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FRENTE POPULAR ANO Reconstrução Rio Petrópolis, 18 a 24 de fevereiro de 1994 Cr$ 70,0a Irregularidàffes e Fiscalização Continuam 0 financiamento do Banco Mundial, definido para a reconstrução do Rio de Janeiro, nas catástrofes de 1988, virou um grande engodo. A Caixa Econômica demora a liberar o dinheiro e a prefeitura é conivente com as empreiteiras que fazem obras de péssima qualidade. No terrível jogo de braço entre o governo e a Caixa Econômica, quem perde é o povo que mora na periferia *»M»*M*MA»<» «»«imi«»........-.......^^..-.rinr.irin Pág. 9 Mau Atendimento no Posto de Saúde A falta de equipamento e de profissionais vem comprometendo o serviço no Posto de Saúde da Posse. Em janeiro, a ausência de plantonistas deixou a comunidade na mão. A precariedade é tanta que uma amostra de sangue sumiu do posto e a população busca atendimento em outros bairros e em outras cidades, como Areai. Para agravar a situação, a população se serve de água e peixes poluídos do Piabanha, que corta a região Pág. 8 Metalúrgicos Realizam Plebiscito para Novo Estatuto Pág- s Política Jorge Maia Nomeado Subsecretário da SEDEC Pág. 3 Dois Banheiros para 32 Famílias As portas do século XXI, uma comunidade inteira submete-se ao uso de banheiros comunitários, ou ao velho pinico. Com o acesso precário, a rua Itália, no Valparaíso, é um dos símbolos do descaso da prefeitura. Apesar da insistência junto ao poder público nenhuma solução é dada, e a qualidade de vida nesta comunidade, no centro da cidade imperial, é subumana. De que valem os títulos se os cidadãos são desprezados?

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FRENTE POPULAR ANO

Reconstrução Rio

Petrópolis, 18 a 24 de fevereiro de 1994 Cr$ 70,0a

Irregularidàffes e Má Fiscalização Continuam 0 financiamento do Banco Mundial,

definido para a reconstrução do Rio de Janeiro, nas catástrofes de 1988,

já virou um grande engodo. A Caixa Econômica demora a liberar o dinheiro e a prefeitura é conivente com as empreiteiras que fazem obras de péssima qualidade. No terrível jogo de braço entre o governo e a Caixa Econômica, quem perde é o povo que mora na periferia ■*»M»*M*MA»<» «»«imi«»........-.......^^..-.rinr.irin

Pág. 9

Mau Atendimento no Posto de Saúde

A falta de equipamento e de profissionais vem comprometendo o serviço no Posto de Saúde da Posse. Em janeiro, a

ausência de plantonistas deixou a comunidade na mão. A precariedade é tanta que uma amostra de sangue sumiu do posto e a população busca atendimento em outros bairros e em outras cidades, como Areai. Para agravar a situação, a população se serve de água e peixes poluídos do Piabanha, que corta a região

Pág. 8

Metalúrgicos Realizam Plebiscito para Novo Estatuto

Pág- s

Política

Jorge Maia Nomeado Subsecretário da SEDEC Pág. 3

Dois Banheiros para 32 Famílias

As portas do século XXI, uma comunidade inteira submete-se ao uso de banheiros comunitários, ou ao velho

pinico. Com o acesso precário, a rua Itália, no Valparaíso, é um dos símbolos do descaso da prefeitura. Apesar da insistência junto ao poder público nenhuma solução é dada, e a qualidade de vida nesta comunidade, no centro da cidade imperial, é subumana. De que valem os títulos se os cidadãos são desprezados?

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Página 2 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Editorial

O Ano de 1994 Começa Nesta Semana Não sendo engraçado, só pode ser

trágico: há algum tempo que no Brasil o ano começa com "cin-

zas". Apesar das tentativas, nada neste país tropical funciona antes da quarta-feira depois do Carnaval. Porém, para além do simbolismo cristão, as cinzas, nesse ano, repre- sentam de forma plástica a situação do Pais. Começamos o ano envolvi- dos cm cinzas. Mais importante do que a falta do decoro da namoradinha do presidente, c a fome que se alastra pelo país. Novamente e de forma ir- responsável cria-se uma nova novela na política nacional: jogam-se os holofotes para o irrisório, fala-se em escândalo, c o assunto, tão banal, anda de boca cm boca. É pena que com a mesma facilidade não se con- siga fazer com o alimento de cada dia também ande de boca cm boca nessa pátria dos carnavais.

Para não fazer diferente, Pctrópo- lis vai na mesma toada. Os vere- adores pouco ou nada trabalham an- tes do Carnaval. O Executivo em- purra tudo para depois da festa das máscaras. E o clima é de uma letargia total, iluminada pelo escaldante sol de verão que convida muito mais ao lazer do que ao trabalho

Porém, o ritmo do "deixa-para-de- pois" envolve apenas a "coisa pública". No campo pessoal e dentro de seus anseios, os políticos se adian- tam e trabalham em ritmo acelerado. Nem bem o ano começou - o ano real, aquele que para as folhinhas começa cm janeiro - e a propaganda "eleitoreira" de muitos candidatos já está pronta c a campanha a todo va- por. Aqueles que nada ou pouco fize- ram para o município almejam um cargo no Estado. Certamente não pelas idéias que têm a defender, mas pelo maior salário que poderão vir a receber. Movidos pelos cifròes, os candidatos adentram nas noites petropolitanas organizando suas cam- panhas, enquanto o povo amedronta- se no escuro da noite sem luz, sem segurança, temendo a próxima chuva, molhando o rosto com as lágrimas da sofridas da fome.

Os políticos já gaslam milhares de dólares em papel, carros de som, dis- tribuição de gasolina, aparato ne- cessário para divulgar suas promes- sas para o fuluro. Promessas daquilo que não conseguiram realizar até o momento presente desviando verbas, fazendo reformas desnecessárias, aumentando seus própios salários.

Enquanto isso o povo da serra impe- rial implora à viva e fraca voz por uma moradia digna. Por um telhado seguro para suas 5 ou 9 crianças que não custaria mil dólares, bem menos do que custará qualquer campanha dos políticos locais.

O povo, antes mesmo de pensar em votar em alguém, deveria exigir que os candidatos abrissem suas contas, demonstrassem o quanto gastam em suas campanhas e com- provassem de onde vem tanto din- heiro. E pode-se afirmar sem medo de errar: com a metade do dinheiro que os eventuais candidatos petro- politanos gastarão em suas campan- has seria possível solucionar grande parte do problema de moradia na cidade. Bom seria criar um grande pacto na cidade: nenhum cidadão petropolitano votará em candidatos locais para cargos estaduais ou fed- erais enquanto as questões básicas de moradia, água, esgoto e con- tenção de encostas não forem re- solvidos. Tremam os políticos oportunistas. Se são incapazes de solucionar os problemas do mu- nicípio o que haverão de fazer na capital?

Benza, Deus! 3i

'""'■ iiiii ■-. mmi

Cartas mmmím

Nampula 25.12.93 Faz 7 semanas que eu estou aqui e já fiz tantas experiências

que eu quero escrever para vocês. Aqui é tudo diferente do Brasil. Moçambique, mesmo senio

um dos países mais pobres do mundo, não me parece tão mis- erável como o Brasil. Aqui funcionam bem os Programas Mundiais de Emergência Ninguém morre mais de fome. Uma coisa que os meus colegas da ONU não entendem quando eu falo das famílias no Nordeste, e por que o governo brasileiro não chamou a comunidade internacional para organizar um programa de emergâicia

Eu trabalho no UNOHAC (UN-Office for Humanitarian As- sistence Coordination). É uma entidade dentro do ONUMOZ (Operação das Nações Unidas, em Moçambique), que coordena a ajuda humanitária como foi combinado no acordo de paz em ou- tubro de 92.

Eu estou responsável pela província de Juza. Minha tarefa é fazer planos de distribuição da comida e depois das sementes e dos utensílios agrícolas, de pesquisar onde tem escolas e postos de saúde e poços de água Depois tenho que dar essas informações às ONGS.

Tenho que fazer um levantamento de todas as escolas de for- mação, oficinas que existem e que poderiam fonnar os soldados desmobilizados, para que eles possam achar um trabalho depois. Tenho que pesquisar onde têm zonas minadas e mandar ma- pas precisos para a comissão de desminagem.

Eu faço também listas das ONGS, que atividades elas fazem e o que elas estão planejando fazer.

Você já pode ver que é um trabalho muito interessante e am- plo, mesmo que seja assistenciaüsmo puro. Mas eu entendo que não é a tarefa da ONU fazer trabalho de conscientização, mas que é a tarefa de elaborar uma infra-estrutura mínima para que tenha uma base para a paz.

Infelizmente, a mim parece que as ONGS e a Igreja não ligam muito para um trabalho de conscientização.

O povo Moçambicano é muito acostumado que tudo venha de fora

Quando nós fomos nas aldeias para explicar estas distribuições de ajuda alimentar, eles não quiseram entender que a ajuda vai acabar e que precisam escolher os grupos mais vulneráveis, que não têm nada para comer, como beneficiários da ajuda alimentar. Eles preferem que todos recdiam a meana quantidade, mesmo que isso signifique que uma pessoa receba só um quilo de milho. Se essa pessoa consegue sobreviver com esta ração, quer dizer que ela tem outros recursos e nem precisa desta ração.

Mas é difícil, porque as autoridades também estão interessadas, neste ano de deição, em distribuir comida para os lavradores. Não vale a pena plantar porque ninguón compra os produtos.

Mas, de outro lado, aqui tem cinco milhões de refugiados que querem voltar e nos primeiros meses não têm nada para comer.

Estou um pouco com saudade do Brasil, porque aqui é muito diferente. E muito difícil fazer amizade. Logo o pessoal pensa que você vai dar dinheiro e barra o trabalho. Se não, não tem mais con- tato.

No Brasil não foi assim. Mas de outro lado estou contente de poder fazer o meu trabalho, que é um trabalho interessante e im- portante. Eu mando um abraço bem forte a todos vocês. Muita coragem e muita força para seu trabalho bom e importante.

Um abraço, UliHoesslir

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mi

EXPEDIENTE O Jornal da FRENTE POPULAR c uma publicação do SEOP - Serviço de

Educação c Organização Popular. Rua Carlos Gomes - 180, CEP.: 25.680-020 - Pctrópolis - RJ. Tel/FAX.: (0242) 31-2340.

Editor: Francisco Surian Ilustração: Alexandre Rivero Fotografias: Guadalupe Corrêa Mota, Regina Barbosa c Francisco Ferreira Digitação: Divina Maciel Edit. Eletrônica c Arte Final: Luis Fernando Barenco Jornalista Responsável: Maria Helena Guimarães Pereira - Reg.: 11872-RJ Fotolíto c Impressão: ESDEVA - JuizdeFora-MG. Te!.: (032)215-7722

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18/02/1994 FRENTE POPULAR Página 3

FAMPE

Líder Comunitário e Dirigente da FAMPE na SEDEC Ângelo Augusto Zanatta

Diretor de Divulgação da FAMPE

Curtas

O primeiro vice-presidente da Diretoria Executiva da FAMPE, Jorge da Silva Maia, Bolão, foi nomeado subse-

cretário da Secretaria de Desenvolvimento Comunitário (SEDEC). A nomeação pelo prefaiUiflCrgio Fadei se deveu à indicação de Waldemar Boff, titular desta Secretaria

Jorge Maia, no entanto, só aceitou o con- vite após avaliá-lo junto com as Diretorias Executiva e do Conselho de Representantes da FAMPE, em sua reuniáo conjunta do dia 3 de fevereiro. Após séria avaliação das di- versas implicações que o exercício daquela função representará, os diretores da Fed- eração lhe deram apoio, unânime com vistas a aceitar a nova incumbência Para tanto, já se licenciou do cargo que ocupava na Execu- tiva.

Vacante desde o início do atual governo municipal, a indicação para ocupar a subse- cretária da SEDEC coube a Jorge Maia devido ao seu grande conhecimento da reali- dade e das carências das comunidades periféricas do município.

ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA

No encontro dos dirigentes da FAMPE, em que foi decidido o apoio ao nome de Jorge Maia para a subsecretária da SEDEC, o presidente da Executiva, Rui Gomes, de- finiu o pensamento de todos: "Uma vez de- cidido o apoio a esta indicação do compan- heiro, estaremos de braços dados com o Bolão". Na mesma oportunidade, Jorge Maia salientou que ser subsecretário da SEDEC só faz sentido porque é, há anos e acima de tudo, um militante da organização do Movimento Popular.

Jacuba e Castelo São Manoel

Afirmou que, no desempenho de sua nova tarefa, continuará somando junto à FAMPE: "E não vou fazer isto escondido. Se tiver que ir a uma comunidade e não puder falar na Federação, lá não irei". Com relação ao fato de o governo munici- pal ser do PDT, ao qual não é filiado, Jorge Maia garantiu: "Farei meu trabalho nas comunidades sem sigla partidária. Minha bandeira é somar ainda mais na or- ganização do movimento comunitário. Se me for possível caminhar assim, tenho certeza de que farei um bom trabalho. Caso contrário, abrirei mão da subsecre- tária". 36

FAMPE Acompanha Eleições de Novas Diretorias

As Diretorias Executiva e do Conselho de Representantes da FAMPE acom- panharam as eleições das Diretorias

de mais duas Associações de Moradores filiadas. Em 30 de janeiro, a da A.M. Uni- dos da Jacuba. E em 5 de fevereiro, a da A.M. do Castelo São Manoel.

Na Jacuba, a votação contou com a par- ticipação de 55 eleitores, que, por unanimi- dade, elegeram a chapa única presidida por Antônio Carlos Gomes de Souza (Carlin- hos), diretor da Executiva da Federação.

No Castelo São Manoel concorreram duas chapas. A primeira foi encabeçada pelo atual presidente do Conselho de Rep-

resentantes da FAMPE, Sérgio Morilo Jorge Gonçalves, e por seu irmão Mar- cehno Jorge Gonçalves. A outra chapa teve à frente Gastão J. Gonçalves, assessor do vereador Ari Silveira. Participaram da eleição 256 moradores, que elegeram a di- retoria de Sérgio e Marcélino com 148 vo- tos, contra 101 dados a outra chapa e 7 nu- los ou em branco.

Ambas as eleições ratificaram o recon- hecimento em suas próprias bases do tra- balho das lideranças comunitárias que são Sérgio Gonçalves e Cadinhos (da Jacuba), hoje nos quadros da direção da FAMPE. Outra confirmação semelhante ocorreu logo nos primeiros dias do ano, no Con- junto Residencial Santa Edwiges, com a reeleição de Rui Gomes, presidente da Ex- ecutiva da Federação, por ampla margem de votos (403 a seu favor, 36 dados a seu concorrente, 9 nulos e 1 em branco). 8§

Calendário das Reuniões do Conselho de Representantes

\J Conselho de Representantes da FAMPE aprovou, em seu primeiro encontro do ano, 27 de janeiro último, a proposta da Diretoria Ex- ecutiva para o calendário de suas re- uniões ordinárias em 1994. Ficou decidido que os trabalhos serão ini- ciados às 19 horas, em primeira convocação, e acontecerão sempre na quinta-feira imediatamente ante- rior à última segunda-feira de cada mês. Objetiva-se, com isso, que a própria reunião do Conselho de Representantes, dentre outras questões, prepare a pauta para a audiência pública mensal entre FAMPE e Executivo Municipal. A- penas em abril a data será a de uma sexta-feira (22), uma vez que a quinta-feira (21) é feriado nacional. O local será sempre, salvo segunda ordem, o Sindicato dos Metalúrgi- cos.

Em razão destes critérios aprovados, ficou assim o calendário das reuniões ordinárias do Conselho de Representantes neste ano:

Mês Dia Mês Dia Fevereiro 24 Agosto 25 Março 24 Seetembro 22 Abril 22 Outubro 27 Maio 26 Novembro 24 Junho 23 Dezembro i 22 | Julho 21 1

Posse

Boa Vista com Problemas de Luz

As lâmpadas de iluminação pública

[ estão sem manuten- ção, apesar das altas

1 taxas cobradas, "á noite muitas lâm- padas ficam apa- gadas ou piscando",

| contou o morador Miguel Alves ,da Costa.

As pessoas beneficiadas pelo projeto "baixa renda" estão sendo obrigadas a instalar, por conta própria, a fiação do relógio até den- tro de casa. "Baixa renda" está se tomando impossível para muita gente.

Erosão e Reflorestamenlo

No Boa Vista o problema de erosão já está causando pânico. A principal causa é o des- matamento. A As- sociação de Mora- dores está organi- zando um trabalho de reflorestamento e

de conscientização ecológica para tentar amenizar o problema.

Campanha

\J posto para o recolhimento de doações de roupas, calçados, remédios, brinquedos e «livros con- tinua funcionando no escritório da AMAP. Os objetos arrecadados serão doados para a população ca- rente da região após o cadastra- mento dos mais necessitados.

Barra Mansa

Ônibus não Atende Comunidade

x \J ônibus da linha Barra Mansa não vai até o local do bairro onde mora a maior parte da população, ficando há cerca de dois quilômetros de distância. A popula- ção do bairro está reivindicando um

ponto final mais próximo de suas residências.

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Página 4 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Medicina Caseira Pedro do Rio

Amenorréia

Sintomas É a ausência completa das regras (men-

slruação), seja na época em que elas de- vem aparecer, aos 13 anos de idade mais ou menos, seja no curso normal da men- struação, dores de cadeiras, prisão de ven- tre, dores de cabeça, palpitação, preguiça muscular.

Causas Susto, forte resfriado, disfunção de hor-

mônios.

Remédios Tinturas: Cassaú, ialapa. Uma colher de

chá antes das refeições. Especialidade far- macêutica: Agoniada c hamamélis com- posta.

Amigdalite

Sintomas ' É uma inflamação simples das amig-

dalias da garganta, dor de inglulir os ali- mentos, podendo ter febre.

Causas Forte resfriado, sorvete,

geladas, mudança de clima. bebidas

Remédios Tintura: Porrum sativo. Uma colher de

chá 4 vezes ao dia. Tintura: Gargarejo: Curataris legalis,

malva, ou uma colher de sopa vinagre, 1 dente de alho picado, uma colher de chá de sal, fazer 3 gargarejos ao dia.

Dieta Sopa de legumes, mingau de aveia, de

maizena, suco de frutas

Osmar Arlitiíh Sanches Amorin - Centro Holistico de Saúde Popular - Rua Monsenhor Bacelar, 400 - Atendimento Gratuito às segundas-feiras, das 14 às 17:30

r

Agua Mole em Pedra Dura Tanto Bate até que Fura Francisco M. Ferreira

Enquanto o governo municipal, há muito tempo, repete e repete falsas promessas para a população de

Vila Leopoldina em relação ao abastecimento de água, o jeito é se virar com a velha "lata d'água na cabeça" O povo continua sofrendo para conseguir um minimo de água para suas necessi- dades básicas, tendo que abastecer latas e baldes a vários quilômetros de distân- cia, c enfrentando longas filas.

No dia 4 de fevereiro, aproveitando uma provável visita do prefeito Sérgio Fadei, a comunidade preparou mais um ato de protesto exigindo água. Infe- lizmente o prefeito não compareceu e o protesto foi, mais uma vez, levado ao vento.

O presidente da CAEMPE (Compan- hia de Águas e Esgotos do Município de Petrópolis), Marco Antônio Borzino, explicou que "o abastecimento não che- gou no prazo prometido por causa de um atraso, por parte da firma fornece- dora, das tubulações " Borzino prome- teu acelerar as obras e, mais uma vez, garantiu água para a Vila Leopoldina nos "próximos meses".

17 ANOS

A educadora popular do SEOP (Serviço de Educação e Organização Popular), Francisca Valle, ressaltou a importância da água na vida e nos traba- lhos da comunidade. "No Centro Comu- nitário, pelo abastecimento ser tão dificil e raro, nosso trabalho fica muito prejudicado. Como posso ensinar para as crianças os hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos, tomar banho, lavar bem os legumes e as frutas e ferver certos alimentos sem água? Acredito também que os principais problemas de saúde estão diretamente relacionados com a falta d'água. como desidratação e diarréias."

A recreadora infantil do Centro Comunitário, Marli Ferreira Nunes, também comentou o problema. "A falta d^gua é constante. O nosso trabalho educativo fica muito prejudicado." Se-

bastião de Mello, 17 anos, nasceu na Vila Leopoldina. "Toda minha vida nunca teve água aqui", contou. O morador Josimar da Silva, todos os dias carrega quilos de roupas para serem lavadas numa bica distante. "Vou lavar roupa na bica do buraco, mas nessa bica também falta água durante o período de estiagem. É ur- gente que resolvam o problema de água na comunidade", ressaltou. Sônia Maria Pires também contou que todos os dias enfrenta uma longa jornada atrás de alguma bica nas proximidades. "Carrego várias bacias com roupas e panelas para serem lavadas em algum lugar". Drama se- melhante enfrentado por Ana Maria da Silva, que disse fazer várias caminhadas durante o dia até uma bica e lá. às vezes, também não tem água.

"Grande parte da tubulação pra água no bairro está pronta desde novembro de 1993. Só faltam alguns metros de encanamento e a obra da caixa d'água. Se a prefeitura fornecer o material, a comunidade garante a mão-de-obra", destacou o educador popular do SEOP. José Maria Moraes, ü

Defesa do Consumidor

Novo Guia de Bobo

\Js principais pontos do Código de De- fesa do Consumidor foram publicados num Guia Prático com 16 páginas, que poderá ser encontrado na sede do,DE- CON (Departamento de Defesa do Con- sumidor). O guia se baseia na Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990. Todo mundo ao comprar um produto ou solicitar um serviço deve ficar atento aos direitos e obrigações. Toda vez que um consumidor sentir-se lesado deverá exigir justiça.

O consumidor deve ficar de olho e jamais comprar produtos com o prazo de validade vencido, má aparência, latas amassadas, - estufadas ou enferrujadas - e embalagens danificadas. Ao contratar al- gum serviço observe a forma de pa- gamento, o tempo de execução do serviço e o tipo de material usado. Preencha o termo de garantia no ato da compra e peça sempre a nota fiscal. O consumidor tam- bém tem o direito á proteção contra a pub- licidade enganosa e abusiva. Todos tem o direito á justiça gratuita.

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18/02/1994 FRENTE POPULAR Páginas

São Sebastião

Explicando 0 Orçamento Municipal - Parte li

Na última edição do Jornal da Frente Popular explicamos o que é um Orçamento Municipal e falamos sobre os 3 (três) princípios básicos que o regem.

Hoje, falaremos sobre o Plano Pluri- anual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Pfeno Plurianual Cabe ao Prefeito elaborar, para um

período mínimo de 3 (três) anos, um plano que conterá as diretrizes, os ob- jetivos e as metas da Administração Pública Municipal para as despesas de capital (exemplo: despesas com obras e instalações, despesas com aquisição de equipamentos e material permanente, etc. ) e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração maior que os que estão no plano.

Lei De Diretrizes Orçamentárias É um instrumento de planejamento

que orienta a elaboração e a execução do orçamento anual.

Simplificando, o orçamento é a maneira de planejar as despesas do Poder Público Municipal, de acordo com o dinheiro que vai entrar no ano seguinte. Assim, é importante que a po- pulação se organize para participar da elaboração do mesmo, pois, assim, ela pode definir, prioritariamente, várias despesas do Poder Público.

Lendo Um Orçamento Ao lermos um orçamento, nos de-

paramos com vários códigos, que, a iní- cio, nos parecem complicados. Nossa tarefa agora será explicá-los. As cate- gorias das receitas e despesas são iden- tificadas pelos dígitos iniciais:

1 - Receitas Correntes 2 - Receitas de Capital 3 - Despesas Correntes 4 - Despesas de Capital Basta, pois, olhar para o Código para

saber a qual categoria da receita ou despesa o orçamento se refere.

Assim: código 1100. 00. 00: o primeiro dígito , que é 1, refere-se a re- ceitas correntess, que podem ser: im- postos, taxas, contribuição de melhoria, transferências, etc.

Receitas de Capital sÀo operações de crédito, alienação de bens, trans- ferências de capital, etc.

Despesas Correntes são despesas com pessoal, com material de consumo, com serviços de terceiros, com sen- tenças judiciárias, etc.

Despesas de Capital são despesas com obras e instalações, com equi- pamentos e material permanente, etc.

Continuaremos na próxima edição.

Assessoria Jurídica do CDDH - Rosângela Stumpfde Lima Marques

Agrava o Problema de Moradia no Vai-Quem-Quer uma servidão tortuosa sem calçamento e escorregadia que em dia de chuva, é extre-^ mamente perigoso. Para agravar a situação,, o barraco fica na beira de um barranco ín- greme. "Eu gostaria de reformar a minha casinha, mas não tenho condições. Como é que posso construir com tijolo com o salário que ganho?", lamentou João Carlos.

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Moradias no Vai-Quem-Quer são extremamente precárias

Francisco M. Ferreira

Os problemas de moradia no Vai- Quem-Quer estão se agravando cada vez mais. Muitas casas ainda são

construídas de pau-a-pique ou de restos de madeiras. É raro uma residência com tel- hado ou piso completos. Além disso, a própria localização das casas contribui para aumentar o perigo. Muitas ficam em área de risco onde o processo erosivo é bastante acentuado e o abismo é o vizinho do lado. Na comunidade, todos recordam dos desastres que ocorreram em 1988 quando várias famílias ficaram desabri- gadas e muita gente morreu.

ABANDONO A falta de sensibilidade das autori-

dades municipais para com as péssimas condições de moradia no bairro é a maior reclamação dos moradores. Tânia Maria da Silva, viúva, mora com seis fi- lhos menores num barraco de pau-a- pique. O teto está desmoronando e o piso é feito de barro batido. João Carlos Brandão e Dotvalina Lopes Pereira di- videm um barraco feito de tábuas encon- tradas na rua. Os dois são idosos e tra- balharam a vida toda. João Carlos tem graves problemas de saúde e o acesso é

Rua Itália

32 Famílias Usam 2 Banheiros Comunitários Regina Barbosa

A comunidade da Rua Itália cresce esquecida no topo do morro. No início da Rua as mansões escondem a vida

sofrida e difícil de mais de 30 famílias. São trezentos e oito degraus. Tudo é levado nas costas. Os outros acessos são trilhos.

O problema maior que os moradores en- frentam é a falta da rede de esgoto. Apenas duas famílias possuem fossa e têm banheiros em casa. As valas, no meio da servidão escor- regadia e estreita, conduzem as águas das casas construídas de maderite.

"Nós usamos urinai e jogamos no mato por aqui mesmo. Mais sacrifício é para as cri- anças quando sentem necessidades de usar banheiro à noite", contou Luci da Rocha Os moradores construíram um banheiro comu- nitário, com sistema de fossa. O local é precário. Um cubículo de restos de madeira faltando a parte do telhado, sem caba de des- carga e com espaço para uma pessoa. Todos usam essa alternativa.

As servidões não têm luminárias, porém os moradores pagam uma taxa de mil cruzeiros reais de iluminação pública. A solução encon-

trada pela comunidade seria a construção de uma servidão ligando à comunidade Oswaldo Cruz (Valparaiso). O projeto foi encaminhado ao poder público que estuda as possibilidades.

Não há coleta. Os moradores jogam o lixo nas encostas. Esgoto e lixo se misturam, aumentando a quantidade de insetos e a possi- bilidade de mais doenças.

FALTA INTERESSE O único local que dá acesso a veículos no

topo do morro é um terreno particular pela Rua 29 de Julho (Valparaiso). Porém os pro- prietários não" concordam "Se a Prefeitura Municipal desapropriasse só a faixa para abrir uma ma, aliviaria o sofrimento de todos nós. Os idosos já não podem sair de casa Mas não há interesse por parte do poder público", disse Roque Ferreira Ele tem 70 anos e mora há 40 no morro.

FORÇA NA LUTA Elenir Regina dos Santos é quem está en-

caminhando questões da comunidade. A As- sociação está parada, aguardando candidatos para formar a nova diretoria. Enquanto isso

UNIÃO PARA MELHORAR AS MORADIAS

"Quando chove, a água desce por dentro de nossas casas causando inun- dação. O esgoto desce junto com a água de chuva. As casas são de pau-a- pique e de estrutura fraca", contou, Glória da Conceição. Glória defende a união dos moradores como a melhor al- ternativa para aliviar o problema de moradia na região.

A Associação de Moradores também está encaminhando uma solução. "Esta- mos organizando um banco de material de construção para as reformas das casas que estão em situação mais crítica. A As- sociação, no entanto, depende também da contribuição do Poder Público e de toda a população de Petrópolis", afirmou o presidente da Associação de Moradores, Alfredo Pires, Alfredão.

Quem quiser contribuir com o banco de material de construção do Vai-Quem-Quer entrar em contato com a Associação na RuaÁlvaroMachado, 140, ou pelo telefone 43-9227, falar com Alfredão. X

Banheiro comunitário

não acontece, alguns moradores estão par- ticipando junto à Associação de Morado- res do bairro Oswaldo Cruz.

A esperança dessa comunidade é a de que outros lideres comunitários, que enfrentam problemas semelhantes, unam-se em prol das soluções. Apontar pistas é mostrar a esse povo que, mesmo no alto da colina ele pode ter uma vida mais digna e humanai!

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Página 6 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Sindical Ângelo Augusto Zanatta

Os Metalúrgicos e Sua Busca de Autodeterminação Os Metalúrgicos estarão realizando

nos próximos dias 22, 23 e 24 de fevereiro, junto a seus quase três mil

filiados, um plebiscito para aprovar o novo estatuto do Sindicato. Fruto de diligentes estudos e debates, que já se prolongam há seis meses, o futuro estatuto significará importante avanço organizacional e político-sindical da Categoria metalúrgica na cidade. Este avanço diz respeito espe- cialmente às questões relacionadas ao pro- cesso eleitoral, possibilitando ampla par- ticipação na política sucessória.

Segundo Carlos José Machado, Carlin- hos, secretário-geral dos Metalúrgicos, "uma vez o estatuto referendado pelos companheiros, daremos um importante passo em direção ao término das questões que estão atrapalhando nossa caminhada". Mais claramente, significará uma decisiva arrancada com vistas ao fim da inter- venção judicial no Sindicato e a possibili- dade de ser realizada a necessária eleição de uma nova diretoria. Patrocinada pelo juiz titular da 3a Vara Cível da Comarca de Petrópolis, a intervenção fará um ano em março próximo.

No entanto, a situação recrudesceu a partir de 21 de maio de 1993, quando o juiz determinou, através de um "mandado de intimação", que "o Sindicato (...) se ab- stenha de praticar quaisquer atos modifica- tivos da atual situação, ou seja, não pode convocar assembléia para apresentar, dis- cutir e votar normas do processo eleitoral sem prévia e expressa autorização e deter- minação judicial".

Servidores Municipais

Em Debate :4S:;Síl

RETROSPECTIVA DA INTERVENÇÃO

Os Metalúrgicos estão há 12 meses en- teados num complicado cipoal legalístico em razão de terem um estatuto desatuali- zado, principalmente no que diz respeito a seu processo eleitoral ."Devido a isso, estão impedidos de elegerem uma nova diretoria e, conseqüentemente; de gerirem sua autodeterminação. Por causa destas limi- tações, tiveram de prorrogar o mandato da antiga diretoria já por três vezes.

Tudo começou com uma liminar con- cedida pelo juiz da 3a Vara Cível, de Io de março do ano passado, que suspendeu a eleição do Sindicato dos Metalúrgicos. Mar- cada para o final daquele mesmo mês, reno- varia a Diretoria, o Conselho Fiscal e as Representações na Federação e na Confed- eração Metalúrgicas. O pedido de suspensão

foi feito por Sebastião Lisboa da Silva, pe- lego mais assumido e em evidência da Companhia Celma, e outras seis pessoas, todos funcionários daquela empresa A pe- legada alegou ao juiz que o processo elei- toral não constava nos Estatutos do Sindi- cato. E que o processo eleitoral instaurado estava sendo regido por uma Portaria Min- isterial (a de número 3.150, de 1986) que havia caducado com a vigência, a partir de 1988, da atual Constituição.

A partir da suspensão do pleito, travou- se toda uma série de batalhas judiciais. Em meio a elas, os Metalúrgicos até consegui- ram cassar a liminar de Lisboa e realizar a eleição isso ocorreu em 20, 22 e 23 de abril, quando 80% da Categoria compare- ceu às umas. Foram, no entanto, na seqüência dos fatos, novamente impedi- dos, desta feita de efetivarem a apuração da eleição. 3$

A Panela, dos Servidores Continua Vazia A aprovação pela Câmara de Vereadores, no dia 8 de fevereiro, da mensagem do Ex- ecutivo sobre o reajuste dos salários do fun- cionalismo municipal não diminuiu a irri- tação dos Servidores. Mesmo reajustados em 100%, seus vencimentos continuam muito baixos. Segundo uma professora de 5a e 6a séries do primeiro grau, com 12 anos de trabalho na rede pública do município, "o muito pouco, mesmo dobrado, continua muito pouco". Enivaldo Gonçalves, presi- dente do Sindicato dos Servidores de Pctrópblis (SISEP), manifestou-se entre de- cepcionado e indiferente: "Os Servidores de menores salários continuarão tendo que re- ceber uma complementação em seus ven- cimentos para não ficarem abaixo do mínimo".

Enivaldo mostrou que o Servidor do "nível 01A", o menor da escala, recebeu CR$ 16.181,64 em dezembro e janeiro. E

neste mês ganhará CR$ 32.363,28, exatos CR$ 10.465,72 a menos que o salário mínimo. Dentre outros descalabros, o presidente do SISEP revelou o caso de uma professora do "nível P4G", o mais alto da carreira do magistério, que rece- berá CR$ 68.021,52, cerca de 1,59 salário mínimo. Lembrou, porém, que essa profis- sional do ensino tem curso universitário, mais pós-graduação e 25 anos de serviço.

ACORDO NUNCA CUMPRIDO PELO EXECUTIVO

Enivaldo Gonçalves criticou a postura do Executivo e a política salarial do governo: "Temos um acordo firmado em março de 1993. que ele insiste em descumprir. Aliás, não cumpriu nenhuma vez. Por este acordo, a política salarial deveria estar sendo a seguinte: reajuste quadrimestral, com anteci-

pações bimestrais, sempre com base no INPC". Nem mesmo a greve de agosto do ano passado, de 26 dias de paralisação, com passeatas e atos públicos quase diários denunciando a política da "panela vazia", sensibilizou o Executivo.

O presidente do SISEP garantiu que, em razão do não cumprimento do acordo celebrado há quase um ano, está ocor- rendo a "socialização por baixo" dos salários. "Todo mundo está hoje ganhando quase a mesma coisa e em tomo do salário mínimo. Isto é uma vergonha. E é um caso inédito. Tenho 15 anos de prefeitura e nunca vi isso", concluiu Enivaldo.38

"Novo Plano" Econômico

A Unidade Real de Valor (URV)

om a pretensão de acabar com o sem- pre mais acelerado deslanchar da in- flação, mais um "plano" econômico está para desabar sobre a cabeça dos brasilei- ros. E, a exemplo dos outros lançados nos últimos seis anos, sofrerá novas e duras conseqüências a multidão dos as- salariados. A "novidade" agora está por conta de um indexador único, com nome muito interessante: Unidade Real de Valor (URV).

Sabe-se, de antemão, que a tendência é converter em URV os salários pela média. E os preços, pelo pico. Isso signi- ficará mais perdas brutais para o já di- minuído dinheiro do trabalhador. Se a conversão salarial for pelo pico, ou seja, pelo valor maior, onde estiverem re- postas todas as perdas frente à inflação, então se garantirá o pouco que se tem. Mas se a conversão for pela média, aumentarão as distâncias entre poder aquisitivo e preços.

Vejamos o caso do Salário Mínimo e as controvérsias que giram em tomo dele: caso sua conversão à URV for feita pelo pico, o govemo jura que porá em xeque o ajuste das contas públicas pela pressão que representara sobre a Pre- vidência e a folha do funcionalismo. Mas se a conversão for pela média, en- frentará dois problemas muito sérios. O primeiro é que o Salário Mínimo, na média de 1993, valeu em termos reais 66 dólares, muito abaixo da meta dos 100 dólares. O outro é que o salário não pode ser reduzido em termos nominais. Se a conversão fosse em janeiro último pela média do ano passado, ele cairia cerca de 18%: passaria, naquele mês, de CR$ 32.882,00 para CR$ 26.928,00, o que seria derrubado na Justiça.

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18/02/1994 FRENTE POPULAR ^gina

mM-íMí Coluna do Betto

0 Domínio do Medo

Frei Betto

Oresce a síndrome do medo. São exceções os que ousam pregar no cairo este adesivo que pode ser comprado em camelôs: Gosto de viver perigosamente. Moro no Rio. Isso vale para São Paulo, Belo Horizonte e qualquer outra grande capital. O medo, como um vírus, toma conta dos nervos e das mentes das pessoas. Medo de assalto, o que induz o cidadão a tomar-se prisioneiro de sua própria casa, trancada com mil chaves, dotada de alarme de segurança e quebrada, no visual, pelas grades que cobrem as janelas.

Fui prisioneiro da ditadura militar e lembro do ma- cabro ritual das visitas semanais. Cada familiar submetido ao vexame de revistas humilhantes, as comidas fatiadas, as latas perfuradas e até os ovos quebrados por amostragem Identificação, pertences deixados na portaria, chamada do preso, trancas e portas num abrir e fechar que ressoava metálico no fundo da alma. Os terroristas metiam medo na cabeça paranóica da repressão, desconfiada de que um pedaço de bolo poderia conter dinamites.

Hoje, o medo é provocado pelo desconhecido. Tia Liloca, quando recebe visitas, repete o ritual do presídio; o porteiro do prédio deve exigir identidade, o nome é anun- ciado por interfone, o elevador destrancado no andar em que ela mora, o visitante conferido pelo olho mágico e, por fim, suas fechaduras de roliças chaves dentadas aber- tas umaauma

Doença da moda é a agorafobia - medo de lugares públicos. Teme-se que a praça esconda ladrões atrás das árvores, fantasmas desfilem pelas mas à noite e crianças pedíntes se transformem em perigosos assaltantes ao se aproximar do carro. Cresce o número de pessoas que pref- erem não sair à noite, jamais usam jóias e entram em pânico se alguém se dirige a elas para perguntar onde fica tal avenida O homem é, enfim, o lobo do homem

De onde vem tanto medo? Da sociedade que nos abriga, marcada por abissal desigualdade. Se não somos iguais em direitos, e nas mínimas condições de vida, por que se espantar com reações diferentes? Como exigir palidez de um homem que sente na pele a discriminação racial e, na pobreza, a social? Como esperar um sorriso de uma criança que, no barraco em que mora, vê o pai de- sempregado descarregar a bebedeira na surra que dá na mulher? A discriminação humilha e a humilhação gera ressentimento, amargura e revolta Cada pessoa relegada involuntariamente à pobreza é uma bomba de efeito retar- dado. A TV acabou com aquele tipo de pobre abnegado que, na minha infância passava de casa em casa recol- hendo restos de comida e roupas velhas. Agora, todos são indistintamente atingidos pelo mesmo - e poderoso - apelo de consumo, que nos quer hedonistas, consumistas e nar- cisistas.

Nenhum animal teme o seu semelhante. Exceto o bicho homem e mulher. Justamente porque a elite que manda neste país nos impõe a dessemelhança O objetivo é o lucro e não uma nação saudável solta e soberana O que importa é especular, e não produzir. Emprego vira loteria e salário, esmola.

"Quem vive sob o domínio do medo nunca será livre", dizia Horácio. O contrário do medo não é a coragem, é a fé. Não apenas religiosa, mas cívica politica, utópica. Acreditar que o futuro possa ser melhor e diferente. Sem medo de ser feliz. Do contiário, teremos de dar razão a Machado de Assis, que preferiu não deixar, à posteridade, o legado de nossa miséria.

O autor é escritor

Pedro do Rio

I Encontro de Mães na Vila Leopoldína Francisco M. Ferreira

A Vila Leopoldina, em Pedro do Rio, realiza mais um passo no processo de organização da

comunidade. No dia Io de fevereiro, trinta mulheres participaram do primeiro encontro de mães. A inicia- tiva partiu da educadora popular do SEOP (Serviço de Educação e Or- ganização Popular), Francisca Valle. Promover o entrosamento entre as mães, esclarecer o funcionamento do Centro Comunitário, demonstrar os trabalhos realizados com as crianças e discutir os problemas da comuni- dade foram os objetivos do encontro.

No Centro Comunitário, além da recreação, é servido um lanche diário para mais de 150 crianças. "Muitas mães ainda não compreen- deram o sentido da recreação infantil no Centro Comunitário. O projeto Criança e Comunidade não é só para dar comida, existe todo um aspecto educativo", ressaltou Francisca.

"A maior parte das mães per- manece o dia inteiro em casa reali- zando tarefas domésticas. Trata-se de uma comunidade formada quase que totalmente por mães e crianças. Os pais são minoria e pouco atuantes. Por isso temos que iniciar um traba- lho com as mães", explicou.

Francisca também comentou que pretende marcar uma assembléia geral para a eleição das agentes comunitárias que irão trabalhar du- rante o ano de 1994 com as crianças. Através da eleição, a comunidade

Encontro de mães une comunidades

pode acompanhar mais de perto o tra- balho das agentes e, se for o caso, substitui-las se não estiverem corre- spondendo às expectativas.

ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA

Providência Rita da Silva tem dois filhos e participou do encontro. "A gente tem que tentar melhorar nossa situação", disse. "A organi- zação das mães é muito importante", defendeu lolanda da Conceição, moradora do local, agente comu- nitária e mãe de três filhos. "É melhor que as crianças permaneçam no Cen- tro Comunitário do que na rua", con- tou Janaína Alves Gonçalves que está grávida de nove meses.

A merendeira do Centro Comu- nitário, Vicentina da Conceição está muito otimista com o projeto. "A união é muito bom. Nós temos que nos acos- tumar umas com as outras, assim todas podem ajudar a construir um mundo melhor para as crianças. Graças a Deus as crianças aqui têm sua comida garan- tida Sinto muito prazer no meu traba- lho", afirmou Vicentina

Um cartaz colocado na parede do Centro Comunitário destaca: "Nossas crianças devem ser respeitadas, ali- mentadas e educadas". É um pequeno sinal de que, na Vila Leopoldina, o futuro não será tão ameaçador para essas crianças. As mães sabem que, só com a organização, poderão lutar por seus direitos e dos seus fühos.X

Pedro do Rio

Posto de Saúde Será Inaugurado no Centro Comunitário Um posto de saúde popular será inaugurado brevemente

no Centro Comunitário de Vila Leopoldina. O material (mesa de ginecologia, mesa de pediatria, farmacinha,

balanças, móveis e esterilizador) foi doado pelo sindicato dos metalúrgicos. Concretizando o apoio dos sindicalistas para os movimentos comunitários.

"Tendo um posto de saúde no local a gente mesmo ajuda as nossas crianças. Isso aqui agora está virando uma cidade de ver- dade", comentou a agente popular Vicentina da Conceição. "As vezes em casa é difícil realizar uma limpeza num machucado. No posto vai ficar bem mais fácil", disse a moradora e agente comunitária de saúde, Teresa da Conceição Carneiro. "O difícil era se deslocar daqui para outro lugar para socorrer uma crian- ça", enfatizou a moradora Denise Rodrigues.

As mães em Assembléia Geral já solicitaram a presença de um médico no local duas vezes por mês. Os moradores já en- viaram um documento para a secretaria de saúde pedindo o serviço", declarou o educador popular do SEOP, José Maria de Moraes. A comunidade conta com o apoio do poder público na liberação de médicos e técnicos. 3S

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Curtas Posse

Bataillard

Escola Municipal do Bataillard A escola está fun- /-- cionando com falta de uma professora no turno da tarde. Por isso as aulas estão sendo dadas em dias alternados.

ATENÇÃO A escola está

exigindo uniforme completo para os alunos até o dia 1° de março. É bom lembrar que nen- hum aluno poderá ser impedido de as- sistir aula por motivo de falta de uni- forme ou qualquer material escolar.

São Sebastião

Servidão Continua em Estado Precário

A servidão no fi- na! da rua Vital Brasil continua cheia de lixo, lama, sem calçamento e com muito esgoto a céu aberto. Os mo- radores estão pre- ocupados com a lentidão das obras do Projeto Recons- trução-Rio financiada pelo Banco Mundial e realizada pela empreiteira Minpart. A Associação de Morado- res sugere que paralelos sejam colo- cados nos pontos mais críticos e que nas servidões utilizem-se bloqueies de concreto.

Lucro

Economia dos Mutirões A prefeitura municipal deveria avaliar um pouco mais o quanto são impor- tantes os mutirões que vêm sendo fei- tos em diversas comunidades. Se, por um lado, o mu- tirão significa mel- horia para a popula- ção carente - possi- bilita a construção de escadarias, re- des de esgotos e outros benefícios -, por outro lado, significa uma grande economia para a prefeitura: em al- guns casos, não paga a mão-de-obra, não paga encargos sociais e, se al- gum acidente acontece, não tem que se preocupar em cobrir os gastos com hospital.

E ainda diz que não tem dinheiro. Eta. povo santo! Eleição vem ai!

Mau Atendimento no Posto de Saúde Provoca Reclamações da População

Francisco M. Ferreira

Em toda a região da Posse as recla- mações quanto às condições de higiene e ao mau atendimento no

posto de saúde são constante. O único posto, pessimamente equipado e com falta de profissionais, não consegue atender a região que abrange'Posse, Jacuba, Barra Mansa, Brejal, Córrego Grande e Rio Bo- nito. Além disso, a população reclama da sujeira nos rios e riachos, e da presença de abatedouros clandestinos e de lixeiras monstruosas que contribuem para agravar o quadro de doenças.

O SANGUE SUMIU A única pediatra do posto, Df Odete

Odália Tavares Costa, esteve de férias du- rante o mês de janeiro. Com isso a popula- ção ficou sem o serviço. E a situação se toma mais comprometedora com a falta de responsabilidade no atendimento. Vítor Paiva Lopes, 11 meses, realizou no posto exames de urina, fezes e sangue. "O exame de sangue sumiu. Os funcionários ale- garam que o material não foi entregue. Só que eu vi o sangue sendo colhido", afir- mou a mãe do menino, Sônia Maria Paiva.

A única ambulância da área vive que- brada. Os moradores reclamam que uma ambulância não pode atender durante 24 horas uma região tão populosa e isolada. Por sua vez, os funcionários do posto de saúde reclamam dos baixos salários. Os médicos estão sem estímulo para trabalhar devido à péssima remuneração e a distân- cia do local. "A saúde em Petrópolis está um caos. Faltam funcionários e todo o equipamento básico", afirmou a auxiliar de enfermagem Nilze dos Santos Ferreira Lima. Ela contou que existe apenas um clínico efetivado no posto, Dr. Irapuâ Salles, e que ele não tem condições de

Peixe contaminado' serve como alimento para a população da Posse

atender à demanda. "O outro médico, re- centemente contratado para atuar no posto, tem sua carteira de trabalho assinada com apenas um salário mínimo", ressaltou Nilze. Nos dias de folga dos funcionários, o posto fecha as portas para o público por falta de plantonistas substitutos. Foi o que aconteceu vários dias durante o mês de ja- neiro.

O serviço no posto é tão ruim que a po- pulação prefere viajar até outro distrito em busca de um melhor atendimento. "O posto precisaria realizar um trabalho de maior in- tegração com a população da Posse, além de exigir os recursos da prefeitura", desta- cou o morador José Anastácio da Silva. "O Posto da Posse não tem um atendimento adequado e por isso estamos procurando

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Dejeto de animais é depositado no rio

os serviços em Areai", comentou Marco Antônio Simão. Semelhante é a opinião de José Teixeira de Rezende: "Eu só procuro atendimento em Areai ou em Petrópolis."

ABATEDOURO CLANDESTINO

A região do Boa Vista, na estrada do Brejal, não conta com saneamento básico. Os córregos e os rios estão ex- cessivamente contaminados com es- goto e lixo. Em alguns locais existem enorme lixeiras e é bastante comum o despejo de dejetos de animais dos abat- edouros clandestinos. "O esgoto dos chiqueiros vai diretamente para o canal, provocartdo mau cheiro", afirmou a moradora Benedita da Silva. "Todo o esgoto da região cai no rio. Eu tenho criação de porcos. Não é minha culpa se não existe rede de esgotos ou um tratamento adequado para onde eu possa mandar os dejetos", tentou se jus- tificar a criadora de porcos, Rosalinda Caridade.

Os péssimos serviços de saúde, assim como toda a falta de estrutura de saneamento básico, coleta de lixo e a ausência de um trabalho de con- scientização ecológica estão colo- cando em risco a vida da população na região da Posse. E antes que o de- sastre ecológio e social seja irre- mediável, também para lá é ne- cessário uma Lei de Uso, Parcela- mento c Ocupação do Solo. Urgente- mente. í«

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18/02/1994 FRENTE POPULAR Página 9 Bataillard

Obras do Projeto Reconstrução-Río Estão Irregulares Francisco M. Ferreira

Curtas

Insegurança e indignação vêm to- mando conta dos moradores do Bataillard diante das obras do

Projeto Reconstrução-Rio, finan- ciados pelo Banco Mundial, que estão sendo realizadas no bairro desde novembro de 1993. Sob a responsabilidade da empreiteira Paranapanema, as obras estão sendo subempreitadas por Gerald- ino de Souza, que se negou a dar informações sobre o andamento dos trabalhos.

O novo calçamento, feito na rua principal, já está cedendo. Não há meio-fio no lado esquerdo e os paralelos estão soltos em vários trechos. No viradouro, no fim da ma, o morro foi de tal forma es- cavado que descalçou uma pedra, colocando em risco as famílias vizinhas. Dois gabiões que já ti- nham sido assentados des- mancharam com as últimas chuvas, devido à queda de barreiras.

Acima do viradouro a erosão está comendo o terreno de cinco famílias e a solução encontrada pelos "especialistas" foi a colocação de uma camada de menos de um centímetro de cimento - que já está descascando com as chuvas. Segundo um funcionário, o morro será reforçado com uma rede de cimento, mas se não for feito uma canaleta para desviar a água no alto do morro, esse tipo de contenção será inútil.

RUA ENCOLHEU Na Rua G, onde a subempreiteira já re-

alizou algumas obras, as irregularidades

Marlene demonstra a péssima qualidade da obra

são ainda maiores. No pequeno trecho de contenção, uma viga de escora está apar- ente e a caixa de concreto não foi preenchida. O mato já tomou conta da obra e as armações de metal estão enferru- jadas. No primeiro temporal tudo pode desabar.

O calçamento da servidão G já está par- cialmente destruído pela erosão. Várias pedras estão soltas e a escassa camada de cimento que foi colocada está des- manchando. "Não confio nada nessas o- bras do Banco Mundial. Não estão fazendo manilhamento adequado e a obra não vai agüentar as chuvas", confirmou o morador do local, Luiz Gonzaga da Silva. "O Projeto na planta era para se fazer uma nia, com passagem para carro e tudo. Fize-

O único a usar capacete è o encarregado, Geraldino de Souza

ram apenas uma servidão de um metro e de péssima qualidade. Certamente existe superfaturamenío", insinuou outro mora- dor, Durval de Souza Ricardo. Durval mostrou uma planta com data de 12 de junho de 197S onde apresenta a rua G com 5 metros de largura.

Como não existe canaleta para as águas pluviais, a servidão se transformou em galeria de água onde desce uma ver- dadeira enxurrada durante as chuvas. "Os moradores desconfiam que exista desvio de dinheiro público e uso de material de péssima qualidade", afirmou Marlene.

DE NOVO! Mais uma vez, outra subempreiteira e

em outro local comete as mesmas irregu- laridades já denunciados em outras edições do Jornal da Frente Popular. No Bataillard, os operários estão trabalhando sem equipamentos básicos de segurança. Segunda-feira, dia 7, não havia ninguém usando capacete, exceto Geraldino de Souza. Vários trabalhadores estavam sem camisa e descalços. Nenhum deles usava botas ou luvas.

FISCALIZAÇÃO Os moradores, através da Associação,

procuraram informações junto à Secretaria de Obras e de Planejamento sobre os valo- res, prazos das obras no Bataillard. "Nos encaminham para engenheiros que nunca são encontrados. O povo daqui tem o direito de saber o que vai ser feito e acompanhar as obras. Afinalj é nossa vida que está em perigo. E se vai se gastar din- heiro, temos que cuidar para que seja bem gasto e que as obras sejam bem feitas para que não se estraguem com a primeira chuva, o que já está acontecendo", argu- mentou a moradora Marlene Branco da Cunha. 38

Contorno - Geraldino Pimentel

Depósito de Esgoto a Céu Aberto

\J esgoto corre a céu aberto pelo meio da comuni- dade. O mau cheiro é terrível, principal- mente no período de estiagem. A comunidade con- centra o esgoto vindo de diversos lugares por ser o

ponto mais baixo da região. Há mais de dez anos que a prefeitura^vem prometendo. A prefeitura prometeu fazer uma galeria no local. O local é ideal para a instalação de uma forma alternativa de tratamento de esgoto doméstico.

Quitandinha

Rua Amaral Peixoto sem Calçamento

Na época de cam- panha política começaram o calçamento na Rua Amaral Peixoto, mas não termi- naram. Agora a po- pulação está revol- tada e continua sofrendo muito. A ma está cheia de

valas e a passagem é impossível du- rante as chuvas. Os moradores estão reclamando que pagam altos impos- tos e que isso não é justo.

Sertão do Carangola

Lixo Continua sem Solução

No Sertão do Carangola o acúmulo de lixo

4 <0->^/ continua. A popula- ■* «—• ção exige uma

coleta regular. A Associação de Mo- radores gostaria de instalar no local a coleta seletiva e um projeto de reci-

clagem Cansada de soUcitar estes beneficios ao poder público e não ser atendida, a comunidade está so- licitando ajuda de uma firma ou in- stituições especializadas no assunto.

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Página 10 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Noticias J. Thomas Filho

ELEITORES PODERÃO PEDIR CASSAÇÃO A

Brasília. — Foi encaminhada ao relator da revisão constitucional, deputado Nelson Jobim (PMDB-RS), proposta de adoção do voto destituinte, mecanismo pelo qual o eleitorado pode pedir a cassação do man- dato de um parlamentar. No Brasil, man- tido o atual sistema político, o processo se- ria estadual. Para iniciá-lo, seria necessária uma petição que representasse as queixas contra o parlamentar, com a assinatura de pelo menos 0,5% dos eleitores no estado do parlamentar.

AMBIENTALISTAS SÃO CONTRA USO DO IPÊ

Paris. — A utilização do ipê amazônico e do okoumc africano na cons- trução da grande biblioteca francesa (Três Grande Bibliotêque) vem sendo forte- mente contestada pela associação de pro- teção do homem e do meio ambiente, Robin des Bois, que conta com o apoio de outros grupos similares. Segundo os repre- sentantes da associação, ê uma atrocidade o governo francês não impedir o corte de cerca de 600 ipês amazônicos quando ainda não foi feita a identificação dessa espécie da flora tropical pelos botânicos.

"Mais de cinco mil hectares de floresta da região de Manaus, no coração da Amazônia, já foram degradados pela busca. derrubada e transporte do ipê para a Trés Grande Bibliotêque", denuncia a entidade ambientalista.

VEREADORES TERÃO DE DEVOLVER SALÁRIO

Bebedouro, SP. — Oito anos depois de terem aumentado o próprio salário por uma manobra das Mesas das Câmaras Mu- nicipais, mais de 200 vereadores c ex- \ creadores do interior de São Paulo estão sendn obrigados a devolver o dinheiro que receberam a mais. Eles se basearam numa lei complementar, assinada em dezembro

de 1985 pelo então presidente José Samey, que aumentava para 4% do orçamento mu- nicipal os gastos com salários dos vere- adores. Como o texto não dizia explici- tamente que a medida valeria para os cál- culos do exercício seguinte, decidiram aplicar os reajustes imediatamente. Uma ação popular exigiu a devolução do din- heiro. Em menos de duas semanas, os 15 vereadores que ocupavam a Câmara de Bebedouro em 1985 serão notificados para devolver a diferença salarial, atualmente estimada em cerca de CR$2,5 milhões para cada um.

UNIMED VAI CUMPRIR NORMAS DO CONSELHO

&& UMIMED

Rio de Janeiro. — A Unimed do Brasil anunciou que está providenciando os necessários ajustes para adequar-se à re- solução 1.401 do Conselho Federal de Medicina (CFM) que prevê a liberdade de escolha de médico, hospital e tipo de terapia pelo paciente. A medida obriga ainda a cobertura a todas as doenças in- fecto-contagiosas do código da Organi- zação Mundial de Saúde (OMS), inclusive a AIDS.

COMBATE À FOME LEVA PUC A CRIAR DISCIPLINA Rio de Janeiro. — A campanha Ação

da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida ganhará um forte aliado a partir de março. Além de manter um comitê para colher doações para a Campanha, a PUC do Rio de Janeiro está oferecendo este semestre uma matéria eletiva, aos alunos de todos os cursos da universidade, que vai tratar da origem, das razões e da propagação da fome no pais. O curso foi dividido em sete módulos, ligados às áreas de Sociologia, História, Geografia, Economia, Serviço Social. Direito e Comunicação Social. Cada módulo terá à frente um professor de cada um desses departamentos.

OLIGOPÓLIOS AUMENTAM PREÇOS ATÉ 40% REAIS

Brasília. — O acompanhamento da variação dos preços nos últimos três anos indicou ao governo que alguns setores oli- gopolizados aumentaram seus produtos entre 35% e 40% reais acima da inflação no período entre março de 1990 c dezem- bro de 1993. Para impedir que esses em- presários tentem manter os reajustes especulativos cm seus preços ou que façam a transição para a URV pelo preço

no pico, e não pela média, o governo está estudando mecanismos para agilizar o jul- gamento e as punições para os casos de abuso econômico.

EUA INCLUEM BRASIL EM LISTA PREFERENCIAL

Washington. — O Brasil foi incluído numa lista de dez países com os quais os EUA pretendem manter "laços comerciais mais fortes" daqui por diante, segundo revelou o Subsecretário de Comércio para Assuntos Internacionais, Jeffrey Garten. A relação, batizada como "Grandes Mer- cados Emergentes", inclui México, Argen- tina, China, Indonésia, índia, África do Sul, Coréia do Sul, Polônia e Turquia. A Rússia ficou de fora, segundo Garten, por- que ainda não progrediu o suficiente como economia de mercado.

GOVERNO PRETENDE REPATRIAR DÓLARES

Brasília. — Com báSTem dados cole- tados em bancos estrangeiros, um docu- mento preparado pelo Ministério do Plane- jamento informa que existem no exterior pelo menos US$29,2 bilhões de recursos brasileiros. "Queremos descobrir meios para que esse dinheiro volte e estamos à procura de fórmulas", disse o ministro do Planejamento, Alexis Stepanenko. Os dados do Banco Mundial indicam que, em 1992. eram US$34,7 bilhões.

O BRASIL É O DÉCIMO PAÍS EM MORTE INFANTIL

Genebra. — Em 1992 morreram no Brasil 236 crianças com idade inferior a 5 anos, o que deixa o país na décima colo- cação entre as nações de maior número de óbitos infantis. O primeiro lugar é ocupado pela índia, com 3.212 mortes de crianças. Os dados fazem parte do relatório Situação Mundial da Infância 1994. divulgado pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

PNBE PEDE PUNIÇÃO PARA ABUSO ECONÔMICO

São Paulo. — Para o Pensamento Na- cional das Bases Empresariais (PNBE), a capacidade de agilizar os julgamentos de denúncias de abuso econômico é um ele- mento fundamental para a credibilidade e o sucesso do plano econômico do ministro Fernando Henrique Cardoso. "Se um em- presário pretende converter seus preços para a URV e percebe que outros setores estão se beneficiando, então ele desiste", disse Emerson Kapaz.

PEQUENOS AGRICULTORES JÁ EXPORTAM CAFÉ

Ji-Paraná, RO. — A ACARAM — Articulação central das Associações Rurais de Ajuda Mútua, com sede em Ji- Paraná, tem como propósito criar con- dições para que os migrantes agricultores de Rondônia permaneçam nas pro- priedades rurais com condições de sobre- vivência. Fundada em 1989, tem investido na formação de lideranças e na comerciali- zação dos produtos. Os agricultores já não precisam entregar seus produtos a atraves- sadores, por preços irrisórios, pois a Cen- tral aumentou o poder de barganha. Mais do que isso, amostras do café ali produz- ido foram enviadas à Holanda, onde se comprovou a qualidade do produto. O primeiro embarque para a Europa, de 300 sacas, conseguiu o dobro do preço pago pelos compradores do sul do Pais que ex- portavam o mesmo tipo de café, concen- trando os lucros.

CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA

ALIMENTAR Brasília. — O Movimento contra a

Fome a Miséria e pela Vida, juntamente com o Conselho de Segurança Alimentar marcaram uma conferência nacional a ser realizada em Brasília, de 18 a 23 de julho deste ano. Esperam-se 5 mil delegados para discutirem a grave situação do País e buscar caminhos para a erradicação da fome, para a garantia de terra para os cam- poneses, para uma distribuição justa da renda c para a geração e acesso ao em- prego, à cultura, ao lazer e ao saneamento. É preciso dar um passo além da dis- tribuição de alimentos.

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18/02/1994 FRENTE POPULAR Página 11

Porta-Retrato Guadalupe Mòtta

Aparecida Cristina Fonseca Custódio (E) e Felipe Custódio, filhos do casal Deusa Cristina Fonseca e Paulo Roberto Custódio. A família mora na comunidade de Vila Leopoldina. A mamãe Deusa é uma ferrenha defensora do leite materno. O resultado? Filhotes com muita saúde.

Mamãe Adriana de Souza Natalino, 17 anos, satisfeita com sua filha

Priscila de Souza, de um mês de idade.

A jovem mãe mora na Vila Leopoldina e juntamente

com o bebê enfrentam as dificuldades na fila da bica d'água. Com muita garra. Cresce logo, Priscila, e muda

tudo isso!

Anderson Patrick Alves Pinheiro, 1 ano e 2 meses,

filho do casal Zenilda Rosa Novaes e José Luis Alves

Pinheiro. Eles são moradores da Vila Leopoldina e o

garotâo já participara das reuniões da comunidade.

Quem sabe logo, logo será um futuro líder?

Renata Pires dos Santos, 11 anos, é filha da recreadora Tânia Maria

Pires, do projeto de educação popular em Pedro do Rio,

Vila Leopoldina. Essa gata cheia de charme estuda no colégio estadual

José Bonifácio. Está cursando a segunda série.

A recreadora do projeto de educação popular de Vila Leopoldina, Pedro do Rio, Sônia Maria dos Santos Martins tem que dar uma de super-mãe para dar conta do recado. Na foto, com a tropa: Rogério e Marcelo (Gêmeos), Lúcia, Leandro e Geraldo (no colo). Essa turma enche de felicidade a vida do papai Geraldo Amaro.

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Página 12 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Utilidade Publica F^l^ Pni/nl Com Quem seus Filhos

Pequenos Costumam Transar?

Luiz Cláudio Macedo Tranin

\J título aí em cima é grosseiro e chocante. Como também é grosseiro e chocante o caso de 20 meninos de seis e doze anos contaminados com gonor- réia por um adulto homossexual. É também grosseiro e chocante o caso de outro menino, com nove anos, tam- bém com gonorréia, que declarou à enfermeira que o atendia: "Não adi- anta me dar camisinha. Não dá em mim". A enfermeira teve que cortar dedos de uma luva de borracha para o menino usar. Isso tudo, e muito mais, aconteceu em unidades de atendi- mento pediátrico de uma grande ci- dade do Estado do Rio. Mas a coisa está acontecendo por todo o país. Não há distinção de regiões geográficas, nem de classes sociais. Por motivos que nem vale a pena discutir, crianças no Brasil inteiro estão se iniciando nas práticas sexuais, talvez cedo de- mais, talvez sem a devida orientação, mas com certeza aumentando os índices de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis (DST) e, até, engravidando por acidente e ig- norância.

Vamos ver quais os riscos que en- volvem esses casos: Segundo a Or- ganização Mundial de Saúde, a cada ano, morrem 50 milhões de pessoas, sendo 46,5 milhões em decorrência de doenças. Destas doenças, as princi- pais são: malária, tuberculose, AIDS, câncer, infecções, doenças mentais e as DST Doenças Sexualmente Trans- missíveis. Essas últimas, a cada ano, atingem 250 milhões de pessoas. É claro que nem todas morrem, mas muitas morrem. Se você já leve uma dessas doenças, anteriormente chamadas doenças venércas, você sabe como a coisa é desagradável. Já pensou que seu neném pode, de re- pente, se ver numa situação dessas? E que tlezinho pode, até, morrer?

A única proteção é a informação. Converse com seus filhos sobre sexo e doenças sexuais. Ensine-os a transar de maneira segura. Se você não se acha capaz de entrar no assunto, pro- cure ajuda especializada - médicos e proffessores, postos de saúde, hospi- tais. Muita gente pode ajudar. Não pense que seu filho está imune a essas doenças - hoje as crianças estão amadurecendo mais cedo. Temos que acompanhar seu ritmo.

D Autor é Diretor do ROE - Rádio Operações de Emergência - Faixa Cidadão - Canal 9

Quem Dorme com Fome, o Gato Come Sebastião Soares nasceu no dia 5 de janeiro de

1923, em Bicas - MG. Filho de Leôncio Luís Soares e Olga Leocádia de Jesus, Sebastião traçou sua tra- jetória de vida com a firme convicção de que nada

acontece por acaso: "Cada um tem seu destino. Está marcado.

Eu sou muito feliz."

»

Com a serenidade estampada no rosto. Sebastião vive cercado pelo carinho dos viz- inhos no "Cantão da Caixa d'água", no Alto Independência:

"Eu tinha quatro anos, mas já tinha idéia de grande. Minha mãe andava com uma cesta na cabeça, cheia de comida, segurando os filhos pela mão mão e na outra, a garrafa de café. Eu via o sofrimento dela e queria ajudar, mas ela não deixava. De tanto insis- tir, acabou deixando. Peguei a garrafa e lá pelas tantas tropecei, a garrafa quebrou e eu ganhei um corte no braço. Tem a marca até hoje. Foi um auê.

Um dia, quando eu tinha cinco anos, meu pai estava na virada, lá dentro do mato, roçando. Minha mãe pediu pra levar café pra ele, o que me deixou muito contente. Quando encontrei meu pai, ele estava conversando com a Maria Jacmta. uma mulher que a minha mãe não gostava dela Voltei pra casa todo alegre e contei pra minha mãe que meu pai estava conversando com a tal Jacinta. Minha mãe ficou furiosa! Quando meu pai chegou foi aquela briga. Minha mãe, pra fazer medo, pegou até na faca Eu saí de casa, deixei os dois brigando e me embrenhei lá pros lados onde meu pai trabalhava. Fiquei três dias per- dido no mato. Já estava morrendo de fome, sede, e com medo de voltar para casa. Eu comia caroço de café pra enganar a barriga. Depois eu fiquei sabendo que mataram uma onça ali por perto. Cobra, eu sei que tinha também. Mas eu não vi nada disso.

INOCENTE Meu pai não sabia onde me encontrar.

Então eu resolvi andar até encontrar ajuda. Acabei achando um conhecido do meu pai, já noutra fazenda, e ele me levou até minha

Enquanto não tinha plantação, a gente passou à base de banana e

mamão. Minha mãe apanhava ba- nana verde e fazia angu pra gente.

Era muito sofrimento. Um dia minha mãe me encontrou

comendo um punhadinho de terra. Eu estava com fome, chorando, pequei a terra e comi. Minha mãe até chorou

junto. Mas eu dizia: não há de ser nada

casa. Foi ai que eu fiquei sabendo que a minha mãe tinha ido. depois da briga pra casa do meu tio. Fiquei com meu pai naquela se- mana. No sábado, ele me levou pra ficar com minha mãe. Quando minha mãe me viu, acho que ela ainda estava com raiva, me deu uma surra de perder o fôlego. Eu não sabia por que estava apan- hando. Eu era inocente. Eu não ti- nha culpa...

Eu sei que outra vez que ela me bateu, fugi de casa. Fui pro sítio de um vizinho. Mas minha tia acabou me en- contrando e falou pra minha mãe não bater mais em mim, se não eu ia fugir de novo. Eu passei a gostar dessa minha tia porque ela ia me proteger.

*

COMENDO TERRA Meu pai não tinha nada. Só tinha quinze

carreiras de café, que mal dava pro sustento. Quando ele foi pedir pro patrão dele mais algumas carreiras, o homem não gostou e meu pai resolveu mudar de fazenda. Foi para a casa do "manjo". Mas no começo, sabe onde nós ficamos? Na tuia, no paiol, naquele galpão grande onde guardavam o feno. Nós ficamos lá até meu pai construir uma casinha de pau-a- pique com três cômodos.

Tinha um meeiro que já trabalhava na fazenda. Quando ele morreu, a família não quis mais cuidar e o antigo patrão comprou a parte dele e deu pro meu pai. Mas era muita terra, que se perdia de vista. Ai a coisa mudou: meu pai tinha terra, mas não tinha "crétio". Eu sei que ele foi com o ne- gociante e conseguiu um "crétio" pra um

ano. Enquanto não tinha =1 : plantação, a gente passou à

base de banana e mamão. Minha mãe apanhava banana verde e fazia angu pra gente. Era muito sofrimento.

Um dia minha mãe me encontrou comendo um punhadinho de terra Eu estava com fome. chorando, pequei a terra e comi. Minha mãe até chorou junto. Mas eu dizia: não há de ser nada.

DIVIDA DE JOGO Com o sítio a vida começou a melhorar. A

plantação foi dando bem - deu milho, o feijão se perdia na derrubada Meu pai ficou rico! Comprou temo, a geníe tinha comida farta. Só que ele passou a jogar, ficar fora de casa, e os filhos é que passaram a tomar conta da roça Chegamos a ter empregados. Mas o que meu pai ganhou, perdeu em jogo. Com isso, a dívida foi aumentando, aumentando... e nos anos seguintes a plantação já não foi tão boa A terra foi ficando cansada e a plantação mur- chou. Fim da história: meu pai teve que ven- der tudo, até a criação de galinhas pra pagar o homem do "crétio". Era o ditado: "Quem dorme com fome, o gato come".

Juntei a família tava só com uma roupa ras- gada no ombro, e arribemos pra Petrópolis. Fui trabalhar na Mantiqueira, num terreno do prín- cipe. Mas não deu certo, não. Saí e comprei um teneninho no Duques. Fui trabalhar em obra Trabalhei dez anos em obra. O patrão gostou de mim Eu fiquei. Criei os filhos todos assim

Sabe por que eu sou feliz? Um dia eu fui consultar uma cigana velha e ela me disse que eu tinha casado com a pessoa er- rada. Que não ia dar certo A gente ia se separar, e que eu ia ficar sozinho. Ela falou também que tudo na vida da gente está escrito. Está tudo marcado. Então, não adi- anta brigar, não adianta fazer nada, que está tudo certo. Eu sou feliz, sei tudo o que vai acontecer na minha vida na hora que tiver de acontecer. E tenho muita fé em Deus também. "S§

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18/02/1994

Quitandinha

FRENTE POPULAR Página 13

Moradores Protestam contra Construção de Condomínio no Campo de Futebol

Regina Barbosa

No dia 06 de fev- ereiro, moradores da Vila Ipanema

estiveram reunidos com Sérgio Hammes, presi- dente da Cooperativa do Movimento Unifi- cado de Moradia, para protestar contra as 60 casas que serão con- struídas no campo de futebol da Rua Ama- zonas, única área de lazer da comunidade.

O terreno foi com- prado por sessenta famílias da Cooperativa há três anos por 20 mil dólares, através de um sistema de poupança. Essas famílias vivem hoje de aluguel ou em casas de parentes e continuam pagando 40% de um salário mínimo para a futura cons- trução das casas.

PROTESTOS Os moradores, especialmente os

jogadores que utilizam o campo para seus torneios de futebol, não querem que as casas sejam construídas no campo pois isso acabaria com a única área de lazer da comunidade. Na re- união, não foi possível chegar a um entendimento, dadas as dificuldades de se conseguir outro local para o campo. "As famílias compraram o ter- reno e as casas vão ser feitas. Agora, se vocês arranjarem outro terreno ou vinte mil dólares, a gente pode con- versar", argumentou Sérgio Hammes. "Nós limpamos essa área e tivemos a garantia verbal do proprietário de que seria usada como área de lazer para a comunidade. Vamos limpar outra área e depois que estiver limpa, ele vai, vende novamente e nós ficamos na mão", argumentam os moradores.

Sérgio Hammes (c): "Habitação é prioridade' Já o Presidente da Associação de

Moradores da Vila Ipanema, Isaias Geracino de Miranda, questionou a utilização do reservatório da água si- tuado no terreno do campo. "Minha preocupação é a reserva do manancial. É a única opção que -a população da Parque São Vicente tem em época de seca. Os novos moradores vão deixar a comunidade usar a água, já que vai estar em terreno particular?" Ele re- clamou da atitude da Cooperativa que retirou o relógio de eletricidade que servia as bombas da comunidade sem consultar ninguém. Há mais de vinte anos os moradores se servem da mina situada no campo.

Enquanto a solução para o impasse não chega, ficaram marcadas três re- uniões - uma com a Cooperativa, outra com a FAMPE e a terceira com o pre- feito Fadei.

Se, de um lado, os moradores têm a nítida sensibilidade da necessidade das moradias, do outro, não vão abrir mão de seus -já tão escassos - espaços de lazer. Em tempo; questão sobre a qual a prefeitura nunca se preocupou em fazer coisa alguma. 38

Saúde

APi-AIDS Faz Campanha de Prevenção no Carnaval

A Associação Petropolitana Interdisciplinar de AIDS - API-AIDS realizou antes e durante o car- naval extensa campanha de prevenção contra a AIDS. A campanha iniciou-se no dia 6, domingo anterior ao Carnaval, às 10 horas na Praça da Liberdade. Durante todo o dia foram realizados eventos como apresentação de vídeos educativos, distribuição de material informativo e preserva- tivos, animação do grupo de palhaços Arco-íris da Alegria, do CDDH, e às 15 horas apresentação do grupo de capoeira ABADA, do mestre Vuê.

Durante a semana do Carnaval, a AP1-A1DS e o grupo de Palhaços Arco-íris percorreram diversas comunidades, clubes, e ensaios das Escolas de Samba divulgando a campanha e distribuindo ma- terial informativo.

A API-AIDS está aberta ao atendimento público, de segunda à sexta, das 13 às 18 horas. Rua Carlos Gomes, 180, Bingen.

Outras informações pelo telefone 43-1720.3i

Cidadania

Grupo Cria Nova Instituição em Petrópolis Francisco M. Ferrara

Uma assembléia realizada na Associação Comer- cial, Industrial e Rural de

Petrópolis, no dia 9 de fev- ereiro, marcou a fundação de mais uma instituição de luta pela cidadania em Petrópolis. A instituição tem o nome de CIVIS - do latim: cidadão. Segundo Guedon, um dos ide- alizadores, a instituição não tem o intuito de dividir ou tra- balhar paralelamente ás demais que já existem na cidade como CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos), SEOP (Serviço de Educação e Or- ganização Popular), FAMPE (Federação das Associações de Moradores de Petrópolis), Ou- vidoria Pubhca e Defesa do Consumidor. "Trata-se de um

instrumento que permita a defesa da cidadania e a di- vulgação dos direitos e dos deveres do cidadão", ressal- tou Guedon. Quanto à "Câmara de Entidades" tam- bém fundada por Guedon nos anos 80, ele afirma que já não existe mais, e que a CIVIS é uma espécie de her- dura.

Durante a assembléia in- augural, com cerca de 50 pessoas, foi escolhida uma diretoria colegiada com 12 participantes. A instituição também decidiu a favor da publicação de uma carta semanal sobre a vida mu- nicipal. De acordo com o estatuto, "a CIVIS poderá promover atividades gera- doras de recursos financei- ros, será uma instituição

aberta para pessoas físicas e jurídicas sem vínculo com o poder público, atuará na de- fesadopatrimôniohistóricoe do meio ambiente e se bas- eará naDeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos das Nações Unidas". Os princi- pais idealizadores da CIVIS são: Phillipe Guedon, Fer- nando Mussel, Wanderley Mateus Ribeiro e Alcindo Gonçalves.Duranteareunião um dos presentes fez passar umabaixo-assinadodirígido a Câmara Federal am prol do monopólio estatal da Petro- brás, uma pequena parte dos presentes assinou o docu- mento.

A sede provisória con- tinuará sendo na Associação Comercial, Industrial e Rural de Petrópolis. 81

Cantinho da Trova Márcio Costa

Na cruz de braços abertos morreu o Filho de Deus para que nas lutas da vida você nunca cruze os seus.

Maria de Fátima Oliveira Bias Fortes/MG

Só quem ama a natureza, tem Deus em seu coração: - Não existe mais beleza

nas obras da criação...

Joamir Medeiros Natal/RN

A fé busca sem ver o Deus que tanto procuro. Não é Sentir. É Saber. A fé é salto no escuro.

Fabiola Martins Veltri Vilha Velha/ES

Há em nossa alma cansada, mesmo sendo a vida atroz, criança eterna e levada que brinca dentro de nós.

Alberto Fernando Bastos

Márcio Costa é artista plástico, colecionador de trovas, Jloclore, ditos populares e filosofia de estradas. Se você, poeta, quiser aparecer no CANTINHO DA TROVA, escreva para ele no endereço da redação. Solte sua imaginação.

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Página 14 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Curiosidades Cozinha do Povo

O Labirinto do Dinheiro Público Encontre no Diagrama as Palavras Destacadas no Texto

Você sabe o que é dinheiro público? E aquele dinheiro que o governo arre- cada através dos impostos. Ou seja, quando você compra uma roupa, um sapato, um brinquedo, um quilo de carne, ou qualquer outro produto, no

preço - que nunca é barato - vem escondido um monte de impostos, que a gente não vê, muita gente não sabe que existe, mas que vai parar nas mãos do governo, - que pode ser o prefeito, o governador ou o presidente - e de toda uma turma que é responsável em fazer com que esse dinheiro volte para o povo na forma de escolas, hospitais, água encanada, ruas calçadas, casa própria e tudo o que uma família precisa para viver decentemente. Mas isso não acon- tece não é mesmo? Mais de 32 milhões de brasileiros estão passando fome por- que o dinheiro que era destinado para essas pessoas comprarem comida foi parar na poupança de políticos, funcionários do governo, empresários e mais um bando de gente inescrupulosa

Será que isso é certo? Sabemos que não. E para que essa situação mude, é fundamental conhecer quem são as pessoas que vão administrar o dinheiro público e cobrar, dos governos as obras que eles prometem fazer ou que ainda estão faltando na cidade. Aqui em Petrópolis por exemplo, há uma promessa an- tiga de construção de casas populares no Castelo São Manoel, em Correas, e o Conjunto Samambaia, que até hoje não foi feito. E dizem que o dinheiro existe. Só que ninguém sabe onde está.

Você não acha que político deveria ser gente séria e respeitar mais o povo? Afinal, eles são eleitos para representarem os interesses da população e não o próprio bolso. E sabem quem pode mudar de uma vez por todas essa situação? Só você. Por isso, vote certo. Em outubro você terá essa chance. Nós mere- cemos ser feliz.

c F U N C I 0 N Á R I 0 S V A C A R 0

E E M U A D A N A c N E A U G A V I S

R C D D B R I N Q U E D 0 V 0 T E A A

T L P I 0 T I E F E R P V N X E Z E M

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D M U I V T V X F B 0 R p R S D E S A

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L M N 0 A I R P 6 R P 0 U P A N C A o E M P R E S Á R i 0 S R S T Q D U V X |

Suflê de Tabba

10 folhas de taioba cortadinhas 3 colheres (sopa) de óleo 1 colher (sopa) de farelo de trigo 2 ovos 1/2 colher (café) de sal 1 pitada de páprica picante 3 dentes de alho

Modo de Preparar Refogue a taioba em alho e óleo e

sal (deixe o alho dourar bem). Bata a taioba refogada com a faca numa tábua para ficar desmanchando. Junte as fol- has com as gemas, farelo e por último clara em neve.

Unte um pirex e azeite ou óleo, cu- bra com queijo ralado e leve ao forno quente por 15 minutos.

Mamão com Molho Branco

1 mamão verde ralado 1 cebola pequena em quadradinhos 1 colher (sopa) de maizena 1 1/2 colher (sopa) de óleo 1 colher (chá) de óregano ou man-

jericão 1 colher (café) de sal 4 dentes de alho 2 xicaras de cheiro-verde 2 copos de leite 1/2 colher (café) de noz moscada

Modo de Preparar Refogue o mamão em óleo, alho e

sal e deixe cozinhar em fogo baixo. Faça o molho branco. Doure a cebola em óleo acrescente a maizena diluida no leite, noz moscada, sal. Deixe en- grossar, desligue o fogo e junte o re- stante dos ingredientes.

O Restaurante da Tina é na Rua Roberto Silveira, 12 (em frente à Praça da Liberdade) Tel: 43-7094 - 2" à 6"feira

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18/02/1994 FRENTE POPULAR Paginais

Esporte & Lazer Regina Barbosa

11° Campeonato da Amizade \J time Jardim Salvador leva a tor- cida ao delírio no campeonato de futebol do Boa Vista dia 6 de fevereiro na Es- trada da Saudade. O primeiro gol foi marcado por Alemão. O segundo, Lelei do Natural Green, entregou de graça para o Jardim Salvador, marcando con- tra.

Aos 20' minutos, Fernando chuta uma bola do meio de campo na trave e Dunga arrematou marcando o primeiro gol do Natural Green. Logo depois o Jardim Salvador consagra o seu dia e marca o terceiro gol, diminuindo as pos- sibilidades de vitória do Natural Green.

No segundo tempo o sol e o vento forte também jogavam contra o ataque do Natural Green. O juiz Adão de Je- sus não era nada simpático, e o jogo em- perrava em sucessivas faltas.

Os jogadores do banco de reserva do Natural Green desesperaram-se e no campo não sabiam como reagir ao ataque do Jardim Salvador. Final: Jardim Salvador 3 a 2 Natural Green.

Todos os jogos foram emocionantes. O time Saturno sacudiu a rede do Vicenzo Rivetti, garantindo sua posição.

Destaques: Celsimar Fonseca, Fumaça,

zagueiro do Jardim Salvador. Ele joga todo o tempo com um simpático sorriso.

r

Saturno: vitória garante chance ao título

Roberto Fraga, goleiro do Natu- ral Green que está afastado por problemas de saúde. Calma Robertinho!

Djalma Fragoso - diretor ^ Comissão Organizadora do campo - pela paciência com os companhei- ros nervosos e chorões. 38

Resultado do dia 06/02: Saturno 2 X 1 Vicenzo Rivetti Natural Green 2X3 Jardim Sal-

vador Cruzeiro 2 X 1 Suquima Próximos jogos: 20 de fevereiro

Lajes Aurora: Liderança absoluta no campeonato

Copa Jorge Moleque

\J campeonato de futebol soçaite, na quadra Lajes Aurora (Centenário), está cada vez mais animado. O time Balança Rede lidera a chave B com três vitórias consecutivas. Na chave A, Lajes Aurora e Ferragens Vitrine lideram com duas vitórias e dois em- pates. Já o time do Mixto cresce a cada jogo e pode tomar-se um grande adversário entre os favoritos.

Resultados do dia 8/2: Ferragens Vitrine 0X0 Bingen Lajes Aurora 3X2 Unidos Mixto 5X2 Dínamo

Resultados do dia 10/2: Natural Green 6X2 Banguzinho Balança Rede 3X0 Saturno Morbra 4X2 Imperador

Destaques: Marco Antônio. Marquinho - ata-

cante do Balança Rede, atuação brilhante. Marquinho Bender, pela ex- celente organização do campeonato. 88

Campeonato no João de Deus

Estão abertas as inscrições para o cam- peonato de futebol soçaite na Asso* ciação de Moradores da Rua Profes-

sor João de Deus (Quarteirão Brasileiro). O inicio dos jogos está previsto para o dia 06/03/94. Informações: Luizinho, ponto fi- nal do ônibus João de Deus.

Paradão dos Altinhos

Oontinua com muito sucesso o lutebol dos veteranos no campo do Boa Vista (Estrada da Saudade). Domingo, dia 6/02, o Veterano B venceu o Veterano A por 15. a 4. Foi uma saraivada de golaços. Apesar da idade, ultra- passada para o esporte, esses rapazes têm mostrado uma desenvoltura que muito garotão não consegue em campo. Parabéns!

Festival no Quarteirão Brasileiro

A Associação de Moradores da Rua Pro- fessor João de Deus realizou no dia 6, domingo, um festival de futebol soçaite com quatorze equipes. A prova de honra foi entre Quarteirão Brasileiro e Barão do Rio Branco.

Torneio Incentivo

t stão cada vez mais movimentadas as partidas de futebol do- Torneio Incen- tivo, no campo do Boa Vista (Estrada da Saudade). A grande revelação do domingo, dia 6/2, foi Celso Brito, jogador do Grêmio. O centroavante teve que substituir o goleiro Sérgio Brito e acabou sendo um sucesso total. "É uma responsabilidade muito grande, maior que marcar um pênalti, não pode haver falhas", contou Celso. A boa atuação garantiu a vitória do seu time por 3 a 2 contra o Florescer.

Mas nem tudo terminou como a galera esperava. Um dos favoritos, o Serraninho perdeu para o Família por 3 a 1.

Muita bola ainda vai rolar até a finai prevista para 27/2. Os próximos jogos serão dia 20 e quatro times disputarão o troféu.

Rodada do dia 20/2: Grêmio X Família Florescer X Serraninho

Festival no Caxambú

nfluita integração no festival de futebol rea- lizado pelo Bloco Carnavalesco Mocidade do Caxambú. Domingo, dia 6, oito partidas ani- maram o festival. Os jogadores, depois do esporte, reuniram-se para comemorar com muito samba no pé.

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Página 16 FRENTE POPULAR 18/02/1994

Uma etapa já passamos Outras mais 'inda virão Tem a Páscoa, tem a Copa Em outubro, eleição.

Já pensou que forja tem Esse povo na Avenida Arrastando multidões No cordão da dura lida.

Um pouquinho de cabeça E esse povo é o maioral O Brasil seria outro Vida nova nacional.

Mas é muito diferente A batalha do lazer Se sambar é coisa boa Bem melhor seria o dever.

O dever de uma justiça Que não fosse corrompida Que acabasse com a pobreza Que dignificasse a vida.

Carnaval já acabou E a vida segue em frente Quem brincou, agora chora Quem chorou, agora mente

Mas não dá para esquecer Que eleição não é piada Ou a gente vota certo Ou nos levam na jogada.

E quem diz ser defensor Dos direitos do povão Mas não entra em barraco Pode crê - é enganação.

Lupe

Boca no Trombone

Camisa Florida para Dirigir Carro Oficial Uomo em Carnaval vale tudo... O que se pode dizer de um gol branco, da prefeitura (SECTRAN), circulando em plena tarde pelos arredores do Cremerie numa terça-feira de Carnaval? O motorista trajava uma bela camisa florida e um boné, o carro estava lotado com pessoas que não aparentavam estar trabalhando. Ou será que há registro de que al- gum carro da SECTRAN saiu a serviço em plena terça-feira de Carnaval? A fiscalização poderia confirmar isso. A placa do carro é AS-1702. O dinheiro do contribuinte não está a disposição para mordomias no Carnaval...

i——-— : Aconteceu na Sematia

Internacional

Reserva de Mercado KJs Estados Unidos reclamam da política de reserva de mercado praticada por outros paises. No entanto, o presidente Bill Clin- ton está ameaçando impor sanções comer- ciais ao Japão, e a outros paises do Oriente a partir desta semana. Várias vezes pro- dutos brasileiros receberam boicote ao en- trarem no mercado norte-americano. A política de livre mercado que o capitalismo tanto defende e promove c mentirosa. Na verdade as grandes potências praticam o protecionismo econômico e comercial

O Brasil também precisa realizar uma forte reserva de mercado, protegendo a produção nacional, desenvolvendo uma tecnologia interna contra o domínio es- trangeiro.

Os Estados Unidos estão também ameaçando punir o Brasil por falta de pro- teção à patentes de produtos criados por americanos. É bom lembrar que o Brasil e muitos outros paises miseráveis vêm finan- ciando, há vários anos. a riqueza do primeiro mundo.

Somália A ONU (Organização das Nações Uni- das) continua abusivamente intervindo na Somália. Helicópteros armados da ONU promoveram, durante a semana, fortes ataques contra rebeldes. A intervenção já caracteriza invasão. A ONU. que deveria :star promovendo a paz. se transformou

em força de guerra para os interesses do capitalismo. Desde a intervenção da ONU no país há mais de dois anos, 10 mil so- malianos iá morreram, vitimas da guerra civil.

Nacional

Matança de índios M organização não-govemamental "Terra dos Homens" denunciou em Genebra para as Nações Unidas o aumento dos assassi- natos dos índios no Brasil. O governo brasileiro está sendo acusado de conivên- cia com os crimes contra índios, pro- tegendo as ações agressivas de garimpeiros e traficantes de minérios. É bom lembrar que os Estados Unidos, a Espanha, a Inglaterra e a França assassinaram cerca de 90% da população indígena da América do Norte e Central. Uma medida contra esses assassinatos deve ser tomada com urgên- cia.

Cubatão Continua Matando M poluição química continua contami- nando milhares de pessoas em Cubatão e em toda a região da Baixada Santista. Du- rante o Carnaval várias famílias tiveram que ser retiradas de suas residências e sub- metidas a exames médicos devido a con- taminação pelo lixo químico. Como sem- pre as maiores vítimas provém da popula- ção carente.

Acontecendo

Programação do Minicinema para fevereiro

Dia 22: Filme: "Instinto Fatal" - Di- reção de Rocknes S. 0'Bannon. Cen- sura 14 anos

Dia 23: Filme: "Projeto Mortal" - Direção de John Eyres

Dia 24: Filme: "Darkman - Vin- gança sem Rosto" - Direção de Sam Raimi

Obs: As sessões iniciam às 19:30 com entrada franca. A distribuição das senhas começa meia hora antes. O Minicinema fica na Praça Visconde de Mauá no Centro de Cultura Tristão de Athayde.

Curso de Teatro (para a montagem do espetáculo "A

Vigarista") Direção:Sarah Bemadet Realização: O Tablado O elenco do espetáculo será formado

pelos dez melhores atores e atrizes do curso.

Informações pelo telefone 42-8951

VI Curso de Formação de Terapias Holísticas

Shiatsu, Moxabustão, Quiroprática, Fisioterapia, Avaliação Energética, Psi- coterapias holísticas. Alimentação natu- ral. Vivências corporais e energéticas.

Informações na rua 16 de Março, 90 sala 602

Telefone 43-10% Vagas Limitadas

Curso de Sapateado Para iniciantes, intermediários e

avançados Rua do Imperador, 982 Telefone 42-1063

Curso de Animação de Festas e Palhaços

Teatro. Cinema e TV para Jovens e Teatro de Vanguarda

Rua Silva Jardim, 35 (em frente a Rodoviária)

Telefone 31 2288 ou 42 2744