Fisiologia Fetal

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Seminário 2: Fisiologia fetal Autor: João Maximiano Crescimento e desenvolvimento funcional do feto Inicialmente o desenvolvimento da placenta e das membranas fetais é muito mais rápido do que o desenvolvimento do próprio feto. Nas 3 primeiras semanas o comprimento do feto permanece microscópico e, a partir daí, passa a crescer em uma proporção linear à idade gestacional (IG). O peso, por sua vez, permanece diminuto nas 12 primeiras semanas e tem um alavanco apenas a partir da 23° semana, onde a evolução será aproximadamente a IG elevada ao cubo.

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Seminário 2: Fisiologia fetal

Autor: João Maximiano

Crescimento e desenvolvimento funcional do feto

Inicialmente o desenvolvimento da placenta e das membranas fetais é muito mais rápido do que o desenvolvimento do próprio feto. Nas 3 primeiras semanas o comprimento do feto permanece microscópico e, a partir daí, passa a crescer em uma proporção linear à idade gestacional (IG). O peso, por sua vez, permanece diminuto nas 12 primeiras semanas e tem um alavanco apenas a partir da 23° semana, onde a evolução será aproximadamente a IG elevada ao cubo.

Classificação intrauterina da IG

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Desenvolvimento dos sistemas de órgãos

Um mês após a fertilização, os diferentes órgãos do feto já começaram a desenvolver suas características mais gerais, e durante 2 a 3 meses seguintes, os órgãos do feto são em geral iguais a do recém-nascido. No entanto, ainda são necessários 5 meses para um desenvolvimento satisfatório dos órgãos em formação e, mesmo ao nascer determinas estruturas, particularmente sistema nervoso, rins e fígado, ainda carecem de desenvolvimento completo.

Sistema cardiovascular

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Circulação placentária

Sangue desoxigenado chega à placenta pelas artérias umbilicais. No local em que o cordão se une à placenta, estas artérias se dividem em varias artérias coriônicas, dispostas radialmente, que se ramificam amplamente na placa coriônica, antes de penetrarem nas vilosidades coriônicas. Nestas vilosidades, os vasos sanguíneos formam um extenso sistema arteriocapilar venoso levando sangue fetal para bem próximo do sangue materno onde, este sistema cria uma superfície muito grande para as trocas de produtos metabólicos e gasosos entre as correntes sanguíneas materna e fetal. Normalmente, não há mistura de sangue fetal com materno.O sangue fetal agora bem oxigenado nos capilares fetais passa para as veias de paredes delgadas, que acompanham as artérias coriônicas até o local da união do cordão umbilical, onde convergem formando a veia umbilical.

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Adaptação fetal X efeito Bohr

O que é curva de dissociação de oxigênio-hemoglobina: em linguagem simples esta curva é a quantidade de pressão de O2 necessária para a saturação em % da hemoglobina. Sabe-se que esta curva reage diante de variações no pH. Um pH ácido desloca a curva para direita e para baixo, enquanto que, um pH básico desloca a curva para esquerda e para cima.

         Curva desloca para direita e para baixo: quando isso ocorre se faz necessário mais pO2  para saturar hemoglobinas.

         Curva desloca para esquerda e para cima: : quando isso ocorre se faz necessário menos pO2  para saturar hemoglobinas.

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Hemoglobina fetal: Nos fetos, a obtenção de oxigênio a partir do sangue da mãe é

conseguida devido  ao desenvolvimento da hemoglobina fetal. Duas das quatro

cadeias da hemoglobina fetal e do adulto (cadeias alfa - α) são idênticas mas a

hemoglobina no adulto tem duas cadeias β (beta), enquanto que o feto tem duas

cadeias gama (γ).

As cadeias β normais ligam-se ao difosfoglicerato, o seu regulador natural, que

participa na libertação do oxigénio. As cadeias γ não se ligam da mesma forma ao

difosfoglicerato e por consequência têm uma maior afinidade para com o oxigénio.

Num ambiente pobre em oxigénio, como é o da placenta, o oxigénio é libertado da

hemoglobina da mãe e o do feto “capta-o” e liga-se a ele. Esta pequena diferença na

afinidade medeia a transferência de oxigénio da mãe para o feto. No feto, a mioglobina

do músculo possui uma afinidade ainda maior para o oxigénio, de forma que as

moléculas do oxigénio passam da hemoglobina fetal para serem armazenadas e

usadas no músculo. A hemoglobina fetal não é prejudicial na infância, e nos humanos,

a reposição da hemoglobina fetal pela hemoglobina adulta não se completa antes dos

6 meses de vida.

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Informações técnicas sobre a circulação fetal

         140bpm         PAS: 48mmHg         PA do recém nascido primeiro dia de vida: 70/50 mmHg         Baixa resistência vascular.

Hematopoiese fetal

As hemácias começam a ser formadas no saco vitelino e nas camadas mesoteliais da placenta em torno da terceira semana do desenvolvimento fetal, seguida, 1 semana depois (em 4 a 5 semanas), pela formação de hemácias não nucleadas pelo mesênquima fetal e também pelo endotélio dos vasos sanguíneos fetais. Em 6 semanas , o fígado começa a formar células sanguíneas e, no terceiro mês, o baço e outro tecidos linfoides do corpo também começam a formar células sanguíneas. A partir do terceiro mês, a medula óssea gradativamente torna-se a principal fonte de hemácias, bem como da maioria dos leucócitos, exceto pela produção contínua de linfócitos e plasmócitos no tecido linfoide. 

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Sistema respiratórioNão ocorre respiração na vida fetal, até mesmo pois não existe ar, e também porque mesmo que existe os pulmões ficariam repletos de liquido placentário. Os pulmões passam basicamente por quatro fases de desenvolvimento, sendo elas:

         Período pseudoglandular (5 a 17 semanas): formam-se os elementos principais exceto alvéolos pulmonares.

         Período canalicular (16 a 25 semanas): ocorre espeçamento da luz dos bronquíolos e vascularização intensa, também se formam  os ductos alveolares e alguns alvéolos terminais.

         Período saco terminal (24 semanas até o nascimento): marcado pelo desenvolvimento de alvéolos terminais e produção de surfactante pelos pneumócitos II.

         Período alveolar (período fetal até a infância): amadurecimento dos alvéolos e intensificação na produção de surfactante.

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Sistema gastrointestinal

Na metade da gravidez, o feto ingere grande quantidade de líquido amniótico, e durante os últimos 2 a 3 meses, a função gastrointestinal aproxima-se à de um recém-nascido normal. Nessa época, grandes quantidades de mecônio são formadas continuamente no trato gastrointestinal e excretadas pelo ânus no líquido amniótico.

         Composição do mecônio: em parte pelos resíduos de líquido amniótico deglutido e em parte por muco e outros resíduos de produtos  excretórios da mucosa e das glândulas gastrointestinais.

Quando forma: o intestino primitivo forma-se na 4° semana a partir de parte do saco vitelino incorporada ao embrião.

Divisões do intestino primitivo:         Intestino anterior: origina estômago, duodeno, fígado, pâncreas e a maior

parte do esôfago.         Intestino médio: parte do duodeno, intestino delgado, ceco e apêndice, cólon

ascendente e metade do transverso.

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         Intestino posterior: metade do colon transverso, cólon descendente, sigmóide, reto e porção superior do canal anal, epitélio da bexiga urinária e a maior parte da uretra.O sistema digestivo é anatomicamente formado com 20 semanas e funcionalmente até a infância. Com 33 semanas é possível nutrição enteral e a motilidade, peristaltismo e produção de mecônio com 16 semanasFígado: 1) funciona como órgão hematopoiético na vida fetal, 2) realiza gliconeogênese, 3) é imaturo na produção de bilirrubina e 4) produz fatores de coagulação.

         Inferência clínica: após o nascimento alguns recém-nascidos, principalmente prematuros, tem que tomar fototerapia para quebrar a bilirrubina.

Metabolismo fetal

         Vitamina K: é usada pelo fígado fetal na formação do fator VII, protrombina e vários outros fatores de coagulação. A medida em que grande parte da vitamina K é formada por ação bacteriana no cólon materno. O recém-nascido não dispõe de fontes adequadas de vitamina K sendo necessário uma reserva proveniente da mãe para evitar hemorragias.

         A principal fonte de energia do feto é a glicose         Os aminoácidos são fundamentais tanto para gliconeogênese como para o

crescimento fetal.

Sistema endócrino         Os hormônios FSH e LH são detectáveis no feto a partir da décima semana de

gestação.         O FSH é maior em mulheres que em homens         A tireóide é a primeira glândula endócrina que se desenvolve na vida fetal. No

final do primeiro trimestre a tireóide é capaz  de concentrar iodo, sintetizar hormônios, assim como a hipófise já é capaz de produzir TSH. No entanto, a

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produção fetal é pequena e a passagem de T4 materna através da placenta que supri a quantidade necessária para o desenvolvimento fetal. No terceiro trimestre a passagem placentária reduz bastante passando o suprimento de hormônio T4 ser fetal.

         A camada interna da supra-renal que permanece relativamente pequena até o parto é responsável pela produção de catecolaminas. A camada externa produz hormônios esteróides, sendo que a DHEA tem participação ativa na fisiologia da gravidez por seu papel de esteroidogênese da gestante.

Sistema renal

No inicio, a localização renal é pélvica, mas gradualmente ascendem no abdome. Os néfrons surgem com cerca de 10 semanas gestacionais, após surgirem ramificações do broto ureteral, mas a produção de urina só começa no inicio do segundo trimestre. Antes de 16 semanas gestacionais, os rins contribuem pouco para o volume do líquido amniótico. A partir daí, uma avaliação da quantidade de líquido amniótico pode inferir indiretamente nha função renal. Antes da 16° semana, mesmo na ausência da função renal, pode ocorrer quantidade razoável de liquido amniótico.

Sistema imunológico

O sistema imunológico e linfático desenvolve-se associado ao venoso, a partir da oitava semana de gestação.

         Linfonodos: provem dos sacos linfáticos que são invadidos por células mesenquimais.

         Linfócitos: inicialmente são provenientes de células troncos do mesenquima do saco vitelino, posteriormente o fígado e o baço passam a ser sua principal fonte. Após um tempo a medula óssea assumirá o papel. Os linfócitos presentes nos linfonodos antes do nascimento são provenientes do timo e iniciam a migração para estes linfonodos a partir da 14° semana. Ao final do primeiro trimestre já é possível detectar linfócitos B no sangue fetal.Obs1: como não há estimulo imunológico no ambiente intrauterino as imunoglobulinas são as IgG transportadas por via placentária a partir de 16 semanas de gestação.Obs2: caso o feto seja estimulado ele poderá produzir IgM, o que indica que está ocorrendo uma infecção.

         Células NK, granulócitos e neutrófilos são produzidos no primeiro trimestre.