Fisiologia do exercicio 2005

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postado por alexandre pedro para fins de pesquisas.

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volume 04 - número 01 • Jan/Dez 2005 www.at lant icaedi tora.com.br

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F I S I O L O G I ADO E X E R C Í C I OÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

B r a z i l i a n J o u r n a l o f E x e r c i s e P h y s i o l o g y

ISSN 16778510

FLEXIBILIDADE• Flexibilidade de mulheres submetidas

a alongamento em grupo

• Acúmulo de lactato e flexibilidadeem lutadores de Wushu

ESPORTE• Treinamento de força aplicado

em praticantes de hidroginástica

• Volume de exercícios com pesos para exaustão mediante variações de componentes sanguíneos

HIPERTENSÃO ARTERIAL• Efeitos do treinamento, mecanismos

hipotensivos e respostas a programas de exercícios

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EditorialCarta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti ..................................................................................................... 3

Artigos OriginaisAnálise do intervalo de recuperação e consistência no teste de 1RM, José Eduardo Lattari Rayol Prati, Sergio Eduardo de Carvalho Machado, André Pinheiro, Mauro César Gurgel de Alencar Carvalho, Estélio Henrique Martin Dantas ................................................................. 4Desempenho funcional de idosos asilados, Rodrigo Barbosa de Albuquerque, Amandio A. Rihan Geraldes .......................................................................................................................................... 7Efeito agudo dos alongamentos estático e FNP sobre o desempenho da força dinâmica máxima, Th iago Matassoli Gomes, Ercole da Cruz Rubini, Homero da SN Junior, Jeff erson da Silva Novaes, Alexandre Trindade ............................................................................................................. 13Predição do volume de exercícios com pesos para promoção da exaustão em três grupos musculares de atletas mediante variações de componentes sanguíneos, Carlos Alexandre Fett, Fábio Lera Orsatti, Roberto Carlos Burini................................................................................ 17Utilização do teste de 1RM na prescrição de exercícios resistidos: vantagem ou desvantagem? Alex Souto Maior, Adriana Lemos, Nélson Carvalho, Jéferson Novaes, Roberto Simão ............................................... 22Correlação entre o acúmulo de lactato e a fl exibilidade medida pelo teste de sentar e alcançar em lutadores de Wushu, Rafael Reimann Baptista, Alexsander dos Anjos Ramos, Bruno Fraga da Silva, Bruno Ogodai S. D. de Castro .................................................................................................. 27Efeitos de um treinamento de força aplicado em mulheres praticantes de hidroginástica, Luiz Fernando Martins Kruel, Roberta Eilert Barella, Fabiane Graef, Michel Arias Brentano, Paulo Poli de Figueiredo, Ananda Cardoso, Carla Rosana Severo ............................................ 32Avaliação da fl exibilidade em mulheres submetidas a exercícios de alongamento em grupo, Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea, Th ais Renata Conejo, Silvia Maria de Mendonça, Renata Munari, Maria Cristina Strabelli Titto ................................................................... 39

RevisõesQuestionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q) Leonardo Gomes de Oliveira Luz, Paulo de Tarso Veras Farinatti ................................................................................ 43Hipertensão arterial: uma abordagem direcionada aos efeitos do treinamento, mecanismos hipotensivos e respostas a programas de exercícios, Kalline Russo, Walace Monteiro .................................................................................................................................. 49

ResumosAnais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar e I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício ........................................................................................... 58

Normas de Publicação .................................................................................................................................. 68

Sumáriovolume 4 número 1 - janeiro/dezembro 2005

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F I S I O L O G I ADO E X E R C Í C I OÓrgão Oficial da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

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Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 20052

© ATMC - Atlântica Multimídia e Comunicações Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyri-ght, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante.

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Sociedade Brasileira de Fisiologia do ExercícioCorpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,

Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernando Augusto Pompeu

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Editor ChefePaulo de Tarso Veras Farinatti

Conselho Editorial

Antonio Carlos Gomes (PR)Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)

Dartagnan Pinto Guedes (PR)Emerson Silami Garcia (MG)

Fernando Pompeu (RJ)Francisco Martins (PB)

Jacques Vanfraechem (BEL)Luiz Fernando Kruel (RS)

Martim Bottaro (DF)

Patrícia Chakour Brum (SP)Paulo Sérgio Gomes (RJ)

Rolando Baccis Ceddia (CAN)Robert Robergs (USA)Rosane Rosendo (RJ)Sebastião Gobbi (SP)Steven Fleck (USA)

Yagesh N. Bhambhani (CAN)Vilmar Baldissera (SP)

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3Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005

Editorial

Carta ao Leitor

Caros(as) Colegas,A Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício (SBFEx)

foi fundada em 2002 por pesquisadores de diversas regiões do país, que desejavam criar um fórum de discussão e fomento da área que não fosse vinculado a quaisquer categorias pro-fi ssionais. Uma das iniciativas em que se investiu foi a criação da Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício (RBFEx), doravante órgão ofi cial da SBFEx. A RBFEx foi publicada entre os anos 2002 e 2004 quando, em virtude de falta de interesse da editora à qual estava vinculada, teve sua periodi-cidade interrompida.

Após dois anos de negociações, encontramos na Editora Atlântica as condições estruturais e de profi ssionalismo com-patíveis com os ideais que estavam na origem da criação da RBFEx. Estamos, portanto, diante do desafi o de recuperar o tempo perdido e fazer da revista um veículo de divulgação da produção científi ca em fi siologia do exercício, respeitado e procurado pelos pesquisadores que militam nesse campo de conhecimento.

Em um primeiro momento serão lançados dois volumes, contemplando os anos de 2005 e 2006, período em que a

publicação da revista viu-se interrompida. Além de artigos originais e de revisão, são disponibilizados os Anais do II Encontro Regional de Fisiologia do Exercício, realizado em São Carlos. Em seguida, os números relacionados ao volume de 2007 serão lançados com a periodicidade que a RBFEx tinha, qual seja, quadrimestral.

Este volume, portanto, marca a retomada de um projeto caro a muitos profi ssionais, pesquisadores e docentes, que nele investiram tempo e energia. Fica aqui o agradecimento a todos que vêm colaborando com a RBFEx, seja na sua concepção ou na revisão de artigos. Um obrigado especial aos colegas que, mesmo sabendo de todos os problemas pelos quais a revista passou, nela continuaram acreditando e enviaram suas colaborações. Sem eles, certamente a RBFEx não mais existiria. Enfim, convidamos todos a participar do sonho de termos no Brasil uma revista especificamente voltada para as questões da fisiologia do exercício, prestigiando-nos com sua escolha para a divulgação de resultados de pesquisas e estudos!

Prof. Dr. Paulo Tarso Veras FarinattiEditor-Chefe da RBFEx

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Artigo original

Análise do intervalo de recuperação e consistência no teste de 1RM

Consistency and interval recovery analysis in 1RM test

José Eduardo Lattari Rayol Prati*, Sergio Eduardo de Carvalho Machado**, André Pinheiro***, Mauro César Gurgel de Alen-car Carvalho****, Estélio Henrique Martin Dantas*****

*Mestrando em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora - IPUB/UFRJ, **Mestrando em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora - IPUB/UFRJ, Bolsista Capes, ***Professor - Academia West Fitness Club, ****Doutorando em Engenharia Civil - Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia - COPPE/UFRJ, *****Professor, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH - UCB/RJ

ResumoO presente estudo verifi cou se 10 minutos de intervalo no teste

de 1RM foram sufi cientes para a recuperação total de força e fi dedig-nidade de seu re-teste 10 minutos após sua aplicação. A amostra foi composta de 20 homens saudáveis e treinados, sem histórico de lesão, com média de idade (23,5 ± 3,69), peso (73,1 kg ± 9,93) e estatura (1,76 m ± 0,05). Para analisar o intervalo de recuperação entre os testes de 1RM utilizou-se um teste t pareado, já para a análise da fi dedignidade utilizou-se o coefi ciente de correlação intra-classe (CCI) para determinar a consistência interna. Somente foi verifi cado um alto índice de CCI, atingindo a fi dedignidade (p = 0,000). Conclui-se que o teste de 1RM realizado em um mesmo dia e 10 minutos após apresenta um alto índice de CCI para o exercício de supino em homens familiarizados ao teste, mostrando-se sufi ciente para o intervalo de recuperação para restabelecimento total da força.Palavras-chave: intervalo de recuperação, consistência interna, força, 1RM.

AbstractTh e present study verifi ed if 10 minutes of interval in the 1RM

test had been enough for recovery the total of strength and reliability of its re-test 10 minutes after application. Sample was composed by 20 health trained male without history of lesion, aging (23.5 ± 3.69), weight (73.1 kg ± 9.93) and stature (1.76 m ± 0.05). To analyze the recovery interval between 1RM tests a paired t test was used, and for the reliability analysis the intraclass correlation coeffi cient (ICC) was used to determine the internal consistence. Only a high ICC indices was verifi ed, reaching the reability (p = 0.000). We concluded that 1RM test carried out in a same day and 10 minutes after presenting a high ICC index for bench press exercise to male that are familiar to the test, showed adequate recovery interval to restore strength.Palavras-chave: recovery interval, internal consistency, strength, 1RM.

Recebido em 12 de outubro de 2005; aceito em 10 de dezembro de 2005.Endereço de correspondência: Sergio Eduardo de Carvalho Machado, Rua Professor Sabóia Ribeiro, 69/104, Leblon, 22430-130 Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected]

Introdução

O teste de 1RM representa por si só um esforço máximo e, conseqüentemente, um desgaste é gerado. Apesar da ne-cessidade de familiarização, até o presente momento, o teste de uma repetição máxima (1RM) tem sua confi abilidade bem consolidada como corroboram alguns estudos [1-4],

sendo esse teste (1RM) muito utilizado para se verifi car o nível de força dinâmica máxima do indivíduo [5]. Outro grande questionamento sobre o uso do teste de 1RM é sobre as alterações da carga provocadas com diferentes po-pulações [4], diferentes idades [6], grupamento muscular utilizado [1] e a confi abilidade inter e intra-avaliadores [4]. O intervalo de recuperação é outra importante variável

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podendo-se comprometer o desenvolvimento da força [7]. Em condições de intervalos mais longos permitiram-se volu-mes de repetições mais elevadas [8]. Corroborando com tal afi rmação estão os estudos de Willardson [9,10], mostrando que intervalos de descanso mais longos tendem a acarretar em maiores aumentos da força, aumentando dessa maneira a consistência das repetições executadas para cada série no exercício de supino.

Dessa maneira, o objetivo do seguinte estudo foi verifi car se 10 minutos de intervalo é sufi ciente para recuperação da força total no teste de 1RM e a fi dedignidade do teste de 1RM através do seu re-teste 10 minutos após a primeira aplicação em homens treinados.

Métodos

Amostra

A amostra foi composta por 20 homens saudáveis, com idade média de 23,5 anos (± 3,69), peso de 73,1 kg (± 9,93) e estatura de 1,76 m (± 0,05). Ambos praticantes de treina-mento de força, com um mínimo de 6 meses, com atividade regular de pelo menos 3 vezes por semana, sem histórico de lesão. Os indivíduos, após serem previamente esclarecidos sobre os propósitos da investigação e procedimentos aos quais seriam submetidos, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Este estudo está de acordo com as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa envolvendo seres humanos.

Procedimentos quanto ao teste de 1RM

Foi realizado um teste de 1RM no supino, sendo este precedido por uma série de aquecimento (10 repetições). Tal procedimento foi repetido no máximo de três tentativas, com 5 minutos de intervalo entre cada tentativa, determinando a carga referente a uma única repetição máxima [11]. Após um período de descanso de dez minutos foi realizado um re-teste de 1RM (1RM 10 min).

Para a redução de erros de execução foram realizados os seguintes procedimentos:a) todos os participantes da pesquisa foram devidamente

instruídos quanto aos procedimentos dos testes e técnicas de execução no exercício de supino reto, já que diferentes técnicas de execução dos exercícios que envolvam angula-ções diversas, principalmente nas posições iniciais destes, devem ser rigorosamente controladas, pois podem afetar a carga levantada [12];

b) só foram aceitos os testes de 1RM em que a angulação entre braço e antebraço ultrapassasse o de 90º, com a barra tocando levemente ao peito;

c) todos os testes foram realizados no mesmo horário para o mesmo indivíduo.

Análise estatística

Para análise da diferença de cargas do teste entre teste (1RM) e re-teste (1RM 10 min) utilizou-se um teste t pareado. Para a análise da fi dedignidade do teste e re-teste, no mesmo dia, para um mesmo avaliador, utilizou-se o coefi ciente de correlação intra-classe (CCI) para determinar a consistência interna [13,14].

Resultados

Através da análise dos dados, verifi cou-se a média e o desvio padrão dos testes de 1 RM em seus dois momentos, conforme se pode observar na Tabela I.

Tabela I - Média e desvio padrão do teste de 1RM em seus dois momentos.Testes Média (kg) Desvio Padrão (kg)

1RM 87.80 18.95

1RM 10 min 88.00 18.95

RM = repetição máxima; min = minutos; kg = quilos.

a) Quanto ao intervalo de recuperação no teste de 1RMOs resultados encontrados (média = 0,20 kg, desvio pa-

drão = ± 0,89 kg) mostraram que através do teste t pareado não houve diferença signifi cativa entre o teste e re-teste de 1RM, obtendo-se um p = 0.330.

b) Quanto à fi dedignidade no teste de 1RM após 10 minutos de intervalo

Os resultados encontrados através do coefi ciente de con-sistência interna (CCI = 0,99) mostram que a fi dedignidade do teste de 1RM foi atingida, obtendo-se um p = 0,000.

Discussão

O objetivo do seguinte estudo foi verifi car se 10 minutos de intervalo é sufi ciente para recuperação da força total no teste de 1RM e a fi dedignidade do teste de 1RM através do seu re-teste 10 minutos após a primeira aplicação em homens treinados. De acordo com nossos resultados, verifi cou-se que 10 minutos de intervalo foi sufi ciente para a recuperação total de força no teste de 1RM, mostrando-se fi dedigno após 10 minutos de sua aplicação.

a) Quanto ao intervalo de recuperação no teste de 1RMDentre os diversos estudos que investigaram a infl uência

do intervalo sobre o desempenho de força no supino, talvez um dos pioneiros seja o estudo de Weir [15]. Este investigou o comportamento da força dinâmica máxima no teste de 1RM, em 16 homens treinados no exercício de supino em intervalos de 1, 3, 5 e 10 minutos. Os resultados mostraram que não houve diferença signifi cativa para os diferentes in-tervalos de recuperação. Porém, houve insucesso de apenas 2 sujeitos quando aplicado um intervalo de 5 minutos e 1 sujeito quando aplicado um intervalo de 10 minutos.

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Sabe-se que um longo intervalo de descanso é necessário para a recuperação do sistema neural e energético. Sustentando essa hipótese, o estudo de Pincivero [16] mostrou que os mús-culos posteriores de coxa responderam de forma mais efi ciente à um programa de treinamento de força isocinético, quando foram aplicados longos intervalos de descanso intra-sessão.

Quanto ao tempo de recuperação do sistema nervoso central, a incompleta recuperação desse sistema pode reduzir o recrutamento de unidades motoras [17]. Tal fato pode estar atribuído à fadiga de origem neurobiológica ou psicológica ligada a mudanças neuroquímicas que afetam o processo de contração muscular.

Entretanto, todos os estudos citados anteriormente são de efeitos agudos sobre a força. Dessa maneira, pode-se dizer que estudos investigando os efeitos do intervalo de recuperação sobre a força muscular em estudos longitudinais ainda são escassos na literatura [18].

b) Quanto à fi dedginidade no teste de 1RMEm relação à fi dedignidade do teste de 1RM, Pereira e

Gomes [3] relatam que esta mostrou-se de moderada a alta, variando entre 0,79 e 0,99 de correlação, de acordo com o gênero dos sujeitos e exercícios realizados.

Porém, a maioria dos estudos verifi caram a estabilização de cargas com testes sendo realizados em dias diferentes [2], populações adversas [4,6,19,20] e diferentes grupamentos musculares [1]. Um outro importante ponto a ressaltar, é que todos os estudos citados realizaram análises estatísticas com coefi ciente de correlação de Pearson. Tal coefi ciente é utilizado para verifi car a variação entre as médias obtidas entre grupos, diferentemente de nosso trabalho que utilizou o coefi ciente de correlação intra-classe (CCI), responsável em verifi car essas possíveis alterações intra-grupo [13,14].

A estabilização da carga máxima no exercício de supino neces-sita de três a quatro sessões, conforme estudo de Dias et al. [2]. Em nosso estudo foram realizados teste e re-teste dentro do mesmo dia, apresentando um alto coefi ciente de correlação intra-classe, havendo somente realização de testes dentro do mesmo dia. O que sugere uma rápida estabilização devido ao uso do exercício de supino cujo estudo de Cronin e Henderson [1] demonstrou ser mais rápido para o grupamento muscular do peitoral.

Conclusão

Conclui-se que o teste de uma repetição máxima (1RM) realizado dentro do mesmo dia apresentou um alto índice de correlação intra-classe em homens bem familiarizados ao teste, demonstrando excelente reprodutibilidade. E demonstrou também que o intervalo de recuperação foi sufi ciente para o restabelecimento total da força.

Sugere-se que sejam realizadas novas investigações, veri-fi cando a confi abilidade de testes com diferentes números de repetições máximas, levando em consideração os fatores que podem interferir nessa análise como idade, grupamento muscular utilizado e tempo de familiarização.

Referências

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8. Willardson JM, Burkett LN. A comparison of 3 diff erent rest intervals on the exercise volume completed during a workout. J Strength Cond Res 2005;19(1):23-26.

9. Willardson JM. A brief review: factors aff ecting the length of the rest interval between resistance exercise sets. J Strength Cond Res 2006;20(4):978-84.

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11. Whisenant MJ, Panton LB, East WB, Broeder CE. Validation of submaximal prediction equations for the 1 repetition maxi-mum bench press test on a group of collegiate football players. J Strength Cond Res 2003;17(2):221-27.

12. Moura JAR, Borher T, Prestes MT, Zinn JL. Infl uencia de dife-rentes ângulos articulares obtidos na posição inicial do exercício pressão de pernas e fi nal do exercício puxada frontal sobre os valores de 1RM. Rev Bras Med Esporte 2004;10(4):269-74.

13. Vincent WJ. Statistics for kinesiology. 2nd ed. Illinois: Human Kinetics; 1999.

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Artigo original

Desempenho funcional de idosos asiladosFunctional performance in institutionalized old subjects

Rodrigo Barbosa de Albuquerque*, Amandio A. Rihan Geraldes**

*Graduado em Educação Física, NUPAFIDES-EDF-UFAL , Maceió AL, **Professor Assistente da Universidade Federal de Alago-as, NUPAFIDES-EDF-UFAL, Departamento de Educação Física, Maceió AL

ResumoO objetivo do presente estudo foi identifi car o nível de autono-

mia funcional de idosos asilados, através da avaliação do desempenho em tarefas funcionais selecionadas. Participaram da pesquisa deze-nove idosos, sendo 12 homens (média de idade = 70,45 ± 6,02) e 7 mulheres (média de idade = 79,42 anos ± 10,65). As medidas do desempenho funcional de cada uma das variáveis estudadas foram acessadas através do tempo mínimo gasto para realizar as seguintes tarefas: 1) caminhada de 10 metros (C10); 2) “Timed Up And Go Test” (TUGT); 3) tempo para tirar e recolocar uma chave em uma fechadura (CF); 4) tempo para tirar e recolocar uma lâmpada (RL). De acordo com os resultados, 84% dos indivíduos conseguiram realizar todas as tarefas propostas. No desempenho da tarefa C10, enquanto os homens gastaram 8,74 seg. (± 2,5) para a realização desta tarefa, as mulheres levaram um tempo médio de 24,41 seg. (± 14,50). Este tempo não é sufi ciente para atravessar uma rua padrão em vários países desenvolvidos, como por exemplo, nos EUA (1,22 m/s) ou na Suécia (1,4 m/s). Para as outras tarefas o tempo médio, gasto por homens e mulheres, respectivamente foi de: 14,96 seg. (± 3,90) e 28,24 seg. (± 15) para TUGT; 10,16 seg. (± 18,90) e 8,93 seg. (± 9,90) para a CF e 13,78 seg. (± 18,90) e 8,93 seg. (± 9,90) para a RL. Esses achados sugerem a premente necessidade de intervenções, sejam públicas ou privadas, que objetivem a melhora do desempenho funcional desta população e, conseqüentemente, aumento da qualidade de vida. Palavras-chave: idosos, autonomia funcional, asilos, sarcopenia.

AbstractTh e purpose of this study was to identify the level of functio-

nal autonomy in elderly, through functional skills evaluation. Th e sample was composed by nineteen elderly, twelve men (aged 70.45 ± 6.02) and seven women (79.42 ± 10.65). Outcomes variable in-cluded the functional performance measured by minimal time that the individuals have to accomplish the following tasks: 1) the 10 meter walk test; 2) “Timed Up And Go Test” (TUGT); 3) time to remove and to place a key in the lock (KL); 4) time to remove and to put a lamp (PL). Th e results suggest that 84% of the individuals have accomplished all tasks. In the 10 meter walk while men spent 8.74 ± 2.5 seconds to accomplish this task, women spent 24.41 ± 14.5 seconds. Th e duration is not enough for pedestrians to cross a street in developed countries such as USA (1.22 m/s) or Sweden (1.44 m/s). For the other tasks the average time for the TUGT was 14.96 ± 3.90 and 28.24 ± 15.1 for man and woman, respectively; 10.16 ± 18.90 and 8.93 ± 9.90 for the KL and 13.78 ± 18.90 and 8.93 ± 9.90 for the PL. Th ese fi ndings suggest the need of public or private interventions aiming at improving functional performance of this population and consequently better life quality. Key-words: elderly, functional autonomy, asylums, sarcopenia.

Recebido 27 de fevereiro de 2005;aceito 12 de julho de 2005.Endereço para correspondência: Rodrigo Barbosa de Albuquerque, Rua Tupinambás, 78, Ponta Grossa, 57014820 Maceió AL, E-mail: [email protected]

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Introdução

O crescimento populacional e, conseqüentemente, o au-mento da expectativa de vida têm acontecido em quase todos os países do mundo, promovendo alterações relevantes no estilo de vida de todas as sociedades. No Brasil, o segmento populacional que mais cresce é o de idosos [1]. Em 9 anos (de 1991 a 2000) o número de idosos (indivíduos com 60 anos ou mais) aumentou duas vezes e meia, enquanto o restante da população do país aumentou apenas 14% [2,3]. Ramos [4] reporta que nos EUA, em 2020, aproximadamente 20% da população será formada por sujeitos com mais de 65 anos. No mesmo país, em 2040, cerca de 1,3 milhão de sujeitos serão centenários. Levando em consideração esse cresci-mento, estudos recentes [1,5-9] têm se dedicado a, além de dar melhorares condições de saúde para a população idosa, propor estratégias preventivas contra os efeitos deletérios do envelhecimento.

Roubenoff [10] observa que uma das principais carac-terísticas do processo de envelhecimento é a sarcopenia. O autor complementa a observação lembrando que este termo é o nome dado a esperada perda da massa e força muscular, principalmente, devido à diminuição do número de fi bras musculares do Tipo II. Segundo Ehrlich & Livtak [11], a partir dos 60 anos, a perda de força muscular pode atingir cerca de 10% por década.

Embora não possa ser classificada como doença, a sarcopenia tem sido responsabilizada, juntamente com a inatividade física, por grande parte, do aumentado risco para limitações no desempenho em tarefas motoras, das mais simples às complexas, como levantar de uma cadeira, por exemplo. Lima-Costa, Barreto & Giatti [12] observam que, em se tratando da funcionalidade de idosos, esta pode ser dimensionada em termos de desempenho funcional em determinadas atividades importantes para a autonomia funcional do dia-a-dia.

Chaimowicz & Greco [5] lembra que, concomitante-mente com o envelhecimento, aumentam a incidência e prevalência das doenças crônico-degenerativas. Estas do-enças, associadas a sarcopenia e à inatividade física, além de poderem levar à fragilidade e dependência funcional, aumenta o risco de necessidade de internamento e institu-cionalização. Cançado [13] observa que quanto mais alta for a idade, menor será a probabilidade do idoso se manter

independente. Estas ocorrências aumentam o tamanho dos desafi os dos serviços públicos de saúde, em gerar um bom serviço e qualidade de vida para esse segmento da população. Nobrega et al. [14] estima que, com o envelhecimento da po-pulação, por volta de 2020, o número de idosos brasileiros, portadores de moderada ou grave incapacidade funcional, aumentará entre 84 a 167%. Felizmente, essas constatações não são de todo desanimadoras, desde que, os resultados de vários estudos [9,15-21] têm demonstrado que o aumento dos níveis de atividade física pode desempenhar importante papel como coadjuvante na prevenção e manutenção da funcionalidade e autonomia do idoso.

O exposto demonstra a relevância investida no desen-volvimento de estudos que visem a verifi cação dos níveis de desempenho funcional de populações idosas, especialmente, aquelas nas quais o risco de diminuição da funcionalidade é incontestavelmente elevado, como a deste estudo. Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo principal a ve-rifi cação dos resultados de desempenho funcional de idosos que vivem em asilos públicos da cidade de Maceió, em tarefas motoras selecionadas.

Esta pesquisa se insere na linha de pesquisa: Aptidão física, Autonomia Funcional e Qualidade de Vida Para Idosos, fazen-do parte da produção do Núcleo de Pesquisa em Atividades Físicas, Desempenho e Saúde do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Alagoas (NUPAFIDES-EDF-UFAL).

Métodos

Seleção e características dos sujeitos

Neste estudo, de caráter descritivo, utilizou-se uma amostra composta por 19 sujeitos (12 homens e 7 mulheres) com idades compreendidas entre 61 e 99 anos (X = 70,45 DP = ± 6,02), selecionados dentre os idosos que residiam, há mais de três anos, em três das instituições asilares públicas da cidade de Maceió. Foi selecionado como critério de exclusão, ter menos de 60 anos de idade, e apresentar evidências que incapacitasse os idosos na realização das tarefas, como, por exemplo: estar sob tratamento com drogas que embotassem a atenção ou impedissem a realização das tarefas e, ou, apre-sentassem evidências de doenças neurológicas, cardíacas, ósteo-mio-articulares, dentre outras.

Tabela I - Características físicas dos sujeitos.HOMEM (n = 12) (Vm – VM) MULHER (n = 7)

M DP M DP

IDADE (anos) 70,45 6,02 61 99 79,42 10,65

ESTATURA (cm) 159,56 7,78 138,2 172,2 145,94 5,24

PESO (Kg) 64,57 8,92 41,1 78 49,01 10,92

IMC (Kg/m2) 24,53 2,94 19,2 31,01 22,7 4,18

IMC = Índice de Massa Corporal; M = Média; DP = Desvio Padrão; Vm= Valor mínimo; VM = Valor Máximo.

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Para a caracterização antropométrica da amostra, utili-zaram-se as medidas da massa corporal, estatura e Índice de Massa Corporal (Tabela I).

Após a explicação dos objetivos, procedimentos experi-mentais, importância e relevância do estudo e possíveis riscos, derivados do experimento, leu-se para todos os idosos o con-teúdo da carta de consentimento. Ao fi m da leitura os idosos que se propuseram a participar do experimento, assinaram ou a puseram as digitais de seus polegares sobre o termo de consentimento. Além disso, a presente pesquisa respeitou os preceitos e normas ditadas pelo Conselho Nacional de Saúde (resolução n° 01/88) (CNS, 1995).

Medidas da funcionalidade

Na maioria dos asilos estudados, os testes foram realiza-dos em um único dia. Entretanto, em alguns asilos, houve a necessidade de se utilizar dois dias consecutivos para as avaliações.

Para acessar o desempenho funcional dos idosos, mediu-se o tempo gasto para a realização de quatro das atividades ou tarefas motoras importantes para o cotidiano, utilizadas como testes em estudos anteriores, descritos a seguir.

Caminhar 10 metros

Este teste, utilizado em estudos anteriores [6,22], desti-na-se a medir a velocidade de caminhada para uma distância equivalente a largura de uma rua padrão. O teste consiste em caminhar em linha reta, uma distância equivalente a 10 (dez) metros, o mais rápido possível, sem correr.

“Timed Up & Go Test”

Este teste, dentre outras variáveis, destina-se a medir, principalmente a coordenação motora e o equilíbrio. Segun-do Podsiadlo & Richardson [23], pode ser utilizado como preditor para a funcionalidade e morbi-mortalidade. O teste é iniciado com o sujeito sentado em uma cadeira. O avaliado deve levantar-se da cadeira, sem auxílio dos braços, caminhar em linha reta, o mais rapidamente possível sem correr, uma distância de três metros, ao fi m dos quais, deve fazer meia volta, percorrer o mesmo percurso e mais uma vez sentar.

Tirar e colocar a chave em uma fechadura

Esse teste foi proposto e utilizado por Lundgren-Lindquist & Sperling [24] para avaliar a habilidade manual de indivídu-os idosos. O teste consiste em, se partindo-se da posição inicial em pé, em frente ao equipamento, colocado a uma altura de 95 a 100 cm do chão, onde está a fechadura foi marcado o tempo para tirar e recolocar a chave.

Tirar e recolocar uma lâmpada em um bocal

Esse teste, também proposto por Lundgren-Lindquist & Sperling [24], destina-se à avaliação da habilidade manual de idosos.

Tratamento estatístico

Com o objetivo de organizar e apresentar à análise os dados estudados, utilizaram-se os seguintes recursos da esta-tística descritiva: média, desvio padrão, freqüência absoluta e freqüência relativa e delta percentual (Δ%).

Resultados

Apresentação dos resultados no desempenho funcionalOs resultados do desempenho funcional em cada uma das

tarefas selecionadas podem ser observados na Tabela II.

Resultados do teste: caminhar 10 metros.

Neste teste, os homens e mulheres que compuseram a amostra gastaram, respectivamente, um tempo médio de 8,74s (± 2,2) e 24,41s (± 14,5) para a realização da tarefa, o que corresponde a uma velocidade média de 1.31 m/s (DP= ± 0,31) para os homens e 0,54 m/s (DP = ± 0,3) para as mulheres.

Resultados do teste: “Timed Up & Go Test”

Quando analisamos o TUGT, é pertinente lembrar que as autoras do mesmo, Podsiadlo & Richardson [23], reportam que, em termos funcionais, enquanto os indivíduos que con-seguem realizar essa tarefa em tempo inferior a 10 segundos

Tabela II - Desempenho nas habilidades funcionais selecionadas.HOMENS (n = 12) (Vm – VM) MULHERES (n = 7)

n M DP n M DP

TTRL(seg) (11) 13,78 ± 7,73 6,3 – 50,16 (7) 21,57 ± 15,18

TTEC(seg) (11) 10,16 ± 18,9 1,67 – 66,39 (7) 8,93 ± 9,9

TUAGT(seg) (12) 14,96 ± 3,9 9,64 – 52,74 (6) 28,24 ± 15,1

TC 10m(seg) (12) 8,74 ± 2,5 5,11 – 46,84 (7) 24,41 ± 14,5TTCL = Tempo para retirar e recolocar uma lâmpada; TTEC = Tempo para retirar e recolocar a chave; TUAGT = “Timed Up And Go Test” ; TC 10 m = Tempo

para realizar a Caminhada de 10 metros, n = número de participantes, M = Média, DP = Desvio Padrão, Vm = Valor Mínimo, VM = Valor Máximo.

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são classifi cados como funcionalmente independentes; os sujeitos que realizam o teste em um período de tempo superior a 10 segundos e inferior a 20 segundos são classifi cados como parcialmente independentes. Finalmente, os indivíduos que realizam o teste em tempo superior a 30, ou não o conseguem realizar, são classifi cados como funcionalmente dependentes, tendendo a necessitar de assistência de outras pessoas. Dessa forma, pôde-se observar que, todos os sujeitos do sexo mas-culino foram classifi cados como parcialmente independentes. Entretanto, dentre as mulheres, observou-se a ocorrência das três classifi cações. Ou seja, uma delas foi considerada fun-cionalmente dependente, desde que não conseguiu realizar o mesmo; três foram consideradas parcialmente indepen-dentes, uma foi considerada funcionalmente independente e três como dependentes da assistência de outras pessoas para realizarem esta atividade motora.

Resultados do teste: retirar e recolocar uma lâm-pada em um bocal

Neste teste, embora 100% das mulheres fossem capazes de desempenhar a tarefa, três delas (43%), demonstraram signifi cativas difi culdades na realização da tarefa. Dentre os homens, neste mesmo teste, três sujeitos (25%) apresentaram difi culdade na realização do teste, enquanto um deles (8,3%) foi incapaz de realizar a tarefa.

Resultados do teste: retirar e recolocar a chave em uma fechadura

Nessa tarefa, mais uma vez, 100% das mulheres foram capazes de terminar a tarefa, entretanto, duas delas (28,5%) apresentaram difi culdades na realização da mesma. Dentre os homens, dois sujeitos (16,6%) demonstraram difi culdades para realização da tarefa, enquanto um dos indivíduos (8,3%) não foi capaz de completar o teste.

Discussão

Os resultados do presente estudo corroboram com afi rmações de publicações anteriores [25] de que o grau do declínio na capacidade funcional de idosos asilados é mais elevado, quando comparado com idosos não asilados, apesar das limitações existentes no presente estudo como o limitado tamanho da amostra e outras.

Vários estudos longitudinais [27,9] têm demonstrado que os efeitos deletérios do envelhecimento, sobre os diferentes sistemas corporais, podem levar o indivíduo à invalidez. Melo et al. [26] lembra que tais constatações demonstram que o envelhecimento populacional e seus efeitos geram maior responsabilidade e maiores gastos, com programas médicos e sociais, para os serviços de saúde, desde que, os idosos apresentam como características: consumir mais serviços de saúde, apresentam maior e mais freqüente necessidade de

internações hospitalares e, quando internados, apresentam um tempo de ocupação do leito maior que o de outras faixas etárias [12].

Indivíduos idosos que vivem em instituições asilares têm demonstrado menores níveis de atividade e aptidão física, quando comparados com os idosos que vivem na comuni-dade. Sendo mais frágeis, esses idosos apresentam maiores riscos para doenças crônico-degenerativas, limitações fun-cionais e quedas [25]. No Distrito Federal, Melo et al. [26] investigando o nível de atividade física em instituições que cuidam de idosos, observou que nenhuma das instituições estudadas oferecia qualquer programa de atividade física orientada. Mais uma vez no Brasil, em um estudo feito na região sul do país, Benedetti & Petroski [25] constataram que as instituições asilares, devido ao declínio do organismo e a uma maior fragilidade dos indivíduos, têm dado preferência às atividades que requeiram menor esforço físico. A autora observou a ocorrência de um fenômeno interessante que, se-gundo a mesma, termina convertendo-se em um ciclo vicioso: à medida que há o incremento da idade, o indivíduo tende a tornar-se menos ativo, por conseguinte suas capacidades físicas diminuem, começa a aparecer o sentimento de velhice, que pode por sua vez causar estresse, depressão e levar a uma redução da atividade física e, conseqüentemente, à aparição de doenças crônico-degenerativas, que por si só, contribuem para o envelhecimento.

Os resultados da presente pesquisa demonstram que, em todas as atividades motoras realizadas, as mulheres apre-sentaram desempenho médio inferior (tempo maior para a realização da tarefa) ao dos homens. No teste de caminhada de 10 metros, as mulheres apresentaram o resultado inferior (p = 0,000). Esperava-se este resultado, pois segundo [28], quando se comparam idosos de mesma idade e características, os do sexo feminino, tendem a apresentar menor desempenho funcional em tarefas que exijam esforços físicos moderados ou vigorosos, quando comparadas com homens.

Quando comparados com os resultados de estudos semelhantes [29,6,30], realizados com idosos não insti-tucionalizados, de mesmas características e faixa etária, as mulheres e homens que compuseram esta pesquisa apresen-taram uma velocidade de caminhada menor. Entretanto, quando comparados com outros estudos [31], as mulheres continuam apresentando menores resultados, enquanto os homens apresentam resultados semelhantes. Estes resultados são compatíveis com os apresentados por outros estudos, como, por exemplo, o de [28], no qual os autores, além de confi rmarem estes achados, complementam observando que, dentre os idosos, as mulheres tendem a apresentar maior fragilidade e necessidade de assistência na realização das ati-vidades motoras do cotidiano. No Teste TUGT é interessante notar que, quando comparados com os resultados do estudo de Podsiadlo & Richardson [23], realizados com sujeitos de média de idade superior (79,5 anos), a presente amostra, embora apresentando média de idade inferior, apresentou

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um tempo médio para a realização dessa tarefa muito maior. Segundo as autoras do teste, este fato pode evidenciar que, em termos funcionais, os sujeitos asilados, mesmo quando comparados, com idosos mais velhos, apresentam maiores défi cits funcionais. Os resultados encontrados nas tarefas de avaliação da habilidade manual (teste da lâmpada e da chave) foram menores que os observados em outros estudos (Barbosa, dados não publicados), realizado com uma amos-tra composta por idosas não institucionalizadas, com média de idade de 67,9 anos. Isso demonstra a maior fragilidade existente entre as idosas asiladas, quando comparadas a não institucionalizadas.

É importante relatar que, de acordo com os questionários utilizados para acessar e avaliar a independência funcional nas AMBDD e AMIDD, nenhuma das mulheres poderia ter sido considerada plenamente independente, enquanto dentre os homens, quatro deles (21%) foram classifi cados como plenamente independentes e três (25%) demonstraram défi cit cognitivo.

Conclusão

Respeitando-se as possíveis limitações metodológicas, os resultados obtidos no presente estudo, demonstraram que os idosos que vivem em instituições asilares na cidade de Ma-ceió apresentaram baixa autonomia nas tarefas selecionadas, principalmente quando comparados com indivíduos não institucionalizados. Esses resultados levam a crer que existe a necessidade de políticas específi cas e dos responsáveis por essas instituições aplicarem intervenções que venham a me-lhorar, ou em alguns casos manter, o nível de aptidão física fornecendo para essas pessoas uma vida mais independente e melhorando assim a qualidade de vida desses sujeitos, vi-sando desacelerar os efeitos do envelhecimento que, segundo Matsudo [30], ocorre por imobilidade e má adaptação e não por doença crônica.

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Artigo original

Efeito agudo dos alongamentos estático e FNP sobre o desempenho da força dinâmica máxima

Acute effect of static and PNF stretching on maximal dynamic strength performance

Th iago Matassoli Gomes*, Ercole da Cruz Rubini**, Homero da SN Junior**, Jeff erson da Silva Novaes***, Alexandre Trindade***

*Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana - PROCIMH / UCB-RJ, Laboratório de Biociên-cias da Motricidade Humana - LABIMH, Universidade Estácio de Sá - RJ, **Universidade Estácio de Sá - RJ, *** Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana - PROCIMH / UCB-RJ, Laboratório de Biociências da Motrici-dade Humana - LABIMH, UFRJ / EEFD

ResumoO objetivo deste estudo foi verifi car o efeito agudo dos alonga-

mentos estático passivo e facilitação neuromuscular proprioceptiva sobre o desempenho da força dinâmica máxima. O estudo foi realizado com 21 voluntários do sexo masculino (24,1 ± 1,7 anos) treinados em força há pelo menos dois anos. Para auferição da força dinâmica máxima foi utilizado o protocolo de teste e re-teste de uma repetição máxima (1RM) no supino horizontal. Todos os sujeitos participaram de todas as situações experimentais, sendo: a) alongamento estático + 1RM (EP); b) alongamento FNP + 1RM (FNP); c) teste de 1RM sem alongamento (GC). A ordem de par-ticipação nos protocolos experimentais foi determinada de forma aleatória. O resultado da ANOVA com medidas repetidas mostrou diferenças signifi cativas com relação à situação controle, tanto na situação EP (p = 0,00) quanto na situação FNP (p = 0,00). Onde a média nas condições experimentais EP (95 ± 12,3 kg) e FNP (92 ± 11,2 kg) foi signifi cativamente menor do que GC (99,2 ± 11,4 kg). Conclui-se que uma sessão de alongamento estático ou FNP executada imediatamente antes do treinamento de força provocou uma diminuição do desempenho.Palavras-chave: flexibilidade, teste de 1 RM, rendimento, treinamento concorrente.

AbstractTh e purpose of this study was to verify the acute eff ect of static

and proprioceptive neuromuscular facilitation stretching on maxi-mal dynamic strength performance. Th e study was comprised by twenty-one trained male (24.1 ± 1.7 years). To measure the maximal dynamic strength it was used the one maximal repetition test (1RM) and retest protocols in a horizontal chest press. All subjects were ran-domly assigned to static stretching (EP), PNF stretching (FNP) and nonstretching (GC) protocols before strength testing. Th e ANOVA with repeated measures revealed signifi cantly decreases (p < 0.05) in maximal dynamic strength. Static and proprioceptive neuromuscular stretching reduced the maximal strength (p = 0.00) when compared with nonstretching group. Th e mean in experimental conditions EP (95 ± 12.3 kg) and FNP (92 ± 11.2 kg) was signifi cantly smaller than GC (99.2 ± 11.4 kg). Th ese results indicated that both static and proprioceptive neuromuscular facilitation stretching impairs maximal dynamic force production.Key-words: flexibility, 1RM test, performance, concurrently training.

Recebido 15 de julho de 2005; aceito em 10 de outubro de 2005.Endereço para correspondência: Thiago Matassoli Gomes, Rua Delfina Enes, 365, Penha, 21011-400 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21) 8807-9459, E-mail: [email protected]

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Introdução

O ACSM [1] coloca a força e a fl exibilidade, juntamente com a potência aeróbia e a composição corporal como os quatro componentes mais importantes da aptidão física, devendo estes estar embutidos em qualquer programa de atividade física relacionado à saúde.

Exercícios de alongamento são tradicionalmente utilizados como parte integrante do aquecimento para a atividade prin-cipal, sob a alegação de promover melhoras no desempenho, diminuir o risco de lesões e diminuir o aparecimento de dores musculares tardias. Porém, parece não existir sustentação científi ca para tais afi rmações [2-8].

Trabalhos recentes mostram uma diminuição no de-sempenho da força isométrica e isotônica [9-15], nos saltos verticais [16-19] e na força isocinética [20-22] quando estas são precedidas por exercícios de alongamento. Na literatura, a maioria dos trabalhos se apresenta verifi cando os efeitos da fl exibilidade sobre a força em membros inferiores [9-14,16-19]. Entretanto, dos estudos relacionados acima apenas dois trabalhos [15,21] reportam o comportamento da força nos membros superiores. Demonstrando uma lacuna a ser preen-chida, que é saber se os resultados encontrados em membros inferiores podem ser reproduzidos nos membros superiores.

Portanto, o objetivo deste estudo foi verifi car o efeito agudo dos métodos de alongamento estático passivo (EP) e facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) sobre o desempenho da força dinâmica máxima de membros supe-riores.

Materiais e métodos

Amostra

Participaram do estudo 21 voluntários do sexo masculino (24,1 ± 1,7 anos; 172 ± 2,8 cm; 76,4 ± 3,6 kg) com expe-riência de, no mínimo, dois anos em treinamento de força. Foi adotado como critério de exclusão a presença de qualquer lesão osteomioarticular ou cirurgia nas articulações envolvidas no estudo e o uso de suplementos e esteróides anabólicos ou quaisquer outras drogas que pudessem interferir nos resultados dos testes. Todos assinaram termo de consentimento livre e esclarecido conforme resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para experimentos com humanos.

Desenho experimental

Todos os sujeitos realizaram cinco visitas não consecutivas com intervalo de 48 horas entre as mesmas. Todos fi zeram os testes no mesmo período do dia durante todo o procedimento experimental. Nas duas primeiras visitas foram realizadas as mensurações da composição corporal (estatura e massa cor-poral), aplicado o questionário PAR-Q e o teste e o re-teste de 1RM. Da terceira a quinta visitas os voluntários foram

divididos aleatoriamente nas seguintes situações experimen-tais: a) alongamento estático + 1RM (EP); b) alongamento FNP + 1RM (FNP); c) teste de 1RM sem alongamento prévio (GC). Todos foram instruídos a não realizar qualquer tipo de treinamento de força e de fl exibilidade para o grupamento muscular envolvido no teste 48 horas antes do início dos mesmos.

Determinação de 1RM

Para a avaliação da força dinâmica máxima foi realizado o exercício supino horizontal em um pórtico da Technogym®

(Itália), no qual o avaliado deitava-se no banco em posição supina, posicionando a barra na linha do ponto meso-ester-nal. A distância das mãos deveria corresponder à posição em que o úmero fi casse horizontal em relação ao solo e o ângulo formado entre o braço e o antebraço fosse de 900 no fi nal da fase excêntrica do movimento, angulação que foi auferida por um goniômetro. O exercício supino horizontal foi realizado da seguinte maneira: a) Posição inicial – fase excêntrica do movimento, sua execução era iniciada com os cotovelos em extensão; b) Posição intermediária – fase concêntrica do movimento, com os cotovelos formando um ângulo de 900 de fl exão com o úmero em paralelo ao solo (limitador de amplitude), retornando então a posição inicial.

O protocolo do teste seguiu as instruções do ACSM [23], podendo ser realizadas até três tentativas, sendo o peso ajusta-do sempre antes de cada tentativa. O tempo de recuperação entre as tentativas foi padronizado em cinco minutos. Quando o avaliado não conseguia mais realizar o movimento de forma correta, o teste era interrompido, sendo registrado como peso máximo, aquele obtido na última execução completa.

Protocolo de alongamento

Para o tratamento com o método estático passivo, utilizou-se três séries com 30 segundos de manutenção na posição, no qual o movimento era levado até uma posição de ligeiro desconforto. Para o método FNP foi realizado seis segundos de contração seguido de 30 segundos de manutenção na posição, também com três séries. Entre as séries de alongamento foi realizado um intervalo de 30 segundos (Figura 1).

Figura 1 - Posição de alongamento.

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Análise de dados

Todos os resultados estão apresentados em média ± desvio padrão. Para determinar os efeitos dos dois tratamentos sobre a variável dependente (1RM), foi realizada uma ANOVA para medidas repetidas com três entradas (GC X EP X FNP). Para determinar as diferenças específi cas foi realizado o teste post hoc de Bonferoni. As análises estatísticas foram realizadas a partir do pacote de programas estatísticos SPSS 14.0 (SPSS Inc., EUA). Para todas as análises foi adotado um nível crítico de signifi cância de p < 0,05.

Resultados

A ANOVA para medidas repetidas mostrou reduções signifi cativas (p = 0,00) na força tanto na situação EP quan-to FNP em relação ao grupo controle, no qual a média nas condições experimentais EP (95 ± 12,3 kg) e FNP (92 ± 11,2 kg) foi signifi cativamente menor que a média obtida no grupo controle (99,2 ± 11,4 kg) (Gráfi co 1).

Gráfi co 1

Todos os fatores supracitados (número de exercícios, tem-po e número de séries diferentes) por muitas vezes geram um tempo total de estímulo que excedem o que normalmente é feito na prática e acabam por diminuir a aplicabilidade dos estudos. Porém, apesar de no presente trabalho o volume total de estímulo ter sido menor e estar sendo obedecido o recomendado [1], também foi verifi cada a diminuição no desempenho da força quando a mesma foi precedida por exercício de alongamento.

Marek et al. [22] verifi caram diminuições no pico de torque máximo (2,8%) e na potência muscular (3,2%) em velocidade lenta (600.s-1) e rápida (3000.s-1) para o músculo vasto lateral. Assim como no presente estudo, a magnitude no défi cit da força em decorrência dos métodos de alonga-mento foi a mesma, tanto para o método estático quanto para o FNP.

Possíveis explicações são utilizadas para justifi car a di-minuição do desempenho da força quando precedida por exercícios de alongamento. Fowles et al. [10] verifi caram uma diminuição de 28% na ativação das unidades motoras e na atividade eletromiográfi ca. Além disso, observaram que este efeito perdurou por até 60 minutos. Esta diminuição pode ser explicada pela inibição gerada pelos órgãos tendinosos de golgi, que contribui para uma diminuição da excitabilidade dos motoneurônios alfa.

Avela et al. [24] mostraram uma redução de 23,2% na contração voluntária máxima da musculatura do tríceps sural. Tal diminuição possivelmente ocorreu por uma redução na sensitividade dos fusos musculares, reduzindo a atividade das fi bras aferentes de grande calibre. Uma inibição dos moto-neurônios alfa gerada pelos receptores articulares tipo III e tipo IV, também pode justifi car a diminuição no desempenho da força [25].

Alterações nas propriedades viscoelásticas da unidade mús-culo-tendinosa reduzem a tensão passiva e a rigidez [26,27]. Como uma das funções do tendão é transferir a força produzida pela musculatura esquelética para os ossos e articulações, uma unidade músculo-tendinosa menos rígida transmitirá de forma menos efi ciente as alterações de tensão na musculatura. Tais alterações viscoelásticas podem colocar o componente contrátil em uma posição menos favorável em termos de produção de força nas curvas de força-comprimento e força-velocidade, que acarreta conseqüentemente em uma insufi ciente transmissão de força do músculo para o sistema esquelético[26,27].

É importante enfatizar que a posição de alongamento utilizada, apesar de ser bastante comum nas academias e clubes de ginástica provavelmente interferiu na resposta da produção de força. Com os cotovelos estendidos não se isola o alongamento para a musculatura do peitoral. No entanto, mesmo com essa limitação foi observada uma diminuição no desempenho da força. A hipótese é que com o exercício de alongamento sendo conduzido com os cotovelos fl exionados (isolando assim o grupamento muscular alongado), a dimi-nuição no desempenho da força poderá ser ainda maior.

Discussão

Os resultados do presente estudo estão em concordância com outros que também verifi caram diferença estatisticamente signifi cativa entre os valores do desempenho da força quando precedida por exercícios de alongamento [9-22]. Apesar de na maioria desses estudos terem sido realizados mais de um tipo de exercício de alongamento e o número de séries, bem como o tempo de manutenção na posição de alongamento, nem sempre obedecerem o recomendado [1].

Fowles et al. [10] e Behm et al. [11] utilizaram 135 e 45 segundos de manutenção na posição de alongamento respec-tivamente. A variação no número de séries também foi muito grande, enquanto Tricoli e Paulo [14] utilizaram três séries, Fowles et al. [10] utilizaram apenas uma e Behm et al. [11] utilizaram cinco séries.

Alguns trabalhos [17-19] não demonstraram diminuição no desempenho dos saltos verticais quando estes foram pre-cedidos por exercícios de alongamento. Porém, novamente os protocolos de alongamento não respeitavam o recomendado [1], sendo utilizado apenas quinze segundos de manutenção na posição de alongamento.

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Conclusões

Os resultados demonstraram uma diminuição da força dinâmica máxima quando esta foi precedida por exercício de alongamento. Tanto para o método estático passivo quanto para o método de facilitação neuromuscular proprioceptiva. Esses resultados somam-se aos dados já existentes na literatura, mostrando haver uma diminuição no desempenho da força independentemente do segmento corporal envolvido e do número de exercícios realizados.

Atletas e técnicos devem considerar os dados do presente estudo antes de acrescentar em suas rotinas de aquecimento exercícios de alongamento. Ainda mais, nas atividades físico-desportivas que dependerem diretamente do desempenho da força.

Futuros estudos devem procurar investigar os possíveis mecanismos relacionados à diminuição do desempenho da força. Faz-se necessária a elaboração de outros estudos que envolvam diferentes variáveis, entre elas: o número de séries, o tempo de sustentação da posição de alongamento e popu-lações com diferentes idades. Sugere-se, ainda, que se observe os efeitos crônicos sobre as variáveis apresentadas.

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Artigo original

Predição do volume de exercícios com pesos para promoção da exaustão em três grupos musculares de

atletas mediante variações de componentes sanguíneos Prediction of exercise volume with weight to promote exhaustion in three major muscular-groups of athletes through variation of blood markers

Carlos Alexandre Fett*, Fábio Lera Orsatti**, Roberto Carlos Burini***

*Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, **Professor de Educação Física, Centro de Meta-bolismo em Exercício e Nutrição (CeMeNutri) – Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina Botucatu/SP-UNESP, Mestrando em Ginecologia, Setor de Climatério e Menopausa – Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu (SP), ***Professor Titular, Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição – CeMENutri – Depto de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da Unesp – Botucatu (SP)

Resumo Com o objetivo de avaliar o impacto do teste de exaustão (TE),

com exercícios resistidos em três grupamentos musculares distintos, sobre a magnitude das alterações sangüíneas de atletas, foram estu-dados 12 indivíduos (23 ± 4 anos) do sexo masculino (79 ± 10kg), atletas de musculação e voluntários ao estudo. Após 4 semanas de treinamento e dieta ajustada para 1,5g/kg/dia e 30 kcal/g prot., foi aplicado o TE que iniciava com 80% de 1 RM e redução de 20% até a fadiga (não execução da repetição). O TE foi realizado para: 1) supino reto; 2) agachamento na máquina Hack®; 3) remada baixa no pulley, sem descanso entre os exercícios. Foram realizadas coletas de sangue, antes e após a realização dos três TE, para dosagens hemogasimétricas e bioquímicas. Após o TE, aumentaram as atividades das enzimas (U/L) creatino-quinase (CK), creatino-quinase isoenzima cardíaca (CK-MB), lactato desidrogenase (LDH), alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e os valores de glicose, Ca+,

Na+ , PO2, hematócrito, osmolalidade. Por outro lado, houve redução signifi cativa do pH, HCO3 e pCO2 e variação não signifi cativa do ácido úrico. Não houve correlação do teste de RM com o somatório das repetições no TE. Os indicadores isolados mais sensíveis ao vo-lume de exercícios foram a PCO2 e a AST que predizem até 50% e 40% das repetições, respectivamente. A associação da PCO2, pressão parcial de oxigênio (PO2), hematócrito (Ht), creatina quinase por-ção cérebro-músculo (CK-MB) e bicarbonato (HCO3), têm o nível preditivo máximo de aproximadamente 92%. O teste exaustivo dos 3 grupamentos musculares leva a alterações sanguíneas indicativas de estresse metabólico em que variações de pO2, pCO2, HCO3

-, Ht, e CKMB predizem 92% do esforço dispendido no TE. Palavras-chave: marcadores bioquímicos, teste de exaustão, grupos musculares.

AbstractTh e responses of blood markers of fatigue -stress to exhaustive

strength training were investigated in three diff erent groups of muscles of 12 males (23 + 4 yrs) volunteers, body builders. After 4 weeks of training (5d/wk, 3x6-12 rep. 70-85% of RM, 30-60 seg rest among series) and dietary intake adjusted to 1.5g prot/kg/d and 30kcal/g prot they were submitted to the exhaustion test (ET) beginning with 80% of 1RM downgrading 20% up to fatigue. Th e ET was conducted for muscular groups through 1) bench press, 2) squad and 3) seated row, without resting between exercises. Blood samples were drawn immediately before and after the ET and processed for hemogasimetric and biochemistry assays. Th e ET resulted in increased activities of enzymes (CK, CK-MB, LDH, AST and ALT), levels of osmolality (Osm), Na+, Ca++, Ht, glucose and pO2. Th e ET reduced the values of pH, HCO3 and pCO2, without aff ecting the concentration of uric acid. Th ere was no relationship between the loading for 1RM (kg) and the number of repetitions to reach the ET. Blood pCO2 and plasma AST showed (negative) signifi cant relationship with exercise volume for ET predicting 50% and 40% of the achieved exercise repetitions, respectively. By associating both with pO2, CK-MB and HCO3 the predictive value increased to 92%. Th us the responses of blood markers predict up to 92% of the volume of exhaustive strength exercise in the three major groups of user muscles during ET in athletes.Key-words: biochemistry markers, exhaustion test, muscular-groups.

Recebido em 12 de abril de 2005, aceito em 15 de março de 2005.Endereço para correspondência: Roberto Carlos Burini, Rua Distrito de Rubião Júnior, s/n-UNESP/FM/BOTUCATU, 18618-970 Botucatu SP, Tel: (014) 3811-6128, E-mail: [email protected]

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Introdução

Os grandes grupamentos musculares estão envolvidos, em geral, nos esportes de alta intensidade, causando exaustão e es-tresse, com repercussões sistêmicas. Entretanto, grande parte dos estudos relativos à fadiga muscular utiliza contrações isométricas de pequenos grupamentos musculares, bem defi nidos. Além disso, para defl agração da fadiga são usados estímulos elétricos, sem artefatos externos, ou envolvimento de movimento articular. Assim, as cinéticas inerentes ao trabalho muscular são relaciona-das mais aos fatores limitantes periféricos que aos fatores centrais ou sistêmicos. Portanto, muito menor atenção tem sido dada ao estabelecimento da fadiga em grandes grupamentos musculares no exercício dinâmico e sua infl uência sistêmica [1].

Atividades intensas, especialmente as excêntricas estão associa-das à lesão muscular [2] e a lesão associa-se a exaustão do músculo, prejudicando a função contrátil pela resposta infl amatória.

Por outro lado, o treinamento físico leva a adaptações in-dividualmente em cada sistema (cardiorespiratório, muscular e neural), promovendo coordenação entre os sistemas para minimizar a quebra da homeostase em resposta ao exercício. Assim, o treinamento tem relevância direta para o tipo de observação na resposta especifi ca ou não especifi ca ao estresse submetido [3]. Para tanto, é necessário que o teste físico de sobrecarga seja adequado quanto às alterações metabólicas envolvidas que se deseja observar.

A capacidade de sustentar ações musculares repetidas é chamada de resistência (endurance) muscular. A endurance muscular aumenta com a força, modifi cações metabólicas lo-cais e função circulatória. Estas alterações melhoram o desem-penho muscular em atividades específi cas contra resistência, tanto no aumento da força quanto da resistência muscular. Uma força simples de estimar a endurance muscular é verifi car quantas repetições se consegue desempenhar em um dado percentual do teste de uma repetição máxima (1RM) [4].

Portanto, nosso objetivo foi desenvolver um teste de exer-cícios resistidos exaustivos, que fosse representativo da maior parte do volume muscular total, a fi m de observar as alterações sistêmicas induzidas representadas por indicadores sanguíneos após indução pelo teste de exaustão muscular.

Material e métodos

Foram estudados doze indivíduos (23 ± 4 anos), praticantes de exercícios resistidos. Os critérios de exclusão eram fumo, etilis-mo, usuários de esteróides anabólicos ou similares e histórico de doenças metabólicas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu e todos assinaram declaração de consentimento esclarecido.

Protocolo dietético

Após investigação dos hábitos alimentares, obtidos por meio do registro alimentar de 3 dias e calculando-se a

composição centesimal dos nutrientes, a partir do softwere de nutrição (NutWin, UNIFESP, 2003, a dieta habitual foi ajustada para a oferta de 1,5g de proteína/kg de peso/dia com 30 kcal não protéicas por grama de proteína.

Protocolo de exercício

O treinamento foi de 5 dias semanais, sendo 3 dias de treino contínuo, um de descanso e mais 2 dias, carga entre 70-85% do RM, tempo de recuperação entre 30s e 1min, baseado em combinações de metodologia para hipertrofi a. As sessões en-volviam os grupamentos musculares: 1) – peito, ombro, tríceps e abdome; 2) – costa, bíceps, antebraço; 3) – coxas, glúteos, lombar e panturrilha; 4) – os mesmos grupamentos da sessão 1 e 2; 5) – os mesmos grupamentos da sessão 3 [5].

Após um mês de treinamento, foi aplicado o teste de exaus-tão (TE). O teste consistiu de aplicação de carga descendentes a iniciar-se com 80% de 1 repetição máxima (RM) execu-tando-se o maior número de repetições possível até a fadiga muscular (não execução da repetição); a carga sofria redução de 20% (80/60/40 e 20 do RM) através de auxílio externo sem interrupção do exercício e a continuidade deste proces-so repetia-se até permanecer apenas 20% de carga máxima, que era a força alvo (FA) e a exaustão instalar-se. Exercícios selecionados: 1) – supino reto (peito, ombro e tríceps); 2) - agachamento na máquina hack® (quadríceps, isquiopoplíteo e glúteo); 3) – remada baixa no pulley (costas, ombro e bíceps). Não foi permitido descanso entre os exercícios.

A coleta de sangue venoso foi realizada antes e logo após o TE, mediante punção da veia cubital com agulha e seringa descartáveis. Após a separação do soro ou plasma, esse mate-rial foi utilizado para a realização das analises de hematócrito (técnica de microhematócrito) e eletrólitos: sódio, potássio e cálcio, osmolaridade, hemogasimetria para pH, bicarbonato (HCO3

-), pressão parcial de oxigênio (PO2) e pressão para-cia de dióxido de carbono (PCO2), glicose (método glicose oxidase), ácido úrico (AU), enzimas: creatina- quinase (CK), isoenzima cardíaca creatina – quinase (CK_MB), lactato desi-drogenase (LDH), alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), Os kits foram comercializados pela Diagnostic Products Corporation (DPC), Los Angeles, CA.

Analise estatística

Os resultados foram expressos como média + desvio padrão, com intervalos de confi ança (95%) e 5 % de signi-fi cância para contraste entre as médias. Foi feito o teste de Kolmogorov e Smirnov para observar se as amostras tinham distribuição normal. Para a comparação entre os momentos antes e depois do TE, foi utilizado teste de Wilcoxon para amostras pareadas quando não havia distribuição normal, e o teste t pareado para quando havia distribuição normal.

Foram utilizados procedimentos de regressão múltipla “Stepwise”. O coefi ciente de explicação (R2), indica quan-

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to as variáveis de forma associativa conseguem explicar os resultados do desempenho físico (repetições e carga). Foi utilizado intervalo de confi ança em nível de 5% de signifi cância.

Resultados

Somente as concentrações séricas de AU, a PCO2, não apre-sentaram modifi cações signifi cantes após o TE (Tabela I).

Tabela I - Resultado das alterações sanguíneas induzidas pelos testes de exaustão.

Teste de exaustãoVariável/n/unidade Antes DepoisCKψ (10) (U/L) 124.0 ± 32.5 164.5 ± 30.3***CK-MBψ (10) (U/L) 5.8 ± 3.5 7.1 ± 2.2*LDHψ (11) (U/L) 173.0 ± 25.5 214.4 ± 37.9**TGPψ (11) (U/L) 22.5 ± 6.8 25.8 ± 6.3*TGOψ (11) (U/L) 20.9 ± 7.4 25.8 ± 7.6***AU♠ (12) (mg/dL) 5.0 ± 0.8 5.2 ± 1.2Gli♠ (12) (mg/dL) 76.5 ± 25.4 99.6 ± 13.0**PO2♠ (12) (mmHg) 27.0 ± 5.7 57.6 ± 10.5***PCO2♠ (12) (mmHg) 47.7 ± 6.7 45.4 ± 15.0HCO3♠ (12) (mmol/L) 26.3 ± 1.9 11.7 ± 1.7***pH♠ (12) 7.3 ± 0.04 7.0 ± 0.1***Ht♠ (12) (%) 43.2 ± 6.3 51.3 ± 3.7***Ca+♠ (12) (mg/dL) 3.8 ± 0.6 4.7 ± 0.4*Na+♠ (12) (mmol/L) 142.3 ± 6.2 148.1 ± 4.8**O2♠ (12) (mOsm) 278.3 ± 11.7 291.0 ± 8.3***Os valores são média±desvio padrão.

CK, creatina quinase; CK-MB, creation quinase porção muscular e

cerebral; TGP, transaminase glutamato piruvato; TGO, transaminase

glutamato-oxalacetato; AU, ácido úrico; Gli, glicemia de jejum; PO2,

pressão parcial de oxigênio; PCO2, pressão parcial de dióxido de

carbono; HCO3, bicarbonato; pH, concentração de H+ em -log10; Ht,

hematócrito; Ca+, cálcio iônico; Na+, sódio; Os, osmolalidade.

*P<0.05, **P<0.005, ***P<0.0005; ψWilcoxon matched-pairs

signed-ranks test; ♠Paired t test; n = número de sujeitos.

Não houve correlação linear entre as somas das cargas máximas dos exercícios no teste de 1RM e a soma de número máximo de repetições realizadas no TE (r = 0,219, r2 = 0,048, p = 0,495).

O indicador isolado com a melhor predição do desem-penho de carga no TE foi o pCO2 (51,4%) seguido da AST (40%). Quando associada à AST, CK-MB e HCO3 o efeito preditivo foi elevado para 63% (tabela II). Quando o pCO2 foi associado a outras variáveis (pO2, Ht, HCO3

- e CK-MB), o valor de predição foi de 92,5% (tabela 3).

No geral, considerando-se as limitações do erro padrão para as repetições, tem-se apenas as variações de AST (Ta-bela II) e pCO2 (Tabela III) refl etiram signifi cantemente as diferenças das repetições no TE.

Tabela II - Parâmetros de regressão múltipla entre atividades da enzima aspartato amino transferase (AST) e os demais indicadores laboratoriais com número de repetições ocorrida no protocolo de exaustão. Variáveis

preditoras

Coeficiente B Correlação

parcial

R2 Coeficiente B

AST (U/L) -12,094 -0,769 0,40 -1,10*CK-MB (U/L) -2,392 -0,616 0,54 -0,59HCO3- (mmol/L)

0,352 0,451 0,63 0,44

Constante 213,766Estatística: regressão linear de stepwise; F=2,8761; SEE, erro padrão =

14,9 repetições

*p<0,05

AST, aspartato aminotransferase; CK_MB, creatina qui-nase fração miocárdica, HCO3

-, bicarbonato.

Tabela III - Parâmetros de regressão múltipla entre pCO2 e os de-mais indicadores laboratoriais com número de repetições ocorrida no protocolo de exaustão. Variáveis

preditoras

Coeficiente B Correla-

ção parcial

R2 Coeficiente B

pCO2 (mmHg)

-1,825 -0,955 0,514 -1,08*

pO2 (mmHg) -0,959 -0,809 0,767 -0,43

Ht (%) 1,811 0,819 0,831 0,53

CK-MB (U/L) -1,821 -0,743 0,897 -0,45

HCO3- (mmol/L)

2,899 0,519 0,925 0,20

Constante 213,766Estatística: regressão linear de stepwise; F = 7,4079; SEE, erro padrão

= 8,7 repetições. *p < 0,05.

pCO2, pressão parcial de dióxido de carbono; pO2, pressão parcial de

oxigênio; Ht, hematócrito; CK_MB, creatina quinase fração miocárdica,

HCO3; bicarbonato.

Discussão

O TE mostrou causar estresse sistêmico, alterando sig-nifi cativamente as concentrações sangüíneas de variáveis enzimáticas, eletrolíticas e áciodo base. O grande volume muscular envolvido e as cargas descendentes, a cada etapa de esforço e continuidade do exercício até a completa exaustão muscular, recrutaram os diferentes tipos de fi bra muscular e conseqüentes vias metabólicas consistindo novos ajustes metabólicos para a homeostase sistêmica.

Os três exercícios do TE foram escolhidos por serem re-presentativos da grande maioria dos grupamentos musculares e, além dos grupamentos envolvidos diretamente nos exercí-cios havia ainda contribuição indireta dos grupamentos do antebraço e panturrilha, que se contraiam isometricamente como sustentadores, o abdome e a coluna lombar, como estabilizadores dos exercícios. Além disso, os grupamentos

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solicitados diretamente no exercício foram os que mais alte-rações metabólicas causaram em avaliação do impacto sobre o estresse sistêmico [6].

A fadiga e a exaustão em exercício prolongado têm funda-mentação fi siológica mais bem estabelecida do que o exercício de curta duração e alta intensidade. Naquele tipo de atividade, atribui-se a incapacidade local do músculo de contrair-se (fadiga periférica), principalmente à redução do volume plasmático e fl uxo sangüíneo [7] , depleção acelerada das taxas de glicogênio muscular e acúmulo de lactato muscular [8], diminuição do potencial de repouso da membrana, pela perda de potássio [9] falência da bomba de cálcio do retículo sarcoplasmático, aumento da concentração de ADP livre, e falência da transmissão neuromuscular [10].

Várias destas alterações também foram observadas no TE. O Ht e O2 aumentaram signifi cativamente, sendo relacionados à fadiga muscular pelo aumento da viscosidade sanguínea e conseqüente redução no transporte de O2, remoção do CO2 e outros metabólitos[11]. O Ca+ e Na+ plasmático também aumentaram signifi cativamente após o TE. O deslocamento destes eletrólitos do citoplasma celular para o sangue, pode reduzir a capacidade de contração muscular, devido a falta de Ca+ para ligar a cabeça da miosina a troponina e do Na+ em relação a despolarização da membrana pela bomba de sódio e potássio [12]. A quantidade de Ca+ liberado pelo retículo sar-coplasmático para ativar a contração muscular é reduzida nas fi bras musculares fatigadas [13]. Estas alterações também devem ter contribuído para a exaustão se instalar nestes sujeitos.

Estudos têm indicado que é necessária a avaliação in-tracelular do Ca+, para demonstrar alterações relativas ao metabolismo, com talvez pequena alteração extracelular. Todavia, observamos aumento signifi cante do Ca+ plasmático neste estudo, sugerindo que, neste tipo de teste, ele pode ser indicador de exaustão [14].

Era esperado o aumento da concentração plasmática do ácido úrico após o TE, o que não se observou. Atividades in-tensas estimulam o ciclo da purina nucleotídio. Todavia, o IMP pode ser defosforilado em adenosina, sendo então degradada a inosina e hipoxantina e como o músculo não possui enzimas para converter a hipoxantina em insosina, conseqüentemente a hipoxantina é transportada para o fígado, onde é convertida em ácido úrico e excretada pelos rins [13]. Foi sugerido que há perda de adenina nucleotídio, durante a contração muscular intensa, numa tentativa de permitir que as reações de adenilato quinase continuem e, dessa forma, mantenham a carga de tra-balho elevada. Foi demonstrado que essa perda está coordenada com os aumentos estequiométricos das concentrações de IMP e amônia [13]. O produto fi nal da via de desfosforilação do AMP é o ácido úrico, que se manteve com níveis inalterados. Estes resultados sugerem que esta via não foi importante no TE, ou, não houve tempo sufi ciente para o ciclo se completar.

A glicemia aumentou significativamente após o TE, provavelmente pela descarga simpática, desencadeando a glicogenólise e neogligogênese hepática [15].

As atividades intensas, exaustivas, estão associadas à lesão muscular e com isso a liberação dos constituintes intracelu-lares como as enzimas. Várias enzimas estão aumentadas no sangue após atividade muscular exaustiva, podendo servir como marcadores da exaustão [16].

As enzimas observadas neste estudo aumentaram signifi ca-tivamente após o TE. Há signifi cante correlação entre a CK, CK-MB e TGO, mas não para TGP, à lesão muscular induzida pelo exercício [16]. Neste estudo, todavia, a TGP também res-pondeu a lesão muscular. Foi relatado pelos atletas dor tardia entre 24 e 48 horas após o TE, o que está associado a microlesão do músculo [16]. A CK é catalisadora da reação reversível de creatina + ATP, para creatina fosfato + ADP. Ela é altamente concentrada no músculo esquelético e miocárdio, e em menor proporção no cérebro, intestino e pulmões. Os estresses físicos e psíquicos aumentam as concentrações plasmáticas da CK, e é um importante indicador de lesão muscular [17].

Não obstante a elevação da concentração de CK-MB indicar lesão no miocárdio [17], ela também está associada a lesão no músculo esquelético [18]. A CK-MB encontra-se mais elevada nas fi bras de contração lenta do que nas rápidas, não importando o nível ou o tipo de treinamento envolvido [19]. Ela é uma isoenzima associada a contínua regeneração muscular em indivíduos submetidos a injúria muscular crônica. Biópsia muscular, realizada em atletas de endurance altamente treinados, tem demonstrado que eles contêm uma concentração mais elevada de CK-MB [20]. Já em nadadores desempenhando atividade de longa duração, nem a CK ou a CK-MB, apresentaram modifi cações após a atividade (70% do VO2 máx x 24 min) em relação ao repouso [21]. A CK parece responder mais ao tipo de estimulo de exercício de força/anaeróbio [22], sendo que a CK-MB, encontra-se mais relacionada as atividades de endurance [20]. O aumento ob-servado da CK e CK-MB são sugestivos que o TE induziu a lesão das fi bras tipo I e tipo IIa,b. A maior signifi cância para a CK indica a intensidade máxima do TE e grande participação do metabolismo anaeróbico. Corrobora com isso o aumento da LDH no TE, justifi cado pela grande participação do me-tabolismo anaeróbio, onde na falta de O2 converte o piruvato em lactato. A lesão muscular deixa extravasar esta enzima para o sangue aumentando sua concentração. Além disso, a grande formação de ácido lático ativa o ciclo de Cori, onde o lactato oferecido para o fígado é convertido a ácido pirúvico e este a glicose que retorna ao sangue [15].

Em geral, sujeitos mais bem condicionados têm menor au-mento dessas enzimas comparado a indivíduos não acostumados a determinada atividade física [16]. Estas enzimas podem ser utilizadas como parâmetros para intensidade do TE e outros testes desta natureza. Todavia, Koutedakis et al. [17] observaram que remadores de nível olímpico, quando comparados com su-jeitos destreinados, tinham a CK e TGO, mas não a TGP, mais elevadas tanto no basal como 5 minutos após uma atividade exaustiva voluntária. Na tentativa de evitar diferenças no nível de condicionamento físico dos atletas de musculação, foi realizado,

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pré-TE, um mês de treinamento equalizador. O TE pode ter causado hipóxia tecidual, uma vez que

as cargas iniciaram-se com o valor de 80% de 1 RM e foi demonstrado que valores próximos a 50% da capacidade má-xima de contração muscular isométrica causam oclusão total dos vasos e que a microcirculação e a oferta de O2 começam a ser comprometidas com valores em torno de 20% de 1RM, que era a carga fi nal do TE. Sabe-se, ainda, que o exercício resistido é dependente em maior grau do metabolismo anae-róbico do que exercícios cíclicos. De fato, em cicloergômetro, aproximadamente 9%, 12% e 100% da força voluntária máxima são exercidas no pedal, relativo às intensidades de 60%, 80% e 100% do VO2 máx, respectivamente. Em con-traste, para a extensão dinâmica do joelho, as porcentagens de 10%, 16% e 27% da força muscular máxima do músculo em repouso eram obtidas 66%, 78% e 100% do VO2 máx. de pico relativo à uma perna, respectivamente [1]. Fica, pois, aparente que o exercício contra resistência, já com percentuais relativamente baixos do 1RM, depende em grande parte do metabolismo anaeróbio. O TE oferece boa alternativa para teste de capacidade muscular em exercício resistido, envol-vendo metabolismo especifi co a atividade, que não pode ser mensurado (pelas alterações de marcadores bioquímicos) em testes convencionais em esteira ou bicicleta.

O Ht foi o único indicador positivamente correlacionado ao TE e ambas enzimas (CK e AST) tiveram importantes contribuições na predição do número de repetições desem-penhadas e foram negativamente correlacionados ao TE. Uma possível explicação para correlação negativa ao TE é que indivíduos mais bem condicionados têm menor aumento dessas enzimas comparados a indivíduos não acostumados a determinada atividade física [16].

O indicador isolado mais sensível à exaustão foi a PCO2. Esta, quando associada à PO2, Ht, CK-MB e HCO3 aumen-tou o nível preditivo máximo para 92%. Ou seja, da média de 151 repetições (somatória dos 3 exercícios) do teste, o erro padrão é de apenas 8 repetições. Isto sugere que estas variáveis podem ser utilizadas, individualmente, ou em conjunto, para avaliarem a intensidade e o volume de exercícios de levanta-mento de peso máximo, ou próximo ao máximo.

Conclusão

Assim, pela característica de múltiplas cargas decrescentes e grande massa muscular envolvida o TE mostra-se útil para avaliar o desempenho do atleta de força e, também, para sensibilizar indicadores sanguíneos do estresse sistêmico.

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Artigo original

Utilização do teste de 1RM na prescrição de exercícios resistidos: vantagem ou desvantagem?

Strength training prescription through 1RM test: the ins and outs

Alex Souto Maior*, Adriana Lemos**, Nélson Carvalho**, Jéferson Novaes***, Roberto Simão****

* Universidade Gama Filho – CEPAC, Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Bioengenharia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP – SP), **Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB – RJ),***Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB – RJ), Bolsista da FUNADESP, Professor da UFRJ, **** Universidade Gama Filho – CEPAC, Universidade Católica de Petrópolis, LABSAU (UERJ)

ResumoEste estudo teve como objetivo verifi car o número de repetições

máximas atingidas a partir de 80% de 1RM em homens treinados nos exercícios resistidos. A amostra foi constituída por 11 homens saudáveis com idade média de 22,3 (± 3 anos), peso corporal 79,4 (± 7,8 kg) e estatura 179,7 (± 4,9 cm), submetidos ao teste e re-teste de 1RM nos exercícios de supino horizontal, puxada pela frente, leg press inclinado e cadeira fl exora sentada. Os valores obtidos foram em média 10 (± 2), 11 (± 1), 20 (± 5) e 16 (± 4) repetições a 80% de 1RM nos exercícios supracitados. Tais resultados do estudo indi-cam que não é apropriado prescrever um programa de treinamento de força com base em percentual de 1RM, ou seja, a predição não pode ser generalizada, sendo mais indicado predizer treinamentos por testes submáximos.Palavras-chave: re-teste de 1RM, treinamento de força, prescrição de exercícios.

AbstractTh e objective of this study was to verify a strength training

prescription trough 1RM test in active men, with familiarization in resistance training. 11 healthy men with 22,3 (± 3 years), 79,4 (+ 7,8 kg) and 179,7 (± 4,9 cm) did the bench press, leg press, leg curl and lat pulldown in 1RM test. Th ey performed the same exercises with 80% of 1RM test until exhaustion. Th e values found were above the literature preconized, and we obtained in medium10 (± 2), 20 (± 5), 11 (± 1) and 16 (± 4) maximum repetitions at 80% of 1RM on bench press, leg press extension, lat pull down and leg curl respectively. Th ese results of the studies show us that to prescribe the strength training to get strength and hypertrophy utilizing the 1RM test is not safe, being better to use sub maximum test to prescribe the intensity in strength training.Key-words: 1RM re-test, strength training, exercise prescription.

Recebido em 12 de abril de 2005; aceito em 15 de outubro de 2005.Endereço para correspondência: Roberto Simão, Rua Tirol, 450/103, Jacarepaguá, 22750-000 Rio de Janeiro, E-mail: [email protected].

Introdução

Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância dos exercícios resistidos (ER) na força muscular [1,2]. O treinamento de força tem demonstrado ser efetivo na melhoria de várias capacidades neuromusculares [3], car-diovasculares e endócrinas [4]. O American College of Sports Medicine [2] (ACSM) preconiza que os ER desenvolvem respostas benéfi cas tanto para a estética, como para a saúde e a reabilitação.

Os ER são utilizados como um meio efetivo de incremento da força muscular e melhoria do estado funcional em todas as faixas etárias. Isto justifi ca a necessidade da utilização de exercícios com sobrecargas na prescrição do treinamento, com objetivo de melhorar o desempenho físico associado ao aumento da força e potência muscular [3,4]. No entanto, exercícios com pesos se referem a uma modalidade de ati-vidade física sistematizada composta de variáveis (volume, intensidade, freqüência, duração, recuperação, ordem dos exercícios, equipamentos e tipo de treinamento) que preci-

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sam ser bem controladas para que possam produzir efeitos benéfi cos [2,4]. Estudos demonstram [2] que o total de carga utilizada para um exercício específi co é, provavelmente, a va-riável mais importante. Contudo, os testes que são utilizados para a avaliação da força e para determinar a intensidade do programa ainda são contraditórios [5].

O teste de uma repetição máxima (1RM) vem sendo amplamente utilizado, seja como medida diagnóstica da força muscular ou como parâmetro para a prescrição e monitoração

de um determinado exercício[6]. A intensidade de esforço relatada na literatura objetivando ganhos de força e hipertrofi a é sempre superior a 60%, sendo geralmente, na maioria dos trabalhos a 80% de 1RM [2,7].

À luz destas considerações, este estudo teve como objetivo verifi car o número de repetições máximas atingidas a partir de 80% de 1RM em homens treinados nos ER.

Materiais e métodos

Participaram do estudo 11 homens voluntários saudáveis, com idade média de 22,3 (+3 anos), peso corporal 79,4 (+7,8 kg) e estatura 179,7 (+4,9 cm). Os indivíduos avaliados eram treinados nos ER há pelo menos um ano e se exercitavam pelo menos quatro vezes por semana. Antes da coleta de dados todos responderam negativamente aos itens do questionário Par-Q [8] e assinaram um termo de consentimento, conforme Resolução no 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil. A coleta constou das seguintes etapas realizadas em seis dias com intervalos de 48 a 72 horas: Dia 1 - Medida da massa corporal e estatura. Logo após, aplicou-se o teste de 1RM, objetivando determinar a carga máxima nos exercícios supino horizontal e leg press. Dia 2 – teste de 1RM na puxada pela frente (“pegada aberta”) e fl exão de pernas. Dia 3 - realização do re-teste de 1RM nos exercícios testados no primeiro dia. Dia 4 - realização do re-teste de 1RM nos exercícios testados no segundo dia. Dia 5 – realização a 80% da carga de 1RM até a falha concêntrica nos exercícios supino horizontal e leg press. Dia 6 – o mesmo procedimento do quinto dia, só que nos exercícios puxada pela frente (“pegada aberta”) e fl exão de pernas.

Com o objetivo de reduzir a margem de erro no teste e re-teste de 1RM, e na prescrição dos exercícios a 80% de 1RM, adotaram-se as seguintes estratégias: instruções previas do protocolo de teste foram oferecidas aos avaliados, de modo que o avaliado estivesse ciente de toda a rotina que envolvia a coleta de dados; o avaliado foi instruído sobre a técnica de execução do exercício, inclusive realizando-o algumas vezes sem carga, para reduzir um possível efeito do aprendizado nos escores obtidos; o avaliador estava atento quanto à posição adotada pela praticante no momento da medida. Pequenas variações no posicionamento das articulações envolvidas no movimento poderiam acionar outros músculos, levando a interpretação errônea de escores obtidos; para a padronização dos testes e do treinamento foram utilizados os mesmos equipamentos (Life

Fitness). Os implementos de carga obedeceram à sobrecarga dos equipamentos (placas de 5 e 10kg).

Para melhor descriminação na realização dos ER, os mesmos serão descritos em sua posição inicial (PI) e fase concêntrica (FC). A descrição detalhada dos exercícios em cada fase é apresentada a seguir:

Supino horizontal

1. PI – Em decúbito dorsal, com os cotovelos estendidos com as mãos sustentando a barra, joelhos e quadris semifl exio-nados, com os pés sobre o apoio do próprio aparelho;

2. FC - A partir da fase excêntrica (braço e antebraço forman-do um ângulo de 900), realizava-se a extensão completa dos cotovelos e fl exão horizontal dos ombros.

Leg Press inclinado

1. PI - O indivíduo sentado no banco em um ângulo de 450, pernas paralelas com um pequeno afastamento lateral, com os joelhos estendidos, braços ao longo do corpo segurando a barra de apoio;

2. FC - A partir da fase excêntrica (80o entre a perna e coxa), realizava-se a extensão completa dos joelhos e quadris.

Puxada pela frente

1. PI - Sentado no aparelho com os braços elevados e cotovelos estendidos com as mãos pronadas segurando na barra;

2. FC - A partir da posição inicial realizava-se a adução dos ombros, com fl exão dos cotovelos até a região do manú-brio.

Cadeira flexora sentada

1. PI - Sentado, coluna totalmente apoiada, joelhos coinci-dindo com o eixo de rotação da máquina, parte posterior da perna sobre o suporte com os joelhos levemente fl exio-nados.

2. FC - Flexão dos joelhos até 90°.

Os valores das cargas máximas no teste e re-teste de 1RM eram obtidos ao longo de até três tentativas, quando o ava-liado não conseguia mais realizar o movimento completo de forma correta. Desse modo, validou-se como carga máxima a que foi obtida na última execução. A cada nova tentativa realizava-se adição de incrementos progressivos de 5 Kg, sendo dado um intervalo de 2 minutos entre cada série [9]. O re-teste foi realizado 48 h após a realização do teste para melhor fi dedignidade das mensurações, assim evitando uma possível mascaração dos resultados.

Para a obtenção das repetições máximas considerou-se o número de vezes que o indivíduo realizava o movimento completo com carga a 80% de 1RM até a falha concêntrica. A

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condução dos testes foi realizada em seis etapas em intervalos de 48 a 72 horas com o intuito de minimizar efeitos da fadiga nas musculaturas solicitadas.

A análise estatística utilizou o coefi ciente de relação e dife-rença percentual entre o teste e o re-teste de 1RM. A relação mínima, média e máxima do número de repetições atingidas foi relatada a partir da estatística descritiva.

Resultados

A Tabela I destaca o coefi ciente de relação e a diferença percentual entre o teste e o re-teste de 1RM. A tabela II destaca os valores mínimos, médios e máximos, em relação ao número de repetições realizadas até a falha concêntrica.

Tabela I - Demonstrativo do coefi ciente de relação e a diferença percentual entre o teste e o re-teste para 1RM.

Supino horizontal

Puxada pela frente

Leg press

Flexão de joelhos

Coeficiente de relação

0,985* 0,992*0,988* 0,986*

Diferença per-centual (%)

7,8 7,4 7,4 5,7

* Correlação significativa (p < 0,05).

Tabela II - Em média obteve-se 10 (+ 2), 11 (+ 1), 20 (+ 5) e 16 (+ 4) repetições nos exercícios de supino horizontal, puxada pela frente, leg press inclinado e cadeira fl exora sentada, respectivamente.

N* Média / DP** Minimo repeti-ções

Máximo repeti-ções

Supino horizontal 11 10,27 + 1,49 8 12Puxada pela frente 11 10,5 + 1,37 8 12Leg press 11 19,8 + 5,34 10 30Flexão de joelhos 11 15,5 + 4,2 11 25

*Indivíduos (N); **desvio padrão (DP).

Discussão

A utilização do teste de 1RM por profi ssionais engajados no treinamento bem como por pesquisadores é amplamente difundida e a utilização de percentuais na prescrição dos ER em relação à hipertrofi a, ganhos de força e força de resistên-cia já vem sendo há muito discutido na literatura [1,2,7,9]. Em contra partida, diversos estudos demonstram que o teste de 1RM quando utilizado para controle de intensidade na prescrição de exercícios, possui variações no número de re-petições que podem comprometer as zonas de treinamento estipuladas [10-14].

Na revisão de literatura [4,7,9,12], verifi ca-se que cargas entre 70 a 85%, 85 a 100% e 30 a 60% são importantes para o desenvolvimento da hipertrofi a muscular, força máxima e força

de resistência, respectivamente. No entanto, o comportamento de diferentes grupos musculares, diferentes níveis de condicio-namento, número de articulações envolvidas, podem alterar o número de repetições para cada objetivo traçado [10-14].

Segundo Fleck, Kraemer [7] e Baechle, Earle[9], cargas entre 75 - 80% de 1RM eram anteriormente vistas como uma prescrição relacionada primariamente para ganhos de força para hipertrofi a. Conforme os dados obtidos em nosso estudo, foi observado que a prescrição de cargas através do teste de 1RM apresenta um número elevado de repetições nos exercí-cios leg press e fl exão de joelhos, ocorrendo o predomínio do desenvolvimento de resistência sobre o de força para hipertro-fi a. De acordo com os dados encontrados, o treinamento de força em indivíduos treinados assume que um dado número de repetições não está sempre associado com o percentual de 1RM nos exercícios em membros inferiores. Entretanto, nos exercícios para membros superiores, os resultados obtidos demonstraram semelhança com o relatado na literatura.

Hoeger et al. [12] encontraram no exercício leg press inclinado 15,2 (+ 6,5) repetições em mulheres treinadas a 80% de 1RM. Resultados similares foram encontrados em um estudo proposto por Simão et al. [14], em que os resul-tados tendem a corroborar essas proposições. Este estudo [14] foi conduzido em mulheres treinadas em diferentes seqüências de exercícios e foi observado que ao iniciar pelo exercício leg press, um número alto na média de repetições foi encontrado (21 ± 8). Mesmo invertendo a ordem dos exer-cícios, iniciando pela cadeira fl exora e, em seguida, a cadeira extensora, e somente após o leg press, a média de repetições manteve-se alta (17 ± 7). Também Souto Maior, Simão [13]

em seu experimento verifi caram que para o exercício leg press inclinado foram encontradas 21 (+ 7) repetições para homens treinados, o que corrobora com nosso estudo, onde a média alcançada foi de 20 (+ 5), não apresentando praticamente diferença entre ambos. A diferença encontrada entre nossos resultados comparados aos de Hoeger et al. [12] e Simão et al. [14], talvez tenha origem em um fator primordial: o sexo dos participantes. Em nosso estudo foram utilizados homens treinados, enquanto nos estudos supracitados foram utilizadas mulheres treinadas.

Em relação ao supino horizontal, os resultados do nosso estudo foram em média 10 (+ 2). Em contrapartida, compa-ramos nossos resultados com os obtidos por Hoeger et al. [11] e Souto Maior, Simão [13]. Estes realizaram testes através do exercício supino horizontal a 80% de 1RM, e encontraram uma média de 12 (± 3) e 10 (± 3) repetições, respectivamente. Estes achados corroboram com os nossos dados.

O exercício de puxada pela frente em nosso estudo apre-sentou uma média estatística de 11 (± 1) repetições. Hoeger et al. [11,12] testaram indivíduos (homens e mulheres) no exercício de puxada por trás, em que apresentaram em média 10 (± 4) e 12 (± 4) repetições, respectivamente. Assim, os re-sultados encontrados por Hoeger et al. [11,12] em relação ao exercício de puxada por trás assemelha-se ao nosso resultado,

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mesmo apresentando uma pequena diferença na execução do movimento.

Os resultados obtidos nos testes com o exercício de cadeira fl exora sentada apresentaram a média de 16 (± 4) repetições. Em contrapartida, Hoeger et al. [11] apresentam a média de 7 (± 3) repetições. Tal diferença talvez se explique pela diferença na posição utilizada nos referidos estudos. Pois em nosso estudo utilizamos a posição sentada, enquanto no estudo de Hoeger et al. [11] a execução do exercício ocorreu em decú-bito ventral. Em outras situações de treinamento, podemos observar o comportamento do número de repetições. Como exemplo podemos citar o estudo desenvolvido por Simão et al. [14], no qual foi observada a manipulação na ordem dos exercícios em mulheres treinadas através da avaliação da carga máxima no teste de 1RM, em diversos exercícios, inclusive na cadeira fl exora sentada. Os resultados foram obtidos em duas situações distintas: na primeira, o exercício referido era realizado no fi nal do programa e em uma segunda situação o exercício era realizado no início do programa. Em ambas as situações o número médio de repetições foi elevado sendo (14 ± 5) quando era realizado ao fi nal da sessão e 17 (± 6) quando iniciado pela fl exora. É interessante observar que este estudo proposto por Simão et al. [14] corrobora com nossos resultados, mesmo havendo manipulação na ordem dos exercícios.

Diversos fatores podem infl uenciar os resultados, dentre os quais podemos destacar: a velocidade de execução, amplitude de movimento, capacidade de ativação neural, estabilização postural, aprendizagem na coordenação, modulação aferente, redução da atividade do antagonista, motivação e tipo de fi bra muscular envolvida [15]. Em nossa pesquisa não houve controle da velocidade na execução dos movimentos, o que parece ter sido importante em certos momentos. Uma velocidade alta era impressa logo nas primeiras repetições e, com a instauração da fadiga, diminuía consideravelmente até a interrupção do exercí-cio. Isso pode ser considerado como uma variável interveniente em função das diferenças encontradas para o número médio de repetições e os respectivos desvios padrões.

A relação entre o percentual de 1RM e o número de repe-tições variam de acordo com a quantidade de massa muscular necessária para executar o exercício. Os exercícios de grupos musculares maiores parecem precisar percentuais muitos altos de 1RM para conservá-los na zona de força muscular de repe-tições máximas [7]. Todavia, quando abordamos a questão do volume de treinamento para um mesmo percentual de carga, foi encontrado na literatura que os grupamentos musculares maiores suportam um maior número de repetições quando comparados a pequenos grupamentos [10-14], em que se iguala aos resultados de nosso estudo.

Outro motivo que nos leva a questionar os dados obtidos por Simão et al. [14] e Hoeger et al. [11,12] é a confi abilidade dos instrumentos de medida. Isto é fundamental para que um pesquisador possa garantir a qualidade e o signifi cado dos dados de um estudo. Como exemplo, podemos ressaltar que

nestes estudos ocorreu a falta do re-teste de 1RM. Outro fator importante é a determinação do impacto de um programa de treinamento. A existência de poucos estudos controlados sobre a confi abilidade dos testes de força/resistência muscular em equipamento isotônico sugere que essa qualidade seja verifi cada antes da realização de estudos que utilizem esses métodos, de forma a garantir a qualidade dos resultados para os exercícios e a amostra em questão [10]. Pereira, Gomes [5] recomendam um período de adaptação ao teste além da rea-lização do re-teste. Assim sendo, com base na necessidade de redução do erro da medida e nos poucos estudos disponíveis, seria recomendado que os sujeitos participassem de algumas sessões de adaptação antes da realização dos testes. Entretanto, não parece haver indicação do número adequado de sessões necessário para atingir uma adaptação apropriada [10].

Conclusão

A predição de 1RM a partir do teste propriamente dito tem baixo poder de confi abilidade, validade e fi dedignidade, principalmente em indivíduos destreinados. A prescrição do treinamento com base em número de repetições, supondo que esse número represente um percentual de 1RM, não foi apoiada pelos resultados deste estudo corroborando com Pereira [10]. De acordo com a afi rmação mencionada, Hoeger et al. [11,12] defi nem que o teste de 1RM possui falha na prescrição de cargas para o treinamento. As diferenças entre exercícios indicam que um mesmo número de repetições pode representar intensidades diferentes para grupamentos musculares diferentes [14].

Sendo assim, podemos dizer que são muitas as variáveis que infl uenciam a aplicação do teste de 1RM, como prati-cidade e aplicabilidade das medidas, além da infl uência da individualidade biológica nas respostas aos estímulos de um mesmo programa de treinamento. Podemos então concluir, que a predição não pode ser generalizada baseada no per-centual de carga executada, sendo, portanto, mais adequado predizer as cargas através dos testes submáximos.

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Artigo original

Correlação entre o acúmulo de lactato e a flexibilidade medida pelo teste de sentar e alcançar

em lutadores de WushuRelationship between blood lactate accumulation and flexibility

measured by the sit-and-reach test in Wushu athletes

Rafael Reimann Baptista*, Alexsander dos Anjos Ramos**, Bruno Fraga da Silva**, Bruno Ogodai S. D. de Castro***

*Grupo de Pesquisa Educação Física Baseada em Evidências, Universidade Luterana do Brasil, Campus Gravataí, Curso de Educa-ção Física, Gravataí - RS, Grupo de Pesquisa em Biomecânica e Cinesiologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Porto Alegre RS, **Grupo de Pesquisa Educação Física Baseada em Evidências, Universidade Luterana do Brasil, Campus Gravataí, Curso de Educação Física, Gravataí - RS, ***Personal Trainer e Professor de Wushu, Porto Alegre - RS

Resumo Poucas evidências estão disponíveis na literatura sobre os as-

pectos biomecânicos e fi siológicos das artes marciais, em especial o Wushu, a arte marcial chinesa. A fl exibilidade é um dos componen-tes da aptidão física mais proeminentes em artes marciais como o Wushu. Existem controvérsias nos estudos acerca das relações entre a fl exibilidade e a demanda metabólica em atletas. Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar a relação entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato após uma competição de Wushu. Oito atletas do sexo masculino com idade média de 26,05 ± 5,32 anos e tempo médio de treinamento em artes marciais de 8 ± 4 anos forneceram consentimento por escrito para participar deste estudo. A amostra foi composta por dois grupos de atletas, um grupo participante da modalidade de Boxe Chinês (n = 5) e outro participante da modalidade de Taolu (n = 3). Os atletas realizaram uma avaliação da fl exibilidade de tronco e membros inferiores através do teste de sentar e alcançar, bem como uma medição do lactato sangüíneo antes e depois de uma competição para avaliação do seu acúmulo. O coefi ciente de correlação produto momento de Pearson revelou uma correlação signifi cativa (r = -0,92; p = 0,02) entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato sangüíneo em lutadores de Boxe Chinês. Não foi encontrada uma correlação signifi cativa entre estas variáveis nos atletas que realizaram o Taolu. Os resultados sugerem que o acúmulo de lactato sangüíneo após uma luta de Boxe Chinês é inversamente proporcional ao nível de fl exibilidade medido pelo teste de sentar e alcançar. Estudos com maiores tamanhos amostrais e abordagens biomecânicas mais elegantes poderão trazer um melhor entendi-mento sobre este fenômeno.Palavras-chave: Wushu, flexibilidade, sentar e alcançar, lactato, demanda metabólica.

AbstractFew evidences are available in literature about the physiological

and biomechanical aspects of martial arts, especially Wushu, the Chinese martial art. Flexibility is one of the most prominent physical fi tness components in martial arts like Wushu. Controversies do exist in studies about fl exibility and metabolic demand interaction in athletes. Th erefore, the purpose of this study was to analyze the relationship between fl exibility and blood lactate accumulation after Wushu competition. Eight male athletes, mean age of 26.05 ± 5.32 years and mean training time of martial arts of 8 ± 4 years gave written consent to participate in this study. Participants were pooled into two groups, one participating of the Chinese Boxing modality (n = 5) and other Taolu modality (n = 3). Th ey performed an evaluation of the trunk and lower limb fl exibility by the sit-and-reach test, as well as the blood lactate sampling before and after a competition to assess its accumulation. Pearson product moment correlation coeffi cients revealed a signifi cant relationship (r = -0.92; p = 0.02) between fl exibility and blood lactate accumulation in Chinese Boxers. No signifi cant correlation between these variables was found among the Taolu athletes. Th ese results suggest that the blood lactate accumulation after Chinese Boxing is the reverse of the fl exibility level measured by the sit-and-reach test. Studies with a large sample size and more elegant biomechanical approaches might bring a better understanding of this phenomenon.Key-words: Wushu, flexibility, sit-and-reach, lactate, metabolic demand.

Recebido em 10 de janeiro de 2005;aceito em 12 de maio de 2005.Endereço para correspondência: Rafael Reimann Baptista, Universidade Luterana do Brasil, – Campus Gravataí, Curso de Educação Física, Av. Itacolomi no. 3600, Bairro São Vicente, 94170-240 Gravataí RS, E-mail: [email protected], Tel: 51-34317677

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Introdução

Embora as artes marciais sejam praticadas há milhares de anos e tenham se tornado especialmente populares no ocidente nas últimas décadas, existe uma grande carência de evidências científi cas na literatura sobre os aspectos fi siológicos e biomecânicos destas modalidades.

Um melhor entendimento sobre a fi siologia e biomecâ-nica das artes marciais pode auxiliar na prevenção de lesões esportivas, as quais em se tratando de um esporte de combate são muito prevalentes [1]. Adicionalmente, parâmetros fi sio-lógicos podem ser utilizados na prescrição de um trabalho de condicionamento físico específi co para a modalidade, bem como a análise biomecânica do gesto esportivo pode ser utilizada na correção da técnica.

A maioria dos estudos sobre artes marciais tem se concen-trado em analisar os aspectos relacionados ao risco de lesões ortopédicas [2] ou a prevalência de lesões em diferentes estilos de lutas [1]. Esta tendência é compreensível dada à natureza de alto contato apresentada pelos esportes de combate. Toda-via, outra característica que se destaca nestas modalidades é a fl exibilidade necessária para a prática dos movimentos, tanto durante os treinos como em competições.

Diversos estudos têm demonstrado o benefício das artes marciais no desenvolvimento da fl exibilidade tanto em idosos [3] quanto em jovens [4], sendo muitas vezes mais efetivos que as atividades físicas recreativas em crianças [5].

Embora a fl exibilidade seja um dos componentes impor-tantes reconhecidos pelo American College of Sports Medicine no que tange à aptidão física [6], e mesmo com algumas evidências apontando para uma associação positiva entre a fl e-xibilidade e o desempenho [7,8], outras evidências contrárias têm apontado para uma relação negativa entre a fl exibilidade e a economia de movimento [9-11]. Alguns autores sugerem ainda que estas variáveis não estariam necessariamente rela-cionadas [12,13].

Uma melhor economia de movimento, ou seja, um menor gasto energético durante um determinado esforço, parece estar associado com um melhor desempenho esportivo [14,15] e é infl uenciado por aspectos antropométricos, biomecânicos e fi siológicos [16,17]. Mesmo quando dois atletas apresentam valores semelhantes de consumo de oxigênio (VO2) máximo e limiar de lactato, as evidencias sugerem que aquele que usar uma menor porção do seu VO2 máximo, apresentará uma vantagem quando comparados a atletas menos econômicos [18].

Correlacionando a fl exibilidade com a economia de mo-vimento em corredores, Jones [11] verifi cou que os atletas com maior rigidez nos músculos isquiotibiais e lombares, avaliados através do teste de sentar e alcançar, eram os mais econômicos. Os resultados encontrados pelo autor parecem estar fundamentados em dois fenômenos biomecânicos: 1) a maior rigidez muscular contribuiria para uma maior esta-bilidade articular reduzindo a necessidade de recrutamento de músculos adicionais; e 2) os corredores com menor fl e-

xibilidade teriam um maior retorno da energia elástica dos tecidos conjuntivos da unidade músculo-tendão durante o ciclo alongamento-encurtamento.

Se de fato músculos menos fl exíveis conferem ao atleta tais características fi siológicas e biomecânicas, seria de se esperar que ao realizar um determinado exercício, devido a um menor recrutamento de fi bras musculares e a uma maior força passiva produzida pelos elementos elásticos do músculo, um menor acúmulo de lactato sangüíneo fosse observado.

Desta forma, torna-se importante um maior entendimento da associação entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato san-güíneo, principalmente em uma modalidade de arte marcial na qual os atletas demonstram grandes índices de amplitude de movimento e a necessidade de movimentos altamente técnicos como é o caso do Wushu. O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre a fl exibilidade medida pelo teste de sentar e alcançar e o acúmulo de lactato sangüíneo após a prática do Wushu.

O Wushu é a arte marcial de origem chinesa, que erronea-mente tornou-se popular no ocidente como kung-fu, e que, a partir da década de 50, foi adaptado para fi nalidades esportivas recebendo o nome mais tarde de Wushu Olímpico e podendo ser praticado em basicamente duas modalidades: o Taolu e o Sanchou (Boxe Chinês). O Taolu consiste em uma seqüência de movimentos individuais simulando uma luta. Neste estudo avaliamos os estilos ChangQuan e NanQuan os quais exigem extremo vigor físico, pois envolvem pulos, chutes e acrobacias, resultando em uma ginástica extremamente plástica e graciosa. O Sanchou é o combate entre dois atletas, o qual foi adaptado para fi nalidades esportivas através de regras e equipamentos de proteção semelhante ao Boxe ocidental. Esta adaptação tornou corrente na modalidade o uso de estratégias de luta que utilizam golpes bem objetivos, como técnicas de boxe e luta greco-romana, distanciando-se algumas vezes da arte marcial chinesa tradicional. Por esta razão, neste artigo, didaticamente chamaremos o Sanchou de Boxe Chinês.

Materiais e métodos

População do estudo

Participaram deste estudo oito atletas, do sexo masculino, participantes da I Copa Latino Americana de Wushu, com idade média de 26,05 ± 5,32 anos, os quais apresentavam um tempo médio de treinamento em artes marciais de 8,25 ± 3,99 anos. Os indivíduos apresentaram uma massa corporal média de 70,94 ± 8,00 kg, uma estatura média de 173,36 ± 6,90 cm e um percentual de gordura de em média 11,20 ± 1,81%. A amostra foi composta por dois grupos de atletas, um grupo participante da modalidade Boxe Chinês (n = 5) e outro participante da modalidade de Taolu (n = 3).

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil, tendo sido considerado ética e metodologicamente adequado conforme a Resolução

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196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Aos indivíduos que voluntariamente aceitaram participar deste estudo foi dada uma explicação verbal sobre os objetivos da pesquisa, bem como um esclarecimento sobre todos os procedimentos realizados. Foi entregue também um termo de consentimen-to informado em duas vias, o qual foi assinado tanto pelos pesquisadores quanto pelos colaboradores, fi rmando assim o vínculo ético necessário para a realização desta pesquisa.

Procedimentos experimentais

A massa corporal foi medida por uma balança antropomé-trica (Indústrias Filizola S.A.) com resolução de 100 gramas, a estatura foi medida através de um estadiômetro (Cardiomed Medicina, Sports & Fitness) com resolução de um centímetro e as dobras cutâneas mensuradas através de um adipômetro com resolução de um milímetro (Cescorf Equipamentos Antropométricos Ltda). Em seguida os atletas realizaram uma medição da fl exibilidade através do teste de sentar e alcançar, o qual consiste em o avaliado sentado com os pés unidos e joelhos estendidos, pés apoiados no aparato de medição (Banco de Wells - Cardiomed Medicina, Sports & Fitness), realizar uma fl exão do tronco empurrando o curso de marcação o máximo possível. Não foi permitido nenhum tipo de aquecimento para evitar a infl uência deste no desempenho do avaliado, tendo sido considerado o melhor desempenho de duas tentativas.

Por fi m, mas não menos importante, foi coletada uma gota de sangue do lóbulo da orelha antes e outra depois da realização de um Taolu ou de uma luta de Boxe Chinês. No caso dos lutadores de Boxe Chinês a coleta de sangue foi feita na ponta do dedo indicador, mantendo o local de coleta pro-tegido pelas luvas. O sangue coletado foi usado para análise da concentração de lactato através de um lactímetro (Accutrend Lactate Roche). O acúmulo de lactato sangüíneo foi calculado como sendo a subtração do valor de lactato pós-exercício pelo valor de lactato pré-exercício.

Tratamento estatístico

O tratamento estatístico foi realizado pelo programa SPSS para Windows versão 12.0, através de uma correlação produto momento de Pearson assumindo-se um nível de signifi cância de p < 0,05. Quando necessário, os dados serão

apresentados através de estatística descritiva composta por média ± desvio padrão.

Resultados

Não foi encontrada uma correlação signifi cativa entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato sangüíneo quando todos os atletas foram analisados conjuntamente. Porém, quando o tratamento estatístico foi repetido analisando os atletas separadamente por modalidade, verifi cou-se uma correlação negativa (r = -0,92 e p = 0,02) entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato sangüíneo em lutadores de Boxe Chinês, como pode ser visualizado grafi camente na Figura 1. Não foi encontrada uma correlação signifi cativa entre estas variáveis nos atletas que realizaram o Taolu.

Figura 1 - Correlação entre o acúmulo de lactato sangüíneo e a fl exibilidade em lutadores de Boxe Chinês (r = -0,92 e p = 0,02).

Tabela I - Caracterização dos atletas.Modalidade Tempo de treino (anos) Massa (kg) Estatura (cm) Percentual de gordura (%)Boxe Chinês 8,60 ± 4,04 71,08 ± 9,05 174,64 ± 5,11 11,29 ± 2,29Taolu 7,67 ± 4,73 70,70 ± 7,75 171,23 ± 10,17 11,04 ±0 ,97

Tabela II - Resultados obtidos no teste de fl exibilidade e na medição de lactato sangüíneo.

Modalidade Flexibilidade (cm) Lactato pré (mmol/L) Lactato pós (mmol/L) Acúmulo de lactato (mmol/L)Boxe Chinês 38,00 ± 5,06 2,60 ± 0,86 10,98 ± 2,55 8,38 ± 2,93Taolu 29,57 ± 14,60 2,27 ± 0,42 13,93 ± 0,86 11,67 ± 0,45

A Tabela I apresenta a caracterização dos atletas, separa-dos por modalidade, no que tange a faixa etária, tempo de treinamento, massa corporal total, estatura e percentual de gordura. Não foram encontradas diferenças signifi cativas nestas variáveis entre os dois grupos.

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A Tabela II apresenta os resultados obtidos pelos atletas no teste de fl exibilidade e na medição de lactato sangüíneo, separados por modalidade, no que tange à fl exibilidade, o valor de lactato antes e depois da realização do exercício, bem como os valores de acúmulo de lactato sangüíneo.

Discussão

O Wushu apresenta como característica movimentos rápidos e vigorosos. Mesmo quando praticado sob a forma de Taolu, altas demandas metabólicas podem ser alcançadas. Ribeiro et al. [19] verifi caram que a freqüência cardíaca de atletas de Wushu variou de 76 ± 7 bpm em repouso para 176 ± 3 bpm imediatamente após a realização de um Taolu, e que o lactato sangüíneo destes atletas variou de 1,80 ± 0,24 mmol/L em repouso para 4,38 ± 1,63 mmol/L cinco minutos após a realização do Taolu. Segundo os autores, a freqüência cardíaca dos atletas atingiu 89% da freqüência cardíaca máxima prevista para a idade e, embora o acúmulo de lactato observado tenha sido bem inferior ao encontrado em nosso estudo, os pesquisadores concluíram que o seu aumento foi sufi ciente para que os atletas tenham alcançado o limiar de lactato de 4 mmol/L [20]. Uma das razões para as diferenças encontradas no acúmulo de lactato entre o estudo de Ribeiro et al. [19] e o presente estudo talvez tenha sido a metodologia empregada em analisar o lactato cinco minutos após o exercício. Outro aspecto que deve ser levado em conta é que estes pesquisadores utilizaram como ambiente de coleta de dados a prática do Wushu em um ginásio, simulando uma competição, enquanto que o presente estudo efetivamente teve a sua coleta de dados realizada durante um torneio real, no qual provavelmente os atletas encontravam-se naturalmente mais motivados.

Uma das limitações do presente trabalho, que pode ser considerado um estudo piloto, é a pequena amostra utilizada. Embora tenhamos como meta o desenvolvimento de novos estudos com amostras maiores, é preciso ressaltar que a realiza-ção de investigações que utilizam procedimentos invasivos em esportes de combate sofre difi culdades de aceitação por parte dos comitês de ética em pesquisa bem como dos próprios atle-tas, tornando difícil a obtenção de grandes amostras. Tendo em vista a escassez de estudos na área da fi siologia do Wushu, esperamos que mesmo com o número reduzido de atletas avaliados uma importante contribuição na área das ciências do esporte possa ser feita. Uma das maneiras encontradas no presente estudo para tornar mais segura a coleta de sangue nos lutadores de Boxe Chinês foi a utilização da ponta do dedo como local de coleta, a qual fi cava protegida pelas luvas de combate. Nos lutadores que realizaram o Taolu este local de coleta não pode ser realizado, pois em suas rotinas, com freqü-ência, os atletas batiam com as mãos no chão, o que poderia ser doloroso tendo em vista a perfuração feita para a coleta de sangue, podendo também interferir no desempenho do atleta. Poderia ser questionado se a diferença no local de coleta

de sangue infl uenciaria os resultados obtidos, entretanto, ao comparar a concentração de lactato coletado a partir de uma gota de sangue no dedo do pé, dedo da mão ou lóbulo da orelha em remadores, Forsyth [21] não encontrou diferenças entre as concentrações observadas nos três pontos.

Utilizando-se as bases de dados Scopus e PubMed através das palavras-chave relacionadas ao tema desta pesquisa, como fl exibility, blood lactate, sit and reach, anaerobic exercise entre outros termos, não foram encontrados estudos que tenham buscado analisar a relação entre o acúmulo de lactato e a fl exi-bilidade de atletas, o que de certa forma concede ao presente trabalho uma relativa originalidade.

Por outro lado, tendo em vista que a economia de mo-vimento é a relação entre o VO2 e o trabalho realizado [15], e que durante um exercício o VO2 aumenta linearmente em relação a intensidade até alcançar o seu máximo [22] entre outros fatores pelo acúmulo de lactato sangüíneo [23], tor-na-se relevante para um maior entendimento dos fenômenos abordados neste artigo, a discussão dos resultados encontrados por alguns estudos sobre a relação entre economia de corrida e fl exibilidade [9-13].

Gleim et al. [10] utilizaram um índice de rigidez muscular a partir da avaliação de onze diferentes medições de fl exibi-lidade de tronco e membros inferiores, verifi cando que uma rigidez músculo esquelética não patológica estava associada a uma maior economia de corrida em esteira ergométrica. De forma semelhante, Craib et al.[9] verifi caram a relação entre o VO2 em duas velocidades de corrida e nove medições de fl exibilidade de tronco e membro inferiores, concluindo que a amplitude de movimento de dorsifl exão e rotação de tronco era positivamente correlacionada com a demanda aeróbica, de forma que os atletas menos fl exíveis nestas medições eram mais econômicos devido a uma maior estabilidade articular e menor necessidade de recrutamento de músculos estabilizadores adicionais. Entretanto, os resultados sugeridos por Jones [11] parecem ser os mais conclusivos sobre o tema. Avaliando a fl e-xibilidade de corredores através do teste de sentar e alcançar, o autor verifi cou uma alta correlação entre esta variável e o VO2, propondo que os atletas menos fl exíveis seriam mais econômi-cos devido ao maior armazenamento e retorno da força passiva produzida pelos elementos elásticos do músculo durante a fase de encurtamento do ciclo alongamento encurtamento.

Nossos resultados contrariam os dados encontrados por estes autores. Embora a especifi cidade de treinamento deva ser levada em conta, partindo de uma abordagem biológica se atletas menos fl exíveis devessem ser mais econômicos então eles também deveriam apresentar menores acúmulos de lactato após um determinado exercício, caso contrário metabolica-mente esta associação estaria comprometida. No presente estudo verifi camos que os lutadores de Boxe Chinês mais fl exíveis possuíam menores acúmulos de lactato sangüíneo após a luta. Nossos dados são parcialmente amparados pelo estudo de Beaudoin e Blum [12] os quais não encontraram associação entre a fl exibilidade de corredoras e a sua economia

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de movimento. Adicionalmente, Nelson et al.[13] submete-ram 32 indivíduos, 16 homens e 16 mulheres, a 10 semanas de treinamento composto por 15 alongamentos estáticos, incluindo os principais músculos dos membros inferiores avaliados por Gleim et al. [10]. Os autores verifi caram que embora os indivíduos alongados tenham aumentando o seu desempenho no teste de sentar e alcançar, não houve prejuízo na economia de corrida [13].

Conclusão

É possível que as relações entre os aspectos neuromuscu-lares como a fl exibilidade e as respostas metabólicas como a economia de movimento e o acúmulo de lactato sangüíneo não sejam tão simples quanto poderia se pensar. Existem evidências de que o aumento na amplitude de movimento articular através dos exercícios de alongamento ocorrem por uma maior tolerância ao estiramento por parte do sujeito, e não por mudanças nas propriedades mecânicas ou viscoe-lásticas da unidade músculo-tendão [24,25]. Neste sentido, estudos recentes utilizando a ultra-sonografi a para avaliar as propriedades mecânicas do tendão humano in vivo demons-traram que o treinamento de fl exibilidade afeta a viscosidade do tendão, mas não a sua elasticidade [26].

Com base no que foi exposto anteriormente, concluímos que o acúmulo de lactato sangüíneo, após uma luta de Boxe Chinês, é inversamente proporcional ao nível de fl exibilidade medido pelo teste de sentar e alcançar. O entendimento desta curiosa relação parece requisitar novos estudos com amostras maiores e preferencialmente envolvendo a avaliação da arqui-tetura músculo-tendínea in vivo, a qual sabidamente afeta as propriedades mecânicas do músculo esquelético [27] e podem explicar, como no caso da relação força-velocidade, muitos aspectos relacionados com o custo energético e a efi ciência de um movimento [28].

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Artigo original

Efeitos de um treinamento de força aplicado em mulheres praticantes de hidroginástica

Effects of resistance training in women engaged in hydrogymnastics programs

Luiz Fernando Martins Kruel, Roberta Eilert Barella, Fabiane Graef, Michel Arias Brentano, Paulo Poli de Figueiredo, Ananda Cardoso, Carla Rosana Severo

Laboratório de Pesquisa do Exercício - LAPEX, Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas - GPAA, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

ResumoO estudo verifi cou os efeitos de um treinamento de força

aplicado em mulheres praticantes de hidroginástica. A amostra foi constituída por mulheres saudáveis na faixa etária de 38 a 67 anos, divididas em quatro grupos. Os grupos realizaram o treinamento duas vezes por semana, durante onze semanas. O tratamento ex-perimental 1 consistiu na prática de hidroginástica enfatizando o treinamento específi co de força muscular com utilização de equi-pamento resistivo em membros inferiores (grupo1 / n = 11) ou em membros superiores (grupo 2 / n = 6). O tratamento experimental 2 também constituiu-se na prática de hidroginástica com ênfase no treinamento específi co de força muscular, porém, sem a utilização de equipamento resistivo em membros inferiores (grupo 3 / n = 6) ou em membros superiores (grupo 4 / n = 11). A variável força muscular foi mensurada, em todos os grupos, antes e depois do período experimental. Para analisar os dados coletados, utilizou-se estatística descritiva e o teste t de student para amostras dependen-tes e independentes (p < 0,05). Os aumentos médios percentuais e absolutos da força dos músculos adutores de quadril correspon-deram a 10,73% (2,5 kg) para o grupo 1 e 12,37% (2,84 kg) para o grupo 2. Para os músculos fl exores de cotovelo, os aumentos foram 14,21% (1,29 kg) para o grupo 3 e 12,16% (1,18 kg) para o grupo 4. Para os músculos extensores de cotovelo, os aumentos corresponderam a 20,71% (2,96 kg) para o grupo 3 e 28,76% (4,34 kg) para o grupo 4. Em todos os grupos musculares avaliados, os resultados mostraram diferenças signifi cativas nas situações de pré e pós-treinamento, independentemente da utilização do equipamento. Conclui-se que a hidroginástica com ênfase no treinamento de força pode constituir uma efi ciente modalidade para o desenvolvimento desta qualidade física. Palavras-chave: hidroginástica, força muscular, treinamento contra-resistência.

AbstractTh e study observed the eff ects of strength training in women

aged from 38 to 67 yrs engaged in hydrogymnastics (HG). Th e subjects were assigned in 4 groups that trained 4 times/wk during 11 weeks. Th e fi rst group performed HG focusing resistance training with specifi c device for the lower (G1, n = 11) and upper limbs (G2, n = 6). Th e third group performed strength training without specifi c device for the lower (G3, n = 6) and upper limbs (G4, n = 11). Th e strength was assessed before and after the experimental period and data was analysed by the Student t-test (p < 0.05). Th e mean increase for the strength of hip adductor muscles was corres-ponded to 10.73% (2.5kg) for G1 and 12.37% (2.84kg) for G2. Th e strength of elbow fl exor muscles was of 14.21% (1.29kg) for G3 and 12.16% (1.18kg) for G4. In all cases the strength improved signifi cantly regardless of using specifi c device. In conclusion, the HG can be an alternative to improve women’s muscle strength. Key-words: hydrogymnastics, muscle strength, resistance training.

Recebido 25 de maio de 2005; aceito em 06 de setembro de 2005.Endereço para correspondência: Fabiane Graef, Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas, Laboratório de Pesquisa do Exercício, Escola de Educação Física, UFRGS, Rua Felizardo, 750, 90610 Porto Alegre RS, Tel:(51) 3316-5820, E-mail: [email protected]

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Introdução

A força muscular constitui um dos componentes da apti-dão física relacionada à saúde [1], constituindo também um fator essencial para a função fi siológica perfeita [2]. Níveis adequados de força tornam as pessoas capazes de desenvolver tarefas diárias com menor esgotamento fi siológico [3] como também melhoram o desempenho em atividades esportivas [4]. Logo, a manutenção de bons níveis de força ao longo da vida é importante para realizar atividades simples do cotidia-no, como aquelas que requerem locomoção e sustentação.

O desempenho da força mostra-se diferente entre os gêneros, visto que as mulheres tendem a exibir níveis in-feriores de força quando comparadas aos homens [3]. Em escores absolutos, tal diferença torna-se mais evidente do que quando se compara a força relativa, expressa em relação ao peso corporal ou à massa corporal magra. No entanto, as mulheres em certas circunstâncias podem desempenhar tarefas que exigem níveis de força semelhantes aos dos homens. No que diz respeito ao avançar da idade, a tendência é que os níveis de força diminuam, infl uenciando desde a velocidade de locomoção e a capacidade de subir escadas até alterações no equilíbrio e difi culdades em tarefas simples como levantar da posição sentada [5].

O treinamento de força traz benefícios à saúde orgânica [6]. Cabe ressaltar que esses benefícios podem ser obtidos por praticamente qualquer pessoa, independentemente do sexo, idade ou envolvimento atlético [7]. No âmbito psicológico, os aumentos da massa muscular e da força podem exercer in-fl uências marcantes na auto-estima e autoconfi ança [3]. Dessa forma, intervenções que contribuam para a melhora da força são assim importantes no contexto da aptidão física global e, apesar de aparentemente dizerem respeito à função muscular, tem um espectro bem mais amplo de infl uência [5].

Torna-se interessante, portanto, que os indivíduos de-senvolvam atividades que contribuam para a manutenção dos níveis de força muscular nas diversas etapas da vida, preferencialmente em ambiente que proporcione segurança e efi ciência. Os exercícios realizados na água constituem uma alternativa, visto que devido às propriedades físicas da água apresentam características como a redução do impacto - que proporciona menor sobrecarga articular, e o efeito relaxante - que permite a movimentação do corpo com maior faci-lidade [8]. Embora a forma de treinamento de força mais preconizada na literatura seja através da “musculação [9,10]” pode-se vislumbrar na hidroginástica uma boa opção para os programas de treinamento de força. A hidroginástica pode ser conceituada como uma forma alternativa de condicionamento físico, constituída de exercícios aquáticos específi cos, baseados no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga e do empuxo como redutor do impacto [11]. Isto permite aos indivíduos, principalmente durante a execução de exercícios em intensidades mais elevadas, a prática de uma atividade física regular com todos os seus benefícios. Neste sentido,

a prática regular de hidroginástica incrementa o condicio-namento aeróbio, a resistência muscular, a fl exibilidade e a composição corporal. Além disso, melhora aspectos secun-dários do condicionamento físico, como agilidade, potência, velocidade, refl exo, coordenação e equilíbrio [8].

Em relação aos aumentos dos níveis de força muscular provocados pela prática de hidroginástica, não há muito conhecimento disponível na literatura. Em estudo realizado por Müller et al. [12], constatou-se que idosas praticantes de hidroginástica tendem a demonstrar maiores valores de força do que idosas praticantes de ginástica localizada ou caminhada. Em outro estudo, Muller [13] também chama a atenção para a possibilidade de ocorrer aumento nos ní-veis de força muscular após treinamento de hidroginástica. Entretanto, esses estudos são iniciais, necessitando de novas investigações para melhor verifi car a magnitude dos efeitos de sessões de hidroginástica no desenvolvimento da força muscular.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos de um programa de treinamento de força realizado através da hidroginástica, com ou sem a utilização de equipamento resistivo, sobre a força máxima dinâmica dos músculos fl exores de cotovelo, extensores de cotovelo e adutores de quadril, em mulheres adultas.

Materiais e métodos

Amostra

A amostra foi composta por 17 mulheres entre 38 e 67 anos, participantes do programa de hidroginástica do Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas, da Escola de Educação Física, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As voluntárias foram divididas em quatro grupos, a saber: grupo experimental 1 (GE1) - 11 mulheres praticantes de treinamento específi co de força em membros inferiores com utilização do equipamento resistivo; grupo experi-mental 2 (GE2) - 6 mulheres praticantes de treinamento específi co de força em membros inferiores sem utilização do equipamento resistivo; grupo experimental 3 (GE3) - 6 mulheres praticantes de treinamento específi co de força em membros superiores com utilização do equipamento resisti-vo; grupo experimental 4 (GE4) - 11 mulheres praticantes de treinamento específi co de força em membros superiores sem utilização do equipamento resistivo. Antes da coleta de dados, todas as voluntárias assinaram um termo de con-sentimento, conforme resolução do Conselho Nacional de Saúde (196/96).

Tratamentos experimentais

O tratamento experimental 1 consistiu na prática de hidroginástica com ênfase no treinamento específi co de força muscular, com utilização de equipamento resistivo

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em membros inferiores (GE1) ou em membros superiores (GE3). O tratamento experimental 2 consistiu na prática de hidroginástica com ênfase no treinamento específi co de força muscular, sem utilização de equipamento resistivo em membros inferiores (GE2) ou em membros superiores (GE4). Nenhuma outra atividade física que pudesse promover o aumento dos níveis de força foi praticada pelas integrantes da amostra. O uso do equipamento resistivo (palmar de EVA Akuativo, da marca Aktiv) pelos grupos experimentais 1 e 3 objetivou aumentar a resistência oferecida pela água, de forma que a sobrecarga fosse sufi ciente para limitar o número de repetições realizadas numa mesma velocidade. O treinamento foi realizado durante 11 semanas, com duas sessões semanais de 45 minutos. As 22 sessões de treinamen-to foram divididas em três fases:

Primeira fase (5 semanas/10 sessões) - realização de dois blocos de exercícios: o primeiro com 3 séries de 15 repetições de cada movimento da seqüência 1, composta por 2 exercícios (3 movimentos, já que um dos exercícios foi realizado primei-ro com um dos membros inferiores e após com o outro); o segundo com 3 séries de 15 repetições de cada movimento da seqüência 2, também composta por 2 exercícios (3 movimen-tos, já que um dos exercícios foi realizado primeiro com um dos membros superiores e após com o outro). Os indivíduos dispunham de 30 segundos para realizar as 15 repetições de cada um dos 3 movimentos, realizados consecutivamente em ambas as seqüências. O intervalo entre as seqüências foi de 30 segundos, além de 1 minuto de repouso ativo entre os blocos.

Segunda fase (3 semanas/6 sessões): realização de dois blocos de exercícios: o primeiro com 4 séries de 12 repetições da cada movimento da seqüência 1 e o segundo com de 4 séries de 12 repetições de cada movimento da seqüência 2. Os indivíduos dispunham de 25 segundos para a execução das 12 repetições de cada movimento, intervalos de 25 segundos entre as seqüências e 1 minuto de repouso ativo entre os blocos.

Terceira fase (3 semanas/6 sessões): realização de dois blo-cos de exercícios: o primeiro com 5 séries de 10 repetições da cada movimento da seqüência 1 e o segundo com 5 séries de 10 repetições de cada movimento seqüência 2. Os indivíduos dispunham de 20 segundos para executar as 10 repetições de cada movimento, intervalos de 20 segundos entre as seqüên-cias e 1 minuto de repouso ativo entre os blocos.

Em todas as fases do treinamento os movimentos foram realizados com máxima velocidade possível. As seqüências de exercícios adotadas durante o treinamento são descritas a seguir:

• Seqüência 1- Movimento 1: adução/abdução unilateral do quadril na

posição em pé (ênfase na força utilizada para a adução).- Movimento 2: idem ao anterior, realizando o movimento

com o outro membro inferior.

- Movimento 3: fl exão/extensão de cotovelos com ombros abduzidos a 90º (ênfase na força utilizada para fl exão e extensão).

• Seqüência 2 - Movimento 1: adução/abdução de quadril na posição

sentada, com fl exão de 90º de joelhos e quadril e membros superiores apoiados (ênfase na força utilizada para adução e abdução).

- Movimento 2: fl exão/extensão unilateral do cotovelo com membro na posição anatômica (ênfase na força utilizada para fl exão e extensão).

- Movimento 3: idem ao anterior, realizando o movimento com o outro membro superior.

As sessões de hidroginástica constaram das seguintes etapas: aquecimento, parte principal e volta à calma. No aquecimento foram realizados exercícios envolvendo mobilização articular, deslocamentos e alongamentos. Na parte principal foram realizados treinamentos aeróbio e de força, conforme descrito a seguir: a) treinamento aeróbio: composto por trabalho de baixa intensidade, com duração aproximada de 20 minutos (12 minutos sem utilização prioritária dos músculos alvo; 8 minutos enfatizando a mo-vimentação, o aumento da temperatura e do fl uxo sangüíneo dos grupos musculares alvo); b) treinamento específi co de força: com duração aproximada de 15 minutos, foi com-posto por dois tipos de seqüências de movimentos básicos (seqüências 1 e 2) enfatizando os grupos musculares alvo. A volta à calma foi composta por alongamentos e exercícios de relaxamento.

Para facilitar a compreensão e o controle da intensidade do treinamento específi co de força, utilizou-se a Escala de Sensação Subjetiva ao Esforço de Borg [14]. Foi solicitado aos indivíduos que realizassem o treinamento numa intensidade correspondente aos índices 15, 16, 17, 18 ou 19 da Escala de Borg, pois segundo Tiggemann [15], esta sensação de esforço percebido corresponde a uma intensidade de 90% da força máxima, durante o treinamento de força muscular.

Avaliação da força máxima dinâmica

Para avaliar a força máxima dinâmica dos grupos mus-culares fl exores/extensores de cotovelo e adutores de quadril, utilizou-se o teste de uma repetição máxima (1RM) baseado nos procedimentos descritos por Baechle e Groves [16].

Os equipamentos de musculação utilizados para os tes-tes de 1RM foram: roldana baixa com banco scott Taurus, modelo Super Pulley, com resolução de 0,25 kg (fl exão de cotovelo); roldana alta Taurus, modelo Super Pulley, com resolução de 0,25 kg (extensão de cotovelo); cadeira adutora INBAF, com resolução de 0,25 kg (adução de quadril). Foi utilizado um metrônomo para controlar o tempo de execução de cada repetição do movimento nos testes de 1RM.

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Tratamento estatístico

Para verifi car a normalidade e homogeneidade dos dados, utilizaram-se os testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente. Para verifi car as diferenças nos níveis iniciais de força nos diferentes grupos, aplicou-se o teste t simples. Por fi m, para comparar valores de força intra e intergrupos ao fi nal do treinamento, utilizaram-se os testes t pareado e simples, respectivamente. O nível de signifi -cância adotado foi p ≤ 0,05.

Resultados

Com a fi nalidade de caracterizar a amostra, a Tabela I apresenta as médias e os desvios padrão das variáveis idade, massa corporal, estatura e IMC dos grupos experimentais 1/4 e 2/3. A mesma tabela também apresenta os resultados do teste t, indicando não haver diferenças signifi cativas entre os grupos para as variáveis citadas.

Em relação à força máxima dinâmica (FMD), a normali-dade dos dados foi confi rmada por meio do teste de Shapiro-Wilk, excetuando-se os valores obtidos para a musculatura fl exora de cotovelos no pré-teste para os grupos 2/3, que mesmo assim fi caram muito próximos da distribuição normal. A homogeneidade das variâncias para a mesma variável foi confi rmada através do teste de Levene. Os resultados do pré-teste são apresentados nas Tabelas II e III, demonstrando não haver diferença estatisticamente signifi cativa na FMD entre

os grupos experimentais para todos os grupos musculares avaliados.

As médias, desvios padrão e coefi cientes de variação da FMDpós dos adutores de quadril para o GE1 e o GE2, além dos resultados do teste t são apresentados na tabela IV. Os resultados médios, desvios padrão e coefi cientes de variação da FMDpós dos fl exores e extensores de cotovelo para o GE3 e o GE4, além dos resultados do teste t são apresentados na Tabela V. De acordo com os dados fornecidos pelas tabelas IV e V, no período pós-teste não houve diferença estatisticamente signifi cativa entre os grupos experimentais para os grupos musculares avaliados.

Também foi comparada a força máxima dinâmica obtida nos períodos pré e pós-treinamento específi co de força para cada grupo experimental separadamente. Para os dados mensurados, todos os grupos apresentaram diferenças es-tatisticamente signifi cativas quando foram comparados os resultados do pré-teste com os resultados do pós-teste, através do teste t.

A diferença entre a FMDpré e FMDpós foi estatisticamen-te signifi cativa tanto para GE1 como para GE2, em relação aos adutores de quadril, havendo um aumento signifi cativo da força muscular em ambos os grupos experimentais (Tabela VI). A diferença entre a FMDpré e FMDpós também foi estatisticamente signifi cativa em relação aos fl exores e exten-sores de cotovelo, tanto para GE3 como para GE4, havendo um aumento signifi cativo da força muscular em ambos os grupos experimentais (Tabela VII).

Tabela I - Médias e desvios padrão das variáveis idade, massa corporal, estatura e IMC dos grupos experimentais e resultados do teste t no período pré-treinamento.Grupo GE1 / GE4 (n = 11) GE2 / GE3 (n = 6) Teste tVariável Média Desvio padrão Média Desvio padrão T Sig.Idade (anos) 57,90 ± 6,93 52,33 ± 8,40 1,387 0,199Massa corporal (kg) 71,24 ± 15,34 59,71 ± 12,97 1,639 0,127Estatura (m) 1,58 ± 0,72 1,57 ± 0,60 0,231 0,822IMC (kg/m2) 28,39 ± 5,12 24,20 ± 4,62 1,718 0,113

(p ≤ 0,05)

Tabela II - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resultado do teste t da FMDpré de adutores de quadril, para o GE1 e o GE2.GE1 (n = 11) GE2 (n =6) Teste t

Média Desvio padrãoCoeficiente de variação

Média Desvio PadrãoCoeficiente de variação

Sig.

FMDpré adutores de quadril (kg)

23,31 ± 5,37 23,04% 22,95 ± 4,63 20,17% 0,888

Tabela III - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resultados do teste t da FMDpré de fl exores e extensores de cotovelo, para o GE3 e o GE4.GE3 (n = 6) GE4 (n = 11) Teste t

Média Desvio padrãoCoeficiente de variação

Média Desvio PadrãoCoeficiente de variação

Sig.

FMDpré flexores de cotovelo (kg)

9,08 ± 1,52 16,74% 9,70 ± 2,43 25,05% 0,529

FMDpré extensores de cotovelo (kg)

14,29 ± 1,67 11,69% 15,09 ± 3,23 21,40% 0,513

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Discussão

A literatura exibe poucos estudos a respeito de treinamento de força aplicado em sessões de hidroginástica, apontando para a lacuna de conhecimento existente em relação à possibilidade de promover aumento nos níveis de força muscular dos pra-ticantes desta modalidade de exercício aquático.

Taunton et al. [17] aplicaram um programa geral de trei-namento durante 12 semanas, envolvendo 3 sessões semanais compostas por uma parte de treinamento aeróbio, uma parte de fl exibilidade e uma parte de resistência muscular e força. A força muscular, avaliada através de teste de preensão manual, não apresentou aumentos signifi cativos com o treinamento. A partir desses resultados, os autores concluíram que um programa geral de treinamento realizado no meio aquático não produz estímulo sufi ciente para causar aumento na força muscular. Em outro estudo realizado por Madureira e Lima [18] os autores também relataram não haver aumento signifi -cativo na força de preensão manual de indivíduos idosos após serem submetidos a sessões de hidroginástica sem treinamento específi co de força durante 4 meses.

Em relação aos estudos citados acima, dois pontos devem ser ressaltados. O primeiro é a falta de um treinamento ade-quado ao desenvolvimento da força muscular e o segundo é a falta de especifi cidade existente entre o teste utilizado para avaliar a força e os movimentos utilizados durante as sessões de exercícios aquáticos. No que diz respeito à especifi cidade, considerando que movimentos diferentes exigem coordenação intra e intermuscular diferentes, as variações no ângulo e na amplitude articular, bem como no tipo de ação muscular, infl uenciam os resultados da avaliação [6]. Dessa forma, os músculos e movimentos utilizados no teste de preensão manu-al devem ser prioritariamente treinados durante as sessões de hidroginástica para que as diferenças na força desempenhada sejam verifi cadas.

No estudo conduzido por Di Mais [19], embora tenha sido realizado treinamento específi co de força muscular, não foi encontrado aumento signifi cativo da força máxima dinâmica após tal treinamento em aulas de hidroginástica. Contudo, pode-se apontar algumas limitações metodológicas em relação ao referido estudo, como o tamanho reduzido da amostra e a periodização do treinamento. Além disso, o

Tabela IV - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resultado do teste t da FMDpós de adutores de quadril, para o GE1 e o GE2.GE1 (n = 11) GE2 (n =6) Teste t

MédiaDesvio pa-drão

Coeficiente de variação

Média Desvio PadrãoCoeficiente de variação

Sig.

FMDpós adutores de quadril (kg)

25,81 ± 5,33 20,65% 25,79 ± 6,08 23,58% 0,993

Tabela V - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resultados do teste t da FMDpós de fl exores e extensores de cotovelo, para o GE3 e o GE4.

GE3 (n = 6) GE4 (n = 11) Teste t

MédiaDesvio pa-drão

Coeficiente de variação

Média Desvio PadrãoCoeficiente de variação

Sig.

FMDpós flexores de cotovelo (kg)

10,37 ± 2,28 21,99% 10,88 ± 3,05 28,03% 0,702

FMDpós extensores de cotovelo (kg)

17,25 ± 2,51 14,55% 19,43 ± 3,21 16,52% 0,146

Tabela VI - Médias da FMDpré e da FMDpós de adutores de quadril, diferença absoluta (Δ) e percentual (Δ %) entre FMDpré e FMDpós e valores do teste t para a FMD, para o GE1 e o GE2.

GE1 GE2

FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ % Teste t FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆% Teste t (sig) Adutores de quadril

23,31 ±5,37 25,81 ±5,33 2,5 10,73 0,001 22,95 ±4,63 25,79 ±6,08 2,84 12,37 0,011

Tabela VII - Médias da FMDpré e da FMDpós de fl exores e extensores de cotovelo, diferença absoluta (Δ) e percentual (Δ %) entre FMDpré e FMDpós e valores do teste t para a FMD, para o GE3 e o GE4.

GE3 GE4

FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ (%) Teste t FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ (%) Teste t Flexores de cotovelo

9,08 ± 1,52 10,37 ± 2,28 1,29 14,21 0,021 9,70 ± 2,43 10,88 ± 3,05 1,18 12,16 0,010

Extensores de cotovelo

14,29 ± 1,67 17,25 ± 2,51 2,96 20,71 0,022 15,09 ± 3,23 19,43 ± 3,21 4,34 28,76 0,000

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tipo de equipamento pode ter causado redução acentuada na velocidade de execução do movimento, aspecto fundamental para que ocorra a sobrecarga apropriada ao treinamento de força na água.

Dados contrários aos apresentados acima foram consta-tados por Müller et al. [12]. Esses autores constataram que idosas praticantes de hidroginástica tendem a demonstrar maiores valores de força máxima dinâmica desenvolvida pela musculatura fl exora horizontal de ombros do que idosas praticantes de caminhada ou ginástica. Neste sentido, outro estudo de Muller [13] comparou os valores da força máxima dinâmica dos fl exores horizontais do ombro para diferentes grupos, nos períodos pré e pós-treinamento de força na hi-droginástica, relatando incrementos na força. Um grupo foi composto por idosas participantes de programas tradicionais de hidroginástica e o outro foi composto por idosas pratican-tes de hidroginástica com treinamento específi co de força. Quando comparados os valores da FMDpré com os valores da FMDpós do grupo praticante de hidroginástica tradicio-nal, os resultados obtidos demonstraram não haver diferença estatisticamente signifi cativa. No entanto, para o grupo que praticou hidroginástica com treinamento específi co de força, os dados obtidos demonstraram uma diferença estatisticamen-te signifi cativa entre a FMDpré e a FMDpós, com aumento médio de 10,89% ou 1,800 kg no teste de 1RM.

Comparando com os aumentos absolutos e percentuais obtidos no presente estudo para os grupos musculares adutores de quadril e fl exores de cotovelo, os resultados apresentados pelo estudo de Muller [13] podem ser considerados relati-vamente semelhantes. Os incrementos na força encontrados por Muller [13] podem ter sido discretamente inferiores de-vido à faixa etária da amostra, que abrangeu exclusivamente indivíduos idosos.

No presente estudo, os dados obtidos para todos os grupos que realizaram treinamento específi co de força, independen-temente da utilização do equipamento resistivo, indicaram aumentos signifi cativos para todos os grupos musculares testados. Em relação aos grupos experimentais 1 e 2, é pos-sível perceber que o grupo que não utilizou equipamento resistivo na realização do treinamento de força em membros inferiores (GE2) aumentou mais os níveis de força do que o grupo que utilizou o equipamento (GE1), apesar de ambos os grupos terem aumentado signifi cativamente os níveis de força. Uma explicação para o menor aumento da força no grupo que utilizou equipamento pode ser o fato de que o aumento da resistência ao movimento provocado pelo equipamento, ao reduzir a velocidade de execução do exercício, diminui a sobrecarga muscular gerada e torna o estímulo menos apro-priado ao desenvolvimento da força.

Em relação aos grupos experimentais 3 e 4, também pode-se perceber que o grupo que não utilizou equipamento resistivo em membros superiores (GE4) aumentou mais os níveis de força para os extensores de cotovelo do que o grupo que utilizou o equipamento (GE3), apesar de ambos os grupos

terem aumentado signifi cativamente os níveis de força. Como o aumento da força foi signifi cativo para ambos os grupos, acredita-se que o diferencial que levou a este aumento tenha sido realmente o tipo de treinamento utilizado, e não a uti-lização do equipamento resistivo. Logo, não se pode afi rmar que o equipamento resistivo foi o principal responsável pelo aumento da intensidade da atividade na água, já que os níveis de força aumentaram para ambos os grupos de forma signifi -cativa, independentemente da utilização do equipamento.

Uma possibilidade a se considerar é de que a intensidade tenha sido aumentada de forma mais acentuada pelo au-mento da velocidade de execução dos movimentos, quando comparado com o aumento da área de superfície oferecida pelo equipamento. Sendo assim, a realização dos movimentos com grande velocidade seria o fator responsável primário pelo aumento dos níveis de força. Contudo, não se pode garantir que esse tenha sido o fator preponderante no aumento mais expressivo encontrado nos grupos que não utilizaram equi-pamento.

Conclusão

Os resultados deste estudo demonstraram que mulheres adultas aumentaram signifi cativamente a força máxima dinâ-mica de fl exores de cotovelo, extensores de cotovelo e adutores de quadril, depois de submetidas a um treinamento específi co de força muscular em sessões de hidroginástica.

Embora somente um pequeno grupo de pesquisadores considere a prática de hidroginástica uma atividade apropriada para promover incrementos na força muscular, através do presente estudo pode-se concluir que a hidroginástica, com ênfase no treinamento de força, é efi ciente para alcançar tal objetivo. Isto se deve ao treinamento adequado, ou seja, a aplicação dos princípios do treinamento de força e a utiliza-ção da resistência da água como sobrecarga. Nesse sentido, exercícios com alta velocidade de execução, compreendendo de 10 a 15 repetições, podem constituir um recurso válido para desenvolver a força muscular.

Devido à importância da força muscular na promoção da saúde, independentemente do sexo ou faixa etária, os progra-mas de treinamento compostos por sessões de hidroginástica deveriam incluir uma parte específi ca para o aprimoramento desta qualidade física. Por extensão, a hidroginástica deveria ser considerada como um meio efetivo para desenvolver a força muscular e não somente para desenvolver aptidão car-diorrespiratória e aumentar o gasto calórico, como geralmente é preconizado.

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Artigo original

Avaliação da flexibilidade em mulheres submetidas a exercícios de alongamento em grupo

Evaluation of the flexibility in women submitted to stretching exercises in group

Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea*, Th ais Renata Conejo**, Silvia Maria de Mendonça**, Renata Munari**, Maria Cristina Strabelli Titto**

*Professora e pesquisadora do curso de Fisioterapia da UNICASTELO, Campus VIII, Descalvado SP, **Fisioterapeutas graduados pela UNICASTELO, Campus VIII, Descalvado SP

Projeto de Pesquisa desenvolvido pelo Departamento de Fisioterapia, com fi nanciamento da UNICASTELO.

ResumoEste trabalho teve por objetivos avaliar a fl exibilidade antes e

após a aplicação de sessões de alongamento em grupo. O grupo de alongamento era composto por 7 mulheres. As sessões de alonga-mento foram realizadas duas vezes por semana, com duração de 50 minutos. A aplicação dos alongamentos foi para todos os segmentos corporais. A fl exibilidade foi avaliada através do teste de sentar e alcançar (Banco de Wells). Foram realizadas 3 medidas: antes do início do programa de alongamento (1ª avaliação), após 10 (2ª avaliação) e 20 (3ª avaliação) sessões. Os resultados foram analisados através de test T de Student. Os resultados mostraram diferença signifi cante em apenas 3 sujeitos da 1ª para a 3ª avaliação. Nas outras 4 mulheres avaliadas, houve um aumento médio de 5,35% de fl exibilidade quando comparadas a 1ª e a 3ª avaliações. Embora os resultados encontrados não sejam estatisticamente signifi cantes, o alongamento em grupo foi efi caz em aumentar o percentual de fl exibilidade dos indivíduos.Palavras-chave: alongamento, flexibilidade, Banco de Wells, trabalho em grupo.

AbstractTh e aim of this work was to evaluate the fl exibility before and

after stretching group sessions in women. Th e stretching group was delineated by 7 womens. Th e stretching sessions were carried out twice weekly, with duration 50 minutes. Th e fl exibility was evalua-ted by lineal approach (wells’ chair). It was carried out 3 measures: before of the beginning the stretching program (1st evaluation), after 10 (2nd evaluation) and 20 (3rd evaluation) sessions. Th e results were analyzed by test T of Student. Seven women were evaluated and just 3 of them had signifi cant diff erence from the 1st for the 3rd evaluations. In the other 4 women evatuated, there were a fl exibility increase of 5,35% when compared the 1st and 3rd evaluations. Al-thoug the results found be not signifi cant statistically, the stretching in group was effi cient in increase the fl exibility.Key-words: stretching, flexibility, Wells’ Chair, work in group.

Recebido 15 de agosto de 2005; aceito em 20 de outubro de 2005.Endereço de correspondência: Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea, Departamento de Fisioterapia da Universidade Camilo Castelo Branco, Campus VIII, Avenida Hilário da Silva Pastos, 950, Parque Universitário, 13690-970 Descalvado SP, Tel: 19-35831002, E-mail: [email protected].

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Introdução

A fl exibilidade é um dos componentes da aptidão física, podendo ser defi nida como a amplitude máxima fi siológica passiva de um dado movimento articular [1]. Embora um certo nível de fl exibilidade pareça ser relevante para a saúde, desconhecem-se quais são os níveis ótimos para um dado indivíduo [2].

Tem sido identifi cada uma associação positiva entre ganhos de fl exibilidade e melhoria da qualidade de vida, relacionadas à saúde [3]. Atualmente, a fl exibilidade, uma variável cineantropométrica, é um componente da saúde relativo à forma física, e é altamente treinável. Por exemplo, para manter uma postura adequada é necessário um mínimo de fl exibilidade, que tem sido uma das qualidades físicas avaliadas [4].

A fl exibilidade é conceituada como a extensibilidade dos tecidos periarticulares para permitir movimento normal ou fi siológico de uma articulação ou membro [2]. Pode ser enten-dida também como a habilidade para mover uma articulação ou articulações através de uma amplitude de movimento livre de dor e sem restrições. Além disso, é considerada como um dos componentes da aptidão física, podendo ser defi nida como a amplitude máxima fi siológica passiva de um dado movimento articular [1,5].

Com relação à classifi cação dos tipos de fl exibilidade, ela se divide em três. A fl exibilidade estática refere-se à amplitude de movimento em torno de uma articulação sem nenhuma ênfase na velocidade [2]. A fl exibilidade balística está geralmente associada com o balançar, pular, ricochetear e movimentar-se ritmicamente. Outro termo um tanto relacionado ao último é fl exibilidade dinâmica. Esse termo refere-se à habilidade para usar a amplitude de movimento articular na realização de uma atividade física numa velocidade normal ou rápida [1,2].

Foi apresentado um sistema de classifi cação dos testes de fl exibilidade (testes de mobilidade articular estática), que podem ser classifi cados em função das unidades de mensu-ração dos resultados, em três categorias principais: lineares, angulares e adimensionais [3]. No presente trabalho, o método de avaliação utilizado foi o linear, caracterizado por utilizar a escala métrica para avaliar indiretamente a mobilidade articular, normalmente através de movimentos compostos, isto é, de movimentos que envolvem mais de uma articulação.

O alongamento é uma das técnicas mais utilizadas para se obter um aumento da amplitude de movimento (ADM) por meio do aumento da fl exibilidade muscular. Também atua na diminuição do tônus, encurtamento e espasmo muscular, além de ser utilizado para preparar a musculatura antes dos exercícios físicos, evitando assim, lesões musculares [6].

Considerando a fl exibilidade como um fator importante para o aumento da qualidade de vida e a quantidade dos mo-vimentos, diminuição do risco de lesões, melhora da postura corporal e o favorecimento de uma maior mobilidade nas

atividades diárias e esportivas, este trabalho teve por objetivos avaliar a fl exibilidade antes e após a aplicação de sessões de alongamento em grupo.

Materiais e método

Foram utilizadas sete voluntárias do sexo feminino, inscri-tas no PSF (Programa de Saúde da Família) do bairro Morada do Sol na cidade de Descalvado/SP como sujeitos da pesquisa. Os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Foram excluídos os indivíduos que apresentaram quadro álgico que impossibilitava a execução do protocolo de exercícios.

Procedimento

Antes de iniciar as atividades em grupo, cada indivíduo passou por uma avaliação de fl exibilidade (1ª avaliação). Após 10 (2ª avaliação) e 20 (3ª avaliação) sessões de alongamento foram feitas novas avaliações da fl exibilidade. Como método de avaliação da fl exibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar, proposto originalmente por Wells & Dillon (1952), apud Araújo [1], classifi cado como um método linear. Os materiais utilizados foram o banco de Wells e a fi ta métrica. Nesse método, o indivíduo é orientado a sentar com as pernas completamente estendidas e os pés ligeiramente afastados e completamente apoiados contra um anteparo de madeira de, aproximadamente, 25 cm de altura. Sobre o anteparo, em ângulo reto, coloca-se uma régua graduada em centímetros. Muito embora, não conste da descrição original do método, optamos por manter os pés descalços, para melhor padroniza-ção. Pede-se então ao indivíduo, para realizar quatro tentativas de fl exão do tronco, mantendo os joelhos, cotovelos e punhos em extensão. Na quarta tentativa, o indivíduo deverá manter por alguns instantes, a posição máxima alcançada com a ponta dos seus quiridáctilos, para que possa ser feita a largura na régua. Para tal, considera-se como zero o ponto de contato dos pés com o anteparo, sendo então possível obter valores negativos e positivos, quando, respectivamente, as pontas dos dedos não chegam a alcançar ou ultrapassam o anteparo (Figura 1).

Figura 1 - Teste do Banco de Wells.

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As sessões de alongamento em grupo foram realizadas duas vezes por semana, com duração de cinqüenta minutos cada uma e a aplicação dos alongamentos estáticos foi para todos os segmentos corporais; iniciando-se pela cabeça, membros superiores, tronco e membros inferiores [7]. Cada exercício de alongamento era mantido por 60 segundos.

A cada avaliação, os indivíduos realizavam 3 tentativas, de onde foi retirado uma média. Os resultados obtidos da 1ª, 2ª e 3ª avaliações foram analisados estaticamente por test T (Student).

Resultados

Os resultados encontrados estão expostos na Tabela I:

Tabela I - Resultados do teste do Banco de Wells na 1ª, 2ª e 3ª avaliações.Indivíduos 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação1 14,6 16,6 16,32 15,3 16,6 16,83 1,8 10,0* 9,3*4 20,6 19,3 19,05 6,3 13,0* 16,0*6 13,6 15,0 13,07 7,6 13,3* 16,6*#

Média 11,4±6,4 14,8±3,0 15,3±3,2* - Diferença significante em relação à 1ª avaliação.

# - Diferença significante em relação à 2ª avaliação.

Somente os indivíduos 3, 5 e 7 apresentaram diferenças estatísticas entre a 1ª e 3ª avaliações quando analisados indivi-dualmente. A média do grupo também não foi estatisticamen-te signifi cante, porém houve um aumento da fl exibilidade em 29,8% quando comparadas a 1ª e 2ª avaliações, 34,2% entre a 1ª e 3ª avaliações e 3,3% entre a 2ª e 3ª avaliações.

Discussão

O alongamento estático é um dos mais efi cazes, além de constar na literatura como o mais seguro [2]. Caromano & Kerbany encontraram diferenças signifi cantes de aumento da fl exibilidade em um programa individual de treinamento físi-co para quatro idosos [8]. No presente trabalho, os resultados demonstraram um aumento da fl exibilidade com a utilização do alongamento estático. Embora tenha existido um aumento percentual da fl exibilidade, não houve diferença estatística signifi cante entre as médias do grupo. Acreditamos que este resultado se deve ao fato de que o alongamento tenha sido em grupo e não de forma individual.

O treino de flexibilidade tem como efeito imediato aumento na amplitude de movimento pelo decréscimo na viscoelasticidade muscular [9]. Porém, após um período de treinamento, o aumento na amplitude de movimento e, portanto, na fl exibilidade, se deve ao ganho de sarcômeros em

série [10]. O programa de alongamento utilizado neste traba-lho teve duração de 10 semanas, ou seja, houve um período de treinamento relativamente longo. Desta forma, é possível que o aumento percentual da fl exibilidade seja explicado pelo acréscimo do número de sarcômeros em série.

Alguns autores afi rmam que os ganhos obtidos com alon-gamentos de curta duração são transitórios e atribuídos a uma folga temporária entre as actinas e miosinas nos sarcômeros. Já os alongamentos de 20 segundos ou mais trariam ganhos mais duradouros [5]. Segundo Bandy et al. [11], a duração do alongamento estático estabelecida entre 30 e 60 segun-dos é efi ciente em aumentar a fl exibilidade. No programa de alongamento utilizado neste trabalho, cada exercício de alongamento era sustentado por 60 segundos. Desta forma, o tempo utilizado foi efi caz para alcançar o objetivo proposto, ou seja, ganho de fl exibilidade.

Funções músculo-esqueléticas debilitadas, especial-mente fraqueza, infl exibilidade e dor, podem causar inca-pacidade progressiva, provocando limitação na mobilidade e conseqüente diminuição na qualidade de vida [4]. Neste trabalho, a qualidade de vida esteve intimamente relacionada com os ganhos de fl exibilidade, pois as integrantes do grupo relataram que com as sessões de alongamento houve um aumento do bem estar físico e uma maior motivação para execução das tarefas diárias (todas as componentes do grupo eram do lar). Todas relataram que suas atividades diárias se tornaram mais prazerosas e menos cansativas (dados não demonstrados neste trabalho).

Levando em conta que o homem contemporâneo utiliza-se cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvi-mento de doenças degenerativas, existe a necessidade de se promover mudanças no seu estilo de vida, levando-o a incor-porar a prática de atividades físicas ao seu cotidiano, mesmo porque a atividade física é um fator preponderante para a ma-nutenção do tônus muscular e, dessa forma, da manutenção de uma boa postura e uma boa fl exibilidade [1]. Sendo assim, a formação de grupos de tratamento deve ser incentivada por profi ssionais da saúde, assim como a prescrição dos exercícios de fl exibilidade, necessários para aquisição de hábitos de uma boa postura e melhora da consciência corporal.

Conclusão

Embora os resultados encontrados não tenham sido esta-tisticamente signifi cantes em todos os indivíduos estudados, o programa de alongamento estático desenvolvido em grupo foi efi caz em aumentar o percentual de fl exibilidade das mulheres em questão.

Referências

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Revisão

Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q)

Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q)

Leonardo Gomes de Oliveira Luz*, Paulo de Tarso Veras Farinatti**

*Laboratório de Atividades Físicas e Promoção da Saúde (LABSAU) – Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Escola de Educação Física do Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho,** Laboratório Atividades Físicas e Promoção da Saúde (LABSAU) – Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

ResumoA avaliação do estado de prontidão para realizar exercícios físicos

é um passo importante para a sua prescrição. Na impossibilidade de realizar avaliações clínicas, a utilização de screenings rápidos pode ser alternativa para a detecção daqueles que necessitam de maior atenção antes de se submeterem a um programa regular ou a um aumento da intensidade de trabalho. Para os devidos fi ns, o Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q) é comumente indicado pela literatura. A presente revisão da literatura teve como objetivo identifi car o estado da produção científi ca existente a respeito do PAR-Q, principalmente no que diz respeito à sua apli-cação em populações com idade avançada. O estudo evidenciou uma fragilidade do instrumento quanto à sua acurácia, devido à falta de estudos que tenham verifi cado sua sensibilidade (SE) e especifi cidade (ES). Desde o seu desenvolvimento na década de 70, poucos estudos objetivaram identifi car a aplicabilidade do PAR-Q. Os poucos trabalhos encontrados, que procuraram avaliar tais vari-áveis, obtiveram resultados de SE e de ES infl uenciados pela forma como compreendiam e calcularam seus valores. No caso das pessoas idosas, as informações disponíveis sobre a acurácia do instrumento são, francamente, insufi cientes. Palavras-chaves: questionário, screening e exercício físico.

AbstractTh e physical activity readiness assessment is an important step

before the exercise prescription. Th e use of fast screenings, as the Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q), can be an alternative for this assessment, especially when it is not possible to carry out clinical examinations. However, its accuracy was not well established in elderly with diff erent educational status. Th is study aimed to search the available scientifi c data regarding PAR-Q, mainly related to its application in older adults. Th e literature review showed that the questionnaire’s accuracy - sensitivity (SE), specifi city (SP) - has not been enough tested. Since its development in the 70’s, few studies had aimed to identify the applicability of the PAR-Q in diff erent samples and its SE and SP.Key-words: questionnaire, screening, exercise.

Recebido 12 de abril de 2005; aceito 25 de julho de 2005.Endereço para correspondência: Leonardo Gomes de Oliveira Luz, Rua Padre Ildefonso Penalba 45/306, Méier, 20775-020, Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected]

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Introdução

É bem aceita a importância da prática de exercícios físicos regulares para a saúde da população em geral. Porém, ingressar em programas de atividades físicas sem uma avaliação pré-via é uma conduta que pode trazer riscos ao praticante. De acordo com o American College of Sports Medicine (ACSM) [1], previamente ao início de um programa de exercícios físicos, recomenda-se a realização de um exame médico, principalmente na presença de doenças (cardíaca, pulmonar ou metabólica), quando a intensidade do exercício for maior que 60% da capacidade aeróbia máxima e em casos da exis-tência de dois ou mais fatores de risco para acometimentos cardiovasculares ou metabólicos (Quadro 1). Nos casos em que o esforço não for maior que 60% da capacidade aeróbia máxima, se o praticante não possui nenhum sintoma de do-ença e também não tem mais do que um fator de risco para doença coronariana, o exame médico pré-exercício poderia ser dispensado.

Quadro 1 - Indicações do ACSM (2000) para exame médico pré-exercício.Variável Indicação para exame médicoExistência de doença

Sim, se cardíaca, pulmonar ou metabó-lica.

Sintomas ou sinais Sim, se cardíaca, pulmonar ou sugerindo doença metabólica.

Fator de risco para doença cardíaca

Sim, se dois ou mais fatores.

Exercício intenso Sim, se homens > 40 anos ou mulheres > 50 anos.

Nestes casos, a utilização de screenings com base em questionários pode ser uma ferramenta útil. Um dos testes mais recomendados para isso é o Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q) e sua versão revisada (rPAR-Q) [2-4]. Mas, em que pesem essas indicações favoráveis, algumas lacunas persistem no que toca ao potencial de aplicação do PAR-Q e do rPAR-Q. Estudos de validação são ainda mais raros, principalmente em populações de características diferentes daquelas dos países nos quais o questionário foi proposto, como as nações em desenvolvimento. No Brasil, por exemplo, os poucos estudos existentes apresentam-se na forma de comunicações livres em congressos [5-9].

Desse modo, pode-se dizer que ainda há razoável espaço para investimento em pesquisas que levantem a adequação da aplicação do PAR-Q, bem como de sua versão revisada, em situações específi cas. Esta é a preocupação da presente revisão da literatura. O objetivo a que se propôs o texto foi descrever com detalhes o processo de desenvolvimento do questionário, a forma de aplicá-lo e as possibilidades de interpretação de suas informações, assim como discutir as evidências disponíveis sobre sua validade e limitações de sua utilização.

Desenvolvimento e características do PAR-Q

O PAR-Q foi desenvolvido na década de 1970 como um método econômico de identifi car pessoas para quem um aumento da atividade física poderia ser contra-indicado [10]. Na verdade, o PAR-Q é uma versão mais breve do screening utilizado na bateria de avaliação e prescrição de exercícios do Canadian Home Fitness. Originalmente, tratava-se de um questionário composto por 19 itens, elaborado pelo Ministé-rio da Saúde da província canadense de British Columbia, que logo assumiu um formato mais simplifi cado após comparação de suas respostas com um exame médico, que era composto por mensuração da pressão arterial em repouso, eletrocar-diograma de repouso e em esforço físico [10]. Nesse novo formato, o questionário passou a englobar as sete perguntas consideradas mais efetivas na detecção de contra-indicações médicas ao exercício físico. A partir daí, o PAR-Q foi endos-sado pelo Fitness Canada e usado em conjunto com o Cana-dian Home Fitness Test e o Canadian Standard Test of Fitness. Sua utilização não se limitou apenas ao Canadá, passando a ser adotado em vários países, incluindo os Estados Unidos, como um screening pré-exercício usado não somente como um teste preliminar para a prática de exercícios, mas também como forma de identifi car riscos para ingressar em programas individuais e coletivos de atividades físicas [11].

Cardinal e colaboradores [12] mencionavam que, desde sua introdução até aquele momento, o PAR-Q havia sido ministrado a mais de um milhão de pessoas, que não apresentaram nenhuma complicação cardiovascular com a prática de atividades físicas. Por este motivo, desde 1991, o ACSM [13] recomenda o PAR-Q como uma avaliação prévia segura para adultos (homens < 40 e mulheres < 50 anos) que desejariam começar um programa de exercícios físicos de intensidade baixa a moderada. A versão original do PAR-Q é apresentada no Quadro 2.

Quadro 2- Questões usadas no PAR-Q original.1. O seu médico já lhe disse alguma vez que você apresenta um problema cardíaco? ( ) Sim ( ) Não2. Você apresenta dores no peito com freqüência? ( ) Sim ( ) Não3. Você apresenta episódios freqüentes de tonteira ou sensa-ção de desmaio? ( ) Sim ( ) Não4. Seu médico alguma vez já lhe disse que sua pressão san-guínea era muito alta? ( ) Sim ( ) Não5. Seu médico alguma vez já lhe disse que você apresenta um problema ósseo ou articular, como uma artrite, que tenha sido agravado pela prática de exercícios, ou que possa ser por eles agravado? ( ) Sim ( ) Não6. Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui, para que você não siga um programa de atividade física, se desejar fazê-lo? ( )Sim ( ) Não7. Você tem mais de 65 anos e não está acostumado a se exercitar vigorosamente? ( ) Sim ( ) Não

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Para autores como Pollock e Wilmore [4] ou agências como a Canadian Society for Exercise Physiology [14], o PAR-Q foi elaborado a fi m de oferecer uma alternativa para o indivíduo ajudar-se no processo de avaliação pré-exercício. Assim, as perguntas do questionário devem ser respondidas pelo próprio sujeito. O indivíduo deve ler as questões com atenção e marcar SIM ou NÃO nos parênteses correspon-dentes às respostas [14]. No caso de SIM a uma ou mais perguntas, o questionário é considerado positivo e aconselha-se que o avaliado procure um médico antes de intensifi car suas atividades físicas e/ou de ingressar em um programa de condicionamento físico. No caso de as respostas serem todas negativas, o questionário é classifi cado como negativo e o indivíduo pode acrescentar à sua vida uma atividade física cuja intensidade não deveria ultrapassar 60% da capacidade aeróbia máxima.

Acurácia do PAR-Q - sensibilidade e especifici-dade

Quando as respostas do PAR-Q são comparadas com o laudo de exames clínicos, está-se avaliando se o questio-nário foi efi ciente ou não. Quando há uma concordância entre os resultados do questionário e do exame médico, diz-se que o PAR-Q foi verdadeiro. Ao contrário, se não houver tal relação, diz-se que o PAR-Q foi falso. O PAR-Q é composto por sete perguntas que seriam, em princípio, 100% sensíveis e aproximadamente 80% específi cas para detecção de contra-indicações médicas [12]. A sensibilidade (SE) do teste pode ser entendida como o número de sujeitos para os quais o questionário revela-se verdadeiro-positivo (concordância de contra-indicação médica e do PAR-Q), dividido pelo número de sujeitos que mostraram uma ca-racterística adversa no teste clínico. Logo, a SE diz respeito ao potencial do questionário em apontar, com pertinência, casos em que haveria contra-indicação real à prática de atividades físicas. Já a especifi cidade (ES) diz respeito ao total de questionários verdadeiro-negativos, dividido pelo número de casos nos quais o exame clínico não encontrou nenhuma restrição para praticar atividade física. Em outras palavras, a ES refl ete a capacidade do instrumento em identifi car corretamente os casos em que o questionário foi classifi cado como negativo.

Shephard e colaboradores [15] estudaram a SE e a ES do PAR-Q em 1130 sujeitos, num estudo que primeiro avaliou clinicamente a amostra e depois a submeteu ao questionário. O teste clínico considerou oito sujeitos como inaptos à prá-tica de exercícios. Após a realização do PAR-Q, constatou-se que todos os indivíduos rejeitados pelo exame médico foram identifi cados pelo questionário, obtendo-se, neste caso, uma SE de 100%. No entanto, além dos sujeitos que tiveram o questionário verdadeiro-positivo, outros 209 tiveram o ques-tionário classifi cado como falso-positivo, o que contribuiu para diminuir a ES do PAR-Q.

Os estudos nacionais envolvendo a identifi cação da SE e ES do PAR-Q em suas diferentes versões adotaram outras defi nições para estes conceitos [5-9]. Nestas pesquisas, a SE foi encarada como o índice de concordância entre os resultados do teste clínico e do questionário, envolvendo tanto os ques-tionários positivos quanto os questionários negativos. Na ver-dade, a SE era obtida dividindo-se o número de questionários verdadeiros pelo número total de questionários. Por exemplo, uma SE de 90% signifi ca que 90 em cada 100 questionários tiveram o resultado similar ao do exame clínico. Para o cálculo da ES foram delineados três parâmetros, estipulados em fun-ção das variáveis ‘diagnosticadas’ pelo questionário, aos quais se convencionou chamar de: a) especifi cidade cardiovascular; b) especifi cidade ósteo-mio-articular; c) especifi cidade para outros problemas, na qual estavam inseridas particularidades não associadas aos itens anteriores. Quando houvesse uma relação entre o motivo da exclusão do exame clínico e a res-posta positiva do questionário, o questionário era considerado específi co (Quadro 3).

Quadro 3 - Especifi cidade das questões do PAR-Q por Farinatti, Monteiro, 1996.

1O seu médico já lhe disse alguma vez que você apresenta um proble-ma cardíaco?

Especificidade cardiovascular

2Você apresenta dores no peito com freqüência?

Especificidade cardiovascular

3Você apresenta episódios freqüentes de tonteira ou sensação de des-maio?

Especificidade cardiovascular

4Seu médico alguma vez já lhe disse que sua pressão sanguínea era muito alta?

Especificidade cardiovascular

5

Seu médico alguma vez já lhe disse que você apresenta um problema ósseo ou articular, como uma artrite, que tenha sido agravado pela prá-tica de exercícios, ou que possa ser por eles agravado?

Especificidade os-teo-mio-articular

6

Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui, para que você não siga um programa de atividade física, se desejar fazê-lo?

Especificidade para outros pro-blemas

7Você tem mais de 65 anos e não está acostumado a se exercitar vigorosamente?

Especificidade para outros pro-blemas

Farinatti e Monteiro [7] estudaram a SE e a ES do PAR-Q em ofi ciais da Força Aérea Brasileira (FAB). Para tanto, foram distribuídos 109 questionários para indivíduos do sexo masculino, com média de idade de 33,8 anos, que realizavam cursos na Escola de Aperfeiçoamento de Ofi ciais da Aeronáu-tica. Posteriormente, os autores selecionaram 20 questionários por randomização simples, sendo 10 positivos e 10 negativos.

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Dos 20 questionários testados, apenas um não se mostrou sensível, o mesmo ocorrendo para os parâmetros de ES. Em outro estudo publicado por Monteiro e colaboradores [6], também conduzido com ofi ciais da FAB, após a comparação das respostas dos questionários com os laudos dos exames clínicos, a SE relatada foi de 83,3%. A ES também se mostrou elevada, apresentando os seguintes valores: 83,3% (especifi ci-dade cardiovascular e especifi cidade para outros problemas) e 94,4% (especifi cidade osteo-mio-articular).

Posteriormente, Monteiro e colaboradores [5] realizaram mais uma verifi cação da SE e da ES do PAR-Q com militares da FAB (37 ± 5 anos). Neste estudo, foram distribuídos 255 questionários e escolhidos de forma randômica 55 classifi ca-dos como negativos e 43 como positivos. Mais uma vez os resultados foram satisfatórios, sendo 92,9% para SE e um total de 89,8% para ES.

Em suma, há evidências de que o PAR-Q se invista de SE e ES. No entanto, percebe-se, igualmente, uma certa ca-rência de pesquisas que tivessem reproduzido tais indicações em contextos populacionais diversifi cados, tanto nos países desenvolvidos, quanto naqueles em desenvolvimento. Isso seria importante, quando se sabe que as disparidades sócio-econômicas e educacionais nas populações desses países são sensivelmente maiores do que o encontrado nos países desen-volvidos. Uma outra lacuna existente na literatura diz respeito ao que se entende por SE e ES, tendo em vista as divergências ocorridas no cálculo destes índices quando se comparam os estudos internacionais com os publicados no Brasil, que são extremamente raros.

Desenvolvimento do rPAR-Q

Como visto, o PAR-Q vem sendo utilizado na avaliação prévia a programas de exercícios físicos, sem que eventos adversos signifi cativos fossem constatados. No entanto, um aspecto chamava a atenção: de forma geral, aproximadamente 20% dos indivíduos adultos pareciam responder positivamen-te a uma ou mais questões do questionário, mesmo sem pos-suir nenhum comprometimento que os impedisse de começar a prática de exercícios físicos [15]. Ou seja, a versão original do PAR-Q estava associada a uma freqüência importante de resultados falso-positivos.

Esses resultados mostravam que o questionário positivo estava excluindo desnecessariamente pessoas da prática de atividades físicas ou, quando menos, induzindo-as a um exame médico que poderia ser dispensado. Buscando o aperfeiçoa-mento do instrumento, Shephard et al. [16] realizaram uma primeira revisão das questões do PAR-Q, elaborando-as de maneira a elevar a ES do questionário, sem sacrifício de sua boa SE (Quadro 4). Tentava-se, com isso, diminuir a quan-tidade de falso-positivos, principalmente pela fl exibilização de alguns pontos, como o que dizia respeito à idade dos respondentes na Questão 7.

Quadro 4 - Versão revisada do PAR-Q (rPAR-Q).1. Algum médico já disse que você possui algum pro-

blema de coração e que só deveria realizar atividade física supervisionada por profissionais de saúde?

2. Você sente dores no peito quando pratica atividade física?

3. No ultimo mês, você sentiu dores no peito quando praticava atividade física?

4. Você apresenta desequilíbrio devido à tontura e/ou perda de consciência?

5. Você possui algum problema ósseo ou articular que poderia ser piorado pela atividade física?

6. Você toma atualmente algum medicamento para pressão arterial e/ou problema de coração?

7. Sabe de alguma outra razão pela qual você não deve realizar atividade física?

(Shephard, et al., 1991)

No ano seguinte, a versão revisada, assim como o paralelo com a versão original, foi publicada em artigo de Th omas et al. [17] para cruzamento dos dois formatos (Quadro 5). Naquele estudo, foram analisadas as respostas de 399 indivíduos, de ambos os sexos, com uma média de idade de 33 ± 11 anos, aos questionários PAR-Q e rPAR-Q. A ordem de preenchi-mento dos questionários foi estabelecida de forma randômica. Primeiro, uma parte do grupo respondeu às perguntas do PAR-Q e a outra do rPAR-Q. Depois, a ordem das respostas invertia-se. Os resultados mostraram que houve uma redução signifi cativa de 68 para 48 indivíduos excluídos entre PAR-Q e rPAR-Q, respectivamente (p < 0,05).

Shephard et al. [15] identifi caram que as maiores in-cidências de respostas positivas, no questionário original, eram nas Questões 4 e 5. Ou seja, uma questão que diz respeito ao sistema cardiovascular (4) e uma relacionada ao componente osteo-mio-articular (5). Já Th omas et al. [17], comparando ambas as versões do PAR-Q, relataram que o maior erro relacionado às exclusões do instrumento original estava associado à questão que remetia à pressão arterial. Em se tratando da população idosa, Shephard et al.[16] mencio-naram que os sujeitos que foram excluídos pelas questões 2, 4 e 5 no questionário original e não o foram no instrumento revisado, apresentavam faixa etária acima da média da amos-tra do estudo. Tal resultado confi rmou a importância de se reverem tais perguntas, ainda mais quando se tratava de indivíduos idosos.

Neste sentido, Cardinal et al. [12] também compararam o número de exclusões resultantes do PAR-Q e do rPAR-Q. Porém, a amostra estudada foi de 193 idosos, com idades entre 60 a 69 anos (65 ± 3 anos), voluntários do Community Nutrition Center. A ordem de resposta aos questionários também foi estipulada de forma randômica, com metade da amostra respondendo a um dos questionários no primeiro dia e ao outro no segundo, o mesmo acontecendo com a outra

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metade. Os autores identifi caram uma redução signifi cativa de exclusão (p < 0,05) quando comparados os resultados do PAR-Q e do rPAR-Q, respectivamente, de 146 para 128 casos (75,7% para 66,3%) e sugeriram que, embora haja resultados que indiquem uma diferença entre o número de questioná-rios falso-positivos do PAR-Q e de sua versão revisada, mais estudos seriam fundamentais para se ratifi car esta tendência, principalmente em se tratando do público idoso.

Quadro 5 - Paralelo da versão original com a revisada do PAR-Q.

1. O seu médico já lhe disse alguma vez que você apresenta um problema cardíaco?

1. Algum médico já disse que você possui algum problema de coração e que só deveria realizar atividade física supervisionada por profissionais de saúde?

2. Você apresenta dores no pei-to com freqüência?

2. Você sente dores no peito quando pratica atividade física?

3. Você apresenta episódios freqüentes de tonteira ou sensa-ção de desmaio?

4. Você apresenta desequi-líbrio devido à tontura e/ou perda de consciência?

4. Seu médico alguma vez já lhe disse que sua pressão sanguínea era muito alta?

6. Você toma atualmente algum medicamento para pressão arterial e/ou proble-ma de coração?

5. Seu médico alguma vez já lhe disse que você apresenta um problema ósseo ou articu-lar, como uma artrite, que te-nha sido agravado pela prática de exercícios, ou que possa ser por eles agravado?

5. Você possui algum problema ósseo ou articular que poderia ser piorado pela atividade física?

6. Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui, para que você não siga um programa de atividade física, se desejar fazê-lo?

7. Sabe de alguma outra ra-zão pela qual você não deve realizar atividade física?

7. Você tem mais de 65 anos e não está acostumado a se exercitar vigorosamente?

Sem questão associada

Sem questão associada3. No ultimo mês, você sen-tiu dores no peito quando praticava atividade física?

(Thomas et. al., 1992)

Validade do instrumento

A quantidade de pesquisas envolvendo a verifi cação da aplicabilidade das versões do PAR-Q, traduzida pela deter-minação da SE e ES, ainda é pequena, indicando um quadro de inconsistência quanto à possibilidade de aplicação univer-sal do instrumento. De fato, a SE e a ES do PAR-Q foram medidas apenas no texto de Shephard et al.[15] e o que se

pode identifi car, a partir de então, é uma busca na literatura para reduzir o contingente de questionários falso-positivos [12,15,17]. Isso é ainda mais problemático quando se trata de grupos oriundos de países em desenvolvimento ou com características especiais, como é o caso das pessoas idosas. No caso particular do Brasil, além de serem poucos, os estudos disponíveis encontram-se principalmente sob a forma de resumos para congressos científi cos. Além disso, SE e ES são determinadas a partir de premissas diferentes daquelas adotadas nos estudos publicados em outros países.

Deduz-se que a disponibilidade de estudos de validação do questionário (PAR-Q ou rPAR-Q) em diferentes contextos populacionais é pequena, senão inexistente. Por outro lado, sabe-se que vários fatores podem infl uenciar na precisão das respostas a instrumentos auto-referidos. Quando se trata de indivíduos com mais idade, essas limitações assumem propor-ções ainda maiores, em virtude de diversos aspectos, dentre os quais alguns podem ser destacados.

Em primeiro lugar, as condições educacionais e sócio-econômicas têm sido apontadas como intervenientes nas respostas, infl uenciando a qualidade da informação [18,19]. Assim, os questionários deveriam ter seu nível de complexi-dade adequado à população que se deseja observar. Indepen-dentemente do nível de escolaridade ou poder aquisitivo, a elaboração dos questionários deveria considerar diferenças culturais importantes, ligadas ao fato que existe uma sub-cultura específi ca aos idosos, independentemente da região em que vivem.

Outra variável que deveria ser levada em conta é a pos-sibilidade de os idosos exibirem condições patológicas que difi cultam a compreensão e resposta ao questionário, por exemplo, senilidade e defi ciência visual. As entrevistas, portan-to, precisariam ser adaptadas, não necessariamente valendo-se de questionários auto-referidos. Em muitos casos, além disso, deve-se notar que questionários auto-respondidos pelos idosos podem ter suas respostas infl uenciadas por terceiros, como os membros da família [20]. Nenhum destes aspectos teve sua infl uência convenientemente apreciada em estudos de validação do PAR-Q, em quaisquer de suas versões.

Conclusão

O PAR-Q e sua versão revisada são comumente indicados como instrumentos para avaliar pessoas que ingressam em programas de exercícios físicos. Em que pesem essas indi-cações, parece existir uma lacuna na literatura quanto à sua acurácia, devido à falta de estudos que tenham verifi cado sua SE e ES. Desde o seu desenvolvimento na década de 1970, até o presente momento, poucos estudos objetivaram identi-fi car a aplicabilidade do PAR-Q e do rPAR-Q para diferentes tipos de população. Os poucos trabalhos encontrados, que procuraram avaliar tais variáveis, obtiveram resultados de SE e de ES infl uenciados pela forma como compreendiam e calcularam seus índices. No caso das pessoas idosas, as in-

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formações disponíveis sobre a validade do instrumento são, francamente, insufi cientes.

Torna-se evidente que o instrumento, apesar de ser fre-qüentemente indicado como screening antes da participação de atividades físicas moderadas, pode apresentar falhas que colocariam em risco seu uso com essa fi nalidade. Desse modo, mais estudos que objetivem a verifi cação da SE e ES do PAR-Q e do rPAR-Q deveriam ser realizados, envolvendo diferentes grupos populacionais e contextos sócio-econômi-cos-culturais. O investimento em pesquisas nessa direção é importante para que se obtenham resultados que permitam pensar na universalização da recomendação do questionário como parte da avaliação de indivíduos que desejam iniciar um programa de exercícios físicos.

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Revisão

Hipertensão arterial: uma abordagem direcionada aos efeitos do treinamento, mecanismos hipotensivos e

respostas a programas de exercíciosArterial hypertension: effects of physical training, hypotensive

mechanisms and applicability of exercise programs

Kalline Russo*, Walace Monteiro**

*Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), **Laborató-rio de Atividade Física e Promoção da Saúde - Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Programa de Pós-gra-duação em Ciências da Atividade Física - Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO)

ResumoA Hipertensão Arterial (HA) é uma condição multifatorial,

associada a uma pressão arterial (PA) maior ou igual a 140/90 mmHg ou ao uso de medicamentos anti-hipertensivos. No Brasil, estudos epidemiológicos estimam uma prevalência da HA em torno de 40% da população adulta com mais de 40 anos. Uma das principais formas de prevenção e tratamento da HA consiste nas modifi cações do estilo de vida. Dentre as modifi cações, destaca-se a prática regular de atividade física. Desta forma, os objetivos do presente artigo são: a) revisar os efeitos do treinamento físico na PA; b) apresentar os potenciais mecanismos hipotensivos como resposta ao exercício; c) apresentar e discutir as diferentes estratégias de atividades físicas envolvendo programas formais e não formais de prescrição de exercício. O primeiro objetivo aborda os efeitos agudos e crônicos das diferentes formas de treinamento (aeróbio, de força e fl exibilidade), assim como a infl uência das diferentes variáveis de prescrição nas respostas da PA. O segundo objetivo apresenta os principais mecanismos neuro-humorais e estruturais que tentam explicar a hipotensão como resposta à prática do exercício. Quanto ao enfoque do terceiro objetivo, são discutidas a aplicabilidade, vantagens e desvantagens de programas formais e não-formais de prescrição de exercícios. Palavras-chave: hipertensão, exercício, hipotensão, fisiologia cardiovascular, atividade física.

AbstractTh e arterial hypertension (HA) is a multifactorial condition

associated with blood pressure (BP) equal or higher than 140/90 mmHg or with the anti-hypertensive drugs. Epidemiological data estimate that 40% of the Brazilian adult population are older than 40 yrs. One of the alternative interventions to prevent and treat HA is the regular physical activity. Th us the purposes of the pres-ent paper are: a) to review the eff ects of physical training on the HA; b) to describe the main hypotensive mechanisms associated with the exercise; c) to present and discuss the diff erent strategies to prescribe physical activities for hypertensive subjects, especially supervised and non-supervised programs. Th e fi rst objective focuses the acute and chronic eff ects of diff erent training programs (aerobic, strength and fl exibility), as well the infl uence of the manipulation of diff erent prescription variables on BP responses. Th e second purpose presents the neuro-humoral mechanisms that explain the hypotension as consequence of regular exercise. Th e third purpose discusses the applicability, advantages and limitations of supervised and non-supervised exercise programs. Key-words: hypertension, exercise, hypotension, cardiovascular physiology, physical activity.

Recebido 20 de outubro de 2005; aceito 25 de novembro de 2005. Endereço para correspondência: Walace Monteiro, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, sala 8133, Bloco F. Maracanã, 20599-900 Rio de Janeiro RJ, E-mail: [email protected]

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Introdução

A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição multifato-rial, associada a uma pressão arterial (PA) maior ou igual a 140/90 mmHg ou ao uso de medicamentos anti-hipertensivos [1,2], apresentando dois estágios em virtude dos níveis de pressão sistólica e diastólica do indivíduo. Para adultos de dezoito anos ou mais, que não estão tomando medicamentos ou tenham doença aguda, esses estágios são caracterizados da seguinte maneira: o estágio 1, (PA sistólica de 140 mmHg a 159 mmHg e PA diastólica de 90 mmHg a 99 mmHg) e o estágio 2 (PA sistólica ≥ 160 mmHg e PA diastólica ≥ 100 mmhg3. Somado a isso, devido à incidência duas vezes maior do risco de desenvolver HA em pessoas com PA sistólica de 120 mmHg a 139 mmHg e PA diastólica de 80 mmHg a 89 mmHg, uma nova categoria foi adotada para pacientes que apresentam esses valores de PA: a pré-hipertensão. Esta categoria foi introduzida reconhecendo a relação entre a PA e o risco de doenças cardiovasculares, sinalizando ainda, a necessidade de crescimento de educação para a saúde.

No Brasil, estudos epidemiológicos estimam prevalência em torno de 40% da população adulta com mais de 40 anos. Mas como o diagnóstico clínico requer avaliações sucessivas em diferentes ocasiões, a prevalência estimada da HA pode reduzir-se em 30% [4]. Além disso, a HA é um dos principais agravos à saúde no Brasil, pois eleva o custo médico-social, principalmente pelas suas complicações, como as doenças cé-rebro-vascular, arterial coronariana e vascular de extremidades, além das insufi ciências cardíaca e renal [5].

Diante desse quadro, as estratégias de prevenção são di-recionadas para prevenir o desenvolvimento da hipertensão, ou a mudança de estágio da doença, como também o agrava-mento das condições de saúde do paciente por complicações facilitadas pela pressão arterial elevada. Autores como Appel et al. [6] e He, Whelton [7], destacam que as modifi cações comportamentais reduzem a morbi-mortalidade e o ônus causado pela HA e doenças a ela relacionadas, pois, incidem na redução de outros fatores de riscos para doenças cardiovas-culares. Neste contexto, a adoção de um estilo de vida saudá-vel é essencial na prevenção da HA. Dentre as modifi cações preconizadas no estilo de vida, destaca-se a prática sistemática de atividade física [8,9]. Algumas modifi cações no estilo de vida apresentam custo mínimo, o que viabiliza sua realização em grande escala. Por essas razões, algumas entidades como a Organização Mundial da Saúde, a Sociedade Européia de Hipertensão e o Programa Nacional de Educação para Pressão Arterial Elevada, recomendam a atividade física regular para prevenção e tratamento da HA [8].

Desta forma, os objetivos do presente artigo são: a) re-visar os efeitos do treinamento físico na PA; b) apresentar os potenciais mecanismos hipotensivos como resposta ao exercício; c) apresentar e discutir as diferentes estratégias de atividades físicas envolvendo programas formais e não formais de prescrição de exercício.

Exercício físico como estratégia de prevenção e intervenção

Para facilitar o encadeamento de idéias, optamos por descrever esta sessão nos seguintes tópicos: exercício físico e seus efeitos agudos e crônicos na PA e aspectos metodológicos da prescrição de exercício.

Efeitos agudos e crônicos do exercício na PA

Como resposta aguda ao exercício aeróbio (EA), uma hipotensão pós-exercício tem sido observada. Essa ocorre em normotensos, hipertensos, adultos jovens e idosos, com a maior redução nos indivíduos com HÁ [8]. Além disso, estudos analisando os efeitos agudos do EA sobre a PA veri-fi caram que as atividades dinâmicas reduzem a PA em pessoas com hipertensão, por uma maior porção de horas durante o dia [10]. Quanto aos efeitos da duração do esforço na PA, alguns estudos têm observado que a duração do exercício determina a magnitude e a duração da hipotensão pós exer-cício [11]. Esta hipotensão tem reduzido, em média, a PAS de 18 a 20 mmHg e a PAD de 7 a 9 mm Hg, em indivíduos com hipertensão. Nos normotensos, os efeitos reportados variam de 8 a 10 mmHg e 3 a 5 mm Hg, nas PAS e PAD, respectivamente, podendo persistir até 13 horas após a sessão de treinamento [12].

Em relação às respostas crônicas ao EA, foi destacado que sua prática regular pode reduzir a pressão sistólica/diastólica em 3/2 mmHg em adultos normotensos [13]. No que diz respeito à redução da PA em hipertensos, essa redução pode chegar a 6/7 mmHg, sendo a queda proporcional a PA inicial [14]. Como visto, os efeitos agudos na PA tendem a apresentar uma maior magnitude de redução, quando comparados aos efeitos crônicos ao esforço.

Paff enberger et al. [15] reportaram que exercícios clas-sificados como vigorosos, independentemente do tipo, continuado por anos após a faculdade, protege contra futura hipertensão. Haapanen et al. [16] observaram que o total de atividade física, também independentemente do tipo somada com a intensidade do esforço, é inversamente associado com o risco de futura HA em homens de meia idade. Hayashi et al. [17] em estudo com homens japoneses, reportaram que a duração da caminhada para o trabalho, adicionada à realização de atividade física no tempo livre, foi signifi cativamente asso-ciada com a redução do risco de hipertensão. Em contraste, nenhum dos estudos em mulheres observou signifi cativas e independentes relações entre o nível de atividade física e o risco para desenvolver a HÁ [16,18,19]. É importante obser-var, que características diferentes na PA em relação ao gênero podem ter infl uenciado nos resultados das pesquisas realizadas entre homens e mulheres. Segundo Hayes [20], diferenças em relação ao gênero vêm sendo notadas na fi siologia, genética e benefícios no tratamento de HA em estudos que incluem mu-lheres. Legato [21] verifi cou que mulheres podem tolerar a HA

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melhor do que homens. Outro fator mais bem tolerado pelas mulheres é a microalbuminuria, interpretada diferentemente dos homens. A microalbuminuria representa um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, associado com maior risco de mortalidade para hipertensos e principalmente diabéticos [22]. Por fi m, algumas considerações importantes que diferenciam o tratamento da mulher hipertensa, como o uso de contraceptivo oral, podem precipitar ou acentuar o problema, além das alterações hormonais decorrentes da menopausa [21].

Em relação aos estudos dos efeitos crônicos do EA em populações da raça negra, poucos são os experimentos que investigaram os efeitos do exercício na PA. Parece ser aceito que a atividade física não foi associada com a incidência de HA em estudos envolvendo negros [19]. As respostas da PA em população negra também diferem de homens de popu-lação branca, sendo encontrados valores de PA superiores em negros. Além disso, uma maior prevalência de HA e de complicações cardiovasculares são encontrados em homens negros, em comparação com os brancos [23].

Quanto à infl uência do nível de condicionamento e a incidência de HA, Blair et al. [24], depois de controlar fatores como idade, gênero, índice de massa corporal e PA, reporta-ram que os indivíduos com baixos graus de condicionamento físico têm um maior risco relativo para desenvolver HA, quando comparado com pessoas bem condicionadas. Assim, os estudos até agora reportaram que altos níveis de atividade física, associados ao bom condicionamento aeróbio, associam-se com a redução da incidência de HA em homens brancos. Entretanto, são necessárias mais evidências em relação ao gênero e as características étnicas, para que se possam tecer conclusões mais defi nitivas sobre o assunto [8].

Aspectos metodológicos da prescrição de exercí-cios e respostas na PA

Nessa sessão serão discutidas as infl uências da freqüência semanal, duração, intensidade e tipo de treinamento (aeróbio, força e fl exibilidade) na PA. Forjaz et al. [11], analisaram indi-víduos que realizaram duas sessões de exercício (25 e 45 min) no cicloergômetro em 50% VO2máx, onde a PAS diminuiu signifi cativamente no pós-exercício, sendo essa queda maior e mais prolongada após 45 min de exercício. Esses autores concluíram que o exercício com maior duração provoca hipo-tensão pós-exercício maior e mais prolongada. Posteriormente, através de uma meta-análise Fagard et al. [25], defenderam que uma freqüência de três a cinco dias por semana, com duração de 30 a 60 min por sessão e intensidade entre 40% a 50% do VO2máx, parece ser efetivo para a redução da PA. Contudo, limitadas evidências também sugerem que sete ses-sões por semana podem ser mais efetivas do que 3 sessões por semana [26]. Outros autores corroboram com a intensidade proposta por Fagard, e vão além, destacando que os exercícios com baixa e moderada intensidade parecem provocar maiores

reduções da PA [27-29]. Halbert et al. [30] complementam essas informações observando que, aumentando a intensidade do exercício para 70% VO2máx e aumentando a freqüência semanal acima de 3 vezes não tem nenhum impacto adicional na redução da PA.

Um dos aspectos que podem ter infl uenciado nas dife-renças entre os estudos, pode estar relacionado às diferentes populações que compuseram as amostras dos estudos, envol-vendo indivíduos com distintos graus de condicionamento, composição corporal, além das diferenças metodológicas nos treinamentos propostos. Apesar da divergência quanto à freqüência semanal que provocaria um maior efeito hipo-tensivo, parece ser lógico assumir que uma margem mínima situaria em três dias e uma margem ótima de treinamento deve ser de cinco a sete sessões semanais. Obviamente, os aspectos clínicos do indivíduo bem como o risco de lesões impostas pela atividade aeróbia praticada devem ser levados em conta na escolha da freqüência semanal. Além disso, a interação duração-intensidade do esforço também deve ser considerada.

No que concerne aos afeitos agudos do TF na PA, os resultados das pesquisas parecem ser convergentes. Farinatti e Assis [31] verifi caram as respostas cardiovasculares duran-te exercícios de força e aeróbio em indivíduos saudáveis. Realizaram-se testes de força com 1RM, 6RM e 20RM na cadeira extensora e exercício aeróbio em cicloergômetro na intensidade de 75 a 80% da FC de reserva. Os dados de PAS mostraram uma elevação conforme o número de repetições foi aumentando nos testes de força, o mesmo ocorrendo em relação à PAD. Quanto à comparação das respostas de PA obtidas na atividade aeróbia e nos testes de força, com exceção do trabalho envolvendo 20RM, o trabalho aeróbio exibiu maiores respostas de PAD. Já a PAS foi superior na atividade aeróbia do que nos testes de força. Esses dados chamam a atenção para o fato de que as respostas de PA tendem a ser menores no TF do que no treinamento aeróbio.

Quanto à infl uência do número de séries sobre as respostas da PA, Gotshall et al. [32] analisaram os efeitos de 3 séries consecutivas de 10 repetições sobre a resposta da PA no exer-cício leg press. Em conclusão, quanto maior o número de séries maiores as respostas obtidas para PA. Mais recentemente, Polito et al.[33] verifi caram o comportamento das respostas cardiovasculares durante 4 séries de 8 repetições máximas (RM) na extensão unilateral do joelho, realizadas com 1 e 2 minutos de recuperação. No que concerne às respostas de PA, verifi cou-se um efeito somativo do número de séries na PAS e PAD. Quanto à infl uência dos diferentes intervalos de recuperação, ao se adotar o período de 2 minutos, a PAS e PAD atingiram menores valores ao fi nal de cada série de 8 RM, em relação aos valores obtidos com 1 minuto de intervalo. A infl uência do fracionamento das séries através da alternância de grupamentos musculares requisitados na realização dos exercícios também vem sendo estudada. Veloso et al. [34] verifi caram as respostas cardiovasculares em diferentes situ-

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ações de TF para fl exão unilateral do quadril e abdução dos ombros até 90o. Os exercícios foram conduzidos de forma a manter o mesmo volume de treinamento, variando-se o nú-mero de repetições contínuas. Os valores de PA revelaram-se signifi cativamente maiores na forma contínua de execução, em comparação com a fracionada. Os autores concluíram que a forma contínua associou-se a maior sobrecarga cardiovascular, principalmente devido às respostas de pressão arterial.

A hipotensão pós-exercício com a prática do treinamento de força também vem sendo estudada. Em estudos realizados com jovens saudáveis e treinados Polito et al. [35] estudaram o efeito de duas seqüências de TF realizados sobre intensidades diferentes, mas com o mesmo volume de treinamento, sobre as respostas agudas tardias de PAS e PAD. Os autores chegaram as seguintes conclusões: a) o TF exerceu o efeito hipotensivo sobre a PA, principalmente sobre a PAS; b) o declínio absoluto da PAS não foi infl uenciado pelas diferentes interações de carga e repetições; c) a magnitude das cargas tendeu a favorecer a duração da redução da PAS e d) o número de repetições teve maior repercussão sobre a PAD que sobre a PAS, mas por curto período de tempo. Posteriormente, Simão et al. [36] também verifi caram os efeitos hipotensivos de diferentes formas de treinamento. Inicialmente os autores compararam os efeitos do trabalho conduzido com séries consecutivas para cada exercício realizado com 6RM e 12 repetições com cargas correspondentes a 50% de 6RM. Depois foram comparados os efeitos dos tra-balhos de 6RM realizados em séries consecutivas com aqueles obtidos em 12 repetições com cargas correspondentes a 50% de 6RM, desta vez realizada em forma de circuito. Em conclu-são, não foram verifi cadas diferenças na magnitude do efeito hipotensor nas diferentes formas de treinamento. Contudo, o efeito tendeu a perdurar mais no trabalho de maior intensidade (6RM) e circuito, em comparação ao trabalho de 12 repetições. Outros estudos também verifi caram hipotensão pós-exercício [37-39]. Em contrapartida, algumas investigações verifi caram apenas discreta hipotensão pós TF. Fisher et al. [40], estuda-ram mulheres normotensas e hipertensas. Após a realização de 15 repetições em cinco exercícios conduzidos em circuito, com carga equivalente a 50% de 1RM, verifi cou-se redução signifi cativa somente na PAS. Outros estudos não puderam demonstrar efeito hipotensivo signifi cativo após o exercício de força. Focht e Koltyn [41], por exemplo, observaram redução apenas na PAD 20 minutos após uma seqüência de exercícios realizada a 50% de 1RM. Os autores não verifi caram alterações no TF realizado na intensidade de trabalho equivalente a 80% de 1RM.

Em relação à resposta crônica do TF na PA de repouso, essa é uma questão que merece ser melhor investigada, pois os resultados das pesquisas são confl itantes. Apesar disso, al-gumas evidências iniciais sugerem que o TF, em certos casos, pode exercer um efeito hipotensivo na PA de repouso [42-44]. É importante destacar que mesmo que o efeito não seja esta-tisticamente signifi cativo, reduções de 3mmHg na PAS pode ser interessante para reduzir o risco de possíveis complicações

cardiovasculares [8,45]. Em interessante meta-análise sobre os efeitos do TF na PA, Kelley e Kelley [45] concluíram que o TF pode ser efi caz na redução da PAS e PAD em adultos. Mesmo nos estudos que não demonstraram redução da PA com o TF, verifi cou-se que essa forma de treinamento não traz como efeito crônico um aumento da PA. Tal fato se mostra interessante para o aprimoramento da aptidão física em hi-pertensos, o que justifi ca sua prática por indivíduos com HA. Contudo, os autores supracitados alertaram que as pesquisas necessitam de maior controle envolvendo as amostras, seus estados clínicos, bem como as características que envolvem o controle farmacológico dos indivíduos. Além disso, pode-se acrescentar que as variações das características metodológi-cas que regem a prescrição do exercício, também, merecem futuras investigações para que possam tecer conclusões mais consistentes. Em geral, as considerações metodológicas para a prescrição do TF em hipertensos envolvem 8 a 12 exercícios, realizados com 1 a 2 séries, executadas com 8 a 12 repetições 2 a 3 vezes por semana [8,29,46].

No que diz respeito ao exercício de fl exibilidade, não há evidências sobre possíveis infl uências desse treinamento na PA. Porém, como qualquer outro componente da aptidão física, a fl exibilidade deve ser treinada, tendo em vista que é um dos fatores que podem afetar a autonomia do indivíduo para realização de atividades do cotidiano [47]. Este aspecto se torna ainda mais importante quando se trata de idosos, sedentários e obesos. Muitos estudos sugerem métodos espe-cífi cos com essa fi nalidade. No entanto, podemos afi rmar que ainda há muitas limitações no conhecimento sobre o assunto. Ao contrário do treinamento aeróbio, a intensidade, duração e freqüência dos estímulos no treinamento da fl exibilidade ainda estão longe de serem defi nidos [48].

Mecanismos potenciais para redução da PA em resposta a atividade física

Existem diferentes mecanismos que tentam explicar a hipotensão como resposta à prática do exercício. São eles os neuro-humorais e os estruturais.

Recentes estudos sugerem que a redução na PA depois de treinamento aeróbio é mediada pelo decréscimo do débito cardíaco e/ou da resistência periférica total. Porém, somente em alguns estudos com idosos, a hipotensão foi relacionada tanto por aumento da vasodilatação periférica quanto por diminuição no débito cardíaco [49]. Talvez, esse fato esteja relacionado às características da mostra, que tende a possuir uma FC mais baixa, devido ao envelhecimento. Todavia, uma redução no débito cardíaco não ocorre tipicamente depois de exercício crônico. Assim, o decréscimo na resistência periférica total aparece como mecanismo primário para reduzir a PA de repouso após treinamento [8].

Forjaz et al. [11] concordam com essa afi rmação, e relatam que a redução na resistência vascular pode estar relacionada à vasodilatação provocada pelo exercício físico, tanto na

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musculatura ativa, como inativa. Essa redução da resistência vascular, após esforço, é mediada por adaptações neuro-hu-morais e estruturais. O ACSM [8] destaca que as adaptações neuro-humorais dizem respeito às adaptações no sistema nervoso simpático, sistema renina-angiotensina, bem como nas respostas vasculares. Já em relação às adaptações estrutu-rais, estudos como o de Laughlin et al. [50] sugerem que o treinamento modifi ca a estrutura vascular muscular, incluindo o remodelamento vascular como o aumento da fl exibilidade, aumento da área de passagem do fl uxo sangüíneo e/ou diâ-metro das artérias e veias, e ainda a angiogênesis.

Elevada atividade do sistema nervoso simpático é um ponto importante observado na hipertensão essencial [51].

Alguns estudos demonstram que em sujeitos hipertensos a atividade nervo simpática é mais elevada quando compa-rada com sujeitos normotensos [18,52,53]. Somado a este fato, é importante observar que a atividade nervo simpática e a subseqüente liberação de norepinefrina (NE) media a vasoconstricção e aumenta a resistência vascular, podendo ser relacionada à maior resistência vascular observada em hipertensos. Apesar de limitadas evidências, estudos como os de Jennings et al. [54], Meredith et al. [55], e Urata et al. [56] observaram redução da quantidade de NE no plasma sangüíneo após treinamento aeróbio. Esta constatação foi relacionada ao decréscimo de sua liberação no plasma e não na sua remoção, sugerindo menor atividade do sistema nervoso simpático [55]. Sendo assim, menor quantidade de NE para as sinapses pode ser um mecanismo facilitador da redução da resistência vascular após treinamento, e ainda, outros efeitos associados com a inibição da produção simpática renal podem ser importantes no decréscimo da PA [8].

As adaptações vasculares também são prováveis contri-buintes para diminuição da PA após o treinamento. Alguns estudos vêm observando que o exercício altera as respostas vasculares para NE e para endotélio-1, que representam potentes vasoconstrictores. Um estudo realizado com ratos hipertensos espontâneos observou que exercícios crônicos desencadeiam um decréscimo da vasoconstricção por recep-tores α-adrenérgicos [57]. Além disso, as respostas vasculares para estimulação dos receptores α-adrenérgicos, pela NE, são atenuadas depois do treinamento [58,59]. Somado a isso, Maeda et al. [60] reportaram que o treinamento também reduz os níveis de endotélio-1 em indivíduos hipertensos espontâneos. Se para agentes vasoconstrictores o exercício parece diminuir suas ações, para agentes vasodilatadores como o óxido-nítrico, o exercício tem demonstrado um aumento da produção, promovendo a função vasodilatadora em sujeitos saudáveis [61].

Outro fator importante, associado com a HA, é a hipe-rinsulinimia e insulino resistência que vem sendo associado com a ativação do sistema nervoso simpático [62-64]. Devido ao exercício estimular a sensibilidade à insulina, o esforço também pode ser um importante mecanismo mediador da redução da atividade simpática e PA [65].

Adaptação neuro-humoral, também é encontrada no sis-tema renina-angiotensina. A angiotensina II é um poderoso vasoconstrictor e regulador do volume sangüíneo. Reduções na renina e angiotensina II com treinamento podem ser con-tribuintes para a redução da PA em normotensos [8]. Níveis reduzidos de renina e angiotensina II, após o treinamento, vem sendo reportados [54,66]. Contudo, em sujeitos hiper-tensos, os exercícios não reduzem consistentemente o plasma renal [67,68] e os níveis de angiotensina II [69,70]. Assim, os estudos sugerem que o sistema renina-angiotensina II não contribui consideravelmente para a redução da PA após o treinamento [8].

Devido à multifatoriedade dos mecanismos e redundantes sistemas que contribuem para a redução da PA, conclusões defi nitivas sobre a hipotensão pós exercício se fazem difíceis. Contudo, mesmo sem conclusões defi nitivas, o fato é que, o exercício aeróbio desencadeia uma hipotensão pós-exercício, sendo esta de extrema importância no caso de pessoas com HA.

Tipos de programas de exercício

Pode-se dizer que a prescrição de atividades físicas para a prevenção e tratamento da hipertensão pode ser estruturada de acordo com duas vertentes metodológicas distintas: a) progra-mas de atividades físicas formais ou intra-muros; b) programas de atividades físicas não formais ou extra-muros [71].

Os programas formais são aqueles onde existe um rígido acompanhamento dos aspectos metodológicos que regem a prescrição do exercício, como intensidade e duração do esfor-ço. Neste tipo de programa, as variáveis clínicas e fi siológicas são mais controladas. Para que tal controle seja alcançado, é necessária a participação de um profi ssional especializado para acompanhar as sessões de treinamento, sendo geralmente realizados em clínicas e hospitais. Os programas intramuros apresentam como vantagem a maior monitorização clínica e funcional durante as sessões. Em contrapartida, tendem a provocar uma dependência dos indivíduos que a realizam. Já os programas não formais são aqueles onde a prescrição do exercício é organizada para levar o indivíduo a uma maior autonomia. Nesse tipo de programa, abre-se mão de um controle extremamente apurado em prol de uma maior possi-bilidade de realização das atividades por parte dos indivíduos. Os programas extramuros podem ser realizados em locais e horários que mais se ajustem as características do praticante. A metodologia de prescrição de exercícios é simples, de modo que o praticante tenha autonomia para realizar o controle do treinamento. Os programas não-formais envolvem recursos humanos e materiais reduzidos, podendo constituir uma interessante estratégia de saúde pública.

Sendo assim, é possível afi rmar que os programas formais de exercícios seriam aqueles que deram origem à quase to-talidade das pesquisas relacionadas à hipertensão e exercício. Contudo, apesar da vantagem de possuir maior ênfase no

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controle das atividades, geralmente a prática regular do exercício não é incorporada na vida dos indivíduos quando recebem alta. Em contrapartida, programas não formais, apesar do menor controle das atividades, podem favorecer a adesão dos indivíduos por períodos prolongados de tempo, demonstrando também um grande potencial a ser explorado para pesquisas.

Como destacado por Bar-Eli [72], atribuições como liber-dade, escolha e responsabilidade sobre a atividade aumentam o engajamento dos pacientes em programas de atividade física. Há também, freqüentes relatos que evidenciam ser a falta de tempo para a realização de exercícios regulares, um dos principais motivos para a não realização dos exercícios [73]. Programas que permitam certa fl exibilidade na escolha do momento de suas realizações mostram-se efi cazes para uma maior adesão, tendo em vista, que em geral, os indivíduos têm uma precária organização do tempo [74].

Smith et al. [75] afi rmam que a adesão tem se constituído em motivo de preocupação entre médicos, professores de edu-cação física e outros profi ssionais da área de saúde. Cox et al. [76], por sua vez, observam que alguns estudos mostram que pacientes têm adesão aumentada quando realizam programas de atividades físicas de leve a moderada intensidade, ou seja, em uma faixa de conforto. Somado a isto, Farinatti [71] relata que as evidências de que a intensidade do exercício é um fator secundário para os efeitos esperados sobre a pressão arterial, em comparação com a duração e a regularidade de sua prática, abrem a possibilidade de que se abdique do controle fi siológico das atividades, em prol de outros objetivos como a adesão. Biddle e Mutrie [73] reforçam essa idéia, citando que uma ótima estratégia para uma adesão aumentada dos pacientes aos programas de treinamento é o automonitoramento.

Um interessante estudo sobre a infl uência de programas não formais na aptidão física, PA e variáveis bioquímicas em pacientes hipertensos foi realizado por Pinto et al. [77] ao investigar dois programas não-formais de atividade física os autores observaram que esses exercem efeitos positivos sobre a condição geral dos pacientes hipertensos. Isso foi observado principalmente no que diz respeito à composição corporal, em termos quantitativos e de distribuição regional. No que diz respeito à aptidão cardiorespiratória e PA, foram pouco conclusivos, já que houve diferenças signifi cativas no sentido de melhora, porém não houve um padrão de comportamento que desse suporte a esses possíveis efeitos.

Posteriormente, Farinatti et al. [48] observaram a infl uên-cia de quatro meses de um programa domiciliar não-supervi-sionado (não-formais) de exercícios sobre a PA e aptidão física em adultos com hipertensão estágios I e II. Foram observados dois grupos: experimental e controle, compostos por indiví-duos de ambos os sexos. O grupo experimental submeteu-se a um programa domiciliar de exercícios, com atividades fundamentalmente aeróbias (60-80% da freqüência cardíaca máxima estimada para a idade, 30 minutos de caminhadas no mínimo três vezes por semana), além de exercícios de

fl exibilidade. Orientações sobre a fi cha de controle e variáveis intervenientes ao treinamento eram dadas a cada reavaliação. Os pacientes foram acompanhados por quatro meses, com reavaliações que se dava a cada dois meses. Em conclusão, programas domiciliares não supervisionados de exercícios, mesmo em curto prazo, podem exercer efeito positivo sobre a pressão arterial e aptidão física de pacientes hipertensos.

Apesar de alguns estudos demonstrarem que é possível obter efeitos positivos com programas não-formais de exer-cícios, futuras pesquisas necessitam ser desenvolvidas para avaliar os efeitos dessas intervenções nas variáveis de aptidão física e PA de hipertensos. Um desafi o para a saúde pública é fazer com que o exercício seja praticado em grande escala. Nesse sentido, programas não-formais por sua fácil aplicação e baixo custo, emergem como uma interessante estratégia de prevenção e tratamento da HA.

Conclusão

A prática de exercícios constitui uma importante estratégia na prevenção e tratamento da HA. Ela é uma das principais modifi cações de estilo de vida que contribui para reduzir di-versos outros fatores de risco associados às doenças cardiovas-culares. Além disso, níveis de condicionamento mais elevados estão associados a uma menor incidência de HA.

Para que o exercício possa exercer seus efeitos positivos, sua prática deve ser regular. Entre as diferentes formas de exercícios, a atividade aeróbia é aquela que apresenta um maior efeito hipotensor. As evidências científi cas sobre o efeito hipotensor da atividade aeróbia são mais consistentes do que aquelas obtidas para o TF. Porém, os resultados das pesqui-sas indicam que o TF deve ser incorporado como forma de aprimoramento da aptidão física relacionada à saúde, mesmo que seus efeitos hipotensivos na PA de repouso ainda sejam questionados. As características metodológicas que regem a prescrição do treinamento aeróbio para indivíduos hipertensos incluem: a) freqüência semanal: superior a 3 vezes, embora essa freqüência também se mostre sufi ciente para exercer efeitos hipotensivos; b) intensidade: 40 a 70% do VO2máx; c) duração: de 30 a 60 minutos. Quanto ao TF, as considera-ções metodológicas para a prescrição em hipertensos devem envolver: a) número de exercícios: 8 a 12; b) número de séries e repetições: 1 a 2 séries, executadas com 8 a 12 repetições; c) freqüência: 2 a 3 vezes por semana. Aspectos como número de repetições e cargas, intervalos entre séries, bem como a forma de execução dos exercícios (fracionada ou contínua), infl uenciam nas respostas agudas da PA.

Os mecanismos hipotensivos ainda não estão bem esta-belecidos, merecendo estudos adicionais para que se possam tecer inferências consistentes sobre o assunto. Os principais mecanismos de hipotensão como resposta à prática do exercício podem ser caracterizados como neuro-humorais e estruturais. As adaptações neuro-humorais dizem respeito às adaptações no sistema nervoso simpático, sistema reni-

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na-angiotensina, bem como nas respostas vasculares. As estruturais envolvem a modifi cação da estrutura vascular muscular, incluindo o remodelamento vascular como o aumento da fl exibilidade, aumento da área de passagem do fl uxo sangüíneo e/ou diâmetro das artérias e veias, e ainda a angiogênesis.

Por fi m, cabe ressaltar que os programas de prescrição de exercícios podem ser caracterizados em formais ou intra-muros e não-formais ou extramuros. Os programas formais apresentam como vantagem o maior controle das atividades prescritas e das respostas fi siológicas, o que pode ser interes-sante de acordo com o risco do indivíduo. Em contrapartida, programas com essas características, não tem se mostrados efetivos para manter a adesão dos praticantes após a alta. Nos programas não-formais a prescrição é simples, existindo menor controle das atividades. Não é necessária a presença de um profi ssional especializado conduzindo todas as sessões de treinamento. Uma das maiores vantagens desse tipo de programa é a autonomia que ele tende a gerar nos praticantes. Cabe ressaltar que não existe a melhor forma de treinamento. Dependendo de aspectos como as características clínicas e funcionais, bem como as condições para a prática do exercício, a opção deve ser feita.

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77. Pinto VL, Meirelles LR, Farinatti PT. Infl uência de programas não formais de exercícios (doméstico e comunitário) sobre a ap-tidão física, pressão arterial e variáveis bioquímicas em pacientes hipertensos. Rev Bras Med Esporte 2003; 9:267-274.

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Anais do IV Workshop em Fisiologia do Exercício – UFSCar

I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

18-20 de Novembro de 2005Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo

Sociedade Brasileira de Fisiologia do Exercício

Comissão Organizadora:Prof. Dr. Sérgio Perez

Prof. Dr. Vilmar Baldissera

Presidente da Associação Brasileira de Fisiologia do ExercícioProf. Dr. Paulo Sérgio Chagas Gomes

A influência da idade e do sexo na força muscular respiratória em indivíduos de 40 a 89 anos Simões RP, Auad MA, Dionísio J, Parizotto APD, Audrey Borghi-Silva A, Marisa Mazonetto Unicastelo, Descalvado - SP, Brasil

[email protected]

Introdução: A análise da força dos músculos respiratórios por meio das pressões inspiratórias máximas (PImáx) e expiratórias máximas (PEmáx) têm sido muito utilizada devido seu importante papel diagnóstico e prognóstico de doenças neuromusculares, pulmonares e cardiovasculares, além de ser um método simples, de baixo custo, prático, rápido e não invasivo. Há relatos na literatura que uma das principais alterações fi siológicas que ocorrem no sistema respiratório com o avançar da idade é a diminuição do recolhimento elástico dos pulmões e da complacência da caixa torácica. Adicionalmente, a caixa torácica sofre progressivo enrijecimento devido à calcifi cação das cos-telas e das articulações vertebrais. Alguns autores relatam que quando comparado as pressões respiratórias máximas entre os sexos, observa-se que os homens apresentam valores signifi cantemente maiores do que as mulheres da mesma faixa etária. Objetivos: Avaliar a força muscular respiratória (FMR) de homens e mulheres com idade entre 40 e 89 anos, verifi cando se há infl uência da idade e do sexo nos valores. Materiais e métodos: Foram estudados 100 indivíduos com idade entre 40 e 89 anos (média de 65,1 ± 14,4 anos), os quais foram separados de acordo com o sexo: homens (n = 50) e mulheres (n = 50). Cada grupo foi subdividido em cinco de acordo com a faixa etária, sendo o grupo 1 (G1): sujeitos com idade entre 40 a 49 anos (n = 10), G2:

Resumos

50 a 59 anos (n = 10), G3: 60 a 69 anos (n = 10), G4: 70 a 79 anos (n = 10), e G5: 80 a 89 anos (n = 10). Foram excluídos indivíduos que apresentassem diagnóstico clínico de pneumopatias, cardiopatias, praticantes de atividade física regular, fumantes e/ou ex-fumantes, obesos (IMC ≥ 30kg/m

2) e indivíduos com peso abaixo do normal

(IMC ≤ 19kg/m2) segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Para a obtenção da PImáx e da PEmáx utilizou-se um manovacuôme-tro (Critical Med, Indústria Brasileira) do tipo anaeróide, escalonado de ±300cmH2O, os indivíduos permaneciam sentados e com clipe nasal, e eram previamente ensinados quanto a realização dos testes (PImáx a partir do volume residual e PEmáx a partir da capacidade pulmonar total), sustentando-as em seu máximo por dois segundos, e após três repetições (com intervalo de um minuto entre elas) o maior valor obtido foi o considerado para análise. A manovacuometria foi realizada em todos indivíduos por um único avaliador e sob comando verbal homogêneo. Foi utilizado o teste Mann-Whitney (p < 0,01) para comparar G1, G2, G3, G4 e G5 entre o grupo dos homens com o das mulheres, e o teste de Kruskal-Wallis (p < 0,05) para comparar os subgrupos em cada grupo. Resultados: A partir dos dados observados podemos verifi car que houve uma redução signifi cativa (p < 0,05) da PImáx e PEmáx com o aumento da idade a cada duas décadas em ambos os sexos. Quando comparado as duas variáveis em G1, G2, G3, G4 e G5 entre homens e mulheres da mesma faixa etária, verifi cou-se redução signifi cativa (p<0,01) em todos os subgrupos femininos em relação aos masculinos. Conclusão: Os valores das pressões respiratórias máximas sofrem redução com o avançar da idade a cada duas década a partir dos 40 anos até os 89 anos, indicando decréscimo tanto na força da musculatura inspiratória como da expiratória. Entretanto, as mulheres têm FMR signifi cativamente menor que os homens da mesma faixa etária.

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Hipóteses para reidratação antes, durante e após exercícios Martins LA, Silva GAFundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé do Sul - SP

fi [email protected]

Introdução: Quando se pratica exercícios, deve-se ter cuidados, não só na escolha dos alimentos que se come, mas também nos conteúdos e na quantidade de líquidos que se ingere. Durante uma atividade física, a taxa de transpiração é altamente variável, em média, perde-se um a dois litros de líquido por hora de exercício. Considerando que há perdas signifi cativas de líquidos e minerais durante o exercício. É de se esperar que os efeitos nocivos da desi-dratação demorem mais para se manifestar, se o indivíduo esteve bem hidratado antes de exercitar. De acordo com Morimoto et al. (1981): na desidratação progressiva perde-se água de todos os compartimentos corpóreos, incluindo o sangue. Quando se sente sede a pessoa está com hipohidratação. Para Nadel (1996), durante a atividade física uma quantidade signifi cativa de calo é gerada como um subproduto do metabolismo energético que mantém os processos de contração e relaxamento dos músculos em atividades. Com os músculos em atividades a taxa de calor aumenta em até 100X em relação aos músculos, com isso é ativado um sistema que indica refl exos associados à perda de calor. Se isso não acontecesse, e esse calor fosse armazenado, a temperatura aumentaria 1°C a cada 5 a 8 minutos, resultando em hipertermia e colapso em 15 a 20 minutos. Evitando-se assim que o indivíduo entre em super aquecimento, ocasionando a desidratação o que poderia causar uma série de complicações. Objetivo: Fazer um levantamento bibliográfi co de hipóteses de algumas alternativas para substituição das bebidas isotônicas, antes, durante e após a atividade física. Metodologia: Utilizou-se como método, referências bibliográfi cas, livros e artigos. Resultados: Do levantamento bibliográfi co realizado, encontrou-se vários autores que apontaram algumas hipóteses alternativas de solu-ções reidratantes. Maham e Stump (2003) citaram algumas bebidas energéticas já existentes no mercado como: coca -cola, refrigerante diet e suco de laranja. Porém, Bergeron (1998) apontou outras so-luções ricas em nutrientes necessários para a reidratação como: suco de tomate, refrigerantes, suco de laranja, leite de vaca integral, água de coco e cerveja. No entanto, Oliveira (1996) também coloca que o suco de laranja repõe o potássio, cálcio e o magnésio perdido no suor. Colemam (1997) enfatiza que: as características das bebidas, como sabor, aroma, acidez, sensação de doçura infl uenciam a palatabilidade e o consumo voluntário de líquidos. As bebidas frias, doces, e de sabor agradável são preferidas pelos sujeitos que praticam esportes. Conclusão: De acordo com as revisões bibliográfi cas, verifi cou-se que existem várias hipóteses de bebidas como alternativas de reidratação, antes durante e após o exercício físico.

Atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal durante exercício agudo de natação em ratos wistar Contarteze RVL*, Manchado FB**; Gobatto CA*, Mello MAR* *Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro - SP, Brasil, ** UNESP e Faculdades Integradas Einstein de Limeira, Limeira - SP

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É de inteiro conhecimento que, em seres humanos, a atividade do eixo hipotálamo-hipófi se-adrenal (HHA) e suas respostas me-tabólicas são proporcionais à intensidade do exercício. Por razões óbvias, um grande número de pesquisas envolvendo o exercício tem sido conduzido em animais de laboratórios, especialmente o rato. Entre os ergômetros mais usados em pesquisas com animais está a natação. Entretanto, é pouco conhecido o efeito da intensidade do exercício de natação na atividade do eixo HHA de ratos. Para estudar os efeitos do exercício de natação realizado em diferentes intensidades no eixo HHA de ratos sedentários, usamos concen-trações séricas dos hormônios adrenocorticotrófi co (ACTH) e corticosterona. Dezoito ratos adaptados ao meio líquido foram submetidos a 3 testes de 25 minutos (natação) suportando cargas 5,0; 5,5 e 6,0% do peso corporal (PC), para obtenção da máxima fase estável de lactato (MFEL). Após obtenção da MFEL, os animais foram divididos em dois grupos: M (n = 9), sacrifi cado após 25 minutos de exercício na intensidade MFEL e S (n = 9), sacrifi cado após exercício exaustivo, em intensidade 27% superior a MFEL. Para comparações, um grupo controle C (n = 10) foi sacrifi cado em repouso. Utilizou-se Anova One Way para identifi car possíveis diferenças nos parâmetros de estresse (p < 0,05). As concentrações séricas de ACTH e corticosterona foram signifi cativamente (p < 0,05) superiores após exercício em ambas intensidades quando comparadas ao grupo controle. As concentrações do grupo (S) foram, ainda, maiores do que as do grupo (M) (tabela I). A atividade do eixo hipotálamo-hipófi se-adrenal durante exercício agudo de natação em ratos parece depender da intensidade do mesmo, respondendo com maior atividade às intensidades mais elevadas.

Tabela I - Corticosterona (ng/mL) e hormônio adrenocorticotrófi co séricos (pg/mL) dos animais ao fi nal do experimento em repouso (C) e após sessão aguda de exercício (natação) em intensidade de MFEL (M) e 27% superior a esta (S). Grupos ACTH Corticosterona

S (n = 09) 1284,44 ± 361,36 a,* 3845,51 ± 788,83 a,* M (n = 09) 963,37 ± 420,47 * 2661,26 ± 627,89 * C (n = 10) 179,32 ± 46,31 467,11 ± 262,12

Resultados expressos como média ± desvio padrão, com o número de animais entre parênteses. S = 27% superior a MFEL (natação), M = MFEL (natação) e C = controle (repouso). * Dife-rença signifi cativa em relação ao grupo controle e a ≠M (ANOVA One Way, p < 0,05).

Apoio fi nanceiro: CAPES & FAPESP.

Efeito do uso de analisador de gases sobre o desempenho em uma tarefa anaeróbia Franchini E, Takito MY, Bertuzzi RCMGrupo de Pesquisas em Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Barueri, SP

[email protected]

O uso de analisadores de gases em tarefas anaeróbias tem sido realizado com objetivo de estimar a contribuição dos sistemas de transferência de energia nessas tarefas, especialmente do metabolismo aeróbio (Di Prampero e Ferretti, 1999; Gastin, 2001). Contudo, al-

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guns atletas alegam que a execução da atividade é prejudicada quando esse tipo de equipamento é utilizado. Se essa afi rmação for correta, a análise da situação perde a sua validade ecológica, uma vez que o desempenho que se pretende analisar não é máximo, podendo afetar a resposta fi siológica ao exercício. No entanto, não foram encontrados estudos que analisassem o efeito do uso do analisador de gases sobre o desempenho em tarefas anaeróbias. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi analisar o efeito do uso de um analisador de gases portátil (K4b2 da Cosmed, Itália) sobre o desempenho em um teste de Wingate para membros superiores. Para isso, foram voluntários no estudo, oito homens adultos com treinamento em modalidades anaeróbias e familiaridade na execução do teste de Wingate para membros superiores. O teste foi conduzido em uma bicicleta Monark (modelo 668, Suécia) adaptada para membros superiores. Os parti-cipantes foram submetidos a dois testes de Wingate para membros superiores com carga equivalente a 6% da massa corporal em duas situações: com e sem o uso do analisador de gases. A ordem das situ-ações foi contrabalançada. A determinação da potência de pico (PP) e da potência média (PM) foi feita com o uso do programa Wingate test (Cefi se, Brasil). A comparação entre as situações foi feita através de um teste “t” de Student para dados pareados. A reprodutibilidade foi determinada através do coefi ciente de correlação intra-classe e por análise gráfi ca proposta por Bland e Altman (1986) para verifi car os limites de concordância (limits of agreement) entre as duas situações. Os valores apresentados são média ±desvio padrão e o nível de signifi -cância estabelecido foi de 5%. Não foi observada diferença signifi cante para a PM (p = 0,4385) na situação sem o uso do equipamento (5,20 ± 0,56 W/kg) e com o uso do equipamento (5,11 ± 0,58 W/kg). Para a PP, também não houve diferença signifi cante (p = 0,0904) entre as situações sem o uso do equipamento (7,35 ± 1,09 W/kg) e com o uso do equipamento (6,79 ± 0,97 W/kg). A reprodutibilidade para a PM foi elevada (R = 0,9110) e moderada para a PP (R = 0,7343). A análise gráfi ca indicou distribuição aleatória para a distribuição das diferenças entre as situações para a PM e para a PP, embora para essa última nenhum valor de erro negativo tenha sido observado. Esses resultados indicam que, para uma tarefa que não envolve o deslocamento da própria massa corporal, o uso do analisador de gases portátil não interfere no desempenho. Adicionalmente, os va-lores de reprodutibilidade encontrados para a PP e para a PM foram similares ao relatado na literatura (Inbar, Bar-Or e Skinner, 1996) e a distribuição do erro foi aleatório, o que confi rma a baixa infl uência do equipamento no desempenho. Contudo, análise similar deve ser conduzida para situações que envolvam o deslocamento da massa corporal, uma vez que nessa situação o uso do analisador de gases pode ter maior infl uência.

Análise de força da extensão e flexão do joelho Slompo VCF*, Santos RJ*, Verissimo RE*, Neves D*, Barbosa CAG***Alunos do 3º ano do curso de bacharelado das Faculdades Integradas de Bauru, **Laboratório de Exercício Resistido (LABER) FIB, Centro de Estudo e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estudo e Pesquisa em Exercício Resistido (GEPER)

A Força muscular é a habilidade que um músculo ou grupo muscular possui de exercer tensão através de um esforço voluntário

e de que esta tensão é constante ao longo do comprimento do mús-culo e nos sítios de inserção músculo tendinoso no osso. Esse estudo verifi cou e comparou a força máxima obtida na fl exão e extensão unilateral de joelhos. A amostra foi composta por 5 indivíduos do sexo feminino, com idade entre 20 e 31 anos, universitárias das Faculdades Integradas de Bauru todas saudáveis. Foi realizado um teste isométrico máximo de extensão e fl exão do joelho esquerdo e direito. A análise da força foi aferida através de dinamômetro digital modelo Force Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instru-ments. O teste de extensão do joelho foi realizado em uma mesa, onde o avaliado estava sentado com as pernas sem apoio em um ângulo de 90º, ao sinal do avaliador o avaliado executou sua força máxima em extensão por 6 segundos. E na fl exão, o avaliador na posição em decúbito ventral, formando um ângulo de 90º executou sua força máxima na fl exão. A media de forca da perna direita foi de 15,12 Kg e da perna esquerda foi de 16,84 Kg para a fl exão e para extensão a média da força foi de 51,05 Kg para a perna direita e para a perna esquerda 48,5 Kg. Os resultados encontrados pelo atual estudo apresentam maiores níveis de força voluntária máxima dos músculos extensores do joelho quando comparadas com os músculos fl exores. Este fato parece estar relacionado tanto com maiores níveis de massa muscular quanto por maior atividade neural. Contudo, vale ressaltar que não foram avaliadas a perimetria.

Comparação da força de membros superiores de cadetes da academia da força aérea em diferentes momentos de sua formação Lopes DCF*, Borin JP*; Padovani CRP**, Carlos Roberto Padovani*** *Curso Mestrado em Educação Física - UNIMEP; Piracicaba,

**

Mestre em Energia na Agricultura - Unesp/Borucatu, ***

Departamento Bioestatística - UNESP/Botucatu - Botucatu, SPdcfl @linkway.com.br

Introdução: Destaca-se a força de membros superiores como essenciais para ações de combate, pois propicia ao militar autonomia e habilidade para suportar e erguer o peso do próprio corpo em situações proporcionadas por exercícios ou tarefas de campanha. Torna-se necessário que o cadete militar apresente uma condição física adequada durante o período em que estuda na Academia, para que tenha o suporte necessário para a execução das tarefas re-lacionadas com a rotina diária referentes às particularidades do seu curso, durante os quatro anos de sua Formação. Objetivo: Analisar a resistência força de membros superiores de cadetes da Academia da Força Aérea. Metodologia: -Participaram desse estudo trezentos e vinte oito cadetes militares, do sexo masculino, pertencentes ao quadro de Formação de Ofi ciais da Aeronáutica (Aviadores, Inten-dentes e Infantes), com idades de 18 a 23 anos. Os cadetes foram analisados pelo teste de fl exão dos cotovelos com apoio no solo, seguindo o protocolo de Pollock & Wilmore (1993), em quatro momentos distintos (M1, M2, M3, M4), ou seja, no período em que estudaram na Academia e foram anualmente submetidos ao Teste de Avaliação do Condicionamento Físico (TACF). Posteriormente, os valores foram transcritos em planilha específi ca e armazenados em banco computacional, produzindo-se informações no plano descritivo (medidas de centralidade e dispersão) e, no inferencial, por meio da análise de dependência através da técnica de Análises de Medidas Repetidas (Norman & Streiner, 1994) e apresentados

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sob a forma tabular. Resultados: os principais resultados são apre-sentados na Tabela I:

Tabela I - medidas descritivas e resultado do teste estatístico do teste de fl exão dos cotovelos segundo momentos de avaliação. Medida Descritiva

Momentos De avaliação (p-valor)M 1 M 2 M 3 M 4

Valor mínimo 36 36 40 35

1.o quartil 50 50 53 52

Mediana 55 51 59 57

3.o quartil 69 59 64 62

Valor máximo 76 72 77 74

Média 57.1 b 53.5 a 58.8 c 57.6 b p <0.001

Desvio-padrão 9.2 6.4 7.0 6.8

Conclusão: Os valores médios apontam: i) queda signifi cativa no momento M2 em relação aos demais, revelando os menores índices de força no período; ii) o momento M3 apresentou situação inversa, mostrando superioridade aos demais momentos e, por fi m, tais dados indicam para possíveis aprimoramentos na elaboração e controle dos programas de treinamento físico que visam o desenvolvimento da força de membros superiores em cadetes.

Efeitos dos exercícios de força e aeróbio sobre composição corporal de mulheres: influência da ordem de execução Batista FR, Julio UF, Becker AM, Sebastião LL, Franchini E Grupo de Pesquisas em Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Barueri, SP

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O treinamento aeróbio intensifi ca a perda de gordura, porém pode não impedir a perda de massa magra. O treinamento de força, por outro lado, parece minimizar esta perda, porém não intensifi ca a perda de gordura. A combinação do trabalho aeróbio e de força pode garantir uma concomitante perda de gordura e manutenção da massa magra. Contudo, a melhor ordem de execução dos exercícios tem sido discutida. O objetivo deste es-tudo foi verifi car se a ordem de execução dos exercícios promove diferenças na composição corporal. Participaram desse estudo 20 mulheres adultas, previamente sedentárias, que concordaram em participar voluntariamente após leitura e assinatura de um termo de consentimento informado. As mulheres foram divididas, de forma contrabalançada, em dois grupos: aeróbio + força (n = 10) e força + aeróbio (n = 10). O treino aeróbio consistiu em 30 minutos em esteira rolante a 70% da FC de reserva, enquanto o treino de força consistiu de 10 exercícios (cadeira extensora, mesa fl exora, legpress 45º, gêmeos em pé, puxada costas, supino reto ar-ticulado, elevação lateral, pulley tríceps, rosca direta e abdominais), divididos em 3 séries de 10 repetições máximas com intervalos de 40s. As sessões foram realizadas três vezes por semana em dias alternados. Antes e após seis semanas de condicionamento físico os grupos foram comparados quanto às variáveis antropométricas (peso, altura, e circunferências) e de composição corporal (peso magro e peso gordo), estimada pela equação de Jackson, Pollock e Ward (1980). Os grupos foram comparados através de uma

análise de variância a dois fatores (grupo e tempo) com medidas repetidas no segundo fator. Quando encontrada diferença a partir da ANOVA, foi realizado o teste de Tukey. O nível de signifi cância estabelecido foi de 5% em todas as análises. As mulheres foram instruídas a manterem sua dieta habitual durante a realização do estudo. Não houve efeito da ordem de execução dos exercícios sobre o peso corporal (F1,18 = 0,65: p = 0,43). Também não ocorreu efeito de interação entre os fatores (grupo e momento da men-suração). Contudo, houve uma tendência ao aumento da massa corporal quando os grupos foram analisados conjuntamente no período proposto (Pré = 66,5 ± 11,6 kg; Pós = 67,1 ± 11,0 kg; F1,18 = 4,02: p = 0,059). Não houve efeito da ordem de execução dos exercícios sobre o percentual de gordura (F1,18 = 8,73: p = 0,99) e não ocorreu efeito de interação entre os fatores (grupo e momento da mensuração), mas houve diminuição do percentual de gordura quando os grupos foram analisados conjuntamente no período proposto (Pré = 29,9 ± 5,2%; Pós = 28,7 ± 5,6%; F1,18 = 13,55: p = 0,0017). Portanto, os resultados encontrados indicam que a ordem de execução não interfere na composição corporal de mulheres adultas. Contudo, deve-se considerar que o tempo de condicionamento (seis semanas) foi bastante reduzido.

Efeito do aquecimento em tarefas anaeróbias Panissa V, Julio UF, Samogin F, Mazzo E, Mola D, Franchini EGrupo de Pesquisas em Fisiologia do Exercício da Faculdade de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Barueri, SP

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O aquecimento tem sido proposto para melhoria do desem-penho em diversos tipos de atividade. Contudo, existe dúvida quanto à sua efetividade, especialmente para tarefas anaeróbias. Os resultados confl itantes têm sido atribuídos à ausência de controle de aspectos importantes na elaboração do aquecimen-to: intensidade e tempo do aquecimento, tempo de intervalo e metabolismo predominante (alático ou glicolítico) da tarefa a ser executada (Bishop, 2003). Para atividades de curta duração, tem sido sugerido que o aquecimento seja feito a aproximadamente 60% do VO2máx, com duração de cinco minutos e intervalo em torno de cinco minutos entre o fi nal do aquecimento e o início do exercício. No entanto, nem sempre os profi ssionais de Educação Física e Esporte dispõem dos valores de VO2máx dos indivíduos para a estruturação adequada da intensidade do aquecimento. Nesse sentido, o presente estudo teve como objetivo verifi car o efeito do aquecimento sobre o desempenho em duas tarefas ana-eróbias de predominância alática (salto vertical e potência de pico no cicloergômetro de membros superiores). Para os testes de salto participaram 24 pessoas, enquanto para o teste de potência de pico participaram 12 sujeitos. Todos os sujeitos tinham entre 20 e 30 anos de idade e concordaram em participar voluntariamente do estudo após leitura e assinatura de um termo de consentimento informado. O aquecimento foi estruturado com base na freqüência cardíaca, utilizando 60% da freqüência cardíaca de reserva, envol-vendo cinco minutos de exercício em cicloergômetro de membros inferiores para o grupo que executou o salto ou exercício em ciclo-ergômetro para membros superiores para o grupo que executou a tarefa com membros superiores. O tempo de intervalo adotado

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entre o aquecimento e o início da tarefa foi de cinco minutos. A ordem das situações com e sem aquecimento foi aleatória. A altura de salto foi determinada no Jump Test por meio de três saltos com intervalo de um minuto, sendo considerado apenas o maior valor. A potência de pico no cicloergômetro M4100 (Cefi se) era o valor mais elevado atingido durante um tiro de oito segundos com carga de 5% da massa corporal. As situações foram comparadas através de um teste “t” de Student para amostras dependentes. Os valores apresentados são média ±desvio padrão e o nível de signi-fi cância adotado foi de 5%. O desempenho no salto foi maior (t = -7,01; gl = 23; p < 0,001) na situação após aquecimento (41,4 ± 9,3 cm) em relação à situação sem aquecimento prévio (38,5 ± 8,9 cm). Para a potência de pico não foi identifi cada diferença signifi cante (t = -1,55; gl = 11; p = 0,149) entre as duas situações (aquecimento = 4,45 ±1,62 W/kg; sem aquecimento = 4,23 ±1,62 W/kg). O aumento da altura de salto em 7% é similar ao relatado na literatura e parece ser resultado do aumento da temperatura corporal e da atividade enzimática (Bishop, 2003). A ausência de diferença para o desempenho com membros superiores pode ser conseqüência de uma elevação insufi ciente da temperatura central em decorrência da pequena massa muscular envolvida no procedimento de “aquecimento”.

Respostas alimentar e ponderal de ratas ovariectomizadas submetidas ao exercício físico e ao tratamento ultra-sônico Haach LCA, Parada S, Camilo CC, Malaman TAB, Bannitz GO, Terukina GA, Oliveira GP, Rollo JMDA, Shiguemoto GE Universidade Federal de São Carlos, Laboratório de Fisiologia do Exercício - São Carlos, SP

lourdes_fi [email protected],

Estudos em modelos animais para perda óssea são importantes, pois a osteoporose é um dos maiores problemas de saúde pública atualmente. Além de acarretar em ônus ao portador da doença, ela é responsável pelo gasto de milhões dos cofres públicos. Diversos tratamentos são propostos, entre eles os medicamentosos, o exercí-cio físico e mais atualmente, o uso do ultra-som pulsado de baixa intensidade. O objetivo deste estudo é comparar os efeitos de dois tratamentos, o exercício físico e o ultra-som, na taxa de ganho ponderal e na ingestão alimentar de ratas ovariectomizadas. Foram utilizadas 56 ratas Wistar com idade inicial de 2 meses, subdivididas em 8 grupos: 1) OVX – ratas ovariectomizadas (OVX), sedentárias e sem tratamento com ultra-som pulsado de baixa intensidade(US), 2) Pseudo-OVX – ratas submetidas à intervenção cirúrgica mime-tizando a ovariectomia (sem a retirada dos ovários), sedentárias e sem tratamento com US; 3) US – ratas OVX submetidas ao US (Freqüência: 1,5 MHz e intensidade: 40 mW/cm

2) no joelho direito

(6 sessões de 20 minutos semanais por 12 semanas); 4) SHAM – ratas OVX submetidas a mesma manipulação do grupo US, mas sem a emissão de ondas ultra sônicas; 5) Esteira 1 – ratas OVX submetidas a caminhada em esteira (15 m/min); 6) SALTO – ratas OVX subme-tidas a treino resistido em água; 7) Esteira 2 – ratas OVX submetidas a caminhada (20 m/min) e; 8) Esteira 3 – ratas OVX submetidas a treino resistido dinâmico na caminhada (treino intervalado, veloci-dade crescente, inclinação e sobrecarga). Todos os exercícios tiveram protocolo de 3 sessões semanais de 40 minutos por 12 semanas. A

taxa de ganho ponderal (%) foi calculada da seguinte forma: (peso fi nal x 100 / peso inicial) – 100. A ingestão alimentar representou a quantidade de ração ingerida por cada rata em cada dia de expe-riência e foi calculada a partir da fórmula: (ração disponibilizada – sobra da ração / n do grupo) / número de dias. A análise estatística (GraphPad InStat) com o ANOVA indicou diferença signifi cativa entre as médias dos grupos nas duas variáveis avaliadas (p = 0.0140 para a taxa de ganho ponderal e p < 0.0001 para a ração ingerida). O grupo que teve maior aumento de peso foi o grupo Esteira 1 (aumento em 70% ) e o que apresentou menor aumento ponderal foi o grupo US (47.76% do peso inicial). Os grupos controles (OVX e Pseudo-OVX) apresentaram taxas de ganho ponderais mais baixas que todos os grupos de exercício físico, indicando que provavelmente o ganho muscular tem infl uência nesta variável e esta não representa fi dedignamente o aumento de peso por conseqüência da ausência de hormônios isoladamente. Esses mesmos grupos controles foram os que apresentaram maior consumo alimentar, 2 gramas a mais por rata por dia em comparação aos outros grupos. Para uma melhor elucidação do assunto propõe-se diferenciar em um próximo estudo, a massa magra da massa gorda.

Os avanços do treinamento intervalado: perspectiva histórica Sasa Y, Calvo AP, Matthiesen SQUniversidade Estadual Paulista – UNESP - Rio Claro, SP

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Introdução: o método de treinamento intervalado (TI) origi-nou-se na Alemanha em 1939 pelo fi siologista Woldemar Gerschler que aplicou uma forma de trabalho evoluída do método fi nlandês de treinamento de corridas de fundo na qual a resistência obtida através dos percursos longos era potencializada pela introdução de corridas de velocidade intercaladas com períodos de descansos ativos e moderados. Em 1952, o TI teve sua concepção científi ca formulada pelo fi siologista alemão Herbert Reindell em parceria com Gerschler e, desde então, sofreu constantes modifi cações. Objetivo e justifi cativa: os avanços tecnológicos tornaram o TI diferente quando comparado à sua primeira versão (versão de Gers-chler), desta forma, surge o interesse de investigar o modo como estas alterações ocorreram ao longo destes anos até a atualidade. Método: a partir de revisão bibliográfi ca de aspectos fi siológicos, este estudo visou vincular tais dados coletados com as datas e os períodos que acentuaram as respectivas evoluções desse método de treinamento desde sua criação. Resultados: o TI foi utilizado, inicialmente, como método de treinamento para o desenvolvimen-to da resistência anaeróbia lática, os estímulos variavam de 200 a 300m. No fi m da década de 40, foi utilizado para desenvolver, principalmente, a resistência aeróbia. Os estímulos usados eram de 200 e 400m, chegando até 70 repetições por sessão de treinamento com pausa ativa (caminhas e trotes) de aproximadamente 60”. Já na década de 50, após validação científi ca, foi utilizado tanto para o desenvolvimento da resistência aeróbia, como anaeróbia lática e alática. A freqüência cardíaca deveria variar entre 120 e 180bpm para a capacidade cárdio-pulmonar obter máximo do seu rendimento. Os estímulos eram de 100 a 200m com duração máxima de 1min cada, com repetições que podiam chegar a 100 por sessão. A pausa ativa entre os estímulos variava entre 45” a 60”. No fi m da década de 60, as cargas e intervalos eram dosados de acordo com o sistema energético que se desejava desenvolver,

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as pulsações deveriam obedecer apenas ao limite de 180 bpm, as pausas, geralmente ativas, variavam de 30” a 60”. Na década de 70, o TI era visado, principalmente, para o desenvolvimento da resistência anaeróbia juntamente com outros meios de preparação física. Nesta época, surge a diferenciação do TI realizado com intervalos de longa ou curta duração, somente com pausas ativas. Na década de 80, o TI apresentava-se em mais de 6 variações. Os estímulos variavam de 100 a 1.500m e as repetições variavam de 10 a 100 por sessão. O intervalo era divido entre pausa passiva e ativa com total de 120” a 600”. Atualmente, o TI é altamente utilizado e indicado para treinar a resistência aeróbia. No entanto, a intensidade e duração dos estímulos devem ser ajustadas aos objetivos energéticos específi cos e sua aplicação alcançou outros esportes como ciclismo, natação e ginástica. Discussão e conclu-são: os dados obtidos mostram que o TI tornou-se um método altamente avançado devido à especifi cidade que cada um de seus componentes conquistou e ampliou sua função, visto que, abrange não somente o desenvolvimento anaeróbio lático. Hoje, não é mais aplicado isoladamente, mas em conjunto com outros métodos de treinamento. Com exceção do intervalo misto (ativo e passivo, numa mesma sessão), todos os componentes (distância, tempo e repetições dos estímulos) começaram a sofrer modifi cações no fi nal da década de 60.

Ausência de hipocalemia em prova de triathlon meio-ironman Bürger-Mendonça M, Retondaro FUnesa - Petrópolis, RJ

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O potássio é o cátion de maior concentração nos líquidos intra-celulares. A defi ciência de potássio (hipocalemia/hipopotassemia) prejudica a função neuromuscular, tendo como sinais clínicos fadiga, fraqueza muscular, especialmente nos membros inferiores. Este estudo teve o objetivo de verifi car os valores de potássio antes e após uma competição de triathlon. A amostra foi composta por seis voluntários do sexo masculino, sendo estes, atletas amadores com idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon pelo menos há um ano e com experiência prévia em provas de longa duração. Para análise estatística, foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 11.0 (Chicago, IL, USA, 2001), foi aplicado o teste T-student para a mesma amostra, tendo como valor para P ≤ 0.05 aceito como signifi cante. A análise bioquímica potássio foi realizada por um fotômetro de chama modelo 410 (Sherwood, Cambridge, Reino Unido). Os resultados individuais foram comparados com o repouso, ou seja, os atletas foram os seus próprios controles para os parâmetros analisados. O tempo médio da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os valores indi-viduais do potássio variaram de 3,81 a 4,56 mmol/L em T = 0 e de 3,78 a 5,38 mmol/L em T = 1 e os valores médios foram de 4,1783 ± 0,2632 mmol/L em T = 0 e de 4,4750 ± 0,5585 mmol/L em T = 1. Estes resultados, embora não estatisticamente signifi cantes (P = 0,285), revelaram um aumento de 7,40% em relação aos valores do potássio pré e pós-competição. Concluímos que houve um au-mento estatisticamente insignifi cante na concentração de potássio. Nenhum voluntário apresentou quadro de hipocalemia, e todos os valores permaneceram dentro da faixa de normalidade.

Comparação dos valores de íons fe2+ em

atletas antes e após uma competição de triathlonBürger-Mendonça MUnesa - Petrópolis, RJ

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Nos últimos 20 anos tem se dado muita importância ao ferro, em relação a sua dinâmica e na performance de atletas tanto amadores como profi ssionais. O ferro é o metal mais abundante de transição no organismo, e é também o mineral traço mais abundante no me-tabolismo celular. O ferro é um elemento essencial na utilização do oxigênio pelo organismo, bem como componente na constituição da hemoglobina, da mioglobina, desidrogenases, citocromos e de algumas enzimas mitocôndriais. Durante a atividade física intensa ocorrem alterações nos eritrócitos que levam à sua ruptura (hemólise). A ocorrência de hemólise intravascular tem sido atribuída às moda-lidades esportivas de impacto como a corrida, porém, sabe- se que modalidades de baixo impacto como a natação e o ciclismo apresentam também hemólise gerando a liberação dos íons ferro para o sangue. Quando livre no organismo o ferro reage com o oxigênio formando radicais livres capazes de danifi car as membranas celulares e alterar o DNA. O objetivo deste trabalho foi verifi car os valores de íons Fe2+ em atletas antes e após uma competição de triathlon. A amostra foi composta por seis voluntários do sexo masculino, sendo esses atletas amadores com idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon a pelo menos um ano e com experiência previa em provas de longa duração. Os Integrantes do experimento foram submetidos a duas coletas de aproximadamente 25 ml de sangue, após jejum de oito horas, no período entre 6 e 7 horas na residência dos voluntários (t= 0) na posição sentada e imediatamente ao termino da prova de cada atleta, sendo esta coleta realizada na tenda médica do evento. Para análise estatística foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 11.0 (Chicago, IL, USA, 2001), foi aplicado o teste T-student para a mesma amostra, tendo como valor para p ≤ 0.05 aceito como signifi cante. O tempo médio da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os valores individuais do ferro variaram de 58,00 a 141,00 mg/dl em T = 0 e de 100 a 201 mg/dl em T = 1 e os valores médios foram de 80,36 ± 30,68 mg/dl em T = 0 e 124,50 ± 38,07 mg/dl em T = 1. Estes resultados apresentaram um aumento estatisticamente signifi cante (P = 0,000), revelando um aumento de 58,25% em relação aos valores do ferro pré e pós-competição. Concluímos que ocorreu um aumento signifi cativo na concentração plasmática de ferro após a competição. Dados da literatura nos per-mitem considerar que este aumento provavelmente ocorreu devido à hemólise dos eritrócitos.

Determinação do limiar anaeróbio em ratos sedentários Vieira WHB, Stotzer US, Freitas SP, Costa FC, Santos GM, Góes R, Parizotto NA, Perez SAP, Baldissera VUFSCAR - São Carlos, SP

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O limiar anaeróbio (LA) consiste no ponto de infl exão da curva de lactato sérico em relação à carga de exercício, quando determinado pela lactacidemia. Esse tem sido utilizado como indicador de capa-cidade oxidativa, apresentando uma grande aplicabilidade prática na avaliação e prescrição de um determinado treinamento físico. No

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entanto, estudos em animais investigando o LA são pouco freqüen-tes, bem como, a base fi siológica do LA não se encontra totalmente esclarecida. O propósito desse estudo foi determinar o LA de ratos sedentários (não treinados) em esteira. Foram utilizados na pesquisa 12 ratos machos da raça Wistar pesando inicialmente 100g, os quais foram alojados em gaiolas coletivas a 22-27ºC com fotoperíodo de 12 horas de claro e 12 de escuro e receberam ração peletizada e água ad libitum. Os animais permaneceram em repouso durante um período de 5 semanas. No entanto, estes foram submetidos a um teste de esforço crescente, em degraus descontínuos (Balke), pré e pós o período de 5 semanas, totalizando duas avaliações, para a obtenção de amostras de sangue visando a determinação do LA. Para a dosagem do lactato sanguíneo utilizou-se um lactímetro YSI model I500 Sport Lactate Analyzer. A análise estatística foi reali-zada através dos testes de Shapiro Wilks e Test t Student. O nível de signifi cância foi considerado (p ≤ 0,05). Após o período de 5 semanas não houve modifi cação no LA (de 20,11 ± 2,67 m/min para 20,55 ± 4,67 m/min – p = 0,7287), na velocidade máxima da corrida (de 28,56 ± 3,12 m/min para 30,34 ± 2,82 m/min – p = 0,103) e na lactacidemia durante o LA (p = 0,3078). Esses dados sugerem que alterações na lactacidemia durante o teste de esforço, em ratos sedentários, permitem a determinação do LA, no entanto sem modifi cações das condições de linha de base, diferentemente do que normalmente ocorre em ratos treinados conforme retrata a literatura científi ca. Estudos envolvendo o LA tornam-se importantes para o melhor entendimento de suas bases fi siológicas.

Resposta das concentrações séricas de creatinina e uréia em futebolistas profissionais: relações com as excreções urinárias Silva ASR, Santhiago V, Santos FNC, Gobatto CADepartamento de Educação Física, Instituto de Biociências, UNESP - Rio Claro, SP

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O aumento das concentrações séricas de creatinina e uréia tem sido associado com a adaptação negativa ao treinamento físico. Dessa maneira, o objetivo do presente estudo foi verifi car o comportamento das concentrações séricas de creatinina e uréia em resposta a uma periodização desenvolvida em futebolistas pro-fi ssionais. Além disso, procuramos correlacionar as concentrações de creatinina e uréia no soro com as concentrações das mesmas substâncias na urina. Para tanto, participaram 12 futebolistas profi ssionais fi liados à Federação Paulista de Futebol (médias de 22,5 anos; 181,31 cm; 73,51 kg e 8,22%G). Os futebolistas foram avaliados no início (semana 0, T1), meio (semana 6, T2) e fi m (semana 12, T3) de uma periodização específi ca. Foram coletados 5 mL de sangue através de venipuntura utilizando sistema à vácuo e materiais descartáveis para determinação das concentrações de creatinina (método de Larsen) e uréia (método de Crocker Modifi -cado) no soro. Para determinação das concentrações de creatinina (método de Lutgarten e Wenk Modifi cado) e uréia (método de Crocker Modifi cado) na urina, os atletas foram instruídos a des-prezarem a primeira urina do dia e a partir deste momento até 24 horas depois, toda urina eliminada foi coletada e armazenada em garrafas plásticas de 2 litros com o auxílio de um funil. O volume de urina foi mensurado e as garrafas foram mantidas em geladeira até o momento da análise que ocorreu no mesmo dia.

Para comparação das concentrações de uréia e creatinina no soro e na urina nos diferentes períodos de treinamento foi utilizado o teste Anova-one way. Além disso, utilizamos a correlação de Pearson para visualizar as correlações entre as substâncias no soro e na urina. Os dados estão expressos em média ± desvio padrão e o nível de signifi cância adotado foi de 5%. A concentração sérica de creatinina aumentou signifi cativamente em T3 (1,59 ± 0,57 mg/dL) quando comparada a T1 (1,11 ± 0,40 mg/dL) e T2 (1,22 ± 0,30 mg/dL). Já, a concentração de creatinina na urina foi signifi cativamente maior em T1 (269,89 ± 109,83 mg/dL) quando comparada a T2 (163,03 ± 65,73 mg/dL) e T3 (108,33 ± 38,26). Houve correlação signifi cativa entre as concentrações de creatinina no soro e urina apenas em T3 (r=0,70). Quanto às concentrações de uréia, apenas a urinária apresentou diferença signifi cativa em T1 (2057,30 ± 729,42 mg/dL) comparadas a T2 (930,13 ± 457,60 mg/dL) e em T2 comparadas a T3 (1859,19 ± 480,12). Houve correlação signifi cativa entre as concentrações de uréia no soro e urina apenas em T2 (r=0,64). Podemos concluir que somente a utilização da creatinina e da uréia não é sufi ciente para estudar as possíveis adaptações ao treinamento. Além disso, devido a complexidade do método de coleta de urina de 24 horas é possível concluirmos que esse não é um procedimento aconselhável para ser desenvolvido com atletas.

Demanda metabólica e ventilatória, oxigenação e dispnéia durante teste do degrau e teste de caminhada na doença pulmonar obstrutiva crônica Marmorato D, Di Lorenzo VP, Marrara K, Regueiro E, Jamami M, Sampaio L, Negrini F Centro Universitário de Araraquara - UNIARA Laboratório de Espirometria e Fisioterapia Respiratória - UFSCAR

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Introdução: O Teste do Degrau de 5 minutos (TD5) e o Teste de Caminhada de 6 Minutos (TC6) são utilizados para avaliar a tolerância aos esforços em pacientes com Doença Pulmonar Obs-trutiva Crônica (DPOC) que apresentam limitação ao exercício físico (RIBEIRO et al., 1994). Objetivos: Analisar o comportamento da demanda metabólica e ventilatória, além de verifi car a presença de dessaturação (diminuição da Saturação periférica de oxigênio (SpO2) ≥ 5%) e a sensação de dispnéia no pico do TD5 e TC6, e compará-las com a situação basal em portadores da DPOC. Material e métodos: Incluiu-se 20 indivíduos de ambos os sexos, acima de 50 anos de idade, com DPOC (grau de obstrução moderado a grave), avaliando se consumo de oxigênio (VO2), produção de dióxido de carbono (VCO2), ventilação pulmonar (VE), SpO2 e sensação de dispnéia durante a realização do TD5 e TC6, com intervalo de 30 minutos entre eles. Resultados: Quanto a VE, VO2, VCO2 e sensação de dispnéia observou-se aumento signifi cativo (Wilcoxon, p < 0,05) do início para o término do TD5 e TC6, e ao comparar as situações basal, TD5 e TC6 verifi cou-se aumento signifi cativo (Friedman, p < 0,05) durante TD5 e TC6 em relação a situação basal, entretanto, apenas VE e VCO2 mostraram valores signifi cativamente maiores no TC6 em relação ao TD5 no pico do teste. A demanda ventilatória em relação à VVM obtida (%VVM) apresentou valores elevados durante TD5 e TC6. Em ambos os testes a SpO2 mostrou diminuição signi-fi cativa do início para o término de cada teste. Conclusão: Conclui-se que tanto TD5 quanto TC6 proporcionou elevações dos níveis de

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VE, VO2, e VCO2 acima de 50% da situação basal durante ambos os testes, além de mostrarem-se sensíveis na detecção da dessaturação e sensação de dispnéia em indivíduos portadores de DPOC com grau de obstrução de moderada a grave, podendo ser aplicados na prática clínica para avaliar a tolerância ao exercício.

*Estudo realizado com a anuência dos pacientes de acordo com a resolução 196/96 do CNS.

Comportamento da ventilação pulmonar e consumo de oxigênio durante diferentes atividades de vida diáriaMarmorato D, Marrara K, Mendes M, Jamami M, Di Lorenzo VPUniversidade Federal de São Carlos-UFSCAR - São Carlos, SP

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Introdução: As atividades de vida diária (AVD) em indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), envolvendo tanto os membros superiores (MMSS) quanto os inferiores (MMII), têm sido reproduzidas na prática clínica como forma de avaliar as respostas fi siológicas ao esforço físico, subsidiando programas de tratamento fi sioterapêutico. Objetivos: Avaliar o comportamento da ventilação pulmonar (E) e consumo de oxigênio ( O2) durante AVD envolvendo os membros superiores e inferiores, comparadas a situação basal (B), em indivíduos com DPOC e saudáveis, bem como compará-las entre os mesmos. Material e métodos: Foram avaliados 22 indivíduos do sexo masculino: 13 com DPOC (obstrução mo-derada a grave, Grupo 1 (G1); 72 ± 6,6 anos) (Pereira et al., 2002) e 9 saudáveis (Grupo 2 (G2), 65 ± 6 anos), através de um sistema metabólico modelo VO2000 operado via computador pelo software Aerograph para análise da E e O2 durante as atividades de apagar lousa (L), elevar peso de 5 Kg acima da cabeça (O), subir degrau (D) e caminhar (C), com duração de 5 minutos cada. Resultados: Ao realizar a análise intragrupo quanto a E e O2 constatou-se que durante as atividades essas variáveis mostraram-se signifi cativamente maiores (Friedman ANOVA, p≤0,05) que os valores basais para G1 e G2, havendo diferença signifi cativa entre as atividades para ambos os grupos. A E e O2 para G1 mostrou-se signifi cativamente maior (Newman-Keuls, p ≤ 0,05) nas atividades D e C vs L e O. Em relação a E para G2 evidenciou-se comportamento semelhante ao G1, mas o O2, mostrou-se signifi cativamente maior na atividade C vs L, O e D. Na análise intergrupos verifi cou-se diferença signifi cativa da E em B e L (Mann-Whitney, p ≤ 0,05), sendo maiores para G1. Quanto ao O2, houve diferença signifi cativa em B e durante a atividade C, sendo que G1 mostrou se signifi cativamente maior que G2 na situ-ação B, e na C o G2 mostrou-se signifi cativamente maior que G1. Conclusão: De acordo com os resultados obtidos conclui-se que as atividades de MMSS com e sem sobrecarga, ou que envolveram os membros inferiores acarretaram maior requerimento metabólico e ventilatório comparados à situação basal para ambos os grupos. A maior demanda metabólica para os indivíduos saudáveis na atividade C foi desencadeada pela maior velocidade tolerada na caminhada. No caso do G1 (DPOC) a maior demanda ventilatória e metabólica já na situação basal e L, sugere recrutamento da musculatura da cintura escapular e dessincronia do movimento tóraco-abdominal para executar o trabalho respiratório.

*Estudo realizado com a anuência dos pacientes de acordo com a resolução 196/96 do CNS.

A influência da natação sobre a força muscular respiratória em idosos Silva GA, Martins LA, Faria VAMFundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé do Sul, SP

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Introdução: O envelhecimento é um fenômeno fi siológico observado há vários anos em países desenvolvidos ou em desen-volvimento. No processo de envelhecimento ocorrem alterações fi siológicas nos diversos sistemas, que variam de pessoa para pessoa. O sistema respiratório, entre todos os sistemas orgânicos, é o que sofre as maiores perdas funcionais fi siológicas, condicionadas pela idade. Devido ao processo degenerativo em nível osteoarticulares, a caixa torácica torna-se mais rígida (Geis 2003). A perda de força muscular com o envelhecimento resulta em um fenômeno deno-minado na literatura como sarcopenia, defi nido por Evans (1993) como o decréscimo da capacidade neuromuscular decorrente do avanço da idade. O trabalho mecânico da respiração é feito pelos músculos respiratórios, realizando um processo cíclico de entrada e saída de ar dos pulmões (Aires 1999), objetivando assim, uma constante renovação de gás alveolar, por isso, esses músculos devem estar em condições de força e endurance. Para Azeredo (1993), em pessoas de ambos os sexos, a partir dos 20 anos de idade ocorre um decréscimo de 0,5 cmH2O ao ano. Tendo como resultado a fraqueza, a fadiga e a falência muscular respiratória, que podem ser correlacionadas e diagnosticadas com a mensuração criteriosa e sistemática da Pi máx e Pe máx. Objetivo: Este estudo teve como objetivo, verifi car qual é a infl uência da natação sobre a força muscular respiratória, através dos valores médios das pressões respiratórias em indivíduos idosos praticantes de natação idosos. Materiais e métodos: Participaram do estudo, três pessoas com idade entre 60 e 74 anos do sexo feminino, que apresentaram biótipos diferentes. Após o período introdutório as aulas foram desenvolvidas com um volume moderado e intensidade baixa, elas aconteceram 2 vezes por semana, com período de 1 hora, durante 2 meses consecutivos. As aulas foram divididas em: aquecimento, desenvolvimento principal e volta à calma com alongamento. Neste estágio, foi dado ênfase em tiros intervalados de 7,5 metros com intervalos variando entre 20 a 60 segundos. A piscina utilizada era aquecida e media 12 metros de comprimento, 7.5 metros de comprimento e com profundidade variando de 1 a 1.80 metros. As pressões respiratórias máximas foram mensuradas através do manuvacuômetro devidamente calibrado, onde, foi selecionada para o trabalho a melhor de 03 manobras reprodutíveis tanto da Pi máx como da Pe máx. Resultados: A Pimáx apresentou melhora signifi cativa, quando comparamos os resultados da avaliação entre o pré-treino e pós-treino, em que obtivemos -113,33cmH2O na pré-treino e -146,66120cmH2O na pós-treino, com um aumento de 29,41% . Analisando a Pemáx, observou-se que, o grupo apre-sentou melhora signifi cativa quando comparamos os resultados da avaliação entre a pré-treino e a pós-treino 28.58% onde, obtivemos 93,33cmh2Ona pré-treino e 120 cmH2O na pós-treino. Conclusão: Com o presente estudo conclui-se que o treinamento de natação proposto aumenta signifi cativamente a força da musculatura res-piratória em indivíduos idosos.

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Comportamento agudo da pressão arterial em exercícios resistidos, com sobrecargas para o desenvolvimento da resistência muscularSilva MM**, Silva GKA**, Silva CL*, Biazon F*, Silva L*, Silva LP**, Souza DAP**, Gomes LS*, Barbosa CAG****Alunos do Curso de bacharelado em Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru, ** Alunos de bacharelado em Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru, Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER)-FIB, ***Centro de Estudos e Pesquisa em Atividade Física (CPAF)-FIB, Laboratório de Exercício Resistido (LABER), Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER)-FIB

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As modifi cações no estilo de vida são fundamentais para o trata-mento e prevenção primária da hipertensão arterial. Estas mudanças comportamentais estão indicadas em todos os hipertensos, inclusive os idosos e indivíduos normotensos com alto risco cardiovascular. De acordo com pesquisas realizadas, pode-se afi rmar que os níveis tensionais sobem durante o exercício, porém, sabe-se que o mesmo realizado de forma sistemática contribui para a redução da pressão arterial. Sabemos também que a realização de exercícios físicos desencadeia uma série de respostas fi siológicas nos vários sistemas corporais e em particular no sistema cardiovascular. Os níveis de pressão arterial sobem durante o exercício físico, porém sabe-se que o mesmo praticado de forma regular e freqüente contribui para que haja uma redução da mesma, tanto de forma aguda como crônica. O objetivo do presente estudo foi verifi car o comportamento agudo da pressão arterial no exercício resistido com sobrecargas para o desenvolvimento da resistência muscular em pessoas com ler/dort. A amostra foi composta de 5 pessoas de ambos os sexos, com idades entre 22 e 52 anos, normotensos, com ler/dort, cadastrados no pro-jeto perseverar e participantes do programa de “ler/dort”, realizado no laboratório de exercícios resistidos das Faculdades Integradas de Bauru, localizado na cidade de Bauru. Por se tratar de um grupo com patologia específi ca, os exercícios resistidos foram divididos em tronco e membros inferiores (treino geral) e membros superiores e cintura escapular (treino específi co) com uma série de vinte repe-tições para todos os exercícios. Os resultados revelaram que a PA Sistólica foi de 120 ± 12,24 e Diastólica 76 ± 15,16 mmHg antes da realização do programa de treinamento e ao término 110 ±2 0 para Sistólica e 68 ±8,36 mmHg para Diastólica. Desta forma, pôde-se observar efeitos hipotensivos agudos tanto na PA Sistólica quanto Diastólica para sujeitos normotensos. Contudo, mais pes-quisas devem ser realizadas para verifi car situações hipotensivas em indivíduos hipertensos.

Projeto LER/DORT: uma proposta de treinamento resistidoSilva MM*, Silva GKA*, Silva LP*, Souza DAP*, Silva KR*, Barbosa CAG

*Alunos do curso de Bacharelado em Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru-FIB,Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER)-FIB, **Centro de Estudos e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB,

Laboratório de Exercício Resistido (LABER) – FIB, Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER) -FIB.

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A competitividade das empresas faz com que a busca pelo aumento da produtividade ocasione ritmos de trabalhos exaustivos e jornadas prolongadas; associadas a ambientes ergonomicamente inadequados, provocando lesões em seus trabalhadores. A ler/dort é conceituada como uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica. Os sintomas surgem de movimentos intensos e repetitivos; da necessidade de fi car em determinada posição por longos períodos e de móveis e equipamentos inadequados. Associa-se a estes fatores o tempo insufi ciente para a recuperação do tecido músculo-esquelé-tico. A proposta de treinamento resistido para ler/dort faz parte do “Projeto Perseverar” do Laboratório de Exercício Resistido (LABER), das Faculdades Integradas de Bauru – FIB, e se destina a oferecer o tratamento aos voluntários que comprovadamente possuem a patologia mediante laudo médico ou diagnóstico por especialista da área. Atualmente conta com 10 participantes, sendo sete mulheres e três homens, com idade média de 42,3 ± 11,74 anos. Para a pesquisa foi feita anamnese de saúde, medidas de circunferência corporal, dobras cutâneas, aferição da pressão arterial, medidas de peso e altura, e avaliação da força máxima unilateral em punhos, cotovelos e ombros, com a utilização de dinamômetro digital, modelo Force Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments digital. As regiões mais afetadas nos participantes deste projeto são o coto-velo, ombros, punhos e dedos. Apenas dois voluntários apresentam lesões nos membros inferiores. Para a avaliação permanente dos resultados foi elaborada escala subjetiva de dor, para que seja feita auto avaliação de manhã, tarde, noite e madrugada. O programa é dividido em exercícios gerais e especiais, com aquecimento prévio de 15minutos em ergômetro, e alongamento geral e específi co para membros superiores. As atividades acontecem três vezes por semana no período vespertino, e a cada 12 treinos são realizados pós-testes. Este projeto está em andamento há seis semanas, e os participantes já sentem diminuição da dor e alguns, após nova consulta médica, reduziram as doses farmacológicas.

Comparação da assimetria de coxas, força máxima e resistência de força na extensão unilateral de joelhos De Sá VO*, Alves GB*, Euzébio CJ*, Carlos AC*, Silva RM**, Barbosa CAG** *Alunos do Curso de Bacharelado de Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru-FIB,**Centro de Estudos e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB, Laboratório de Exercício Resistido (LABER)-FIB, Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER)-FIB

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Os esportes necessitam de níveis apropriados de Força Muscular (FM), devido a sua variabilidade de aplicações. A FM é dependente da área de secção transversa do músculo; densidade, número e diâmetro das fi bras que contraem simultaneamente; velocidade de condução e excitação das fi bras; inibição das fi bras musculares que não contribuem para o movimento; comprimento inicial dos mús-culos antes da contração, e efi ciência da alavanca mecânica através da articulação. O objetivo deste estudo foi verifi car o comportamento

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da FM e Resistência de Força Muscular (RFM) unilateral em 1RM e 15RM na extensão do Joelho Esquerdo (JE) e Direito (JD), compa-rados com as coxas de maior (CM) e menor (CMN) circunferências. Fizeram parte da pesquisa vinte adolescentes entre 14 e 16 anos praticantes de futebol, da Associação Desportiva da Polícia Militar da Cidade de Bauru. Anteriormente aos testes de RM foram realizadas medidas de circunferências das coxas. Os testes de 1RM e 15RM do JE e JD foram executados na Cadeira Extensora. Para o teste de 1RM e 15RM os joelhos iniciaram a 90º e considerada tentativa falha quando não estendessem até 0º. Verifi cou-se que a assimetria media foi de 2,6% entre a CM e CMN. Para o coefi ciente de FM, o estudo revelou que a CM apresentou média 4,9% superior em relação a CMN. Para RFM a CM apresentou media 3,5% superior a CMN. Encontrou-se ainda, percentual médio de carga entre 15RM e 1RM de 69,8% para CM e de 67,5% para a CMN. Desta forma, os dados acima se mostraram relevantes para a CM. Contudo, não obtiveram proporcionalidade de 1RM para 15RM. Será necessário número maior de avaliações e novos testes para afi rmar que a cir-cunferência tem infl uência sobre a FM e RFM.

Respostas agudas da sobrecarga máxima na potência muscular no salto vertical Sousa PAD*, Santos ZL*, Medrado RR*, Passerini KR*, Amaral AR*, Contesini SRR, Francisco ER*, Silva PL* Barbosa CAG** *Alunos do Curso de Bacharelado de Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru-FIB, **Centro de Estudos e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB, Laboratório de Exercício Resistido (LABER)-FIB, Grupo de Estudos e Pesquisas em Exercício Resistido (GEPER)-FIB

Os saltos nos esportes são ações integrantes, com valores im-portantes em suas execuções. Encontram-se como resultados das aplicações de forças dinâmicas, contra a ação da gravidade. A força de impulsão é caracterizada pelo movimento explosivo e tem na re-sistência externa a determinação da aceleração. O ato motor do salto vertical é realizado mediante as capacidades de força e velocidade, caracterizadas pela necessidade de superação rápida da resistência. Com avançadas tecnologias, os conhecimentos científi cos estão mais objetivos; possibilitando identifi car e analisar variáveis específi cas que afetam ou favorecem o rendimento do salto. A força absoluta e relativa, tamanho do braço de alavanca, potência muscular, energia elástica acumulada, peso corporal, coordenação motora, quantidade de fi bras de contração rápida e recrutamento de fi bras musculares são fatores determinantes do salto vertical. O objetivo deste estudo foi verifi car a infl uência da força isométrica máxima no pórtico, sobre os aspectos da potência muscular no salto vertical. A amostra foi composta de sete pessoas, ambos os sexos, com idade entre 16-29 anos, constituída por 3 atletas do caratê, 2 da natação, 1 do han-debol e 1 do jiu-jitsu. As coletas foram realizadas no laboratório de exercício resistido das Faculdades Integradas de Bauru, localizados em Bauru. Foi utilizada para aquecimento uma bicicleta ergomé-trica. Após o aquecimento foram realizados 3 saltos verticais com intervalo de 1,5 minuto. Dois minutos depois, foram realizados 6 segundos de força máxima isométrica na barra guiada, com ângulo de 30º no joelho e novamente realizaram três saltos verticais, com pausa de 1,5 minuto entre os saltos. Os resultados mostraram que a média dos 3 primeiros saltos foram inferiores (41,00 cm ± 16,83 cm) aos dos 3 segundos saltos verticais (42,28 cm ± 17,89 cm). Pode-se dizer que a Contração Isométrica máxima infl uenciou nos resultados do salto vertical, mesmo em atividade física aguda. Porém, mais pesquisas precisam ser realizadas para que os reais efeitos dos exercícios isométricos agudos sejam detectados.

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Normas de publicação Revista Brasileira de Fisiologia do Exercício

A revista Fisiologia do Exercício é uma publicação com periodici-dade quadrimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das várias áreas relacionadas à Fisiologia do Exercício.Os artigos publicados em Fisiologia do Exercício poderão tam-bém ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) as-sim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos na revista, os autores concordam com estas condições.A revista Fisiologia do Exercício emprega o estilo Vancouver (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedi-cal journals, N Engl J Med 1997;336(4):309-15) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas. As especificações podem ser encontradas no site do Interna-tional Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org.Submissões devem ser enviadas por e-mail para ([email protected]). A publicação dos artigos é uma decisão dos editores, baseada em avaliação por revisores anônimos (Artigos originais, Revisões, Estudos de Caso) ou não.

1. EditorialO Editorial que abre cada número da Fisiologia do Exercício comenta acontecimentos recentes, inovações tecnológicas, ou destaca artigos importantes publicados na própria revista. Ao pedido dos Editores, a revista pode publicar uma ou várias Opi-niões de especialistas sobre temas de atualidade.

2. Artigos originaisSão trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relação a aspectos experi-mentais ou observacionais. Todas as contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão por pares anônimos.Formato: O texto dos Artigos originais é dividido em Resumo, Introdução, Material e métodos, Resultados, Discussão, Con-clusão, Agradecimentos e Referências.Texto: A totalidade do texto, incluindo as referências e as legen-das das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres (espaços incluídos), e não deve ser superior a 12 páginas A4, em espaço simples, fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. O Resumo deve ser enviado em português e em inglês, e cada versão não deve ultrapassar 200 palavras. A distribuição do texto nas demais seções é livre.Tabelas: Recomenda-se usar no máximo seis tabelas, no forma-to Excel ou Word.Figuras: Máximo de 8 figuras, em formato .tif ou .gif, com resolução de 300 dpi. Literatura citada: Máximo de 50 referências.

3. RevisãoSão trabalhos que expõem criticamente o estado atual do co-nhecimento em alguma das áreas relacionadas à Fisiologia do Exercício. Revisões consistem necessariamente em síntese, aná-

lise, e avaliação de artigos originais já publicados em revistas científicas. Todas as contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão por pares anôni-mos.Formato: Embora tenham cunho histórico, Revisões não ex-põem necessariamente toda a história do seu tema, exceto quando a própria história da área for o objeto do artigo. O texto deve conter um resumo de até 200 palavras em português e outro em inglês. O restante do texto tem formato livre, mas deve ser subdividido em tópicos, identificados por subtítulos, para facilitar a leitura.Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as legendas das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres, in-cluindo espaços. Figuras e Tabelas: mesmas limitações dos Artigos originais.Literatura citada: Máximo de 50 referências.

4. Estudo de casoSão artigos que apresentam dados descritivos de um ou mais casos clínicos ou terapêuticos com características semelhantes. Contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial se-rão submetidas à revisão por pares.Formato: O texto dos Estudos de caso deve iniciar com um resumo de até 200 palavras em português e outro em inglês. O restante do texto deve ser subdividido em Introdução, Apresen-tação do caso, Discussão, Conclusões e Referências.Texto: A totalidade do texto, incluindo a literatura citada e as legendas das figuras, não deve ultrapassar 10.000 caracteres, in-cluindo espaços.Figuras e Tabelas: máximo de duas tabelas e duas figuras.Literatura citada: Máximo de 20 referências.

5. OpiniãoEsta seção publicará artigos curtos, de no máximo uma página, que expressam a opinião pessoal dos autores: avanços recentes, política de saúde, novas idéias científicas e hipóteses, críticas à interpretação de estudos originais e propostas de interpretações alternativas, por exemplo. Por ter cunho pessoal, não será sujei-ta a revisão por pares. Formato: O texto de artigos de Opinião tem formato livre, e não traz um resumo destacado. Texto: Não deve ultrapassar 5.000 caracteres, incluindo espa-ços. Figuras e Tabelas: Máximo de uma tabela ou figura.Literatura citada: Máximo de 20 referências.

6. CartasEsta seção publicará correspondência recebida, necessariamente relacionada aos artigos publicados na Fisiologia do Exercício ou à linha editorial da revista. Demais contribuições devem ser endereçadas à seção Opinião. Os autores de artigos eventual-mente citados em Cartas serão informados e terão direito de resposta, que será publicada simultaneamente. Cartas devem ser breves e, se forem publicadas, poderão ser editadas para atender a limites de espaço.

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PREPARAÇÃO DO ORIGINAL

1. Normas gerais1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word), em página A4, formatados da seguinte manei-ra: fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as forma-tações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.1.2 Tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e Figuras com algarismos arábicos.1.3 Legendas para Tabelas e Figuras devem constar à parte, iso-ladas das ilustrações e do corpo do texto.1.4 As imagens devem estar em preto e branco ou tons de cin-za, e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. Imagens coloridas serão aceitas excepcionalmente, quando fo-rem indispensáveis à compreensão dos resultados (histologia, neuroimagem etc.)

Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para ([email protected]). O corpo do e-mail deve ser uma carta do autor correspondente à editora, e deve conter: (1) resumo de não mais que duas frases do conteúdo da con-

tribuição (diferente do resumo de um Artigo original, por exemplo);

(2) uma frase garantindo que o conteúdo é original e não foi publicado em outros meios além de anais de congresso;

(3) uma frase em que o autor correspondente assume a res-ponsabilidade pelo conteúdo do artigo e garante que todos os outros autores estão cientes e de acordo com o envio do trabalho;

(4) uma frase garantindo, quando aplicável, que todos os procedimentos e experimentos com humanos ou outros animais estão de acordo com as normas vigentes na Insti-tuição e/ou Comitê de Ética responsável;

(5) telefones de contato do autor correspondente.

2. Página de apresentaçãoA primeira página do artigo traz as seguintes informações: - Título do trabalho em português e inglês;- Nome completo dos autores e titulação principal;- Local de trabalho dos autores;- Autor correspondente, com o respectivo endereço, telefone e E-mail;- Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação;

3. Resumo e palavras-chaveA segunda página de todas as contribuições, exceto Opiniões, deverá conter resumos do trabalho em português e em inglês. O resumo deve identificar, em texto corrido (sem subtítulos), o tema do trabalho, as questões abordadas, a metodologia em-pregada (quando aplicável), as descobertas ou argumentações principais, e as conclusões do trabalho.

Abaixo do resumo, os autores deverão indicar quatro pala-vras-chave em português e em inglês para indexação do artigo. Recomenda-se empregar termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra em http://decs.bvs.br.

4. AgradecimentosAgradecimentos a colaboradores, agências de fomento e técni-cos devem ser inseridos no final do artigo, antes das Referên-cias, em uma seção à parte.

5. ReferênciasAs referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver. As referências bibliográficas devem ser numeradas com algaris-mos arábicos, mencionadas no texto pelo número entre parên-teses, e relacionadas nas Referências na ordem em que apare-cem no texto, seguindo as seguintes normas:Livros - Sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, pon-to, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.Exemplo:1. Phillips SJ, Hypertension and stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven Press; 1995. p.465-78.

Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pon-tos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al.Exemplo:Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and loca-lization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.

Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para:Guillermina AriasE-mail: [email protected] Editorawww.atlanticaeditora.com.brRua da Lapa, 180/1103 - Lapa20021-180 Rio de Janeiro RJTel: (21) 2221 4164

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