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FERNANDA BRITTES FERRAMENTAS DA QUALIDADE E SEU USO NO SERVIÇO PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO JOINVILLE-SC 2006

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FERNANDA BRITTES

FERRAMENTAS DA QUALIDADE E SEU USO NO SERVIÇO

PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO

JOINVILLE-SC

2006

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS

FERNANDA BRITTES

FERRAMENTAS DA QUALIDADE E SEU USO NO SERVIÇO

PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas

Orientador: Doutor Evandro Bittencourt

JOINVILLE-SC

2006

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FERNANDA BRITTES

FERRAMENTAS DA QUALIDADE E SEU USO NO SERVIÇO

PÚBLICO: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção e Sistemas.

Banca Examinadora:

Orientador: Doutor Evandro Bittencourt Universidade Federal de Santa Catarina UFSC

Membro: Especialista Nilson Campos Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

Membro: Doutor Wilson José Mafra Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC

Joinville, 30/11/06

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Aos pais e irmãos que foram compreensivos e colaboradores durante toda a jornada acadêmica, provendo inspiração e força de vontade.

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RESUMO

O serviço público tende a ser avaliado negativamente pela população quando existe demora nos processos de solicitação de um direito. No INSS não existem regras definidas quanto ao seqüenciamento de operações, de forma que os trabalhos são, muitas vezes escolhidos aleatoriamente. Internamente, as instituições devem manter o controle daquilo que é produzido, mesmo em se tratando de serviços, para evitar perdas. O Controle Interno do INSS é um setor que desempenha atividades de verificação e correção de distorções em benefícios, sendo objeto de estudo do presente trabalho de conclusão de curso. Neste trabalho são apresentadas ferramentas de produção encontradas em revisão bibliográfica, em especial o Kanban. É uma ferramenta de grande uso na área industrial, que facilita ao operador a identificação de qual item será produzido. Diversas literaturas apontam o uso de metodologias empregadas no setor secundário também no setor terciário, o que inclui o serviço público. O seqüenciamento de vários trabalhos em dois centros é melhor definido pela Regra de Johnson, sendo comparada com várias outras formas de seqüenciamento apresentadas pelos autores. Para o caso do Controle Interno do INSS, a regra de Johnson pode ser ferramenta útil em casos de mutirão. É preciso delimitar quais as atividades de uma organização serão influenciadas por determinada metodologia, pois um retorno deve ser observado ao final do processo, compensando os gastos com mão-de-obra, materiais, e assim por diante. Para determinação dos benefícios que serão foco da atividade de Controle Interno, uma curva ABC pode ser traçada, verificando aqueles que representam mais custos à instituição. Embora seja observado o uso do PEPS no processamento do kanban, no Controle Interno do INSS é mais condizente o uso da ferramenta GUT para selecionar um sub-componente no estoque, pois alguns casos precisam ser finalizados antes do que outros, e não dependem somente da ordem de entrada. A ferramenta kanban mostra-se perfeitamente adaptável à produção de serviços, como é previsto pelas literaturas pesquisadas e demonstrada no estudo de caso do Controle Interno de Benefícios do INSS em Joinville-SC.

Palavras-chave: Kanban. Produção. Serviço público. Controle interno. INSS.

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ABSTRACT

Public service tends to have negative grade if rated by the population, when a lawsuit takes a long time to be finished. In INSS there are no defined rules about the sequence of operations, so the operations are random. Internally, the institutions must have control over the production, even when it is a service company, to avoid losses. The INSS Intern Control is sector that works on verification and correction of distortions in benefit lawsuits, witch is the object of study in the present graduation conclusion work. This work presents production tools found in bibliographic research, specially kanban. It is a tool of grate usage in industry areas, that makes easier to the operator the identification of witch item will be processed. Lots of literature point the usage of industry sector methodology also in service sector, that includes the public service. The sequence of several activities in two production centers is well defined in Johnson’s rule, if compared to other ways of sequence introduced by the authors. In the INSS Intern Control case, Johnson’s rule can be very useful in mass work cases. It is required to define witch activities the organization will be influenced by certain methodology, for there must be a return at the end of the process, compensating the investments in labor workmanship, materials, and so on. To determinate the benefit lawsuits that will be focused at the Intern Control activity, an ABC curve can be drawn, verifying those lawsuits that represents more costs to the institution. Even though the PEPS rule usage is more observed in kanban process, at the INSS Intern Control the GUT tool usage matches at the selection of sub-components at the stock, because there are cases that must be finished before others, and do not depend only at the entrance mode. The kanban tool shows perfectly fit on service production, as predicted by the researched literature and shown at the INSS Intern Control at Joinville/SC study case.

Keywords: Kanban. Production. Public service. Intern control. INSS.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Fluxo de sistemas de informações. ...........................................................................28

Figura 2: Tipos de sistemas em série........................................................................................31

Figura 3: Exemplo de aplicação da Regra de Johnson para programar “n” trabalhos em dois

centros de trabalho....................................................................................................35

Figura 4: Matriz GUT...............................................................................................................37

Figura 5: empurrar e puxar a produção. ...................................................................................45

Quadro 1: Comparação entre os sistemas MRP, Kanban e híbrido..........................................47

Figura 6: subdivisões dos cartões kanban. ...............................................................................49

Figura 7: Sistema Kanban com um cartão................................................................................51

Figura 8: Sistema Kanban com dois cartões.............................................................................53

Figura 9: painel porta-kanban...................................................................................................56

Figura 10: Organograma do Ministério da Previdência Social ................................................58

Figura 11: Organograma da APS Joinville...............................................................................59

Figura 12: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 1.............................64

Figura 13: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 2 (recurso). ............64

Figura 14: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 3 (cobrança)...........65

Quadro 2: quantidade e valor dos benefícios pagos em 2004. .................................................68

Figura 15: Curva ABC dos benefícios pagos em 2004. ...........................................................69

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Figura 16: GUT de processo administrativo de Controle Interno calculada pelo Microsoft

Excel. ......................................................................................................................71

Figura 17: Regra de Johnson e gráfico de Gantt para situação hipotética do controle interno.76

Figura 18: operações do Controle Interno da APS Joinville em três centros. ..........................78

Figura 19: modelo de cartão kanban para Controle Interno da APS Joinville. ........................79

Figura 20: seleção de kanbans com maior GUT dos supermercados – simulação...................81

Figura 21: movimentação de kanbans depois da chegada de quatro ordens – simulação. .......82

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LISTA DE ABREVIATURAS

APE-FT/SC – Assessoria de Pesquisas Estratégicas – Força Tarefa de Santa Catarina

APS – Agência da Previdência Social

AR – Aviso de Recebimento

CAJ – Câmara de Julgamento

CEME – Central de Medicamentos.

CGBENEF – Coordenadoria Geral de Benefícios

CGBENIN – Coordenadoria Geral de Benefícios por Incapacidade

CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais

COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CONAPREV – Conselho Nacional de Previdência Social

CRPS – Conselho de Recursos da Previdência Social

DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

DD – Data Devida

DIB – Data do Início do Benefício

DIRBEN – Diretoria de Benefícios

DIVAT – Dívida Ativa

FGTS: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FIFO – First In First Out

GBENIN – Gerenciamento de Benefícios por Incapacidade

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GEX – Gerência Executiva

GPS – Guia da Previdência Social

GUT – Gravidade, Urgência e Tendência

IAPAS - Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social

ICR – Índice Crítico

IFA – Índice de Falta

IFO – Índice de Folga

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPI – Índice de Prioridade

JIT – Just In Time

JRPS – Junta de Recursos da Previdência Social

LIFO – Last In Last Out

MDE – Menor Data de Espera

MP – Matéria-Prima

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social

MPF – Ministério Público Federal

MPS – Ministério da Previdência Social

MRP – Material Resource Planning

MTP – Menor Tempo de Processamento

MTPS – Ministério do Trabalho e da Previdência Social

PEPS – Primeiro que Entra Primeiro que Sai

OC – Ordem de Compra

OF – Ordem de Fabricação

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OM – Ordem de Montagem

PA – Produto Acabado

PASEP - Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público.

PIS - Programa de Integração Social

PMP – Planejamento Mestre da Produção

RC – Razão Crítica

REFIS - Programa de Recuperação Fiscal

SIMPLES - Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas

e Empresas de Pequeno Porte.

SIPPS – Sistema Informatizado de Protocolo da Previdência Social

SMD – Seção de Manutenção de Direitos

SRD – Seção de Revisão de Direitos

SRID – Seção de Reconhecimento Inicial de Direitos

SUB – Sistema Único de Benefícios

UAA – Unidade Avançada de Atendimento

UR - Urgência

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................13

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA......................................................................................13 1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ....................................................................................14 1.3 OBJETIVO GERAL .......................................................................................................14 1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..........................................................................................15 1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO..............................................................................15 1.6 METODOLOGIA APLICADA......................................................................................16 1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................................................17

2 O SERVIÇO PÚBLICO E A ENGENHARIA ..........................................................18

2.1 O INSS ............................................................................................................................19 2.1.1 Criação e alterações ........................................................................................................19 2.1.2 Alterações nos direitos ....................................................................................................22

3 CURVA ABC...............................................................................................................25

3.1 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO......................................................................25 3.2 COMO CALCULAR A REPRESENTATIVIDADE.....................................................26

4 FLUXOGRAMA ..........................................................................................................27

4.1 DIAGRAMA DE FLUXO SIMPLES.............................................................................28

5 SISTEMAS DE PRIORIDADES................................................................................29

5.1 GRÁFICO DE GANTT ..................................................................................................29 5.2 REGRAS DE SEQÜENCIAMENTO.............................................................................30 5.2.1 PEPS................................................................................................................................32 5.2.2 Menor tempo de processamento .....................................................................................33 5.2.3 Regra de Johnson ............................................................................................................34 5.2.4 GUT - Gravidade, Urgência e Tendência ......................................................................36 5.2.5 Outras regras ...................................................................................................................38

6 SISTEMA KANBAN ...................................................................................................41

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6.1 O KANBAN E O JIT ......................................................................................................43 6.1.1 Diferenças entre os sistemas de puxar e empurrar ..........................................................43 6.2 SITUAÇÕES ONDE SE APLICA O KANBAN ...........................................................46 6.3 QUANTIDADE DE CARTÕES.....................................................................................48 6.3.1 Sistema de cartão único...................................................................................................49 6.3.2 Sistema de dois cartões ...................................................................................................51 6.3.3 Kanban de fornecedor .....................................................................................................53 6.3.4 Cálculo do número de kanbans .......................................................................................54 6.4 PAINEL KANBAN ........................................................................................................55

7 ESTUDO DE CASO: FERRAMENTAS DA QUALIDADE NO SERVIÇO

PÚBLICO .....................................................................................................................57

7.1 AGÊNCIA DO INSS EM JOINVILLE..........................................................................57 7.1.1 Serviço de Controle Interno ............................................................................................61 7.1.2 Operacionalização...........................................................................................................62 7.1.3 Gerenciamento ................................................................................................................66 7.1.3.1 Curva ABC dos benefícios pagos.............................................................................67 7.2 SISTEMA DE PRIORIDADES DO CONTROLE INTERNO ......................................69 7.2.1 GUT dos processos administrativos................................................................................70 7.2.1.1 Parâmetro G..............................................................................................................71 7.2.1.2 Parâmetro U..............................................................................................................72 7.2.1.3 Parâmetro T ..............................................................................................................73 7.2.2 Regra de Johnson para seqüenciamento em massa.........................................................74 7.3 O KANBAN COMO FERRAMENTA DO CONTROLE INTERNO..........................76 7.3.1 Tamanho do lote..............................................................................................................77 7.3.2 Informações no cartão.....................................................................................................78 7.3.3 Simulação........................................................................................................................80

CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................83

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................85

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1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O bom funcionamento da máquina pública depende, em grande parte, da forma como

é desempenhado o poder executivo, por serem os servidores desta esfera os que mantêm

contato direto com os cidadãos, a quem se beneficiam dos direitos e a quem se monitoram os

deveres previstos em Lei.

Por tratar-se de asseguramento da prestação de um determinado serviço e do próprio

controle interno para evitar fraudes e perdas, faz-se necessário o emprego de medidas

pertinentes ao controle da produção, visto que o acúmulo de tais serviços não só prejudica a

imagem da instituição perante a população, como também põe em cheque a viabilidade desta

instituição existir. Onde não existe controle de produção, seja de bens ou de serviços, um

eventual aumento de demanda pode desgastar o sistema empregado para a execução de tarefas

e gerar déficits.

Desta forma, o uso das atribuições de um engenheiro de produção pode ser mais bem

observado em repartições públicas que detêm o controle daquilo que é produzido, bem como

daquelas que aplicam ações preventivas e corretivas para o mantimento da instituição.

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1.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Tendo em vista a opinião pública com relação à prestação de serviços públicos, que

tende a uma insatisfação generalizada frente às demoras processuais, este trabalho vem propor

a aplicação de técnicas reconhecidas cientificamente para a o cumprimento dos atos

administrativos. O problema comumente apontado pela população diz respeito à discrepância

de tempo para análise de processos administrativos semelhantes, ou seja, o mesmo serviço

solicitado por duas pessoas diferentes tende a ser finalizado em tempos desiguais.

Observa-se, porém, que a razão principal dessa diferença de tempo de término está

ligada ao método utilizado para controle da produção: não existe nenhum sistema de

prioridades ou determinação explícita das atividades que devem ser desenvolvidas por cada

servidor. Assim, a ordem dos serviços passa a ser aleatória ou, no máximo, determinada pelo

bom senso.

1.3 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem o propósito de aplicar as ferramentas de qualidade comumente

utilizadas no setor industrial no setor público, visando a melhoria na operacionalização por

parte dos servidores. Maior ênfase será dada ao método de redução de estoques desenvolvido

por Taichi Ono, da Toyota: o KANBAN, sendo esta a abordagem principal tomada para

desenvolver um estudo de caso que vise melhorias na operacionalização do serviço público.

As demais ferramentas: curva ABC, fluxo de processo e seqüenciamento vêm a auxiliar a

determinação de como proceder em situações peculiares do caso apresentado.

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1.4 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para atingir o objetivo geral, os seguintes itens serão observados no presente trabalho:

a) Fazer um estudo da aplicação das metodologias desenvolvidas inicialmente no

setor produtivo secundário (indústria) no serviço público, demonstrando que

as várias premissas atuais que direcionam as técnicas produtivas para todas as

áreas podem ser corroboradas;

b) Exemplificar técnicas auxiliares, de conhecimento não somente da engenharia

de produção, mas também da área administrativa e financeira, para abrir a

discussão no ponto que define quais os produtos ou serviços serão focados

dentro da ferramenta KANBAN. Assim, serão abordados temas como Curva

ABC, ou de Pareto, fluxogramas de atividades e seqüenciamento;

c) Expor que os conceitos de PEPS (Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai),

GUT (Gravidade, Urgência, Tendência) e regra de Johnson são as ferramentas

que podem acarretar melhoras para o estudo de caso analisado.

1.5 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO

Tendo em vista a notória diferença entre um sistema produtivo industrial e de

serviços, em especial o público, será focado neste trabalho o uso do sistema KANBAN como

ferramenta para auxiliar os servidores na melhor compreensão de qual atividade deve ser

executada primeiro, além de proporcionar a redução de estoques entre cada atividade. Desta

forma, as atividades realizadas por diversos servidores, que são separados por especialização,

podem ser mais bem administradas.

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Dentro do serviço público, o estudo de caso focará o INSS – Instituto Nacional do

Seguro Social, em processos administrativos de Controle Interno, ou seja, a apuração de

irregularidades e reconstituição de créditos pagos indevidamente, demonstrando análise de

viabilidade pela Curva ABC, fluxo de processos, e definição dos cartões utilizados no

KANBAN: informações que deverá existir em cada um, e modo de utilização pelos

servidores.

Apesar de cada processo administrativo denotar peculiaridades, ou seja, cada caso é

diferente dos demais, uma análise inicial em conjunto com as instruções fornecidas pela

coordenação podem agrupa-los por tipos semelhantes.

1.6 METODOLOGIA APLICADA

A forma utilizada para a análise do problema consiste na apresentação das literaturas

pertinentes à solução do problema, encontradas usualmente no setor industrial, citando as

fontes disponíveis que concordam com a aplicação das mesmas ferramentas no setor terciário

da economia, ou seja, na área de serviços. Estas literaturas servem de embasamento para

justificar a aplicação das ferramentas no estudo de caso apresentado ao final do trabalho.

Conforme definido por Silva e Menezes (2001), este trabalho pode ser classificado:

a) Quanto à natureza: pesquisa aplicada;

b) Quanto à forma de abordagem do problema: pesquisa qualitativa;

c) Quanto aos objetivos: pesquisa exploratória;

d) Quanto aos procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica e estudo de caso;

e) Quanto ao método científico: dedutivo.

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Assim, as classificações indicam a resolução de um problema específico, não

traduzido em números, com levantamento bibliográfico e estudo de caso, em raciocínio

descendente, de análise do geral para o particular.

1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente capítulo especifica o problema observado no serviço público, seguido pelos

objetivos do trabalho e suas delimitações. Também é definido no capítulo 1 o tipo de

metodologia aplicada para o trabalho e a estrutura.

O capítulo 2 apresenta a origem da instituição onde será focado o estudo de caso, sua

criação e alterações no decorrer dos anos de existência, passando a cronologia de direitos

adquiridos dos cidadãos.

Os capítulos 3, 4, 5 e 6 do trabalho apresentarão a revisão de literatura para

demonstrar a parte teórica abordada por diversos autores, especialmente quanto às possíveis

aplicações no setor de Controle Interno do INSS. A teoria será direcionada, então, a estes

pontos que serão abordados posteriormente no estudo de caso.

No estudo de caso, apresentado no capítulo 7, em um primeiro momento será

apresentada a estrutura do INSS, organogramas e prerrogativas impostas por níveis gerenciais

mais elevados. Posteriormente, as alterações que podem ser adotadas internamente, ou seja,

mudanças que podem ser aprovadas com um simples aval do supervisor.

As considerações finais remeterão às idéias originais, ou seja, trarão os objetivos e

problema apresentados no capítulo 1 à tona, verificando as principais contribuições do estudo

realizado.

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2 O SERVIÇO PÚBLICO E A ENGENHARIA

Embora muitas pessoas tenham a visão de que a engenharia de produção deva lidar

com indústrias, especificamente, existem literaturas e práticas que apontam para o estudo dos

serviços nos mesmos moldes da sua área de atuação mais enfática. Para Salerno (2001, p.16),

estas noções associadas a serviços não são ainda bem formuladas conceitualmente, o que faz

com que se possa admitir inúmeras hipóteses na sua definição. Tubino (2000, p.16) ressalta a

idéia de que todos os conceitos de sistemas produtivos vêm sendo utilizados em serviços:

Muitas pessoas ao ouvirem a expressão sistemas produtivos, pensarão em fábricas, tornos e linhas de montagem. Originalmente, a maioria dos conceitos e técnicas de planejamento, programação e controle da produção veio de aplicações em fábricas, porém recentemente essas técnicas e esses conceitos migraram para a área de serviços, a área que mais cresce no mundo.

Ainda, para reforçar esta afirmativa, são citados bancos, escolas, seguradoras como

“fabricantes de serviços”, valendo-se aqui da imediata comparação da seguradora apresentada

pelo autor em seu comentário, com a correspondente no setor público: o INSS (Instituto

Nacional do Seguro Social).

Sabe-se da atual e forte relação entre serviço público e a informatização deste, que

provê uma visão mais direcionada sobre que papel o planejamento e controle da produção,

que é atribuído ao engenheiro, deve exercer sobre uma cadeia produtiva burocrática: elaborar

uma seqüência viável de fabricação, acompanhar os estoques (de processos administrativos,

por exemplo), dimensionar a necessidade de máquinas e mão-de-obra para determinados

níveis de demanda, bem como motivar, padronizar e treinar a mão-de-obra.

Ao passo que o crescimento populacional exigiu que o governo adotasse medidas para

garantir o serviço a ser prestado, a mecanização dos procedimentos, em especial do Poder

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Executivo, devem ser acompanhada e levada a pontos menos arcaicos do que o início do

controle da produção industrial simplista. Para Salerno (2001, p.21): “Não faltam modelos de

produção de serviços: o desafio é a construção de um modelo de produção alternativo ao

taylorista clássico que dê conta da noção de serviço (...) que seja tanto consciente

internamente quanto progressista e adequado ao ponto de vista social.”

2.1 O INSS

A Previdência Social é o seguro social para a pessoa que contribui. É uma instituição

pública que tem como objetivo reconhecer e conceder direitos aos seus segurados. A renda

transferida pela Previdência Social é utilizada para substituir a renda do trabalhador

contribuinte, quando ele perde a capacidade de trabalho, seja pela doença, invalidez, idade

avançada, morte e desemprego involuntário, ou mesmo a maternidade e a reclusão.

A Previdência Social brasileira já passou por várias mudanças conceituais e

estruturais, envolvendo o grau de cobertura, o elenco de benefícios oferecidos e a forma de

financiamento do sistema.

2.1.1 Criação e alterações

A primeira Caixa de Aposentadorias e Pensões criada no Brasil se deu em 1923, há 83

anos atrás, pela Lei conhecida como Elói Chaves. Porém, em várias repartições públicas,

militares e serviços que causavam incapacidade a longo prazo já existia uma certa

organização em prol de um futuro mais seguro, cada uma de forma isolada e sem planos de

custeio consistentes.

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Inicialmente, com o Decreto n° 9.912-A, de 26 de março de 1888, foi regulamentado o

direito à aposentadoria dos empregados dos Correios. No mesmo ano foi instituída a Caixa de

Socorros em cada uma das Estradas de Ferro do Império. Em 1889, criou-se o Fundo de

Pensões do Pessoal das Oficinas de Imprensa Nacional. Um ano depois foi criada a

aposentadoria para os empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil, benefício depois

ampliado a todos os ferroviários do Estado. Também se criou o Montepio Obrigatório dos

Empregados do Ministério da Fazenda. Os militares passaram a ter direito em 1892 à

aposentadoria por invalidez e à pensão por morte dos operários do Arsenal da Marinha do Rio

de Janeiro. Também tiveram Caixa de Pensões os Operários da Casa da Moeda e o pessoal

das Capatazias da Alfândega do Rio de Janeiro.

Em 1984 foi apresentada a primeira idéia de instituir-se seguro de acidente de

trabalho, demandando vários anos de projetos apresentados na câmara dos deputados, quando

em 1919 a Lei n° 3.724, de 15 de janeiro de 1919 tornou compulsório o seguro contra

acidentes do trabalho em certas atividades.

O Decreto n° 4.682, de 24 de janeiro de 1923, na verdade a conhecida Lei Elói Chaves

(o autor do projeto respectivo), determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e

Pensões para os empregados de cada empresa ferroviária. É considerado o ponto de partida,

no Brasil, da Previdência Social propriamente dita. Ao longo dos anos se estendeu o Regime

da Lei Elói Chaves aos portuários e marítimos, trabalhadores dos serviços telegráficos e

radiotelegráficos, empregados nos serviços de força, luz e bondes e trabalhadores nas

empresas de mineração. Os demais empregados do serviço público foram incluídos no regime

Elói Chaves em 1931, com o advento do Decreto nº 20.465.

O Decreto n° 22.872, de 29 de junho de 1933, criou o Instituto de Aposentadoria e Pensões

dos Marítimos, considerado a primeira instituição brasileira de previdência social de âmbito

nacional, com base na atividade genérica da empresa. Na mesma linha se sucederam os

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comerciários, trabalhadores em trapiches e armazéns, operários estivadores e bancários em

1934. Em 1936 foi a vez dos industriários. O Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966

reuniu os seis Institutos de Aposentadorias e Pensões no Instituto Nacional de Previdência

Social - INPS.

As alterações na estrutura do INSS se sucederam da seguinte forma:

MPAS - Ministério da Previdência e Assistência Social, desmembrado do Ministério do

Trabalho e Previdência Social. Criado pela Lei n° 6.036, de 1° de maio de 1974.

DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social. Autorizada a se

constituir através da Lei n° 6.125, de 4 de novembro de 1974.

Controle Interno - O Decreto nº 84.362, de 31 de dezembro de 1979, alterou a denominação

das inspetorias gerais de finanças dos Ministérios civis para secretarias de controle interno.

CEME – Central de Medicamentos. O Decreto nº 91.439, de 16 de julho de 1985, transferiu a

CEME do MPAS para o Ministério da Saúde.

Ouvidoria - O Decreto n° 92.700, de 21 de maio de 1986, instituiu a função de Ouvidor na

Previdência Social.

MTPS – Extinguiu-se o MPAS e foi restabelecido o Ministério do Trabalho e da Previdência

Social – MTPS, através da Lei n° 8.029, de 12 de abril de 1990.

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social. O Decreto n° 99.350, de 27 de junho de 1990,

criou o INSS, mediante a fusão do IAPAS (Instituto de Administração Financeira da

Previdência e Assistência Social) com o INPS.

MPS – Ministério da Previdência Social. A Lei nº 8.490, de 19 de novembro de 1992, dispôs

sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, extinguindo o MTPS e

restabeleceu o MPS.

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social. A Lei nº 8.689,

de 27 de julho de 1993, dispôs sobre a sua extinção.

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MPAS – Reestruturação dos Ministérios e da Previdência através da Medida Provisória n°

813, de 1° de janeiro de 1995, transformou o MPS em MPAS novamente.

COFINS - Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, estabelecida pela Lei

Complementar nº 85, de 15 de fevereiro de 1996, alterou o artigo 7º da Lei Complementar nº

70, de 30 de dezembro de 1991.

DATAPREV - O Decreto nº 2.115 de 08 de janeiro de 1997, aprovou o estatuto social da

Dataprev, e deu outras providências.

2.1.2 Alterações nos direitos

1939 – Vinculação pela categoria funcional: O Decreto-Lei n° 1.142 estabeleceu

exceção ao princípio da vinculação pela categoria profissional, com base na atividade

genérica da empresa, e filiou os condutores de veículos ao Instituto de Aposentadoria e

Pensões dos Empregados em Transportes e Cargas.

1943 – Filiação de empresários: um regime misto de filiação ao sistema

previdenciário foi estabelecidos para os comerciantes: até 30 contos de réis de capital o titular

de firma individual, o interessado e o sócio-quotista eram segurados obrigatórios; acima desse

limite a filiação era facultativa. O Decreto-Lei n° 5.452 aprovou a Consolidação das Leis do

Trabalho, elaborada pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e que elaborou

também o primeiro projeto de Consolidação das Leis de Previdência Social.

1945 – Valor mínimo de benefício: Decreto-Lei n° 7.835 estabeleceu que as

aposentadorias e pensões não poderiam ser inferiores a 70% e 35% do salário mínimo,

respectivamente.

1953 – Autônomos: somente neste ano os autônomos puderam filiar-se à Previdência

Social, facultativamente.

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1966 – FGTS: instituído o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço através da Lei n°

5.107.

1967 – Acidentes de trabalho: a Lei n° 5.316 integrou o seguro de acidentes do

trabalho na Previdência Social.

1970 – PIS/PASEP: A Lei Complementar nº 7 criou o Programa de Integração Social,

e a nº 8 instituiu o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público.

1972 – Domésticas: incluídas na Previdência Social através da Lei n° 5.859.

1974 – Idosos/inválidos: instituiu-se o amparo previdenciário para os maiores de 70

anos ou inválidos, também conhecido como renda mensal vitalícia na Lei n° 6.179.

1986 – Seguro desemprego: instituído pelo Decreto-Lei n° 2.283.

1994 – Salário maternidade: regulamentada pela Lei n° 8.861.

1995 – Idosos/deficientes: O Decreto n° 1.744 regulamentou a concessão de benefício

de prestação continuada à pessoa portadora de deficiência ou idosa e extinguiu o auxílio-

natalidade, o auxílio-funeral e a renda mensal vitalícia.

1996 – SIMPLES: A Medida Provisória 1.526, de 5 de novembro de 1996, dispôs

sobre o regime triburário das microempresas e empresas de pequeno porte, instituiu o Sistema

Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de

Pequeno Porte- SIMPLES e deu outras providências.

1998 – Previdência Estadual, Municipal e dos Militares: A lei 9.717 dispõe sobre

regras gerais para a organização e o funcionamento dos regimes próprios de previdência

social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e

dos militares.

1998 – Mudança de regras de idade e tempo de serviço: A Emenda Constitucional

nº 20 estabelece o eixo da Reforma da Previdência Social. As principais mudanças foram:

limite de idade nas regras de transição para a aposentadoria integral no setor público- fixado

24

em 53 anos para o homem e 48 para a mulher, novas exigências para as aposentadorias

especiais, mudança na regra de cálculo de benefício, com introdução do fator previdenciário.

2000 – REFIS: Programa de Recuperação Fiscal, regulamentado pelo Decreto nº

3.342.

2002 – Salário-Maternidade da mãe adotiva: estendido o direito através da Lei 10.

421.

25

3 CURVA ABC

Em quaisquer dos métodos utilizados serão encontrados erros na previsão da demanda,

e com isso ocorrer outros tipos de problema, tais como entregas atrasadas por parte dos

fornecedores ou mesmo em decorrência de dificuldades financeiras pelas quais a empresa

esteja passando. A classificação ABC permitirá o controle mais preciso dos produtos ou

serviços que sejam essenciais ao funcionamento da organização. (PET SHOP BRASIL

BUSINESS, 2004).

3.1 IMPORTÂNCIA DA CLASSIFICAÇÃO

A classificação ABC, ou curva de Pareto, consiste em separar os itens conforme sua

importância relativa. Tubino (2000, p.108) afirma que este método pode ser usado para tratar

quaisquer questões que envolvam importâncias relativas, para priorizar os problemas que

sejam mais contundentes e ataca-los dentro do enfoque da qualidade total.

Ainda na visão do autor, devemos dar atenção especial aos itens que abrangem a maior

parte dos recursos investidos, executando um controle mais rígido, que apesar de ser mais

caro manter este controle, recai sobre uma quantidade pequena de itens. Tubino (2000, p.109)

ainda sugere uma atualização constante de dados e inventários periódicos para conciliação de

registros.

É um importante instrumento para a gestão de estoques, pois permite à administração

identificar e levar maior atenção ao tratamento de determinados itens. De acordo com a

26

Revista Pet Shop Brasil Business (2004), obtém-se a classificação ABC pela ordenação dos

itens conforme sua importância relativa e, uma vez obtida esta seqüência resulta

imediatamente na aplicação preferencial das técnicas de gestão administrativas, conforme

importância dos itens.

3.2 COMO CALCULAR A REPRESENTATIVIDADE

Para se calcular a representatividade de cada item no estoque, ou seja, a importância

relativa, basta multiplicar o consumo anual de cada item, por exemplo, pelo seu respectivo

custo. Ching (2001, p. 47) afirma que as fronteiras entre a classificação ABC podem ser

definidas como 20-30-50% dos itens e 80-15-5% do valor total para os grupos, A, B e C,

respectivamente.

A substituição constante de produtos classificados como “C” por outros com um maior

potencial de resultados poderá dar empresa uma dinâmica positiva aos olhos do cliente,

melhorando a ocupação do espaço disponível para exposição de produtos e, principalmente,

tenderá a incrementar os resultados globais do negócio. Esta substituição não afetará

negativamente os resultados da empresa, por possuírem pouco valor agregado. Além disso, o

objetivo principal é atender às necessidades dos clientes, com máximo resultado à empresa

(REVISTA PET SHOP BRASIL BUSINESS, 2004).

27

4 FLUXOGRAMA

A especificação de como serão reunidos os vários componentes para produzir um

produto ou serviço é uma das etapas da definição do processo. Conforme Slack (1997),

existem muitas técnicas para documentar processos, e todas elas têm duas características

definidas:

a) mostram o fluxo de materiais ou pessoas ou informações através da operação

produtiva;

b) identificam as diferentes atividades que ocorrem durante o processo.

O autor ainda define quatro tipos comuns de técnicas de documentação de processos:

a) diagrama de fluxo simples;

b) folhas de roteiros;

c) diagramas de fluxo de processos;

d) estrutura de processamento do cliente.

Dentre os tipos apresentados, será focado neste trabalho o diagrama de fluxo simples,

pois exemplifica e fundamenta o estudo de caso a ser apresentado.

Grande parte dos autores fornece embasamento sobre como montar e analisar um

diagrama de fluxo de processos, pois remete à complexidade de um sistema de produção

industrial, principalmente quanto à interdependência das atividades. É o caso de Moreira

(2000, p. 290), Monks (1987, p.159) e Martins e Laugeni (2001, p. 324).

28

4.1 DIAGRAMA DE FLUXO SIMPLES

A figura 1, conforme definido por Martins e Laugeni (2001), demonstra a simbologia

comumente utilizada para registro de um processo de serviço, especialmente em sistemas de

informações.

Figura 1: Fluxo de sistemas de informações.

Fonte: adaptada de Martins e Laugeni (2001).

Conforme Slack (2001), os diagramas de fluxo simples são usados para identificar os

principais elementos de um processo, podendo também ser usado para fluxos de materiais ou

informações. Os diagramas são melhorados se forem acrescidos símbolos que identificam as

decisões-chave no processo e as conseqüências de cada decisão.

29

5 SISTEMAS DE PRIORIDADES

5.1 GRÁFICO DE GANTT

Henry Gantt foi o pioneiro no uso do instrumento de visualização para programação

da produção, formado por um eixo vertical com a lista de ordens programadas, e um

horizontal com o tempo. Este gráfico, segundo Tubino (2000), auxilia na análise de diferentes

alternativas de seqüenciamento.

Martins e Laugeni (2001) definem que um conjunto de trabalhos que deve ser

executado por mais de uma máquina deve ser programado nas diversas regras de

seqüenciamento e, posteriormente, realizar a avaliação destas programações. Isto é feito com

o auxílio do Gráfico de Gantt.

Segundo Moreira (2000), programar a produção envolve inicialmente a alocação de

carga, ou seja, a distribuição das operações nos vários centros de trabalho e determinação da

ordem na qual essas operações serão realizadas. “A alocação de carga é feita usualmente com

o auxílio do gráfico de Gantt”.

Para Slack (1996), o gráfico de Gantt é um método comumente usado para

programação. Definido também como ferramenta simples que representa o tempo como uma

barra num gráfico. São indicados no gráfico os momentos de início e fim das atividades,

podendo também determinar o progresso real do trabalho.

As vantagens dos gráficos de Gantt são que eles proporcionam uma representação visual simples de o que deveria estar realmente acontecendo na operação. Além disso, eles podem ser usados para ‘testar’ programações alternativas. (...) (mesmo que não seja uma tarefa simples encontrar uma programação que encaixe a todos os recursos satisfatoriamente). É claro que o gráfico de Gantt não é uma ferramenta de

30

otimização. Ele simplesmente facilita o desenvolvimento de programações alternativas através de as comunicar eficazmente (SLACK, 1996, p. 333).

5.2 REGRAS DE SEQÜENCIAMENTO

As operações, algumas vezes, permitem que um consumidor importante, ou

temporariamente ofendido, sejam processados antes de outros, não importando a ordem de

chagada do consumidor ou do item. Essa abordagem é usualmente adotada em operações cuja

base de consumidores é dispersa, contendo uma massa de consumidores pequenos e alguns

grandes e importantes. É o caso de alguns bancos que dão prioridade a clientes importantes,

hotéis onde o cliente reclama da forma como foi tratado, entre outras situações que podem ter

um efeito adverso sobre a percepção dos outros clientes (SLACK, 1997).

Monks (1987) define seqüenciamento como “determinação de quais máquinas ou

centros de trabalho serão usados para fabricar um determinado item. O seqüenciamento é

especificado em uma folha especial que identifica as operações a realizar, a seqüência e,

possivelmente, os materiais, tolerâncias, instrumentos e concessões de tempo”. Já a decisão de

prioridade é tida pelo autor como regras utilizadas para determinar a seqüência em que as

tarefas serão executadas.

De acordo com Moreira (2000), as regras de prioridade são simplesmente modelos de

decisão, usados em rotinas de programação, e têm uma base completamente racional.

O sistema de administração de estoques define a quantidade e o momento em que os itens

serão produzidos, sendo função do seqüenciamento definir as prioridades na alocação dos

recursos. A primeira decisão a ser tomada é com relação à ordem a ser processada dentre uma

fila de espera, estabelecendo prioridades entre os diversos lotes de fabricação concorrentes

por um mesmo grupo de recursos. Por via de regra, a maior parcela do lead time de um

produto em lotes compreende, inclusive, o tempo que o lote deste produto espera nas filas de

31

recursos para ser trabalhado. Assim, os ganhos resultantes de um bom seqüenciamento

influenciam positivamente todo o sistema (TUBINO, 2000).

Monks (1987) aponta que analisar filas é como avaliar o serviço e os custos de uma

instalação, maximizando a sua utilidade. “Isto geralmente resulta em minimizar os custos

totais ligados com o tempo ocioso da instalação e serviços versus os custo de tempo de espera

dos empregados ou clientes”. São demonstradas quatro variações de sistemas de filas, sendo o

mais simples o sistema de fase e canal únicos. Os sistemas que se encontram em bancos e nas

estações de cobrança de pedágio são chamados de fase única e canal múltiplo, pois têm mais

de uma instalação de serviço. Os de fase e canais múltiplos são os mais difíceis de se analisar,

pois incorporam duas ou mais estações de serviços.

A figura 2 mostra as quatro variações possíveis em sistemas e canais, ambos podendo

ser simples ou múltiplos.

Figura 2: Tipos de sistemas em série

Fonte: Monks (1987).

Tubino (2000) também aponta algumas características importantes com relação às

regras empregadas para definição do seqüenciamento, citando:

1. simplicidade: as regras devem ser simples e rápidas de entender e aplicar;

2. transparência: a lógica por trás das regras deve estar clara, caso contrário o usuário não verá sentido em aplica-la;

3. interatividade: como os problemas de programação afetam os programadores, supervisores e operadores, as regras devem facilitar a comunicação entre estes agentes do processo produtivo.

32

4. gerar prioridades palpáveis: as regras aplicadas devem gerar prioridades de fácil interpretação. Os usuários entendem mais facilmente uma regra baseada na data de entrega do que, por exemplo, em um índice muito elaborado.

5. facilitar o processo de avaliação: as regras de seqüenciamento devem promover, simultaneamente à programação, a avaliação de desempenho de utilização dos recursos produtivos. Por exemplo, qual o nível de atendimento das datas de entrega?

5.2.1 PEPS

Dentre as regras de prioridades mais óbvias, principalmente no serviço público, por ser

inclusive uma questão de justiça, é a regra do FIFO (First In First Out) a mais conhecida,

também conhecida como PEPS (Primeiro a Entrar é o Primeiro a Sair). Conforme Moreira

(2000), quando se introduz o seqüenciamento através de um único processador, PEPS é das

mais conhecidas regras de prioridade, definidas como regra estática, ou seja, não há

reprogramação do seqüenciamento enquanto o conjunto não for inteiramente processado.

Ainda na opinião do autor, PEPS “é a regra dominante em atividades de serviços

(lembre-se das filas...)”. Além disso, as regras dinâmicas são utilizadas quando é seqüenciado

somente um trabalho por vez, não havendo dúvidas de que ambientes reais de produção são

mais bem tratados pelas regras dinâmicas e não pelas estáticas, como é o caso do PEPS.

Em simulações apresentadas por Moreira (2000), para um mesmo caso, o uso do PEPS

se mostrou o mais ineficiente em termos de atraso, tempo de espera e término. As regras

utilizadas pelo autor foram: PEPS, regra de Johnson, MTP (Menor Tempo de Processamento),

DD (Data Devida) e RC (Razão Crítica).

Tubino (2000) define PEPS como lotes que serão processados de acordo com sua

chegada no recurso que, em comparação com as regras MTP, MDE (Menor Data de Espera),

IPI (Índice de Prioridade), ICR (Índice Crítico), IFO (Índice de Folga) e IFA (Índice de Falta),

mostrou-se a mais simples delas, sendo pouco eficiente. Conforme indicado pelo autor, “é

33

muito empregada em sistemas de serviços onde o cliente esteja presente. Esta regra faz com

que lotes com tempos longos retardem toda a seqüência de produção, gerando tempo ocioso

nos processos à frente, fazendo com que o tempo de espera médio dos lotes seja elevado”.

Slack (1997) cita o uso do PEPS em escritórios de emissão de passagens do Reino Unido,

onde os formulários são recebidos e colocados em pilhas conforme data de chegada: “eles

trabalham nos formulários abrindo-os em seqüência e processando a solicitação do passaporte

na ordem em que vieram”. São citados também os casos de parques temáticos, onde uma fila

única é criada e os clientes são atendidos no próximo guichê livre.

O autor ainda define,

Em operações de alto contato, o momento de chegada pode ser visto pelos consumidores como uma forma justa de seqüenciamento, minimizando assim as reclamações dos consumidores e melhorando o desempenho do serviço. Todavia, devido a não se considerar a urgência ou as datas prometidas, algumas necessidades dos consumidores podem não ser atendidas tanto quanto as de outros. (...) Também é difícil ser flexível em um sistema em que a priorização é visível aos consumidores. Se a ‘fila’não é fisicamente visível, pode ser mais possível exercitar alguma flexibilidade, permitindo que algum trabalho fure a fila, sem que outros consumidores tomem conhecimento do acontecido (SLACK, 1996, p.331).

Já o seqüenciamento LIFO (Last In First Out), é apontado como método usualmente

escolhido por razões práticas, como por exemplo, num elevador, onde as pessoas que

entraram por último saem primeiro. Porém, não é uma abordagem eqüitativa, tem efeito muito

adverso na rapidez e confiabilidade de entrega e, como não possui determinações de

qualidade, flexibilidade ou custo, nenhum desses desempenhos é bem servido por este

método.

5.2.2 Menor tempo de processamento

Conforme Moreira (2000), o problema mais simples de seqüenciamento é o caso de

vários trabalhos a serem processados por um único processador. Quando o critério escolhido é

a minimização do tempo médio de término, deve-se seqüenciar os trabalhos na ordem

34

crescente de seus tempos de processamento. Este procedimento é conhecido como regra MTP

(Menor Tempo de Processamento).

Slack (1997) aponta que as regras de seqüenciamento podem ser ajustadas para atacar

primeiro os trabalhos mais curtos. Assim, esses trabalhos poderão ser faturados e os

pagamentos recebidos, facilitando o fluxo de caixa. Quando os trabalhos mais demorados são

efetuados por primeiro, muitas vezes não permitem que o negócio fature rapidamente.

Em simulações apresentadas por Martins e Laugeni (2001), Tubino (2000) e Moreira

(2000), o MTP mostrou-se pouco eficiente, porém, superior à forma mais básica de

seqüenciamento, o PEPS.

5.2.3 Regra de Johnson

Apesar de existirem aplicações específicas de programação, ainda que

matematicamente otimizadas, as regras de seqüenciamento são, na prática, maximizadas

somente em aplicações mais simples. Uma das formas de maximização apresentada por Slack

(1997) é a Regra de Johnson, aplicada aos casos de vários trabalhos a serem executados em

dois centros.

A figura 3 apresenta o caso da atividade de encadernação, que é obrigatoriamente

precedida da impressão. Conforme a regra apresentada pelo autor,

Primeiro olhe para o menor tempo de processamento. Se esse tempo está associado ao primeiro centro de trabalho (...), programe esse trabalho primeiro, ou o mais perto possível do primeiro lugar. Se o próximo dos menores tempos está associado ao segundo centro de trabalho, programe esse trabalho por último, ou o mais perto possível do último. Assim que um trabalho tiver sido programado, elimine esse trabalho da lista. Continue alocando trabalhos até que a lista esteja completa (SLACK, 1997, p.336).

35

Figura 3: Exemplo de aplicação da Regra de Johnson para programar “n” trabalhos em dois centros de trabalho.

Fonte: Adaptação de Slack (1997)

O algoritmo de Johnson visa determinar o menor tempo total de processamento para a

execução de um grupo de trabalhos. Conforme descrito por Martins e Laugeni (2001), o

algoritmo é aplicável a vários trabalhos a serem executados em duas máquinas, mas pode ser

estendido a mais máquinas.

Tubino (2000) determina a regra de Johnson como “heurística”, sendo esta a

metodologia utilizada para minimizar o lead time total de um conjunto de ordens processadas

para dois recursos sucessivos, devendo tal situação apresentar as condições:

a) os tempos de processamento das ordens (incluindo os setups) devem ser

conhecidos e constantes, e independentes da seqüência de processamento

escolhida;

b) todas as ordens devem ser processadas na mesma direção, ou seja, sempre da

máquina A para a máquina B;

36

c) não existem prioridades;

d) as ordens são transferidas de uma máquina para outra apenas quando

completadas.

A partir destes pressupostos, deve-se selecionar o menor tempo de processamento

entre todos da lista de ordens. Se o menor tempo for da máquina A, programar esta ordem no

início, e se for em B, programar esta no final. Elimine a ordem escolhida da lista e retorne ao

primeiro passo ata programar todas as ordens.

Martins e Laugeni (2001) definem que “caso haja tempos iguais, pode-se selecionar

qualquer um dos trabalhos, pois Johnson garante que o tempo total de processamento não será

alterado”.

O modo de distribuição das ordens num seqüenciamento apresentado por Tubino

(2000, p. 162) também foi comparado com diversos outros métodos, apresentando como

conclusão que,

(...) a regra de Johnson, conforme esperado, apresentou o menor lead time (28 horas) e um baixo tempo de espera para processamento na segunda máquina, garantido pela sua heurística de seqüenciar tempos rápidos de inicio para o primeiro recurso e tempos rápidos de conclusão para o segundo. Infelizmente, as restrições desta regra são muito fortes, fazendo com que ela seja de aplicação limitada.

5.2.4 GUT - Gravidade, Urgência e Tendência

A matriz GUT é utilizada para como parâmetro para estabelecer prioridades na

eliminação de problemas, especialmente se forem vários relacionados entre si. Grimaldi apud

Pinto (2006) aponta que a técnica foi desenvolvida para orientar decisões mais complexas,

separando cada problema por causa. Depois disso, é preciso saber qual a prioridade na

solução dos problemas detectados. Para isso, são feitas três perguntas:

37

a) Qual a gravidade? Indagação que exige outras explicações. Que efeitos

surgirão em longo prazo, caso não seja resolvido? Qual o impacto sobre as

coisas, pessoas, resultados?

b) Qual a urgência de se eliminar o problema/tarefa? A resposta está sempre

relacionada com o tempo disponível para resolve-lo.

c) Qual a tendência de desvio das metas se não for resolvido imediatamente e seu

potencial de crescimento? A demanda deste problema/tarefa tenderá a diminuir

e desaparecer por si só?

A figura 4 apresenta os níveis de classificação de G, U e T, que devem ser

multiplicados entre si para que se chegue a um parâmetro comum a todas as situações, o que

resultará na ordem de prioridades determinada pelos índices obtidos.

Figura 4: Matriz GUT

Fonte: Adaptado de Grimaldi, R e Mancuso, J.H. apud Pinto (2006).

38

Conforme apresentado por Alves et al (2006), cada um dos parâmetros G, U e T

devem ser pontuados de 1 a 5, dependendo do nível de intensidade da Gravidade, Urgência e

Tendência apresentados no problema em questão.

Observa-se o uso da matriz GUT em repartições públicas, como é o caso da Ouvidoria

da Corregedoria-Geral do Distrito Federal, para aferição e acompanhamento de indicadores

estatísticos, acompanhar fluxos de trabalho, detectar problemas na resolução das demandas da

ouvidoria, e também fornecer subsídios para a elaboração de diretrizes que visem aprimorar a

prestação do serviço público (CORREGEDORIA-GERAL DO DISTRITO FEDERAL,

2004).

5.2.5 Outras regras

Dentre os autores pesquisados, as principais, ou seja, as mais conhecidas ou que

apresentam os melhores desempenhos quanto ao seqüenciamento das atividades, foram

apresentadas nos subcapítulos acima. Porém, vale ressaltar outras formas de priorizar

determinada tarefa ou atividade exemplificada nas obras.

Dentre as regras dinâmicas apresentadas por Moreira (2000), foi apresentada a RC –

Razão Crítica, onde é seqüenciado um trabalho por vez. A seguinte equação é apresentada

pelo autor:

RC = Tempo de Processamento Data Devida – Data Atual

Assim que um trabalho é terminado em um centro, existe outro grupo de trabalhos já

aguardando processamento. Então, de posse dos cálculos de RC dos vários trabalhos

pendentes, programa-se primeiro o trabalho com a maior Razão Crítica. Nos casos em que o

RC apurado for negativo, significa que o trabalho já está atrasado. O autor ainda faz a

39

analogia de que, a medida que a Data Atual se aproxima da Data Devida, a RC aumenta,

colocando urgência sobre o trabalho. Além disso, a RC aloca maior importância em trabalhos

de maiores Tempos de Processamento.

A regra RC também é citada por Martins e Laugeni (2001), porém a fórmula faz

analogia inversa à apresentada por Moreira (2000), conforme abaixo:

RC = Tempo de Entrega_________________ Tempo de processo + Tempo de espera

Tubino (2000) demonstra duas outras formas de cálculo, sendo uma delas bastante

semelhante à regra da RC, o ICR – Índice Crítico. Este é calculado pela fórmula a seguir,

sendo classificado em ordem crescente de índices, ou seja, a atividade de menor índice é

seqüenciada por primeiro.

ICR = data de entrega – data atual Tempo de processamento

Note que a fórmula sugerida por Tubino (2000) é o inverso da demonstrada por

Moreira (2000) e que, logicamente, tem a ordem de seqüenciamento também invertida.

A outra forma de cálculo é chamada de IFO – Índice de Folga, que é determinado pela

fórmula:

IFO = Data de entrega - ∑tempo de processamento restante Número de operações restantes

A ordem de classificação alocará maior prioridade à operação com menor IFO.

Martins e Laugeni (2001) definem também a regra UR – Urgência das operações,

classificando as atividades pelo menor índice encontrado pelo seguinte cálculo:

UR = Folga até a entrega___________ Número de operações restantes

Todos os autores citados nesta seção salientaram que existem as razões subjetivas para

atribuir prioridade a determinada operação, tais como importância do cliente, valor do pedido,

tipo de recebimento (à vista ou parcelado) (MARTINS e LAUGENI, 2001), ou ainda o Índice

40

de Prioridade – IPI demonstrado em exemplificação por Tubino (2000), onde os lotes serão

processados de acordo com o valor da prioridade atribuída ao cliente ou ao produto.

41

6 SISTEMA KANBAN

O sistema Kanban foi desenvolvido por Taichi Ono, o então vice-presidente da

empresa Toyota Motor Corp., que desenvolveu o seu próprio sistema de produção em meio à

crise provocada pelo embargo de óleo árabe nos anos 70, quando as empresas de todo o

mundo se viram forçadas a investir em pesquisa e desenvolvimento de técnicas e métodos de

controle de produção que reduzissem o custo e, simultaneamente, reduzir a produção de bens

e serviços à demanda existente no mercado. Conforme Monden (1984, p. 5), o sistema Toyota

consistia em,

pequenos lotes de produção, entregas freqüentes de peças e componentes, nivelamento no volume de produção e redução no tempo de troca de ferramentas são práticas deste sistema através do treinamento das habilidades múltiplas dos operários e concentração dos esforços para melhorar a qualidade dos produtos. Isto possibilitou aos japoneses saírem do período prolongado de recessão, através da redução drástica do custo de produção.

Tubino (2000) aponta o desenvolvimento do sistema Kanban na década de 60 pelos

engenheiros da Toyota Motors Cia. com o objetivo de tornar a programação, controle e

acompanhamento da produção mais simples e rápidas.

Para Monden (1984), delegar exclusivamente um sistema central de planejamento, o

qual instrui a programação de produção de todos os processos simultaneamente é muito

difícil. Portanto, no Sistema de Produção da Toyota é necessário ver o fluxo de produção

inversamente, ou seja, o processo precedente tem que produzir somente a quantidade

suficiente de unidades para repor aquelas que foram retiradas. Nesse sistema, a quantidade e o

tipo de unidades são descritos num cartão chamado de Kanban.

42

Kanban é a palavra japonesa para cartão ou sinal, conforme Slack (1997). Também

chamado de “correia invisível” que controla a transferência de material de uma atividade à

outra. Numa visão mais simplista, é um cartão usado por cada estágio cliente para avisar o

estágio fornecedor qual o material que deve ser enviado.

Conforme Tubino (2000), “na língua japonesa a palavra kanban significa um marcador

(cartão, sinal, placa ou outro dispositivo) usado para controlar a ordem dos trabalhos em um

processo seqüencial”.

Segundo Slack (1997), o Kanban tem três propósitos:

a) é uma instrução para que o estágio anterior envie mais material;

b) é uma ferramenta de controle visual para identificar áreas de superprodução e

falta de sincronização;

c) é uma ferramenta para o kaizen (aprimoramento contínuo). A regra da Toyota

diz que o “número de kanbans deve ser reduzido ao longo do tempo”.

O Kanban é definido como um sistema para estimular a produtividade por Moura

(1989): “o Kanban foi desenvolvido para propiciar um meio altamente visível de se observar

o fluxo e os níveis de inventário das peças em movimento em um processo de produção”.

Dentre as melhorias nas operações citadas pelo autor, destaca-se a mudança dos

procedimentos de trabalho, para uniformizar o fluxo da produção, o que geralmente significa

o aumento do número de tarefas diferentes que cada trabalhador deverá executar. A produção

passará a ter um indicador do comportamento do sistema de produção de fácil entendimento

para qualquer pessoa.

Taichi Ono apud Moura (1989) comenta que o “Kanban nasceu da necessidade de

desenvolver um sistema de fabricação de automóveis de muitos tipos diferentes em pequenos

números, na mesma linha de montagem”.

Monden (1984, p. 3) comenta que,

43

Muitas pessoas chamam o Sistema de Produção da Toyota de um sistema Kanban: isto é incorreto. O Sistema de Produção da Toyota é um meio para fazer produtos, ao passo que o Sistema Kanban é um meio para administrar o método de produção ‘Just-in-Time’. Em resumo, o Kanban é um sistema de informação para controlar harmoniosamente as quantidades de produção em todos os processos. A menos que os vários pré-requisitos deste sistema sejam implantados perfeitamente (ou seja, projeto de processos, padronização das operações e regulagem da produção etc.), será difícil obter o ‘Just-in-Time’, ainda que o sistema Kanban seja introduzido.

6.1 O KANBAN E O JIT

A produção de unidades necessárias, em quantidades necessárias e no tempo

necessário é definida como JIT – Just-in-Time. Conforme Monden (1984), JIT e automação –

“Jidoka” em japonês – são os conceitos chaves para o sistema de produção Toyota.

Para Tubino (2000), o Kanban é um método de autorização e movimentação no

sistema JIT. O autor explica que o kanban é um subsistema do JIT, porém os dois termos não

são sinônimos.

Slack (1997) observa que o kanban faz parte das quatro técnicas e abordagens mais

comuns do JIT, corroborando a idéia de que os dois termos não têm o mesmo significado. São

elas:

a) controle kanban;

b) programação nivelada;

c) modelos mesclados;

d) sincronização.

6.1.1 Diferenças entre os sistemas de puxar e empurrar

Conforme Moura (1989), o sistema Kanban é um método de “puxar” as necessidades

de produtos acabados, sendo o oposto dos sistemas tradicionais. Ele independe de gestões

44

paralelas e controles computacionais. Embora a manufatura utilize cartões de uma forma ou

de outra para anexar ao material os pedidos, folhas de roteiros de atividades, etiquetas de

atividades, entre outras informações pertinentes ao bom funcionamento do processo, ou seja,

são úteis tanto no sistema de puxar quanto o de empurrar, é no sistema Kanban que se define

que o produto deve ser mantido no centro de trabalho até que o seguinte fique disponível.

“Nos sistemas convencionais a necessidade de manter as máquinas em operação acaba

produzindo peças e componentes ainda não solicitados. A fim de desocupar espaço essa

produção acaba sendo empurrada para o posto subseqüente no processo produtivo”

(MARTINS e LAUGENI, 2001).

Para Slack (1997), são características dos sistemas de empurrar o tempo ocioso,

estoque e filas, pois não é levado em conta se o centro de trabalho seguinte pode utilizar o

trabalho empurrado. Estes centros são coordenados por meio de um controle operacional, que

nem sempre possibilita o batimento das condições reais das planejadas.

Já no sistema puxado, o autor explica,

Em um sistema de planejamento e controle puxado, o passo e as especificações de o que é feito são estabelecidos pela estação de trabalho do “consumidor” que “puxa” o trabalho da estação de trabalho antecedente (fornecedor). O consumidor atua como o único “gatilho”do movimento. Se uma “requisição”não é passada para trás pelo consumidor para o fornecedor, o fornecedor não é autorizado a produzir nada ou mover qualquer material. Uma requisição de um consumidor não só aciona a produção no estagio de fornecimento, ele também prepara o estágio fornecedor, para requisitar uma outra entrega de seus próprios fornecedores. Dessa forma, a demanda é transmitida para trás ao longo das etapas, a partir do ponto de demanda original pelo consumidor original (SLACK, 1996, p. 334) .

Tubino (2000) aponta que o sistema Kanban é caracterizado por “puxar” os lotes,

enquanto os métodos tradicionais de programação da produção “empurram” um conjunto de

ordens para serem feitas no período, conforme ilustrado pela figura 5. Segundo o autor, nos

sistemas de empurrar, tidos como tradicionais, elabora-se periodicamente um programa de

produção completo, da compra da matéria-prima (MP) à montagem do produto acabado (PA),

transmitindo-o aos setores responsáveis por meio da emissão de ordem de compra (OC),

45

fabricação (OF) e montagem (OM), passando primeiramente pela etapa de seqüenciamento,

para adequá-lo às restrições de capacidade física do processo produtivo.

Figura 5: empurrar e puxar a produção.

Fonte: adaptação de Tubino (2000).

No sistema de puxar a produção não se produz nada até que o cliente interno ou

externo solicite determinado item.

Neste caso, a programação da produção usa as informações do PMP para emitir ordens apenas para o último estágio do processo produtivo, normalmente a montagem final, assim como para dimensionar as quantidades de kanbans dos estoques em processo para os demais setores. À medida que o cliente de um processo necessita de itens, ele recorre aos kanbans em estoque neste processo, acionando diretamente o processo para que os kanbans dos itens sejam fabricados e repostos aos estoques (TUBINO, 2000, p. 195).

46

6.2 SITUAÇÕES ONDE SE APLICA O KANBAN

Algumas analogias são feitas por Moura (1989) para melhor entendimento de onde

ocorrem situações semelhantes ao sistema Kanban nas diversas atividades:

a) bujão de gás;

b) Caixa d’água;

c) Talão de cheques

d) Mc Donald’s

e) Prateleira de um supermercado;

f) Sistema de estoques de duas gavetas.

Slack (1997) explica que, a programação puxada do kanban pode ser utilizada para os

itens de alto fluxo e que tenham operações repetitivas. Da mesma forma, Tubino (2000)

aponta que o sistema Kanban é idealizado para trabalhar em processos repetitivos em lotes,

porém, as empresas que fazem produção por encomenda, ou de produção em massa de fluxo

contínuo podem fazer uso de seus princípios para tratar itens que tenham características de

repetitividade.

Segundo Moura (1989), a principal diferença entre produção sob encomenda e

produção em série num sistema Kanban é o “Controle do Lote” versus “Controle do

Processo”. Enquanto a produção sob encomenda faz planos, controle e estimula os custos

através das ordens de serviço, a produção em série as faz através da intensidade do processo.

O autor ainda destaca,

(...) é fácil de se perceber que o sistema funciona tanto em ambientes de produtos seriados, de produção contínua, como em produtos não seriados ou de produção intermitente. Com produtos por encomenda e grandes espaços de tempo, sem consumo, é aconselhável a utilização do Kanban sincronizado com o consumo, pois os itens permanecerão nos ‘supermercados’ (uma mínima quantidade), aumentando, desta forma, a flexibilidade de responder rapidamente às necessidades do mercado (MOURA, 1989, p. 128).

47

Por outro lado, Martins e Laugeni (2001, p.311) dão a idéia de que “na produção

repetitiva o JIT fornece os melhores resultados. O sistema MRP produz melhores resultados

para ambientes de fabricação sob encomenda ou em pequenos lotes, onde a produção, por

natureza, é não repetitiva”.

Conforme Hayes e Pisano apud Melchert e Francischini (2005), durante a década de

80 muitas empresas enfrentaram o dilema de adotar o MRP (sistema empurrado) ou baseado

no JIT (sistema puxado). Atualmente está claro que estas duas abordagens são compatíveis

como se pensava inicialmente, mas freqüentemente uma completa a outra (sistema híbrido).

Assim, o quadro 1 mostra um comparativo entre as três abordagens nas diferentes situações

dentro de um sistema produtivo.

Quadro 1: Comparação entre os sistemas MRP, Kanban e híbrido.

Fonte: Adaptado de Vollmann, Berry e Whibark apud Melchert e Francischini (2005).

Elsayed e Boucher apud Lemos e Fogliatto (2005) apontam oito condições de uso do

sistema Kanban:

a) demanda aproximadamente constante durante período de planejamento (curto

e médio prazo);

b) tempos de setup pequenos, e baixo custo de setup;

48

c) flexibilidade de capacidade e balanceamento da produção;

d) mão-de-obra disciplinada;

e) melhorias no layout de produção e fluxo de materiais;

f) alta confiabilidade de equipamentos;

g) alta qualidade de produtos e partes em processamento;

h) integração da produção com projeto e desenvolvimento do produto.

Muitas pessoas dizem que o Kanban pode ser usado apenas para o controle de peças

usadas todos os dias, em uma base constante. Nas regras que regem o sistema Kanban inclui-

se a estabilização e a equalização dos processos, mas isto não significa que não possa ser

usado quando a quantidade de peças retiradas não seja estável (MOURA, 1989).

6.3 QUANTIDADE DE CARTÕES

Conforme definido por Moura (1989), o sistema Kanban é baseado no uso de dois

cartões, sendo um de movimentação e outro de ordem de produção. Outros nomes utilizados

para movimentação são: kanban de recebimento, de transporte, de retirada e etiqueta de

movimentação.

De acordo com a função que exercem, os cartões kanban dividem-se em dois grupos:

os de produção e os de requisição ou movimentação. Os cartões kanban de produção

autorizam a fabricação ou montagem de determinado lote de itens, e os cartões kanban de

requisição autorizam a movimentação de lotes entre o cliente e o fornecedor, podendo ser

cartões usados interna ou externamente (TUBINO, 2000).

A figura 6 demonstra as subdivisões apresentadas pelo autor para os cartões kanban,

onde é definido que um cartão kanban de produção é empregado em área restrita de atuação

no centro de trabalho que executa a atividade produtiva nos itens; e que cartão kanban de

49

requisição interna será utilizado para a requisição de materiais quando os centros de trabalho

consumidor e produtor estão distantes um do outro; e cartão kanban de fornecedor, na

execução das funções de ordem de compras convencional, ou seja, autoriza o fornecedor

externo da empresa a fazer uma entrega.

Figura 6: subdivisões dos cartões kanban.

Fonte: Adaptação de Tubino (2000).

Qualquer que seja o tipo de kanban utilizado, a idéia é sempre a mesma: o recebimento

de um kanban dispara o transporte, produção ou fornecimento de uma unidade. A mesma

analogia é feita para o recebimento de mais kanbans, não importando a forma como é

sinalizada a ordem, se por meio de cartões, por quadrados demarcados no chão da fábrica ou

por meio eletrônico (SLACK, 1997).

6.3.1 Sistema de cartão único

No sistema de cartão único, o tipo utilizado é somente o de produção, aplicável em

situações onde o fornecedor (posto precedente) está situado próximo de seu cliente (posto

50

subseqüente), não havendo necessidade de comunicação com o Kanban de movimentação

(TUBINO, 2000).

A operação do sistema kanban somente com cartão de produção envolve, além dos

centros de produção, uma área de armazenagem entre cada centro. Slack (1997, p. 487)

explica que,

Toda produção e estoques estão contidos em contenedores-padrão, que contêm exatamente o mesmo número de componentes. Quando o estágio B requer mais componentes para que possam ser processados, ele coleta um contenedor-padrão do ponto de armazenagem do estágio A. Depois que o centro de trabalho utilizou os componentes do contenedor, ele coloca o kanban de transporte numa área de espera e envia o contenedor vazio para o centro de trabalho do estágio A.

Se um contenedor vazio aparece em A, está sinalizada a necessidade de produção do item

marcado no Kanban. Será ilustrado na figura 7 o mecanismo apresentado por Slack (1997) e

Tubino (2000), usando as definições: atividade A precede B, que precede C.

1o) Operador C retira um contenedor com produtos acabados tipo B, para processamento, e o

kanban que estava afixado no contenedor é colocado no painel B.

2o) Operador B retira do painel B o kanban deixado anteriormente por C. Vai até o depósito

de produtos acabados A, pega um contenedor cheio, e coloca o kanban que estava afixado

neste contenedor cheio no painel A.

3o) Operador B processa os itens A, transformando-os em B, e afixa o kanban que C havia

colocado no painel no contenedor cheio e devolve ao supermercado para que C possa utiliza-

lo.

Terminado o ciclo, o operador pode dirigir-se novamente ao painel e verificar a

indicação deixada pelo posto subseqüente. Desta forma se dá seqüência ao sistema de puxar

da produção.

A figura 7 demonstra o sistema Kanban com cartão único, apresentando a mesma

ordem descrita acima, supondo painéis inicialmente vazios, ou seja, não existem prioridades a

se levar em conta.

51

Figura 7: Sistema Kanban com um cartão.

Fonte: adaptação de Tubino (2000).

Tubino (2000) aponta que, num sistema kanban de um cartão, como os postos de

trabalho são próximos entre si, acabam dividindo o mesmo supermercado, ou seja, “o que é

item pronto para o posto precedente é matéria-prima para o posto subseqüente. Neste caso, os

cartões kanban que circulam pelo sistema são apenas os cartões de produção, simbolizados

pela letra ‘p’”.

6.3.2 Sistema de dois cartões

É um sistema um pouco mais complicado, e utilizado pela Toyota, para controle do

fluxo entre estágios, sendo mais adequados nas situações em que o número de itens

produzidos é alto. A diferença principal para o sistema de um cartão é o uso de dois pontos de

estocagem: um armazenando os contenedores que chegam e outro os que saem (SLACK,

1997).

52

Conforme Tubino (2000), o sistema kanban com dois cartões é usado em situações em

que o posto precedente está situado longe de seu cliente (posto subseqüente), obrigando-os a

se comunicarem com o cartão de movimentação, operacionalizado por uma terceira pessoa,

chamada de movimentador.

Moura (1989) descreve o kanban de movimentação com função de detalhar a

quantidade que o processo de montagem subseqüente deve retirar do anterior, avisando que o

contenedor precisa ser movimentado dentro da fábrica: “quando um contenedor de peças é

selecionado para uso num ponto de entrada, o cartão de movimentação é retirado do

contenedor e levado ao supermercado (ponto de saída) do centro de produção precedente,

como uma autorização para apanhar outro contenedor de peças”.

A diferença apontada pelo autor entre os cartões de movimentação e de produção é

que os primeiros são circulantes entre dois centros de produção, e o segundo é usado apenas

no centro de produção que produz a peça.

A figura 8 descreve a operacionalização do sistema Kanban utilizando cartões de

movimentação e de produção, de forma análoga à situação descrita no item 6.3.1. Além do

uso de dois tipos de cartões, existem também dois tipos de painéis (de produção e de

requisição), os movimentadores e dois tipos de supermercado (estocagem de entrada e saída):

1o) Movimentador BC retira um contenedor com produtos acabados tipo B, para enviar ao

posto de trabalho C, e o kanban de produção que estava afixado no contenedor é colocado no

painel B.

2o) Operador B retira do painel B o kanban de produção deixado anteriormente por BC. Vai

até o depósito de produtos acabados A, pega um contenedor cheio, e coloca o kanban de

movimentação que estava afixado neste contenedor cheio no painel de requisição B.

53

3o) Operador B processa os itens A, transformando-os em B, e afixa o kanban de produção

que C havia colocado no painel no contenedor cheio e devolve ao supermercado para que o

movimentador BC possa busca-lo.

4o) O movimentador AB recolhe o kanban de movimentação do painel B e vai até o posto de

trabalho A buscar um contenedor cheio de A. O kanban de produção que estava no

contenedor cheio de A vai para o painel de produção A, e o kanban de movimentação fica

junto ao contenedor cheio até que seja novamente utilizado pelo operador B.

Figura 8: Sistema Kanban com dois cartões

Fonte: Adaptação de Tubino (2000).

6.3.3 Kanban de fornecedor

O uso de kanban por fornecedores é um exemplo da extensão da eficiência do sistema.

Conforme Tubino (2000, p. 207), “não basta que o fornecedor faça suas entregas freqüentes

em pequenos lotes na fábrica do cliente, mas que ele sincronize seu processo produtivo a essa

freqüência de entregas, reduzindo os custos totais da cadeia produtiva”.

As explicações mostradas por Tubino (2000) e Moura (1989) apontam o uso do

kanban de fornecedor como uma versão bastante semelhante ao kanban de dois cartões. A

54

analogia também é valida no ponto em que se compara fornecedor com operação

predecessora, pois a única diferença é que no caso do fornecedor trata-se de empresa distinta.

O kanban de fornecedor é deixado de lado até a hora de entrega das peças deste

kanban. O kanban do fornecedor é usado para as duas finalidades, ou seja, produção e

suprimento. Na hora da retirada das peças fabricadas anteriormente para entrega ao fabricante,

um novo kanban do fornecedor é trazido para o processo de produção do fornecedor e este

assume a função de “kanban de produção”. O mesmo kanban retorna à função de “kanban de

fornecedor” quando a produção das peças é completada e na hora da entrega das peças ao

fabricante (MOURA, 1989).

6.3.4 Cálculo do número de kanbans

O número de kanbans a cada estágio irá variar conforme a natureza do trabalho. São

variáveis a ser consideradas os tempos de set-up e o número de componentes por contenedor

(SLACK, 1997).

A forma mais simples de cálculo foi apresentada por Martins e Laugeni (2001):

n= DT C

Onde:

n = número de contêineres

D = demanda de fabricação

T = tempo gasto para um contêiner completar um ciclo

C = capacidade do contêiner em número de peças, usualmente menor que 10% da demanda

diária.

55

Slack (1997) utiliza um cálculo bastante semelhante, porém adicionando uma

constante de segurança:

n= DTx(1+e) C

Onde “e” representa um valor entre 0 e 1 para a eficiência da estação de trabalho (para

kanbans de produção) ou o nível de estoque de segurança (para kanbans de transporte).

Por outro lado, Tubino (2000) faz uso do coeficiente de segurança separando os

tempos em Tprod (tempo total para um cartão kanban de produção completar um ciclo

produtivo, em percentual do dia) e Tmov (tempo total para um cartão kanban de

movimentação completar um ciclo, em percentual do dia):

n= (Tprod + Tmov) x D x (1+e) C

6.4 PAINEL KANBAN

O painel kanban é um método que utiliza um quadro colorido na célula ou na estação

de trabalho para indicar o fluxo de consumo de cada item. O quadro é pintado de verde,

amarelo e vermelho, de baixo para cima (MOURA, 1989).

No painel porta kanban existe uma coluna para cada item a ser produzido pela estação

de trabalho, e número de linhas customizada para cada item, ou seja, calculada em uma das

formas apresentadas no item 6.3.4. Assim, à medida que o número de kanbans é

redimensionado, algumas linhas podem ficar sem uso temporariamente. Tubino (2000, p. 201)

explica que,

Conforme os clientes desse supermercado forem retirando os contenedores com os lotes de itens, o cartão kanban correspondente, que está junto ao lote no contenedor, é afixado, geralmente de baixo para cima, na primeira linha vazia da coluna correspondente deste item, e o movimentador, ou produtor, estão autorizados a requisitar ou fabricar o lote de itens referentes ao cartão kanban afixado.

56

A figura 9 ilustra um painel porta kanban, onde são colocados por meio de pregos,

suportes, adesivos ou até eletronicamente os cartões de produção ou de requisição. A cor

verde indica condições normais de requisição ou de produção, a cor amarela indica atenção a

este item e a cor vermelha urgência na requisição ou produção do item.

Figura 9: painel porta-kanban

Fonte: adaptação de Tubino (2000).

Moura (1989) define que a ordem de preferência na produção é:

a) aquele que estiver mais próximo do vermelho;

b) se nenhum estiver “encostando” no amarelo ou no vermelho, deve-se escolher

a peça cuja máquina já está preparada;

c) não existe outra regra. O operador pode escolher aleatoriamente a peça mais

fácil, ou a de menor tempo de execução, ou a de mais kanbans no painel.

57

7 ESTUDO DE CASO: FERRAMENTAS DA QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO

A aplicação dos conteúdos apresentados nos capítulos anteriores será demonstrada no

estudo de caso sugerido à seção de controle interno da APS – Agência da Previdência Social

em Joinville, em especial à operacionalização da escolha das atividades diárias.

7.1 AGÊNCIA DO INSS EM JOINVILLE

A Previdência Social é formada por diversas seções, diretorias e coordenações,

ramificadas a partir do Ministério da Previdência Social. A figura 10 apresenta o organograma

da Previdência Social, detalhada somente na área que converge para o serviço em questão.

A seção de Controle Interno da APS Joinville exerce um dos tipos de serviços da

agência, que adota atualmente a especialização dos servidores como forma de produção.

Periodicamente, a critério da chefia, são alteradas as atribuições de cada servidor, como forma

de rodízio para que o conhecimento das diversas áreas fique ao alcance de todos. Isto ocorre,

geralmente, quando da mudança do Gerente Executivo, pois este tem o poder de modificar a

estrutura local de atendimento, tramitação de processos, e formas de supervisão.

A APS Joinville funciona com servidores em linha de atendimento (atendimento e

perícia), retaguarda (todos os demais), um supervisor da área de manutenção, um supervisor

da área de concessão, um chefe de benefícios e um chefe de agência. A figura 11 mostra o

organograma da APS na sua forma atual.

58

DATAPREVempresa pública

ProcuradoriaFederal

Especializada

Auditoria

Diretoria deAtendimento

Diretoria deOrçamento, Finanças

e Logística

Diretoria deRecursosHumanos

CGBENIN CGBENEF

APE-FT/SC ComunicaçãoSocial

SuperintendênciaSanta Catarina

AuditoriaRegional

GBENIN SMD

SRID SRD

ControleInterno

Serviço deBenefícios

ProcuradoriaFederal

Especializada

APSCanoinhas

APSRio do Sul

ControleInterno

Atendimentoao público

Manutenção Aposentadoria PeríciaMédica

Revisão Arquivo Recurso

APSJoinville

APSJaraguádo Sul

APSMafra

Prev-móvel UAASão

Franciscodo Sul

GerênciaExecutiva

de Joinville

GerênciaRegional

Sul

DIRBEN

Presidência

INSSautarquia

ConsultoriaJurídica

GabineteMinistro

OuvidoriaGeral

Secretaria dePrevidência Complementar

Secretaria dePrevidência Social

Subsecretaria dePlanejamento,Orçamento eAdministração

SecretariaExecutiva

Órgãos deAssistência Direta

CONAPREV

Conselho deGestão da Previdência

Complementar

17a. JRPS

4a. CAJ

CRPS

ÓrgãosColegiados

MPS

Figura 10: Organograma do Ministério da Previdência Social

Fonte: Primária, 2006.

59

APS Joinville

Equipe deAtendimento

(20 + 4 estagiários)

Supervisorde Concessão

(1)

Equipe deManutenção

(4)

Supervisorde Manutenção

(1)

Equipe deAposentadoria

(7)

Equipe deRevisão/Concessão

(5)

Equipe deRecurso

(3 + 1 estagiário)

Equipe deControle Interno(2 + 1 estagiário)

Chefe deBenefícios

(1 + substituto)

Equipe dePerícia Médica

(2 + 10 médicos+ 1 estagiário)

Equipe deArquivo

(2 + 4 estagiários)

Chefe da APS(1 + substituto)

Figura 11: Organograma da APS Joinville.

Fonte: Primária, 2006.

Ao chefe da APS cabe a determinação de quantos servidores farão parte de cada

equipe, a determinação de férias do pessoal, a aquisição de material de expediente, mobília e

equipamentos de informática. A programação de férias é enviada ao Setor de Recursos

Humanos da GEX – Gerência Executiva, e a requisição de material é feita à Seção de

Orçamento, Finanças e Logística da GEX. Também cabe a ele a solicitação de melhorias no

ambiente de trabalho, tais como manutenção de condicionadores de ar, telefones, fax,

cadeiras, entre outros.

O chefe de benefícios deve determinar como as tarefas serão executadas: o que será

feito na linha de atendimento, o que será feito na retaguarda, que tipo de normas serão

seguidas, que tipos de documentos serão solicitados aos segurados da Previdência, e assim por

diante.

60

Os supervisores localizam-se na linha de atendimento, e prestam esclarecimentos

quanto à operacionalização dos sistemas, resolvem problemas de transmissão de dados, e

garantem que as instruções passadas pelo chefe de benefícios sejam executadas, ou seja,

servem como um “tira-dúvidas” para agilizar o atendimento ao cliente. Também resolvem

problemas com senhas: setor incorreto, prioridade do idoso e deficiente, senha já chamada,

etc.

No atendimento os serviços são subdivididos conforme tipo de documentação a ser

apresentada, ou ainda, tipo de programa informatizado a ser utilizado, para que o servidor faça

as atividades de forma mais mecanizada e também aproveitando o login de sistema. Faz-se

aqui a comparação direta com o setup de máquina em indústrias: um servidor leva

aproximadamente dois minutos para trocar de sistema, conforme tipo de atendimento a ser

realizado. Desta forma, as senhas são distribuídas da mesma forma que em alguns bancos,

separando-as em seqüência numérica e por letras. Assim, são divididas por exemplo, em “M”

para atendimento de manutenção, “C” para auxílios doença requeridos pela internet ou

telefone, “S” para protocolos de revisão e recurso, “B” para dar entrada em benefício, e assim

por diante. O supervisor acompanha a fila destes atendimentos e aloca mais servidores aos

serviços de maior fila ou de maior tempo de espera, alternando-os conforme necessidade

imediata.

Na retaguarda, os serviços são divididos conforme demonstrado no organograma da

figura 11, onde cada equipe possui uma forma distinta de produção. Alguns separam por

arquivos em ordem de pedido, outros por grau de urgência, porém sem regras definidas

quanto a isto. A remoção de um servidor para outro tipo de serviço é feita geralmente pelo

chefe da APS, quando o acúmulo em determinado setor é gritante, ou ainda, quando existe

uma demanda inesperada causada por alguma decisão do governo. Por exemplo, quando o

Governo liberou a revisão administrativa em forma de acordo para segurados que se

61

aposentaram entre março de 1994 e fevereiro de 1997, situação que ocasionou demandas

excessivas em revisão e controle interno. Quando não existe uma tendência a piorar o

acúmulo, ou seja, quando for um caso isolado, a chefia da APS solicita ao Serviço de

Benefícios da GEX a convocação de servidores de outras APS para mutirão em finais de

semana.

7.1.1 Serviço de Controle Interno

O serviço de Controle Interno consiste na apuração de irregularidades administrativas

encontradas em benefícios. Cada APS deve apurar a irregularidade encontrada nos benefícios

que mantém1.

Conforme definição da Orientação Interna INSS/DIRBEN n. 110 de 3 de março de

2005,

Controle interno administrativo é o conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos e procedimentos interligados, estabelecidos com vistas a assegurar os objetivos das unidades e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público.

O serviço pode resultar, na prática, em:

a) recuperação de créditos pagos indevidamente aos beneficiários;

b) comprovação de fraude para envio ao Ministério Público e Polícia Federal;

c) verificação da continuidade do direito (para benefícios temporários);

d) oportunidade do direito à defesa e recurso administrativo ao segurado.2

1 Somente a APS que mantém um benefício é que pode fazer qualquer alteração nele. Se um segurado muda de endereço, ele deve solicitar a transferência numa agência mais próxima de sua residência, de forma que o benefício será, então, mantido por esta nova APS.

2 O correto procedimento administrativo valida uma possível cobrança judicial de valores recebidos indevidamente, para o caso da tentativa de cobrança amigável falhar.

62

A Orientação ainda define que o objetivo geral do Controle Interno é de evitar a

ocorrência de impropriedades e irregularidades, por meio de princípios e instrumentos

próprios. Os objetivos específicos são, entre outros, a observância das normas legais,

assegurar a exatidão contábil, administrativa e financeira, propiciar informações seguras e ser

eficiente na utilização de recursos.

O Controle Interno possui, no ápice da pirâmide, a auditoria interna. O controle

interno é subordinado ao titular do órgão, pois faz parte de suas atividades administrativas

normais. Diferentemente da auditoria interna, que não necessariamente faz parte da estrutura,

sendo tratada como entidade autônoma de apoio à administração pública. Isto pode ser

observado no organograma do MPS, figura 10, onde a auditoria se coloca como staff da

presidência do INSS em nível nacional, e também da gerência sul em nível regional.

7.1.2 Operacionalização

O controle interno da APS Joinville é formado atualmente por dois servidores, sendo

um especializado em concessão, e outro em manutenção, além de um estagiário para apoio de

serviços de tramitação física dos processos administrativos e emissão de formulários padrão.

Atualmente, o setor fica localizado junto à chefia de benefícios, devido à constante

necessidade de aposição de assinatura da mesma para avalizar a saída de documentos do

setor.

O setor dispõe de três armários de ferro com gavetas para armazenar toda a demanda

de serviço. Os documentos ficam separados conforme situação, em gavetas de:

a) Análise inicial;

b) Aguarda AR – Aviso de Recebimento dos Correios;

c) Aguarda manifestação do segurado;

63

d) Análise de defesa para a chefia;

e) Aguarda movimentação (decisões de recurso, judiciais, da auditoria, da procuradoria);

f) Memorandos (casos irregulares idênticos encontrados em todo o Brasil);

g) Aguarda resposta de diligência ou pesquisa;

h) Aguarda quitação de GPS – Guia da Previdência Social.

Com exceção da gaveta de Memorandos, onde os casos de irregularidade são

identificados pela APE-FT/SC, Auditoria Nacional ou Regional, Ouvidoria ou pela DIRBEN,

todos os outros casos são frutos de notificação dos próprios servidores da linha de

atendimento que, ao deparar-se com situação irregular, encaminham despacho ao Controle

Interno. Por este motivo os casos de Memorandos ficam separados dos demais, pois o

andamento de cada um deles precisa ser periodicamente relatado às instâncias superiores.

Toda a movimentação (alteração de gaveta, envio a outras seções, situação do

benefício) é registrada no SIPPS – Sistema Informatizado de Protocolo da Previdência

Social, semelhante ao que acontece no judiciário, porém, no caso do INSS, o público pode

consultar somente processos de recurso, débito judicial, concessão ou revisão pela internet,

ou seja, as irregularidades não podem ser consultadas.3

Os servidores devem seguir rigorosamente as instruções contidas na Orientação

Interna n. 110/2005 que, na imensa maioria dos casos envolve as operações descritas pelos

fluxogramas das figuras 12, 13 e 14.

3 O acesso a estas informações pode ser feito pelo endereço <http://www.previdencia.gov.br/servicos/crps> para os casos de recurso, <http://www.previdencia.gov.br/servicos/consit1> para os casos de concessão inicial de benefícios, e <http://www.previdencia.gov.br/servicos/consit02> para os casos de revisão. Vale ressaltar que em nenhum destes casos a consulta busca informações do SIPPS, mas sim do SUB – Sistema Único de Benefícios.

64

Figura 12: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 1.

Fonte: Primária, 2006.

Figura 13: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 2 (recurso).

Fonte: Primária, 2006.

65

Figura 14: fluxograma de dados e atividades do controle interno – parte 3 (cobrança).

Fonte: Primária, 2006.

Algumas considerações devem ser feitas para melhor entendimento dos fluxogramas

apresentados nas figuras 12, 13 e 14: nos casos em que é determinado o final do processo pela

etapa “arquivar”, onde são precedidos de envio à outra seção, subentende-se que uma cópia

do processo administrativo na íntegra é enviada, mantendo-se o original na APS. Com

exceção do MPF – Ministério Público Federal, JRPS – Junta de Recursos da Previdência

Social e CAJ – Câmara de Julgamento, que requerem o envio dos originais, ocasião em que

uma cópia é mantida na APS para eventuais consultas.

Quando um processo administrativo é arquivado pelo controle interno, significa que

não serão mais processadas informações por este setor. O envio a outras seções significa, em

linguagem industrial, “produto acabado”. Porém, eventuais devoluções podem ser feitas

quando alguma não-conformidade é detectada, necessitando de retrabalho. Os vistos das

chefias, inclusive da GEX, servem como controle de qualidade. As seções mencionadas nos

66

fluxogramas (MPF, Procuradoria, Receita Previdenciária e DIVAT4) podem ser consideradas

como empresas clientes, pois são tidas ou como staff, ou como órgãos totalmente distintos que

não fazem parte do organograma do MPS.

As correspondências são emitidas em três vias, sendo uma destinada ao beneficiário,

outra para constar no processo administrativo, e outra para a pasta de ofícios numerados. O

próprio destinatário da correspondência precisa assinar o AR, caso contrário, a publicação do

edital em jornal de maior circulação na região é obrigatória. Em razão disto, a maioria dos

casos precisa passar por esta etapa do fluxograma.

Pedidos de defesa ou recurso sempre são protocolados no SIPPS, pois facilita a

localização do documento apresentado ao final do prazo pelo servidor, além de garantir ao

beneficiário o registro do pedido em época própria.

7.1.3 Gerenciamento

As atividades desenvolvidas pelo Controle Interno na APS são monitoradas por um

supervisor situado na GEX, visando a uniformização dos atos, adequação das diretrizes,

propor melhorias nos sistemas informatizados, e orientar quanto à execução das atividades. A

supervisão pode ser feita à distância, avaliando através dos sistemas corporativos a

necessidade ou não de se fazer uma supervisão in loco.

Ao supervisor cabe a coleta de amostras em cada ponto relevante de controle,

observando principalmente quais espécies de benefício serão analisadas, para dimensionar o

trabalho a ser executado. Todas as espécies poderão ser contempladas, podendo a ação ser

4 A DIVAT é uma subseção da Procuradoria Federal Especializada, que por sua vez é órgão de apoio da autarquia. A Receita Previdenciária foi recentemente desvinculada do INSS, e mantida como Secretaria do MPS, através da Lei n. 11.098 de 13 de janeiro de 2005.

67

separada pela distinção das espécies agrupadas por características, ou seja, aposentadorias,

benefícios por incapacidade, assistenciais, e assim por diante.

Os resultados da supervisão são documentados, margeados por datas limites para

cumprimento ou saneamento das disfunções encontradas, em forma de recomendações de

ações preventivas e corretivas. As recomendações devem ser oportunas, pertinentes,

tempestivas e suficientes.

7.1.3.1 Curva ABC dos benefícios pagos

Tendo em vista a limitação de recursos humanos, não é viável, também na relação

custo-benefício, a execução de todo o procedimento de controle interno para qualquer que

seja a irregularidade encontrada. A Orientação Interna não limita as ações a benefícios cujo

prejuízo medido seja considerado alto. Assim, até mesmo irregularidades envolvendo valores

extremamente baixos são passíveis de análise no mesmo rigor de fraudes milionárias. Em

diversas situações observadas, ocorreu a morosidade na apuração de irregularidades de alto

valor a ser recuperado em detrimento do acúmulo de serviço ocasionado por pequenas

irregularidades: revisões de auxílio-doença com redução de renda praticamente insignificante,

geralmente por erro do INSS, ou seja, não existe dolo ou má-fé do beneficiário.5

Em razão dessa limitação humana, a atenção deve ser direcionada aos benefícios cujo

mantimento irregular cause mais danos ao erário, ou seja, aqueles que precisam ser cessados o

mais rápido possível, e cujas providências preventivas são urgentes.

O INSS disponibiliza em sua página de internet os dados de benefícios pagos por ano,

suas quantidades, entre outros detalhes de consulta, como agrupamento de benefícios urbanos

5 Erros bastante comuns são evidenciados em benefícios que sofrem revisão: no ato da concessão nem todos os salários de contribuição informados pela empresa constam no sistema, fazendo com que, no ato da revisão, a inclusão destes resulte em média aritmética (conseqüentemente renda mensal) inferior à concedida. Disto resultam diferenças a serem cobradas dos beneficiários, que precisam passar por todos os procedimentos apresentados nos fluxogramas.

68

e rurais, filtros por Unidade de Federação, por mês, etc. Através destes dados é possível traçar

a classificação ABC dos benefícios, levando em conta o valor pago para cada espécie em

determinado ano, e a quantidade de benefícios mantidos.

No caso do Controle Interno instituído no INSS, que foi criado para atacar

irregularidades em processos que possam comprometer o orçamento e a funcionalidade da

instituição, a classificação ABC pode ser utilizada para focar ações direcionadas ao grupo

mais crítico. O quadro 2 mostra a classificação ABC dos benefícios pagos no INSS para o ano

de 2004, separados por quantidade e valor.

Como esperado, o grupo de aposentadorias e pensões representa a classificação A, ou

seja, possuem renda mensal muitas vezes superior ao valor pago em benefícios assistenciais,

além de serem contínuos, ou seja, são tidos como despesa até o óbito do beneficiário.6

Quadro 2: quantidade e valor dos benefícios pagos em 2004.

Fonte: adaptação de Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social DATAPREV (2006).

6 Exceto pensões por morte pagas a menor de idade, que cessa pela maioridade, ou pela cessação da incapacidade para maiores inválidos, conforme Art. 105 do Decreto 3.048 de 6 de maio de 1999.

69

A partir do Quadro 2, pode ser traçada a curva ABC, nos moldes do capítulo 3,

demonstrada na figura 15, onde o percentual acumulado de valor pago em benefícios por

espécie destaca a importância de maior atenção do controle interno nos itens de classificação

A, pois o valor pago para este grupo corresponde a 67,855% de todo o montante gasto pela

Previdência Social, em apenas três espécies de benefício.

Figura 15: Curva ABC dos benefícios pagos em 2004.

Fonte: Primária, 2006.

7.2 SISTEMA DE PRIORIDADES DO CONTROLE INTERNO

O capítulo 5 demonstrou as várias formas de seqüenciamento de atividades,

priorizando aquelas com menor tempo de produção, ou maior tempo de espera, ou menor data

de entrega, e assim por diante. Todas elas podem usar o recurso visual do gráfico de Gantt,

também explanado no capítulo 5.

As conclusões tomadas pelos diversos autores apontam para o uso da regra de Johnson

como o mais eficiente dos métodos de seqüenciamento. Para o caso da APS Joinville será

70

utilizada uma mistura de GUT, para definição mais rápida do tempo de processamento, e

regra de Johnson para seqüenciar um dia de atividades de montagem e análise, por exemplo,

num mutirão para organizar inicialmente o processo produtivo do Controle Interno.

Em um segundo momento, quando os estoques em excesso estiverem sob controle,

serão utilizados cartões Kanban para melhorar o fluxo das atividades.

7.2.1 GUT dos processos administrativos

A GUT, apesar de introduzida por alguns autores como ferramenta de qualidade, onde

são analisadas gravidade, urgência e tendência de um problema identificado, pode

perfeitamente ser utilizada como ferramenta de Controle Interno para avaliar quais processos

administrativos serão analisados por primeiro. Isto porque o Controle Interno é um meio de

resolução de problemas identificados, ou seja, cabe a ele decidir quais problemas serão

resolvidos e em que seqüência.

Para facilitar ao operador a mensuração dos parâmetros G, U e T, foi desenvolvida a

tabela mostrada na figura 16, no aplicativo Microsoft Excel, onde serão respondidas questões

de simples identificação, apondo a letra “x” na coluna SIM quando a resposta for positiva, e

deixando-a em branco quando a resposta for negativa. Automaticamente, o Microsoft Excel

realizará o cálculo da GUT, já condicionado à impossibilidade de possuir quaisquer dos

parâmetros G, U e T igual a zero, ou seja, terão o valor mínimo igual a 1.

71

Figura 16: GUT de processo administrativo de Controle Interno calculada pelo Microsoft Excel.

Fonte: Primária, 2006.

7.2.1.1 Parâmetro G

Para os processos administrativos de Controle Interno, a gravidade, ou seja, o fato de

causar demasiado prejuízo à instituição, pode ser avaliada respondendo às questões:

a) benefícios envolvidos maior que cinco? Ocorrência freqüentemente notada

pelos órgãos fiscalizadores (Ouvidoria, APE/FT-SC, DIRBEN, MPF), ou até

mesmo pela APS, ou denúncias anônimas por carta, que agrupam mais que

cinco benefícios irregulares de recebedores diferentes;

b) benefícios envolvidos maior que dez? Identificados da mesma forma que na

alínea “a”, porém agrupando mais de dez benefícios. Cabe ressaltar que a

resposta positiva para esta pergunta obriga a resposta positiva da pergunta

72

anterior pois, se existem mais de dez benefícios envolvidos numa mesma

irregularidade, são necessariamente maiores que cinco;

c) envolve servidor? São casos onde a ocorrência em si já identifica a má

conduta do servidor, expressamente em despacho, caso em que resultará,

inclusive, em envio à Corregedoria, causando mais custas ao Governo para

apurar a prática. Por definição, os casos de irregularidade que envolve dolo ou

má fé do servidor são fraudulentos, ou seja, receberão resposta positiva neste

quesito e também no de alínea “d”;

d) possível fraude? Além do envolvimento do servidor, outros casos de fraude

podem ser identificados, como o uso de documentos falsos para concessão de

benefício, declarações que omitem dados intencionalmente, envolvimento de

instituições bancárias no recebimento indevido, falsidade ideológica, entre

várias outras ocorrências que resultam em envio ao MPF, para apuração de

crime.

7.2.1.2 Parâmetro U

A urgência na resolução de um processo de Controle Interno diz respeito à imediata

ação do servidor, pois serão cobradas respostas de instâncias superiores quanto ao andamento.

Além disto, o prazo prescricional deve ser levado em conta7:

a) recebedor idoso? Quando um recebedor de quantias indevidas é um idoso,

significa que existe pouco tempo hábil para reconstituir os créditos. Ou seja,

devido à baixa expectativa de vida do interessado, existe urgência na cobrança,

pois o óbito do mesmo pode impossibilitar o INSS de reaver seus créditos.

7 De acordo com Art. 347-A, 348 e 349 do Decreto n. 3.048 de 6 de maio de 1999, a Previdência Social pode anular os atos administrativos favoráveis aos beneficiários, apurar, constituir ou cobrar créditos no prazo de dez anos.

73

Este é um parâmetro utilizado também no Poder Judiciário para priorizar ações

judiciais;

b) DIB – Data do Início do Benefício maior que cinco anos? Se um benefício

irregular já está ativo há mais de cinco anos, significa que existe tempo hábil

para cobrança de apenas mais cinco, incluindo cobranças judiciais. Assim, a

resposta positiva para esta pergunta acarreta mais um grau de urgência;

c) Valor a restituir? Nem todos os processos de irregularidade possuem valores a

restituir, pois muitas vezes a fraude ou documentação irregular é identificada

antes mesmo de conceder o benefício. Os benefícios com mais urgências,

então, são aqueles com valor a restituir;

d) Ouvidoria/APE-FT/DIRBEN/MPF? Se alguns destes órgãos identificou a

irregularidade processual, então a resolução é urgente, pois constantemente

são solicitados relatórios sobre o andamento dado em cada caso.

7.2.1.3 Parâmetro T

A ocorrência de certas irregularidades em benefícios pode ou não gerar tendência de

novas ocorrências, ou de piorar o prejuízo causado.

a) envolve falha no sistema? Na grande maioria dos casos em que um benefício é

revisto, com redução de renda mensal, é observado erro no sistema em não

buscar na base de dados do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais

- alguns dos salários de contribuição do segurado, pagos em carnê ou pela

empresa. Este, entre outros casos com erros de sistema é de urgente resolução,

pois a tendência é de ocorrer o mesmo erro em muitos outros benefícios. A

resolução imediata deste processo administrativo de irregularidade resultará

em recomendações da supervisão para que a DATAPREV faça as devidas

alterações no sistema.

74

b) Envolve documentos falsos? Quando são evidenciados documentos falsos,

existe a tendência de que o falsificador continue a agir, indiscriminadamente,

em outros benefícios.

c) Benefício irregular ativo?8 A dívida do beneficiário tende a subir se o

benefício irregular permanecer ativo, o que piora a possibilidade de cobrança

com o passar do tempo.

7.2.2 Regra de Johnson para seqüenciamento em massa

A regra de Johnson, como apresentada no sub-capítulo 5.2.3, é idealizada para

programar atividades seqüenciais, onde vários trabalhos deverão ser processados em dois

centros.

Considerando que, atualmente, o serviço de controle interno da APS Joinville está

distribuído com estoque excessivo entre processos, será preciso descongestionar a parte que

contém mais atividades pendentes e, para isto, convém utilizar a regra de Johnson para melhor

aproveitamento do tempo produtivo.

O setor de Controle Interno da APS Joinville tem pouco tempo de existência, ou seja,

nenhum servidor era responsável pela apuração de irregularidades em benefícios até cerca de

dois anos atrás. Assim, toda a demanda de serviço foi “empurrada” para a montagem, parte do

processo que acumula mais serviço atualmente.

A montagem compete ao estagiário, seguida pela análise inicial, que compete a

qualquer um dos dois servidores do Controle Interno. A visualização desta precedência de

atividades pode ser observada no fluxograma da figura 12.

8 O processo administrativo de irregularidade somente permite a suspensão do pagamento após o fornecimento de prazo e julgamento da defesa.

75

O estagiário leva, em média, dez segundos para montar cada folha, mais um tempo

padrão de três minutos para encapar e cadastrar no SIPPS. Para o caso da análise inicial, o

valor obtido com a GUT pode ser utilizado para cálculo do tempo de processamento.

A prática demonstra que um processo com GUT máxima, ou seja, envolvendo todos

os parâmetros apresentados, leva em torno de três horas para ser analisado. Assim, uma regra

de três pode ser introduzida para transformar a GUT em tempo de processamento.

O caso hipotético demonstrado a seguir ilustra o cálculo do tempo de processamento

das duas operações:

a) benefício: auxílio-reclusão com DIB em 20/12/2004;

b) recebedora: mãe do recluso com 70 anos de idade;

c) identificação: APE, durante apurações que resultaram em três casos para a APS

Joinville;

d) irregularidade: causada pela não suspensão do benefício pelo sistema após três

meses sem o comparecimento da recebedora ao INSS para renovação do direito,

tendo em vista a greve dos servidores em 2005;9

e) quantidade de folhas a serem montadas: 20.

O tempo de processamento da montagem, em minutos, será igual a 20 folhas x 1/6 de

minuto + 3 minutos, resultando em aproximadamente 6’30”. Já para a análise inicial, a GUT

calculada é 9, conforme ilustrado na figura 16. Assim, considerando que são precisas três

horas (180 minutos) para um processo de GUT 125, pela regra de três, um processo com GUT

9 será processado pela análise inicial em aproximadamente 13 minutos.

9 O Art. 117 §1o. do Decreto n. 3.048 de 6 de maio de 1999 determina que o beneficiário deve apresentar trimestralmente atestado de reclusão emitido pelo presídio. A cada apresentação deste documento, o servidor insere no sistema a data da apresentação, que permite a geração de mais três meses de pagamento. Durante a greve dos servidores, esta obrigatoriedade foi desabilitada para não prejudicar o direito dos beneficiários.

76

Outros quatro casos a serem processados no mesmo dia compõem a tabela da figura

17, onde a regra de Johnson foi utilizada para a construção otimizada do gráfico de Gantt.

Figura 17: Regra de Johnson e gráfico de Gantt para situação hipotética do controle interno.

Fonte: Primária, 2006.

O tempo total de processamento encontrado foi de 127 minutos, correspondente à

soma dos tempos de processamento da análise inicial (121 minutos), mais o tempo ocioso de

seis minutos para aguardar a atividade precedente.

7.3 O KANBAN COMO FERRAMENTA DO CONTROLE INTERNO

O sistema Kanban, conforme explanado no capítulo 6, será abordado no estudo de

caso do serviço de Controle Interno da APS Joinville, demonstrando o funcionamento e

operacionalização no setor. Dentre as formas de se realizar o kanban, ou seja, com um ou dois

tipos de cartão, será realizado no setor, inicialmente, o cartão único (produção).

77

Entende-se que, quando existem postos de trabalho fisicamente distantes, a forma

ideal de se trabalhar com Kanban é o uso de cartões de produção e de movimentação. No caso

do controle interno, apensar de haver movimentação dos materiais para outros setores

localizados, principalmente, em Florianópolis e em Brasília, o método será usado somente

internamente, ou seja, como ferramenta de produção local. Assim, a produção interna será

puxada, e quando tramitada para outros setores, será empurrada.

A extensão para outros tipos de serviço ou outras instâncias depende de aprovação

política e orçamentária. Porém, é de conhecimento público a aplicação de metodologias

peculiares a cada local de trabalho nos postos do INSS, como foi o caso do PGA – Programa

de Gestão do Atendimento10, onde a iniciativa partiu dos próprios servidores em uma agência

de São Paulo, sendo a idéia aprovada pelo Governo e pela administração, e estendida para

várias unidades em todo o Brasil.

7.3.1 Tamanho do lote

A atividade final, ou seja, aquela que dará o disparo para que a produção seja iniciada

é a de arquivamento. Para o arquivamento é definida uma quantidade ideal de processos

administrativos a serem finalizados por dia, calculada conforme fórmula apresentada por

Martins e Laugeni (2001) no sub-capítulo 6.3.4:

n = DT n = 10 x 1 = 10 C 1

10 O PGA surgiu de uma idéia dos próprios servidores da APS de São Paulo, sendo implantado em cinco agências piloto em 2004. O governo, deparando-se com os resultados positivos do programa, estendeu o programa para todo o Brasil, através da Portaria MPS n. 1.485 de 1o. de setembro de 2005.

78

Ou seja, como estamos tratando de lotes unitários (C = 1) e existe uma demanda diária a ser

cumprida em um dia por ciclo (T = 1). A figura 18 mostra as demais operações do controle

interno, desenvolvidas em três centros diferentes.

Figura 18: operações do Controle Interno da APS Joinville em três centros.

Fonte: Primária, 2006.

7.3.2 Informações no cartão

Um cartão Kanban de Controle Interno necessita de dois tipos de informações:

79

a) de tramitação: devem ser visíveis as atividades anteriores e posteriores, tantas

quanto for possível. Isto auxilia o operador a localizar exatamente qual dos

processos administrativos em estoque sofrerá alteração, selecionando, no caso

da figura 19, entre os supermercados B4 e B5, a peça de maior GUT;

b) de identificação: que consiste no preenchimento do kanban para envio ao

supermercado, identificando o interessado, numeração de benefício, espécie,

comando do SIPPS, GUT e data do despacho. Este último servirá como

critério de desempate quando existirem duas ou mais GUT iguais, única

ocasião em que será usada a regra PEPS.

Figura 19: modelo de cartão kanban para Controle Interno da APS Joinville.

Fonte: Primária, 2006.

Cada um dos tipos de serviço (A1, A2, B1..B5, C1..C7) deve possuir um tipo de cartão

diferente. No caso da figura 19, o cartão circulará entre o supermercado de análises de defesa

80

finalizadas e o painel porta-kanban A. Da mesma forma ocorrerá para os demais tipos de

cartão.

7.3.3 Simulação

Quando a GEX envia um Memorando com quatro benefícios irregulares ao Controle

Interno da APS, significa que quatro processos administrativos de irregularidade precisam ser

arquivados. Em outras palavras, a produção é disparada pela última atividade, a de

arquivamento. Desta forma, o operador C, responsável pela atividade C7 (arquivar), vai aos

supermercados de “produtos acabados” A2 e C4, pois estas são as duas únicas operações

precedentes possíveis para C7, como consta no Kanban. São retirados quatro dos processos

administrativos de maior GUT.

O operador leva consigo os quatro processos administrativos para serem arquivados,

retira os cartões que os identificavam, apagando todas as informações, e deposita os kanbans

em branco no painel correspondente, de baixo para cima. Supõe-se a seleção dos quatro

kanbans encontrados com maior GUT, conforme figura 20.

81

Figura 20: seleção de kanbans com maior GUT dos supermercados – simulação.

Fonte: Primária, 2006.

O operador A, visualizando a nova configuração do painel, agora com outros três

cartões na coluna A2, verifica qual dos serviços (A1 ou A2) está mais próximo do espaço

vermelho. Assim, o operador A recolhe o kanban do painel (neste caso foi selecionado A1),

conforme demonstrado na figura 21 e se dirige aos supermercados precedentes: B4 e B5,

selecionando somente o processo administrativo de maior GUT (B4). Apaga as informações

do kanban B4 e deposita no painel B. Faz a análise da defesa, preenche novamente o kanban

A1 e coloca a disposição no supermercado de análises de defesa acabadas.

Os supermercados são ordenados por operação finalizada e operação subseqüente,

enfileirados em ordem decrescente de GUT. Os mesmos armários de ferro que hoje

armazenam toda a demanda de produção podem ser utilizados como supermercado.

82

Figura 21: movimentação de kanbans depois da chegada de quatro ordens – simulação.

Fonte: Primária, 2006.

83

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O problema apresentado, que consiste em redução do tempo de processamento dos

processos administrativos de Controle Interno do INSS, mostra-se perfeitamente adaptável às

regras e metodologias utilizadas no setor industrial, tendo em vista que as literaturas apontam

o uso a todos os segmentos de mercado. A idéia parte do pressuposto afirmado pelos autores,

que concordam com o uso no setor de serviços, exemplificando-o inclusive, nas suas

prerrogativas.

O estudo de caso apresentado no capítulo 7, além de ilustrar a possibilidade real de

aplicação da teoria apresentada nos capítulos 3, 4, 5 e 6, serve de sugestão para implementar

melhorias em todas as atividades do setor público que envolvam padronização e alto fluxo.

Assim, pode-se entender como padronização de um processo administrativo as fases o

envolvem, pois estas são determinadas por Orientações Internas e afins. O alto fluxo envolve,

principalmente, o fato de cada uma das análises ser feita de forma sucinta e que atenda às

especificidades, além de se observar um volume considerável de itens a ser analisados.

O capítulo 3, que demonstra a forma de cálculo da curva ABC, fundamenta o emprego

de ações, e conseqüentemente investimentos, em análise de espécies de benefícios que custam

mais à Previdência Social se forem mantidos indevidamente. É o caso do recadastramento dos

aposentados e pensionistas, feito anualmente, para que se identifique o cidadão beneficiário

afim de não ocorrer o recebimento após o óbito.11

11 O recadastramento é feito somente em benefícios de aposentadorias e pensões, ou ainda, em benefícios concedidos há muito tempo, cujos dados cadastrais encontram-se incompletos.

84

O fluxograma das atividades desenvolvidas no Controle Interno do INSS serve como

base para montar o sistema Kanban. Nele são observados os requisitos para que uma atividade

seja executada, as atividades precedentes e subseqüentes.

Dentre as regras de prioridades apresentadas no capítulo 5, apenas a regra de Johnson,

a GUT e a PEPS (como critério de desempate) foram introduzidas no estudo de caso do

capítulo 7, porém, em outras atividades do serviço público, as demais podem ser utilizadas,

conforme o caso, inclusive para facilitar ao operador a escolha dos itens. Isto considerando

que o cliente não está presenciando o procedimento, pois a ele sempre parecerá mais justo o

uso do PEPS.

O Kanban, montado a partir do fluxograma de atividades cujo desenvolvimento é

embasado no capítulo 4, seqüenciado pelas regras GUT e PEPS nos supermercados,

embasadas no capítulo 5, e aplicadas, emergencialmente em benefícios cuja classificação

ABC denota grupo “A”, mostra-se de grande utilidade no melhor aproveitamento da mão-de-

obra, tempo e recursos.

85

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