SUMÁRIO INTRODUÇÃO PARTÍCULAS – MODELO NUCLEAR AVALANCHE DE NOVAS PARTÍCULAS CONCLUSÃO.
Física de Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio · 2018-05-07 · 4.1.4 Modelo atômico...
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Física de Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio
Jorge Luís da Silva
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação da Universidade
Regional do Cariri no Curso de Mestrado
Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ensino de Física.
Orientador:
Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Juazeiro do Norte
Fevereiro- 2017
Física de Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio
Jorge Luís da Silva
Orientador:
Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da
Universidade Regional do Cariri - URCA no Curso de Mestrado Profissional de
Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ensino de Física
Aprovada por:
Juazeiro do Norte
Fevereiro- 2017
________________________________________________
Prof. Dr. Severino Cirino de Lima Neto
Examinador Externo - UNIVASF
________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Trindade de Barros
Examinador Externo – UFCG- SUMÉ
________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Augusto Silva Nobre
Examinador Interno – URCA
_____________________________________________
Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Orientador - URCA
FICHA CATALOGRÁFICA
S586p
Silva, Jorge Luís da
Física de Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio/
Jorge Luís da Silva – Juazeiro do Norte: URCA / IF, 2016.
viii, 77 f.: il.;30cm.
Orientador: Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Dissertação (mestrado) – URCA / Instituto de Física /
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Física (MNPEF),
2017.
Referências Bibliográficas: f. 74-77.
1. Ensino de Física. 2. Física de Partículas 3.
Aprendizagem Significativa. I. Freire, Wilson Hugo II.
Universidade Regional do Cariri, Instituto de Física, Programa
de Pós-Graduação em Ensino de Física (MNPEF). III. Física de
Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio.
Aos meus pais, JOÃO E ODETE, por sempre acreditarem no poder
transformador da educação.
DEDICO
A minha esposa JANAÍNA e as minhas filhas GISELE E JÚLIA por tornarem
meus dias especiais e por serem fonte da minha força e dedicação.
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida e pela força e coragem para enfrentar as
adversidades do dia a dia.
Ao meu orientador, Wilson Hugo Cavalcante Freire, pelo constante apoio,
prontidão e serenidade ao me conduzir durante a realização da pesquisa que culminou
com a escrita deste trabalho.
Aos professores do mestrado pelo apoio e dedicação durante todo tempo
acadêmico
Aos colegas do mestrado pelo o auxílio durante os momentos mais difíceis
e sobretudo por tornarem o nosso ambiente de estudo leve e alegre.
Aos alunos que me ajudaram na concretização deste trabalho, dispondo-se a
participar da pesquisa.
A CAPES pela concessão da bolsa, essencial para me dar tranquilidade
financeira e assim poder me dedicar plenamente ao mestrado.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Aparato utilizado na experiência de Rutherford............................................. 49
Figura 02 Esquema do Modelo Padrão de Partículas..................................................... 56
Figura 03 Mapa conceitual da partículas elementares e interações................................ 57
Figura 04 Registro da aplicação da pesquisa ................................................................ 67
Figura 05 Registro da aplicação da pesquisa................................................................. 67
Figura 06 Produto Pedagógico....................................................................................... 68
Figura 07 Produto Pedagógico....................................................................................... 93
Figura 08 Produto Pedagógico....................................................................................... 94
Figura 09 Produto Pedagógico....................................................................................... 94
Figura 10 Produto Pedagógico....................................................................................... 95
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01 Resposta da questão 1 do pré-teste................................................................. 69
Gráfico 02 Resposta da questão 2 do pré-teste................................................................. 70
Gráfico 03 Resposta da questão 3 do pré-teste................................................................. 70
Gráfico 04 Resposta da questão 4 do pré-teste................................................................. 71
Gráfico 05 Resposta da questão 5 do pré-teste................................................................. 72
Gráfico 06 Resposta da questão 6 do pré-teste................................................................. 72
Gráfico 07 Resposta da questão 7 do pré-teste................................................................. 73
Gráfico 08 Resposta da questão 8 do pré-teste................................................................. 74
Gráfico 09 Resposta da questão 9 do pré-teste................................................................. 74
Gráfico 10 Resposta da questão 10 do pré-teste......, ....................................................... 75
Gráfico 11 Resposta da questão 11 do pré-teste............................................................... 75
Gráfico 12 Resposta da questão 12 do pré-teste............................................................... 76
Gráfico 13 Resposta da questão 13 do pré-teste............................................................... 76
Gráfico 14 Resposta da questão 14 do pré-teste............................................................... 77
Gráfico 15 Resposta da questão 15 do pré-teste............................................................... 77
Gráfico 16 Resposta da questão 1 do pós-teste................................................................ 80
Gráfico 17 Resposta da questão 2 do pós-teste................................................................ 81
Gráfico 18 Resposta da questão 3 do pós-teste................................................................ 82
Gráfico 19 Resposta da questão 4 do pós-teste................................................................ 82
Gráfico 20 Resposta da questão 5 do pós-teste................................................................ 83
Gráfico 21 Resposta da questão 6 do pós-teste ................................................................ 83
LISTA DE SIGLAS
URCA Universidade Regional do Cariri
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
FMC Física Moderna e Contemporânea
EM Ensino Médio
TD Transposição Didática
RESUMO
Física de Partículas: Possibilidades para o Ensino Médio
Jorge Luís da Silva
Orientador:
Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da
Universidade Regional do Cariri-URCA no Curso de Mestrado Profissional de
Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ensino de Física.
O tema Física de Partículas é considerado por estudiosos e defensores da
reformulação do currículo de Física do ensino médio como necessário ao letramento
científico. A inserção deste tema, neste nível de ensino, encontra amparo na abordagem
CTSA (Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente), na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB), nos Parâmetros curriculares Nacionais (PCNs) e nas pesquisas em
ensino de Física que reforçam um ensino voltado para os avanços desta ciência e sua
repercussão no cotidiano. Apesar de ter importância reconhecida por pesquisadores, a
literatura ainda é carente de trabalhos que mostrem como fazer a implementação deste
tema. Dificuldades como o elevado grau de abstração dos conteúdos, necessidade de
recursos matemáticos sofisticados, formação inadequada de professores e falta
mecanismos de transposição didática na literatura precisam ser superadas para que esta
inserção se efetive. Este trabalho mostra que é possível contornar esta problemática e
realizar a implementação deste tema no Ensino Médio. Para isso, foi utilizada uma
sequência de ensino pautada em elementos como: revelação do conhecimento prévio do
aluno, valorização de aspectos históricos, linguagem condizente com a maturidade
cognitiva do discente e utilização de recursos que potencializem a aprendizagem. Para
amparar a aplicação da sequência de ensino foi desenvolvido o recurso educacional
denominado Baú das Partículas Elementares e suas Interações que permite aos alunos
visualizar e compreender o Modelo Padrão de Partículas, algumas de suas simetrias e os
mecanismos de interação.
Palavras-chave: Ensino de Física, Física de Partículas, Transposição Didática,
Aprendizagem Significativa.
Juazeiro do Norte
Fevereiro- 2017
ABSTRACT
Particle Physics: Possibilities for High School
Jorge Luís da Silva
Advisor:
Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Master's Dissertation submitted to the Post-Graduation Program of Universidade
Regional do Cariri – URCA (Regional University of Cariri - URCA) at Curso de
Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física - MNPEF (The National Professional
Master's Program in Teaching Physics), as part of the requirements necessary to obtain
the Master's degree in Physics Teaching.
The Particle Physics theme is considered by scholars and proponents of the reformulation
of the high school Physics curriculum as necessary for scientific literacy. The insertion
of this theme at this level of education is supported by the CTSA (Science, Technology,
Society and Environment) approach, LDB (Law of Directives and Basis for National
Education), PCNs (National Curriculum Parameters) and also by the researches in
Physics teaching that reinforce a teaching focused on the advances of this science and its
repercussion in the daily life. Despite being recognized by researchers, the literature is
still lacking in papers that show how to implement this theme. Difficulties such as a high
degree of content abstraction, the need for sophisticated mathematical resources,
inadequate teacher training and lack of didactic transposition mechanisms in literature
need to be overcome in order for this insertion to take place effectively. This study shows
that it is possible to circumvent this problem and carry out the implementation of this
theme in High School. For this, a didactic sequence based on elements such as previous
student knowledge, historical aspects, language consistent with the cognitive maturity of
the student and use of resources that potentiate learning were used. To support the
application of the didactic sequence, an educational product called the Element Particle
Trunk and its Interactions was developed, which allows students to visualize and
understand the Standard Particle Model, some of its symmetries and its interaction
mechanisms.
Keywords: Physics Teaching, Particle Physics, Didactic Transposition, Significant
Learning.
Juazeiro do Norte
Fevereiro 2017
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 13
2 DESAFIOS ENFRENTADOS PARA A INSERÇÃO DA FÍSICA MODERNA E
CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO
16
2.1 Atualização curricular................................................................................................... 16
2.3 Formação dos professores............................................................................................. 22
2.3 Reformulação do livro didático para inserção da FMC............................................... 25
3 ASPECTOS DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E DA TEORIA DA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
28
3.1 Aspectos da Transposição Didática............................................................................... 28
3.1.1 Os Saberes.............................................................................................................. 31
3.1.2 Como o Saber sobrevive......................................................................................... 32
3.1.3 As regras da Transposição Didática....................................................................... 33
3.1.4Transposição Didática e a Física de Partículas...................................................... 35
3.2 Aspectos da Teoria da Aprendizagem Significativa....................................................... 37
3.2.1 Requisitos para a Aprendizagem significativa....................................................... 42
3.2.2 Influência da Teoria da Aprendizagem Significativa sobre a pesquisa............... 42
4 FÍSICA DE PARTÍCULAS...................................................................................................... 45
4.1 Breve histórico sobre a evolução dos modelos atômicos.............................................. 45
4.1.1 Modelo atômico de Dalton..................................................................................... 45
4.1.2 Modelo atômico de Thomson................................................................................. 46
4.1.3 Modelo atômico de Rutherford.............................................................................. 48
4.1.4 Modelo atômico de Bohr........................................................................................ 50
4.2 Mecanismos utilizados para detecção de partículas subatômicas............................... 52
4.3 modelo padrão de partículas e interações.................................................................... 53
4.4 Interações fundamentais ............................................................................................... 56
5. METODOLOGIA E INTERVENÇÃO EM SALA DE AULA............................................ 59
5.1Metodologia..................................................................................................................... 59
5.2 Intervenção..................................................................................................................... 61
6. ANÁLISE OS RESULTADOS................................................................................................ 68
6.1 Análise dos dados do questionário pré-teste................................................................. 68
6.2 Análises dos dados do questionário pós-teste............................................................... 78
7. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 84
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 85
APÊNDICES................................................................................................................................. 88
13
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
O tempo para a escola tem um descompasso natural quando comparado com
o da ciência e das transformações sociais. As mudanças vivenciadas pela sociedade e a
marcha em que a ciência progride requerem este descompasso para que cheguem a escola
num estágio de maior amadurecimento e numa linguagem e formatação adequadas a
divulgação científica.
A sociedade da informação e tecnologia transformou este descompasso em
abismo, pois a escola não consegue manter uma distância confortável destas inovações
em virtude da grande velocidade com que os saberes são ampliados, redimensionados e
divulgados. Isto tem afastado a escola de uma das suas funções que é a de formar cidadãos
que estejam antenados com seu tempo e com os avanços da ciência.
No ensino de Física este abismo é notório, sobretudo no Ensino Médio (EM)
em que os temas de Física Moderna e Contemporânea (FMC) não encontram amparo no
currículo e consequentemente no planejamento dos professores. Alega-se que estes
assuntos são abstratos e de difícil compreensão para alunos da educação básica por
envolverem arcabouço matemático e capacidade de abstração impróprios para a
maturidade cognitiva deles. Em sentido contrário a estes argumentos temos Ostermann &
Moreira (2001) que afirmam que é um equívoco acreditar que os alunos da educação
básica não tenham capacidade de aprender conteúdos de FMC, sendo que para isto, é
necessária uma abordagem mais conceitual e fenomenológica. Isto exige do professor
habilidade para direcionar as discussões em sala e optar por se eximir do formalismo
matemático quando desnecessário. Para estes autores (2001, p.147):
É viável implementar tópicos de Física Moderna e Contemporânea em escolas
de nível médio. Os alunos podem aprendê-los, quer dizer, não encontramos
obstáculos de natureza cognitiva e os pré-requisitos foram superados. [...] as
dificuldades de aprendizagem não foram diferentes das usualmente
enfrentadas com conteúdos da Física Clássica.
Soma-se as dificuldades citadas a insegurança manifestada pelos professores
em abordar temas para os quais geralmente se sentem despreparados em virtude de
14
deficiências da sua formação ou por se sentirem perdidos por não encontrarem na
literatura mecanismos de transposição didática adequados.
Com isto, o ensino da Física nesta fase se restringe, quase na sua totalidade,
a Física Clássica que, apesar da sua importância, não é suficiente para aproximar os
jovens dos avanços da Ciência como o desenvolvimento de novas tecnologias e a
compreensão das teorias sobre a estrutura da matéria que têm linhas de pesquisa em total
efervescência.
Este trabalho tem por objetivo demonstrar que é possível abordar o tema de
FMC conhecido como Física de Partículas no EM. Nele é usado uma sequência de ensino
amparada por uma seleção criteriosa dos conteúdos e recursos que julgamos
potencialmente significativos, tendo-se o cuidado de não realizar simplificações
grosseiras que levassem a perdas significativas da parte conceitual. Para isto, a prática
pedagógica foi amparada nos elementos da transposição didática proposta por Yves
Chevallard e na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel.
Para reconhecer os conhecimentos prévios dos alunos, tão importantes para a
aprendizagem segundo Ausubel, foi aplicado um questionário do tipo pré-teste com
quesitos que os revelassem. As estratégias utilizadas durante a aplicação da pesquisa
foram norteadas pelas respostas obtidas neste questionário com o intuito de ancorar os
novos conhecimentos na estrutura cognitiva do aluno a partir dos conhecimentos prévios.
Para a aplicação da sequência de ensino foi desenvolvido o recurso
pedagógico intitulado Baú das Partículas Fundamentais e Interações que foi inspirado na
obra O Discreto Charme das Partículas Elementares (2006) escrita por Maria Cristina
Batoni Abdala. O recurso é caixa com divisórias que representam de forma esquemática
o modelo padrão de partículas e interações. Como a representação destas partículas é feita
por funções matemáticas que fogem a compreensão dos alunos da educação básica,
optamos por representá-las por elementos tridimensionais de formato irregular, com o
intuito de minimizar problemas representacionais.
Ao final, foi aplicado um questionário do tipo pós-teste para avaliar a
viabilidade da sequência de ensino escolhida.
Assim, a dissertação está estruturada em sete capítulos. O capítulo 1 a título
de Introdução é feito desta apresentação do trabalho.
O capítulo 2 trata da importância da inserção de temas de FMC no EM e as
dificuldades que precisam ser superadas para esta implementação.
15
O capítulo 3 demonstra como a transposição didática e a Teoria da
Aprendizagem Significativa podem nortear a prática pedagógica em busca da
aprendizagem efetiva.
O capítulo 4 explora o conteúdo Física de Partículas através de uma
linguagem acessível ao professor e ao aluno do ensino médio sem perder de vista o rigor
conceitual, mas evitando o formalismo matemático quando desnecessário.
O capítulo 5 aborda a metodologia empregada e descreve os procedimentos
durante a Intervenção em sala de aula.
O capítulo 6 aborda a análise dos resultados onde as respostas aos
questionários aplicados foram tabuladas e interpretadas à luz da literatura revisada.
O capítulo 7 é constituído pela conclusão, que demonstra que os mecanismos
utilizados para abordar o tema se reverteram em indícios de aprendizagem significativa.
16
CAPÍTULO 2
2. DESAFIOS ENFRENTADOS PARA A INSERÇÃO DA FÍSICA
MODERNA E CONTEMPORÂNEA NO ENSINO MÉDIO
Este capítulo tratará da necessidade de se adequar o currículo de Física do
EM aos avanços desta disciplina ocorridos no século XX. A Inclusão de conteúdos de
FMC neste nível passa por discussões como: critérios utilizados para selecionar tais
conteúdos, abordagens metodológicas, confecção de materiais instrucionais e formação
de professores. As propostas de alteração curricular têm como objetivo fornecer formação
atual sobre esta ciência permitindo aos alunos reconhecer e compreender artefatos
modernos produzidos a partir destes novos conhecimentos ou simplesmente encontrar
respostas para curiosidades e inquietações.
2.1 Atualização curricular
As discussões sobre o ensino de Física na educação básica a algum tempo
vêm ganhando corpo e forma. Os vetores orientadores destas discussões são a
interdisciplinaridade, contextualização, História e Filosofia da Ciência, alternativas ao
ensino eminentemente tradicional e inserção de temas de FMC no currículo. O foco destas
discussões é externado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que afirmam:
O ensino de Física tem-se realizado frequentemente mediante a apresentação
de conceitos, leis e fórmulas, de forma desarticulada, distanciados do mundo
vivido pelos alunos e professores e não só, mas também, vazio de significado.
(BRASIL, 1999, p.229).
Há uma preocupação dos pesquisadores sobre como o ensino desta ciência
vem sendo ofertado aos jovens. Além dos problemas de ordem metodológica, há uma
intensa discussão sobre que conteúdos devam ser abordados. Este trabalho trata desta
última problemática onde será discutido a importância da atualização curricular através
da inserção de temas da FMC ao EM tendo a Física de Partículas como objeto. O intuito
é ofertar formação atual para o cidadão para que ele consiga se situar no seu tempo e
espaço.
17
Apesar dos frutos gerados por estas discussões como as recomendações de
inclusão de temas da Física do século XX nos documentos oficiais que orientam a
educação, o que se observa na prática é que os conteúdos trabalhados no EM são quase
na sua totalidade pertencentes a Física Clássica sendo apenas resquícios da FMC
mencionados. Os temas desta última, figuram apenas como apêndice no final do livro
didático tendo destaque o exaustivo estudo da Física Clássica durante os três anos do EM.
Os livros didáticos seguem geralmente a seguinte divisão: 1º ano: Mecânica, 2º ano:
Termologia, Óptica Geométrica, ondulatória e 3º ano: Eletromagnetismo. O objetivo não
é diminuir a importância da Física Clássica e sim encontrar equilíbrio com a FMC para
que o aluno tenha uma formação condizente com a realidade que o cerca. Esta
preocupação é manifestada por Pinto & Zanetic (1999, p.7):
Estamos nos aproximando do final do século XX e a Física nele desenvolvida
está longe de comparecer às aulas de nossas escolas. É preciso transformar o
ensino de Física tradicional oferecido por nossas escolas em ensino que
contemple o desenvolvimento da Física Moderna. [...] Uma Física que hoje é
responsável pelo atendimento de novas necessidades que surgem a cada dia,
tornando-se cada vez mais básica para o homem contemporâneo, um
conhecimento que extrapola os limites da ciência e da tecnologia,
influenciando outras formas de saber humano.
A atualização curricular constitui um dos entraves para que a Física possa se
estabelecer de forma decisiva como elemento formativo atual. Ela deve oferecer os
subsídios necessário para a compreensão do mundo moderno e intervenção consciente
sobre ele. Em virtude da defasagem do currículo a escola não vem cumprindo com este
papel e com isso se abrem brechas para a formação de concepções alternativas pelos
nossos jovens oriundas de informações desencontradas, sem compromisso com o rigor
científico e que vão sendo sedimentadas pelo senso comum. Para Terrazzan (1992,
p.210):
A tendência de atualizar-se o currículo de Física justifica-se pela influência
crescente dos conteúdos contemporâneos para o entendimento do mundo
criado pelo homem atual, bem como a necessidade de formar um cidadão
consciente e participativo que atue nesse mesmo mundo.
A maioria das pessoas só tem contato direto com o ensino de Física no nível
médio. Uma parte delas após concluir este nível não dá continuidade aos estudos, outra
parte envereda por outras ciências e uma pequena parcela escolhe áreas que têm afinidade
com a Física. Isto não diminui a importância do ensino de Física e sim aumenta e lhe
18
atribui maior responsabilidade. As pessoas que não dão continuidade aos estudos ou que
escolhem outras áreas do conhecimento precisam de uma formação mínima e atualizada
para que possam se portar de forma atuante e crítica diante das situações do dia a dia. Elas
precisarão lidar com equipamentos modernos produzidos com conhecimentos desta
ciência e o objetivo não é apenas operá-los, pois esta tarefa mecânica não condiz em si
com a formação buscada pela escola. É necessário entender o funcionamento, noções de
segurança e os possíveis impactos positivos e negativos da utilização de tais artefatos.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é que os conhecimentos Físicos não
são utilizados só para produção de novas tecnologias. A sua apreensão permite
compreender os mecanismos e métodos utilizados pela ciência durante sua evolução e
podem trazer respostas para nossas curiosidades ou inquietações o que enaltecem a
condição humana e nos faz sentir parte do meio em que vivemos. Os PCNs sinalizam
neste caminho conforme a passagem:
Espera-se que o ensino de Física, na escola média, contribua para a formação
de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos
fatos, fenômenos e processos naturais, situando e dimensionando a interação
do ser humano com a natureza como parte da própria natureza em
transformação. (BRASIL, 1999, p.229)
Segundo Ostermann e Moreira (2000) as discussões sobre a inserção da FMC
no EM já datam de algum tempo. Na revisão bibliográfica realizada pelos autores constam
trabalhos desde o início da decáda de 70. Durante a III Conferência Interamericana sobre
Educação em Física (Barojas, 1988) o grupo de trabalho responsável por esta discussão
elencou um conjunto de razões que justificariam a necessidade de atualização curricular.
Destacam-se as seguintes:
Despertar a curiosidade dos estudantes e ajudá-los a reconhecer a Física
como um empreendimento humano e, portanto, mais próxima a eles;
Os estudantes não têm contato com o excitante mundo da pesquisa atual
em Física, pois não vêem nenhuma Física além de 1900. Esta situação é
inaceitável em um século no qual idéias revolucionárias mudaram a ciência
totalmente;
É do maior interesse atrair jovens para a carreira científica. Serão eles os
futuros pesquisadores e professores de Física;
É mais divertido para o professor ensinar tópicos que são novos. O
entusiasmo pelo ensino deriva do entusiasmo que se tem em relação ao
19
material didático utilizado e de mudanças estimulantes no conteúdo do curso.
É importante não desprezar os efeitos que o entusiasmo tem sobre o bom
ensino;
Física Moderna é considerada conceitualmente difícil e abstrata; mas,
resultados de pesquisa em ensino de Física têm mostrado que, além da Física
Clássica ser também abstrata, os estudantes apresentam sérias dificuldades
conceituais para compreendê-la.
Dentre as razões citadas, destaco a que afirma a necessidade de atrair jovens
para as carreiras científicas o que em parte não vem sendo estimulado pela qualidade
precária do ensino ofertado. Um ensino que não estimula a pesquisa, não contempla
aspectos como a contextualização e que é regido por um currículo defasado não serve de
estímulo para atrair os jovens para áreas específicas. Segundo Ostermann e Cavalcanti
(1999, p.267):
A tendência em inserir tópicos de FMC justifica-se, entre outras razões, pela
necessidade de atrair jovens para as carreiras científicas. São eles os futuros
pesquisadores e professores de Física. É fundamental também despertar a
curiosidade dos estudantes e ajudá-los a reconhecer a Física como
empreendimento humano e, portanto, mais próximo a eles.
A outra razão que merece destaque é o discurso de que a FMC, pelas suas
dificuldades intrínsecas, não pode ser objeto de ensino na educação básica. Mesmo
reconhecendo tais dificuldades e limitações não há nenhum obstáculo que impeça
aprendizagem destes temas contanto que ao abordá-los se dê preferência aos aspectos
conceituais ou fenomenológicos e se evite o formalismo matemático (Ostermann &
Moreira 2001). Essas dificuldades são compartilhadas também pela Física Clássica o que
corrobora o entendimento de que a FMC pode ser acessível a alunos do nível médio como
ocorre com aquela.
Ao trabalhar conteúdos de FMC numa perspectiva que permita ao aluno
vislumbrar a função da ciência, as limitações dos seus métodos, o trabalho diuturno dos
pesquisadores para vencer tais limitações e a evolução histórica e filosófica das suas
ideias se leva a compreensão de que não existe conhecimento pronto e acabado e que este
não nasce necessariamente de mentes brilhantes, mas na sua grande maioria de pessoas
normais que dedicam grande parte de suas vidas a pesquisa. A partir desta conjuntura o
aluno desenvolverá um olhar diferenciado ao pensar sobre a Física e sua relação com
20
cotidiano. Perceberá as marchas e contramarchas da ciência na busca pela compreensão
do mundo e entenderá que o arcabouço da Física Clássica não é mais suficiente por si só
para esta compreensão. Segundo Pinto & Zanetic (1999, p.7)
É preciso transformar o ensino de Física tradicionalmente oferecido por nossas
escolas em um ensino que contemple o desenvolvimento da Física Moderna,
não como uma mera curiosidade, mas como uma Física que surge para explicar
fenômenos que a Física Clássica não explica, constituindo uma nova visão de
mundo.
Ostermann e Moreira (2001) relatam que apesar das várias justificativas a
favor da inserção da FMC na educação básica há problemas relacionados a escolha e
transposição dos temas que devam ser abordados e sobretudo quais mecanismos
metodológicos devem ser utilizados. Isto se constitui em grande desafio a ser enfrentado
por pesquisadores e professores. Desta forma, apesar do consenso entre pesquisadores
sobre a necessidade urgente de atualização curricular há grandes problemas quanto a sua
efetivação. A simples inclusão da FMC aos documentos oficiais e aos livros didáticos
como vem sendo feita não se reverteu na abordagem efetiva destes temas na sala aula. É
necessário trabalhar de forma conjunta em outras frentes para alcançar os objetivos
desejados. Destacam-se entre os problemas que devem ser enfrentados: a escolha das
abordagens metodológicas, a qualificação dos professores, melhoria dos livros didáticos,
e o aumento do número de trabalhos com resultados concretos na literatura sobre estes
temas.
Neste trabalho foi escolhido o tema Física de Partículas que é um consenso
entre pesquisadores para figurar neste novo currículo. Ele também já encontra amparo em
documentos oficiais que norteiam a educação como os PCNs (1999, p.77) sendo citado
eixo temático 5 (matéria e radiação) que afirma:
A compreensão dos modelos para a constituição da matéria deve, ainda,
incluir as interações no núcleo dos átomos e os modelos que a Ciência hoje
propõe para um mundo povoado de partículas. Mas será também indispensável
ir mais além, aprendendo a identificar, lidar e reconhecer as radiações e seus
diferentes usos. Ou seja, o estudo de matéria e radiação indica um tema capaz
de organizar as competências relacionadas à compreensão do mundo material
microscópico.
O tema também tem destaque no eixo temático 6 (1999, p.78) (Universo,
Terra e Vida):
21
Nessa abordagem, ganha destaque a interação gravitacional, uma vez que são
analisados sistemas que envolvem massas muito maiores que aquelas que
observamos na superfície da Terra. Ao mesmo tempo, evidenciam-se as
relações entre o mundo das partículas elementares, assim como os métodos
para investigá-lo, com o mundo das estrelas e galáxias. Lidar com modelos de
universo permite também construir sínteses da compreensão Física,
sistematizando forças de interação e modelos microscópicos. Esses assuntos
podem permitir reconhecer a presença da vida humana no Universo como uma
indagação filosófica e também das condições físicas, químicas e biológicas
para sua existência, evidenciando as relações entre Ciência e filosofia ao longo
da história humana, assim como a evolução dos limites para o conhecimento
dessas questões.
Esse assunto, por gozar de atualidade e contextualização, permite ao aluno
perceber as dificuldades encontradas pela ciência na busca de novas tecnologias ou para
encontrar respostas para perguntas que nos acompanham há muito tempo como: De que
as coisas são feitas? Qual é a sua origem do universo? Como podemos estudar coisas tão
pequenas como os constituintes da matéria?
A Física de Partículas possibilita ao aluno ampliar sua visão sobre a estrutura
da matéria enveredando pelo mundo microscópico onde as leis são muito diferentes das
verificadas para o mundo macroscópico. Sendo assim, o aluno perceberá que a Física
Clássica não é mais suficiente para explicar este novo mundo havendo necessidade de um
novo arcabouço teórico para isso.
Neste estudo é possível acompanhar a cooperação entre cientistas do mundo
inteiro para vencer as dificuldades inerentes ao estudo de coisas tão pequenas como
também o grande volume de investimentos em tecnologia para que isto se realize. Isto
leva o aluno a compreensão de que pesquisas de ponta como as realizadas na Física de
Partículas não são frutos de apenas mentes brilhantes e sim de um esforço coletivo de
cientistas de várias nacionalidades.
Atualmente as linhas de pesquisa nesta área estão com
produtividade elevada e suas descobertas vêm ganhando espaço na mídia e nos meios de
divulgação científica. A escola precisa incluir este tema no seu currículo para dotar o
aluno de conhecimento e visão crítica para compreender o impacto destas descobertas no
seu cotidiano. Caruso & Santoro (2000, p.43) afirmam:
É fácil constatar o grande fascínio que a Cosmologia e a Física de Partículas
exercem sobre o jovem e que, entretanto, é igualmente grande a sua frustração
ao constatar que estes assuntos não são objetos de estudo e de discussão na
escola.
22
Os assuntos envolvidos nesta área e a dinâmica de suas descobertas são um
excelente atrativo para fazer os jovens se apaixonarem pela Física e atraí-los para carreiras
científicas. Ostermann destaca a relevância do tema (1999, p. 434):
Uma grande potencialidade deste tema é a oportunidade que este oferece para
a compreensão do processo de produção do conhecimento científico. Os vários
episódios históricos envolvendo o avanço desta área de pesquisa mostram o
quanto físicos teóricos e experimentais uniram esforços na busca de uma
compreensão maior da natureza da matéria. Foram necessários grandes
investimentos tecnológicos para que se chegasse ao modelo padrão atual. O
caráter construtivo, inventivo e não definitivo do conhecimento também pode
ser ilustrado, a partir de uma leitura histórica dessa fascinante área da Física.
O objetivo deste trabalho foi confirmar, através dos resultados das atividades
realizadas, que Física de Partículas pode ser abordada no ensino médio sem perdas
significativas da sua parte conceitual e com indícios de aprendizagem significativa.
2.2 Formação dos professores
Pelo que foi exposto, há muitas dificuldades para implementar a FMC no EM.
Uma destas dificuldades reside na formação adequada dos professores que tem como
gargalos o número de profissionais habilitados em Física e sobretudo a qualidade da
formação destes. Para Terrazzan (1994, p. 39):
A deterioração da qualidade de ensino verificada desde alguns anos nas escolas
médias, sobretudo da rede pública, constitui-se assim numa situação alarmante
que exige uma atenção maior para a questão da formação profissional que atua
nesse nível de ensino. Atualmente os professores de escola média têm saído
dos seus cursos de licenciatura com uma formação extremamente precária, seja
do ponto de vista dos conteúdos aprendidos, seja pelas metodologias com as
quais tiveram contato, seja enfim pela formação filosófica geral enquanto
educador.
O déficit do número de professores com formação em Física no EM é
preocupante. Em virtude deste problema, as aulas de Física, em boa parte das escolas, são
ministradas por profissionais de áreas consideradas afins tendo destaque o grande número
de professores de Matemática lecionando Física. Este aspecto gera grandes problemas
para o ensino desta ciência, sobretudo no que diz respeito a realização de abordagens
contextualizadas, fieis aos conceitos físicos e em equilíbrio com os aspectos matemáticos.
23
No tocante a FMC estas dificuldades são gritantes, pois o alto grau de abstração dos seus
conteúdos necessita de profissionais com formação em Física para realizar esta
abordagem de forma satisfatória.
Para fugir do ensino eminentemente tradicional, sem contextualização,
desatualizado e focado na resolução de problemas que não levam o aluno a pensar sobre
a importância e desenvolvimento da Física é necessária uma preocupação governamental
quanto ao número de profissionais habilitados em Física atuantes nas escolas de EM e a
qualidade destes.
Alguns professores não reconhecem a importância de tais conteúdos para a
formação dos jovens ou têm a falsa impressão de que são fronteiriços com o ensino
superior onde acreditam que devam ser tratados. Esta posição surge principalmente das
limitações oriundas da formação destes profissionais que por não se sentirem preparados
para abordar tais conteúdos acreditam que eles fogem a capacidade cognitiva dos alunos
por envolverem recursos matemáticos sofisticados e grande capacidade de abstração.
No Brasil, o que deveria ser exceção virou regra havendo um número
excessivo de professores de outras áreas lecionando Física o que vem impactando
diretamente na qualidade de ensino desta ciência. Se o sistema tivesse apenas professores
habilitados em Física ainda sim teríamos problemas oriundos das fragilidades da
formação destes. Imagine o que acontece quando outros profissionais assumem esta
disciplina.
Esta situação gera um ciclo vicioso em que os jovens por não terem contato
adequado com a Física na educação básica não reconhecem a sua importância e beleza o
que não os estimula a procurar a licenciatura. Somam-se a este problema a falta de
valorização do magistério, condições aviltantes de trabalho e o rótulo criado pela
sociedade onde mesmo reconhecendo a importância social do professor não a tem como
profissão de sucesso. Estes e outros fatores vêm afastando os jovens da escolha pela
formação em Física. Neste sentido Rezende e Ostermann (2004, p.15) afirmam:
As condições atuais de trabalho dos professores do Ensino Básico dificultam
o investimento pessoal na busca de novas visões sobre o ensino e a
aprendizagem, o que os levam a repetir, anos a fio, uma determinada prática.
Intervir nesse quadro exige mudanças em aspectos sociais, econômicos
culturais da realidade educacional e investimento por parte do governo em
programas de formação continuada, em políticas de valorização do trabalho
docente e na melhoria das condições concretas da educação pública.
24
As mudanças neste cenário passam necessariamente por ações
governamentais que devem em primeiro plano implementar programas de formação
inicial, segunda graduação e formação continuada de professores com o intuito de
melhorar a qualidade de ensino e com isso atrair e manter os jovens na licenciatura. Em
segundo plano desenvolver ações que incentivem a pesquisa e que melhorem as condições
de trabalho e remuneração dos professores.
Neste sentido podemos destacar as ações realizadas pela Universidade Aberta
do Brasil (UAB), pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica
(PARFOR), pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e pela
oferta de mestrados profissionais direcionados aos professores da educação básica como
é o caso do Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF).
A UAB, em convênio com universidades locais, implantou um programa de
formação inicial para professores, na modalidade semipresencial, em áreas consideradas
críticas como a Física. O objetivo do programa é ampliar e interiorizar a oferta de cursos
e programas de educação superior, por meio da educação a distância.
O PARFOR é um programa que oferece gratuitamente formação superior na
modalidade presencial, em convênio com instituições de ensino superior, a professores
das redes públicas de estados, municípios e do Distrito Federal, que não possuem curso
superior ou que lecionam em área diferente da sua formação.
O PIBID é um programa que oferece bolsas de iniciação à docência aos alunos
de cursos presenciais para desenvolverem atividades de ensino em escolas públicas. O
objetivo é estreitar o vínculo entre os licenciandos e a sala aula buscando melhorar a
formação do futuro professor e com isso incrementar os índices de aprendizagem. Entre
as propostas do PIBID está o incentivo à carreira do magistério nas áreas da educação
básica com maior carência de professores com formação específica como ocorre na
Física.
O MNPEF tem por objetivo intervir diretamente na qualidade do ensino de
Física do EM através de um curso direcionado aos professores atuantes neste nível e
focado nesta problemática. O curso preconiza a intervenção em sala através de ações
concretas que possam mudar o atual panorama de estagnação do ensino. As ações
desembocam no desenvolvimento de produtos educacionais que são testados em sala
gerando resultados concretos para alimentar a pesquisa na busca de subsídios para
melhorar o atual ensino de Física.
25
Estas e outras ações mostram que há uma preocupação com o que hoje
ofertamos na escola. Ainda não é o ideal, mas são ações importantes na tentativa de mudar
o que vivenciamos. O diálogo com quem está em sala constitui ferramenta imprescindível
para o enfrentamento do problema, ou seja, as ações só são efetivas quando atingem
diretamente o professor.
A Física, como outras disciplinas, necessita de professores que tenham
formação condizente com a realidade que o cerca. A Física do século XX nunca chegará
a escola de forma eficaz através de um profissional sem habilitação ou com habilitação
originada de um processo que não leve em consideração os elementos levantados pelas
pesquisas em ensino. Caso estas mudanças não ocorram, continuaremos com o ensino
deficitário da Física Clássica e não conseguiremos implantar da FMC no EM oferecendo
formação desatualizada e inapropriada para os nossos jovens enfrentarem as demandas
do seu cotidiano.
2.3 Reformulação do livro didático para inserção da FMC
Mesmo diante das inúmeras ferramentas didáticas que dispomos atualmente
o livro ainda figura como uma das mais importante. Para Choppin (2004, p. 553) o livro
didático é um “suporte privilegiado dos conteúdos educativos, o depositário dos
conhecimentos, técnicas ou habilidades que um grupo social acredita que seja necessário
transmitir às novas gerações”.
O governo tem um programa de distribuição de livros didáticos nas escolas
públicas conhecido como Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) onde os livros
são avaliados previamente e a lista dos aprovados é submetida ao professor para que ele
adote o que achar mais conveniente.
O livro didático tem influência direta sobre os processos de ensino e
aprendizagem sendo um importante suporte para o professor. Este o utiliza como um guia
que o orienta na escolha do que deve ser ensinado e em que sequência. No livro
encontramos também sugestão de abordagens metodológicas e avaliação. Segundo
Ostermamm e Ricci (2004, p.84):
É inegável, portanto, a relevância que as obras didáticas assumem no contexto
do ensino de Ciências no Brasil. Além disso, diversos fatores, como as
precárias condições de trabalho e de remuneração do professor, as dificuldades
para o aprimoramento de sua formação, contribuem para que, sobretudo nas
26
escolas públicas, tornem-se o apoio básico e, até mesmo, o único referencial
do professor no preparo de suas aulas.
O tratamento dado aos conteúdos nestes manuais deve privilegiar o
desenvolvimento de habilidades e competências inerentes ao nível de ensino pretendido.
Para atingir este fim o livro didático deve estimular a curiosidade, o espírito crítico, o
interesse pela pesquisa, valorizar os aspectos históricos, primar pelo rigor conceitual e
tratar de assuntos atuais para não se tornar obsoleto.
A atuação do professor não pode se limitar a apenas as orientações do livro
didático. É necessário usar outros recursos de forma conjunta para minimizar as
fragilidades daquele e fornecer aos alunos uma visão mais ampla, contextualizada e atual
dos conteúdos trabalhados. O engessamento do professor às diretrizes do livro didático é
geralmente reforçado pela gestão escolar e pelos pais o que leva a uma relação muito
estreita entre os caminhos escolhidos pelo professor e a sequência e abordagens sugeridas
pelo livro didático. Neste sentido há que se ter grande vigilância quanto a qualidade do
livro didático em virtude de sua grande influência sobre a qualidade do ensino. Ele
precisa ser reformulado continuamente para atender as novas demandas que a sociedade
atribui a escola como por exemplo a inserção da FMC no EM.
Os documentos oficiais da educação e as pesquisas em ensino de Física
recomendam a inclusão da FMC no EM como resposta a um currículo desatualizado e,
por conseguinte destoante da realidade dos alunos. Seguindo estas orientações, os autores
de livros didáticos começaram a incluir estes temas em suas obras. Apesar destes temas
virem ganhando cada vez mais espaço nos livros eles ainda têm repercussão reduzida
quando comparados aos da Física Clássica.
A FMC ainda é tratada nestes manuais como algo estranho ao currículo e por
isso, figura geralmente no final do livro usado no terceiro ano do EM logo após o
eletromagnetismo. A inclusão da FMC de forma desconexa ou a parte reforça a ideia de
que a Física na escola não retrata a Física vivenciada no cotidiano e é exatamente este um
dos problemas que tanto preocupam os pesquisadores. A Física Clássica é muito extensa
e devido a carga horária reduzida dos professores, em média duas horas-aula semanais,
não há tempo para conclui-la imagine iniciar as unidades da FMC. Sousa (2009, p.51)
destaca que:
Pequenas mudanças e avanços estão sendo percebidos no que se refere à
presença de tópicos de FMC em livros didáticos para o EM, embora sejam
geralmente colocados nos finais do livro, como se estivesse apenas
27
apresentando uma satisfação aos órgãos oficiais que reiteram a necessidade da
presença de tais tópicos. Entretanto, é evidente que tais tópicos não são
normalmente apresentados aos alunos, devido às poucas aulas de Física.
Boa parte dos professores, por não terem formação em Física ou terem
formação inadequada têm uma predileção para ensinar algo que considerem fácil ou que
tenham maior domínio daí a opção pelos conteúdos da Física Clássica. Sendo assim a
FMC no EM vem sendo deixada em segundo plano pelos professores sendo esta atitude
reforçada pelos autores dos livros didáticos que tratam estes conteúdos como apêndice
nas suas obras.
Como já foi dito anteriormente, o objetivo não é deixar de ensinar os
conteúdos da Física Clássica, mas acrescentar a FMC como algo prioritário no
planejamento. Para se chegar a este fim temos dois caminhos: o primeiro consiste em
retirar alguns conteúdos da Física Clássica e perder menos tempo com outros para
conseguir abordar a FMC e o segundo é abordar os conteúdos desta como resposta as
limitações da Física Clássica quando pertinentes. Estes caminhos não são mutuamente
excludentes podendo ser adotados ora um ora outro dependendo do contexto. Podemos
ter nos livros capítulos destinados a alguns temas da FMC enquanto outros temas podem
aparecer dispersos ao longo dos capítulos contribuindo para uma visão mais abrangente
dos fenômenos por parte dos alunos.
O problema é que os livros didáticos incluem a FMC como algo extra sem
redimensionar a quantidade e abordagem dos assuntos da Física Clássica. Esta opção
provocou uma bolha na quantidade de conteúdos e isto vem tornando ineficaz a
abordagem da FMC.
Além do problema da inclusão em si da FMC ao livro didático temos que
destacar também a superficialidade do tratamento dado a estes temas por seus autores. É
claro que não se deve ultrapassar os limites que configuram uma transposição didática
adequada, mas também não se pode incorrer em simplificações exageradas,
principalmente quanto aos conceitos na tentativa de torná-los mais fáceis. Atitudes como
esta desvirtuam a importância da FMC.
No próximo capítulo analisaremos como a transposição didática pode auxiliar
na inclusão da Física de Partículas ao currículo do EM e como os elementos da Teoria da
Aprendizagem Significativa podem nortear os mecanismos de abordagem didática na
busca da aprendizagem efetiva.
28
CAPÍTULO 3
3. ASPECTOS DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E DA TEORIA DA
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
3.1Aspectos da Transposição Didática
O desafio da pesquisa em ensino de Física não é mais o de justificar a
necessidade de abordar a FMC no EM, pois isto já é consenso entre os pesquisadores. O
problema agora reside em desenvolver mecanismos capazes de fazer esta inserção. Como
já foi dito, a literatura ainda se ressente de relatos de experiências exitosas nesta área.
Compreender o caminho percorrido pelo conhecimento desde a sua descoberta na área da
pesquisa até a sua chegada a sala de aula ajuda a desenvolver estratégias para abordar
com sucesso conteúdos como a Física de Partículas.
A ferramenta que norteia as adaptações do conhecimento até que se
transforme objetos de ensino é a Transposição Didática (TD). Em virtude das dificuldades
intrínsecas relacionadas com a Física de Partículas devemos na sua transposição atentar
para as simplificações grosseiras que pequem contra o rigor conceitual e para o tipo de
abordagem utilizada que não deve ser uma extensão do ensino tradicional. Para Alves
Filho (2000, p. 218):
A Transposição Didática se mostra um instrumento de análise do processo de
transformação do conhecimento ou saber. Através dele é possível estabelecer
uma argumentação para entender as diferentes formas do saber e suas
estruturas organizacionais.
Foi o sociólogo Michel Verret quem primeiro introduziu na Didática da
Ciência, em 1975, o termo Transposição Didática, mas foi o matemático Yves Chevallard
que a rediscutiu e a disseminou. Este, em 1980, aplicou a TD para compreender o
conjunto de transformações ocorridas com noção de distância desde sua implementação
no meio científico, através da pesquisa em Matemática pura, até sua chegada em sala de
aula como objeto de ensino. O fundamento de valor do conhecimento no nível da pesquisa
é diferente daquele que chega à sala de aula através dos professores e dos materiais
didáticos. A transposição didática permite compreender o processo de seleção destes
fundamentos de valor até que o conhecimento se transforme em um saber a ser ensinado.
29
É importante destacar que a TD não constitui mera simplificação do
conhecimento para que chegue a sala de aula. Neste sentido Alves Filho (2001, p.225)
assevera que:
A primeira vista somos levados a interpretar que o saber a ensinar é apenas
uma mera simplificação ou trivialização formal, dos objetos complexos que
compõe o repertório do saber sábio. Esta interpretação é equivocada e geradora
de interpretações ambíguas nas relações escolares, pois revela o
desconhecimento de um processo complexo do saber.
A TD gera um novo saber denominado de escolar. A Física escolar tem
ligação com saber produzido pelos pesquisadores (saber sábio ou de referência), mas é
completamente adaptada ao ambiente escolar ou de ensino (OFUGI,2001). O saber de
referência e o escolar assumem diferentes nichos epistemológicos tendo fundamentos de
valor completamente distintos. As leis, teorias e conceitos sofrem modificações para se
adaptarem ao contexto escolar. Podemos citar como exemplos as modificações na
linguagem, na sequência dos conteúdos e na abordagem metodológica. Quando a esta
última, é interessante que ela contemple a valorização de aspectos históricos e filosóficos,
contextualização, visão crítica, atualização do conhecimento e rigor conceitual. Nesta
perspectiva a TD, segundo Chevallard (1991, p. 16), é para o professor:
Uma ferramenta que permite recapacitar, tomar distância, interrogar as
evidências, pôr em questão as ideias simples, desprender-se da familiaridade
enganosa de seu objeto de estudo. Em uma palavra, é o que lhe permite exercer
sua vigilância epistemológica.
O saber escolar pode trazer inovações conhecidas como criações didáticas
que não têm correspondência direta na área da pesquisa. Podemos citar como exemplo a
produção de exercícios para amparar as atividades de ensino. OFUGI (2001, p.67) retrata
esta situação:
Boa parte dos exercícios de Cinemática e Termometria, por exemplo, nunca
foram objeto de estudo da Física. Não existe nenhum grupo de físicos
estudando transformações de escalas termométricas, nem tampouco algum que
tenha como objeto de pesquisa o tempo de queda de uma lasca de madeira que
se solta de uma ponte [Cálculos como esse ou similar estão presentes em vários
livros do Ensino Médio quando o tema MRUV ou Queda-Livre é tratado]”.
As adaptações do saber até que ele se transforme em saber escolar são
orientadas pelas necessidades da sociedade. Vários atores como cientistas, educadores,
professores, políticos, autores de livros didáticos e pais de alunos discutem o que deve
ser modificado e como estas modificações devem ser processadas para atender as
30
exigências do bem comum. Neste processo, há uma intensa negociação de interesses e os
que prevalecem terminam por orientar tais adaptações.
Chevallard define três tipos de saber: Saber Sábio, Saber a Ensinar e Saber
Ensinado. O conhecimento ao se deslocar entre estas três esferas sofre pressão dos
diferentes grupos de pessoas que realizam o trabalho de mudança e adequação do saber.
Estes atores e seus respectivos interesses formam o que se denomina noosfera que
funciona como um filtro selecionando as mudanças que devem ser operadas no saber.
Segundo Chevallard (1991, p.34)
A noosfera é o centro operacional do processo de transposição, que traduzirá
nos fatos a resposta ao desequilíbrio criado e comprovado (expresso pelos
matemáticos, pelos pais, pelos professores mesmos). Ali se produz todo
conflito entre sistema e entorno e ali encontra seu lugar privilegiado de
expressão. Neste sentido, a noosfera desempenha um papel de obstáculo.
É na noosfera que há o embate entre os interesses dos indivíduos envolvidos
na Transposição didática. É por meio deste confronto de ideias e poderes que o
conhecimento original vai ganhando uma nova roupagem com o intuito de se adaptar ao
contexto escolar.
A noosfera é composta pelo ambiente escolar denominado de sistema didático
e pelo sistema de ensino. Para Chevallard (1991, p.27) o sistema de ensino consiste em:
“O entorno imediato de um sistema didático está constituído inicialmente pelo
sistema de ensino, que reúne o conjunto de sistemas didáticos e tem ao seu lado
um conjunto diversificado de dispositivos estruturais que permitem o
funcionamento didático e que intervém nos diversos níveis”.
Logo, o sistema didático está inserido no sistema de ensino. E este por sua
vez está inserido em um ambiente onde as três esferas do saber coexistem e se relacionam.
A noosfera selecionará o que chegará deste ambiente externo à sala de aula. Segundo
Chevallard (1991, p.28), na noosfera:
Se encontram todos aqueles que, tanto ocupam os postos principais do
funcionamento didático, se enfrentam com os problemas que surgem do
encontro da sociedade e suas exigências; ali se desenvolvem os conflitos; ali
se levam a cabo as negociações; ali se amadurecem as soluções.
31
3.1.1Os saberes
Como já foi dito, Chevallard instituiu três esferas para o saber: o saber sábio,
saber a ensinar e saber ensinado. O saber sábio é aquele conhecido como original ou de
referência. Tem sua origem na comunidade científica e é divulgado através de revistas
especializadas ou em congressos. Este saber passa por dois estágios sendo o primeiro
conhecido como contexto da descoberta e o segundo contexto da justificativa.
O percurso seguido pelo pesquisador durante a descoberta não precisa ser
descrito fielmente no artigo científico já que não possui sequência precisa, é eivado de
aspectos pessoais e caracterizado pela informalidade dos registros e da linguagem. Antes
de ser publicado o saber sofre uma despersonalização onde deve ser formatado em
linguagem adequada, disposto numa sequência lógica e deve ser caracterizado por
aspectos racionais e impessoais, ou seja, deve obedecer às regras impostas pela
comunidade científica para sua divulgação. Esta fase corresponde ao contexto da
justificativa.
O Saber Sábio sofre o primeiro estágio da TD conhecido como Transposição
Externa onde sofrerá adaptações para se transformar em saber a ensinar. Este saber é o
que aparece nos programas, livros didáticos e materiais instrucionais. Para chegar a estes
veículos há uma intensa negociação entre representantes do governo, especialistas da
área, autores de livros didáticos e professores onde os interesses são confrontados para
determinar o que deve chegar a sala de aula e em que roupagem. Durante este processo o
saber sofre uma descontextualização onde vai sendo desmontado e reorganizado para
assumir um novo status epistemológico. Com isso, esta nova esfera do saber se desliga
do saber de referência e assume um novo fundamento de valor que é o que conhecemos
por processo de dessincretização. Alves Filho (2000, p.227) destaca a importância dos
processos de despersonalização, dessincretização e descontextualização para a
transposição didática. Segundo ele:
Os processos de despersonalização, dessincretização e de descontextualização,
aos quais o saber é submetido, faz com que ele seja despido de seu contexto
epistemológico, histórico e linguagem própria. Como saber a ensinar, é obtido
um saber com uma nova roupagem, uma organização a-histórica, um novo
nicho epistemológico e de validade dogmatizada.
No último estágio da transposição, conhecido como Transposição Interna, o
saber a ensinar se transforma em saber ensinado. Nesta fase destacamos a importância do
32
professor que ao escolher o que constará no seu plano de aula realiza tal transposição. É
importante destacar que a ação do professor sofre a influência de outros personagens
como os diretores dos estabelecimentos de ensino, orientadores educacionais e os pais.
Esta parte da noosfera guiará a ação do professor no gerenciamento dos interesses
envolvidos ao transpor o conhecimento constante nos livros didáticos para aquele que
efetivamente chegará aos alunos. Segundo Pinho (2000, p.220)
O fato de saber a ensinar estar definido em um programa escolar ou em um
livro texto não significa que ele seja apresentado aos alunos desta maneira.
Assim identifica-se uma segunda Transposição Didática, que transforma o
saber a ensinar em “saber ensinado.
Durante a transposição interna há uma preocupação eminentemente didática,
pois, o professor mediará o contato do aluno com o conhecimento. O que chegará ao
aluno, em que nível e sobretudo como chegará são os desafios desta etapa da
transposição. A “didática entra nessa relação como uma forma de otimizar as conexões
do aluno, frente às informações que se deseja repassar” (Ofugi 2001, p.80).
Este trabalho tentou vencer os desafios citados na tentativa de conseguir
abordar a Física de Partículas para alunos do EM. Perguntas como:. Que aspectos da
Física de Partículas se mostram importantes para alunos do EM? Que nível de
profundidade matemática e conceitual deve guiar a abordagem da Física de Partículas?
Que mecanismos didáticos podem levar a aprendizagem significativa ao abordar a Física
de Partículas? Foram os vetores norteadores da TD realizada.
3.1.2Como o saber sobrevive
Conforme já foi dito, o saber que chega efetivamente ao aluno passa por uma
série de modificações e adaptações desde o nível da pesquisa até se enquadrar no nicho
epistemológico do saber ensinado. A noosfera seleciona o que deve ser transposto durante
todo este trajeto. Segundo Chevallard, o saber a ensinar precisa ter algumas características
para se transformar em saber ensinado. A primeira delas é que ele deve ser consensual,
ou seja, não pode haver dúvidas quanto ao seu status de verdade. O professor não pode
ensinar algo que não goze consenso na comunidade cientifica quanto a sua veracidade.
33
O conhecimento deve ter atualidade moral e biológica. Ele tem atualidade
moral quando além de possuir importância reconhecida não se tornou obsoleto e
banalizado a ponto de ser ensinado pelos pais sem a ajuda da escola sendo assim passível
de figurar no currículo (SIQUEIRA e PIETROCOLA, 2006, p. 6).
Para ter atualidade biológica o conhecimento não pode estar sedimentado em
conceitos superados ou ultrapassados que só podem ser utilizados numa perspectiva
histórica (SIQUEIRA e PIETROCOLA, 2006, p. 6). Por exemplo, durante as aulas sobre
Física de Partículas é interessante que o aluno perceba a evolução das ideias sobre a
estrutura do átomo. Neste caso podemos abordar os primeiros modelos atômicos, pois
mesmo sabendo que estão ultrapassados isto levará os alunos a refletir sobre os métodos
da ciência e as dificuldades enfrentadas.
Outra característica que o saber a ensinar deve ter é a operacionalidade. Esta
consiste na faculdade que o conteúdo tem de gerar atividades e exercícios relacionados a
sua conceituação. Estas atividades facilitam o processo de avaliação. Conteúdos que não
possam ser reverter em mecanismos que propiciem a avaliação do seu aprendizado
dificilmente serão transpostos por não se adaptarem aos mecanismos do saber ensinado.
O saber para ser transposto deve possuir criatividade didática. Esta consiste
na criação de atividades para o ensino que não gozam necessariamente de
correspondência no saber sábio. Apesar de terem relação com o saber sábio estas
atividades constituem ferramentas de ensino e por isso só tem fundamento de valor no
contexto escolar. Podemos citar como exemplos exercícios de associação de resistores,
transformação de escalas termométricas e cinemática.
O saber tem que ser terapêutico, ou seja, ele tem que se adaptar as
peculiaridades do ambiente escolar para se transformar em objeto de ensino. Caso não se
adapte ao sistema didático o saber não encontrará espaço no ambiente escolar e será
eliminado do currículo.
3.1.3As regras da transposição didática
Em conformidade com as características anteriores Astolfi (1997) formulou
cinco regras que devem ser seguidas na TD. São elas:
34
Regra I. Modernizar o saber escolar.
Diante da velocidade com que o conhecimento vem sendo modificado esta
regra tem uma importância muito grande por aproximar o saber escolar das conquistas da
área da pesquisa. Os novos conhecimentos que têm impacto direto na vida das pessoas
devem ter amparo no currículo para que a escola não se torne obsoleta frente aos desafios
enfrentados no dia a dia. Segundo Astolfi (1997, p.182)
Em diferentes disciplinas, parece ser necessário aos especialistas colocar em
dia os conteúdos de ensino para aproximá-los dos conhecimentos acadêmicos.
Neste caso, frequentemente criam-se comissões que tomam por base vários
trabalhos e proposições anteriores difundidas na noosfera.
Regra II. Atualizar o saber a ensinar.
Os livros didáticos precisam ser atualizados com a inclusão dos novos
conhecimentos e ao mesmo tempo devem eliminar aqueles que estão desatualizados ou
simplesmente banalizados diante novo panorama. Para Pinho (2000, p.236):
Alguns objetos do saber, com o passar do tempo, se agregam a cultura geral
que, de certa forma, passa a dispensar o formalismo escolar. Outros perdem o
significado por razões extracurriculares e/ou escolares. [...] Regra que poderia
ser entendida como a “luta contra obsolência didática.
Regra III. Articular o saber “novo” com o “antigo”.
A ciência é uma construção humana que a cada dia evolui e nos permite
conhecer melhor a realidade que nos cerca. Neste sentido, os novos saberes devem ser
articulados com os antigos numa perspectiva que leve o aluno a reconhecer que o
conhecimento não é algo pronto e acabado podendo ser modificado ou reorganizado para
atender aos fins perseguidos. Assim há maior probabilidade de transpor com sucesso
saberes novos que tenham maior articulação com antigos bastando para isto reorganizar
alguns de seus elementos. Não se deve gerar um clima de instabilidade levando o aluno a
acreditar que aquele novo saber é frágil e será substituído a qualquer momento. A
articulação entre o antigo e o novo saber deve ser no sentido de reconhecer a importância
do primeiro na evolução da Ciência e consequentemente na construção do último. Para
Pinho (2000, p.237) “A negação radical de um dado conteúdo gera sentimento de
35
desconfiança, de dispensável, de prescindível por parte do estudante, fazendo-o evitar
esforços no seu aprendizado”.
Regra IV. Transformar um saber em exercícios e problemas.
Esta regra está relacionada com o grau de operacionalidade do saber onde
aqueles capazes de gerar maior variedade de exercícios e atividades terão maior chance
de serem transpostos. Os exercícios e atividades tem importância reconhecida para o
processo de avaliação que é muito importante do ponto de vista didático. Então, o Saber
Sábio que não goza desta característica terá menor possibilidade de chegar ao sistema
didático. Astolfi (1997, p.183) assevera que:
A seleção vai ocorrer a partir da facilidade particular de certos conteúdos para
gerar um número grande de exercícios ou atividades didáticas, até mesmo
quando estes são nitidamente descontextualizados quanto a sua função, em
relação ao conceito original.
Regra V. Tornar um conceito mais compreensível.
Durante a Transposição Didática o Saber Sábio vai sendo modificado e
reorganizado para se adaptar ao nicho epistemológico do saber ensinado. Neste processo,
há mudanças na linguagem para que as pessoas que não pertençam a comunidade
científica consigam compreender o arcabouço conceitual deste saber. Aqueles saberes
que têm conceitos que podem chegar ao contexto escolar numa linguagem mais simples
e compreensível serão transpostos mais facilmente. Pinho (2000, p.238) destaca que:
Neste processo são criados objetos didáticos que permitem inserir elementos e
facilitadores do aprendizado, assim como utilizar uma matemática adequada
para aqueles que estão sendo iniciados neste tipo de saber.
3.1.4 Transposição Didática e a Física de Partículas
Ao examinar a possibilidade de um determinado conhecimento se transformar
em objeto de ensino não avaliamos a sua importância em si, mas se ele pode ou não ser
transposto, ou seja, se ele atende as regras de Astolfi e possui as características propostas
por Chavallard para a transposição. No caso da Física de Partículas faremos este
36
confronto para verificar se este conhecimento tem condições de se transformar em objeto
de ensino.
Nenhum conhecimento goza de verdade absoluta. Ele é sempre passível de
ser modificado ou refutado pela comunidade científica a qualquer tempo. Enquanto isso
não ocorre, há um consenso sobre sua veracidade. Assim, o novo conhecimento surge
geralmente a partir da inadequação do antigo para explicar as novas situações fáticas. Este
tem um status de grande importância do ponto vista histórico ou por servir de alicerce
para a produção daquele. Sendo assim, a atividade didática se torna mais significativa
para o aluno quando articula os conhecimentos novos e antigos (regra III) fornecendo
visão mais ampla da evolução do conhecimento e dos métodos da ciência.
A Física de Partículas por ter linhas de pesquisas muito ativas vem
experimentando modificações contínuas em suas teorias e modelos o que não lhe retira a
qualidade de ser um conhecimento consensual. Inclusive o Modelo Padrão de Partículas
vem a cada dia sendo ratificado através da confirmação de suas previsões.
A Física de Partículas é um conhecimento não apenas atual e por isso a sua
inserção no currículo leva atualização e modernização do saber (regras I e II). Ele tem
atualidade moral por ter importância reconhecida para o meio científico e para a
sociedade não sendo um conhecimento tão simples a ponto de poder ser ensinado pelos
pais sem a ajuda da escola. A sua estrutura conceitual é a responsável por explicar os
dados obtidos pela pesquisa sobre a estrutura da matéria o que lhe confere atualidade
biológica.
Um dos problemas enfrentados pela Física de Partículas durante o processo
de transposição é a sua baixa operacionalidade consistente na capacidade de gerar
exercícios e atividades (regra IV). Estas atividades e exercícios têm repercussão direta
sobre os mecanismos de avaliação que são elementos importantes na composição de
objetos de ensino, pois são responsáveis por mensurar o nível de aprendizagem dos
conteúdos e por conseguinte a qualidade do ensino. A criatividade didática precisa ser
desenvolvida para atingir níveis semelhantes aos alcançados pela Física Clássica e assim
contribuir para a abordagem deste assunto no Ensino Médio. É importante destacar que
sua baixa operacionalidade não é inerente ao conteúdo em si, ou seja, há viabilidade de
gerar exercícios e atividades a partir da Física de Partículas bastando que este conteúdo
comece a ser abordado em sala e estas experiências provocarão um incremento na
criatividade didática onde as atividades serão geradas para amparar o ensino.
37
Os exercícios e atividades gerados pela criatividade didática tem a
preocupação de adaptar o conteúdo ao contexto escolar e por isso não há a necessidade
de terem um análogo no saber sábio. Para Astolfi (1997, p.183):
A seleção vai ocorrer a partir da facilidade particular de certos conteúdos para
gerar um número grande de exercícios ou atividades didáticas, até mesmo
quando estes são nitidamente descontextualizados quanto a sua função, em
relação ao conceito original.
Diante das dificuldades vivenciadas pelo ensino de Física onde estes
exercícios quase sempre são vazios de contextualização, historicidade, rigor conceitual e
têm predominância de aspectos meramente matemáticos devemos construir um aparato
escolar para Física de Partículas diferente daquele utilizado para os conteúdos da Física
Clássica sob pena de incorrermos no mesmo erro desta praticando uma Física distante da
realidade dos alunos e com isso realizar uma inserção apenas formal e sem significado. É
preciso se desvencilhar do formalismo matemático e do ensino tradicional criando
atividades que levem a argumentação e como consequência o desenvolvimento do senso
crítico dando atenção maior aos aspectos qualitativos do conhecimento. Este caminho
produzirá atividades que se adaptarão melhor ao novo contexto escolar intensificando a
sua qualidade terapêutica.
As pesquisas em ensino de Física não reconhecem dificuldade intransponíveis
para a inserção de tópicos de FMC como a Física de Partículas no EM (Ostermann &
Moreira (2001)). É plenamente possível tornar os conceitos da Física de Partículas
compreensíveis (regra V) para estes alunos desde que a transposição realizada adapte a
linguagem e dê maior atenção aos aspectos conceituais e fenomenológicos evitando o
formalismo matemático.
3.2 Aspectos da Teoria da Aprendizagem significativa
No contexto educativo um dos problemas que merece atenção especial dos
pensadores é o nível e qualidade da aprendizagem. Quando esta não acontece ou ocorre
de forma não desejada o fim perseguido pelo ensino não é atingido. De acordo com a
forma com que ocorre, a aprendizagem pode ser de dois tipos: a mecânica e a
significativa.
38
A aprendizagem mecânica é conhecida como memorística ou popularmente
decoreba. Ela é incentivada por processos de avaliação que buscam a mera reprodução de
informações por parte do aluno. David Ausubel (2003, p. 131) manifestou preocupação
neste sentido sugerindo alternativa para superar o problema:
[...] uma vasta experiência na realização de exames faz com que os estudantes
se tornem adeptos da memorização, não só de proposições e de fórmulas chave,
mas também de causas, exemplos, razões, explicações e formas de
reconhecimento e de resolução de “problemas tipo”. Pode evitar-se melhor o
perigo da simulação memorizada da compreensão significativa através de
colocação de questões e de problemas que possuam uma forma nova e
desconhecida e exijam uma transformação máxima de conhecimentos
existentes.
De acordo com os autores, se o aluno não conseguir integrar conceitos para
responder problemas e questionamentos apresentados de forma nova e desconhecida sua
aprendizagem terá sido meramente mecânica. Este é o tipo de aprendizagem mais comum
na escola onde o aprendiz bombardeado com informações desconexas copia, decora, faz
a avaliação e logo após esquece tudo. É um tipo de aprendizagem que não agrega
significado para o aluno por não relacionar ou relacionar de forma arbitrária os novos
conhecimentos com aqueles que o aluno já detém em sua estrutura cognitiva. A este
conjunto de conhecimentos pré-existentes que serão utilizados como ponto de apoio para
a aprendizagem de novos conhecimentos denominamos de conhecimentos prévios.
Esta falta de interatividade ou relacionabilidade entre o que o aluno já sabe e
o que pretende aprender o leva a uma mera memorização de informações que por não
encontrarem pontos de apoio na estrutura cognitiva serão deletadas pelo cérebro após
curto intervalo de tempo sem deixar resquícios.
David Ausubel introduziu o conceito de aprendizagem significativa para o
ensino na década 60 e posteriormente recebeu contribuições de Joseph Donald Novak e
Helen Hanesian em 1980. A teoria proposta por Ausubel ficou conhecida como Teoria da
Aprendizagem Significativa. Estes autores reconhecem algumas dificuldades encontradas
na busca da aprendizagem (1980, p. 5):
[...] é essencial levar - se em consideração as complexidades provenientes da
situação de classe de aula, estes por sua vez, incluem a presença de muitos
alunos de motivação, prontidão e aptidões desiguais; as dificuldades de
comunicação entre professor e aluno; as características particulares de cada
disciplina que está sendo ensinada; e as características das idades dos alunos.
39
Para Ausubel a aprendizagem deve gerar significados para ser tida como
significativa. Ele definiu significado como sendo (1980, p.526):
Conteúdo da consciência diferenciado e agudamente articulado que se
desenvolve como um produto da aprendizagem simbólica significativa ou que
pode ser evocado por um símbolo ou grupo de símbolos depois que estes foram
relacionados não arbitrariamente e substantivamente à estrutura cognitiva.
Para sua teoria a variável mais importante para a aprendizagem é o
conhecimento prévio do aluno. Ausubel, Novak e Hanesian (1980, p. 137) estabelecem
que:
Se tivéssemos que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio
diríamos que o fator singular mais importante que influencia a aprendizagem
é aquilo que o aprendiz já sabe, descubra isso e baseie - se nisso seus
ensinamentos.
Para gerar significados e com isso ser duradoura a aprendizagem deve
relacionar os novos conhecimentos com o conhecimento prévio de forma não-literal e
não-arbitrária para que o aluno aprenda de forma mais eficiente.
A não-arbitrariedade determina que a interação do novo conhecimento deve
ocorrer com aspectos relevantes e afins da estrutura cognitiva do aprendiz, ou seja, o novo
conhecimento deve ser amparado em elementos que tenham potencial para gerar
significados. Estes elementos são conhecidos como subsunçores e funcionam como
pontos de apoio entre o novo conhecimento e o já constante em sua estrutura cognitiva
tendo a função de levar o aluno a gerar significados para o primeiro. Para Moreira (2012,
p.4):
O subsunçor é, portanto, um conhecimento estabelecido na estrutura cognitiva
do sujeito que aprende e que permite, por interação, dar significado a outros
conhecimentos. Não é conveniente “coisificá-lo”, “materializá-lo” como um
conceito, por exemplo. O subsunçor pode ser também uma concepção, um
construto, uma proposição, uma representação, um modelo, enfim um
conhecimento prévio especificamente relevante para a aprendizagem
significativa de determinados novos conhecimentos.
Neste sentido, os subsunçores são elementos relevantes e inclusivos que
existem previamente na estrutura cognitiva do aprendiz funcionando como pontos de
“ancoragem” para que os novos conhecimentos adquiram significados. Esta relação é
40
interativa e a medida que isto ocorre o subsunçor também se modifica e adquire maior
clareza, estabilidade cognitiva e diferenciação, ou seja, fica mais rico e com isso amplia
seu grau de inclusividade aumentado as possibilidades para ancorar outros conhecimentos
(Moreira). Estas modificações gradativas que ocorrem com o conhecimento prévio à
medida que ele vai ancorando novos conhecimentos é o que denominamos de
diferenciação progressiva. Para Novak e Gowin (1984, p. 114):
O princípio de Ausubel da diferenciação progressiva estabelece que a
aprendizagem significativa é um processo contínuo, no qual novos conceitos
adquirem maior significado à medida que são alcançadas novas relações
(ligações preposicionais). Assim, os conceitos nunca são “finalmente
aprendidos”, mas sim permanentemente enriquecidos, modificados e tornados
mais explícitos e inclusivos à medida que se forem progressivamente
diferenciando.
Ao mesmo tempo que o subsunçor sofre o processo de diferenciação ele
também sofre o processo conhecido reconciliação integradora onde o aprendiz ao
relacionar conceitos consegue identificar semelhanças e dissipar diferenças e
inconsistências aparentes entre eles o que contribui para aumentar o grau de
relacionabilidade de conceitos e com isso uma melhor integração de significados
(Moreira, 2012). Aqui faz-se o contrário da diferenciação progressiva partindo do detalhe
e da especificidade para as ideias mais gerais e inclusivas.
O relacionamento não-literal ou substantivo significa que o que é incorporado
à estrutura cognitiva é o significado do novo conhecimento e não as a palavras usadas
para expressá-lo. Então a diferença entre a aprendizagem significativa e a mecânica
reside no grau de relacionabilidade do novo conhecimento com a estrutura cognitiva do
discente. Caso esta relação seja pautada pela literalidade e arbitrariedade ela será
mecânica caso contrário será dita significativa.
Aprendizagem significativa é dita receptiva quando o que deve ser aprendido
é apresentado ao aprendiz na sua forma final. Recepção aqui não significa simples
absorção de conceitos. Neste processo, o aprendiz precisa relacionar o que lhe é
apresentado de forma não literal e substantiva com os conceitos pré-existentes e
relevantes da sua estrutura cognitiva, ou seja, é necessário que exista material
potencialmente significativo e predisposição para aprender para que os significados sejam
gerados. Este é o processo mais comum de aprendizagem.
41
Na aprendizagem por descoberta o aprendiz não recebe o conhecimento na
sua fase final necessitando passar pelo processo de descoberta para depois seguir os
mesmos trâmites que ocorrem na recepção. Este processo é importante em procedimentos
científicos.
A aprendizagem significativa pode ocorrer através de uma subordinação,
superordenação ou combinação de conceitos. A subordinada é a mais comum e nela o
novo conhecimento é hierarquicamente subordinada a um conhecimento prévio do
aprendiz, ou seja, o primeiro forma significados a partir da interação com o segundo. O
subsunçor sofre alterações durante esta ancoragem e adquire maior estabilidade e
diferenciação o que lhe fornece maior gama de significados para ancorar outros
conhecimentos.
A superordenada não é tão comum, mas é muito importante para a formação
de conceitos. Nela o novo conhecimento é mais geral e inclusivo do que os subsunçores
existentes e com isso ele passa a subordiná-los e assimilá-los. Com isso as ideias mais
específicas ficam relacionadas a esta ideia superordenada.
Na aprendizagem combinatória o novo conhecimento não tem relação de
subordinação ou superordenação com os subsunçores, ou seja, ele não pode ser assimilado
por eles nem assimilá-los A atribuição de significados neste caso resulta da combinação
com os vários conhecimentos existentes e relevantes da estrutura cognitiva. Aqui não
existe hierarquia entre o novo e o pré-existente, ou seja, um não é nem mais específico
nem mais inclusivo que o outro.
É importante destacar que a aprendizagem significativa não quer dizer
aprendizagem correta (Moreira,2012). Há a possibilidade de associar significados não
aceitos pela comunidade científica a um dado conhecimento como assevera Moreira. Isto
é o que denominamos de concepções alternativas que quando ocorrem trazem muitas
dificuldades para serem contornadas no ambiente escolar devido ao alto grau de
estabilidade produzido por uma aprendizagem significativa. A sua desconstituição e
posterior reconstituição se dá através do estabelecimento de novas relações com o
conhecimento prévio que geralmente precisa ser reformulado para amparar o novo
conhecimento de forma correta e assim gerar os significados pretendidos.
Foi dito anteriormente que na aprendizagem mecânica há apenas
memorização do conteúdo e depois de sua reprodução em avaliações tradicionais ele é
esquecido pela falta de geração de significados. Isto pode nos levar erroneamente a
acreditar que na aprendizagem significativa o conhecimento nunca será esquecido.
42
Diferentemente da primeira em que o aluno ao entrar em contato novamente com o
conhecimento recomeçará o processo de aprendizagem do zero na segunda devido a
geração de significados que ocorreu no primeiro contato o aprendiz terá muita facilidade
em reaprender o que foi esquecido já que ele possui em sua estrutura cognitiva as relações
mais gerais e inclusivas de tal conhecimento tendo apenas que atentar para as suas
peculiaridades.
3.2.1 Requisitos para a Aprendizagem significativa
Para que a aprendizagem significativa se efetive são necessárias duas
condições: material de aprendizagem potencialmente significativo e o aprendiz deve
apresentar uma predisposição para aprender.
Por material potencialmente significativo compreende-se aquele que
relaciona o novo conhecimento com a estrutura cognitiva do aprendiz de forma não-literal
e não arbitrária, ou seja, ele deve possuir significado lógico e potencial para realizar tal
interação. As conexões estabelecidas devem guiar o aprendiz no sentido de formar os
significados pretendidos e a linguagem específica para expressar o novo conhecimento
vai sendo adquirida de forma progressiva.
A segunda condição estabelece que o aprendiz deve estar predisposto a
aprender significativamente e isto consiste em afirmar que ele quer relacionar de forma
não-arbitrária e não-literal o novo conhecimento com a sua estrutura cognitiva. Esta
predisposição não coincide com motivação propriamente dita e não há um interesse
particular na sua causa sendo importante apenas a manifestação realizada pelo aprendiz
para relacionar de forma interativa o novo conhecimento com a sua estrutura cognitiva
prévia através dos processos de diferenciação e integração.
3.2.2 Influência da Teoria da Aprendizagem Significativa sobre a
aplicação da pesquisa.
A abordagem da Física de Partículas realizada neste trabalho teve como um
dos seus elementos norteadores a Teoria da Aprendizagem Significativa. Como já vimos,
para esta teoria o elemento considerado mais importante para construção de significados
é o conhecimento prévio do aluno. Por isso, as atividades que foram implementadas
43
tiveram sempre na sua fase inicial a preocupação de tentar revelar ao máximo tal
conhecimento.
Iniciamos a pesquisa com a escolha da turma. Como o número programado
de aulas era pequeno optamos por escolher uma turma que já tivesse tido contato com a
disciplina Química Geral, pois nela o aluno estuda a estrutura da matéria e entra em
contato com os diversos modelos atômicos Clássicos. Este conhecimento inicial, apesar
de não ter o mesmo arcabouço teórico da Física de Partículas é um excelente ponto de
partida para introduzir as novas ideias sobre a estrutura do átomo, pois o confronto entre
estes modelos vai mostrando a ineficácia das teorias clássicas para explicar os novos
fenômenos. Isto está de acordo com a ideia de que o conhecimento prévio não é um mero
ancoradouro para o novo conhecimento já que durante a interação ele se modifica e se
torna mais diferenciado.
Na sequência foi aplicado um questionário pré-teste com questões que
discorriam sobre modelos atômicos, o modelo padrão de partículas e interações
fundamentais. O intuito era reconhecer o tipo e o nível de conhecimento dos alunos sobre
o tema. Estas informações serviram como suporte para estruturar as ações que foram
implementadas durante a aplicação da pesquisa na busca da aprendizagem significativa.
Durante a aplicação propriamente dita foi feito em cada uma das atividades
uma roda de conversa onde era retomado o que tínhamos discutido no encontro anterior,
mas o principal objetivo era ter mais uma oportunidade para reconhecer o conhecimento
prévio do aluno. Para isso, me colocava na posição de mediador alimentando as
discussões com perguntas que estimulassem os alunos a falar sobre a temática. O objetivo
naquele momento não era de fazer correções sobre as incoerências que este ou aquele
aluno proferisse e sim captar o máximo de informações possível sobre a visão deles sobre
o tema. Esta etapa me levou a redimensionar o planejamento em muitos momentos, pois
indicou os pontos que deveria dedicar maior atenção.
Uma das condições para que a aprendizagem significativa ocorra é que o
material utilizado seja potencialmente significativo. Foi utilizado uma sequência de
ensino em que se partiu de conceitos mais gerais e inclusivos para só depois abordar os
mais específicos. Houve em todo o momento a preocupação com o sequenciamento lógico
do conteúdo. Vídeos, exercícios e o produto educacional foram utilizados dentro destes
parâmetros e com o objetivo de ajudar o aluno a relacionar o novo conhecimento com a
sua estrutura cognitiva e assim facilitar a geração de significados.
44
A segunda condição que deve ser satisfeita para se atingir aprendizagem
significativa é que o aprendiz tenha predisposição para aprender. Neste caso as ações
realizadas buscaram catalisar esta predisposição. Neste sentido, o aluno foi chamado a
participar do processo tendo durante os encontros abertura para se expressar e manusear
o recurso educacional. O estímulo a esta postura ativa do aluno teve como fim ajudá-lo a
perceber as conexões entre o que ele sabe e o que pretende aprender facilitando a
integração de conceitos e posteriormente geração de significados. Moreira (2012, p.23)
afirma que:
A facilitação da aprendizagem significativa depende muito mais de uma nova
postura docente, de uma nova diretriz escolar, do que de novas metodologias,
mesmo as modernas tecnologias de informação e comunicação.
No próximo capítulo estudaremos a evolução das ideias sobre a estrutura do
átomo ao longo do tempo terminando com o estudo do Modelo Padrão de Partículas e
Interações.
45
CAPÍTULO 4
4 Física de Partículas
Desde a antiguidade o homem manifesta preocupação com a constituição da
matéria e para isto foram propostos vários modelos para tentar explicá-la. Os primeiros
modelos utilizaram sobretudo elementos naturais para buscar a essência da matéria sendo
um dos mais conhecidos a Teoria dos Quatro Elementos proposta por Empedócles, por
volta do século V a.C, e depois retomado por Aristóteles por volta de 350 a.C. Segundo
esta teoria a matéria seria composta pelos elementos terra, fogo, ar e água influenciados
pelas qualidades opostas úmido/seco e quente/frio que poderiam transformar um
elemento em outro. Cada um dos elementos tinha um lugar natural que seguia a sequência:
terra, na sequência viria a água, depois o ar e acima de todos o fogo. Para esta teoria os
corpos celestes seriam formados por um quinto elemento que ficou conhecido como éter.
Este e tantos outros modelos semelhantes que foram propostos constituem o ponto de
partida para desvendar a origem da matéria e por isso têm importância histórica
imensurável.
As explicações mais atuais para origem da matéria foram surgindo com o
desenvolvimento do método experimental onde passou-se a ter a preocupação de propor
modelos que encontrassem respaldo nele. O desenvolvimento crescente de tecnologias
amparado por grandes investimentos de recursos e as atividades cooperativas de cientistas
de várias partes do mundo contribuíram para o grande desenvolvimento das ideias sobre
a constituição da matéria. Hoje, podemos dizer, que a Física de Partículas, área de
pesquisa que estuda as partículas constituintes dos átomos e suas interações, é uma das
áreas mais ativas das pesquisas em Física.
A seguir descreveremos a evolução das ideias sobre a constituição da matéria
desde a antiguidade até os dias atuais.
4.1 Breve histórico sobre a evolução dos modelos atômicos
4.1.1 Modelo atômico de Dalton
46
As ideias sobre a constituição da matéria remontam a antiguidade tendo
destaque aquelas propostas pelos filósofos pré-socráticos e por Aristóteles. Estas ideias,
de forma geral, utilizavam elementos da natureza para explicar a constituição de todos os
materiais. As primeiras ideias sobre átomos como constituintes fundamentais da matéria
foram formuladas por Leucipo e Demócrito no século V a.C, mas foi Dalton (1766 –
1844), que muito tempo depois, retomou estas ideias e conseguiu dar base científicas a
elas através dos resultados de experimentos com gases e utilização das leis Ponderais de
Proust e Lavoisier. Para ele a matéria é formada por átomos que seriam bolinhas
extremamente pequenas, maciças, indivisíveis e indestrutíveis. Este modelo proposto em
1808 ficou conhecido como Modelo da Bola de Bilhar.
Segundo Martins (2001, p. 9) a teoria atômica de Dalton estava baseada nos
seguintes postulados:
Os elementos químicos consistem de discretas partículas de matéria, os
átomos, que não podem ser subdivididos por qualquer processo químico
conhecido e preservam as suas individualidades nas reações químicas. Todos
os átomos de um mesmo elemento são idênticos em todos os aspectos,
particularmente em peso – diferentes elementos têm átomos diferindo em
peso. Cada elemento é caracterizado pelos pesos de seus respectivos átomos
.
O modelo de Dalton, apesar dos inúmeros problemas que serão resolvidos
pelos modelos subsequentes, como por exemplo, não contemplar a natureza elétrica da
matéria, teve grande importância para o desenvolvimento das ideias sobre a constituição
da matéria e fez com que a Química progredisse bastante nesta área. A trajetória seguida
pela ciência não é linear e as novas ideias e descobertas são um ponto de partida para que
a ciência continue aprimorando-as ou ratificando-as.
4.1.2 Modelo atômico de Thomson
Os experimentos com radioatividade e as discussões e descobertas no campo
da eletricidade foram as forças motrizes para o desenvolvimento das ideias sobre a
estrutura do átomo desenvolvidas no final do século XIX e início do século XX. Foi
exatamente a relação entre eletricidade e matéria que propiciou a formulação de modelos
atômicos que levassem em consideração o caráter elétrico do átomo e sua divisibilidade
o que não tinha sido contemplado por Dalton.
47
Nesta época, Wiliam Crookes (1832 – 1919) realizou experimentos com
descargas elétricas em gases utilizando tubos de vidro (conhecidos posteriormente como
ampolas de Crookes) a baixíssimas pressões (10-6 a 10-8 atm) e altas voltagens (100.000
V) que eram conseguidas através da indução de Faraday. Estes experimentos foram
responsáveis pela identificação dos raios catódicos, raios X e raios canais. Havia muitas
discussões sobre a constituição dos raios catódicos e coube a Joseph John Thomson
(1856-1940) a elucidação deste problema. Ele chegou à conclusão de que estes raios
seriam partículas negativas intitulados de corpúsculos e que hoje conhecemos por
elétrons. Para Caruso e Guri (1997, P.328):
Somente com o aperfeiçoamento das técnicas com trabalho com vidro e das
máquinas de fazerem vácuo, que foi possível a construção de aparatos,
chamados de tubos de raios catódicos, considerados os primeiros aceleradores
de partículas.
As discussões sobre a origem da eletricidade, a periodicidade das
propriedades dos elementos químicos e como os átomos se ligam para formar moléculas
tomaram novos rumos a partir da identificação dos elétrons. Thomson conseguiu medir a
relação entre a massa (m) e a carga elétrica do elétron (e) m/e e Robert Milikan (1868-
1953) conseguiu medir a carga do elétron posteriormente. Percebe-se nos trabalhos de
Thomson a preocupação para desvendar a natureza elétrica do átomo e sobretudo uma
grande evolução sobre sua concepção sobre a estrutura do átomo que se modificou
bastante a medida que seus estudos iam se desenvolvendo e pelo contato com diferentes
referenciais teóricos.
Em linhas gerais, o modelo atômico proposto por Thomson contemplava a
neutralidade do átomo e seria formado por uma esfera positiva incrustada por elétrons
que se deslocariam no seu interior garantindo a neutralidade. Thomson não explicou a
origem da carga positiva focando seu trabalho apenas nos elétrons. O átomo teria o
aspecto de ameixas em um pudim e por esse motivo ficou conhecido como “modelo
pudim de ameixa” ou “pudim com passas”. Sendo assim, foi o primeiro modelo a levar
em consideração divisibilidade do átomo. Abdalla (2006a, p.35) destaca as principais
características do átomo neste modelo:
...o átomo seria formado por uma massa uniforme carregada positivamente, suplementada por cargas esparsas carregadas negativamente. Os elétrons seriam atraídos ao centro da distribuição de cargas positivas e repelidos entre si pela lei de Coulomb. O estado estável do átomo nesse modelo seria atingido quando as duas forças, de atração e de repulsão, se equilibrassem.
48
A identificação dos elétrons realizada por Thomson deu um impulso
gigantesco nas ideias sobre a relação entre matéria e eletricidade o que para a Química
permitiu a explicação, por exemplo, das propriedades periódicas, ligações químicas e
formação dos íons.
4.1.3 Modelo atômico de Rutherford
Ernest Rutherford (1871-1937) foi discípulo de Thomson no Laboratório de
Cavendish e se dedicou a pesquisa sobre radioatividade e Física Nuclear recebendo o
Prêmio Nobel de Química, em 1908, por investigações na desintegração de elementos e
na Química de substâncias Radioativas. Trabalhando com o Urânio, Rutherford e o
químico Frederick Soddy (1877-1956), detectaram dois tipos de radiação emitidas por
este elemento que foram denominadas de raios beta e raios alfa. Rutherford determinou a
relação entre a massa e a carga das partículas alfa e interpretou estas partículas como
sendo núcleos de hélio. Os experimentos com estas partículas foram essenciais para a
formulação do modelo atômico de Rutherford posteriormente.
Rutherford, com a colaboração de seus alunos Hans Geiger (1882-1945) e
Ernest Marsden (1889-1970), realizou uma série de experiências com partículas alfa para
avaliar seu poder de penetração e seus desvios ao tentar atravessar finíssimas lâminas de
metal sendo obtido maior sucesso com as de ouro.
Figura 01: Aparato utilizado na experiência de Rutherford
Fonte: http://images.slideplayer.com.br/1/294627/slides/slide_4.jpg
49
Nestes experimentos ele verificou que a maioria das partículas atravessou a
lâmina sem sofrer desvios, alguma retrocederam e outras foram desviadas de sua trajetória
original. Os resultados demonstraram que a lâmina não é formada por átomos maciços e
justapostos como se acreditava pois, as partículas alfas a atravessavam como se fosse uma
peneira o que o levou a concluir que os átomos seriam formados por grandes espaços
vazios. Para Rutherford a carga positiva não estaria distribuída pelo átomo como
acreditava Thomson e sim se concentrava em uma região central (núcleo) o que
ocasionaria os desvios ou a volta das partículas alfa quando passassem próximas ou
atingissem o núcleo em cheio respectivamente. Isto teria como causa a repulsão elétrica,
já que as partículas alfas são positivas também. O total de partículas que não sofriam
desvio levou Rutherford a concluir que a região central (núcleo) seria muito pequena
quando comparada com a região periférica (eletrosfera).
De forma geral, o modelo atômico proposto por Rutherford, proposto em
1911, tem uma região central positiva, muito pequena, compacta e onde se concentraria
a maior parte da massa do átomo e uma região periférica onde circulariam as partículas
com carga negativa (elétrons) e entre elas grandes espaços vazios. Estabelecia-se assim a
noção de núcleo atômico, que concentraria, segundo Rutherford, praticamente toda a
massa do átomo, ficando os elétrons orbitando ao seu redor (EISBERG e RESNICK,
1985). Observa-se que este modelo é semelhante ao sistema solar onde o sol seria o núcleo
e os planetas os elétrons.
Os elétrons se manteriam ligados ao núcleo através da força elétrica que faria
o papel de força centrípeta mantendo-os em movimento circular. Apesar dos dados
experimentais consistentes este modelo tinha alguns problemas relacionados a sua
estabilidade. Um deles diz respeito ao seu núcleo que devido a repulsão elétrica deveria
se desfazer e o outro diz respeito a contrariedade às leis de Maxwell sobre eletrodinâmica
que afirmavam que partículas elétricas em movimento irradiam energia continuamente o
que faria com que os elétrons se deslocassem em espiral e caíssem sobre o núcleo. As
respostas para estes problemas seriam dadas posteriormente com o modelo de Bohr, a
descoberta dos nêutrons e da força forte.
4.1.4 Modelo atômico de Bohr
50
O modelo atômico proposto por Niels Bohr (1885-1962) utilizou o arcabouço
geral do Modelo de Rutherford, mas se preocupou em resolver suas incoerências. O
principal problema do Modelo de Rutherford era o de não obedecer ao
Eletromagnetismo clássico Maxwell que afirmava que uma carga elétrica em
movimento acelerado emitia continuamente energia. Esta teoria aplicada aos elétrons
faria com que eles realizassem uma trajetória em espiral em torno do núcleo e caíssem
sobre ele o que tornava o modelo inviável. Para resolver este problema Bohr recorreu
a teoria quântica proposta por Planck segundo a qual, no mundo subatômico, as
partículas obedeciam outras leis como já indicava o efeito fotoelétrico e o estudo dos
raios Roentgen. Desta forma, a energia não é emitida de forma contínua como se
acreditava, mas em pacotes de energia bem definidos conhecidos como quantum de
energia. Abdalla (2006a, p.23) esclarece como isto ocorre:
A absorção e a emissão de energia pela matéria dá-se através de “pacotes
discretos”, ou seja, quantidades bem definidas de energia. Quando vemos
uma brasa brilhando na fogueira, percebemos a emissão de calor – radiação
infravermelha – como um processo contínuo; entretanto, isso se deve ao
enorme número de “pacotes de energia” emitidos pelos átomos de carbono
do carvão. No nível atômico, a emissão dá-se efetivamente através de
“pacotinhos de calor” (ABDALLA, 2006a, p. 23).
O modelo proposto por Bohr em 1913 tem como pressupostos básicos os
seguintes:
1- O movimento do elétron ao redor do núcleo atômico é descrito pelas leis de
Newton o que não acontece durante as transições entre órbitas.
2- O elétron pode ocupar apenas certas órbitas especiais ao redor do núcleo. Estas
órbitas especiais são determinadas impondo, como condição, que o momento
angular do elétron ao redor do núcleo só pode ter valores que são múltiplos
inteiros da constante de Planck (h) dividida por 2π. Isto é o que conhecemos por
quantização do momento angular que pode ser representada pela expressão:
3- As órbitas possíveis para os elétrons são estacionárias, ou seja, quando um elétron
está girando em uma delas ele não emite nem absorve energia. Estas órbitas são
denominadas assim de níveis de energia.
51
4- O elétron pode passar de um estado estacionário para outro por emissão ou
absorção de radiação eletromagnética que depende da frequência e que obedece a
equação de Planck.
Onde E é a energia emitida ou absorvida, һ é a constante de Planck (6.63 a
10-34 J.s = 4.14 a 10-15 ev.s), ν é a frequência, c é a velocidade da luz e λ o comprimento
de onda.
O modelo de Bohr foi o primeiro admitir a quantização e, por conseguinte a
adotar as ideias da Mecânica Quântica. Este modelo foi sendo aperfeiçoado a medida que
a mecânica Quântica foi se desenvolvendo. Podemos destacar os cientistas Arnold
Sommerfeld, Louis de Broglie, Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger como os
principais responsáveis pela evolução do modelo de Bohr até chegar concepção atual de
átomo.
Arnold Sommerfeld foi responsável pela descoberta dos subníveis através do
estudo de espectros de emissão de átomos. Ele identificou nas camadas órbitas elípticas
que correspondem a estes subníveis.
Louis de Broglie utilizando as equações de Einstein e Planck introduziu o
comportamento dual da matéria onde todas as partículas de matéria em movimento
apresentariam propriedades ondulatórias o que ficou conhecido como Dualidade
Partícula-Onda. O elétron por exemplo tem comportamento ondulatório.
Werner Heisenberg, em 1927 enunciou o Princípio da Incerteza, segundo o
qual é impossível conhecer simultaneamente a velocidade e a posição de um elétron.
Para Russel (1994, p.159) este princípio afirma que:
Quanto mais perto tentarmos olhar uma partícula diminuta, tanto mais difusa
se torna a visão da mesma. Para um elétron, somos forçados a concluir que
qualquer retrato físico ou qualquer modelo mental da estrutura do átomo não
deverá simultaneamente localizar o elétron e descrever o seu movimento.
Assim, se troca a certeza de encontrar um elétron pela probabilidade de
encontrá-lo. As regiões onde há maior probabilidade de se encontrar o elétron são os
orbitais. Para a mecânica quântica o comportamento de sistemas microscópicos deve ser
feito em função probabilidades e são descritos através de funções de onda.
52
Utilizando as ideias de de Broglie sobre a Dualidade Partícula-onda, Erwin
Schrödinger em 1926 formulou a equação que descreve o comportamento não apenas de
átomos simples como o de hidrogênio, mas também de sistemas complexos o que não
era possível com o modelo de Bohr. A equação de Schrödinger fornece todas as
informações associadas à partícula que se movimenta em três dimensões nos estados de
energia permitido e pode ser representada por:
onde Ψ é a função de onda associada à partícula, m é a massa, E, a energia total do
sistema, e V , a energia potencial da partícula.
Cada elétron é cacterizado por quatro parâmetros denominados de números
quânticos que são: principal, secundário, magnético e spin. Para um mesmo átomo não
há dois elétrons que apresentem os mesmos números quânticos.
4.2 Mecanismos utilizados para detecção de partículas subatômicas
Um dos mecanismos utilizados para o estudo de partículas subatômicas é a
utilização dos raios cósmicos. Estes são partículas com alto poder de penetração, grande
quantidade de energia e que se deslocam com velocidades próximas a da luz. A terra é
continuamente bombardeada por estes raios que por transportarem grandes quantidades
de energia provocam a desintegração de partículas dispersas na atmosfera originando uma
espécie de reação em cadeia conhecida como chuveiro de partículas ou chuva de
partículas. Estas partículas sensibilizam emulsões fotográficas que permitem aos
cientistas o estudo delas. Como a energia inicial vai diminuindo durante os choques,
aqueles que ocorrem próximos a superfície terrestre tem poder de desintegração menor
daí a técnica de tentar coletar informações em altitudes maiores.
O segundo mecanismo de detecção de partículas utilizado é o que
denominamos de aceleradores de partículas sendo hoje, o Large Hadron Collider (LHC)
ou grande colisor de hádrons o maior e mais importante. Estes dispositivos, como o
próprio nome sugere, aceleram partículas eletrizadas como prótons ou íons pesados, em
particular o chumbo, através de campos eletromagnéticos. O LHC faz isso através de
cerca de 9500 poderosos ímãs.
53
Estas partículas são aceleradas em sentidos opostos de tal maneira que
possam colidir entre si com grande quantidade de energia, cerca de 13TeV durante a
colisão, ocasionando a desintegração em outras partículas. As partículas resultantes destas
desintegrações sensibilizam os sensores colocados nas paredes do acelerador e que serão
estudadas por supercomputadores para que possam ser identificadas. A maior parte
destas partículas são instáveis e por isso, existem por apenas frações de segundo sofrendo
processos como decaimentos para se transformarem em partículas estáveis.
Quanto maior a quantidade de energia cedida por estes dispositivos maior será
poder de desintegração. Nestes aceleradores são criadas condições semelhantes às que
existiam durante o Big Bang sendo originados miniburacos negros. É em virtude desta
situação que se investe cada vez mais dinheiro para se construir aceleradores que
consigam fornecer mais energia, pois estes permitirão a descoberta de um número maior
de partículas.
O LHC é uma prova desta situação. Este complexo está ligado ao CERN
(Organização Europeia para Pesquisa Nuclear) sendo formado por um enorme tubo
circular com circunferência de 26,7 km e diâmetro de 7 m localizado a cerca de 100 m
abaixo do solo na periferia da cidade de Genebra, na Suíça. Para sua construção estima-
se que foram gastos cerca de 10 bilhões de dólares. A sua construção está intimamente
ligada a comprovação da existência da partícula conhecida como Bóson de Higgs que foi
detectada recentemente.
4.3 Modelo padrão de partículas e interações
A indivisibilidade do átomo caiu por terra após a descoberta do elétron
realizada por Thomson. Na sequência, Rutherford, em 1919, descobriu o próton como
principal constituinte do núcleo e em seguida seu ex-aluno, James Chadwick, em 1932,
descobriu o nêutron. Com o aperfeiçoamento dos métodos de detecção de partículas,
como por exemplo, a construção de aceleradores que trabalham com maior quantidade de
energia, percebeu-se que o átomo é constituído por uma infinidade de outras partículas e
que prótons e nêutrons não são partículas elementares como se acreditava. Para o nosso
estudo, uma partícula será considerada elementar quando não tiver estrutura interna.
Na busca dos constituintes fundamentais da matéria os cientistas foram
catalogando uma infinidade de partículas diferentes o que torna difícil para uma só pessoa
54
saber o nome de todas elas. Hoje, sabemos que tudo que conhecemos é formado por dois
tipos de partículas elementares que são os Quarks e os Léptons. Estas formam a categoria
denominada de férmions por possuírem spin semi-inteiro e obedecerem ao Princípio de
Exclusão de Pauli. Os Quarks nunca foram detectados de forma isolada e por isso
originam outras partículas conhecidas como hádrons (pesado) através da combinação de
seus tipos. Os Bárions são formados por três quarks ou três antiquarks já os mésons são
constituídos por um quark e um antiquark. Os bárions mais importantes são os prótons e
nêutrons já quanto aos mésons podemos destacar o méson л. Os léptons podem ser
encontrados isolados na natureza.
Existem seis tipos de quarks e seis tipos de léptons. Os quarks apresentam
uma propriedade que os léptons não possuem que é a carga cor. Esta propriedade está
intimamente relacionada com força entre quarks e não com cor (tonalidade) propriamente
dita. Sendo assim, cada quark pode se apresentar nas cores vermelho, verde e azul o que
faz o número de quarks crescer para dezoito. Para cada quark ou lépton há uma anti-
partícula associada. A anti-partícula apresenta a mesma massa, spin e paridade de uma
partícula, porém carga elétrica oposta. O pósitron é a anti-partícula do elétron. Esta
partícula foi prevista por Dirac em 1928 e descoberta em 1932 por Carl Anderson.
Quando uma partícula encontra sua anti-partícula elas podem se aniquilar dando origem
a energia sobre outras formas. No caso da aniquilação entre elétron e pósitron há a
formação de dois raios gama.
Com as anti-partículas o número de partículas cresce para trinta e seis quarks
e doze léptons.
Os seis quarks são: up (u), down (d), charme (c), estrange (s), bottom (b)
e top (t). Os prótons são formados pela combinação de dois quarks up e um quark down
(uud) e o nêutron por um quark up e dois quarks down (udd). A combinação de quarks
deve originar partículas sem cor ou branca, fazendo aqui uma analogia com a tonalidade.
Os seis léptons são: elétron (e), tau (τ), muon (μ), neutrino do elétron
(νe), o neutrino do tau (ντ) e o neutrino do muon (νμ). O termo “lépton” vem do grego
e significa leve. Estas partículas não apresentam a propriedade carga cor e por isso não
estão sujeitas a força nuclear forte, característica dos quarks. O lépton mais conhecido é
o elétron que comparado com prótons e nêutrons é única destas partículas que pode ser
considerada elementar atualmente.
55
Os neutrinos, como o próprio nome sugere, são partículas sem carga elétrica
e de massa muito pequena. Wolfgang Pauli, em 1930 conjecturou a sua existência, mas
só foram descobertos em 1956. A detecção de neutrinos é muito difícil em virtude de
serem capazes de atravessar a matéria facilmente sem interagir com ela. Devido a esta
propriedade os neutrinos ficaram conhecidas como partículas fantasmas. O neutrino do
elétron é o mais presente no nosso cotidiano. A terra é bombardeada por uma quantidade
enorme destas partículas que são originadas em reações que ocorrem no sol. Só para
termos uma ideia, o nosso corpo é atravessado por cerca de 600 trilhões destas partículas
a cada segundo.
A outra categoria de partículas são os Bósons. Eles têm spin inteiro e não
obedecem ao Princípio da Exclusão de Paulli. São conhecidos como mediadores de força.
Segunda as novas concepções, o mecanismo de atuação das forças fundamentais ocorre
através da troca de partículas. Sendo assim, associamos a cada uma destas forças uma
partícula responsável pelo seu mecanismo de interação. A força nuclear forte é mediada
pelos gluons, a eletromagnética pelos fótons, a fraca pelas partículas W-Z e a
gravitacional pelos grávitons. O gráviton ainda não foi detectado. O Esquema abaixo
representa de forma esquemática o que denominamos de Modelo Padrão de Partículas e
Interações:
Figura 02: Esquema do Modelo Padrão de Partículas
Fonte: http//www.omartelo.com/omartelo24/mat6_boson_particulas_big.jpg
56
Podemos utilizar o mapa conceitual a seguir para termos uma visão geral do
que foi exposto:
Figura 03: Mapa conceitual da partículas elementares e interações
Fonte: Mapas Conceituais e Diagramas em V (M. A. Moreira, 2006)
4.4 Interações fundamentais
As quatro forças fundamentais da natureza são: a Gravitacional, a
eletromagnética, a nuclear forte e nuclear fraca. Todas as outras forças são espécies de
uma destas categorias. A explicação para os mecanismos de interação que originam estas
forças evoluiu bastante. Foi abandonado o conceito de ação-a-distância e introduzido o
conceito de campo como sendo a região em torno do corpo modificada pela sua presença
e que funcionaria como um transmissor de forças. Em seguida a Teoria Quântica de
57
Campos introduziu o conceito de partículas mediadoras das forças. Neste caso a interação
se dá através da troca destas de partículas mediadoras.
Cada tipo de força possui a sua partícula mediadora sendo os gluons para a
força nuclear forte, os fótons para a eletromagnética, as partículas W-Z para a força
nuclear fraca e o gráviton para a gravitacional.
A força gravitacional é a responsável pela atração entre massas e é
considerada de longo alcance. Ela é a menor das forças decaindo com o inverso do
quadrado da distância entre os corpos, mas tem grande alcance de atuação.
Esta força foi descrita inicialmente por Isaac Newton e posteriormente
ganhou novo status com a teoria da Relatividade Geral de Einstein para situações em que
efeitos relativísticos começam a ocorrer. Na escala atômica a teoria que vem sendo
desenvolvida é denominada de Gravitação Quântica que leva em consideração, por
exemplo a Teoria das Supercordas. Como a Gravitação Quântica ainda não está
sedimentada a força gravitacional está fora do Modelo Padrão. Os grávitons que são os
quanta da força gravitacional não foram detectados.
Apesar de estar presente em todos os contextos que envolvam massas ela tem
destaque maior no mundo macroscópico, como por exemplo o movimento planetário ou
a força entre a terra e os objetos nas suas proximidades.
A força eletromagnética é a responsável pela interação entre corpos que tenha
a propriedade da carga elétrica. Diferentemente da força gravitacional que é sempre
atrativa, a eletromagnética pode ser atrativa ou repulsiva. Esta força também é
considerada de longo alcance decaindo com o inverso do quadrado da distância entre os
corpos carregados, mas tem intensidade bem maior do que a gravitacional. A força
eletromagnética é responsável por exemplo por manter os elétrons em torno do núcleo e
pelas ligações moleculares que terão repercussão direta na formação das substâncias.
Os quanta da força eletromagnética são os fótons, ou seja, quando dois corpos
carregados eletricamente estão interagindo o fazem através da troca destas
partículas. James Clerck Maxwell foi o grande nome do eletromagnetismo, mas a sua
teoria ainda estava ligada aos conceitos clássicos. Mais tarde sua teoria foi unificada com
a Mecânica Quântica dando origem a uma nova área de estudo, a Eletrodinâmica
Quântica.
A força nuclear forte é a responsável pela estabilidade do núcleo dos átomos.
Um dos problemas dos modelos atômicos anteriores era explicar como os prótons que
têm carga positiva conseguem se manter juntos na formação do núcleo já que existe entre
58
eles uma força elétrica de repulsão. Yukawa, em 1934 foi o primeiro a tentar resolver este
problema que só encontrou resposta final com o advento da Cromodinâmica a partir de
1970.
Esta força tem como quanta os gluons que mediam a interação entre as
partículas formadas por quarks. Sendo assim, ela é responsável por manter juntos os
prótons e nêutrons na formação do núcleo atômico e pela união entre os quarks na
formação dos hádrons. Esta força tem uma magnitude bem maior que as outras forças,
mas por ser uma força de curto alcance só é efetiva quando os corpos estão muito
próximos, ou seja, só atua na escala nuclear e subnuclear.
A força nuclear fraca está relacionada aos processos radioativos em que
núcleos instáveis decaem e emitem partículas como ocorre por exemplo no decaimento
beta. Em 1968, Sheldon Glashow, Abdus Salam e Steven Weinberg unificaram a força
eletromagnética e a interação fraca dando origem a força eletrofraca. Mesmo tendo
características distintas estas forças teriam uma origem comum o que tornou possível a
unificação.
Esta força é mediada através das partículas W-Z e atua em fenômenos
importantes como a produção da energia pelo sol.
59
CAPÍTULO 5
5. Metodologia e Intervenção em sala de aula
5.1Metodologia
Metodologia corresponde aos caminhos que são percorridos durante a
pesquisa em busca dos objetivos traçados. Minayo (2007, p. 44) define metodologia:
(...) a) como a discussão epistemológica sobre o “caminho do pensamento” que
o tema ou o objeto de investigação requer; b) como a apresentação adequada e
justificada dos métodos, técnicas e dos instrumentos operativos que devem ser
utilizados para as buscas relativas às indagações da investigação; c) e como a
“criatividade do pesquisador”, ou seja, a sua marca pessoal e específica na
forma de articular teoria, métodos, achados experimentais, observacionais ou
de qualquer outro tipo específico de resposta às indagações específicas.
Sendo assim podemos classificar esta pesquisa como um estudo de caráter
descritivo, pautado na abordagem indutiva em relação a parte de campo e dedutiva em
relação a revisão de literatura configurando um estudo de caso desenvolvido através de
questionários do tipo diagnóstico.
A pesquisa descritiva permite que os fatos sejam observados, registrados e
analisados sem manipulação destes pelo pesquisador. Dessa forma oferece um maior
conhecimento da realidade para posteriores intervenções, se assim os resultados exigirem.
O método indutivo é aquele que parte de constatações particulares e caminha em direção
aquelas mais gerais como leis e teorias (conexão ascendente) enquanto o dedutivo segue
o caminho inverso (conexão descendente) (Marconi & Lakatos, 2001).
Quanto a abordagem a pesquisa pode ser considerada do tipo qualitativa, mas
tendo também aspectos quantitativos. O objetivo é avaliar se a sequência didática
escolhida e os procedimentos para sua implantação foram eficazes para abordar a Física
de Partículas no EM.
O primeiro passo para a aplicação da pesquisa foi o desenvolvimento do
Produto Educacional que consiste numa sequência de ensino amparada pelo recurso
intitulado Baú das Partículas Fundamentais e Interações. A sequência é composta pelos
seguintes passos:
60
- Primeiro momento: Este momento foi intitulado de Roda de Conversa.
Nele a sala é disposta em forma de círculo onde o professor atua como mediador
instigando o debate através de perguntas que levem o aluno a se expressar e, por
conseguinte revelar suas concepções sobre o tema. A função do professor nesta etapa não
é a de fornecer respostas para as perguntas formuladas e sim a de reconhecer o
conhecimento prévio dos alunos incluindo aí as concepções alternativas.
- Segundo Momento: Utilização de material instrucional potencialmente
significativo como o vídeos e textos impressos. Após a utilização do material a discussão
é retomada sendo que neste momento o professor deverá direcioná-la para os pontos que
se mostraram mais obscuros no primeiro momento.
- Terceiro Momento: Aula expositiva amparada pela utilização do produto
educacional ou outro recurso.
- Quarto Momento: Aplicação de avaliação para identificar indícios de
aprendizagem significativa.
O Baú das Partículas Fundamentais e Interações foi inspirado na obra “O
Discreto Charme das Partículas Elementares” (2006) escrita por Maria Cristina Batoni
Abdala. O objetivo foi montar algo que levasse o aluno visualizar o modelo padrão de
partículas tendo-se o cuidado de minimizar os obstáculos epistemológicos de
representação. Assim optou-se por uma caixa de madeira com divisórias organizadas de
forma esquemática que permitissem uma visão geral do modelo padrão e algumas de suas
simetrias. As partículas foram representadas por fractais que por terem formato irregular
minimizam os problemas representacionais gerados pelo modelo de bolinhas utilizado em
Química.
O segundo passo foi a escolha da turma para a aplicação da pesquisa. Para
realizar tal escolha foram levados em consideração os seguintes critérios.
- Ser o pesquisador o titular da disciplina;
- O número de alunos;
- Ter cursado a disciplina de Química Geral;
Sendo o pesquisador o titular da disciplina ele detém conhecimento sobre as
peculiaridades da turma quanto a comportamento, nível de aprendizagem e tipos de
atividades passíveis de gerar mais significados. Este conhecimento preliminar ajuda
muito na condução de atividades sobretudo quando estas se concentram num curto
intervalo de tempo como foi o caso desta pesquisa.
61
Atividades colaborativas tem por objetivo tirar o aluno do polo passivo e
integrá-lo ao processo de ensino-aprendizagem na busca de aprendizagem significativa.
Por gerarem grande intercâmbio de relações estas atividades são difíceis de serem
implementadas em turmas numerosas daí a escolha por uma turma com menor número de
alunos.
A prerrogativa da turma ter cursado Química geral se deve ao objeto de estudo
desta que inclui a estrutura da matéria e consequentemente a evolução dos modelos
atômicos. Mesmo sabendo que o estudo de tais modelos geralmente se limita as ideias
clássicas isto constitui um excelente ponto de partida para a implementação da pesquisa
em virtude da possibilidade dos alunos já terem subsunçores que possam se relacionar
com o estudo que será realizado.
O terceiro passo foi a intervenção propriamente dita que será discriminada a
seguir.
5.2 Intervenção
A intervenção ocorreu através de cinco encontros que totalizaram um total de
12 horas-aula. Sendo que cada encontro seguiu as seguintes diretrizes:
1º Encontro (1 hora-aula):
- Esclarecer a importância do trabalho e procedimentos que seriam adotados;
- Aplicar o questionário pré-teste;
2º Encontro (3 hora-aula):
- Apresentar ao aluno a Física do seu tempo mostrando quais são os novos campos de
estudo e a sua repercussão direta nos avanços da ciência e tecnologia;
3º Encontro (3 horas-aula):
- Mostrar os mecanismos de pesquisa e as dificuldades encontradas para se estudar coisas
muito pequenas como o mundo atômico;
- Levar o aluno a perceber a importância dos modelos científicos para representar coisas
inacessíveis aos nossos sentidos;
62
- Acompanhar a evolução das ideias sobre a estrutura da matéria através da evolução dos
modelos atômicos;
4º Encontro (3 horas-aula):
- Reconhecer que o mundo atômico é uma “caixinha” recheada por uma quantidade
enorme de corpúsculos formados pela interação de partículas elementares.
- Compreender os mecanismos de interação entre as partículas
5º Encontro (2 horas-aula):
- Familiarizar o aluno com o modelo padrão de partículas;
- Mostrar que a pesar do sucesso do modelo padrão ainda existem muitas perguntas sem
resposta;
- Aplicar o questionário pós-teste.
Em cada um destes encontros foi seguida a sequência de ensino composta
pelos quatro momentos que foram descritos. A turma escolhida foi a do quarto ano
alimentos do Instituto Federal de Educação e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN)
composta por 28 alunos.
O primeiro encontro ocorreu no dia 08 de junho de 2016 no qual houve a
justificativa das razões da pesquisa e aplicação do questionário pré-teste. Os resultados
preliminares do questionário foram tabulados para orientar as ações dos outros encontros.
O segundo encontro ocorreu em 15 de junho de 2016 e teve início com o
primeiro momento da sequência intitulado de roda de conversa. Neste momento foram
feitas perguntas relacionadas a importância da Física para sociedade e sobre seus novos
campos de estudo. O objetivo era avaliar o que o aluno sabia sobre Física Moderna e
Quântica, sobretudo seus campos de estudo e aplicações. As perguntas utilizadas foram:
- A Física vista na escola trata dos avanços tecnológicos e das novas teorias para explicar
a origem da matéria?
- Você já ouviu falar em Albert Einstein? E teoria da Relatividade? Você sabe o que esta
teoria explica?
- E Física Quântica, já ouviu falar? Sabe o que ela estuda? Conhece alguma aplicação?
- Você gostaria que temas como os citados fizessem parte das aulas de Física? Por quê?
Estas foram as perguntas formuladas inicialmente e que serviram de base para
outras indagações minhas e dos alunos a medida que a discussão se processava. Por
63
exemplo, teve aluno que perguntou sobre viagem no tempo, matéria escura e origem da
vida. Uma das alunas leu o Livro Alice no País dos Quanta e queria saber o que eram
mésons e outra leu o livro Anjos e Demônios e perguntou sobre a anti-matéria. Como foi
dito, nesta fase da aplicação a minha função era mediar e instigar as discussões sem
necessariamente responder aos questionamentos. Quando um dos alunos fazia alguma
pergunta esta era direcionada ao grupo para encontrar possíveis respostas.
No segundo momento foram utilizados os textos: A Física no final do século
XIX: Modelos em Crise (http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica05.htm)
e A Física Quântica: O que é, e para que serve?
http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica02.htm). Depois foram retomadas as
discussões tendo como foco agora as incoerências que foram anotadas durante a primeira
discussão.
O terceiro momento consistiu em uma aula expositiva amparada por uma
apresentação de slides com imagens sobre personagens e aplicações da Física.
O quarto momento foi a realização da avaliação que ocorreu em dois estágios.
O primeiro levou em consideração a participação dos alunos durante as discussões e o
segundo foi uma avaliação com questões discursivas retratando a importância da Física
para compreensão do mundo atual e aspectos históricos trabalhados.
O terceiro encontro ocorreu no dia 22 de junho de 2016. A roda de conversa
teve como objetivo avaliar o que o aluno sabia sobre os mecanismos de pesquisa do
mundo atômico, a importância dos modelos para explicar o comportamento das partículas
deste mundo e sobre a evolução dos modelos atômicos. Foram utilizadas inicialmente
nesta etapa as seguintes perguntas:
- Que métodos são utilizados para estudar coisas tão pequenas como átomos?
- Qual a importância dos modelos para representar coisas inacessíveis aos sentidos?
- Como você acha que é um átomo?
- Você conhece algum modelo atômico? Se conhece, como ele está estruturado?
- Porque os modelos atômicos mudaram tanto ao longo do tempo?
- Você sabe qual modelo atômico é aceito atualmente?
Apenas um dos alunos falou sobre o LHC, mas só conhecia praticamente o
nome deste e que estava relacionado as pesquisas em nível atômico sem, contudo, ter
nenhum conhecimento sobre o seu funcionamento. Conheciam de forma geral os nomes
de alguns modelos atômicos, mas ao caracterizá-los havia muita confusão na
diferenciação deles. De forma geral, percebemos que o famoso modelo de bolinhas ainda
64
estava arraigado constituindo uma aprendizagem significativa distorcida em relação aos
reais significados pretendidos.
No segundo momento foi utilizado o vídeo Tudo se Transforma, História
da Química, História dos Modelos Atômicos
(https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY). Posteriormente as discussões
foram retomadas com o direcionamento para os pontos levantados durante a roda de
conversa que se mostraram obscuros e com incoerências.
No terceiro momento foi ministrada uma aula expositiva amparada por uma
apresentação de slides sobre a evolução dos modelos atômicos. Durante a aula foram
utilizadas as informações coletadas nos dois primeiros momentos para direcionar a prática
pedagógica em busca da aprendizagem significativa.
O quarto momento foi a realização da avaliação que ocorreu em dois estágios.
O primeiro levou em consideração a participação dos alunos durante as discussões e o
segundo foi uma avaliação com questões de múltipla escolha e sobre a evolução dos
modelos atômicos.
O quarto encontro ocorreu no dia 29 de junho de 2016. Durante a roda de
conversa foram feitas perguntas para avaliar o nível e o tipo conhecimento dos alunos
sobre a atual constituição do átomo. As perguntas utilizadas para revelar tal conhecimento
foram as seguintes:
- Você sabe o que são e para que servem aceleradores de partículas? Já ouviu falar no
LHC?
- Você já ouviu falar em quarks? E Léptons? Se já, sabe o que são? Sabe o nome de algum
deles?
- Prótons, elétrons E nêutrons são partículas elementares?
- Leu ou assistiu alguma reportagem sobre a descoberta do Bóson de Higgs? Sabe avaliar
qual a importância de tal descoberta para a ciência?
- Que tipos de forças existem na natureza? Você conhece o mecanismo de interação para
que estas forças existam?
- Já ouviu falar sobre o Modelo Padrão de Partículas e Interações?
Alguns alunos relataram que já tinham assistido na televisão alguma
reportagem que mencionava o LHC. Um dos alunos inclusive tinha feito uma pergunta
65
no segundo encontro sobre este equipamento. Apesar de boa parte deles já terem ouvido
falar sobre o LHC não sabiam para que servia e nem seu funcionamento básico.
Apenas três alunos tinham ouvido falar sobre quarks, mas também não
souberam explicar o que eram e nenhum conhecia o termo lépton. Em virtude do terceiro
encontro os alunos sabiam que prótons, elétrons e nêutrons não eram os únicos
constituintes dos átomos o que me deixou feliz por perceber indícios de aprendizagem,
mas ainda acreditavam que nêutrons e prótons eram elementares.
Alguns alunos mencionaram ter lido ou assistido algo sobre o Bóson de
Higgs, e outros reconheceram o tema quando utilizei a expressão partícula de Deus.
Nenhum sabia exatamente qual a importância da descoberta de tal partícula.
Quanto as forças, mencionaram a gravitacional, elétrica, atrito e normal o que
nos leva a perceber a influência do estudo da Mecânica feito no ano anterior. As forças
forte e fraca não foram mencionadas e também não reconheciam os mecanismos aceitos
atualmente para as interações.
O modelo padrão de partículas era totalmente desconhecido. Quando cheguei
com o produto educacional os alunos ficaram inicialmente curiosos e queriam saber do
que se tratava. Aproximaram-se da caixa e pediram para olhar. Permiti que manipulassem
e fiquei observando as reações. Acharam a caixa muito bonita, queriam saber como foi
feita, quanto custou, o que representava as divisórias e os elementos dentro delas. Neste
momento, respondi apenas que seria o principal elemento pedagógico que utilizaríamos
e que trazia um panorama geral da constituição da matéria.
No segundo momento foi utilizado o vídeo Modelo Padrão da Física de
Partículas (https://www.youtube.com/watch?v=Nqi-bM90vfg). Depois de assisti-lo, as
discussões foram retomadas tendo como foco as incoerências e falta de respostas para os
itens do primeiro momento.
O terceiro momento foi uma aula expositiva sobre o modelo padrão de
partículas e interações. Na primeira parte foi utilizado uma apresentação de slides e na
segunda parte o produto educacional.
66
Figura 04 –Registro da aplicação da pesquisa.
Fonte: Pesquisa direta.
O quarto momento foi a aplicação da avaliação. A sala foi dividida em dois
grupos onde cada um deles formulou cinco questões para serem respondidas pelo outro
grupo de forma oral. Nesta etapa houve mais uma oportunidade de dissipar as dúvidas e
sedimentar o conhecimento.
O quinto encontro ocorreu no dia 04 de julho de 2016 e serviu para
sedimentar a ideia do modelo padrão, sua constituição e também as brechas para as quais
ainda não se tem resposta diante de tal modelo. Utilizamos inicialmente o mapa conceitual
de Marco Antônio Moreira:
Figura 05: Mapa conceitual da partículas elementares e interações
Fonte: Mapas Conceituais e Diagramas em V (M. A. Moreira, 2006)
67
Em seguida partimos para a manipulação do produto educacional:
Figura 06 –Registro da aplicação da pesquisa.
Fonte: Pesquisa direta.
O encontro foi finalizado com a aplicação do questionário pós-teste. No
próximo capítulo será realizada análise dos dados dos questionários pré-teste e pós-teste.
68
CAPÍTULO 6
6. ANÁLISE OS RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentadas as análises dos dados dos questionários pré-
teste e pós-teste à luz da literatura revisada.
6.1 Análise dos dados do questionário pré-teste
O questionário aplicado foi composto de 17 (dezessete) perguntas feitas aos
28 (vinte e oito) alunos que concordaram participar da pesquisa.
Questão1:
Gráfico 1 – Resposta da questão 01
Fonte: Elaborado pelo autor.
O objetivo da questão foi avaliar se os alunos tinham conhecimento mínimo
sobre a estrutura da matéria. Como eles já tinham estudado Química Geral deveriam ter
este conhecimento sedimentado. Observa-se que mais da metade da turma marcou o
ítem correto (alternativa: c), mas muitos ainda demonstraram confusão entre átomo e
célula (alternativa: a) e outros não atentaram para algo que se mostrará esssencial para
a pesquisa que é a divisibilidade do átomo (alternativa: b).
O resultado demonstra que um número significativo da turma ainda tem
dúvidas sobre o que se entende atualmente por átomo, sendo necessário durante
aplicação da pesquisa trabalhar melhor este conceito.
18%
29%53%
O que é um átomo?
a) A menor parte que caracteriza um ser vivo.
b) Uma partícula indivisível que forma toda equalquer matéria.c) A menor parte da matéria que caracteriza umelemento químico d) Não sei.
69
Questão 02:
Gráfico 02 – Resposta da questão 02
Fonte: Elaborado pelo autor.
Este questionamento buscava saber se os alunos conheciam como se dava a
construção de um modelo atômico. Como o mundo atômico é inacessível aos nossos
sentidos eles poderiam achar que os modelos eram meras especulações fruto da
imaginação dos cientístas. Observa-se que um percentual elevado da turma marcou o item
correto (alternativa: c) que relaciona as teorias com dados experimentais que as reforçam
demonstrando conhecimento sobre os métodos utilizados pela ciência.
A outra parcela da turma marcou o item b que a pesar de errado não relaciona
os modelos com meros aspectos da imaginação dos cientistas. Como um número
significativo da turma não acertou a questão ela servirá como ponto de orientação durante
a intervenção.
Questão 03:
Gráfico 03 – Resposta da questão 03
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como os alunos já tinham estudado Química Geral deveriam conhecer os
29%
71%
O que é um modelo atômico?
a) Uma representação da estrutura dos átomos fruto daimaginação dos cientistas.
b) Uma representação da estrutura dos átomos fruto daobservação da natureza pelos cientistas.
c) Uma representação da estrutura dos átomos que resultada Integração de dados experimentais e teorias que seajustam.
d) Não sei
21%
54%
25%
Qual é o modelo atômico mais aceito atualmente?
a) Rutherford.
b)Bohr.
c) Quântico.
d) Não sei.
70
modelos atômicos. A pergunta visava saber se o professor de Química tinha abordado o
atual modelo atômico. Percebe-se que apenas 25% da turma marcou o item correto o que
nos leva a acreditar que se o modelo atual foi abordado isto ocorreu de forma superficial
a ponto de não gerar indícios de aprendizagem significativa, pois o aluno se quer lembrou
que ele existe. Veja que o Modelo de Bohr foi o mais escolhido reforçando o que foi dito.
O exame deste item é essencial para direcionar a aplicação da pesquisa que
deverá confrontar os limites da teoria clássica com o surgimento da Mecânica Quântica.
Questão 04:
Gráfico 04 – Resposta da questão 04
Fonte: Elaborado pelo autor.
Aqui buscávamos saber se o aluno tinha conhecimento sobre as regiões
constituintes do átomo e as partículas que as formam. Observamos que o estudo feito na
Química permitiu que 89% da turma marcasse o item correto. Como foi observado na
questão anterior grande parte dos alunos escolheu para o atual modelo atômico Rutherford
e Bohr nos quais as regiões constituintes do átomo e as partículas que as formam são
exaustivamente trabalhadas o que reforça a escolha pelo item c.
Mesmo não sendo um percentual elevado 11% da turma marcou que os
elétrons estão no núcleo o que se mostra preocupante por envolver conhecimentos
básicos.
11%
89%
Fazem parte da constituição do núcleo do átomo?
a) prótons e elétrons.
b) elétrons e neutrinos.
c) prótons e nêutrons.
d) Não sei.
71
Questão 05:
Gráfico 05 – Resposta da questão 05
Fonte: Elaborado pelo autor.
O objetivo aqui foi o de saber se o aluno já tinha pelo menos ouvido falar
sobre quarks. A palavra núcleo nos itens b e c certamente levou a maioria dos alunos a
escolhê-los conforme resultado da questão anterior. Como houve um nítida divisão da
turma entre estes dois itens a conclusão é que eles podem ter sido escolhidos por
eliminação já que o item a falava em eletrosfera e posteriormente uma escolha aleatória.
Sendo assim, os 43% não indicam necessariamente que o aluno conheça a
estrutura do próton. O resultado indica que este ponto chave da pesquisa necessitará de
um destaque especial durante a aplicação.
Questão 06:
Gráfico 06 – Resposta da questão 06
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nesta questão queriamos saber se o aluno reconhecia o tipo de carga elétrica
e constituição dos elétrons. Observa-se que a maioria dos alunos marcou o item correto
(alternativa: a). Como o item c afirmava que os elétrons tinham carga positiva ele não foi
8%
43%
49%
O que são prótons?
a) Partículas elementares com carga positivalocalizadas na eletrosfera átomos
b) Partículas constituídas por léptons localizadasno núcleo dos átomos.
c) Partículas constituídas por quarks localizadasno núcleo dos átomos
d) Não sei.
86%
14%
O que são elétrons?
a) Partículas elementares negativas localizadas naeletrosfera dos átomos.
b) Partículas constituídas por quarks e de carganegativa.
c) Partículas elementares de carga positiva localizadasna eletrosfera dos átomos
d) Não sei.
72
escolhido por nenhum dos alunos o que corrobora a assertiva de que reconhecem o tipo
de carga dos elétrons. O item b foi escolhido por 14% dos alunos o que demonstra que
eles já tinham ouvido falar sobre quarks, mas não sabem o que eles formam.
Os 86% que marcaram o item correto não reconhecem necessariamente a
elementariedade do elétron podendo alguns terem eliminado o item c por se referir a carga
positiva e a alternativa b por não saberem o que são quarks. Estes elementos reforçam a
importância de trabalhar estas informações durante a intervenção.
Questão 07:
Gráfico 07 – Resposta da questão 07
Fonte: Elaborado pelo autor.
Complementando a sequência dos itens anteriores, aqui queriamos avaliar o
que o aluno sabia sobre a terceira partícula tratada no modelos atômicos clássicos. O
resultado mostra que 71% da turma acredita na elementariedade do nêutron o que nos
remete a um estudo eminentemente clássico dos modelos atômicos nas aulas de Química.
O restante da turma (29%) reconheceu o item correto que afirma que os nêutrons são
formados por quarks.
O resultado deste item nos leva a necessidade de mostrar aos alunos os
mecanismos de ruptura entre o modelos clássicos e o modelo atômico aceito atualmente.
71%
29%
O que são nêutrons?
a) Partículas elementares de carga elétrica nulalocalizadas no núcleo dos átomos.
b) Partículas constituídas por quarks e localizadasno núcleo dos átomos.
c) Partículas elementares de carga elétrica positivalocalizadas na eletrosfera
d) Não sei
73
Questão 08:
Gráfico 08 – Resposta da questão 08
Fonte: Elaborado pelo autor.
O objetivo deste quesito era avaliar se o aluno conhecia os aparelhos
utilizados para a detecção das partículas subatômicas. Observa-se que 6% marcaram o
item c que é absurdo. Outros 26% acreditam que existem microscópios com resolução
suficiente para explorar o mundo subatômico o que também de certa forma é um absurdo.
Os outros 68% marcaram o item correto que atribui aos aceleradores de partículas a tarefa
de explorar o mundo atômico.
Como a eliminação de possibilidades é algo comum em questões de múltipla
escolha não podemos afirmar que os alunos que marcaram o item correto reconhecem
necessariamente os aceleradores de partículas como equipamentos adequados para
explorar o mundo atômico. Como este tema é de suma importância para o sucesso da
pesquisa ele será explorado durante a intervenção.
Questão 09:
Gráfico 09 – Resposta da questão 09
Fonte: Elaborado pelo autor.
14%
79%
7%
Como são detectadas as partículas elementares?
a) Usando um microscópio
b) Por meio de observações indiretas com o auxíliode aparelhos como os aceleradores de partículas.
c) Com o uso de telescópios especiais.
d) Não sei.
25%
14%32%
29%
O que é o Large Hadron Collider (LHC)?
a) Um telescópico espacial.
b) Uma nova teoria para explicar a origem do Universo.
c) É um acelerador de partículas projetado para recriar ascondições encontradas instantes após o Big Bang.
d) Não sei.
74
O resultado deste item confirma as desconfianças levantadas na questão
anterior. Observa-se que apenas 32% marcaram o item correto e que 29% se quer ouviram
falar sobre o LHC.
Como o LHC é frequentemente retratado nas mídias, seja pelo seu custo ou
pela sua importância, se acreditava que a grande maioria dos alunos soubessem do que se
tratava, sobretudo depois da descoberta do Bóson de Higgs que teve grande repercussão.
O desconhecimento deste aassunto pode ser resultado da falta de abordagem de temas
atuais pela escola o que reforça os objetivos desta pesquisa.
Questão 10:
Gráfico 10 – Resposta da questão 10
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esta questão revela que 53% da turma desconhece o que representa o quark.
Como ele é um dos constituintes elementares da matéria, isto demonstra que o
conhecimento dos alunos é restrito aos modelos clássicos de átomo.
O grande percentual de alunos que desconhecem a existência dos quarks
remonta a questões anteriores em que eles estavam presentes. Podendo assim terem
utilizados a eliminação de possibilidades para marcar determinado item. Este resultado
reforça a importância dos objetivos desta pesquisa.
Questão 11:
Gráfico 11 – Resposta da questão 11
Fonte: Elaborado pelo autor.
29%
18%53%
O que são quarks?
a) Uma partícula elementar que constitui amatéria.
b) Um átomo ionizado.
c) Um conjunto de prótons.
d) Não sei.
11%14%
14%61%
O que são léptons?a) Um átomo ionizado.
b) Uma partícula elementar que constitui amatéria.c) Uma característica das partículas elementares,assim como a carga elétrica.d) Não sei.
75
Nas aulas de Química, alguns professores chegam a mencionar a existência
dos quarks, mas dificilmente mencionam os léptons. Este fato pode ser o responsável
pelos 61% dos alunos que se quer ouviram falar sobre estas partículas. Os elétrons,
léptons mais conhecidos, não recebem esta denominação durante o estudo feito na
Química. Este resultado também reforça os objetivos desta pesquisa.
Questão 12:
Gráfico 12 – Resposta da questão 12
Fonte: Elaborado pelo autor.
O resultado demonstra influência do estudo da Mecânica onde o aluno estuda
vários tipos de força, mas não é levado a reconhecer que elas são apenas espécies de um
gênero. Isto ocorre, sobretudo com as forças do tipo eletromagnética.
Em virtude disto apenas 14% marcaram o item correto, ou seja, o aluno não
consegue identificar que todas as forças da natureza se enquadram em 4 (quatro)
categorias.
Questão 13:
Gráfico 13 – Resposta da questão 13
Fonte: Elaborado pelo autor.
47%
14%
39%
Quais as forças fundamentais existentes na Natureza?
a) Força de atrito, força peso, força atômica e forçamolecular.
b) Força eletromagnética, força nuclear forte, forçanuclear fraca e força gravitacional.
c) Força centrípeta, força centrífuga, força elétrica emagnética, força gravitacional.
d) Não sei.
32%
11%57%
Quais seriam as partículas mediadoras das interações fundamentais da Natureza?
a) Partículas alfa e beta.
b) Prótons, elétrons e nêutrons.
c) Glúons, fótons, partículas Z e W e o gráviton.
d) Não sei.
76
Esta questão aborda o mecanismo de atuação das forças que ganharam uma
roupagem nova com a Mecânica Quântica. Observa-se que os alunos têm quase que
desconhecimento total destes mecanismos já que apenas 11% marcaram o item correto.
A intervenção que será realizada deverá levar o aluno a compreender estes mecanismos
de atuação para o sucesso da pesquisa.
Questão 14:
Gráfico 14 – Resposta da questão 14
Fonte: Elaborado pelo autor.
O resultado desta questão mostra que o aluno associa ao núcleo atômico uma
grande quantidade de energia. Este resultado positivo pode estar associado ao estudo de
radioatividade feito em Química. A relação entre a desintegração de núcleos e a grande
libração de energia se mostrará se suma importância para o sucesso desta pesquisa.
Questão 15:
Gráfico 15 – Resposta da questão 15
Fonte: Elaborado pelo autor.
86%
14%
O volume do núcleo atômico é muito pequeno, formado por um conjunto compacto com forças
muito grandes. Quando se consegue romper esse conjunto, se libera uma grande quantidade de?
a) energia atômica.
b) fluídos gasosos.
c) cristais ionizantes.
d) Não sei.
11%7%
32%50%
Partícula subatômica que foi identificada recentemente e que poder revelar a origem da
massa atômica:
a) Léptons.
b) Méson-pi.
c) Bóson de Higgs.
d) Não sei.
77
Neste questionamento se buscou verificar se o aluno associa as informações
veiculadas pela mídia sobre a Física de Partículas a algo que merece atenção. Para tanto,
escolhemos a descoberta do Higgs para fazer tal avaliação. O que o resultado demonstra
é que a turma não vem reconhecendo tal importância, pois mesmo diante de um número
significativo de reportagens sobre tal assunto 50% dos alunos marcaram que
desconheciam o tema. Este resultado nos leva a conclusão de que a Física de Partículas
precisa ser abordada na escola para que os alunos tenham os subsídios necessários para
compreender a importância e alcance das pesquisas nesta área.
O objetivo desta pesquisa é o de fomentar as discussões em sala sobre a Física
de Partículas permitindo que o aluno possa se portar de forma crítica e atuante diante do
conjunto de informações e situações aos quais é submetido no cotidiano.
16- Nas aulas de Física, você percebeu alguma preocupação do professor em abordar
assuntos relacionados aos avanços tecnológicos e teorias sobre a compreensão da
matéria? Justifique.
Como a questão é aberta a maioria dos alunos não respondeu. Dos que
responderam selecionei as principais respostas:
Percebe-se pelas respostas que as discussões sobre temas atuais da Física não
têm amparo em sala de aula o que mostra uma escola distante da realidade vivenciada
pelos alunos. O objetivo desta pesquisa é aproximar a escola destes temas e para isto foi
escolhido a Física de partículas que além de ser atual tem linhas de pesquisas com
repercussão direta sobre o desenvolvimento de novas tecnologia e compreensão da
origem dos materiais.
A.C - “ Não. O professor segue apenas o que está no livro”.
P.F - “ Fico sabendo de algo novo pela internet e televisão”
T.A- “ O professor dá a teoria e faz exercícios. Não falamos sobre estes assuntos”.
B.C- “ Tinha um professor que gostava de falar de coisas novas”
F.S- ‘ Só falamos de tecnologia na aula de Geografia, na de Física não”.
78
17- Que sugestão você daria para melhorar o ensino de Física?
Aqui tivemos o mesmo problema da questão anterior, ou seja, poucos alunos
respoderam. Selecionei as principais respostas que foram:
Percebe-se que os alunos criticam o sequenciamento das aulas, a pouca
utilização de recursos e a utilização exagerada da Matemática.
A pesquisa que será implementada utilizará uma sequência didática em que
o desdobramento das aulas permitirá maior participação do aluno no processo tornando-
o assim mais ativo. Está programada a utilização de outros recursos além do livro didático
como vídeos, textos e o produto educacional. A proposta é fazer uma abordagem mais
fenomenológica sendo que os aspectos matemáticos só serão abordados quando se
mostrarem necessários para compreensão dos contornos do fenômeno.
6.2 Análises dos dados do questionário pós-teste
O questionário aplicado foi composto de 8 (oito) perguntas feitas aos 28 (vinte
e oito) alunos que concordaram em participar da pesquisa, tendo seus resultados
expressos nos gráficos que se seguem.
A.C- “ Acho as aulas de Física muito chatas e não entendo os exercícios. Podia
ter mais aplicações”.
P.F- “ Não entendo nada, kkkkkk. É muito cálculo e não sei para que serve. Queria
que tivesse menos cálculo”.
F.S- “Gostaria que o professor usasse mais tecnologia nas aulas ao invés de ficar
só falando”.
G.D- “ As aulas são sempre do mesmo jeito. Poderia variar”.
79
Questão 1:
Gráfico 16 – Resposta da questão 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
Um dos problemas levantados no questionário pré-teste foi o sequenciamento
das aulas. Geralmente as aulas de Física seguem a seguinte sequência: O professor copia
no quadro ou leva em slides um resumo do capítulo do livro e dá uma aula expositiva
amparada por este resumo. Resolve na sequência exercícios de aplicação do livro didático
e posteriormente é feita uma avaliação escrita. É importante destacar que os aspectos
matemáticos se destacam quando comparados com as aplicações e que o aluno se mantém
passivo durante todo o processo.
A sequência didática escolhida para a implementação da pesquisa coloca o
aluno como responsável pelo seu aprendizado estimulando sua participação durante o
processo. Há uma prevalência de aspectos relacionados a aplicações e desenvolvimento
histórico do tema quando comparados com aspectos meramente matemáticos. A aula
expositiva tem grande importância, mas neste caso ela vem amparada por outros
elementos como vídeos, textos de apoio, mapas conceituais e o produto pedagógico. É
importante destacar também o primeiro momento de cada encontro onde o professor tenta
reconhecer os conhecimentos prévios dos alunos para amparar sua prática pedagógica
conforme preceitua Ausubel.
O resultado do questionamento demonstra que a sequência didática teve boa
aceitação pelos alunos.
19%
81%
A sequência didática utilizada durante os encontros facilitou sua aprendizagem?
1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
80
Questão 02:
Gráfico 17 – Resposta da questão 02
Fonte: Elaborado pelo autor.
Um dos problemas levantados pelos especialistas sobre a qualidade das aulas
é a pobreza de utilização de recursos didáticos. Estes devem ser adequados quanto ao
tipo, momento de utilização e quantidade, pois a sua mera inserção nas aulas não
representa a certeza de qualidade.
Para realização da intervenção foi construído o produto pedagógico
denominado Baú das Partículas Fundamentais e Interações que tem por objetivo facilitar
a compreensão do Modelo Padrão de Partículas e suas interações. Reconhecemos as
limitações do produto sobretudo as relacionadas com a representação que tentamos
resolvê-las durante a exposição do tema alertando o aluno para esta fragilidade, mas
também enaltecemos suas qualidades como estética, forma esquemática que foi
construída e a possibilidades de manuseio pelo aluno o que permitiu uma intensa interação
entre os alunos e o professor.
O resultado demonstra que o produto cumpriu com sua finalidade funcionado
como um elemento catalizador de aprendizagem.
Questão 03:
Gráfico 18 – Resposta da questão 03
Fonte: Elaborado pelo autor.
18%
82%
O produto pedagógico contribuiu de forma decisiva para sua aprendizagem?
1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
14%
22%64%
A linguagem utilizada e o grau de profundidade da abordagem foram adequados e suficientes para a
compreensão da Física de Partículas?1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
81
Alguns dos problemas levantados para a abordagem de temas da FMC no
ensino médio são a linguagem adequada, inclusive a matemática e o nível de abordagem
que não deve ser superficial a ponto de desqualificar a importância dos temas. Os
especialistas afirmam que isto é possível desde que se utilize uma abordagem mais
conceitual e fenomenológica.
A intervenção foi guiada por estes aspectos dando-se destaque especial para
os históricos, os conceituais e aplicações. A Matemática só esteve presente quando
necessária a compreensão de algum conceito e mesmo assim dentro dos limites aceitos
pelo nível cognitivo dos alunos. Em nenhum momento foi realizada simplificações
grosseiras que desqualificassem a Física de partículas.
O resultado da questão permite concluir que o objetivo traçado foi atingido,
corroborando a afirmação de que é possível contornar as dificuldades inerentes a
abordagem dos temas da FMC no EM
Questão 04:
Gráfico 19 – Resposta da questão 04
Fonte: Elaborado pelo autor.
Um dos objetivos ao montar a sequência didática utilizada na intervenção foi
a de permitir que o aluno participasse ativamente do processo de ensino-aprendizagem e
deixando assim o polo passivo como acontece normalmente em aulas tradicionais. A sua
participação revelaria seus conhecimentos prévios e ele seria o principal responsável por
sua aprendizagem ao se predispor a figurar no polo ativo conforme preceitua Ausubel.
O resultado da questão e as observações realizadas durante a aplicação
confirmam a participação ativa do aluno durante o processo.
21%
79%
Você se sentiu envolvido e teve participação ativa durante o processo de ensino-aprendizagem?
1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
82
Questão 05:
Gráfico 20 – Resposta da questão 05
Fonte: Elaborado pelo autor.
O processo de avaliação permite identificar indícios de aprendizagem
significativa. Ele não pode se resumir a uma única etapa devendo constituir ações
contínuas durante o processo de ensino-aprendizagem para que seja oportunizado ao
aluno diversos mecanismos que permitam a revelação do que ele aprendeu.
A sequência didática utilizada contempla esta diversidade de mecanismos o
que permite avaliar com mais segurança os indícios de aprendizagem aluno. O resultado
demonstra que a maioria dos alunos ficou feliz com processo de avaliação utilizado
durante a intervenção.
Questão 06:
Gráfico 21 – Resposta da questão 06
Fonte: Elaborado pelo autor.
14%
29%57%
O processo de avaliação utilizado permitiu o reconhecimento de suas dificuldades e lhe deu
oportunidade de superá-las?
1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
11%
89%
Você sugeriria a outro professor de Física o método que foi empregado durante aplicação para que ele
utilizasse em suas aulas?
1 - Discordo totalmente
2 - Discordo parcialmente
3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente
5 - Concordo totalmente
83
O resultado positivo deste quesito revela o sucesso da sequência didática e do
produto pedagógico utilizada durante o processo de intervenção. A recomendação para
que outro profissional utilize os procedimentos escolhidos demonstra que as expectativas
que se tinha antes da realização das pesquisas foram satisfeitas.
7. Você concorda que assuntos atuais como a Física de Partículas não podem ficar
de fora do currículo do ensino médio? Justifique.
Nem todos os alunos responderam. Selecionei alguns comentários listados
abaixo:
As respostas nos levam a concluir que há uma necessidade urgente de
reformulação do currículo que contemple a FMC.
8- Deixe aqui suas sugestões, críticas ou elogios.
Segue abaixo alguns dos comentários feitos:
T.A - “Sim. Não podemos estudar apenas a física do século passado”.
P.F - “Sim. Gostaria de estudar mais assuntos atuais principalmente os que
mexem com tecnologia”
A.C - “Sim. Achei estes assuntos são mais interessantes".
B.C - “ Sim. Precisamos estudar coisas do dia a dia”.
J.A- “ Sim. Odeio Física, mas gostei deste assunto.
A.C - “Adorei as aulas. Gostaria de ter outras parecidas”.
T.A - “ Pela expectativa gerada achei que seria melhor, mas foi bom”.
F.S - “ Podia seguir assim durante o ano”.
B.C - “ Achei arretado a caixa”,
J.A- “ Achei interessante o assunto”.
84
CAPÍTULO 07
7. CONCLUSÃO
A escolha do tema desta pesquisa nasceu da necessidade apontada pelas
pesquisas em ensino de Física de incluir temas da FMC ao EM. Privar estes alunos deste
contato é negar-lhes os avanços desta ciência oferecendo uma formação desatualizada e,
por conseguinte distante dos anseios de uma educação de qualidade. Apesar do consenso
entre os pesquisadores sobre tal inserção existem poucas publicações que mostrem
alternativas viáveis de como fazê-la. As dificuldades inerentes a estes temas, a formação
inadequada de professores e a falta de mecanismos de transposição didática eficientes são
os principais entraves para a abordagem destes temas no EM.
O tema Física de Partículas foi escolhido para a realização desta pesquisa em
virtude dos atributos importância e atualidade. Para contornar as dificuldades de
abordagem mencionadas foi montada uma sequência de ensino que oferecesse
alternativas para superá-las. Assim, os estágios da sequência buscaram colocar o aluno
no polo ativo do processo de ensino-aprendizagem, facilitar a revelação dos
conhecimentos prévios, utilizar linguagem adequada ao nível cognitivo do aluno e
contemplar a utilização de recursos potencialmente significativos. Para amparar a
aplicação da sequência foi desenvolvido o recurso pedagógico denominado Baú das
Partículas Fundamentais e Interações com o objetivo de facilitar o processo de
familiarização do aluno com o Modelo Padrão.
Os resultados do questionário pós-teste, das avaliações realizadas e das
observações durante a aplicação da pesquisa revelaram a efetividade dos procedimentos
adotados para abordagem da Física de Partículas. A transposição didática realizada sem
a utilização de simplificações grosseiras, utilizando a Matemática na medida certa e dando
ênfase aos aspectos conceituais e fenomenológicos do conteúdo foi ponto chave para o
sucesso da pesquisa.
Sendo assim, concluímos pela viabilidade de abordar a Física de Partículas
no EM. Reconhecemos as dificuldades, mas provamos que elas podem ser superadas
utilizando elementos da Transposição Didática e da Teoria da Aprendizagem
Significativa.
85
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SIQUEIRA, Maxwell; PIETROCOLA; Maurício (2006). A Transposição Didática
Aplicada a Teoria Contemporânea: A Física de Partículas Elementares no Ensino
Médio. Disponível em
http://www.nupic.fe.usp.br/Publicacoes/congressos/Maxwell_A_TRANSPOSICAO_DI
DATICA_APLICADA.pdf
SOUSA, M.A., CRUZ, S.M.S.C.S. Poluição nuclear: a inserção da educação
ambiental no Ensino Médio na perspectiva globalizante via enfoque CTS. 2005.
Dissertação de Mestrado. Florianópolis: 2005. p. 217.
TERRAZZAN, E. A. Perspectivas para a inserção da Física Moderna na Escola
Média. São Paulo. FEUSP. 1994. 241p
TERRAZZAN, Eduardo A. A inserção da Física Moderna e Contemporânea no
Ensino de Física na escola de 2º grau. Caderno Catarinense de Ensino de Física.
Florianópolis, V.9, n.3, p.209-214, dez.1992.
88
Universidade Regional do Cariri- URCA
Mestrado Profissional em Ensino de Física
APÊNDICE A: PRODUTO PEDAGÓGICO
SEQUÊNCIA DE ENSINO
Para a aplicação da pesquisa foi seguida a seguinte Sequência de Ensino:
- Primeiro momento: Este momento foi intitulado de Roda de Conversa.
Nele a sala é disposta em forma de círculo onde o professor atua como mediador
instigando o debate através de perguntas que levem o aluno a se expressar e, por
conseguinte revelar suas concepções sobre o tema. A função do professor nesta etapa não
é a de fornecer respostas para as perguntas formuladas e sim a de reconhecer o
conhecimento prévio dos alunos incluindo aí as concepções alternativas.
De acordo com a Teoria da Aprendizagem Significativa proposta por Ausubel
o ensino amparado no conhecimento prévio do aluno é a forma mais efetiva de se buscar
a aprendizagem significativa. Neste sentido, este primeiro momento da sequência permite
ao professor a coleta de informações que permitem avaliar a qualidade e nível de
complexidade de tal conhecimento. Estas informações são primordiais para que o
professor direcione as discussões futuras e escolha a abordagem metodológica mais
adequada.
Outro aspecto importante em relação a este momento é a oportunidade dada
ao aluno de participar ativamente do processo de ensino-aprendizagem. O professor deve
abandonar a função de mero palestrante e estabelecer com o aluno um processo intenso
de interação para que ambos se sintam partes do mesmo processo e em busca de objetivos
comuns. Segue abaixo as perguntas que foram inicialmente utilizadas durante cada
encontro para este momento da sequência:
89
1º Encontro (1 hora-aula): - Esclarecer a importância do trabalho e procedimentos que
seriam adotados;
- Aplicar o questionário pré-teste;
2º Encontro (3 hora-aula): - Apresentar ao aluno a Física do seu tempo mostrando quais são os novos campos de estudo e a sua repercussão direta nos
avanços da ciência e tecnologia;
- A Física vista na escola trata dos avanços
tecnológicos e das novas teorias para explicar a origem da matéria?
- Você já ouviu falar em Albert Einstein? E teoria
da Relatividade? Você sabe o que esta teoria
explica? - E Física Quântica, já ouviu falar? Sabe o que ela
estuda? Conhece alguma aplicação?
- Você gostaria que temas como os citados
fizessem parte das aulas de Física? Por quê?
3º Encontro (3 horas-aula): - Mostrar os mecanismos de pesquisa e as dificuldades
encontradas para se estudar coisas muito pequenas como o
mundo atômico;
- Levar o aluno a perceber a importância dos modelos científicos para representar coisas inacessíveis aos nossos
sentidos;
- Acompanhar a evolução das ideias sobre a estrutura da
matéria através da evolução dos modelos atômicos;
- Que métodos são utilizados para estudar coisas tão pequenas como átomos?
- Qual a importância dos modelos para
representar coisas inacessíveis aos sentidos?
- Como você acha que é um átomo? - Você conhece algum modelo atômico? Se
conhece, como ele está estruturado?
- Porque os modelos atômicos mudaram tanto ao
longo do tempo? - Você sabe qual modelo atômico é aceito
atualmente?
4º Encontro (3 horas-aula):
- Reconhecer que o mundo atômico é uma “caixinha” recheada
por uma quantidade enorme de corpúsculos formados pela interação de partículas elementares.
- Compreender os mecanismos de interação entre as
partículas
- Você sabe o que são e para que servem
aceleradores de partículas? Já ouviu falar no
LHC? - Você já ouviu falar em quarks? E Léptons? Se
já, sabe o que são? Sabe o nome de algum deles?
- Prótons, elétrons E nêutrons são partículas
elementares? - Leu ou assistiu alguma reportagem sobre a
descoberta do Bóson de Higgs? Sabe avaliar qual
a importância de tal descoberta para a ciência?
- Que tipos de forças existem na natureza? Você conhece o mecanismo de interação para que estas
forças existam?
- Já ouviu falar sobre o Modelo Padrão de
Partículas e Interações?
5º Encontro (2 horas-aula): - Familiarizar o aluno com o modelo padrão de partículas;
- Mostrar que a pesar do sucesso do modelo padrão ainda
existem muitas perguntas sem resposta;
- Aplicar o questionário pós-teste.
- Segundo Momento: Utilização de material instrucional potencialmente
significativo como o vídeos e textos impressos. Após a utilização do material a discussão
é retomada sendo que neste momento o professor deverá direcioná-la para os pontos que
se mostraram mais obscuros no primeiro momento.
90
Este momento retira do professor o papel de único responsável pela
aprendizagem do aluno. A participação do aluno e a escolha de um recurso educacional
potencialmente significativo diminui os obstáculos pela busca da aprendizagem
significativa. Após e durante a utilização do recurso se deve retornar às discussões do
primeiro momento e sanar as dificuldades encontradas. Há também a oportunidade de se
aventar outras questões relacionadas ao tema que não foram abordadas.
Foram utilizados os seguintes recursos:
1º Encontro (1 hora-aula): - Esclarecer a importância do trabalho
e procedimentos que seriam adotados;
- Aplicar o questionário pré-teste;
2º Encontro (3 hora-aula): - Apresentar ao aluno a Física do seu
tempo mostrando quais são os novos
campos de estudo e a sua repercussão
direta nos avanços da ciência e
tecnologia;
Textos: A Física no final do século XIX: Modelos em Crise
(http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica05.htm) e
A Física Quântica: O que é, e para que serve?
http://www.comciencia.br/reportagens/fisica/fisica02.htm).
3º Encontro (3 horas-aula):
- Mostrar os mecanismos de pesquisa
e as dificuldades encontradas para se
estudar coisas muito pequenas como o
mundo atômico;
- Levar o aluno a perceber a
importância dos modelos científicos
para representar coisas inacessíveis
aos nossos sentidos;
- Acompanhar a evolução das ideias
sobre a estrutura da matéria através da
evolução dos modelos atômicos;
Vídeo: Tudo se Transforma, História da Química, História
dos Modelos Atômicos
(https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY).
4º Encontro (3 horas-aula):
- Reconhecer que o mundo atômico é
uma “caixinha” recheada por uma
quantidade enorme de corpúsculos
formados pela interação de partículas
elementares.
- Compreender os mecanismos de
interação entre as partículas
Vídeo: Modelo Padrão da Física de Partículas
(https://www.youtube.com/watch?v=Nqi-bM90vfg).
5º Encontro (2 horas-aula):
- Familiarizar o aluno com o modelo
padrão de partículas;
- Mostrar que a pesar do sucesso do
modelo padrão ainda existem muitas
perguntas sem resposta;
- Aplicar o questionário pós-teste.
Mapa conceitual de Marco Antônio Moreira e o Baú das
partículas Fundamentais e Interações.
91
- Terceiro Momento: Aula expositiva amparada pela utilização do Baú das
Partículas Fundamentais e Interações ou outros recursos.
A função do professor é essencial para o processo de ensino-aprendizagem.
No ensino eminentemente tradicional ele é o responsável pela aprendizagem do aluno.
Este figura no polo passivo do processo recebendo informações prontas que devem ser
copiadas, memorizadas e reproduzidas em seguida. Neste sentido, a aula expositiva é
vista por alguns com sentido pejorativo. Mesmo que este tipo de aula seja a única
ferramenta utilizada pelo professor isto não significa necessariamente que ela não possa
levar a uma aprendizagem significativa. O que se recomenda é que para aumentar as
chances de se conseguir indícios de tal aprendizagem ela seja amparada por recursos
potencialmente significativos ou que faça parte de um processo mais complexo onde
outras atividades possam contribuir para esta aprendizagem como é o caso desta
sequência.
Durante a aula expositiva o professor não deve apenas palestrar sobre o
assunto é necessário que dialogue com seus alunos. As informações obtidas nos dois
primeiros momentos figuram como bons catalizadores deste diálogo.
Este momento foi amparado pela utilização de uma apresentação de slides em
cada encontro e pela utilização do Baú das Partículas Fundamentais e interações.
- Quarto Momento: Aplicação de avaliação para identificar indícios de
aprendizagem significativa.
A avaliação não se resume a este momento devendo ser feita durante todo o
processo de ensino. Para ser justa e identificar com maior precisão indícios de
aprendizagem significativa a avaliação não pode se resumir a aspectos quantitativos
sendo importante levar em consideração o envolvimento do aluno durante o processo já
que isto pode revelar indícios de aprendizagem que não são mensurados pelo processo
quantitativo. É interessante lembrar que os mecanismos de avaliação devem submeter o
aluno a situações novas para que tais indícios de aprendizagem se revelem, caso contrário
poderemos confundir a mera reprodução de informações com aprendizagem significativa.
92
BAÚ DAS PARTÍCULAS FUNDAMENTAIS E INTERAÇÕES
Para amparar a aplicação da sequência didática foi desenvolvido o recurso
pedagógico intitulados Baú das Partículas Elementares e Interações. Este produto foi
inspirado na obra O Discreto Charme das Partículas Elementares (2006) escrita por Maria
Cristina Batoni Abdala. Ele consiste numa caixa de 60cm x 50cm x 7cm desenhada com
o auxílio do programa Corel Draw e montada através de uma impressora a laser. Ela
possui divisórias que representam de forma esquemática o modelo padrão de partículas e
interações. A sua organização tem como objetivo fornecer uma visão geral de tal modelo
além de permitir que o aluno possa verificar algumas de suas simetrias.
Figura 07: Produto pedagógico
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como não podemos associar uma forma às partículas que compõem o modelo
padrão elas foram representadas por fractais escolhidos no site
https://www.thingiverse.com/ e impressos numa impressora 3D. O objetivo de escolher
os fractais foi uma tentativa de fugir do modelo de bolinhas utilizado na Química com o
intuito de minimizar os obstáculos epistemológicos de representação.
Durante a aplicação os alunos foram orientados de forma ostensiva para o fato
de que manuseavam apenas um recurso didático para familiarizá-lo com o modelo padrão
e suas interações não tendo nenhuma relação direta com formas reais.
Para indicar que os quarks e antiquarks têm a propriedade cor optou-se por
pintá-los para representar tal propriedade. Durante a aplicação deixei claro que esta
93
propriedade não corresponde a cor propriamente dita sendo uma característica que
confere aos quarks determinado comportamento.
Figura 08: Produto pedagógico
Fonte: Elaborado pelo autor.
Cada Quark e antiquark recebeu um ímã que poderia ser utilizado para
conectá-los aos gluons e formar outras partículas. Como esta representação podia levar a
uma conclusão errada sobre a atuação dos gluons o meu orientador pediu para representá-
los por um elástico daqueles utilizados para prender dinheiro, pois isso diminuiria os
problemas de representação e facilitaria a compreensão da liberdade assintótica. Mesmo
reconhecendo os riscos pedi para utilizar as duas representações tomando o cuidado para
durante aplicação evitar os conflitos citados.
As partículas mediadoras também foram representadas por fractais, tendo um
destaque especial para o gráviton que por não ter sido ainda detectado foi utilizado uma
interrogação para sua representação.
Figura 09: Produto pedagógico
Fonte: Elaborado pelo autor.
94
Na parte interna da tampa da caixa foi gravada a laser a imagem do esquema
do modelo padrão seguido na construção do produto. Foi acrescentado ao lado uma tabela
onde é representado a formação das principais partículas. O objetivo foi auxiliar o
professor durante a aplicação para que ele não precise saber gravado a constituição de tais
partículas e também de servir de mais um elemento para aluno vislumbrar modelo.
Figura 10: Produto pedagógico
Fonte: Elaborado pelo autor.
É importante destacar que o professor pode utilizar outras alternativas que
tenham custo menor e que sejam mais simples, como por exemplo:
- Substituir as peças da caixa por pedras ou outro material;
- No lugar da caixa, imprimir a imagem esquemática do modelo em folha de
papel ofício e entregar a cada um dos alunos ou mandar confeccionar um banner.
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA
INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: FÍSICA DE PARTÍCULAS:
POSSIBILIDADES PARA O ENSINO MÉDIO
Orientador Responsável: Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Orientando: Jorge Luís da Silva
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO
Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa.
Antes de concordar em participar, é importante que entenda as informações e as
instruções contidas neste documento. Caso aceite participar assine este documento em
duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável.
Através desta pesquisa, pretende-se analisar a viabilidade de abordar o
assunto Física de Partículas no ensino médio.
Esta pesquisa não implica em riscos de perda de conteúdo ou avaliação para
os alunos. Aos participantes da pesquisa serão assegurados: sigilo e privacidade dos dados
coletados nos questionários; do áudio; das imagens gravadas durante as aulas e que as
informações somente poderão ser divulgadas de forma anônimas e utilizadas única e
exclusivamente para a execução desta pesquisa.
Concordância dos pais ou responsáveis.
Eu,__________________________________________, RG Nº _________________
Concordo em participar do estudo. Foi devidamente informado e esclarecido pelo
mestrando.
Local e data:_____/_____/__________.
Nome e assinatura:
Jorge Luis da Silva (Mestrando)
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Universidade Regional do Cariri- URCA
Mestrado Profissional em Ensino de Física
APÊNDICE C- QUESTIONÁRIO PRÉ-TESTE
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA
FÍSICA DE PARTÍCULAS: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO MÉDIO
Orientador Responsável: Prof. Dr. Wilson Hugo Freire
Orientando: Jorge Luís da Silva
APÊNDICE A: PRÉ-TESTE
QUESTIONÁRIO I - DIAGNÓSTICO DO CONHECIMENTO PRÉVIO DO ALUNO SOBRE FÍSICA
DE PARTÍCULAS E INTERAÇÕES
Orientação: Este questionário tem por finalidade identificar suas concepções a respeito da Partículas
Elementares e Interações Fundamentais. Após exame cuidadoso, escolha para cada questão apenas um
item como correto. Utilize o item ``NÃO SEI`` somente se desconhecer totalmente a temática
abordada na questão.
1. O que é um átomo?
a) A menor parte que caracteriza um ser vivo.
b) Uma partícula indivisível que forma toda e qualquer matéria.
c) A menor parte da matéria que caracteriza um elemento químico.
d) Não sei.
2. O que é um modelo atômico?
a) Uma representação da estrutura dos átomos fruto da imaginação dos cientistas.
b) Uma representação da estrutura dos átomos fruto da observação da natureza pelos
cientistas.
c) Uma representação da estrutura dos átomos que resulta da Integração de dados
experimentais e teorias que se ajustam.
d) Não sei
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3. Qual é o modelo atômico mais aceito atualmente?
a) Rutherford.
b) Bohr.
c) Quântico.
d) Não sei.
4. Fazem parte da constituição do núcleo do átomo:
a) prótons e elétrons.
b) elétrons e neutrinos.
c) prótons e nêutrons.
d) Não sei.
5. O que são prótons?
a) Partículas elementares com carga positiva localizadas na eletrosfera átomos
b) Partículas constituídas por léptons localizadas no núcleo dos átomos.
c) Partículas constituídas por quarks localizadas no núcleo dos átomos
d) Não sei.
6. O que são elétrons?
a) Partículas elementares negativas localizadas na eletrosfera dos átomos.
b) Partículas constituídas por quarks e de carga negativa.
c) Partículas elementares de carga positiva localizadas no núcleo dos átomos
d) Não sei.
7. O que são nêutrons?
a) Partículas elementares de carga elétrica nula localizadas no núcleo dos átomos.
b) Partículas constituídas por quarks e localizadas no núcleo dos átomos.
c) Partículas elementares de carga elétrica positiva localizadas na eletrosfera dos
átomos.
d) Não sei.
8. Como são detectadas as partículas elementares?
a) Usando um microscópio.
b) Por meio de observações indiretas com o auxílio de aparelhos como os aceleradores
de partículas.
c) Com o uso de telescópios especiais.
d) Não sei.
9. O que é o Large Hadron Collider (LHC)?
a) Um telescópico espacial.
b) Uma nova teoria para explicar a origem do Universo.
c) É um acelerador de partículas projetado para recriar as condições encontradas
instantes após o Big Bang.
d) Não sei.
10. O que são quarks?
a) Uma partícula elementar que constitui a matéria.
b) Um átomo ionizado.
c) Um conjunto de prótons.
d) Não sei.
98
11. O que são um léptons?
a) Um átomo ionizado.
b) Uma partícula elementar que constitui a matéria.
c) Uma característica das partículas elementares, assim como a carga elétrica.
d) Não sei.
12. Quais as forças fundamentais existentes na Natureza?
a) Força de atrito, força peso, força atômica e força molecular.
b) Força eletromagnética, força nuclear forte, força nuclear fraca e força gravitacional.
c) Força centrípeta, força centrífuga, força elétrica e magnética, força gravitacional.
d) Não sei.
13. Quais seriam as partículas mediadoras das interações fundamentais da Natureza?
a) Partículas alfa e beta.
b) Prótons, elétrons e nêutrons.
c) Glúons, fótons, partículas Z e W e o gráviton.
d) Não sei.
14- O volume do núcleo atômico é muito pequeno, formado por um conjunto compacto
com forças muito grande. Quando se consegue romper esse conjunto, libera uma grande
quantidade de?
a) energia atômica.
b) fluídos gasosos.
c) cristais ionizantes.
d) Não sei.
15- Partícula subatômica que foi identificada recentemente e que poder revelar a origem
da massa atômica?
a) Léptons.
b) Méson-pi.
c) Bóson de Higgs.
d) Não sei.
16- Nas aulas de Física, você percebeu alguma preocupação do professor em abordar
assuntos relacionados aos avanços tecnológicos e teorias sobre a compreensão da
matéria? Justifique.
17- Que sugestão você daria para melhorar o ensino de Física?
Desde já, agradecemos sua valiosa colaboração.
Universidade Regional do Cariri- URCA
Mestrado Profissional em Ensino de Física
APÊNDICE C- QUESTIONÁRIO PÓS-TESTE
UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE FÍSICA
FÍSICA DE PARTÍCULAS: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO MÉDIO
Orientador Responsável: Prof. Dr. Wilson Hugo Cavalcante Freire
Orientando: Jorge Luís da Silva
APÊNDICE A: PÓS-TESTE
QUESTIONÁRIO II - DIAGNÓSTICO DA VIVÊNCIA DIDÁTICA DO ALUNO NAS AULAS DE
FÍSICA
1 - Discordo totalmente 2 - Discordo parcialmente 3 - Indiferente
4 - Concordo Parcialmente 5 - Concordo totalmente
1
2
3
4
5
1. A sequência didática utilizada durante os encontros facilitou sua aprendizagem?
2. O produto pedagógico contribuiu de forma decisiva para sua aprendizagem?
3. A linguagem utilizada e o grau de profundidade da abordagem foram adequados e
suficientes para a compreensão da Física de Partículas?
4- Você se sentiu envolvido e teve participação ativa durante o processo de ensino-
aprendizagem?
5- O processo de avaliação utilizado permitiu o reconhecimento de suas dificuldades e
lhe deu oportunidade de superá-las?
6- Você sugeriria a outro professor de Física o método que foi empregado durante
aplicação para que ele utilizasse em suas aulas?
7. Você concorda que assuntos atuais como a Física de Partículas não podem ficar de
fora do currículo do ensino médio? Justifique.
8-Deixe aqui suas sugestões, críticas ou elogios.
Desde já, agradecemos sua valiosa colaboração.