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Flora e Vegetação de um Sitio Arqueológico na Serra dos Núcleos, São João Nepomuceno, Minas Gerais, Brasil
Ricardo Montianele de Castro, Arthur Sérgio Mouço Valente, Ricardo Oliveira Garcia,
Daniel Salgado Pifano & Kelly Antunes. Graduandos do curso de Ciências Biológicas
na Universidade Federal de Juiz de Fora
INTRODUÇÃO
Na relação do homem com a paisagem natural, na maioria dos casos,
observa-se uma unilateralidade, onde o poder modificador humano transforma
o ambiente natural de acordo com o seu desejo. No caso do Brasil o desprezo
pela vegetação silvestre é tamanho, que no consenso popular esta deve ser
eliminada e substituída por culturas agrícolas ou pastagens, mesmo que não
sejam utilizadas. Obviamente este desprezo parte do ideário de nossos
colonizadores. A conseqüência imediata de tal fato é o extermínio contínuo que
a Floresta Atlântica vem passando, através dos processos de expansão das
fronteiras agrícolas e urbanas (ALMEIDA, 2000). A fragmentação da Floresta
Atlântica, reduzida a ilhas de vegetação, certamente acarretará na extinção
completa de toda a comunidade florestal componente deste ecossistema a
partir de seu desequilíbrio “genético”, gerado por endogamias (FERNADEZ,
2000).
A Zona da Mata de Minas Gerais, até o fim do século XVIII era chamada
“zona proibida” e nela não havia se deflagrado o processo de colonização por
europeus. Esta era mantida intocada como uma barreira aos exploradores de
minérios, obrigando-os a passarem pelo caminho real, e dessa forma pagarem
taxas, sobre os produtos extraídos, para a coroa portuguesa. Dessa maneira a
região permaneceu intocada até o declínio da mineração em Ouro Preto e
Mariana. A cultura do café, veio a substituir quase que completamente as
florestas na região, sendo poucos os fragmentos de floresta "primários"
encontrados na atualidade. Hoje a cultura do café já declinou razoavelmente, e
os solos desgastados, cobertos por pastagens de capins africanos, reflete o
empobrecimento sócio-ambiental da região.
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O município de São João Nepomuceno (43º W e 21º 30’S) (EMBRAPA
2003) foi fundado em meados do século XIX e teve seu auge econômico até o
início do séc. XX, mantido como conseqüência do ciclo cafeeiro. Hoje em dia o
município vive as “glórias” do passado, e um marasmo econômico que se
mantêm basicamente com a criação extensiva de gado leiteiro. Este tipo de
atividade altamente impactante negativamente, se reflete na formação da
paisagem vegetacional. O aspecto desta é similar à vegetação de cerrado
(diferenciado apenas pelo relevo do tipo mares de morro), dominado por
gramíneas, com algumas arvoretas espalhadas, e áreas de solo
completamente nu e erodido. As manchas de florestas se restringem aos topos
de morro e áreas de declividade extrema, onde muitas vezes o acesso para a
realização de manejo agrícola da área é encarado como pouco compensador.
Distando cerca de 2,5 Km a noroeste do centro do Município de São
João Nepomuceno, a Serra dos Núcleos é parte integrante da paisagem
urbana, com aproximadamente 4,5 Km de extensão e com cotas altimétricas
variando de 500 a 800 m. O nome Serra dos Núcleos é oriundo da história de
colonização européia no local. Núcleos familiares de colonização lá se
estabeleceram por volta da metade do século XIX. Estes colonos eram italianos
e se dedicaram principalmente à cultura cafeeira. Hoje podem ser encontrados
alguns descendentes destes imigrantes no local, e a atividade principal
desenvolvida é a criação extensiva de gado leiteiro (BARROSO, 2003). Estas
atividades agro-pastoris certamente influenciaram e influenciam o aspecto da
paisagem natural, tanto no que se refere aos estágios sucessionais que a
vegetação nativa é submetida, quanto no tocante ao uso e preservação dos
solos.
A análise da paisagem vegetacional da Serra dos Núcleos, surgiu como
uma ferramenta para investigações e inferências relacionadas ao estudo
arqueológicos que vem sendo desenvolvidos na localidade, pelo Setor de
Arqueoastronomia e Etnologia Americana da Universidade Federal de Juiz de
Fora, sob a coordenação da Drª Ana Paula de Paula Loures de Oliveira. Este
estudo da vegetação que procura evidenciar aspectos atuais da mesma, só se
tornará útil às inferências arqueológicas, quando for comparado com os dados
provenientes das prospecções paleo-palinológicas realizadas nas trincheiras de
escavação, e em lagoas sedimentares permanentes localizadas nas
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imediações. Dessa maneira será possível evidenciar a evolução da vegetação
no que se refere aos estádios sucessionais pela qual vem passando, no
decorrer da história geológica recente. Isso pode vir a facilitar inferências sobre
o modus vivendi dos povos aborígenes que aqui habitaram e foram
exterminados, complementando as informações obtidas através das relíquias
evidenciadas pelo trabalho de escavação.
O objetivo deste estudo foi amostrar e analisar a flora fanerogâmica da
Serra dos Núcleos, procurando a partir destes dados avaliar o estado de
conservação da área.
MATERIAL & MÉTODOS
Amostragem da flora local
Para a realização de uma amostragem mínima da flora que permitisse
qualquer abordagem sobre o desenvolvimento sucessional da vegetação na
atualidade, foi realizada uma expedição de cerca de 20 dias seqüenciais em
campo, em fevereiro de 2003. As amostras referentes à diversidade vegetal de
fanerógamos foram obtidas através da coleta de ramos terminais que
possuíssem folhas, flores e\ou frutos ou qualquer outra estrutura acessória
possível de ser coletada.
Para se obter o maior número de informações, tanto no que se refere à
diversidade vegetal de fanerógamos férteis na ocasião, quanto à diversidade
de habitats ocupados por estes, foram percorridos caminhos escolhidos
arbitrariamente, principalmente nos que se situavam na face sudeste da Serra,
tanto nas encostas, quanto nos topos dos morros. As encostas rochosas, mais
declivosas não puderam ser exploradas com maior detalhamento devido a
inviabilidades materiais. Apesar dessa infelicidade, acreditamos ser este o
ambiente local mais intocado da área. Isso se justifica pela dificuldade de
acesso a estes locais e ao mínimo retorno que poderiam propiciar à exploração
agrícola.
Acesso ao dossel
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A biologia de florestas possui um limitante físico inicial que é a altura do
dossel, que pode ultrapassar 50m alt. Existem maneiras cada vez mais
inovadoras para se superar tal situação, sendo utilizados até balões com
estruturas apropriadas para se observar o dossel por cima, o que é fascinante.
Superamos esse degrau de maneira mais modesta. Adaptamos parte
do equipamento utilizado em escaladas para ascendermos ao dossel. As
formas foram:
1) Usando cadeiras de alpinismo, mosquetes, estribo e fitas tubulares.
Duas fitas envolviam o tronco em um laço denominado “boca de lobo”, uma
presa a cadeira e outra presa a escada, ambas presas com mosquetão.
Enquanto a fita da escada estava firme, a fita da cadeira era movimentada para
cima, e ao contrário também. Esse é um método não agressivo à planta de
ascensão por tronco.
2) Usando o equipamento acima mencionado, mais estilingues, linha de
pesca, chumbada de pesca, corda de alpinismo e freios para rapel. A corda de
náilon amarrada à chumbada era arremessada pelo estilingue, mirando-se uma
bifurcação alta no tronco. Atingido o alvo, uma corda era erguida, anexada o fio
de náilon e então esta era ancorada ao tronco. Esta forma é menos impactante
à comunidade epifítica e permite uma ascensão rápida, alcançando-se alturas
surpreendentes. Para descer, os freios de rapel eram acoplados à corda e
presos à cadeira por um mosquete. Os inconvenientes limitantes, são a
formações perturbadas das capoeiras, onde o excesso de cipós pode até
inviabilizar o trabalho.
Catalogação do material botânico
Quando se retornava à base após cada dia de caminhadas e coletas,
todo material coletado que estava contido nos sacos plásticos era espalhado
ao chão e separado em molhos, por espécie. Feito isso, escolhiam-se os ramos
mais belos e representativos e acomodávamo-los entre as páginas interiores
de uma folha de jornal. Cada folha de jornal era colocada entre duas folhas de
papelão. Assim uma pilha era montada, sendo amarrada com duas cordas de
algodão e sustentada por duas grades de madeira, colocadas externamente às
folhas finais de papelão de cada extremidade da pilha.
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A herborização, que consiste na desidratação completa do exemplar
prensado foi feita em estufas aquecidas com lâmpadas elétricas Slovakiata Aa
ou em um forno improvisado, cavado num monte de areia. Este último foi uma
forma de contornar a super lotação da estufa elétrica devido à grande
quantidade de materiais coletados a cada dia.
Durante a montagem da prensa para herborização, os dados de campo
de cada espécimen coletado eram tomados. Além disso, notas sobre as
identificações realizadas em campo também foram registradas.
As identificações foram completadas no laboratório de Sistemática do
Herbário Leopoldo Krieger da Universidade Federal de Juiz de Fora (CESJ)
com o auxílio de bibliografia especializada e por comparações aos materiais já
identificados do acervo. Neste mesmo local os espécimens foram afixados em
folha de cartolina e etiquetados com os dados de campo e o número de coletor
dos cadernos de campo cada coletor responsável, e um número de tombo do
acervo. Estas pranchas finalmente foram revestidas por uma saia de papel
“Kraft” sendo indicadas a lápis, externamente, os dados taxonômicos do
espécime (FIDALGO, et al. 1989;JUDD, 1999; RAVEN, 1993; WALTER, 1993).
Análise dos dados de campo
Os dados de campo referentes às espécies foram registrados em
caderno de campo. Os aspectos observados foram hábito, categoria
ecofisiológica (ALMEIDA, 2000; LEITÃO-FILHO, 1993), síndrome de dispersão,
habitat, e os dados taxonômicos.
Foram observadas a partir destes dados:1) a representatividade de
espécies por família na amostragem;2) percentagem de espécie por hábitos;3)
a percentagem de espécies ocupando preferencialmente cada ambiente;4) os
estágios sucessionais da vegetação freqüentados preferencialmente pelas
espécies em fase reprodutiva, de acordo suas categorias ecofisológicas;5) e a
percentagem de espécies identificadas quanto ás suas síndromes de
dispersão.
Quanto aos ambientes ocupados pelas espécies vegetais coletadas,
foram categorizados em cinco tipos: interior de mata, borda de mata, pasto,
encosta rochosa e borda de curso d'água. O primeiro refere-se aos fragmentos
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de floresta secundária nos topos de morro e outros fragmentos isolados, sendo
delimitados pelas bordas de mata que se caracterizam pela presença de uma
vegetação de difícil transposição. Os pastos são áreas manejadas pelo
agricultor através de queimadas e roçadas, com gramíneas exóticas e
altamente infestado por plantas invasoras ou ruderais. As encostas rochosas
são áreas de alta declividade, pertencentes aos plútons gnáissicos que afloram
em alguns morros da Serra. Estas são colonizadas por uma vegetação saxícola
peculiar. As bordas de curso d'água referem-se às margens de córregos e
riachos e canais de irrigação.
As categorias ecofisiológicas de cada espécies referem-se
principalmente à tolerância dos vegetais à luminosidade e às condições
nutricionais do solo. São divididas aqui em pioneiras, secundárias iniciais e
secundárias tardias, a partir da obra de ALMEIDA (2000) e da de LEITÃO-
FILHO (1993). As pioneiras são aquelas plantas intolerantes à sombra e pouco
exigentes quanto às condições nutricionais do solo. São as colonizadoras de
ambientes degradados. Possuem ciclo de vida curto e porte pequeno a
mediano em geral. As secundárias iniciais são plantas que toleram certo
sombreamento e sucedem as pioneiras no desenvolvimento de uma floresta.
São, em geral, de maior porte e ciclo de vida mais prolongado Preferem solos
onde já exista um horizonte orgânico, mesmo que seja rudimentar. As plantas
secundárias tardias são aquelas que irão caracterizar a maturidade de uma
floresta. São totalmente tolerantes à sombra e muito exigentes quanto às
condições nutricionais do solo. O porte destas plantas é em geral, bastante
elevado e em muitos casos alguns indivíduos se destacam no dossel florestal
como árvores emergentes. Na análise aqui proposta a categoria sucessional foi
delimitada primariamente a partir das condições de tolerância ao
sombreamento e das necessidades nutricionais das espécies.
A análise das síndromes de dispersão referentes a cada espécie
identificada possibilitou esclarecimentos quanto à ocupação dos habitats onde
as espécies foram coletadas, além do fornecimento de informações sobre as
possíveis interações tróficas entre os vegetais e fauna. Basicamente os
vegetais podem ser dispersos por animais (zoocoria), pelo vento (anemocoria),
ou sem a interferência de agentes externos (autocoria). A zoocoria pode ser
dividida em endozoocoria, onde o animal ingere o propágulo e o defeca
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posteriormente, epizoocoria, onde os propágulos possuem estruturas
adaptadas a adesão temporária à superfície externa de um animal, ou
sinzoocoria, onde o animal transporta o propágulo carregando-o por vontade
própria. No caso das plantas autocóricas, os mecanismos de dispersão são
diversificados sendo possível perceber explosões que lançam a distâncias
razoáveis o propágulo. Entenda-se por propágulo aqui, qualquer estrutura
capaz de gerar um novo indivíduo independente da planta mãe.
Essas informações aliadas à visualização de filmagens e fotografias das
plantas e das paisagens, serviram como subsídio para uma análise sobre o
estado de conservação da área baseado no número de espécies amostradas e
nas características ecológicas das mesmas.
RESULTADOS & DISCUSSÃO
Amostragem da flora local
Durante vinte dias subseqüentes do mês de fevereiro de 2003 foram
coletados ca. 300 espécimes. Destes foram identificadas 210 espécies
pertencentes a 69 famílias botânicas. As famílias mais representativas foram:
Leguminosae 29 espécies, Rubiaceae e Euphorbiaceae com 13 espécies cada,
Bignoniaceae nove espécies, e Melastomataceae, Solanaceae e Verbenaceae
com sete espécies cada (gráfico 1).
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Represetatividade de espécies por famílias botânicas
0
5
10
15
20
25
30
35
Acanthaceae
Am
aranthaceae
Apocynaceae
Aristolochiaceae
Asteraceae
Bignoniaceae
Brom
eliaceae
Cactaceae
Celastraceae
Chrysobalanaceae
Com
melinaceae
Convolvulaceae
Cucurbitaceae
Cyperaceae
Elaeocarpaceae
Euphorbiaceae
Gesneriaceae
Lauraceae
Leguminosae
Malpighiaceae
Melastom
ataceae
Mendonciaceae
Monim
iaceae
Myrtaceae
Orchidaceae
Piperaceae
Portulacaceae
Rubiaceae
Sapindaceae
Sm
ilacaceae
Sterculiaceae
Trigoniaceae
Verbenaceae
Vitaceae
Famílias bo tânicas
Núm
ero
de e
spéc
ies
Gráfico-1: Representatividade de espécies por famílias botânicas, referentes aos espécimes coletados e
identificados na Serra dos Núcleos em fev. de 2003.
Em laboratório, consultando-se bibliografia especializada, procurou-se
levantar a origem das espécies coletadas, no que se refere ao local onde essas
plantas ocorrem espontaneamente. Das 210 espécies identificadas, 182 são
nativas (gráfico 2), sendo muitas delas, plantas de ampla distribuição. Doze
espécies são de origem desconhecida. Dez espécies são presumivelmente
nativas. Quatro espécies são de origem realmente exótica sendo uma Asiática,
uma Africana, uma da Bacia do Prata e uma cosmopolita.
9
12 10 1 1 1 1
182
0
50
100
150
200
Número de espécies
1
Origem
Origem das espécies coletadas
??NativaAmérica CentralAsiaBacia do prataCosmopolitaNativa
Análise dos dados de campo
Os hábitos mais freqüentes foram o arbóreo e o herbáceo (com 30%
cada), seguidos pelos cipós (15%), pelas arvoretas (14%) e pelos arbustos
(10%). O hábito epifítico realmente foi pouco amostrado (1% das espécies
coletadas) devido a uma baixa ocorrência de espécies pertencentes a este
hábito (gráfico 3). Este fato pode ser um indicativo do deficiente estado de
conservação da área em estudo, já que em áreas detentoras de fragmentos
florestais mais conservados, localizadas nas proximidades, como na Reserva
Biológica da Represa do Grama em Descoberto-MG, a situação é justamente a
contrária, com altíssimo número de espécies epífitas ocorrentes (DE CASTRO
obs. de campo).
Gráfico-2: Categorização das espécies de acordo com localidade onde ocorrem espontaneamente.
Percentagem de hábitos por espécie
Arbusto10%
Árvore30%
Arvoreta14%Cipó
15%
Epífita1%
Erva30%
Arbusto
Árvore
Arvoreta
Cipó
Epífita
Erva
Gráfico-3: Diversidade percentual de espécies referentes aos hábitos dos vegetais coletados na Serra dos Núcleos
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Percentagem de espécies coletadas em cada ambiente
3%22%
11%43%
21% borda de curso d'água
borda de mata
encosta rochosa
Interior de mata
pasto
O ambiente onde mais se coletou (veja gráfico-4) foi o interior de mata, o
que não deixa de obedecer ao princípio da mega-diversidade de uma floresta
tropical típica. Mesmo sendo este caso, visualmente foi possível perceber o
enclausuramento pelo qual as relíquias florestais da área vêm passando onde
o sub-bosque, na maioria dos casos aparenta aspecto sujo, de pequena
transponibilidade e não raras vezes apresentando plantas de pequeno porte
invasoras, ao invés de ervas típicas do solo florestal. A percentagem de
espécies coletadas no interior da floresta foi 43% .
As bordas de mata seguiram em número de espécies, ao ambiente de
interior de mata, com 22% das espécies coletadas. Nada mais justo, se as
bordas de mata forem consideradas dentro do conceito de megadiversidade
das florestas tropicais. Na verdade uma floresta tropical não se manifesta de
maneira homogênea em seu continuum. Ao contrário, uma floresta se
apresenta em manchas de vegetação correspondentes a diversos níveis de
sucessão da vegetação (RICHARDS, 1981; TABARELI & MANTOVANI,
1999b). Desta forma uma floresta nunca será clímax em toda sua extensão,
pois sempre algum distúrbio ocorrerá numa floresta, como a morte e o
tombamento de uma árvore, abrindo uma clareira e permitindo que se inicie a
colonização de uma clareira partindo do início ao clímax da sucessão vegetal
(RICKFLES, 1996; RIZZINI, 1997).
O ambiente de pasto apresentou-se em terceiro lugar no ranking de
diversidade com 21% das espécies coletadas. Algo aparentemente
contraditório já que no pasto deveriam predominar grandes populações de
gramíneas selecionadas. Este problema na verdade é um reflexo do tipo de
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vegetação peculiar à região, que é a floresta estacional semidecidual montana
(VELOSO 1992, ALMEIDA-LAFETÁ 1998). O manejo de ervas daninhas nas
pastagens é bastante dificultoso devido à topografia que dificulta o trato
mecanizado, e a extensão das pastagens que dificulta o trato manual. Desta
forma a colonização destas por pioneiras de pequeno porte, que pelos
agricultores são denominadas invasoras de cultura, torna-se facilitado (KURT
1992; LEITÃO-FILHO 1972; LORENZI).
As encostas rochosas, com 11% das espécies coletadas, provavelmente
não foram bem amostradas, devido ao fato de em nenhum momento terem sido
percorridas continuamente do topo para a base. Isso sem dúvida é devido à
falta de disponibilidade material, principalmente cordas de tamanho suficiente
para a execução do transcurso com segurança. Mesmo sendo um ambiente de
difícil acesso ao homem e também pouco interessante a este, para muitas
plantas não há restrição alguma habitarem uma encosta rochosa. E este é o
caso de muitas plantas pioneiras de pequeno porte. Estas plantas que são
predominantes nas pastagens sujas, na verdade freqüentam todos os tipos de
ambientes que aqui tentamos delimitar. A justificativa para o predomínio deste
tipo de plantas deve-se à constante pressão antrópica que a área como um
todo vem recebendo. As plantas pioneiras de pequeno porte possuem várias
adaptações para sobreviverem em ambientes de condições extremas, no que
se refere à baixa disponibilidade de água, acidez do solo, teores nutricionais do
solo deficiente e catástrofes como fogo e geadas (RIZZINI 1997). É de se
ressaltar que algumas plantas classificadas neste caso, são de origem exótica.
As margens de curso d'água também foram pouco amostradas já que na
maioria dos casos a vegetação peculiar a este tipo de ambiente apresentou-se
completamente inexistente, estando substituída pela vegetação pioneira ruderal
freqüente nas pastagens locais.
A categoria ecofisiológica mais freqüente entre as espécies amostradas
foi a das pioneiras (60%). A riqueza desta categoria na amostragem é um
indicativo do nível sucessional pelo qual vem passando a paisagem da Serra
como um todo. Nas pastagens vem ocorrendo uma sucessão inicial dominada
por plantas de pequeno porte como já foi mencionado acima. Nas bordas de
mata também a situação é parecida, sendo possível perceber um maior
adensamento das plantas que ocupam este tipo de ambiente. Além disso, no
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próprio interior da mata nos topos de morro, devido ao formato e área
inadequados da mesma, o que não possibilita a existência de uma floresta
madura “saudável”, encontramos também espécies pioneiras. Veja gráfico-5.
As espécies secundárias seguem no ranking (32%), sendo composta
esta percentagem por plantas que ocupam o ambiente de mata. Muitas vezes a
amostra das espécies foi obtida a partir de indivíduos isolados, que foram
preservados com o objetivo de fornecer sombra ao gado. A ocorrência destas
espécies principalmente no interior da mata indica a idade em que se
estabeleceu o fragmento de floresta secundário, e o encurralamento do
mesmo. Este dado é corroborado pela baixíssima freqüência de espécies
clímax amostradas no ambiente (6%).
Percentagem de espécies relacionadas aos estágios sucess ionais
6%
60%
32%1% 1%
??SecundáriasClímaxPioneirasSecundárias
Quanto às síndromes de dispersão algumas informações puderam ser
obtidas. O tipo de síndrome de dispersão mais freqüente foi a endozoocórica
com 48% das espécies identificadas. Esta síndrome de dispersão é comum às
plantas florestais em seus diversos hábitos, ocupando estratos diferentes da
vegetação. Desta maneira especula-se que uma gama de animais pode estar
se beneficiando destas fontes energéticas. Este dado importa na questão da
regeneração natural. É fato que a fauna se desloca, e aqueles que podem
carregar propágulos o farão. Se admitirmos que os componentes da fauna local
se deslocam entre fragmentos próximos passando por áreas não florestadas,
estas receberão propágulos dos fragmentos circundantes. Este aspecto é
Gráfico-5: Percentagem das espécies amostradas relacionadas às suas categorias ecofisiológicas.
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interessante tanto na questão de se recuperar uma área de solo desgastado,
abandonado-o e permitindo uma incorporação gradual de matéria orgânica ao
mesmo; quanto na questão de se possuir uma área de floresta secundária, sem
o mínimo custo de manejo e insumos. Veja gráfico-6.
Apesar deste resultado aparentemente positivo temos em nosso ranking
do percentual de espécies em relação às síndromes de dispersão, em segundo
lugar as espécies anemocóricas e em terceiro as espécies autocóricas. Estas
síndromes de dispersão são características de plantas pertencentes à
categoria ecofisiológica das pioneiras. Somadas as duas (41%) alcançam um
percentual similar as endozoocóricas. Isso quer dizer aparentemente, que a
predominância destas características entre as espécies reflete-se no aspecto
da paisagem dominado por pasto infestado por invasoras ou ervas daninhas;
além da grande quantidade de cipós nas matas e bordas de mata que possuem
em sua maioria essas síndromes de dispersão. No caso dos cipós, o
predomínio destes em um ambiente florestal indica grau de perturbação alto na
comunidade. Os cipós atrapalham o crescimento de vegetais nobres como
muitas árvores, e também fragiliza a estabilidade sociológica da comunidade,
onde a queda de indivíduos arbóreos devido ao peso excessivo de cipós
juntamente com intempéries climáticas, gera grandes prejuízos à comunidade
florestal circundante. O manejo dos cipós deve ser feito com o auxílio técnico
de engenheiros florestais e pode ser inclusive, altamente rentável àqueles que
desejam realizar manejo florestal de modo a valorizar as espécies nobres, para
exploração e paisagismo.
Com relação às demais zoocorias houve uma baixa amostragem. As
sinzoocóricas que somam 4% da amostragem foram pouco frequentes pois
Percentagem das espécies relacionadas a suas síndromes de dispersão
4%
19%
48%
3%22% 2%1%
1%
? ?Anemo ?Zoo Anemo Endozoo Epizoo Sinzoo Auto
Gráfico-6: Percentagem de espécies relacionados às suas síndromes de dispersão
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esta síndrome de dispersão é relativa principalmente a plantas clímax. A baixa
amostragem de plantas clímax é uma justificativa para tal. Assim uma
questão pode ser levantada. Será que os agentes dispersores destas plantas
estão presentes no local? Esta dúvida surgiu, pois encontramos uma
população de Lecythis lanceolata Poir. (Lecythidaceae) com grande
adensamento de indivíduos. Em alguns levantamentos fitossociológicos onde é
encontrada a espécie, o número de indivíduos por hectare é geralmente baixo,
sendo que no local foram vistas ca. dez plantas adultas distantes de alguns
metros. Isso indica que os indivíduos desta espécie não estão se movendo e
acabam por permanecerem próximas aos parentais.
CONCLUSÃO
Este estudo, apesar de simplificado, devido às dificuldades e limitações
apontou um caso a respeito do estado de conservação da floresta atlântica na
Zona da Mata de Minas Gerais, que é preocupante. As espécies vegetais
relictuais restritas aos fragmentos de floresta secundários tem grande chance
de se extinguirem devido aos excessivos cruzamentos endogâmicos que
podem estar ocorrendo nestas comunidades, juntamente ao efeito de borda
que aniquilam a floresta de fora para dentro.
A aparência da vegetação que aqui tentamos representar através dos
dados florísticos, é permanentemente mantida por esforços humanos, onde a
compreensão da importância de se conservar aquilo está sob nossa
responsabilidade é nula.
A conseqüência da ignorância e falta de postura dos responsáveis pelas
políticas conservacionistas só serão lamentadas quando a paisagem
desertificada se manifestar em toda sua intensidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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16
GENTRY, A. H. A Field Guide To the Families and Genera of Woody Plants of Nothwett South America (Colombia, Ecuador, Peru ) with Suplementary Notes on Herbaceus Taxa. Washington: The University of Chicago Press, 1993. 895p. HEYWOOD, V. H. Flowering Plants of the World. Updated Edition. New York: Oxford University Press, 1993. 336p. JOLY, A. B. Botânica: Introdução à taxonomia. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1966. 634p. JUDD, W.S.; CAMPBELL, C. S.; KELLOGG, E. A. & STEVENS, P.F. Plant Systematics: A Phylogenetic Approach. Sunderland: Sinauer Associates, Inc., 1999. 464p. KISSMANN, K. G. & GROTH, D. Plantas infestantes e nocivas. 1ª ed. São Paulo: BASF Brasileira S. A., 1992. 798p. LEITÃO-FILHO, H. F. et al.. Ecologia da Mata Atlântica em Cubatão (SP). São Paulo: Editora da Universidade Estadual Pulista; Campinas: Editora da Universidade de Campinas (natura naturata), 1993. 184p. LEITÃO-FILHO, H. F; ARANHA, C. &. BACHI, O. Plantas invasoras de culturas: vol II. Campinas: Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1982. 597pp. LORENZI, H. & SOUZA, H. M. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1995. 736p. LORENZI, H. Arvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil vol I. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992. 368p. LORENZI, H. Arvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil vol II. Nova Odessa: Editora Plantarum, 1992. 368p. MABERLEY, D. J. The plant-book: A portable dictionary of hte higher plants. Cambridge: Cambridge University Press, 1987. 707p. OLIVEIRA-FILHO, A. T. & MACHADO, J. N. M.. Composição Florística de uma Floresta Semidecídua Montana, na Serra de São José, Tiradentes, Minas Gerais. Acta bot. Bras., São Paulo, vol. 7 n° 2, 71-88pp, 1993. PRIMACK, R. B. & RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: E. Rodrigues, 2001. 328p. RAVEN, P. H.; EVERT, R. F. & EICHHORN, S. E.. Biologia Vegetal. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1996. 728p.
17
RIBEIRO, J. E. L. da S. et al. Flora da Reserva Ducke: Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. Manaus: INPA, 1999. 816p. RICHARDS, P. W. 1981 Tropical Rain Forest Ed. Cambridge University Press Cambridge RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 3ªed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1996. 470p. RIZZINI, C. T. Tratado de Fitogeografia do Brasil: aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2ª ed.. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural Edições, 1997. 747p. RODRIGUES, R. R. Trilhas do Parque da ESALQ: madeira de Lei. Piracicaba: Departamento de Botânica da ESALQ/USP, 1995. 31p. TABANEZ, A. A. J.; VIANA, V. M. & NASCIMENTO, H. E. M.. Controle de cipós ajuda a salvar fragmento de floresta. Ciência Hoje, São Paulo, vol. 22 nº 129, 58-61pp, TABARELLI, M. & MANTOVANI, W -a.. A Regeneração de uma Floresta Tropical Montana após corte e queima (São Paulo-Brasil). Ver. Brasil. Biol., Rio de Janeiro, vol. 59, nº2, 239-250pp, 1999. TABARELLI, M. & MANTOVANI, W -b. Clareiras Naturais e a Riqueza de Espécies Pioneiras em uma Floresta Atlântica Montana. Rev. Brasil. Biol., Rio de Janeiro, vol. 59 nº 2, 251-261pp, 1999. VELOSO, H. P. et al.. Manual técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 92p. WALTER, B. M. T. Técnicas de coleta de material botânico arbóreo. Brasília: EMBRAPA-CENARGEN, 1993. 53p.
ANEXO I
Quadro-1: Banco de dados referentes às espécies identificadas à partir dos espécimes coletados na Serra dos Núcleos em fevereiro de 2003. As letras das categorias significam: H= Hábito; E S= Estágio sucessional (categoria ecofisiológica); A= Ambiente ocupado preferencialmente; D= Síndrome de dispersão; O= Origem onde a planta ocorre espontaneamente. As letras referentes às variáveis significam: na categoria “Hábito”, E= erva, Arv= Árvore, Art= Arbusto, C= Cipó, Arb= Arbusto, Epí= Epífita; na categoria “Estágio sucessional”, C= Clímax, P= Pioneiras, S= Secundárias; na categoria “Ambiente”, Idm= Interior de mata, Er= Encosta rochosa, Bdm= Borda de mata, P= Pasto, Bca= borda de curso d’água; na categoria “Síndrome de dispersão”, A= Autocórica, Ez= Endozoocórica, Anm= Anemocórica, Epz= Epizoocórica, Sz= Sinzoocórica; na categoria “Origem”, N= Nativa, AC= América Central, A= Ásia, BP= Bacia do Prata, C= Cosmopolita.
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FAMÍLIA ESPÉCIE H E S A D O VERNÁCULO VULGAR Acanthaceae Ruellia E S Idm A N --
Agavaceae Agave E P Er A N Piteira
Amaranthaceae Alternanthera brasiliana (L.) O. Kuntze E P Bdm A N
Amaranthaceae Alternanthera paronichoides St. Hil. E P Er A N
Annonaceae Guatteria cf. australis St.Hil. Arv C Idm Ez N Pindaíba
Annonaceae Rollinia cf. laurifolia Schlecht Art S Bdm Ez N
Annonaceae Xylopia sericea A. St. Hil. Arv S Idm Ez N Pimenta de macaco
Apocynaceae Oxypetalum C P P Anm N ?
Apocynaceae Peschiera fuchsiaefolia Miers Arv P Bdm Ez N Esperta
Araceae Anthrium pentaphylum (Aubl.) G. Don. E C Idm Ez N Imbé
Araceae Xanthosoma E P Er Ez N Taióba
Aristolochiaceae Aristolochia cf. arcuata Mast. E P P Anm N ?
Asclepiadaceae Asclepias curassavica L. E P P Anm N Capitão de Sala
Asteraceae Centratherum punctatum Cass. E P P Anm N Perpétua Roxa
Asteraceae Cosmos bipinatus Cav. E P P Epz AC Picão de farde
Asteraceae Eupatoruim pauciflorum H.B.& K. E P P Anm N Botão azul
Asteraceae Wulffia stenoglossa D.C. E P Idm Anm N Cravo do campo
Asteraceae - E P P Anm ? ?
Asteraceae - Art P Er Anm ? ?
Begoniaceae Begonia cucullata Willd E P Bca Anm N Begonia
Bignoniaceae Adenocalymma salmoneum J. C. Gomes Art S Er Anm N ?
Bignoniaceae Arrabidaea leocopogon (Cham.) Sandwith. C P P Anm N ?
Bignoniaceae Arrabidaea pubescens (L.) A. H. Gentry C P Bdm Anm N ?
Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica Mart. Arv P Bdm Anm N Ipê verde
Bignoniaceae Fridericia speciosa Mart. C P Bdm Anm N ?
Bignoniaceae Lundia corymbifera (Vahl) Sandwith C P Bdm Anm N ?
Bignoniaceae Sparattosperma leucanthum Schum. Arv P Bdm Anm N Cinco folhas
Bignoniaceae Zeyheria tuberculosa (Vell.) Bur. ex Verlot Arv P Bdm Anm N Bolsa de Pr
Borginaceae Cordia corymbosa (L.) G. Don E P Bdm Ez ?N Pimenteira do campo
Borginaceae Cordia sellowiana Cham. Arv P Idm Ez N mata fome
Bromeliaceae Ananas E P P Ez N ?
Bromeliaceae Bilbergia cf. porteana Brongn ex. Beer Epí S Idm Ez N ?
Bromeliaceae Pitcairnia flamea Lindl. E C Er Anm N ?
Burseraceae Protium Arv C Idm Ez N ?
Cactaceae Rhipsalis baccifera (Mill.) Stearn. Epí S Idm Ez N Cacto macarrão
Cecropiaceae Cecropia hololeuca Miq. Arv S Bdm Ez N Embaúba branca
Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trécul Arv P Bdm Ez N Embaúba
Celastraceae Maytenus robusta Reiss. Arv S Idm Ez N Saca rápido
Celtidaceae Celtis iguanaeus (Jacq.) Sarg. Art P Bdm Ez N Jameri
Celtidaceae Trema micrantha (L.) Blume Art P P Ez N Crindiúva
Chrysobalanaceae Hirtellacf. hebeclada Moric. Arv S Idm Ez N Comandatuva
Quadro – 1 (Cont.)
FAMÍLIA ESPÉCIE H E S A D O VERNÁCULO VULGAR
Clusiaceae Tovomitopsis Art C Idm ? N ?
Clusiaceae Vismia magnoliaefolia Cham. & Schldtl Arv P Idm Ez N Ruão
Commelinaceae Dichorisandra E S Idm Ez N ?
Connaraceae Connarus C S Idm Ez N ?
Convolvulaceae Ipomoea cf. nil (L.) Roth. C P P Anm N Corda de viola
Costaceae Costus spiralis (Jacq.) Roscoe E S Idm ? ?N Cana de macaco
Cyperaceae Scleria mitis Berg. E P Er A ? navalha de macaco
Cyperaceae ? Scleria E P Idm A ? ?
Cucurbitaceae Melothria fluminensis Gardn. C P P Ez N ?
Cucurbitaceae Momordica charantia L. C P P Ez A Melão de São Caetano
19
Cucurbitaceae Gurania C S Idm Ez N ?
Cucurbitaceae Wilbrandia hibiscoides Manso C P Idm Ez N ?
Cunoniaceae Lamanonia speciosa (Cambess.) L. B. Smith. Arv S Idm Anm N Guaperê
Dilleniaceae Davilla rugosa Poir. C P Bdm Ez N C caboclo
Elaeocarpaceae Sloanea Arv C Idm Ez N Pó de mico
Erythroxylaceae Erytroxylum Art S Idm Ez N ?
Euphorbiaceae Acalypha brasiliensisMuell. Arg. Arb P Idm A BP Tapa buraco
Euphorbiaceae Croton Arb P P A ? ?
Euphorbiaceae Croton lobatus L. Arb P Idm A N Café bravo
Euphorbiaceae Dalechampia C S Idm A N ?
Euphorbiaceae Dalechampia triphyllaLam. C S Bdm A N ?
Euphorbiaceae Euphorbia E P Bdm A N
Euphorbiaceae Euphorbia brasiliensis Lam. E P Bdm A N E de andorinha
Euphorbiaceae Euphorbia comosa Vell. E P Bdm A N Maleiteira
Euphorbiaceae Joannesia princeps Vell. Arv C Bdm Sz N Cutiera
Euphorbiaceae Mabea fistulifera Mart. Arv P Bdm A N Canudo de pito
Euphorbiaceae Manihot Art ? Idm A N Mandioca
Euphorbiaceae Pera Arv S Idm Ez N
Euphorbiaceae Sapium aff. glandulosum (L.) Morong Arv S P A N Tobocuva
Gesneriaceae Episcia porphyrotrica Leeuwenb. E P Er ?Anm N
Flacourtiaceae - Art P Bdm Ez ?N ?
Flacourtiaceae Carpotroche cf. brasiliensis Endl. Arv C Idm Ez N Ruchuchu
Labiateae Leonotis E P P Anm ? ?
Labiateae Origanum E P P A ? ?
Labiateae Scutellaria E ?S Idm A ?N ?
Labiateae Stachys E P P A ? ?
Lauraceae Nectandra aff. membranacea (Sw.) Griseb Arv S Idm Ez N Canela
Lauraceae Nectandra cf. oppositifolia Nees & Mart. ex Nees Arv S Idm Ez N Canela fedorenta
Lauraceae Ocotea brachybotra (Meissner) Mez Art C Idm Ez N Canela
Lauraceae Ocotea vilosa Kosterm. Arv C Idm Ez N Canela
Lauraceae - Arv ? Idm Ez N ?
Lecythidaceae Eschweilera ovata (Camb.) Miers Arv C P Sz N Biriba
Lecythidaceae Lecythis lanceolata Poir. Arv C Idm Sz N Sapucaia
Leg. - Caesalpinioideae Apuleia leiocarpa (Vog.) Macbr, Arv S Bdm Anm N Garapa
Leg. - Caesalpinioideae Cassia ferruginea Schrad ex. DC. Arv S Bdm A N Canafístula
Leg. - Caesalpinioideae Chamaecrista cf. nictitans Moench E P Idm A ? ?
Leg. - Caesalpinioideae Chamaecrista rotundifoliaGreeue E P P A N ?
Leg. - Caesalpinioideae Melanoxylon brauna Schott. Arv S Idm ?Anm N ?
Leg. - Caesalpinioideae Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Arv P P Anm N Sobrasil
Leg. - Caesalpinioideae Senna affinis (Benth.) Irwin & Barneby Arb P Bdm A N ?
Leg. - Caesalpinioideae Senna macranthera (DC. ex Collad.) Irwin & Baneby Arv P Idm Ez N Fedegoso
Leg. - Caesalpinioideae Senna multijuga (Rich.) H. S. Irwin & Barn Arv P Bdm A N Pau-cigarra
Quadro – 1 (Cont.)
FAMÍLIA ESPÉCIE H E S A D O VERNÁCULO VULGAR
Leg. - Caesalpinioideae Senna obtusifolia (L.) Irwin & Barneby Arb P Bdm A ?N ?
Leg. - Caesalpinioideae Senna ocidentalis (L.) Link. Arb P P ? ?N ?
Leg. - Faboideae Aeschynomene selloi Vog. E P P Epz ?N Carrapicho
Leg. - Faboideae Arachis Arb P P ? N Amendoim selvagem
Leg. - Faboideae Dalbergia nigra (Vell.) Allemao ex. Benth Arv S Bca Anm N Jacarandá preto
Leg. - Faboideae Deguelia spruceana (Benth.) Az. Tozzi Arv P Bca ? N Embira de carrapato
Leg. - Faboideae Desmodium adscens (Sw.) DC. E P P Epz ?N Carrapicho
Leg. - Faboideae Desmodium cf. pabulare Hoehne C P Bca Epz N Carrapicho
Leg. - Faboideae Indigifera suffruticosa Mill. Arb P P A N Anil
Leg. - Faboideae Macherium cf. firmum (Vell. Conc.) Benth. Arv P Bdm Anm N Bico de pato
20
Leg. - Faboideae Macherium hirtum (Vell.) Stellfeld Arv P Er Anm N Bico de pato
Leg. - Faboideae Platypodium elegans Vogel Arv P P Anm N Amendoim do campo
Leg. - Faboideae Rhyncosia cf. leucocephala C S Idm A N ?
Leg. - Faboideae Swartzia oblata Cowan Arv S Bdm Zoo N Saco de mono
Leg. - Mimosoideae Acacia polyphylla DC. C P Idm A N Arranha gato
Leg. - Mimosoideae Acacia plumosa DC. Arv P Bdm ? N Angico gambá
Leg. - Mimosoideae Anadenathera peregrina (Spreng.) Arv P Bdm A N Angico
Leg. - Mimosoideae Piptadenia aff. adiantoides (Sprengel) Macbr. Art P Er A N ?
Leg. - Mimosoideae Piptadenia gonoacantha Macbr. Arv P Bdm A N Pau-jacaré
Leg. - Mimosoideae Stryphnodendron polyphyllum Mart. Arv S Bdm ?Zoo N Barbatimão
Loranthaceae Phoradendron aff. crassifolium (Pohl) Eicl. C P Idm Ez N E de passarinho
Malpighiaceae Banisteriopsis muricata (Cav.) Cuatrec. C P Bdm Anm N ?
Malpighiaceae Byrsonima aff. sericea DC. Arv P Idm Ez N Murici
Malpighiaceae Tetrapterys C P Bdm Anm N ?
Malvaceae Gaya pilosa K. Schum E P P A N Guaxima
Malvaceae Pavonia comunis St. Hil. E P P A N Arranca-Estrepe
Malvaceae Sida cordifolia L. E P P A N Guanxuma-branca
Malvaceae Sida linifolia Cav. E P P A N Guanxuma de folha fina
Melastomataceae Clidemia Arb S Idm Zoo N Pixirica
Melastomataceae Clidemia hirta (L.) D. Don E P P Ez N Pixirica do barranco
Melastomataceae Leandra Arb S Idm Ez N ?
Melastomataceae Ossaea amygdaloides (DC.) Triana C S Idm Ez N ?
Melastomataceae Miconia latecrenata (DC.) Naudin Art P Idm Ez N Pixiricuçu
Melastomataceae Tibouchina grandifolia Cogn Arb P Er Anm N Tibuchina
Melastomataceae Tibouchina granulosa Cogn. Arv P Bdm Anm N Manacá
Meliaceae Cedrela fissilis Vell. Arv S P Anm N Cedro
Meliaceae Guarea guidonia(L.) Sleumer Arv S Bca Ez N Canjerana miúda
Meliaceae Trichilia Arv P Bca Ez N ?
Mendonciaceae Mendoncia cocccinea Ruíz & Pav. C S Idm ?Zoo N Mendoncia
Menispermaceae Abuta C S Idm Ez N Abuta
Menispermaceae Chondodendron C S Idm Ez N Abuta
Monimiaceae Siparuna Art S Idm Ez N ?
Moraceae Dorstenia arifolia Lam. E S Idm A N Carapiá
Moraceae Ficus arpazusa Casareto Arv P Bdm Ez N Gameleira
Moraceae Ficus gomelleira Kunth. ex Bouché Arv P Bdm Ez N Gameleira
Moraceae Ficus guaranitica Schodat Arv S Bdm Ez N Figueira
Moraceae Ficus mexiae Standley Arv S Idm Ez N Figueira de Mexia
Myrtaceae Campomanesia laurifolia Gardner Art S Idm Ez N ?
Myrtaceae Eugenia Art S Er Ez N ?
Myrtaceae Myrcia Art P Idm Ez N ?
Myrtaceae Myrcia Art P Idm Ez N ?
Myrtaceae Myrciaria Art S Idm Ez N ?
Ochnaceae Ouratea parviflora (DC.) Baill Arb S Idm Ez N ?
Quadro – 1 (Cont.)
FAMÍLIA ESPÉCIE H E S A D O VERNÁCULO VULGAR
Orchidaceae Cyrtopodium E P Er Anm N Cirtopódio
Orchidaceae Erythrodes hylibates (Rchb. f.) Garay & Pabst E S Idm Anm N ?
Orchidaceae Habenaria petalodes Lindl. E P Er Anm N ?
Orchidaceae Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. E S Idm Anm N
Oxalidaceae Oxalis E ?S Idm Anm N Azedinha
Piperaceae Ottonia propinqua Kunth. E S Idm Ez N ?
Piperaceae Piper E S Idm Ez N ?
Piperaceae Piper mollicomum Kunth. E P Idm Ez N ?
Piperaceae Peperomia E P Er Ez N ?
21
Poaceae Andropogon cf. bicornis L. E P Er Anm N Rabo de burro
Poaceae Lasiacis aff. sorghoidea (Desv.) Hitch. & Chase E ?S Idm Epz ?N ?
Poaceae Panicum E P Idm Epz ? ?
Portulacaceae Talinum paniculatum (Jacq.) Gaertn E P Er Ez N João Gomes
Rhamnaceae Colubrina glandulosa Perkins Arv P P A N Sobrasil
Rhamnaceae Gouania C P Er ? N ?
Rubiaceae Bathysa Arv S Idm A N Quina do mato
Rubiaceae Borreria verticilata (L.) G. F. W. Meyer E P P A ? Cordão de frade
Rubiaceae Chiococca alba Hitch. C S Idm Ez N ?
Rubiaceae Coccocypselum E S Idm Ez N Falsa ipeca
Rubiaceae Faramea Art S Idm Ez N ?
Rubiaceae Palicourea Arb S Idm Ez N ?
Rubiaceae Psychotria sp1 Arb S Idm Ez N ?
Rubiaceae Psychotria sp2 Art S Idm Ez N ?
Rubiaceae Psychotria sp3 Art S Idm Ez N ?
Rubiaceae Psychotria sp4 Art S Idm Ez N ?
Rubiaceae - Arb S Idm Ez N ?
Rubiaceae - Art S Idm Ez N ?
Rubiaceae - Arb S Idm Ez N ?
Rutaceae Hortia arborea Engl. Arv S Idm Ez N Casca d'anta
Rutaceae Zanthoxylon caribaeum Lam. Arv P Er Ez N Mamica de porca
Sapindaceae Allophylus edullis (St. Hil.) Radlkofen Art P Idm Ez N Murta branca
Sapindaceae Cupania oblongifolia Mart. Arv P Er Ez N Camboatã
Sapindaceae Cupania Art P Bdm Ez N Camboatã
Sapindaceae Cardiospermum C P Bdm A ? Balãozinho
Sapindaceae Paullinia stipularis Benth ex. Radlk C S Idm Ez N Guaraná
Sapindaceae Serjania C P Bdm Anm N ?
Sapotaceae - Arv S Idm Ez N ?
Solanaceae Brunfelsia Arb S Er A N Manacá
Solanaceae Capsicum E P Idm Ez N Pimenta
Solanaceae Cestrum amictum Schlecht. Arb P Bdm Ez N Dama da noite (falsa)
Solanaceae Solanum aculeatissimum Jacq. E P P Ez N Juá
Solanaceae Solanum cernuum Vell. Arb P Idm Ez N Panacéia
Solanaceae Solanum concinnum Schott ex Sendt. Arb P Bdm Ez N ?
Solanaceae Solanum lycocarpum A. St. Hil. Art P P Ez N Fruta de lobo
Smilacaceae Smilax C S Idm Ez N ?
Sterculiaceae Walteria indica L. E P P Epz C Falsa guanxuma
Tiliaceae Luehea candicans Mart. et Zucc. Art P Idm A N Açoita cavalo
Tiliaceae Luehea cf. grandiflora Mart. Arv P Bdm A N Açoita cavalo
Tiliaceae Luehea cf. paniculata Mart. Art P P A N Açoita cavalo
Trigoniaceae Trigonia C P Er Anm N ?
Urticaceae Urera baccifera Gaudich. Art P Er Ez N Urtiga
Verbenaceae Aegiphila lhotskiana Cham. Art P P Ez N tamanqueira
Quadro – 1 (Cont.)
FAMÍLIA ESPÉCIE H E S A D O VERNÁCULO VULGAR
Verbenaceae Lantana camara L. E P P Ez N cambará
Verbenaceae Lantana fucata Lindl. E P P Ez N ?
Verbenaceae Stachytarphetacf.cajanensis Cham. E P P Ez N ?
Verbenaceae Vitex polygama Cham. Arv P Bdm Ez N Maria preta
Verbenaceae Vitex Arv S Idm Ez N ?
Violaceae Hybanthus E ? Idm ? ?N ?
Vitaceae Cissus erosa Rich. C P Bca Ez N ?
Vochysiaceae Vochysia magnifica Warm. Arv C Idm Anm N Cinzeiro da terra
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ANEXO II
Figura – 1: Perfil ilustrativo da vegetação de interior de floresta de topo de morro. Altura
máxima do dossel chega a 20 m. Observe a inclusão de um indivíduo (8) da categoria clímax.
Os cipós não foram representados fielmente. A epífita representada é Rhipsalis baccifera. Os
indivíduos estão numerados: 1) Apuleia leiocarpa, 2) Casearia, 3) Mimosoideae, 4) Indet sp1,
5) Indet sp2, 6) Casearia, 7) Sparattosperma leucanthum, 8) Byrsonima, 9) Piptadenia
gonoacantha 10) Xylopia serícea, 11) Xylopia serícea, 12) Solanaceae, 13) Myrtaceae