FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO … · tina de pronto atendimento às exigên-cias...

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Revista da FAPEU FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA ANTROPOLOGIA Um museu para pesquisadores AQICULTURA De onde vêm os camarões ENSINO Além da preocupação estética 2003 Volume 1 Ano I Nº 1 ISSN 1806-0110

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Revista da FAPEUFUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

ANTROPOLOGIAUm museu para

pesquisadores

AQÜICULTURADe onde vêmos camarões

ENSINOAlém da

preocupaçãoestética

2003Volume 1

Ano INº 1

ISSN 1806-0110

Reitor: Rodolfo Joaquim Pinto da Luz

FapeuConselho SuperiorTitulares: Alvaro Toubes Prata

Golias SilvaFernando Álvaro Ostuni GauthierGeraldo Morgado FagundesLuiz Alberto Peregrino Ferreira

Suplentes: Nelson da Silva AguiarAntônio Edésio Jungles

Diretor Executivo: Carlos Fernando Miguez

Equipe técnica

SECRETÁRIA EXECUTIVAThereza Líbera Gavasso CacciatoriGERENTE ADMINISTRATIVORariton SilvaGERENTE DE PROJETOSThamara da Costa Vianna FrançaGERENTE FINANCEIROLuiz Correa de SouzaGERENTE DE EXTENSÃOFábio Silva de SouzaGERENTE DE INFORMÁTICARoberto Antonio Leal

Vice-reitor: Lúcio Botelho

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Revista da FAPEU 2003 ñ 1

Revista da FAPEUFUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Edição Anual – Relatório de Atividades 2002Vol. 1 – Número 1 – Ano IFlorianópolis, SC, Brasil

2003

EDITORA MULTITAREFA LTDA., FLORIANÓPOLIS, SC

2 ñ Revista da FAPEU 2003

Revista da FAPEU / Fundação de Amparo à Pesquisa e ExtensãoUniversitária: Relatório de Atividades 2002 – UFSC. – v. 1,nº 1 (2003) – . – Florianópolis: Multitarefa, 2003–v. ; 28 cm

AnualISSN 1806-0110

1. Generalidades. 2. Cultura científica. I. Fundação de Amparoà Pesquisa e Extensão Universitária / UFSC.

Catalogação na publicação por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071

PUBLICADA EM DEZEMBRO DE 2003

Todos os direitos reservados.

Proibida a reprodução, por qualquer meio,

sem autorização expressa da Fapeu.

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nos 971 projetos gerenciados no exercício de2002. Estão incluídos projetos de pesquisa, ex-tensão e pós-graduação dos 11 centros da UFSCque envolveram 513 professores, 1806 alunos eoutros 540 profissionais contratados.

Com recursos de 21 órgãos federais, 20estaduais, cinco municipais, 13 interna-cionais e de 75 empresas privadas, coubeà FAPEU apoiar a execução de projetosdas mais diversas áreas do conhecimen-to e estimular a elaboração de novas pro-postas para captação de recursos neces-sários para as atividades em andamentono decorrer de 2002. Para isto, a Fundaçãoconta com uma equipe técnica responsávelpelo relacionamento com os agentes financia-dores do país e do exterior e pela gestão admi-nistrativo-financeira dos projetos.

É através desta equipe que a FAPEU auxilia oenquadramento dos projetos junto aos órgãos fi-nanciadores, orienta e elabora orçamentos, pe-didos de suplementação de recursos e planilhade custos e faz o acompanhamento junto aos ór-gãos de fomento.

Entre suas diversas atribuições, em 2002 fo-ram gerenciados todos os recursos provenientesda CAPES referentes aos cursos de pós-gradua-ção “strictu sensu”. Foram, também, efetuadospagamentos de 211 Bolsas de Pesquisa, 6.933Bolsas de Ensino, 260 Bolsas de Monitoria, 2.263Bolsas de Estágio, 3.070 Bolsas de Extensão eduas Bolsas de Aperfeiçoamento.

Credenciada junto ao CNPq, a FAPEU respon-deu pela aquisição de 101equipamentos e serviçosinternacionais e outros 26 itens entre reagentes quí-micos, material para laboratório e equipamentos.Entre as compras nacionais, a Fundação respon-deu por 431 aquisições de equipamentos, 3.034aquisições de materiais, 378 contratações de ser-viços, 299 reservas de hotel e 484 passagens.

Ainda durante 2002, a FAPEU viabili-zou a realização de cursos de Pós-Gradu-ação em nível de Especialização bem comode cursos extra-curriculares em todas asáreas que abrangem os 11 centros daUFSC; consultorias especializadas juntoa empresas privadas, entidades públicase outras instituições; prestou apoio ins-

titucional ao FUNPESQUISA, FUNGRAD,eventos e conferências.

Este saldo positivo resultante do balan-ço de atividades cumpridas segundo os obje-

tivos da FAPEU deve-se fundamentalmente àcolaboração e dedicação dos coordenadores esuas equipes dos quase mil projetos gerencia-dos pela Fundação em 2002, dos funcionáriosenvolvidos e do apoio das instituições parcei-ras no exercício do ano passado.

Certos de que poderemos ampliar e aprimorarainda mais nossos serviços junto à UFSC e à co-munidade em geral, sempre como apoio ao ensi-no, pesquisa e extensão universitária, estamosabertos a sugestões que possam contribuir comresultados ainda mais abrangentes para o desen-volvimento e bem estar social do país.

Carlos Fernando MiguezDiretor Executivo

Apoio permanente àconstrução da qualidade

E m 26 anos de atividade junto à Universida-de Federal de Santa Catarina, o desempe-nho da Fundação de Amparo à Pesquisa eExtensão Universitária (FAPEU) se reflete

E D I T O R I A L

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A FAPEU é uma instituição cujaexistência começou a ser preparada em1976, para atender necessidades cres-centes de captação de recursos para odesenvolvimento do ensino e da pes-quisa na Universidade Federal de San-ta Catarina. O Reitor à época, Profes-sor Caspar Erich Stemmer, tomou a ini-ciativa de criar um Grupo de Trabalhoem 25 de junho daquele ano, para re-alizar os primeiros estudos.

O Grupo concluiu pela viabilidadeda criação de uma Fundação e em se-tembro o Reitor designou uma Dire-toria Provisória para conduzir a ins-talação. Em novembro de 1976, oConselho Universitário aprovou a cri-ação da Fundação.

No ano seguinte, em junho,o Reitor Caspar Erich Stemer,ouvido o Conselho Universitá-rio, define que a Fundação te-ria como objetivo "captar recur-sos para o desenvolvimentodo ensino, da pesquisa e daextensão na Universidade Fe-deral de Santa Catarina".

Cumpridos todos os trâmiteslegais, a Fundação de Amparo àPesquisa e Extensão Universitária(FAPEU) foi constituída no dia 21 desetembro de 1977. E o Professor Co-lombo Machado Salles foi nomeado pre-sidente da Diretoria Provisória da Fun-dação. A escritura pública de constitui-ção da Fundação foi lavrada em 28 desetembro e o estatuto foi publicado noDiário Oficial de Santa Catarina em 11de novembro de 1977.

Concluída a tarefa de criação e ins-talação da FAPEU, o Reitor nomeou, emdezembro daquele ano, como primeiroDiretor Executivo da Fundação, o Pro-fessor Paulino Vandresen.

Na fase inicial, foi realizado o le-vantamento e controle de convênios,criação de um roteiro para elaboração

de Ensino Superior, destacando-sepela firme posição na defesa do de-senvolvimento e do fortalecimentodessa importante ferramenta auxiliardas Universidades.

Foram estabelecidas condições paraa implantação de um sistema de infor-mações gerenciais, através de proces-samento eletrônico de dados, que for-nece informações rápidas e confiáveispara a tomada de decisões. Junta-se aisso a agilidade proporcionada por umaestrutura organizacional leve, sintoni-zada com a própria dinâmica requeridapela atividade de pesquisa.

A FAPEU fortaleceu o relaciona-mento com empresas privadas, trans-ferindo tecnologia em diversas áreas,por intermédio de projetos de consul-toria, com isso aprofundando o rela-cionamento Universidade-Empresa-Comunidade.

Viabilizou os programas e a políticade pesquisa, pós-graduação e extensãoda Universidade, permitindo o apare-lhamento dos laboratórios, fruto dosprojetos e pesquisa que desenvolve.

A FAPEU construiu uma sede, em1977, onde foram estabelecidas melho-res condições para o trabalho e paraatender a crescente demanda por partede pesquisadores e instituições.

Objetivando consolidar novos gru-pos de pesquisa a FAPEU alocou recur-sos financeiros para os ProgramasFUNPESQUISA e FUNGRAD, nos quaisparticipam professores e alunos daUniversidade.

A gestão da Fundação é disciplina-da por normas e resoluções do Conse-lho Superior formado por pesquisado-res da Universidade e fiscalizada exter-namente pelos Órgãos de Financiamen-to, pelas Secretarias de Controle Inter-no dos Ministérios, pelos Tribunais deContas do Estado e da União e peloMinistério Público.

de projetos, montada a relação de ór-gãos financiadores e suas respectivasexigências. E a Fundação começou aassessorar professores na montageme redação de projetos.

A FAPEU mobilizou técnicos, profes-sores e pesquisadores num trabalho degrupo para obter apoio técnico-adminis-trativo-financeiro e desenvolvimento desuas propostas de pesquisa e extensão.

Em pouco tempo a Fundação adqui-riu experiência em levantar e identifi-car as fontes de financiamento e seusprogramas prioritários. Começou a pre-parar recursos humanos para oferecerapoio logístico junto aos Centros e De-partamentos acadêmicos. Os grupos

emergentes constituíram-se gra-dativamente em núcleos capa-zes de dar respostas ao núme-ro crescente de projetos apre-sentados aos órgãos financia-dores federais, estaduais e em-presas privadas.

Do ponto de vista organiza-cional, definiram-se as funções

de cada uma das fases de cadaprojeto, criando uma estrutura ca-

paz de exercê-las em condições cres-centes de eficácia, apoiada em me-

lhores informações. Foi montada a ro-tina de pronto atendimento às exigên-

cias administrativas dos órgãos financi-adores. Um trabalho árduo foi dedicadoà manutenção dos registros administra-tivos, contábeis e patrimoniais.

Ao longo dos anos, a diretoria bus-cou o fortalecimento financeiro da Fun-dação, pelo disciplinamento das taxasdos serviços prestados aos projetos e dasaplicações dos saldos de recursos, re-sultando na formação de reserva de ca-pital de giro próprio, assegurando a agi-lização dos recursos aos pesquisadores.

A FAPEU tem participado ativa-mente dos Encontros Nacionais deFundações vinculadas às Instituições

História de cooperação e estímulo

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Apesar de um quadro enxuto de pes-soal, com apenas 43 funcionários emtempo integral diretamente contratadospela FAPEU, a Fundação de Amparo àPesquisa e Extensão Universitária vemaprimorando substancialmente seusserviços nos últimos anos.

A agilidade nos trabalhos, em es-pecial nas funções administrativo-fi-

Estrutura da FAPEUnanceiras da Fundação, permitiu umsignificativo aumento tanto na clien-tela como nos órgãos financiadores e,conseqüentemente, ampliou o núme-ro de professores e alunos envolvidosem projetos para qualidade do ensino,pesquisa e extensão da UniversidadeFederal de Santa Catarina.

Para gerenciar a grande gama de

projetos e garantir o cumprimento detodos os objetivos da FAPEU, a funda-ção se estrutura com um conselho su-perior composto por sete membros, umdiretor executivo, apoiada por uma se-cretária executiva e um assessor jurí-dico e as gerências de Extensão, Finan-ceira, de Projetos, Administrativa e deInformática.

Organograma

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Para melhor cumprir o seu papel,em especial na captação e gestão deprojetos que dinamizem as funções deensino, pesquisa e extensão através dacapacidade técnico e cientifica da Uni-versidade Federal de Santa Catarinacom agilidade e autonomia, a FAPEUtem por objetivos:

➤ Colaboração no preparo,execução e avaliação deprogramas de ensino, pes-quisa, extensão e ativida-des culturais realizadospela UFSC;

➤ Conciliação dessas ativi-dades com as políticas dedesenvolvimento munici-pal, estadual e nacional;

➤ Criar condições de supriras deficiências das comu-nidades e atender os ob-jetivos dos programasconveniados com outrasinstituições ou mantidosdiretamente pela FAPEU;

➤ Celebração de contratos,acordos ou convênios cominstituições públicas ouprivadas e membros de

instituições estrangeiraspara apoiar, fortalecer ouampliar os serviços dasinstituições com coopera-ção técnica ou financeira;

➤ Concessão de bolsas de es-tudo, pesquisa e extensãoem níveis de graduação,pós-graduação e outras ati-vidades que atendam às fi-nalidades estatutárias;

➤ Divulgação de dados e in-formações científicas;

➤ Assessoria e consultoriatécnica em programas decapacitação e na presta-ção de serviços técnicosespecializados como:

– planejamento, organização, exe-cução e avaliação de desenvolvi-mento institucional;

– programas de qualificação, re-qualificação profissional e ensi-no supletivo com ênfase na qua-lidade e competitividade de pes-soas e organizações;

– organização, realização e avalia-ção de processos seletivos paracontratação de recursos humanospor empresas e instituições públi-cas, privadas ou associações;

– organização, planejamento e exe-cução de estudos, pesquisas, con-sultorias e serviços técnicos espe-cializados nas áreas das Engenha-rias, Computação, Estatística, Ar-quitetura, Urbanismo, Meio Am-biente, Recursos Naturais, Ciên-cias Biológicas, Ciências Sociais,Ciências Agrárias, Ciências daEducação, Ciências da Saúde, Ci-ências Jurídicas e correlatas;

– planejamento de ações na área deinformática com modernização or-ganizacional, desenvolvimento,implantação e manutenção deprojetos de informatização, supor-te a recursos computacionais eredesenho, modelagem, desenvol-vimento e implantação de siste-mas de informações;

– estudos, pesquisas e planejamen-to de geração, transmissão e dis-tribuição de energia elétrica, co-municações, transporte, saúde ebiotecnologia;

– gerenciamento de recursos paraapoio as atividades do HospitalUniversitário e

– cooperação com outras institui-ções da sociedade nas suas res-pectivas áreas de competência.

Objetivos

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INSTITUCIONALApoio fundamental à construção da qualidade ............. 3História de apoio e estímulo ....................................... 4Estrutura da FAPEU ..................................................... 5Organograma ............................................................. 5Objetivos .................................................................... 6

ENERGIAÁlcool combustível a preço competitivo ........................ 8Racionalização é economia comqualidade de vida ....................................................... 9Habitações populares equipadascom energia solar ..................................................... 10Um neutralizador mais seguro ................................... 11Como pãozinho quente ............................................. 12

SAÚDEUma referência estadual ........................................... 13HU integra projeto �Hospital Sentinela� .................... 15Diagnóstico molecular aceleratratamento da tuberculose ........................................ 16Valorizando as plantas medicinaise a fitoterapia ........................................................... 17Para entender e prevenir aobesidade em crianças .............................................. 18Tecnologia confiável parahospitais catarinenses ............................................... 19

SEGURANÇALuta contra drogas usando a Internet ......................... 20

TURISMOFestejos da cultura açoriana ...................................... 21Um novo papel para as fortificações históricas ........... 23

HISTÓRIARelatos que enriquecem aeducação e o turismo ................................................ 25Uma cidade marcada pelatransformação ambiental .......................................... 26

ECONOMIAMapeamento da energia ........................................... 27Sintonia há mais de uma década .............................. 28

ADMINISTRAÇÃOInvisível, mas imprescindível ..................................... 30Hospitais mais seguros e saudáveis ........................... 31

F A P E U

SumárioPATENTES

Propriedade intelectual ganhagerenciamento profissional ...................................... 32

PUBLICAÇÕESLivros com a marca da cultura catarinense ................. 33

AQÜICULTURARecuperando a flora para manter a fauna noOeste do estado ........................................................ 34De onde vêm os camarões ......................................... 36No mar, o futuro ....................................................... 38Raras, saborosas e caras ........................................... 42

DESENVOLVIMENTOPara avaliar uma política pública .............................. 44

MÚSICACoral leva canto ilhéu a Viena ................................... 44

ANTROPOLOGIAUm museu para pesquisadores .................................. 45

ENSINOAvanços no diagnóstico em odontologia .................... 46UFSC forma professores na Bahia .............................. 47A caminho da alfabetização em Ciências ................... 48Alfabetização em assentamentosda reforma agrária .................................................... 49Além da preocupação estética ................................... 51

ARQUITETURASoluções inteligentes para abrigar estudantes ............ 53

MEIO AMBIENTECombate ao mau cheiro em refinarias de petróleo ...... 55

RECURSOSO grande aliado da qualidade de ensino ................... 56Depois do doutorado, a pesquisa ............................... 57Os alicerces da qualidade .......................................... 57Esforço recompensado ............................................... 58

PRESTAÇÃO DE CONTASTabelas financeiras ................................................... 59Parceiros nacionais ................................................... 62Parceiros internacionais ............................................ 62Balanço patrimonial ................................................. 63Demonstrativo do resultado do exercício .................... 64

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junto com a gasolina. Isto significa que,quando esta lei entrar em vigor, só paraabastecer a Califórina os EUA teriam quefabricar um volume de álcool superior aoobtido anualmente pelo Brasil – maiorprodutor mundial de álcool.

Não é de hoje que o mercado espe-ra um combustível mais barato e me-nos poluente do que os derivados depetróleo atualmente disponíveis. En-quanto o Brasil já tem algum sucessocom o Pró-Álcool - que permite adiçãode 20% a 25% de álcool na gasolina -,em países desenvolvidos da Europa emesmo nos EUA, a esta preocupaçãose agrega uma questão ética: por queproduzir combustíveis a partir do quepoderia ser alimento?

Isto porque nos Estados Unidos, porexemplo, o álcool é produzido a partirdo grão de milho, enquanto o sabugo eo resto da planta é queimado. Na Euro-pa, a beterraba utilizada para obter oálcool também é consumida como co-mestível. Mesmo no Brasil, o produtoprocessado a partir da cana-de-açúcaresbarraria no problema da falta de apro-veitamento do bagaço. “A solução paraisso é otimizar o processo de fermenta-

ção e aproveitar toda a planta”, anteci-pa o professor de Bioquímica da UFSC,Boris Stambuk.

Atualmente, ele é o responsável peloprojeto de extensão que presta consulto-ria para o “Laboratório Nacional de Ener-gia Renovável” (NREL) do Departamen-to de Energia dos EUA. Através de suapesquisa na área de Biotecnologia dasFermentações, ele busca a fermentaçãode todas as partes das plantas acima ci-tadas para a fabricação industrial de ál-cool. Pois os tecidos vegetais, incluindodetritos como papel e lixo orgânico, apre-sentam altas concentrações de algunsaçúcares (L-arabinose e D-xilose) que nãosão fermentados pela levedura Saccha-

romyces cerevisiae, normalmente utiliza-da nestes processos. “Laboratórios euro-peus e norte-americanos já conseguiramque a Saccharomyces cerevisiae fermentea xilose”, informa Boris, “agora, quere-mos que fermente também a arabinose,o que já sabemos que é possível”. Maisdo que isso, o desafio é encontrar as con-dições ideais para implementação da tec-nologia em escala industrial, “pois aí te-remos um produto com preço competiti-vo com o do petróleo” explica o pesquisa-dor. Com isso, o álcool poderá ser utiliza-do como combustível em escala mundi-al, e o consumidor ganhará tanto no pre-ço da gasolina como na qualidade do arque respira.

E N E R G I A

Álcool combustívela preço competitivo

Uso integral dos rejeitos pode ser a soluçãopara consolidar a fonte vegetal de energia

Uma recente lei californiana estabe-leceu que os carros daquele estadonorte-americano deverão passar autilizar 15% de álcool combustível

PROJETO

Transporte de L-arabinose em leveduras

COORDENADOR

Boris Juan CarlosUgarte Stambuk (foto)

e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências Biológicas,Departamento de Bioquímica

FINANCIADOR

National Renewable EnergyLaboratory – NREL/USA

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ram outras regiões do país. Na UFSC,ela estimulou o combate ao desperdí-cio em todo o campus universitário como Programa de Racionalização do Usode Energia, oficialmente criado comoprograma institucional em julho de2000. “Por necessidade de reduzir oconsumo de energia elétrica e por de-terminação do Governo Federal para tal,esta crise acabou dando um grandeimpulso”, reconhece o professor JoãoCarlos dos Santos Fagundes, do Depar-tamento de Engenharia Elétrica daUFSC, membro da comissão coordena-dora do programa e coordenador do pro-jeto FINEP/UFSC sobre o tema.

Só as ações emergenciais desenca-deadas pelo programa em 2001, que in-cluíram a retirada de cerca de cinco millâmpadas supérfluas, uma campanha

educacional junto à comunidadeuniversitária e correções do fatorde potência, reduziram o consu-mo de energia do campus em20% e diminuíram o valor da

conta em 29%. Aparentementebaixos, se considerados os valo-

res das contas do-mésticas, estes per-centuais são muito

significativos nas pro-porções das contas de

luz da UFSC que, em 2002,apresentaram uma média

mensal de R$ 360 mil. “Masainda é possível e é preciso racionali-zar mais”, sentencia Fagundes.

Isto porque, na verdade, como obser-va o professor, “este programa é perma-nente, já que à medida que a própriauniversidade cresce, aumenta o consu-mo de energia e outras ações se fazemnecessárias, incluindo o uso de novastecnologias que permitam economia ain-

da maior”. Neste aspecto, ele enfatizaque racionalizar significa gastar menossem abrir mão da qualidade de vida quea energia elétrica proporciona. E isto in-clui refazer e melhorar as instalações declimatização e iluminação de ambientese, é claro, a substituição de equipamen-tos por outros mais eficientes.

Para tanto, o programa conta comum financiamento de R$ 1.200 mil daFinep para um projeto com dois anosde duração e que “vai dar início no pro-cesso de substittuição de equipamen-tos e de uso de fontes alternativas deenergia”, diz Fagundes. Estes recursosvão permitir, entre outros, a aquisiçãode equipamentos que farão a mediçãode consumo em tempo real em 60 pon-tos diferentes do campus. Hoje, a Ce-lesc apresenta uma medição geral, o quedificulta a localização dos muitos des-perdícios que podem ser eliminados comsubstituições de equipamentos e pro-cedimentos como pequenas alteraçõesde horário ou comportamento dos usu-ários. Por exemplo, “a Biblioteca Cen-tral pode diminuir em até 50% o consu-mo se, nos horários de pico (das 17h30às 20h30), a área iluminada for redu-zida ao espaço realmente necessário

para atender os usuários”, afirma o pro-fessor João Carlos.

A explicação para isso decorre docusto diferenciado das tarifas de ener-gia elétrica. Nas contas da UFSC, 90%do consumo de energia elétrica ocorrefora do horário de pico, mas os 10% con-sumidos entre as 17h30 e 20h30 sãoresponsáveis por 50% da conta da Ce-lesc. “Nestes horários, a tarifa é cerca dedez vezes mais cara que no decorrer dodia”, esclarece Fagundes. Para driblareste problema, uma readequação doshorários de utilização de equipamentosem laboratórios e a concentração de ilu-minação elétrica em pontos onde ela érealmente necessária já barateariam con-sideravelmente este custo.

Além de racionalizar a utilização deenergia elétrica e reduzir os gastos comtarifas, o programa pretende “criar umamassa crítica dentro da UFSC para darcontinuidade a este trabalho, que é gran-de e necessita do envolvimento de mui-tas pessoas”, assegura Fagundes. Maisdo que a economia interna da institui-ção, muitas ações do programa coorde-nado por ele podem ser aplicadas em ou-tros prédios públicos e até residências e,neste aspecto, ele observa aliviado que“há muito interesse por parte da socie-dade em geral neste assunto”.

Racionalização é economiacom qualidade de vidaMudanças de hábitos e horários ajudam a reduzir as contas de luz da UFSC em 29%

Acrise de energia elétrica que sur-preendeu os brasileiros em 2001despertou mais do que o medodos racionamentos que perturba-

PROJETO

Programa de racionalizaçãodo uso de energia II

COORDENADOR

João Carlos dosSantos Fagundese-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico,Departamento de Engenharia Elétrica

FINANCIADOR

FINEP/CT-INFRA 02

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ras, terão em suas casas um confortomuitas vezes desfrutado apenas pelaclasse média: equipamentos de aqueci-mento solar para substituir a energiaelétrica dos chuveiros.

Coordenado pelo professor e pes-quisador Sérgio Colle, do Departamen-to de Engenharia Mecânica da UFSC,e financiado pela Centrais Elétricas deSanta Catarina (CELESC), este projetoprevê o desenvolvimento de uma fer-

lidade de vida de populações caren-tes. Convém aguardar os resultadosfinais deste projeto, para avaliar seuimpacto e amplitude nos aspectos so-cial, científico e econômico.

A substituição dos chuveiroselétricos gera economia parao usuário e para a sociedade

A té o segundo semestre de 2003,as primeiras 60 famílias de baixarenda residentes no CondomínioSolar Buona Vita, em Canasviei-

ramenta digital que determinará oimpacto de utilização da energia so-lar no aquecimento doméstico em ha-bitações populares.

Além do ganho social inicial ao aten-der populações carentes com um con-forto de alta tecnologia, esta pesquisadirigida por Colle terá enorme repercus-são econômica. Para ilustrar a situação,nada melhor que o exemplo prático eobjetivo do próprio pesquisador: “Cadachuveiro elétrico instalado deman-da cerca de US$ 900 de investimentoem geração, transmissão e distribuiçãode energia elétrica. Assim, um investi-mento de US$ 250 num sistema solarpode assegurar um ganho de US$ 500ao sistema elétrico nacional e, é claro,ao consumidor”.

Para tanto, essas 60 unidades deaquecimento solar fabricadas em San-ta Catarina estão em operação, e a ser-viço de quatro a cinco pessoas por re-sidência, desde julho deste ano nocondomínio popular Solar Buona Vita,ocupado por consumidores sob con-trato de leasing com a Caixa Econô-mica Federal. Já na fase de implanta-ção, prevista para encerrar em dezem-bro de 2003, a sociedade poderáantever o retorno da pesquisa na qua-

Habitaçõespopularesequipadas comenergia solar

Habitaçõespopularesequipadas comenergia solar

PROJETO

Desenvolvimento de ferramenta digitalpara racionalização do uso de energiade chuveiros elétricos de consumidoresde baixa renda por agregação deenergia termosolar

COORDENADOR

Sérgio Collee-mail: [email protected]

UNIDADE

CTC, Dep. de Engenharia Mecânica

FINANCIADOR

Centrais Elétricas de Santa Catarina – CELESC

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cidos os transtornos da falta de energiaelétrica. Para uma indústria de qualquersetor, este problema pode ser uma ca-tástrofe. Basta lembrar os prejuízos edesconfortos causados pelos “apagões”de abril de 97, de março de 99 e, maisrecentemente, janeiro de 2002.

Pelo menos neste último caso, ficouclaro que a causa primeira do apagãofoi a ruptura de um cabo entre a usinade Ilha Solteira e Araraquara. Agora,imagine-se que estes cabos caídos se-jam de proteção contra raios (aquelesque correm em cima das linhas de for-ça) e transportem informações por fi-bra óptica... Os efeitos maléficos sãoinfinitamente ampliados!

Por incrível que pareça, isto pode ocor-rer devido à ação do vento, mesmo debaixa intensidade, graças a um fenôme-no de instabilidade aerodinâmica que in-duz as chamadas vibrações eólicas. Es-tas, por sua vez, produzem esforços al-ternados nos cabos, que aumentam con-tinuamente até seu brusco rompimento.É o que se chama de rompimento por fa-diga induzido por vibrações eólicas.

Há 15 anos uma equipe coordena-da pelo professor titular da UFSC, JoséEspíndola, lotado no Departamento deEngenharia Mecânica, pesquisa sobreVibrações Estruturais e Controle de Vi-brações e Ruído Acústico. Entre os as-suntos relacionados a estas pesquisas,um granjeia atualmente reputação in-ternacional: o estudo da dinâmica demateriais viscoelásticos, onde se des-tacam os Neutralizadores DinâmicosViscoelásticos e, entre esses, um espe-cialmente concebido para linhas detransmissão de energia elétrica. A idéiaé que este neutralizador substitua ovelho Neutralizador de Stockbridge que,por ter amortecimento próprio muitobaixo, controla as vibrações eólicas ape-nas numa faixa muito estreita de velo-cidade. Já o Neutralizador Viscoelásti-

co, generosamente amortecido graçasao material viscoelástico incorporado,tem controle sobre uma ampla faixa develocidades do vento.

Objeto de um financiamento do Fun-do Setorial de Energia Elétrica (CT –ENERG), sob o título DesenvolvimentoFinal de Neutralizadores Dinâmicos Vis-coelásticos para Cabos de Linhas Aére-as, o conjunto de ensaios levará ao de-senvolvimento completo do neutraliza-dor. Os resultados desta pesquisa, 50%financiada pelo Fundo de Energia, repas-sados pela Finep, e 50% pela empresacatarinense Wetzel, de Joinville, devemestar disponíveis em menos de dois anose, ao que tudo indica, com preço absolu-tamente competitivo no mercado.

Ao desenvolver o neutralizador queincorpora material viscoelástico, a equi-pe do professor Espíndola amplia enor-memente a margem de confiabilidadese comparada à oferecida pelo conheci-do Stockbridge, eficiente para o contro-le de vibrações numa faixa muito limi-tada. “Como na natureza a velocidadedo vento abrange uma faixa muito am-pla, as exigências de confiabilidade paralinhas de transmissão e cabos pára-rai-os não são cumpridas pelo “stockbrid-ge”, explica o pesquisador.

Atualmente, o neutralizador commaterial viscoelástico - cuja pesquisainiciou voltada para o setor aeronáuti-co, para redução de vibrações e ruídos

em estruturas e máquinas - está em usonuma linha experimental em Itaipu.Pelos primeiros resultados de campo,“trata-se de um produto infinitamentesuperior ao stockbridge pela confiabili-dade”, comemora o professor Espíndo-la. Agora, a pesquisa ainda vai testar ocomportamento do material em váriastemperaturas, sua exposição a radia-ções violeta e outros ensaios comple-mentares. Como trata-se de “um proje-to pé-no-chão”, como diz o professor,boa parte desses testes é desenvolvidaem parceria com empresas, “pois suaaplicação atende diversas áreas”, con-clui o pesquisador.

Um neutralizador mais seguroMaterial viscoelástico vai impedir as rupturas de cabos elétricos pela ação do vento

N ão é fácil abrir mão dos benefíciosda tecnologia que, aparentemen-te, sempre estiveram disponíveis.No âmbito doméstico, são conhe-

E N E R G I A

PROJETO

Desenvolvimento final de neutralizaçãopara cabos de linhas aéreas

COORDENADOR

José João Espíndola (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico,Departamento de

Engenharia Mecânica

FINANCIADOR

FINEP/CT-ENERG

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tite dos transeuntes do campus. Nestedia, a equipe da professora do Departa-mento de Engenharia Mecânica, MarciaMantelli, do Laboratório de Energia So-lar do Núcleo de Controle Térmico deSatélites, apresentou oficialmente aomercado o Kit de Conversão Elétrico-gáspara Fornos de Cocção de Pães. Tradu-zindo, trata-se de um equipamento quevai melhorar a qualidade do pão e bara-tear o seu custo final ao consumidor.

derá da quantidade de pães assados edo número de fornadas consecutivas, oque significa entre nove e 18 meses parauma panificadora de médio porte”.

Para este resultado, a equipe de 12pessoas que envolve técnicos, doutoran-dos, mestrandos e professores da UFSCutilizou uma tecnologia de tubos de ca-lor desenvolvida especialmente para ocontrole térmico dos satélites. “Estamostrazendo tecnologia de uso espacialpara utilização industrial e doméstica,para o dia-a-dia da sociedade”, resumea coordenadora do projeto, lembrandoque esta não é primeira vez que istoacontece: “O teflon também foi desen-volvido como revestimento de veículosespaciais, e hoje está presente na cozi-nha de quase todas as residências”.

Agora, passado o evento de lança-mento oficial do kit que foi patrocina-do pela Petrobrás, a equipe da profes-sora Mantelli inicia o contato mais efe-tivo com fabricantes de fornos de pa-daria interessados em economia e qua-lidade. Destas conversas deverão sairnovas parcerias com a iniciativa pri-vada para o aprimoramento do produ-to que, ao que tudo indica, terá o mes-mo sucesso dos pãezinhos quentes nomercado.

Isto porque o kit desenvolvido compatrocínio da Petrobrás distribui maisuniformemente o calor e permite queo pão apresente a mesma qualidade emtodas as bandejas. Só neste aspecto,observa a professora Mantelli, “o kitvai eliminar as perdas de mais de 10%hoje verificadas nos fornos elétricosconvencionais”.

Mas as vantagens do kit não se re-sumem à economia de energia e quali-dade do pão. Do ponto de vista comer-cial, ele é adaptável a qualquer fornosem a necessidade de redução da áreaútil de cocção, tem um reaquecimentomais rápido quando o forno é abertopara a manipulação dos assados e apre-senta um rápido retorno de investimen-to. Considerando o aspecto da saúde,com o kit os produtos são assados ape-nas com o ar aquecido, sem contato comgases residuais da combustão.

Especialmente para o setor de pani-ficação, o kit desenvolvido pelo Labso-lar pode significar um investimento bai-xo com um considerável e rápido retor-no. Isto porque “com 100% de aprovei-tamento da produção, não há perdas nosinsumos como farinha, mão-de-obra,energia, etc”, detalha Marcia Mantelli,assim, “o retorno do investimento depen-

O cheirinho de pão recém saído doforno que tomou conta do hall daReitoria da UFSC em 19 de maiode 2003 abriu algo mais que o ape-

E N E R G I A

PROJETO

Desenvolvimento de um kit para fornoselétricos de cocção utilizandotermossifões com gás natural

COORDENADOR

Márcia Barbosa H. Mantellie-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico,Departamento de Engenharia Mecânica

FINANCIADOR

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S/A

Como pãozinho quenteComo pãozinho quenteKit de conversão para fornos depadarias elimina perdas emelhora a qualidade do produto

Kit de conversão para fornos depadarias elimina perdas emelhora a qualidade do produto

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Revista da FAPEU 2003 ñ 13

Doença de Chagas e Leishmaniose daUFSC atesta extra-oficialmente a quali-dade de exames realizados por órgãosgovernamentais como o Hemosc. “Estetrabalho era feito a título de colabora-ção e apoio”, explica o coorde-nador do projeto, professor Ed-mundo Carlos Grisard, do De-partamento de Microbiologia eParasitologia da UFSC. Hoje, adiferença é que o laboratório dereferência “é um órgão que fun-ciona especificamente para es-tes diagnósticos para a Secre-taria de Estado de Saúde”, ob-serva Grisard.

Pode parecer exagero um la-boratório especializado no di-agnóstico de apenas duas do-enças que muitos julgam tãodistantes da realidade urbana.Entretanto, os 20 milhões deportadores da doença de Cha-gas só nas Américas são argu-mento suficiente para derrubarqualquer dúvida.

Esta doença transmitidapelo barbeiro também pode sercontraída através de doação desangue, e o diagnóstico é difi-cultado pelo fato de a maioriados casos não apresentaremsintomas. Apesar disso, semtratamento adequado, a doen-ça de Chagas pode levar à mor-te pelo aumento do volume deórgãos como o coração, o esô-fago ou o intestino grosso.

Evitar o desfecho letal só épossível com um tratamentoque passa, inevitavelmente,pela precisão do diagnóstico -e aí entra a competência do La-boratório de Referência. Aidentificação do mal de Cha-gas pode ser feita através de

Laboratório de Protozoologia se dedica à Doença de Chagas e à Leishmaniose

Uma referência estadual

R econhecido como laboratório dereferência pela Secretaria de Esta-do da Saúde em 2001, desde 1982o Laboratório para Diagnóstico de

No caso da Leishmaniose, cuja inci-dência aumenta em Santa Catarina, oproblema de detecção da doença é maisgrave porque os laboratórios convenci-onais não estão preparados para o diag-nóstico. A situação fica ainda mais com-plicada se considerarmos que “existeapenas uma forma de tratamento e,muitas vezes, os pacientes levam meses

S A Ú D E

exames parasitológicos e imunológicos(pelo sangue) ou por exames molecu-lares, que utilizam a mais moderna tec-nologia para encontrar o DNA do pa-rasita tanto na pele como no sangue.Uma vez confirmado o diagnóstico, opaciente é encaminhado a um médicojá com a forma de tratamento forneci-da pelo laboratório.

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PROJETO

Laboratório de Referência para odiagnóstico de Leishmanioses e

doença de Chagas em Santa Catarina

COORDENADOR

Edmundo Carlos Grisard (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências Biológicas,Dep. de Microbiologia e Parasitologia

FINANCIADOR

Funcitec – Fundação de Ciência eTecnologia de Santa Catarina

S A Ú D E

para chegar até nós”, afirma Grisard.Transmitida pelo mosquito-palha

ou mosquito-fogo, assim chamado pelador da picada, a Leishmaniose se ma-nifesta com úlceras de pele que inici-am como uma espinha e vão aumen-tando lenta e progressivamente poden-do atingir até 8 cm de diâmetro. O tra-tamento dura cerca de dois meses emeio com injeções semanais nas pró-prias lesões. No caso desta doença, avertente educacional, que inclui in-

formação de pessoal da saúde e daspróprias comunidades, é fundamental.Por isso, não por acaso o Laboratóriode Referência participa dessas ativida-des através de treinamentos.

Especialmente para a Leishmanio-se o diagnóstico por exames molecu-lares, além de inequívoco, pode forne-cer uma série de dados que permitemo estudo epidemiológico da doença,como seu local de procedência e mes-

mo qual o tipo de parasita, que deter-minará o tratamento certo. Estes exa-mes e diagnósticos, destaca o profes-sor Grisard, são absolutamente gratui-tos para os pacientes. Atualmente asatividades do Laboratório de Referên-cia são coordenadas pelos professoresGrisard e Mário Steindel, que contamcom a colaboração de diversos alunosde graduação e pós-graduação numaequipe de cerca de 20 pessoas.

Revista da FAPEU 2003 ñ 15

com 49 instituições similares da redepública e outras 50 da rede privadade todo o país. Deflagrado pela Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), o objetivo é mudar a abor-dagem das vigilâncias estaduais parauma atuação de colaboração junto àsinstituições e melhorar o atendimen-to de saúde.

Mas trata-se também de uma mu-dança de cultura de todos os envolvi-dos no dia-a-dia laboral do HU, quepassam a ter uma responsabilidademaior no que diz respeito à qualidadedos equipamentos, medicamentos e dosangue utilizados por eles no trata-mento de pacientes. Antes deste proje-to, explica a administradora do HUMaria Aparecida Schram, a vigilânciasanitária estadual chegava à institui-ção “apontando falhas, numa posturade cobrança e ameaça de fechamentocaso as soluções não aparecessemlogo”. Agora, a abordagem já é outra,“de verificar quais são as dificuldades,o que pode ser melhorado e trabalharjunto com o hospital”, diz ela.

Inicialmente, o trabalho é de sensi-bilização através de encontros comchefes médicos, de enfermagem e ou-tros técnicos. “Temos que envolver

HU integra projeto“Hospital Sentinela”

todo mundo”, resume a administrado-ra do HU, também gerente de risco des-te projeto firmado com um termo decompromisso entre o Hospital e a An-visa através da FAPEU. Feitas as pri-meiras reuniões de sensibilização, foilevantado um diagnóstico do hospitala partir do tripé que envolve a tecno-vigilância (equipamentos e material),farmaco-vigilância (dos medicamen-tos) e hemovigilância (controle da qua-lidade do sangue).

Nos dois primeiros itens, o HU daUFSC já viu os primeiros resultados prá-ticos que, em última análise, melhorao atendimento aos pacientes e reduzcustos para a própria instituição. “Hoje,na farmaco-vigilância organizamos co-missões que acompanham o uso de me-

Nova abordagempara a vigilânciasanitária reduzcustos e melhoraserviços

Há dois anos, o Hospital Univer-sitário da Universidade Federalde Santa Catarina integra o pro-jeto Hospital Sentinela, junto

PROJETO

Projeto-pilotoHospitais Sentinela

COORDENADOR

Fernando Osni Machadoe-mail: [email protected]

UNIDADE

Reitoria,Hospital Universitário

FINANCIADOR

Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento

S A Ú D E

dicamentos e reações adversas”, exem-plifica a gerente de risco, “onde houverproblema de processos internos, nós va-mos melhorar e, o que for externo, cabeà Anvisa tomar as medidas em nível na-cional”. Foi a partir deste expediente quejá foram retirados do mercado seringas,agulhas, kits de laboratório e outrosmateriais, por apresentarem falhas ouproblemas de qualidade.

Da mesma forma, a tecno-vigilân-cia desencadeou diversas alterações,onde havia falhas, nos processos decontratação de serviços de empresasterceirizadas. A próxima etapa do pro-jeto Hospital Sentinela do HU será acriação da comissão de hemovigilân-cia. “Este projeto, além de melhorar oatendimento, confere mais qualidadee dá segurança ao paciente”, diz Ma-ria Aparecida que, como gerente derisco do Hospital Sentinela no HU, sevê satisfeita pelo atendimento da ins-tituição aos requisitos da Anvisa.

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Deste total, 3 milhões acabam emmorte, e 95% dos casos letais ocorremem países em desenvolvimento. Co-muníssima entre as doenças oportu-nistas em portadores de HIV, câncer eoutros quadros de imunosupressão,grande parte dos casos de tuberculo-se estão nos países pobres da Ásia eÁfrica, mas o Brasil tampouco se en-contra numa posição confortável.

Transmitida pela inalação do ba-cilo liberado pela tosse ou espirro, umdos maiores problemas da tuberculo-se é a lentidão do diagnóstico, já queuma cultura do bacilo leva de 7 a 42dias para ficar pronta. “Neste prazo,a pessoa doente pode estar transmi-tindo a doença sem saber, e isto au-menta consideravelmente o númerode infectados”, observa a farmacêuti-ca e bioquímica Maria Luiza Bazzo,

Transmitida pela inalaçãodo bacilo, hoje um dosmaiores problemas dadoença é a lentidão dodiagnóstico, que pode levaraté 42 dias

que pesquisa o Diagnóstico Laborato-rial de Tuberculose.

Este trabalho multi-institucionalenvolvendo o Laboratório Central deSaúde Pública – que fornece o escarropara os exames – e as UniversidadesFederais de Santa Catarina e Minas Ge-rais, também é parte do projeto de Dou-torado da bioquímica, que busca preci-samente fazer o diagnóstico moleculardetectando o DNA da micro-bactéria datuberculose no escarro. “Além de detc-tar o DNA, este exame vai identificar osubtipo da bactéria e a presença de re-sistência a antibióticos, o que atualmen-te levaria até 60 dias. Nosso objetivo éabreviar este espaço de tempo para qua-tro dias”, diz a pesquisadora.

Uma vez implantado, este métodomolecular de diagnóstico vai interferirdiretamente na cadeia de transmissãoda tuberculose, além, é claro, de abre-viar o tempo da doença, uma vez que otratamento adequado é iniciado num es-paço mais curto de tempo, conseqüen-

temente, diminui também o número deóbitos. Antes disso, Bazzo e seus cole-gas pesquisadores têm até novembro de2003 para desenvolver o método certoe mostrar como funciona mas, pela im-portância deste trabalho, certamente aimplementação na rede de saúde públi-ca não estará muito longe do dia da con-clusão da pesquisa.

S egundo a Organização Mundialda Saúde (OMS), existem hoje 8milhões de novos casos de tu-berculose por ano no mundo.

PROJETO

Diagnóstico rápido e avaliação deresistência para tuberculose emindivíduos infectados pelo vírus daImuno-deficiência Humana

COORDENADOR

Maria Luiza Bazzo (foto acima)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Análise Clinicas

FINANCIADOR

Ministério da Saúde/UNESCO

Diagnóstico molecularacelera tratamentoda tuberculose

Diagnóstico molecularacelera tratamentoda tuberculose

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em todas as pesquisas desenvolvidaspelo Departamento de Farmacologia daUFSC, coordenado pelo professor JoãoBatista Calixto. Em parceria com o De-partamento de Química e outras insti-tuições fora da universidade, entre elasmuitos laboratórios privados, esta linhade pesquisa começou há 25 anos e con-solidou o trabalho do grupo com reco-nhecimento nacional e internacional.

Para os crédulos incondicionais dospoderes curativos das plantas, as pes-quisas capitaneadas por Calixto podemparecer heresia, mas o ceticismo pro-fissional do professor tem como par-ceira a curiosidade não menos cientí-fica de quem procura, em plantas deuso popular, a confirmação ou não desua eficácia farmacológica. Apuradasas propriedades medicinais, os pesqui-sadores da Farmacologia em associa-ção com pesquisadores do Departa-mento de Química da UFSC, vão extra-ir das plantas seus componentes ati-vos para a elaboração de medicamen-tos pela indústria farmacêutica.

Mais do que contribuir para o uso dabiodiversidade brasileira ao comprovar

Valorizando as plantasmedicinais e a fitoterapiaVinte e cinco anos de pesquisa reconhecidos nacional e internacionalmente

Neste aspecto, participam da equipedo professor Calixto alunos de iniciaçãocientífica, mestrado, doutorado e pós-dou-torado e, não por acaso, os cursos de pós-graduação em Química e Farmacologiatêm, respectivamente, conceitos 7 e 6 naCapes. Nas atividades ali desenvolvidas,estes pesquisadores direcionam o traba-lho para três informações básicas: mos-trar se as plantas estudadas são realmenteeficazes ou placebos; se são tóxicas e sehá possibilidades de uso para produçãode medicamentos de qualidade.

É nesta última informação que está,talvez, o desdobramento maior das pes-quisas pois, como observa o professorCalixto “além de comprovar a eficáciada planta e permitir a busca de novastecnologias para produção de medica-mentos, isto vai respaldar o médico quepassará também a prescrever fitoterá-picos aos seus pacientes, por ter certe-za de sua eficácia e qualidade”.

Mais do que generosa, na biodiversi-dade brasileira se encontram plantascom inúmeras propriedades medicinaise, por isso, explica o professor “existemplantas que estudamos há 20 anos esempre descobrimos novos usos farma-cológicos”. Entre elas está o quebra-pe-dra, com cerca de 10 espécies com usomedicinal comprovado como medica-mento eficaz no tratamento de distúrbi-os urinários, cálculo renal e tratamentode hepatite B, entre outras moléstias.

Não por acaso, as parcerias com aindústria farmacêutica também já de-ram bons frutos. O Laboratório Catari-nense, com sede em Joinville, porexemplo, encontrou nas pesquisas daUFSC a comprovação que precisavapara seu tônico Catuama, produzido àbase de casca de catuaba, semente deguaraná, raiz de muirapuama e rizo-ma de gengibre. Mas as parcerias seestendem também a laboratórios comoAché, Eurofarma, Biosintético ou ain-da a Natura Cosméticos.

S A Ú D E

PROJETO

Estudo de moléculas compotencial terapêutico a partir

de produtos naturais

COORDENADOR

João Batista Calixto (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências Biológicas,Departamento de Farmacologia

(coordenadoria especial)

FINANCIADOR

CNPQ - PRONEX

Oque há de mito e de verdade nosefeitos de medicamentos fitoterá-picos? Esta pergunta tão instigan-te quanto polêmica está presente

cientificamente e descobrir novos usospara as plantas medicinais, os resulta-dos deste trabalho se contabilizam tam-bém nas cerca de dez patentes no Brasile no exterior, de produtos obtidos atra-vés das pesquisas. Outro termômetro deprodução do grupo de pesquisa da UFSCsão os mais de 100 trabalhos da equipejá publicados em periódicos nacionais einternacionais, além, é claro, da forma-ção de recursos humanos para o setor.

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ladas nas escolas da Gran-de Florianópolis apresen-tam sobrepeso e obesidade,contra apenas 17% do ín-dice nacional. Já a preva-lência de baixo peso, queinclui subnutrição, foi ve-rificada em 2% dos alunosdesta faixa etária, contraos 6,2% em âmbito nacio-nal. Estes são os primeirosresultados parciais do pro-jeto intitulado Estudo dePrevalência de Sobrepeso eObesidade em Escolares de 7 a 10 Anosdo Município de Florianópolis, coorde-nado pela professora e nutricionistaMaria Alice Altemburg de Assis, daUFSC, com apoio das secretarias esta-dual e municipal de Educação e Saúdee apoio financeiro da Funcitec.

Considerada pela OrganizaçãoMundial da Saúde (OMS) o principalproblema de saúde pública no mundo,a obesidade no Brasil, em muitos ca-sos, veio ocupar o lugar da desnutri-ção. “Esta mudança drástica no esta-do nutricional brasileiro por si só já

No caso da Grande Flori-anópolis, a pesquisa da nu-tricionista abrangeu 4.200escolares - de um total de28.300 matriculados - de 7a 10 anos de 15 escolas dasredes pública e privada divi-didas em seis regiões admi-nistrativas. Uma equipe decinco professores de educa-ção física foi especialmentetreinada para as visitas decoleta de medidas de peso,altura e dobras cutâneas nasescolas. Acompanhados porestudantes bolsistas, estesprofessores também distri-buíram questionários que fo-

ram respondidos pelos pais. Para as cri-anças pesquisadas, um questionário emformato de joguinhos recreativos, cujasrespostas ainda não foram analisadas,vai revelar os hábitos alimentares, deexercícios físicos, lazer e outros hábitosque possam interferir no peso.

Após o cruzamento e análise dosdados coletados, Maria Alice terá umperfil mais detalhado da prevalênciade sobrepeso e obesidade na faixa etá-ria pesquisada por escola e por regiãoda Grande Florianópolis. Além disso,o trabalho vai revelar os hábitos ali-mentares qualitativos e hábitos de ati-vidades físicas e terá como verificarse o peso dos pais está relacionadocom o das crianças. “Sabemos quehábitos sedentários, muita TV, com-putador, vídeo-game estão ligados àobesidade”, diz a professora. Mas,para ela, o mais instigante será, apartir desses dados, desenvolver pro-gramas de orientação nutricional e pa-lestras nas escolas, e para pais de alu-nos e, principalmente, propor, em ní-vel acadêmico, projetos de extensão eresultados que podem nortear políti-cas públicas nas áreas de saúde e edu-cação para deter o problema.

Para entender e prevenira obesidade em criançasProblema na Grande Florianópolis está acima da média nacional

PROJETO

Sobrepeso e obesidade e sua relaçãocom o estilo de vida em escolares de

7 a 10 anos em Florianópolis, SC

COORDENADORA

Maria Alice Altemburg de Assis (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Nutrição

FINANCIADOR

Funcitec – Fundação de Ciência eTecnologia de Santa Catarina

exigiria inúmeras pesquisas”, observaMaria Alice, mas havia ainda “um vá-cuo de informações precisamente so-bre a população de 7 a 10 anos, idadeem que, estudos indicam, a obesidadepode ser um fator preditivo para a ida-de adulta”. Intimamente ligada a do-enças como diabetes, hipertensão eproblemas cardiovasculares entre ou-tros, a obesidade está relacionada aoequilíbrio entre alimentação e ativida-des físicas. Agora, a questão é identi-ficar os motivos para desenvolver po-líticas de saúde pública.

V inte e dois por centodas crianças entre 7 e10 anos de idade re-gularmente matricu-

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nharia Biomédica (IEB) da UFSC de-verá estar credenciado pelo Institutode Metrologia. “Embora os ensaioshoje já sejam feitos dentro de parâ-metros internacionais, o reconheci-

mento da metrologia nacional, que de-pende do Inmetro, vai valorizar a qua-lidade em tecnologia na área da saú-de”, observa o professor Renato Gar-cia Ojeda, do Departamento de Enge-nharia Elétrica e pesquisador do Ins-tituto de Engenharia Biomédica.

Temporariamente instalado no ter-ceiro andar do Hospital Universitário da

Avaliação técnica deequipamentos hospitalaresleva laboratório da UFSC aser credenciado pelo Inmetro

UFSC, o laboratório desenvolve pesqui-sas com equipamentos eletromédicosdesde 1987 e passou a realizar ensaiosespecificamente para os hospitais cata-rinenses a partir de 1998. Hoje, atra-vés de um convênio com a Secretariade Estadual da Saúde, além de oito hos-pitais da Grande Florianópolis, o labo-ratório é responsável pela avaliação téc-

nica dos equipamentos de mais doishospitais de Joinville.

S A Ú D E

PROJETO

Credenciamento dos serviços de ensaiode desempenho e segurança deequipamentos eletromédicos doLaboratório de Avaliação Técnica

COORDENADOR

Renato Garcia Ojeda (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico,Departamento de Engenharia Elétrica

FINANCIADOR

FINEP/FUNDO VERDE-AMARELO

Até o final de 2004, o Laborató-rio para Ensaios de AvaliaçãoTécnica de Equipamentos Eletro-médicos do Instituto de Enge-

Tecnologia confiávelpara hospitaiscatarinenses

Tecnologia confiávelpara hospitaiscatarinenses

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Esta avaliação consiste em ensai-os, ou testes de segurança e funcio-nalidade, em equipamentos médico-hospitalares que são realizados peri-odicamente nos estabelecimentos desaúde. "Nosso objetivo é melhorar aqualidade e confiabilidade dos equi-pamentos utilizados nas instituições",resume Ojeda, antecipando que, "alémde reduzir custos, isto melhora a qua-lidade do atendimento dos serviços desaúde à população".

Como hoje o laboratório já contacom competência técnica para estesserviços, o credenciamento pelo Inme-tro está dependendo da implementa-ção de procedimentos burocráticosque atendam às exigências do órgãono que diz repeito a sua estrutura téc-nica e organizacional. “Temos que de-finir programas de qualidade, manu-ais de procedimentos e outros docu-mentos que absorvem tempo”, enume-ra o pesquisador.

Uma vez credenciado pelo Inmetro,o laboratório também fará perícia téc-nica para identificar falhas nos equi-pamentos que possam causar danosou reações adversas aos pacientes.“Sem uma tecnologia confiável podehaver desvios de procedimentos e atéde resultados nos tratamentos de saú-de”, alerta o professor Ojeda, lembran-do que no Brasil e na América Latina“não existe a cultura de uma cobran-ça mais efetiva de qualidade nessetipo de serviços”.

Satisfeito com o desempenho doLaboratório para Ensaios de Avalia-ção Técnica de Equipamentos Eletro-médicos do Instituto de EngenhariaBiomédica da UFSC, o professor e pes-quisador espera que a construção danova sede do órgão inicie ainda esteano para que, até o final de 2004, jáconsiga operar nas novas e definiti-vas instalações que ocuparão cerca de200 metros quadrados nas proximi-dades do HU. Hoje, o laboratório con-ta com uma equipe de dez engenhei-ros e outros 15 técnicos responsáveispelos controles de qualidade.

projeto desenvolvido através da FAPEUpelo Laboratório de Ensino a Distânciado Departamento de Engenharia de Pro-dução e Sistemas da UFSC, em conjuntocom o Instituto Jurídico de Inteligência eSistemas. Este trabalho partiu de uma so-licitação da Secretaria Nacional Anti-Dro-gas, ligada ao Gabinete de Segurança Ins-titucional da Presidência da República.“Na política nacional anti-drogas, nossofoco é a prevenção através de informa-ções sobre o tema”, afirma o secretárioexecutivo do portal, Marcelo Stopanovski.

Sob a coordenação geral do professore diretor do Laboratório de Ensino a Dis-tância Ricardo Miranda Barcia, do Depar-tamento de Engenharia de Produção eSistemas da UFSC, o projeto do portal doOBID “está ampliando a capilaridade darede de informações relacionadas à pre-venção ao uso abusivo de drogas atravésda municipalização”, explica Paulo Luna,coordenador executivo do trabalho. Paratanto, o portal nacional, com acesso dis-ponível desde junho de 2002, estará vin-culado a outros 27 portais estaduais que,por sua vez, estarão ligados a outros5.622 portais municipais.

Luta contra drogasusando a Internet

Um dos grandes diferenciais deste tra-balho está precisamente “na tecnologiautilizada que disponibiliza, por exemplo,todas as ferramentas necessárias paraelaboração de um portal municipal, in-clusive com possibilidade de chat, a qual-quer cidadão em qualquer ponto do país”,detalha Stopanovski. Com esta facilida-de, em breve boa parte dos municípiosbrasileiros terão o seu próprio portal queestará abastecido de todo tipo de infor-mações importantes sobre o tema pelos27 Conselhos Estaduais de Entorpecen-tes. Atualmente, 15 estados brasileirostêm portais do OBID, e o processo de mu-nicipalização também já iniciou.

Para levar informações de qualidadee com linguagem acessível a um grandeespectro de público, o portal contou como trabalho de 40 profissionais de diver-sas áreas. Esta diversificação permitiu queali estejam disponíveis notícias jornalís-ticas, biblioteca, fórum de discussões,chats, enquetes, vídeos, busca e multibusca (para todos os sites cadastrados quefornecem informações para o portal) eainda uma área de conteúdo que incluilinks com material para o público infan-to-juvenil a partir de histórias em qua-drinhos de Maurício de Souza.

Financiado pelo Ministério da Saúdee executado através da FAPEU, o portaldesenvolvido pela UFSC já recebeu umtroféu de agradecimento da SecretariaNacional Antidrogas, entregue pelo mi-nistro chefe do Gabinete de SegurançaInstitucional, Alberto Mendes Cardoso,ao reitor Rodolfo Pinto da Luz durante oEncontro de Presidentes de Conselhos Es-taduais Antidrogas/Entorpecentes emBrasília. Também em dezembro de 2002o Portal OBID recebeu Menção Honrosano I Prêmio de Excelência em GovernoEletrônico (www.premio-e.gov.br/) e foi,em 2003, um dos projetos selecionadospara o IV Prêmio Excelência em Infor-mática Aplicada aos Serviços Públicos,na categoria Excelência em Cidadania.

S E G U R A N Ç A

Com uma média de seis mil acessosdiários, o Portal do ObservatórioBrasileiro de Informações sobreDrogas (OBID) é resultado de um

Projeto municipaliza e democratiza a informação

PROJETO

Pesquisa e desenvolvimento de instrumentos informatizados

de informação e cooperação em iniciativas antidrogas

COORDENADOR

Ricardo Miranda Barciae-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico, Departamento deEngenharia de Produção e Sistemas

FINANCIADOR

Ministério da Saúde

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envolvidos no ProjetoAçor – Festa da CulturaAçoriana de Santa Cata-rina, este ano na sua dé-cima edição. Com danças,folguedos, rendas de bil-ro, crivo, cantoria, boi demamão e muita comidagostosa, a idéia é resga-tar a antiga cultura aço-riana através das festivi-dades populares. “Apro-veitamos as datas come-morativas de cada muni-cípio e incentivamos a re-alização de festas folcló-ricas para resgatar estacultura”, resume o coor-denador do Núcleo de Es-tudos Açorianos – Proje-to Açor, criado em 1986,Joy Cletison Alves.

Com um representan-te em cada município queparticipa do projeto, estenúcleo promove reuniõesmensais para discutir eacompanhar as metas deresgate das manifestaçõesculturais açorianas. “Pro-movemos cursos voltadospara os professores de pri-meiro e segundo graus eprestamos assessoria so-bre o assunto para gruposfolclóricos, incluindo gas-tronomia e artesanato,além das manifestaçõesreligiosas como a Festa doDivino Espírito Santo”, dizCletison. Segundo ele, em1992 foram traçadas asmetas de ampliar as pes-quisas acadêmicas sobre otema para as comunida-des, mas o carro chefe des-te projeto acabou sendo

Festejos da cultura açorianaProjeto Açor valoriza o folclore e a cultura, incentivando as manifestações populares

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D e Itapoá a Passosde Torres, 40 mu-nicípios do litoralcatarinense estão

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mesmo as festas, em especial a Festa daCultura Açoriana.

Sempre numa das 40 cidades-sededos municípios litorâneos envolvidos noprojeto, durante três dias consecutivossão reunidos todos os grupos que reali-zam atividades relacionadas à culturaaçoriana, desde dança e brincadeirascomo o boi-de-mamão, cantorias e tam-bém pessoas que pesquisam sobre otema. Ou seja, a festa é bem mais abran-gente do que as usuais pois, junto comtudo isso, acontecem palestras eapresentação de vídeos, sempre, éclaro, com as boas opções de umacomida típica e a exposição e vendade artesanato. Organizadas com oapoio da Petrobrás nos últimos cin-co anos, uma das característicasdestas festas é não visar lucro e tam-pouco onerar o município que a se-dia, assim, todas as atrações foragastronomia e a venda de artesana-to, são gratuitas.

“Nossa proposta inicial era va-lorizar essas atividades e fazer umcorredor turístico-cultural no litoral,a exemplo das festas de outubro nasregiões colonizadas por alemães emSanta Catarina”, explica o coorde-nador do projeto.Como resultado,além de promover a troca de infor-mações entre artesãos, cozinheirose outros, o núcleo foi o responsávelpela criação de mais de dez gruposfolclóricos e pela edição de um livrosobre a arquitetura açoriana. Paraas festas, o núcleo conta agora comum autêntico engenho de farinhapuxado a boi que, para estar pre-

PROJETO

Núcleo deEstudos Açorianos

COORDENADOR

Joi Cletison Alves

e-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão,Departamento de Apoio à Extensão

FINANCIADOR

Diversos

sente em todas as cidades envolvidas de-monstrando o processo do beiju e cuz-cuz, foi adaptado para transporte.

Entre as diversas heranças deixadaspelos antigos açorianos, uma das maispolêmicas e execradas pela mídia naci-onal – a Farra do Boi -, encontra no Pro-jeto Açor um raro defensor. Segundo JoiCletison, estudos comprovam que hou-ve uma deturpação da farra nos últi-mos 50 anos. A brincadeira consiste emsoltar um boi na rua para ser persegui-

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do pelos farristas, nos sábados duran-te a Quaresma ou no sábado de Aleluia.Muitas vezes a brincadeira acaba emdepredação e invasão de residências,gente machucada e uma verdadeira tor-tura para o animal, que vira churrascono domingo seguinte, o chamado do-mingo gordo.

Segundo Cletison,a idéia é tentar co-locar regras como existem nas Ilhas dosAçores para as touradas. “Lá o touro éespecialmente criado para isso; é amar-

rado a uma corda para maior se-gurança; a tourada tem que terconsentimento do poder público;há sempre um veterinário paracaso de necessidade; o touro nãopode correr mais de 30 minutosseguidos; nunca podem corrermais do que quatro touros pordia e o animal tem que ter pelomenos sete dias de descanso en-tre uma tourada e outra”, des-creve Cletison.

Com certeza, uma mudançadessas vai exigir muito trabalhopor parte do núcleo mas, consi-derando o sucesso das outras ini-ciativas do Projeto Açor, não é im-possível. Em breve Santa Catari-na poderá estar na mídia por teruma versão ecológica e social-mente correta para a manifesta-ção popular que mais protestos ecríticas recebe por todo país e, nãopor acaso, acaba em assunto daspáginas policiais dos jornais.

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tica de Florianópolis e região quanto oProjeto Fortalezas da Ilha de Santa Ca-tarina. O projeto envolve a restau-ração assim como a manutenção e ad-ministração das fortificações militaresintegrantes do sistema defensivo cons-truído na Ilha de Santa Catarina no sé-culo XVIII para consolidar o domínioportuguês na região Sul.

Três destas fortificações – Santa Cruz,localizada na Ilha de Anhatomirim, San-to Antônio, construída na Ilha de Rato-nes Grande e São José junto à Praia daPonta Grossa – são hoje consagradospontos de atração turística: os 3.500 vi-sitantes de 1990 se transformaram em220.000 no ano 2001.

A história da recuperação das ruínascomeçou no início dos anos 80: nestaépoca, tiveram lugar algumas iniciativasde restauração, ainda tímidas e semgrandes apoios, tanto do antigo Depar-tamento Autônomo de Turismo – DEA-TUR – quanto do Instituto do Patrimô-

Mais do que arestauração,projeto quer dar vida aosmonumentos da cidade

nio Histórico e Artístico Nacional –IPHAN. Em pouco tempo, a empreitadarevelou-se mais árdua do que parecia àprimeira vista: às dificuldades financei-ras somava-se a falta de elementos téc-nicos para os trabalhos de restauração.

Em verdade a restauração tomouvitalidade a partir de 1984, quando aUniversidade Federal assumiu a lide-rança passando a fornecer pesquisa-dores de seus quadros para os traba-lhos de restauração. A partir de então,envolvendo o Departamento de Apoioà Extensão e o Escritório Técnico daUniversidade, foi deflagrada uma po-lítica de captação de recursos que re-sultou no repasse do equivalente a ummilhão de dólares pela FundaçãoBanco do Brasil. Esta verba garan-tiu a restauração das três fortale-zas na entrada da baía Norte. As-sim, em 1989, a Fortaleza de San-

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Poucos projetos desenvolvidos pelaUFSC e com participação sistemá-tica da FAPEU tiveram um impac-to tão grande na atividade turís-

PROJETO

Fortalezas da Ilhade Santa Catarina

COORDENADOR

Golias Silva (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-reitoria deCultura e Extensão

FINANCIADOR

Diversos

ta Cruz foi aberta à visitação pública,dando início a um processo de cresci-mento significativo do turismo na re-gião de Florianópolis. Atualmente, aUFSC se propõe a realizar trabalho se-melhante junto à barra sul, onde se lo-caliza a Fortaleza de Nossa Senhora daConceição, na ilhota de Araçatuba.

De 1990 para cá, pode-se contarcom toda segurança que o Projeto For-talezas contribuiu decisivamente paraa criação de mais de 400 de postos detrabalho: agentes turísticos em geral,guias, pessoal de transporte marítimoe terrestre e serviços de restaurante,são o resultado dessa iniciativa da Uni-versidade que dá suporte aos milhares

Um novo papel para asfortificações históricasUm novo papel para asfortificações históricas

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de visitantes que passam anualmentepelas três fortalezas.

O fluxo turístico de temporada con-tinua sendo o maior esteio para a ma-nutenção dos custos que aqueles monu-mentos representam. Se apenas a res-tauração dos monumentos serviu paraum aquecimento tão significativo nosetor de turismo, novas propostas derevitalização concebidas pelo Departa-mento de Apoio à Extensão podem sig-nificar a sedimentação de Florianópoliscomo destino de turismo histórico e deeventos: “Queremos fazer com que asfortalezas sejam parte integrante, ativae viva do que acontece na cidade mas,evidentemente, sempre respeitando aspeculiaridades daqueles locais exclusi-vos nos quais se situam os monumen-tos históricos”, comenta o coordenadordo projeto, Prof. Golias Silva.

Assim, no sentido de compor for-mas mais estáveis de sustentação fi-nanceira do Projeto Fortalezas, no-vos valores estão sendo agregados.De um lado, essa proposta de revita-lização busca incorporar as fortale-zas à vida da cidade através da loca-ção de seus espaços privilegiadospara a realização de eventos os maisdiversos (treinamentos, simpósios,promoções de marketing e lançamen-tos de produtos, congressos, seminá-rios, comemorações, etc...).

Sem se desviar das propostas desua missão, a UFSC está reformandouma das edificações da Fortaleza deSanta Cruz para servir de base a umcentro complementar de cultura e

educação ambiental, destinado prin-cipalmente ao segmento estudantilde toda a rede escolar do Estado deSanta Catarina.

Além dessas propostas, pretende-se ainda “fazer das fortalezas locaisde atividades permanentes da UFSCatravés do envolvimento de cerca de13 departamentos dos Centros de Ci-ências Agrárias, Jurídicas, Biológicas,de Filosofia e Ciências Humanas, oTecnológico e Físicas e Matemáticas:prevê-se para breve a instalação deum centro internacional de estudos epesquisas em ciências do mar que hojereúne 40 pesquisadores de áreas re-lacionadas ao meio ambiente, educa-

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ção, gerenciamento costeiro, biologiamarinha e jurisprudência.

Entre os equipamentos necessári-os para o desenvolvimento de tais ati-vidades – tanto do Centro Complemen-tar de Cultura e Educação Ambientalquanto do centro de estudos e pesqui-sas -, a reforma da antiga Estação Ra-diotelegráfica permitirá os alojamen-tos necessários enquanto outros equi-pamentos (sala de internet, auditórioe museus) já têm seus espaços devi-damente alocados.

Este projeto de revitalização deve-rá contribuir decisivamente para o fimda sazonalidade que se verifica atual-mente nas visitações às fortalezas.

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publicados e três deles em circulação emPortugal, certamente 2002 foi um anoatípico. Neste período, ele viu saíremda gráfica três livros inéditos e a reedi-ção de uma obra já publicada. Por trásdesta conta digna de escritor de bestseller está o preenchimento de uma la-cuna que parecia esquecida do merca-do editorial: o resgate da história e cul-tura de municípios catarinenses emobras fartamente ilustradas voltadaspara a educação e o turismo.

Mestre em História e doutor em Cul-tura Popular, para o professor Vilson deFarias “o objetivo é mostrar, a partir dopresente, as relações com o passado”.Esta ótica foi explorada por ele pela pri-meira vez durante a elaboração de DosAçores ao Brasil Meridional – Volume I.Era 1998 e este foi o primeiro livro quedeu origem a outros hoje largamenteutilizados em escolas e cursos de turis-mo e hotelaria. “Trabalho a cultura comoalgo a contribuir para a sobrevivên-cia das comunidades na geração deemprego e renda”, explica.

Para isso ele conta com o apoiode grupos de pesquisadores e pro-

Relatos que enriquecema educação e o turismo

fessores das próprias localidades con-tratados pela FAPEU que, junto aos ar-quivos públicos e às próprias comuni-dades, apuram dados referentes à his-tória e à cultura num sentido mais am-plo. “Além da documentação em si, con-seguimos com isso estimular ativida-des de grupos folclóricos, artesanato,gastronomia tradicional e até a revita-lização de prédios históricos”, diz Fari-as. Isto porque, de acordo com ele, “aomostrarmos às sociedades envolvidasa importância do patrimônio históricodo qual dispõem, despertamos o inte-resse das pessoas, que passam a que-rer preservá-lo”.

Através de parcerias com instituiçõesbrasileiras e portuguesas, prefeiturasmunicipais, com o apoio da lei do Mece-nato Federal e Estadual, e empresascomo a Petrobrás, Eletrobrás, MacedoKoerich, Shopping Center Itaguaçu e redede Supermercados Giassi, ele lançou SãoJosé 250 Anos – Natureza, História eCultura; Itapema 200 Anos; Penha 243Anos; São José 252 Anos; De Portugalao Sul do Brasil – História, Cultura e

Turismo; e Dos Açores ao Brasil Meridio-nal Volumes I e II. Nestes dois últimostítulos, ele contou com a parceria dogoverno dos Açores e de algumas Câma-ras Municipais portuguesas, principal-mente da região autônoma dos Açores.

Em fase de acabamento está o CDROM Multimídia De Portugal ao Sul doBrasil, baseado no livro homônimo que,segundo Farias, “é a única publicaçãono Brasil que faz a ponte entre os doispaíses”, ao lembrar orgulhoso o lança-mento do livro em 2001, na Casa do Bra-sil Pedro Álvares Cabral na cidade por-tuguesa de Santarém. Se tudo correrbem, está previsto para 2004 o lança-mento de outro livro nos mesmos mol-des dos já citados, muitos em sua se-gunda edição. Será o Palhoça 254 Anos,que continuará materializando o traba-lho do pesquisador que há 30 anos sededica ao estudo da cultura popular ehistória do litoral catarinense e Açores.

Esta linha de trabalho abraçada peloprofessor e que continua frutificandoem forma de livros é coerente com a his-tória pessoal de Farias. Natural da En-seada do Brito, no município de Palho-ça, como ex-coordenador do Núcleo deEstudos Açorianos da UFSC ele haviapercebido “a necessidade de material di-dático e informativo pelas comunida-des açorianas, que não viam o retornodos estudos ali desenvolvidos pelos pro-fessores”. A reação veio em forma depesquisa e livros que hoje abastecembibliotecas de escolas e faculdades e,não raro, estimulam e aquecem o turis-mo histórico de lugares que, atravésdessas publicações, já são assunto derevistas de viagem de outros países econtinentes.

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PROJETO

De São José aos Açores252 anos - Em Busca das Raízes

COORDENADOR

Vilson Francisco de Farias (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Educação,Departamento de

Metodologia do Ensino

FINANCIADOR

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Livros que contam como o presente se relaciona com o passado

esmo para o professor de Meto-dologia de Ensino do Centro deEducação da UFSC, Vilson Fran-cisco de Farias, com 10 livros

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matas já abasteceram madeireiras ederam espaço para a pecuária e agri-cultura de subsistência. Agora, pensenum município cuja cidade abriga 70%dos 35 mil habitantes e é cercada porpomares de maçã de grandes proprie-dades rurais. Os dois cenários são domesmo lugar: Fraiburgo, com uma di-ferença de apenas 30 anos entre umaimagem e outra. Esta Transformação doMeio Ambiente com a Introdução dosPomares de Maçã na Região de Fraibur-go é o tema-título do trabalho desen-volvido pelo Laboratório de Migração e

Uma cidade marcadapela transformaçãoambiental Pomares de maçã

alteraram a paisagem e apopulação de Fraiburgo

Imigração através da linha de pesquisade História Ambiental do Departamen-to de História da UFSC.

Coordenado pela professora EuniceNodari, este projeto de pesquisa patro-cinado pela Funcitec e pela empresaprivada Pomifrai de Fruticultura, vaicontar a história de uma população apartir do seu meio ambiente. “Não ha-via um só pé de maçã plantado em todoo município até 1960 e, hoje, numa áreade oito mil hectares, encontramos cer-ca de 1.500 macieiras por hectare”, com-para Jó Klanovicz, orientando de mes-trado de Eunice e natural de Fraiburgo.Conhecedor da região e seus habitan-tes, o objetivo de Jó com este trabalho é“descobrir como foi, para a cidade, o

PROJETO

A transformação do meio ambiente coma introdução dos pomares de macieira

na região de Fraiburgo/SC (1970-2000)

COORDENADOR

Eunice Sueli Nodari (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Filosofia e CiênciasHumanas, Departamento de História

FINANCIADOR

Funcitec – Fundação de Ciência eTecnologia de Santa Catarina

I impacto ambiental do ponto de vista dahistória da paisagem”.

Para tanto, entre suas principaisfontes estão os agrônomos e técnicosdos pomares que alteraram o ecossis-tema da região de campo e mata mistae coloriram a paisagem de Fraiburgo.Junto com este novo cenário que ins-pirou discursos de elogio ao verde, deum equilíbrio ecológico controlado eque também aqueceu o turismo no mu-nicípio, vieram os defensivos agríco-las e o iodeto de prata que se misturaàs nuvens para evitar o granizo queameaça as safras de maçã.

Munidos de relatórios técnicos detodas as empresas macieiras de Frai-burgo, com números detalhados sobre

os pomares implantados eexpurgados desde 1965, JóKlanovicz e a professoraEunice organizam num li-vro de 100 páginas e numCD ROM, fartamente ilus-trados com fotos de dife-rentes épocas, os últimos30 anos do município.Além disso, o resultadodeste trabalho será trans-formado numa exposiçãopermanente que guardaráa memória da região paraas escolas públicas deFraiburgo.

magine um pequeno município re-cortado por grandes propriedadesrurais e em que 70% dos cinco milhabitantes vivem no campo. As

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energia está levando empresasa investir na pesquisa de novosmétodos para mapear as áreasde baixa densidade populacio-nal, que não justificam a rela-ção custo-benefício da aerofoto-grametria (mapeamento pormeio de fotos áreas). Para a árearural do Estado de Santa Cata-rina, a CELESC trabalha com car-tas adquiridas pelo Governo doEstado de Santa Catarina em1960 – 80 na escala 1:50.000,até então nenhuma vez atuali-zadas. Um projeto da UFSC, emparceria com a ANEEL/CELESC,desenvolveu uma metodologia de gera-ção de dados cartográficos digitais, quecompreende a integração dos dados to-pográficos, limites municipais, coordena-das geográficas, elementos hídricos e ro-doviários de uma determinada região auma imagem de satélite, barateando ocusto desse material cartográfico.

O projeto Geração de Suporte Car-tográfico Digital do Sistema de Infor-mações Geográficas da Rede de Distri-buição de Energia (Celesc) com Empre-go de Técnicas de Sensoriamento Re-moto, realizado de agosto de 2002 aagosto de 2003, segundo supervisoracientífica da pesquisa Dr. Eugenia Kar-naukhova, pode ser considerado comoum dos inovadores na gestão do setorelétrico brasileiro.

A equipe do Laboratório de Foto-grametria, Sensoriamento Remoto e Ge-oprocessamento desenvolveu as cartas-imagem com informações obtidas em for-mato raster (imagens do satélite Land-sat TM7+ e CBERS) e de dados das car-tas topográficas do IBGE, incluindo apesquisa de campo e coleta de dados deGPS (equipamento usado para definir ascoordenadas geográficas). A imagembruta do satélite passou por uma sériede processamentos, cortes, ajustes e efei-

tos visuais até chegar ao produto final:um catálogo de cartas-imagem, que per-mite a visualização da área piloto na telado computador em escalas de 1:200.000até 1:20.000, tanto no SIG-CELESC,quanto no sistema MapGuid para visu-alização cartográfica on line.

Essas cartas-imagem foram, então,adaptadas para integrar o Sistema deInformação Geográfica (SIG) da CE-LESC, responsável pelo cadastro e ma-nutenção de banco de dados digitaisda rede de distribuição de energia elé-trica, com dados cartográficos geoam-bientais. Os produtos gerados pelo pro-jeto visam subsidiar o planejamento daexpansão das redes de energia em áre-as rurais do Estado e auxiliar na to-mada das decisões estratégicas daEmpresa, assim como na manutençãodos seus sistemas regionais.

O projeto-piloto trabalhou com as re-des de distribuição dos municípios deAlfredo Wagner, Rio Rufino e Bom Re-tiro. Segundo coordenador do projeto,

Mapeamento da energiaLaboratório da UFSC desenvolve metodologia para baratear o custo da cartografia

A necessidade de cartogra-fia precisa e atualizadapara a instalação de re-des de distribuição de

professor Carlos Loch, a áreamapeada seguindo a metodo-logia proposta por cerca de R$100 mil (custo total do proje-to), custaria dezenas de vezesa mais em levantamentos ae-rofotogramétricos, sem consi-derar os ganhos das duas ins-tituições envolvidas no proje-to em equipamentos e capaci-tação de quadros.

Com a pesquisa, o laborató-rio da UFSC ganhou equipamen-tos (só o aparelho de GPS cus-tou R$12 mil), imagens de saté-lite, ampliou o quadro de pesso-al com bolsistas de iniciação ci-entífica, mestrado e comprousoftwares atualizados. Por outrolado, a CELESC foi beneficiada

com produtos finais da pesquisa equipa-mentos e cursos de capacitação, previs-tos para a transferência da metodologia.

Entre os impactos sociais do projetoestá a possibilidade dos municípios daárea piloto terem acesso aos respecti-vos documentos cartográficos para re-alização do planejamento territorial eincentivos econômicos e sociais.

A importância e o sucesso do traba-lho realizado pela equipe do LabFSGconfirmam-se na continuação da par-ceria com a CELESC, para outros doisprojetos de linhas de pesquisa comple-mentares, com desenvolvimento previs-to para os anos de 2003 a 2005.

PROJETO

Geração de Suporte Cartográfico Digitaldo Sistema de Informações Geográficasda Rede de Distribuição de Energia(Celesc) com Emprego de Técnicas deSensoriamento Remoto

COORDENADOR

Carlos Loch ([email protected])

UNIDADE

Centro Tecnológico, Dep. Engenharia Civil

FINANCIADOR

CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina

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que, embora fossem comuns, eram tra-tados individualmente por cada empre-sário a sua maneira. A novidade, quehá três anos passou a ser o foco de tra-balho do Grupo de Engenharia e Análi-se de Valor (GAV) da Engenharia de Pro-dução e Sistemas da UFSC, é o atendi-mento coletivo. Através desta ferramen-ta, as pequenas empresas rateiam in-vestimentos para soluções comuns.“Em 2002 aumentou sensivelmente ademanda para este tipo de atendimen-to”, afirma o engenheiro de produçãoDante Luiz Juliatto, coordenador do pro-jeto de atendimento a pequenas empre-sas do GAV.

Mas este já foi o segundo desafiotrazido ao Grupo pelo Sebrae de SantaCatarina. Há nove anos, quando o Se-brae procurava profissionais para aten-der empresas de pequeno porte, a pri-meira parceria com o GAV foi originada

pelo Programa de Apoio Tecnológico aMicro e Pequenas Empresas, o PATME(do SEBRAE) que, neste período, pres-tou serviço a cerca de 70 empresas in-dividualmente e foi a porta de entradado GAV ao segmento das MPEs.

Criado há 15 anos para ser o eloentre as pesquisas da Engenharia deProdução e Sistemas da Universidade eas empresas de uma maneira geral, in-cluindo as de médio e grande portes, oGAV teve que superar algumas barrei-ras culturais antes de abrir espaço jun-to ao empresariado. “No início, os em-presários das pequenas empresas viama Universidade como algo distante darealidade”, lembra Juliatto, “preconcei-to que levamos cerca de dois anos paraderrubar e, a partir daí, conquistar maisespaço com os resultados”.Isto porqueno decorrer deste período a equipe doGAV conseguiu um argumento de pesoao apresentar números eloqüentes nofaturamento e, principalmente, na lu-cratividade das empresas. Para tanto, oprofissional que presta consultoria ou

assessoria para empresas clientes doGAV “tem que ter subsídios para discu-tir custos, recursos humanos, produção,planejamento, mercado e muitos outrostemas com o empresário”, detalha Juli-atto. Para reunir profissionais com esteperfil, o GAV conta com professores epesquisadores, doutorandos, mestran-dos e graduandos especialistas em En-genharia de Produção.

Com esta equipe são desenvolvidasferramentas de diagnóstico, avaliaçõesde melhorias, de custeio e prioridadesde melhoria das empresas clientes. “Sãoprocedimentos ou métodos de trabalhoque permitem conhecer e fazer um per-fil da empresa em conjunto com o em-presário”, explica Juliatto. Foram osbons resultados de clientes como a Con-feitaria Chuvisco, a Vittamassas, Iso-passe, Tina Brunelli, Hocus Pocus emuitas outras de diferentes setores quecredenciaram o GAV a oferecer o aten-dimento coletivo às MPEs.

Desta vez, o desafio foi congregarempresas de um mesmo segmento que

Há 15 anos Grupo da Engenharia de Produção e Sistemaspesquisa soluções para o dia-a-dia das empresas

Sintonia há mais de uma década

E m 2002, muitas micro e pequenasempresas (MPEs) de Santa Cata-rina conheceram uma forma dife-rente de solucionar problemas

Revista da FAPEU 2003 ñ 29

se reconheciam, até então, como con-correntes. “Para convencer de que erapossível buscar melhorias para empre-sas de um mesmo setor e aumentar acompetitividade em conjunto, o argu-mento foi o atendimento ao mercadoexterno ou simplesmente fora do mer-cado em que estavam inseridas”, lem-bra o coordenador do GAV.

Foi assim que inúmeras padarias,pequenas indústrias têxteis, de vestuá-rio, do setor moveleiro, do metal mecâ-nico, de alimentos e estabelecimentoscomerciais como mini mercados passa-ram a se organizar, me-lhorando sistemas decontrole, adequandoprodutos e serviços ecriando centrais de com-pras que lhes auferiamaior poder de negoci-ação junto aos fornece-dores e, conseqüente-mente, ganhos de com-petitividade. Mais umavez, os bons resultadosabriram novos desafiosao GAV que, a convite doSebrae, vem participan-do desde o ano passado

de dois programas de atendimento cole-tivo a MPEs – criados pelo Sebrae, o deCapacitação de Fornecedores e o de Com-petitividade Setorial.

No primeiro, a ação consiste emidentificar nas grandes empresas asmicro e pequenas empresas fornece-doras (terceirizadas) e capacitá-laspara melhorar seus processos de ges-tão e qualidade. Já o programa deCompetitividade Setorial tem foco emsegmentos específicos para promovera visão de ganho coletivo com ampli-ação de mercado externo, aprimora-

PROJETO

Grupo de Engenharia eAnálise do Valor/PATME

COORDENADOR

Dante Luiz Juliatto (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro Tecnológico,Departamento de Engenhariade Produção e Sistemas

FINANCIADOR

SEBRAE - Serviço de Apoio asMicro e Pequenas Empresas

mento dos processos e aumento dacompetitividade.

Com uma variada carteira de cli-entes satisfeitos com os resultados dotrabalho desenvolvido pelo GAV, Ju-liatto observa que “fazemos uma re-volução cultural nas empresas de for-ma não agressiva, não pela conver-sa, mas pelos números”. De acordocom ele, “quando o empresário vê osnúmeros e sabe de onde vêm, ele pas-sa a acreditar nos processos, e é as-sim que a demanda vem aumentan-do: pelos resultados”.

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dade pública. E um dos méritos doNúcleo de Manutenção da UFSC(NUMA) é manter essa invisibilida-de, o que significa que o trabalho estásendo bem feito. “Quase ninguém vêou sabe o que é feito aqui, mas quan-do se comete um erro, com certeza,aparece” diz o gerente do NUMA, Sér-gio Seugling.

O Núcleo existe desde 1986 e con-serta gratuitamente equipamentos deinformática, eletroeletrônica, ótica emecânica usados em laboratórios e sa-las de aulas da UFSC. Só no ano pas-sado, foram 3.613 soli-citações. A área mais re-quisitada é a de infor-mática, com 1.009 pedi-dos de conserto.

A equipe de traba-lho, formada por cercade 20 pessoas, entretécnicos, engenheiros epessoal administrativo.O grupo atual é consi-derado ideal por Seu-gling e é apoiado deci-sivamente pela FAPEU.“Uma das vantagens doNUMA é que reúne pes-

PROJETO

Núcleo de Manutenção da UFSC

COORDENADOR

Sérgio Seugling (foto à esquerda)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Administração,Núcleo de Manutenção

FINANCIADOR

FAPEU/UFSC

Invisível, mas imprescindívelHá 17 anos o Núcleo de Manutenção conserta equipamentos didáticos e científicos

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soal qualificado de diversasáreas” diz o engenheiro. ONúcleo também trabalhaem parceria com a EscolaTécnica Federal e alguns la-boratório da própria uni-versidade.

O próximo desafio doNUMA é aprovação de umprojeto pelo CNPq, para acompra de ferramentas einstrumentos de trabalho.

pesar de ser um trabalho prati-camente invisível, a manuten-ção de equipamentos é essenci-al para a vida de uma universi-

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Hospitais mais seguros e saudáveisNovo modelo de gestão para monitorar prestadores de serviços de saúde

todologia de Acreditação Hospitalar podeser um objetivo quase hipotético, mas jáexistem estudos consistentes para a suaconcretização. É o caso do projeto de-senvolvido em conjunto pela professoraAlacoque Lorenzini Erdmann, do Depar-tamento de Enfermagem do Centro de Ci-ências da Saúde da UFSC e a adminis-tradora da Secretaria de Estado da Saú-de Kristiane Rico Sanchez.

Intitulado Sistemas de Gestão Am-biental Integrada: um Enfoque para Or-ganizações, o trabalho é vinculado aoNúcleo Interdisciplinar em Gestão daProdução e Custos do Departamento deAdministração da UFSC e pretende, emúltima análise, assegurar aos hospitaisum ambiente mais saudável, seguro emelhor qualidade nos serviços de saú-de. “Trata-se de um campo novo”, ex-plica a professora Alacoque, “em queexploramos aspectos da saúde ambien-tal no âmbito hospitalar voltado para agestão de qualidade das normas de cer-tificação ISO 9001 e 14001 utilizandoa metodologia de Acreditação Hospita-lar e BS 8800, que traça uma diretrizde atuação responsável”.

Esta última, vale lembrar, não éuma norma certificadora, mas os re-

sultados alcançados em termos dequalidade potencializam o pleito deverbas se a instituição for pública ese consolidam como um diferencialpara as organizações privadas. “Fun-damentado nessas normas, queremosestruturar um sistema de gestão inte-grada para o monitoramento contínuode uma gestão ambiental preventivanas organizações prestadoras de ser-viços de saúde”, esclarece Alacoque,que desde 1976 se dedica à gestãohospitalar e, há um ano meio, coor-dena este projeto.

Envolvendo todos os setores den-tro de um hospital, o trabalho propos-to por Alacoque Erdmann e KristianeSanchez busca a acreditação da insti-tuição de saúde tanto na sua estrutu-ra e na organização de processosquanto nas práticas de gestão de qua-lidade, “sendo que a questão ambien-tal está inserida no contexto global,de responsabilidade de todas as pes-soas”, lembra Kristiane. Isto porqueeste item não envolve só os aspectosbiológicos, físicos e químicos presen-tes num hospital ou instituição de

G arantir nos resultados de hospi-tais a satisfação do cliente, quali-dade ambiental, saúde e seguran-ça ocupacional integrados à me-

PROJETO

Sistema de gestão ambientalintegrada: um enfoque orientado

para organizações hospitalares

COORDENADOR

Alacoque Lorenzini Erdmanne-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Enfermagem

FINANCIADOR

Funcitec – Fundação de Ciência eTecnologia de Santa Catarina.

saúde, mas também a segurança e ris-cos no ambiente de trabalho.

Para este monitoramento é impres-cindível a gestão integrada que, porsua vez, “facilitará a adoção de indi-cadores e critérios de qualidade”, afir-ma a coordenadora do projeto. Deacordo com ela, se hoje a gestão hos-pitalar, incorpora custos, qualidadedos serviços, tecnologias, e equipa-mentos, na gestão integrada entramainda a questão do ambiente e a sis-tematização das ações dentro do hos-pital. “A partir daí”, entusiasma-se aprofessora, “poderemos construir oque é mais importante: um conheci-mento que chegue às mãos dos ges-tores para a construção de uma polí-tica a ser adotada”.

O modelo proposto pelas duas pes-quisadoras está sendo implementado,a título de experiência piloto, numainstituição de saúde da Grande Flori-anópolis. Entretanto, “os elementosque compõem este paradigma de ges-tão podem ser operacionalizados paraoutras organizações atuantes no aten-dimento à saúde”, conclui Kristiane.

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Propriedade intelectual ganhagerenciamento profissionalCoordenadoria promove a proteção jurídica e econômica das criações da UFSC

denadoria de Gestão da Propriedade In-telectual (COGEPI), foi possível a par-tir de recursos do CNPq através do Fun-do Setorial Verde-Amarelo. No primei-ro semestre de 2003, a COGEPI anali-sou quinze contratos e vários projetosde pesquisa e desenvolvimento detecnologia que poderão resultarem futuros pedidos de patentejunto ao Instituto Nacional de Pro-priedade Intelectual.

Trata-se de um bom número,considerando o pouco tempo deexistência do órgão vinculado aodepartamento de Apoio à Pesqui-sa da Pró-Reitoria de Pesquisa ePós-Graduação para apoiar atransferência de tecnologia e esti-mular a proteção jurídica e explo-ração econômica das criações in-telectuais da Universidade.

Assim, autores de criação ino-vadora em qualquer área do conhe-cimento que se enquadrem comodocentes, técnicos-administrati-vos, alunos ou estagiários da ins-tituição, podem contar com o as-sessoramento da COGEPI para ela-boração do instrumento para pro-teção de propriedade intelectual de seutrabalho. Este instrumento pode ser umpedido de patente, de registro de dese-nho, de registro de programa de com-putador etc., e esses documentos vãogarantir a titularidade da autoria e osganhos econômicos do pesquisador.

“Hoje existe um contrato que regu-la estes procedimentos”, informa o pro-fessor e assessor da COGEPI, Luiz Otá-vio Pimentel, pois trata-se de um ter-mo de co-titularidade entre o pesqui-sador, a UFSC e a empresa parceira.“Antes da COGEPI, a empresa, o pes-quisador e o departamento em ques-

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PROJETO

Núcleo de Apoio àPropriedade Intelectual da UFSC

COORDENADORES

Álvaro Prata e Luiz O. Pimentel (foto)e-mail: [email protected]

[email protected]

UNIDADE

Pró-reitoria de Pesquisa ePós-graduação, Coord. de Gestão da

Propriedade Intelectual (COGEPI)

FINANCIADOR

CNPq – Fundo Verde-Amarelo

riada em junho de 2002 peloConselho Universitário da UFSCe em funcionamento desde feve-reiro de 2003, a criação da Coor-

tão faziam um convênio sem nenhu-ma assessoria que cuidasse especifica-mente dos direitos intelectuais e de ex-ploração, que acabavam quase sempreficando com as empresas enquanto oautor recebia uma única contraparti-da e nada mais”, descreve Pimentel.

No caso de criações ou invençõesque tenham sido desenvolvidas naUFSC sem a parceria de empresas pri-

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vadas, uma equipe de consultores daCOGEPI vai verificar se cabe o pedidode proteção intelectual junto ao INPI.Em caso afirmativo, a solicitação depatente é encaminhada pela própriacoordenadoria que, depois disso, tam-bém vai negociar com empresas inte-ressadas na compra do direito de pro-dução comercial do produto.

O que parece um procedimento sim-ples como a expedição de uma cartade patente, entretanto, pode levar atésete anos. Dependendo da complexida-de do produto e do trabalho dentro doINPI, só a busca pode levar de dois aseis meses. Hoje tudo isso é acompa-nhado de perto pela COGEPI, que con-ta com os serviços da advogada KellyBrush. Segundo ela, pelos contratos in-termediados pela Coordenadoria, a co-titularidade prevê 1/3 dos direitos parao pesquisador, 1/3 para a UFSC e 1/3para a empresa privada.

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Livros com a marcada cultura catarinenseEditora da UFSC divulga nacionalmente a produção científica e cultural do estado

UFSC venceu o que era consideradopelo seu diretor, o professor e escritorAlcides Buss, um grande desafio. “Su-peramos todas as dificuldades e leva-mos com nossos autores, produçãocientífica e cultural, a marca catari-nense para a maior e mais importan-te vitrine nacional do mercado edito-rial”, afirma Buss, que dirige a insti-tuição desde 1991.

Com cerca de mil títulos publica-dos e uma média de 40 a 50 livroslançados anualmente a partir de seufuncionamento em 1981, a Editora daUFSC é hoje uma das maiores do Suldo país. De porte médio, a Edufsc cen-tra sua política principalmente na di-vulgação do saber produzido dentroda universidade, além da edição delivros didáticos para o terceiro grau,responsáveis hoje por até 25% dos tí-tulos lançados e consumidos larga-mente em outras instituições de ensi-no superior de todo o Brasil.

Dentro dos trabalhos produzidosna universidade, Buss destaca a pre-ocupação em divulgar pesquisas deponta realizadas na UFSC, a traduçãode textos estrangeiros e o resgate cul-tural e divulgação da história da re-gião e suas carências. Na área literá-ria, a editora se propõe a estimular epromover novos escritores através dascoleções Paideuma, Traduzir, Ipsis lí-teris e Memória Literária de SantaCatarina. Juntas, estas quatro cole-ções representam cerca de 10% da pro-dução da editora. Além dos livros edi-tados, a Edufsc publica desde os anos80 a revista literária Poité e o JornalLeitura e Prazer, ambos de periodici-dade semestral.

Quanto à seleção e aprovação doslivros a serem publicados, Buss expli-

ca que cabe aos seis membros de di-ferentes áreas do conhecimento queintegram o conselho editorial. Eles sereúnem quinzenalmente para apreci-ação de originais enviados por auto-res interessados e para discussão dapolítica editorial da instituição. Nes-te aspecto, Alcides Buss destaca que“os critérios maiores são a qualidadee importância do trabalho em ques-tão”. Os únicos textos que não sãoaceitos para apreciação e publicaçãopela Edufsc são os que tratam de eso-terismo, religião, auto-ajuda e litera-tura infantil ou infanto-juvenil.

Embora os critérios comerciais nãosejam os mais valorizados pelo con-selho editorial, a Edufsc já conta comalguns best-sellers, como o Dicioná-rio Básico de Latim, de autoria deRaulino Busarello, lançado pela pri-meira vez em 1988 e atualmente nasua sexta edição. Outro exemplo é In-trodução à Engenharia, de WalterAntônio Bazzo e Luiz Teixeira do ValePereira, que foi adotado pelas univer-sidades de praticamente todo o país ehoje está na sua sétima edição.

Com um quadro de colaboradoresque chega a cerca de 40 pessoas, inclu-indo estudantes com bolsas de traba-lho, a Editora da UFSC é principalmen-te solicitada pelas áreas de Letras, Ci-

ências Humanas e Tecnologia, respec-tivamente. A distribuição dos livros aliproduzidos se dá por mala direta, atra-vés de pontos de venda da própria edi-tora, via Internet, através de um con-vênio com as principais universidadesbrasileiras e ainda através de distribui-doras comerciais convencionais.

Para este ano de 2003, a meta daEdufsc é atingir a marca dos 50 títu-los publicados sem perder de vista aimportância e qualidade de seus pro-dutos. “Temos que competir com asmelhores editoras brasileiras em qua-lidade e preço para garantirmos a con-tinuidade deste trabalho”, conclui odiretor Alcides Buss.

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PROJETO

Editora da UFSC

COORDENADOR

Alcides Busse-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão,Editora da UFSC

FINANCIADOR

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o participar pela primeira vezcom estande próprio da Bienaldo Rio de Janeiro, no primeirosemestre de 2003 a Editora da

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34 ñ Revista da FAPEU 2003

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Recuperando a flora para mantera fauna no Oeste do estadoEspécies em risco de extinção na Bacia do Rio Uruguai começam a ser protegidas

poderiam ser cultivados para desen-volver a tecnologia adequada, dificil-mente poderiam imaginar que o pro-jeto inicial se bifurcaria num traba-lho bem mais abrangente. Pois naque-la região, que envolve parte do Oestecatarinense e do Rio Grande do Sul, aequipe do professor Evoy ZaniboniFilho, do Departamento de Aqüicultu-ra do Centro de Ciências Agrárias daUFSC, encontrou sérias distorções am-bientais. “A Bacia estava degradadapor lixões, curtumes, desmatamentos,esgotos domésticos e muita poluiçãopor esterco suíno”, lembra Zaniboni,ponderando que “hoje parte dessesproblemas está solucionada”.

Naquela época e naquele cenário,o risco de extinção de algumas popu-lações de peixes foi o estopim para opesquisador acrescentar aos objetivosdo seu trabalho - antes restrito ao es-tudo de espécies para desenvolvimen-to de tecnologias de cultivo – a con-servação de estoques pesqueiros daregião. “Éramos três professores e mais

uma equipe de 24 pessoas entre alu-nos e contratados da FAPEU”,

lembra Evoy, “e nossa meta eraidentificar as espécies boaspara cultivo, estudá-las e de-senvolver as tecnologias decultivo para os peixes de águadoce que, no mercado, sãoconsiderados exóticos e têmum alto valor agregado”.

Este aparente desvio notrabalho, longe de prejudicaros objetivos iniciais da pes-quisa de Zaniboni e sua equi-

pe, acabou contribuindo, poisentre as espécies em risco deextinção a serem protegidashavia algumas de relevante

de 20 mil famílias catarinenses queproduzem 17% das 19 mil toneladasde peixe de água doce produzidas anu-almente no Brasil.

Caras à gastronomia e ao merca-do, as carpas e tilápias são os carros-chefe dos cultivos de peixes de águadoce. Entretanto, o modelo de cultivoadotado pelos produtores “é ecologi-camente inadequado e acaba conta-minando o meio ambiente”, alertaZaniboni. Isto porque muitos produ-tores simplesmente jogam os dejetosde suínos na água dos viveiros depeixes mas, como há muitos suínos

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PROJETO

Avaliação do potencial de peixes deágua doce nativos da bacia do rio

Uruguai para a exploração emaqüicultura, em Santa Catarina

COORDENADOR

Evoy Zaniboni Filho (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

CCA, Departamento de Aqüicultura

FINANCIADOR

Embrapa- Empresa Brasileirade Pesquisa Agropecuária

m 1995, quando pesquisadoresdo Departamento de Aqüicultu-ra da UFSC foram apurar quepeixes da Bacia do Rio Uruguai

importância econômica para a pisci-cultura, como a piracanjuba. Isto por-que, vale lembrar, o mote deste traba-lho era precisamente o cultivo de pei-xes de água doce como alternativa deemprego e renda. Atualmente, estaatividade responde pela subsistência FE

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em toda aquela região, a sobra de es-terco acaba indo para os rios. Proble-mas como este acabaram por criarconflito entre órgãos de fomento dogoverno do Estado e órgãos de fisca-lização ambiental.

Foi neste contexto que Zaniboni esua equipe deram início a ações emparceria com empresas de energia elé-trica que constroem barragens. “Tra-balhamos oferecendo estratégias demanejo”, descreve o professor, “comoeles são obrigados a plantar vegetaçãociliar ao redor das barragens e lagos,nós verificamos que espécies de pei-xes comem sementes e frutas estão nalista dos ameaçados de extinção e cri-amos ali um ambiente ideal”. Foi as-sim que a já citada piracanjuba esca-pou do desaparecimento. “O peixe játinha sumido de praticamente todo o

rio”, relata Evoy, “mas continuava exis-tindo na única reserva florestal daBacia do Uruguai, em Derrubadas, RS,onde ainda coletava sementes”.

A partir desta reserva internacional,com 17 mil hectares no Brasil e outros200 mil hectares na Argentina, a pira-canjuba voltou a povoar a Bacia doUruguai. Antes disso, a equipe de Za-niboni fez mudas da vegetação do lu-gar para replantar em outras localida-des. O segundo passo foi criar os pei-xes em cativeiro para posteriormentefazer a reprodução, criar as larvas efinalmente povoar os lagos de hidrelé-tricas e o próprio rio Uruguai com asoltura dos alevinos. Aí começa umaoutra etapa do trabalho: o monitora-mento dos peixes, que é feito a cadadois meses através da Biotelemetria.

Este método permite que o cientistaacompanhe todos osdeslocamentos dopeixe por um rádio-transmissor coloca-do no animal cirur-gicamente. Hoje, es-tes monitores estãodistribuídos em cer-ca de 100 peixes dasespécies piracanju-ba, dourado e curi-matã, todos utiliza-dos para cultivo econsumo humano.

Neste meio tempo, através de umprograma da Fundação Nacional doMeio Ambiente junto com a prefeiturade São Carlos, foi construída uma es-tação de cultivo com tanques viveirosque abrigam cerca de dez espécies depeixes com respectivos plantéis de re-produtores. Ali são produzidos os ale-vinos que serão engordados pelos pro-dutores para abastecer pesque-pagues,restaurantes e o consumo local. Tam-bém em Chapecó esta atividade moti-vou a abertura de uma empresa de be-neficiamento de peixe de água doce quejá está gerando emprego e renda.

Estes são alguns resultados sociaisdo trabalho desenvolvido pelo profes-sor Zaniboni, mas o retorno disso doponto de vista ambiental talvez sejaimensurável. Apesar de ainda havermuito o que fazer em toda a Bacia, jáque o próprio rio sofre constantes mu-danças nas margens, o professor jásabe que há meios de reverter quadrospreocupantes como o da piracanjuba.Pois “onde podemos recuperar o meioambiente há como recuperar a fauna”,assegura Evoy Zaniboni.

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pesquisa e produção de pós-larvas decamarão marinho. A produção de póslarvas é a primeira fase do processoprocesso produtivo da carcinicultura. Ostrabalhos de larvicultura na Barra daLagoa, em Florianópolis, começaramem 1985 com experiências com as es-pécies nativas Litopenaeus schmitti (ca-marão branco ou legítimo) e Farfante-

penaeus paulensis e F. brasiliensis (ca-marões rosas). Mas o grande avançoveio em 1998, quando, atendendo àsnecessidades dos produtores catarinen-ses, o laboratório passou a produzirpós-larvas do camarão branco-do-pací-fico (Litopenaeus vannamei). Em cincoanos a produção do laboratório passoude 35 milhões (1998) para 450 milhõesde pós-larvas (2002).

Comprovada a viabilidade da produ-ção do camarão branco-do-pacífico, veioo apoio do Governo do Estado e a cria-

ção do Programa de Desenvolvimento deCamarões Marinhos em Santa Catarina,em 1999. Além atuar junto com a EPA-GRI no planejamento, treinamento depessoal em todos os níveis e formulaçãode projetos, o LCM acumulou a respon-sabilidade pela produção de pós-larvas.Hoje, o laboratório fornece pós-larvascom 30 dias de vida ( Pós larva 20). Par-te do valor arrecadado com a venda (3%)vai para o “fundo de larva”, que é divi-dido igualmente entre a Associação Ca-tarinense dos Criadores de Camarão e o

Programa Estadual. No ano pas-sado foram repassados R$ 100mil, investidos entre outras coisas,na realização de cursos de capaci-tação técnica, na compra de equi-pamentos para monitoramento aserem utilizados no campo pelostécnicos que prestam assistênciatécnica aos produtores, em paga-mento de alunos bolsistas queatuam no campo, em intercâmbi-os e na manutenção de veículosutilizados na extensão.

Segundo um dos coordenado-res do Laboratório, Elpídio Beltra-

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Laboratório da UFSCse especializa naprodução de pós-larvas de camarão,apoiando as fazendasde produção emSanta Catarina

PROJETO

Larvicultura Barra da Lagoa

COORDENADOR

Edemar Roberto Andreatta(à esquerda, na foto)

e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências Agrárias,Departamento de Aqüicultura

FINANCIADOR

Diversos

OLaboratório de Camarões Mari-nhos (LCM) da Universidade Fe-deral de Santa Catarina é hoje umcentro de referência nacional em

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De onde vêmos camarõesDe onde vêmos camarões

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me (à direita de Andreatta, na foto dapágina ao lado), há algumas coisas quenão se resolvem só com pesquisa: “é pre-ciso conhecer o problema no sistema pro-dutivo, e por causa disso a interação dolaboratório com o processo de produçãoem escala comercial é importante”. Ou-tro motivo da necessidade de participa-ção do LCM no sistema de produção é oeconômico: “nós montamos uma infra-estrutura no laboratório que se for dedi-cada só para pesquisa terá um customuito alto que o sistema de financiamen-to governamental não poderia bancar. Olaboratório poderá estar dentro do pro-cesso de fornecimento de larvas por tem-po indeterminado, mas não como metaprioritária. É preciso encontrar um meio-termo, que permita aumentar a dedica-ção à pesquisa, transferência de tecno-logia e ao ensino”, diz.

Outra novidade do LCM para 2003é a certificação com a ISO 14001 – queconduz as empresas ou instituiçõespara melhorar a qualidade e preservaro meio ambiente. O trabalho para issojá está quase concluído e espera-se queem março próximo o LCM esteja certi-ficado. A certificação ISO 14001 atendea legislação ambiental e controle dequalidade, dando um crédito extra aomaterial biológico que sai do LCM.

O Laboratório de Camarões Mari-nhos recebeu apoio financeiro de dife-rentes instituições, entre elas, a Fun-dação Banco do Brasil, Fundo Nacionaldo Meio Ambiente, Governo do Estadode Santa Catarina e a Agencia Cana-dense de Desenvolvimento Internacio-nal (CIDA) através do BMLP ( ProgramaBrasileiro de Intercâmbio em Maricul-

A Q Ü I C U L T U R A

Como nasceo camarão

tura). O apoio recebido das diferentesinstituições permitiram ao laboratórioestabelecer uma infraestrutura econo-micamente auto-suficiente. Para o co-ordenador Elpídio Beltrame, o maisimportante neste projeto não são os re-cursos que ele aporta, mas “a integra-ção que ele promove com o setor pro-dutivo e os intercâmbios com outroscentros de excelência que permitem abusca constante de novas tecnologiaspara a carcinicultura.”.

Para o Prof. Edemar Roberto Andre-atta, também coordenador do laborató-rio, só foi possível estruturar e mantera equipe de um laboratório do porte doLCM, fora do Campus Universitário edurante tantos anos, porque houve oapoio contínuo de um sistema fundaci-onal eficiente. Nas várias crises finan-ceiras, quando o LCM foi deficitário, aFAPEU ofereceu suporte financeiro emoral para a manutenção da equipe edas atividades principais.

A produção de pós-larvas, filho-tes de camarão, começa com a pre-paração e seleção dos reproduto-res (fêmeas e machos). Eles ficamacondicionados em tanques espe-ciais e recebem uma série de cui-dados, principalmente um regimenutricional rico. Cada fêmea temcapacidade para produzir em mé-dia 150 mil ovos por desova, quese repete a intervalos de três ouquatro dias durante três a quatromeses. As larvas nascidas sãocontadas, avaliadas e transferidaspara o setor de larvicultura, ondepermanecem durante 15 dias,acondicionadas em grandes tan-ques. A taxa de sobrevivência mé-dia é de 55%. Da larvicultura, aslarvas são transferidas para osberçários. Nesta fase, as larvasterão mais espaço e recebem ali-mentação comercial, sendo prepa-radas para serem transferidaspara os viveiros das fazendas deprodução. No pré-berçário, du-rante 10 ou 15 dias as pós-lar-vas crescem e adquirem a resis-tência necessária para suportar asadversidades dos viveiros. Apósum processo rigoroso de avalia-ção, as pós-larvas são aclimata-das, contadas e transferidas paraas fazendas de produção.

38 ñ Revista da FAPEU 2003

tituições canadenses e brasileiras parapromover o uso sustentável dos recur-sos costeiros do Brasil através do de-senvolvimento da maricultura artesa-nal. O programa de cinco anos, que ter-minou em julho de 2003, recebeu fun-dos da Agência Canadense de Desen-volvimento Internacional (CIDA - Cana-dian International Development Agen-cy) que dá assistência para instituiçõesdaquele País que trabalham com paí-ses em desenvolvimento. O BMLP uti-lizou uma estratégia multi-institucio-nal e multi-disciplinar para apoiar ocultivo artesanal de camarão, peixesmarinhos e moluscos por todo o Brasil.Ao mesmo tempo preocupou-se comaspectos tais como desenvolvimentohumano, proteção ambiental, saúde egerenciamento de recursos costeirosdentro dos preceitos da agenda de sus-tentabilidade.

O BMLP foi construído sobre a basepré-existente de conhecimento e perí-cia de inúmeros indivíduos e institui-ções de Santa Catarina, criada muitoantes do envolvimento com as institui-ções canadenses (STTP - Shellfish Te-chnology Transfer Project).

O cultivo de ostras em Santa Cata-rina foi inicialmente introduzido em1983, através do projeto intitulado "Aviabilidade do cultivo de ostras em con-junto com o cultivo de camarão", finan-ciado pela Fundação Banco do Brasil.Apesar das dificuldades das primeirastentativas usando a ostra nativa Cras-sostrea rhizophorae, os pesquisadoresacreditavam no potencial do estadopara seu cultivo. Em 1987, sob a coor-denação do Professor Carlos RogérioPoli, pesquisadores começaram a tra-balhar com a comunidade de Santo An-tônio de Lisboa, experimentando o cul-tivo da ostra do Pacífico (Crassostreagigas). Este trabalho inicial permitiu aconstrução de uma pequena fazenda

em parceria com a Colônia dePescadores Z-11 e a formaçãodo primeiro Condomínio dePesca Baía Norte.

Foi esta fazenda, aindaem construção, que um pro-fessor da Universidade cana-dense de Victoria, Jack Little-page, visitou em 1989. O re-sultado desta única visita foio desenvolvimento do Proje-to de Transferência de Tecno-logia em Moluscos (STTP -Shellfish Technology TransferProject), um projeto apoiadofinanceiramente pela CIDA epor outras instituições comoo Banco do Brasil, IBAMA,Epagri, Finep, para dar assis-tência ao cultivo de ostras emSanta Catarina. Este projeto,que recebeu fundos em 1993,formou as bases da longaparceria entre a Universida-de de Victoria e a Universi-dade Federal de Santa Cata-rina. Em 2002, o STTP rece-beu da CIDA e Prêmio de Ex-celência.

Intercâmbio entre universidades canadenses e brasileiras para gerar renda

A Q Ü I C U L T U R A

ONo mar, o futuro

Programa Brasileiro de Intercâm-bio em Maricultura (BMLP – Bra-zilian Mariculture Linkage Pro-gram) foi desenvolvido por ins-

Cultivo de mexilhões na comunidade dePerocão, município de Guarapari, ES.

Despesca (colheita) de camarões cultivados em gaiolas em Guarapuá, Cairu, BA.

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PROJETO

Programa Brasileiro de Intercâmbioem Maricultura – BMLP

COORDENADORES

Carlos Rogério Poli e Edemar Roberto Andreatta

e-mail: [email protected]@mbox1.ufsc.br

UNIDADE

Departamento de Aqüicultura, CCA

FINANCIADOR

Canadian InternationalDevelopment Agency – CIDA

Os resultados alcançados, pelomenos em Santa Catarina, são elo-qüentes:– 1.200 famílias envolvidas na

produção de moluscos, gerandocomo mão de obra direta 5.000empregos nos 10 municípios en-volvidos na atividade;

– a safra 2001/2002 chegou a 10,7mil toneladas de mexilhões e1,6 milhão de dúzias de os-tras, colocando o Estado de SC

como o principal produtor naci-onal de moluscos;

– a atividade possui 19 associa-ções e uma federação de mari-cultores, além de 5 cooperativasdistribuídas em 12 parques aquí-colas municipais, que totalizamuma área de 900 hectares;

– existem no estado 6 unidades debeneficiamento de moluscos,sendo 4 delas pertencentes a as-sociações de maricultores.

Bons resultados em Santa Catarina

O professor David Levin (e), da UVic, Canadá, durante o mini-curso deVirologia Aplicada, ministrado na UFSC em agosto de 2002.

Fazenda Yakult, da UFSC, em Araquari:treinamento para produtores de camarão.

O cultivo de artemia transformouo caminhoneiro Antônio Ferrreirade Melo, de Grossos, RN,em empresário exportador.

Laboratório de Cultivo de Moluscos Marinhos da UFSC, na Barra da Lagoa, SC,responsável pela produção de 1,6 milhão de dúzias de sementes de ostras em 2002.

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Estava claro para todos aqueles en-volvidos no STTP que seria uma gran-de tragédia se a parceria entre as duasinstituições acabasse com o fim do pro-jeto. Uma expansão parecia natural eseu resultado acabou sendo a criaçãodo BMLP, que além de Santa Catarinadesenvolveu novas parcerias em outrasáreas do Brasil e com outras institui-ções canadenses, definitivamente incor-porando mais seis universidades.

O Canadá possui uma longa históriaem maricultura. De fato, a Crassostreavirginica tem sido cultivada por séculosno leste do Canadá enquanto a culturada Crassostrea gigas começou no oesteem 1920. A maricultura continuou a au-mentar de importância no Canadá namedida em que problemas decorrentesdesta expansão apareciam, como o ex-cesso de produção de peixes e o impactoeconômico nas comunidades costeiras.As instituições canadenses, em conse-qüência disso, tiveram muito a oferecerem termos de experiência prática e co-nhecimento tecnológico.

O BMLP trouxe consigo três institui-ções canadenses, a Universidade de Vic-toria, a Memorial University de New-foundland e a University-College de Ma-laspina, reunindo experiências tantodas costas do Atlântico como do Pacífi-

co do Canadá. A prática di-versificada destas três ins-tituições capacitou o BMLPem grande parte dos aspec-tos relevantes de uma ma-ricultura em crescimento.

Na época em que oBMLP iniciou, as ativida-des de maricultura já es-tavam em franca expan-são e rápido crescimentono sul do Brasil. O nívelde conhecimento alcança-do em Santa Catarina foital que a indústria podecontinuar crescendo semque seu desenvolvimentofosse afetado substancial-mente pela participaçãocanadense. Entretanto,isto não ocorria nas de-mais regiões do Brasil. OBMLP atuou como um ins-trumento para aproximaro norte e o sul, dando àUFSC a oportunidade decompartilhar o que haviaaprendido. Os parceirosdo BMLP nas Universidades Federais doMaranhão, do Rio Grande do Norte, daBahia e do Espírito Santo estão traba-lhando para desenvolver a maricultura

nos seus estados, tornando realidade opotencial que seu litoral oferece.

O objetivo final do BMLP era forne-cer às pequenas comunidades pesquei-

ras o conhecimento e a assistên-cia técnica necessárias para ha-bilitá-las a desenvolver as suaspróprias atividades de maricul-tura. É muito importante, afirmao coordenador do projeto no Bra-sil, biólogo Dr. Carlos RogérioPoli, “dar a estas comunidadesuma alternativa à pesca explo-ratória sem alterar seu modo devida tradicional”. Não é suficien-te proporcionar oportunidades deemprego a estas comunidades sesua cultura se perder neste pro-cesso. “Maricultura é, além detudo, uma solução ideal para osproblemas enfrentados pelas co-munidades costeiras. Ela podeprover o necessário impulso eco-nômico enquanto se mantêm osusos e costumes tradicionais dacomunidade”, diz ele.

A natureza do programa,proporcionando treinamento e

A canadense Kathy McClaggan, produtora de ostras na Ilha de Vancouver,trabalhou com os produtores do Ribeirão da Ilha, Florianópolis, SC,e ficou surpresa com a criatividade dos brasileiros.

Cultivo de ostra nativa em Conceição da Barra, ES.

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A Q Ü I C U L T U R A

suporte para comunidades pesqueiraslitorâneas, enfatiza a importância dasparcerias com empresas de extensãoe a indústria privada no Brasil. OBMLP baseia-se fortemente na suaparceria com a Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Rural deSanta Catarina (Epagri).

Se a maricultura no Brasil está paraalcançar seu potencial, é necessáriodesenvolver novas tecnologias para en-frentar desafios futuros. “O BMLP nãotrabalhou apenas para desenvolver eadaptar técnicas de crescimento ade-quadas às condições ambientais encon-tradas em cada estado, mas tambémestá proporcionando meios para aten-der as necessidades da indústria exis-tente”, explica o Diretor Geral do proje-to, Dr. Jack Littlepage. Um aspecto cha-

ve, a comercialização dos produtos, estácontemplado pela introdução de novastécnicas de processamento e desenvol-vimento de mecanismos de controle dequalidade dos produtos, buscando aten-der a toda a cadeia produtiva.

O BMLP procurou oferecer a opor-tunidade de desenvolver novas habili-dades e aumentar o conhecimento emáreas que ajudarão o Brasil em seu de-senvolvimento. Professores univer-sitários, técnicos e pessoal de exten-são tiveram a oportunidade de partici-par de treinamentos em outros esta-dos do Brasil e no Canadá. Em algunscasos, este tomou forma de trabalhode pós-graduação avançado em insti-tuições canadenses. Em outros casos,curtos períodos de treinamento são di-recionados para resolver problemas es-

pecíficos relacionados às atividades demaricultura. Os professores brasileirostambém têm tido a oportunidade departicipar de conferências internacio-nais como uma maneira de introduzirnovas idéias e tecnologias.

Entretanto, a troca de idéias e ex-periências não é uma via de mão úni-ca. Muitos canadenses foram influen-ciados pelo seu envolvimento com oBMLP. Especialistas canadenses, deinstituições educacionais, agências degoverno e indústria privada envol-veram-se na troca de informações eidéias através de programas de trei-namento e visitas a campo. Estudan-tes canadenses foram apresentados àcultura brasileira e participaram de es-tágios de quatro meses em institui-ções brasileiras.

A comunidade de Barra dos Carvalhos, na Bahia,conheceu novas tecnologias no cultivo de peixes,ostras e camarões graças ao BMLP.

O produtor de ostras Ademir Dario dos Santos, de Ribeirãoda Ilha, SC, afirma que sua vida mudou para melhor,“mas quem quiser bons resultados precisa trabalhar duro”.

42 ñ Revista da FAPEU 2003

A Q U I C U L T U R A

Raras, saborosas e caras

Espécie brasileira da coquille St. Jacquesvai contribuir para a diversificaçãodos produtos da maricultura catarinense

tamanho é Nodipecten nodosus, popu-larmente conhecida por Pata de Leão,espécie brasileira da famosa coquilleSt.Jacques francesa. A baixa densidadepopulacional deste molusco que podechegar a 17 cm de diâmetro e faz a ale-gria de qualquer gourmet impede a suacaptura para fins comerciais e gastro-nômicos. Entretanto, seu alto valoragregado sugere a espécie como maisum produto da maricultura com fins degeração de emprego e renda no litoral.

Este é um dos aspectos que moti-va a pesquisa do biólogo GuilhermeRupp (foto na página ao lado), Dou-tor em Ecofisiologia de Moluscos pelaMemorial University de Newfoun-dland, Canadá. Há doze anos ele tra-balha para conhecer a ecologia e re-produção da espécie e desenvolveruma tecnologia de cultivo, já com sig-nificativos sucessos. Não muito dis-tante do ideal para fins comerciais de

produção, o principal problema a sersuperado é a obtenção de sementes demaneira constante e em grande quan-tidade para abastecer os cultivos.“Elas devem ser produzidas em labo-ratório para assegurar a sustentabili-dade e constância necessárias para oscultivadores, pois a captação de se-mentes no mar é inviável pela baixaquantidade”, explica Rupp.

Muito mais sensíveis que as os-tras, cujo cultivo já alterou a paisa-gem de muitas praias de baía e se con-firmou como alternativa de renda àspopulações litorâneas, as vieiras bra-

sileiras exigem águas mais profundase limpas e pelo menos 12 meses paraque a semente se transforme no co-quille para consumo. Em 1992 Ruppobteve as primeiras produções expe-rimentais de sementes de vieira emlaboratório, mas posteriormente sedeparou com um novo obstáculo: afreqüente mortalidade das larvas.Através de projetos de pesquisa, sem-pre com apoio da FAPEU e do Labora-tório de Cultivo de Moluscos Marinhos– UFSC, foi possível diagnosticar ascausas e buscar soluções.

A partir de 1998 com recursos da

C aras pelo sabor e pela raridade,do Caribe até o limite Sul da Ilhade Santa Catarina encontram-seas vieiras, cuja espécie de maior

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União Européia, identificou-se quea baixa resistência das larvas a mi-croorganismos presentes nos culti-vos era a principal causa das mor-talidades, o que pode ser superadoatravés de medidas profiláticas ade-quadas. Posteriormente, com apoioda BMLP (Brazilian MaricultureLinkage Program), foram aprofun-dados os estudos sobre a influênciada sazonalidade, disponibilidade de

PROJETO

Cultivo de Pectinídeos

COORDENADOR

Jaime Fernando Ferreira

UNIDADE

Centro de Ciências Agrárias,Departamento de Aqüicultura

FINANCIADOR

União Européiae-mail: [email protected]

A Q U I C U L T U R A

alimento, temperatura, salinidade eprofundidade da água no crescimen-to e sobrevivência das pós-larvas devieiras Pata de Leão. “Já determina-mos os parâmetros eco-fisiológicosideais para o crescimento, o que per-mite definir critérios para uma ade-quada seleção de locais para o culti-vo”, assegura Rupp, vislumbrando asvieiras como mais uma diversificaçãodos produtos da maricultura, e umnovo produto na cadeia de moluscosdo litoral catarinense.

Se as pesquisas sobre o tema con-tinuarem no ritmo atual em Santa Ca-tarina, Guilherme acredita que dentrode um ou dois anos comecem a surgiras primeiras associações e cooperati-vas de pescadores voltadas ao cultivode vieiras brasileiras. “Com um valoragregado muito superior ao das os-tras, este produto vai encontrar ummercado fértil na gastronomia catari-nense, que só não está mais desen-volvida pelo alto preço das vieirasimportadas e baixa qualidade das es-pécies nativas”, afirma Rupp.

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D E S E N V O L V I M E N T O

Para avaliar uma política públicaComo as políticas traçadas em Brasília podem corresponder à realidade

no campo os objetivos para os quais foicriada nos gabinetes de ministérios, osprofessores Ademir Antônio Cazella eLauro Matei, do Centro de Ciências Agrá-rias da UFSC elaboraram um método deavaliação que serviu de referência paraoutros estados do país.

Solicitado pelo Ministério do Desen-volvimento Agrário e coordenado peloInstituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas (IBASE), este projeto absor-veu quatro meses de trabalho e abran-geu 12 municípios catarinenses além deestados como Espírito Santo, Mato Gros-so do Sul e Pernambuco. “Nossa metaera conferir a efetividade do plano dedesenvolvimento rural e verificar o graude representatividade dos diferentes seg-mentos que foram atores na elaboraçãodeste plano”, explica Cazella.

Para tanto, os professores desenvol-veram questionários aplicados direta-

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PROJETO

Plano de Fortalecimento do NegócioFamiliar Rural no Estado de Santa

Catarina

COORDENADOR

Ademir Antônio Cazella e Lauro Matei

UNIDADE

Centro de Ciências Agrárias,Departamento de Zootecnica

FINANCIADOR

Instituto Brasileiro de Análises Sociais eEconômicas - IBASE

e-mail: [email protected]

mente nos municípios de Anchieta,Agronômica, Botuverá, Cel. Martins,Flor do Sertão, Ipira, Lontras, Paraíso,Princesa, Santiago do Sul, S. Martinhoe 13 de Maio, entre os meses de julhoa outubro de 2001. De cada localida-de, foram selecionados para respondê-los um representante da Prefeitura, umrepresentante dos agricultores - emgeral presidente do Sindicato dos Tra-balhadores Rurais - uma representan-te das mulheres agricultoras, um doempresariado local, o secretário execu-tivo do Conselho Municipal de Desen-volvimento Rural, uma liderança naagricultura familiar, lideranças do MSTou da Pastoral da Terra.

Analisados pelo IBASE, os dadosapurados pelo questionário revelaramuma grande dificuldade dos municí-pios na formulação de projetos de de-senvolvimento; que as mulheres ti-nham pouquíssima participação nosConselhos Municipais de Desenvolvi-mento Rural (CMDR); bem como oseagricultores periféricos. A não exigên-

cia de uma contrapartida dos benefici-ados com financiamentos para infra-estrutura foi um aspecto negativo nodecorrer do processo. Agora, “estes re-sultados vão subsidiar os técnicos doMinistério do Desenvolvimento Agrá-rio para o planejamento de novas po-líticas públicas de desenvolvimento ru-ral”, afirma Ademir Cazella.

PROJETO

Coral do Colégio de Aplicação

COORDENADOR

Querubina Ribas Pereira

UNIDADE

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão,Departamento Artístico e Cultural

FINANCIADOR

blico tão diversificado como distante. Emdezembro de 2002, dez integrantes do Co-ral do Colégio de Aplicação da UFSC apre-sentaram estas canções durante um even-to realizado pela Organização das NaçõesUnidas (ONU) em Viena. Nos três dias quepassaram na capital austríaca, os canto-res mirins executaram um repertório queincluiu Tom Jobim, Vinícius de Moraes eoutros ícones da música brasileira.

O convite para este evento da ONU,que reuniu grupos musicais e artesãos ecozinheiros de diversas partes do mun-do, partiu do músico catarinense LauroBandeira, que reside na Áustria há vári-

Coral leva canto ilhéu a VienaT alvez tenha sido a primeira vez que

o Rancho de Amor à Ilha e Lagoa daConceição, de autores catarinenses,tenham sido cantadas para um pú-

os anos e foi responsável pela organiza-ção da parte musical do bazar e mostragastronômica no centro de convençõesÁustriacenter. “Nossa apresentação foimuito bem recebida e também chamamosmuita atenção por sermos o único grupomusical formado por crianças”, observaa professora de Música e regente do co-ral, Estela Maris Besen Guerini.

Ela acompanhou o grupo junto coma também professora de Música do Colé-gio de Aplicação, Cátia Maria BianchiniDallanhol. Juntas, elas são as responsá-veis pelos ensaios semanais do coral quejá conta com cerca de 40 alunos de 8 a 14anos de idade. Criado em 1994 a partirdo Projeto de Extensão Canto Coral, o gru-po se apresenta regularmente em Floria-nópolis em festas comunitárias e even-

tos da UFSC e, se depender da diposiçãodos cantores e regentes, o evento na Áus-tria será apenas o primeiro de muitosencontros musicais fora do país.

M Ú S I C A

ara saber se a política de financi-amento do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Fa-miliar (PRONAF) está cumprindo

Banco do Desenvolvimento do Estado deSanta Catarina - BADESCe-mail: [email protected]

Revista da FAPEU 2003 ñ 45

PROJETO

Sistema de acondicionamento earmazenamento do acervo arqueológicodo Museu Universitário

COORDENADOR

Gelci José Coelho e Cristina Castellanoe-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Cultura e Extensão,Museu Universitário

FINANCIADOR

Fundação VITAE - Apoio à cultura,educação e promoção social

A N T R O P O L O G I A

Um museu parapesquisadoresZoolitos, sepultamentosindígenas, esculturas egravuras são parte doacervo que aguça acuriosidade de estudiosos

permanente – o Museu Universitário Pro-fessor Osvaldo Rodrigues Cabral, daUFSC, tem um caráter especial. Ali, me-nos de 5% do precioso acervo da institui-ção está exposto para visitação públicaenquanto mais de 90% do material arque-ológico é utilizado para pesquisas. Segun-do o técnico administrativo responsávelpela conservação da Reserva Técnica doMuseu, Hermes Graipel, “boa parte dacoleção arqueológica aqui guardada é fru-to das pesquisas executadas pelos pes-quisadores do museu”.

Baseado no tripé pesquisa, ensinoe extensão, o foco antropológico do tra-balho da instituição se percebe “na nos-sa preocupação com o homem e a suaocupação de Santa Catarina”, explicaGraipel. Nesta linha, o projeto coorde-nado pelo antropólogo Aldo Litaiff eque desde 1991 estuda PopulaçõesGuarani do Litoral de San-ta Catarina, é uma das pes-quisas que contribuem sig-nificativamente para o au-mento do acervo com ma-terial coletado em diferen-tes sítios catarinenses. Ou-tra pesquisa, desenvolvidapela professora Tereza Fos-sari, vai revelar diferentesaspectos da ocupação hu-mana em Santa Catarina apartir do estudo dos assen-tamentos humanos na ilhade Santa Catarina e ilhasadjacentes.

Hoje, pode-se dizer que a atuação doMuseu se dá em duas vertentes básicas,a pesquisa – em especial sobre temas queabrangem populações indígenas, culturapopular e arqueologia – e a Museologia,que envolve toda a guarda e manuten-ção da chamada Reserva Técnica da ins-tituição. “Esta última atribuição inclui doacondicionamento e higienização do acer-vo à conservação das peças de cerâmica,sepultamentos e outros objetos que se-rão estudados pelos pesquisadores”, re-sume Graipel, lembrando que “o fortemesmo do museu é a pesquisa”.

Se material arqueológico como pon-

Utas de flechas, zoolitos e sepultamentosatiçam a curiosidade do público infanto-juvenil, o acervo de Franklin Cascaes -incluindo 925 desenhos e 1368 escultu-ras -, com suas histórias de bruxas e en-cantamentos da Ilha até hoje exercemuma certa magia entre adolescentes e, éclaro, entre o público alvo do Museu, quesão os pesquisadores. “Nosso acervo ar-queológico e do museu em geral é imen-surável”, orgulha-se Graipel, que cuidacom o mesmo esmero de um valioso zoo-lito como de um caco de cerâmica “poiscada peça guarda um alto grau de com-plexidade”, observa.

m pouco diferente do que se ima-gina de um museu - em geral vistocomo uma gigantesca galeria deobjetos históricos em exposição

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ões na especialização de diagnósticosradiográficos. No início, o curso eramantido pela seção catarinense da As-sociação Brasileira de RadiologiaOdontológica, depois passou a ser ge-rido pela UFSC e atualmente a FAPEUresponde pelo repasse de verbas parasua manutenção.

Com um total de 240 cirurgiões for-mados em mais de 20 anos, apesar dedisputada por muitos profissionais,

D esde 1980 o Curso de Especiali-zação em Radiologia Odontoló-gica prepara cirurgiões dentis-tas do Sul do país e outras regi-

PROJETO

III Curso de Especializaçãoem Radiologia

COORDENADOR

Edemir Costae-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Estomatologia

FINANCIADOR

Inscrições

esta especialização oferece apenas 12vagas anuais, limite que vai “assegu-rar a qualidade do aprendizado”, ex-plica o coordenador do curso, presiden-te da Associação Mundial de Radiolo-gia Dento-Maxilo-Facial e ex-presiden-te da Associação Brasileira de Radio-logia, professor Edemir Costa, do De-partamento de Estomatologia do Cen-tro de Ciências da Saúde da UFSC.

Esta limitação, explica o professor, éimposta pelo próprio Conselho Federalde Odontologia, que também estipula ummínimo de 500 horas/aula para o curso.Neste aspecto, a especialização em Ra-diologia da UFSC supera em muito a exi-gência do órgão federal, pois os selecio-nados enfrentarão um total de 870 ho-ras/aula distribuídas em quatro sema-nas com atividades concentradas e nodecorrer do ano em finais de semana queincluem quintas, sextas e sábados.

Cumprida esta jornada que envol-ve 12 professores permanentes e ou-tros convidados, os cirurgiões dentis-tas selecionados através de análise decurrículo, uma prova escrita e uma en-trevista estão aptos a utilizar métodosde produção de imagem de alta tecno-logia no diagnóstico radiológico. “Tra-ta-se de um meio complementar de di-

agnóstico”, esclarece o professor Cos-ta, “depois dos exames clínico, radio-gráfico e o laboratorial”.

Reconhecido nacional e internacio-nalmente pela sua qualidade, este cur-so tem servido de trampolim para mui-tos doutorados nos países mais avan-çados do mundo “sem dever nada paraninguém”, orgulha-se o coordenador.Além disso, o que se verifica hoje é queos formados nesta especialidade aca-bam por se tornar multiplicadores, jáque muitas vezes estes odontólogos setornam dirigentes de importantes ins-tituições de ensino além, é claro, de ex-celentes professores.

Se dos lados acadêmico e científicoa Especialização em Radiologia Odon-tológica, ou de Imaginologia Dento-Ma-xilo-Facial, conquistou o merecido re-conhecimento, dentro da comunidade

Revista da FAPEU 2003 ñ 47

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E N S I N O

PROJETO

Curso de Licenciatura Plena emMatemática/Estado da Bahia

COORDENADOR

Sônia Maria Hickel Probste-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoriade Ensino de Graduação

FINANCIADOR

Secretaria de Educação eGoverno do Estado da Bahia

UFSC formaprofessoresna Bahia

Ensino à distânciafacilita o acesso aoconhecimento epermite ganho social

ologia, Matemática e Ciências Naturais.Esta foi a primeira turma do Curso emCaráter Especial para Formação paraProfessores da Bahia ministrado por cer-ca de 20 professores da UFSC atravésdos respectivos Departamentos de En-sino e do Laboratório de Ensino a Dis-tância (LED). “Esta iniciativa pioneirapermitiu a formação do professor emexercício, conseguimos chegar no alvo,em quem está fazendo acontecer a edu-cação no país”, afirma a coordenadorainstitucional do projeto e pró-reitora deEnsino de Graduação da UFSC, SôniaMaria Hickel Probst.

Com um ano e oito meses de duração,o curso ofereceu 14 disciplinas cujos con-teúdos foram 70% ministrados a distân-cia, através de teleconferência, e outros30% em aulas presenciais, bem como asavaliações. “Os dois maiores desafios des-te projeto ocorreram nas duas pontas”,

observa Sônia Probst, “o preparo do ma-terial didático para a tecnologia de ensi-no a distância pelos professores da UFSC,habituados a aulas presenciais e, no ou-tro extremo, o auto-didatismo que foiexigido dos alunos na Bahia”.

Sob a coordenação geral da profes-sora Carmem Gimenez, este curso par-tiu de uma solicitação do governo bai-ano para atender a Lei de Diretrizes eBases, pois um levantamento apurouque, naquele Estado, boa parte dos pro-fessores atuantes não tinha licenciatu-ra. Foram 441 professores de diversasregiões da Bahia matriculados que, paraas aulas presenciais, eram reunidos emSalvador no Instituto Anísio Teixeira.No total, este projeto, desenvolvido comapoio da FAPEU, envolveu 80 docentese técnicos da UFSC que, muito prova-velmente, estarão engajados em novasempreitadas deste tipo em breve.

Isto por que o sucesso desta inicia-tiva que formou 370 professores no anopassado já resultou em mais uma soli-citação do governo baiano, desta vez be-

neficiando professores de Física e Ma-temática sem licenciatura plena. Tam-bém em Santa Catarina já está em es-tudos uma parceria com as demais ins-tituições de ensino superior a realiza-ção de cursos a distância para forma-ção de professores de Física, Química,Matemática e Biologia.

Satisfeita com os resultados obti-dos até agora, a coordenadora institu-cional lembra que, ao melhorar a qua-lidade do ensino médio, este projetotraz um ganho social para o professorque, além de garantir sua vaga nomercado de trabalho, aumenta o nívelsalarial ao conquistar o piso previstoem lei para os graduados.

m novembro de 2002, 370 profes-sores de ensino médio da Bahiareceberam o diploma de Licencia-tura Plena em Física, Química, Bi-

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A caminho daalfabetizaçãoem Ciências

da cidadania? Embora ainda não exis-tam respostas precisas para essas per-guntas, uma pesquisa desenvolvidapelo Laboratório de Psicologia da Co-municação e Cognição Social (LACCOS)do Departamento de Psicologia do Cen-tro de Ciências Humanas da UFSC sepropõe a esclarecer alguns itens que po-derão subsidiar estratégias de educaçãoe divulgação da ciência.

“Nosso primeiro passo”, conta aprofessora Clelia Nascimento Schulze,coordenadora do projeto, “foi fazer umdiagnóstico de como alguns setores dapopulação catarinense se colocam fren-te à ciência”. Para isso, testes produzi-dos pelo pesquisador sul-africano R.C.Laugksch baseados em sub-testes daAmerican Association for the Advan-cement of Science, dos EUA, foramaplicados em 754 alunos da sexta fasedo ensino médio em escolas públicas eprivadas da Grande Florianópolis e Cri-

ciúma. As 110 perguntas divididas emtrês subtestes – sobre a natureza daciência, o conteúdo da ciência e o im-pacto da ciência e da tecnologia nasociedade – revelaram que 479 alunos,ou 63,5% do universo pesquisado, nãoatingiram o nível de acertos mínimopara serem considerados cientifica-mente alfabetizados.

Estes resultados, similares aos en-contrados na África do Sul, não surpre-enderam a professora Clelia, que prepa-ra junto com seus orientandos uma ex-posição científica para outubro de 2003nas dependências da UFSC e outras ins-tituições parceiras. “Pretendemos queesta exposição sobre o DNA junto com amostra fotográfica Paradigmas do MeioAmbiente seja a primeira de uma sériede eventos de divulgação científica queapontam para a necessidade da criaçãode um Centro de Ciências em Santa Ca-tarina”, esclarece a pesquisadora.

Antes disso, os dados apurados pe-los questionários aplicados são utili-zados na elaboração de propostas deeventos como esta exposição, feiras

de ciências e mesmo no uso de mídi-as como veículos de informação cien-tífica. “Temos que aproveitar esteseventos para trazer conteúdo e deba-ter os temas científicos junto com acomunidade”, explica Clelia. Assim,quatro escolas cujos alunos foramsubmetidos ao teste de alfabetizaçãocientífica e que obtiveram os melho-res resultados deverão participar daexposição de outubro, onde serão apli-cados novos testes.

Também envolvendo professoresdas escolas, uma etapa preliminar des-ta pequisa revelou que os temas demaior interesse da população pesqui-sada, por ordem de importância são omeio ambiente, a genética e o univer-so. Ao estimular a curiosidade alimen-tando este público com informações dequalidade, a equipe do LACCOS esperaaumentar o conhecimento científico dacomunidade. A idéia é que, bem prepa-rada, ela estará apta para participar econtribuir criticamente nos processos depolíticas públicas, ou simplesmenteexercitar a cidadania.

De que forma as informações ci-entíficas são absorvidas pela so-ciedade? E como estes conheci-mentos se traduzem no exercício

PROJETO

Alfabetização científica e divulgação daciência. Diagnóstico sobre oconhecimento científico compartilhadopor cidadãos catarinenses.Uma ação do Projeto Sapiens

COORDENADORA

Clélia Maria N. Schulze (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

CFH, Departamento de Psicologia

FINANCIADOR

Funcitec – Fundação de Ciência eTecnologia de Santa Catarina

Projeto quer ampliar o conhecimento científicoProjeto quer ampliar o conhecimento científico

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Revista da FAPEU 2003 ñ 49

to Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) de 2001. A taxa brasileira aindaé uma das maiores da América Latina.Nos assentamentos da reforma agrária,o índice de analfabetos é de 45% emmédia, chegando a 70% em alguns Esta-dos, segundo dados do Ministério do De-senvolvimento Agrário. Para amenizar oproblema, especialmente na zona rural,o Instituto Nacional de Colonização e Re-forma Agrária (Incra), em parceria comas instituições de ensino superior e osmovimentos sociais rurais, criou o Pro-grama Nacional de Educação na Refor-ma Agrária (Pronera) em 1998. E a par-tir de dezembro de 2001, a Universida-de Federal de Santa Catarina (UFSC), pormeio do Centro de Ciências da Educação(CED), foi incluída no programa.

O projeto Alfabetização e Liberda-de: interação entre sujeitos educado-res desenvolveu um trabalho de alfa-betização e escolarização de jovens eadultos que vivem e trabalham nosassentamentos organizados pelo Mo-vimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST) em 11 municípios catari-nenses: Campos Novos, Fraiburgo, Le-bon Régis, Frei Rogério, Calmon, Ma-tos Costa, Caçador, Rio Negrinho, Ara-quari, Irani e Vargem Bonita. Cerca de600 pessoas, com idades entre 20 e 55anos, divididas em 30 turmas, nos 22assentamentos receberam aulas de lei-tura, escrita e pequenos cálculos.

As aulas nos assentamentos acon-teciam três vezes por semana, normal-mente à noite ou nos fins de semana,

com duração mínima de duas horas emcada encontro. O trabalho de alfabeti-zação que ocorreu nos assentamentosfoi feito diretamente pelos assentadosque regularmente eram capacitados,para a função, por professores do Colé-gio de Aplicação da UFSC e outros con-vidados. Cerca de 60% dos alunos fo-ram alfabetizados. Além disso, o proje-to também capacitou cerca de 30 moni-tores/assentados, que exerciam a fun-ção de professores nos assentamentose acampamentos. Deles, apenas oitoainda não possuíam escolarização com-pleta no ensino fundamental (exigên-cia mínima para a função de monitor).O programa conseguiu formar cincomonitores no Ensino Fundamental.

O projeto começou com encontros decapacitação, promovidos pelo CED emFlorianópolis e na região de Fraiburgo.Os alfabetizadores reuniam-se para dis-cutir a metodologia e as práticas que se-riam desenvolvidas com os alunos, deacordo com a realidade deles. Segundo acoordenadora do projeto na UFSC, SôniaAparecida Branco Beltrame, a decisão detrabalhar as experiências de vida dos alu-nos em sala de aula foi fundamental: “aspessoas desses assentamentos têm umaexperiência muito rica como homens emulheres, e eles só não sabem ler e escre-ver do ponto de vista formal. A experiên-cia que eles trazem para dentro da salade aula é o que move a aprendizagem,pois desperta a auto-estima”.

Educação em assentamentosda reforma agráriaEm parceria com o Incra eMST, a UFSC participa daescolarização de jovens eadultos em 11 municípioscatarinenses

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O analfabetismo no Brasil atinge14,9 milhões de pessoas com 15anos ou mais, segundo a Síntesede Indicadores Sociais do Institu-

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A equipe da UFSC, formada por cer-ca de 10 pessoas, entre professores doColégio de Aplicação, vice-direção doNúcleo de Desenvolvimento Infantil,mestrandos, bolsistas e professores con-vidados, também visitou as turmas nosassentamentos e reelaborou os traba-lhos planejados nos encontros anterio-res, de acordo com as necessidades decada um. A diferença é que agora esseplanejamento era feito sala por sala deaula, muitas vezes era um paiol, gal-pão ou barraca. As lideranças locais(cada grupo de dez monitores tem umcoordenador local que organiza o tra-balho no assentamento) também viaja-vam à Florianópolis, onde se reuniamcom os professores do projeto para pla-nejar a continuidade das aulas.

Os alfabetizadores tiveram ainda queenfrentar um problema comum que ocor-re na alfabetização de jovens e adultos:o alto índice de desistência. “E isso nãoacontece somente na zona rural, mastambém em áreas urbanas”, afirma aprofessora Sônia Beltrame. Para reduziro índice de desistência, o projeto se adap-tou à realidade dos alunos. Se nos perí-odos de safra muitos abandonavam asala de aula para trabalhar, nas épocasde entressafra, as aulas aconteciam aténos fins de semana.

Segundo a coordenadora do proje-to, os resultados desse trabalho de ex-tensão foram benéficos tanto para auniversidade quanto para os alunos.Em relação à UFSC, a professora apon-

ta aspectos como a importância do en-volvimento voluntário de um grandenúmero de professores e estudantes,a possibilidade de reflexões na áreade educação de jovens e adultos, umcontato mais amplo dos estagiárioscom a realidade e a interação com osprofessores do Colégio de Aplicação eNúcleo de Desenvolvimento Infantil.Isso, segundo a professora, ajudou aescola a desenvolver um grupo de pro-fessores de alta competência na edu-cação de jovens e adultos. Muitos dosresultados desse trabalho tambémpodem ser conhecidas por meio das

dissertações de mestrado produzi-das no Centro de Ciências Educação.“A extensão não é só aquela propos-

E N S I N O

ta de prestar serviço, também deveproduzir conhecimento”, diz.

Já para os alunos dos assentamen-tos que participaram, a professora dizque o projeto foi uma oportunidade co-nhecer, valorizar e ampliar a sua pró-pria realidade, já que, sem ler e escre-ver, eles deixam de participar de mui-tos acontecimentos como cidadãos.

O Projeto Alfabetização e Liberdade:integração entre sujeitos educadoresrecebeu do Incra R$ 240 mil no total,que serviram para o pagamento dosprofessores que não eram da universi-dade, monitores, bolsistas, material di-dático, viagens e outras despesas. Po-rém, o atraso nos repasses desmobili-zou os participantes e acabou atrasan-do em cinco meses os trabalhos - quetinham sido previstos para durar umano -, concluídos em maio deste ano.Segundo a professora Sônia Beltrame,a UFSC já recebeu uma proposta do IN-CRA e MST para coordenar um novoprograma. As informações do novo pro-jeto já foram encaminhadas para o In-cra e aguarda aprovação para continu-ar a alfabetização e capacitação em 19municípios catarinenses, distribuídosem 59 assentamentos totalizando 74educadores, que capacitados pela UFSC,alfabetizarão e escolarizarão 1480 jo-vens e adultos em assentamentos daregião oeste catarinense.

PROJETO

Alfabetização num assentamento dareforma agrária

COORDENADORA

Sonia Aparecida Branco Beltrame (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Educação, Departamento deEstudos Especializados em Educação

FINANCIADOR

INCRA - Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária

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Revista da FAPEU 2003 ñ 51

E N S I N O

Além da preocupação estéticaO Curso de Especialização emPrótese Dentária da UFSCforma cirurgiões dentistaspara o atendimento de casoscomplexos e presta um serviçorelevante à comunidade

formará em maio de 2004 a suaquarta turma. Nas 780 horas/aula ministradas num espaço dedois anos por cerca de 20 douto-res ou mestres, os 12 seleciona-dos para o curso que chega a ter70 candidatos inscritos atendemgratuitamente pacientes queapresentam problemas comple-xos a serem resolvidos pela Pró-tese Dentária. Oferecido pelo De-partamento de Estomatologia, ocurso é dividido em uma etapa

C riado especificamente paracirurgiões dentistas, o Cur-so de Especialização emPrótese Dentária da UFSC

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52 ñ Revista da FAPEU 2003

PROJETO

III Curso de Especializaçãoem Prótese Dentária

COORDENADOR

Izo Milton Zanie-mail: [email protected]

UNIDADE

Centro de Ciências da Saúde,Departamento de Estomatologia.

FINANCIADOR

Inscrições

de disciplinas gerais e a segunda, de dis-ciplinas clínicas, explica o coordenadore professor doutor em Prótese Dentá-ria, Izo Milton Zani.

“Nossos alunos cirurgiões dentistassaem do curso dominando técnicas de res-tabelecimento e manutenção das funçõesdo sistema estomatognático”, resumeZani. Isto significa proporcionar ao paci-ente “conforto, estética e saúde pela re-colocação dos dentes destruídos ou per-didos bem como dos tecidos contíguos”,detalha. Além disso, os objetivos atingi-dos pelo curso de especialização abran-gem o diagnóstico, prognóstico e trata-mento dos distúrbios crânio-mandibula-res e da oclusão através de próteses fi-xas, removíveis parciais ou totais, bemcomo da prótese implanto-suportada.

Para tanto, o curso inclui atividadesclínicas e de laboratório necessárias àexecução dos trabalhos protéticos, bemcomo “procedimentos e técnicas de con-fecção de peças para substituição em casode perdas de substâncias dentárias e pa-radentárias, como aparelhos fixos e re-movíveis parciais e totais”, exemplifica ocoordenador. Não por acaso, as ativida-des do curso de especialização são pro-curadas não só por profissionais odontó-logos como por cidadãos comuns queapresentam casos de solução difícil.

Estes pacientes especiais são enca-minhados ao curso pelo setor de triagemda Odontologia da UFSC e, uma vez naagenda do curso de especialização, sãoatendidos pelos cirurgiões dentistas quese especializam com a supervisão dosdoutores professores e auxiliados pelosalunos de graduação em Odontologiaque, ao mesmo tempo em que aprendem,prestam um serviço comunitário.

Cada aluno de especialização atendeem média quatro pacientes com diferen-tes necessidades de tratamento protéti-co complexos, “infelizmente a procura émaior que a demanda e nós não temoscomo atender a todas as pessoas”, la-menta Izo Zani. Além da indiscutívelqualidade dos serviços e dos equipamen-tos de alta tecnologia disponíveis pelaUFSC, a gratuidade num serviço de saú-de reconhecidamente caro é outro atra-tivo para os pacientes.

Hoje, uma prótese total com materi-ais mais sofisticados custa com os ho-norários, aproximadamente R$ 1.500,00

e, no curso de especiali-zação, o paciente pagacerca de que R$ 300,00.“É cobrada apenas a par-te laboratorial, que é ter-ceirizada”, explica o pro-fessor, para ele, o maisimportante e de maior al-cance no trabalho desen-volvido pela Especializa-ção em Prótese Dentáriase dá a médio e longoprazos: “Com mais espe-cialistas em todas as áre-as da Odontologia, seatinge um número mai-or de pessoas com trata-mentos adequados, diminui a complexi-dade e por conseguinte, há menos da-nos para o paciente”, explica.

No que diz respeito ao bem estar dopaciente, ele diz que “os maiores proble-mas não são a questão estética da faltade dentes ou as dores localizadas, massim as alterações que um desequilíbriocausado pela falta de um ou mais dentespode causar em todo o organismo”. Deacordo com ele, em um determinado mo-mento “o sistema entra em colapso e co-meçam as enxaquecas, dores na coluna euma série de outros sintomas que com-prometem a qualidade de vida”.

E N S I N O

Revista da FAPEU 2003 ñ 53

Soluçõesinteligentespara abrigarestudantes

Moradia estudantil projetadapor alunos da Arquitetura oferececonforto, sustentabilidade e baixocusto de manutenção

cação de mão de obra responsáveispelo novo prédio para moradia de es-tudantes da UFSC. Atrás da obra re-cém concluída, ali foram formadoseletricistas, carpinteiros, pedreiros,encanadores e profissionais das diver-sas atividades que compõem a cons-trução civil. A verba para estes cur-sos vieram do Fundo de Amparo aoTrabalhador (FAT), através do Siste-ma Nacional de Emprego, e o projetoexecutado por estes alunos foi conce-bido por estudantes do curso de Ar-quitetura da UFSC.

“Todo este projeto teve a função deuma obra-escola”, orgulha-se o profes-sor do Departamento de Arquitetura daUFSC e coordenador técnico do projeto,Wilson da Cunha Silveira (à direita nafoto acima), ao apresentar o prédio queabrigará 106 estudantes carentes a par-

tir de agosto de 2003. Na nova casa elesserão divididos nos 16 apartamentos dedois quartos com capacidade para seispessoas – três em cada quarto – alémde um banheiro com duas cubas, umsanitário e uma ducha separados, e umacozinha equipada com fogão, geladei-ra, pia e duas mesas com três cadeirascada uma. Com móveis em madeira es-pecialmente projetados pelos estudan-tes de arquitetura a partir das necessi-dades dos atuais residentes das mora-dias estudantis já existentes na univer-sidade, os dormitórios são divididos emnichos que permitem certa privacidade.Equipados com prateleiras e escrivani-nha para computador, cada nicho con-ta ainda com luminária, cama e, na pa-rede oposta, os guarda-roupas indivi-duais além de um armário para usocomum dos estudantes.

Amplo e projetado para o dia-a-diaestudantil, o prédio de quatro andaresdispõe de iluminação com sensores depresença, em que as lâmpadas são li-

gadas e desligadas automaticamentequando a pessoa se aproxima ou seafasta do local. “Todo o prédio foi con-cebido para uma manutenção de me-nor custo”, antecipa o coordenador ad-ministrativo do projeto de Geração deTrabalho e Renda no Programa da Mo-radia Universitária, Alexandre Marino(à esquerda, na foto acima). Por issotambém todo sistema de encanamentode água e luz está concentrado num es-paço protegido mas de fácil acesso parareparos. “São os shafts, que evitam aquebradeira de paredes para qualquertipo de conserto”, explica Cunha Silvei-ra. Além de reunir todo o encanamentoem túneis amplos no meio do prédio,os shafts, muito usados em grandes ho-téis, também permitem uma melhor cir-culação de ar por todos os andares.

Outras novidades incorporadas ànova moradia estudantil da UFSC tam-bém obedecem preocupações com cus-tos, conforto e sustentabilidade. Porexemplo, no terraço superior onde está

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A té o final de maio de 2003, ain-da se podia ver o barracão-es-cola por onde passaram mais demil alunos de cursos de qualifi-

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54 ñ Revista da FAPEU 2003

PROJETO

Moradia estudantil

COORDENADOR

Pedro da Costa Araújoe-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Assuntos da Comunidade Universitária

FINANCIADOR

Diversos

a lavanderia com quatro máquinas delavar roupas, quatro tanques e qua-tro pranchas de passar além de umabancada para passar e dobrar lençóis,o piso da parte aberta absorve águada chuva que será armazenada numacisterna para uso na limpeza. Nestamesma linha, a água utilizada naspias e chuveiros é reciclada para rea-proveitamento nas descargas sanitá-rias. Já a água quente dos chuveiros

A R Q U I T E T U R A

é garantida pelo sistema de aqueci-mento solar que pode ser substituídoou complementado pelo sistema a gás.

No andar térreo do prédio, a recep-ção funcionará como uma sala de estarcom sofás e televisão, além de um pe-queno lavabo para visitas. Neste pisotambém estão os apartamentosprojetados para portadores de ne-cessidades especiais. Neles, asportas são mais amplas para per-mitir a passagem de cadeiras derodas com facilidade, o banheiroé equipado com barras de apoio

e os armários também obe-decem possíveis limitaçõesdos moradores. Já o cuidadocom a segurança levou os co-ordenadores do projeto a op-tarem por um sistema eletrô-nico em que cada aluno mo-rador terá sua própria senhade acesso.

Poucas vezes um progra-ma de qualificação de mãode obra para geração de em-prego e renda apresentouum resultado tão eloqüentequanto a nova moradia es-tudantil da UFSC. E, se hou-ver continuidade desta po-lítica de parceria que permi-tiu sua construção, em bre-ve os primeiros moradoresterão a vizinhança de umoutro barracão-escola para

a execução do segundo bloco de apar-tamentos. “Esta segunda obra serábem mais barata que a primeira, poisaproveitará a maior parte da infra-es-trutura do primeiro prédio”, lembraWilson Silveira, comprovando maisuma vez a eficiência do projeto.

Da esquerda para a direita, João Paulo da Costa, mestre de obras, AlexandreMarino Costa, administrador e professor do CAM, e o professor e arquitetoWilson da Cunha Silveira, coordenador técnico do projeto.

Revista da FAPEU 2003 ñ 55

Centro de Pesquisas (CENPES), assinouum convênio com o Departamento deEngenharia Sanitária e Ambiental daUniversidade Federal de Santa Catarina(UFSC). O refino do petróleo libera gasesodorantes, principalmente os hidrocar-bonetos da família dos aromáticos, comoa benzina e o tolueno, que incomodamquem precisa trabalhar nos locais ondeo cheiro é mais intenso, podendo mes-mo afetar a vizinhança.

Segundo o coordenador do projeto,professor Henrique de Melo Lisboa,muitas vezes, a concentração de gás li-berado está abaixo do limite de salu-bridade exigido pelas leis trabalhistas,mas acima dos limites de percepção deodor, o que pode afetar psicologicamen-te o funcionário, provocando pressãoalta e estresse. As primeiras etapas dotrabalho começaram em 2002 na refi-naria da Petrobrás no município de Pre-sidente Bernardes, em São Paulo.

O Projeto Gestão de Odores em Refi-narias de Petróleo baseia-se em análi-ses físico-químicas e olfatométricas dospoluentes presentes no ar. Os dois mo-dos de avaliação são complementares.

A análise físico-química serve paraidentificar e quantificar os compostospresentes num gás ou no ar com odor.Uma amostra dos gases presentes naatmosfera é coletada através da pas-sagem de ar por cartuchos, preenchi-dos com material adsorvente, que apre-sentam capacidade de fixação e reten-ção de uma determinada substância.Os compostos retidos nos adsorventesdos cartuchos são identificados pormeio de um equipamento que faz aanálise dos odores e fica no Laborató-rio de Controle da Qualidade do Ar daUFSC, montado especificamente parao desenvolvimento deste projeto.

Já a caracterização olfatométricausa o estímulo olfativo. Um grupo depessoas, chamado júri, é treinado paraidentificar e avaliar a composição deum odor em uma determinada regiãocom mau cheiro. No treinamento, tra-balha-se com uma escala de referên-cia. Um produto odorante – em geralum álcool como o butanol – é separa-do em diferentes diluições. Os mem-bros do júri precisam dizer a ordem dassoluções da menos a mais odorante.Segundo o coordenador do projeto, quetrabalha há dez anos em pesquisasnesta área, o nariz humano é mais sen-sível que o cromatógrafo gasoso (apa-

relho que faz a análise físico-química),que já é bastante sensível. “O proble-ma é associar uma concentração de umgás a uma percepção odorante. Nãotem equipamento que faça. Só o ser hu-mano é capaz”, diz.

Outra maneira de fazer a olfatome-tria é usar um equipamento chamado ol-fatômetro, que coleta uma amostra odo-rante para determinar qual é a intensida-de do cheiro. Em geral, a amostra é pro-veniente de uma fonte concentrada deuma indústria, como a Estação de Trata-mento de Despejos Industriais, no casoda refinaria da Petrobrás. É a primeira vezque essa técnica é aplicada no Brasil.

A avaliação dos odores utiliza ou-tras ferramentas, como um questioná-rio de caracterização, aplicado a umafração representativa da população ex-posta ao mau cheiro; e um júri de acom-panhamento permanente, composto porum grupo de pessoas da comunidadeafetada pela presença dos odores.

Uma terceira vertente do projeto,além da análise, é o que se refere amedidas de tratamento e controle des-ses odores. Uma dissertação de mestra-do está sendo financiada pela Petrobráspara desenvolver soluções para esseproblema, principalmente, no caso daslagoas de tratamento.

Análise de odores emrefinarias de petróleoLaboratório aplica técnica inédita para medir qualidade do ar em unidade da Petrobrás

M E I O A M B I E N T E

PROJETO

GORF – Gestão dos Odoresem Refinaria

COORDENADOR

Henrique de Melo Lisboa (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Departamento de EngenhariaSanitária e Ambiental,Centro Tecnológico

FINANCIADOR

Petrobras

P ara tentar resolver o problema dosodores provocados pelo processa-mento do petróleo e seus deriva-dos, a Petrobrás, por meio de seu

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56 ñ Revista da FAPEU 2003

R E C U R S O S

O grande aliado daqualidade de ensinoO Fungrad ajuda a suprir a falta de recursos que atinge a Universidade

do ensino, o Fundo de Apoio ao Ensinode Graduação, ou FUNGRAD. “A cria-ção deste Fundo foi cumprimento deuma promessa de campanha do reitorRodolfo Pinto da Luz quando assumiuo cargo pela segunda vez”, relembra apró-reitora de Ensino de Graduação daUFSC, Sônia Maria Hickel Probst.

Atendendo exclusivamente a pro-jetos para melhoria do ensino, desdea compra de equipamentos até a im-plementação de novas tecnologiaseducacionais, o FUNGRAD é uma fer-ramenta importante para suprir a au-sência de recursos que atinge toda aUniversidade. Para garantir um alcan-ce maior na distribuição destes recur-sos, os projetos atendidos pelo Fun-do tanto podem atender uma discipli-na específica, com valores de R$ 2 mila R$ 4 mil, ou projetos que contem-plem um curso de graduação como umtodo, cujo teto atinge os R$ 20 mil.

Assim, a partir de um edital publi-cado pela Pró-Reitoria de Graduação,podem candidatar-se ao FUNGRAD pro-jetos de Departamentos, Coordenaçõesou professores da UFSC no exercício desuas atividades de graduação. Estesprojetos são avaliados por uma comis-são formada por sete membros repre-sentantes das Ciências Humanas e So-ciais, Ciências da Vida e Ciências Exa-tas e da Terra. “Este é o único fundocriado especificamente para o apoio sis-temático à graduação, para melhoria ouimplantação de laboratórios de ensino,novas tecnologias e otimização de mei-os e recursos humanos”, detalha o co-ordenador geral do FUNGRAD, profes-sor Nivaldo Cabral Kuhnen.

Não por acaso, os valores referen-tes ao Fundo a partir de repasses defundações como a FAPEU, Fepese, Cer-

ti, José Boiteux e Feesc além de recur-sos do orçamento da própria UFSC,têm aumentado consideravelmente.“Os resultados alcançados são a nos-sa melhor propaganda e instrumentode sensibilização junto às fundaçõesmantenedoras do FUNGRAD”, obser-va a pró-reitora de Graduação, que se

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PROJETO

Fundo de Apoio ao Ensinode Graduação – FUNGRAD 2002

COORDENADOR

Sônia Maria Hickel Probst (foto)e-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Ensino de Graduação

FINANCIADOR

FAPEU - Fundação de Amparo à Pesquisae Extensão Universitária

esde 1996, professores e alunosda Universidade Federal de San-ta Catarina contam com um alia-do importante para a qualidade

prepara para ampliar os recursos aten-der a um número bem maior de proje-tos no próximo exercício.

Para este desafio ela se arma comnúmeros que justificam sua satisfação eo ânimo para abrir novas portas atravésdo fundo: só em 2002 o FUNGRAD dis-tribuiu mais de R$ 566 mil entre 217

projetos de diversas áreas do conheci-mento. Entre 1996 e 1997, na primei-ra edição do Fundo, foram atendidos56 projetos de toda a UFSC e o valortotal concedido foi de R$ 265 mil.

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58 ñ Revista da FAPEU 2003

perior (Capes) fez com que a verba desti-nada ao Programa de Fomento à Pós-gra-duação (PROF) crescesse em 2003, che-gando a R$ 9,3 milhões. Este valor devefinanciar, entre outras coisas, cerca de600 bolsas e representa um aumento sig-nificativo em relação ao montante rece-bido em 2002, que havia sido de R$ 8,8milhões. Segundo o diretor do Departa-mento de Apoio à Pós-graduação, pro-fessor José Carlos Cunha Petrus, a UFSCestá sendo bem avaliada e, com isso,conseguindo recursos adicionais, ao con-trário de algumas universidades que ti-veram os recursos reduzidos.

Desde que o PROF começou, em1999, a pós-graduação na UFSC vemcrescendo, em quantidade e qualida-de, diz o diretor do DAPG. Hoje, a Uni-versidade oferece 45 programas de pós-graduação, e dos 1.649 professores,65% são doutores. Além disso, cerca de1300 docentes estão envolvidos nosprogramas de pós-graduação - 80% dototal de efetivos.

A vantagem de um programa comoo PROF, segundo o professor Petrus, éque ele dá mais flexibilidade, “acaba oclientelismo, a Capes envia os recur-

sos para a Instituição, e ela decidecomo gerenciar isso”.

Na UFSC, o Programa é coordena-do por uma comissão de oito profes-sores - das áreas de ciências agrárias,biológicas, da saúde, exatas, humanas,engenharias, sociais e letras - um alu-no de pós-graduação e o pró-reitor dePesquisa e Pós-graduação, professorÁlvaro Toubes Prata. Essa comissão éresponsável pelo gerenciamento daverba da CAPES para a pós-graduação.Os recursos são distribuídos para to-dos os programas de acordo com crité-rios que a comissão do PROF estabele-ceu, como quantidade de alunos for-mados, nota do programa na CAPES,metas cumpridas e publicações cientí-ficas dos docentes. “Se o curso ganhoumais é porque ele mereceu”, diz Petrus.80% dos recursos devem ser destina-dos ao pagamento de bolsas. Cada pro-grama de pós-graduação tem o seu re-gimento específico de seleção.

Como o PROF ainda é um progra-ma-piloto, apenas nove universidadesfederais participam do programa. Se dercerto, a CAPES deve estender para to-das as instituições

Além do PROF - responsável por cer-ca de 90% dos recursos originados daCAPES, ela (a CAPES) ainda financia após-graduação da UFSC por meio de

outros projetos. Em 2002, o Programade Apoio à Pós-graduação (PROAP),voltado para uma formação acadêmi-ca, 52 mil; o Programa de Qualifica-ção Profissional (PQI), que financia aformação de docentes doutores no Bra-sil, R$ 135 mil e o Programa de Absor-ção Temporária de Doutores (PRODOC),de apoio à reabsorção de doutores re-cém-formados, R$ 160 mil.

Para o professor Petrus, sem o finan-ciamento da Capes e CNPq, a pós-gra-duação da universidade seria inviável.“Muitos alunos (e docentes) deixariama instituição para estudar(em) em ou-tros lugares, e isso seria fatal para após-graduação na UFSC”, diz.

Esforçorecompensado

O programa de pós-graduação da UFSC foi premiado com mais recursos da CAPES

R E C U R S O S

PROJETO

Programas de Pós-Graduação da UFSC

COORDENADOR

Alvaro Toubes Pratae-mail: [email protected]

UNIDADE

Pró-Reitoria de Pesquisae Pós- Graduação

FINANCIADOR

CAPES

O bom desempenho dos programasde pós-graduação da UFSC na ava-liação da Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Su-

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CENTRO 2001 (R$) 2002 (R$)

CCA 5.715.224,87 6.389.874,84

CTC 6.015.253,10 9.239.750,38

CCS 3.707.142,52 4.743.453,80

CSE 147.413,81 204.670,89

CCJ 37.010,16 35.689,76

CFM 1.842.799,25 1.103.973,74

CCB 286.920,27 777.175,82

CCE 1.147.082,14 1.304.350,55

CDS 580.661,20 479.932,16

CED 339.427,24 514.716,09

CFH 787.426,33 767.287,46

Dep. Adm./Supl. 18.889.370,87 15.989.379,90

T O T A L 40.009.332,45 41.550.635,59

Valores captadospor Centro ou Departamentoadministrativo/órgãossuplementares

ANO 2001 (R$) 2002 (R$)

Centros 299.033,76 332.269,86

Deptos 521.430,07 667.731,06

Funex 122.069,08 162.019,60

Fundo de bolsas 122.069,08 162.019,60

Funeven 77.506,28 69.882,73

Total arrecadado 1.142.108,27 1.393.922,85

Valores repassados à UFSCconforme resoluções

TIPO 2001 (R$) 2002 (R$)

Órgãos Federais 12.043.769,21 11.849.246,74

Órgãos Estaduais 4.139.894,51 5.242.846,00

Órgãos Municipais 35.489,98 676.283,80

Órgãos Internacionais 1.106.335,76 1.011.934,90

Empresas Privadas 22.683.842,99 22.770.324,15

TOTAIS 40.009.332,45 41.550.635,59

Procedênciados Recursos

Prestação de contas

TIPO 2001 2002

Projetos Elaborados 97 154

Projetos Aprovados 31 67

Convênios/Contratos assinados 173 305

Projetos Concluidos 174 285

Projetos gerenciados 738 971

Captaçãode Recursos

ATIVIDADE 2001 (R$) 2002 (R$)

Pesquisa 7.903.921,99 6.480.720,10

Pós-Graduação 4.676.795,23 5.145.240,66

Extensão 27.428.615,23 29.924.473,63

Total Movimentado 40.009.332,45 41.550.635,59

Movimentação financeirapor tipo de atividade

F A P E U

60 ñ Revista da FAPEU 2003

TIPO 2001 2002QTDE VALOR (US$) QTDE VALOR (US$)

Reserva de hotel 278 21,032.40 299 19,348.01

Revista da FAPEU 2003 ñ 61

TIPO 2001 2002QTDE VALOR US$ QTDE VALOR US$

Reagentes químicos 15 34,648.58 6 15,325.93

Material para laboratório 18 124,491.90 9 24,611.65

Equipamentos 39 349,880.40 11 581,206.34

TOTAL 72 509,020.88 26 621,143.92

Compras internacionais (que oneram a cota do CNPq)

F A P E U

Tipo 2001 2002QTDE VALOR (US$) QTDE VALOR (US$)

Vídeo 1 153.00 1 229.00

Serviços de manutenção 1 1,512.00

Consócio ISTEC 2002 1 1,500.00

Direitos tradução 1 1,300.00

Frete 1 60.00

Exportação para conserto 2 2,155.00

Anuidade 3 2,200.35 3 311.00

Hospedagem exterior 2 628.96 3 2,087.00

Publicações Artigos Científicos 2 172.52 4 1,518.00

Material laboratório 14 75,073.95 4 1,054.00

Reagentes químicos 2 550.39 4 2,750.00

Doação 1 5,801.08 4 16,492.82

Software 9 2,727.51 12 13,967.15

Assinatura de revista 22 170,871.58 14 4,530.00

Congresso 17 10,194.01 18 9,056.50

Livros 9 42,309.88 28 4,604.17

TOTAL 81 310,530.23 101 63,126.64

Compras internacionais (que não oneram a cota do CNPq)

62 ñ Revista da FAPEU 2003

Parceiros NacionaisAgência Nacional do Petróleo

AGETEC Engenharia

Alcides Antonio Miotto

Associação Brasileira de Centros e Museus

Bacardi Martini do Brasil S.A.

Banco de Desenvolvimentodo Estado de Santa Catarina

Banco do Brasil

CAPES

Centrais Elétricas de Santa Catarina

Centro de Integração Empresa Escola

Centro de Informática e Automação

Chapecó Companhia Industrial do Alimento

CNPq - Conselho Nacional de DesenvolvimentoTecnológico

Companhia Catarinense deÁguas e Saneamento

Companhia Energética Chapecó

Cooperativa Agropecuária Mouraoense Ltda

CREA - Conselho Regional de Engenharia eArquitetura

Departamento de Polícia Federal

Departamento de Polícia Rodoviária Federal

ECSA - Engenharia Sócio Ambiental Ltda

Empresa Bom Jesus do Culuene

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

Empresa Brasileira de Pesquisa

Empresa de Pesquisa Agropecuária e

Difusão Tecnológica de Santa Catarina � Epagri

FIESC - Federação das Indústriasde Santa Catarina

FINEP/PADCT

Formaco Construções e Comércio Ltda

FUNASA

FUNCITEC - Fundação de Ciência e Tecnologia

do Estado de Santa Catarina

Fundação Boticário de Proteção à Natureza

Fundação Catarinense de Cultura

Fundação da Educação da Região de Joinville

Fundação das Escolas Unidas do PlanaltoCatarinense

Fundação de Apoio ao HEMOSC e Cepon

Fundação para o Desenvolvimento de RecursosHumanos

Fundo Catarinense de Educação Especial

Fundo Estadual de Educação do Mato Grosso

Governo do Estado de Tocantins

Hahntel S.A.

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente

INCRA - Instituto Nacional de Colonização eReforma Agrária

Instituto Cidade Futura

Klabin Fabrica de Papel Celulose

MECENATO - Incentivo a Projetos Culturais

Ministério do Meio Ambiente

Ministério da Saúde

Ministério do Planejamento e Orçamento

PETROBRAS - Petróleo Brasileiro

F A P E U

Agencia Canadense para oDesenvolvimento Internacional

Centro Internacional de Pesquisa Agronômica

For Conservation International

Genzyme Corporation

Incomate Word University

Institut Fur Biochemie und Biotecnologie

International Plant Genetic Resources Institute

Parceiros internacionais

Pirelli Cabos S.A.

Prefeitura Municipal de Chapecó

Prefeitura Municipal de Florianópolis

Prefeitura Municipal de Rancho Queimado

Santinho Empreendimentos Turísticos

Secretaria da Educação do Estado da Bahia

Secretaria da Saúde do Estado de Santa Catarina

Secretaria de Educação do Ensino Superior

Secretaria de Estado da Educação,Cultura e Desporto

Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso

Secretaria do Estado para oDesenvolvimento e da Família

Secret. Estadual de Administração,Coordenação e Planejamento

Secretaria Municipal deHabitação e Desenvolvimento

Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis

Secretaria Nacional Antidrogas

Serviço de Apoio as Micro e pequenas Empresas

Serviço Social da Indústria

Tractebel Energia S.A.

Universidade do Extremo Sul Catarinense

Universidade do Oeste de Santa Catarina

Universidade do Sul de Santa Catarina

Universidade do Vale do Itajai

Universidade do Valo do Rio dos Sinos

Universidade Federal de Santa Catarina

Kellogg Foundation

Organização Pan-Americana da Saúde

Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento

TMBT/Universidade de Wagenigen

União Européia

United Nations Environment Programe

Fundação Ford

64 ñ Revista da FAPEU 2003

2001 2002

1 - RECEITA OPERACIONAL BRUTA 1.796.953,48 2.101.812,091.1 - RECEITA OPERACIONAL 1.796.953,48 2.101.812,09

1.1.1 - RECEITAS POR SERVIÇOS PRESTADOS 1.791.622,37 2.092.737,84

1.1.2 - VENDAS E SERVIÇOS 5.331,11 9.074,25

2 - DESPESA OPERACIONAL (1.693.506,37) (1.985.770,21)2.1 - DESPESAS ADMINISTRATIVAS (355.931,18) (492.295,45)2.2 - DESPESAS COM PESSOAL DA FUNDAÇÃO (702.615,84) (900.063,92)2.3 - DESPESAS COM EXECUÇÃO DE PROJETOS (26.655,64) (32.785,06)2.4 - FINANCEIRA LÍQUIDA 358.162,45 300.590,41

2.4.1 - DESPESA FINANCEIRA (17.839,48) (10.923,98)

2.4.2 - RECEITA FINANCEIRA 376.001,93 311.514,39

2.5 - VARIAÇÕES MONETÁRIAS 39.380,43 38.992,802.5.1 - VARIAÇÕES MONETÁRIAS PASSIVAS (0,00)

2.5.2 - VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS 39.380,43 38.992,80

2.6 - OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS 44.198,48 26.754,962.7 - SUBVENÇÕES/CONTRIBUIÇÕES/ DOAÇÕES (1.022.418,33) (878.248,51)2.8 - OUTRAS DESPESAS OPERACIONAIS (27.626,74) (48.715,44)

3 - RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO 103.447,11 116.041,884 - RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 643,79

4.1 - GANHOS DE CAPITAL 643,79

5 - DESPESAS NÃO OPERACIONAIS (886,20)5.1 - PERDAS DE CAPITAL (881,91)5.2 - OUTRAS DESPESAS NÃO OPERACIONAIS (4,29)

6 - SUPERAVIT/DEFICIT DO EXERCÍCIO 102.560,91 116.685,67

Demonstrativo do resultado do exercíciocomparativo 2001/2002

F A P E U

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Projeto gráfico-editorial e produçãoEditora Multitarefa – Florianópolis, SC(48) 233-5369Jornalista responsável: Cesar [email protected]

Reportagem e redaçãoAntoninha Santiago,Paula Arend Laier (páginas 27, 30,36/37, 49/50, 55, 57 e 58) eCesar Valente (páginas 38 a 41)

Capa e contracapa:fotos de Felipe Christ/Fotonotícias

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