Fichamento Bourdieu Televisão

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Bourdieu diz que a televisão, em busca de audiência, expõe a um grande perigo não só as diferentes esferas de produção cultural como também a política e a democracia, e espera que aquilo “que poderia ter se tornado um extraordinário instrumento de democracia direta não se converta em instrumento de opressão simbólica (p. 13)”. Acerca do “domínio dos instrumentos de produção”, coloca-o como condição para falar na televisão – no seu caso, sem limitação de tempo, imposição de assuntos ou ordem técnica. Classifica quem não os possui e mesmo assim se disponibiliza para falar na TV como pessoas que querem se fazer ver e serem vistas (Para Berkeley, “Ser é ser visto”). A tela de TV hoje é um lugar de exibição narcísica. Sobre a televisão, influenciada pela política e pressionada economicamente – exerce uma violência simbólica, com cumplicidade tácita de quem sofre e muitas vezes de quem exerce (inconscientemente) também. Dentre os noticiários, as variedades (ou fatos-ônibus) ocupam grande parte da programação e do tempo valioso na TV, mesmo sem importância relevante para a população – agradam por serem de interesse comum de todos, e um consenso geral; ao mesmo tempo, ocultam coisas preciosas e importantes. A televisão também “oculta mostrando”, segundo Bourdieu, quando mostra uma coisa diferente do que deveria mostrar, de um jeito insignificante ou mesmo com outro sentido. Sobre os jornalistas, Bourdieu diz que tendem a pensar que o trabalho de enunciação é um trabalho de denúncia, de ataque contra pessoas, e ainda que vêem certas coisas e não outras – buscam o excepcional, mas o excepcional para eles. O extraordinário, buscado pelos jornalistas, acaba sendo o ordinário dentre os jornais, devido à circulação circulante de informações. O peso da televisão nessa relevância de assuntos é determinante – é determinante e central o assunto quando retomado pela TV. Todos estes, ainda, estão sujeitos às pressões dos índices de audiência. A lógica comercial se impõe às produções culturais. Dentre os debates televisivos, Bourdieu destaca dois tipos, denominando-os como os “verdadeiramente falsos” e os “falsamente verdadeiros”. O primeiro caso ocorre quando os debatedores são, claramente, amigos e convivem juntos no

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Bourdieu diz que a televiso, em busca de audincia, expe a um grande perigo no s as diferentes esferas de produo cultural como tambm a poltica e a democracia, e espera que aquilo que poderia ter se tornado um extraordinrio instrumento de democracia direta no se converta em instrumento de opresso simblica (p. 13).Acerca do domnio dos instrumentos de produo, coloca-o como condio para falar na televiso no seu caso, sem limitao de tempo, imposio de assuntos ou ordem tcnica. Classifica quem no os possui e mesmo assim se disponibiliza para falar na TV como pessoas que querem se fazer ver e serem vistas (Para Berkeley, Ser ser visto). A tela de TV hoje um lugar de exibio narcsica.Sobre a televiso, influenciada pela poltica e pressionada economicamente exerce uma violncia simblica, com cumplicidade tcita de quem sofre e muitas vezes de quem exerce (inconscientemente) tambm.Dentre os noticirios, as variedades (ou fatos-nibus) ocupam grande parte da programao e do tempo valioso na TV, mesmo sem importncia relevante para a populao agradam por serem de interesse comum de todos, e um consenso geral; ao mesmo tempo, ocultam coisas preciosas e importantes. A televiso tambm oculta mostrando, segundo Bourdieu, quando mostra uma coisa diferente do que deveria mostrar, de um jeito insignificante ou mesmo com outro sentido.Sobre os jornalistas, Bourdieu diz que tendem a pensar que o trabalho de enunciao um trabalho de denncia, de ataque contra pessoas, e ainda que vem certas coisas e no outras buscam o excepcional, mas o excepcional para eles.O extraordinrio, buscado pelos jornalistas, acaba sendo o ordinrio dentre os jornais, devido circulao circulante de informaes. O peso da televiso nessa relevncia de assuntos determinante determinante e central o assunto quando retomado pela TV. Todos estes, ainda, esto sujeitos s presses dos ndices de audincia. A lgica comercial se impe s produes culturais.Dentre os debates televisivos, Bourdieu destaca dois tipos, denominando-os como os verdadeiramente falsos e os falsamente verdadeiros. O primeiro caso ocorre quando os debatedores so, claramente, amigos e convivem juntos no dia a dia. No segundo caso, o autor destaca a arbitrariedade e o poder inserido nas mos do apresentador e mediador, que o responsvel por distribuir a palavra, tempos e sinais de importncia. Tambm fala sobre a composio do estdio e demais importncias relevantes.A TV tem pouca autonomia. Restringe as relaes sociais entre jornalistas, e a concorrncia tem uma cumplicidade objetiva, ou seja, visa interesses comuns ligados sua posio no campo de produo simblica.Acerca do campo jornalstico, Bourdieu o classifica como um microcosmo com leis prprias, definidas pela sua posio no mundo global e pelas atraes e repulses que sofre da parte de outros microcosmos. um espao social estruturado, com relaes diversas, composto por dominantes e dominados cada um empenha a fora que detm e que define sua posio no campo, e conseqentemente, suas estratgias. Entre as emissoras, h uma relao de foras objetivas que constituem a estrutura do campo.Os mecanismos, sujeitos s exigncias do mercado, influenciam os diferentes campos de produo cultural. Eles devem sua importncia ao mundo social por deterem um monoplio real sobre os instrumentos de produo e de difuso em grande escala da informao.Nas lutas pelo ndice de audincia e concorrncia pela fatia do mercado, as emissoras apelam para o sensacionalismo; a busca do sensacional significa sucesso comercial. Dominantes (reconhecidos) costumam tambm enunciar veredictos na TV.Ainda sobre o campo jornalstico, Bourdieu o classifica como muito mais dependente das foras externas que todos os outros campos de produo cultural depende diretamente da demanda, e sujeito sano do mercado e do plebiscito. Assim, ele age sobre os outros campos, sujeitos s limitaes estruturais. A audincia, regida pela economia, tem um peso significativo sobre a TV e conseqentemente sobre o jornalismo e jornalistas; o campo jornalstico pesa sobre todos os outros de produo cultural.Bourdieu encerra defendendo a luta contra o ndice de audincia, em nome da democracia (apesar do carter paradoxal, de tomar a audincia como no democrata), afirmando que a TV exerce sobre o consumidor supostamente livre e esclarecido as presses do mercado, que nada exprimem de democrtico.Concluso

Bourdieu nos fala no livro sobre o poder da indstria televisiva, a manipulao das informaes e a monopolizao de como estas chegam at o pblico, e alerta para os problemas que isto pode trazer.Bem mais difundida entre as pessoas do que os jornais, por exemplo, a TV se torna responsvel por ditar aquilo que tenha relevncia ou no dentro dos acontecimentos mundiais. A informao ento chega at o pblico da maneira que a TV definir; distorcida, incompleta, parcial. Ela oculta e mostra o que achar melhor, e o pblico toma por correto e completo aquilo que v.A TV ainda influenciada poltica e, principalmente, economicamente; os ndices de audincia ditam o caminho a seguir e Bourdieu intenta em conscientizar o telespectador acerca de toda essa situao. Um meio de comunicao com tamanha difuso poderia ser de extrema ajuda para a democracia direta e, no entanto, acaba distorcendo a realidade para quem a vive.

Fonte: https://psicologado.com/resenhas/fichamento-do-livro-sobre-a-televisao-de-pierre-bourdieu Psicologado.com