Fundamentos bíblicos

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Fundamentos bíblicos A doutrina trinitária professa que o conceito da existência de um só Deus, onipotente, onisciente e onipresente, revelado em três pessoas distintas, pode-se depreender de muitos trechos da Bíblia. Um dos exemplos mais referidos é o relato sobre o batismo de Jesus, em que as chamadas "três pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo: «Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo» [19] E na fórmula tardia de Mateus: [20] «Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo». No relato em que a Trindade se revelaria por três anjos que apareceram a Abraão próximo ao Carvalho de Mambré (Gn 18,ss) Na criação do homem se apresenta um criador plural": «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»"(Gn 1,26) No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: "«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»”(Gn 11,7) Ainda segundo os defensores da doutrina trinitariana, ao longo da Bíblia há várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de cada uma das três pessoas divinas: No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua onisciência, [21] a sua onipotência, [22] a sua onipresença, [23] ao fato de perdoar os pecados [24] e ser doador da vida [25] em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos um». [26] Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora contida nas Escrituras - pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante. No que concerne à divindade do Espírito Santo, os trinitarianos reportam-se, por exemplo, à passagem bíblica que o chama de Deus

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No que concerne à personalidade do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, assunto que foi muito debatido ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, é comum referirem-se aos atributos deste que, tal como os que no Antigo Testamento são aduzidos para a personalidade do Deus do Antigo Testamento, YHVH - cuja divindade e personalidade nunca foram alvo de críticas substanciadas entre os cristãos -, testemunham o seu carácter pessoal: Ele glorificará Cristo;[33] ensina a comunidade e os fieis,[34] distribui os dons segundo o seu desígnio,[29] fala nas Escrituras do Antigo Testamento,[35] fala para as sete Igrejas na carta do Apocalipse[36] é enviado pelo Pai em nome de Jesus[37] e pelo Filho que enviou da parte do Pai[37] aparecendo como distinto de ambos pois não é Cristo sob outra forma de existência, mas seu representante e testemunha.[38] Mais importante do que as passagens isoladas é o conjunto que o revela como Aquele que tem a missão de recordar, universalizar e realizar em cada pessoa a obra de Jesus, o que não ocorre mecanicamente, mas somente onde houver a liberdade do Espírito, dado que «onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade».[39] Para os cristão trinitários, esta liberdade do Espírito exclui que este possa ser um princípio impessoal, um meio ou instrumento, mas antes pressupõe a sua independência relativa.

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Fundamentos bíblicos

A doutrina trinitária professa que o conceito da existência de um só Deus, onipotente, onisciente e onipresente, revelado em três pessoas distintas, pode-se depreender de muitos trechos da Bíblia. Um dos exemplos mais referidos é o relato sobre o batismo de Jesus, em que as chamadas "três pessoas da Trindade" se fazem presentes, com a descida do Espírito Santo sobre Jesus, sob a forma de uma pomba, e com a voz do Pai Celeste dizendo:

«Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo»[19]

E na fórmula tardia de Mateus:[20] «Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo».

No relato em que a Trindade se revelaria por três anjos que apareceram a Abraão próximo ao Carvalho de Mambré (Gn 18,ss)

Na criação do homem se apresenta um criador plural": «Façamos o homem a nossa imagem e semelhança»"(Gn 1,26)

No episódio da torre de Babel o Senhor Deus fala no plural: "«Vamos: Desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro.»”(Gn 11,7)

Ainda segundo os defensores da doutrina trinitariana, ao longo da Bíblia há várias passagens que revelam a natureza divina da Trindade, e até a personalidade de cada uma das três pessoas divinas:

No que concerne à divindade de Deus-Filho, referem-se, por exemplo, a sua onisciência,[21] a sua onipotência,[22] a sua onipresença,[23] ao fato de perdoar os pecados[24] e ser doador da vida[25] em íntima unidade, porém diferenciando as pessoas: «Eu e o Pai somos um».[26] Contudo, mais do que estas simples passagens isoladas, a afirmação da plena divindade de Jesus é o resultado da reflexão, na Fé, sobre a sua missão redentora contida nas Escrituras - pois a sua personalidade divina e humana nunca foi seriamente posta em descrédito pela igreja cristã seja ela católica ou protestante.

No que concerne à divindade do Espírito Santo, os trinitarianos reportam-se, por exemplo, à passagem bíblica que o chama de Deus em Atos,[27] a sua onisciência,[28] a sua onipotência,[29] a sua onipresença[30] e sobretudo ao fato de ser Espírito "de" verdade[31] e"de" vida,[32] prerrogativas que, tais como as apresentadas para Deus-Filho, segundo a Bíblia são única e exclusivamente divinas;

No que concerne à personalidade do Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, assunto que foi muito debatido ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, é

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comum referirem-se aos atributos deste que, tal como os que no Antigo Testamento são aduzidos para a personalidade do Deus do Antigo Testamento, YHVH - cuja divindade e personalidade nunca foram alvo de críticas substanciadas entre os cristãos -, testemunham o seu carácter pessoal: Ele glorificará Cristo;[33] ensina a comunidade e os fieis,[34]distribui os dons segundo o seu desígnio,[29] fala nas Escrituras do Antigo Testamento,[35] fala para as sete Igrejas na carta do Apocalipse[36] é enviado pelo Pai em nome de Jesus[37] e pelo Filho que enviou da parte do Pai[37] aparecendo como distinto de ambos pois não é Cristo sob outra forma de existência, mas seu representante e testemunha.[38] Mais importante do que as passagens isoladas é o conjunto que o revela como Aquele que tem a missão de recordar, universalizar e realizar em cada pessoa a obra de Jesus, o que não ocorre mecanicamente, mas somente onde houver a liberdade do Espírito, dado que «onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade».[39] Para os cristão trinitários, esta liberdade do Espírito exclui que este possa ser um princípio impessoal, um meio ou instrumento, mas antes pressupõe a sua independência relativa.