Filósofa americana Judith Butler discute violência de...
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LIVROS
Filósofa americana Judith Butlerdiscute violência de gênero e
dilemas éticos da políticaAutora está no Brasil para lançar três livros e participar de seminários
POR ALESSANDRO GIANNINI12/09/2015 6:00 / ATUALIZADO 12/09/2015 13:08
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A filósofa americana Judith Butler Divulgação
SÃO PAULO — Doutora em Filosofia pela Universidadede Yale e professora da Universidade da Califórnia, a americanaJudith Butler ficou conhecida por contribuir para a criação dateoria queer. Formulada nos anos 1980 por uma aliança entrecorrentes do feminismo e dos estudos gays e lésbicos, a teoriapropõe uma crítica à hegemonia heterossexual. Butler veio aoBrasil para o 2º Seminário Desfazendo o Gênero, naUniversidade Federal da Bahia, e o 1º Seminário Queer: Culturae Subversões das Identidades”, no Sesc Vila Mariana (SP). Avisita coincide com o relançamento de “Problemas de gênero:feminismo e subversão da identidade” e com o lançamento de“Relatar a si mesmo” e “Quadros de guerra”. Os três livroscontemplam os principais temas estudados por ela: gênero, éticae política.
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Em seus livros que estão sendo lançados no Brasil, asenhora fala de vários tipos de violência: de gênero,ética e moral. Qual é mais nociva ?
Não acho que possa dizer qual tipo de violência é mais destrutiva.Talvez seja mais importante entender o modo como essas formasde violência trabalham entre si. Claro, é urgente quecontinuemos a refletir sobre a agressão física dirigida a mulheres,queers e transexuais, mas também pensar sobre formasinstitucionais de violência, que podem incluir prisões e a polícia.Há também a violência que ocorre quando a existência deminorias é afetada. Um tipo pode levar a outro.
De acordo com “Relatar a si mesmo”, o sujeito éticotransparente e racional é uma construção impossível,que nega a especificidade do que é ser humano. Comoter uma vida ética no mundo real?
Não tenho certeza se sei a real natureza do ser humano. Creioque estava apenas argumentando que somos formados pelosnossos meios, histórias sociais, convenções de poder e realidadesfísicas que tornam difícil nos conhecermos perfeitamente. Nãodevemos ter autoconhecimento perfeito para conduzir uma vidaética ou nos engajarmos politicamente. Nossa falibilidadesignifica que temos de assumir riscos com nossas ações semsaber sempre o que nos motiva a qualquer momento. Cometemoserros e aprendemos. E, se erramos, não só é um sinal de quesomos falíveis, mas de que essa falibilidade nos aproxima dosoutros, revelanos como criaturas sociais.
Não sei se a senhora tem conhecimento das denúnciasde corrupção na política brasileira. Como lidareticamente com questões assim, que envolvem apercepção da opinião pública e as ações de instituiçõesrepublicanas e midiáticas?
Não acho que, vindo de outro país, eu esteja apta a comentar apolítica brasileira. Sei apenas que a demanda política porresponsabilizar o governo é legítima, especialmente em períodosde crise fiscal. É direito do público saber aonde vai o dinheiro dogoverno. Por exemplo, se são aprovadas leis que alocam fundospara a educação e esse dinheiro é desviado, então, o desvio podeser uma forma de anular a lei. Os meios de comunicação podempedir que se prestem contas, mas é importante que essa questãonão leve à demonização da figura do político. Demonização éuma forma pobre de fazer política e só aumenta as injustiças nacena política.
Em “Quadros de guerra”, a senhora reflete sobreguerras contemporâneas. O livro saiu no início doprimeiro mandato de Barack Obama, que herdouconflitos de George W. Bush e está terminando seusegundo mandato. Algo mudou?
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Infelizmente, o uso de drones aumentou sob o mandato deObama. E a vigilância sobre a população americana também.Matamos mais civis, ampliamos nossas prisões e perdemosmuitas de nossas liberdades constitucionais. Embora o PartidoDemocrata seja melhor do que o Republicano, a profundadinâmica do militarismo e o novo regime de “segurança” eneoliberalismo minam muitas liberdades democráticas para opovo nos EUA e no exterior.
A senhora fala de conflitos armados e do valordado à vida nesses contextos. Considera que as guerrasdo tráfico em países como Colômbia e Brasil se inseremem suas teses?
Claro que muitas pessoas se manifestaram sobre a desvalorizaçãoda vida que se seguiu às guerras do narcotráfico. Muitaspopulações relacionadas a essa economia sofreram muitaviolência. Há a violência dos traficantes, mas também a dapolícia e do Estado. Temos que ligar essa violência ao mercado,pensar no investimento estatal nesse mercado e considerarprincipalmente as vidas perdidas e abandonadas enquanto essasituação de cumplicidade continua.
O que significa o conceito de gênero como “categoriaperformativa”?
Ao nascermos, nos é atribuído um gênero. E, em seguida, há umaquestão de como habitar ou viver esse gênero. Algumas criançasgostam ou até amam o gênero atribuído a elas; outras se resisteme até o recusam. Gênero é um processo e começa com umasituação involuntária. Fui chamada de menina e menino poralgumas pessoas. No decorrer da existência, temos quedesenvolver uma forma própria de viver o gênero, às vezesrecusando o que nos foi atribuído. Essa é uma zona de liberdadeque precisa ser afirmada. E pode ser chamada de“performatividade”.
A senhora acha que a questão do gênero pode serabsorvida em todas as culturas?
O termo gênero às vezes se traduz em outras línguas, noutrasvezes não. Não acho que funcione para todas as culturas elínguas. É mais importante descobrir a linguagem e o exercíciode viver o corpo, encontrar a linguagem que busca entender esseimportante modo de viver. Gênero é apenas um meio de abordara questão. Sei que há debates sobre esse termo em quase todos ospaíses. Alguns entendem isso como importação teórica dos EUA.Outros acreditam que abre uma importante forma de pensar.Devemos deixar esse debate aberto. Talvez o gênero comocategoria será de ajuda para pessoas que desejam viver suasvidas com mais liberdade e menos medo, mas talvez não seja otermo certo. Tudo depende da política da tradução cultural, e nãopodemos saber o resultado com antecedência.
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