FRAGILIDADE AMBIENTAL DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS … · A área de estudo compreende as seguintes...

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FRAGILIDADE AMBIENTAL DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS QUE DESAGUAM NO TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA DA HIDRELÉTRICA CAPIM BRANCO I EM DEZEMBRO DE 2008 UBERLÂNDIA – MG. SILVA, Josimar Felisbino – UFU ([email protected]) CAMPOS, Pedro Bueno Rocha – UFU ([email protected]) SERATO, Douglas Santana – UFU ([email protected]) NETO, Fausto Miguel da Luz- ([email protected] ) RODRIGUES, Silvio Carlos – UFU ([email protected]) RESUMO A retirada da vegetação natural para a abertura de novas áreas para plantio ou para pastagem vem promovendo a eliminação da vegetação natural do cerrado o que provoca a extinção da fauna e da flora, promove mudanças climáticas locais, erosão dos solos e assoreamento dos cursos d’água que são estratégicos para o abastecimento. Este trabalho se justifica pela necessidade de preservação ambiental do Cerrado e pela adoção de práticas de exploração dos recursos naturais que compatibilize preservação ambiental e exploração econômica. Além desses fatores, considera-se a necessidade de conhecimento da fragilidade do solo da região para permitir a gestão efetiva do Parque Estadual de Pau Furado, criado em 27 de janeiro de 2007 pelo governo do estado de Minas Gerais e com 2,2 mil hectares, como medida compensatória do consórcio Capim Branco Energia (CBBE). O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo ambiental das Bacias Hidrográficas dos córregos que desaguam no trecho de vazão reduzida da Hidrelétrica Capim Branco I e produzir um mapa de fragilidade ambiental da região. Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, escolheu-se cartas topográficas, fotografias aéreas e imagens de satélites que permitiram constatar que na área de estudo existem declividades elevadas que podem ter relação com algum tipo de degradação, mas que não é o fator determinante da degradação ambiental que a área sofreu. O fator principal da destruição da vegetação é a ação antrópica. Os tipos de usos dos solos mais comuns na região são o plantio de bananeiras, culturas temporárias e pastagem, os quais são responsáveis pela retirada da maior parte da vegetação. A presença de cerrado preservado ocorre principalmente nos topos dos morros e as Áreas de Proteção Permanente foram em grande parte destruídas. PALAVRAS CHAVE: degradação e preservação ambiental, fragilidade do solo; ABSTRACT The present paper show the soil occupation of the hydrographic basin of three little rivers between Uberlandia and Araguari city.and give priority to a little part of the Araguari River that was modified by the human activity and the area studied is so important to Uberlandia and Araguari cities. KEY WORDS: Degradation, preservation, recuperation, are of Permanent Protection.

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FRAGILIDADE AMBIENTAL DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS QUE DESAGUAM NO TRECHO DE VAZÃO REDUZIDA DA HIDRELÉTRICA CAPIM BRANCO I EM

DEZEMBRO DE 2008 UBERLÂNDIA – MG.

SILVA, Josimar Felisbino – UFU ([email protected])

CAMPOS, Pedro Bueno Rocha – UFU ([email protected])

SERATO, Douglas Santana – UFU ([email protected])

NETO, Fausto Miguel da Luz- ([email protected])

RODRIGUES, Silvio Carlos – UFU ([email protected])

RESUMO A retirada da vegetação natural para a abertura de novas áreas para plantio ou para pastagem vem promovendo a eliminação da vegetação natural do cerrado o que provoca a extinção da fauna e da flora, promove mudanças climáticas locais, erosão dos solos e assoreamento dos cursos d’água que são estratégicos para o abastecimento. Este trabalho se justifica pela necessidade de preservação ambiental do Cerrado e pela adoção de práticas de exploração dos recursos naturais que compatibilize preservação ambiental e exploração econômica. Além desses fatores, considera-se a necessidade de conhecimento da fragilidade do solo da região para permitir a gestão efetiva do Parque Estadual de Pau Furado, criado em 27 de janeiro de 2007 pelo governo do estado de Minas Gerais e com 2,2 mil hectares, como medida compensatória do consórcio Capim Branco Energia (CBBE). O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo ambiental das Bacias Hidrográficas dos córregos que desaguam no trecho de vazão reduzida da Hidrelétrica Capim Branco I e produzir um mapa de fragilidade ambiental da região. Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, escolheu-se cartas topográficas, fotografias aéreas e imagens de satélites que permitiram constatar que na área de estudo existem declividades elevadas que podem ter relação com algum tipo de degradação, mas que não é o fator determinante da degradação ambiental que a área sofreu. O fator principal da destruição da vegetação é a ação antrópica. Os tipos de usos dos solos mais comuns na região são o plantio de bananeiras, culturas temporárias e pastagem, os quais são responsáveis pela retirada da maior parte da vegetação. A presença de cerrado preservado ocorre principalmente nos topos dos morros e as Áreas de Proteção Permanente foram em grande parte destruídas. PALAVRAS CHAVE: degradação e preservação ambiental, fragilidade do solo;

ABSTRACT

The present paper show the soil occupation of the hydrographic basin of three little rivers between

Uberlandia and Araguari city.and give priority to a little part of the Araguari River that was modified

by the human activity and the area studied is so important to Uberlandia and Araguari cities.

KEY WORDS: Degradation, preservation, recuperation, are of Permanent Protection.

1- INTRODUÇÃO

No dizer de Martins (2001) a eliminação da vegetação natural resultou num conjunto de problemas

ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e da flora, as mudanças climáticas locais, a erosão dos

solos e o assoreamento dos cursos d’água.

Autores como Baccaro, Guimarães, Chagas, Rosa e Lima afirmam que a exploração inadequada

dos recursos naturais para os mais diversos fins é a causa principal da descaracterização de importantes

ecossistemas, através da destruição de seus habitats, do empobrecimento da biodiversidade e da extinção de

espécies nativas. O estado de Minas Gerais, devido à sua grande extensão territorial, apresenta uma

multiplicidade de Domínios Morfoclimáticos, cuja integridade está sendo, seriamente, ameaçada pelas ações

antrópicas. A manutenção desses domínios depende de política ambiental eficaz, para garantir a conservação e

utilização sustentável dos recursos naturais.

“A região do cerrado começou a ser explorada no período colonial, quando iniciou-se a criação de gado, atividade que exigia grandes áreas para pastagens e, o instrumento utilizado para fazer a limpeza e o manejo das pastagens era o uso intensivo do fogo, mas apesar do uso generalizado por vários séculos como uma prática comum, ele não provocou mudanças significativas na estrutura original do cerrado Atualmente os cerrados da região do Triângulo mineiro continuam sendo erradicados rapidamente sem ainda terem sidos estudados profundamente, é o ecossistema brasileiro que mais sofreu com os impactos da indústria metalúrgica mineira e ainda sofre com a expansão da agricultura e da pecuária extensiva”. (Lima, 1998).

Tendo em vista a falta de manejo adequado do solo, o alto grau de degradação e destruição em que os

cerrados do Brasil e os mananciais que nele se originam, especialmente na região do Triângulo Mineiro, torna-

se urgente a necessidade de estudos para elaborar propostas práticas e eficientes para o manejo adequado dos

solos que compatibilize preservação ambiental e desenvolvimento sustentável.

O Rio Araguari, no local onde foi construída a Usina Hidrelétrica Amador Aguiar I (Capim Branco I),

possuía uma vazão de duzentos e cinqüenta (250) metros cúbicos de água por segundo, após a construção da

represa esta vazão foi reduzida para apenas sete (7,0) metros cúbicos por segundo por determinação da justiça

para garantir a sobrevivência do único trecho de rio natural ainda existente do Rio Araguari.

É de vital importância desenvolver pesquisas para descobrir os problemas ambientais que a área do

Trecho de Vazão Reduzida está sofrendo para poder adotar medidas mitigadoras para os mesmos e para permitir

a exploração econômica dos recursos das bacias hidrográficas da área estudada da forma menos impactante

possível.

A área de estudo compreende as seguintes bacias hidrográficas: Bacia Hidrográfica do Córrego

Barrerinha, Bacia Hidrográfica do Córrego Marimbondo e a Bacia Hidrográfica do Córrego Terra Branca.

Todas elas desaguam no trecho de vazão reduzida da Usina Hidrelétrica de Capim Branco I, no município de

Uberlândia, cujas coordenadas geográficas são: 7923374,11S e 792374,11O na parte superior esquerda da área

de estudo e 7906161,16 S e 802000, 000 na parte inferior direita da mesma. (Mapa 01)

Figura 01 – Localização da Bacia Hidrográfica do Córrego dos Marimbondo Fonte: SILVA, 2009.

2- OBJETIVOS

Descobrir o grau de fragilidade das vertentes que desaguam no trecho de vazão reduzida da hidrelétrica

de Capim Branco I em função da declividade e elaborar os seguintes produtos cartográficos: Mapa da

fragilidade ambiental da área, mapa clinográfico, mapa dos tipos de vertentes, mapa do uso e ocupação do em

30 de Dezembro de 2008, para servir de instrumento para a gestão ambiental da área.

3-MATERIAIS E MÉTODOS

Para atingir os objetivos propostos pelo presente trabalho, primeiramente foi realizada uma pesquisa

bibliográfica para verificar o acervo de publicações referente à área de estudo. Também foi feita a revisão

bibliográfica que serviu para aferir todo o material utilizado e toda a fundamentação teórico metodológico na

qual o projeto de pesquisa se baseou, sendo imprescindível para a elaboração, compreensão e sucesso do

mesmo.

Na pesquisa bibliográfica foram analisadas bibliografias referentes ao Domínio Morfoclimático do

Cerrado, sua importância sócio-econômica e ambiental e sua relação com o ambiente urbano, a importância da

preservação das áreas de Proteção Permanente e legislação ambiental. Posteriormente, foram escolhidas as

cartas topográficas e as fotografias aéreas a serem utilizadas para a realização da pesquisa.

As cartas topográficas permitiram a elaboração da base cartográfica da área de estudo, o mapa de

declividade, o mapa dos tipos de vertentes. e através da interpretação de imagem de satélite foi elaborado o

mapa de uso e ocupação do solo.

O trabalho de campo serviu para comparar a situação da bacia hidrográfica com os materiais

cartográficos disponíveis e para a coleta de informações para assegurar a máxima verdade de campo que será

mostrada nos mapas de uso e ocupação da Terra.

A avaliação da fragilidade de uma bacia hidrográfica pode ser analisada segundo a proposta elaborada

por ROSS (1992), que propõe o uso de mapas temáticos relativos ao relevo, solo, uso da terra e tipo de manejo

do solo.

Para o tema declividade, que corresponde à variável relevo em mapas de escala de detalhe, ROSS

(1992) indica uma correlação entre as classes de declividade e a fragilidade do ambiente. (Tab. 1).

CATEGORIAS DE FRAGILIDADES CLASSES DE DECLIVIDADES Muito Fraca Até 6 %

Fraca de 6 a 12 % Média de 12 a 20 % Forte de 20 a 30 %

Muito Forte Acima de 30 % Tabela1: Categorias de fragilidades e classes de declividades Fonte: ROSS (1993), p.66.

Em relação ao uso da Terra o mesmo procedimento será adotado, implicando em que tipos de cobertura

superficial que propiciam maior equilíbrio ao ambiente possuem fragilidade menor, enquanto áreas sem

proteção a superfície apresenta fragilidade maior. (Tab. 2).

GRAUS DE PROTEÇÃO

TIPOS DE COBERTURA VEGETAL

1 - Muito Alta Florestas/Matas naturais.

2 – Alta. Cerrado Denso. 3 - Média Pastagem com baixo pisoteio de gado 4 - Baixa Culturas de ciclo curto, arroz, soja, feijão, milho.

5- Muito baixa ou nula Solo exposto ao longo de caminhos, áreas queimadas recentemente, solo exposto por arado, culturas de ciclo curto sem

práticas conservacionistas Tabela. 2: hierarquia de graus de proteção ao solo pela cobertura vegetal Fonte: ROSS (1993), p.68.

4 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO

“As barragens, ao mesmo tempo em que propiciam a geração de energia elétrica, o fornecimento de

água, a regulagem das cheias e a irrigação, que são vitais para a sociedade, também causam impactos ambientais

em larga escala como a inundação de florestas, habitats de animais e plantas (AMBIENTE BRASIL,2009)

“A exploração inadequada dos recursos naturais para os mais diversos fins é a causa principal

da descaracterização de importantes ecossistemas, através da destruição de seus habitats, do

empobrecimento da biodiversidade e da extinção de espécies nativas. O Estado de Minas

Gerais, devido à sua grande extensão territorial, apresenta uma multiplicidade de Domínios

morfoclimáticos, cuja integridade está sendo seriamente ameaçada pelas ações antrópicas. A

manutenção desses domínios depende de políticas ambientais eficazes, no sentido de assegurar

sua conservação e utilização sustentável de seus recursos naturais” (BACCARO et al., 1998,

p.5).

O ideal seria não destruir a vegetação nativa para permitir equilíbrio entre o espaço geográfico e o

natural, cuja conseqüência seria uma melhor qualidade de vida para todos. Sabemos que no entorno de muitas

represas a vegetação nativa foi quase toda destruída, restando revegetar as áreas sem vegetação e conservar o

pouco que sobrou para garantir o equilíbrio necessário para abrigar a fauna e a flora nativa garantindo assim, um

ambiente mais saudável.

“O processo de eliminação das florestas resultou num conjunto de problemas ambientais, como a extinção de várias espécies da fauna e da flora, mudanças climáticas locais, erosão dos solos e o assoreamento dos cursos d’água. Neste panorama, as matas ciliares não escaparam da destruição, pelo contrário, foram alvos de todo o tipo de degradações. Basta considerar que muitas cidades foram formadas às margens de rios, eliminando-se todo tipo de vegetação ciliar; e muitas acabam pagando um preço alto por isso, através de inundações constantes” (MARTINS, 2001, pág.16).

5 – RESULTADOS

Através do mapa hipsométrico da área de estudo verifica-se que o curso d’água do Rio Araguari está

entre as cotas de 570 e 611 metros que também representa a área de baixo curso da área da mesma. A partir do

Rio, as altitudes vão aumentando gradativamente até atingir a cota máxima de 940 metros na região de topo

aplainado da área de estudo, no final da Bacia Hidrográfica, no alto curso da mesma. No médio curso a

altimetria varia entre 734 e 858 metros (Mapa 02).

Mapa 02 – Mapa hipsométrico dos córregos que deságuam no Trecho de Vazão Reduzida da Hidrelétrica

Amado Aguiar I Fonte: BUENO, 2009

As classes de declividades foram criadas conforme a proposta de ROSS (1993), p.66. e satisfazem as

categorias de fragilidades propostas pelo mesmo autor.

O maior percentual da categoria fragilidade média, cuja declividade pode variar entre 12 e 20 % está

em sua maior parte no baixo curso e, a parte menos representativa está distribuída de forma irregular no médio e

no alto curso da área de estudo.

A classe de declividade forte, que pode variar entre 20 e 30 % está fortemente representada no baixo

curso das Bacias Hidrográficas dos Córregos Marimbondo, Terra Branca e Barrerinha, ambos no município de

Uberlândia e também na porção nordeste, no município de Araguari, de forma bastante regular tendo em vista a

grande quantidade de morros existentes nesta região.

Por último, a classe de declividade muito forte que é maior que 30 %, está representada em

maior quantidade no município de Araguari, na porção nordeste principalmente nos topos dos morros. No

município de Uberlândia, esta classe está representada com menor intensidade principalmente no baixo curso e,

à medida que se distancia da foz dos córregos em direção às nascentes as declividades vão diminuindo

gradativamente até atingir as bordas limítrofes da bacia hidrográfica em estudo.

Pro último, a classe de declividade fraca, que está distribuída por quase toda a área de estudo, desde o

baixo até o alto curso, aumentando a representatividade á medida que se distancia dos fundos de vale em direção

ás nascentes dos córregos, atingido seu ápice na região de topo aplainado no divisor de água da Bacia

Hidrográfica estudada.

Em relação à fragilidade da região, constata-se que nos locais onde a declividade é maior que 30%, tem-

se a categoria de fragilidade muito forte. A Categoria fragilidade forte está representada pela classe de

declividade em que a mesma varia entre 20 e 30% na região do baixo curso da região estudada.

Como já citado anteriormente, à medida que se distancia dos fundos de vales, as declividades vão

diminuindo gradativamente e o mesmo ocorre com a fragilidade.

Na região estudada, a categoria fragilidade média está bem representada nos fundos de vales e no baixo

curso e, vai diminuindo a significância gradativamente até ficar pouco representativa nas bordas da bacia

hidrográfica.

A categoria de fragilidade muito fraca é a que está mais representada na região, ela está presente em

toda a área sem mais representativa a partir do médio até atingir a sua representatividade máxima próximo às

nascentes dos córregos, próximos aos divisores de água.

Desta forma, fica claro que se deve dar atenção especial principalmente ás regiões representadas pelas

categorias de fragilidades muito forte, forte e média enfocando principalmente a cobertura vegetal, já que ela é

um elemento chave para a preservação ambiental e evitar o assoreamento e contaminação de recursos hídricos.

Mapa 03 - MAPA CLINOGRÁFICO

Mapa 03 – Mapa clinográfico das bacias hidrográficas do Trecho de Vazão reduzida da Hidrelétrica Amador Aguiar I. Fonte : BUENO, 20019.

Em relação á ocupação do solo, baseado no mapeamento do mesmo, (mapa 04), constatou-se que o tipo

de uso do solo mais representativo é a área de pastagem que representa 39,73% da área da região estudada com

uma área de 3140,55 hectares.(tabela 2).

O segundo tipo de ocupação melhor representado é a área de Cerrado Preservado que possui uma área

1406.53 hectares e representa 17,8 % da região.

O terceiro maior tipo de ocupação presente na área de estudo é a cultura anual, representando 17,47 %

com uma área ocupada de 1381,40 hectares.

O quarto tipo de uso de solo existente na região é a cultura temporária, representada por hortaliças, já

que a área faz parte do cinturão verde da cidade de Uberlândia. Este tipo de uso do solo ocupa uma área de

1213,91 hectares, o que representa 15,36% de toda a área aqui estudada

O quinto tipo de uso mais representativo é a ocupação urbana, que ocupa uma área de 590,92 hectares e

representa 7,47% da área da área estudada. Este tipo de ocupação apresenta tendência de crescimento, tendo em

vista que a cidade poderá se expandir para esta região, potencializada pela construção de um novo anel viário

nesta área.

As áreas das instalações da barreira da represa e da casa de máquinas da Usina Hidrelétrica Amador

Aguiar I juntas representam uma área 20,56 hectares. Os demais usos: Curso d’água, estradas e sítios

representam 1,8 % e ocupam uma área de 144,22 hectares.

O que é muito preocupante na região é a pequena quantidade de Área de Proteção Permanente existente

na mesma, já que na área possui 146,53 hectares de cerrado preservado. Neste caso, constata-se que a vegetação

foi retirada em um primeiro momento para a prática da cultura temporária: hortaliças, em um primeiro momento

devido à proximidade da água para irrigação e posteriormente, as áreas foram sendo aos poucos transformadas

em áreas para pastagem (tabela 2)

TIPO DE OCUPAÇÃO

ÁREA

Hectare %

Área de Proteção Permanente 4,96 0,11 Cerrado preservado 1406,53 17,80 Cultura temporária 1213,91 15,36

Cultura anual 1381,40 17,47 Ocupação urbana 590,92 7.47 Área de Pastagem 3140,55 39,73

Instalação usina hidrelétrica 20,56 0,26 Curso d’água, estradas, sítios 144,22 1,8

Total 7.903,0 100 Tabela 2: Área e porcentagem de usos do Solo das Bacias Hidrográficas dos Córregos Samambaia e Boa vista em 04/12/2008.

Fonte: SILVA, (2009)

Mapa 04 – Uso do Solo das Bacias Hidrográficas que deságuam no Trecho de Vazão Reduzida em 30/12/2008. Fonte: SILVA, (2009)

6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente a área de estudo está passando por um processo de avanço da área de ocupação urbana a

qual pode provocar graves problemas ambientais, inclusive com contaminação do solo e da água da região do

Trecho de Vazão reduzida o que causaria impactos não somente no meio ambiente, mas também econômico,

tendo em vista que muitos pequenos proprietários, meeiros, horticultores e os próprios uberlandenses dependem

da região.

Além disso, como a área faz parte do cinturão verde de Uberlândia e de um trecho do Rio Araguari que

antes da represa tinha uma vazão de 250.000,0 metros cúbicos/seg. de água e a hoje conta com apenas uma

vazão mínima de 07 metros cúbicos/seg., (fig. 02) torna ainda mais urgente a necessidade de preservação do

mesmo, da revegetação das margens dos córregos para protegê-los e proteger também toda a região, pois ela é

vital para a sobrevivência do único trecho de Rio Araguari que ainda existe na sua forma natural.

Em relação a fragilidade ambiental, a conclusão é que a região apresenta principalmente no baixo curso,

tanto do lado do município de Araguari quanto de Uberlândia áreas de fragilidade média a alta, o que exige um

manejo do solo adequado para não degradar o ambiente local e provocar mais desequilíbrios tanto na fauna

quanto na flora local.

Figura 02 _ Alimentação de água do Trecho de Vazão Reduzida da Usina Hidrelétrica Amador Aguiar I Fonte: NETE (2009). 7 – AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG pelo apoio para a

realização da pesquisa e financiamento para participação neste evento.

8 – BIBLIOGRAFIA

AMBIENTE BRASIL. Construção de barragens. Disponível em < http://www.ambientebrasil.com.br/Composer

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NISHIYAMA, L. Geologia do Município de Uberlândia. Sociedade e Natureza.Uberlândia: Edufu, 1(1), p.9 –

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RIBEIRO, José Felipe, Machado.T.W.Bruno. In: Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA-CPAC,

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ROSS, JL.S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. São Paulo: Laboratório de

Geomorfologia-Departamento de Geografia. 1993.FFLCH/USP.13 p.

SILVA, J,F; RODRIGUES, S, C.: Síntese ambiental e evolução do uso e ocupação do solo da bacia hidrográfica

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VENÂNCIO MARTINS, Sebastião. Recuperação de Matas Ciliares. Viçosa: Aprenda Fácil, 2001. 143p.