FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

75
Recomendações de Bolso de 2020 da ESC Comissão para as Recomendações Práticas Sociedade Europeia de Cardiologia FIBRILHAÇÃO AURICULAR Recomendações para o diagnóstico e tratamento da fibrilhação auricular VERSÃO PORTUGUESA

Transcript of FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

Page 1: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

Recomendações de Bolso de 2020 da ESCComissão para asRecomendações Práticas

Sociedade Europeia de Cardiologia

FIBRILHAÇÃO AURICULARRecomendações para o diagnóstico e tratamento da fibrilhação auricular

VERSÃOPORTUGUESA

Page 2: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

Tradução: Isabel Moreira RibeiroRevisão: Leonor Parreira, Jorge Ferreira

Coordenação: Jorge Ferreira

Distribuição no âmbito de Colaboração para a formação científica continuada

biénio 2019-2021www.spc.pt

Os Patrocinadores não estiveram envolvidos no conteúdo científico do documento

Patrocínio de:

Page 3: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

97 mm99 mm101 mm

17/11/2020 17:19

1. Tabela de Classes de Recomendações e de Níveis de Evidência da ESC

Tabela 1 Classes de recomendações

Definição Terminologia a utilizar

Classe I Evidência e/ou consenso geral de que determinado tratamento ou intervenção é benéfico, útil e eficaz.

É recomendado ou indicado

Classe II Evidências contraditórias e/ou divergência de opiniões sobre a utilidade/eficácia de determinado tratamento ou intervenção.

Classe IIa Peso da evidência /opinião a favor da utilidade/eficácia

Deve ser considerado

Classe IIb Utilidade/eficácia menos comprovada pela evidência/opinião

Pode ser considerado

Classe III Evidência ou consenso geral de que determinado tratamento ou intervenção não é útil/eficaz e poderá ser prejudicial em certas situações.

Não é recomendado

Tabela 2 Níveis de evidência

Nível de Evidência A

Informação recolhida a partir de vários ensaios clínicos aleatorizados ou meta-análises

Nível de Evidência B

Informação recolhida a partir de um único ensaio clínico aleatorizado ou estudos alargados não aleatorizados

Nível de Evidência C

Opinião consensual dos especialistas e/ou pequenos estudos, estudos retrospetivos e registos

Page 4: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

1

Recomendações de Bolso da ESCRecomendações de 2020 da ESC para o diagnóstico

e tratamento da fibrilhação auricular*Grupo de Trabalho da European Society of Cardiology (ESC)

para o diagnóstico e tratamento da fibrilhação auricular

PresidentesGerhard Hindricks Tatjana PotparaUniversity Clinic of Cardiology School of Medicine, Belgrade UniversityHeart Center Leipzig dr Subotica 8Department of Cardiology and Electrophysiology 11000 Belgrade, SérviaLeipzig Heart Institute Cardiology Clinic, Clinical Centre of SerbiaStrümpellstr. 39 Visegradska 2604289 Leipzig, Alemanha 11000 Belgrade, SérviaTel: +49 3418651410 Tel: +38 1113616319Fax: +49 3418651460 E-mail: [email protected]: [email protected]

Membros do Grupo de Trabalho: Nikolaos Dagres (Alemanha), Elena Arbelo (Espanha), Jeroen J. Bax (Holanda), Carina Blomström-Lundqvist (Suécia), Giuseppe Boriani (Itália), Manuel Castella1 (Espanha), Georghe-Andrei Dan (Roménia), Polychronis E. Dilaveris (Grécia), Laurent Fauchier (Fran-ça), Gerasimos Filipatos (Grécia), Jonathan M. Kalman (Austrália), Mark La Meir1 (Bélgica), Deirdre A. Lane (Reino Unido), Jean-Pierre Lebeau (França), Maddalena Lettino (Itália), Gregory Y. H. Lip (Reino Unido), Fausto J. Pinto (Portugal), G. Neil Thomas (Reino Unido), Marco Valgimigli (Suíça), Isabelle C. Van Gelder (Holanda), Bart P. Van Putte1 (Holanda), Caroline L. Watkins (Reino Unido).1Em representação da European Association for Cardio-Thoracic Sugery (EACTS)

Entidades da ESC que participaram no desenvolvimento deste documento:Associações: Association for Acute CardioVascular Care (ACVC), Association of Cardiovascular Nursing & Allied Professions (ACNAP), European Association of Cardiovascular Imaging (EACVI), European Association of Preventive Cardiology (EAPC), European Association of Percutaneous Cardiovascular Interventions (EAPCI), European Heart Rhythm Association (EHRA), Heart Failure Association (HFA).

Conselhos: Council on Stroke, Council on Valvular Heart Disease.

Grupos de Estudo: Cardiac Cellular Electrophysiology, Cardiovascular Pharmacotherapy, Cardiovascular Surgery, e-Cardiology, Thrombosis.

Membros da ESC: Veronica Dean, Erika Matuizaite, Catherine Després (Sophia Antipolis, França), Matthieu Depuydt (Bruxelas, Bélgica).

Um agradecimento especial a Iain Simpson pela sua contribuição.

*Adaptado das Recomendações de 2020 da ESC para o diagnóstico e tratamento da fibrilhação auricular (European Heart Journal; 2020 – doi/10.1093/euheartj/ehaa612).

Desenvolvidas em colaboração com a European Association for Cardio-Thoracic Surgery (EACTS) e com a contribuição especial da European Heart Rhythm Association (EHRA) da ESC

Page 5: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

2

Índice

Tabelas das Classes de Recomendações e de Nível de Evidência da ESC ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... Interior da capa

1. Introdução ..................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 3

2. Definição e diagnóstico de fibrilhação auricular................................................................................................................................................................................... 3

3. Epidemiologia .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 7

4. Características clínicas da fibrilhação auricular ................................................................................................................................................................................. 8

5. Subtipos, carga e progressão da fibrilhação auricular, ....................................................................................................................................... 10

6. Rastreio da FA ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 12

7. Avaliação diagnóstica da fibrilhação auricular ..................................................................................................................................................................................... 13

8. Tratamento integrado de doentes com fibrilhação auricular ..................................................................................................... 15

9. Tratamento do doente – estratégia integrada ABC ............................................................................................................................................................. 15

9.1 «A» - Anticoagulação/Evitar acidente vascular cerebral ..................................................................................... 16

9.2 «B» Better/Melhor controlo dos sintomas ....................................................................................................................................................................... 24

9.3 «C» Fatores de risco cardiovasculares e doenças concomitantes – deteção e tratamento ................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 52

10. A estratégia ABC em contextos clínicos/situações/populações de doentes específicos ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 54

10.1. Fibrilhação auricular com instabilidade hemodinâmica ........................................................................................... 54

10.2 Síndrome coronária aguda, intervenção coronária percutânea e síndrome coronária crónica nos doentes com fibrilhação auricular ................... 54

10.3 Acidente vascular cerebral agudo ou HIC nos doentes com fibrilhação auricular .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 56

10.4 Hemorragia ativa sob terapêutica anticoagulante – tratamento e agentes reversíveis ............................................................................................................................................................................................................................................................................................. 58

10.5 Fibrilhação auricular e doença valvular cardíaca ............................................................................................................................... 60

10.6 Fibrilhação auricular e cardiopatia congénita ................................................................................................................................................. 60

10.7 Fibrilhação auricular durante a gravidez ................................................................................................................................................................................... 61

10.8 Fibrilhação auricular pós operatória ...................................................................................................................................................................................................... 62

11. Medidas de qualidade e indicadores de desempenho clínico no tratamento da fibrilhação auricular .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 63

12. Epidemiologia, implicações clínicas e tratamento de episódios de arritmias auriculares de frequência elevada/fibrilhação auricular subclínica ........................................................... 64

Page 6: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

3

1. IntroduçãoA fibrilhação auricular (FA) constitui uma carga significativa para os doentes, médi-cos e sistemas dos cuidados de saúde. A complexidade da FA requer uma abordagem multifacetada, holística e multidisciplinar. Nos últimos anos, foi desenvolvido um pro-gresso substancial na deteção da FA e no seu tratamento, e estas novas evidências foram integradas nesta 3.ª edição das recomendações da European Society of Car-diology (ESC) sobre FA. Refletindo a contribuição multidisciplinar para o tratamento de doentes com FA e a interpretação de evidências recentes, o Grupo de Trabalho inclui cardiologistas, peritos em subespecialidades variadas, cirurgiões cardíacos, metodologistas e enfermeiros especializados entre os seus membros.

2. Definição e diagnóstico de fibrilhação auricularA definição de FA requer a documentação do ritmo com um traçado eletrocardiográ-fico que comprove a existência de FA. Diversos dispositivos implantados e monitores portáteis junto ao corpo permitem a deteção de episódios de arritmias auriculares de frequência elevada/fibrilhação auricular subclínica. Com a disponibilidade cres-cente de tais dispositivos, o uso adequado de termos específicos é crucial de modo a evitar mal entendidos, classificações incorretas e tratamento inapropriado.

Tabela 1 Definição de fibrilhação auricular

Definição

FA Taquiarritmia supraventricular com ativação auricular elétrica descoordenada e por consequência uma contração auricular ineficaz.

As características eletrocardiográficas da FA incluem:• Intervalos R-R irregularmente irregulares (quando a condução

auriculoventricular não está comprometida),• Ausência de ondas P distintas repetidas, e• Ativações auriculares irregulares.

Termos utilizados atualmente

FA clínica FA sintomática ou assintomática, documentada por um eletrocardiograma (ECG) de superfície.

A duração mínima de uma FA num traçado ECG necessária para estabelecer o diagnóstico de FA clínica é pelo menos de 30 segundos, ou um ECG completo de 12 derivações.

Page 7: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

4

Tabela 1 Definição de fibrilhação auricular (continuação)

Termos utilizados atualmente (continuação)

AAFE,FA subclínica

Refere-se a indivíduos sem sintomas atribuíveis a FA, em que a FA clínica NÃO foi previamente detetada (isto é, não há traçado de FA num ECG de superfície).

AAFE – eventos que preenchem os critérios programados ou específicos para AAFE que são detetados por DCEIs através de um elétrodo auricular permitindo a monitorização contínua automatizada do ritmo auricular e o armazenamento dos traçados. As AAFE registadas no DCEI necessitam de ser inspecionadas visualmente porque algumas AAFE podem parecer artefactos elétricos/falsos positivos.

A FA subclínica inclui a AAFE que se confirma ser FA, FLA ou uma TA ou por episódios de FA, detetados através de um monitor cardíaco implantável ou de um monitor portátil externo e confirmada por análise visual de eletrogramas intracardíacos ou do ritmo registado num ECG.

O critério da frequência programada pelo dispositivo para AAFE é ≥ 175 bpm, já que não há limite de frequência específico para a FA subclínica.

O critério para a duração da AAFE é geralmente estabelecido ≥ 5 min (sobretudo para reduzir a inclusão de artefactos), já que uma extensa variedade de cut-offs com duração da FA subclínica (de 10-20 segundos a > 24 horas) é registado em estudos sobre a associação entre a FA subclínica e o tromboembolismo. A duração apresentada refere-se ou ao episódio simples mais longo ou, mais comummente, à duração total da AAFE/FA subclínica durante o período específico de monitorização.

Embora não completamente idênticos, os termos AAFE e FA subclínica são frequentemente utilizados de forma intermutável (neste documento o termo combinado AAFE/FA subclínica será utilizado por questões práticas).

Enquanto uma grande evidência de alta qualidade proveniente dos ECAs fornecendo informação sobre o tratamento de doentes com FA pertence exclusivamente à FA «clínica» (isto é, a documentação eletrocardiográfica sobre a FA foi um critério de inclusão obrigatório naqueles ECAs), dados sobre o tratamento otimizado da AAFE e sobre a FA subclínica escasseiam. Por este motivo, a FA é atualmente descrita ou como «clínica» ou como «AAFE/subclínica», até estarem disponíveis os resultados de diversos ECAs em curso com o objetivo de informar sobre o tratamento de AAFE e sobre a FA «subclínica».

AAFE = arritmias auriculares de frequência elevada; bpm = batimentos por minuto; DCEI = dispositivo cardíaco eletrónico implantável; ECAs = ensaios controlados aleatorizados; ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; FLA = flutter auricular; TA = taquicardia auricular.

Page 8: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

5

Recomendações para o diagnóstico de FA

Recomendações Classea Nívelb

A documentação eletrocardiográfica é necessária para esta-belecer o diagnóstico de FA

• Um ECG de 12 derivações ou um traçado com uma única deri-vação simples do ECG ≥ 30 segundos mostrando um ritmo cardíaco sem evidenciar ondas P repetidas e com intervalos RR irregulares (quando a condução auriculoventricular não está comprometida) constitui diagnóstico da FA.

I B

ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular.aClasse de recomendação.bNível de evidência.

Page 9: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

6

AAFE = arritmias auriculares de frequência elevada; DCEI = dispositivo cardíaco eletrónico implantável; ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; MCI = monitor cardíaco implantável.

Os DCEIs com um elétrodo auricular podem monitorizar o ritmo auricular e armazenar os traçados. Os MCIs não têm elétrodos intracardíacos, mas monitorizam permanentemente a atividade elétrica cardíaca ao registar e analisar um ECG de superfície bipolar de uma única derivação baseado num algoritmo específico.

Imagem em baixo à esquerda: pacemaker com um elétrodo na aurícula direita e um elétrodo ventricular direito no ápex do ventrículo direito. Para além do pacing em ambos os locais, estes elétrodos podem detetar atividade na respetiva câmara cardíaca. O dispositivo pode detetar também eventos pré programados, tais como as AAFE.

Imagem em baixo à direita: MCI subcutâneo: estes equipamentos não têm elétrodos intracardíacos e registam essencialmente um ECG de superfície, bipolar de uma derivação com algoritmos integrados para deteção de AAFE ou de FA.

Figura 1 Diagnóstico de AAFE/fibrilhação auricular subclínica

Confirmado pelo médico: • Eletrogramas com AAFE registadas no DCEI

ECG mostrando FA (médico-confirmado)

Sem sintomas atribuíveis à FA e NÃO diagnosticados previamente com a FA clínica

• ECG de 12 derivações convencional completo, ou

• Uma faixa no ECG de FA durante ≥ 30 s (incluindo ECGs registados por dispositivos automáticos)

• Sintomas de FA presentes ou ausentes

Ventrículo direito

ECG

Sem FA no ECG

FA Subclínica

FA clínica

Tratar a FA

Pacemaker/desfibrilhador implantável inserido

sob a pele

• FA registada no MCI

Monitor CardíacoImplantável (MCI)

Elétrodos no coração

Aurícula direita

Page 10: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

7

DPOC

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA

APNEIA OBSTRUTIVA

DO SONO

OBESIDADE

DOENÇA AGUDA,

CIRURGIA

DOENÇA VASCULAR (aterosclerose

subclínica)

DOENÇA ARTERIAL

CORONÁRIA

DOENÇAS INFLAMATÓRIAS

(Casos limites) HIPERTENSÃO

DOENÇA VALVULAR

Inatividade/atividade intensa

FÍSICAS

(Pré) DIABETES

PERFIL LIPÍDICO

FAGENÉTICA

ENVELHECIMENTO

GÉNERO MASCULINO

ETNIA

TABAGISMODOENÇA RENAL

CRÓNICA

CONSUMO DE ÁLCOOL

3. Epidemiologia

Figura 2 Síntese dos fatores de risco para a ocorrência da FA

DPOC = doença pulmonar obstrutiva crónica; FA = fibrilhação auricular.

Page 11: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

8

Assintomático ou Silencioso (!)

Sintomático

Hemodinamicamente instável

• Síncope

• Hipotensão sintomática

• IC aguda, edema pulmonar

• Isquemia do miocárdio em curso

• Choque cardiogénico

Palpitações, dispneia, fadiga,

Aperto/dor no tórax, má tolerância ao esforço, tonturas, síncope, distúrbios do sono, etc.

Hemodinamicamente estável

Resultados relacio-nados com a FA

Frequência em presença de FA Mecanismo(s)

Morte Aumento de 1,5 a 3,5

Excesso de mortalidade relacionada com:• IC, comorbilidades• Acidente vascular

cerebral

Acidente vascular cerebral

20 – 30% de todos os acidentes vas-culares cerebrais isquémicos, 10% de acidentes vas-culares cerebrais criptogénicos

• Cardioembólico ou• Relacionado com

ateroma vascular coexistente

Disfunção VE/Insu-ficiência cardíaca

Em 20 – 30% de todos os doentes com FA

• Frequência ventricular excessiva

• Contrações ventricula-res irregulares

• Uma causa primária subjacente de FA

Declínio cognitivo/Demência vascular

FC de 1,4/1,6 (independen-temente da história de aci-dente vascular cerebral)

• Lesões de substância branca no cérebro, inflamação

• Hipoperfusão• Microembolismo

Depressão Depressão em 16-20% (mesmo ideação suicida)

• Sintomas graves e QdV diminuída

• Efeitos colaterais dos fármacos

Qualidade de vida diminuída

>60% dos doentes

• Relacionada com a car-ga da FA, comorbilida-des, atitude psicológi-ca e medicação

• Tipo de personalidade angustiada

Internamentos 10 – 40% de taxa de internamento anual

• Tratamento da FA, relacionado com IC, EM ou sintomas rela-cionados com FA

• Complicações relacionadas com o tratamento

Figura 3 Apresentação clínica da fibrilhação auricular e eventos relacionados com a FA

4. Características clínicas da fibrilhação auricular

Apresentação clínica RESULTADOS relacionados com a FA

Page 12: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

9

Figure 3 Figura 3 Apresentação clínica da fibrilhação auricular e eventos relacionados com a FA

EM = enfarte do miocárdio; FA = fibrilhação auricular; HR = Hazard Ratio; IC = insuficiência cardíaca; QdV = qualidade de vida; VE = ventrículo esquerdo.

Os doentes com FA podem ter vários sintomas, mas 50 – 87% são inicialmente assintomáticos, com a possibilidade de um diagnóstico menos favorável. Os primeiros sintomas de FA não são bem estudados, podem alterar-se com os tratamentos e as recidivas da FA são geralmente assintomáticas.

Acidente vascular cerebral/embolia sistólica: o risco de acidente vascular cerebral anual relacionado com FA nos doentes com FA depende das comorbilidades. Os acidentes vasculares cerebrais cardioembólicos associados à FA são geralmente graves, altamente recorrentes, muitas vezes fatais ou associados a uma incapacidade permanente. Num registo populacional , os doentes com FA de novo apresentavam também taxas acrescidas de embolia sistémica.

Disfunção ventricular esquerda (VE) e IC: mecanismos múltiplos associados a FA/alterações do miocárdio podem conduzir à disfunção do ventrículo esquerdo e à IC, resultando na prevalência elevada e na incidência de IC entre os doentes com FA. Partilhando fatores de risco comuns, a FA e a IC coexistem muitas vezes ou podem precipitar-se/exacerbar-se uma à outra, resultando numa mortalidade significativamente superior à de qualquer uma das situações isoladas.

Internamento: cerca de 30% dos doentes com FA foram pelo menos internados uma vez e 10% passaram por ≥ 2 internamentos hospitalares por ano, correspondendo ao dobro dos internamentos emparelhados por idade e género dos indivíduos sem FA (37,5% versus 17,5%, respetivamente). Numa coorte nacional, a FA foi a causa principal de internamento em 14% dos doentes hospitalizados, sendo, no entanto a sua mortalidade intrahospitalar < 1%. As razões mais comuns do internamento de doentes com FA foram os distúrbios cardiovasculares (49%), causas não cardiovasculares (43%) e hemorragias (8%).

Qualidade de vida e estado funcional: > 60% dos doentes com FA têm QdV/tolerância ao exercício comprometidos, mas apenas 17% apresentam sintomas de incapacidade. A QdV é significativamente inferior nas mulheres, nos indivíduos jovens e nos que têm comorbilidades. A carga de FA pode também afetar a QdV, mas apenas a função psicológica foi predizente duma forma consistente dos sintomas e da QdV. Os doentes com FA desenvolveram mais vezes perturbações de ansiedade, têm uma carga mais elevada de sintomas de depressão e uma QdV pior com uma personalidade caracterizada por sintomas de angústia (Tipo D). Os sintomas chave e os condicionantes da QdV são importantes para identificar o tratamento otimizado da FA. É também importante confirmar que os sintomas estão relacionados com a FA ou, se ausentes, excluir uma adaptação subconsciente de viver com capacidade física subotimizada revelando falta de ar ou fadiga em esforço e registo de possíveis melhorias após a cardioversão.

Défice cognitivo/demência: A FA pode conduzir a um défice cognitivo variando desde a disfunção ligeira até à demência em resultado de um acidente vascular cerebral clinicamente aparente ou silencioso ou através de vias independentes do acidente vascular cerebral, insuficientemente compreendidas. Estudos com ressonância magnética (RM) mostraram que a FA está associada a um aumento superior ao dobro das probabilidades de ter isquemia cerebral silenciosa. Um documento de consenso efetuado por peritos resumiu os dados disponíveis.

Mortalidade: A FA está independentemente associada a um risco duplamente superior da mortalidade por todas as causas nas mulheres e a um aumento de 1,5 nos homens com um aumento global de 3,5 do risco de mortalidade. Embora a explicação mecanicista para esta associação seja multifacetada, as comorbilidades associadas têm um papel importante. Num estudo recente, as causas mais comuns de morte entre os doentes com FA foram a IC (14,5%), neoplasia maligna (23,1%) e infeção/sepsis (17,3%), enquanto a mortalidade relacionada com o acidente vascular cerebral foi de 6,5%. Estes e outros dados recentes indicam que, em adição ao tratamento da anticoagulação e da IC, as situações de comorbilidades necessitam de ser efetivamente tratadas com empenho para reduzir a mortalidade relacionada com a FA.

Page 13: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

10

5. Subtipos, carga e progressão da fibrilhação auricular Tradicionalmente, são distinguidos cinco padrões de FA, baseados na apresentação, duração e cessação espontânea dos episódios de FA. Apesar da prática, esta clas-sificação tem limitações significativas e as recomendações para o tratamento da FA não são baseadas apenas nos padrões temporais da FA. Como ferramenta para agilizar a avaliação dos doentes com FA a diferentes níveis dos cuidados de saúde,

Figura 4 O esquema dos 4S-FA como um exemplo da caraterização estruturada da FA

Risco deStroke*

(St)

Severidade dos

Sintomas(Sy)

• Assintomático/ligeiramen-te sintomático

• Moderado• Grave ou sem capacidade

DES

CR

IÇÃ

O

Risco verdadeiramente baixo de acidente vascular cerebral• Sim• Não

Score CHA2DS

2-VASc

Ferr

amen

ta(s

) de

aval

iaçã

o co

mum

men

te u

tiliz

ada(

s) Score dos sintomas da EHRA

Questionários sobre a QdV

AE = aurícula esquerda; CHA2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca congestiva, Hipertensão, Idade ≥ 75,

Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74 , Género (feminino); EHRA = European Heart Rhythm Association; ETE = ecocardiografia transesofágica; *Em português o termo stroke significa acidente vascular cerebral. O termo foi mantido em inglês na sequência do título da figura.

Page 14: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

11

a tomada de decisão sobre o tratamento e para facilitar o tratamento otimizado dos doentes com FA, as Recomendações de 2020 da ESC sobre FA introduziram o esquema da FA-4S para a caracterização da FA que considera o risco de acidente vascular cerebral (stroke), a severidade dos sintomas, a severidade da carga da FA e a severidade do substrato.

Figura 4 O esquema dos 4S-FA como um exemplo da caraterização estruturada da FA

Severidade do Substrato

(Su)

Severidade da carga da FA

(Sb)

• Imagiologia (ETT, ETE, TC, RM cardíaca), biomarcadores

• Comorbilidades/fatores de risco cardiovasculares

• Miocardiopatia auricular (dilatação/disfunção/fibrose das aurículas)

• Terminando espontaneamente• Duração da FA e densidade dos

episódios por unidade de tempo

• Padrão temporal da FA (Paroxística, Persistente, Persistente de longa duração, Permanente)

• Avaliação clínicaScores de risco da FA acidental,scores de risco da progressão da FA

• Carga total da FA (duração total de FA por período de monitorização, o episódio mais longo, número de episódios, etc.)

FA = fibrilhação auricular; RM = ressonância magnética; QdV = qualidade de vida; TC = tomografia computorizada.

Page 15: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

12

6. Rastreio da FAA disponibilidade das ferramentas de rastreio da FA está a aumentar rapidamente, pelo que a identificação de populações em que se espera que o rastreio seja bené-fico, torna-se particularmente importante. Os tipos e as estratégias de rastreio da FA geralmente utilizados incluem um rastreio ocasional ou sistemático nos indiví-duos acima duma determinada idade (geralmente ≥ 65 anos) ou com outras carac-terísticas sugestivas de risco acrescido de acidente vascular cerebral, utilizando um registo de ECG único ou durante 30 segundos de forma intermitente ao longo de 2 semanas. A frequência adequada de monitorização utilizando smartphones ou relógios não está definida. Há vantagens potenciais, mas também desvantagens ao detetar uma FA previamente não diagnosticada através de rastreio. Avanços na tecnologia portátil irão provavelmente gerar opções económicas e práticas para a deteção da FA e para a avaliação da carga da FA num futuro próximo.

Recomendações para o rastreio de deteção da FA

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se o rastreio oportuno da FA através da medição do pulso ou através de tira de ritmo eletrocardiográfico nos doentes ≥ 65 anos.

I B

Recomenda-se a avaliação de AAFEc através de pacemakers e de cardioversores desfibrilhadores implantáveis com regularidade. I B

Ao fazer o rastreio da FA, recomenda-se que:• Os indivíduos submetidos a rastreio sejam informados sobre o

significado e as implicações do tratamento de deteção da FA.• Uma plataforma de referência estruturada seja organizada

para fazer o rastreio de casos positivos para avaliação clínica adicional conduzida pelo médico para confirmar o diagnóstico de FA e proporcionar um tratamento otimizado de doentes com FA confirmada.

• O diagnóstico definitivo de FA nos casos positivos após rastreio seja estabelecido apenas depois de o médico avaliar o registo do ECG de uma única derivação durante ≥ 30 segundos ou do ECG de 12 derivações e confirmar se revela FA.

I B

Deve ser considerado o rastreio sistemático por ECG para FA nos indivíduos com idade ≥ 75 anos, ou nos que têm risco elevado de acidente vascular cerebral.

IIa B

AAFE = arritmias auriculares de frequência elevada; ECG = eletrocardiograma; FA =fibrilhação auricular.aClasse de Recomendação – bNível de evidência.cConsultar os capítulos 2 para os critérios de diagnóstico de FA e de AAFE e o capítulo 12 para o tratamento de doentes com AAFE.

Page 16: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

13

7. Avaliação do diagnóstico de fibrilhação auricularA FA ocorre muitas vezes nos doentes com fatores de risco cardiovasculares e/ou com comorbilidades e pode ser um marcador de situações não diagnosticadas. Portanto, todos os doentes com FA beneficiarão de uma avaliação cardiovascular abrangente. A extensão desta avaliação depende das características do doente. Um elemento importante é a avaliação rigorosa dos sintomas relacionados com a FA.

Tabela 2 Escala dos sintomas da EHRA

Score Sintomas Descrição

1 Nenhum FA não causa quaisquer sintomas

2a Ligeiro Atividade diária normal não afetada pelos sintomas relacionados com a FA

2b Moderado Atividade diária normal não afetada pelos sintomas relacionados com a FA, mas doente afetado pelos sintomas

3 Grave Atividade diária normal afetada pelos sintomas relacionados com a FA

4 Incapacitante Atividade diária normal interrompida

EHRA =European Heart Rhythm Association; FA = fibrilhação auricular.

Recomendações para avaliação diagnóstica dos doentes com FA

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com FA, recomenda-se:• A avaliação dos sintomas relacionados com a FA (incluindo

a fadiga, cansaço, dificuldade em respirar, palpitações e dor torácica) e a quantificação do estado dos sintomas do doente utilizando a escala de sintomas EHRA modificada antes e após a iniciação do tratamento.

• A avaliação dos sintomas relacionados com a FA antes e após a cardioversão da FA persistente para ajudar as decisões sobre o tratamento do controlo do ritmo.

I C

EHRA =European Heart Rhythm Association; FA = fibrilhação auricular.aClasse de Recomendação.bNível de evidência.

Page 17: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

14

Todo

s os

doe

ntes

com

FA

Doe

ntes

com

FA

sel

ecio

nado

sS

egui

men

to e

stru

tura

do

His

tóri

a m

édic

a:• S

into

mas

rela

cion

ados

com

a F

A• P

adrõ

es d

a FA

• Situ

açõe

s co

ncom

itant

es• S

core

CH

A2DS

2-VA

Sc

ECG

de

12 d

eriv

açõe

s

Funç

ões

tiro

idei

a e

rena

l, el

etró

litos

e h

emog

ram

a co

mpl

eto

Ecoc

ardi

ogra

fia t

rans

torá

cica

• Pa

ra a

sseg

urar

a c

onti

nuaç

ão

do t

rata

men

to o

tim

izad

o

• U

m c

ardi

olog

ista

/esp

ecia

lista

em

FA

coo

rden

a o

segu

imen

to

em c

olab

oraç

ão c

om

enfe

rmei

ros

espe

cial

men

te

trei

nado

s e

com

méd

icos

de

cui

dado

s pr

imár

ios

Mon

itori

zaçã

o co

m E

CG e

m a

mbu

lató

rio:

• Ade

quaç

ão d

o co

ntro

lo d

a fr

equê

ncia

• Rel

acio

nar o

s si

ntom

as c

om a

s re

cidi

vas

de A

F

Ecoc

ardi

ogra

fia t

rans

esof

ágic

a:• D

oenç

a va

lvul

ar c

ardí

aca

• Tro

mbo

no

AA

E

cTnT

-hs,

PC

R, B

NP/

NT-

Pro

BN

PAv

alia

ção

da fu

nção

cog

niti

va

Ang

io-T

C ou

exa

me

imag

ioló

gico

de

isqu

emia

:• D

oent

es c

om s

uspe

ita d

e D

C

TC a

o cé

rebr

o e

RM

:• D

oent

e co

m su

spei

ta d

e ac

iden

te v

ascu

lar c

ereb

ral

RM

-RTG

da

AE:

• Par

a aj

udar

a to

mad

a de

dec

isão

no

trat

amen

to d

a FA

AA

E =

apên

dice

aur

icul

ar e

sque

rdo;

Ang

io-T

C =

angi

ogra

fia p

or to

mog

rafia

com

puto

riza

da; B

NP

= pe

ptíd

eo n

atri

urét

ico

auri

cula

r tip

o-B;

CH

A2D

S 2-VA

S C

= In

sufic

iênc

ia c

ardí

aca

cong

estiv

a, H

iper

tens

ão, I

dade

≥ 7

5, D

iabe

tes

mel

litus

, Aci

dent

e va

scul

ar c

ereb

ral,

Doe

nça

vasc

ular

, Ida

de 6

5 –

74, G

éner

o (f

emin

ino)

; cTn

T-hs

= tr

opon

ina

card

íaca

T d

e al

ta s

ensi

bilid

ade;

DC

= do

ença

art

eria

l cor

onár

ia; E

CG =

ele

troc

ardi

ogra

ma;

FA

= fi

brilh

ação

aur

icul

ar;

NT-

proB

NP

= te

rmin

al-N

(NT)

do

pept

ídeo

nat

riur

étic

o au

ricu

lar

do ti

po B

; PCR

= p

rote

ína

C re

ativ

a; R

M =

res

sonâ

ncia

mag

nétic

a im

agio

lógi

ca;

RM

-RTG

= r

esso

nânc

ia m

agné

tica

card

íaca

com

rea

lce

tard

io c

om g

adol

ínio

; TC

= to

mog

rafia

com

puto

riza

da.

Fig

ura

5 A

valia

ção

diag

nóst

ica

e se

guim

ento

dos

doe

ntes

com

FA

Page 18: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

15

8. Tratamento integrado de doentes com fibrilhação auricularO tratamento integrado de doentes com FA combina os elementos chave relacio-nados com os doentes, médicos e sistema dos cuidados de saúde para facilitar o tratamento otimizado da FA e para melhorar os resultados dos doentes.

Recomendações sobre o tratamento integrado da FA

Recomendações Classea Nívelb

Para otimizar uma tomada de decisão partilhada sobre a(s) opção(ões) específicas de tratamento da FA a considerar, recomenda-se que os médicos: • Informem o doente sobre as vantagens/limitações e

benefícios/riscos associados à(s) opção(ões) de tratamento considerados; e

• Discutam a carga potencial do tratamento com o doente e avaliem a perceção do doente sobre a carga do tratamento na sua decisão sobre o tratamento.

I C

Recomenda-se, por rotina, a recolha dos RRD para avaliar o sucesso do tratamento e melhorar os cuidados do doente. I C

Deve ser utilizado um tratamento integrado de todos os doentes com FA com uma abordagem multidisciplinar estruturada incluindo os profissionais de saúde, os doentes e as suas famílias/cuidadores para melhorar os resultados clínicos.

IIa B

FA = fibrilhação auricular; RRD = resultados registados pelo doente.aClasse de Recomendação.bNível de evidência.

9. Tratamento do doente – a abordagem integrada ABCA abordagem holística, simples Atrial fibrillation Better Care (ABC) («A» anticoagu-lação/Evitar (avoid) o acidente vascular cerebral; «B» Melhor (better) tratamento dos sintomas; «C» otimização Cardiovascular e das Comorbilidades agiliza os cuida-dos integrados dos doentes com FA a todos os níveis dos cuidados de saúde e entre as diversas especialidades. Comparando com os cuidados habituais, a implementa-ção da via de acesso ABC tem sido significativamente associada a um risco inferior dos resultados clínicos.

Page 19: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

16

9.1. «A» - Anticoagulação/Evitar o acidente vascular cerebral9.1.1 Avaliação do risco de acidente vascular cerebralO risco de acidente vascular cerebral relacionado com a FA não é homogéneo, dependendo da presença de fatores de risco/modificadores específicos de acidente vascular cerebral. Os fatores de risco comuns de acidente vascular cerebral estão resumidos no score CHA

2DS

2-VASc baseado nos fatores de risco clínicos. Os sco-

res de risco dos acidentes vasculares cerebrais têm de ponderar a simplicidade e a viabilidade contra a precisão. Como qualquer score baseado em fatores de risco clínicos, o score CHA

2DS

2-VASc é limitado ao diagnosticar os doentes de alto risco.

No entanto, em relação àqueles considerados consistentemente de baixo risco com taxas baixas de acidente vascular cerebral isquémico ou de mortalidade, não é necessário qualquer tratamento de prevenção de acidente vascular cerebral.

Tabela 3 Score CHA2DS

2-VASc

Fatores de risco e definições Pontos atribuídos

C Insuficiência cardíaca congestivaInsuficiência cardíaca clínica ou evidência objetiva de disfunção VE moderada a grave ou miocardiopatia hipertrófica

1

H Hipertensãoou sob terapêutica anti-hipertensora 1

A (age) Idade 75 anos ou mais 2

D Diabetes mellitusTratamento com fármacos hipoglicémicos e/ou insulina ou glicose plasmática em jejum > 125 mg/dL (7 mmol/L)

1

S (stroke)

Acidente vascular cerebralAcidente vascular cerebral anterior, AIT ou tromboembolismo 2

V Doença vascularDC angiograficamente significativa, EM anterior, DAP ou placa aórtica

1

A (age) Idade 65 – 74 anos 1

Sc (Sex category)

Género (feminino) 1

Score máximo 9

AIT = acidente isquémico transitório; DC = doença arterial coronária; DAP = doença arterial periférica; EM = enfarte do miocárdio; VE = ventricular esquerda.

Page 20: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

17

9.1.2. Avaliação do risco de hemorragiaO risco potencial de hemorragia necessita de ser avaliado ao iniciar a terapêutica antitrombótica. Os riscos de hemorragia não modificáveis e parcialmente modificá-veis são operadores importantes dos eventos hemorrágicos na sinergia com fatores modificáveis. A avaliação do risco de hemorragia é efetuada para tratar os fatores de risco hemorrágicos modificáveis e para identificar os doentes com risco elevado de hemorragia numa avaliação clínica inicial e mais frequente e durante o seguimento, não sendo, no entanto, motivo para contraindicar uma terapêutica anticoagulante oral (ACO) exceto nos doentes com contraindicações absolutas para ACO.

Tabela 4 Fatores de risco para hemorragia com ACO e com terapêutica antiplaquetária

Não modificáveis

Idade > 65 anosHistória de hemorragia majorInsuficiência renal grave (sob diálise ou transplante renal)Disfunção hepática grave (cirrose)Neoplasia maligna

Fatores genéticos (e.g. polimorfismos dos genes CYP 2C9)História de acidente vascular cerebral, doença dos pequenos vasos, etc.Diabetes mellitusDéfice cognitivo/demência

Potencialmente modificáveis

Fragilidade extrema ± risco excessivo de quedasa

AnemiaContagem ou função plaquetar reduzidas

Insuficiência renal comCeCr < 60 mL/minEstratégia de tratamento com AVKb

Modificáveis

Hipertensão/PAS elevadaTerapêutica antiplaquetária concomitante/AINEIngestão excessiva de álcoolNão adesão ao ACOPassatempos/ocupações perigosos

Terapêutica transitória com heparinaControlo do INR (alvo 2,0 – 3,0), TIT alvo > 70%c

Escolha apropriada de ACO e dosagem corretad

Biomarcadores

FDC-15Cistatina C / DRC-EPIcTnT-hs

Fator von Willebrand (+ outros marcadores de coagulação)

ACO = anticoagulante oral; AINE = fármaco anti-inflamatório não esteroide; AVK = antagonista da vitamina K; CeCr = depuração da creatinina; CYP = citocroma; cTnT-hs = troponina T de alta sensibilidade; DRC-EPI = Chronic Kidney Disease (Doença Renal Crónica) Epidemiology Collaboration; FDC-15 = fator 15 de diferenciação do crescimento; INR = international normalized ratio; PAS = pressão arterial sistólica; TIT = tempo no intervalo terapêutico.aApoio para caminhar; calçado apropriado; revisão em casa para evitar riscos de quedas; avaliação neurológica quando apropriado – bAumento da monitorização por INR, clínicas dedicadas à ACO, auto monitorização/auto tratamento, intervenções educativas/comportamentais – cPara os doentes tratados com AVK. dAdaptação da dose com base na idade, peso corporal e nível de creatinina sérica do doente.

Page 21: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

18

Tabela 5 Fatores de risco clínicos no score HAS-BLED

Fatores de risco e definições Pontos atribuídos

H Hipertensão não controladaPA sistólica > 160 mmHg

1

A Alteração da função renal e/ou hepáticaDiálise, transplante, creatinina sérica > 200 μmol/L, cirrose, bilirrubina > x 2 LSN, AST/ALT/ALP> 3x LSN

1 ponto cada

S (stroke)

Acidente vascular cerebralAcidente vascular cerebral prévio isquémico hemorrágicoa

1

B (bleeding)

História ou predisposição para hemorragiaHistória de hemorragia ou anemia major prévias ou trombocitopenia grave

1

L (labile)

INR lábilb

TIT < 60% num doente tratado com AVK1

E (elderly)

IdososIdade > 65 anos ou fragilidade extrema

1

D (drugs

or alcohol)

Fármacos ou consumo excessivo de álcoolTratamento concomitante de fármacos antiplaquetários ou anti-inflamatórios não esteroides; e/ou consumo excessivoc de álcool por semana

1 ponto cada

Score máximo 9

ALP = fosfatase alcalina; ALT = alanina aminotransferase; AST = aspartato aminotransferase; AVK = antagonista da vitamina K; INR = international normalized ratio; LSN = limite superior ao normal; PA = pressão arterial; TIT = tempo no intervalo terapêutico.aO acidente vascular cerebral hemorrágico poderá contar também 1 ponto sob o critério «B».bRelevante apenas se o doente estiver sob tratamento com AVK.cO excesso ou abuso de álcool refere-se a um consumo elevado (e.g. > 14 unidades por semana), em que o médico avalia se haverá um impacto na saúde ou risco de hemorragia.

Page 22: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

19

Tabe

la 6

Ter

apêu

tica

ant

itro

mbó

tica

apó

s oc

lusã

o do

apê

ndi

ce a

uri

cula

r es

quer

do

Dis

posi

tivo

/ do

ente

Asp

irin

aA

CO

Clo

pido

grel

Com

entá

rios

Wat

chm

an/

/ris

co b

aixo

de

hem

orra

gia

75 –

325

mg/

dia

inde

finid

amen

teCo

meç

ar c

om v

arfa

rina

apó

s o

proc

edim

ento

(IN

R a

lvo

2 –

3) a

té 4

5 di

as o

u co

ntin

uar

até

o is

olam

ento

do

AA

E se

r co

nfir

mad

oa por

ETE

. U

m N

OA

C é

um

a al

tern

ativ

a po

ssív

el.

Com

eçar

75

mg/

dia

quan

do A

CO

term

inou

, con

tinu

ar

até

6 m

eses

apó

s

o pr

oced

imen

to

Alg

uns

cent

ros

não

susp

ende

m a

ACO

no

mom

ento

do

proc

edim

ento

(sem

da

dos

para

sup

orta

r/ne

gar

esta

abo

rdag

em)

Wat

chm

an/

/ris

co e

leva

do

de h

emor

ragi

a

75 –

325

mg/

dia

inde

finid

amen

teN

ão75

mg/

dia

dura

nte

1 – 6

mes

es e

nqua

nto

se

asse

gura

isol

amen

to

adeq

uado

dos

AA

Ea

O c

lopi

dogr

el é

ad

min

istr

ado

mui

tas

veze

s du

rant

e um

pe

ríod

o de

tem

po m

ais

curt

o em

situ

açõe

s de

ri

sco

mui

to e

leva

doO

clo

pido

grel

pod

e su

bstit

uir

a as

piri

na

a lo

ngo

praz

o se

mel

hor

tole

rado

AC

P/A

mul

et75

– 3

25 m

g/di

a in

defin

idam

ente

Não

75m

g/di

a du

rant

e1 –

6 m

eses

enq

uant

o s

e as

segu

ra

isol

amen

to a

dequ

ado

do A

AEa

AC

P =

Am

plat

zerTM

Car

diac

Plu

g; A

AE

=apê

ndic

e au

ricu

lar

esqu

erdo

; ETE

= e

coca

rdio

graf

ia t

rans

esof

ágic

a; IN

R =

inte

rnat

iona

l nor

mal

ized

ra

tio;

NO

AC

= a

ntic

oagu

lant

e or

al n

ão d

epen

dent

e da

vit

amin

a K

;AC

O =

ter

apêu

tica

ant

icoa

gula

nte

oral

.N

ota:

Dos

e de

car

ga d

e as

piri

na o

u de

clo

pido

grel

ant

es d

o pr

oced

imen

to s

e nã

o m

edic

ados

. Hep

arin

a co

m t

empo

de

coag

ulaç

ão a

tiva

do >

25

0 s

egun

dos

ante

s ou

imed

iata

men

te a

pós

as p

unçõ

es t

rans

sep

tais

em

tod

os o

s do

ente

s, s

egui

da d

e he

pari

na d

e ba

ixo

peso

mol

ecul

ar

quan

do a

var

fari

na é

nec

essá

ria.

a Fug

a in

feri

or a

5 m

m.

9.1.2.1 Oclusão e exclusão do apêndice auricular esquerdo

Page 23: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

20

9.1.3. Tomada de decisão para evitar o acidente vascular cerebralNos doentes com fatores de risco de acidente vascular cerebral, a ACO reduz o risco de acidente vascular cerebral e de mortalidade. Portanto, a ACO é o pilar principal do tratamento de doentes com FA. Para avaliação do risco de acidente vascular cerebral, recomenda-se uma abordagem baseada em fatores de risco, utilizando o score de risco

Figura 6 «A» -Anticoagulação/Evitar o acidente vascular cerebral: A via de acesso «FA – passo 3»

Doente com Fibrilhação Auricular;

Doentes com FA com próteses valvulares mecânicas cardíacas

Acidente vascular cerebral de baixo risco?(Score CHA

2-VAS

c: 0 nos homens 1 nas mulheres)

Passo 2Considerar a prevenção do acidente vascular cerebral (i.e. AOC) em todos

os doentes com FA com CHA2DS

2-VAS

c ≥ 1 (homens) ou ≥ 2 (mulheres)

Avaliar os fatores de risco de hemorragia modificáveis em todos os doentes com FA.Calcular o score HAS-BLED.

Se o score HAS-BLED ≥ 3, avaliar os fatores de risco de hemorragia modificáveis e assinalar o doente para avaliação regular e seguimento.

Os scores de risco de hemorragia elevados não devem ser utilizados como um motivo para recusar a ACO.

Passo 1 Identificar os doentes de baixo risco

CHA2DS2-VASc

(Classe IIa) (Classe IA)

Deve ser considerado ACO Recomenda-se ACO

Passo 3 Começar com NOAC (ou AVK com elevada percentagem de tempo no intervalo terapêutico a)

Os NOACs são geralmente recomendados como terapêutica ACO de primeira linha

= 1 (homem) ou = 2 (mulher)

≥ 2 (homem)ou ≥ 3 (mulher)

Não

Não

Page 24: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

21

clínico de acidente vascular cerebral CHA2DS

2-VAS

C para identificar inicialmente os doen-

tes de «baixo risco de acidente vascular cerebral» que não devem ser submetidos a terapêutica antitrombótica. Na maioria das populações de doentes (excluindo os doentes com válvulas mecânicas cardíacas ou com estenose mitral moderada a grave), elegíveis para ACO, os NOAcs são preferenciais relativamente aos antagonistas da vitamina K.

Acidente vascular cerebral de baixo risco?(Score CHA

2-VAS

c: 0 nos homens 1 nas mulheres)

ou com estenose mitral moderada-grave?

Elegível para Anticoagulação Oral

AVK com elevada percentagem de tempo no intervalo terapêutico

(o intervalo do INR alvo depende do tipo de lesão ou de prótese valvular)

Sem terapêutica antitrombótica

Sim

Sim

ACO = anticoagulante oral; AVK = antagonista da vitamina K; CHA2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca

congestiva, Hipertensão, Idade ≥ 75, Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74 , Género (feminino); FA = fibrilhação auricular; HAS-BLED = Hipertensão, Alteração da função renal e hepática, Acidente vascular cerebral, História ou predisposição para hemorragia, INR lábil, idosos (> 65 anos), Fármacos/álcool em concomitância; INR = international normalized ratio; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K; SAMe-TT

2R

2 = Género (feminino), Idade

(< 60 anos), História médica, Tratamento (fármaco(s) interativos), Tabagismo, Raça (não caucasiana) (score); TIT = tempo de intervalo terapêutico.aSe um AVK for considerado, calcular o score SAMe-TT

2R

2: se score 0-2, pode-se considerar uma

terapêutica com um AVK (e.g. varfarina) ou com um NOAC; se score > 2, deve-se providenciar uma avaliação regular/verificações frequentes do INR/aconselhamento para os utilizadores do AVK para favorecer um controlo adequado da anticoagulação ou reconsiderar a utilização de um NOAC em vez disso; TIT preferencialmente > 70%.

Page 25: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

22

Recomendações para a prevenção de eventos tromboembólicos na FA

Recomendações Classea Nívelb

Para a prevenção do acidente vascular cerebral nos doentes com FA, indicados para ACO, recomendam-se preferencialmente os NOACs relativamente aos AVKs (excluindo os doentes com próteses valvulares mecânicas cardíacas ou com estenose mitral moderada a grave).

I A

Para avaliação de risco de acidente vascular cerebral, recomenda-se a abordagem baseada nos fatores de risco, utilizando o score de risco clínico de acidente vascular cerebral CHA

2DS

2-VASc para inicialmente

identificar os doentes de «baixo risco de acidente vascular» (score CHA

2DS

2-VASc = 0 nos homens ou 1 nas mulheres) que não devem ser

submetidos a terapêutica antitrombótica.

I A

Recomenda-se a ACO para prevenção de acidente vascular cerebral nos doentes com FA com score CHA

2DS

2-VASc ≥ 2 nos homens ou ≥ 3

nas mulheres.I A

Deve ser considerada a ACO para prevenção de acidente vascular cerebral nos doentes com FA com um score CHA

2DS

2-VASc de 1 nos homens

ou de 2 nas mulheres. O tratamento deve ser individualizado com base no benefício clínico efetivo e nos valores e nas preferências do doente.

IIa B

Para avaliação do risco de hemorragia, recomenda-se a avaliação do risco de hemorragia com base no score de risco formal estruturado para ajudar a identificar fatores de risco de hemorragia não modificáveis e para tratar os modificáveis em todos os doentes com FA e a identificar os doentes potencialmente com alto risco de hemorragia que devem ser indicados para avaliação clínica precoce e mais frequente e para seguimento.

I B

Para avaliação formal de risco de hemorragia baseada em score de risco, deve ser considerado o score HAS-BLED para ajudar a tratar os fatores de risco de hemorragia modificáveis e para identificar os doentes potencialmente com alto risco de hemorragia (score HAS-BLED ≥ 3) para avaliação clínica precoce e mais frequente e para seguimento.

IIa B

Recomenda-se a avaliação do risco de hemorragia e de acidente vascular cerebral em intervalos periódicos para informar sobre as decisões de tratamento (e.g. iniciação de ACO em doentes que já não estão em baixo risco de acidente vascular cerebral) e tratar os fatores de risco de hemorragia potencialmente modificáveisc.

I B

Nos doentes com FA, inicialmente com baixo risco de acidente vascular cerebral, a primeira reavaliação de risco de acidente vascular cerebral deve ser efetuada 4 – 6 meses após a avaliação índice.

IIa B

Se for utilizado um AVK, recomenda-se um INR alvo de 2,0 – 3,0, com TIT ≥70%. I B

Page 26: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

23

Recomendações para a prevenção de eventos tromboembólicos na FA (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes tratados com AVKs com uma baixa percentagem de tempo no intervalo terapêutico do INR (e.g. TIT < 70%), as opções recomendadas são: • transição para um NOAC, mas assegurando uma boa adesão

e persistência na terapêutica; ou • esforços para melhorar o TIT (e.g. instrução/aconselhamento

e verificações mais frequentes do INR).

IB

IIa

Não se recomenda a terapêutica antiplaquetária isolada (monoterapia ou aspirina em combinação com clopidogrel) para a prevenção do acidente vascular cerebral na FA.

III A

O risco estimado de hemorragia, na ausência de contraindicações absolutas para ACO, não deve ele próprio orientar as decisões de tratamento sobre a utilização de ACO na prevenção de acidente vascular cerebral.

III A

O padrão clínico da FA (i.e. primeira deteção, paroxística, persistente, persistente de longa duração, permanente) não deve condicionar a indicação para tromboprofilaxia.

III A

Recomendações para oclusão ou exclusão do AAE

Recomendações Classea Nívelb

Pode ser considerada a oclusão do AAE para prevenção do acidente vascular cerebral nos doentes com FA e com contraindicações para terapêutica anticoagulante a longo prazo (e.g. hemorragia intracraniana sem uma causa reversível).

IIb B

Pode ser considerada a oclusão cirúrgica ou a exclusão do AAE para a prevenção do acidente vascular cerebral nos doentes com FA submetidos a cirurgia cardíaca.

IIb C

ACO = terapêutica anticoagulante oral; AAE = apêndice auricular esquerdo; AINE = fármaco anti- -inflamatório não esteroide; AVK = antgonista da vitamina K; CHA

2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca

congestiva, Hipertensão, Idade ≥ 75, Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74, Género (feminino); FA = fibrilhação auricular; HAS-BLED = Hipertensão, Alteração da função renal e hepática, Acidente vascular cerebral, História ou predisposição para hemorragia, INR lábil, Idosos (> 65 anos), Fármacos/álcool em conjunto; INR = International Normalized Ratio; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K; PA = pressão arterial; SAMe-TT

2R

2 = Género (feminino), Idade (< 60 anos),

História médica, Tratamento, Tabagismo, Raça (não caucasiana); TIT = tempo no intervalo terapêutico.aClasse de recomendação – bNível de evidência – cIncluindo a PA não controlada; INRs lábeis (num doente tratado com AVK); excesso de consumo de álcool; administração concomitante de AINEs ou de aspirina num doente anticoagulado; tendência ou predisposição para hemorragia (e.g. tratar a úlcera gástrica, otimizar a função renal ou hepática, etc.).

Page 27: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

24

Tabela 7 Critérios da seleção das doses para NOACs

Dabigatrano Rivaroxabano Apixabano Edoxabano

Dosepadrão

150 mg duas vezes ao dia

20 mg uma vez ao dia

5 mg duas vezes ao dia

60 mg uma vez ao dia

Dose mais baixa

110 mg duas vezes ao dia

Dosereduzida

15 mg uma vez ao dia

2,5 mg duas vezes ao dia

30 mg uma vez ao dia

Critérios de redução da dose

110 mg de dabigatrano duas vezes ao dia em doentes com:• Idade ≥ 80 anos• Administração

concomitante de verapamil ou

• Risco acrescido de hemorragia

CeCr15 – 49 mL/min

Pelo menos 2 de 3 critérios:• Idade ≥ 80 anos• Peso corporal ≤ 60 kg, ou

• Creatinina sérica ≥ 1,5 mg/dL (133 μmol/L)

Se algum dos seguintes:• CeCr 15-50 mL/

min,• Peso corporal ≤ 60 kg,

• Administração concomitante de dronedarona, ciclosporina, eritromicina ou cetoconazol

CeCr = depuração da creatinina.

9.2. «B» - Melhor (Better) controlo dos sintomas O controlo dos sintomas é o segundo pilar da abordagem ABC e é crucial para o tratamento do doente. O controlo dos sintomas consiste numa combinação de ele-mentos diferentes incluindo tanto o controlo da frequência como o controlo do ritmo através dos fármacos antiarrítmicos, da cardioversão ou da terapêutica de interven-ção dependendo dos sintomas do doente.

9.2.1. Controlo da frequênciaO controlo farmacológico da frequência pode ser alcançado através de diversos fár-macos para controlo da frequência. A frequência cardíaca alvo otimizada é ainda pouco clara. A escolha dos fármacos para controlo da frequência no doente indi-vidual é orientada pelas comorbilidades. A ablação do nódulo auriculoventricular permite o controlo efetivo da frequência cardíaca nos doentes que não respondem ou são intolerantes à terapêutica farmacológica.

Page 28: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

25

Figura 7 Esquema da terapêutica de controlo da frequência

Esquema da terapêutica de controlo da frequência

Terapêutica quando o risco de restaurar o

RS ultrapassa os benefícios

Terapêutica após falha do controlo

do ritmo

Terapêutica de base em todos os doentes com FA

• Controlo não agressivo da frequência cardíaca• Frequência cardíaca < 110 bpm

(ECG de 12 derivações)

• Sintomas ou deterioração da função VE ou da TRC (TRC-P ou TRC-D)

Terapêutica de primeira escolha em doentes sem sintomas ou com sintomas minor

• Frequência cardíaca mais baixa: objetivo frequência cardíaca < 80 bpm (ECG de 12 derivações)• Frequência cardíaca mais baixa nos doentes com TRC com o objetivo de permitir o pacing

biventricular permanente• Avaliar a frequência cardíaca durante o esforço: aumento gradual da frequência cardíaca:

frequência cardíaca < 110 bpm durante 25% do tempo máximo de esforço• Nos doentes com TRC: avaliar a continuidade do pacing biventricular durante o esforço• Realizar monitorização por Holter durante 24 horas por segurança

Considerar o controlo do ritmo ou a ablação do nódulo auriculoventricular se persistirem os sintomas ou a deterioração da função VE/taquicardiomiopatia

ou quando não for alcançado o pacing biventricular contínuo nos doentes com TRC

bpm = batimentos por minuto; BV = biventricular; ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; NAV = nódulo aurículo ventricular; RS = ritmo sinusal; TRC = terapêutica de reabilitação cardíaca; TRC-D = terapêutica de ressincronização cardíaca com desfibrilhador; TRC-P = terapêutica de ressincronização cardíaca com pacemaker; VE = ventricular esquerda.

Page 29: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

26

Fig

ura

8 E

scol

ha d

e fá

rmac

os p

ara

cont

rolo

da

freq

uênc

ia

Esc

olha

de

fárm

acos

par

a co

ntro

lo d

a fr

equê

ncia

Ava

liar

as c

omor

bilid

ades

Nen

hum

a ou

Hip

erte

nsão

ou

IC-F

Ep

IC-F

Er

DP

OC

gra

ve

ou A

sma

FA/F

LA

pré-

exci

tado

s

Abl

ação

Trat

amen

to d

e pr

imei

ra li

nha:

• B

etab

loqu

eant

e ou

• B

CC

ND

Trat

amen

to d

e pr

imei

ra

linha

: Bet

a-bl

oque

ante

Trat

amen

to d

e pr

imei

ra li

nha

BC

CN

D

Rea

valia

ção

clín

icaa

Con

trol

o su

bopt

imo

da f

requ

ênci

a (f

requ

ênci

a ca

rdía

ca e

m r

epou

so >

110

bpm

),

agra

vam

ento

dos

sin

tom

as o

u qu

alid

ade

de v

ida?

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Con

tinu

ar:

• B

etab

loqu

eant

e ou

• B

CC

ND

Con

tinu

ar:

Bet

ablo

quea

nte

Con

tinu

ar:

BC

CN

D

Page 30: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

27

Não

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Cons

ider

ar tr

atam

ento

de

segu

nda

linha

:•D

igox

ina/

digi

toxi

na e

/ou

•Bet

ablo

quea

nte

e/ou

b

•BC

CN

D

Con

side

rar

trat

amen

to d

e se

gund

a lin

ha:

•Bet

ablo

quea

nte

e/ou

•Dig

oxin

a/di

gito

xina

e/o

u•A

mio

daro

na

Con

side

rar

trat

amen

to d

e se

gund

a lin

ha:

•BC

CN

D e

/ou

•Dig

oxin

a ou

dig

itox

ina

Con

trol

o su

boti

miz

ado

da f

requ

ênci

a (f

requ

ênci

a ca

rdía

ca e

m r

epou

so >

110

bpm

),

agra

vam

ento

dos

sin

tom

as o

u qu

alid

ade

de v

ida?

Con

tinu

ar:

•Dig

oxin

a/di

gito

xina

e/o

u•B

etab

loqu

eant

e e/

oub

•BC

CN

D

Con

tinu

ar:

Bet

ablo

quea

nte

e/ou

Dig

oxin

a/di

gito

xina

e/o

uA

mio

daro

na

Con

tinu

ar:

BC

CN

D e

/ou

Dig

oxin

a ou

D

igit

oxin

a

Con

side

rar

trat

amen

to d

e te

rcei

ra li

nha:

Con

side

rar

a co

mbi

naçã

o de

trê

s fá

rmac

os o

u av

alia

ção

para

TR

C-P,

TR

C-D

ou

para

impl

anta

ção

de

pac

emak

er e

abl

ação

de

nódu

lo a

uríc

ulo

vent

ricu

lar

BCC

ND

= b

loqu

eado

res

dos

cana

is d

e cá

lcio

não

dih

idro

piri

díni

cos;

DPO

C =

doe

nça

pulm

onar

obs

trut

iva

crón

ica;

FA

= fi

brilh

ação

aur

icul

ar; F

LA =

flu

tter

aur

icul

ar; I

C-FE

p =

insu

ficiê

ncia

car

díac

a co

m fr

ação

de

ejeç

ão p

rese

rvad

a; IC

-FEr

= in

sufic

iênc

ia c

ardí

aca

com

fraç

ão d

e ej

eção

red

uzid

a;

TRC-

D =

tera

pêut

ica

de r

essi

ncro

niza

ção

card

íaca

com

des

fibri

lhad

or; T

RC-

P =

tera

pêut

ica

de r

essi

ncro

niza

ção

card

íaca

com

pac

emak

er.

a A r

eava

liaçã

o cl

ínic

a de

ve s

er fo

cada

na

aval

iaçã

o da

fre

quên

cia

card

íaca

em

rep

ouso

, nos

sin

tom

as e

na

qual

idad

e de

vid

a re

laci

onad

os

com

FA

/FLA

. No

caso

de

cont

rolo

sub

ótim

o da

fre

quên

cia

(fre

quên

cia

card

íaca

em

rep

ouso

> 11

0 b

pm),

de a

grav

amen

to d

os s

into

mas

ou

da q

ualid

ade

de v

ida,

con

side

rar

as o

pçõe

s de

tra

tam

ento

de

segu

nda

linha

e, s

e ne

cess

ário

, de

terc

eira

linh

a.b In

stit

uiçã

o cu

idad

osa

de b

etab

loqu

eant

es e

de

BC

CN

D, m

onit

oriz

ação

por

Hol

ter

dura

nte

24 h

oras

par

a ex

clui

r br

adic

ardi

a.

Page 31: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

28

Recomendações para o controlo da frequência ventricular nos doentes com FAa

Recomendações Classea Nívelb

Recomendam-se os betabloqueantes, o diltiazem ou o verapamil como fármacos de primeira escolha para controlar a frequência cardíaca nos doentes com FA com FEVE ≥ 40%.

I B

Recomendam-se os betabloqueantes e/ou a digoxina para controlar a frequência cardíaca nos doentes com FA com FEVE < 40%. I B

Deve ser considerada a terapêutica combinada incluindo diferentes fármacosd de controlo da frequência se não for possível atingir a frequência cardíaca alvo com um fármaco isolado.

IIa B

Deve ser considerada uma frequência cardíaca em repouso < 110 bpm (i.e. controlo não agressivo da frequência cardíaca) como frequência cardíaca inicial alvo na terapêutica de controlo da frequência.

IIa B

Deve ser considerada a ablação do nódulo auriculoventricular para controlar a frequência cardíaca em doentes sem resposta adequada ou intolerantes à terapêutica intensiva de controlo da frequência e do ritmo e não elegíveis para o controlo do ritmo por ablação da AE, aceitando que estes doentes se tornarão dependentes de pacemaker.

IIa B

Nos doentes com instabilidade hemodinâmica ou com depressão grave da FEVE, pode ser considerada a amiodarona intravenosa para controlo agudo da frequência cardíaca.

IIb B

AE = aurícula esquerda; bpm = batimentos por minuto; ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; FEVE = fração de ejeção ventricular esquerda.aConsultar o capítulo 10 para controlo da frequência ventricular nas várias situações concomitantes e nas populações com FA.bClasse de recomendação.cNível de evidência.dA combinação de um betabloqueante com verapamil ou diltiazem deve ser efetuada com monitorização cuidadosa da frequência cardíaca por ECG durante 24 h para verificar a bradicardia.

Page 32: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

29

9.2.2. Controlo do ritmoA estratégia de controlo do ritmo refere-se às tentativas para restaurar e manter o ritmo sinusal e pode envolver uma combinação de abordagens de tratamento, incluindo fármacos antiarrítmicos CV e a ablação por cateter juntamente com um controlo ade-quado da frequência, uma terapêutica anticoagulante e uma terapêutica profilática cardiovascular abrangente. A indicação primária para o controlo do ritmo consiste na redução dos sintomas relacionados com a FA e na melhoria da qualidade de vida.

Recomendações para controlo do ritmo

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se a terapêutica de controlo do ritmo para a melhoria dos sintomas e QdV nos doentes sintomáticos com FA. I A

FA = fibrilhação auricular; QdV = qualidade de vida.bClasse de recomendação.cNível de evidência.

Page 33: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

30

Fig

ura

9 E

stra

tégi

a do

con

trol

o do

rit

mo

Est

raté

gia

de c

ontr

olo

do r

itm

o pa

ra r

eduz

ir o

s si

ntom

as r

elac

iona

dos

com

a F

A –

mel

hora

r a

QdV

Con

firm

ar: P

reve

nção

do

acid

ente

vas

cula

r ce

rebr

al; C

ontr

olo

da f

requ

ênci

a; R

eduç

ão d

o ri

sco

card

iova

scul

ar(t

erap

êuti

ca p

rofi

láti

ca c

ardi

ovas

cula

r ab

rang

ente

– t

erap

êuti

ca d

e up

stre

am,

incl

uind

o o

esti

lo d

e vi

da e

tra

tam

ento

da

apne

ia d

o so

no)

Ava

liar

se o

s si

ntom

as e

stão

pre

sent

es

Aus

ênci

a de

sin

tom

as

Pre

senç

a de

sin

tom

as

Exc

luir

a a

dapt

ação

sub

cons

cien

te à

red

ução

da

ativ

idad

e fí

sica

Sin

tom

as

• Re

stau

rar o

RS

por

card

iove

rsão

par

a av

alia

r os

sint

omas

a

• H

olte

r se

FA p

arox

ístic

a

para

ava

liar a

rela

ção

co

m o

epi

sódi

o de

FA

Sin

tom

as e

stão

re

laci

onad

os

com

a F

AR

esta

urar

o R

S p

or c

ardi

over

são

para

ava

liar

os

sin

tom

asa

Sin

tom

as e

stão

re

laci

onad

os c

om a

FA

Sin

tom

as e

stão

rel

acio

nado

s co

m a

FA

Sin

tom

as n

ão

rela

cion

ados

co

m a

FA

Rel

acio

nam

ento

pouc

o cl

aro

com

com

a F

A

Con

side

rar

oco

ntro

lo d

afr

equê

ncia

Page 34: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

31

Ava

liar

os f

ator

es q

ue f

avor

ecem

o c

ontr

olo

do r

itm

o:•

Idad

e m

ais

jove

m•

1.º e

pisó

dio

de F

A o

u hi

stór

ia b

reve

• M

ioca

rdio

pati

a m

edia

da p

or t

aqui

card

ia•

IVA

E no

rmal

– m

oder

adam

ente

aum

enta

do/a

tras

o na

con

duçã

o au

ricul

ar (r

emod

elag

em a

uric

ular

lim

itada

)•

Sem

ou

pouc

as c

omor

bilid

ades

/ d

oenç

a ca

rdía

ca•

Difi

culd

ade

em a

ting

ir o

con

trol

o da

freq

uênc

ia•

FA p

reci

pita

da p

or u

m e

vent

o te

mpo

rári

o (d

oenç

a ag

uda)

• E

scol

ha d

o do

ente

Pre

dom

ínio

de

fato

res

favo

rece

dore

sP

redo

mín

io d

e fa

tore

s nã

o fa

vore

cedo

res

• Ava

liar s

e os

fato

res

de ri

sco

para

FA

pod

em s

er m

odifi

cado

s• C

onsi

dera

r a re

fere

ncia

ção

a um

Ele

ctro

fisio

logi

sta

Rea

valia

r os

fato

res

de r

isco

Con

trol

o do

rit

mo

FAA

IVP

Em

doe

ntes

sel

ecio

nado

s:A

blaç

ão c

irúr

gica

ou

abla

ção

tora

cosc

ópic

a

FA =

fib

rilh

ação

aur

icul

ar; F

AA

= f

árm

aco

anti

arrí

tmic

o; IV

AE

= ín

dice

do

volu

me

auri

cula

r es

quer

do; I

VP

= is

olam

ento

das

vei

as

pulm

onar

es; Q

dV =

qua

lidad

e de

vid

a; R

S =

ritm

o si

nusa

la C

onsi

dera

r a

card

iove

rsão

par

a co

nfir

mar

que

a a

usên

cia

de s

into

mas

não

se

deve

à a

dapt

ação

inco

nsci

ente

a u

ma

capa

cida

de f

ísic

a

e/ou

men

tal r

eduz

idas

.

Page 35: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

32

9.2.2.1 CardioversãoNos doentes com FA hemodinamicamente instáveis, a CV urgente pode alcançar o controlo agudo do ritmo e a cardioversão elétrica é o método de escolha neste con-texto. Nos doentes estáveis, pode ser ou a cardioversão farmacológica ou a elétrica.

Fig

ura

10 F

luxo

gram

a pa

ra a

tom

ada

de d

ecis

ão s

obre

a c

ardi

over

são

da f

ibri

lhaç

ão

auri

cula

r de

pend

endo

da

apre

sent

ação

clín

ica,

do

esta

bele

cim

ento

da

fibr

ilhaç

ão a

uric

ular

, da

inge

stão

da

anti

coag

ulaç

ão o

ral e

dos

fat

ores

de

risc

o pa

ra a

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l

1. V

erif

icar

o e

stad

o da

AC

OC

ardi

over

são

elét

rica

urg

ente

Ain

da n

ão s

ob A

CO

Já s

ob t

erap

êuti

ca c

om A

CO

Veri

fica

r o

esta

do d

a A

CO

log

o qu

e po

ssív

el e

pr

osse

guir

par

a a

fase

3

Pro

cede

r co

m a

car

diov

ersã

o co

nfor

me

dese

jado

: im

edia

ta

ou r

etar

dada

par

a ca

rdio

vers

ão

espo

ntân

ea p

ossí

vel

Com

eçar

logo

que

po

ssív

el N

OA

C (o

u AV

Ka )

ou

HB

PM

ou

HN

F

2. V

erif

icar

a d

uraç

ão d

o ep

isód

io a

tual

da

FA

Car

diov

ersã

o no

per

íodo

de

48

hor

as

após

o in

ício

da

FA

Car

diov

ersã

o

inic

ial

Esp

erar

pel

a ca

rdio

vers

ão

reta

rdad

a

Car

diov

ersã

ofa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

el

étri

ca

Car

diov

ersã

ofa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

el

étri

ca

Car

diov

ersã

o fa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

elé

tric

a

CA

RD

IOV

ER

O p

ara

a FI

BIR

LHA

ÇÃ

O A

UR

ICU

LAR

Hem

odin

amic

amen

te e

stáv

elH

emod

inam

icam

ente

inst

ável

Car

diov

ersã

o el

etiv

a >

48

h

após

o in

ício

da

FA

Page 36: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

33

A cardioversão farmacológica é menos eficaz, mas não requer sedação. O trata-mento adequado da anticoagulação antes e após a cardioversão é crucial de modo a evitar complicações tromboembólicas.

Car

diov

ersã

o

inic

ial

Esp

erar

pel

a ca

rdio

vers

ão

reta

rdad

a

Car

diov

ersã

ofa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

el

étri

ca

Car

diov

ersã

ofa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

el

étri

ca

Car

diov

ersã

o fa

rmac

ológ

ica,

card

iove

rsão

elé

tric

a

• C

ardi

over

são

inic

ial a

pós

inic

io

da t

erap

êuti

ca

anti

coag

ulan

te

• Esp

erar

por

ca

rdio

vers

ão

espo

ntân

ea (o

u ef

etua

r a c

ardi

over

são

se n

eces

sário

) no

perío

do d

e 48

h a

pós

o in

ício

Can

dida

tos

idea

is:

• In

ício

da

FA <

12h

+

sem

TE

prév

io

Iníc

io d

a FA

12–4

8h

+ C

HA

2DS 2-

VASc

1m o

u ≤

2f.

Can

dida

tos

idea

is:

•Iní

cio

da F

A <

12 h

+ se

m T

E pr

évio

•Iní

cio

da F

A ≤

24h

+ C

HA

2D

S2-V

AS

c ≤

1m

ou ≤

2f.

• N

o pe

ríodo

< 3

sem

anas

de

tera

pêut

ica

ACO

se

um

ETE

exc

luir

um tr

ombo

na

AE/

AA

Eou •

Apó

s ≥

3 se

man

as d

e te

rapê

utic

a A

CO

Cand

idat

os id

eais

:•

FA ≥

48

h o

u du

raçã

o de

scon

heci

da•

FA 12

– 4

8 h

+ C

HA

2DS 2-

VAS C

≥ 2

m o

u ≥

3f•

FA c

om T

E an

teri

or, o

u es

teno

se m

itral

(m

oder

ada/

grav

e) o

u pr

ótes

e va

lvul

ar

card

íaca

mec

ânic

aa

3. D

ecid

ir s

obre

a m

anut

ençã

o da

AC

O a

pós

a ca

rdio

vers

ão•

AC

O a

pós

card

iove

rsão

a c

urto

pra

zo (

4 s

eman

as)

se C

HA

2D

S2-

VAS

C =

0m

ou

1f

(OP

CIO

NA

L s

e a

FA s

e in

icia

r de

fini

tiva

men

te <

24

h)

• A

CO

a lo

ngo

praz

o em

tod

os o

s do

ente

s co

m C

HA

2D

S2-

VAS

C ≥

1m o

u ≥

2f

AA

E =

apên

dice

aur

icul

ar e

sque

rdo;

ACO

= a

ntic

oagu

lant

e or

al; A

E =

aurí

cula

esq

uerd

a; A

VK

= a

ntag

onis

ta d

a vi

tam

ina

K;

card

iove

rsão

= c

ardi

over

são;

CH

A2D

S 2-VA

S C =

Insu

ficiê

ncia

car

díac

a co

nges

tiva

, Hip

erte

nsão

, Ida

de ≥

75,

Dia

bete

s m

ellit

us,

Aci

dent

e va

scul

ar c

ereb

ral,

Doe

nça

vasc

ular

; Ida

de 6

5-74

ano

s; G

éner

o (fe

min

ino)

; car

diov

ersã

o =

card

iove

rsão

; CV

E =

card

iove

rsão

el

étric

a; E

TE =

eco

card

iogr

afia

tran

seso

fági

ca; F

A =

fibr

ilhaç

ão a

uric

ular

; h =

hor

a; H

BPM

= h

epar

ina

de b

aixo

pes

o m

olec

ular

; H

NF

= he

pari

na n

ão fr

acio

nada

; NO

AC

= a

ntic

oagu

lant

e or

al n

ão d

epen

dent

e da

vita

min

a K

; TE

= tr

ombo

embo

lism

o.a E

m a

lter

nati

va p

ode

ser

adm

inis

trad

o um

AV

K, c

onta

biliz

ando

o t

empo

nec

essá

rio

para

alc

ança

r o

efei

to t

erap

êuti

co

do a

ntic

oagu

lant

e.

Page 37: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

34

Tabela 8 Fármacos antiarrítmicos utilizados para restauração do ritmo sinusal

Fármaco Via de administração

Dose inicial para cardioversão

Dose adicional para cardioversão

Taxa de sucesso aguda e tempo previsto para o ritmo sinusal

Contraindicações/precauções/comentários

Flecainidaa Oralb

i.v.200 – 300mg2 mg/kg durante 10 min

- Global: 59 – 78%(51% às 3 h,72% às 8 h)

• Não devem ser utilizadas na cardiopatia isquémica e/ou na doença cardíaca estrutural significativa

• Podem induzir hipotensão, FLA com condução 1:1 (em 3,5 – 5,0% dos doentes)

• A flecainida pode induzir alargamento do QRS ligeiro • NÃO utilizar para a cardioversão farmacológica do FLA

Propafenonaa Oralb

i.v.450 – 600 mg1,5 – 2 mg/kg durante 10 min

- Oral: 45-55% às 3h,69 – 78% às 8 h;i.v.: 43-89%Até às 6 h

Vernakalantc i.v. 3 mg/kg durante 10 min

2 mg/kg durante 10 min(10-15 min após a dose inicial)

< 1 h (conversão de 50% no período 10 min)

• Não deve ser utilizado em doentes com hipotensão arterial (PAS < 100 mmHg), SCA recente (no período de 1 mês), IC NYHA III ou IV, QT prolongado ou estenose aórtica grave

• Pode causar hipotensão arterial, prolongamento do QT, alargamento do QRS ou taquicardia ventricular não sustentada

Amiodaronaa i.v. 5 – 7 mg/kg durante 1 – 2 h

50 mg/h (máximo 1,2 g durante 24 h)

44%8 – 12 h durante vários dias

• Pode causar flebite (utilizar uma veia periférica larga, evitar a administração i.v. > 24 horas e utilizar de preferência uma bomba infusora)

• Pode causar hipotensão, bradicardia/bloqueio auriculoventricular, prolongamento do QT

• Apenas se não existirem outras opções em doentes com hipertiroidismo (risco de tireotoxicose)

Ibutilidec i.v. 1 mg durante 10 min0,01 mg/kg se o peso corporal< 60 kg

1 mg durante 10 min (10 – 20 min após a dose inicial)

31 – 51% (FA)63 – 73% (FLA)≈1 h

• Eficaz na conversão do FLA• Não deve ser utilizada em doentes com QT prolongado, HVE

grave ou FEVE baixa• Deve ser utilizada no contexto de uma unidade de cuidados

cardíacos uma vez que pode provocar prolongamento do QT, taquicardia ventricular polimórfica (torsades de pointes)

• Monitorização por ECG durante pelo menos 4 horas após a administração para detetar um evento pró arrtítmico

AVK = antagonista da vitamina K; CeCr = depuração da creatinina; CYP2D6 = citocroma P450 2D6; ECG = eletrocardiograma; EHRA = European Heart Rhythm Association; FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico; FEVE = fração de ejeção ventricular esquerda; FLA = flutter auricular; HVE = hipertrofia VE; IC = insuficiência cardíaca; i.v. = intravenoso(a); MCH = miocardiopatia hipertrófica; NYHA = New York Heart Association; PAS = pressão arterial sistólica; QRS = intervalo QRS; QT = intervalo QT; SA = sinoauricular; SCA = síndrome coronária aguda; VE = ventricular esquerda.

Page 38: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

35

Tabela 8 Fármacos antiarrítmicos utilizados para restauração do ritmo sinusal

Fármaco Via de administração

Dose inicial para cardioversão

Dose adicional para cardioversão

Taxa de sucesso aguda e tempo previsto para o ritmo sinusal

Contraindicações/precauções/comentários

Flecainidaa Oralb

i.v.200 – 300mg2 mg/kg durante 10 min

- Global: 59 – 78%(51% às 3 h,72% às 8 h)

• Não devem ser utilizadas na cardiopatia isquémica e/ou na doença cardíaca estrutural significativa

• Podem induzir hipotensão, FLA com condução 1:1 (em 3,5 – 5,0% dos doentes)

• A flecainida pode induzir alargamento do QRS ligeiro • NÃO utilizar para a cardioversão farmacológica do FLA

Propafenonaa Oralb

i.v.450 – 600 mg1,5 – 2 mg/kg durante 10 min

- Oral: 45-55% às 3h,69 – 78% às 8 h;i.v.: 43-89%Até às 6 h

Vernakalantc i.v. 3 mg/kg durante 10 min

2 mg/kg durante 10 min(10-15 min após a dose inicial)

< 1 h (conversão de 50% no período 10 min)

• Não deve ser utilizado em doentes com hipotensão arterial (PAS < 100 mmHg), SCA recente (no período de 1 mês), IC NYHA III ou IV, QT prolongado ou estenose aórtica grave

• Pode causar hipotensão arterial, prolongamento do QT, alargamento do QRS ou taquicardia ventricular não sustentada

Amiodaronaa i.v. 5 – 7 mg/kg durante 1 – 2 h

50 mg/h (máximo 1,2 g durante 24 h)

44%8 – 12 h durante vários dias

• Pode causar flebite (utilizar uma veia periférica larga, evitar a administração i.v. > 24 horas e utilizar de preferência uma bomba infusora)

• Pode causar hipotensão, bradicardia/bloqueio auriculoventricular, prolongamento do QT

• Apenas se não existirem outras opções em doentes com hipertiroidismo (risco de tireotoxicose)

Ibutilidec i.v. 1 mg durante 10 min0,01 mg/kg se o peso corporal< 60 kg

1 mg durante 10 min (10 – 20 min após a dose inicial)

31 – 51% (FA)63 – 73% (FLA)≈1 h

• Eficaz na conversão do FLA• Não deve ser utilizada em doentes com QT prolongado, HVE

grave ou FEVE baixa• Deve ser utilizada no contexto de uma unidade de cuidados

cardíacos uma vez que pode provocar prolongamento do QT, taquicardia ventricular polimórfica (torsades de pointes)

• Monitorização por ECG durante pelo menos 4 horas após a administração para detetar um evento pró arrtítmico

aUtilizado mais frequentemente na cardioversão da FA, disponível na maioria dos países.bPode ser auto administrado por doentes em ambulatório selecionados para estratégia de tratamento «comprimido no bolso».cNão disponível em alguns países.Para mais detalhes sobre as propriedades farmacocinéticas ou farmacodinâmicas, consultar a utilização clínica e a tomada de decisão clínica dos fármacos antiarrítmicos (FAAs) no documento de consenso da EHRA.

Page 39: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

36

9.2.2.2.1. Seguimento após a cardioversão

Recomendações para a cardioversão

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se o vernakalant i.v. (excluindo os doentes com SCA recente ou IC grave) ou a flecainida ou a propafenona (excluindo os doentes com doença cardíaca estrutural grave) para a cardioversão farmacológica da FA recentemente estabelecida.

I A

Recomenda-se a amiodarona intravenosa para a cardioversão da FA nos doentes com IC ou com doença cardíaca estrutural, se a cardioversão retardada for consistente com a situação clínica.

I A

Recomenda-se a cardioversão da FA (elétrica ou farmacológica) nos doentes sintomáticos com FA persistente como parte da terapêutica de controlo do ritmo.

I B

A cardioversão farmacológica da FA é indicada apenas num doente hemodinamicamente estável, após ter em consideração o risco tromboembólico.

I B

Deve ser considerado o pré tratamento com amiodarona, flecainida, ibutilide ou propafenona para aumentar o sucesso da cardioversão elétrica.

IIa B

Em doentes selecionados com episódios pouco frequentes de FA ou de início recente de FA e sem doença cardíaca estrutural ou isquémica significativa, deve ser considerada uma dose oral única auto-administrada de flecainida ou de propafenona (estratégia da abordagem «comprimido no bolso») para a cardioversão orientada pelo doente, após avaliação de eficácia e segurança.

IIa B

Para os doentes com doença do nódulo sinusal, com alterações da condução auriculoventricular ou com QTc prolongado (> 500 ms), não deve ser tentada a cardioversão farmacológica a não ser que tenham sido considerados riscos de pró arritmia e de bradicardia.

III C

FA = fibrilhação auricular; IC = insuficiência cardíaca; i.v. = intravenoso; ms = milissegundos; QTc = intervalo QT corrigido; SCA = síndrome coronária aguda.bClasse de recomendação.cNível de evidência.

Page 40: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

37

9.2.2.2. Ablação da FA por cateterA ablação da FA por cateter é um tratamento bem estabelecido na prevenção de recidivas da FA. Quando realizada por operadores devidamente experientes, a abla-ção da FA por cateter é segura e é uma melhor alternativa aos FAAs na manutenção do ritmo sinusal e na melhoria dos sintomas. O benefício clínico principal da ablação da FA por cateter é a redução dos sintomas relacionados com a arritmia. Uma vez que nenhum ensaio aletorizado conseguiu demonstrar uma redução significativa na mortalidade por todas as causas, no acidente vascular cerebral ou em hemorragias major na ablação da FA por cateter (sem ser em doentes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção ventricular esquerda reduzida), as indicações para o procedimento ainda não foram alargadas para além do alívio dos sintomas, pelo que a ablação da FA por cateter não é geralmente indicada nos doentes assintomáticos. A pedra angular da ablação da FA por cateter consiste no isolamento completo das veias pulmonares por meio de lesões lineares em torno do seu antro, utilizando a ablação por radiofrequência ponto por ponto ou dispositivos de ablação de disparo único.

Page 41: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

38

Figura 11 Indicações para a ablação da fibrilhação auricular sintomática por cateter

FA sintomática

FA paroxística FA persistente sem fatoresde risco major para recidiva de FAa

Considerar escolha do doente Considerar escolha do doente

Fármacos Antiarrítmicos

Fármacos Antiarrítmicos

Ablação por cateter

Ablação por cateter

(IIa) (IIb)

Efetuar a ablação

por cateter

Efetuar a ablação

por cateter

Terapêutica farmacológica ineficaz

Não Sim

Continuar com os fármacos antiarrítmicos

Realizar a ablação por cateter

(I)

AE = auricular esquerda; FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico; FE = fração de ejeção.aVolume da AE significativamente dilatado, idade avançada, FA de longa duração, disfunção renal e outros fatores de risco cardiovasculares.

Page 42: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

39

Figura 11 Indicações para a ablação da fibrilhação auricular sintomática por cateter

FA sintomática

Considerar escolha do doente Considerar escolha do doente

Fármacos Antiarrítmicos

Fármacos Antiarrítmicos

Ablação por cateterb

Ablação por cateter

Efetuar a ablação por cateter

Efetuar a ablação

por cateter

Terapêutica farmacológica ineficaz Terapêutica farmacológica ineficaz

SimNão

Continuar com os fármacos antiarrítmicos

Realizar a ablação por cateter

(IIa)d

(I)c

bEm circunstâncias raras individuais, a ablação por cateter pode ser cuidadosamente considerada como terapêutica de primeira linha.cRecomendado para reversão da disfunção VE quando a taquimiocardiopatia é muito provável.dPara melhorar a sobrevivência e para reduzir o internamento.

FA paroxística ou persistente e insuficiência cardíaca com FE reduzida

FA persistente com fatores de risco major de recidiva de FAa

Page 43: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

40

Figura 12 Fatores de risco de fibrilhação auricular que contribuem para desenvolvimento de substrato desfavorável que se traduz em pior resultado da estratégia de controlo do ritmo

GLICEMIARedução da HbA1c > 10%, HbA1c alvo

< 6,5%

(IN) ATIVIDADE FÍSICA

Otimização do excesso

TABAGISMOCessação

Tratamento abrangente

dos fatores de risco de FA para otimização dos resultados da ablação da FA

por cateter

SAOSDiagnóstico

e tratamento

HIPERLIPIDEMIATratamento segundo as recomendações

OBESIDADE EXCESSO DE PESO

redução de peso ≥ 10% IMC alvo < 27 kg/m2

HIPERTENSÃOtratamento segundo as recomendações

ÁLCOOLRedução ou,

nos alcoólicos, cessação

CPAP = pressão positiva contínua das vias aéreas; FA = fibrilhação auricular; HbA1c = hemoglobina A1c; IMC = índice de massa corporal; SAOS = síndrome de apneia obstrutiva do sono. Diversos fatores de risco de FA podem contribuir para o desenvolvimento de substratos na AE e assim afetar o resultado da ablação da FA por cateter, contribuindo para uma taxa de recidiva mais elevada. O controlo agressivo dos fatores de risco modificáveis pode reduzir a taxa de recidiva.

Page 44: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

41

9.2.2.2.1 Seguimento após ablação da FA

Tabela 9 Questões fundamentais no seguimento após a ablação da fibrilhação auricular por cateter

Questões fundamentais no seguimento após ablação da FA

Reconhecimento e tratamento de complicações• Os doentes têm de ser plenamente informados sobre os sinais e sintomas

clínicos de complicações raras mas potencialmente perigosas relacionadas com a ablação que podem ocorrer após a alta hospitalar (fístula atrio-esofágica; estenose das veias pulmonares).

Monitorização do seguimento:• Útil para avaliar o sucesso do procedimento e correlacionar a situação sintomática

com o ritmo. As recidivas depois do primeiro mês após a ablação são geralmente um fator predizente de recidivas posteriores, mas os sintomas recorrentes podem ser devidos a batimentos ectópicos ou a outras arritmias não mantidas; por outro lado, a presença de FA assintomática após a ablação é bem reconhecida.

• A monitorização pode ser efetuada através de ECG intermitente, Holter, registos com patch, registador de eventos exterior ou implantável ou um monitor de smart phone (embora o último não tenha sido validado para tal função). Os doentes devem ser inicialmente avaliados após um período mínimo de 3 meses e depois disso anualmente.

Tratamento da medicação anti-arrítmica e tratamento das recidivas da FAa. A continuação do tratamento com FAA durante 6 semanas a 3 meses pode

reduzir recidivas precoces da FA, reinternamentos e cardioversões durante este período. A prática clínica referente ao tratamento por rotina com FAA após a ablação varia e não existe evidência convincente de que tal tratamento é necessário por rotina.

b. Posteriormente, os FAAs podem ser reduzidos, interrompidos ou mantidos de acordo com os sintomas e com o estado do ritmo.

Tratamento da terapêutica anticoagulantea. Geralmente, a terapêutica ACO é mantida durante 2 meses a seguir à ablação em

todos os doentes. Depois deste período, a decisão de manter a ACO é determinada principalmente pela presença de fatores de risco de acidente vascular cerebral segundo a pontuação CHA

2DS

2-VASc e não pela situação do ritmo.

ACO = terapêutica anticoagulante oral; CHA2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca congestiva,

Hipertensão, Idade ≥ 75, Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74, Género (feminino); ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico.

Page 45: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

42

I B

IIa B

IA

A

B

IIa B

IIa B

IIb C

Recomendações para o controlo do ritmo/ablação da FA por cateter

Recomendações

Recomendações gerais

Para a tomada de decisão sobre a ablação da FA por cateter, recomenda-se que sejam tomados em consideração os riscos do procedimento e os fatores de risco major de recidiva de FA a seguir ao procedimento e a discussão dos mesmos com o doente.

Deve ser considerada a repetição de procedimentos de IVP nos doentes com recidiva de FA desde que os sintomas do doente tenham melhorado após o IVP inicial.

Ablação da FA por cateter após fracasso da terapêutica farmacológica

A ablação da FA por cateter por IVP é recomendada para controlo do ritmo após fracasso ou intolerância aos FAA das classes I ou III, para melhorar os sintomas de recidivas da FA nos doentes com:

• FA paroxística, ou:

• FA persistente sem fatores de risco major de recidiva de FA, ou

• FA persistente com fatores de risco major de recidiva de FA.

Deve ser considerada a ablação da FA por cateter por IVP para controlo do ritmo após fracasso ou intolerância ao tratamento com betabloqueantes para melhorar os sintomas de recidivas da FA nos doentes com FA paroxística e persistente.

Terapêutica de primeira linha

Deve/pode ser considerada a ablação da FA por cateter através de IVP como terapêutica de primeira linha de controlo do ritmo para melhorar os sintomas em doentes selecionados com:

• Episódios de FA paroxística, sintomática ou

• FA persistente, sintomática sem fatores de risco major de recidiva de FA.

Classea Nívelb

Page 46: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

43

I

B

IIa

IIa C

I A

IIb B

IIb B

I B

I B

Recomendações para o controlo do ritmo/ablação da FA por cateter (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Terapêutica de primeira linha (continuação)

como uma alternativa aos FAA classe I ou III, considerando a escolha, o benefício e o risco do doente.

Ablação da FA por cateter: • Recomenda-se para reversão da disfunção VE nos doentes com

FA quando a miocardiopatia induzida por taquicardia é muito provável, independentemente do estado dos seus sintomas.

• Deve ser considerada em doentes selecionados com FA com IC e com FEVE reduzida para melhorar a esperança de vida e reduzir o internamento por IC.

Deve ser considerada a ablação por cateter da FA através de IVP como uma estratégia para evitar a implantação de um pacemaker em doentes com bradicardia relacionada com a FA ou com pausas sintomáticas de pré automaticidade após a conversão da FA considerando a situação clínica.

Técnicas e tecnologias

Recomenda-se o isolamento elétrico completo das veias pulmonares durante os procedimentos de ablação da FA por cateter.

Se um doente apresenta história de FLA dependente do ICT ou se for induzido o FLA típico no momento da ablação da FA, pode ser considerada a ablação do ICT.

Pode ser considerada a utilização de lesões adicionais de ablação para além do IVP (áreas de baixa voltagem, linhas, atividade fragmentada, focos ectópicos, rotores e outros), embora não esteja bem definida

Modificação do estilo de vida e outras estratégias para melhorar os resultados da ablação

Nos doentes obesos com FA, recomenda-se a perda de peso, em particular os que estão a ser avaliados para se submeterem a ablação da FA.

Recomenda-se um controlo rigoroso dos fatores de risco e a evicção dos estímulos como parte de uma estratégia de controlo de ritmo.

FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico; FEVE = fração de ejeção ventricular esquerda; FLA = flutter auricular; IC = insuficiência cardíaca; ICT = istmo cavotricúspide; IVP = isolamento das veias pulmonares; QdV = qualidade de vida; VE = ventricular esquerda.bClasse de recomendação - cNível de evidência.

Page 47: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

44

9.2.2.3 Cirurgia da fibrilhação auricular

Recomendações para a ablação cirúrgica da FA

Recomendações Classea Nívelb

Deve ser considerada a ablação concomitante da FA em doentes submetidos a cirurgia cardíaca, ponderando entre os benefícios da ausência de arritmias auriculares e os fatores de risco de recidivas (dilatação da aurícula esquerda, anos com FA, idade, disfunção renal e outros fatores de risco cardiovasculares).

IIa A

Devem ser considerados os procedimentos toracoscópicos – incluindo a ablação cirúrgica híbrida – nos doentes que apresentam FA sintomática paroxística ou persistente refratária à terapêutica com FAA em que a ablação percutânea da FA fracassou ou com fatores de risco evidentes de fracasso na ablação por cateter, para manter o ritmo sinusal a longo prazo. A decisão tem de ser validada por uma equipa de eletrofisiologistas e de cirurgiões experientes.

IIa B

Podem ser considerados os procedimentos toracoscópicos – incluindo a ablação cirúrgica híbrida – nos doentes com FA persistente com fatores de risco de recidiva, que permanecem sintomáticos durante a FA apesar do fracasso de pelo menos um FAA e que preferem uma terapêutica adicional do controlo do ritmo.

IIb C

FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico.bClasse de recomendação - cNível de evidência.

9.2.2.4 Tratamento dos fatores de risco de acidente vascular cerebral e terapêutica ACO nos doentes com FA submetidos a cardioversão, a ablação por cateter ou a cirurgia por FA

Recomendações para o tratamento do risco de acidente vascular cerebral na pericardioversão

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com FA submetidos a cardioversão, recomendam-se os NOACs no mínimo com a eficácia e segurança semelhantes à varfarina. I A

Para a cardioversão da FA/FLA, recomenda-se a anticoagulação eficaz durante um mínimo de 3 semanas antes da cardioversão. I B

Recomenda-se a ETE para excluir os trombos cardíacos como uma alternativa à anticoagulação pré procedimento durante 3 semanas quando a cardioversão prévia é planeada.

I B

Page 48: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

45

Recomendações para a o tratamento do risco de acidente vascular cerebral na pericardioversão (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com risco de acidente vascular cerebral, recomenda-se a continuação da terapêutica ACO a longo prazo após a cardioversão de acordo com as recomendações sobre a anticoagulação a longo prazo, independentemente do método de cardioversão, da aparente manutenção do ritmo sinusal ou da caracterização da FA como um «primeiro episódio diagnosticado».

I B

Quando um trombo é identificado na ETE, recomenda-se a anticoagulação eficaz durante pelo menos 3 semanas antes da cardioversão da FA.

I B

Recomenda-se que a importância da adesão e da persistência à terapêutica com NOAC tanto antes como após a cardioversão seja fortemente salientada aos doentes.

I C

Deve ser iniciada a anticoagulação eficaz logo que possível antes de qualquer cardioversão da FA ou da FLA. IIa B

Pode ser efetuada uma cardioversão sem demora sem efetuar ETE nos doentes com FA de duração < 48 horas. IIa B

Nos doentes com FA de duração > 24 horas submetidos a cardioversão, deve ser mantida a terapêutica anticoagulante durante pelo menos 4 semanas, mesmo após cardioversão bem sucedida a ritmo sinusal (para além de 4 semanas, a decisão sobre uma terapêutica ACO a longo prazo é determinada pela presença de fatores de risco de acidente vascular cerebral).

IIa B

Quando o trombo for identificado na ETE, este exame deve ser repetido para assegurar a resolução do trombo antes da cardioversão.

IIa C

Nos doentes com FA com duração seguramente ≤ 24 horas e um risco muito baixo de acidente vascular cerebral (CHA

2DS

2-

VASC de 0 nos homens ou de 1 nas mulheres) pode ser omitida a

anticoagulação pós cardioversão durante 4 semanas.

IIb C

ACO = terapêutica anticoagulante oral; CHA2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca congestiva,

Hipertensão, Idade ≥ 75, Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74, Género (feminino); ETE = ecocardiografia transesofágica; FA = fibrilhação auricular; FLA = flutter auricular; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K. bClasse de recomendação - cNível de evidência.

Page 49: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

46

Recomendações para o tratamento do risco de acidente vascular cerebral na peri ablação por cateter

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com FA com fatores de risco de acidente vascular cerebral não medicados com ACO antes da ablação, recomenda-se que o tratamento periprocedimento de risco de acidente vascular cerebral inclua a iniciação da anticoagulação e: • Preferencialmente, terapêutica ACO durante pelo menos 3

semanas antes da ablação, ou • Em alternativa, a utilização da ETE para excluir o trombo na

AE antes da ablação.

I

C

IIa

Para os doentes submetidos a ablação da FA por cateter que foram terapeuticamente anticoagulados com varfarina, dabigatrano, rivaroxabano, apixabano ou edoxabano, recomenda-se que o procedimento da ablação seja efetuado sem interrupção da ACO.

I A

Após a ablação da FA por cateter, recomenda-se que: • A anticoagulação sistémica com varfarina ou a manutenção de

um NOAC durante pelo menos 2 meses após a ablação e • A manutenção a longo prazo da anticoagulação sistémica para

além de 2 meses após a ablação baseada no perfil de risco de acidente vascular cerebral do doente e não no sucesso aparente ou no fracasso do procedimento da ablação.

I C

ACO = terapêutica anticoagulante oral; AE = aurícula esquerda; ETE = ecocardiografia transesofágica; FA = fibrilhação auricular; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

Recomendações para a anticoagulação pós operatória após a cirurgia da FA

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se a ACO a longo prazo em doentes após a cirurgia da FA e após encerramento do apêndice, com base no risco tromboembólico do doente avaliado pelo score CHA

2DS

2-VAS

C.

I C

ACO = terapêutica anticoagulante oral; CHA2DS

2-VAS

C = Insuficiência cardíaca congestiva,

Hipertensão, Idade ≥ 75, Diabetes mellitus, Acidente vascular cerebral, Doença vascular, Idade 65 – 74, Género (feminino); FA = fibrilhação auricular. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

9.2.2.5. Terapêutica farmacológica antiarrítmica a longo prazo para controlo do ritmoA terapêutica farmacológica antiarrítmica visa a melhoria dos sintomas relacionados com a FA. A decisão de iniciar uma terapêutica farmacológica antiarrítmica a longo prazo requer o equilíbrio entre a carga dos sintomas, os possíveis efeitos adeversos dos fárma-cos, e as preferências do doente. A escolha dos fármacos a ser utilizados pelo doente

Page 50: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

47

individual deve ser orientada sobretudo pela segurança e não pelas considerações sobre a eficácia e é significativamente influenciada pelas comorbilidades do doente.

Tabela 10 Normas sobre a iniciação dos fármacos antiarrítmicos durante o controlo do ritmo a longo prazo nos doentes com fibrilhação auricular

Consideração Critérios

Indicação para FAA

• O doente é assintomático?• Os sintomas da FA são suficientemente graves (classe de

EHRA) para justificar a administração de FAA?• Existem situações associadas que prevêem a má tolerância

aos episódios de FA?

Quando iniciar um FAA

• Geralmente não no primeiro episódio, mas poderá melhorar a eficácia da cardioversão

Como escolher entre os FAAs

• Minimizar o risco pró arrítmico e a toxicidade dos órgãos Avaliar: ♦ alterações basais no ECG (duração do QRS, PR, QTc) e

possível interferência com os FAA ♦ impacto na função VE ♦ interações farmacocinéticas e farmacodinâmicas

importantes (i.e. fármacos antitrombóticos)• Fatores de risco de pró arritmia podem ser dinâmicos e mudar

ao longo do tempo

Como minimizar o risco pró arrítmico

• Avaliar o ECG após o tratamento, conforme indicado nestas Recomendações • Avaliar periodicamente a toxicidade dos órgãos (amiodarona) • Monitorização por Holter a longo prazo e prova de esforço

em casos selecionados • Evitar combinações de FAA

Como verificar a eficácia

• Estimar a carga da FA sob terapêutica (pedir ao doente para anotar os episódios)

• Se o doente já está sob FAA com resultados eficazes, mas teve de interromper por intolerância, escolher de preferência da mesma classe

Intervenções adjuvantes e terapêutica híbrida

• Nos doentes com alterações da condução auriculoventri-cular e/ou com disfunção do nódulo sinusal, deve ser con-siderada a implantação de um pacemaker se a terapêutica com FAA for considerada necessária

• A terapêutica com FAA a curto prazo pode prevenir as recidivas prévias após a ablação da FA

ECG = eletrocardiograma; EHRA = European Heart Rhythm Association; FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico; PR = intervalo PR; QRS = intervalo QRS; QTc = intervalo QT corrigido; VE = ventricular esquerda.

Page 51: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

48

Tabela 11 FAAs utilizados para manutenção a longo prazo do ritmo sinusal nos doentes com FA

Fármacos antiarrítmicos durante a manutenção a longo prazo do ritmo sinusal

Fármaco Dose Contraindicações e precauções principais Sinais de aviso que justificam a descontinuação

Nódulo AV Monitorização por ECG

Amiodarona 3 x 200 mgdiários durante 4 semanas, seguidamente 200 mg diários

Precaução ao administrar terapêutica concomitante com fármacos que prolongam o intervalo QT, AVKs ou digitálicos.Risco acrescido de miopatias quando administrada com estatinas.Requer vigilância regular da toxicidade do fígado, pulmões e tiroide. Contraindicada em situações de hipertiroidismo evidente.

Prolongamento excessivo do QT (> 500 ms).

Reduz a frequência ventricular (durante 10 – 12 bpm), oferece segurança em doentes com IC.

Basal,4 semanas

Dronedarona 400 mg duas vezes ao dia

Contraindicada nas Classes III-IV da NYHA ou com IC instável, em combinação com fármacos que prolongam o intervalo QT ou com inibidores potentes da CYP3A4 (e.g. verapamil, diltiazem) e se a CeCr < 30 mL/min.Contraindicada na terapêutica concomitante com dabigatrano.Quando administrada com digitálicos ou com betabloqueantes, as doses devem ser reduzidas.É comum um aumento modesto da creatinina sérica, refletindo sobretudo a redução da CeCr induzida por fármacos, e não o agravamento da função renal.

Prolongamento excessivo do QT(> 500 ms ou aumento > 60 ms).

Apresenta propriedades de retardamento da condução do nódulo AV.

Basal,4 semanas

Flecainida

Flecainida deliberação retardada

100 – 200 mg duas vezes ao dia

200 mg uma vez ao dia

Contraindicada em doentes com CeCr < 35 mL/min/1,783m2 e doença hepática significativa.Contraindicada em doentes com doença cardíaca isquémica ou como FEVE reduzida.Precaução na presença de alterações da condução SA/AV.Os inibidores da CYP2D6 aumentam a concentração plasmática.

Alargamento do QRS > 25% sobre o valor basal e doentes com BCRE ou qualquer outro bloqueio na condução>120 ms.

Pode aumentar o comprimento do ciclo do flutter auricular, promovendo assim a condução AV 1:1 e aumentando a frequência cardíaca.

Basal,após 1-2 semanas

Propafenona

Propafenona de liberação retardada

150 – 300 mg três vezes ao dia

225 – 425 mgduas vezes ao dia

Contraindicada em doentes com doença renal ou hepática significativa, com doença isquémica cardíaca, com função sistólica VE reduzida, ou asma.Precaução na presença de alterações da condução SA/AV.Aumenta a concentração de varfarina/acenocoumarina e digoxina no caso de administração concomitante.

Alargamento do QRS > 25% sobre o valor basal e doentes com BCRE e qualquer outro bloqueio na condução>120 ms.

Discreta Basal,após 1-2 semanas

Sotalol(d,l, mistura racémica)

80 – 160 mg duas vezes ao dia

O sotalol deve ser utilizado com precaução.Não deve ser administrado em doentes com IC-FEr, com hipertrofia VE significativa, com intervalo QT prolongado, asma, hipocalemia, CeCr < 30 mL/min.O efeito dos bloqueadores dos canais de potássio aumenta com o aumento da dose e, por consequência, aumenta o risco de pró arritmia ventricular (TdP).

Deve ser descontinuado no caso de prolongamento excessivo do QT (> 500 ms ou aumento > 60 ms)

Semelhante à dose elevada dos betabloqueantes

Basal,após 1 dia eapós 1 – 2 semanas

A disopiramida é raramente utilizada no controlo do ritmo nos doentes com FA, devido ao aumento da mortalidade e à intolerância frequente aos efeitos colaterais. Pode ser útil na FA «vagal»

Page 52: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

49

Tabela 11 FAAs utilizados para manutenção a longo prazo do ritmo sinusal nos doentes com FA

Fármacos antiarrítmicos durante a manutenção a longo prazo do ritmo sinusal

Fármaco Dose Contraindicações e precauções principais Sinais de aviso que justificam a descontinuação

Nódulo AV Monitorização por ECG

Amiodarona 3 x 200 mgdiários durante 4 semanas, seguidamente 200 mg diários

Precaução ao administrar terapêutica concomitante com fármacos que prolongam o intervalo QT, AVKs ou digitálicos.Risco acrescido de miopatias quando administrada com estatinas.Requer vigilância regular da toxicidade do fígado, pulmões e tiroide. Contraindicada em situações de hipertiroidismo evidente.

Prolongamento excessivo do QT (> 500 ms).

Reduz a frequência ventricular (durante 10 – 12 bpm), oferece segurança em doentes com IC.

Basal,4 semanas

Dronedarona 400 mg duas vezes ao dia

Contraindicada nas Classes III-IV da NYHA ou com IC instável, em combinação com fármacos que prolongam o intervalo QT ou com inibidores potentes da CYP3A4 (e.g. verapamil, diltiazem) e se a CeCr < 30 mL/min.Contraindicada na terapêutica concomitante com dabigatrano.Quando administrada com digitálicos ou com betabloqueantes, as doses devem ser reduzidas.É comum um aumento modesto da creatinina sérica, refletindo sobretudo a redução da CeCr induzida por fármacos, e não o agravamento da função renal.

Prolongamento excessivo do QT(> 500 ms ou aumento > 60 ms).

Apresenta propriedades de retardamento da condução do nódulo AV.

Basal,4 semanas

Flecainida

Flecainida deliberação retardada

100 – 200 mg duas vezes ao dia

200 mg uma vez ao dia

Contraindicada em doentes com CeCr < 35 mL/min/1,783m2 e doença hepática significativa.Contraindicada em doentes com doença cardíaca isquémica ou como FEVE reduzida.Precaução na presença de alterações da condução SA/AV.Os inibidores da CYP2D6 aumentam a concentração plasmática.

Alargamento do QRS > 25% sobre o valor basal e doentes com BCRE ou qualquer outro bloqueio na condução>120 ms.

Pode aumentar o comprimento do ciclo do flutter auricular, promovendo assim a condução AV 1:1 e aumentando a frequência cardíaca.

Basal,após 1-2 semanas

Propafenona

Propafenona de liberação retardada

150 – 300 mg três vezes ao dia

225 – 425 mgduas vezes ao dia

Contraindicada em doentes com doença renal ou hepática significativa, com doença isquémica cardíaca, com função sistólica VE reduzida, ou asma.Precaução na presença de alterações da condução SA/AV.Aumenta a concentração de varfarina/acenocoumarina e digoxina no caso de administração concomitante.

Alargamento do QRS > 25% sobre o valor basal e doentes com BCRE e qualquer outro bloqueio na condução>120 ms.

Discreta Basal,após 1-2 semanas

Sotalol(d,l, mistura racémica)

80 – 160 mg duas vezes ao dia

O sotalol deve ser utilizado com precaução.Não deve ser administrado em doentes com IC-FEr, com hipertrofia VE significativa, com intervalo QT prolongado, asma, hipocalemia, CeCr < 30 mL/min.O efeito dos bloqueadores dos canais de potássio aumenta com o aumento da dose e, por consequência, aumenta o risco de pró arritmia ventricular (TdP).

Deve ser descontinuado no caso de prolongamento excessivo do QT (> 500 ms ou aumento > 60 ms)

Semelhante à dose elevada dos betabloqueantes

Basal,após 1 dia eapós 1 – 2 semanas

ocorrendo em atletas ou durante o sono. Reduz a obstrução do trato de saída do VE e os sintomas dos doentes com MCH.

Page 53: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

50

Fig

ura

13 T

erap

êuti

ca d

e co

ntro

lo d

o ri

tmo

a lo

ngo

praz

o

Indi

caçã

o pa

ra a

ter

apêu

tica

de

cont

rolo

do

ritm

o a

long

o pr

azo

Ava

liar

e tr

atar

os

fato

res

de r

isco

e a

s co

mor

bilid

ades

IEC

A, A

RA

, AR

M, e

stat

inas

em

doe

ntes

com

fato

res

de r

isco

, HV

E o

u di

sfun

ção

VE

(IIa

)

Nen

hum

sin

al o

u si

nais

mín

imos

de

doe

nça

card

íaca

est

rutu

ral

DC

, IC-

FEp,

doe

nça

valv

ular

si

gnif

icat

iva

IC-F

Er

• D

rone

daro

na•

Am

ioda

rona

• A

mio

daro

na

• P

ropa

feno

na•

Sot

alol

• Fl

ecai

nida

• D

rone

daro

na

• S

otal

ol

(IA

)(I

A)

(IA

)

(IA

)(I

A)

(IA

)

(IIb

A)

(IIb

A)

Abl

ação

por

ca

tete

r

Abl

ação

por

ca

tete

r

Abl

ação

por

ca

tete

r

No

caso

de

FA

re

corr

ente

No

caso

de

FA

re

corr

ente

No

caso

de

FA

re

corr

ente

Esc

olha

do

doen

te

AR

A =

ant

agon

ista

dos

rec

etor

es d

a an

giot

ensi

na; A

RM

= a

ntag

onis

ta d

os r

ecet

ores

dos

min

eral

ocor

tico

ides

; DC

= d

oenç

a ar

teri

al

coro

nári

a; F

A =

fib

rilh

ação

aur

icul

ar; H

VE

= hi

pert

rofi

a ve

ntri

cula

r es

quer

da; I

C-FE

p =

insu

fici

ênci

a ca

rdía

ca c

om f

raçã

o de

eje

ção

pres

erva

da; I

C-FE

r =

insu

fici

ênci

a ca

rdía

ca c

om f

raçã

o de

eje

ção

redu

zida

; iEC

A =

inib

idor

da

enzi

ma

de c

onve

rsão

da

angi

oten

sina

; V

E =

vent

ricu

lar

esqu

erda

No

cas

o d

e F

A r

eco

r-re

nte

No

cas

o d

e F

A r

eco

r-re

nte

Page 54: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

51

Recomendações para os fármacos antiarrítmicos a longo prazo

Recomendações Classea Nívelb

Recomendam-se a flecainida ou a propafenona durante o controlo do ritmo a longo prazo em doentes com FA com função VE normal e sem doença cardíaca estrutural, incluindo HVE significativa e isquemia do miocárdio.

I A

Recomenda-se a dronedarona durante o controlo do ritmo a longo prazo nos doentes com FA com: • Função VE normal ou ligeiramente diminuída (mas estável) ou • IC-FEp, doença isquémica ou valvular cardíaca

I A

Recomenda-se a amiodarona durante o controlo do ritmo a longo prazo em todos os doentes com FA, incluindo os que têm IC-FEr. No entanto, devido a esta toxicidade extracardíaca, devem ser considerados inicialmente outros FAA sempre que possível.

I A

Nos doentes com FA medicados com sotalol, recomenda-se uma monitorização rigorosa do intervalo QT, dos níveis de potássio sérico, da depuração da creatinina e de outros fatores de risco pró arrítmicos.

I B

Nos doentes com FA medicados com flecainida para controlo do ritmo a longo prazo, deve ser considerada a administração concomitante de fárma-cos bloqueadores da condução no nódulo auriculoventricular (se tolerados).

IIa C

Pode ser considerado o sotalol para controlo do ritmo a longo prazo nos doentes com função VE normal ou com cardiopatia isquémica se for efetuada uma monitorização rigorosa do intervalo QT, dos níveis de potássio sérico, da depuração da creatinina e de outros fatores de risco pró-arrítmicos.

IIb A

Não se recomenda a terapêutica com FAA em doentes com FA permanente sob controlo da frequência e em doentes com defeitos graves da condução a não ser que sejam submetidos a pacing antibradicardia.

III C

FA = fibrilhação auricular; FAA = fármaco antiarrítmico; HVE = hipertrofia VE; IC-FEp = insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada; IC-FEr = insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida; VE = ventricular esquerda. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

9.3 «C» - Fatores de risco cardiovasculares e doenças concomitantes – deteção e tratamentoA carga dos fatores de risco cardiovasculares e as comorbilidades, incluindo os fatores do estilo de vida e as situações limites, têm um impacto significativo no risco vitalício de desenvolvimento da FA. O componente «C» da via de acesso ABC inclui a identificação

Page 55: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

52

e o tratamento de doenças concomitantes, de fatores de risco cardiometabólicos e de fatores de estilo de vida pouco saudável. O tratamento dos fatores de risco e da doença cardiovascular complementa a prevenção do acidente vascular cerebral e reduz a carga da FA e da gravidade dos sintomas.

9.3.1 Intervenções sobre o estilo de vida

Recomendações para as intervenções sobre o estilo de vida e tratamento dos fatores de risco e doenças concomitantes nos doentes com FA

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se a identificação e o tratamento dos fatores de risco e de doenças concomitantes como parte integral do tratamento dos doentes com FA.

I B

Recomenda-se a modificação do estilo de vida pouco saudável e de uma terapêutica alvo de situações intercorrentes para reduzir a carga da FA e a gravidade dos sintomas.

I B

Recomenda-se o rastreio oportuno da FA nos doentes hipertensos. I B

Recomenda-se o controlo otimizado da PA nos doentes com FA com hipertensão para reduzir as recidivas da FA e o risco de acidente vascular cerebral e de hemorragia.

I B

Nos doentes obesos com FA, deve ser considerada a perda de peso juntamente com o tratamento de outros fatores de risco para reduzir a incidência, a progressão, as recidivas da FA e os sintomas.

IIa B

Deve ser considerado o aconselhamento e o tratamento do consumo excessivo de álcool na prevenção da FA e nos doentes com FA indicados para terapêutica ACO.

IIa B

Deve ser considerada a atividade física para ajudar a prevenir a incidência ou a recidiva de FA, com a exceção de exercícios de resistência excessivos, que poderão favorecer a FA.

IIa C

Deve ser considerado o rastreio oportuno da FA nos doentes com SAOS. IIa C

Pode ser considerado o tratamento otimizado da SAOS para reduzir a incidência, a progressão, as recidivas da FA e os sintomas.

IIb C

ACO = anticoagulante oral; FA = fibrilhação auricular; HIC = hemorragia intracraniana; IC = insuficiência cardíaca; PA = pressão arterial; SAOS = síndrome de apneia obstrutiva do sono.aClasse de recomendação - bNível de evidência.

Page 56: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

53

10. Abordagem ABC em contextos/situações/populações de doentes clínicos específicos

10.1 Fibrilhação auricular com instabilidade hemodinâmica

Recomendações para o tratamento da FA com instabilidade hemodinâmica

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se a cardioversão elétrica de emergência nos doentes com FA com instabilidade hemodinâmica aguda ou com agravamento da mesma.

I B

Nos doentes com FA com instabilidade hemodinâmica, pode ser considerada a amiodarona para controlo agudo da frequência cardíaca. IIb B

FA = fibrilhação auricular. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

10.2 Síndrome coronária aguda, intervenção coronária percutânea e síndrome coronária crónica nos doentes com fibrilhação auricularO risco de FA de novo aumenta nos doentes com síndromes coronárias agudas (SCA) e vice versa. Globalmente, 10 – 15% dos doentes com FA submetem-se a intervenção coronária percutânea. A terapêutica antitrombótica neste contexto pode ser desa-fiante, uma vez que necessita a ponderaração entre o risco de eventos trombóticos recorrentes e o risco de hemorragia. Na maioria dos doentes, a interrupção precoce da aspirina e a manutenção da terapêutica antitrombótica dupla com um ACO e com um inibidor do P2Y

12 é considerada suficiente. (Consultar a Figura 14 no interior da capa).

Recomendações para os doentes com FA com SCA, ICP ou SCC

Recomendações Classea Nívelb

Recomendações gerais para os doentes com FA e uma indicação para a terapêutica antiplaquetária concomitante

Nos doentes com FA, indicados para NOACs, recomenda-se de preferência a utilização de um NOACc relativamente a um AVK em combinação com terapêutica antiplaquetária.

I A

Nos doentes com alto risco de hemorragia (HAS-BLED ≥ 3), deve ser considerado de preferência o rivaroxabano 15mg uma vez ao dia relativamente ao rivaroxabano 20 mg uma vez ao dia durante a duração de terapêutica antiplaquetária simples ou dupla concomitante para atenuar o risco de hemorragia.

IIa B

Page 57: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

54

Recomendações para os doentes com FA com SCA, ICP ou SCC (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Recomendações gerais para os doentes com FA e com uma indicação para a terapêutica antiplaquetária concomitante (continuação)

Nos doentes com risco elevado de hemorragia (HAS-BLED ≥ 3), deve ser considerado de preferência o dabigatrano 110 mg duas vezes ao dia em vez do dabigatrano 150 mg duas vezes ao dia durante a duração da terapêutica antiplaquetária simples ou dupla concomitante para atenuar o risco de hemorragia.

IIa B

Nos doentes com FA com indicação para um AVK em combinação com terapêutica antiplaquetária, a dose do AVK deve ser cuidadosamente regulada com um INR alvo de 2,0 – 2,5 e TIT > 70%.

IIa B

Recomendações para os doentes com FA com SCA

Nos doentes com FA com SCA submetidos a ICP não complicada, recomenda-se a cessação precoce (≤ 1 semana) da aspirina e a manutenção de uma terapêutica dupla com um ACO e com um inibidor do P2Y

12 (de preferência o clopidogrel) até 12 meses

se o risco de trombose de stentd for baixo ou se as questões relacionadas com o risco de hemorragiae prevalecerem sobre as questões relacionadas com o risco de trombose de stentd, independentemente do tipo de stent utilizado.

I A

Deve ser considerada uma terapêutica tripla com aspirina, com clopidogrel, e com um ACOf durante mais de 1 semana após uma SCA, quando o risco de trombose de stentd compensar o risco de hemorragiae. A duração total (≤ 1 mês) é decidida de acordo com a avaliação destes riscos, e o plano de tratamento deve ser claramente especificado na alta hospitalar.

IIa C

Recomendações para os doentes com FA com SCC submetidos a ICP

Após uma ICP não complicada, recomenda-se a cessação precoce (≤ 1 semana) da aspirina e a manutenção da terapêutica dupla com um ACO até 6 meses e com clopidogrel, se o risco de trombose de stentd for baixo ou se as questões relacionadas com o risco de hemorragiae prevalecerem sobre as questões relacionadas com o risco de trombose de stentd, independentemente do tipo de stent utilizado.

I A

Page 58: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

55

Recomendações para os doentes com FA com SCA, ICP ou SCC (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Recomendações para os doentes com FA com SCC submetidos a ICP (continuação)

Deve ser considerada a terapêutica tripla com aspirina, clopidogrel e com um ACOf durante mais de 1 semana quando o risco de trombose de stentd compensar o risco de hemorragiae. A duração total (≤ 1 mês) é decidida de acordo com a avaliação destes riscos, e o plano de tratamento deve ser claramente especificado na alta hospitalar.

IIa C

ACO = terapêutica anticoagulante oral; AVK = antagonista da vitamina K; DRC = doença renal crónica; FA = fibrilhação auricular; HAS-BLED = Hipertensão, Alteração da função renal/hepática, Acidente vascular cerebral, História ou predisposição para hemorragia, INR lábil, idosos (> 65 anos), Fármacos/álcool em conjunto; HIC = hemorragia intracraniana; ICP = intervenção coronária percutânea; INR = international normalized ratio; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K; SCA = síndrome coronária aguda; SCC = síndrome coronária crónica; TIT = tempo no intervalo terapêutico.aClasse de recomendação.bNível de evidência.cConsultar o resumo das características do medicamento sobre as doses reduzidas ou sobre contraindicações de cada NOAC nos doentes com DRC, peso corporal < 60 kg, idade > 75 – 80 anos e/ou interações farmacológicas.dO risco da trombose de stent abrange: (i) o risco de ocorrência de trombose e (ii) o risco de morte no caso de ocorrência de trombose de stent, ambos relacionados com as características anatómicas, clínicas e do procedimento. Os fatores de risco nos doentes com SCC incluem a implantação de stent no tronco comum ou na última artéria patente remanescente; implantação subotimizada de stent; comprimento do stent > 60 mm; diabetes mellitus; DRC; bifurcação com dois stents implantados; tratamento de oclusão crónica total; e trombose de stent anterior sob terapêutica antitrombótica adequada.eO risco de hemorragia nos doentes com FA pode ser avaliado através do score HAS-BLED, que chama a atenção para fatores de risco de hemorragia modificáveis; os que têm risco elevado (score ≥ 3) devem submeter-se a avaliações prévias mais frequentes e a seguimento. O risco de hemorragia é muito dinâmico e não permanece estático e confiar apenas nos fatores de risco de hemorragia modificáveis constituiu uma estratégia insuficiente para avaliar o risco de hemorragia.fQuando o dabigatrano é utilizado na terapêutica tripla, o dabigatrano 110 mg duas vezes ao dia pode ser utilizado em vez do dabigatrano 150 mg duas vezes ao dia, sendo no entanto a evidência insuficiente.

Page 59: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

56

10.3 Acidente vascular cerebral agudo ou HIC nos doentes com fibrilhação auricular

Recomendações para a procura da FA em doentes com acidente vascular cerebral criptogénico

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com um acidente vascular cerebral isquémico agudo ou com AIT e sem FA previamente conhecida, recomenda-se a monitorização para rastreio de FA, utilizando um registo eletrocardiográfico de curta duração durante pelo menos as primeiras 24 horas, seguido de monitorização eletrocardiográfica contínua durante pelo menos 72 horas, sempre que possível.

I B

Nos doentes selecionadosc com acidente vascular cerebral sem FA previamente conhecida, deve ser considerada a monitorização eletrocardiográfica adicional utilizando monitores eletro- cardiográficos não invasivos a longo prazo ou monitores cardíacos implantáveis para detetar a FA.

IIa B

AIT = acidente isquémico transitório; C2HEST = DC/DPOC (1 ponto cada), Hipertensão (1 ponto), Idosos (≥ 75 anos, 2 pontos), Insuficiência cardíaca sistólica (2 pontos) e Doença tiroideia (hipertiroidismo, 1 ponto) (score); ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular.aClasse de recomendação.bNível de evidência.cNem todos os doentes com acidente vascular cerebral beneficiariam de monitorização eletrocardiográfica prolongada; aqueles considerados de alto risco de desenvolver FA (e.g. idosos, com fatores de risco cardiovasculares ou com comorbilidades, com índices de remodelagem da AE, com score C

2HEST elevado, etc.) ou aqueles com acidente vascular cerebral critptogénico e com

características para acidente vascular cerebral sugestivas de acidente vascular cerebral embólico devem ser referenciados para monitorização prolongada por Holter.

Recomendações para a prevenção secundária de acidente vascular cerebral nos doentes com FA após acidente vascular cerebral isquémico agudo

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com FA com acidente vascular cerebral isquémico ou com AIT, recomenda-se a prevenção secundária do acidente vascular cerebral a longo prazo utilizando ACO se não houver contraindicação rigorosa para utilização de ACO, com uma preferência pelos NOACs relativamente aos AVKs nos doentes indicados para NOAC.

I A

Nos doentes com FA que apresentam acidente vascular cerebral isquémico agudo, não se recomenda a anticoagulação muito precoce (< 48 horas) com HNF, HBPM, ou AVKs.

III B

Page 60: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

57

Recomendações para prevenção de acidente vascular nos doentes com FA após hemorragia intracraniana

Nos doentes com FA e com risco elevado de acidente vascular cerebral isquémico, deve ser considerada a (re)iniciação da ACO, de preferência com NOACs relativamente aos AVKs nos doentes indicados para NOACs devendo ser considerado em conjunto com um neurologista/especialista em acidente vascular cerebral após: • Uma HIC relacionada com um trauma • Uma HIC espontânea aguda (que inclui hemorragia subdural,

subaracnoidea, ou intracerebral) após consideração cuidadosa dos riscos e benefíciosc.

IIa C

ACO = terapêutica anticoagulante oral ; AIT = acidente isquémico transitório; AVK = antagonista da vitamina K; FA = fibrilhação auricular; HBPM = heparina de baixo peso molecular; HIC = hemorragia intracraniana; HNF = heparina não fracionada; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K.aClasse de recomendação.bNível de evidência.cUm benefício efetivo mais favorável é mais provável com HIC profunda ou sem evidência neuroimagiológica de angiopatia amilóide cerebral ou de micro hemorragias.

10.4 Hemorragia ativa sob terapêutica anticoagulante – tratamento e agentes de reversão

Page 61: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

58

Figura 15 Tratamento das hemorragia ativas nos doentes anticoagulados

Doente com

Comprimir mecanicamente os

História de anticoagulação

Avaliar o estado hemodinâmico, pressão arterial, parâmetros

(As instituições devem ter um procedimento acordado no local)

AVK

Gravidade de hemorragia ativa?

Adicionar o tratamento sintomático: Substituição dos fluidos

Transfusão de sangue Tratar a causa da hemorragia (e.g. gastroscopia)

Considerar a adição de Vitamina K (1 – 10 mg) i.v.

Considerar o CCP e PFC

Considerar a substituição de plaquetas sempre

que adequadoRetardar o AVK

até INR < 2

Grave ou potencialmente fatal

Minor Moderada – grave

ACO = terapêutica anticoagulante oral; AVK = antagonista da vitamina K; CCP = concentrado de complexo protrombínico; INR = international normalized ratio; i.v. = intravenosa;

Page 62: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

59

Figura 15 Tratamento das hemorragia ativas nos doentes anticoagulados(As instituições devem ter um procedimento acordado no local)

NOAC

Grave ou potencialmente fatal

Minor Moderada – grave

hemorragia ativa

locais de hemorragia, se acessíveis

básicos de coagulação, hemograma e função renal

(último NOAC/dose AVK)

Gravidade de hemorragia ativa?

Adicionar o tratamento sintomático:

Substituição dos fluidos

Transfusão de sangue Tratar a causa da hemorragia (e.g.

endoscopia digestiva)Considerar a adição de carvão oral se um

NOAC foi tomado recentemente

Considerar um antídoto

específico, ou CCP se o antídoto não estiver disponível

Considerar a substituição das

plaquetas quando adequado

Retardar o NOAC por 1 dose ou por 1 dia

NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K; PFC = plasma fresco congelado.

Page 63: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

60

Recomendações para o tratamento de hemorragias ativas sob OAC

Recomendações Classea Nívelb

Num doente com FA com hemorragia ativa grave, recomenda-se: • A interrupção do ACO até identificar a causa da hemorragia

e solucionar a hemorragia ativa; e • A realização imediata de um diagnóstico específico e a

intervenção no tratamento para identificar e tratar a(s) causa(s) e a(s) origem(ns) da hemorragia.

I C

Deve ser considerado o concentrado do complexo de protrombina de quatro fatores nos doentes com FA medicados com AVK que desenvolvem uma complicação hemorrágica grave.

IIa C

ACO = anticoagulante oral; AVK = antagonista da vitamina K; FA = fibrilhação auricular;.aClasse de recomendação - bNível de evidência.

10.5 Fibrilhação auricular e doença valvular cardíaca

Recomendações para os doentes com doença valvular cardíaca e FA

Recomendações Classea Nívelb

Os NOACs são contraindicados nos doentes com prótese valvular mecânica. III B

Não se recomenda a administração de NOACs nos doentes com FA e com estenose mitral moderada a grave. III C

AVK = antagonista da vitamina K; FA = fibrilhação auricular; NOAC = anticoagulante oral não dependente da vitamina K. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

10.6 Fibrilhação auricular e cardiopatia congénita

Recomendações para o tratamento da FA nos doentes com cardiopatia congénita

Recomendações Classea Nívelb

• Deve ser considerada a anticoagulação oral em todos os doentes adultos com reparação intracardíaca, cianose, cirurgia paliativa de Fontan, ou ventrículo direito sistémico e história de FA, flutter auricular, ou taquicardia por reentrada intra-auricular.

• Nos doentes com FA e com outras doenças cardíacas congénitas, deve ser considerada a anticoagulação na presença de um ou mais fatores de risco de acidente vascular cerebral não relacionados com o género.

IIa C

Page 64: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

61

Recomendações para o tratamento da FA nos doentes com cardiopatia congénita (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Deve ser considerada a cirurgia da FA nos doentes: • Que necessitam de encerramento cirúrgico da comunicação

interauricular e que têm história de arritmia auricular sintomática (deve ser considerada a ablação auricular no momento do encerramento cirúrgico).

• Deve ser considerada a cirurgia de Cox Maze nos doentes com FA sintomática e com indicação para correção cirúrgica dos defeitos cardíacos congénitos. A cirurgia deve ser feita em centros experientes.

IIa C

Pode ser considerada a ablação por cateter de arritmias auriculares associadas a defeitos cardíacos congénitos, quando realizada em centros experientes.

IIb C

Nos doentes com cardiopatia congénita, pode ser considerada a ETE juntamente com terapêutica anticoagulante durante 3 semanas antes da cardioversão.

IIb C

ACO = anticoagulação oral; ETE = ecocardiografia transesofágica; FA = fibrilhação auricular;. aClasse de recomendação - bNível de evidência.

10.7 Fibrilhação auricular durante a gravidez

Recomendações para o tratamento da FA durante a gravidez

Recomendações Classea Nívelb

Tratamento agudo

Recomenda-se a cardioversão elétrica imediatac no caso de instabilidade hemodinâmica ou de FA pré excitada. I C

Nas mulheres grávidas com MCH, deve ser considerada a cardioversãoc na presença de FA persistente. IIa C

Podem ser consideradas a ibutilide ou a flecainida i.v. para a conversão da FA nos doentes estáveis com corações estruturalmente normais.

IIb C

Tratamento a longo prazo (administração oral de fármacos)

Recomenda-se a terapêutica anticoagulante com heparina ou com AVK de acordo com a fase da gravidez nas doentes com FA.

I C

Page 65: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

62

Recomendações para o tratamento da FA durante a gravidez (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Tratamento a longo prazo (administração oral de fármacos) (continuação)

Recomendam-se os bloqueadores beta-seletivos para o controlo da frequência na FAd. I C

Devem ser considerados a flecainidae, a propafenonae ou o sotalolf para prevenir a FA se os fármacosf que bloqueiam o nódulo auriculoventricular forem ineficazes.

IIa C

Devem ser considerados a digoxinag ou o verpamilg no controlo da frequência se os betabloqueantes forem ineficazes. IIa C

AVK = antagonista da vitamina K; ECG = eletrocardiograma; FA = fibrilhação auricular; i.v. = intravenosas; MCH = miocardiopatia hipertrófica; QTc = intervalo QT corrigido; US = United States; US FDA = United States Food and Drug Administration; VE = ventricular esquerda. aClasse de recomendação - bNível de evidência –cA cardioversão da FA deve ser precedida geralmente pela anticoagulação – dO atenolol tem estado associado a uma taxa mais elevada de atraso do crescimento do feto e não é recomendado – eA flecainida e a propafenona devem ser combinadas com os fármacos que bloqueiam o nódulo auriculoventricular, mas devem ser excluídos a doença cardíaca estrutural, a função VE reduzida e o bloqueio completo do ramo – fOs fármacos da Classe III não devem ser utilizados em presença de prolongamento do QTc – gOs fármacos utilizados para bloqueio do nódulo auriculoventricular não devem ser utilizados em doentes com pré-excitação no ECG em repouso ou com FA pré-excitada.De observar que as antigas categorias de fármacos de A a X – o sistema de classificação para o aconselhamento das mulheres grávidas que necessitam de terapêutica farmacológica – foram substituídas pela Pregnancy and Lactation Labelling Rule, (Regras dos Folhetos Informativos para Grávidas e Período de Aleitamento) que fornece um resumo descritivo dos riscos e informação detalhada sobre os dados clínicos (experimentação no animal), pela FDA dos EUA em Junho de 2015.

10.8 Fibrilhação auricular pós operatóriaA FA pós operatória (FAPO), definida como FA de novo no período pós-operatório imediato, é um problema clinicamente relevante que ocorre numa percentagem significativa de doentes após cirurgia cardíaca, torácica não cardíaca e vascular ou cirurgia extensa do colo retal, geralmente entre os dias 2 e 4 do pós-operatório. Mui-tos episódios da FAPO são autolimitados e alguns são assintomáticos, mas a FAPO tem estado associada a um risco significativamente elevado de FA recorrente e tem demonstrado ser um fator de risco para acidente vascular cerebral, EM e mortalidade.

Recomendações para a FA pós operatória

Recomendações Classea Nívelb

Recomenda-se a terapêutica peri operatória com amiodarona ou com betabloqueantes para a prevenção da FA pós operatória após a cirurgia cardíaca.

I A

Page 66: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

63

Recomendações para a FA pós operatória (continuação)

Recomendações Classea Nívelb

Deve ser considerada a terapêutica ACO a longo prazo para prevenir os eventos tromboembólicos nos doentes com risco de acidente vascular cerebral com FA pós operatória após cirurgia não cardíaca, tendo em consideração o benefício clínico efetivo antecipado da terapêutica ACO e as preferências do doente bem informado.

IIa B

Pode ser considerada a terapêutica ACO a longo prazo para prevenir os eventos tromboembólicos nos doentes com risco de acidente vascular cerebral com FA pós operatória após cirurgia cardíaca, tendo em consideração o benefício clínico efetivo antecipado da terapêutica ACO e as preferências do doente informado.

IIb B

Os betabloqueantes não devem ser utilizados por rotina na prevenção da FA pós operatória nos doentes submetidos a cirurgia não cardíaca.

III B

ACO = anticoagulante oral; FA = fibrilhação auricular. aClasse de recomendação - bNível de evidência

11. Medidas de qualidade e indicadores de desempenho clínico no tratamento da fibrilhação auricularA avaliação da qualidade de um serviço constitui um passo obrigatório relativa-mente aos cuidados de saúde baseados no bom desempenho. A qualidade e os indicadores do desempenho devem proporcionar aos clínicos e às instituições as ferramentas para avaliar a qualidade dos cuidados. Para o tratamento da FA, existe uma variedade de iniciativas e de métricas de qualidade que abrange uma extensa variedade dos aspetos do tratamento. Atualmente não existe um sistema único esta-belecido e amplamente utilizado de medição e informação.

Recomendações para medidas de qualidade nos doentes com FA

Recomendações Classea Nívelb

Os clínicos e as instituições devem introduzir ferramentas para avaliar a qualidade dos cuidados e identificar as oportunidades da melhoria da qualidade do tratamento e dos resultados do doente com FA.

IIa B

FA = fibrilhação auricular.aClasse de recomendação - bNível de evidência

Page 67: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

64

12. Epidemiologia, implicações clínicas e tratamento de episódios auriculares de frequência alta/fibrilhação auricular subclínicaA incidência de AAFE/FA subclínica em doentes com pacemaker/dispositivo implantado é de 30-70%, podendo, no entanto, ser inferior na população em geral. Os episódios muito curtos (≤ 10 – 20 segundos/dia) são considerados clinicamente irrelevantes, uma vez que não estão significativamente associados a episódios mais longos ou a um risco acrescido de acidente vascular cerebral ou de embolia sistémica. No entanto, as AAFE/FA subclínica mais longas (de 5-6 min no mínimo) estão associadas a um risco acrescido de FA clínica, aci-dente vascular cerebral isquémico, eventos cardiovascular adversos major e a mortalidade cardiovascular. Enquanto a evidência disponível for insuficiente para justificar a utilização de ACO por rotina nos doentes com AAFE/FA subclínica, os fatores de risco modificáveis de acidente vascular cerebral devem ser identificados e tratados em cada doente. Nos doen-tes selecionados com AAFE/FA subclínica de maior duração (≥ 24 horas) e risco individual elevado estimado de acidente vascular cerebral, pode ser considerada a utilização de ACO. Globalmente, o risco absoluto de acidente vascular cerebral associado a AAFE/FA subclí-nica pode ser inferior ao da FA clínica, e a dissociação temporal de acidente vascular cere-bral agudo sugere que as AAFE/FA subclínica podem representar mais um marcador do que um fator de risco de acidente vascular cerebral (Consultar a Figura 16 do interior da capa).

Recomendações para o tratamento de doentes com AAFE

Recomendações Classea Nívelb

Nos doentes com AAFE /FA subclínica detetada por DCEI ou por monitor cardíaco implantável, recomenda-se a realização de: • Avaliação cardiovascular completa com registo

eletrocardiográfico, com avaliação clínica dos fatores de risco/das comorbilidades e avaliação do risco tromboembólico utilizando o score CHA

2DS

2-VASc.

• Seguimento e monitorização continuados do doente (de preferência com o apoio de monitorização remota) para detetar a progressão para a FA clínica, para monitorizar as AAFE/carga da FA subclínica (especialmente a transição para ≥ 24 horas) e detetar as alterações das situações clínicas subjacentes.

I B

AAFE = arritmias auriculares de frequência elevada; DCEI = dispositivo cardíaco eletrónico implantável.

Figura central. Tratamento da FA (consultar o interior da capa)O tratamento consiste na confirmação do diagnóstico através do ECG de 12 deriva-ções ou duma tira de ritmo, da caracterização da FA (e.g. o esquema dos 4S-FA) e o tratamento utilizando a abordagem ABC para tratar o risco de acidente vascular cerebral, sintomas e comorbilidades.

Page 68: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

European Society of CardiologyLes Templiers - 2035, Route des CollesCS 80179 Biot 06903 Sophia Antipolis Cedex - France

Phone: +33 (0)4 92 94 76 00Fax: +33 (0)4 92 94 76 01Email: [email protected]

www.escardio.org/guidelines

2020ESC Pocket GuidelinesCommittee for Practice Guidelines

AFIBGuidelines for the diagnosisand management of atrial fibrillation

97 mm 103 mm 105 mm

d8826_Couv_Pocket_AFIB_2020_v6.indd 1 17/11/2020 17:19

Fig

ura

14 T

rata

men

to p

ós p

roce

dim

ento

de

doen

tes

com

FA

e c

om S

CA

/IC

P (s

etas

de

linha

s ch

eias

rep

rese

ntam

um

a es

trat

égia

pad

rão;

set

as d

e co

r gr

adua

da/t

race

jada

s m

ostr

am a

s al

tera

ções

do

trat

amen

to d

epen

dend

o do

s ri

scos

isqu

émic

o e

hem

orrá

gico

do

doen

te in

divi

dual

≤ 1

sem

ana

1 m

ês

3

mes

es

6

mes

es

12 m

eses

Ant

icoa

gula

ção

intr

apro

cedi

men

topa

rent

éric

a se

med

icad

o co

m N

OA

Cou

IN

R <

2,5

qua

ndo

med

icad

o co

m A

VK

OA

C

(NO

AC

ou

AVK

)(N

)OA

C

(N)O

AC

(N)O

AC

Long

o pr

azo

Long

o pr

azo

Long

o pr

azo

SC

AIC

P

P2

Y12

P2

Y12

Asp

irin

a

Asp

irin

a

SC

A

trat

ada

m

edic

amen

teFá

rmac

o an

tipl

aque

tári

o si

mpl

es (d

e pr

efer

ênci

a P

2Y

12)

SC

CIC

P

Fibr

inól

ise

apen

as s

eO

AC

est

á ab

aixo

do

inte

rval

o te

rapê

utic

o de

refe

rênc

ia

Ant

icoa

gula

ção

intr

apro

cedi

men

to

pare

ntér

ica

INR

2,0

– 2

,5A

VK

(N)O

AC

Page 69: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

European Society of CardiologyLes Templiers - 2035, Route des CollesCS 80179 Biot 06903 Sophia Antipolis Cedex - France

Phone: +33 (0)4 92 94 76 00Fax: +33 (0)4 92 94 76 01Email: [email protected]

www.escardio.org/guidelines

2020ESC Pocket GuidelinesCommittee for Practice Guidelines

AFIBGuidelines for the diagnosisand management of atrial fibrillation

97 mm 103 mm 105 mm

d8826_Couv_Pocket_AFIB_2020_v6.indd 1 17/11/2020 17:19

FATO

RES

DE

RIS

CO

DE

HE

MO

RR

AG

IA•

Hip

erte

nsão

• A

lter

ação

da

funç

ão r

enal

ou

hepá

tica

• A

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l ou

hist

ória

de

HIC

• H

istó

ria

de h

emor

ragi

a ou

diá

tese

hem

orrá

gica

(e.

g. a

nem

ia c

om h

emog

lobi

na

< 11

0 g

/L)

• IN

R lá

bil (

se m

edic

ado

com

AV

K)

• Id

osos

(>

65

ano

s)•

Fárm

acos

(O

AC

e t

erap

êuti

ca a

ntip

laqu

etár

ia c

onco

mit

ante

s, A

INE

(s),

con

sum

o ex

cess

ivo

de á

lcoo

l)

FATO

RES

DE

RIS

CO

T

RO

MB

ÓT

ICO

• Dia

bete

s m

ellit

us q

ue r

eque

r te

rapi

a• S

CA p

révi

a/en

fart

e do

mio

cárd

io

reco

rren

te• D

C m

ultiv

aso

• DA

P co

ncom

itant

e• D

C p

rem

atur

a (o

corr

endo

< 4

5 an

os) o

u D

C a

cele

rada

(nov

a le

são

no p

erío

do d

e 2

anos

)• D

RC

(TFG

e <

60 m

L/m

in)

• Apr

esen

taçã

o cl

ínic

a (S

CA)

• Ste

nts

mul

tivas

os• R

evas

cula

riza

ção

com

plex

a (s

tent

s no

tron

co c

omum

, ste

nts

em

lesõ

es d

e bi

furc

ação

, int

erve

nção

na

ocl

usão

cró

nica

tota

l, im

plan

taçã

o de

ste

nt n

o úl

timo

vaso

pat

ente

)• T

rom

bose

de

sten

t pré

via

sob

tera

pêut

ica

antip

laqu

etár

ia• F

ator

es p

roce

dim

ento

(exp

ansã

o do

s st

ents

, dis

seçã

o re

sidu

al,

com

prim

ento

do

sten

t, et

c.)

EST

RA

GIA

S P

AR

A R

ED

UZ

IR H

EM

OR

RA

GIA

S A

SS

OC

IAD

AS

A I

CP

• A

cess

o pe

la a

rtér

ia r

adia

l•

IBP

s no

s do

ente

s so

b TA

PD

com

ris

co a

cres

cido

de

hem

orra

gia

(e.g

. ido

sos,

di

spep

sia,

doe

nça

do r

eflu

xo g

astr

oeso

fági

co, i

nfeç

ão p

or h

elic

obac

ter

pylo

ri,

alco

olis

mo

crón

ico)

• N

ão a

dmin

istr

ação

de

hepa

rina

não

fra

cion

ada

nos

doen

tes

med

icad

os c

om A

VK

co

m IN

R >

2,5

• P

ré t

rata

men

to c

om a

spir

ina

apen

as, a

dici

onar

um

inib

idor

do

P2Y

12 q

uand

o a

anat

omia

cor

onár

ia é

con

heci

da o

u no

cas

o de

ST

EM

I•

Inib

idor

es d

a G

P II

b/III

a ap

enas

no

caso

de

recu

rso

ou d

e co

mpl

icaç

ões

no

peri

proc

edim

ento

• D

uraç

ão m

ais

curt

a da

ter

apêu

tica

ant

itro

mbó

tica

com

bina

da

Page 70: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

Recomendações de Bolso de 2020 da ESCComissão para asRecomendações Práticas

European Society of CardiologyLes Templiers - 2035, Route des CollesCS 80179 Biot 06903 Sophia Antipolis Cedex - France

Phone: +33 (0)4 92 94 76 00Fax: +33 (0)4 92 94 76 01Email: [email protected]

www.escardio.org/guidelines

2020ESC Pocket GuidelinesCommittee for Practice Guidelines

AFIBGuidelines for the diagnosisand management of atrial fibrillation

97 mm 103 mm 105 mm

d8826_Couv_Pocket_AFIB_2020_v6.indd 1 17/11/2020 17:19

AIN

E =

fárm

aco

anti

-infl

amat

ório

não

est

eroi

de; A

VK

= a

ntag

onis

ta d

a vi

tam

ina

K; D

AP

= d

oenç

a ar

teri

al p

erif

éric

a; D

C =

doe

nça

arte

rial

cor

onár

ia;

DR

C =

doe

nça

rena

l cró

nica

; EM

= e

nfar

te d

o m

iocá

rdio

; HB

PM

= h

epar

ina

de b

aixo

pes

o m

olec

ular

; HIC

= h

emor

ragi

a in

trac

rani

ana;

HN

F =

hepa

rina

não

fra

cion

ada;

IBP

= in

ibid

or d

a bo

mba

de

prot

ões;

ICP

= in

terv

ençã

o co

roná

ria

perc

utân

ea; I

NR

= in

tern

atio

nal n

orm

aliz

ed r

atio

; NO

AC

=

anti

coag

ulan

te o

ral n

ão d

epen

dent

e da

vit

amin

a K

; OA

C =

ant

icoa

gula

nte

oral

; SC

A =

sín

drom

es c

oron

ária

s ag

udas

; SC

C =

sín

drom

es c

oron

ária

s cr

ónic

as; S

TEM

I = e

nfar

te d

o m

iocá

rdio

com

ele

vaçã

o do

seg

men

to S

T; T

AP

D =

ter

apêu

tica

ant

iagr

egan

te p

laqu

etár

ia d

upla

; TFG

e =

taxa

de

filt

raçã

o gl

omer

ular

est

imad

a.

Rec

omen

da-s

e o

pré

trat

amen

to c

om u

m in

ibid

or d

o P

2Y12 n

os d

oent

es c

om S

TEM

I ou

quan

do a

ana

tom

ia c

oron

ária

é c

onhe

cida

; dev

erá

ser

prot

elad

o na

SC

A-N

STEM

I até

ao

mom

ento

da

coro

nari

ogra

fia

no c

aso

de e

stra

tégi

a in

vasi

va p

reco

ce n

o pe

ríod

o de

24

hor

as. E

stud

os o

bser

vaci

onai

s in

dica

m q

ue a

ICP

é g

eral

men

te s

egur

a m

ante

ndo

a te

rapê

utic

a co

ntín

ua c

om A

VK

s em

com

para

ção

com

a in

terr

upçã

o da

OA

C e

ter

apêu

tica

de

tran

siçã

o co

m h

epar

ina,

em

par

ticu

lar

se o

ace

sso

se p

roce

ssar

pel

a ar

téri

a ra

dial

; pel

o co

ntrá

rio,

os

estu

dos

com

os

NO

AC

s sã

o co

ntra

ditó

rios

, pr

edom

inan

tem

ente

des

acon

selh

ando

a IC

P s

e nã

o ho

uver

qua

lque

r in

terr

upçã

o do

NO

AC

. Se

for

nece

ssár

ia u

ma

ICP

urg

ente

, sug

ere-

se a

ad

min

istr

ação

de

um a

ntic

oagu

lant

e pa

rent

éric

o (H

NF,

HB

PM

ou

biva

lirud

ina)

, com

a s

uspe

nsão

tem

porá

ria

do N

OA

C p

elo

men

os n

o pe

ríod

o in

icia

l pó

s pr

oced

imen

to (

e.g

24 h

), de

pend

endo

do

perf

il de

ris

co t

rom

bóti

co e

hem

orrá

gico

do

doen

te. S

e a

trom

bólis

e fo

r co

nsid

erad

a nu

m d

oent

e co

m S

TEM

I, o

pass

o in

icia

l dev

e se

r a

aval

iaçã

o da

sit

uaçã

o da

ant

icoa

gula

ção

(e.g

. IN

R n

um d

oent

e m

edic

ado

com

AV

Ks,

ou

se e

stiv

er m

edic

ado

com

um

NO

AC

, ava

liand

o po

r ex

empl

o, o

tem

po d

e tr

ombo

plas

tina

par

cial

ati

vado

no

caso

do

dabi

gatr

ano

ou a

ati

vida

de d

o an

ti fa

tor

Xa

no c

aso

dos

inib

idor

es d

o fa

tor

Xa)

. A t

erap

êuti

ca t

rom

bolít

ica

pode

est

ar a

ssoc

iada

a u

m r

isco

acr

esci

do d

e he

mor

ragi

a no

s do

ente

s so

b an

tico

agul

ação

si

stém

ica,

esp

ecia

lmen

te s

e fo

rem

coa

dmin

istr

ados

hep

arin

a pa

rent

éric

a e

fárm

acos

ant

ipla

quet

ário

s. É

nec

essá

rio

um e

quilí

brio

ent

re o

ben

efíc

io

pote

ncia

l (e.

g. e

nfar

te d

o m

iocá

rdio

ext

enso

da

pare

de a

nter

ior)

e o

s ri

scos

(e.

g. H

IC),

assi

m c

omo

a re

aval

iaçã

o da

pos

sibi

lidad

e de

tra

nsfe

rênc

ia

urge

nte

para

um

cen

tro

com

ICP.

Se

um d

oent

e su

post

amen

te a

ntic

oagu

lado

não

dem

onst

rar

evid

ênci

a de

efe

ito

anti

coag

ulan

te t

erap

êuti

co (

e.g.

INR

<

2,0

num

doe

nte

med

icad

o co

m v

arfa

rina

; ou

efei

to a

ntic

oagu

lant

e du

m N

OA

C n

ão d

etet

ado)

, pod

e se

r co

nsid

erad

a a

trom

bólis

e si

stém

ica

se n

ão fo

r po

ssív

el o

ace

sso

a IC

P p

rim

ária

.

Page 71: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

97 mm99 mm101 mm

17/11/2020 17:19

For more information

www.escardio.org/guidelines

© 2020 The European Society of Cardiology

No part of these Pocket Guidelines may be translated or reproduced in any form without written permission from the ESC.

The following material was adapted from the 2020 ESC Guidelines for the diagnosis and management of atrial fibrillation of the European Society of Cardiology

(European Heart Journal; 2020 – doi: 10.1093/eurheartj/ehaa612).

To read the full report as published by the European Society of Cardiology, visit our Web Site at:

www.escardio.org/guidelines

Copyright © European Society of Cardiology 2020 - All Rights Reserved.The content of these European Society of Cardiology (ESC) Pocket Guidelines has been published for personal and educational use only. No commercial use is authorized. No part of the ESC Pocket Guidelines may be translated or reproduced in any form without written permission from the ESC.Permission can be obtained upon submission of a written request to ESC, Practice Guidelines Department, Les Templiers - 2035, Route des Colles - CS 80179 Biot - 06903 Sophia Antipolis Cedex - France. Email: [email protected]

Disclaimer:The ESC Guidelines represent the views of the ESC and were produced after careful consideration of the scientific and medical knowledge and the evidence available at the time of their dating. The ESC is not responsible in the event of any contradiction, discrepancy and/or ambiguity between the ESC Guidelines and any other official recommendations or guidelines issued by the relevant public health authorities, in particular in relation to good use of health care or therapeutic strategies. Health professionals are encouraged to take the ESC Guidelines fully into account when exercising their clinical judgment as well as in the determination and the implementation of preventive, diagnostic or therapeutic medical strategies. However, the ESC Guidelines do not override in any way whatsoever the individual responsibility of health professionals to make appropriate and accurate decisions in consideration of each patient’s health condition and in consultation with that patient and the patient’s caregiver where appropriate and/or necessary. Nor do the ESC Guidelines exempt health professionals from taking careful and full consideration of the relevant official updated recommendations or guidelines issued by the competent public health authorities in order to manage each patient’s case in light of the scientifically accepted data pursuant to their respective ethical and professional obligations. It is also the health professional’s responsibility to verify the applicable rules and regulations relating to drugs and medical devices at the time of prescription.

ESC Classes of recommendations

Definition Wording to use

Class I Evidence and/or general agreement that a given treatment or procedure is beneficial, useful, effective.

Is recommended or is indicated

Class II Conflicting evidence and/or a divergence of opinion about the usefulness/efficacy of the given treatment or procedure.

Class IIa Weight of evidence/opinion is in favour of usefulness/efficacy.

Should be considered

Class IIb Usefulness/efficacy is less well established by evidence/opinion.

May be considered

Class III Evidence or general agreement that the given treatment or procedure is not useful/effective, and in some cases may be harmful.

Is not recommended

©E

SC

ESC Levels of evidence

Level of evidence A

Data derived from multiple randomized clinical trials or meta-analyses.

Level of evidence B

Data derived from a single randomized clinical trial or large non-randomized studies.

Level of evidence C

Consensus of opinion of the experts and/or small studies, retrospective studies, registries. ©

ES

C

1. Tables of ESC Classes of recommendations and levels of evidence

97 mm99 mm101 mm103 mm105 mm

Fig

ure

16 P

ropo

sed

man

agem

ent

of A

HR

E/s

ubcl

inic

al A

F

Cen

tral

Fig

ure

Man

agem

ent

of A

F

©ESC ©ESC

AF

= at

rial

fib

rilla

tion

; AH

RE

= at

rial

hig

h ra

te e

piso

de; C

KD

= c

hron

ic k

idne

y di

seas

e; C

HA

2D

S2-V

AS

c =

Con

gest

ive

hear

t fa

ilure

, Hyp

erte

nsio

n, A

ge

≥75

year

s, D

iabe

tes

mel

litus

, Str

oke,

Vas

cula

r di

seas

e, A

ge 6

5–7

4 y

ears

, Sex

cat

egor

y (f

emal

e); f

= f

emal

e; L

A =

left

atr

ium

; LoE

= le

vel o

f ev

iden

ce;

m =

mal

e; O

AC

= o

ral a

ntic

oagu

lant

; SC

AF

= su

bclin

ical

atr

ial f

ibri

llati

on. a

Hig

hly

sele

cted

pat

ient

s (e

.g. w

ith

prev

ious

str

oke

and/

or a

ge ≥

75 y

ears

, or

≥3 C

HA

2D

S2-V

AS

c ri

sk f

acto

rs, a

nd a

ddit

iona

l non

CH

A2D

S2-V

AS

c st

roke

fac

tors

suc

h as

CK

D, e

leva

ted

bloo

d bi

omar

kers

, spo

ntan

eous

ech

o co

ntra

st

in d

ilate

d LA

, etc

); se

lect

ed p

atie

nts

(e.g

. wit

h pr

evio

us s

trok

e an

d/or

age

≥75

yea

rs, o

r ≥3

CH

A2D

S2-V

AS

c ri

sk f

acto

rs, e

tc).

AA

D =

ant

iarr

hyth

mic

dru

g; A

F =

atri

al f

ibri

llati

on; E

CG

= e

lect

roca

rdio

gram

; EH

RA

= E

urop

ean

Hea

rt R

hyth

m A

ssoc

iati

on; C

HA

2D

S2-V

ASc

= C

onge

stiv

e H

F, H

yper

tens

ion,

Age

≥75

yea

rs, d

iabe

tes

mel

litus

, Str

oke,

Vas

cula

r di

seas

e, A

ge 6

5–7

4 ye

ars,

Sex

cat

egor

y (f

emal

e); C

V =

car

diov

ersi

on;

NO

AC

= n

on-v

itam

in K

ant

agon

ist o

ral a

ntic

oagu

lant

; OA

C =

ora

l ant

icoa

gula

nt; T

TR =

tim

e in

the

rape

utic

ran

ge; V

KA

= v

itam

in K

ant

agon

ist.

TH

E R

ISK

OF

ST

RO

KE

(re

-ass

ess

regu

larl

y)

Low

ris

kC

HA

2D

S2-V

AS

c0

(m

) or

1 (f

)

AHREs/SCAF burden

Clin

ical

AF

Sin

gle

risk

fac

tor

CH

A2D

S2-V

AS

c1 (

m)

or 2

(f)

Hig

h ri

skC

HA

2D

S2-V

AS

c≥2

(m

) or

≥3

(f)

Shor

t, r

are

AH

RE

s/SC

AF

low

dai

lybu

rden

Long

erA

HR

Es/

SCA

F(≥

1 h t

o <2

4 h

)es

peci

ally

ifhi

gh b

urde

n

Long

AH

RE

s/SC

AF

(≥24

h)

espe

cial

ly if

high

mon

thly

burd

en

An

"inn

ocen

t by

stan

der"

Obs

erve

for

:

• In

crea

se in

AH

RE

s/S

CA

F bu

rden

or

cl

inic

al A

F de

velo

pmen

t

Con

side

rati

on f

or O

AC

use

in s

elec

ted

pati

ents

at

high

/ver

y hi

gh r

isk

of

stro

kea (

whe

re t

here

are

no

doub

ts

on A

F di

agno

sis

at d

evic

e tr

acin

gs

anal

ysis

) whe

n a

posi

tive

net

clin

ical

be

nefi

t ca

n be

ant

icip

ated

(sha

red

deci

sion

-mak

ing)

Obs

erve

for

:

• In

crea

se in

AH

RE

s/S

CA

F

bur

den

or c

linic

al A

F

dev

elop

men

t

• Cha

nge

in in

divi

dual

str

oke

risk

1. Id

enti

fy lo

w-r

isk

pati

ents

C

HA

2D

S2-V

AS

c 0

(m),

1(f)

2. O

ffer

str

oke

prev

enti

on if

C

HA

2D

S2VA

Sc ≥1

(m),

2(f

)

Ass

ess

blee

ding

ris

k, a

ddre

ssm

odif

iabl

e bl

eedi

ng r

isk

fact

ors

3. C

hoos

e O

AC

(N

OA

C o

r V

KA

wit

h w

ell-

man

aged

TTR

)

Ass

ess

sym

ptom

s,Q

oL a

nd p

atie

nt’s

pref

eren

ces

Opt

imiz

e ra

teco

ntro

l

Con

side

r a

rhyt

hmco

ntro

l str

ateg

y(C

V, A

AD

s, a

blat

ion)

Com

orbi

diti

es a

ndca

rdio

vasc

ular

ris

k fa

ctor

s

Life

styl

e ch

ange

s(o

besi

ty r

educ

tion

, re

gula

r ex

erci

se,

redu

ctio

n of

alc

ohol

use

,et

c.)

Tre

at A

F: T

he A

BC

pat

hway

AA

ntic

oagu

lati

on/

Avo

id s

trok

e

BB

ette

rsy

mpt

omco

ntro

l

CC

omor

bidi

ties

/C

ardi

ovas

cula

rri

sk f

acto

rm

anag

emen

t

Sym

ptom

sev

erit

y (S

y)(e

.g.,

EH

RA

sym

ptom

sco

re)

Sev

erit

y of

AF

bur

den

(Sb)

(dur

atio

n, s

pont

aneo

us t

erm

inat

ion)

Str

oke

risk

(S

t)(e

.g.,

CH

A2D

S2-V

AS

c sc

ore)

Sub

stra

te s

ever

ity

(Su)

(age

, com

orbi

diti

es,

atri

al e

nlar

gem

ent/

fibr

osis

)

Con

firm

AF

CC

To

AB

C

Cha

ract

eris

e A

F (

the

4S-A

F s

chem

e)

A 1

2-l

ead

EC

G o

r a

rhyt

hm s

trip

sho

win

g A

F p

atte

rn f

or ≥

30

s

d8826_Couv_Pocket_AFIB_2020_v6.indd 3 17/11/2020 17:19

97 mm99 mm101 mm103 mm105 mm

d8826_Couv_Pocket_AFIB_2020_v6.indd 3 17/11/2020 17:19

Cons

ider

ar a

adm

inis

traç

ão d

e A

CO e

m

doen

tes

sele

cion

ados

com

ris

co a

lto/

mui

to a

lto d

e ac

iden

te v

ascu

lar

cere

bral

a

(ond

e nã

o há

dúv

idas

sob

re o

dia

gnós

tico

de F

A n

a an

ális

e do

traç

ado

do d

ispo

sitiv

o)

quan

do u

m b

enef

ício

clín

ico

líqui

do

posi

tivo

pode

ser

ant

ecip

ado

(tom

ada

de

dec

isão

par

tilha

da)

Um

«ex

pect

ador

inoc

ente

»O

bser

var

se:

Obs

erva

r se

:

• A

umen

to n

a ca

rga

das

AA

FE/F

AS

C

ou d

esen

volv

imen

to d

a FA

clín

ica

• A

umen

to n

a ca

rga

de A

AFE

/FA

SC

ou

no

dese

nvol

vim

ento

da

FA

• A

lter

ação

no

risc

o in

divi

dual

de

acid

en-

te v

ascu

lar

cere

bral

Fig

ura

16 P

ropo

sta

de t

rata

men

to d

as A

AF

E/F

A s

ubcl

ínic

a

O

RIS

CO

DE

AC

IDE

NT

E V

AS

CU

LA

R C

ER

EB

RA

L (

reav

alia

r re

gula

rmen

te)

Alt

o ri

sco

CH

A2D

S2-

VAS

C

≥ 2

(m)

ou ≥

3 (f

)

Bai

xo r

isco

C

HA

2D

S2-

VAS

C

0 (m

) ou

1 (f

)

Fato

r de

ris

co s

impl

esC

HA

2D

S2-

VAS

C

1(m

) ou

2 (f

)

AA

FEs/

FAS

Ccu

rtas

, rar

as

carg

a d

iári

aba

ixa

AA

FEs/

FAS

Cm

ais

lon

gas

(≥ 1

h a

<24

h)

esp

ecia

lmen

tese

car

ga

elev

ada

AA

FEs/

FAS

Clo

ng

as(≥

24

h)

esp

ecia

lmen

te s

eca

rga

men

sal

elev

ada

FA C

línic

a

Carga das AAFEs/FASC

AA

FE =

arr

itm

ias

auri

cula

res

de f

requ

ênci

a el

evad

a; A

CO

= a

ntic

oagu

lant

e or

al; A

E =

aurí

cula

esq

uerd

a; C

HA

2DS 2-

VAS C

= In

sufi

ciên

cia

card

íaca

co

nges

tiva

, Hip

erte

nsão

, Ida

de ≥

75,

Dia

bete

s m

ellit

us, A

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l, D

oenç

a va

scul

ar, I

dade

65

– 7

4 ,

Gén

ero

(fem

inin

o); D

RC

= d

oenç

a re

nal c

róni

ca; f

= fe

min

ino;

FA

= f

ibri

lhaç

ão a

uric

ular

; FA

SC =

fib

rilh

ação

aur

icul

ar s

ubcl

ínic

a; m

= m

ascu

lino;

NdE

= n

ível

de

evid

ênci

a; a D

oent

es

devi

dam

ente

sel

ecio

nado

s (e

.g. c

om a

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l ant

erio

r e/

ou id

ade ≥

75 a

nos

ou fa

tore

s de

ris

co C

HA

2DS 2-

VASc

≥ 3

e fa

tore

s de

ris

co

de a

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l adi

cion

al n

ão C

HA

2DS 2-

VASc

tai

s co

mo

a D

RC

, bio

mar

cado

res

sang

uíne

os e

leva

dos,

eco

de

cont

rast

e es

pont

ânea

na

AE

dila

tada

, etc

.); d

oent

es s

elec

iona

dos

(e.g

. com

aci

dent

e va

scul

ar c

ereb

ral a

nter

ior

e/ou

idad

e ≥

75 a

nos,

ou

fato

res

de r

isco

CH

A2D

S 2-VA

Sc ≥

3, e

tc.).

Page 72: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

97 mm99 mm101 mm

17/11/2020 17:19

Fig

ura

Cen

tral

Tra

tam

ento

da

FA

CC

par

a A

BC

Um

ECG

de

12 d

eriv

açõe

s ou

um

a ti

ra d

e ri

tmo

mos

tran

do o

pad

rão

da F

A d

uran

te >

30

s

Conf

irm

ar a

FA

Cara

cter

izar

a F

A (

o es

quem

a da

FA

– 4

S)

Ris

co d

e St

roke

(St)

(e.g

. sco

re d

e CH

A2DS

2-VA

S C)Se

veri

dade

dos

Sin

tom

as (S

y)(e

.g. s

core

de

sint

omas

de

EHRA

)

Seve

rida

de d

a ca

rga

da F

A (S

b)(d

uraç

ão, c

essa

ção

espo

ntân

ea)

Seve

rida

de d

o Su

bstr

ato

(Su)

(idad

e, c

omor

bilid

ades

, dila

taçã

o au

ricul

ar/f

ibro

se)

Trat

ar a

FA

: a v

ia d

e ac

esso

AB

C

Page 73: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

97 mm99 mm101 mm

17/11/2020 17:19

AA

ntic

oagu

laçã

o/ev

itar

o a

cide

nte

vasc

ular

ce

rebr

al

B(B

ette

r) m

elho

r

cont

rolo

do

s si

ntom

as

CC

omor

bilid

ades

/Tr

atam

ento

dos

fa

tore

s de

ris

co

card

io-

vasc

ular

es

Com

orbi

lidad

es e

fato

res

de

risco

car

diov

ascu

lare

s

Alte

raçõ

es d

o es

tilo

de v

ida

(red

ução

da

obes

idad

e,

exer

cíci

o re

gula

r, re

duçã

o do

co

nsum

o de

álc

ool,

etc.

)

Aval

iar o

s si

ntom

as, Q

dV

e as

pre

ferê

ncia

s do

doe

nte

Otim

izar

o c

ontr

olo

da

freq

uênc

ia

Cons

ider

ar u

ma

estr

atég

ia

de c

ontr

olo

de ri

tmo

(CV,

FA

As,

abl

ação

)

1. Id

entif

icar

os

doen

tes

de b

aixo

risc

o

CHA

2DS2-V

AS C

0 (m

), 1 (

f)

2. P

ropo

rcio

nar a

pre

venç

ão

de a

cide

nte

vasc

ular

cer

ebra

l se

CH

A2DS

2-VA

S C ≥

1 (m

), 2

(f)

Aval

iar o

risc

o de

hem

orra

gia,

an

alis

ar o

s fa

tore

s de

risc

o

de h

emor

ragi

a m

odifi

cáve

is

3. E

scol

her A

CO (N

OAC

ou A

VK

com

TIT

bem

ger

ido)

AC

O =

ant

icoa

gula

nte

oral

; AV

K =

ant

agon

ista

da

vita

min

a K

; CH

A2D

S 2-VA

S C =

Insu

fici

ênci

a ca

rdía

ca c

onge

stiv

a, H

iper

tens

ão, I

dade

≥ 7

5, D

iabe

tes

mel

litus

, Aci

dent

e va

scul

ar c

ereb

ral,

Doe

nça

vasc

ular

, Ida

de 6

5 –

74

, G

éner

o (f

emin

ino)

; CV

= c

ardi

over

são;

EC

G =

ele

troc

ardi

ogra

ma;

EH

RA

= E

urop

ean

Hea

rt R

hyth

m A

ssoc

iati

on; F

A =

fibr

ilhaç

ão a

uric

ular

; FA

A =

fár

mac

o an

tiar

rítm

ico;

NO

AC

= a

ntic

oagu

lant

e or

al n

ão d

epen

dent

e da

vita

min

a K

; TI

T =

tem

po n

o in

terv

alo

tera

pêut

ico.

Page 74: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

97 mm99 mm101 mm

17/11/2020 17:19

© 2020 The European Society of Cardiology

Nenhuma parte das presentes Recomendações pode ser traduzida ou reproduzida sob qualquer forma sem a autorização escrita da ESC.

O seu conteúdo consiste na adaptação das «Recomendações de 2020 da ESC para o diagnóstico e tratamento da fibrilhação auricular doença cardiovascular»

da European Society of Cardiology(European Heart Journal 2020 - doi: 10.1093/eurheartj/ehaa612).

Para aceder ao texto integral conforme foi publicado pela European Society of Cardiology visite o nosso site:

www.escardio.org/guidelines

Para mais informações

www.escardio.org/guidelines

Copyright © European Society of Cardiology 2020 – Todos os direitos reservados.O conteúdo destas Recomendações da European Society of Cardiology (ESC) foi publicado unicamente para uso pessoal e educativo. Não está autorizado o seu uso comercial. Nenhuma parte das presentes Recomendações da ESC pode ser traduzida ou reproduzida sob qualquer forma sem autorização escrita da ESC. A autorização pode ser obtida mediante apresentação de um pedido por escrito dirigido à ESC, Practice Guidelines Department, Les Templiers - 2035, Route des Colles – CS 80179 Biot – 06903 Sophia Antipolis Cedex – França. Endereço eletrónico: [email protected].

Renúncia de responsabilidade:As Recomendações da ESC expressam a opinião da ESC e foram elaboradas após cuidadosa consideração do conhecimento médico-científico e das evidências disponíveis à data da sua redação. A ESC não é responsável por qualquer contradição, discrepância e/ou ambiguidade entre as Recomendações da ESC e quaisquer outras sugestões oficiais ou recomendações publicadas pelas autoridades relevantes no âmbito da saúde pública, em particular relacionadas com o bom uso dos cuidados de saúde ou de estratégias terapêuticas. Os profissionais de saúde são encorajados a tê-las em consideração no exercício da sua avaliação clínica bem como na determinação e implementação de estratégias médicas preventivas, diagnósticas ou terapêuticas. No entanto, as recomendações da ESC não se devem sobrepor em caso algum à responsabilidade individual dos profissionais de saúde de tomarem as decisões ajustadas e rigorosas com base nas circunstâncias específicas dos doentes de forma individualizada, de mútuo acordo com cada doente e, se adequado e/ou exigido, com o representante ou encarregado do doente. As Recomendações da ESC também não dispensam os profissionais de saúde de terem em consideração, de forma cuidada e integral, a atualização das recomendações ou sugestões oficiais publicadas pelas autoridades competentes dedicadas à saúde pública de modo a tratar cada caso à face de dados aceites cientificamente ao abrigo das suas respetivas obrigações éticas e profissionais. Cabe igualmente ao profissional de saúde verificar as regras e regulamentos aplicáveis aos medicamentos e dispositivos médicos à data da prescrição do tratamento.

Page 75: FIBRILHAÇÃO AURICULAR - SPC

European Society of CardiologyLes Templiers - 2035, Route des CollesCS 80179 Biot 06903 Sophia Antipolis Cedex - France

Telefone: +33 (0)4 92 94 76 00Fax: +33 (0)4 92 94 76 01Email: [email protected]

www.escardio.org/guidelines