Frequência e prevenção de tromboses sem sintomas, em veias profundas, em voos de longa duração...
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Frequência e prevenção de tromboses sem sintomas, em veias
profundas, em voos de longa duração
André Gomes nº 55771Joana Silva nº 55740
Trombose
Trombose Venosa Profunda-a trombose de veia profunda (deep venous thrombosis, DVT), ocorre quando se forma um trombo
numa veia do sistema venoso profundo
-embora ocorra com igual frequência em veias superficiais, apenas a trombose em veias profundas é perigosa, pois se houver libertação do trombo (êmbolo), este pode alojar-se nas artérias pulmonares e obstruí-las, levando a uma embolia pulmonar (pulmonar embolism,PE)
Relação entre a trombose e voos de longo curso
-a contracção dos músculos das pernas é importante para contrair as veias e fazer o sangue voltar ao coração
-este síndrome é conhecido como
síndrome da classe económica
Períodos de tempo longos
(por exemplo em voos de longo curso)
- utilizadas na prevenção de trombose das veias profundas e outras condições associadas à circulação sanguínea;
- as meias exercem uma compressão graduada, isto é, aplicam diferentes pressões na perna:
- Neste estudo foram utilizadas meias elásticas de classe I (20-30 mm Hg de pressão ao nível do tornozelo), abaixo do joelho.
A pressão maior é exercida ao nível do tornozelo, promovendo o fluxo sanguíneo e impedindo a formação de edemas na perna.
A pressão diminui ao longo da perna, de modo a que não haja risco de refluxo.
Meias Elásticas de Compressão Graduada
VoluntáriosForam seleccionados
89 Homens e 142 Mulheres
>50 anos
>8h de voo, em classe económica, num período de 6 semanas
Foram rejeitadas pessoas que:
tinham historial de trombose(s) no passado
estivessem a tomar anticoagulantes
usassem regularmente meias de compressão
com problemas cardio-respiratórios e outras doenças graves
Viajaram uma média (total) de 24h
Grupos experimentais
Os participantes foram colocados aleatoriamente em dois grupos:
um grupo de controlo e
um outro grupo, ao qual foi dado meias elásticas de compressão abaixo do joelho de classe-I (German Hohenstein padrão de compressão; 20-30 mm Hg)
Foram aconselhados a colocar as meias antes do inicio da viagem e retirar depois do fim da viagem
Os participantes pagaram as suas próprias viagens, sem qualquer apoio das companhias aéreas
Características
Voluntários
Dos 231 participantes foram excluídos
27 devido a doença, mudança de planos de viagem e à inabilidade de manterem compromissos
2 por viajarem em 1º classe
2 por tomarem anticoagulantes
Voluntários excluídos do grupo de controlo: 7 homens e 9 mulheres
Voluntários excluídos do grupo das meias: 6 homens e 9 mulheres
Dos 200 participantes
11 eram heterozigóticos para FVL (factor V Leiden)
4 eram heterozigóticos para PGM (protrombina G20210A)
1 era heterozigótico para ambas as mutações
Testes Prévios
Antes da viagem fizeram-se os seguintes testes:
ecografia Duplex (General Electric LOGIQ 700, GE Medical Systems, Waukesha, USA )
Ecografia Duplex-tipo de ecografia (método de diagnóstico que se baseia no eco produzido e que reproduz, em tempo
real sombras produzidas por estruturas e órgãos do organismo), utilizado especificamente para avaliar o fluxo dos vasos sanguíneos.
Testes Prévios
Antes da viagem fizeram-se os seguintes testes:
Ecografia Duplex (General Electric LOGIQ 700, GE Medical Systems, Waukesha, USA )
Teste ao dímero-D (Dimertest Gold EIA assay ,Agen Biomedical Ltd, Acacia Ridge, Australia)
-o dímero-D é um produto da degradação da fibrina que apenas ocorre quando há formação de um trombo.
-o teste ao dímero-D é utilizado quando há suspeita de DVT ou de PE.
-existem vários sistemas para classificar, a priori, a probabilidade clínica de ter estas doenças, sendo o mais conhecido introduzido por Wells et al. em 2003:
-para uma probabilidade elevada, não será necessário proceder-se ao teste do dímero-D, começando imediatamente a terapêutica com anticoagulantes
-para valores médios ou baixos de probabilidade:-um teste ao dímero-D negativo excluirá (praticamente) a hipótese de DVT ou PE;-uma leitura elevada no teste ao dímero-D terá que ser complementada com outros
meios de diagnóstico;
Dímero-D
Trombina Factor XIII
Evolução
- Passadas ~48h depois do voo, os participantes foram inquiridos sobre a duração do voo, utilização das meias, sintomas nas pernas, medicação tomada e doenças
-foram sujeitos a nova ecografia duplex, em que os técnicos não tinham conhecimento a que grupo pertenciam os participantes
-foi efectuada nova colheita de sangue para se proceder a uma nova avaliação do valor do dímero-D
-nos participantes em que foram detectados anomalias (nomeadamente DVT), notificaram-se os seus médicos de família por escrito para que lhes proporcionassem tratamento
Resultados I
-12 passageiros desenvolveram DVT (assintomática), todos do grupo que não usou meias de compressão
-4 passageiros desenvolveram tromboflebite superficial, todos do grupo com meias de compressão (um destes passageiros era heterozigótico para ambas as anomalias genéticas FVL e PGM).
-os medicamentos tomados pelos passageiros durante o estudo estão contidos na tabela seguinte:
Tabela 2: Medicamentos tomados por
voluntários antes e depois das viagens
Resultados IICom DVT Sem DVT Com SVT Sem SVT
Nº 12 188 4 196
Nº de mulheres 7 117 4 120
Idade 67 (58-68)
62 (55-68)
67(64-70) 62(55-68)
Horas de voo 21 (17-25)
24 (18-27)
28 (25-33)
24 (18-35)
Portadores de PGM 0 4 1 3
Portadores de FVL 2 9 1 10
Meias de Compressão
0 100 4 96
TratamentoPassageiros com DVT:
-4 com injecção subcutânea de heparina com baixo peso molecular durante 5 dias e recorreram ao médico de família para um tratamento adicional.
-8 com aspirina e recorreram ao médico de família para serem examinados e receber tratamento se necessário
Passageiros com tromboflebite:
-1 com aspirina-3 com uma droga anti-inflamatoria (diclofenac)
Estudos anterioresKraaijenhagen e colaboradores: não existe associação entre o desenvolvimento DVT e longas
viagens de avião, mas muitos dos seus pacientes tiveram voos com menos de 5h.
Ferrari et al.: mostraram uma forte associação entre DVT e longas horas de voo (>4h), embora apenas ¼ dos seus pacientes tenham feito viagens de avião.
Bendz et al.: simulação de voos de longa duranção numa câmara hipobárica, observando-se uma subida substancial de marcadores no plasma de trombose. Este estudo foi efectuado sem grupo de controlo
R. Collins et al.: DVT assintomática pós-operatória detectada em 30% dos pacientes de cirurgia geral, sem ter aplicada nenhuma medida profilática.
A. Kasmerz et al.& M.H. Meissner: pode ocorrer PE em cerca de 10% dos pacientes com DVT
G.A. Colditz et al.: na prática hospitalar, as utilização de meias de compressão reduz eficazmente o risco de DVT após cirurgia.
Problemas no estudo
-Os voluntários tinham conhecimento do estudo e dos seus objectivos, o que pode influenciar os resultados:
-a ingestão de mais fluidos e maior actividade durante o voo (massajar as pernas, fazer movimentos contínuos, etc) podem diminuir a incidência de DVT
-Embora lhes tivessem sido dadas instruções para retirarem as meias após a viagem, muitos dos voluntários só as retiraram quando se apresentaram no hospital para efectuar os testes.
Discussão-1 em cada dez pessoas que não usavam meias de compressão desenvolveram DVT assintomática
após as viagens de avião
-nos quatro passageiros que desenvolveram tromboflebite superficial, verificou-se que esta ocorreu em veias varicosas da zona do joelho, que estava comprimida pela parte de cima da meia.
-7% da população em estudo possuía as anomalias genéticas FVL e PGM (esta percentagem é de 19% se se considerarem as pessoas que sofrem de DVT)
- a não-detecção de concentrações elevadas do dímero-D pode dever-se ao seu reduzido tempo de vida (~6h) quando comparado com o tempo em que foram efectuadas colheitas de sangue após a viagem (~48h).
-o dímero-D, apesar de associado à formação de coágulos, não tem nenhuma relação conhecida com o desenvolvimento de DVT assintomática
-nenhum dos voluntários tinha edema na perna, o que dificultaria a observação do estado da veia
-não está provado que as mulheres tenham maior predisposição para DVT assintomático
- a frequência de DVT assintomática obtida é considerada fiável