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Introduo Este artigo pretende apresentar uma breve exposio da questo da educao na viso de Michael de Montaigne. Dentro dessa perspectiva ser dado enfoque a pelo menos dois ponto de relevncia para a compreenso desse assunto. Vale destacar, que ser levado em considerao o contexto histrico no qual o autor encontrava-se. Dentro desse perodo alguns fatores contriburam para formao do seu pensamento.

Michael de Montaigne nasceu por meados do sculo XVI, filho de uma famlia nobre na Frana. Recebeu boa educao, assim como era costume de toda famlia nobre da poca. Porm, isso no o tornou mais um nobre educado e seguidor dos padres da sua poca. Podemos perceber em seus ensaios, que foi um grande crtico, no de toda a tradio, mas dos doutores e sbios que se limitaram apenas a mera reproduo do conhecimento. Associado com um sentimento de superioridade que lhe impediam de tratar e enfatizar as questes que eram realmente importantes

Apesar das crticas, em relao ao tema proposto nesse artigo, no podemos considerar que Montaigne foi um grande escritor na rea de educao e, dessa forma, no nos deixou grandes tratados sobre como deveria ser uma melhor forma de educar. Mas o que podemos perceber, que dedicou parte de seu tempo para criticar as formas, contedos e mtodos aplicados ao longo do processo formativo educacional das crianas existentes a sua poca.

No podemos deixar de citar aqui, na sua obra ensaios, onde trata a questo da educao, notamos que h no autor, alm de uma forte critica a forma de ensino da poca, deixa-nos entrever o ideal de educao por ele pretendido. No bastava apenas um grande conhecimento de toda a tradio ou o alto grau de erudio, que para ele se tornava irrelevante frente a uma incapacidade de formar pessoas pensando por si prprias.

Assim nos deteremos apenas em mostrar, mesmo que de forma geral, o pensamento de Montaigne sobre a educao. Considerando o contexto histrico juntamente com seu estilo prprio de escrever e mostrar, de certa forma, seu esforo na tentativa de possibilitar um caminhar sozinho, ser independente e ter autonomia e autenticidade nas ideias.

Contexto histrico

Michel Eyquem nasceu em 1533 em Dordonha na Frana no castelo de Montaigne. Onde depois de herda-lo adotou o nome do castelo como seu sobrenome. Por parte da me era descendente de Judeus portugueses. Michel de Montaigne teve uma boa educao, foi educado com base no latim e logo surgiu o interesse nas letras, poesia e historia, e deslumbrava-se com os relatos dos viajantes de sua poca. Formou-se em direito, exercendo sua funo de magistrado em Prigoux e Bordeaux, de certa forma um homem Poltico. Foi prefeito em Bordeaux e ganhou diversos ttulos e condecorao ao longo de vida. Alm disso, escritor. Por conta de seu estilo prprio de escrita, leva o ttulo de criador de um novo gnero literrio, que os Ensaios. Sendo esta sua principal obra, que dividida em trs livros.

Montaigne nasceu no perodo de muitas mudanas e instabilidades, principalmente com o surgimento de novas ideias, pondo assim, toda a tradio em xeque. O mundo vivia uma verdadeira transio de conceitos e incertezas. A tradio no consegue mais garantir uma certeza, mesmo que aparente, que pudesse reger as cincias, a filosofia e principalmente os dogmas da igreja, estes j estavam solapados pelas ideias iluministas renascentistas, que at ento eram a garantia de uma certeza e verdades absolutas. Montaigne de certa forma contagiado por esse perodo de instabilidade e assim, passar a expressar uma nova forma de ver o homem e a realidade a sua volta. Os conceitos, as questes filosficas , assim como a cincia, deixam de ser regido pelos dogmas e passam a ser pensado no mais fora do homem, mas a partir do homem. Esse um aspecto pelo qual ele pode ser considerado como um pensador Humanista.Todas essas duvidadas e incertezas, no fazem com que ele negue a importncia da tradio e do vnculo com o passado, mas, por outro lado para Montaigne - o homem pode se distinguir dessa tradio e criar suas prprias ideias, pelas quais pode ser regido. Assim ele busca uma libertao de toda a carga literria clssica. ser humanista a arte de se trona o mais humano possvel, de se edificar a si prprio como um pedreiro de seu prprio pensamento (livro I, cap. V: O humanismo, p. 34). E buscar em si seu prprio modo de pensar, ser capaz de criar ideias novas, a reproduo do clssico no faz parte de um ideal de educao por ele pretendido.

Os Ensaios, sua principal obra e reflexo de todas essas mudanas. uma maneira de expresso do surgimento, frente s novas ideias, de uma nova forma de ver a realidade. Mas aqui ele no descarta a possibilidade de excluso de conhecimento de todo o aparato histrico, porm exalta que preciso ir alm daqueles que enriquece e tornam a nossa cultura mais rica e bela. o culto da antiguidade, baseada no esprito histrico e penetrado do culto do prprio homem (livro I, cap. V: O humanismo, p. 35). Nesse ponto Montaigne mantem a ideia que devemos continuar o mundo antigo, no o reproduzindo, mas o reinterpretando. Para ele o presente se tornaria muito pobre se no houvesse o conhecimento dos clssicos, no obstante, nega toda forma de adorao e culto a eles. Tal importncia do passado adquirida na infncia por influencia de seu pai, mas h nele uma valorizao da experincia do presente. Onde o homem o seu objeto de estudo.

Podemos notar em Montaigne alm dos verdadeiros traos humanistas decorrente do surgimento dessa nova poca, cheio de pensamentos novos e revolucionrios, uma primeira inclinao ao um modelo de educao, alm de acentuar crticas forma e mtodos dos grandes sbios educadores. Naquele perodo no era aceitvel mestres com o mesmo aspecto passado, tornava-se necessrio uma reforma de conceito. Diante disso, como aspecto caracterstico de sua obra, escreve dois ensaios que podem nos guiar para uma compreenso do seu pensamento de como deveria ser a educao naquele perodo.Crtica ao pedantismo, e apresentao de um modelo educao.

Montaigne inicia seu ensaio sobre os pedantes expressando claramente seu descontentamento ante aos sbios de pocas. Explicitamente declarava todo seu sofrimento quando criana, uma vez que era entregue aos doutos para serem educados. Os sbios da poca no representava aquilo que ele esperava. Os mestres dos saberes dedicaram todos os seus esforos em repassar aquilo que aprenderam ao logo de suas vidas.

mas como pode ocorrer que uma alma enriquecida de tanto conhecimento no se torne mais viva e esperta, e que um celebro vulgar e grosseiro armazene sem se apurar, as obras e juzos dos maiores espritos que o mundo produz? (livro I, cap. XXV: O pedantismo, p. 203).Vemos a indignao e o no entendimento de Montaigne ao perceber a existncia de sbios mais ignorantes que homens comuns. Ele afirmava que de acordo com o modo como eram ensinados aos alunos, no era de se estranhar que eles no se tornassem homem com capacidade elevadas. A sabedoria que ele esperava adquirir no era apenas conhecer as principais obras dos clssicos, mas era poder chegar ao conhecimento do que realmente considerava importante que era: o homem poder desenvolver sua razo.

notria a forma com o pensador Francs critica aquele que se regozijam pelo seu enorme conhecimento nos grandes filsofos, das grandes obras que perpassaram e ao longo do tempo. indicio de azia e indigesto vomitar a carne tal qual foi engolida. O estmago no faz seu trabalho enquanto no mudam o aspecto e a forma daquilo que se lhe deu a ingerir (livro I, cap. XXVI: educao das crianas, p. 217). Aqui vemos uma breve aluso aos doutores que resistem a uma reformulao no modo de educar

Montaigne cita como exemplo a figura de Scrates como uma forma de expressar, como deveria ser um modelo de educao pelo qual pretendia. Em Scrates, os discpulos eram forados, dentro de um jogo de perguntas e resposta, a chegarem ao um conhecimento prprio. Com ele no existia a supremacia dos saberes ou arrogncia por conta dos seus altos graus de conhecimentos, assim como existia em sua poca. Nessa perspectiva a autoridade por meio daqueles que transmitiam o conhecimento era algo nocivo.

Assim notamos que Montaigne questiona a forma de transmitir os saberes de sua poca. As pretenses exigidas por ele so de ultrapassar as correntes existem. Tornar uma criana questionadora capaz de refletir sobre diversos assuntos e ter acima de tudo uma opinio prpria. certamente tornaremos uma criana servil e tmida se no lhe dermos a oportunidades de fazer algo por si (livro I, cap. XXVI: educao das crianas, p. 219). Assim, mesmo que citando as ideia de outros autores, uma vez que voc capaz de compreender, essas ideias no so mais dos outros, mas sua.

Montaigne alerta a respeito da capacidade de conhecimento e modo como podemos conhecer. Procura sempre enfatizar o conhecimento, sobre tudo de si. O objetivo de seus estudos e de conhecimento ele prprio. O nico objetivo dos ensaios falar sobre ele mesmo, principalmente quando afirma que as descries mais difceis so de si mesmo. Quem andar em busca de saber que procure onde se aloje, pois no o blasono. O que aqui exponho so minhas fantasias e com elas no pretendo tornar conhecidas as coisas e sim tornar conhecido a mim mesmo (livro I, cap. V: O humanismo, p. 44).

Outro ponto em questo que Montaigne nos apresenta em relao qualidade dos contedos, ou a substncia apresentado ao longo dos anos de estudo. Pois naquela poca os estudos duravam por volta de dezesseis anos de teoria e oito ou nove de prtica. O ensino restringia-se principalmente no trvio, alm das duras disciplinas que eram exigidas pelo os colgios. O que mais o incomodava era o direcionamento da aprendizagem por meio da memria. no para de gritar-nos nos ouvidos como que despeja por um funil, e nosso trabalho repetir o que nos dissera (livro II, cap. V, da educao das crianas, p. 54) algo que ele nos deixa claro quando o assunto educao sua preocupao quanto a substancia do conhecimento. Dentro desse modo de educar se torna mais difcil a formao de homens conscientes, capazes de fazer um juzo de valor coerente coeso. Ele nos diz que o verdadeiro objetivo da educao formar o julgamento, quanto ao resto pode ser acrescentado posteriormente.

Novos mtodos so sugeridos, no deveria limitar apenas ao despejo de contedo para uma pura absoro do contedo por meio da memoria. Deveria ser lanado o contedo, porm deveriam ser testado de vrias formas diferente com o intuito de garantir uma assimilao plena do que foi exposto. Que no lhe pea conta a penas das palavras da lio, mas tambm do seu sentido e substncia, julgando do proveito, no pelo testemunho da memoria e sim pelo da vida. preciso que obrigue a expor de mil maneiras e acomodar a outros tantos assuntos o que aprender, a fim de verificar se o aprendeu e assimilou bem. (livro I, cap, XX V: A educao das crianas, p. 34)Vemos que o mais importante no apenas transmitir o contedo dos grandes pensadores da histria, mas que a criana tenha conscincia de que realmente sabe. No si trata de da reproduo de conceitos mais difceis dos grandes filsofos, mas de ter a capacidade de assimilar a essncia do contedo. No importa a quantidade de contedo apresentado, mas sim a qualidade do que assimilado.ConclusoDiante do que foi aqui exposto, notamos que em Montaigne h uma crtica e uma valorizao de uma reforma dos modelos educacionais vigente naquele perodo. Alm de uma substituio dos mtodos de aprendizagem, que at ento, ficava por conta da memria o papel de acmulo de todo o contedo. Dessa forma, os longos anos de dedicao aos estudos no formaria uma individuo capaz de pensar a realidade e criar seus prprios pensamentos. A arrogncia por meio dos doutores do saber era algo inadmissvel e traumtico para ele. Recebeu uma educao assim como os outros, mas no se deixou levar pelos os modelos de regncia de educao da poca. Assim pode mostrar outra forma de educar diferente. Uma educao mais suave, longe dos mtodos de memorizao e castigos dos colgios, possibilitando principalmente a qualidade do contedo. Dentro de sua perspectiva educacional o homem por si prprio seria capaz de elevar seu espirito. Tendo como ponto de partindo suas prprias experincias, o homem era capaz de fazer assimilaes, julgamentos e desenvolver suas capacidades reflexivas. Dados BibliogrficosABBAGNANO, Nicolas, Dicionrio de Filosofia. Traduo da 1 edio brasileira e revista; Alfredo Bossi, ed. Matins Fontes. So Paulo, 1992MONTAIGNE, Michael. Ensaio. Traduo, Prefcio, notas lingusticas e interpretativas; Sergio Milliet. Ed Globo. Porto Alegre, 1961.