Fisiologia - Glândula Adrenal

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Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012) Fisiologia Glândulas Adrenais INTRODUÇÃO Anatomia: órgãos retroperitoneais, localizados acima dos rins. Divide- se em córtex (90%), derivado do mesoderma, e medula (10%), derivada do neuroectoderma. CÓRTEX Hormônios: mineralocorticóides, glicocorticóides e esteróides sexuais. Histologia: zona glomerular, mais externa e estreita, zona fasciculada, intermediária e maior, zona reticular, mais interna. Síntese: Precursor – o colesterol, captado do plasma ou sintetizada pela própria célula, é armazenado em vacúolos citoplasmáticos. Glicocorticóides – acontece principalmente na zona fasciculada, através de uma série de hidroxilações. Embora o cortisol seja o glicocorticóide humano majoritário, a corticoesterona executa seu papel em sua ausência. Ambos são pouco armazenados. Androgênios e Estrogênios – a síntese ocorre na zona reticular, a partir de pregnenolona e progesterona. A deidroepiandrosterona e o seu sulfato, embora sejam bastante fracos, são os principais esteróides que a adrenal secreta; androstenediona e testosterona são sintetizadas em menor escala e derivam a estrona e o estradiol respectivamente. Mineralocorticóides – a produção de aldosterona é na zona glomerulosa, por uma via semelhante a via do cortisol. Metabolismo: Corticóides – circulam no plasma ligados a uma globulina específica ou à albumina (90%). A forma livre e ativa corresponde a uma pequena parte do pool total do hormônio (10%). Tanto o cortisol como a cortisona podem ser metabolizados pelo fígado ou podem ser conjugados como glucuronídeos e excretados na urina. Mineralocorticóides – a aldosterona circula, no plasma, anexada a uma globulina específica ou, da mesma forma, à albumina. Também é metabolizada no fígado ou convertida em glucoronídeo. Esteróides Sexuais – são excretados direta ou indiretamente através da urina.

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Pedro Antônio Sartini Dutra (AD2012)

Fisiologia Glândulas Adrenais

INTRODUÇÃO – Anatomia: órgãos retroperitoneais, localizados acima dos rins. Divide-se em córtex (90%), derivado do mesoderma, e medula (10%), derivada do neuroectoderma. CÓRTEX – Hormônios: mineralocorticóides, glicocorticóides e esteróides sexuais. Histologia: zona glomerular, mais externa e estreita, zona fasciculada, intermediária e maior, zona reticular, mais interna. Síntese: Precursor – o colesterol, captado do plasma ou sintetizada pela própria célula, é armazenado em vacúolos citoplasmáticos. Glicocorticóides – acontece principalmente na zona fasciculada, através de uma série de hidroxilações. Embora o cortisol seja o glicocorticóide humano majoritário, a corticoesterona executa seu papel em sua ausência. Ambos são pouco armazenados. Androgênios e Estrogênios – a síntese ocorre na zona reticular, a partir de pregnenolona e progesterona. A deidroepiandrosterona e o seu

sulfato, embora sejam bastante fracos, são os principais esteróides que a adrenal secreta; androstenediona e testosterona são sintetizadas em menor escala e derivam a estrona e o estradiol respectivamente. Mineralocorticóides – a produção de aldosterona é na zona glomerulosa, por uma via semelhante a via do cortisol. Metabolismo: Corticóides – circulam no plasma ligados a uma globulina específica ou à albumina (90%). A forma livre e ativa corresponde a uma pequena parte do pool total do hormônio (10%). Tanto o cortisol como a cortisona podem ser metabolizados pelo fígado ou podem ser conjugados como glucuronídeos e excretados na urina. Mineralocorticóides – a aldosterona circula, no plasma, anexada a uma globulina específica ou, da mesma forma, à albumina. Também é metabolizada no fígado ou convertida em glucoronídeo. Esteróides Sexuais – são excretados direta ou indiretamente através da urina.

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ZONAS FASCICULADA E RETICULAR – Regulação: a secreção de cortisol e de androgênios está sob o controle do ACTH, mas há suspeitas de que estes tenham um hormônio exclusivo de regulação. Atividade - além de aumentar a disponibilidade de substrato, o ACTH induz a atividade da desmolase, crucial na conversão do colesterol. Tempo – ação rápida, demorando poucos minutos para ativar as vias de síntese. Variação – implica em variações diurnas nas concentrações de cortisol, porque também apresenta essas variações. O pico de secreção ocorre pouco antes de o indivíduo acordar pela manhã. Secreção Basal – o cortisol tem secreção basal quase nula. Ação: Cortisol – é essencial a vida, pois um indivíduo é incapaz de sobreviver por muito tempo sem a reposição de glicocorticóides. Está envolvido com a produção de glicose a partir das proteínas, com o metabolismo das gorduras, com a responsividade vascular, com a modulação do sistema nervoso, com a renovação do esqueleto, com a hematopoiese, com a função muscular, com a resposta imune e com a função renal. Rapidez – seus efeitos têm grande amplitude de tempo, podendo demorar minutos ou dias para se manifestar.

Atuação – liga-se a um receptor plasmático específico, que o transporta para o núcleo e auxilia-o a modificar a expressão gênica. Atua ainda através de segundos mensageiros ainda não especificados. EFEITOS METABÓLICOS – acelera a degradação protéica e inibe sua síntese, favorecendo a gliconeogênese. É induzida também a glicogênese hepática, bem como a saída de glicose desse tecido, provocando efeitos hiperglicêmicos e, portanto, diabetogênicos. Jejum – não aumenta a síntese ou secreção de cortisol, pois é a exposição anterior a níveis suficientes do hormônio que determinam sua efetividade no combate à hipoglicemia, juntamente com o glucagon e a epinefrina. Lipídios – tem alguma atividade lipolítica, e forte atividade lipogênica, movimentando os depósitos de gorduras para locais como a face e o pescoço. Apetite – o aumento do apetite é forte indutor da obesidade. EFEITOS CORPORAIS – inibe a formação óssea; provoca o aldegaçamento da pele e das paredes capilares por inibição da síntese de colágeno; mantém a pressão sangüínea; aumenta a função glomerular; aumenta a acuidade sensorial; deprime o humor; matura do sistema nervoso do feto; bloqueia a resposta inflamatória e imune – por inibição da síntese do substrato dos mediadores da inflamação (prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos), o ácido araquidônico, por inibição do recrutamento de neutrófilos e por diminuição do número de linfócitos. Sua utilização é benéfica como antiinflamatório, porém sua utilização prolongada pode vulnerabilizar o organismo, além de poder provocar diabetes. Andrógenos: tanto a DHEA, quando a DHEA-S e a androstenediona são androgênios fracos, cuja função biológica baseia-se em sua conversão periférica a testosterona. No homem, sua atividade é sobrepujada pela atividade secretora dos testículos, na mulher, por exemplo, mantém os pêlos púbicos e axilares. ZONA GLOMERULAR – Regulação: a aldosterona consiste em manter o volume do líquido extracelular e conservar o sódio corporal. Rim - a depleção de Na+ causa a diminuição do líquido extracelular e do plasma, provocando menor pressão arterial e menor fluxo sangüíneo arterial renal. As células justaglomerulares do órgão secretam, então, renina, que é convertida a angiotensina I e angiotensina II (no pulmão). Esse

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vasoconstritor estimula diretamente a síntese de aldosterona. Hemorragia – também é um efetor positivo para a síntese de aldosterona. Norepinefrina – estimula a liberação de renina. Peptídeos Atriais Natriuréticos – percebem aumento na volemia, inibindo a síntese de aldosterona. Potássio – quando sua concentração está aumentada, aldosterona é secretada, porque na reabsorção do sódio no rim, ela elimina potássio. Ritmo

Circadiano – a maior concentração do hormônio é às 8h da manhã. Ações: estimula a reabsorção ativa de sódio do túbulo contorcido distal, juntamente com a água, e a secreção passiva de potássio e hidrogênio. Provoca também a reabsorção de sódio no tubo gastrintestinal e a excreção de potássio pelas fezes.

MEDULA – Hormônios: apenas as catecolaminas – epinefrina (adrenalina) e norepinefrina (noradrenalina). Histologia: um tipo celular, as células cromafins. Anatomia: trata-se de um gânglio alterado do sistema nervoso simpático. Síntese: Substrato – tirosina. Armazenamento – requer energia, portanto, cada granula das células cromafins requer um mol de ATP complexado com quatro moles de catecolamina, além de uma proteína, a cromogranina. Regulação – o ACTH e o cortisol induzem a síntese de catecolaminas, assim como faz a estimulação simpática. Metabolismo: de rápida meia-vida, após sua utilização as catecolaminas convergem para produtos excretores específicos. Praticamente toda a epinefrina circulante provém da supra-renal, mas a maior parte da norepinefrina, da sua difusão após as sinapses em que atua como neurotransmissor. Regulação: faz parte do sistema de reação para luta ou fuga,

sendo ativado logo após o simpático. Reações, por exemplo, como a ansiedade, o traumatismo, a dor, a hipoglicemia ou o exercício provocam sua liberação, por liberação de acetilcolina pelas fibras pré-ganglionares. Secreção Basal – há uma liberação basal diária de epinefrina importante. Posição Ortostática – aumenta a liberação de epinefrina, aumentando a freqüência dos batimentos e a pressão sangüínea. Hipoglicemia – implica liberação de hormônio. Ações: Norepinefrina – os níveis circulantes não costumam atingir valores suficientes para provocar efeitos relevantes. Epinefrina – aumenta a gliconeogênese, a glicogenólise hepática e muscular, a renovação hepática do lactato, o metabolismo basal, a termogênese, aumenta a secreção de glucagon. As ações sistêmicas são homólogas às do sistema nervoso simpático, como por exemplo, o aumento da freqüência cardíaca.