Final Fantasy VII Mythologies · 2014-11-30 · nunca mais vi nada relacionado ao site SavePoint...

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Final Fantasy VII Mythologies Este texto foi originalmente publicado no site The Final Fantasy VII Citadel. e foi traduzido por Strife, um dos donos do site SavePoint, hoje já extinto. (eu pesquisei muito antes de postar isso por aqui, nunca mais vi nada relacionado ao site SavePoint que na minha opinião foi o melhor site brasileiro de FF7 que existiu de 2003 à 2006) Portanto não detenho créditos nenhum sobre o texto original ou sequer da tradução, logo ele está completamente entre apas porque é uma citação direta. Introdução Esse é um texto escrito por John Brittenhan e traduzido por mim, Strife. Final Fantasy VII Mythologies é um texto que foi feito se dissecando o enredo de FF7 e tentando apontar os detalhes ocultos dessa magnífica estória. Eu o traduzi fazendo as adaptações necessárias, porque algumas expressões que o autor usou ficariam muito estranhas quando transcritas em português, então fiz as modificações mas mantendo o texto o mais fiel possível ao original. Contudo, durante a leitura irão notar algumas notas do tradutor. É apenas minha pequena opinião ou adição sobre a parte comentada. Particularmente eu acho esse texto muito bom, mas algumas vezes “profundo” demais, como a parte dos números, mas praticamente tudo que autor cita faz algum sentido. Vamos a ele então… e boa leitura. A versão original de Final Fantasy VII Mythologies está postada no site The Final Fantasy VII Citadel. Final Fantasy VII is copyright 1997 Squaresoft. All rights reserved. ATENÇÃO! SE VOCÊ AINDA NÃO JOGOU FINAL FANTASY VII ATÉ O FINAL E QUER DESCOBRIR OS SEGREDOS DA TRAMA SOZINHO, NÃO PROSSIGA NA LEITURA DESTE TEXTO, POIS ELE CONTÉM INFORMAÇÕES QUE PODERÃO ESTRAGAR AS SURPRESAS QUE O JOGO OFERECE! Nós estamos flutuando pelo espaço, nossa visão constantemente girando e examinando as estrelas à nossa volta. Nós ouvimos gritos chegando, nós procuramos em volta mas não pudemos achar de onde os gritos estavam vindo. O que está acontecendo? De repente tudo fica preto. A cena muda. Uma bela garota está nos encarando, ela levanta e começa a andar. Nós nos damos conta de que ela

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Final Fantasy VII Mythologies

Este texto foi originalmente publicado no site The Final Fantasy VII Citadel. e foi traduzido por Strife,

um dos donos do site SavePoint, hoje já extinto. (eu pesquisei muito antes de postar isso por aqui,

nunca mais vi nada relacionado ao site SavePoint que na minha opinião foi o melhor site brasileiro de

FF7 que existiu de 2003 à 2006)

Portanto não detenho créditos nenhum sobre o texto original ou sequer da tradução, logo ele está

completamente entre apas porque é uma citação direta.

Introdução

Esse é um texto escrito por John Brittenhan e traduzido por mim, Strife. Final Fantasy VII Mythologies

é um texto que foi feito se dissecando o enredo de FF7 e tentando apontar os detalhes ocultos dessa

magnífica estória. Eu o traduzi fazendo as adaptações necessárias, porque algumas expressões que

o autor usou ficariam muito estranhas quando transcritas em português, então fiz as modificações mas

mantendo o texto o mais fiel possível ao original.

Contudo, durante a leitura irão notar algumas notas do tradutor. É apenas minha pequena opinião ou

adição sobre a parte comentada. Particularmente eu acho esse texto muito bom, mas algumas vezes

“profundo” demais, como a parte dos números, mas praticamente tudo que autor cita faz algum

sentido. Vamos a ele então… e boa leitura.

A versão original de Final Fantasy VII Mythologies está postada no site The Final Fantasy VII Citadel.

Final Fantasy VII is copyright 1997 Squaresoft. All rights reserved.

ATENÇÃO! SE VOCÊ AINDA NÃO JOGOU FINAL FANTASY VII ATÉ O FINAL E QUER

DESCOBRIR OS SEGREDOS DA TRAMA SOZINHO, NÃO PROSSIGA NA LEITURA DESTE

TEXTO, POIS ELE CONTÉM INFORMAÇÕES QUE PODERÃO ESTRAGAR AS SURPRESAS QUE

O JOGO OFERECE!

Nós estamos flutuando pelo espaço, nossa visão constantemente girando e examinando as estrelas

à nossa volta. Nós ouvimos gritos chegando, nós procuramos em volta mas não pudemos achar de

onde os gritos estavam vindo. O que está acontecendo? De repente tudo fica preto. A cena muda.

Uma bela garota está nos encarando, ela levanta e começa a andar. Nós nos damos conta de que ela

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está num beco. Ela emerge do beco e nós começamos a subir, para longe dela, revelando uma clara

cena de uma monstruosa, imensa cidade, na qual essa garota vive. Mesmo que essa garota ainda

não saiba, esses gritos são os choros de seu planeta natal, que está à beira da morte e ela é a única

pessoa viva que pode parar esses gritos e salvar seu mundo. O nome dela é Aeris (que se pronuncia

heiress, que do inglês significa herdeira) e ela é a última sobrevivente de uma raça extinta que guarda

a chave para derrotar uma poderosa criatura que ameaça nada menos do que a destruição do planeta

onde ela vive…

Assim começa Final Fantasy VII, um memorável RPG que é perfeito em todos os sentidos e consegue

nos tocar profundamente, ainda que ao mesmo tempo nos deixe confusos ao ponto da frustração. Se

a maioria de nós fossemos pedidos para descrever o enredo de FFVII em um parágrafo (descrevê-lo

numa sentença pode ser impossível, não importando o quanto tentássemos), nós provavelmente

diríamos algo como, “FF7 é a estória de Cloud, Aeris, e seus amigos que tentam salvar o mundo de

Sephiroth e da Shinra, que estão destruindo a Terra. Shinra está fazendo isso drenando o Lifestream

da Terra, o fluxo da vida do planeta que é a energia da qual é feita todas as almas, a partir de reatores

Mako. Sephiroth está fazendo isso invocando um meteoro gigante que irá destruir tudo, permitindo-

lhe converter toda essa energia para si mesmo se tornando um Deus. No final, os 9 heróis do jogo

vencem Sephiroth e todos os membros da Shinra (mas Aeris perde sua vida no processo) e libertam

Holy, a Magia Branca Definitiva, que é a única coisa que pode destruir o meteoro. E faz isso com

sucesso, mas também suga os humanos, que foram os causadores de todo esse dano, de volta ao

Lifestream, percebendo que sua existência era um terrível erro. Isso deixa apenas Nanaki, a criatura

parecida com um lobo mas com inteligência acima dos humanos, amigo dos heróis, para viver sua

vida propagando sua espécie pelo planeta e lembrando de nunca repetir os erros do passado.”

[Nota do tradutor: a palavra “Terra” nunca é pronunciada no jogo, apenas “Planet”, ou seja, Planeta.

E no final do jogo há indícios de que os humanos sobreviveram à Holy, vivendo no mundo em paz

com o Planeta. Isso será explicado mais adiante pelo autor.]

À primeira vista, esta é uma boa interpretação do jogo. Todas essas coisas são mostradas a nós

durante o desenvolvimento do jogo. Mas como Alazam Durai diz em Final Fantasy Tactics “nós

também sabemos que o que nós vemos apenas com nossos olhos não é necessariamente a

verdade… por quê você não se junta à mim numa jornada pela “verdade”?”. Em Final Fantasy VII nós

temos uma estória aparente, que parece cobrir todos os espaços em branco e cria um trágico final

para nosso heróis. Mas como Bugenhagen diz em seus primeiros encontros com Cloud, “Bem, isso é

um mau exemplo. Olhar muito à frente faz você perder perspectiva. Quando for a hora do planeta

morrer, você entenderá que você não sabe absolutamente nada.” Realmente, Final Fantasy VII

também tem outro enredo, um que é mostrado pelo jogo em fragmentos e arrumado numa ordem

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separada. Uma estória a qual as mais cruciais revelações vêm em lugares onde nós menos estamos

aptos a notar. É essa estória que nós iremos explorar no segmento deste artigo. Eu irei citar o texto

do jogo sempre quando estiver fazendo algum tipo de afirmação sobre o enredo.

Parte I: Definindo a Estória

Quando nós encontramos Sephiroth pela primeira vez, ele é um homem frio, sem emoções que parece

estar totalmente desligado das pessoas à sua volta. A única vez que ele se refere a alguém com algum

senso de respeito é quando está se referindo ao Professor Gast. Em contraste, Sephiroth fala de Hojo,

que é revelado ser seu pai muito mais tarde no jogo, como “um homem inexperiente escolhido para

tomar o trabalho de um grande cientista. Ele é uma massa de complexos ambulante.”

Quando Sephiroth e Cloud (mas Zack é quem realmente testemunha a cena e depois Cloud conta a

estória) entram no reator Mako em Nibelhein juntos e descobrem os monstros contidos lá dentro,

Sephiroth fala “Agora eu entendo, Hojo. Mas mesmo fazendo isso nunca o colocará no mesmo nível

do Professor Gast.” Ele continua a explicar a origem dos monstros em troca.

– Sephiroth: Membros normais da SOLDIER são humanos que foram banhados com Mako. Mas o

que são eles? Eles foram expostos à uma grande quantidade de Mako, muito mais do que você.

– Cloud: Isso é algum tipo de monstro?

– Sephiroth: Exato. E é Hojo da Shinra quem está produzindo esses monstros (note o destacamento

aqui). Organismos mutantes produzidos da energia Mako. É o que esses monstros realmente são.

– Cloud: Membros normais da SOLDIER? Quer dizer que você é diferente? H..hey, Sephiroth!

– Sephiroth: N…não..eu fui? Eu fui criado desse jeito também? Eu sou o mesmo que esses monstros?

Você viu! Todos eles… eram humanos.

– Cloud: Humanos? Sem chance!

– Sephiroth: Eu sempre senti, desde que era pequeno… que eu era diferente dos outros, especial de

algum jeito. Mas, não assim. Eu sou… humano?

Nesse ponto, Sephiroth começa e enlouquecer. Ele começa a acertar as várias câmaras de monstros

com sua espada e também cobre sua cabeça com suas mãos e começa a tremer. Essa tremedeira é

similar à tremedeira de Cloud quando ela invade os dois reatores Mako em Midgar e também mais

tarde no jogo quando ele é manipulado por Sephiroth. Isso é muito estranho, mas qual é a conexão?

Quando Sephiroth pergunta como ele foi criado ele está entrando em alguma coisa, mas o

conhecimento o leva à insanidade antes dele descobrir todo tamanho da verdade.

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Depois disso, todo o inferno cai abaixo. Sephiroth desaparece por três noites no porão da mansão da

Shinra, lendo os arquivos que revelam a natureza de sua criação. Ele endoidece de vez, queima a

cidade e invade o reator Mako nas montanhas, quase matando Zack e Tifa no processo. Ele é parado

por Cloud que, numa fúria causada pelo assassinato de seus amigos e de sua mãe, joga ele no

Lifestream, mesmo depois de ter a espada de Sephiroth atravessada em seu corpo (do mesmo jeito

que Aeris morreu). Como que Cloud, o pequeno Cloud, que passa a maior parte do jogo sendo

manipulado por Sephiroth, consegue levantar e jogar “o grande Sephiroth” pela ponte e jogá-lo no

Lifestream incandescente? Bem, ele estava mantendo sua promessa para com Tifa, isso é uma coisa.

Mas mais que isso, poderia ser que Cloud é muito mais forte do que parece enquanto Sephiroth não

é tão forte como parece?

Mais cedo no jogo, quando Cloud e Sephiroth entram em Nibelhein, Sephiroth pergunta Cloud como

é se sentir estando em sua cidade natal, revelando que ele nunca teve uma cidade natal. Quando

Cloud pergunta da família da Sephiroth este responde que sua mãe era Jenova, e que morreu ao dar

luz à ele. Ele apenas ri quando é perguntado sobre seu pai dizendo, “O que importa?” Mais tarde no

jogo nós descobrimos que Jenova não é a mãe de Sephiroth. A mãe dele é uma mulher humana

chamada Lucrecia e seu pai é revelado ser Hojo da Shinra Inc. O que isso significa? Mais tarde ainda

no jogo, nós encontramos um muito diferente Sephiroth no Temple of the Ancients. É nesse encontro

que aquele Sephiroth revela seu plano de se tornar um Deus, e as conseqüências disso.

– Sephiroth: Olhe bem.

– Cloud: Olhar o quê?

– Sephiroth: Olhar aquilo que adiciona para o conhecimento de (ele pausa)… Eu estou me tornando

um só com o planeta. Mãe, é quase a hora, logo nós nos tornaremos um.

– Aeris: Como você pretende se tornar um com o planeta?

– Sephiroth: É simples. Quando o planeta é ferido, ele junta energia espiritual para curar a ferida. A

quantidade de energia reunida depende do tamanho da ferida. O que aconteceria se tivesse uma

ferida que poderia por em risco a própria vida do planeta? Pense no quanto de energia que seria

reunida! Ha! Ha! Ha! E no centro daquela ferida estarei eu. Toda aquela energia sem fim será minha.

Se juntando com a energia do planeta, eu me tornarei uma nova forma de vida, uma nova existência.

Se juntando com o planeta… Eu não mais existirei como sou agora… Apenas para ser renascido como

um Deus para reinar sobre toda as outras almas. Contemple aquele mural. A Magia Destrutiva

Definitiva… Meteor.

Ele sai voando, gritando “Acorde!” para Cloud. Aeris revela que Meteor é uma forca mágica que vaga

pelo espaço, achando pequenos planetas e se chocando com eles, então destruindo-os. Cloud vai até

o mural e começa a enlouquecer de novo, suas mãos cobrindo sua cabeça, seu espírito visualmente

sendo removido de seu corpo, simbolizando o quão desligado da realidade Cloud está. Depois, o

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grupo faz um plano para tirar a Black Materia do Temple of the Ancients. Eles têm sucesso mas

Sephiroth aparece e a rouba deles, manipulando Cloud, e então força Cloud a atacar Aeris. Cloud

desmaia e acorda em um sonho com Aeris falando com ele em algum tipo de telepatia.

– Aeris: Cloud, você pode me ouvir?

– Cloud: Sim, eu posso te ouvir. Desculpe pelo o que aconteceu.

– Aeris: Não se preocupe com isso.

– Cloud: Não posso evitar…

– Aeris: Oh…então por quê você não se preocupa REALMENTE com isso? E me deixe cuidar de

Sephiroth. E Cloud, cuide-se. Para você não ter uma recaída, okay?

Meu Deus, Aeris. Ela está correndo para a morte certa e ainda emite um otimismo que a permite

brincar com coisas que não são engraçadas. Mas essa parte é realmente interessante porque é um

dos diálogos principais que mostra a natureza do relacionamento entre Cloud e Aeris. Quando Aeris

e Cloud estão na gôndola na Gold Saucer eles têm esse diálogo:

– Aeris: Primeiro, me incomodou como vocês pareciam exatamente os mesmos. Duas pessoas

completamente diferentes, mas ainda sim parecendo iguais. O jeito de andar, gestos… Eu acho que

devo ter visto ele de novo em você… Mas, você é diferente. Coisas são diferentes. Cloud… eu estou

procurando por você…

– Cloud: ?????

– Aeris: Eu quero me encontrar com você.

– Cloud: Mas eu estou bem aqui.

– Aeris: Eu sei, eu sei. O que eu realmente quero dizer é, eu quero me encontrar com… você.

Nós já sabemos do amor perdido de Aeris e que seu nome é Zack e ele era um membro da SOLDIER.

Mesmo assim Cloud, quando perguntado por Aeris em Midgar, não se lembrava de nada sobre Zack.

Mais tarde no jogo, contudo, nós descobrimos que na verdade era Zack o membro da SOLDIER que

estava em Nibelhein e que Cloud era apenas um dos soldados de classe menor. Cloud estava

totalmente confuso de sua subsequente infusão com Mako e células de Jenova, feita por Hojo e

passou metade do jogo antes dele juntar os pedaços da realidade. Ainda assim Aeris vê que Cloud

não é todo ele mesmo (“Eu estou procurando por você.”). Ela vê as aparentes similaridades com Zack

e sabe que alguma coisa não está certa. Aeris é a conexão de Cloud com seu presente. Tifa é a

conexão de Cloud com seu passado, como revelado que ela sabia dos eventos de Nibelhein e sua

relação com ele no Lifestream. Esse é o mais óbvio dos três triângulos amorosos desse jogo que

envolvem Cloud e Aeris. Existe outro que consiste de Cloud, Aeris e Zack. Tem também um outro

triângulo nesse jogo que iremos explorar.

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Quando Cloud e outros alcançam a City of the Ancients eles tentam salvar Aeris, mas falham

miseravelmente, como evidenciado no fato de que Sephiroth friamente crava sua espada na espinha

dela, depois de ter falhado em controlar Cloud para fazer isso para ele. Mais cedo no jogo Sephiroth

diz, “O Projeto Jenova queria produzir pessoas com os poderes dos Ancients, não, Cetra. Eu sou o

único que foi produzido. Professor Gast, líder do Projeto Jenova e gênio cientista, me produziu.” Isso

está certo estranhamente porque no jogo nós ficamos sabendo, em Icicle Inn, que Professor Gast é

também pai de Aeris. Professor Gast foi quem “produziu” Sephiroth e é o pai de Aeris. Isso cria um

tipo de relacionamento estranho de irmão/irmã entre Sephiroth e Aeris e então revela o terceiro

triângulo amoroso achado nesse jogo envolvendo Aeris e Cloud. Isso também serve como um

lembrete de o quanto Sephiroth está desligado da realidade.

Depois de Sephiroth ter matado Aeris ele fala para Cloud, “Ha, ha, ha! Pare de agir como se você

estivesse triste. Não tem necessidade de agir como se você estivesse zangado também.” Ele começa

a flutuar no ar, “Porque, Cloud, você é…” Ele foge, quase que como confundido por alguma coisa,

deixando outra encarnação de Jenova para enfrentá-los. Depois de matar a criatura é então que

Jenova finaliza a sentença com cinco palavras cruciais, “Porque você é… um boneco.” Essa é única

vez no jogo em que Jenova fala. Por quê é ela quem diz isso então? O que isso significa?

A caçada por Sephiroth começa de novo com eles o perseguindo pela Northern Crater. Quando Cloud

finalmente confronta Sephiroth numa ilusão de Nibelhein, Sephiroth liberta outra chocante memória,

que Cloud é um clone com falsas memórias que foi construído por Hojo cinco anos atrás no laboratório

da mansão Shinra. Quando Tifa, que sabia que Cloud não estava em Nibelhein, começa a duvidar de

Cloud, ele começa a se tornar agitado em relação a ela. Sephiroth diz, “Cloud, não culpe Tifa. A

habilidade de mudar um visual, voz e palavras de alguém é o poder de Jenova. Dentro de você Jenova

se juntou às memórias de Tifa, criando você. Fora da memória da Tifa, um garoto chamado Cloud

talvez tinha sido apenas parte dela.”

Nós temos a mania de não dar atenção suficiente à essa linha, assim como em relação à frase “você

é um boneco”, por causa do choque da revelação que Sephiroth faz para Cloud e que Jenova não

parece ser muito poderosa, mas que suas habilidades de ilusão obviamente são FORTES. Então de

novo, tem muitas coisas nesse jogo que parecem ser alguma coisa quando na realidade são outra.

Muito interessante.

Na batalha final de Cloud e companhia contra Sephiroth nós encontramos quatro entidades diferentes.

A primeira dessas é Jenova Syntesis que pode ser notada pela sua face e dois enormes tentáculos, a

quem é facilmente vencida, e nós finalmente a matamos de vez não?

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Na segunda batalha nós enfrentamos Bizarro Sephiroth, uma forma monstruosa de Sephiroth que

simboliza sua conversão com Jenova. Olhe atentamente esse monstro. Na área do torso, nós

podemos ver claramente a face de Sephiroth, mas olhe no topo monstro acima de Sephiroth, na

cabeça, você verá Jenova, com seus dois tentáculos balançando sobre a cabeça de Sephiroth, como

um controlador de bonecos controlando seu boneco favorito.

Na terceira batalha, a mais difícil das quatro, nós encontramos Savior Sephiroth. Essa forma angelical

de Sephiroth tem como característica principal uma monstruosa asa no lugar do braço direito dele.

Note as cores dessa asa, azul, branco, um marrom avermelhado, e preto, exatamente as mesmas

cores dos três monstros de Jenova espalhados pelo jogo. Essa batalha é a única que nos dá a

verdadeira indicação do poder de Jenova sobre ilusões, mais a ridiculamente longa magia de

invocação Super Nova que mostra um cometa estraçalhando planetas antes de detonar o sol,

causando uma Super-Nova que acaba com o resto dos planetas. E também, repare na tradução da

última parte da canção One Winged Angel, uma canção aria que toca durante essa parte.

Venha, venha, ó venha,

Não me deixe morrer

A que possui apenas uma asa dos inferiores alcança

Na quarta batalha, Cloud luta com Sephiroth frente à frente, sem o poder de Jenova para o conter…

e literalmente massacra Sephiroth. E ainda sim Sephiroth parecia tão forte durante o jogo. A resposta

é simples. Sephiroth parece fraco aqui porque Sephiroth é fraco. Ele é apenas um boneco de Jenova,

e aqui temos a revelação da verdadeiro vilão de Final Fantasy VII.

Então agora sabemos que Sephiroth não é o verdadeiro vilão, o que é Jenova exatamente? Vamos

para Icicle Inn, ver um fita de vídeo que por acaso está intitulada como “A Crise Original”, e descobrir.

Quando nós entramos na velha casa do Professor Gast, nós vemos um vídeo dele e de Ifalna (mãe

de Aeris). Ifalna explica o que os Cetra eliminaram chamando de ‘A Crise do Céus’.

Essa criatura era uma forma de vida alienígena que veio de outro espaço e se infiltrou dentro das

várias culturas dos Cetra pelo mundo, ganhando a confiança deles, e então espalhou um praga (um

vírus) na sociedade deles matando quase todos. E também alguma coisa enorme se chocou com o

Planeta (possivelmente um meteoro), causando uma ferida, a Northern Crater, que nunca foi curada.

Ifalna descreve as aparições dessa criatura nessa linha, “Quando os Cetra estavam se preparando

para partir da terra que amavam… foi quando apareceu. Parecia com os… nossos pais mortos…

nossas mães mortas… e nossos irmãos mortos. Nos mostrando espectros do passado deles.” O que

quer que seja essa criatura, tinha a habilidade de entrar nas mentes das pessoas e mostrá-las ilusões,

alterando suas memórias. É interessante que Sephiroth chama a cratera de Terra Prometida depois

de matar Aeris, o que é na verdade uma ferida que põe em risco a vida do planeta (outra das ilusões

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do jogo). Depois da praga, alguns poucos Ancients conseguiram sobreviver, prenderam a criatura e a

selaram. Contudo não foram capazes de destruí-la devido à sua fascinante habilidade de criar réplicas

dela mesma. No segundo vídeo, nós descobrimos o nome da ‘Crise dos Céus’, o nome é, surpresa,

Jenova. E o pobre brilhante, mas condenado Professor Gast, pensa no que ele pode fazer com essa

informação, mas se vira de Ifalna, parecendo profundamente perturbado por alguma coisa. Hey, ele

não liderou um experimento científico da Shinra chamado de ‘Projeto Jenova’ ou alguma coisa

parecida?

Então agora sabemos que Jenova matou os Cetra, mas Sephiroth coloca a culpa nos “que apareceram

e não gostavam de sua jornada” pela destruição dos Cetra como revelado para Cloud/Zack no porão

da mansão da Shinra. Jenova foi trancada e esquecida. Dois mil anos depois e trinta anos antes do

começo do jogo, Jenova é achada de novo. Nos anos seguintes uma grande guerra mundial acontece

e os primeiros reatores Mako são criados. Será isso uma coincidência? Quando Sephiroth está no

porão da mansão Shinra, ficando louco, ele lê em voz alta esse documento “Projeto Jenova aprovado.

O uso do reator Mako número 1 aprovado para uso.” Uau, o primeiro reator Mako foi criado exatamente

no mesmo tempo do Projeto Jenova, e a criação de Sephiroth foi colocada em ação.

Jenova não estava simplesmente manipulando Sephiroth. Ela estava manipulando tudo. Ela foi a

fundadora da Corporação Shinra (que traduzindo do japonês seria Deus). Lembram de quando Cloud

enlouquece antes dele colocar as bombas para destruir os reatores Mako em Midgar? Isso acontece

porque ele estava indo contra a vontade de Jenova. Ela sublimemente guiou os cientistas debaixo de

suas asas a criar Sephiroth, seu “filho”. Ela colocou os reatores Mako para enfraquecer o planeta e

preparou sua fácil destruição. Repare nas rochas que confinam a Holy antes da batalha final do jogo

e você verá que consiste do mesmo material avermelhado do qual é feito o Meteor. Jenova usou o

poder da Black Materia para conter Holy. Lembram de quando a Shinra era originalmente produtora

de armas e ganhou riqueza e poder atrás da guerra que ocorreu? Jenova provavelmente começou a

guerra como parte de seu plano para conseguir construir os reatores Mako que seriam sua ferramenta

para escravizar a humanidade.

Ela até implantou suas células na melhor elite de seu exército, SOLDIER, para conseguir uma

poderosa força de luta disposta a serví-la como escravos. Ela consegue fazer as coisas que fez no

passado, se infiltrando na sociedade, depois controlando-a, tomando controle, e manipulando,

mantendo toda a sua existência e esforços totalmente despercebidos pelos outros.

Parte II: Os Temas Dramáticos de Final Fantasy VII e o Final do Jogo

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Até agora nós identificamos duas estórias completamente diferentes que existem dentro de FFVII.

Tem a “aparente mas falsa” estória que mostra o mundo sendo destruído pelos tolos seres humanos

(Sephiroth e Shinra). Temos também a “escondida mas verdadeira” estória que nos mostra Jenova

manipulando tudo. Em contraste nós temos Cloud, o aparente protagonista. Temos também nosso

escondido protagonista, Aeris (como Cloud coloca, “Ela estava tão perto, nós não podemos vê-la”)

quem, em adição ao fato de ser a primeira e a última personagem que nós vemos no jogo (nas

apresentações e finais), é a que consegue fazer a maior tarefa (invocar Holy) que salva a vida do

planeta. Cloud, ao invés disso, ataca Aeris duas vezes e entrega a Black Materia duas vezes pra

Sephiroth e não é um membro dedicado do grupo até sua experiência no Lifestream… No oposto

desse espectro, temos Sephiroth, nosso “aparente mas falso” antagonista e o “escondido mas

verdadeiro” antagonista, Jenova. Aeris e Jenova são exatamente o oposto de cada uma, diferentes

praticamente em todos os sentidos possíveis. Aeris é a última Cetra, uma raça que era caracterizada

pelas suas migrações por vários sistemas estrelares. Eles iriam colonizar, cultivar, e se comunicar

com esses planetas até que sua eventual partida chegasse, e continuariam sua busca pela Terra

Prometida. Jenova viaja pelos planetas, destruindo-os, e clama toda sua energia da vida para ela

mesma. Aeris (“herdeira” da conhecimento dos Cetra) é o símbolo da vida e verdade no jogo com sua

constante excitação sobre o futuro e suas naturais habilidades de curar ela mesma e aqueles em volta

dela, assim como notou que alguma coisa não estava certa com Cloud. Jenova, em contraste,

representa ilusão e destruição na sua forma absoluta e também é capaz de se regenerar sempre

quando é divida em pedaços. Note o contraste entre a habilidade de curar da Aeris e a habilidade de

regeneração de si mesma de Jenova mesmo após de ser destruída.

Cloud e Sephiroth, em contraste, parecem menos com protagonista/antagonista e mais com lados

opostos de um do outro. Ambos são homens que foram enganados pelos seus passados e querem

descobrir a verdade sobre eles mesmos, mas são distraídos dessa trajetória por Jenova. Cloud vem

a acreditar que ele é um clone de Sephiroth. Sephiroth vem a acreditar que sua mãe é Jenova e que

ambos são Ancients, quando, em fato, sua mãe é Lucrecia, uma mulher humana e Jenova é um

criatura alienígena ligada a destruição do Planeta para seu próprio crescimento de poder. Ambos os

personagens são “bonecos” do monstro Jenova. Ambos os personagens passam um tempo no

Lifestream, e numa experiência que coloca ambos no seu verdadeiro caminho de objetivos. Ambos os

personagens são infundidos com células de Jenova pelas mãos de Hojo.

[Nota do tradutor: e ambos os personagens, Cloud e Sephiroth, fizeram parte da Shinra Inc, e usam

espadas como arma.]

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O termo “nada é o que parece” define o tema de Final Fantasy VII. De fato, define cada um dos

personagens do jogo também. Todos os heróis desse jogo passam por realizações onde eles

confrontam sua fé no passado que é provada ser falsa. Vamos olhar cada um deles.

Cid passa anos culpando Shera pelo fracasso do lançamento de seu foguete. Mais tarde no jogo ele

descobre que o tanque de oxigênio que ela estava tentando concertar estava realmente com

problemas, como ela disse. Shera não arruinou o sonho de Cid, ela provavelmente salvou a vida dele.

Vincent passou anos dormindo, se punindo pelo seu envolvimento no Projeto Jenova. Mais tarde, ele

determina-se que escondendo o problema não irá resolver nada e que ele tem que confrontá-los em

ordem de se livrar de seus erros passados (“Eu estava congelado no tempo, mas agora eu sinto que

meu tempo está apenas começando!”).

Yuffie passa a primeira parte do jogo tentando roubar as Materias do grupo, para restaurar o poder de

sua cidade natal, Wutai. Mais tarde, ela percebe que Cloud e seus amigos são os que estão lutando

pelo futuro da raça humana e que essa luta é sua verdadeira missão.

Cait Sith é na verdade Reeve, da Shinra Inc. Mas, Cait Sith/Reeve percebe que

Shinra/Sephiroth/Jenova é a verdadeira ameaça, e que Cloud, Aeris e companhia são a solução e

deve conseguir trair a Shinra e seguir seus ideais.

Nanaki (Red XIII) acreditava que seu pai era um covarde que abandonou Cosmo Canyon para salvar

seu próprio “rabo”. Mais tarde, ele descobre que seu pai foi o herói que salvou Cosmo Canyon da

destruição causada pela Gi Tribe.

Tifa acreditava que alguma coisa terrível aconteceria se ela contasse para Cloud que Zack era o

membro da SOLDIER que realmente estava em Nibelhein cinco anos atrás. Depois, no jogo, esse fato

prova ser a chave para descobrir o passado sobre Cloud, uma revelação que o permite resistir

Sephiroth e Jenova e lutar contra eles.

Barret é a pessoa por trás da destruição dos dois primeiros reatores Mako, e age, como ele define,

que estava fazendo isso pelo futuro do planeta. Mais tarde, ele fala que o ataque aos reatores Mako

foi um jeito errado de se fazer as coisas porque custou a vida de pessoas inocentes. Ele continua e

revelar que estava na verdade lutando pelo futuro de Marlene, a filha de seu antigo melhor amigo.

Cloud, o “falso herói”, é o personagem com mais problemas sobre si mesmo no jogo e não precisa de

análise para provarmos isso. Ele é o símbolo de que “nada é o que parece”. Ele é o personagem pelo

qual o enredo é contado, e ainda sim ele é revelado ter falsas memórias sobre seu passado. Suas

verdadeiras memórias não são reveladas até que ele e Tifa estão no Lifestream juntos e mesmo então,

ele não percebem que Sephiroth é apenas escravo de Jenova.

Isso serve para tornar a estória tão confusa. Por causa do jogo contar a estória através dos olhos de

Cloud nós, os jogadores, vemos a realidade do jeito que Jenova deseja. Cloud não percebe o que

realmente está acontecendo até o final do jogo e ele nunca diz isso realmente, apenas implica isso,

através dessa fala, “Eu acho que estou começando a entender… uma resposta do planeta.”

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Aeris, a heroína, é a mais honesta personagem do jogo, como Tifa fala, “Ela falava do futuro mais que

qualquer um de nós… Mesmo que ela nunca falasse sobre isso com a gente, ela deve ter tido uma

vida dura… Eu acho que Aeris queria o amanhã e o futuro mais do que qualquer pessoa… Ela deve

ter tido tantos, tantos sonhos para sua vida…”

No epílogo, que toma lugar quinhentos anos depois da conclusão do jogo, nós vemos Nanaki e seus

filhos correndo num desfiladeiro para revelar uma cena da cidade de Midgar e as plantas (planeta)

tinham crescido sobre ela. Nós não vemos nenhum humano em nenhum lugar. O mais comum

argumento que eu já ouvi definindo o significado disso é que os humanos causaram a destruição e

foram levados de volta ao Lifestream pela Holy por causa de seus erros. Na realidade apresentada

pela superfície do jogo, esse é o melhor argumento. Mas nós sabemos que a maioria do que é evidente

sobre Final Fantasy VII é falso. A verdade do jogo é contada em várias dicas espalhadas pelo jogo.

Humanos são uma criação do planeta. Eles existiram dentro do ciclo natural desse planeta,

apresentando nenhuma verdadeira ameaça à ele. A destruição nessa estória é causada por Jenova,

que é uma forma de vida alienígena que existe fora do ciclo natural do planeta e manipula esse ciclo

(tudo, desde a humanidade até os Cetra) para alcançar seus próprios objetivos. O que o epílogo com

Nanaki realmente nos mostra? Midgar estava claramente destruída durante a caída do Meteor no

planeta e teria ficado assim abandonada pela humanidade desde os cincos séculos passados entre o

final do jogo e o epílogo se os humanos realmente tivessem continuado a existir depois da Holy ser

liberada.

Para entender o contraste entre o “aparente mas falso” final e o “escondido mas verdadeiro” final, você

apenas tem que prestar atenção no finalzinho do jogo.

Depois da conclusão do epílogo, o logo de Final Fantasy VII aparece e nós ouvimos uns sons

estranhos. Esses sons consistem em cantos de pássaros, água corrente e vários outros sons do ciclo

da natureza. Ouça atentamente e você também ouvirá risadas de crianças brincando contidas nesses

outros sons, então revelando que a humanidade não desapareceu no final do jogo.

Mas essa não é a única evidência disso contida no jogo. Para entender isso, você deve olhar

atentamente as cenas do final do jogo antes dos créditos. Depois de Cloud derrotar Sephiroth na

quarta batalha final, Sephiroth explode em energia do Lifestream que está colorida de VERMELHO,

significando a contaminação da força da vida de Jenova. Vermelho é a cor primária de Jenova e

Meteor. Veja essa cena atentamente. Cloud é deixado sozinho de pé. Uma fluxo de luz sai do chão e

circunda Cloud. Esse fluxo é claramente Holy porque é idêntico aos fluxos de luz que aparecem mais

tarde que saem do planeta e acabam com Meteor. O Lifestream vermelho de Sephiroth também

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circunda Cloud e entra nele. Holy então entra em Cloud, combinando com ele e a força da vida de

Sephiroth/Jenova, culminando num brilhante feixe de luz. Esse brilho também ocorre no final quanto

Holy está destruindo Meteor, só que nós não vemos o que acontece depois, o que é o porquê do

entendimento dessa cena é tão importante para vermos o significado do final do jogo. Depois da luz

brilhante, Holy some. A força da vida de Sephiroth sai mais uma vez de Cloud, só que dessa vez está

de coloração VERDE. Isso tudo simboliza a eliminação da força da vida de Jenova que estava dentro

de Cloud e Sephiroth pela Holy.

Note que Cloud não some depois desse encontro. Na verdade, apenas momentos depois, a nave

deles é lançada para fora da Northern Crater pela Holy. De novo, nem o grupo nem a nave

desaparecem. Na verdade, suas vidas foram salvadas pelo movimento da Holy. Se eles estivessem

ficado dentro da Northern Crater, eles certamente teriam morrido.

Lembrem da cena em que o grupo estava junto com Bugenhagen na City of the Ancients, que é

também uma das mais comuns cenas mal-entendidas do jogo (Eu vou escrever as palavras mais

importantes em maiúsculo para ilustrar meu ponto de vista).

– Bugenhagen: O conhecimento dos Ancients circulando por aqui está me dizendo alguma coisa. O

planeta está passando por uma crise… Uma crise além do poder humano ou final dos tempos. Aqui

diz que quando o tempo chegar, nós devemos procurar pela “Holy”.

– Cloud: Holy?

– Bugenhagen: Holy… a magia branca definitiva. Magia que pode confrontar Meteor. Talvez nossa

última esperança para salvar o planeta do Meteor. Se uma alma procurando por Holy alcançar o

planeta, ela aparecerá. Ho, ho, Hoooo. Meteor, Weapon, tudo irá desaparecer. TALVEZ, até nos

mesmos.

– Cloud: Até nós?

– Bugenhagen: Cabe ao planeta decidir. O que é melhor para o planeta. O que é pior para o planeta.

TUDO O QUE É MAL DESAPARECERÁ. ISSO É TUDO. Hoo, hoo, hoo, eu penso no que nós

humanos somos?

Então parece que os humanos não desapareceram no final das contas. Foi uma boa atitude da parte

da Square para terem certeza de que esse jogo só poderia ser entendido através de uma minuciosa

interpretação. Afinal, eles gastaram trinta milhões de dólares nesse jogo, então eles se sentiram

obrigados a criar um RPG com uma estória desafiadora e ao mesmo tempo gostosa de se ver. RPGs

“normais” oferecem finais que apresentam conclusão para os personagens. Final Fantasy VII tem um

final que não oferece conclusão concreta e pode apenas ser entendido através das dicas dadas

através do jogo. Eu acho que nós teríamos gostado de ver o que “realmente” acontece depois, mas

de novo, quantas vezes nós vemos um bom enredo que é verdadeiramente original?

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Ainda, assim como tudo na estória “aparente” desse jogo entra em contraste com a estória

“escondida”, existe uma outra charada dentro do jogo para concluir esse contraste. Têm dois mistérios

que permanecem sem explicação, o significado da mão da Aeris alcançando Cloud depois dele ter

eliminado a força da vida de Jenova no final do jogo, que é mostrado pela música tema dela, apenas

tocada em partes referentes à Aeris. O outro mistério é a aparição da Aeris na cena final do jogo, com

ela levantando a cabeça e abrindo os olhos. Isso simboliza a ressurreição dela? Afinal, a última coisa

que ela fala para Cloud antes de morrer é, “Então, eu vou agora. Eu voltarei quando tudo estiver

acabado.” A verdade é que o único jeito de entender o significado dessa charada é entender a

mitologia na qual Final Fantasy VII é baseado. Isso é o que iremos explorar no próximo segmento

desse artigo.

Parte III: A Charada da Terra Prometida

O nome Sephiroth vem do texto místico Judeu, o Kaballah. O objetivo de Sephiroth no jogo é seu

desejo influenciado por Jenova em converter a energia do planeta para ele em ordem de se tornar um

Deus. O assassinato de Aeris serve para deixar o jogador com raiva de Sephiroth, nos distraindo do

fato de que Sephiroth é apenas um boneco sendo manipulado por Jenova. Note a expressão de horror

em sua face quando ele morre, na cena logo após a quarta batalha final. Sephiroth obviamente não

estava com medo de morrer. Seu medo no final do jogo parece implicar uma terrível revelação, quando

ele de repente percebeu o que estava sendo feito à ele e as terríveis ações que ele foi forçado a fazer.

Pessoalmente, eu gosto de pensar que a força da vida de Sephiroth visita sua mãe real, Lucrecia,

para dizer adeus e retornar ao planeta.

O Sefirot do Kaballah representa os dez galhos da Árvore da Vida que são conectados por vinte e dois

caminhos. Os primeiros nove galhos são simbolizados no jogo pelos 9 heróis. O décimo galho é

chamado de Malkut e é caracterizado por Harry Gersh em seu livro, “O Sagrado Livro dos Judeus”, da

seguinte forma, “Malkut não tem nenhuma habilidade especial mas é um tipo de túnel pelo qual as

qualidades dos nove grandes sefirots são transmitidos para o mundo físico. É chamado também de

Shechinah, o Espírito de Deus.” Malkut, o décimo galho, é mostrado no jogo como a White Materia

(lembre do que Aeris diz primeiro sobre a White Materia, “… mas a minha é especial. É boa para

absolutamente nada.”).

Essa parte do livro de George Sassoon e Rodney Dale, “A Máquina da Mana”, ilustra Sephiroth e seu

destino perfeitamente, “Para os Babilônios, isso (a Árvore da Vida) era uma árvore com frutas mágicas,

que só poderiam ser colhidas pelos deuses. Conseqüências mortais deverão cair sobre qualquer

mortal que ousar tocar em seus galhos.”

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O Kaballah também fala de um décimo primeiro, escondido galho. Essa galho é chamado de Da’ath e

é representado no jogo pelo Lifestream. Essa frase de Rebecca Salem descreve o Da’ath, “Aqui no

maior ponto da mente humana, a casa das idéias ou energia criativa que é trazida para manifestação

na planície terrena.”

Na mitologia Celta, que foi muito influenciada pelas místicas idéias do Kaballah, magia é um processo

alterando a estrutura física da realidade através da força conjunta da vontade de uma pessoa. O uso

de mágica requer uma pessoa em ganhar o nível máximo sobre os cinco elementos, Terra, Água,

Vento, Fogo e Espírito e usá-los na construção de feitiços. Note que isso paralela o sistema de magias

de Final Fantasy (e de quase todo o RPG existente), em que possui feitiços mágicos baseados nesses

elementos. Como Bugenhagen diz em seus primeiros encontros com Cloud, “Energia Espiritual é uma

palavra que você nunca deverá esquecer.”

Mitologia Celta muitas vezes usa números para simbolizar idéias místicas. Três e todos os múltiplos

de três são os números fundamentais acreditando-se possuir poderes mágicos. Nove é considerado

o mais importante desses múltiplos pela sua habilidade de voltar a si mesmo. Se você multiplicar nove

por qualquer número de um dígito e então somar os números do resultado que você terá, sua soma

sempre será nove (Exemplos: 2×9=18, 1+8=9 / 6×9=54, 5+4=9).

Em Final Fantasy VII, o número três e seus múltiplos são empregados numa estranha repetição.

(Apenas momentos antes da batalha final, Red XIII fala “Veja o número.”) Aqui está uma lista de

exemplos:

1 – Pode-se ter três personagens numa batalha ao mesmo tempo.

2 – Existem nove personagens principais no grupo no total do jogo (Note que Sephiroth entra para seu

grupo rapidamente nas lembranças de Cloud em Kalm Town, trazendo o número para 10, que é o

mesmo número de galhos achados na Árvore da Vida. Esse é outro modo de simbolizar que Sephiroth

é uma vítima, e não um vilão.)

3 – Existem três encarnações de Jenova que são enfrentadas durante o jogo (Jenova Birth, Life e

Death).

4 – Têm seis pessoas que lideram a Shinra no começo do jogo (Presidente Shinra, Hojo, Scarlet,

Heiddeger, Palmer e Reeve). Quando Presidente Shinra morre, Rufus imediatamente aparece

estabilizando o número.

5 – No mapa, nós temos um total de 30 localidades que podem ser visitadas (eu contei essas do mapa

do guia oficial do jogo. Tem na verdade 36 localidades, mas seis delas eram apenas rastros de

chocobos, e ainda assim 36 também é múltiplo de três).

6 – Cada personagem tem 6 ataques LIMIT Breaks que podem ser ganhos naturalmente (exceto Cait

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Sith, que tem apenas dois, que é um terço de seis, e ele não é um personagem real, mas sim Reeve

da Shinra). O sétimo LIMIT Break pode ser apenas ganhado atingindo nível máximo nos outros seis.

[Nota do tradutor: Vincent tem apenas três LIMIT Breaks que podem ser naturalmente obtidos. Com o

quarto LIMIT, nós temos os números 3 e 4. Três é o número fundamental, e se for multiplicado por 4

nós temos outro múltiplo de três, o número 12.]

7 – Aeris, a verdadeira heroína, é o terceiro personagem que encontramos no jogo (depois de Cloud

e Barret). Note que nós não ficamos sabendo o nome de Aeris até encontrarmos com Tifa, fazendo

ela parecer o personagem número quatro (outro contraste entre a “aparente” e a “falsa” realidade da

estória).

8 – Nas batalhas finais do jogo nós lutamos contra quatro monstros diferentes. Cada um desses quatro

monstros representam 3 formas diferentes de Sephiroth e Jenova. Numericamente, o padrão pode ser

ilustrado assim, com o lado esquerdo representando Jenova e o lado direito Sephiroth:

1 – 2 / 3 – 3 / 2 – 1

Se você somar esses números (1+2+3+2+3+1) terá 12, outro múltiplo de três, Note que 4 (o número

de batalhas) vezes 3 (o número de formas de Jenova e Sephiroth) é também igual a 12. Se você

somar apenas os números centrais da equação (2+3+2+3) terá 10, que é o número de galhos da

Árvore da Vida, que representa o estado de imortalidade que Sephiroth/Jenova estão tentando

alcançar.

9 – Existem 69 andares no quartel-general da Shinra. “69” é o símbolo numérico para convergência

(assim como sendo… bem, você sabe). Shinra é traduzido do japonês como “Deus”. Se colocar essas

palavras numa sentença resumindo o objetivo de Jenova no jogo você terá algo como isso, “Jenova

deseja destruir o planeta e “converger-se” com o Lifestream do mesmo para se tornar um “Deus”.”

(Square com certeza fez uma profunda pesquisa para fazer esse jogo não?)

10 – Existem 241 espécies de monstros espalhados pelo jogo sem contar a batalha final. Multiplique

2 por 4, some 1 e veja que terá um 9.

11 – O primeiro Cait Sith é destruído no Temple of the Ancients e é substituído por outro. Some mais

1 (Reeve) com esses 2 e você terá 3.

12 – Na sala do mural do Temple of the Ancients, tem nove pilares na sala, oito na parede e um no

altar da direita, simbolizado por uma esfera. Existem oito tochas na sala mais a luz da silhueta da

Black Materia e temos nove luzes na sala. A luz da Black Materia é brilhante, mas ao ser tocada se

torna negra.

Eu achei outras repetições de três no jogo, mas eu acho que já ilustrei meu ponto de vista o suficiente

para que o padrão numérico seja evidente. Joguem o jogo de novo e vejam por vocês mesmos. Todas

as idades dos personagens principais são múltiplos de três com exceção das de Aeris, Tifa e Yuffie (e

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elas são as mulheres do grupo e possível interesse de amor para Cloud, mesmo que seja bem difícil

ver o ‘namoro’ com Yuffie, e eu nunca tive o tempo de vê-lo). A idade de Aeris é 22, o mesmo número

de caminhos que interliga os galhos da Árvore da Vida. A idade de Tifa é 20, eu não sei ao certo o

que isso significa, mas eu acho que o zero no número pode ser para simbolizar o segredo da Tifa para

com Cloud. A idade de Yuffie é dezesseis, multiplique 1×6 e você terá 6, outro múltiplo de três (Yuffie

é também a sexta personagem que você acha no jogo, caso você a pegue em sua primeira

oportunidade, antes de chegar em Junon).

Como eu mencionei antes, existem três triângulos de sentimentos envolvendo Cloud e Aeris. Eles são:

1 – Cloud, Aeris e Zack

2 – Cloud, Aeris e Tifa (o mais famoso dos triângulos amorosos da história dos RPGs)

3 – Cloud, Aeris e Sephiroth

Adicione o número de personagens desses triângulos e você terá 9, o número que sempre volta à ele

mesmo.

Esses triângulos servem para ilustrar várias escolhas que Cloud faz durante o jogo que são

fundamentais para seu desenvolvimento. A escolha entre Tifa e Aeris é bem óbvia e cabe ao jogador

decidir. A escolha entre Zack e Aeris é personificada quando Cloud emerge do Lifestream e jura

acreditar nele, sem mentir para si mesmo. Zack representa o falso passado de Cloud construído por

ele mesmo por causa da influência de Jenova. Aeris representa a conexão de Cloud com a realidade

(“Eu estou procurando por você.”) A escolha entre Aeris e Sephiroth é personificada quando Cloud se

recusa a obedecer o comando de Sephiroth para matar Aeris no final do primeiro disco. Se Cloud

escolher Aeris no triângulo Tifa/Aeris, então Aeris vira o foco para todos os três triângulos. Aqui está

um ilustração visual desses triângulos:

(C=Cloud, A=Aeris, T=Tifa, S=Sephiroth, Z=Zack)

C

S / A Z / A

C A / T C

Se você olhar esses triângulos cuidadosamente, você irá notar que há um quarto, invertido triângulo

dentro da estrutura onde Aeris é o ponto de foco dos três. Note que os pontos de focos estão no

centro, com Cloud sendo representado do lado de fora do triângulo. Aeris dentro de Cloud. O que isso

significa?

Como Cloud fala em sua conversa com Tifa no final do disco 2, “Todos têm um coisa irreparável que

estão guardando.” Na Árvore da Vida, os primeiros nove sefirots estão agrupados em três. Cada tríade

é ligada por um elemento masculino, um elemento feminino e um elemento de combinação. As três

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tríades representam 1 – o mundo dos pensamentos, 2 – o mundo das emoções e morais e 3 – o

mundo da natureza. Note como isso paralela com a estrutura acima. Mesmo Tifa pode ser determinada

como um elemento masculino sendo um pouco impulsiva com traços masculinos (ela é uma expert

em artes marciais e veste roupas de homem), enquanto Aeris é mais angelical e muito, muito feminina

ao extremo.

[Nota do tradutor: Tifa veste roupas de homem? Desde quando minissaia e top são considerados

roupas de homens? A não ser as luvas de luta que ela usa… o jeito dela também não é nem um pouco

masculino…esquece ^_^’]

Cada um dessas três tríades na Árvore da Vida simbolizam um elemento diferente. Os primeiros

representantes do mundo dos pensamentos são personificados pela escolha entre Zack e Aeris, que

ocorre dentro da mente de Cloud quando ele está no Lifestream com Tifa. A segunda escolha

representa o mundo das emoções e das morais e é personificada pela escolha de Cloud entre Tifa e

Aeris, seus dois interesses amorosos. A terceira tríade representa o mundo da natureza e é

representado pela recusa de Cloud em matar Aeris pelo comando de Sephiroth/Jenova.

Tudo nas “aparentes” e “escondidas” estórias tem seus contrastes. Existe também uma segunda

trilogia de triângulos entre os personagens nessa estória. Esses consistem de:

1 – Hojo, Jenova e Sephiroth

2 – Hojo, Jenova e Lucrecia

3 – Hojo, Jenova e Professor Gast

A estrutura pode ser ilustrada desse jeito:

(H=Hojo, J=Jenova, S=Sephiroth, G=Gast, L=Lucrecia)

H

L / J G / J

H S / J H

De novo, cada um desses três triângulos é trazido em foco pela escolha que Hojo faz. Sua escolha

entre Jenova e Sephiroth (seu filho) é personificada quando ele escolhe injetar as células de Jenova

enquanto ele ainda está no ventre (o mundo dos pensamentos) de Lucrecia. A segunda escolha é

personificada quando ele escolhe dar Lucrecia, sua amada que está carregando sua seu bebê, para

o Projeto Jenova do Professor Gast e não a permite ver a criança, então criando a ilusão para

Sephiroth de que Jenova é sua real mãe (o mundo das emoções e morais). A terceira escolha é feita

quando Hojo manda matar o Professor Gast (o mundo da natureza).

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Se você somar os números de personagens dessas duas trilogias juntos (5+5) você terá outro 10. Se

subtrair Sephiroth, que aparece uma vez em cada trilogia, você terá outro 9 (droga, isso tá ficando

repetitivo!).

O triângulo invertido, que é mostrado nessas estruturas pelos pontos de conexão de Aeris e Jenova,

é um símbolo importante na Mitologia Celta. É chamado de o Triângulo da Manifestação. Esse

triângulo simboliza a criação da vida por esses três pontos:

Deus (Elemento Masculino) <========> Deusa (Elemento Feminino)

Criação Manifestada

Os três triângulos de Hojo ilustra as escolhas dele que fatalmente levam à criação do “falso” Sephiroth,

quem nunca teve nenhuma opção real a não ser de virar um escravo de Jenova. Os três triângulos de

Cloud parecem simbolizar que Cloud de alguma forma mantém Aeris viva, mas como isso é possível?

Vamos dar uma olhada em algumas das dicas sobre isso que estão espalhadas pelo jogo.

Quando Presidente Shinra morre, nós vemos a espada de Sephiroth atravessada nele do mesmo jeito

que a Aeris morre mais tarde. Ele é imediatamente substituído por seu filho (Rufus), que pode indicar

o renascimento de Aeris.

Quando Aeris fala com Cloud em seu sonho antes de ir para a City of the Ancients, a última coisa que

ela diz é, “O segredo está lá. Pelo menos deveria estar. Eu sinto isso. Parece que eu estou sendo

guiada por alguma coisa. Bem, eu preciso ir agora. Eu vou voltar quando tudo estiver acabado.” Essa

fala implica que Aeris sabia que estava sendo protegida por alguma coisa muito maior que ela e que

ela estaria segura se rezasse para Holy, não importando o que acontecesse. Afinal, ela sabia que

Sephiroth estaria atrás dela. Ela provavelmente também sabia que Jenova era a ameaça real por

causa da voz de sua mãe que teria-lhe contado isso. E também lembre que Holy é a “Magia Branca

Definitiva”, que é a mágica da Cura. Se alguma mágica pudesse realizar uma ressurreição, é a Holy.

Quando Tifa e Cloud estão em seu caminho para visitar a City of the Ancients outra vez para descobrir

que Aeris estava realmente fazendo alí, ele têm esse diálogo:

– Tifa: Eu penso no que Aeris sentiu quando estava nesse altar.

– Cloud: Eu tenho certeza que ela quis dar a vida dela para o planeta.

– Tifa: Será? Eu não sei… eu não acho que era isso. Eu acho que ela não pensava que iria morrer de

jeito nenhum…, mas que ela planejava retornar todo o tempo. Ela sempre costumava falar sobre “a

próxima vez”. Ela falava mais sobre o futuro do qualquer um de nós…

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Quando nós entramos pela segunda vez na igreja em Midgar (antes do final do disco 2), nós vemos

um espectro da Aeris que desaparece se chegarmos muito perto. Aeris ainda não retornou ao planeta,

mas por quê não? O que ela está esperando? Quando Aeris corre para longe de Cloud no sonho da

Sleeping Forest, ela corre para dentro da uma esfera de luz branca, simbolizando Holy. Se olhar de

perto quando Aeris cai pelas águas durante seu enterro, repare que ela cai numa esfera. Como se

fechando, ocorre uma luz circular envolvendo a esfera, que fica cada vez menor à medida que Aeris

cai, como se estivesse absorvendo o corpo dela.

No final do jogo, têm duas aparições da Aeris. A primeira é a mão dela alcançando Cloud da luz branca

simbolizando Holy, como se Holy estivesse criando um novo corpo para ela. Aeris alcançando Cloud

também pode simbolizar puxando ele pela Holy de volta para o Lifestream, para ficar junto com ela,

logo que quando a cena muda, Cloud está para cair de uma pedra e morrer. Na primeira cena do jogo,

nós vemos a face de Aeris nos encarando, com seus olhos já abertos (vida). Quando Sephiroth tira a

espada do corpo dela nós vemos seus olhos se fechando (morte). Na cena final nós vemos a face de

Aeris levantando e abrindo os olhos (retornando ao Planeta ou ressurreição).

Nós já estabelecemos aqui que muitas das verdades cruciais neste jogo são mostradas em lugares

onde nós estamos menos aptos a notar. A mais absurda mas fundamental cena desse jogo é o show

no Gold Saucer durante o namoro de Aeris e Cloud. Essa cena é tão patética que nós somos

totalmente encorajados a jogar nela da forma mais brincalhona possível (outro jeito do jogo de nos

desviar das suas verdades). Vamos ver toda a cena pelo passo que nos levará ao final feliz. Eu vou

adicionar o que eu acho ser as secretas referências para a estória e o que elas significam em

parênteses.

- Narrador: Há muito, muito tempo atrás… Uma sombra malvada apareceu no pacífico reino de Galdia

(Jenova, “a que possui apenas uma asa dos inferiores alcança”, que começou a destruição no planeta

30 anos antes do jogo começar). Princesa Rosa acabou de ser raptada pelo Malvado Rei dos Dragões

Valvados (Aeris foi morta por Sephiroth/Jenova). Apenas então, o herói lendário, Alfred, aparece!

– Cavaleiro: Oh… você deve ser o herói lendário… Alfred! Hey, é a sua fala! (é sua decisão para fazer)

É, você. Aham! Oh, você deve ser o herói lendário… Alfred! Eu sinto em minha alma. Por favor… por

favor, salve a princesa Rosa (em sua alma você pode salvar Aeris). No pico de uma perigosa

montanha… fica o Malvado Rei dos Dragões, Valvados (Na Northern Crater fica Jenova. Note que

ambos Jenova e Valvados têm três sílabas em seus nomes) que raptou a princesa Rosa (que matou

Aeris)… Mas você não pode vencer o mal agora (Cloud ainda está muito confuso sobre ele mesmo

para lutar com Jenova), fale com aquele que pode ajudá-lo (fale com Tifa Lockheart, que guarda

trancado (“locked”‘) em seu coração (“heart”), a chave para o verdadeiro passado de Cloud)…

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Cloud tem duas opções: 1 – O cavaleiro (um símbolo de força) e 2 – O mago (um símbolo de

sabedoria). Vamos fazer Cloud escolher o mago.

– Mago: Eu sou o grande mago, Vorman (eu sou a verdade). O que você deseja saber?

– Cloud: A fraqueza do dragão malvado (a fraqueza de Jenova).

– Vorman: Ahh, a fraqueza do Malvado Rei dos Dragões. Deve ser, deve ser.. Sim! Deve ser o Amor

Verdadeiro (Amor e Verdade)! O poder do amor… é a única arma que pode combater as garras do

Malvado Rei dos Dragões (Apenas amor pode salvar Aeris da morte). Oh, o que acontecerá depois

(Apenas Cloud pode decidir o destino de Aeris)! Oh… herói lendário… veja!

– Valvados: Aaah! Eu sou o Malvado Rei dos Dragões… Valvados (Eu sou Jenova)! Eu não feri a

princesa (Aeris está sendo confinada dentro de Holy, que está selada). Eu estava esperando… você!

– Aeris: Por favor me ajude herói lendário (Por favor me salve de Jenova, Cloud)! Psst… Desse jeito?

– Valvados: Gaah! Aqui vou eu herói lendário… Alfred! eu já sei o seu nome (Eu estive controlando

você todo o tempo)!

– Vorman: E agora herói lendário… Aqui está o que irá acontecer… com sua amada… Um beijo! O

pode do Amor Verdadeiro (Aeris irá voltar pelo amor de Cloud)!! (Cloud beija Aeris)

– Aeris: Cloud… quero dizer, Alfred!

– Valvados: Arrgh! Maldição… O poder do… amor!!!

Rei: Oh, vejam! O amor… triunfou (O amor de Cloud trouxe Aeris de volta)! Vamos retornar e celebrar!

– Narrador: Oh, como profundo é o poder do amor (profundo aqui que Holy está contida no centro do

planeta). E então a estória e o nosso herói legendário vivem feliz para sempre (Cloud derrota Jenova

e Sephiroth e encontra Aeris na Terra Prometida)…

[Nota do tradutor: apenas como curiosidade, em FF8 existe uma cidade chamada Galbadia. O nome

é estranhamente similar ao reino de Galdia mencionado nesse show. Será coincidência?]

Todas essas coisas são baseadas na escolha que Cloud (o jogador) faz durante o show. Todos os

elementos importantes deste jogo significam uma coisa diferente do que parece superficialmente.

Se você escolher Tifa em vez de Aeris, quebra-se os pontos de focus que simbolizam Aeris no

Triângulo da Manifestação. Eu acho que a ressurreição de Aeris é determinada por quem Cloud

escolhe no triângulo amoroso. Se Cloud escolher Aeris, ele completa o Triângulo da Manifestação e

traz Aeris de volta, pelo poder do amor, quando ele é tocado por Holy (Note que a mão de Aeris

aparece imediatamente depois de Cloud ser tocado pela Holy e que essa cena muda imediatamente

para uma cena de Tifa tentando alcançar Cloud). Se ele escolher Tifa, Aeris volta para o Lifestream.

Afinal de contas, todo bom RPG quase sempre o deixará escolher alguma coisa fundamental para o

futuro de seu protagonista.

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Lembram de quando Aeris comenta sobre a Terra Prometida, “Você não “sabe” onde a Terra

Prometida dos Ancients fica. Você procura e viaja até sentí-la. Como se você soubesse “… esta é a

Terra Prometida”.”

A Terra Prometida não é um lugar, mas alguma coisa que você acha em seu coração. Quando voltou

à realidade no final do jogo, ele fala para Tifa, “Eu acho que estou começando a entender. Uma

resposta do planeta… A Terra Prometida… Eu acho que posso encontrá-la lá.”

Cloud de alguma forma sabe que ele pode trazer Aeris de volta mantendo-a viva em seu coração. Se

Cloud ama Aeris então ela é sua Terra Prometida, então provendo a explicação para a ressurreição

dela quando ele é tocado pela Holy. Mas Aeris ama Cloud não importando o que ele sinta. Se Cloud

escolher Tifa ao invés dela, então ela não tem razão para voltar. Ela estará melhor no Lifestream com

a raça dela. Essa charada da ressurreição/retorno ao Lifestream é meio que ambígua. Mas, quando

você entender as referências mitológicas deste jogo, a escolha entre Aeris e Tifa passa a ser uma

possibilidade mais clara, na qual eu acho que determina o destino de Aeris.

Eu acho que a Square pôs essa charada no jogo como um tipo de “recompensa” para as pessoas que

tiraram o tempo de ler sobre a mitologia na qual o jogo é baseado. Eles queriam codificar alguma coisa

neste jogo que apenas poderia ser vista através do entendimento nos níveis mais profundos do jogo.

Eu posso realmente ver porque que a Square do Japão traduziu FFVII ela mesma. Havia simplesmente

muitos elementos simbólicos codificados dentro do jogo para arriscar que tudo fosse arruinado por

tendo outra pessoa o traduzindo. FFVII alcança um nível de profundidade em contar uma estória

dramática e em seus fatos simbólicos nunca antes alcançado por qualquer outro RPG. Eu nunca joguei

um vídeo-game que me ofereceu tanto desafio para fazer o jogador pensar sobre sua estória e

entendê-lo. É uma estória muito confusa e eu espero ter feito um bom trabalho explicando o conto e

suas intrigantes bases mitológicas. E se eu fiz meu trabalho direito, então que esse artigo sirva como

uma afirmação de apreciação que inspirará os muitos fãs de FFVII a jogar o jogo mais uma vez, com

novos olhos…