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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2012
Título: Lírica(s) de ontem e de hoje
Autor: Diva Zacharias Fagan
Disciplina área Língua Portuguesa
Escola de implementação Colégio Estadual Pedro II
Município Umuarama
Núcleo Regional de Educação Umuarama
Professor orientador Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado
Instituição de Ensino Superior UEM
Relação Interdisciplinar Artes
Resumo
Este trabalho pretende abrir
um espaço para a poesia na escola e
estimular a transformação de palavras
em emoção, mostrar que um texto
serve de inspiração para produzir
outros textos. Apresenta estratégias
de leitura de poemas, e informam ao
leitor que a linguagem da poesia é
simbólica e condensada: o poeta
busca resumir uma história ou seus
sentimentos em poucas palavras e a
maior parte dela com sentido
conotativo para obter maior
significação. Para que aprenda e
entenda a força expressiva das
palavras as quais compõem uma
poesia e que a leitura liga-se com a
emoção e não distanciada de fatores
estéticos e intelectivos.
Ler textos líricos tradicionais e
outras possibilidades discursivas
inclusive em mídias atuais com
habilidade interpretativa, compreender
a época em que foi escrito e o
contexto histórico que viviam os
poetas. Extrair as inferências do texto
e aplicá-las à vida refletindo a respeito
do momento histórico e da realidade
social dos autores contrastando-os
com sua própria realidade.
Palavras-chave Literatura, Lírica, Cultura, Produção
de texto.
Formato do material Didático Unidade Didática.
Público Alvo 2° ano do Ensino Médio.
Introdução
Este material foi preparado com a intenção de resgatar a leitura do gênero
lírico, hoje a escola vive um momento de transição por isso foi dado um novo
olhar de como trabalhar esse gênero de modo atrativo e estratégias elaboradas
de leitura verbal e não-verbal com linguagem formal e informal tendo a finalidade
de persuadir o aluno que é o verdadeiro objetivo a alcançar.
Diante de uma plateia midiática enfocar a lírica como jogo de vozes e
ações que viabilizem aos alunos os estudos e a apropriação desse gênero o qual
envolve a cultura universal.
Este material tem como meta envolver os alunos do 2° ano do ensino
médio na construção e desenvolvimento lingüístico com leituras, pesquisas e
produção de textos que dêem margem a intertextualidade ou não, aprimorar a
oralidade abrindo espaço para a poesia declamada.
Material didático
Orientações metodológicas
Num pendrive serão montados os textos a serem apresentados pela TV. E
os alunos os receberão impressos, que versarão, entre sonetos, letra de música
poesia concreta, e outras poesias com a finalidade de envolvê-los no
conhecimento amplo da linguagem e buscar realidades representadas pelo
poema, conhecer ações e atitudes de alguns personagens e evoluir para o estado
de emoção e estética, inferir ações e atitudes descritas, perceber a ressonância
em cada fonema, em cada palavra, cada frase a fim de torná-los leitores hábeis,
competentes e atraídos aos encantos que há por trás de cada verso, na escolha
de cada palavra e na montagem de cada estrofe, adquirindo assim competência
cognitiva mais imaterial, apropriando-se da capacidade de se envolver no estado
de alma que cada texto carrega, ainda que alguns tenham mais ou menos
compromisso com a verdade.
O objetivo é formar leitores críticos capazes de extrair imagens
significativas e perceber que um poema propõe várias leituras, isto é, dá margem
a muitas interpretações, desta forma num trabalho em grupo o aluno é capaz de
compreender e dar o devido valor na interpretação do outro leitor (colega de
classe) que buscou naquele contexto uma realidade mais condizente com seus
conhecimentos prévios. E desta forma transformar o legível em dizível.
Expressar o pensamento em palavras através da produção de texto, a
leitura dos poemas servirão de subsídios para a elaboração de outros textos, ora
parafraseando, ora completando e por fim formar o próprio texto com lógica, ideia
clara objetiva e bem elaborada.
Apresentação da Unidade Didática
Esta Unidade Didática tem a finalidade de pôr o estudante em contato com
o gênero Lírico, textos escritos em versos que caracterizam-se pelo ritmo, um
trabalho especial com a linguagem numa combinação de sons que fazem a
melodia, os quais dão alma ao poema.
Estudaremos ainda as características estruturais da poesia que são:
métrica, ritmo e refrão; e ainda que a estrutura da poesia é variada, não precisa
exatamente seguir esses paradigmas, alguns poetas abandonaram tais normas e
compuseram poesias memoráveis, muito interessantes.
Tratará ainda de poemas com versos regulares, irregulares, brancos (sem
rima), letras de música, poesia concreta.
A implementação dessa unidade didática será no 2° ano do Ensino Médio
com duração de 32 horas aulas, no Colégio Estadual Pedro II Umuarama – PR.
Visando ampliar os horizontes desses alunos propiciando comunicações
evolutivas, proporcionando momentos de interação direcionada através de
leituras, atividades, pesquisas na Web, reflexão e declamação de poesias.
ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Este trabalho será realizado com os alunos do segundo ano do Ensino
Médio do Colégio Estadual Pedro II, no município de Umuarama, estado do
Paraná e tem por finalidade despertar o interesse do aprendiz pela leitura de
poemas, bem como atenuar as dificuldades de leitura e compreensão do gênero
lírico. Seduzi-los pelo encanto mágico proporcionado pelo lirismo intrínseco ao
poema, fazendo uso de mídias e suportes variados.
A proposta é habilitar o aluno a ler, interpretar e ao mesmo tempo ampliar
seus horizontes, expondo assim a cultura que a literatura traz, criando diferentes
cruzamentos que aproximam poemas de autores brasileiros de diferentes épocas
e nichos culturais e demonstrando os diálogos que os poemas travam dentro da
história, saltando de uma situação para outra. Para isso serão selecionados
poemas das mais variadas escolas literárias e letras de músicas atuais, fazendo a
escansão dos versos do poema, observando forma, rima, figuras de linguagem e
efeito sonoro. Além disso, será analisado o léxico do texto (se o autor utilizou
linguagem culta ou coloquial), serão observadas as categorias gramaticais
presentes no poema, quais verbos são predominantes (se de ação, dando
dinamismo ao texto, ou de estado). Os tempos verbais (se no presente, indicando
proximidade, ou no passado e futuro, mostrando distanciamento), além do modo,
(indicativo, para mostrar a realidade, ou subjuntivo, para demonstrar possibilidade,
desejo), dentre várias outras possibilidades de interação e análise do poema.
Após esse momento inicial, levando em conta a necessidade atual de
engajar o aluno no processo de ensino-aprendizagem por meio de uma postura
mais ativa e motivadora, passaremos a uma nova etapa, na qual os alunos
produzirão, tendo em vista os preceitos da poética aplicados até mesmo à sua
realidade dinâmica (por meio de canções atuais, por exemplo), seus próprios
textos poéticos, seja tendo como resultado um poema nos moldes mais
tradicionais, seja, até mesmo por meio de composições como, por exemplo, o rap,
que abrirão espaço para performances em sala de aula de acordo com as
demandas e possibilidades concretas encontradas. Deste modo, produziremos
uma dinâmica de ensino-aprendizagem na qual o aluno se verá envolvido de
modo natural, utilizando de modo igualmente natural os elementos de poética que
estão na base da nossa unidade didática.
Como ler a lírica
Para Goldstein (1987, p.06), cada um dos textos líricos é único em sua
apresentação e lê-los requer algumas habilidades específicas. De imediato, o
leitor decodifica aquilo que está óbvio, porém é necessário estar atento: num texto
que exalta as palavras, o leitor precisa compreender exatamente o significado de
cada uma delas e também as imagens empregadas pelo poeta, porque em cada
situação, podem despertar nossas lembranças e sensações. Dessa forma, a
mesma autora afirma que ―o gênero lírico deve ser analisado cuidadosamente,
uma vez que sugere tensão relativa ao som, sintaxe e sentido‖. Geralmente, seu
efeito pode ser associado ao de outro recurso empregado no mesmo verso ou em
versos próximos. No processo de criação do poema, muitas vezes uma palavra
contamina a outra, ora pelo som, ora pelo significado, essa combinação e
aproximação que o poeta faz de uma palavra à outra é que dá o efeito poético.
Um texto lírico deve ser lido mais de uma vez, assim o leitor deve estar
atento, porque não há uma fórmula pronta para entender e compreender. Então
convém ao leitor adquirir algumas técnicas, visto que não há regras específicas
para compor um poema, o autor é quem escolhe se vai usar uma linguagem culta
ou coloquial, alguns podem usar rima, outro não, é preciso estar atento ao
aspecto formal escolhido para elaborar o poema, a categoria gramatical que foi
usada com mais insistência, organização sintática, vocabulário, e imagens.
Algumas dicas para o leitor diante de um texto lírico pode ser enquanto lê e
interpreta o texto, não perdendo de vista a unidade do mesmo a ser restaurada no
final de forma a preservar sua unidade poética, assim pode-se ―ler‖ a organização
sintática do texto; começando pela pontuação, fazendo um levantamento dos
períodos curtos ou longos do texto, frases ou orações isoladas. Às vezes
aparecem paralelismos. O relacionamento do paralelismo é um dos componentes
que concorrem para o sentido do texto. Portanto, dificilmente dois leitores
chegarão à mesma conclusão diante de um texto literário, cada um põe seu
mundo interior diante dos fatos e suas vivências vêm à tona diante da
ambiguidade que o texto oferece, assim dando margem a fantasias. Dois
aspectos merecem destaque: o texto como construção de linguagem mais a
situação de leitura que ele suscita. Esta por sua vez, envolve não apenas a
relação entre leitor e texto, mas também a relação entre texto e seu momento
histórico, que cria certa expectativa, tanto para o fazer do texto como para sua
interpretação.
Prática pedagógica
Ação 1
Este texto tem por finalidade o início dos trabalhos, nesta unidade, com o
gênero lírico, descrevendo o que é um poeta. Buscaremos envolver o aluno para
que observe o significado das palavras no texto, o sentido que elas adquirem em
função das disposições que lhes são dadas, a força expressiva das figuras de
linguagem e a subjetividade contida no texto, fazendo-o notar a sensibilidade que
envolve um escritor e a capacidade de expor um sentimento, passando para o
papel aquilo que está na alma. Segundo o poeta Gilvã Mendes:
Ser poeta é quase que divino.
Homem, menino,
Ser poeta é viver, matar.
Ser Deus, não como o todo-poderoso
Jeová.
Ser Deus de uma folha de papel,
Com uma caneta.
Ser poeta é ser pateta,
Ser ridículo, um palhaço, ser um eterno apaixonado,
Um desgraçado, um abençoado. (MENDES apud CAMPOS; CARDOSO;
ANDRADE, 2010, p. 145)
Em seguida, destacaremos a importância da intertextualidade. A
intertextualidade é uma característica de muitos escritores; uns se baseiam em
uma composição que lhes chamou a atenção, outros se inspiram no sentido que o
texto traz, ou ainda na forma (disposição que o poeta deu ao texto). A seguir,
veremos três textos de eras distintas, porém, é fundamental destacar que o texto
não envelhece. Ele está sempre atual; o mundo pode se modificar com
extraordinária velocidade, mas os sentimentos humanos não, eles continuam ao
menos semelhantes.
Deste modo, iniciamos a leitura dos textos em formatos diferentes, um
narrativo, um soneto clássico de forma fixa, e uma canção que pode optar pelas
mais diversas formas. Iniciaremos a atividade pela introdução da função emotiva
ou expressiva da linguagem, mostrando o tom intimista e o fato de a lírica ser um
gênero aberto, bem como fazendo a introdução dos conceitos de rima, ritmo,
métrica e musicalidade.
Atividade: De início, como exercício, será feita a escansão do texto ―Amor é
fogo que arde sem se ver‖, de Luís Vaz de Camões.
Espera-se, com isso, que o aluno entenda que a sílaba métrica dentro de
um poema é responsável pela musicalidade, dá ritmo, assim como a rima
assemelha a sonoridade das palavras aproximando os sentidos dessas palavras.
Texto I
―Amor é fogo que arde sem se ver‖
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(CAMÕES apud CEREJA; MAGALHÃES, 2005, p.148)
O soneto ‟ Amor é fogo que arde sem se ver‖ é uma tentativa de conceituar
o amor. Os versos de 1 a 4 dizem que o amor é sofrimento (―é ferida que dói e
não se sente‖), para dizer que, nem tudo no amor são flores, há momentos e
fases de sofrimento e dificuldade, mas, aquele que ama supera tudo isso, pois o
amor compensa o sacrifício, de modo que o amor tem seu sofrimento amenizado,
como se não se sentisse.
O poema se divide em quatro estrofes, sendo duas de quatro versos (dois
quartetos), e duas estrofes de três versos (dois tercetos). Os dois primeiros
obedecem ao esquema de rimas abba, (no qual o primeiro verso rima com o
último e o segundo rima com o terceiro – as rimas em ―a‖ chamam-se interpoladas
e as em ―b‖ emparelhadas), ao passo que os últimos são cdc e dcd.
O número de sílabas métricas é dez (compondo o verso chamado de
―decassílabo‖). A métrica é a medida de um verso, e é definida pelo número de
sílabas poéticas. É importante lembrar que a sílaba poética nem sempre
corresponde à sílaba gramatical, pois a divisão silábica de um verso leva em
conta as emissões sonoras do verso como um todo, e conta-se até a última sílaba
tônica do verso, a sílaba átona no final do verso, se houver, não é contada.
A/mor/ é/ fo/ go/ que ar/ de /sem/ se/ ver;
É/ fe/ri/da/ que / dói /e/ não /se/ sen/te;
É / um/ con/ ten/ ta/ men/ to/ des/ con/ ten/ te;
É / dor/ que/ de/ sa/ ti/ na/ sem/ do/ er;
É /um/não/que/rer/mais/que/bem/que/rer;
É / so/li/tá/rio an/dar/por/en/tre a / gen/te;
É / nun/ca/con/ten/tar/-se/de/con/ten/te;
É cui/dar/que/se/ga/nha em/se/per/der;
É / que/rer/es/tar/pre/so/por/von/ta/de;
É /ser/vir/a /quem/ven/ce,o/ven/ce/dor;
É /ter/com/quem/nos/ma/ta/le/al/da/de.
Mas/co/mo/cau/sar/po/de/seu/fa/vor
Nos/co/ra/ções/hu/ma/nos/a/mi/za/de,
Se/tão/con/trá/rio a/ si/ é o /mes/mo a/mor?
Após essa atividade, podemos passar para um exercício de
intertextualidade, com a canção ―Monte Castelo‖ da banda Legião Urbana. Como
a canção propõe relações de intertextualidade também com uma passagem
bíblica, vejamos os dois textos: um fragmento da ―Epístola aos Coríntios‖ de
Paulo e, em seguida a letra da canção propriamente dita:
Texto II
A Excelência da Caridade
1- Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tiver
caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. 2 Mesmo
que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a
ciência; mesmo que tivesse toda fé, a ponto de transportar montanhas, se não
tiver caridade, não sou nada. 3 Ainda que distribuísse todos os meus bens em
sustendo dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se
não tiver caridade de nada valeria! 4- A caridade é paciente é bondosa. Não
tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. 5 nem escandalosa.
Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. 6 Não se
alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. (BÍBLIA SAGRADA, 2005,
p.1477).
Texto III
Monte Castelo
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.
O amor é fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.
É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.
Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. Mas então veremos face a face.
É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.
(Legião Urbana apud. CEREJA; MAGALHÃES, As quatro estações
,1989. p.148).
Podemos notar facilmente o diálogo que a letra da canção estabelece com
o Texto I e com o Texto II. Essa é a relação de intertextualidade que tanto contribui
com as mais variadas construções de sentido no âmbito literário e que servem
para um profícuo exercício de leitura. Após essas atividades, o aluno poderá
apresentar ao professor e à sala suas próprias experiências de intertextualidade
de acordo com seu conhecimento de mundo.
Iniciando os trabalhos da ação 2
Ainda trabalhando a intertextualidade.
Atividade: 1- Após a leitura do texto1 e o 2 é possível notar a
intertextualidade mais propriamente dita com o significado do texto, após trabalhar
os textos ouvir a música, o trabalho se dará com o terceiro texto.
O soldado que matara o reizinho inimigo é um poema com rima
interpolada, redondilha maior (versos de sete sílabas métricas).
Atividade 2 - trabalho em grupo, na sala de vídeo, sugestão que o trabalho
seja em dupla, o aluno pode escolher na web outro texto se desejar e com o
auxílio do site rimador http://www.sonetos.com.br/rimador.php.: Produzirão um
texto em versos, o qual traga a mensagem que o personagem após cumprir seu
dever continuava descontente porque os acontecimentos não eram condizentes
com seus valores.
Espera-se que os alunos tenham entendido que as rimas podem ser
emparelhadas, alternadas, interpoladas. E que o verso pode ter quantas sílabas
métricas o autor achar conveniente.
Ação 2
Texto l
Parábola do filho pródigo
―Um Homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai dá-me
a parte da herança que me toca. O pai então dividiu entre eles os haveres.
Poucos dias depois, ajuntando tudo que o lhe pertencia, partiu o filho mais moço
para um país muito distante, e lá dissipou sua fortuna, vivendo dissolutamente.
Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome: e ele
começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço dos habitantes daquela região,
que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se
das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai,
que tem pão em abundância… e eu, aqui, estou a morre de fome! Levantar-me-ei
e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu,
e movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o
beijou.
O filho lhe disse então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos: Traze-me depressa a
melhor veste e vista-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calcados nos pés. Trazei
também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu
filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a festa.
O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa,
ouviu a música e as danças.
Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. Ele lhe explicou: voltou teu
irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e
salvo. Encolerizou-se ele e não queria entrar; mas seu pai saiu e insistiu com ele.
Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir
ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito, para festejar com meus amigos.
E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes,
logo lhe mandaste matar um novilho gordo! Explicou-lhe o pai: filho, tu estás
sempre comigo, e tudo que é meu é teu; convinha, porém, fazermos festa, pois
este teu irmão estava morto e reviveu, tinha se perdido e foi achado.‖(BÍBLIA
SAGRADA, 2005, P.1.368).
Texto ll
Filho prodigo
Eu tinha bom gado de corte, eu tinha bom gado leiteiro.
Eu tinha um cavalo baio, e um abundante celeiro
Eu era muito respeitado, eu fui campeão de rodeio
E por todas as redondezas, queriam ouvir meus conselhos
Por causa de um par de olhos, azuis claros como o luar
Eu disse a meu pai vou-me embora, eu vou procurar.
Sem ela não posso ficar
Andei lado a lado com a morte, por esse mundo a vagar
Eu que era amigo da sorte, fui companheiro do azar
Então me tornei vagabundo, a dor e a fome chegou
Comi maltrapilho e imundo, o pão que o diabo amassou
Depois de muitas andanças, encontrei-me com ela num bar
Sorrindo e bebendo com outro, naquele lugar
Decidi que eu ia voltar
Ao longo caminho da volta, a vergonha e a solidão
Sem saber se seria bem vindo, por meus pais e também meus irmãos
Ao longe avistei minha casa, bateu forte o meu coração
O pranto escorreu em meu rosto, molhando a poeira do chão
Meu pai com seus braços abertos, disse meu filho voltou ai ai ai
Três dias três noites de festa, o sino tocou
Anunciando que a paz retornou.
SERTANEJO 86, (Júnio &Julio)
Texto III
O herói que matara o Reizinho inimigo
Volto da guerra magoado.
O povo diz-me: ―Soldado,
És o mais bravo da terra.‖
Como o povo anda enganado!
Volto magoado da guerra…
―Gloria às tuas cicatrizes!
Nos mais remotos países,
Feliz! Teu nome é aclamado‖
Ah! Sou dos mais infelizes!
Volto da guerra magoado…
Venci a maior batalha
E deram-me esta medalha
Cobiçada em toda a terra.
Meu Deus por mais que ela valha…
Volto magoado da guerra.
Foi minha sorte e castigo
Ver o reizinho inimigo
Nestas mãos ensangüentado,
Morrer chorando comigo…
Volto da guerra magoado.
( COUTO apud, CEGALA, 1980 p.79 ).
Ação 3
Iniciando as atividades III
Nesta ação trabalharemos sequência de um poema da poetisa Adélia
Prado, daremos duas estrofes escritas e sugeriremos aos alunos a formação das
outras duas estrofes.
Atividade: Há normas usadas pelos poetas para deixar o texto mais
expressivo é a chamada figura de linguagem, aqui a autora usa a anáfora. (figura
de sintaxe ou de construção — consiste na repetição de uma ou mais palavras no
início de duas ou mais orações, frases ou versos sucessivos).
Na sala de informática com o auxílio do site para procurar rimas usar:
http://www.sonetos.com.br/rimador.php. Criar duas estrofes que poderia finalizar o
poema, dando sequência a primeira parte. Para isso:
*comece o primeiro terceto repetindo a expressão dalguém que e
acrescente novas informações e ideias.
*comece o segundo terceto repetindo uma expressão que você tenha
usado no fim da estrofe anterior.
* a fim de garantir a rima ou dar mais destaque a uma expressão, não
hesite em alterar a ordem direta da frase usando hipérbato, outro expressivo
recurso poético. (hipérbato, é a inversão da ordem direta da oração): ex:
(Sempre muito de cachorro eu gostei).
Alma perdida
Toda esta noite o rouxinol chorou,
gemeu, rezou, gritou perdidamente!
Alma de rouxinol, alma da gente,
tu és, talvez, alguém que se finou!
Tu és, talvez, um sonho que passou,
que se fundiu na Dor, suavemente...
Talvez seja alma, a alma doente
dalguém que quis amar e nunca amou!
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(ESPANCA,Apud, Campos, Cardoso,Andrade, 2011.
p.143).
Ação 4
Para trabalhar a quarta ação, revisaremos as aulas anteriores, para
reforçar o que o aluno aprendeu de um soneto sáfico de forma fixa, (que
descreve o amor) com sílabas tônicas na 4ª, 8ª e 10ª sílabas. Espera-se que ao
ver a imagem ele consiga interpretá-la.
Apartheid
A poesia experimental deve-se entender em sentido amplo, inclusive como
uma modalidade interartística que se incluem prática e gênero tão diferentes
como a poesia visual, sonora, digital. Este tipo de poema não está composto
necessariamente com palavras uniformes pelo som e plasticidade dos signos.
Apartheid, soneto de 1988 são quatorze linhas de cerca metálica segue a
estrutura dos versos de um soneto tradicional: dois quartetos e dois tercetos. O
autor faz uso do ritmo, onde os nós do arame recordam a obsessão dos
sonetistas clássicos pela tonicidade das sílabas. O poema Apartheid visualmente
denuncia qualquer forma de repressão e da liberdade do indivíduo.
Cada grampo da cerca equivale a sílaba tônica, portanto, os primeiros
versos são formados por redondilha maior ( versos de 7 sílabas), e os últimos a
sílaba tônica recai na terceira e na quinta sílaba.
Às vezes o país entrava em dificuldade política cerceando as pessoas da
liberdade de expressão, o poeta encontrava outras formas de comunicação e esta
é uma delas.
Atividade: leitura e compreensão de um texto não-verbal (texto totalmente
imagético) a imagem e estrutura contida neste texto.
A finalidade deste texto é que o aluno aprofunde o conhecimento da leitura
não-verbal, aprenda que é possível muitas formas de comunicação em situações
mais inusitadas. Assim a leitura de um texto pode ser feita ainda que não
contenha palavra.
(ARAÚJO, A. “Apartheid soneto” (1988)
Ação 5
Nesta aula trabalharemos a organização de um soneto de Vinícius de
Moraes com a disposição das rima e divisão das sílabas poética e a dica para
descobrir qual é o verso seguinte.
Atividade: Nos versos abaixo já feito a escansão deste poema, da forma
como o poeta escreveu, estão fora de ordem, o trabalho agora é colocá-los em
seus devidos lugares de forma que o poema fique como foi escrito. Para ajudá-lo,
observe os seguintes detalhes.
▪ cada quadrinho escuro corresponde a uma sílaba poética;
▪ já os quadrinhos claros correspondem às sílabas átonas (as que não
são contadas);
▪ as letras maiúsculas à direta correspondem a combinações de rimas.
▪ o primeiro e o último verso estão em seus devidos lugares.
▪ observe a rima, isso ajudará a encontrar o verso seguinte.
Espera-se que com esse exercício o aluno compreenda a métrica e a rima,
o autor dá uma sequência lógica no texto com as características impostas por
ABBA, ABBA, CDC, EDE. Deve-se escolher o verso seguinte observando a rima.
Soneto do amigo
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ A
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ B
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ B
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ A
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ A
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ B
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ B
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ A
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ C
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ D
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ C
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ E
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ D
▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ / ▓ E
En/fim/, de/ pois/de/tan/to er/ro/pas/sa/do (A)
Nun/ca/per/di/do/,sem/pre/re en/con/tra/do.
É/bom/sen/tá-/lo/no/va/men/te ao/la/do
Eis/que/re/sur/ge/nou/tro o/ve/lho a/mi/go.
Que/só/se/vai/ao/ver/ou/tro/nas/cer
Um/bi/cho i/gual/a/mim,/sim/ples/ e hu/ma/no
Tan/tas/re/ta/lia/ções,/tan/to/pe/ri/go (B)
Sem/pre/co/mi/go um/pou/co a/ tri/bu/la/do
Sa/ben/do/se/mo/ver/e/co/mo/ver
E/co/mo/sem/pre/sin/gu/lar/co/mi/go.
E a/dis/far/çar/com/o/meu/pró/prio en/ga/no.
O a/ mi/go:um/ser/que a/ vi/da/não/ex/pli/ca
Com/o/lhos/que/con/têm/o o/lhar/an/ti/go
E o es/ pe/lho/de/mi/nha al/ma/mul/ti/pli/ca...
MORAES apud CAMPOS, CARDOSO, ANDRADE, 2011. p.125.
Ação 6
Passaremos a trabalhar o gênero lírico abordado fora dos rigores da poesia
clássica. Um poema de Gonçalves Dia que nasceu em 1823, e faz parte do
movimento Romântico brasileiro idealiza novo molde para retratar o amor.
Não me deixes é um poema romântico, com versos livres, não obedecem a
uma regra preestabelecida quanto ao metro, (à posição das sílabas fortes), nem a
presença ou regularidade das rimas, traz algumas características da prosa,
porque é uma narração que conta o sofrimento da flor que não recebe a atenção
do rio, portanto um monólogo, ela (a flor) fica o tempo todo falando sem receber
resposta alguma. Porém o autor usa recursos fortes da literatura romântica como
a personificação da natureza a qual faz referências como: A flor e o regato são
seres que simbolizam uma relação de amor os quais são termos metafóricos dos
elementos femininos e masculinos. (a relação entre o homem e a mulher: a flor é
conduzida pelo rio (homem), em nome do amor.
É possível ainda notar que esse poema está ligado ao período romântico
pelas suas características nada clássicas como: o uso de versos paralelísticos
(isto é, só muda a palavra, mas a construção da frase é a mesma) é o tributo que
o romântico faz à cultura popular; ao rimar em ―ao‖ facilitam a memorização, o
texto pode ser declamado ou cantado pela facilidade da rima e da métrica, a
interjeição ―Ai, não me deixes, não‖, tem a finalidade de acentuar o caráter
emotivo da poesia. O amor é colocado como elemento vital para a flor nada mais
é importante, só o que ela tem em mente é ser notada por ele. No poema há
uma pontuação expressiva para caracterizar a emoção e supervalorizar os
sentimentos com uma exaltação hiperbólica da mulher amada colocando o amor
como emoção maior e o desamor como a pior infelicidade. Neste texto também é
possível notar os excesso de emotividade que acarreta oscilação de humor:
profunda tristeza e alegria transbordante, a flor fica sonhando com o rio, uma
oposição à realidade o que é outra tendência forte do autor romântico que utiliza a
natureza como elemento participante do seu mundo interior.
Atividade: Leitura do texto com observação de como o autor dispôs os
versos, (com versos longos e curtos) a pontuação generosa a fim de dar pausas e
envolver o leitor com o sentimento que é peculiar aos românticos. Declamação do
poema primeiro a sala toda em forma de coral e depois individualmente os
voluntários.
Espera-se que o aluno aprenda a entonação de voz, a respirar enquanto lê
fazendo as pausas necessárias que essa leitura exige, respeite a pontuação,
tenha uma postura de quem declama o poema.
Texto I
Não me deixes!
Debruçada nas águas dum regato
A flor dizia em vão
À corrente, onde bela se mirava...
―Ai, não me deixes, não!‖
―Comigo ficas ou leve-me contigo
―Dos mares à amplidão;
―Límpido ou turvo, te amarei constantemente;
―Mas não me deixes, não!‖
E a corrente passava; novas águas
Após as outras vão;
E a flor sempre a dizer curvada na fonte:
―Ai, não me deixes, não!‖
E das águas que fogem incessantes
À eterna sucessão
Dizia sempre a flor, e sempre embalde:
―Ai, não me deixes, não!‖
Por fim desfalecida e a cor murchada,
Quase a lamber o chão
Buscava ainda a corrente por dizer-lhe
Que a não deixasse, não.
A corrente impiedosa a flor enleia,
Leva-a do seu torrão;
A afundar-se dizia a pobrezinha:
―Não me deixaste, não!‖
DIAS, G. apud, PASCOALIN & SPADOTO,1986. p. 1
Ação 7
Este poema foi escrito pela poetisa Adélia Prado que nasceu no ano de
1935. Ao ler este texto, aparece imediatamente um novo olhar que ela confere ao
amor, mesmo tema do texto I. Sem a utilização de estrofes e com palavras não
muito comuns a um texto romântico.
Para ler dois textos como estes (Não me deixes e Amor) é necessário
independente de qualquer análise ou estudo buscar uma identificação com o
conteúdo dos textos, é preciso identificar as combinações surpreendentes de
palavras, interpretar essas combinações e outras informações, considerando o
sentido geral do texto. Logo à primeira leitura já é possível dizer se são atraentes
ou não. Se sentiu alguma identificação com o tema, a sensibilidade do ritmo, dos
versos, a cadência inusitada, surpreendente a forma como os autores se
expressaram.
A sonoridade dos versos, o ritmo as repetições, e combinações
inesperadas de palavras e versos, o conteúdo (a ideia traduzida), todos esses
itens combinados, contribuem para a construção da ideia geral do poema.
O texto II como o texto I o eu lírico é uma mulher que se dirige a pessoa
amada, porém o texto II é mais complexo para interpretar no sentido que as
palavras exercem dentro de um contexto, como os versos: ―caieiras,
desembocadura de esgotos,/ ideia de morte, gripe, vestido, sapatos. Essa
enumeração de elementos diversos entre si não parecem fazer parte de um
mesmo campo semântico, mas, nenhuma palavra é empregada casualmente,
aleatoriamente; o eu lírico sugere diversas formas de chamar a atenção da
pessoa amada. Apesar da ideia de morte e gripe serem coisas negativas ainda
assim para o eu lírico torna-se apetecíveis, desejáveis. Depois ela enumera
coisas mais amenas como: ―sapatos‖, ―vestidos‖, ―tardes de sábado‖ tudo serve
para enfatizar a intensidade do amor que sente.
Nos versos: ―rispidez dos teus lábios que suporto com dor/ e mais
retábulos, faca, tudo serve e é estilete,/lâmina encostada em teu peito. Fala‖.
Constroem uma imagem bastante forte, mostrando um desespero crescente do
eu lírico.
Nos versos ―antes da mesa pacífica:/ ovos cozidos, tomates,/ fome dos
ângulos duros de tua cara de estátua‖, há uma aproximação das ideias de fome e
de desejo (amor), partindo de alimentos reais, prosaicos, ―pouco poéticos‖.
Tudo isso mostra que o gênero lírico é aberto deixando espaço para criar
em muitas direções, inovar, lançar mão de neologismos, mas o essencial, o
sentimento é o cenário que o envolve.
Atividade: Como exercícios após a leitura poética do texto, na sala de
informática. Os alunos pesquisarão no dicionário da web o significado de cada
palavra como elas cabem neste contexto. Expressar os sentimentos fazê-los
refletir como é o comportamento das pessoas diante de certas situações e deixam
transparecer ainda que tente disfarçar, é possível percebe a alegria ou o
desconforto de alguém diante de certas situações.
Com isso espera-se que o aluno tenha despertado para o quanto o lirismo
faz parte da vida humana, o quanto o sentimento envolve as pessoas. Desperta a
sensibilidade, influencia as atitudes.
Texto II
Amor
Adélia prado
A formosura do teu rosto obriga-me
e não ouso em tua presença
ou à tua simples lembrança
recusar-me ao esmero de permanecer contemplável.
Quisera olhar fixamente a tua cara,
como fazem comigo soldados e choferes de ônibus.
Mas não tenho coragem
olho só tua mão,
a unha polida, olho,olho,olho e é quanto basta
pra alimentar fogo, mel e veneno deste amor incansável
que tudo rói e banha e torna apetecível:
caieiras, desembocaduras de esgotos,
idéia de morte, gripe, vestido, sapatos,
aquela tarde de sábado,
esta que morre agora antes da mesa pacífica:
ovos cozidos tomates,
fome dos ângulos duros de tua cara de estátua.
Recolho tamancos, flauta, molho de flores, resinas,
rispidez de teus lábio que suporto com dor
e mais retábulos, faca, tudo serve e é estilete,
lâmina encostada em teu peito. Fala.
Fala sem orgulho ou medo
que à força de pensar em mim sonhou comigo
e passou um dia esquisito,
o coração em sobressaltos à campainha da porta,
disposto à benignidade, ao ridículo, à doçura. Fala.
Nem é preciso que o amor seja a palavra.
―Penso em você‖ — me diz e estancarei os féretros,
tão grande é a minha paixão.
PRADO apud CAMPOS; CARDOSO; ANDRADE,2011.p. 213.
Para ler um texto de qualquer gênero, as palavras só podem ter
significação completamente compreendida no contexto, no poema também é
assim.
1- Procurar no dicionário da web o significado das palavras:
Apetecível:________________________________________________________
Benignidade: ______________________________________________________
Caieira: ___________________________________________________________
Estancar: _________________________________________________________
Féretro: ___________________________________________________________
Resina: ___________________________________________________________
Retábulo: _________________________________________________________
2- Complete as lacunas com outros termos pensados por você e que caibam no
contexto, buscando na sua experiência meios que você encontrou para chamar a
atenção de alguém.
Quisera olhar fixamente a tua cara,
Como fazem comigo_____________ e ______________
Mas não tenho coragem
Olho só _________________,
_____________________, olho, olho, olho, e é quanto basta
Pra alimentar __________, ___________e ___________deste amor incansável
Que tudo rói e banha e torna apetecível:
_________________, _________________,
________________, __________________, ______________, ____________
________________,
Esta que morre agora antes da mesa pacífica:
____________________,_________________,
____________________.
Recolho ________________, ________________, ___________, __________
_______________
e mais ___________, faca, tudo serve e é estilete,
lâmina encostada em teu peito. Fala.
3- nesta atividade você vai relacionar elementos concretos (parte do rosto,
instrumentos musicais, etc.) a elementos abstratos, como: (sensações e
sentimentos), note que existe uma maneira só sua de representar as emoções.
a- Associe uma parte do rosto:
À timidez; ____________________________________________________
Ao amor correspondido; ________________________________________
Ao amor não correspondido. _____________________________________
b- Associe um alimento às sensações de:
Cansaço; ____________________________________________________
Amor; _______________________________________________________
Expectativa. __________________________________________________
c- Associe a três objetos:
ao medo de ser rejeitado; ____________________________________
à expectativa de uma declaração de amor; _______________________
ao desejo de ter seu amor correspondido. __________________________
d- Associe um instrumento musical:
à euforia; __________________________________________________
à saudade; _________________________________________________
ao medo. __________________________________________________
e- Que elementos da natureza você associa:
à paixão? ________________________________________________
à tranquilidade? ___________________________________________
à fuga? __________________________________________________
ao encontro? ______________________________________________
Ação 8
Poesia concreta
Para iniciar o estudo da poesia concreta ou ideograma poremos o aluno a
par do que diz Augusto de Campos (1956) na poesia concreta o poeta vê a
palavra com personalidade, como um campo magnético de possibilidades, um
objeto dinâmico, vivo.
Este texto de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll, intilulado
―Poema-cauda‖ adquire uma forma significativa que lembra o próprio enunciado
do texto, a cauda dos dois personagens que dialogam o gato e o rato.
Este texto exige uma nova leitura, o autor dispôs o texto no formato das
caudas dos personagens iniciando com letras maiores e vem diminuindo na
sequência dos acontecimentos dispondo um diálogo que obviamente o maior iria
ser vitorioso, por isso o menor ia encolhendo. Termina com a sentença do gato
para o rato que já estava praticamente invisível.
Atividade: ler o texto com o aluno e chamar a atenção para os detalhes que
o poema traz, fazer a leitura com entonação de voz condizente com a situação
apresentada uma vez que o texto inicia com letras grandes e vem diminuindo ao
longo do percurso e dos acontecimentos.
Espera-se que o aluno tenha um alargamento de conhecimento no que diz
respeito a intencionalidade do texto, não importa qual gênero foi escolhido para
isso, se foi em tom de brincadeira, irônico, mas a denúncia de opressão não
precisa ser exposto exatamente em tom trágico.
Ação 9
Texto I
A estrutura da poesia concreta é diferente e chama muito a atenção
daqueles que as lêem por dar um novo sentido de estrutura capaz de resgatar
uma imagem. Também é menos cansativa de se ler, são curtas, divertidas. As
poesias abaixo são diferentes, pois tem poucas palavras, letras grandes e têm um
texto básico e interessante.
Metassoneto ou o computador irritado
Abba
Baab
Cdc
Dcc
Abba
Bbaa
Ccd
Dcd
Cdc
Dcc
Abab
Baba
Ccd
Dcd
Abba
Baab
Blablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablablabla
PAES apud INFANTE, 2008. p. 676.
Este texto é uma paródia que busca denunciar o caráter exagerado de
muita poesia que se fez e continua fazendo. Seguindo esquemas de rimas, e
modelos predeterminados, muitos poetas na verdade não tem nada de importante
a dizer e o que escrevem não passa de blábláblá.
Atividade: ler com os alunos, uma nova proposta de poesia. Fazer um
poema que ironize alguma coisa dentro das disciplinas que eles estudam.
Faremos o varal das poesia produzida pela turma. Serão disponibilizadas onde
muitos poderão ler.
Espera-se que o aluno ao ver este texto já entenda que o autor está
satirizando as rimas poéticas a disposição das estrofes e a rima que cada uma
delas teriam. E que sirva de inspiração para que eles construam outras.
Texto II
A poesia concreta trabalha a sonoridade, a rima e o ritmo o poeta faz uso
dos recursos visuais. Os versos são organizados de forma incomum para mostrar
o formato de alguma coisa, para isso ele usa diferentes tipos de letras, criando
novos sentidos. Este poemas não são feitos apenas para serem lidos, mas
também para serem vistos, observados, admirados.
PRESENTE PASSADO FUTURO
OUTRORA
DEPOIS AGORA
AMANHÃ ONTEM HOJE
ANTES APÓS ORA
TEMPO
OTE M P O
GRÜNEWALD apud CEREJA, MAGALHÃES, 2005.p.74.
Poema III
Poemas concretos são aqueles cuja construção se baseia na utilização de
recursos visuais, sonoros e gráfico. É preciso ler o poema abaixo, de autoria do
poeta e compositor Arnaldo Antunes, para responder as questões propostas.
Vejam que nos texto II e III há uma intertextualidade, os dois mostram a
passagem do tempo, o qual muito preocupa as pessoas que estão sempre indo
na mesma direção, os autores depõem o tempo em presente passado e futuro e
terminam em ‟ O‖ marco zero da vida.
http://arnaldoantunes.blogspot.com.br/2010/07/blog-post_4670.html
O poema está organizado em duas partes, ou duas estrofes não
convencionais, cada uma com o formato de um círculo. Observe as palavras e
expressões que formam o círculo da esquerda lido no sentido horário: gera,
degenera, já era, regenera.
O Caligrama é um texto (mais frequentemente poético) cujas palavras
estão dispostas de modo a representar "um desenho": objetos, animais,
personagens ou pequenas cenas que formam "o tema do texto".
1- O poema está escrito em duas partes ou duas estrofes não convencionais,
cada uma com o formato de um círculo. Observe as palavras e expressões que
formam o círculo da esquerda, lidas no sentido horário: gera, degenera, já era,
regenera.
a- Que figura de linguagem se verifica na oposição entre degenera e regenera?
________________________________________________________________
b- Que palavra desse circulo mantém com a expressão já era o mesmo tipo de
oposição? ________________________________________________________
c- A expressão já era apresenta sonoridade e sentido de outras palavras desse
circulo, e que palavra do outro circulo se aproxima sonoramente da expressão já
era? ____________________________________________________________
2- O circulo da direita é formado pela repetição da palavra zera, uma forma verbal
de zerar. Alguns dos sentidos da palavra zero registrados no Novo dicionário
Aurélio: ―Ponto em que se principiam a contar os graus e que corresponde, em
alguns termômetros, à temperatura de gelo fundente; ponto inicial da maioria dos
instrumentos de medição; pessoa ou coisa sem valor, sem préstimo.
3- Comparando as duas estrofes quanto a disposição espacial e visual na página
e quanto ao sentido, responda:
a- visualmente as duas estrofes se igualam ou se diferenciam?
_________________________________________________________________
b- Qual a relação que existe entre a palavra zero e o círculo formado pela palavra
zera?
_________________________________________________________________
c- Considerando o sentido da palavra zero, aponte semelhança entre as duas
estrofes quanto ao significado.
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
4- Imagine um corpo se movimentando num círculo: ele só terá completado uma
volta inteira quando passar novamente pelo ponto de partida. Nesse sentido, o
ponto de partida e de chegada é o mesmo. Ao empregar as palavras como gera e
degenera, o autor trabalha com a oposição vida e morte. Considerando essas
informações responda:
a- Por que o autor teria escolhido o círculo para dispor seu poema?
_________________________________________________________________
b- Pela perspectiva do texto, a vida se esgota com a morte?
_________________________________________________________________
Espera-se que os aluno perceba que para fazer poesia a criatividade conta
muito, já se produziu poesia nas mais diversas formas, disposição das palavras
no papel, o texto sugere, informa, induz e diverte, porém, tem a grande
preocupação de informar.
CEREJA, W. R. MAGALHÃES, T. C. 2005.p.74.
Ação 10
Nesta aula faremos outra experiência, além de ler a letra da música
ouviremos a melodia, e na sala de informática, primeiro faremos a pesquisa do
momento histórico que a nação vivia. Os alunos interagem entre si o que
entenderam e com a ajuda do professor serão sanadas as dúvidas.
O gênero lírico está totalmente presente na música, está foi usada para
fazer uma denúncia, com ritmo alegre, texto bem composto de forma que, com a
ditadura não era permitido fazer denúncias, o autor diz o que sente, mostra que
está indignado com a situação. Tantas coisas desagradáveis, tantos desconsertos
e ele não podia fazer nada.
Atividade: Após a explicação do texto e de se inteirar do momento histórico
pelo qual o país passava será solicitado aos alunos que monte um painel com
figuras do computador ou recorte de jornais e revista situações que a letra da
música sugere.
Espera-se que o aluno tenha compreendido a amplitude de gênero literário
a capacidade de dispor as palavras e levar as mensagens dos mais diversos
sentidos, tons: irônicos, satíricos, severos, sarcásticos, enfim a gama de
possibilidades são infindáveis.
Milho Aos Pombos
Zé Geraldo
Enquanto esses comandantes loucos ficam por aí
Queimando pestanas organizando suas batalhas
Os guerrilheiros nas alcovas preparando na surdina suas
Mortalhas
A cada conflito mais escombros
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Entra ano, sai ano, cada vez fica mais difícil
O pão, o arroz, o feijão, o aluguel
Uma nova corrida do ouro
O homem comprando da sociedade o seu papel
Quando mais alto o cargo maior o rombo
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
http://letras.mus.br/ze-geraldo/299869/
Cronograma das ações pedagógicas
Ordem das
ações
Titulo das ações pedagógicas
Tempo de
execução 32 horas
Ação 1 Escansão dos versos três horas/aulas
Ação 2 Produção de texto lírico três horas/aulas
Ação 3 Duas estrofes para compor duas horas/aulas
Ação 4 Leitura do texto imagético duas horas/aulas
Ação 5 Organizar o poema duas horas/aulas
Ação 6 Declamar poesias duas horas/aulas
Ação 7 Contextualização de poesia duas horas/aulas
Ação 8 Socializar a poesia duas horas/aulas
Ação 9 Poesia concreta três horas/aulas
Ação 10 Pesquisa na web três horas/aulas
Ação 11 Preparação da apresentação três horas/aulas
Ação 12 Apresentação dos poemas três horas/aulas
Ação 13 Avaliação do gênero lírico duas horas/aulas
REFERÊNCIAS:
BÍBLIA SAGRADA. Primeira epístola aos Coríntios. Cap.13,1-6. 18ª Ed. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1971. p.1477.
BÍBLIA SAGRADA. Evangelho segundo Lucas. Cap.15,1-24. 18ª Ed. São Paulo: Ed. Ave Maria, 1991. P. 1369.
CAMPOS, E.; CARDOSO, P. M.; ANDRADE,S. L. de.Viva Português: v. 1 ensino médio.1ª Ed. São Paulo: Ática, 2010. p. 125
___________, Viva Português: v. 1 ensino médio.1ª Ed. São Paulo: Ática, 2010. p. 143.
___________, Viva Português: v. 1 ensino médio.1ª Ed. São Paulo: Ática, 2010. p. 145.
___________, Viva Português: v. 1 ensino médio.1ª Ed. São Paulo: Ática, 2010. p. 213.
CARA, Salete. A poesia lírica. 2ª Ed. São Paulo: Ática, 1986.
CEGALLA,Domingos Paschoal. Hora de comunicação. 5ª série. 6ª. Ed. São Paulo: Editora Nacional, 1980. p.79.
CEREJA, W.R., MAGALHÃES,T.C .Português Linguagens. V. 1. ensino médio, 7° edição, São Paulo. Editora Saraiva, 2010. p.280.
____________, Português linguagens. V.1 ensino médio, 5° Ed. São Paulo: Atual,2005. p.74.
____________. Português Linguagens. V. 1 Editora Atual, 5ª edição, São Paulo, 2005, p.148.
CORTEZ, Clarice Zamonaro; RODRIGUEZ, Milton Hermes. Teoria literária: Abordagens teóricos e tendências contemporâneas. 3ª ed. Paraná: Eduem.
FARACO & MOURA, Língua e Literatura. V. 1, 2° grau, 14° Ed. São Paulo: editora Ática, 1994. p.37.
GOLDESTEIN, Norma. Versos, sons e ritmos. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1987.
INFANTE, U. Textos: leituras e escritas. V. único, ensino médio, 2ª edição, São Paulo, editora Scipione, 2008.p. 676.
PASCOALIN & SPADOTO. Literatura Gramática & Redação. V. 2 Editora FTD, São Paulo 1986, p.01.
Webgrafia.
< http://arnaldoantunes.blogspot.com.br/2010/07/blog-post_4670.html> Acesso em 12 nov. 2012.
<http://letras.mus.br/ze-geraldo/299869/> Acesso em 21 de set. 2012. Posted: April 2, 2012 in Poesia Tags: apartheid, Avelino de Araújo, poesia concreta.
<http://letras.mus.br/ze-geraldo/299869/> Acesso em 12 de Nov. 2012.