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i INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL FOSFATO DE LEVAMISOL EM VACAS LEITEIRAS: AVALIAÇÃO COMO IMUNOESTIMULADOR Alfredo José Ferreira de Melo Nova Odessa FEVEREIRO-2012

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

FOSFATO DE LEVAMISOL EM VACAS LEITEIRAS:

AVALIAÇÃO COMO IMUNOESTIMULADOR

Alfredo José Ferreira de Melo

Nova Odessa

FEVEREIRO-2012

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

FOSFATO DE LEVAMISOL EM VACAS LEITEIRAS:

AVALIAÇÃO COMO IMUNOESTIMULADOR

Alfredo José Ferreira de Melo Orientadora:Keila Maria Roncato Duarte

Co-orientador:Rafael Herrera Alvarez

Nova Odessa

Fevereiro, 2012

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.

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Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária responsável – Ana Paula dos Santos Galletta - CRB8/7166

Melo, Alfredo José Ferreira de

M528u Fosfato de levamisol em vacas leiteiras: Avaliação como imunoestimulador. / Alfredo José Ferreira de Melo. Nova Odessa - SP, 2012.

47p. : il.

Dissertação (Mestrado) - Instituto de Zootecnia. APTA/SAA. Orientador: Prof. Dra. Keila Maria Roncato Duarte.

1. Bovino leiteiro. 2. Imunoglobulinas. 3. Levamisol. I. Duarte, Keila Maria Roncato . II. Título.

CDD 636.234

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Certificado de aprovação

FOSFATO DE LEVAMISOL EM VACAS LEITEIRAS:

AVALIAÇÃO COMO IMUNOESTIMULADOR

Alfredo José Ferreira de Melo Orientadora:Keila Maria Roncato Duarte

Co-orientador:Rafael Herrera Alvarez

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em \produção Animal sustentável, pela Comissão Examinadora:

Profa. Dra. Keila Maria Roncato Duarte

Instituto de Zootecnia – APTA/SAA

Dr. Fabio Morato Monteiro Instituto de Zootecnia – APTA/SAA

Dr. Daniel Jesus Cardoso de Oliveira

Polo de Andradina– APTA/SAA

Data da realização: 08 de fevereiro de 2012 Presidente da Comissão Examinadora

Profa.Dra. Keila Maria Roncato Duarte

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Dedicatória

Dedico minha está tese a meus país que me apoiaram em todos momentos bons e ruins deste trabalho.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus e em especial a minha orientadora Dra. Keila e meu co-orientador Dr. Rafael Herrera que sempre estiveram ao meu lado neste trabalho e ao amigo e colega de mestrado Vinicius P oncio pela grande

ajuda .

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Sumário

Lista de Figuras .......................................................................................................... ix

Lista de Tabelas ........................................................................................................... x RESUMO ........................................................................................................................ xi

ABSTRACT ................................................................................................................... xii 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 4

2.1. Patologias reprodutivas mais comuns das vacas leiteiras ..................................... 5

2.1.1 Retenção de placenta ....................................................................................... 6 2.1.2 Endometrite ..................................................................................................... 7

2.2. Atividade imunológica .......................................................................................... 7 2.2.1 Metodologias para medir IgG .......................................................................... 9

2.2.1.1 Colunas de Imunoafinidade - Proteína A .............................................. 10

2.2.1.2 Outras Técnicas para quantificar Imunoglobulinas no soro e colostro . 11

2.2.2 Imunoestimuladores...................................................................................... 13 2.2.2.1 Imunoestimuladores inespecíficos ......................................................... 14

a) Propionibacterium acnes (P.acnes) ................................................................ 14 b) BCG (Bacilo de Calmette-Guerrin)............................................................... 15

c) PIND-ORF (Baypamun®, Bayer) ................................................................. 16

d) Vacina Bacteriana Mista anti – Escherichia coli e Salmonella Dublin(SD) . 17 2.2.2.1 Levamisol ............................................................................................... 18

3. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 21 3.1. Animais ................................................................................................................ 21 3.2. Tratamentos ........................................................................................................ 21 3.3. Coleta de amostras .............................................................................................. 22 3.4. Dosagem de IgG ................................................................................................. 22 a) No soro ................................................................................................................... 22

4- RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 26

4.1. Rebanho Holandês ............................................................................................... 26 4.1. Rebanho Jersey .................................................................................................... 29

5. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 33 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 34

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Lista de Figuras

Figura 1. Esquema de captura de IgGs em Coluna de Imunoafinidade de Proteína A, esquerda e ; à direita, eluição das IgGs por diferença de pH..................................... 11 Figura 2 – Esquema de placa com ensaio de imunodifusão radial......................... 12 Figura 3. Soro sendo filtrado na coluna em sistema fechado.................................. 24 Figura 4. Coleta do eluído para leitura no espectrofotômetro ................................. 25 Figura 5. Níveis séricos de IgG do grupo Controle Holandês................................... 27 Figura 6. Índice de Refração do Colostro.................................................................. 27 Figura 7. Níveis séricos de IgG rebanho Jersey........................................................ 29 Figura 8. Dias para o primeiro serviço (1º IA) do Rebanho Jersey............................. 31 Figura 9. Número de serviços por vaca rebanho Jersey............................................... 31

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Análise estatística dos resultados de quantificação de IgG

mg mL -1 (Rebanho Holandês)...................................................................................26

Tabela 2 - Taxa de prenhez de vacas Holandesas tratadas com Levamisol e submetidas a IATF com sêmen sexado..........................................................................................29 Tabela 3 - Análise estatística dos resultados de quantificação de IgG

mg mL -1 (Rebanho Jersey)........................................................................................30 Tabela 4 – Taxa de Prenhez dos animais do rebanho Jersey.......................................32

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FOSFATO DE LEVAMISOL EM VACAS LEITEIRAS: AVALIAÇÃO COMO IMUNOESTIMULADOR

RESUMO

Na atividade leiteira, problemas como retenção de placenta, metrites e

endometrites, que acometem o trato reprodutivo das fêmeas no período pós –

parto, causam grandes prejuízos ao produtor, decorrente da queda na

produção de leite, gastos com medicamentos, descarte do leite e baixo

desempenho reprodutivo. Considerando que as patologias acima mencionadas

geralmente estão relacionados com o estado imunológico sistêmico do animal,

diversos produtos com atividade imunoestimulante têm sido sugeridos para ser

administrados, preventivamente, no período pré-parto. Neste trabalho, dois

rebanhos leiteiros, formados por fêmeas bovinas Jersey e Holandesas, foram

utilizados no intuito de avaliar a ação benéfica do Fosfato de Levamisol,

medicamento comumente utilizado para o controle de parasitas e que provoca,

dentre outros, um aumento na atividade imunológica. Os animais receberam

Fosfato de Levamisol (Ripercol L 150 F – FortDodge Saúde Animal) na

dosagem de 3,5 mL por kg de peso vivo (1 mg do principio ativo) em duas

aplicações no pré-parto. Amostras de sangue foram coletadas quinzenalmente

para quantificar a concentração de imunoglobulinas G no soro pelo método de

imunoafinidade. Adicionalmente, foram analisadas diversas variáveis

reprodutivas (período de serviço, taxa de concepção, incidência de patologias

reprodutivas). Os dados foram analisados utilizando métodos de estatística não

paramétrica. Não houve diferenças estatísitica (valor de P 0,5%) entre os

animais tratados e os que receberam o placebo. Foi concluído que o uso de

Fosfato de Levamisol no período pré-parto não altera a atividade imunológica

nem o desempenho reprodutivo dos animais.

Palavras-chave: Bovinos leiteiros, imunologia, levamisol, pré-parto

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LEVAMISOLE-PHOSPHATE IN DAIRY COWS: EVALUATION AS IMMUNOPOTENTIATOR

ABSTRACT

In the dairy industry, reproductive problems as metritis, endometrites and

placental retention, can result in milk yield decreasing, medical supplies

expends, milk discard, and the low reproductive performance is mostly due to

the animal immune status. For this reason several products are indicated as

immunopotentiators, especially for females at the pre-parturient period. In this

work, two groups of bovine pre-parturient animals, from Jersey and Holstein

breeds were tested to evaluate the Levamisole phosphate property as

immunpotentiator. Although Levamisole products are recommended for parasite

control, it is recommended by the fabricant as immunopotentiators. The assays

were performed with two levamisol phosphate (Ripercol L 150 F – FortDodge

Saúde Animal) 3,5 mL per kg of live weight (1 mg from active product) on the

pre-parturient period, two applications and three sera harvest . Control group

did not receive any product but sera were also collected. Immunoglobulin G

quantification were obtained by immunoaffinity procedure IgG-protein A. No

statistical differences were observed for the breeds or the control groups, in

comparison to levamisol phosphate groups, for sera IgG quantification, which

agrees with several studies where levamisole products do not present

immunopotentiator activity for bovine females, as well as did not increase the

animals reproductive performance, independent from the breed studied.

Key-words: Dairy cows, immunology, levamisole, pre-parturient period

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1. INTRODUÇÃO

A reprodução tem papel fundamental na atividade leiteira uma vez que,

existe uma íntima relação entre o intervalo entre partos e a produção de leite.

Consequentemente, para que um rebanho leiteiro seja considerado eficiente a

concepção deve ocorrer num período de 85 dias após o parto. Por esse motivo,

as vacas devem retomar rapidamente à atividade reprodutiva pós parto que as

possibilite de uma nova prenhez.

Na atividade leiteira os problemas que acometem o trato reprodutivo das

fêmeas no pós - parto, como a retenção de placenta, metrites e endometrites,

causam grandes prejuízos tais como queda na produção de leite, gastos com

medicamentos, descarte do leite e o baixo desempenho reprodutivo. A

ocorrência desses problemas pós- parto pode ser influenciada pelo estado

imunológico sistêmico do animal.

Após o parto, ocorre uma série de adaptações que levam ao

restabelecimento da atividade ovariana. Durante o puerpério (período que vai

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do parto até involução do útero e dura em torno de 40 dias) é necessário que

haja involução do trato genital (útero e cérvix ) e retorno da atividade ovariana.

Ambas condições fisiológicas dependem do aumento adequado da secreção

de gonadotrofinas e esteróides e fatores associados ao manejo pré e pós parto.

O controle das infecções nos animais é realizado pela imunidade ativa e

passiva. A imunização ativa ocorre quando o próprio sistema imune do

indivíduo, ao entrar em contato com uma substância estranha ao organismo,

responde produzindo anticorpos e células imunes (linfócitos T). Esse tipo de

imunidade geralmente dura por vários anos, às vezes, por toda uma vida. Os

meios de se adquirir imunidade ativa são contraindo uma doença infecciosa e a

vacinação. A imunização passiva é obtida pela transferência ao indivíduo de

anticorpos produzidos por outro indivíduo. Esse tipo de imunidade produz uma

rápida e eficiente proteção, que, contudo, é temporária, durando em média

poucas semanas ou meses. A imunidade passiva natural é o tipo mais comum

de imunidade passiva, sendo caracterizada pela passagem de anticorpos da

mãe para o feto através da placenta e também pelo leite. Essa transferência de

anticorpos ocorre nos últimos 2 meses de gestação, de modo a conferir uma

boa imunidade à cria durante seu primeiro ano de vida.

O uso de imunoestimuladores no pré-parto tem sido indicado por vários

autores e por diversos fabricantes destes produtos como uma alternativa para

melhorar a condição do sistema imune das vacas. Neste trabalho avaliamos a

eficácia do Fosfato de Levamisol (Ripercol 150 L – Fordog Saúde Animal)

como estimulante da condição imunológica quando aplicado no período pré

parto de fêmeas bovinas. Analisou-se a quantidade de imunoglubilinas tipo G

no soro e no colostro, bem com a eficiência reprodutiva no pós parto (dias para

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o 1º serviço, número de serviços, taxa de prenhez e problemas pós – parto)

em comparação a um grupo controle não tratado.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

Problemas reprodutivos no pós - parto resultam em perda econômica

considerável, em consequência da redução da taxa de natalidade, aumento no

intervalo entre partos, maior número de serviços por concepção, queda de

produção de leite, perda de matrizes, além do gasto com medicamentos

(GRUNET e GREGORY, 1984; PALHANO, 2008; ANDRADE et al., 2005).

Na atividade de pecuária leiteira brasileira, muitos criadores utilizam

vacas da raça holandesa por causa de sua alta produção, e persistência, de

leite. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Gado Holandês, cerca

de 84,0% de criadores de gado holandês residem nos estados de São Paulo,

Paraná e Minas Gerais, com produção media em torno 8.047 kg por lactação

(305dias). Os programas de seleção e melhoramento genético fizeram dessa

raça a maior produtora mundial de leite. Contudo, concomitante ao aumento da

produção de leite, observou-se um aumento na incidência de problemas

metabólicos, mastite e problemas no pós - parto que afetam o desempenho

reprodutivo. Devido a estes problemas, o gado holandês é uma raça que

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precisa de um manejo relativamente dispendioso para adequar o ambiente às

necessidade da raça. Diferentemente, a pesar de ter sofrido uma seleção

igualmente intensa para produção de leite, a raça Jersey tem a reputação de

ser mais rústica e tolerante ao calor, estando implicados diferentes

mecanismos de defesa ao ambiente, incluindo diferenças no sistema imune.

Na medicina veterinária existem situações em que se torna desejável

potencializar a reposta imune. Entre essas situações podemos citar o

incremento da resistência às infecções e o tratamento de enfermidades

imunossupressoras ou infecciosas de origem multifatorial. Por outro lado, é

preciso que a vaca produza um colostro de melhor qualidade, com maiores

níveis de imunoglobulinas (CASTRUCCI et al., 1996; TIZARD, 2002).

2.1. Patologias reprodutivas mais comuns das vacas leiteiras

A resposta imune de vacas leiteiras sofre declínio durante o período de

transição que compreende 3 semanas antes do parto e 3 semanas depois do

parto. Kehrli et al. (1989) mostraram que ambos os neutrófilos e linfócitos de

vacas no peri parto ficam reduzidos e diminuindo as respostas imunológicas

após o parto. O estresse do parto causa o aumento da secreção de corticoídes,

o que prejudica o funcionamento das células de defesa.

O comprometimento do sistema imune é associado ao aumento do risco

de metrites, mastistes, ou outras doenças infecciosas. Recentemente a

retenção de placenta foi caracteriza por uma falha do sistema imune materno

(SAUN,. 2007).

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2.1.1 Retenção de placenta

A retenção de placenta resulta da falta de descolamento das

membranas fetais das carúnculas maternas devido à baixa motilidade ou atonia

uterina. Algumas vacas conseguem expelir a placenta após o parto em até 3

horas, mas maioria das vacas expele seus anexos fetais por volta de 6 horas

após o parto e um número pequeno de vacas 12 horas depois do parto.

Considera-se retida a placenta quando não ocorre sua liberação após seis

horas do parto, embora Ruckebusch et al. (1991) adotam 8 a 12 horas e

Esslemont e Peeler (1993) consideram retenção de placenta com mais de 24

horas pós parto.

Em estudo realizado em fazenda comercial localizada no município de

Araras/SP, foi acompanhado o pós-parto de 522 fêmeas Holandesas,

primíparas e multíparas, com produção média diária de 35 kg e média de

produção acumulada aos 305 dias de 10.747 kg. As retenções de placenta e as

metrites foram as doenças mais presentes neste rebanho (CORASSIN et al.,

2011).

Um dos mecanismos que predispõem à retenção de placenta é o

distúrbio na síntese de prostaglandina F2α (PGF2α) (HORTA et al., 1984).

Chassagne e Barnouin (1992) encontraram menor concentração de 13,14-

diidro-15-ceto- PGF2α (PGFM, principal metabólito de PGF2 α) em vacas com

retenção de placenta na hora do parto e Horta et al.(1984) verificaram que a

retenção de placenta foi induzida pela injeção de inibidor de prostaglandina no

momento do parto. Além de acelerar o processo de involução, a prostaglandina

F2a (PGF2a) estimula a atividade da camada muscular uterina (miométrio)

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após o parto. Esta substância é normalmente produzida pelo útero sendo

responsável pela correta involução uterina pós parto, em tempo normal. Devido

ao papel da PGF2α, no retorno à normalidade fisiológica pós parto, algumas

fazendas adotaram a aplicação preventiva de PGF2α no pós parto. No entanto

os resultados ainda não são completamente satisfatórios( HORTA et al., 1984).

2.1.2 Endometrite A endometrite é o processo infeccioso que ocorre durante o puerpério,

associado ou não à retenção de placenta, tendo como principal fator

predisponente a inércia uterina pós - parto e a contaminação do ambiente

uterino por agentes infeccioso. O animal com infecção uterina apresenta um

quadro de toxemia e septicemia com sintomas de apatia, anorexia, hipertemia

e secreção purulenta vaginal. O tratamento é feito com antibióticos sistêmicos,

junto com lavagem uterina com antisséptico e agentes mucolíticos. O uso de

PGF2α ou seus análogos sintéticos, como cloprostenol sódico, contribui para

melhorar a contratilidade uterina promovendo a luteólise em vacas que

apresentam um corpo lúteo funcional (PALHANO, 2008).

2.2. Atividade imunológica

Os anticorpos (Ac), formados por imunoglobulinas (Ig) ou

gamaglobulinas, são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por células

plasmáticas derivadas dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes no plasma,

tecidos e secreções que se ligam a proteínas estranhas ao corpo, chamadas

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de antígenos, realizando assim a defesa do organismo (imunidade humoral).

Depois que o sistema imunológico entra em contato com um antígeno, são

produzidos anticorpos específicos contra ele. Todos os anticorpos são

constituídos da mesma maneira, a partir de quatro cadeias polipeptídicas,

formando cinco classes diferentes denominadas IgM, IgD, IgG, IgA e IgE. A

IgG é a mais abundante no plasma sanguíneo, sendo produzida em altos níveis

tanto nas respostas imunes primárias como nas secundárias.

A placenta bovina impede a passagem de anticorpos para o feto durante

a gestação (RADOSTITS et al.,2007).Consequentemente, os bezerros

neonatos possuem um sistema imune imaturo, tornando indispensável a

transferência de imunidade através fornecimento de colostro nas primeiras seis

horas de vida para os neonatos (RADOSTITS et al.,2007).

O colostro contém vários elementos imunoprotetores solúveis que são

capazes de conferir imunidade contra uma variedade de microorganismo

patogênicos responsáveis pelos altos índices de morbidade e mortalidade de

neonatos nos rebanhos leiteiros (RADOSTITS et al.,2007).

Segundo Smith et al. (2006), as principais imunoglobulinas

presentes no colostro bovino são : IgG(70-80%), IgM(10-15%) e IgA (10-15%),

sendo que a quantidade de imunoglobulinas do colostro aumenta conforme o

número de lactações. O colostro de novilhas (primiparas) tem baixa

concentração de IgG em relação ao do colostro de vacas mais velhas. Por esse

motivo, recomenda-se que os bezerros devem ser alimentados

preferencialmente com o colostro de vacas com três lactações (DAWES e

TYLER.,2007).

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2.2.1 Metodologias para medir IgG

Um método direto de quantificação de irnunoglobulinas é a eletroforese

(PFEIFFER et al., 1977). Esta técnica, apesar de ser bastante específica, exige

boa condição técnica e necessita de equipamentos específicos. A eletroforese

é uma técnica de separação de proteínas utilizando-se de forças eletroforéticas

e eletroendosmóticas presentes no sistema. As frações separadas são

visualizadas a partir de corante sensível a proteínas. Os resultados devem ser

sempre expressos sobre forma percentual e de concentração das diversas

frações e em forma gráfica. A amostra de soro sanguíneo, rica em proteínas, é

aplicada sobre um meio composto de acetato de celulose ou gel de agarose e,

em seguida, sofre a ação de um potencial elétrico gerado por um, pólo positivo

(anodo) e outro negativo (catodo).

Esse potencial provoca a migração das proteínas em direção ao anodo

e, de acordo com o peso molecular e carga elétrica deste, elas percorrem

distâncias distintas, gerando diferentes bandas, representadas por albumina e

as globulinas alfa, beta e gamaglobulinas fração formada pelas

imunoglobulinas (Igs).

O método da turvação pelo sulfato de zinco (TSZ), apesar de ser um

método indireto e menos específico que os métodos diretos é uma prova

rápida, com baixo custo (WHITE, 1986). Além disso, Pfeiffer et al.(1977)

demonstraram que este método foi o que apresentou menos distorções em

relação a quantidade real de irnunoglobulinas em amostras de soro bovino,

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comparado com imunodifusão radial simples, eletroforese e refratometria.

Outros métodos indiretos de quantificação de irnunoglobulinas são a

precipitação pelo sulfito de sódio e a reação de coagulação pelo glutaraldeído .

(PFEIFFER et al., 1977)

2.2.1.1 Colunas de Imunoafinidade - Proteína A

Colunas com proteina A são um dos métodos mais versáteis usados

para purificação de anticorpos (GHETIE et al, 1978). As colunas são fáceis

para preparar, porque as moléculas dos anticorpos são destinadas para a

matriz o gel através do domínio Fc. Anticorpos ligam-se diretamente na

proteína A porque o domínio Fc do anticorpo tem alta afinidade com proteína A

(Figura 1).

A Proteína A é um polipeptídio que encontrado na parede celular da

Staphylococcus aureus aproximadamente 98% das S. aures contém está

proteína. O mecanismo de interação entre o anticorpo e a proteína A ocorre

quando a proteína une-se nos 4 potenciais sítios de ligações dos anticorpos

mas apenas dois deles podem ser usados no mesmo tempo. A proteína A liga-

se no sitio da molécula do anticorpo na segunda e terceira região constante

dos polipepitidios de cadeia pesada (CHAMOW e ASHKENAZI, 1999).

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Figura 1. Esquema de captura de IgGs em Coluna de I munoafinidade de

Proteína A, `a esquerda e ; à direita, eluição das IgGs por diferença de pH

Fonte: http://www.chromatography.amershambiosciences.com/

2.2.1.2 Outras Técnicas para quantificar Imunoglobulinas no soro e colostro A imunodifusão radial simples (IRS) é usada para quantificação de

antígenos e anticorpos. A precipitação do antígeno-anticorpo torna-se sensível

pela incorporação de anti-soro na solução de ágar antes de tornar-se gel.

Desde modo o anti-soro (que pode ser anti–IgG) é distribuído de forma

uniforme por todo no ágar . O antígeno, então, tem possibilidade de difusão

para poços feitos no gel. Inicialmente o antígeno difunde-se bem para fora do

poço formando um arco em volta do poço inicial. No entanto, na medida em

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que difunde para mais longe do poço, a concentração começa a cair e a

concentração fica igual ao anticorpo do gel e um arco (disco) de antígeno e

anticorpo (precipitado) é formado ( Figura 2).

Figura 2 – Esquema de placa com ensaio de imunodifu são radial ( ROITT et al, 1989).

O colostrômetro é um método simples para estimar rapidamente, por via

indireta, a quantidade de anticorpos presentes no colostro. A medição pelo

colostrômetro é feita através de miligramas por mililitro de imunoglobulinas

(anticorpos), sendo que um colostro de boa qualidade tem que ter de IgG 50-

140mg mL –1 ou mais, de qualidade regular de 20-50 mg mL –1 e

considerado ruim abaixo de 20 mg mL –1 (MECHOR et al.,1992).

Um método mais preciso para avaliar o teor de Ig do colostro é a

Imunodifusão Radial –RID é o método padrão (FLEENOR E STOTT,1981 ).

Entretanto, precisa–se de uma estrutura de laboratório e requer em torno 24

horas para obtenção dos resultados, sendo uma técnica de difícil aplicação nas

fazendas .

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Outro equipamento de vem sendo utilizado para avaliação da qualidade

do colostro e refratômetro (óptico e digital). O principio de funcionamento do

equipamento consiste em medir a refração do feixe de luz quando este passa

através de uma amostra de líquido. O equipamento então mede a quantidade

de luz que é refratada, ou seja, "desviada" durante o caminho do feixe de luz

pelos constituintes da amostra. Assim, quanto maior a quantidade de proteína

da amostra, mais luz é "desviada" e, assim, o refratômetro faz a leitura

(BIELMAN et al., 2010).

Outro método para avaliar a concentração de IgG no colostro é através

do método de turvação pelo sulfato de zinco (TSZ), também chamada de

reação de KUNKEL (BÉRTOLI, 1973). A avaliação do grau de imunização

passiva é feita através da turbidez desenvolvida pela precipitação do soro

sangüíneo com sulfato de zinco. A intensidade da turbidez permite determinar a

concentração de imunoglobulinas séricas. O controle positivo é uma mistura de

soros sangüíneos de bovinos adultos e o controle negativo é soro fetal bovino

sem imunoglobulinas (FLEENOR e STOTT, 1980).

2.2.2 Imunoestimuladores Os imunoestimuladores ou imunomoduladores são substâncias que

atuam no sistema imunológico conferindo aumento da resposta orgânica contra

determinados microorganismos, incluindo vírus, bactérias e protozoários,

mediante à produção de interferon e seus indutores. Os imunomoduladores

podem ser ativos específicos, ativos inespecíficos e passivos. A maior parte

dos imunomoduladores proporciona incremento ativo e não-específico da

resposta imune dos indivíduos (SPINOSA,1999). Alguns destes são: interferons

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e indutores de interferon, as interleucinas, o bacilo de Calmett-Guérin (BCG) e

seus derivados, o Propionibacterium acnes (Corynebacterium parvum), vacina

bacteriana mista, PIND-ORF, Phosprenyl, Quillaja saponis, Bordetella

pertussis, componentes da parede de Staphylococcus aureus, avridina e o

levamisol.

Segundo Spinosa (1999), os imunoestimuladores possuem ações

específicas, que inibem ou estimulam a produção de proteínas; induzem

receptores para Imunoglobulinas do tipo G (IgG) e Fixadores de Complemento

(FC) em monócitos e macrófagos além, de estimularem os macrófagos. As

interleucinas possuem ação mitógena dos timócitos (células precursoras das

células T), estimulando a resposta na fase aguda e a proliferação e ativação de

linfócitos T e B e, assim como interferons e indutores de interferon, estimulam

os macrófagos as células exterminadoras naturais ou células NK (do inglês N atural

Killer Cell). O Bacilo de Calmett-Guerrin (cepa viva atenuada de Mycobacterium

bovis) e seus derivados ativam células T e B, liberando linfocinas e recrutando

macrófagos, resultando em ação granulomatosa.

2.2.2.1 Imunoestimuladores inespecíficos

a) Propionibacterium acnes (P.acnes) Propionibacterium acnes é uma bactéria Gram-positiva, residente natural

da glândula sebácias do folículo piloso da pele humana; vivem em ambiente de

anaerobiose, crescendo de maneira mais eficaz neste, no entanto, algumas

cepas são aerotolerantes (BRANNAN, 2005). Como todas as bactérias, o P.

acnes promove a formação de anticorpos quando administrada como uma

suspensão inativada sendo rapidamente fagocitada pelos macrófagos,

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estimulando a síntese de citocinas. Possui uma atividade complexa, já que

estimula os macrófagos e a resposta de anticorpos aos antígenos timo-

dependentes, mas possui efeito variado na resposta aos antígenos timo -

independentes. Essa bactéria possui ação imunoestimulante geral que leva à

potencialização da atividade antibacteriana e antitumoral (TIZARD, 2002).

Especificamente, aumenta a produção de linfócitos T e B, aumentando,

portando, a imunidade mediada por células, facilitando a função de macrófagos

e células NK (SPINOSA, 1999). Davis et al. (2003) relataram o uso do P. acnes

na profilaxia das inflamações pulmonares crônicas em eqüinos. Nos estudos

realizados com estes animais tratados houve um aumento de IFN, NK e células

monucleares da circulação periférica. Os autores sugerem que a ação

imunomoduladores do P. acnes se dá pelo aumento da produção de IL-1, IFN e

NK. O P. acnes foi utilizado com sucesso na terapia de endometrites,

osteomielite em equinos e no tratamento de feridas (VAN KAMPEN, 1997). Hall

et al. (1994) apresentaram resultados positivos no uso do P. acnes no

tratamento de Papiloma Bovino, com aplicações intralesionais. Os animais

apresentaram regressão completa das lesões em 15 semanas.

b) BCG (Bacilo de Calmette-Guerrin) O BCG constitui-se de uma cepa vacinal atenuada do Mycobacterium

bovis é um dos mais potentes potencializadores da síntese de citocinas, devido

à ativação de macrófagos, mas também exerce uma potencialização

generalizada da fagocitose, das respostas mediadas por células B e células T

(TIZARD, 2002).

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Segundo Van Kampen (1997) o BCG tem sido usado com sucesso no

tratamento de diarréias causadas por Escherichia coli em bezerro. Os animais

tratados apresentam melhora nos sintomas clínicos, além de haver diminuição

na taxa de mortalidade.

c) PIND-ORF (Baypamun®, Bayer) PIND – ORF, comercialmente conhecido como Baypamun® é um

imunomodulador constituído da estirpe viral D1701 do Parapoxvírus que

acomete os ovinos, e como outros imunomoduladores, ativa os mecanismos

imunes antígeno–independentes, como a produção de interferon pelas células

mononuclerares infectadas por vírus; diferenciação de células imaturas em

células maduras e proliferação dos linfócitos. Em trabalhos realizados por

Castrucci et al.(2000) verificou-se a efetividade do imunomodulador

Baypamun® , limitando a disseminação do HBV-1 (Herpesvírus Bovino tipo-1).

Bovinos infectados experimentalmente com HBV-1 foram divididos em grupos

tratados e não tratados com imunomodulador. Os animais infectados e que

receberam Baypamun® apresentaram sinais clínicos da doença. No mesmo

experimento, animais saudáveis coabitaram com um animal infectado sendo

que apenas metade dos animais saudáveis receberam Baypamun®; como

resultado, os animais não- tratados desenvolveram sintomatologia da clássica

e severa da doença, enquanto os animais que receberam imunomodulador

forma apenas parcialmente afetados (CASTRUCCI et al., 1996).

Bovinos infectados experimentalmente com BHV-1, após alguns dias,

apresentaram a forma clássica da Rinotraqueíte Infecciosa. Permitiu–se que

estes animais enfermos permanecessem em contato com animais saudáveis

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receberam tratamento com Baypamun® em diferentes protocolos de

administração e em diferentes tempos. Todos os animais tratados por 4 dias

consecutivos não demonstraram qualquer sinal da doença (CASTRUCCI et al.,

1998).

d) Vacina Bacteriana Mista anti – Escherichia coli e Salmonella Dublin(SD) A salmonelose e a colibacilose são enfermidades bacterianas infecto-

contagiosas ocasionadas por estirpes patogênicas de Salmonella Dublin (SD) e

Escherichia coli enterotoxigênica (ETEC) que afetam os bovinos

lactantes,ocasionando elevados prejuízos econômicos (WITTUM et al., 1993).

A Escherichia coli enterotoxigênica ETEC causa diarréia em bezerros com

menos de duas semanas de idade e a SD acima de duas semanas.

A vacinação de fêmeas prenhes, usando células mortas de Salmonella

sp. adsorvidas em diferentes adjuvantes, tem demonstrado que estas

produzem anticorpos (MORTOLA et al.,1992). Duas doses de bacterina de SD,

por via subcutânea, nos últimos meses de gestação de fêmeas e uma dose nos

bezerros entre 15 a 30 dias de vida, foram suficientes para redução da taxa de

mortalidade.

No caso da Escherichia coli, as vacinas podem ser mais específicas, se

preparadas com a presença do antígeno K99 (MYERS,1980;GARCIA et

al.,1994). Quando são emulsionadas em óleo mineral ou adsorvidas em

hidróxido de alumínio, determinam o aumento na duração da imunidade de

vacas e reduzem a mortalidade em bezerros. No Brasil, Ávila et al. (1986)

verificaram que estas vacinas induzem à produção de anticorpos nas vacas

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vacinadas e que estes são transferidos para os bezerros através do colostro.

Alguns autores como Kiddy et al. (1974) afirmam que a concentração de

imunoglobulinas séricas de vacas diminuí acentuadamente nas últimas cinco

semanas antes do parto , ao passo que outros pesquisadores acreditam que a

transferência máxima de imunoglobulinas da corrente sanguínea para glândula

mamária ocorre num período mais curto , entre duas e três semanas antes do

parto (BRANDOM et al ., 1971).

2.2.2.1 Levamisol

O levamisol é um fármaco anti-helmíntico de amplo espectro utilizado no

tratamento de parasitoses intestinais Oliveira e Freitas (1998) relataram as

vantagens do uso de levamisol, comparado com a doramectina no controle de

parasitos em bovinos, podendo trazer outros benefícios ao rebanho, que

poderiam ou não ser atribuídos ao uso dos medicamentos para o controle de

parasitas, como ganho de peso do rebanho. Seu uso como imunopotenciador

foi descoberto em 1974 (RENOUX e RENOUX, 1974), em camundongos

infectados com Brucella abortus. Concomitantemente à ação anti-helmíntica,

este fármaco atua no sistema imunológico de maneira semelhante ao hormônio

timopoietina, produzido no timo que influi na maturação dos linfócitos T.

Estimula a ação de células T e a resposta aos antígenos, potencializa a

produção de interferons e aumenta a atividade fagocitária de macrófagos e

neutrófilos, estimula a citotoxicidade mediada por células, a produção de

linfócitos (TIZARD, 2002).

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Além de suas funções no controle de parasitas (MONTENEGRO et al,

1991), o levamisol tem sido utilizado como imunopotenciador, devido às suas

propriedades na restauração de neutrófilos defeituosos e na fagocitose

(MONTENEGRO et al., 1992) . No entanto, ainda existem divergências quanto

a ação do esse medicamento na imunidade do hospedeiro.

Weckx et al. (2009) avaliaram a eficácia do levamisol no tratamento

profilático de estomatite, esperando aumento na capacidade imunológica do

grupo que recebeu levamisol como droga estimuladora, contudo os resultados

não foram significativos, comparados ao grupo controle, que recebeu placebo.

Embora o levamisol seja indicado para restauração da resposta imunológica

celular, trabalhos vem sendo revisados e há discussões sobre o real efeito do

levamisol na reprodução.

VOJTIC,(1998) tratou vacas de leite com retenção de placenta ou

descarga uterina purulenta e obteve uma reação imune reforçada levando a um

aumento significativo na circulação de neutrófilos e eosinófilos no pós-parto.

Aplicações de levamisol durante o período pré-parto (em torno seis

semanas antes do parto) diminuiu significativamente a incidência de mastite,

mortes fetais e metrite devido a sua atividade imunoestimuladora em vacas

(GURBULAK et al.,2004) .

Recentemente, PARNACI et al (2009) estudaram o efeito benéfico do

levamisol em um grupo de vacas (n = 20) tratadas com o fármaco na dosagem

de 2,5 mg Kg -1 de PV. O grupo controle (n=13) recebeu a mesma dosagem de

solução salina. As vacas receberam o levamisol seis e duas semanas antes do

parto previsto. Os animais tratados com levamisol apresentaram melhor

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involução uterina e inicio da atividade ovariana mais cedo no pós-parto em

relação aos animais do grupo controle.

Do acima exposto, infere-se que as substancias com atividade

imunoestimulante inespecífica podem ser utilizadas para melhorar a função

reprodutiva no pós-parto. Dessa forma, o presente trabalho objetiva contribuir

para um melhor conhecimento do efeito do Levamisol na função imunológica e

na reprodução pós-parto.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Animais O experimento foi realizado em dois rebanhos leiteiros em boas

condições sanitárias e nutricionais. O primeiro rebanho, pertencente ao

CAPTA/Leite do Instituto de Zootecnia, em Americana/SP, era formado por

vacas Holandesas e o segundo rebanho, da Estação Experimental do Pólo do

Centro Leste, da APTA Regional de Ribeirão Preto/SP, era formado por vacas

Jersey. De cada rebanho foram selecionadas vacas no terço final de gestação,

sendo 16 vacas da raça Holandesa e 14 da raça Jersey, para aplicação dos

tratamentos experimentais.

3.2. Tratamentos O ensaio foi delineado da seguinte forma:

Grupo 1: Formado de oito vacas Holandesas e sete Jersey. Seis semanas

antes da data prevista do parto, os animais receberam um injeção

intramuscular (IM) de 3,75mg Kg -1 de PV ( 1 mg do princípio ativo Fosfato de

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Levamisol- Ripercol L-150, Fort Dodge Saúde Animal), com reforço da mesma

dosagem 21 dias após.

Grupo 2 (Controle): Semelhante ao Grupo 1, substituindo o Levamisol por

solução salina.

3.3. Coleta de amostras Amostras de sangue foram coletadas da veia jugular utilizando tubos

vacutainer V&D seco (Greiner) de todas as vacas no momento da primeira

(dia 0) e segunda injeção (dia 21) e logo após o parto. Após centrifugação o

soro foi separado e estocado congelado (-20 0C) até posterior analise.

Adicionalmente, amostras de colostro foram coletadas logo após o parto em

garrafas plásticas de 200mL cada e armazenado a – 80 0C.

3.4. Dosagem de IgG

a) No soro As amostras individuais de soro foram descongeladas e eluidas em

coluna de sefarose – proteína A (HiTrap Protein A agarose HP 1mL, GE

Healthcare) segundo o procedimento abaixo ( OI e HEZENBERG.,1980): a

coluna preparada com 2 cm de gel de agarose, foi lavada com 20 mL de

solução tampão PBS (Solução tampão fosfato), pulsionada por bomba

peristáltica (Modelo Pump – P-1, Fabricante Pharmacia Biotech,) com fluxo de

6 mL por hora A cada 1,5mL de soro foram adicionados, 4mL de solução de

PBS e filtrado em membrana millipore de 0,22µm.

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A seguir, o soro filtrado (5,5 mL) foi colocado na coluna (HiTrap Protein

A agarose HP 1mL, GE Healthcare) em sistema fechado, por 6 horas

utilizando uma bomba peristáltica (vazão de 10 mL por hora). Após este

período, a coluna foi lavada com 20 mL de tampão PBS, ficando retidos na

coluna apenas imunoglobulinas do tipo IgG ligadas na proteína A da coluna.

O terceiro passo foi lavar a coluna com Tampão Glicina – NaHCL pH3

para que as Imunoglobulinas fossem desprendidas da proteina A. Alíquotas de

2 mL foram coletadas em série, em tubos marcados de 1 a 9 contendo 50µL

do Tampão Tris – HCL, pH 9,0. O tubo controle recebeu 50µL do tampão Tris –

HCL mais 2mL de tampão Glicina. Após a eluição, a coluna foi novamente

lavada por uma hora com solução de PBS e timerosal 0,1 % para ser

acondicionada até o próximo dia.

De cada tubo de ensaio foi retirada 1 mL do eluido e foi realizada a

leitura em espectrofotômetro (Modelo Genesys 10 uv, Fabricante Thermo

Scientifitic) a 280 nm. A correlação de absorbância: mg de IgG mL-1 foi

calculada em 1,3:1.

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Figura 3. Soro sendo filtrado na coluna em sistema fechado.

Figura 4. Coleta do eluído para leitura no espectro fotômetro

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b) No colostro

As amostras de colostro total foram descongeladas em temperatura

ambiente e homogeneizadas. Para o teste do refratômetro, 1mL de colostro foi

separado e observado em refratômetro óptico Brix 0 -32 (EXTECH MODELO

2132, JAPAN) segundo Bielmann et al.(2010 ).

Os dados referentes ao desempenho reprodutivo (data de parição,

período de serviço e taxa de prenhez) e as eventuais patologias no pós- parto

foram anotadas nas fichas zootécnicas dos animais e a analise dos dados foi

realizada utilizando o teste no paramétrico de Chi quadrado, com a correção de

Yates (GOMES, 1999).

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4- RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Rebanho Holandês

Os animais apresentarem níveis de IgG entre 0,200 e 0,250 mg mL -1,

(Figura 5). Esses valores estão abaixo dos níveis de referência relatados por

Harlow e Lane (1988) os quais encontraram uma concentração de IgG no soro

sanguíneo entre 8 e16 mg mL -1 nos bovino.

Tabela 1 - Análise estatística dos resultados de qu antificação de IgG

mg mL -1 (Rebanho Holandês).

Coleta Grupo 1 2 3 Tratamento 0,21a 0,23a 0,20a Controle 0,25a 0,24a 0,22a *Teste t a 5 % de significancia. Letras iguais não diferem estatisticamente

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Figura 5. Níveis séricos de IgG d o rebanho Holandês

Os níveis de IgG do grupo controle foram maiores que o grupo tratado

(P<0,05). (Figura 6)

Figura 6. Índice de Refração do Colost ro

0 2 4 6 8

10

12

14

16

Tratamento Controle

Grupos

%

Refratometro %

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

1 2 3

Coleta

mg mL -1

Tratamento

Controle

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Fleenor e Stott (1980) classificaram colostros com teores abaixo de 21,8

mg Ig. mL –1 como de baixo valor imunológico e acima de 49,82 mg Ig. mL –1

de alto valor imunológico. Outros autores encontraram valores mais elevados

que variam entre 50 e 90 mg Ig. mL –1 (MORIN et al.,2001). O valor Brix de

22% corresponde a 50 mg IgG mL –1 , ou seja, o colostro com um valor Brix

acima deste ponto de corte pode ser considerado colostro de alta qualidade

(BIELMAN et al., 2010).

Com relação às patologias pós parto do rebanho Holandês, foi registrado

um caso de retenção de placenta em cada grupo experimental.

Finalmente, por motivos de interesse institucional o rebanho Holandês

foi preparado para ser inseminado em tempo fixo (IATF), utilizando um

protocolos de sincronização hormonal da ovulação e inseminação com sêmen

sexado. Essa situação não permitiu fazer uma analise da eficiência reprodutiva

decorrente do tratamento com Levamisol ou comparar os resultados com o

rebanho Jersey. De qualquer forma, os resultados da IATF foram analisados,

sendo que não houve influencia do tratamento com Levamisol na taxa de

prenhez (Tabela 2).

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Tabela 2 - Taxa de prenhez de vacas Holandesas trat adas com Levamisol

e submetidas a IATF com sêmen sexado

Grupo Vacas Prenhas Taxa Prenhez Tratamento (4/8) 50% Controle (3/8) 37% Total (7/16) 43%

4.1. Rebanho Jersey O rebanho das vacas Jersey apresentou níveis de IgG entre 0,5 e 1,3

mg mL -1 (Figura 7).

Figura 7. Níveis séricos de IgG do rebanho Jersey

Da mesma forma que as vacas Holandesas, esses valores estão

abaixo dos níveis de referência (HARLOW e LANE., 1988).

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

1 2 3

Coletas

mg mL -1

Tratamento

Controle

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Tabela 3 - Análise estatística dos resultados de qu antificação de IgG

mg mL -1 (Rebanho Jersey).

Coleta

Grupo 1 2 3 Tratamento 0,24b 0,28b 0,59b Controle 0,52b 0,85b 1,23b *Teste t a 5 % de significancia. Letras iguais não diferem estatisticamente

Alguns autores acreditam que a transferência de imunoglobulinas da

corrente sanguínea para glândula mamária para formação do colostro seja a

causa da queda acentuada dos níveis de imunoglobulinas sanguíneos entre

duas a três semanas antes do parto (BRANDON et al., 1971). No entanto, a

analise de IgG no colostro não foi correlacionada com a queda de IgG no soro.

O período de serviço é o tempo transcorrido entre o parto e a primeira

inseminação. Dessa forma, o período de serviço não pode ultrapassar 90 dias

para se obter um intervalo entre partos de 12 meses, ou seja, uma cria por ano

(AZEVEDO et al., 2001). O tratamento com Levamisol pareceu não influenciar

esse parâmetro reprodutivo, uma vez que o grupo controle levou em média 82

dias contra 92 dias para a primeira IA após o parto (Figura 8).

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Figura 8. Dias para o primeiro serviço (1a IA) do R ebanho Jersey

O número de serviços por concepção foi 1,5 para o grupo controle e 1,3

para o tratado com Levamisol (Figura 9). Ambos resultados estão dentro da

meta de 1,8 a 2,2 considerada ótima no manejo reprodutivo dos rebanhos

(ALVAREZ, 2008).

Figura 9. Número de serviços por vaca do rebanho Je rsey

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Não foram registradas patologias reprodutivas no rebanho Jersey, com

exceção de uma vaca com retenção de placenta do grupo tratado com

Levamisol.

As vacas do rebanho Jersey foram inseminadas no primeiro cio natural,

sendo a taxa de prenhez dos dois grupos de 64%( 9/14). Não houve diferença

significativa (P>0,5) na taxa de prenhez do grupo controle (71%) em

comparação ao grupo tratado com Levamisol (57%) (Tabela 4).

Tabela 4. Taxa de Prenhez dos animais do rebanho Je rsey

Grupo Vacas Prenhas Taxa de Prenhez

Levamisol (4/7) 57%

Controle (5/7) 71%

Total (9/14) 64%

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5. CONCLUSÕES

-O uso de fosfato de Levamisol não alterou os níveis de IgG no plasma

ou no colostro de animais tratados no pré-parto.

-Novos estudos são necessários para verificar a capacidade

imunoestimuladora do Levamisol.

.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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2009. Artigo em Hypertexto Disponível em:

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