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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
FMEA APLICADA EM UMA DISTRIBUIDORA DE
PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Fabiane da Costa Silva
Santa Maria, RS, Brasil
2014
FMEA APLICADA EM UMA DISTRIBUIDORA DE
PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA
POR
Fabiane da Costa Silva Trabalho de conclusão de curso de
graduação apresentado ao Centro de
Tecnologia da Universidade Federal de
Santa Maria, como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia de Produção.
Orientador(a): Morgana Pizzolato
Santa Maria, RS, Brasil
2014
FMEA APLICADA EM UMA DISTRIBUIDORA DE
PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA
FABIANE DA COSTA SILVA (UFSM) [email protected]
MORGANA PIZZOLATO (UFSM) [email protected]
O presente artigo trata da utilização da técnica FMEA, para auxiliar uma distribuidora de
produtos na melhoria de seus processos internos para que esta preste serviços de qualidade.
O estudo de caso foi feito em uma empresa distribuidora de produtos de higiene e limpeza,
onde se abordou as etapas das operações desde o contato com o cliente até o envio dos
produtos aos mesmos. Com o uso da técnica FMEA identificou-se diferentes modos
potenciais de falha e causas potenciais, com base nas causas potenciais pode-se identificar as
oportunidades de melhoria, as que foram implantadas pela empresa, fizeram com que os
valores de risco sofressem alterações significativas. Para as ações não implantadas foi feito
um recalculo supondo que as mesmas tivessem sido implementadas, fazendo assim com que
os valores de risco alterassem em todas as causas potencias. Isso mostrou que a implantação
de parte das ações de melhoria é o primeiro passo para as modificações necessárias pela
empresa, porém necessitam ser inseridas de forma cultural na empresa, buscando a melhoria
continua dos serviços, para que falhas internas não atinjam os clientes.
Palavras-chave: FMEA; QUALIDADE; SERVIÇO; DISTRIBUIDORA
This paper discusses the use of FMEA to assist a distributor of products, to improve the
internal processes for providing quality services. The case study was conducted in a
distributor of cleaning and hygiene products, where it approached the steps of the operations
from the customer contact to sending the product to them. Using the FMEA technique we
identified different potential failure modes and potential causes, based on the potential causes
can identify opportunities for improvement, which were implemented by the company, meant
that the risk values have significant alterations. Actions that have not been implemented was
made a recalculation assuming they had been implemented, thus making the risk values
altered at all potential causes. This showed that the implementation of part of the
improvement actions is the first step in the necessary modifications for the company, but they
need to be culturally implemented in the company, seeking continuous improvement of
services to internal failures that do not affect customers.
Keywords: FMEA; QUALITY; SERVICES; SUPPLY
1. Introdução
No decorrer do dia-a-dia usamos diferentes tipos de serviços, podendo ser serviços
produtivos, de distribuição de bens, sociais e pessoas entre outros. De acordo com o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (2009), o setor terciário (que
envolve atividades de comercio e de serviço) tem sua crescente relevância na economia
brasileira, pois é o que mais geram emprego e renda na economia brasileira.
No mês de junho de 2014, o setor de serviços registrou um crescimento de 5,7% em
comparação no mesmo mês do ano anterior, representando o setor de maior peso no Produto
Interno Bruto (PIB) e ganhando importância na economia devido ao acesso a novos
consumidores de diferentes classes, além de ser um setor de expansão da renda e do emprego
(Instituto Brasileiro de Pesquisa e Geografia, 2014).
O segredo para o sucesso de uma organização depende do seu nível de comprometimentos
com a qualidade dos seus serviços prestados, visando satisfazer a exigência dos seus
consumidores, e isso só seria possível com base em um ótimo desempenho das pessoas que
são responsáveis por estes serviços, envolvendo também a satisfação e expectativa da pessoa
que presta o serviço e das outras com as quais se relaciona (MOLLER, 1993).
Com base nesse fato, identifica-se a importância da qualidade nos serviços prestados, assim
como nos processos em si. Vê-se a qualidade de cada tarefa executada como um diferencial
para o setor de serviços, pois o consumidor busca por melhoria continua nos produtos e nos
serviços executados. As pessoas acreditam que a qualidade esta relacionada ao produto final,
no entanto, ela deve ser mantida em cada etapa do processo de execução de um serviço, para
que possíveis erros internos não afetem o cliente (PEREIRA, 2014).
Empresas de distribuição estão diretamente relacionadas com a qualidade nos serviços
prestados, pois as atividades envolvidas, como recepção, estocagem, separação, expedição e
transporte, fazem com que a confiabilidade no processo seja fundamental (ATAMANCZUK,
et al., 2008). Entre os processos, destaca-se o de separação que pode ser estritamente manual,
consequentemente a tendência a falhas é grande, como o envio de produtos errados, produtos
faltantes, essas falhas além de comprometer a qualidade do serviço afetam a imagem da
empresa (OLIVEIRA, et al., 2011).
Considerando estas características, o provedor do serviço deve buscar desenvolver um
processo que seja à prova de erros. Como a inspeção prévia do serviço não pode ser efetuada,
e como as ações corretivas apenas são aplicadas após o erro ter sido cometido e o cliente estar
insatisfeito, o provedor deve utilizar ferramentas de prevenção que estudem os pontos críticos
onde podem ocorrer falhas no processo e fazer previamente as mudanças necessárias, de
forma a eliminar as possíveis causas de erros (ROTONDARO, 2002).
A técnica FMEA utiliza uma sequencia sistemática de avaliar as possíveis falhas que o
sistema ou processo está sujeito, além de identificar como elas podem vir a ocorrer e como
poderiam ser detectadas antes ou após atingirem os clientes, por meio destes requisitos a
ferramenta indica qual modo de falha deve ser priorizado, devido seu maior risco ao cliente
(FERNANDES, 2005).
Sabe-se que a utilização das ferramentas de qualidade abrangendo os ciclos PDCA
(planejamento, execução, verificação e ação) e DMAIC (definir, medir e analisar) são usadas
para a melhoria nos processos de uma empresa. Este trabalho busca uma visão diferente de
melhoria nos processos internos de uma empresa, para isso foi utilizada a FMEA buscando
antecipar falhas que possam ocorrer, assim como soluções para as falhas já existentes. A
FMEA se diferencia das demais opções de ferramentas, pois pode trazer a empresa um melhor
conhecimento dos problemas nos processos e gera uma forma sistemática de hierarquizar as
informações sobre as falhas priorizando as melhorias necessárias (FERNANDES, 2005).
Com isso, chega-se a questão de pesquisa: como auxiliar uma distribuidora de produtos na
melhoria de seus processos internos para que esta preste serviços de qualidade? Dessa forma,
esse trabalho visa utilizar a FMEA de serviços para identificar modos de falha e causas
potenciais de falha e propor ações que neutralizem as causas identificadas. Para isso este
artigo terá sua contribuição prática, visando à solução dos problemas encontrados na realidade
com base em dados e informações coletadas em uma empresa.
Tem-se como objetivo deste trabalho aplicar a FMEA em uma empresa de serviços
distribuidora de produtos de higiene e limpeza como forma de melhorar a qualidade de seus
processos internos. Esse trabalho se justifica primeiramente para o pesquisador, por agregar
conhecimento teórico e prático quanto à metodologia da ferramenta FMEA de serviços, para a
empresa agrega conhecimento do processo da empresa, da ferramenta FMEA e do seu
potencial, além de ter a oportunidade de identificação de problemas e proposição de soluções.
Na sequencia do artigo são apresentadas a seção de referencial bibliográfico com conceitos de
Qualidade, Serviços, Qualidade em serviço e Análise de Modo e Efeito de Falha (FMEA),
após a seção de procedimentos metodológicos com a metodologia adotada para realizar a
pesquisa, após a seção de resultados com o estudo de caso detalhado da utilização da
ferramenta FMEA e por fim a conclusão do trabalho.
2. Referencial teórico
O referencial teórico foi confeccionado para embasar os conceitos necessários à realização
deste trabalho. Dessa forma são conceituados os temas Qualidade, Serviços, Qualidade em
serviço e FMEA (Análise e Modo dos Efeitos de Falhas).
1. Qualidade
O conceito de qualidade sofreu uma grande evolução ao longo dos anos, seu papel ultrapassou
o simples controle ou inspeção e converteu-se em um dos pilares da estratégia global de uma
empresa, garantindo a qualidade no processo de produção para buscar evitar a fabricação de
produtos defeituosos (CUATRECASAS, 2005).
A qualidade deixou de ser considerada como sinônimo de perfeição técnica, mas também
passou a ser considerada como o grau de adequação aos requisitos do cliente. Assim, a
qualidade passou a ser conceituada como satisfação do cliente quanto à adequação do produto
ao uso (CARPINETTI, et al., 2007).
Entre seus diversos significados, dois são essenciais para o planejamento estratégico de uma
empresa: o desempenho do produto, o qual faz referencia a elementos como, por exemplo, a
rapidez de atendimentos as solicitações dos clientes e a eficácia das campanhas publicitárias e
a ausência de deficiências que busca a perfeição em longo prazo, impossibilitando a
insatisfação com o produto (JURAN, 1995).
Também pode ser definida com relação ao consumo, pois pode ser considerada como uma
relação entre cliente e mercado, com a finalidade de diminuir os defeitos em uma área restrita.
Com isso, a qualidade pode ser definida como um diferencial e um elemento básico de
manutenção para as organizações (CARVALHO, et al., 2005).
Em uma versão diferente no que se refere qualidade, Deming (2005) coloca que ela deve ser
definida em função do sujeito. Na mente do operário, ele fabrica qualidade, para ele a má
qualidade representa perda de negocio e possivelmente de seu trabalho, já a boa qualidade se
dá ao fato da empresa seguir no negócio. Para o gerente, a qualidade significa atingir metas e
atender as especificações, incluindo atividades como melhorias de processos.
Para Larrea (1991) a qualidade não é um conceito com um fim estabelecido, em um sentido
que se possa determinar um nível ótimo como meta a alcançar. A melhoria da qualidade é um
processo que não tem fim, sempre se pode melhorar o nível de qualidade alcançado.
A qualidade de um produto ou um serviço é aquele que atende de diferentes formas as
necessidades do cliente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo. Isso faz com
que o cliente tenha preferência pelo produto ou serviço ofertado que atendam suas
necessidades da melhor forma possível (CAMPOS, 2004).
2. Serviços
A tendência de comercialização de serviços, que antes era considerada atividades de apoio,
ajudou nas estatísticas de crescimento dos serviços, o que fez com que elevasse sua
importância, pois se tornou um elemento de diferenciação competitiva, fazendo assim com
que ocorresse uma busca por melhorias por parte das empresas de serviços (GIANESI;
CORREA, 1994).
De acordo com Larrea (1991) serviço é um termo que pode ter diferentes significados, entre
os quais pode ser definido como um conjunto de prestações de serviços auxiliares de natureza
quantitativa ou qualitativa que acompanham a prestação de serviço principal. Já Horovitz
(1993), divide o serviço em duas dimensões, primeiramente na prestação do serviço
proporcionado, que esta diretamente relacionada com o que o cliente procura. A segunda
dimensão é definida pela experiência vivida pelo cliente no momento em que consome o
serviço, ou seja, como o serviço é fornecido.
Segundo Gianesi e Correa (1994), uma oferta de serviço pode incluir diferentes componentes,
os quais visam facilitar a utilização de bens, assim como explicitar benefícios físicos e
incorporar benefícios psicológicos, além disso, pode-se incluir que o produto oferecido em
uma empresa de serviço é considerado componente do pacote oferecido. Outro fator
importante é que a prestação de serviços não se restringe somente a venda, mas inclui
atividades de pós-venda como manutenção e assistência técnica (FREITAS, 2005).
Entre as diversas características encontradas dos serviços, três são de grande importância para
a qualidade (PARASURAMAM, et al., 1990).
1. Intangibilidade: o serviço é percebido de forma subjetiva, estando relacionado com o
sentimento do cliente;
2. Simultaneidade: a produção e o serviço normalmente ocorrem de forma simultânea, o
que dificulta detectar e corrigir falhas antes que elas ocorram;
3. Heterogeneidade: a participação do cliente no processo do serviço pode ser
considerada um elemento não controlado pelo prestador do serviço.
Com o intuito de evitar ou eliminar problemas, é extremamente necessário que as
organizações tenham uma estrutura de gerenciamento da Qualidade em serviços.
1. Qualidade em serviços
Com o aumento da competição nas empresas, os clientes se tornam mais exigentes com
relação aos serviços prestados para isso os padrões de qualidade no serviço se tornam mais
rigorosos. Com base nisso, a qualidade em serviço pode ser interpretada como o grau em que
a experiência do cliente é atendida, de acordo com o serviço que foi prestado (GIANESI;
CORREA, 1994).
Os serviços possuem características que podem interferir na avaliação, por parte do cliente, da
qualidade do serviço, como o fato de só pode ser avaliado durante o processo de prestação do
serviço ou após seu resultado, fazendo com que o serviço seja avaliado pelo cliente por meio
da comparação do que era esperado e o que foi oferecido do serviço. Se aplicado ao produto
em si, o cliente formará suas expectativas de acordo com a imagem real do produto,
diferentemente do que ocorre com o serviço (HERMOSILLA, 2002).
Para Fernandes (2005), quando se trata de um produto ou serviço às expectativas
normalmente são em relação à conformidade com requisitos e a adaptabilidade ao uso, onde
as principais partes interessadas são normalmente os clientes.
O cliente busca mais que qualidade do produto somente no momento da compra, sendo assim
o produto tem que continuar funcionando após a venda e durante o prazo de vida útil, isso
ocorrerá se os serviços de pós-venda forem devidamente executados (FREITAS, 2005).
Para medir a percepção do cliente no que diz respeito à qualidade em serviço, foi criada uma
ferramenta denominada SERVQUAL, a qual se baseia nas dez dimensões de avaliação da
qualidade em serviços. Para sua avaliação são utilizados critérios, conhecidos como
determinantes da qualidade em serviço, como: tangibilidade, consistência, competência,
velocidade de atendimento, flexibilidade, credibilidade, segurança, atendimento, acesso e
custos envolvidos (PARASURAMAM, et al., 1990; GIANESI; CORREA, 1994).
Com base nas dimensões estabelecidas pode-se defini-las melhor de acordo com as diferentes
necessidades de cada organização e com seu tipo de serviço prestado.
2. FMEA - Análise e Modo dos Efeitos de Falha
Muitas empresas tem utilizado a FMEA – Análise dos Modos e Efeitos das Falhas – como
técnica de solução de problemas. A FMEA é uma técnica de confiabilidade que busca
identificar todos possíveis modos potenciais de falha determinando o efeito de cada falha
sobre o desempenho do sistema (HELMAN; ANDERY, 1995). Esta técnica foi desenvolvida
em indústrias do setor automobilístico, sendo utilizada em processos de projeto de
componentes, sistemas, em serviços e em processos de fabricação, tendo como objetivo
desenvolver conhecimento para orientar as ações visando à eliminação das causas do modo de
falha (DIAS, 2011).
Para realizar o FMEA é necessário dispor das seguintes informações básicas do sistema, de
suas máquinas e componentes: descrição física e funcional, objetivo do sistema, condições do
ambiente e funcionamento, descrição das falhas, seus mecanismos e o efeito da falha sobre o
sistema (MÁRQUEZ, 2004).
Entre as vantagens de se utilizar esta técnica, pode-se destacar: (i) as informações que
constam na ferramenta são visíveis, consequentemente se tornam de fácil entendimento para
todos envolvidos; (ii) é um procedimento sistemático, podendo ser gerenciada com auxilio de
software, devido a base de dados que é gerada; (iii) identifica as fraquezas do processo,
visando dar foco a determinados problemas identificados; (iv) as ações ficam claramente
estabelecidas e focadas em poucos componentes ou processos (BRAGLIA, 2000).
Para sua aplicação, é necessário que a FMEA seja executada pelas seguintes etapas
(FOGLIATTO; RIBEIRO, 2009):
1. Definir o projeto ou processo e a equipe de estudo;
2. Definir interfaces do projeto ou processo em análise;
3. Análise preliminar do projeto/processo e definição das informações que precisam ser
reunidas;
4. Coleta de dados;
5. Preenchimento da tabela de FMEA;
6. Revisão da tabela de FMEA com o cálculo final dos riscos e indicação das ações
recomendadas;
7. Detalhamento das ações de correção e melhoria;
8. Acompanhamento das ações de correção e melhoria.
A FMEA de processos estabelece as necessidades de alterações no processo, também visa
estabelecer prioridades para ações de melhoria, assim como ajuda na execução do plano de
controle do processo e na análise dos processos de manufatura e montagem normalmente é
utilizada antes que ocorra a liberação para a produção buscando avaliar as falhas em
processos (PALMIERI et al., 2008).
Entre as formas de execução da FMEA, pode-se destacar a que englobe todas as
características do sistema de serviço, onde a ferramenta é utilizada para avaliar suas falhas
antes de seu começo, focando nas falhas potencias do serviço com base no cumprimento dos
objetivos do processo e na necessidade dos clientes, visando priorizar ações de melhoria no
serviço (FERNANDES, 2005). Para verificar estudos feitos na área de serviço, fez-se uma
busca das publicações na área, como resultado foram encontradas trinta publicações
relacionadas a estudos sobre a técnica FMEA, entre as quais o tema de interesse da pesquisa
estava presente em quatro artigos, como mostra a Figura 1.
Figura 1 – Publicações sobre FMEA de serviço
Pinho et al. (2008) Utilizou a FMEA em processo de apuração do ICMS, identificando falhas na apuração do imposto, com a
utilização da técnica obteve claras possibilitando oferecer resultado de um serviço com maior segurança para a
empresa e o cliente.
Ferreira et.al. (2013)
A aplicação da ferramenta FMEA foi aplicada na confecção de cestas básicas em três partes do seu processo,
sendo eles: separação de produtos, produção e embalagem. Sugere separar os produtos em pequenos lotes e
realizar inspeção no processo de montagem para diminuir as falhas.
Rotondaro (2002)
Desenvolveu um modelo denominado SFMEA (Análise do Efeito e Modo da Falha em Serviços), o qual visa
prevenir a ocorrência de falhas durante a produção dos serviços, sendo este, desenvolvido a partir da técnica
FMEA.
Atamanczuk et al. ( 2008) O estudo aborda a utilização da ferramenta FMEA para realizar a gestão de armazém no ramo supermercadista,
a ferramenta mostrou-se útil para permitir que fossem analisadas as consequências dos erros durante a
armazenagem e auxiliar no processo de gestão.
Fonte: elaborada pela autora
A Figura 1 mostrou diferentes formas de abordagem e utilização da FMEA de serviço, entre
os quais o autor Rotondaro (2002) desenvolveu um modelo diretamente relacionado para
serviços. A forma de apresentação da FMEA é utilizada no formato de formulários físicos ou
digitais, visando facilitar a compreensão e o trabalho realizado, como mostra Figura 2.
Figura 2 – Análise de Modo e Efeito de Falha Potencial em Serviço
Análise de Modo e Efeito de Falha Potencial
Descrição do serviço: Item: FMEA nº:
Responsável pelo projeto: Equipe: Data:
Mo
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Mo
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de
Fal
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Fonte: Adaptado de Rotondaro (2002).
Os itens da Figura 2 podem ser descritos como:
1. Momento da verdade: pontos do fluxo de prestação do serviço, onde o cliente entra em
contato com algum aspecto do serviço (ROTONDARO, 2002);
2. Modo Potencial de Falha: forma e modo como as características ou funções podem
deixar de ser atendidas (PINHO et al., 2008);
3. Efeito Potencial de Falha: efeito do tipo de falha que são relatados de acordo com o
cliente poderá observar (ROTONDARO, 2002);
4. Severidade: é a interação que o modo potencial de falha tem sobre a operação do
sistema e também sobre a satisfação do cliente (ESTORILIO, 2011). Sua classificação
possui a escala de 1 à 5, sendo 1 não severo e 5 muito severo ( ROTONDARO, 2002);
5. Causas/Mecanismos de Falha: causas e condições que podem ser as possíveis
responsáveis pelos tipos de falhas em potencial (PINHO et al., 2008);
6. Ocorrência: é a probabilidade de a falha vir a ocorrer, podendo ser baseada em
histórico de falhas (ESTORILIO, 2011). A ocorrência pode ser classificada em uma
escala de 1 a 5, sendo 1 probabilidade remota de acontecer e 5 falha certa baseada nos
dados históricos analisados (ROTONDARO, 2002);
7. Controle de Processos Atuais: descrição dos controles que podem detectar ou prevenir
a ocorrência do modo ou causa de falha (AGUIAR, 2007). No caso de serviços
podem ser aqueles realizados sem a presença do cliente (ROTONDARO, 2002);
8. Detecção: índice para avaliar se a falha é visível para o cliente (PINHO et al., 2008).
É necessária amostras tomadas com base estatísticas para serem considerados
controles de detecção validos, sendo classificados de 1 a 5, sendo 1 certeza de prevenir
ou encontrar a falha antes de atingir o cliente e 5 os controles não irão detectar a falha
(ROTONDARO, 2002);
9. Recuperação: determina a capacidade de o processo reaver o serviço antes ou depois
que o cliente perceba a falha, possui uma escala de 1 a 5, sendo 1 existência de um
processo de recuperação antes do cliente perceber a falha e 5 não há recuperação do
serviço (ROTONDARO, 2002);
10. Número de Prioridade de Risco (NPR): é o produto dos índices de severidade,
ocorrência e detecção, indicando as falhas que geram maior risco ao usuário
(ESTORILIO, 2011);
11. Responsável: responsável pela implementação das ações (PINHO et al, 2008);
12. Ações Recomendadas: ações que devem ser implementadas, para modificar o processo
de prestação de serviço visando diminuir sua probabilidade de erro (ROTONDARO,
2002);
13. Ações tomadas: descrição da ação realizada deve ser registrada (AGUIAR, 2011);
14. RPN resultante: onde serão registradas as novas pontuações resultantes com base no
resultado das ações, gerando um NPR resultante por meio de uma estimativa para
novos valores de ocorrência e detecção (AGUIAR, 2011).
Outra abordagem da FMEA pode ser observada por Fogliatto e Ribeiro (2009), como mostra
Figura 3, a qual busca os modos potenciais de falha, por meio de todas as etapas, os
procedimentos e as operações do processo detalhadamente analisados.
Figura 3 – Análise de Modo e Efeito de Falha Potencial
Sistema Descrição: (produto,
processo ou serviço) Responsável: Página Data:
Item/
função
Modo Potencial
de Falha Efeito S Causa O
Controle de
Prevenção
Controle
de
detecção
D R Ações
Recomendadas
Fonte: Adaptado de Fogliatto e Ribeiro (2009).
Para Fogliatto e Ribeiro (2009), os pontos de severidade (S) possuem um escala de 1 a 10
diretamente relacionadas ao efeito, onde 1 significa efeito pouco severo e 10 significa muito
severo, diferente da concepção de Rotondaro (2002) que possui escala de 1 a 5 relacionadas
ao modo de falha, o mesmo equivale para os pontos de ocorrência (O) quanto a taxa de falha.
A detecção (D) que se refere à habilidade dos controles atuais em detectar causas ou modos
potencias de falha, possui a mesma escala, porém 1 representa que o modo de falha será
detectado e 10 representa uma situação desfavorável na qual o modo de falha não será
detectado.
15. Procedimentos metodológicos
Pelas definições de Silva e Menezes (2001), a pesquisa possui natureza aplicada, pois possui
como objetivo gerar conhecimento para aplicação prática e dirigida à solução de problemas
específicos. Envolve verdades e interesses locais.
A abordagem da pesquisa é qualitativa, pois há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo
de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente
natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Os
pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são
os focos principais de abordagem (SILVA; MENEZES, 2001).
Os objetivos de pesquisa são classificados como exploratório e explicativo. De acordo com
Gil (2002) quando o objetivo da pesquisa é exploratório dela busca proporcionar maior
familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses, tendo
como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Quando o
objetivo da pesquisa é explicativo ela tem como preocupação central identificar os fatores que
determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, pois é a pesquisa que mais
aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.
Em relação ao procedimento esta pesquisa é classificada como pesquisa ação, pois é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo. Os pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo (SILVA; MENEZES, 2001).
De acordo com a FMEA, primeiramente será feita a definição do projeto ou processo a ser
analisado, assim como a equipe de estudo que estará diretamente envolvida nas atividades,
serão definidos os limites do projeto ou processo em análise, após será feita a análise
preliminar do projeto ou processo, assim como a definição das informações que precisam ser
reunidas, além de coletar informações por meio de dados e observação local, com o intuito de
identificar as funções dos itens a serem analisados. Após essa etapa será feito o
preenchimento da tabela FMEA, seguido da sua revisão com o cálculo final dos riscos e
indicação das ações recomendadas. Por fim, será feito o detalhamento das ações de correção e
melhoria e seu acompanhamento das ações a serem executadas, por meio de um plano de
ação, o qual atuará nos problemas mais significativos para o processo em questão.
16. Resultados
A empresa onde foi aplicada a pesquisa atua desde 2004 no ramo de distribuição de produtos
de higiene e limpeza, onde comercializam produtos para utilização em empresas e locais de
circulação de pessoas. Fornece produtos para 4200 empresas do interior do Rio Grande do
atendendo mais de 250 municípios. A empresa tem uma matriz na cidade de Santa Maria e
uma filial em Rio Grande, além disso, ela atua com oito filiais móveis de modo que o
vendedor esteja próximo ao cliente com um showroom completo de produtos (SISLIMPA,
2014). A aplicação da FMEA aconteceu na matriz de Santa Maria, a qual conta com 27
funcionários.
A pesquisa aplicada na empresa distribuidora de produtos de higiene e limpeza consistiu no
uso da FMEA de serviços para que essa busque oferecer um serviço com maior confiabilidade
e qualidade, além da maior satisfação por parte dos clientes e como forma de agregar
diferencial competitivo para a empresa. Sendo assim, a aplicação da FMEA de serviços se
mostra como uma viável para atingir esses objetivos.
Para a aplicação da FMEA, foram utilizadas as etapas propostas por Fogliatto e Ribeiro
(2009), onde primeiramente é necessário reunir a equipe de trabalho com conhecimento
diverso sobre as atividades da empresa, neste caso as atividades relacionadas ao serviço, foco
da pesquisa, vão desde o contato com o cliente até o envio dos produtos aos mesmos. Sendo
assim, fizeram parte da equipe para aplicação da FMEA o gerente de vendas, o gerente de
estoque e os pesquisadores.
Paralelamente a formação da equipe foram reunidos documentos os quais forneceram dados e
informações sobre a atividade foco da pesquisa. Como a empresa não possuía um fluxograma
detalhado das atividades do foco da pesquisa foi elaborado, a partir da documentação
estudada, um fluxograma que é apresentado na Figura 3.
Figura 3 – Fluxograma das atividades
Verificar
disponibilidade do
produto (2)
Cliente
informadoNÃO
SIM
Anotar código do
pedido no caderno
(3)
Separar pedidos
por destino (4)
Setor de estoque
retira o formulário
do pedido que
estava no setor de
vendas (5)
Encaminhar pedido
para setor de
estoque (6)
Separar produtos
nos paletes (7)
Carregar produtos
faturados (10)
Transportar para
o cliente por
terceiro (12)
Transportar para
o cliente pela
empresa (11)
Faturar pedido no
sistema (8)
Encaminhar pedido
nao faturado para setor
de apoio a vendas
Início
Fim
Conferir na nota
fiscal antes de
carregar os
produtos (9)
NÃO
SIM
Cliente informa
pedido ao setor de
apoio a vendas (1)
Fonte: elaborado pela autora
Com base no fluxograma da Figura 3, foi possível entender as operações realizadas, desde o
contato com o cliente do setor de apoio a vendas até o envio dos produtos, podendo assim,
identificar inicialmente as operações e posteriormente os modos de falha.
A equipe de trabalho optou por utilizar o modelo de planilha de FMEA recomendo por
Fogliatto e Ribeiro (2009). A planilha construída é apresentada na sequencia de acordo com
as operações constantes no fluxograma da Figura 3, as operações são identificadas por um
número e pelo seu nome como mostra a Figura 4.
Figura 4 – FMEA de processo do serviço
No Operação/etapa Modo de Falha Potencial Efeitos potenciais S Causas Potenciais O Controle D R
1
Cliente informa
pedido ao setor de
apoio a vendas
Erro no pedido
Pedido vai para o cliente com
produtos errados 10
Cliente disse uma coisa e queria outra 5
Não há 10
500
Setor de apoio a vendas digitou
pedido errado 6 600
Pedido vai para o cliente com
quantidades erradas 10
Setor de apoio a vendas não confirma
com o cliente os produtos pedidos ao
final da ligação
6 600
Não olhar no sistema o que o cliente
cadastrado costuma comprar 4 400
2
Verificar, no
sistema,
disponibilidade do
produto.
O sistema disse que tinha o
produto, mas não tinha em
estoque.
Pedido emitido sem produtos
em estoque 10
Não tem contagem de estoque 10
Verificar saldo do produto
no sistema 5
500
Não verificar saldo do produto no
sistema 6 300
O sistema disse que não
tinha o produto, mas tinha
em estoque.
Deixar de vender 7
Não tem contagem de estoque 10 350
Não verificar saldo do produto no
sistema 6 210
3 Anotar código do
pedido no caderno
Esquecer de anotar o código
do pedido Perder o controle dos pedidos 7
Setor de apoio a vendas deixa de
seguir as normas de venda da empresa 3
Através de consulta de
pedidos no sistema
informatizado que é feito
pelo setor de apoio a
vendas
1 21
Anotar o código do pedido
errado Perder o controle dos pedidos 7
Falta de atenção do setor de apoio a
vendas 3
Através de consulta de
pedidos sistema no
informatizado que é feito
pelo setor de apoio a
vendas
1 21
4 Separar pedidos por
destino
Colocar pedido de um
destino no lugar do outro
Encaminhar produtos para
destino errado 10
Falta de atenção do setor de apoio a
vendas 2
Pedido verificado na
retirada pelo setor de
estoque
1
20
Custo com reenvio 10 20
Aumento do trabalho do setor
de estoque 10 20
Figura 4 – FMEA de processo do serviço (continuação)
No Operação/etapa Modo de Falha Potencial Efeitos potenciais S Causas Potenciais O Controle D R
5
Setor de estoque
retira o formulário
do pedido que
estava no setor de
apoio a vendas
Não retirar o formulário do
pedido no setor de vendas
Atraso na entrega do produto 8
Falta de atenção de quem não retirou
o formulário do pedido (setor
estoque)
4 Verificação da existência
de formulários de pedidos
no setor de apoio a vendas
pelo pessoal do estoque
(procedimento)
2
64
Pedido fica sem ser faturado 8
Não execução do procedimento de
controle da retirado do pedido no
setor de apoio a vendas pelo pessoal
do estoque
4 64
6
Encaminhar pedido
para o setor de
estoque
Perder o pedido
Possível atraso na entrega dos
produtos 8
Falta de atenção de quem retirou o
pedido (setor estoque) 3
Através de consulta de
pedidos no sistema
informatizado que é feito
pelo setor de apoio a
vendas
1 24
Pedido fica sem ser faturado 8 Falta de atenção de quem pegou o
pedido no estoque (setor estoque) 3
Através do código escrito
no caderno 1 24
7 Separar produtos do
pedido nos paletes
Separar produtos errados Enviar produtos errado para o
cliente 10
Falta de experiência/atenção do
separador dos produtos 7
Conferir produtos antes do
carregamento 7
490
Separar quantidades erradas Enviar produtos errado para o
cliente 10
Falta de experiência/atenção do
separador dos produtos 7 490
Falta de conhecimento do separador
sobre o produto 7 490
Não ter o produto pedido em
estoque físico
Atraso na entrega do produto 8 Não tem contagem de estoque 10 Controle dos produtos
recebidos 7
560
Devolver pedido para setor de
apoio a vendas refazer 8
Não verificação de cada item no lote
que chega na empresa 5 280
8 Faturar pedido no
sistema
Pedido com condição de
pagamento errada Atraso na entrega do produto 8
Setor de apoio a vendas encaminhou
pedido com informação errada 9
Pedido revisado pelo setor
de estoque 6
432
Pedido com transportadora
errada Atraso na entrega do produto 8 432
Pedido com destino da carga
errada Atraso na entrega do produto 7 378
Figura 4 – FMEA de processo do serviço (continuação)
No Operação/etapa Modo de Falha Potencial Efeitos potenciais S Causas Potenciais O Controle D R
9
Conferir na nota
fiscal antes de
carregar os
produtos
Pedido conferido errado
Enviar produtos errado para o
cliente 10
Falta de experiência/atenção do
operador 6
Conferir produtos antes do
carregamento 6
360
Enviar quantidades erradas do
produto para o cliente 10 360
Cancelamento da nota fiscal 8 288
Faturar novamente 8 288
Envio dos produtos pode ser
cancelado 8 288
10 Carregar produtos
faturados
Acidente com algum produto
ao carregá-lo
Atraso na entrega do produto 3
Falta de experiência/atenção do
operador 1 Não há 10
30
Custo com reposição do
produto faltante 4 40
Envio para o cliente com
menos produtos se não houver
produtos sobrando
4 40
11
Transportar produto
para o cliente (pela
empresa)
Acidente com caminhão Atraso na entrega do produto 3 Fatores externos (acidentes, tempo…) 1
Não há 10
30
Atraso na chegada do
caminhão Cliente insatisfeito 6 Fatores externos (acidentes, tempo…) 4 240
Produtos caem dentro do
caminhão
Produto chega ao cliente
danificado 5 Carga mal posicionada (arrumada) 3 150
12
Transportar produto
para o cliente (por
terceiro)
Entregar produtos errado
para o cliente Cliente insatisfeito 7
Erro de identificação dos produtos ao
chegar no CD do terceirizado 6 Não há 10 420
Atraso na chegada do
caminhão Cliente insatisfeito 7 Fatores externos (acidentes, tempo…) 5 Rastreamento dos produtos 5 175
Produtos caem dentro do
caminhão
Produto chega ao cliente
danificado 8 Carga mal posicionada (arrumada) 4 Não há 10 320
Acidente com caminhão Atraso na entrega do produto 3 Fatores externos (acidentes, tempo…) 1 Rastreamento dos produtos 5 15
Fonte: elaborada pela autora
A operação 1 é “cliente informa pedido ao setor de apoio a vendas” onde se identificou um
modo de falha e quatro causas potenciais as quais obtiveram valores de risco de 400 a 600. Na
operação 2 denominada “verificar, no sistema, disponibilidade do produto” foram
identificados dois modos potenciais de falha e quatro causas potenciais com valores de risco
variando de 210 a 500. Já na operação 3 “anotar código do pedido no caderno” foram
identificados dois modos potenciais de falha e duas causas potenciais, com valores de risco de
21, esses valores são inferiores causas dos modos potenciais de falha das operações anteriores.
Seguindo a sequencia, na operação 4 “separar produtos por destino” foi identificado um modo
potencial de falha e uma causa potencial, com valor de risco de 20. Na operação 5 “setor de
estoque retira o formulário do pedido que estava no setor de apoio a vendas” identificou-se
um modo de falha potencial e duas causas potencias, sendo seus valores de risco de 64. A
operação 6 “encaminhar pedido para o setor de estoque” identificou-se um modo de potencial
de falha e duas causas potenciais, com valores de risco de 24.
A operação 7 “separar os produtos do pedido nos paletes” apresentou três modos potencias de
falha com cinco causas potencias, sendo seus valores de risco de 280 a 560. Na operação 8
“faturar pedido no sistema” identificou-se três modos potenciais de falha, com a mesma causa
potencial para eles, os valores de risco variaram de 378 a 472. A operação 9 “conferir na nota
fiscal antes de carregar os produtos” apresentou um modo potencial de falha com uma causa
potencial, com risco de 288 a 360. O mesmo ocorreu na operação 10 “carregar produtos
faturados”, onde foi diagnosticado um modo de falha com uma mesma causa potencial, tendo
risco de 30 a 40.
A operação 11 “transportar produto para o cliente (pela empresa)” e a operação 12
“transportar produto para o cliente (por terceiro)”, são etapas que ocorrem de acordo com o
tipo de transporte estabelecido pela empresa, podendo ocorrer uma ou outra. Na operação 11 e
12 identificaram-se três e quatro modos potenciais de falha, três e quatro causas potenciais,
variando os valores de risco de 30 a 240 e de 15 a 420 respectivamente.
Com base na aplicação da FMEA, para as 12 operações, detectou-se um total de 25 modos
potenciais de falha e 30 causas potenciais, as quais obtiveram risco variando de um valor
mínimo de 15 e máximo de 600, fornecendo uma hierarquia de prioridades para as ações de
melhoria. Assim, essa técnica revelou os pontos fracos do serviço, além de auxiliar a detectar
e eliminar ocorrências de falhas (FOGLIATTO; RIBEIRO, 2009).
Para entender melhor as causas potenciais de falhas, elas foram reunidas, por afinidade, em
três grupos: mão de obra, método e fatores externos, como apresentado na Figura 5, na qual
podem ser observadas todas as causas potencias dos modos de falha.
Figura 5 – Diagrama de afinidades para as causas potenciais de falha
Método Fatores externos
Não tem contagem de estoque Cliente disse uma coisa e queria outra
Não verificação de cada item no lote que chega na
empresa
Fatores externos (acidentes, tempo…)
Carga mal posicionada (arrumada)
Erro de identificação dos produtos ao chegar no
CD do terceirizado
Mão de obra (Setor de apoio a vendas) Mão de obra (Setor de estoque)
Setor de apoio a vendas digitou pedido errado Falta de atenção de quem não retirou o formulário
do pedido (setor estoque)
Setor de apoio a vendas não confirma com o cliente
os produtos pedidos ao final da ligação
Não execução do procedimento de controle da
retirado do pedido no setor de apoio a vendas pelo
pessoal do estoque
Não olhar no sistema o que o cliente cadastrado
costuma comprar
Falta de atenção de quem retirou o pedido (setor
estoque)
Não verificar saldo do produto no sistema Falta de atenção de quem pegou o pedido no
estoque (setor estoque)
Setor de apoio a vendas deixa de seguir as normas
de venda da empresa
Falta de experiência/atenção do separador dos
produtos
Falta de atenção do setor de apoio a vendas Falta de conhecimento do produto do separador do
produto
Setor de apoio a vendas encaminhou pedido com
informação errada
Falta de experiência/atenção do operador
Fonte: elaborada pela autora
Com o diagrama de afinidades para as causas potenciais de falha é possível observar que 18
das 30 causas, onde quatro causas se repetem, estão relacionadas à mão de obra, as quais se
subdividem nos setores de apoio a vendas e estoque. Isso significa que, de uma maneira geral,
a empresa tem dificuldades com sua mão de obra em questões como experiência, atenção e
conhecimento do produto que comercializa. Já no grupo método, foram classificadas sete
causas potenciais, onde duas causas se repetem, as quais se referem, por exemplo, a
procedimentos existentes e não utilizados. E por fim, o grupo fatores externos com dois tipos
de causas, onde uma delas se repete quatro vezes as quais são causas que estão fora do
alcance da empresa.
Ainda dentro das causas potenciais identificadas, pode-se analisar que muitas têm influencia
em diferentes operações e seus respectivos modos potenciais de falha, sendo assim, muitas
das ações de melhoria a serem trabalhadas, em um primeiro momento, nos riscos de maior
valor, podem bloquear causas potenciais de outras operações. Por exemplo, a operação 8
(Faturar pedido no sistema) é dependente da operação 1 (Cliente informa pedido ao setor de
apoio a vendas). Sendo assim, as ações tomadas para bloquear as causas potencias de falha da
operação 1 também atuarão no bloqueio parcial ou total das causas da operação 8.
Dentro dos valores de risco calculados, a equipe priorizou para realização de ações de
melhoria, riscos acima de 490, sendo que das trinta causas potencias oito delas possuem risco
superior a 490. Causas com valores de risco abaixo do valor definido são prioridade em curto
prazo, porém toda análise realizada nestas operações pode ser utilizada como base para ações
futuras pela empresa.
Sendo assim, foram definidas ações de melhoria nas causas das operações 1, 2 e 7 da FMEA
da Figura 4. Para dar sequencia ao trabalho foi elaborado um plano de ação (Figura 6) onde
são apresentadas as ações relacionadas às causas priorizadas. O plano de ação da Figura 6
apresenta a descrição da operação e das causas potenciais com risco superior a 490. Na
sequencia de colunas do plano de ação são apresentados: O que? Quem? Onde? Por quê?
Quando? Como? Quanto? (5W2H). Este plano de ação apresenta as ações consensadas com o
gerente da empresa para serem implantadas no curto e/ou no médio prazo.
Primeiramente, foram definidas ações para as causas potencias da operação 1 que obtiveram
risco superior a 490. Para as três causas potenciais dessa operação, definiu-se a ação
“Implantar controle das ocorrências de falhas nos pedidos”. Entretanto, ela será implantada
em três momentos diferentes visando diminuir o risco de erro nos pedidos que são feitos pelos
clientes e preenchidos pelo setor de apoio a vendas. As ações partem, primeiramente, da
realização de uma reunião informacional com o setor de apoio a vendas, na qual serão
abordados pontos como a importância de manter padronizado o atendimento ao cliente.
Depois disso, será implanta uma ficha (ver Apêndice A), a ser preenchida pelo setor de
estoque no momento em que for faturar o pedido. Esta ficha auxiliará no monitoramento das
falhas dos pedidos emitidos pelo setor de apoio a vendas. Por fim, implantar um cronograma
semestral de atualização/treinamento com os funcionários para relatar os índices de
ocorrências de falhas.
Figura 6 – Plano de Ação
Operação/etapa Causas potenciais Risco O que? Quem? Onde? Por quê? Quando? Como? Quanto?
1 Cliente informa
pedido
Cliente disse uma
coisa e queria outra
500 Implantar
controle das
ocorrências
de falhas nos
pedidos
Gerente
de
estoque e
equipe de
trabalho
Empresa
de Santa
Maria
Para diminuir falhas e
padronizar atividades
Novembro
de 2014
Ficha de ocorrência para
quantificar falhas e
responsáveis
Sem custo para a
empresa
Setor de apoio a
vendas digitou pedido
errado
600 Até
Dezembro
de 2014
Reunião informacional
sobre as formas de
atendimento
Setor de apoio a
vendas não confirma
com o cliente os
produtos pedidos ao
final da ligação
600 Até
Janeiro de
2015
Cronograma semestral de
atualização/treinamento
com os funcionários
2
Verificar, no
sistema,
disponibilidade
do produto
Não tem contagem de
estoque
500 Realizar
contagem do
estoque da
empresa
Gerente e
supervisor
de
estoque
Empresa
de Santa
Maria
Reduzir a diferença
entre estoque no
sistema e estoque
físico
Até
Fevereiro
de 2015
Utilização de balanças
para o recebimento de
produtos pequenos de
grande quantidade
Custo da balança é de
aproximadamente 5 mil
reais
7
Separar
produtos nos
paletes
Falta de
experiência/atenção
do separador dos
produtos
490 Realizar a
verificação
dos produtos
separados
antes do
carregamento
Gerente e
supervisor
de
estoque
Empresa
de Santa
Maria
Reduzir falhas nas
separações dos
produtos
Até
Dezembro
de 2014
Reunião informacional e
ficha de ocorrência de
erros nas separações para
identificar falhas comuns
e responsáveis
Sem custo para a
empresa
Falta de
experiência/atenção
do separador dos
produtos
Até
Janeiro de
2015
Cronograma semestral de
atualização/treinamento
com os funcionários 490
Falta de conhecimento
do separador sobre o
produto
490 Até
Fevereiro
de 2015
Utilização de leitores de
código de barra para
controle da saída de
produtos
Implantação de leitor
de código de barra é de
aproximadamente 1500
reais
Não tem contagem de
estoque
560 Realizar
contagem do
estoque da
empresa
Gerente e
supervisor
de
estoque
Empresa
de Santa
Maria
Reduzir a diferença
entre estoque no
sistema e estoque
físico
Até
Fevereiro
de 2015
Utilização de balanças
para o recebimento de
produtos pequenos de
grande quantidade
Custo da balança é de
aproximadamente 5 mil
reais
Fonte: elaborada pela autora
A ideia desta ação se torna efetiva no momento em que se tem a relação das falhas e quem é o
responsável pela mesma, fazendo com que sua ocorrência diminua. Ainda foi comentado para
empresa que, de acordo coma utilidade da planilha, que sejam incluídos como metas anuais
dos funcionários a falha zero na operação dos pedidos.
As ações de melhoria da operação 2 atuam sobre a causa de risco 500, sendo as demais
inferiores a 490, a ação está relacionada à contagem do estoque, pois ele direta e
indiretamente afeta diferentes operações da empresa. As ações sugeridas se dão pela
utilização de balanças para controle dos produtos recebidos pela empresa, tendo em vista que
lotes grandes com unidades pequenas podem ser conferidos pelo peso do lote, facilitando a
conferencia das unidades.
Na operação 7, as ações atuam sobre quatro das cinco causas potencias, as quais o risco varia
de 490 a 560, nesta operação trata-se igualmente as ações relacionadas ao contagem de
estoque como dito na segunda operação. Buscando diminuir as separações erradas dos
produtos, a empresa pretende introduzir um supervisor nas atividades dos funcionários. Para
auxiliar essa supervisão, a equipe de trabalho elaborou uma ficha (ver Apêndice B) para
monitorar os erros na separação dos pedidos. Dessa forma, será possível conhecer com mais
detalhes a causa denominada “falta de experiência/atenção do separador dos produtos”,
visando quantificar as falhas e os responsáveis pelas mesmas. A equipe também sugeriu como
ação realizar uma reunião com os funcionários para esclarecer as falhas identificadas nas
operações e a implementação de um cronograma semestral de atualização/treinamento com os
funcionários. Essa busca implementar uma nova cultura para a empresa, visando reduzir
significativamente as falhas decorrentes da separação dos produtos nos paletes. Já para a
causa potencial denominada “falta de conhecimento do separador sobre o produto” a ação
proposta é a aquisição de um leitor de código de barras, utilizado nos produtos separados nos
paletes antes do carregamento, visando verificar se os produtos separados estão corretos.
Tendo em vista as ações implementadas pela empresa, pode-se observar uma mudança no
comportamento dos valores de risco da FMEA, vista na Figura 7. Nem todas as ações foram
implantadas, mas estão previstas no plano de ação.
Figura 7 – Comparação dos riscos
ANTES DEPOIS
Operação/etapa Causas S O D R S O D R
1
Cliente informa
pedido ao setor de
apoio a vendas
Cliente disse uma coisa e queria outra
10
5
10
500
10
5
5
250
Setor de apoio a vendas digitou pedido
errado 6 600 6 300
Setor de apoio a vendas não confirma
com o cliente os produtos pedidos ao
final da ligação
10 6 600 10 6 300
Fonte: elaborada pela autora
Os valores de risco, antes variavam de 500 a 600, após a implantação das ações os valores de
risco passaram a variar de 250 a 300. Com base nas ações de melhoria executadas pela
empresa, foram implantadas as fichas de ocorrência de falhas nos pedidos isso fez com que
passasse a existir um controle para os modos de falha, fazendo com que o valor de detecção
de 10 fosse para 5. Nos primeiros nove dias de coleta foram identificadas 25 falhas nos
pedidos. Esses dados coletados servirão de base para o cronograma semestral, com isso os
envolvidos conhecerão os pontos onde devem ter mais cuidado quando fizerem os pedidos.
Depois de quantificar com maior exatidão as falhas dos pedidos os valores de ocorrência
tendem a diminuir com a utilização das informações fornecidas pelas fichas de ocorrência.
Como mostrado na Figura 7, a ação implementada diminuiu os riscos, porém depois que todas
ações forem realizadas, conforme plano de ação da Figura 5, as causas tendem a ter uma
redução significativa nos riscos como mostra a Figura 8.
Figura 8 – Riscos previstos depois da implantação de todo o plano de ação
ANTES DEPOIS
Operação/etapa Causas S O D R S O D R
1
Cliente informa
pedido ao setor de
apoio a vendas
Cliente disse uma coisa e queria outra
10
5
10
500
10
4
5
200
Setor de apoio a vendas digitou
pedido errado 6 600 5 250
Setor de apoio a vendas não confirma
com o cliente os produtos pedidos ao
final da ligação
10 6 600 10 5 250
2
Verificar, no sistema,
disponibilidade do
produto
Não tem contagem de estoque
10 10 5 500 10 9 4 360
7 Separar produtos nos
paletes
Falta de experiência/atenção do
separador dos produtos 10 7
7
490 10 6
5
300
Falta de experiência/atenção do
separador dos produtos 10
7 490
10
6 300
Falta de conhecimento do separador
sobre o produto 7 490 6 300
Não tem contagem de estoque 8 10 7 560 8 9 7 432
Fonte: elaborada pela autora
Conforme a previsão dos valores de riscos apresentados na Figura 8 pode-se observar uma
significativa diferença dos valores de ocorrência e detecção, modificando assim os valores de
risco que passariam a variar de 200 a 432. Os valores de severidade não sofrem mudanças,
pois sua interação com o modo potencial de falha, sobre a operação do sistema e também
sobre a satisfação do cliente, não é alterada.
Sendo assim, verifica-se a que a implantação de parte das ações de melhoria, é o primeiro
passo para as modificações necessárias pela empresa, porém necessitam ser inseridas de
forma cultural, buscando a melhoria continua dos serviços, para que falhas internas não
atinjam os clientes e não prejudiquem os processos da empresa.
Segundo o gerente da empresa, a utilização da FMEA foi o impulso necessário para por em
prática ações de melhoria na empresa. Verificou-se também a necessidade de um tempo maior
para acompanhamento dos resultados obtidos por meio da implantação das demais ações
propostas.
17. Conclusão
O êxito de uma organização depende do seu nível de comprometimentos com a qualidade dos
seus serviços prestados, sendo assim identificou-se a importância da qualidade nos serviços
prestados, assim como nos processos em si. Com base nessas características, o provedor do
serviço deve buscar desenvolver um processo que seja à prova de erros, para isso foi utilizada
a técnica FMEA buscando identificar as possíveis falhas que o sistema ou processo está
sujeito. Este trabalho teve por objetivo aplicar a FMEA em uma empresa de serviços
distribuidora de produtos de higiene e limpeza como forma de melhorar a qualidade de seus
processos internos.
Primeiramente foi elaborado um fluxograma das atividades do foco da pesquisa, e com base
nele pode-se construir a FMEA, com 12 operações, as quais obtiveram 25 modos potenciais
de falha e 30 causas potenciais, com valores de risco variando de 15 a 600, entre os quais
foram priorizadas ações de melhoria para os riscos de 490 a 600. As causas potenciais foram
agrupadas por afinidade onde foi possível observar que mais da metade das causas, estão
relacionadas à mão de obra, as quais se subdividem nos setores de apoio a vendas e estoque.
As ações foram estruturadas em um plano de ação, que foram apresentados para a empresa, as
ações que foram implantadas pela empresa diminuíram significativamente os valores de risco,
os quais variavam de 500 a 600 e depois passaram a variar de 250 a 300.
Supondo que todas as ações tivessem sido implantadas foram recalculados os valores de
ocorrência e detecção, gerando um novo valor de risco, que antes das ações de melhoria
variavam de 490 a 600 e depois da implantação de todas as ações devem variar de 200 a 432.
A implantação de parte das ações de melhoria é o primeiro passo para as modificações
necessárias pela empresa, porém necessitam ser inseridas de forma cultural na empresa,
buscando a melhoria continua dos serviços para que falhas internas não atinjam os clientes e
não prejudiquem os processos da empresa.
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APÊNDICE A
.
Data Número do pedido Responsável pelo pedido ( AC) Falha identificada
Ficha de ocorrência de falhas nos pedidos
APÊNDICE B
Data Número do pedido Responsável pela separação Falha identificada
Ficha de ocorrência de falhas na separação dos
produtos