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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica

Turma 2016/2017

Título: LUÍS DA CÂMARA CASCUDO E A LITERATURA ORAL:

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

Autor: Alcione Rodrigues

Disciplina/Área:

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto:

Colégio Estadual Novo Milênio

Município da escola:

Bituruna

Núcleo Regional de Educação:

União da Vitória

Professor Orientador:

Me. Josoel Kovalski

Instituição de Ensino Superior:

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ

–UNESPAR –FAFIUV

Relação Interdisciplinar:

História, geografia e artes.

Resumo: A leitura, prática de fundamental

importância na formação de um sujeito

crítico, faz-se preocupação encaminhadora

de nossos estudos. No intuito de

desenvolver o gosto pela leitura, tendo em

vista as dificuldades interpretativas e de

compreensão de texto, buscamos aproximar

a esfera literária do contexto cotidiano de

nossos educandos e, assim, encurtar esse

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distanciamento entre literatura, sala de aula

e estudante. Para tanto, faremos leitura de

obras de autores como Guimarães Rosa,

Simão Lopes Neto e Monteiro Lobato, e,

acima de tudo, Luís de Câmara Cascudo,

escritores e estudiosos da cultura popular

brasileira, com destaque para o nosso

folclore. Destarte, ao longo do projeto

trabalharemos contos, lendas e fábulas,

com o objetivo de que os alunos leiam,

contem e dramatizem histórias, de modo a

praticarem a escrita e reescrita do gênero e,

sobretudo, socializar as produções para a

comunidade escolar. Assim, iniciaremos

nossas oficinas inquirindo os alunos,

através de questionários, acerca do gosto

pela leitura e com que frequência eles leem,

para, após discussão das informações

respondidas, darmos início a pesquisa

sobre o autor, Luís da Câmara Cascudo,

que norteará nosso projeto. A partir das

informações coletadas na pesquisa,

realizaremos oficinas de contação de

histórias, dramatização, releitura, paráfrase,

ilustrações e leitura. Por fim, os alunos

produzirão um portfólio com as atividades

desenvolvidas no decorrer do projeto.

Palavras-chave:

Leitura; folclore; Câmara Cascudo

Formato do Material Didático:

Unidade Didática

Público:

Alunos do Ensino Fundamental II 7º ano

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO - SEED

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ –UNESPAR –FAFIUV

PROGRAMA DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL- PDE

LUÍS DA CÂMARA CASCUDO E A LITERATURA ORAL:

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

UNIÃO DA VITÓRIA

2016/2017

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Unidade didática elaborada pela professora

Alcione Rodrigues, disciplina de Língua

Portuguesa, município de Bituruna, NRE de

União da Vitória, como parte integrante do

Programa de Desenvolvimento Educacional -

PDE. Orientador Professor Me. Josoel

Kovalski

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA

UNIDADE DIDÁTICA

LUÍS DA CÂMARA CASCUDO E A LITERATURA ORAL:

ESTRATÉGIAS DE LEITURA

UNIÃO DA VITÓRIA

2016/2017

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Fonte: https://grupogis.files.wordpress.com/2007/09/logo-jota-peg.jpg

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APRESENTAÇÃO

A presente Produção de Unidade Didática, intitulada Luís Da Câmara

Cascudo e a literatura oral: estratégias de leitura, tem como objetivo de estudo, a

elaboração de atividades e métodos que contribuam para o desenvolvimento

intelectual dos alunos em Língua Portuguesa, por intermédio da oralidade,

valorização da escrita, produção textual e, sobretudo, da leitura.

Formar alunos(as) leitores(as) é o grande desafio da escola, pois, apesar de

existirem muitas discussões e estudos acerca do tema, ainda se constata uma

enorme defasagem quanto a ações pedagógicas que produzam resultados capazes

de reverter o contexto das deficiências em torno das questões de leitura.

Baseado nesse contexto, sob o propósito de difundir práticas e estratégias de

leitura que promovam aulas para além da decodificação e da obrigação escolar,

nosso projeto traça meios para despertar no estudante, aqui leitor, a curiosidade, a

descoberta e a reflexão acerca do texto literário. À vista disso, obras de autores

como Guimarães Rosa, Simão Lopes Neto, Monteiro Lobato, e, em especial, Luís de

Câmara Cascudo - escritores e estudiosos da cultura popular brasileira – conduzem

nosso trabalho.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Ler, hoje, implica estratégia, rotinas de percepção visual, técnicas de

extração da informação lida substancialmente, diferentes daquelas que a escola está

preparada para ensinar e treinar. Consultar bases de dados em papel ou eletrônicas,

tratarem informação ordenada e compactada, propõe problemas de decodificação e

compreensão, problemas de tempo, de rapidez, que passam por uma captação

visual dos índices relevantes, por estratégias de busca apuradas e precisas.

É necessário ensinar e treinar estas capacidades através do recurso das

situações de ensino explícito da leitura; aprender a agarrar rapidamente o tema do

texto – reconhecer indicadores importantes para a compreensão, variar a velocidade

de leitura, em função dos objetivos da tarefa, aprender a saltar excertos e saber

recuperá-los sempre que necessário, controlar predições e antecipações feitas,

assegurar-se da boa compreensão da mensagem. (COSTA, 1996, p.70).

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A leitura constitui-se, portanto, de dois tipos de informações: as informações

advindas do código, presentes no código linguístico, e as informações presentes no

mundo do leitor. Sem acionar o segundo tipo de informações, a leitura processada é

apenas uma decodificação. Para haver leitura compreensiva é necessário ir além da

simples decodificação. (FREGONEZI, 1999, p.39).

É preciso lembrar-se de que os textos diferem na forma e no conteúdo. Há

textos verbais e não verbais, informativos, literários e não literários e que estão em

contato direto com o aluno, e a este é dado o direito de conhecer para diferenciar e

reconhecer a linguagem e o uso da mesma nos diversos contextos.

Ao referirmo-nos aos textos literários, sabemos que eles estão constituídos

de diversas simbologias e que um determinado tema pode estar sendo abordado de

diversas formas (estrutura), porém, a temática é mantida, e em literatura tudo se

torna possível. Ao leitor cabe perceber a ambiguidade das palavras, a polissemia

das situações.

Através do ensino da leitura a escola deverá dar condições necessárias ao

aluno para que ele possa: empregar também a linguagem oral em diferentes

situações de uso, adequando-a a cada contexto e interlocutor, levando-o a descobrir

intenções presentes nos discursos do cotidiano e posicionar-se diante dos mesmos;

utilizar a língua escrita em situações discursivas realizadas por meio de práticas

textuais, considerando os interlocutores, os seus objetivos, o assunto tratado, os

gêneros e suportes textuais e o contexto de produção/leitura; criar situações que

oportunizem a reflexão sobre o que é lido, escrito, falado e ouvido, contextualizando

as características de cada gênero e tipo de texto, assim como os elementos

gramaticais empregados na organização do discurso ou texto.

Para alguns críticos – e muitos autores assim consideram – a literatura é um

instrumento que deveria ser empregado a serviço de uma causa, e só teria valor às

obras que, de alguma forma, contribuíssem para a transformação do meio social em

que o escritor atua. Diferentemente das teorias esteticistas que proclamam que uma

pretensa ―Arte pela Arte‖ seria o escopo final da produção artística literária, o

enfoque no texto como propugnador de sentidos transformadores dinamiza e

amplifica vieses sociológicos que mostram a literatura mais que uma mera

reprodução do contexto em que foi produzida, mas uma possível plataforma crítica

para se pensar e agir no mundo. Ler com uma desvinculação do universo que retrata

a vida do estudante é estar apto em entrar sem reservas em mundo cadenciado pela

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massificação reguladora, instaurada desde que se notou que formas de escrita,

mesmo que literárias, continuam sendo discursos provenientes de um lugar

enunciativo que pode, desavisadamente, ser proscrito pelos detentores do poder.

Nesse sentido, ler também é um papel político.

É preciso ressaltar que esse mecanismo que conduz a massificação, ação

exercida através dos meios de comunicação destinados ao grande público, é um

fenômeno claramente observado na televisão, na moda, e na música popular.

Porém, uma parcela da arte considerada mais intelectualizada procura não se

submeter às imposições da indústria cultural.

Os produtos da Disney são características da indústria cultural, que

planejam a publicação, a divulgação e a venda desses produtos.

A Indústria Cultural é um conceito elaborado por Theodor Adorno e Marx

Horkheimer na obra Dialética do esclarecimento (1947) em substituição à expressão

―cultura de massa‖, pois essa pode sugestionar que é uma cultura advinda das

massas de modo espontâneo. Nesse sentido, para os frankfurteanos a expressão

―Indústria Cultural‖ é mais apropriada, uma vez que ela reproduz o processo de

mercantilização cultural provocada pela sociedade capitalista. Daí que exerce um

tipo de manipulação e controle social sobre a acessibilidade para as massas, no

qual existe um discurso que se sustenta em uma falsa democratização de uma

cultura. Porém, essa cultura é utilizada como objeto de mercantilização, que tem por

finalidade maior ―reproduzir as pessoas tais como as modelou a indústria em seu

todo‖ (ADORNO, 1985 p.105).

A leitura deve ser instrumento de comunicação entre os homens e não pode

estar confinada às aulas de Língua Portuguesa e Literatura. Todas as disciplinas do

currículo do ensino fundamental utilizam a leitura como meio para atingir o objeto

específico de sua área de estudos. O ato de ler funciona como instrumento do

conhecimento. A leitura deve fazer com que o aluno estabeleça relações entre o

passado e o presente; deve representar um meio pelo qual o educando possa

reconhecer o ambiente em que vive; ser um recurso para o ajustamento social do

aluno; contribuir para a formação da cidadania; contribuir para a formação integral

do indivíduo desenvolvendo o pensamento crítico; e ser um meio para atingir os

objetivos da educação e não se constituir em um fim em si mesma.

O interesse do aluno é uma atitude favorável em relação ao texto, gerada

por uma necessidade, que provoca ação de ler. Essa necessidade pode ser a de

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tomar conhecimento de ocorrências atuais (jornais, revistas), seguir instruções

(leitura de receita médica, bula de remédio, receita de bolo, manuais, etc.), recrear-

se (leitura de ficção, poesia, etc.), estudar (livros, artigos, informativos, etc.).

O ambiente doméstico é um fator de bastante influência. Se a criança não

está exposta a livros, jornais, revistas, se os pais não têm o hábito da leitura (as

crianças são estimuladas a ler quando observa os pais lendo), não está acostumada

com esse universo, ela fatalmente sentir-se-á desinteressada, desencadeando aí a

leitura típica de sala de aula, aquela em que o aluno somente lê porque e o que o

professor pede.

Hoje o hábito da leitura tem sido relegado ao segundo plano. A falta de

tempo, a correria diária, os recursos e os apelos audiovisuais são muito intensos, as

telecomunicações, a mídia, o olho eletrônico da televisão e até mesmo o preço dos

livros, acabam roubando o espaço e o tempo que poderia ser dedicado à leitura.

OBJETIVOS

OBJETIVOS GERAIS

Estudar obras de autores como Guimarães Rosa, Simão Lopes Neto,

Monteiro Lobato e Luís de Câmara Cascudo no intuito de intercorrer diálogos

entre literatura e proposições ficcionais com as realidades histórico-

geográficas dos alunos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Conhecer as lendas populares;

Compreender, registrar e interpretar as características da lenda popular;

Resgatar a importância do ―contar histórias‖, no contexto familiar;

Valorizar o conto, considerando-o parte da tradição dos povos;

Despertar o gosto pela leitura, formando estudantes mais críticos, coerentes e

com maior facilidade de interpretação;

Sistematizar situações-problema, a partir de contos e fábulas, para as

crianças refletirem criando alternativas de acordo com seus pensamentos;

Desenvolver o senso crítico e a criatividade.

Estimular a imaginação;

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Adquirir o hábito e gosto em ler e ouvir lendas populares;

Aprender valores;

Promover a interação entre os colegas;

Avaliação.

Será processual, diagnóstica e contínua, ocorrerá durante todo o projeto e

será avaliado o interesse, o desempenho, e a participação do estudante nas

atividades propostas.

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DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES:

Execução: 2 horas/aula

Objetivo: Apresentar o projeto e sua finalidade, pesquisa sobre o hábito de leitura

da turma.

Metodologia:

Decorar a sala com textos de Câmara.

Organizar um ambiente com tapete para os alunos sentarem no chão.

Memorizar um conto popular e prepare-se com antecedência para contá-lo.

Fonte da imagem: http://image.slidesharecdn.com/slidedeamanha-111009150547-

phpapp02/95/contao-de-histrias-4-728.jpg?cb=1318172820

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Interpretação oral da história.

Roda de conversa sobre os hábitos de leitura de cada um.

Questionário – hábito de leitura.

1. Você tem em casa?

a) Livros ( )Sim ( )Não

b) Revista ( )Sim ( )Não

c) Jornal ( )Sim ( )Não

d) Acesso à internet ( )Sim ( )Não

2. Você gosta de ler? ( )Sim ( )Não

3. Você entende o que lê?

4. Ao ler um livro, uma revista ou um texto, você costuma:

( ) ficar no inicio

( ) parar na metade

( ) vai até o final

( ) só olhar a capa e as figuras

5. Responda quanto a sua frequência de leitura dos seguintes documentos

Sugestão:

Você pode convidar uma pessoa para contar a história

Sugestão de perguntas

1. Onde este tipo de texto pode ser veiculado?

2. Há a informação de quando a história aconteceu?

3. Onde os fatos acontecem? Como é descrito o lugar?

4. É possível determinar quanto duraram os fatos da história?

5. Quais personagens aparecem na história?

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• revistas

( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) nunca ou raramente

• jornais

( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) nunca ou raramente

• livros literários.

( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) nunca ou raramente

• livros em geral

( ) diariamente ( ) semanalmente ( ) mensalmente ( ) nunca ou raramente

6. Quais os assuntos que você mais gosta de ler?

7. Você considera que o seu tempo dedicado à leitura é:

( ) suficiente ( ) insuficiente

8. Quais são as maiores barreiras para sua frequência na leitura?

( ) tempo

( ) condições financeiras

( ) dificuldade de acesso à biblioteca

( ) lentidão na leitura

( ) outro: _________

9. Você procura um livro para ler:

( ) por iniciativa própria

( ) por indicação do professor

( ) por indicação de um amigo

( ) pelo titulo ou nome do livro

( ) pela capa e figuras

( ) quando o vê na biblioteca

outro jeito: _____________________

10. Nas suas horas de folga o que você mais faz é:

( ) brincar

( ) assistir TV

( ) ler

( ) trabalhar

( ) praticar esporte

( ) descansar

( ) outra coisa:

11. Você acha que ler é importante? Por quê?

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12. Quando você era criança alguém contava ou lia histórias para você?

13. Qual a sua melhor experiência com os livros?

Os alunos farão a escolha de um dos textos de Luís da Câmara Cascudo

expostos na sala e levarão para ler e contar a história nas para próximas

aulas.

Fonte da imagem: http://image.slidesharecdn.com/acontaodehistriasnassalasdeaula-141216121005-

conversion-gate01/95/a-contao-de-histrias-nas-salas-de-aula-3-638.jpg?cb=1418731869

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Fonte: Lailson de Holanda Cavalcanti disponível em: http://www.lailson.com.br/DESENHOS/lailson%20ilustra%20camara%20cascudo.jpg

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Execução: 4 horas/aula

Objetivo: Conhecer a vida e obra de Luís da Câmara Cascudo.

Metodologia:

Hora de conhecer o autor que norteará nosso trabalho, Luís da Câmara

Cascudo.

Nesta etapa do trabalho assistiremos a quatro vídeos, Especial Câmara

Cascudo, os quais falarão sobre sua vida e obras do autor.

Vídeos: Especial Câmara Cascudo.

Especial Câmara Cascudo 1

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=QMLXo_VmTm8

Especial Câmara Cascudo 2

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=xY8uKoEKrEg

Especial Câmara Cascudo 3

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=AB4LwOyCGxo&t=55s

Especial Câmara Cascudo 4

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=DUl5WxnCM1g

Depois de familiarizados com o autor, o professor deve solicitar aos alunos

que façam um desenho relacionado ao autor, o qual poderá ser usado com

capa do portfólio.

Fonte da imagem: http://www.luizberto.com/wp-content/uploads/2015/02/LCC.jpeg

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Execução: 4 horas/aula

Objetivo: Estimular a criatividade e a imaginação;

Metodologia:

Preparar a sala para a contação de história pelos alunos, aquela que eles

escolheram no início do projeto. Este texto pode ser lido contado ou

dramatizado.

Deixar o aluno à vontade para escolher a melhor maneira de expor seu texto.

Alguns textos estão disponibilizados nos anexos e outros podem ser

encontrados nas obras de Câmara Cascudos.

Fonte das imagens: http://bibliotecahildapreisser.blogspot.com.br/2012/08/22-de-agosto-dia-do-folclore-brasileiro_21.html

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Execução: 2 horas/aula

Objetivo: Incentivar e exercitar a leitura, interpretar o texto, desenvolver a

compreensão da ideia apresentada no texto, sistematizar situações-problema a

partir de contos e fábulas, para as crianças refletirem criando alternativas de acordo

com seus pensamentos; aprender valores.

Metodologia:

Entregar aos alunos uma fotocópia com o texto: A gulosa disfarçada e pedir

aos alunos que façam uma leitura silenciosa.

Na sequência o professor pede aos alunos que cada um leia um trecho da

história

Hora de conversar sobre o texto: O professor fará a explanação do texto

pedindo a participação dos alunos, dando espaço à suas opiniões.

Depois da interpretação oral passaremos para a escrita, com a qual

estudaremos o vocabulário e as informações dos textos em questão.

Sugestão: O texto A gulosa disfarçada também está disponível em vídeo no you tube no endereço eletrônico https://www.youtube.com/watch?v=n4Yqyu0ElQc

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Fonte da imagem:

https://sites.google.com/site/portuguesetudodebom/_/rsrc/1286138860640/niveis/bsico-1---lio-3---

comer-e-beber/a-gulosa-disfarada/binge-eating.jpg?height=256&width=320

Um homem tinha se casado com uma mulher excelente, boa dona de casa,

trabalhadeira e honrada, mas muito gulosa. Para disfarçar seu apetite, a mulher

fingia-se sem vontade de alimentar-se sempre que o marido a convidava nas

refeições. Apesar desse regime, engordava cada vez mais e o esposo admirava

alguém poder viver com tão pouca comida.

Uma manhã o marido resolveu certificar-se se a mulher comia em sua

ausência. Disse que ia para o trabalho e escondeu-se num lugar onde poderia

acompanhar os passos da esposa.

No almoço, viu-a fazer umas tapiocas de goma, bem grossas, molhadas no

leite de coco, e comê-las todas, deliciada. Na merenda, mastigou um sem-número

de alfenins finos, branquinhos e gostosos. Na hora do jantar matou um capão,

ensopou-o em molho espesso, saboreando-o. À ceia, devorou um prato de

macaxeiras, enxutinhas, acompanhando-as com manteiga.

Ao anoitecer, o marido apareceu, fingindo-se cansado. Chovera o dia inteiro e

o homem estava como se tivesse passado, como realmente passara, o dia à

sombra. A mulher perguntou:

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– Homem, como é que trabalhando na chuva você não se molhou?

O marido respondeu:

– Se a chuva fosse grossa como as tapiocas que você almoçou, eu teria vindo

ensopado como o capão que você jantou. Mas a chuva era fina como os alfenins

que você merendou e eu fiquei enxuto como as macaxeiras que você ceou.

A mulher compreendeu que havia sido descoberta e não mais escondeu o

seu apetite ao marido.

Fonte: Cascudo, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil. Belo Horizonte,

Itatiaia; São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 1986. Reconquista do

Brasil, 2ª série, 96, p.217).

Vocabulário:

Tapioca: alimento à base de mandioca que pode ser doce ou salgado e com ou sem

recheio.

Alfenim: massa muito branca feita de clara de ovo e açúcar, podendo ser também a

bala feita dessa massa.

Capão: na história, capão é o frango capado e alimentado de forma especial para

ser abatido para o consumo.

Macaxeira: é o nome que se dá à mandioca ou aipim nas regiões Norte e Nordeste

do Brasil.

Leia com atenção o texto e responda às questões:

1) O narrador neste texto é personagem ou observador? Comprove com uma

passagem do texto.

2) O que o esposo fez para desmascarar a sua esposa?

3) Em sua opinião, por que a mulher disfarçava sua gula?

4) Numere de acordo com a ordem em que os acontecimentos são contados na

história:

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( ) Com a resposta do marido, a mulher percebeu que havia sido desmascarada e

parou de fingir.

( ) O marido voltou ao anoitecer, fingindo-se cansado.

( ) O marido disse que ia trabalhar, mas ficou escondido para vigiar a mulher.

( ) A mulher perguntou ao marido como podia não ter se molhado, se chovera o

dia todo.

( ) A mulher fez quatro refeições, bem fartas.

( ) Na presença do marido, a mulher fingia ter pouco apetite.

( ) O marido ficou desconfiado porque a mulher engordava cada vez mais.

5) O que a mulher comeu em cada uma das quatro refeições?

6) O título do texto apresenta duas características da mulher. Explique por que, ao

final do conto, ela deixou de apresentar uma dessas características.

7) Que lição de moral fica subentendida na história?

Fonte das imagens: https://img.buzzfeed.com/buzzfeed-static/static/2014-05/enhanced/webdr03/18/16/enhanced-25765-

1400443590-2.jpg?no-auto

Sugestão: O professor pode trabalhar a intertextualidade com a personagem Magali do cartunista Mauricio Araújo de Sousa Material de apoio:

Tipos de Intertextualidade por Ana Lucia Santana.

Disponível em: http://www.infoescola.com/redacao/tipos-de-intertextualidade/

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Execução: 6 horas/aula

Objetivo: Estimular a criatividade e a imaginação;

Metodologia:

Apresentação do gênero fábula.

Explicação sobre as características do gênero fábula.

Leitura e interpretação oral de fábulas

Produção de uma nova versão para a fábula trabalhada.

Inicie a atividade com a leitura da fábula, ―Uma Festa no Céu‖, escrita por Luiz

da Câmara Cascudo. Ou se preferir pode utilizar o vídeo disponível em

https://www.youtube.com/watch?v=5gOIwlO1DS8.

Entre os bichos da floresta, espalhou-se a notícia de que haveria uma festa

no Céu.

Porém, só foram convidados os animais que voam.

As aves ficaram animadíssimas com a notícia, começaram a falar da festa por

todos os cantos da floresta. Aproveitavam para provocar inveja nos outros animais,

que não podiam voar.

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Um sapo muito malandro, que vivia no brejo, lá no meio da floresta, ficou com

muita vontade de participar do evento. Resolveu que iria de qualquer jeito, e saiu

espalhando para todos, que também fora convidado.

Os animais que ouviam o sapo contar vantagem, que também havia sido

convidado para a festa no céu, riam dele.

Imaginem o sapo, pesadão, não aguentava nem correr, que diria voar até a tal

festa!

Durante muitos dias, o pobre sapinho, virou motivo de gozação de toda a

floresta.

– Tira essa ideia da cabeça, amigo sapo. – dizia o esquilo, descendo da

árvore. – Bichos como nós, que não voam, não têm chances de aparecer na Festa

no Céu.

– Eu vou sim. Dizia o sapo muito esperançoso. – Ainda não sei como, mas

irei. Não é justo fazerem uma festa dessas e excluírem a maioria dos amimais.

Depois de muito pensar, o sapo formulou um plano.

Horas antes da festa, procurou o urubu. Conversaram muito, e se divertiram

com as piadas que o sapo contava.

Já quase de noite, o sapo se despediu do amigo:

– Bom, meu caro urubu, vou indo para o meu descanso, afinal, mais tarde

preciso estar bem disposto e animado para curtir a festa.

– Você vai mesmo, amigo sapo? – perguntou o urubu, meio desconfiado.

– Claro, não perderia essa festa por nada. – disse o sapo já em retirada. – Até

amanhã!

Porém, em vez de sair, o sapo deu uma volta, pulou a janela da casa do

urubu e vendo a viola dele em cima da cama, resolveu esconder-se dentro dela.

Chegada a hora da festa, o urubu pegou a sua viola, amarrou-a em seu

pescoço e voou em direção ao céu.

Ao chegar ao céu, o urubu deixou sua viola num canto e foi procurar as outras

aves. O sapo aproveitou para espiar e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e

saltou da viola, todo contente.

As aves ficaram muito surpresas ao verem o sapo dançando e pulando no

céu. Todos queriam saber como ele havia chegado lá, mas o sapo esquivando-se

mudava de conversa e ia se divertir.

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Estava quase amanhecendo, quando o sapo resolveu que era hora de se

preparar para a ―carona‖ com o urubu. Saiu sem que ninguém percebesse, e entrou

na viola do urubu, que estava encostada num cantinho do salão.

O sol já estava surgindo, quando a festa acabou e os convidados foram

voando, cada um para o seu destino.

O urubu pegou a sua viola e voou em direção à floresta.

Voava tranquilo, quando no meio do caminho sentiu algo se mexer dentro da

viola. Espiou dentro do instrumento e avistou o sapo dormindo, todo encolhido,

parecia uma bola.

– Ah! Que sapo folgado! Foi assim que você foi à festa no Céu? Sem pedir,

sem avisar e ainda me fez de bobo!

E lá do alto, ele virou sua viola até que o sapo despencou direto para o chão.

A queda foi impressionante. O sapo caiu em cima das pedras do leito de um

rio, e mais impressionante ainda foi que ele não morreu.

Nossa Senhora viu o que aconteceu e salvou o bichinho.

Mas nas suas costas ficou a marca da queda; uma porção de remendos. É

por isso que os sapos possuem uns desenhos estranhos nas costas, é uma

homenagem de Deus a este sapinho atrevido, mas de bom coração.

Luís da Câmara Cascudo, escritor, historiador/pesquisador do folclore brasileiro.

Disponível em: https://mundoencantadoinfantil.wordpress.com/2016/01/26/a-festa-no-ceu/

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1- Onde ocorreu a festa?

2- Nem todos os animais da floresta foram convidados. Quem poderia participar

da festa?

3- O sapo decidiu que iria à festa, mesmo sem ser convidado. Como ele chegou

lá?

4- Como o urubu descobriu o sapo dentro de seu violão?

5- Você seria capaz de ir a uma festa sem ser convidado? Ficaria satisfeito de

receber pessoas não convidadas na sua festa?

6- Quem é o autor dessa fábula? Onde e quando ele nasceu?

7- Há outras versões dessa fábula, nas quais, no lugar do sapo estão a

tartaruga ou o cágado ou o jabuti. Você conhece alguma dessas

versões? Apresente para a turma da sua classe.

Na sequência, o professor deve chamar a atenção para algumas

características específicas deste gênero textual como:

Narrativa alegórica em prosa ou verso;

Comportamento antropomórfico (de forma semelhante ao homem) dos

animais;

Apresentação dos aspectos, virtudes, qualidades e defeitos do caráter do

homem, através do comportamento dos animais;

Temática bastante variada como, por exemplo, a vitória da inteligência sobre

a força, a derrota dos orgulhosos etc.;

Por ser um gênero transmitido oralmente, existem várias versões de uma

mesma história;

Personagens tipo: As personagens da fábula são denominadas ―personagens

tipo‖, pois representam o comportamento de um conjunto de pessoas e não

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de forma individualizada. Alguns exemplos são a cigarra (representa os

irresponsáveis) e a formiga (representando o grupo dos trabalhadores);

Apresentação de uma lição moral no final da história.

Para fechar a explicação do gênero fábula sugiro o vídeo ―Fábulas – Vídeo

aula‖ disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=maBuSI1fGbM

Para desenvolver a atividade será necessário conhecer outras versões da

fábula ―A festa no céu‖. A atividade consiste em criar outra versão para a fábula. O

professor devera pesquisar outras versões para esta atividade.

Sugestões de textos:

Belas Lendas Brasileiras Reconto: Raquel Teles Yehezkel

Ilustrações: Isabela Donato Fernandes

Editora: Leitura

A Festa no Céu Reconto e ilustrações: Ângela Lago

Editora: Melhoramentos

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Como nasceram as estrelas - doze lendas

brasileiras

Alvoroço de festa no céu Reconto: Clarice Lispector

Ilustrações: Fernando Lopes

Editora: Rocco Jovens Leitores

Festa no Céu Reconto: Braguinha

Ilustrações: Tatiana Paiva

Editora: Rocco Pequenos Leitores

Festa no Céu

Reconto: Ana Maria Machado

Ilustrações: Marilda Castanha

Editora: FTD

Fonte das imagens:

http://cachinhosleitores.blogspot.com.br/2013/05/as-muitas-formas-de-contar-uma-

mesma.html

28

Após conhecer as versões da fábula ―A festa no céu‖ solicitar aos alunos que

criem uma nova versão para a fábula. Na sequência o professor deverá corrigir os

textos e devolver aos alunos para estes passem o texto em folhas de sulfite e façam

um desenho relacionado à sua fábula. Estas fábulas farão parte do portfólio.

Para realizar a atividade nas próximas aulas, solicitar aos alunos que

pesquisem com seus familiares uma lenda ou um conto e tragam para compartilhar

com seus colegas.

Sugestão de vídeos

A festa no céu – Adaptado disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=Z-Vo7-wqoyo

Festa no Céu - Moraes Moreira disponível em:

https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=WKE9rd_m1k8

Era uma vez... - Uma Festa na Floresta - Lu Martinez disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=TNew4ZWQ3aE Fábulas - Monteiro Lobato

http://byblosfera.blogspot.com.br/p/fabulas-monteiro-lobato.html

29

Execução: 4 horas/aula

Objetivo: Despertar o gosto pela leitura, formando estudantes mais críticos,

coerentes e com maior facilidade de interpretação; Conhecer as lendas populares;

Compreender, registrar e interpretar as características da lenda popular; Adquirir o

hábito e gosto em ler e ouvir lendas populares; Resgatar a importância do ―contar

histórias‖, no contexto familiar;

Metodologia:

Nesta atividade o professor convidará alguém para contar histórias para seus

alunos.

Na sequência os alunos devem compartilhar com seus colegas as histórias

pesquisadas no núcleo familiar.

Depois de ouvir as histórias dos colegas o professor deve orientar os alunos a

escolher a história de um de seus colegas e ilustrar ela.

Fonte da imagem: http://www.platacity.com.br/wp-content/uploads/2016/02/nao-ler.jpg

30

Execução: 4 horas/aula

Objetivo: Conhecer os contos e lendas de Câmara Cascudo, identificar as

características do personagem central (o protagonista), analisar a temática e refletir

sobre a história retratada em si.

Metodologia:

Após uma explicar sobre as características, estrutura, sua origem e como se

mantiveram vivos no imaginário do povo, os alunos serão orientados a

pesquisa uma lenda ou um conto do autor Luís da Câmara Cascudo.

O Espaço deve ser reduzido, no geral, uma sala, ou mesmo um quarto de dormir,

basta para que se organize o enredo. No máximo, uma casa, uma rua. Um

deslocamento maior, o que seria muito raro, de duas uma: ou a narrativa procura

abandonar sua condição de conto, ou advém da necessidade imposta pelo conflito

que lhe serve de base. Portanto, a ação gera o espaço. Para exemplificar,

tomemos A Missa do Galo, de Machado de Assis. Tudo se passa na sala da frente

daquela casa assobradada da Rua do Senado. Ali o drama começa e termina.

O Tempo fica restrito a um pequeno lapso; horas e, quando muito, dias. Não

interessa ao conto o passado ou o futuro das personagens. Se o contista dilata esse

tempo para semanas, meses etc., parte dele ficará sem carga dramática; ou se trata

31

de um tempo referido: ―passaram-se semanas...‖. Esse longo tempo referido

aparece, assim, na forma de síntese dramática. Em a Missa do Galo, não há

antecedentes temporais; podemos imaginar que tudo ocorra mais ou menos entre as

vinte e três horas e meia-noite, pela seguinte frase do protagonista: ―Ouvi bater onze

horas, mas quase sem dar por elas, um acaso‖.

Já vimos que o conto é essencialmente objetivo e, por isso, costuma ser narrado

na terceira pessoa em uma dessas situações:

a) O escritor, como observador, conta a história.

b) O escritor, como observador analítico ou onisciente (sabedor de tudo), conta

história.

Observação: Todavia, a primeira pessoa também pode ser empregada da seguinte

maneira: A personagem principal conta a história; ou uma personagem secundária

conta a história da personagem central.

Levando em consideração, as características de tempo e lugar, o conto só pode

estabelecer-se com um reduzido número de personagens, normalmente duas ou

três. Quaisquer outras irão desempenhar funções secundárias (de ambiente ou

cenário social). As personagens centrais não exibem complexidade de caráter, isto

é, são previsíveis em suas atitudes, pois a brevidade do conto não lhe dá tempo

suficiente para mostrar uma faceta imprevisível. Só não parece possível o conto com

uma única personagem; em todo caso, se apenas uma aparece, outra figura deve

estar atuando ou vir a atuar, direta ou indiretamente, para que se estabeleça o

conflito que gera a história.

Serve de exemplo, O Ladrão, de Graciliano Ramos. No conto, o protagonista

penetra na calada da noite, em uma casa para roubá-la. Inexperiente e dominado

pelo medo, perde-se pela casa e tarda para chegar ao quarto de dormir onde estão

guardadas as joias que pretende roubar. Depois de muita indecisão, chega a seu

destino. Mas diante da bela jovem que dormia placidamente, fica desconcertado.

Que fazer? As joias? O amor? Decide beijá-la, mas o alarme é dado e ele é preso.

Vê-se que o protagonista permanece sozinho, e nesse período de tempo não há um

32

drama, um conflito. É quando a figura da moça lhe aparece que o drama surge e

completa-se somente no momento em que decide beijá-la. Portanto, dois

protagonistas. Dá-se o nome a esse truque narrativo de epílogo enigmático.

A linguagem deve também ser objetiva e utilizar metáforas simples e de imediata

compreensão para o leitor. Deve-se evitar uma quantidade excessiva de palavras e

fluências, principalmente, para dizer coisas de pouca importância, ou de pouco

conteúdo. O conto prefere a concisão na linguagem. Quanto ao discurso, deve ser,

tanto quanto possível, dialogado. Como os conflitos residem nas falas das

personagens (proferidas ou pensadas e não no resto); sem diálogo não há discórdia,

desavença ou mal-entendido, e sem isso não há conflito, não há ação.

O conto tem preferência pelo diálogo direto porque põe o leitor diante dos fatos,

como participante direto e interessado. A comunicação entre o leitor e a narrativa é

instantânea. O indireto aparece menos, e assim mesmo, só nos casos em que não

vale a pena transcrevê-los diretamente.

O epílogo corresponde, geralmente, ao clímax da história que, via de regra, deve

ser enigmático, imprevisível e abruptamente revelado para surpreender o leitor.

Contudo, segundo os estudiosos, o cuidado do contista deve estar mais no inicio da

narrativa - das primeiras linhas depende o futuro do conto - do que em terminá-lo.

Pois, se o leitor se deixa prender desde o começo irá, por certo, até o fim. Caso

contrário, desistirá. De qualquer maneira, as primeiras linhas seduzem e atraem o

leitor e o epílogo contém a chama que lhe dá o êxtase.

Um bom exemplo da objetividade do conto, da introdução encostada no epílogo,

nos dá o escritor americano Willian Saroyan (apontado como um dos contistas

revolucionários do século XX), pela autoria deste conto em apenas algumas

palavras:

O padre voltou-se para o homem que o apunhalara nas costas, examinou lhe

cuidadosamente a cara e, morrendo disse:

— Por que me matas? Nunca te fiz nenhum favor’?

33

Este conto de Willian é também um bom exemplo do conto contemporâneo,

que vem substituindo a estrutura clássica, rígida, pela construção de um texto mais

curto ainda, com o objetivo de conduzir o leitor para além das linhas, para além do

dito, para a descoberta de um sentido nas entrelinhas, o não dito. A ação se torna

ainda mais reduzida, surgem monólogos e a exploração de um tempo interior,

psicológico.

Fonte: Texto de Ricardo Sérgio.

Ajudaram na elaboração deste texto: Luzia de Maria Reis, O que é o conto.

Assis Brasil - O Romance, A Poesia, O Conto, A Crítica - A Nova Literatura.

Massaud Moisés - A Criação Literária.

Disponível em: http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/383103

Lenda é uma narrativa transmitida oralmente pelas pessoas, visando explicar

acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais, misturando fatos reais, com

imaginários ou fantasiosos, e que vão se modificando através do imaginário popular.

Conforme vão se popularizando, as lendas tendem a ser reproduzidas e registradas

em forma de contos e histórias escritas, principalmente em livros.

Etimologicamente, a palavra lenda vem do latim medieval que quer dizer

―aquilo que deve ser lido‖.

Inicialmente, as lendas contavam histórias de santos, mas estes conceitos

foram se transformando em histórias que falam da cultura de um povo e de suas

tradições.

As lendas tentam fornecer explicações para todos os acontecimentos e

situações, inclusive para coisas que não apresentam explicação científica

comprovada, como por exemplo, os supostos fenômenos sobrenaturais.

A lenda pode ser explicada como uma degeneração do mito, porque como

são repassadas oralmente de geração a geração, vão com o passar do tempo sendo

alteradas. Como diz o ditado popular: ―quem conta um conto, aumenta um ponto‖.

A origem das lendas é baseada em quatro teorias que tenta dar uma

resposta: a Teoria Bíblica, com origem nas escrituras; Histórica, com origem a partir

das diferentes mitologias, Alegórica, onde diz que todos os mitos são simbólicos,

34

contendo somente alguma verdade moral ou filosófica; e Física, que usa os

elementos da natureza como base de todo (água, fogo, terra e ar).

A principal característica das lendas urbanas é a sua contemporaneidade, ou

seja, estão relacionadas com acontecimentos atuais ou modernos.

Por norma, as lendas urbanas têm um caráter sensacionalista ou

conspiratório, com a intenção de, assim como as lendas clássicas, encontrar

respostas para qualquer tipo de informação e acontecimento que não tenha uma

explicação científica.

Entre algumas das lendas urbanas que chamaram mais atenção no Brasil,

destaca-se: a lenda do Chupa-Cabra, da Loira do Banheiro, do Homem do Saco e a

lenda do Boneco do Fofão, por exemplo.

Frequentemente as lendas urbanas são criadas com o objetivo de assustar e

causar medo nas pessoas.

O Brasil é um país riquíssimo de cultura popular e, uma das características

que ajuda a reconhecer este título, é justamente a grande quantidade de lendas

folclóricas.

De Norte a Sul, cada região brasileira tem as suas lendas próprias, como

a lenda do Saci-Pererê, do Curupira, da Iara, da Caipora, lenda da Mula-sem-

Cabeça, do Boto cor-de-rosa, e muitos outros.

Texto disponível em: https://www.significados.com.br/lenda/

Sugestão de textos

Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000122.pdf Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto

Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000121.pdf

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Após a explanação do conceito de lenda e conto os alunos serão orientados a

pesquisar no laboratório de informática ou na biblioteca da escola um conto

ou uma lenda.

De volta à sala faremos a leitura em voz alta dos contos e lendas

pesquisados, na sequência será feita a análise oral de cada história.

Após conhecerem a história, os alunos farão a ilustração dos contos e lendas

para anexar no portfólio.

Material de apoio para o professor:

Vídeo O QUE É CONTO?

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4R3oanY6YE0 Mito, Lenda, Conto de Fada e Fábula Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5M0eZynBCaY Site: Fábulas e contos: Disponível em: http://www.fabulasecontos.com.br/?pg=conteudo-menus&tipo=2 Site: Acervo Nova Escola com mais de 100 contos, crônicas, poesias, lendas e fábulas Disponível em: http://acervo.novaescola.org.br/leitura-literaria/era-uma-vez.shtml

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Execução: 6 horas/aula

Objetivo: Promover a interação entre os colegas; valorizar o conto e os contos

populares, considerando-os parte da tradição dos povos; aprender valores;

desenvolver o senso crítico e a criatividade; estimular a criatividade e a imaginação;

conhecer as lendas populares;

Metodologia:

Após estudar as lendas os contos e fábulas é hora de dramatizar.

Para realizar esta atividade o professor deverá dividir a sala em grupos de

quatro ou cinco alunos, os quais devem escolher um dos textos de seus

portfólios e apresentar dramatizado para a turma.

Para encerrar os alunos farão a encenação do texto escolhido e exposição

dos portfólios elaborados no decorrer do protejo.

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REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento:

Fragmentos filosóficos. Trad. de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar,

1985.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Vol. 4 Língua Portuguesa. Brasília

MEC/SEF, 1997.

COSTA, Maria Armanda (1996). Se a Língua Materna não se pode ensinar, o que se

aprende nas aulas de Português. In: DELGADO – Martins e outros. Formar

professores de português, hoje. Lisboa: Edições Colibri, 1996.

CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. 11. ed. ilustrada.

São Paulo: Global, 2002.

FREIRE, P. A importância do ato de ler. 41ª ed., São Paulo: Cortez, 2001.

FREGONEZI, Durvali Emílio. Elementos de ensino de língua portuguesa. São

Paulo: Arte & Ciência, 1999.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: Aspectos cognitivos da leitura. Campinas, SP.

Pontes, 2000.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da

Educação Básica. Curitiba: Seed/DEB-PR, 2008.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. O livro é passaporte, é bilhete de partida. In:

PRADO, J. e CONDINI, P. (Org.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de

Janeiro : Argus, 1999.

SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto alegre: Artes médicas, 1998.

38

No ano de 1631, vivia na Capitania da Paraíba, Antônio Homem de Saldanha

e Albuquerque, natural dessa mesma Capitania, que, encantado com a beleza e

dotes de D. Sancha Coutinho, donzela de quinze anos, filha do abastado agricultor

João Paulo Vaz Coutinho, senhor do ―Engenho Andirobeira‖, situado a uma légua de

distância da costa, aspirava a honra de a receber por esposa.

Dirigindo-se a seus pais, e solicitando a sua mão em casamento, eles a isso

tenazmente se opuseram. Saldanha e Albuquerque, assim desenganado e

desesperado pela recusa, que apagava todos os seus sonhos de felicidade e de

amor, sem mais esperanças e ambições, alista-se no exército, e marcha para o

campo da guerra, quando as forças holandesas invadiram as plagas de sua

província natal.

Saldanha e Albuquerque foi um dos heróis do célebre ataque do forte do

Cabedelo. Passou-se para Pernambuco, e em 1633, na gloriosa defesa do Arraial do

Bom Jesus, caiu, como morto, ferido por uma bala.

Em 1646, anos depois de suas desventuras, reaparece Saldanha e

Albuquerque nessa província, mas trajando o hábito de sacerdote, sob o nome de

Aires Ivo Corrêa.

A chegada dele foi assim celebrada:

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São treze anos passados,

E de Jesus ao mosteiro

Chega a Olinda em pobres trajes

Um sacerdote estrangeiro.

Traz o rosto macerado,

Que a dor o espr’ito lhe rende;

Nos olhos se lhe apagaram

As paixões que o mundo acende.

Em anéis d’oiro os cabelos

Pelos ombros se declinam;

Palavras qu’esse anjo solta

Só perdão e amor ensinam

Dias depois, partiu o padre Aires para a Ilha de Itamaracá. Por esse tempo, já

não existiam os pais de D. Sancha Coutinho; e ela, triste, abatida, e ralada de

saudades, aí vivia então, em casa de seu irmão Nuno Coutinho, quando apareceu o

padre em sua casa; reconhecendo naquele humilde sacerdote, o seu desventurado

amante, morreu subitamente.

Quis ser ela a derradeira

Em ver o santo varão,

Mas pôr-lhe os olhos no rosto

―Ai, meu Deus!‖ e cai no chão.

Sobre o sepulcro de D. Sancha Coutinho, plantou o padre Aires Ivo Correa uma

mangueira, de cujos frutos provém as mangas de jasmim, tão celebradas pelo seu

aroma e delicado sabor.

E no lugar do sepulcro

Uma mangueira plantou,

Onde o hálito de Sancha

Até morrer aspirou.

Visões que ela lh’ofr’ecia

Não são d’humano juizo;

A sombra que ela lhe dava

Era a sombra do pr’aiso.

Inda em torno da mangueira

Se vê um lindo jardim;

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E as mangas do Padre Aires

São as mangas de jasmim.

Nas proximidades do rio Taiaçupeba Mirim e Guayo em São Paulo, em uma

região repleta de pedras, havia um conjunto de pedras conhecido com "Pedra do

Jacu". Essas pedras formavam uma gruta mágica que uniu um casal que o destino

teimava em distanciar.

Um antigo lorde inglês que tornou-se pirata, apaixonou-se por uma bela moça e

só a mágica das pedras foi capaz de unir o casal.

Henry Barwell, pirata inglês, em uma de suas investidas contra a cidade de

Santos, subiu a Serra chegando até um povoado onde viu aquela que se tornaria

sua grande paixão. Bastou um olhar e eles se apaixonaram.

Por ironia do destino, como é comum acontecer nesses casos, a moça era filha

de um português que lutava contra os piratas, logo a união entre Henry e sua amada

se tornava algo difícil de acontecer.

Disposto a conquistar a moça de todas as formas, Henry Barwell buscou

conselhos com um aliado e descobriu a notícia sobre uma pedra mágica, capaz de

trazer a pessoa amada para aquele que atravessasse por baixo dela. Foram meses

de busca até que, em meio às densas matas, Henry Barwell encontrou a Pedra do

Jacu. Atravessando por baixo da pedra por três vezes, no lado do coração, Barwell

41

transformou-se no pássaro que dava nome à pedra, e dessa forma conseguiu

chegar até sua amada.

Reconhecendo o amado, mesmo na estranha forma que ele possuía, a moça

o seguiu até a Pedra do Jacu e lá também transformou-se no pássaro e juntos

voaram até o navio pirata, onde um beijo tornou-os novamente humanos e viveram

juntos em alto mar até o fim de seus dias.

Conta a lenda que a Pedra do Jacu é um conjunto de pedras que foram

empilhadas por um Jacu mágico e que aqueles que passam por baixo dela

encontram o amor de suas vidas. Luiz da Câmara Cascudo conta que a lenda é

difundida na região da baixada santista e que ela surgiu após uma invasão pirata

que ocorreu na cidade de Santos por volta do século XVII.

Onde se estende o Passeio Público, do Rio de Janeiro,

refletiam-se ao sol as águas estagnadas da lagoa do

Boqueirão, terrenos do Campo da Ajuda, com orla de lama

e orquestra de sapos.

Para o alto, na direção do morro de Santa Tereza,

erguia-se uma casinha romântica, ao lado de uma

palmeira ornamental. Morava aí a linda Suzana, a moça

mais bonita e mais pobre dos arredores, com sua velha avó.

Suzana era noiva de Vicente Peres, auxiliar de botânica de Frei Conceição

Veloso, apaixonado e ciumento.

Dom Luiz de Vasconcellos e Souza, décimo-segundo Vice-rei do Brasil,

governava.

Vez, por outra, passeando, o futuro Conde de Figueiró encontrava Suzana,

parando para admirá-la. E acabou desejando por sua a menina carioca, descuidada

e simples, moradora na solidão da lagoa sinistra.

Cheio de planos de reforma, Dom Luiz fazia-se acompanhar pelo seu executor

fiel nas construções e sonhos, Valentim da Fonseca e Silva, Mestre Valentim,

mestiço, fusco e genial, cujos modelados orgulham a torêutica brasileira.

42

O Vice-rei e Mestre Valentim, ocultos numa touceira de bambus, espreitavam

Suzana, surpreendendo-a em idílio com o enamorado Vicente Peres.

O noivo soubera dos encontros com Dom Luiz, e lamentava a traição ingrata da

futura esposa. A menina defendia-se, defendendo o Vice-rei, tão longe e tão

próximo.

- Não deve acusar nem desconfiar de mim. Dom Luiz é um coração de ouro, pai

dos pobres, justiceiro e valente. Nunca oprimiu nem perseguiu ninguém. Deus o

protege porque ele é forte e generoso. Em vez de você pensar que ele está contra a

nossa felicidade, deve, bem antes, procurá-lo e pedir-lhe a proteção. Estou

convencida de que tudo ficará melhor para nós. Tenha confiança nele como eu

tenho...

Dom Luiz, bem contra a sua vontade, enterneceu-se. Jurou mentalmente, que

faria melhor serviço a Deus, protegendo um casalzinho jovem, que conquistando

uma mocinha pobre. Sem fazer rumor, sempre com Mestre Valentim, recuou,

ganhou o piso sinuoso da estrada, montou a cavalo e voltou para o Paço, sonhando

as compensações que Vicente Peres merecia.

No outro dia mandou-o chamar. Nomeou-o secretário de Frei Veloso, que estava

classificando o material brasileiro da ―Flora Fluminense‖, e mais uma cargo na

Alfândega; quando terminasse a tarefa.

E, meses depois, acompanhou Suzana e Vicente ao altar, na manhã do

casamento, como padrinho e protetor.

A lagoa do Boqueirão foi vencida pelos trabalhos que Mestre Valentim chefiava,

sob a palavra animadora do Vice-rei. Sobre o terreno consolidado plantou-se um

horto, e dezenas de árvores cobriram de sombra agasalhadoras o que dantes era

lodo e cisco. Nascera, por mais de cem anos, o mais popular e querido dos

logradouros do Rio de Janeiro.

Mestre Valentim, sob comando, concebeu e realizou uma fonte monumento, a

FONTE DOS AMORES, nome de mistério que a lembrança de Suzana presidia e

explicava.

Acostada ao muro do lado do mar, via-se uma cascata. No cimo, alta e esguia,

subia uma palmeira de bronze, representando aquela que cobrira a choupana

desaparecida. Entre as pedras, irregulares e artísticas, pisavam três garças de

bronze, leves, airosas, ignorantes do perigo oculto, materializado em dois grandes

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jacarés, de caudas entrelaçadas, fauces abertas, de onde caía, em continuidade

sonora, as águas límpidas.

As garças eram Suzana, Vicente e a avozinha. Os dois jacarés personalizavam o

próprio Vice-rei e seu companheiro, o modelador do fontenário, inaugurado em

1783.

O tempo derrubou a palmeira de bronze, lembrança da tranquilidade primitiva e

bucólica. As três garças, memória das vidas doces e confiadas, desapareceram.

Quem for visitar o Passeio Público, e olhar a ―Fonte dos Amores‖, verá que

somente os dois jacarés, símbolo da cobiça astuciosa, resistiram e estão vivendo,

mandíbulas abertas, através dos séculos...

Aqui está a lagoa de Paranaguá, limpa como um

espelho e bonita como noiva enfeitada.

Espraia-se em quinze quilômetros por cinco de largura,

mas não era, tempo antigo, assim grande, poderosa como

um braço de mar. Cresceu por encanto, cobrindo mato e

caminho, por causa do pecado dos homens.

Nas salinas, ponta leste do povoado de Paranaguá,

vivia uma viúva com três filhas. O Rio Fundo caía numa lagoa pequena no meio da

várzea.

Um dia, não se sabe como, a mais moça das filhas da viúva adoeceu e ninguém

atinava com a moléstia. Ficou triste e pensativa.

Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter ocasião de levar a

moça ao altar.

Chegando o tempo, descansou a moça nos matos e, querendo esconder a

vergonha, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da lagoa.

O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe D’água, tremendo de raiva na

sua beleza feiticeira. Amaldiçoou a moça que chorava e mergulhou.

As águas foram crescendo, subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e

noite, alagando, encharcando, atolando, aumentando sem cessar, cumprindo uma

44

ordem misteriosa. Tomou toda a várzea, passando por cima das carnaubeiras e

buritis, dando onda como maré em enchente na lua.

Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na

beira porque, a noite inteira, subia do fundo d’água um choro de criança nova, como

se chamasse a mãe para amamentar.

Ano vai e ano vem, o choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço,

airoso, muito claro, menino de manhã, com barbas ruivas ao meio dia e barbado de

branco ao anoitecer.

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão

bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa,

desaparecendo.

Nenhuma mulher bate roupa e toma banho sozinha, com medo do Barba Ruiva.

Homem de respeito, doutor formado, tem encontrado o filho da Mãe D’água, e perde

o uso de razão, horas e horas.

Mas, o Barba Ruiva não ofende a ninguém. Corre sua sina nas águas da lagoa

de Paranaguá, perseguindo mulheres e fugindo dos homens.

Um dia desencantará. Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um

rosário indulgenciado. Barba Ruiva é pagão, e deixa de ser encantado sendo cristão.

Mas não nasceu ainda essa mulher valente para desencantar o Barba Ruiva.

Por isso ele cumpre sua sina nas águas claras da Lagoa de Paranaguá.

No paranã do Cachoeirí, entre o Amazona e o

Trombetas, nasceram Honorato e sua irmã Maria,

Maria Caninana.

A mãe sentiu-se grávida quando se banhava no

rio Claro. Os filhos eram gêmeos e vieram ao

mundo na forma de duas serpentes escuras.

45

A tapuia batizou-os com os nomes cristãos de Honorato e Maria. E sacudi-os nas

águas do paranã porque não podiam viver em terra.

Criaram-se livremente, revirando ao sol os dorsos negros, mergulhando nas

marolas e bufando de alegria selvagem. O povo chamava-os: Cobra Norato e Maria

Caninana.

Cobra Norato era forte e bom. Nunca fez mal a ninguém. Vez por outra vinha

visitar a tapuia velha no tejupar do Cachoeirí. Nadava para a margem esperando a

noite.

Quando apareciam as estrelas a aracuã deixava de cantar, Honorato saía d’água,

arrastando o corpo enorme pela areia que rangia.

Vinha coleando, subindo, até a barranca. Sacudia-se todo, brilhando as escamas

na luz das estrelas. E deixava o couro monstruoso da cobra, erguendo-se um rapaz

bonito, todo-de-branco. Ia ceiar e dormir no tejupar materno. O corpo da cobra ficava

estirado no paranã. Pela madrugada, antes do último cantar do galo, metia-se dentro

da cobra que estava imóvel. Sacudia-se. E a cobra, viva e feia, remergulhava nas

águas do paranã.

Voltava a ser a Cobra Norato.

Salvou muita gente de morrer afogada. Direitou montarias e venceu peixes

grandes e ferozes. Por causa dele a piraíba do rio Trombetas abandonou a região,

depois de uma luta de três dias e três noites.

Maria Caninana era violenta e má. Alagava as embarcações, matava os

náufragos, atacava os mariscadores que pescavam, feria os peixes pequenos.

Nunca procurou a velha tapuia que morava no tejupar do Cahoeirí.

No porto da cidade de Obidos, no Pará, vive uma serpente encantadora,

dormindo, escondida na terra, com a cabeça debaixo do altar da Senhora Sant’Ana,

na Igreja que é da mãe de Nossa Senhora.

A cauda está no fundo do rio. Se a serpente acordar, a Igreja cairá. Maria

Caninana mordeu a serpente para ver a Igreja cair. A serpente não acordou mas se

mexeu. A terra rachou, desde o mercado até a Matriz de Obidos.

Cobra Norato matou Maria Caninana porque ela era violenta e má. E ficou

sozinho, nadando nos igarapés, nos rios, no silêncio dos paranãs.

Quando havia potirúm de farinha, dabucurí de frutas nas povoações plantadas à

beira-rio, Cobra Norato desencantava, na hora em que os aracuãs deixavam de

46

cantar, e subia, todo-de-branco, para dançar e ver as moças, conversar com os

rapazes, agradar os velhos.

Todo mundo ficava contente. Depois, ouviam o rumor da cobra mergulhando. Era

madrugada e Cobra Norato ia cumprir seu destino.

Uma vez por ano Cobra Norato convidava um amigo para desencantá-lo. Amigo

ou amiga. Podia ir na beira do paranã, encontrar a cobra dormindo como morta,

boca aberta, dentes finos, riscando de prata o escuro da noite, sacudir na boca

aberta três pingos de leite de mulher e dar uma cutilada com ferro virgem na cabeça

da cobra, estirada no arreião.

Cobra fecharia a boca e a ferida daria três gotas de sangue. Honorato ficava só

homem, para o resto da vida.

O corpo da cobra seria queimado. Não fazia mal. Bastava que alguém tivesse

coragem.

Muita gente, com pena de Honorato, foi, com aço virgem e frasquinho de leite de

mulher, ver a cobra dormindo no barranco. Era tão grande e tão feia que, dormindo

como morta, assombrava.

A velha tapuia do Cachoeirí, ela mesma, foi e teve medo. Cobra Norato continuou

nadando e assobiando nas águas grandes, do Amazonas ao Trombetas, indo e

vindo, como um desesperado sem remissão.

Num putiram famoso, Cobra Norato nadou pelo rio Tocantins, subindo para

Cametá. Deixou o corpo na beira do rio e foi dançar, beber, conversar.

Fez amizade com um soldado e pediu que o desencantasse. O soldado foi, com

um vidrinho de leite e uma machado que não cortara pau, aço virgem. Viu a cobra

estirada, dormindo como morta. Boca aberta. Desceu o machado, com vontade, no

cocuruto da cabeça. O sangue marejou. A cobra sacudiu-se e parou.

Honorato deu um suspiro de descanso. Veio ajudar a queimar a cobra onde

vivera tantos anos. As cinzas voaram. Honorato ficou homem. E morreu, anos e

anos depois, na cidade do Cametá, no Pará.

Não há nesse rio e terras do Pará quem ignore a vida da Cobra Norato. São

aventuras e batalhas. Canoeiros, batendo a jacumã, apontam os cantos, indicando

as paragens inesquecidas:

―Ali passava, todo o dia, a Cobra Norato...‖

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Deitada sobre a branca areia do igarapé, brincando com os matupiris, que lhe

passam sobre o corpo meio oculto pela corrente que se dirige para o igapó, uma

linda tapuia canta à sombra dos jauaris, sacudindo os longos e negros cabelos, tão

negros como seus grandes olhos.

As flores lilases do mururé formam uma grinalda sobre sua fronde que faz

sobressair o sorriso provocador que ondula os lábios finos e rosados.

Canta, cantando o exílio, que os ecos repetem pela floresta, e que, quando chega

a noite, ressoam nas águas do gigante dos rios.

Cai a noite, as rosas e os jasmins saem dos cornos dourados e se espalham pelo

horizonte, e ela canta e canta sempre; porém o moço tapuio que passa não se

anima a procurar a fonte do igarapé.

Ela canta e ele ouve; porém, comovido, foge repetindo: - ―É bela, porém é a

morte... é a Iara‖.

Uma vez a piracema arrastou-o para longe, a noite o surpreendeu... o lago é

grande, os igarapés se cruzam, ele os segue, ora manejando o apucuitaua com uma

mão firme, ora impelindo a montaria, apoiando-se nos troncos das árvores, e assim

atravessa a floresta, o igapó e o murizal.

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De repente um canto o surpreende, uma cabeça sai fora d'água, seu sorriso e

sua beleza o ofuscam, ele a contempla, deixa cair o iacumá, e esquece assim

também o tejupar; não presta atenção senão ao bater de seu coração, e engolfado

em seus pensamentos, deixa a montaria ir de bubuia, não despertando senão

quando sentiu sobre a fonte a brisa fresca do Amazonas.

Despertou muito tarde, a tristeza apoderou-se da sua alegria, o tejupar faz seu

martírio, a família é uma opressão, as águas, só as águas, o chamam, só a solidão

dos igarapés o encanta.

―Iara hu piciana!‖ Foi pegado pela Iara. Todos os dias, quando a aurora com suas

vestes roçagantes percorre o nascente, saudada pelos iapis que cantam nas

samaumeiras, encontra sempre uma montaria com a sua vela escura tinta de

muruchi, que se dirige para o igarapé, conduzindo o pescador tapuio desejoso de

ouvir o canto do aracuã. Para passar o tempo procura o boiadouro de iurará, porém

a sararaca lhe cai da mão e o muirapara se encosta. As horas passam-se entregue

aos seus pensares, enquanto a montaria vai de bubuia.

O acarequissaua está branco, porém o aracuã ainda não cantou. A tristeza

desaparece; a alegria volta, porque o Sol já se encobre atrás das embauleiras da

longínqua margem do Amazonas; é a hora da Iara.

Vai remando docemente; a capiuara que sai da canarana o sobressalta; a jaçanã

que voa do periantã lhe dá esperanças, que o pirarucu que sobrenada o engana.

De repente um canto o perturba; é a Iara que se queixa da frieza do tapuio.

Deixa cair o remo; Iara apareceu-lhe encantadora como nunca o esteve.

O coração salta-lhe no peito, porém a recomendação de sua mãe veio-lhe à

memória: ―Taíra não te deixes seduzir pela Iara, foge de seus braços, ela é

munusaua‖.

O aracuã não cantava mais, e do fundo da floresta saía a risada estrídula do

jurutaí.

A noite cobre o espaço, e mais triste do que nunca volta o tapuio em luta com o

coração e com os conselhos maternos.

Assim passam-se os dias, já fugindo dos amigos e deixando a pesca em

abandono.

Uma vez viram descer uma montaria de bubuia pelo Amazonas, solitária porque

o pirassara tinha-se deixado seduzir pelos cantos da Iara.

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Mais tarde apareceu num matupá um teonguera, tendo nos lábios sinais recentes

dos beijos da Iara.

Estavam dilacerados pelos dentes das piranhas.

Os textos acima estão disponíveis em: http://camaracascudo.blogspot.com.br/

O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio

bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao

mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as

no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a

casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando

regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de

ambos, decidiram morar juntos.

Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para

caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou

a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa,

deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada:

— Amigo Bode, como foi que você matou essa onça?

— Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém,

insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira,

disse o Bode:

— Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta.

A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de

algum tempo, disse o Bode:

— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…

A Onça pulou para o meio da sala gritando:

— Amigo Bode, deixe de brinquedo…

Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio

do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro,

numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode:

— Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo…

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Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa,

vivendo de papo para o ar, bem descansado.

Disponível em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio

de Janeiro, Edições de Ouro: 1967

A raposa viu que vinha vindo um cavalo carregado com cabaças cheias de mel de

abelhas. Mais que depressa deitou-se no meio da estrada, fingindo-se de morta. O

tangerino parou e achou o bicho muito bonito. Não tendo tempo de esfolar, para

aproveitar o pelo, sacudiu a raposa no meio da carga e seguiu viagem. Vai a raposa

e se farta de mel, pulando depois para o chão e ganhou o mato. O homem ficou

furioso mas não viu mais nem a sombra da raposa.

Dias depois a raposa encontrou a onça que a achou gorda e lustrosa. Perguntou se

ela descobrira algum galinheiro.

— Qual galinheiro, camarada onça, minha gordura é de mel de abelha que dá força

e coragem.

— Onde você encontrou tanto mel?

— Ora, nas cargas dos camboeiros que passam pela estrada.

— Quer me levar, camarada raposa?

— Com todo gosto. Vamos indo…

Levou a onça para a estrada, depois de muita volta, e ensinou a conversa. A onça

deitou-se e ficou estirada, dura, fazendo que estava morta. Quando o comboeiro

avistou aquele bichão estendido na areia, ficou com os cabelos em pé e puxou logo

pela sua garrucha. Não vendo a onça bulir, aproximou-se, cutucou-a com o cabo do

chicote e gritou para os companheiros:

— Eh lá! Uma onça morta! Vamos tirar o couro.

Meteram a faca com vontade na onça que, meio esfolada, ganhou os matos, doida

de raiva com a arteirice da raposa.

Disponível em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio

de Janeiro, Edições de Ouro: 1967

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A raposa convidou o timbu para visitarem um galinheiro bem provido. A

raposa iria às galinhas e o timbu aos ovos e pintos. Entraram por um buraco que

mal permitia a passagem. Começaram a fartar. A raposa prudente, apenas satisfez

o apetite. O timbu, voraz, empanturrou-se, ficando com a barriga inchada. De

súbito ouviram os passos do dono da casa. A raposa passou como um raio pelo

buraco e sumiu-se no mato. O timbu meteu-se a tentar mas ficou engalhado pelo

meio do corpo, ganindo como um desesperado. O homem chegou, viu o estrago e

disparou a espingarda no timbu, que morreu por ser guloso.

Disponível em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio

de Janeiro, Edições de Ouro: 1967

Um touro, que vivia nas montanhas, nunca tinha visto o homem. Mas sempre

ouvia dizer por todos os animais que ele era o animal mais valente do mundo. Tanto

ouviu dizer isto que, um dia, se resolveu a ir procurar o homem para saber se tal dito

era verdadeiro.

Saiu das brenhas e, ganhando uma estrada, seguiu por ela. Adiante

encontrou um velho que caminhava apoiado a um bastão.

Dirigindo-se a ele perguntou:

- Você é o bicho homem?

- Não - repondeu o velho. - Já fui, mas não sou mais!

O touro seguiu adiante encontrou uma velha:

- Você é o bicho homem?

- Não sou a mãe do bicho homem!

Adiante encontrou um menino:

- Você é o bicho homem?

- Não! Ainda hei de ser, sou o filho do bicho homem.

Adiante encontrou o bicho homem que vinha com um bacamarte no ombro.

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- Você é o bicho homem?

- Está falando com ele!

- Estou cansado de ouvir dizer que o bicho homem é o mais valente do

mundo, e vim procurá-lo para saber se é mais valente do que eu!

-Então, vá lá! - disse o homem, armando o bacamarte, e disparando-lhe um

tiro nas ventas.

O touro, desesperado de dor, meteu-se no mato e correu até sua casa, onde

passou muito tempo se tratando do ferimento.

Depois, estando ele numa reunião de animais, um lhe perguntou:

- Então, camarada touro, encontrou o bicho homem?

- Ah! Meu amigo, só com um espirro que ele me deu na cara, olhe em que

estado fiquei.

Disponível em: CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil. São

Paulo: Global Editora, 2003.

Uma vez havia um pai que tinha três filhos, e, não tendo outra cousa que lhes

dar, deu a cada um uma melancia, quando eles quiseram sair de casa para ganhar a

sua vida. O pai lhes tinha recomendado que não abrissem as frutas senão em lugar

onde houvesse água.

O mais velho dos moços, quando foi ver o que dava a sua sina, estando ainda

perto de casa, não se conteve e abriu a sua melancia. Pulou de dentro uma moça

muito bonita, dizendo: "Dai-me água, ou dai-me leite". O rapaz não achava nem uma

coisa nem outra; a moça caiu para trás e morreu.

O irmão do meio, quando chegou a sua vez, se achando não muito longe de

casa, abriu também a sua melancia, e saiu de dentro uma moça ainda mais bonita

do que a outra; pediu água ou leite, e o rapaz não achando nem uma coisa nem

outra, ela caiu para trás e morreu.

Quando o caçula partiu para ganhar a sua vida, foi mais esperto e só abriu a

sua melancia perto de uma fonte. No abri-la pulou de dentro uma moça ainda mais

bonita do que as duas primeiras, e foi dizendo: "Quero água ou leite". O moço foi à

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fonte, trouxe água e ela bebeu a se fartar. Mas a moça estava nua, e então o rapaz

disse a ela que subisse em um pé de árvore que havia ali perto da fonte, enquanto

ele ia buscar a roupa para lhe dar. A moça subiu e se escondeu nas ramagens.

Veio uma moura torta buscar água, e vendo na água o retrato de uma moça

tão bonita, pensou que fosse o seu e pôs-se a dizer: "Que desaforo! Pois eu sendo

uma moça tão bonita, andar carregando água…!" Atirou com o pote no chão e

arrebentou-o. Chegando em casa sem água e nem pote levou um repelão muito

forte, e a senhora mandou-a buscar água outra vez; mas na fonte fez o mesmo, e

quebrou o outro pote. Terceira vez fez o mesmo, e a moça, não se podendo conter,

deu uma gargalhada.

A moura torta, espantada, olhou para cima e disse: "Ah! É você, minha

netinha!… Deixe eu lhe catar um piolho". E foi logo trepando pela árvore arriba, e foi

catar a cabeça da moça. Infincou-lhe um alfinete, e a moça virou numa pombinha e

avoou! A moura torta então ficou no lugar dela. O moço, quando chegou, achou

aquela mudança tamanha e estranhou; mas a moura torta lhe disse: "O que quer?

Foi o sol que me queimou!… Você custou tanto a vir me buscar!"

Partiram para o palácio, onde se casou. A pombinha então costumava voar

por perto do palácio, e se punha no jardim a dizer: "Jardineiro, jardineiro, como vai o

rei, meu senhor, com a sua moura torta?" E fugia. Até que o jardineiro contou ao rei,

que, meio desconfiado, mandou armar um laço de diamante para prendê-la, mas a

pombinha não caiu. Mandou armar um de ouro, e nada; um de prata, e nada; afinal,

um de visgo, e ela caiu. Foram levá-la, que muito a apreciou. Passados tempos, a

moura torta fingiu-se pejada e pôs matos abaixo para comer a pombinha. No dia em

que deviam botá-la na panela, o rei, com pena, se pôs a catá-la, e encontrou-lhe

aquele carocinho na cabecinha, e, pensando ser uma pulga, foi puxando e saiu o

alfinete e pulou lá aquela moça linda como os amores. O rei conheceu a sua bela

princesa. Casaram-se, e a moura torta morreu amarrada nos rabos de dois burros

bravos lascada pelo meio.

(Versão de Sílvio Romero, publicada em Contos populares do Brasil)

Disponível em: http://contos-fabulas.blogspot.com.br/2011/07/moura-torta.html