel”; o medo (da lepra, da aids,de tudo que é diferente ou des-conhecido); e, finalmente, o

orgulho.As conseqüências dos pre-

conceitos são terríveis, le-vando à discriminação, à

marginalização, à violência, a an-tagonismos que conduzem a débi-tos dolorosos... (Exemplo: em 11de maio deste ano, a Internet trans-mitiu notícia do Estado indianode Gujarat, onde um homem, tor-nando-se pai de gêmeas, conside-rou que, por serem meninas, eramsinal de má sorte; assim, matou-asao enterrá-las vivas!...).

O Espiritismo aniquila qualquerforma de preconceito, através deseguros e comprovados esclareci-mentos: “Deus é a inteligência su-prema, causa primária de todas ascoisas” (O Livro Espíritos, questão1, ed. FEB); os Espíritos (nós) fo-ram todos criados “simples e igno-rantes, isto é, sem saber” (op. cit.,questão 115); todos temos o mes-mo destino: a felicidade plena,através da conquista da perfeiçãorelativa (nunca seremos iguais a

nosso Criador), alcançada paula-tinamente nas diversas encar-nações; todos com as mesmasoportunidades de aprendizado

e progresso; reencarnaremosseguindo planejamento préviocom vistas a resgatar erros preté-

ritos, ultrapassar provas pedi-das e realizar as missões – ain-da pequenas – que nos ca-bem (op. cit., questão 132:Objetivo da encarnação);

desse modo, em cada encarna-ção vivenciamos determinadas

situações (financeira, social, física,familiar, etc.), exatamente as que

nos são necessárias ao aprendi-zado e à evolução; Deus ama a to-dos os seus filhos igualmente, sem“protecionismo”.

Por conseguinte, somos todosiguais, irmãos (op. cit., “Da lei deigualdade”); apenas as situaçõesse invertem nas diferentes encar-nações, para nosso crescimentoespiritual. Preconceito é anti-evan-gélico, irracional, absurdo! A con-vicção lógica na reencarnação e acerteza da justiça e do amor divi-nos o destrói.

O Espiritismo, “CristianismoRedivivo”, ensina-nos que o valorreal de cada um de nós não está naaparência, mas no que pensamos,sentimos e agimos de acordo comas leis divinas, seguindo os ensi-nos do Cristo, que é para nós “oCaminho, e a Verdade e a Vida”.

Numa quermesse em pequenacidade da Amazônia, um senhorvendia balões de cores variadas;bom vendedor, para chamar aatenção das crianças, deixou umbalão vermelho se soltar e elevar--se no ar, depois um azul e umbranco. Um indiozinho a tudoassistia fascinado, observando queo balão amarronzado, da cor desua pele, não era solto. Foi ao ven-dedor e indagou: “Se o senhor sol-tasse o marrom, ele subiria tam-bém?” O vendedor sorriu e, soltan-do o dito balão, respondeu: “Nãoé a cor, filho, é o que está dentrodele que o faz subir”. É isso mes-mo! Busquemos a verdade queanulará o medo e destruirá o or-gulho, pois somos todos “balões--irmãos” elevando-nos rumo aoPai, nosso Criador!

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ois pensamentos se opõemharmoniosamente, apesardos extremismos dos de-

fensores de ambos os lados. Osdeterministas afirmam que o ho-mem não é livre para escolher, en-quanto seus antagonistas decla-ram que todo ser humano tem to-tal liberdade de escolhas.

Mas é importante que avance-mos nos argumentos paradoxos,especialmente levantando inquie-tações do tipo: uma pessoa porta-dora de deficiência mental tem li-vre-arbítrio para escolher entre ocerto e o errado? E ainda: tudo queacontece com ela está previamentedeterminado, não sendo possívelnenhum tipo de mudança em suavida? Então a expressão popular:“pau que nasceu torto, nunca seendireita” é correta? Uma criançaque nasça no alto sertão nordesti-no jamais chegará a ter uma posi-ção social e intelectual melhor?São questões filosóficas que a filo-sofia atual não é capaz de respon-der. É necessário que entendamosas perguntas e busquemos as res-postas, despojados de preconcei-

tos e abrindo a mente para com-preender conceitos novos, espe-cialmente o de filosofia quântica.

A doutrina do determinismoafirma serem todos os aconteci-mentos, inclusive vontades e esco-lhas humanas, causados por acon-tecimentos anteriores. Nesse caso, ohomem não possui a liberdade pa-ra decidir e influir nos fatos da vida.

Contrária a essa posição, está adoutrina do livre-arbítrio, que afir-ma que o homem é livre para tomardecisões e determinar suas ações.O civilizado percebe as mesmas coi-sas que observa o selvagem por di-versos aspectos. Enquanto que parao primeiro a carne poderá ser utili-zada como alimento, pesquisa cien-tífica, inspiração para poemas e crô-nicas... o segundo não pensará duasvezes: irá consumi-la de imediato.

Nesse sentido, a trajetória deum projétil, tanto quanto o movi-mento dos corpos celestes, a chu-va, o vento, os raios, são regidospelo determinismo, que afirma aexistência de relações fixas e neces-sárias entre os seres e os fenômenosnaturais. Podemos, então, acredi-

tar que os mundos físico e biológi-co são regidos pelo determinismo.

Em contraponto, os filósofos daliberdade declaram que o livre-ar-bítrio é progressivo, porém relativo,e evolui de acordo com o desenvol-vimento da razão do ser humano.Avançamos do determinismo físi-co à medida que a nossa consciên-cia vai se desenvolvendo. Quandode nossas primeiras encarnaçõesno reino hominal, o determinismoregia nossas relações com os demaisseres da criação. Com o passar dasexistências, reencarnando em di-versas oportunidades, ampliandoas nossas condições para escolher,nossas relações acabam por se ba-sear na conseqüência do uso posi-tivo ou negativo do livre-arbítrio.

Léon Denis, no livro O Proble-ma do Ser, do Destino e da Dor,cap. XXII, p. 346, afirma que o “li-vre-arbítrio, a livre vontade do Es-pírito exerce-se principalmente nahora das reencarnações. Escolhen-do tal família, certo meio social, elesabe de antemão quais são as pro-vações que o aguardam, mas com-preende, igualmente, a necessidade

Determinismo elivre-arbítrio:

uma visão sem extremismo

DMA RC O S AL E N C A R

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destas provações para desenvolversuas qualidades, curar seus defei-tos, despir seus preconceitos e ví-cios. Estas provações podem sertambém conseqüência de um pas-sado nefasto, que é preciso repa-rar, e ele as aceita com resignaçãoe confiança, porque sabe que seusgrandes irmãos do Espaço não oabandonarão nas horas difíceis”.

Em O Livro dos Espíritos, codi-ficado por Allan Kardec, na ques-tão 844, os Espíritos afirmam que“há liberdade de agir, desde que ha-ja liberdade de fazê-lo. Nas pri-meiras fases da vida, a liberdade équase nula; desenvolve-se e mudade objeto com o desenvolvimentodas faculdades [...]”.

De fato, todos gozamos, em di-versos graus, de livre vontade, po-rém estamos presos a um certodeterminismo. Entendemos que aliberdade reside no presente; quepodemos agir com independênciade acordo com nossa faixa de cons-ciência atual. Todavia, a determina-ção nasce do nosso passado nefas-

to. As causas que, por nossas pró-prias ações, geramos no passado ese conservam no inconsciente, for-mam o campo do determinismo.

Ao entendermos os conceitos dodeterminismo e do livre-arbítrio,podemos então compreender, maisfacilmente, a lógica da lei de causa eefeito, que é um dos princípios fun-damentais preconizados pela Dou-trina Espírita para explicar as con-tingências ligadas à vida humana.

Segundo ela, a todo ato da vidamoral do homem corresponderiauma reação semelhante dirigida aele, criando-se, assim, algo similarao “cosmos ininterrupto de retri-buição ética”, a que alude Weberem Economia e Sociedade.

Estuda-se com freqüência, naFísica, a lei da ação e reação, ou aTerceira Lei de Newton, que tem oseguinte enunciado: se um corpoA aplicar uma força sobre um cor-po B, receberá deste uma força demesma intensidade, mesma dire-ção e sentido oposto à força queaplicou em B.

Podemos então concluir que naNatureza não existem forças soli-tárias, e sim uma série de sistemasde compensação, onde uma forçasempre encontrará uma outra namesma direção e sentido oposto.Por esse ponto de vista, e enten-dendo que uma ação pode ser re-presentada como uma causa, ouum estímulo que parte do indiví-duo para o meio, e que o efeitopode ser entendido como umareação, que retorna do meio parao indivíduo, pode-se afirmar quea lei de causa e efeito é análoga àTerceira Lei de Newton.

As temáticas do livre-arbítrio,do determinismo e da lei de causae efeito merecem ampla aborda-gem à luz da razão, para que pos-samos aprofundar conceitos, de-bater em amiúde todos os pontosde vista, sem preconceitos, e nosexpressar de forma mais seguraperante as diversas questões deordem social, moral, intelectual,ética e espiritual com as quais nosdefrontamos todos os dias.

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Rio de Janeiro (RJ): XVIII ConfraternizaçãoEstadual

O Conselho Espírita do Estado do Rio Janeiro(CEERJ) promoveu a XVIII ConfraternizaçãoEspírita do Estado do Rio de Janeiro, nas depen-dências do Centro de Convenções do HotelQuitandinha, em Petrópolis, de 26 a 28 de outubrodeste ano. O evento, que teve como tema central “OLivro dos Espíritos: 150 anos iluminando consciên-cias”, contou com a atuação de diversos expositorese a apresentação da peça teatral “Quero voltar paraCasa”, de responsabilidade da Oficina de Teatro daUnião Municipal Espírita de Petrópolis. A Con-fraternização foi aberta com palestra proferida pe-lo presidente da Federação Espírita Brasileira(FEB), Nestor João Masotti, e encerrada com pales-tras do diretor da FEB, Antonio Cesar Perri deCarvalho, e do presidente da Capemi, César Soaresdos Reis.

Almanaque literário movimenta o mercadoesperantista

Começou a circular a mais nova publicação sobreliteratura em esperanto. Trata-se do Beletra Alma-nako, em português Almanaque Literário, publicadopela Editora Mondial, de Nova York. O objetivo doperiódico é divulgar os mais recentes lançamentosdo mercado de livros escritos na Língua Internacio-nal Neutra, além de abordar a produção de poetas eprosadores do Movimento Esperantista internacio-nal. Informações: www.librejo.com

Bahia: Eventos do Conselho FederativoRealizou-se, em 3 de novembro, reunião do Con-selho Federativo Estadual da Federação Espírita doEstado da Bahia (FEEB), que também promoveu, nodia seguinte, o Encontro Estadual de Dirigentes Es-píritas, em cujo programa se desenvolveu o semi-nário “Gestão do Centro Espírita”, sob a conduçãodo secretário-geral do CFN, Antonio Cesar Perri deCarvalho.

Estados Unidos: Comemoração dos 150 anosde O Livro dos Espíritos

O Conselho Espírita dos Estados Unidos promoveu,no dia 18 de novembro de 2007, uma dupla comemo-ração: a dos 150 anos da publicação de O Livro dosEspíritos e a dos 10 anos da fundação do citado Con-selho. Entre os expositores, atuaram Divaldo PereiraFranco, José Raul Teixeira e Antonio Cesar Perri deCarvalho, este último representando o Conselho Es-pírita Internacional (CEI). O evento que foi bem con-corrido, teve lugar no Hotel Marriott, em Washington.

Matão (SP): Comunicação Social EspíritaA União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE-SP) realizou, nos dias 27 e 28 de outu-bro, o Encontro Estadual de Comunicação SocialEspírita, na cidade de Matão, cujo tema foi “Comu-nicação – da teoria à prática”. O encontro ocorreu nasede do Centro Espírita Allan Kardec e foi direcio-nado a trabalhadores atuantes ou que pretendematuar em programas de rádio ou televisão, jornais,revistas, internet, exposição doutrinária, promoçãodo livro espírita, relações públicas, assessoria de im-prensa e campanhas publicitárias. Visou estimular aformação de equipes de trabalho, planejar e executaratividades de comunicação social espírita. Informa-ções: [email protected]

Paraíba: Divulgando a ImortalidadeA Federação Espírita Paraibana (FEP) realizou acampanha “Divulgando a Imortalidade”, no diadedicado aos Finados. Milhares de mensagens fo-ram distribuídas em pontos estratégicos e nos ce-mitérios de João Pessoa. Faixas, ressaltando a conti-nuidade da vida após a morte física, foram afixadasnos locais de grande fluxo. Neste ano, a campanhaganhou reforço com a adesão de diversos municí-pios paraibanos, que a adaptaram às suas reali-dades. A mídia divulgou entrevistas com dirigen-tes da Federação Espírita Paraibana. Informações:www.fepb.org.br

Seara Espírita

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