FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DECISÓRIA - AVM DE OLIVEIRA MIRANDA.pdf · Fluxo de Caixa como...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA
DECISÓRIA
ANTONINO DE OLIVEIRA MIRANDA
NITERÓI JULHO DE 2007.
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA
DECISÓRIA
ANTONINO DE OLIVEIRA MIRANDA
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes do curso de Pós Graduação “Lato Sensu”, como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa sob orientação do professor Sérgio Majerowicz.
NITERÓI - JULHO DE 2007.
3
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
FOLHA DE AVALIAÇÃO
FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DECISÓRIA
ANTONINO DE OLIVEIRA MIRANDA
ORIENTADOR: PROFESSOR SÉRGIO MAJEROWICZ
_________________________________________________________
AVALIAÇÃO
SÉRGIO MAJEROWICZ
Julho/2007
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus,
por Ter me dado o Dom da vida,
agradeço meus pais, irmãos, minha
noiva e amigos que direta ou
indiretamente contribuíram em alguns
momentos para a minha formação.
Agradeço também a instituição
que me acolheu neste período, aos
professores e colegas.
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus
entes queridos que acompanharam, me
ajudaram, me motivaram e me
aconselharam a não desistir jamais,
pois o grande homem se conhece nos
momentos difíceis. Dedico a vocês que
sempre foram e serão meus eternos
companheiros.
6
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar
obstáculos.”
Lao-Tzu
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas
jamais conseguirão deter a primavera inteira.”
Che Guevara
7
RESUMO
O fluxo de caixa é uma ferramenta que auxilia o administrador financeiro na
tomada de decisões, pois reflete e prevê o que ocorrerá com as finanças da
empresa em um determinado período. Instrumento muito usado nas empresas,
devido ao seu fácil entendimento e também por conter informações exatas e
sua situação financeira , o fluxo de caixa permite ao administrador financeiro
detectar variações que possam ocorrer na capacidade de pagamento de seus
compromissos. Na implantação do fluxo de caixa, o administrador financeiro
deverá levar em consideração a capacidade da empresa e qual o período que
se pretende abranger. Informações precisas e exatas contribuirão para o
sucesso do funcionamento do fluxo de caixa. O fluxo de caixa é um instrumento
útil ao processo de tomada de decisões, ou seja, através de prévias análises
econômico-financeiras e patrimoniais, obtém-se as condições necessárias para
definir as decisões corretas.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................
1. APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA........................................................
1.1. Conceito...........................................................................................................
1.2. Objetivos do Fluxo de Caixa............................................................................
1.3. Planejamento e Controle para um eficiente uso do Fluxo de Caixa................
1.4. Funções do Administrador...............................................................................
2. MECANISMOS DE ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA.............................
2.1. Estudo de Caso................................................................................................
2.2. A Importância do Planejamento........................................................................
2.2.1. Os ciclos da empresa: Operacional e de Caixa............................................
2.3. Informações preliminares para a elaboração do Fluxo de Caixa.....................
2.4. Requisitos Básicos para o Planejamento.........................................................
2.5. Implantação do Fluxo de Caixa........................................................................
2.5.1.Fluxo de caixa realizado e projetado..............................................................
2.5.2. Fluxo de Caixa Operacional, de Bens de Capital, do Acionista e Financeiro.
2.6. Fatores que afetam o Fluxo de Caixa..............................................................
3. FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA PARA TOMADA DE DECISÕES..
3.1. Fluxo de Caixa como Ferramenta de Planejamento........................................
3.2. Fluxo de Caixa como Ferramenta de Controle das Operações.......................
3.3. Análise Financeira do Fluxo de Caixa..............................................................
3.3.1.Análise Horizontal..........................................................................................
3.3.1.1.Estudo de caso...........................................................................................
3.3.2-Análise Vertical..............................................................................................
3.3.2.1.Estudo de caso...........................................................................................
3.3.3- Análise Através de Índices............................................................................
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3.3.3.1.Estudo de caso...........................................................................................
CONCLUSÃO........................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................
ANEXOS....................................................................................................................
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INTRODUÇÃO
A administração da liquidez é uma das atividades mais
importantes do administrador financeiro. Para desempenhar esta função, esse
profissional utiliza um dos principais instrumentos de análise e controle
financeiro, o fluxo de caixa.
Desta forma buscaremos demonstrar como funciona, depois o
seu planejamento, a sua implantação e qual a importância do fluxo de caixa no
setor financeiro de uma empresa, a fim de que o administrador financeiro possa
utilizá-lo como ferramenta essencial na tomada de decisões.
A atual conjuntura econômica exige que o administrador
financeiro esteja preparado para os novos desafios do milênio. Hoje em dia é
preciso gerenciar com competência todos os recursos financeiros disponíveis
na empresa.
O acirramento da competitividade exige das empresas maior
eficiência na gestão de seus recursos, e como parte integrante do sistema
buscam cumprir seu papel junto à sociedade. Esta busca pela melhoria e
eficiência na aplicação dos recursos, induz os responsáveis pela gestão
empresarial, a avaliarem suas decisões embasadas em informações
consistentes.
As constantes mudanças tanto na política como nos negócios,
impulsiona as organizações à busca de qualidade nas informações gerenciais,
o que se transformou em elemento determinante para a sua sobrevivência e
continuidade no mercado.
11
O fluxo de caixa constitui-se em instrumento essencial para que
a empresa possa ter agilidade e segurança em suas atividades financeiras.
Desta forma, precisa ser elaborado com muita competência para que reflita a
situação econômica da empresa.
O papel do administrador financeiro é dos mais importantes
para a análise e tomada de decisões. Com o fluxo de caixa em mãos ele
saberá em que período a empresa deverá aplicar recursos que por ventura
estejam sobrando, ou buscar recursos junto a instituições financeiras, no
período que a empresa estiver com escassez de recursos.
Este é o um dos objetivos principais do fluxo de caixa,
demonstrar com clareza a situação da empresa. Cabe ao administrador
financeiro tomar as decisões cabíveis e corretas de forma que faça com que a
empresa prospere cada vez mais, alcançando resultados positivos, que é o
objetivo principal de uma empresa.
12
1. APRESENTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
É antiga a preocupação do homem com sistemas que lhe
permitam enxergar a realidade financeira e patrimonial de seus negócios. Há
relatos de que Tales de Mileto, há cerca de 600 anos antes de Cristo, teria
estudado “contabilidade” no Egito.
Em 1492, no mesmo ano em que Colombo descobria a
América, Lucca Pacioli1, publicava, o livro "Análise Aritmética das Proporções e
das Proporcionalidades", dedicado a explicar contabilidade aos comerciantes,
no qual lançava as bases da contabilidade tal como nós a conhecemos hoje.
Os fundamentos sobre os quais se baseiam os princípios contábeis idealizados
por Lucca Pacioli foram tão bem concebidos que se conservam inalterados até
os dias de hoje.
Nos últimos quinhentos anos a contabilidade tem sido o grande
instrumento de gestão empresarial em geral e de gestão financeira em
particular. No entanto, com a crescente complexidade dos processos
empresariais, a contabilidade começa a apresentar suas vulnerabilidades, o
que dificulta ao administrador uma visão precisa da situação financeira e
patrimonial de seu negócio.
Isto faz com que o administrador busque novos instrumentos
que o auxiliem a interpretar a realidade de seu negócio. É aí que entra o fluxo
de caixa. No entanto o fluxo de caixa tem sido usado, quase que
exclusivamente, como instrumento de avaliação de investimentos. Muito pouco
1 LUCCA PACIOLI - Monge franciscano, nascido na cidade italiana de Santo Sepolcro em 1445 e falecido em 1517 na mesma cidade.
13
tem sido escrito acerca do fluxo de caixa como o poderosíssimo instrumento de
gestão financeira que ele é. Daí as empresas, de um modo geral, fazerem um
uso tão limitado de suas possibilidades.
E, no entanto, o fluxo de caixa pode ser usado para obter
informações tais como: Qual a capacidade de a empresa gerar recursos para
financiar suas operações? Se a empresa é geradora de caixa, porque o
dinheiro não aparece? Se a empresa não é geradora de caixa, o que é que tem
viabilizado suas operações?; Quais as necessidades de capital de giro da
empresa?; Qual a relação ótima entre o capital de giro próprio e o de terceiros
na empresa? Qual o saldo de caixa mínimo que a empresa deve manter para
fazer face as suas obrigações financeiras?; Qual a capacidade de a empresa
imobilizar ou distribuir dividendos sem fragilizar a estrutura de capital de giro?;
A capacidade de geração de caixa da empresa é compatível com suas políticas
de reposição de estoques e de financiamento de seus clientes?
No mundo em que vivemos, com uma economia globalizada,
onde a concorrência torna-se a cada dia mais acirrada, devemos estar
preparados para nos defrontarmos com todos os tipos de situações. Nas
empresas, de um modo geral, a qualidade total e o avanço tecnológico são
essenciais para se alcançar o sucesso e obter maiores lucros.
De acordo com ZDANOWICZ2: “A nova conjuntura econômica
exige, que o administrador financeiro esteja preparado para os novos desafios
do milênio. Nos dias de hoje é essencial e primordial que se administre com
competência todos os recursos financeiros disponíveis da empresa”.
A idealização e construção do fluxo de caixa podem evitar
situações prejudiciais às empresas, tais como: insuficiência de caixa; cortes
nos créditos; suspensão de entregas de materiais e mercadorias, fatos que
podem causar uma série de descontinuidades nas operações. O excesso de 2 ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa - Uma Decisão de Planejamento e Controle. 8ª- ed. São Paulo: Sagra. 2000, p. 15.
14
caixa, situação que se refere a uma reserva muito elevada, também pode ser
administrada com a utilização deste mesmo ferramental. Logo, tanto deficiência
quanto excesso de caixa podem ser geridos através das informações deste
fluxo.
“O fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa. Sem ele não
se saberá quando haverá recursos suficientes para sustentar as operações ou
quando haverá necessidade de financiamentos bancários. Empresas que
necessitem continuamente de empréstimos de última hora poderão se deparar
com dificuldades de encontrar bancos que as financie”.(Gitman3, 1997:586).
“Os balanços expressam apenas as opiniões dos auditores,
não os fatos. Dinheiro é fato. Caixa é fato. Não se produz caixa com artifícios
contábeis. Os investidores devem olhar para as empresas como olham os
banqueiros. O que importa é o caixa. Se uma empresa reporta lucros elevados
mas não esta gerando caixa, ela pode não estar gerando lucro algum. È
preciso ter em mente que o que quebra uma empresa não é a falta de lucro; as
empresas quebram por falta de caixa.”(Smith, 1994:42)
Desta forma os administradores devem se atualizar e buscar
alternativas capazes de fazer que a empresa prospere e obtenha lucros. O
administrador financeiro deve estar preparado para os novos desafios do
milênio, sendo assim demonstraremos a seguir como funciona o Fluxo de
Caixa e de que maneira ele pode auxiliar o gestor financeiro.
1.1. CONCEITO
Resumidamente, podemos definir Fluxo de Caixa como sendo
o instrumento que relaciona o montante de entradas e saídas de recursos 3 GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 1997.
15
financeiros na empresa em um determinado período.
O Fluxo de Caixa consiste na representação da situação
financeira de uma empresa, levando em conta todas as fontes de recursos e
todas as aplicações na atividade produtiva, bem como em investimentos. No
sentido clássico, o caixa representa o objetivo final dos investidores ao optar
por uma alternativa de alocação de recursos. No meio empresarial, caixa é o
ativo mais líquido disponível na empresa.
Conforme relata Zdanowicz4: "fluxo de caixa é o instrumento
que relaciona o futuro conjunto de ingressos e de desembolsos de recursos
financeiros pela empresa em determinado período".
De acordo com o autor, o fluxo de caixa está diretamente
relacionado com o movimento financeiro da empresa, seja com entradas ou
saídas.
1.2. OBJETIVOS DO FLUXO DE CAIXA
Tem como objetivo principal, a previsão das entradas e saídas
de recursos financeiros para um determinado período, visando alertar o
administrador quanto à necessidade de captar empréstimos, ou se for o caso,
aplicar valores excedentes de caixa em aplicações que sejam mais rentáveis
para a empresa.
Também fazem parte dos objetivos do Fluxo de Caixa
conforme define Zdanowicz5:
• Buscar o equilíbrio financeiro entre os fluxos de entradas e saídas de recursos;
4 Ibidem, p. 23. 5 Ibidem, p. 23.
16
• Saldar as obrigações incorridas dentro do prazo estabelecido; • Prever desembolsos de caixa em volumes elevados em épocas de encaixe baixo; • Proporcionar ao gestor financeiro uma visão estratégica da situação da empresa; • Demonstrar em que período a empresa precisa captar recursos ou aplicá-los quando existir excedente de caixa; • Visualização do volume de vendas da empresa; • Análise da situação de inadimplência dos clientes.
Diante do exposto, a finalidade do fluxo de caixa é maximizar a
aplicação dos recursos próprios e de terceiros dentro da empresa, direcionando
estes recursos para as atividades mais rentáveis, com vista a produzir os
melhores resultados para a empresa. Destaca-se também evitar que a posição
do saldo de caixa, tanto no presente como no futuro, chegue a uma situação de
falta de liquidez.
Caberá ao gestor financeiro, com estas informações, analisar e
tirar conclusões de como a empresa deverá se comportar no período, ou seja,
a função principal do administrador é assegurar o controle financeiro da
empresa. Desta forma ele proporcionará o equilíbrio entre as entradas e saídas
de caixa.
Para que tudo isso ocorra de forma perfeita é de suma
importância à participação de todos os setores da empresa, fornecendo
informações corretas e objetivas ao gestor financeiro.
Martins6 (1990), considera o fluxo de caixa um valioso
instrumento para a compreensão do real fluxo de recursos da empresa, pelo
fato de digerir consideravelmente da Demonstração de Resultado do Exercício,
por levar em conta dois princípios básicos:
6 MARTINS, E. Contabilidade vs. Fluxo de caixa. Caderno de estudos, FIPECAFI, São Paulo: 1990.
17
a) Considera a competência de caixa e não a do exercício
social;
b) Considera apenas os ingressos e os desembolsos
efetivos de caixa;
Desta forma, podemos dizer que o fluxo de caixa permitirá que a
administração financeira sinta a real situação da empresa em termos de
equilíbrio de caixa, proporcionando uma maior visão dos recursos disponíveis,
enquanto a DRE apenas informa a situação econômica da empresa em um
dado momento.
A importância do fluxo de caixa para a continuidade dos
negócios é fundamental, uma vez que promove o nível de liquidez necessário
para saldar corretamente os compromissos assumidos pela empresa. A
influência de caixa pode determinar cortes de crédito, cancelamento de
entregas de pedidos, além de ocasionar uma série de descontinuidade nas
operações da empresa. Desta forma, Assaf Neto e Silva7 (1997), afirmam que
o fluxo de caixa não deve ser uma preocupação exclusiva da área financeira,
mas sim de todos os setores da empresa:
• a área de produção, ao promover alterações nos prazos de
fabricação dos produtos, determina novas alterações nas
necessidades de caixa de forma idêntica, os custos de
produção têm importantes reflexos sobre o caixa;
• as decisões de compras devem ser tomadas de maneira
ajustada com a existência de saldos disponíveis de caixa.
Em outras palavras, deve haver preocupação com relação à
sincronização dos fluxos de caixa, avaliando-se os prazos
7 ASSAF NETO, Alexandre. Silva, César A T. Administração do Capital de Giro. 2. ed. São
Paulo: Atlas, 1007.
18
concedidos para pagamento das compras com aqueles
estabelecidos para recebimento das vendas;
• políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem
colocar recursos financeiros mais rapidamente à disposição
da empresa, constituem-se em importante reforço de caixa;
• a área de vendas, junto com a meta de crescimento da
atividade comercial, deve manter controle mais próximo
sobre os prazos concedidos e hábitos de pagamento dos
clientes, de maneira a não pressionar negativamente o fluxo
de caixa. Em outras palavras, é recomendado que toda a
decisão envolvendo vendas deve ser tomada somente após
uma prévia avaliação de suas implicações sobre os
resultados de caixa (exemplos: prazo de cobrança, despesas
com publicidade e propaganda etc.);
• a área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu
endividamento, de forma que os desembolsos necessários
ocorram concomitantemente à geração de caixa da
empresa. Desta forma, a obtenção de resultados mais
favoráveis para a empresa depende da adequada
administração do fluxo de caixa. A melhora da capacidade
de geração de caixa, aliada a seu planejamento para
períodos futuros, otimiza a aplicação dos recursos próprios e
de terceiros em atividades mais rentáveis. Reduzindo
significativamente a necessidade de financiamento dos
investimentos em giro.
1.3. PLANEJAMENTO E CONTROLE PARA UM EFICIENTE USO
DO FLUXO DE CAIXA
O planejamento é uma ferramenta essencial para o
desenvolvimento de qualquer organização, pois quando uma organização
19
planeja, decide antecipadamente qual risco está disposta a correr. Decidir
antecipadamente constitui-se em possuir o controle do futuro.
Para Ross, Westerfield e Jaffe8 (1995, p.525) “o planejamento
é um processo que, na melhor das hipóteses, ajuda à empresa a evitar
tropeçar no seu futuro andando para trás, obriga a empresa a refletir sobre sua
meta”.
A economia brasileira está em fase de consolidação soberana.
Experimenta baixas taxas de inflação. A sobrevivência da empresa depende do
grau de acerto da gestão financeira, desta forma, um planejamento e controle
de caixa bem elaborado é essencial para a sobrevivência de uma empresa.
Caberá ao gestor financeiro, administrar as disponibilidades da
forma mais racional e lucrativa, como por exemplo, o pagamento de títulos
antes do prazo estabelecido pelo fornecedor, quando este for atrativo para a
empresa e evitando o pagamento de juros de mora.
A experiência tem comprovado que as dificuldades financeiras
ocorridas principalmente entre as micros e pequenas empresas têm se dado
essencialmente pela falta de planejamento e controle de suas atividades
operacionais.
Zdanowicz9 comenta, "é errônea a opinião de que a
implantação e a implementação do planejamento e controle de caixa acabam
onerando a empresa, pressupondo que será necessária uma verdadeira equipe
para desempenhar estas funções".
As empresas que utilizarem o planejamento terão menos
dificuldades na elaboração do fluxo de caixa, pois detectando no início de cada
8 ROSS, Stephen A .WESTERFIELD, Randolph W. JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1995. 9 Ibidem, p. 21.
20
período quais as necessidades ou excedentes de recursos financeiros, o
administrador financeiro poderá tomar decisões antecipadamente para
solucionar seus impasses de caixa.
Pensando desta forma, observamos que a maioria das
informações desejadas para a elaboração do planejamento do fluxo de caixa
está dentro da própria empresa, basta apenas que todos os setores forneçam
informações corretas ao gestor financeiro.
1.4. FUNÇÕES DO ADMINISTRADOR
O conceito de gestão segundo o Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa (1986:849), e Mosimann (1999), o termo gestão deriva do latim
gestione e significa gerir, gerência, administração. Arantes (1998) diz que a
administração – ou gerência não é um departamento nem um cargo.
Administrar é uma ação que existe em todos os departamentos e em todos os
níveis organizacionais, sendo usualmente relacionadas às atividades de
planejar, coordenar, organizar, dirigir, controlar, motivar.
A gestão como um ato de administrar.
A Gestão
Fonte: Boisvert apud Maluche (2000).
21
Através da elaboração do fluxo de caixa, o administrador
financeiro procura conciliar a manutenção da liquidez e do capital de giro da
empresa, para que esta possa honrar com as obrigações assumidas perante
terceiros na data do vencimento, bem como a maximização dos lucros sobre os
investimentos realizados pelos acionistas.
As suas estimativas de ingressos e desembolsos, através do
fluxo de caixa, baseiam-se nas projeções de vendas e compras da empresa.
Por sua vez, os planos de vendas deverão estar condicionados aos recursos
disponíveis de caixa e aos lucros desejados. Assim sendo, temos um sistema
mutuamente determinado. Somente pode-se projetar o fluxo de caixa e os
lucros, a partir de uma estimativa de vendas, de produção e de despesas
operacionais da empresa.
Nestes termos, não se pode fazer um orçamento de vendas
final, a não ser depois de termos testado o efeito das vendas orçadas sobre o
fluxo de caixa e os lucros projetados para o período.
Relata Zdanowicz10:
O administrador financeiro desempenha as seguintes funções: - Manter a empresa em permanente situação de liquidez; - Maximizar o retorno sobre o investimento realizado; - Administrar o capital de giro da empresa; - Avaliar os investimentos realizados em itens do ativo permanente; - Estimar o provável custo dos recursos de terceiros a serem captados; - Analisar as aplicações financeiras mais interessantes para a empresa; - Informar sobre as condições econômico-financeiras atuais e futuras da empresa; - Interpretar as demonstrações financeiras da empresa; - Manter-se atualizado em relação ao mercado e às linhas de crédito oferecidas pelas instituições financeiras.
10 Ibidem, p. 29.
22
2. MECANISMOS DE ELABORAÇÃO DO FLUXO DE
CAIXA
Demonstraremos a seguir, como se elabora o fluxo de caixa e
de que maneira será implantado um sistema de controle de caixa que seja
capaz de passar informações úteis, práticas e econômicas ao administrador
financeiro.
As informações que o fluxo de caixa fornece, possibilitam aos
administradores programar e acompanhar as entradas (recebimentos) e as
saídas (pagamentos) de recursos financeiros, de forma que a empresa possa
operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas a curto e a longo
prazo.
Percebe-se que a utilização do fluxo de caixa proporciona
informações tempestivas sobre a situação financeira da empresa, pois ao
comparar as contas a receber com os pagamentos a serem efetuados, o gestor
terá condições de dimensionar a necessidade de capital de giro e evitar
situações que possam afetar o desempenho financeiro da empresa.
Os relatórios produzidos pela contabilidade, dificilmente são
utilizados como auxílio à gestão e tomada de decisão pelos gestores das
micros e pequenas empresas, não só pelo desconhecimento do seu valor, mas
também pela dificuldade encontrada no seu entendimento.
O fluxo de caixa é um dos instrumentos mais eficientes de
planejamento e controle financeiro, o qual poderá ser elaborado de várias
formas, conforme as necessidades de cada empresa. Iremos abordar os fluxo
de caixa projetado e realizado, procedendo ao estudo de caso para os dois
tipos.
23
O fluxo de caixa projetado (ver anexo – figura 1) pode ser
descrito pela seguinte equação:
SFC= SIC + I - D
Onde: SFC: saldo final de caixa
SIC: saldo inicial de caixa
I: ingressos
D: desembolsos
Neste segmento, o fluxo de caixa é o instrumento utilizado pelo
administrador financeiro, com o objetivo de detectar se o saldo inicial de caixa
mais o somatório de ingressos, menos o total de desembolsos em um
determinado período, apresentará sobras de caixa ou escassez de recursos
financeiros para a empresa.
2.1. ESTUDO DE CASO
FLUXO DE CAIXA PROJETADO PARA UM MÊS
DIA INGRESSOS DESEMBOLSOS SALDO
Saldo inicial 2.563,00
01 38.960,00 35.890,00 5.633,00
02 30.560,00 25.890,00 10.303,00
03 28.790,00 31.460,00 7.633,00
04 38.740,00 28.630,00 17.743,00
05 36.890,00 26.530,00 28.103,00
08 30.260,00 56.490,00 1.873,00
09 20.360,00 21.560,00 673,00
10 39.870,00 32.560,00 7.983,00
11 36.530,00 34.230,00 10.283,00
24
12 29.560,00 33.560,00 6.283,00
15 25.890,00 30.260,00 1.913,00
16 29.870,00 33.560,00 (1.777,00)
17 33.260,00 30.970,00 513,00
18 23.560,00 26.890,00 (2.817,00)
19 26.530,00 29.870,00 (6.157,00)
22 30.450,00 28.760,00 (4.467,00)
23 25.460,00 26.590,00 (5.597,00)
24 30.480,00 29.860,00 (4.977,00)
25 25.780,00 26.790,00 (5.987,00)
26 30.890,00 28.790,00 (3.887,00)
29 25.630,00 27.560,00 (5.817,00)
30 32.560,00 30.560,00 (3.817,00)
TOTAL 670.880,00 677.260,00 Fonte: Empresa Fictícia
O fluxo de caixa em estudo demonstra situação complicada a
partir do dia 16, onde faltarão recursos para cumprir com os compromissos. É
função do administrador financeiro, detectar as causas que estão ocasionando
esta situação, e buscar alternativas de resolver a escassez de recursos, como
por exemplo: verificar junto aos diversos setores da empresa, os motivos que
levaram a esta situação financeira, como: provável redução no faturamento,
margem de lucro, aumento no custo de produção, inadimplência, etc... e, a
seguir buscar alternativas para suprir a necessidade financeira no cumprimento
das obrigações.
FLUXO DE CAIXA REALIZADO NO MÊS
DIA INGRESSOS DESEMBOLSOS SALDO
Saldo inicial 2.563,00
01 37.560,00 35.890,00 4.233,00
02 31.230,00 25.890,00 9.573,00
03 29.860,00 32.560,00 6.873,00
25
04 37.560,00 28.630,00 15.803,00
05 37.410,00 26.530,00 26.683,00
08 31.630,00 57.010,00 1.033,00
09 21.030,00 20.980,00 1.353,00
10 38.560,00 32.560,00 7.553,00
11 37.530,00 34.230,00 10.653,00
12 27.560,00 33.560,00 4.653,00
15 26.530,00 30.260,00 923.00
16 35.870,00 33.560,00 3.233,00
17 32.780,00 30.970,00 5.043,00
18 24.320,00 27.050,00 2.313,00
19 26.890,00 28.460,00 743,00
22 29.860,00 29.590,00 1.013,00
23 24.890,00 25.870,00 33.00
24 30.570,00 29.860,00 743,00
25 24.760,00 24.970,00 533,00
26 30.750,00 30.640,00 643,00
29 25.290,00 25.130,00 803,00
30 32.560,00 32.040,00 1.323,00
TOTAL 675.000,00 676.240,00 Fonte: Empresa Fictícia
Analisando o fluxo de caixa realizado e comparando com o
projetado, observa-se que houve atuação do administrador financeiro,
conseguindo adequar os ingressos de recursos necessários ao cumprimento
das obrigações assumidas, sendo visível a captação de recursos no dia 16,
onde, como pode-se observar no fluxo de caixa projetado, apresentava falta de
recursos.
Salienta-se que a simples captação de recursos, não significa
que o problema financeiro da empresa foi resolvido por completo, uma vez que
26
os recursos captados deverão ser pagos no vencimento, necessitando assim a
solução do real problema que ocasionou a falta de recursos.
É preciso não se esquecer que alguns negócios apresentam
características atípica, como por exemplo o fato de o negócio destruir caixa em
determinados períodos do ano pode ser um fato normal na vida da empresa.
Empresas que possuem forte sazonalidade podem apresentar fluxo de caixa
negativo na transição do período de vendas altas para o período de vendas
baixas sem que isto signifique que o negócio é destruidor de caixa.
O importante é que ao longo do ano ou do ciclo financeiro, o
que for maior, o negócio seja gerador de caixa. A figura abaixo mostra o fluxo
de caixa estrutural e desalavancado de uma cadeia de lojas de departamento
ao longo de um ano. Analisando o gráfico percebe-se que o fluxo de caixa da
empresa passa por três situações distintas ao longo do ano: ora gera caixa, ora
destrói e ora oscila entre pequenas gerações e pequenas destruições de caixa.
No entanto, considerando o ano como um todo, o negócio é gerador de caixa.
Gráfico de fluxo de caixa de uma empresa sazonal
27
2.2. A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO
É de suma importância que o planejamento do fluxo de caixa
seja bem elaborado, porque suas informações irão indicar com antecedência
as necessidades de numerário para que sejam atendidos os compromissos que
a empresa geralmente assume, levando em conta o prazo de vencimento.
Com isso o administrador financeiro poderá se antecipar aos
problemas de caixa que poderão surgir devido às reduções das receitas ou o
aumento no volume de pagamentos.
Outra situação importante que o fluxo de caixa oferece é a
possibilidade de evitar a programação de desembolsos elevados para períodos
em que haja escassez de ingressos, em decorrência de questões de mercado,
por exemplo.
Segundo Zdanowicz·:
"Acresce-se que outro papel importante, que desempenha o fluxo de caixa, é a possibilidade de evitar a programação de desembolsos vultosos para períodos em que os ingressos orçados sejam baixos por questões de mercado, por exemplo. O fluxo de caixa é de vital importância para a eficácia econômico-financeira e gerencial das empresas, sejam elas micro, pequenas, médias ou grandes, a tal ponto, que muitas instituições de crédito exigem a sua apresentação antes de concederem empréstimos a seus clientes".
Um planejamento bem elaborado permitirá ao administrador
financeiro verificar se poderá realizar aplicações em curto prazo com base na
liquidez, na rentabilidade e nos prazos de resgate.
28
2.2.1. Os ciclos da empresa: Operacional e de Caixa.
Os saldo de caixa e os “estoques de caixa” de segurança são
influenciados significativamente pela produção e venda, bem como pelo
sistema de cobrança e compras da empresa. A análise dos ciclos operacional e
de caixa pode esclarecer como ocorrem essas influências. Por intermédio de
uma gestão eficiente desses ciclos, o administrador financeiro conseguirá
manter um baixo nível de investimento em caixa, o que contribuirá para o
aumento da riqueza da empresa.
Ross, Westerfield, Jaffe11 (1995, p.538) definem ciclo
operacional como sendo “o espaço de tempo entre a chegada de matéria-prima
no estoque e a data em que se recebe o dinheiro dos clientes”. A tomada de
decisões financeiras de curto prazo é indicada pela defasagem entre as
entradas e saídas de caixa, estando relacionada com a extensão do ciclo
operacional e o período de pagamento de contas.
No pensamento de Padoveze (1996) o ponto-chave é o
orçamento de vendas, sem o qual não se pode iniciar o processo orçamentário,
concluindo que é a previsão de vendas que irá determinar todo o ciclo
operacional e não se pode pensar em planejamento sem levar em conta os
ciclos da empresa.
O ciclo operacional varia em função do setor de atividade e das
características de atuação de cada empresa. Empresas prestadoras de
serviços possuem ciclos diferentes das empresas industriais ou comercias, e
mesmo entre si, de acordo com o setor, podem sofrer períodos de
sazonalidade diversos.
11 Ibidem, p 525
29
Ainda no entendimento dos mesmos autores, o ciclo financeiro
mede exclusivamente as movimentações de caixa. Abrangendo o período
compreendido entre o desembolso inicial de caixa e o recebimento da venda do
produto ou serviço, representa efetivamente o período em que a empresa ira
necessitar de financiamento para suas atividades.
Ciclo Operacional da Empresa.
Ciclo Operacional da Empresa Fonte: Assaf Neto e Silva (1997).
Assaf Neto e Silva12 (1997), identificam ainda, o ciclo econômico
que considera unicamente as ocorrências de natureza econômica, envolvendo
a compra dos materiais até a respectiva venda, não levando em conta os
reflexos de caixa. Os autores demonstram que a partir do ciclo operacional,
podem ser identificados o ciclo financeiro (caixa) e o ciclo econômico.
O Fluxo de Caixa se apresenta como uma ferramenta utilizada
pelo administrador financeiro, com o objetivo de apurar os somatórios de
ingressos e de desembolsos financeiros em determinado momento, 12 Ibidem , p 131
30
prognosticando se haverá excedente ou escassez de caixa, em função do nível
desejado pela empresa. Daí a importância dos ciclos no sistema de liquidez: a
conjugação das velocidades entre os meios de pagamento e as necessidades
de pagamento para que ocorra o equilíbrio no sistema.
A simples implantação de um sistema de Fluxos não irá resolver
os problemas de liquidez da empresa, porém lhe permitirá um melhor
gerenciamento dos recursos e necessidades. O importante é acompanhar
comparando tais situações no dia a dia ou períodos a períodos.
2.3. INFORMAÇÕES PRELIMINARES PARA A ELABORAÇÃO
DO FLUXO DE CAIXA
Na elaboração do fluxo de caixa devemos partir das
informações coletadas dos diversos setores da empresa, seguindo o
cronograma de ingressos e desembolsos estabelecido e posteriormente
remetido ao departamento financeiro da empresa.
Para entendermos melhor o fluxo de caixa em função das
informações recolhidas para a sua elaboração, mostraremos abaixo um
fluxograma com os principais elementos envolvidos:
31
Fonte: Fluxo de Caixa - Uma Decisão de Planejamento e Controle Financeiros.
As seguintes informações de estimativas, de acordo com os
períodos de tempo, são úteis para a elaboração do fluxo de caixa, conforme
enfatiza Zdanowicz13.
• previsão de vendas, levando em conta as proporções de vendas a vista e a prazo; • projeção das compras e as condições de pagamento oferecidas pelos fornecedores; • levantamento das cobranças efetivas com os créditos a receber de clientes;
13 Ibidem, p. 131
32
• estabelecimento do período de abrangência do fluxo de caixa, de acordo com as necessidades, tamanho, organização e ramo de atividade; • previsão dos ingressos e desembolsos de caixa para o período estabelecido.
Com estes dados o setor financeiro deverá estar atualizado no
que diz respeito às mudanças que possam ocorrer no mercado, aliado a um
amplo conhecimento da situação econômica do país e do mundo.
Não esquecendo das projeções, pois, só através do
conhecimento do passado (o que ocorreu) se poderá fazer uma boa projeção
do Fluxo de Caixa para o futuro (próxima semana, próximo mês, próximo
trimestre, etc.). A compensação do Fluxo Projetado com o real vem indicar as
variações que, quase sempre, demonstram as deficiências nas projeções.
Estas variações são excelentes subsídios para aperfeiçoamento de novas
projeções de Fluxos de Caixa.
2.4. REQUISITOS BÁSICOS PARA O PLANEJAMENTO
Com o objetivo de obter resultados positivos com o seu fluxo de
caixa a empresa deve seguir alguns requisitos básicos para o seu
planejamento conforme descreve em seu livro o autor Zdanowicz14:
• buscar a maximização do lucro, possuindo certos padrões de segurança, previamente fixados; • assegurar ao caixa um nível desejado, a partir da constituição de reservas necessárias à empresa; • obter maior liquidez nas aplicações dos excedentes de caixa no mercado financeiro; • determinar o nível desejado de caixa, a partir das contas que compõem o disponível da empresa; • fixar limites mínimos, mediante às experiências adquiridas pela empresa, permitindo realizar os ajustes quando for necessário; • ainda que a empresa observe certos padrões de segurança, pode investir parte de seus recursos disponíveis, mas nunca além do mínimo necessário para as suas atividades.
14 Ibidem, p. 54
33
É importante na elaboração do fluxo de caixa, levar em conta
as oscilações que possam ocorrer e irão implicar em ajustes dos valores
projetados, mantendo assim a flexibilidade deste instrumento de trabalho.
Um dos principais pré-requisitos para o planejamento do fluxo
de caixa são os dados econômicos - financeiros que serão utilizados pelo
administrador financeiro. Estes dados deverão ser os mais corretos possíveis.
Na coleta das informações em outros departamentos da
empresa, é importante salientar a responsabilidade na coleta dos dados, que
sejam passadas informações claras e confiáveis.
A DFC (Demonstração do Fluxo de Caixa) propicia ao gerente
financeiro a elaboração de melhor planejamento financeiro, pois numa
economia tipicamente inflacionária não é aconselhável excesso de Caixa, mas
o estritamente necessário para fazer face aos seus compromissos. Através do
planejamento financeiro o gestor saberá o montante certo em que contrairá
empréstimos para cobrir a falta (insuficiência) de fundos, bem como quando
aplicar no mercado financeiro o excesso de dinheiro, evitando, assim a
corrosão inflacionária, proporcionando maior rendimento à empresa.
2.5. IMPLANTAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
A implantação do fluxo de caixa está ligada diretamente na
apropriação dos valores fornecidos e coletados pelos diversos setores da
empresa.
Mas, antes da implantação do fluxo de caixa na empresa, é
preciso seguir alguns requisitos básicos, que descrevemos abaixo:
34
• Apoio total da cúpula diretiva da empresa;
• Estabelecimento claro dos níveis de responsabilidade de
cada área da empresa;
• Integração total de todos os setores da empresa ao sistema
do fluxo de caixa;
• Definição dos responsáveis pela entrega, dentro do prazo
estabelecido dos formulários;
• Treinamento do pessoal envolvido na implantação do fluxo
de caixa;
• Comprometimento dos responsáveis de cada área.
35
Após os requisitos básicos forem todos efetuados, o gestor
financeiro, deverá implantar o fluxo de caixa, que consiste basicamente em
estruturar as estimativas de cada unidade monetária em dois grandes itens: o
planejamento dos ingressos e o planejamento dos desembolsos, ou seja, como
ocorrerão estes ingressos e desembolsos, qual o período de maior entrada no
caixa, ou em que período a empresa terá escassez de ingressos.
Desta forma, os ingressos e desembolsos poderão ser
subdivididos em fluxo operacional e fluxo extra - operacional.
• FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL
É composto por itens, que estão ligados diretamente a
atividade real da empresa. Os principais tipos de ingressos operacionais são as
vendas à vista, recebimentos, descontos, cauções e cobranças das duplicatas
de vendas a prazo efetuadas pela empresa.
Quanto aos desembolsos operacionais estão relacionados com
a compra de matéria - prima, á vista e a prazo, salários e ordenados, custos
indiretos de fabricação, despesas administrativas, despesas com vendas,
despesas financeiras e despesas tributárias.
• FLUXO DE CAIXA EXTRA - OPERACIONAL
Compreende os ingressos e os desembolsos de itens que não
estão ligados à atividade principal da empresa, tais como: imobilizações,
vendas de itens do ativo permanente, receitas financeiras, aluguéis recebidos
ou pagos, amortizações de empréstimos ou de financiamentos, pagamentos de
contraprestações.
Dois destes itens merecem maior destaque:
36
As amortizações que compreendem os pagamentos de
empréstimos de longo prazo, geralmente concedidos com garantia de bens dos
sócios ou da empresa.
A fim de facilitar a projeção destes desembolsos, recomenda-
se uma planilha de acompanhamento para cada contrato assinado pela
empresa com as instituições financeiras, bem como a projeção das parcelas
com os seus respectivos valores e as datas de vencimento.
Quanto à projeção das imobilizações, deve ser elaborada pela
administração da empresa. Como se tratam de aplicações, é preciso ter
precaução, a fim de não se deslocar e congelar recursos que poderiam ser
usados no capital de giro da empresa.
É preciso salientar que as informações, até este estágio
apresentado devem refletir a posição do fluxo de caixa da empresa em cada
período.
Empresas que apresentam situação de desequilíbrio financeiro
devem se reestruturar, planejando para cada período o pagamento de uma
parcela que por ventura esteja em atraso. Desta forma, estará recuperando
uma posição de liquidez normal. Uma situação de atrasos de pagamentos
compromete seriamente o sucesso do fluxo de caixa.
2.5.1. Fluxo de caixa realizado e projetado
a) Fluxo de caixa realizado – a finalidade do fluxo de caixa
realizado é mostrar como se comportaram as entradas e
saídas de recursos financeiros da empresa em determinado
período.
37
O fluxo de caixa realizado pode ser apresentado por meio de duas
formas: pelo método direto e pelo método indireto (ver anexo quadros 2 e 3).
38
b) Fluxo de caixa projetado – o objetivo
principal do fluxo de caixa projetado é informar como se
comportará o fluxo de entradas e saídas de recursos
financeiros em determinado período, podendo ser projetado a
curto ou a longo prazo. A curto prazo, busca-se identificar os
excessos de caixa ou a escassez de recursos dentro do
período projetado, para que, por meio dessas informações, se
possa traçar uma adequada política financeira. A longo prazo,
o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis
excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras
informações importantes, como:
• verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos necessários para costear suas operações;
• determinar o capital em giro no período; • determinar o índice de eficiência financeira da empresa; • determinar o grau de dependência de capitais de terceiros
da empresa.
Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais
operações que vão provocar entradas e saídas de dinheiro já foram realizadas
e a empresa trabalha com relativo grau de certeza dos recebimentos e/ou
pagamentos dentro do período.
2.5.2. Fluxo de Caixa Operacional, de Bens de Capital, do Acionista e Financeiro
O Fluxo de Caixa de uma empresa deve conter detalhamento
que permita a adequada análise das informações contidas. Um fluxo de caixa,
não adequadamente estruturado, leva a empresa à não entender, não analisar
e não decidir adequadamente sobre sua liquidez. Com isso, é importante
distinguir os seguintes aspectos:
39
Fluxo de Caixa da Tesouraria – é elaborado pelo tesoureiro da
empresa, disponível em termos de informações previstas e realizadas com
base em entradas de cobrança ou vendas a vista e em compromissos a
cumprir. Tem um nível de precisão diário, sua projeção tem por objetivo dispor
dos valores de entradas e saídas que possam ser acompanhadas diariamente
quando obtido o realizado.
40
Fluxo de Caixa Contábil – é elaborado por meio das
demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de
Resultados). Seu nível de precisão está ligado ao horizonte de repetitividade da
avaliação dos resultados: mensal, semestral, anual etc., sua preocupação
reside na sobra ou valor líquido entre entradas e saídas de recursos.
Fluxo de caixa diário: os diversos componentes
41
Desta maneira, o quadro fluxo de caixa diário ilustra a
estruturação do fluxo de caixa em:
Operacional: neste modelo deve conter como entradas as
cobranças de vendas dos produtos/serviços gerados e comercializados e as
saídas, por sua vez, devem conter os elementos que estão ligados à geração,
administração e comercialização de produtos como: salários, pagamentos a
fornecedores, gastos com serviços diversos etc.
Permanente: são fluxos ligados aos investimentos no
permanente da empresa.
Acionistas: indicam os fluxos que de alguma forma afetam o
acionista e que são derivados de decisões de capitalização, bem como
distribuição de lucros ou redução de capital.
Financeiro: neste caso, eqüaliza o somatório dos demais
fluxos, sendo que no caso de sobra de recursos, existe saída para a aplicação,
e no caso de falta de recursos no caixa, existem resgates de investimentos
realizados pela empresa.
2.6. FATORES QUE AFETAM O FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa de uma empresa é afetado por uma série de
fatores, que podem ser internos ou externos. O administrador financeiro deve
estar atento, acompanhando a evolução observada no fluxo de caixa, para
tomar medidas corretivas em tempo hábil, de forma a minimizar o impacto nas
contas da empresa. Conforme define Guerrero15:
15 GUERREIRO, Barbiere. Lucro Inflacionário e Fluxo de Caixa. Caderno de Estudo. São Paulo: Fip e Cafi, v.8 jan/jun, 1996.
42
• FATORES INTERNOS 1. Expansão descontrolada das vendas, aumentando o volume de compras e os custos operacionais; 2. Aumento no prazo de vendas, como forma de aumentar seu grau de competitividade ou aumentar a participação no mercado; 3. Compras em volume incompatíveis com as projeções de vendas; 4. Ciclos de produção longos e incompatíveis com o prazo médio concedido pelos fornecedores; 5. Giros do estoque lento, significando o aumento de produtos obsoletos ou de difícil venda, imobilizando recursos da empresa no estoque; 6. Aumento do nível de inadimplência.
• FATORES EXTERNOS 1. Diminuição das vendas, causadas por retração do mercado; 2. Aumento da concorrência, devido a entrada de novos concorrentes no mercado; 3. Aumento nas alíquotas dos impostos; 4. Aumento geral do nível de inadimplência, causado por fatores como por exemplo, o aumento das taxas de juros.
43
44
3. FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA NA
TOMADA DE DECISÕES
Todos sabemos que o caixa é o coração de uma empresa. Por
ele passam todos os procedimentos de cunho operacional: recebimento de
vendas, aplicações e outros pagamentos de compromissos, investimentos,
imobilizações, e outros.
O fluxo de caixa apresenta-se como uma ferramenta de aferição e
interpretação das variações dos saldos do Disponível da empresa. É o produto
final da integração do Contas a Receber com o Contas a Pagar, de tal forma
que, quando se comparam as contas recebidas com as contas pagas, tem-se o
fluxo de caixa realizado e, quando se comparam as contas a receber com as
contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado,
Fluxo de caixa (integração das contas a receber com o contas a pagar)
O fluxo de caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira
da empresa. É imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao
gestor uma radiografia permanente das entradas e saídas de recursos
financeiros da empresa. Todavia, pode-se afirmar que o fluxo de caixa é um
45
instrumento de controle e análise financeira que, juntamente com as demais
demonstrações contábeis, torna-se efetivamente um instrumento de apoio à
tomada de decisões de caráter financeiro.
Estas simples declarações refletem a importância do fluxo de
caixa como instrumento de análise e de tomada de decisões.
Muitas vezes o capital de giro da empresa não está compatível
com o negócio. Por isso, há a necessidade de um perfeito gerenciamento do
fluxo de caixa, que permite ao administrador financeiro projetar o dia-a-dia e
fazer provisões necessárias para enfrentar a escassez ou mesmo a
abundância de recursos.
Conforme afirma GUERREIRO16: "a gestão tem sido
caracterizada pelos estudiosos da administração com um processo de tomadas
de decisão. A gestão existe, portanto, em função da necessidade de tomar
decisões".
Infelizmente, ainda encontramos empresários que defendem a
tese do aumento das vendas como sendo a resolução para os problemas de
caixa da empresa.
Desta forma a empresa terá que comprar matéria prima, haverá
a necessidade do financiamento das vendas, aumento do estoque, etc. Se o
lucro não for suficiente para cobrir o capital de giro necessário ao incremento
dos negócios, o caixa com certeza diminuirá.
Ou, seja, o fluxo de caixa existe para que situações como esta
não aconteçam levando a empresa a ter sérios problemas de caixa. O fluxo de
16 GUERREIRO, Barbiere. Lucro Inflacionário e Fluxo de Caixa. Caderno de Estudo. São Paulo: Fip e Cafi, v.8 jan/jun, 1996.
46
caixa não pode ser um substituto da contabilidade na empresa, mais sim um
indispensável complemento para a tomada de decisões empresariais.
3.1. FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE
PLANEJAMENTO
Em todos os segmentos empresariais o planejamento é
fundamental. Não importa a área de atuação ou o setor da empresa. Não é
diferente quando se planeja o fluxo de caixa.
De acordo com ZDANOWICZ17: "Os erros e os problemas
decorrentes da utilização do planejamento são, provavelmente maiores que os
resultantes das estimativas realizadas previamente pela empresa em seu plano
geral de operações".
Uma das tarefas mais importantes do administrador financeiro
é planejar. Se não for realizado um planejamento prévio das atividades, o
gestor financeiro corre o risco de ser pego de surpresa, colocando a empresa
em sérias dificuldades e até mesmo levando-a à falência. A vida da empresa
não pode ser uma aventura expondo-a aos acontecimentos futuros incertos,
sem um mínimo de planejamento e de controle financeiro.
É papel do administrador financeiro verificar e analisar se o que
foi planejado está sendo realizado. Desta forma, se o que foi estimado não
estiver de acordo, caberá ao mesmo rever as metas e os objetivos traçados, a
fim de que a empresa acompanhe as mudanças que por ventura ocorrerem.
17 ZDANOWICZ, op. Cit. p. 24
47
Relatam ROSA e SILVA18: "Os planos financeiros e
orçamentos fornecem roteiros para atingir os objetivos da empresa. Além disso,
esses veículos oferecem uma estrutura para coordenar as diversas atividades
da empresa [...]".
Gitman19 (1997, p.81-82) demonstra a existência de três
fontes dos fluxos de capital dentro da empresa, os quais facilitam o
planejamento de caixa, que são:
a) Fluxo Operacional – são os fluxos ligados diretamente
com a produção e venda dos produtos e serviços da
empresa, refletindo a demonstração de resultado e as
transações das contas circulantes, excluindo-se os títulos a
pagar, ocorridas em determinado período.
b) Fluxo de Investimento – são fluxos de caixa
associados com a aquisição e venda de ativos
imobilizados, e participações societárias.
c) Fluxo de Financiamento – são fluxos resultantes de
operações de empréstimo, financiamentos e capital
próprio.
Um planejamento cuidadoso promove uma melhor utilização
dos recursos financeiros, prevendo não só um eventual déficit, como também
um possível superávit.
18ROSA. Paulo Moreira da. SILVA. Almir Teles. Fluxo de Caixa: Instrumento de Planejamento e Controle Financeiro e Base de Apoio ao Processo Decisório.Trabalho apresentado no XVI Congresso Brasileiro de Contabilidade. Goiânia. Out. 2000. 19 Ibidem, p 81
48
3.2. FLUXO DE CAIXA COMO FERRAMENTA DE CONTROLE
DAS OPERAÇÕES
As operações financeiras que normalmente influenciam a
projeção do fluxo de caixa classificam-se de várias formas, de acordo com a
ótica que se pretende analisá-las. Podemos descrever as mais comuns:
● QUANTO ÀS CARACTERÍSTICAS
Classificam-se, segundo as suas características, as operações
financeiras:
• operações bancárias comuns: são os descontos de
duplicatas, cobranças de títulos e adiantamentos com
garantias de duplicatas;
• operações bancárias especiais: consistem em
financiamentos das vendas a prazo, empréstimos com
penhor mercantil.
• operações de financiamento: captação de recursos a longo
prazo, que são realizadas em instituições financeiras de
fomento e no mercado de capitais.
● QUANTO AOS PRAZOS DE LIQUIDAÇÃO
Estas operações resultam das entradas de capital e
constituem-se em débitos da empresa. São registrados como empréstimos ou
financiamentos passivos. Nas empresas em que há saídas de capital e
formação de créditos, registram-se como operações ativas.
49
Ou seja, o fluxo auxiliará o gestor financeiro a controlar todas
as operações financeiras que existem em uma empresa. Com o fluxo de caixa
em mãos o administrador financeiro poderá, por exemplo, observar se o
volume de compras está compatível com o volume de vendas.
Poderá ainda detectar os períodos em que existe a oscilação
das vendas, analisando as causas e buscando alternativas capazes de fazer
com que o reflexo disto seja o menor possível para a empresa.
3.3- ANÁLISE FINANCEIRA DO FLUXO DE CAIXA
O fluxo de caixa é um grande aliado do administrador
financeiro tornando-se ferramenta indispensável na tomada de decisões. Para
tanto é necessário que o administrador financeiro busque alternativas para
fazer com que as decisões tomadas sejam as mais corretas possíveis.
Analisaremos um modelo de fluxo de caixa de uma empresa
fictícia, aplicando análises vertical, horizontal e trabalhando alguns índices,
comparando alguns itens dentro do fluxo de caixa.
3.3.1. Análise Horizontal
Segundo define o autor HUGO20: “a análise horizontal é
determinada pela tendência dos valores absolutos ou relativos das diversas
grandezas monetárias, apurando-se o percentual de crescimento ou declínio de
valores de uma mesma conta ou grupo de contas, entre duas datas ou
períodos considerados”.
20 BRAGA, Hugo Rocha. Demonstrações Contábeis. 4. ed. São Paulo: Atlas. 1999, 132p.
50
Ou seja, a análise horizontal compara a evolução dos valores
de uma mesma conta em períodos diferentes, desta forma permite verificar as
diferentes variações incorridas nos períodos.
3.3.1.1. Estudo de caso
Tomando-se um fluxo de caixa de uma empresa fictícia,
procederemos às análises acima citadas, onde verificaremos o comportamento
da situação financeira.
Utilizaremos o critério de comparar o período analisado com o
período anterior.
FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (ANÁLISE HORIZONTAL)
CONTAS 2004 2005 AH 2006 AH
Faturamento 1.035.583,10 1.217.465,10 1.18 1.280.420,06 1.05
INGRESSOS
Recbto de Duplicatas 996.126,28 1.195.351,54 1.20 1.255.119,11 1.05
Outros Recebimentos 2.356,00 1.249,00 0.53 2.356,00 1.89
TOTAL 998.482,28 1.196.600,54 1.20 1.257.475,11 1.05
DESEMBOLSOS
Salários e Encargos 92.670,00 100.083,60 1.08 160.133,76 1.60
Fornecedores 550.824,63 633.448,32 1.15 684.124,19 1.08
Impostos s/ Venda 92.871,52 111.445,82 1.20 117.018,12 1.05
IRRJ e CS 18.420,28 22.104,34 1.20 23.209,55 1.05
Despesas 145.942,50 159.077,33 1.09 163.849,64 1.03
51
TOTAL 900.728,93 1.026.159,41 1.14 1.148.335,26 1.12
GERAÇÃO 97.753,35 170.441,13 1.74 109.139,85 0.64
INVESTIMENTOS 8.965.00 12.560,00 1.40 4.580,00 0.36
RECEITA FINANCEIRA 560,00 1.230,00 2.20 890,00 0.72
FLUXO LÍQUIDO 89.348,35 159.111,13 1.78 105.449,85 0.66
SALDO 98.560,00 257.671,13 2.61 363.120,98 1.41
Fonte: Empresa Fictícia ● FATURAMENTO
No período de 2005, observamos uma variação de 18%, já no
período de 2006, houve variação de 5%, prováveis causas desta redução:
retração do mercado, qualidade do produto, entrada de novos concorrentes no
mercado, maior exigência na concessão de crédito, entre outros, sendo
obrigação dos responsáveis detectar as causas dessa redução.
● RECEBIMENTOS
Verificamos que no ano de 2005, ocorreu uma variação positiva
de 20%, e em 2006 de 5%, variações estas nos mesmos níveis do faturamento.
Analisando os dois itens do fluxo de caixa, aqui abordados,
detectamos uma situação preocupante no ano de 2006, pois observa-se
desempenho negativo nas vendas e nos recebimentos, indicando uma atuação
rígida dos responsáveis.
● DESEMBOLSOS
No período de 2005 verificou-se um aumento de 14%, e no
período de 2006 um aumento de 12%. Situação aparentemente normal, mas se
comparando a evolução do faturamento no mesmo período, observa-se
problemas, pois o faturamento conforme já comentado, teve variação negativa.
52
3.3.2- Análise Vertical
Define DANTE21:”análise vertical baseia-se em valores
percentuais das demonstrações financeiras. Para isso calcula-se o percentual
de cada conta em relação a um valor base”.
Concluímos que a análise vertical compara as diversas contas
de uma demonstração financeira, com uma respectiva conta.
No caso do fluxo de caixa é de suma importância calcular-se
em relação ao total de ingressos incorridos no período, uma vez que estes, os
ingressos, é que determinam o potencial da capacidade de pagamento,
conhecendo os possíveis problemas que ocorrem no dia a dia da empresa, em
algumas situações comprometendo o cumprimento das obrigações assumidas.
3.3.2.1. Estudo de caso
Iremos desconsiderar o item faturamento, por entendermos ser
importante comparar os diversos componentes do fluxo de caixa, com o total
de desembolsos obtidos.
FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL (ANÁLISE VERTICAL)
CONTAS 2004 AV 2005 AV 2006 AV
INGRESSOS
Recbto de Duplicatas 996.126,28 1.195.351,54 1.255.119,11
Outros Recebimentos 2.356,00 1.249,00 2.356,00
TOTAL 998.482,28 1.196.600,54 1.257.475,11
21 MATARAZZO, Dante C. ANÁLISE FINANCEIRA DE BALANÇOS. São Paulo: Atlas.1994, 251p.
53
DESEMBOLSOS
Salários e Encargos 92.670,00 9.28 100.083,60 8.36 160.133,76 12.73
Fornecedores 550.824,63 55.17 633.448,32 52.94 684.124,19 54.40
Impostos s/ Venda 92.871,52 9.30 111.445,82 9.31 117.018,12 9.31
IRRJ e CS 18.420,28 1.84 22.104,34 1.85 23.209,55 1.85
Despesas 145.942,50 14.62 159.077,33 13.29 163.849,64 13.03
TOTAL 900.728,93 90.21 1.026.159,41 85.76 1.148.335,26 91.32
GERAÇÃO 97.753,35 9.79 170.441,13 14.24 109.139,85 8.68
INVESTIMENTOS 8.965.00 0.90 12.560,00 1.05 4.580,00 0.36
RECEITA FINANCEIRA 560,00 0.06 1.230,00 0.10 890,00 0.07
FLUXO LÍQUIDO 89.348,35 8.95 159.111,13 13.30 105.449,85 8.39
SALDO 98.560,00 257.671,13 363.120,98
Fonte: Empresa Fictícia
● DESEMBOLSOS
No período de 2004 verificou-se a relação de 90,21% com os
recebimentos do período; em 2005 houve uma redução para 85,76%; voltando
a aumentar em 2006, ficando em 91,32%. Observa-se um desempenho
positivo no período de 2005, mas esta melhora deveu-se ao aumento nos
recebimentos, pois os desembolsos aumentaram em valores absolutos.
● FORNECEDORES
Verificamos que o maior percentual do total de desembolsos
analisado nos três períodos, esta relacionado com os desembolsos para
fornecedores com uma variação pequena em relação aos períodos analisados.
54
● SALÁRIOS E ENCARGOS
Verifica-se que no ano de 2006 ocorreu um aumento
significativo de desembolso de caixa, para pagamento de salários e ordenados,
devido a provável admissão de novos funcionários, ou ainda, um possível
aumento nos salários dos atuais empregados.
● INVESTIMENTOS
Observamos que no ano de 2006, ocorreu uma redução no
que diz respeito a investimentos, talvez em função que neste período houve um
aumento significativo nos demais desembolsos de caixa, impossibilitando a
empresa de fazer novos investimentos.
3.3.3- Análise Através de Índices
Na análise do fluxo de caixa o administrador financeiro poderá
criar alguns índices que o auxiliarão na tomada de decisões. Poder comparar
as principais subdivisões de um fluxo de caixa, como por exemplo, a relação
entre o total de desembolsos com o total de ingressos, ou ainda a relação das
despesas com o total de ingressos, entre outros.
Com estes índices em mãos, pode-se visualizar qual foi o
comportamento financeiro nos períodos analisados.
55
3.3.3.1. Estudo de caso
● RECEBIMENTOS EM RELAÇÃO AO FATURAMENTO
RD/F
Onde: RD: recebimentos de duplicatas
F: faturamento
2004= 996.126,28/1.035.583,10= 0.96
2005= 1.195.351,54/ 1.217.465,10= 0.98
2006= 1.255.119,11/ 1.280.420,06= 0.98
Verificou-se uma inadimplência nos três períodos analisados.
Considerando a situação econômico-financeira do mercado, os índices
encontrados são tidos como aceitáveis, mas que não dispensa atuação mais
firme do departamento de cobrança, uma vez que está acumulando a cada
período.
● SALÁRIOS E ENCARGOS EM RELAÇÃO AO DESEMBOLSO TOTAL
SE/DT
Onde:
SE: salários e encargos
DT: desembolso total
2004= 92.670,00/ 900.728,93= 0.10
2005= 100.083,60/1.026.159,41= 0.10
2006= 160.133,76/1.148.335,26= 0.11
56
Analisando salários e encargos com relação ao desembolso
total, em valores absolutos, percebe-se um aumento a cada período, mas
comparando-se com o total do desembolso, verifica-se um equilíbrio, pois este
também aumentou, mantendo a proporção.
● FORNECEDORES EM RELAÇÃO AO FATURAMENTO
FO/FA
Onde:
FO: fornecedores
FA: faturamento
2004: 550.824,63/1.035.583,10= 0.53
2005: 633.448,32/1.217.465,10= 0.52
2006: 684.124,19/1.280.420,06= 0.53
Observa-se a constante do desembolso com fornecedores em
relação ao faturamento, fato este justificado pela provável necessidade de
compra de matéria-prima para gerar maior faturamento.
57
CONCLUSÃO
O estudo das teorias acima nos remete a importância do fluxo
de caixa como instrumento tático e estratégico na gestão. Seu propósito
primário é promover informação sobre os recebimentos e pagamentos de caixa
de uma entidade, durante um período. Um objetivo secundário é prover
informação aproximada das atividades operacionais, atividades de investimento
e atividades de financiamento da entidade durante o período; em curso ou
projetado.
O fluxo de caixa já se tornou uma eficiente ferramenta na
tomada de decisões, auxiliando o administrador financeiro no controle das
operações da empresa. Todo o sistema operacional de uma empresa possui
implicações econômico-financeiras, pois obriga a empresa a planejar e
controlar as suas atividades. Decisões que devem ser tomadas são analisadas
em decorrência das posições de caixa atual e projetada, o que é essencial.
Cabe ao administrador financeiro controlar o nível de caixa,
possibilitando que a empresa cumpra seus compromissos em dia. Quando a
empresa estiver operando com déficit, é função do administrador financeiro
buscar alternativas de financiamento com taxas sustentáveis, possibilitando o
equilíbrio do caixa. Fica evidente, então, que a função do administrador
financeiro não é a de tesoureiro, mas é a administração dos recursos
financeiros de forma eficaz e eficiente.
Conclui-se que a determinação do nível de caixa poderá
representar a diferença entre o sucesso e o fracasso da empresa. Acrescenta-
se que as ferramentas obtidas a partir da informática têm facilitado bastante o
planejamento e o controle do fluxo de caixa da empresa, nos dias de hoje.
58
Atualmente, fala-se muito em qualidade de produtos e serviços
da empresa. Na realidade, qualidade deve estar presente em todos os setores
da empresa. Em termos de fluxo de caixa depende de várias atividades,
setores, departamentos, diretorias, etc., pois elas irão compor para o todo. Se
não houver qualidade total em todas as áreas, pouco adiantará termos um
apurado sistema de planejamento e controle de fluxo de caixa.
O importante é saber que o Fluxo de Caixa oferece o acompanhamento
das diversas situações dia-a-dia ou de períodos em períodos, tanto para as
grandes como para as pequenas empresas.
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Giro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1007.
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Alegre: Copyright, 1989.
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Atlas. 1999.
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no endereço: http://www.sul-sc.com.br/afolha/pag/educa_cont.htm.
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Executivo. São Paulo: Edicta, 1998.
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Financeiro Para a Pequena Empresa 2003 (Mestrado em Engenharia de
Produção) Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção,
UFSC, Florianópolis.
7- GUERREIRO, Barbiere. Lucro Inflacionário e Fluxo de Caixa. Caderno de
Estudo. São Paulo: Fip e Cafi, v.8 jan/jun, 1996.
8- GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 7. ed.
São Paulo: Harbra, 1997
9- LUDÏCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Comercial. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1986.
60
10- MARTINS, E Contabilidade vs Fluxo de Caixa Caderno de Estudo
FIPECAFI, São Paulo: 1990
11- MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanços. São Paulo:
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12- ROSA. Paulo Moreira da. SILVA. Almir Teles. Fluxo de Caixa:
Instrumento de Planejamento e Controle Financeiro e Base de Apoio ao
Processo Decisório.Trabalho apresentado no XVI Congresso Brasileiro de
Contabilidade. Goiânia. Out. 2000.
13- ROSS, Stephen A .WESTERFIELD, Randolph W. JAFFE, Jeffrey F.
Administração Financeira. São Paulo: Atlas, 1995.
14- ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa - Uma Decisão de
Planejamento e Controle. 8ª- ed. São Paulo: Sagra. 2000.
61
ANEXOS
62
FIGURA 1
FLUXO DE CAIXA PROJETADO
63
FIGURA 2
64
FIGURA 3